Edição Especial Ano 10 nº 50 -...

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pp Ave Maria Puríssima! Edição Especial – Ano 10 – nº 50 dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

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Ave Maria Puríssima!

Edição Especial – Ano 10 – nº 50

dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

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A V A L I A N D O... Queridas irmãs, Ave Maria Puríssima! Temos a alegria de enviar mais uma edição do nosso Boletim. Pedimos desculpas pelo imenso atraso! As vezes nossa vida traz surpresas que modificam toda a nossa estrutura. Assim vivemos a realidade: “propomos mas Deus dispõe”. Essa é a quinquagésima edição do nosso informativo! Uma caminhada de dez anos. Creio que é o momento propício para fazermos uma avaliação de como estamos contribuindo, participando e sendo beneficadas com esse Boletim da Federação. Quando falamos em contribuição significa uma participação efetiva dos mosteiros. Temos contribuído com o envio de material? Estamos preocupadas em participar da elaboração, não exatamente gráfica, mas de conteúdo? Ou simplesmente aguardamos cada edição? Vale refletir porque o Boletim deve ser o fruto de uma ação conjunta de todas as Comunidades do Brasil e não apenas de um grupo. Não precisamos publicar que rezamos as Vésperas diariamente, isso é óbvio. Mas poderemos partilhar fatos,

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acontecimentos, estudos, reflexões. Textos breves mas que sabemos trarão algo a mais para quem ler. Pensem nisso! Participar do Boletim é um pouco do chamamos de interesse por ele. Ler, comentar, ajudar a melhorar, oferecer sugestões. O Boletim não pertence a equipe que elabora. Esta deveria apenas finalizar a elaboração que significa organizar o material, revisar as regras de publicação, etc.. Além disso, tem outro aspecto importante nesse sentido, quando participamos de algo nos sentimos parte disso. E assim deve ser nosso Boletim: parte de nossa história, de nossa experiência, de nossa vida concepcionista. Através dele vamos nos sentido mais próximas umas das outras e também começamos a nos sentir parte da vida de nossas irmãs. Então, faça sua parte: participe do Boletim! Por fim, nos resta perguntar se há benefícios concretos advindos do Boletim. Creio que sim. Mas pode ser mais proveitoso ainda se considerarmos os dois aspectos que citamos acima: contribuir e participar. Há um investimento que se faz na elaboração do Boletim: humano e financeiro. É bom considerar isso também. Antes de chegar às nossas irmãs teve um grupo que se dedicou, doou seu tempo, preparou com carinho para você! Daí mais um motivo para ser valorizado e apreciado como algo que beneficia nossa formação. Lembre-se que o Boletim é feito para você, é feito pensado em você... aproveite!!!

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Todo material que é publicado seja por escrito, seja por audio-visual, necessita de uma reformulação de vez em quando. Por isso, achamos necessário refletir um pouco sobre nosso Boletim. Aguardamos sugestões, observações ou qualquer outra forma de crítica que nos ajude a torna-lo cada vez mais rico de conteúdo e com apresentação agradável. Talvez seja o momento também de alterarmos a equipe que elabora. Uma equipe nova pode pensar e realizar coisas novas também e mais interessantes... No entanto, vale ressaltar que há uma grande aceitação de nosso Boletim por parte de nossos Mosteiros. Agradecemos o carinho e reconhcimento de nosso trabalho... mas não podemos deixar de pensar que é possível fazer ainda melhor! Uma santa continuação de Quaresma, sempre unidas na oração e no ideal concepcionista que nos faz uma Família na Igreja!

Fraternalmente,

Ir. Lindinalva de Maria, OIC Presidente da Federação Imaculada

Conceição da OIC no Brasil

* * * * *

(à esquerda, novo logotipo da Federação)

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MENSAGEM DO ASSISTENTE RELIGIOSO

Caras Irmãs,

A CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) escolheu como lema para o triênio 2016 a 2019 a menagem do profeta Isaias 43,19: “Eis que eu estou fazendo uma coisa nova.”

Hoje gostaria de abordar esta menagem em sintonia com a caminhada de todas as pessoas consagradas no Brasil. Antes de tudo devemos rapidamente lembrar a situação em que o Povo de Deus naquele tempo se encontrava. Israel se considerava povo eleito por Deus, a sua menina dos olhos. Mas mesmo assim, Deus permitiu que o povo de Israel caisse na desgraça. O templo estava destruido. O povo tinha sido deportado ao cativeiro de Babilônia. O povo estava desanimado de tudo e dizia: Deus não nos ouve. Deus não nos fala mais. Deus nos esqueceu. O que se faz quando não se crê mais na proximidade de Deus? A gente começa a lembrar o passado, os tempos antigos, os tempos idos. Ontem como hoje, pessoas – quem sabe

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também nós – gostavam e gostam de lembrar o passado. Como antigamente foi diferente. Como foi bom ver nossos mosteiros cheios de irmãs… Tinha mais fervor, tinha mais alegria… E assim se alastra uma atitude de resignação e desânimo, no povo de Israel de então, nas pessoas de nossa Igreja e dos nossos mosteiros de hoje. E então é como no tempo do profeta Isaias: as pessoas começam a falar saudosamente e contar como foi bom anticamente, principalmente recordando os grandes feitos de Deus no meio de seu povo escolhdo: A libertação da escravidão no Egito. A travessia do mar vermelho. Atrás do povo o Egito, a esecravidão. Na frente o deserto, a liberdade. E então Deus dividiu as águas e o povo pode atravessar o mar a pé enxuto… Mas isto foi ontem, diremos nós. E nós hoje? Hoje parece que Deus não nos escuta mais, não nos socorre mais. Creio que precisamos ouvir novamente a mensagem de fé do profeta Isaias: “Eu sou o Senhor, o vosso Deus, o criador de Israel, o vosso rei. Assim fala o Senhor, que outrora abriu um caminho pelo mar, uma estrada nas torrentes das águas, … Não vos lembreis dos acontecimentos de

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outrora? Esqueçam o que se foi. Não vivam no passado! Eis que vou realizar algo de novo. Eis que já está surgindo. Vocês não o precebem? Vou abrir um caminho no deserto e fazer correr rios na estepe. O povo que eu formei para mim, há de proclamar os meus louvores.” (Isaias 43, 16 – 21) E assim Deus ainda hoje nos diz: Sim, Vocês tem razão e fazem bem lembrar as coisas boas do passado. Eu continuo o mesmo, ontem e hoje. Mas não vivam presos ao passado. Eu crio coisas novas. Já desponta. Vocês não o percebem? Isto vale também para nós hoje? Verdade è que de um lado as coisas parecem desmoronar. Muita coisa que considerávamos importante no passado já não parece valer mais. Mas, de outro lado, percebemos também que algo de novo está surgindo, crescendo, aparecendo. Talvez não como nós imaginariamos, não como nós gostariamos… Importa abrir os olhos para perceber que o Espirito Santo continua a soprar “onde ele quer”. Importa manter osd olhos abertos para perceber o que está surgindo qual os brotos na primavera, preparando a floração e os frutos.

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O “novo” de que o profeta Isaias fala, o “novo” que Deus faz surgir, virá

do “povo formado por Deus para proclamar os seus louvores”. Será

portanto obra de Deus e não do homem. Não surgirá como fruto de

reuniões, incontros, assembléias, mas, surgirá do povo que se deixa

formar por Deus!

O novo não vem “de baixo”, fruto do mero esforço humano, mas “do alto”, fruto da graça que age nas pessoas. O que vem “de baixo” será sempre construção de “torre de Babel”. O que virá “do alto” será “a cidade santa de Jerusalém”. Preciamos de nos convencer que Deus certamente conta com cada um, cada uma de nós, como naquele tempo quando Jesus andava pela nossa terra. Quem eram mas pessoas que atenderam seu chamado? Pessoas simples como nós. Pessoas imperfeitas como nós. Pessoas pecadoras como nós. Não foram os sacerdotes e entendidos da Sagrada Escritura e da Lei. Não foram os teólogos, estudiosos e nem o rei do povo eleito de Deus. Eram pessoas como o velho Simeão e a Ana. Eram simplesmente pessoas firmes e perseverantes na fé. Basta também olhar para as pessoas com as quais Jesus iniciou a sua Igreja. Eram pescadores. Provavelmente não tinham nunca frequentado uma escola. Basta olhar ao redor de nós, no nosso mosteiro, na nossa Ordem.

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Pessoas simples. Deus sempre teve uma preferência para as pessoas simples e discretas: Francisco de Assis, Beatriz da Silva e tantos outros. Neste sentido foi também a menagem do Papa Francisco no dia 2 de fevereiro deste ano, comemorando o dia dedicado aos consagrados, quando disse: “O cântico de Simeão é o cântico do homem crente que, na reta final dos seus dias, pode afirmar: Verdade. A esperança em Deus nunca decepciona. Deus não nos engana. Na sua velhice, Simeão e Ana são capazes duma nova fecundidade e dão testemunho disso mesmo cantando: a vida merece ser vivida com esperança, porque o Senhor mantém a sua promessa.” “Este cântico de esperança recebemo-lo em herança dos nossos pais. Eles introduziram-nos nesta “dinâmica”. Nos seus rostos, nas suas vidas, na sua dedicação diária e constante, pudemos ver como este louvor se fez carne. Somos herdeiros dos sonhos dos nossos pais, herdeiros da esperança que não decepcionou as nossas mães e pais fundadores, as nossas irmãs e irmãos mais velhos. Somos herdeiros dos nossos anciãos que tiveram a coragem de sonhar, e, como eles, também nós hoje queremos cantar:

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Deus não engana, a esperança nele não decepciona.” “Faz-nos bem acolher o sonho dos nossos pais e mães, para podermos profeti zar hoje e encontrar novamente aquilo que um dia inflamou o nosso coração. Sonho e profecia juntos. Memória de como sonharam os nossos anciãos, os nossos pais e mães, e coragem para levar profeticamente adiante este sonho.”

“Eis que estou fazendo uma coisa nova! Eis que vem surgindo a luz na madrugada.

Não fiqueis só a lembrar coisas passadas. Pois o trauma se torna estátua, dor e sal.

Saudosismo impede os olhos enxergarem que as estrelas brilham nas ondas do mar.

Os caminhos podem bem ser tortuosos. Mas se é reto o olhar de quem caminha,

horizontes guiarão os pés cansados: Cristo-Oriente brilhará em sua vida.

Este é meu desejo para todas as irmãs!

Frei Estêvão Ottenbreit, OFM

Assistente Religioso da Federação Imaculada Conceição

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FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR XXI DIA MUNDIAL DA VIDA CONSAGRADA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Quando os pais de Jesus levaram o Menino ao Templo para cumprir as prescrições da lei, Simeão, «impelido pelo Espírito» (Lc 2, 27), toma nos seus braços o Menino e começa a louvar a Deus. Um cântico de bênção e de louvor: «Porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo» (Lc 2, 30-32). Simeão não só pôde ver, mas teve também o privilégio de abraçar a esperança por que aspirava, e isto fá-lo exultar de alegria. O seu coração rejubila porque Deus habita no meio do seu povo; sente-O carne da sua carne.

A liturgia de hoje diz-nos que, com aquele rito (quarenta dias depois do nascimento), o Senhor «exteriormente cumpria as prescrições da lei, mas na realidade vinha ao encontro do seu povo fiel» (Missal Romano, 2 de fevereiro, Monição à procissão de entrada). O encontro de Deus com o seu povo desperta a alegria e renova a esperança.

O cântico de Simeão é o cântico do homem crente que, na reta final dos seus dias, pode afirmar: É verdade! A esperança em Deus nunca dececiona (cf. Rm 5, 5); Ele não engana. Na sua velhice, Simeão e Ana são capazes duma nova fecundidade e dão testemunho disso mesmo cantando: a vida merece ser vivida com esperança, porque o Senhor mantém a sua promessa; e será o próprio Jesus que explicará, mais tarde, esta promessa na sinagoga de Nazaré: os doentes, os presos, os abandonados, os

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pobres, os anciãos, os pecadores… também eles são convidados a entoar o mesmo cântico de esperança, ou seja, que Jesus está com eles, está conosco (cf. Lc 4, 18-19).

Este cântico de esperança recebemo-lo em herança dos nossos pais. Eles introduziram-nos nesta «dinâmica». Nos seus rostos, nas suas vidas, na sua dedicação diária e constante, pudemos ver como este louvor se fez carne. Somos herdeiros dos sonhos dos nossos pais, herdeiros da esperança que não decepcionou as nossas mães e os nossos pais fundadores, os nossos irmãos mais velhos. Somos herdeiros dos nossos anciãos que tiveram a coragem de sonhar; e, como eles, também nós hoje queremos cantar: Deus não engana, a esperança n'Ele não decepciona. Deus vem ao encontro do seu povo. E queremos cantar embrenhando-nos na profecia de Joel: «Derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões» (3, 1).

Faz-nos bem acolher o sonho dos nossos pais, para podermos profetizar hoje e encontrar novamente aquilo que um dia inflamou o nosso coração. Sonho e profecia juntos. Memória de como sonharam os nossos anciãos, os nossos pais e mães, e coragem para levar por diante, profeticamente, este sonho.

A nós consagrados, esta atitude tornar-nos-á fecundos, mas sobretudo preservar-nos-á duma tentação que pode tornar estéril a nossa vida consagrada: a tentação da sobrevivência. Um mal que pode instalar-se pouco a pouco dentro de nós, no seio das nossas comunidades. A atitude de sobrevivência faz-nos tornar reacionários, temerosos, faz-nos fechar lenta e silenciosamente nas nossas casas e nos nossos esquemas. Faz-nos olhar para trás,

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para os feitos gloriosos mas passados, o que, em vez de despertar a criatividade profética nascida dos sonhos dos nossos fundadores, procura atalhos para escapar aos desafios que hoje batem às nossas portas. A psicologia da sobrevivência tira força aos nossos carismas, porque leva-nos a «domesticá-los», a pô-los «ao nosso alcance» mas privando-os da força criativa que eles inauguraram; faz com que queiramos mais proteger espaços, edifícios ou estruturas do que tornar possíveis novos processos. A tentação da sobrevivência faz-nos esquecer a graça, transforma-nos em profissionais do sagrado, mas não pais, mães ou irmãos da esperança, que fomos chamados a profetizar. Este clima de sobrevivência torna árido o coração dos nossos anciãos privando-os da capacidade de sonhar e, assim, torna estéril a profecia que os mais jovens são chamados a anunciar e realizar. Em resumo, a tentação da sobrevivência transforma em perigo, em ameaça, em tragédia aquilo que o Senhor nos dá como uma oportunidade para a missão. Esta atitude não é própria apenas da vida consagrada, mas nós em particular somos convidados a precaver-nos de cair nela.

Voltemos ao Evangelho e contemplemos de novo a cena. O que suscitou o cântico de louvor em Simeão e Ana não foi, por certo, o olhar para si mesmos, o analisar e rever a própria situação pessoal. Não foi o permanecer fechados com medo de algo ruim que lhes pudesse acontecer. O que suscitou o cântico foi a esperança, aquela esperança que os sustentava na velhice. Aquela esperança viu-se recompensada no encontro com Jesus. Quando Maria coloca nos braços de Simeão o Filho da Promessa, o ancião começa a cantar – faz uma “liturgia” própria – canta os seus sonhos. Quando coloca Jesus no meio do seu povo, este encontra a alegria. Sim, só isto nos poderá restituir a alegria e a esperança, só isto nos salvará de viver numa atitude de sobrevivência, só isto

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tornará fecunda a nossa vida, e manterá vivo o nosso coração: colocar Jesus precisamente onde Ele deve estar, ou seja, no meio do seu povo.

Todos estamos conscientes da transformação multicultural que atravessamos, ninguém o põe em dúvida. Daqui a importância de o consagrado e a consagrada estarem inseridos com Jesus na vida, no coração destas grandes transformações. A missão – em conformidade com cada carisma particular – é aquela que nos lembra que fomos convidados a ser fermento desta massa concreta. Poderão certamente haver «farinhas» melhores, mas o Senhor convidou-nos a levedar aqui e agora, com os desafios que nos aparecem. E não com atitude defensiva, nem movidos pelos nossos medos, mas com as mãos no arado procurando fazer crescer o trigo muitas vezes semeado no meio do joio. Colocar Jesus no meio do seu povo significa ter um coração contemplativo, capaz de discernir como é que Deus caminha pelas ruas das nossas cidades, das nossas terras, dos nossos bairros. Colocar Jesus no meio do seu povo significa ocupar-se e querer ajudar a levar a cruz dos nossos irmãos. É querer tocar as chagas de Jesus nas chagas do mundo, que está ferido e anela e pede para ressuscitar.

Colocarmo-nos com Jesus no meio do seu povo! Não como ativistas da fé, mas como homens e mulheres que são continuamente perdoados, homens e mulheres ungidos no Batismo para partilhar esta unção e a consolação de Deus com os outros.

Colocarmo-nos com Jesus no meio do seu povo, porque «sentimos o desafio de descobrir e transmitir a “mística” de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos,

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participar nesta maré um pouco caótica que [com o Senhor] pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. (…) Como seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros» (Exort. ap. Evangelium gaudium, 87) não só faz bem, mas transforma a nossa vida e a nossa esperança num cântico de louvor. Mas isto só o poderemos fazer, se assumirmos os sonhos dos nossos anciãos e os transformarmos em profecia.

Acompanhemos Jesus que vem encontrar-Se com o seu povo, estar no meio do seu povo, não no lamento ou na ansiedade de quem se esqueceu de profetizar, porque não se ocupa dos sonhos dos seus pais, mas no louvor e na serenidade; não na agitação, mas na paciência de quem confia no Espírito, Senhor dos sonhos e da profecia. E, assim, compartilhamos o que nos pertence: o cântico que nasce da esperança.

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COMO ORGANIZAR UMA REUNIÃO DE COMUNIDADE

(Organização: Pe. José Maria Weyne, CSJ)

A madre pede antes às irmãs da comunidade expressar (por escrito ou oralmente) quais são os temas que elas propõem. E as convida a pedir ajuda ao Senhor para que a seguinte reunião seja segundo a vontade de Deus, nosso Pai. A madre da comunidade escolhe quais são os temas mais importantes e urgentes, depois de escutar o ponto de vista de suas conselheiras. Para cada assunto, refletir que tipo de reunião convém e com quais participantes, de maneira que cada irmã possa perceber que é responsável com as demais irmãs da vida da comunidade. Certos assuntos podem ser vistos numa reunião com as irmãs conselheiras, antes de ser apresentados numa reunião mais ampla.

Prepare-se para a sua reunião, na oração e reflexão.

Antes da reunião, a madre propõe um roteiro (isto é, uma lista de

tópicos) às irmãs que vão participar. Pessoas precisam de tempo

para se preparar para a reunião, em particular para refletir sobre

os temas previstos, e talvez fazer sugestões de mudanças no

roteiro. É bom ter uma noção de quanto tempo cada item irá levar

para ser discutido.

Determine quem irá tirar notas. Estas são guardadas num caderno ou livro, disponível para a comunidade.

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Ao principio da reunião, orar a Deus, para pedir a ação do Espírito Santo em todas as participantes, para que fortaleça seu amor fraterno, as ilumine com a verdade e lhes dê as atitudes justas segundo o Evangelho, (especialmente a vontade da comunhão fraterna, o respeito, a misericórdia, a paciência, a generosidade). E recorrer à intercessão materna de Maria, nossa Mãe. Aqui vão alguns passos para ter reuniões frutuosas. Expresse os objetivos (isto é, as metas): Toda a reunião deve ter um objetivo ou alguns objetivos. Por exemplo, o objetivo geral pode ser nossa santificação, ou agradar a Deus...; um objetivo específico poderia ser crescer na vida de oração, ou melhorar a vida fraterna... Antes de começar, certifique-se de que todos os presentes entendem os objetivos. Distribua o roteiro: Assim sua reunião tem uma ordem.

Assuma a reunião, tome a liderança e mantenha a reunião

avançando pouco a pouco: Boas reuniões são resultado de uma

boa liderança e das boas atitudes dos participantes. Cada irmã

procura qual é a vontade de Deus para a comunidade sobre o

assunto. Esta busca se faz à luz do Evangelho, do Magistério da

Igreja, especialmente para as consagradas contemplativas, da

Regra de vida e das Constituições, e com a ajuda do Espírito

Santo. Cada irmã escuta com atenção às demais, procurando

entender seu ponto de vista. Mesmo se uma pensa de outra

forma, ela respeita o que foi expresso, já que cada irmã tem boa

vontade. Cada participante guarda a calma, já que a raiva não

resolve nada. Deixe que todas as irmãs deem suas opiniões sem

embaraços. Manter-se firme ao assunto. Se a conversa rumar para

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outra área, é bom que a madre reoriente o grupo ao dizer alguma

coisa para voltar ao tema.

Obtenha o resultado desejado de todos os presentes: Uma vez que na reunião se realiza a troca de ideias entre as pessoas presentes, é importante a intenção honesta de todas as participantes. É responsabilidade da líder da reunião fazer com que todas sejam ouvidas. Para que cada irmã expresse seu pensamento livremente, evite impor sua opinião. Uma troca de ideias é sufocada si todos assumem que o resultado já está determinado. Evite a tendência de descartar ideias imediatamente, mesmo quando elas parecem insensatas. Habitualmente é mais prudente que a madre dê seu ponto de vista depois de ter escutado as demais. Para construir um consenso, se for necessário, veja o que é bom nas várias propostas e como chegar a uni-las; às vezes duas ou mais ideias podem combinar-se. Para chegar a uma decisão, a madre pode querer saber o que pensa a maioria das irmãs; por esta consulta, pedir às participantes levantar a mão ao apresentar uma das sugestões e depois a(s) outra(s). No fim da reunião, agradecer as participantes por sua cooperação na busca do bem para as irmãs da comunidade. Agradecer a Deus pela ajuda que o Espírito Santo deu neste encontro. Agradecer a Maria. Depois da reunião, siga o progresso dos tópicos que foram decididos: Mantenha informado o grupo de conselheiras ou a comunidade sobre o desenvolvimento dos assuntos. Depois de algumas reuniões, pergunte às irmãs o que elas acharam das reuniões e se foram úteis; e o que pode ser feito melhor nas próximas vezes.

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Dicas: Líderes precisam saber quando conduzir uma boa reunião, mas também quando não devem conduzir uma. Aqui estão listadas 4 razões do porque uma reunião deve ser cancelada ou remarcada:

1. Um membro chave não poderá estar presente.

Remarcar é um sufoco, mas pior é reunir todos e não

trabalhar como planejado. Se você precisa da presença de

este membro chave, remarque a reunião.

2. O roteiro de trabalho não foi distribuído

antecipadamente. As irmãs que vão participar deveriam

receber um roteiro com no mínimo 3 dias de

antecedência.

3. É melhor ver o assunto em diálogos pessoais, em caso

que não seria de proveito consultar o grupo das

conselheiras ou a comunidade. Não realize uma reunião ao

menos que esse seja o melhor jeito de refletir e discutir

seus assuntos.

4. Quando entre certos membros da comunidade falta

reconciliação por atitudes fortes que dividem. Neste caso,

a madre ou outra irmã exorte estas irmãs a pedir perdão e

a perdoar. Para isso, elas precisam suplicar o Senhor Jesus

para ter amor misericordioso. Se as irmãs não conseguem

fazer as pazes, a madre avalia se a reunião seria mais

benéfica que prejudicial..

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2017

A Palavra é um dom. O outro é um dom

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão.

1. O outro é um dom

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A parábola inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre: encontra-se numa condição desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o quadro é sombrio, com o homem degradado e humilhado.

A cena revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda». Não se trata duma pessoa anónima; antes, tem traços muito concretos e aparece como um indivíduo a quem podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto Lázaro é como que invisível para o rico, a nossos olhos aparece como um ser conhecido e quase de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um dom, uma riqueza inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, apesar da sua condição concreta ser a duma escória humana (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida. O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho. Cada vida que se cruza connosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas, para se poder fazer

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isto, é necessário tomar a sério também aquilo que o Evangelho nos revela a propósito do homem rico.

2. O pecado cega-nos

A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas como «rico». A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um luxo exagerado, que usa. De facto, a púrpura era muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9) e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho especial que ajudava a conferir à posição da pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf. Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).

O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.

Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos

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outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).

O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação.

Olhando para esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).

3. A Palavra é um dom

O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).

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Também o nosso olhar se abre para o Além, onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a quem trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando mostras de fazer parte do povo de Deus. Este detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida, porque até agora nada se disse da sua relação com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia lugar para Deus, sendo ele mesmo o seu único deus.

Só no meio dos tormentos do Além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse os seus sofrimentos com um pouco de água. Os gestos solicitados a Lázaro são semelhantes aos que o rico poderia ter feito, mas nunca fez. Abraão, porém, explica-lhe: «Recebeste os teus bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado» (v. 25). No Além, restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo bem.

Mas a parábola continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos. De facto o rico, que ainda tem irmãos vivos, pede a Abraão que mande Lázaro avisá-los; mas Abraão respondeu: «Têm Moisés e os Profetas; que os ouçam» (v. 29). E, à sucessiva objeção do rico, acrescenta: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos» (v. 31).

Deste modo se patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.

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Amados irmãos e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor – que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que

nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.

Vaticano, 18 de outubro – Festa do Evangelista São Lucas – de 2016.

FRANCISCO

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1. MOSTEIRO DA LUZ Festejamos com muita alegria no dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, os 243 anos de nosso Mosteiro da Luz. Tivemos duas missas solenes celebradas as 7 e as 16 horas, com a benção das velas. Já no dia 5 de fevereiro às 8 horas tivemos a missa Solene do Jubileu de Prata de Profissão Religiosa de Irmã Jane do Bom Jesus. Foi presidida pelo Padre José Almir, religioso dominicano e concelebrada pelo Pe. José Arnaldo, nosso capelão. Em seguida tivemos uma confraternização com delicioso café da manhã para convidados e familiares. 2. MOSTEIRO DE FORTALEZA No dia 19 de novembro de 2016, Primeiras Vésperas da Solenidade de Cristo Rei, tivemos a solene celebração do Jubileu de Prata de Ir. Maria Isabel de Jesus Crucificado, presidida pelo Pe. Rafael e com a participação de familiares e amigos. Para preparar a festa do Jubileu tivemos no Mosteiro um Tríduo reparatório dias 16, 17 e 18 de novembro com uma participação significativa das Comunidades Grão de Trigo, Face de Cristo, Salve Rainha, Shalom, Movimento Sacerdotal Mariano como também do Seminário Propedêutico da Arquidiocese.

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Foi um momento muito enriquecedor e agradecemos a Deus, Nossa Mãe Imaculada e nossa Santa Fundadora Beatriz a vida e testemunho de nossa irmã ao longo destes 25 anos! Magnificat! 3. MOSTEIRO DE SALVADOR No dia 20 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, tivemos as 10 horas da manhã a Solene Celebração do Jubileu de Prata de Profissão Religiosa da Me. Lindinalva de Maria, presidida pelo nosso Assistente Religioso, Frei Estêvão Ottenbrei, OFM e concelebrada por sacerdotes amigos. Estiveram presentes amigos e familiares, monjas Beneditinas e Carmelitas, além de um número significativo de nossa irmãs dos Mosteiros do Brasil que, depois do Jubileu, participaram de nossa 9ª Assembleia Federal. Celebrar um Jubileu é sempre momento de muita ação de graças pela perseverança e fidelidade ao compromisso da vivência dos Conselhos Evangélicos de Castidade, Pobreza e Obediência na Igreja e para Igreja dentro de uma Família Religiosa. Se é bonito o gesto de assumir os Votos em um belo dia da vida, é muito bonito também celebrar e agradecer a Deus por nos manter fiéis ao longo de nossa caminhada. Cada dia um passo, cada dia um pouco... e assim cada dia se aproximando mais e mais daquele que é o Único e Verdadeiro sentido dessa entrega: Jesus Cristo! Que a ação de graças não se resuma a um só dia, mas que cada dia seja uma ação de graças! Parabéns a vocês Ir. Jane, Ir. Maria Isabel e Me. Lindinalva!!!!

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MOSTEIRO DA LUZ

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Mosteiro de fortaleza

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MOSTEIRO DE SALVADOR

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CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA

Prot. Sp.R.L.20/2016 Reverenda Madre: Depois da publicação da Constituição Apostólica Vultus Dei quaerere, tem chegado a este Dicastério de distintas partes não poucas ressonâncias e petições de esclarecimentos sobre o tema da clausura. Enquanto se espera a publicação da Instrução aplicativa a dita Constituição Apostólica, que esta Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica está preparando conforme a Conclusão dispositiva da referida Constituição Apostólica (Cfr. Art.2, 3;14, §1), para dissipar qualquer dúvida declaramos o seguinte. Partindo do can. 607, §3 CIC que diz “O testemunho público que a de ser dado pelos religiosos a Cristo e a Igreja leva consigo um afastamento do mundo que seja próprio do caráter e finalidade de cada Instituto”, este Dicastério recorda que a clausura constitui a concretização material da separação do mundo – característica própria da natureza e dos fins dos institutos religiosos – e contribui para criar uma atmosfera e um ambiente favoráveis ao recolhimento, necessários à vida de contemplação própria de todo instituto religioso mas particularmente dos institutos entregues a contemplação. Nos mosteiros de monjas, a clausura se entende em sentido positivo como um espaço reservado para a intimidade das monjas que vivem a vida contemplativa, um espaço de vida familiar e nele a comunidade de claustrais vive a vida fraterna em sua dimensão mais íntima. Em sentido restrito, a clausura é um espaço que se há de proteger para evitar o acesso de outros, sobretudo, como geralmente se entende, a pessoas

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de outro sexo. Tal espaço reservado tem que permitir a comunidade viver a vida fraterna em comum. No número 31 da Constituição Apostólica é citado o conteúdo do cân. 667 do Código de Direito Canônico, apresentando a clausura em quatro formas ou modalidades. Além da chamada clausura comum para todos os Institutos religiosos, retoma a tradicional distinção entre clausura papal e clausura constitucional e acrescenta à clausura monástica, uma expressão particular de clausura constitucional que a instrução Verbi Sponsa introduziu (n. 13). Na instrução aplicativa do Dicastério se descreverão as formas de clausura que, em relação às diversas tradições e tendo em conta as diferentes famílias carismáticas, se propõem para os mosteiros de vida contemplativa e de vida integralmente contemplativa. Para o momento os mosteiros hão de se reger pelo que está estabelecido nas Constituições de cada Ordem, porque, não obstante a publicação de Constituição Apostólica, as Constituições, igualmente aprovadas pela Santa Sé, como direito próprio, prevalecem sobre a norma comum. A partir da Conclusão dispositiva da Constituição Apostólica (Art. 10§1), cada mosteiro está chamado a um sério discernimento sobre o tema da clausura, respeitando a própria tradição e o que exigem as Constituições de cada Ordem, para pedir a Santa Sé que forma de clausura quer abraçar, se é que deseja uma forma diversa da vigente. Na instrução aplicativa este Dicastério indicará o essencial de cada forma de clausura, que virá introduzido no texto das Constituições de cada Ordem, para oferecer aos mosteiros a possibilidade de escolher a forma de clausura que mais corresponda às exigências de sua vida contemplativa ou integralmente contemplativa.

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Depois de haver indicado no direito próprio a pluralidade de possíveis formas de clausura, uma vez escolhida e aprovada uma delas, cada mosteiro terá que observa-la e vive-la fielmente segundo o que exige, de modo que se faça visível, na própria peculiaridade carismática, o testemunho público de Cristo na Igreja. Confiamos a todas a materna intercessão de Maria, summa contemplatrix, que desde a anunciação até a ressurreição, mediante a peregrinação da fé culminada aos pés da cruz, permanece em contemplação do mistério que a habita, e as abençoamos de coração.

Vaticano, 01 de novembro de 2016.

+João Braz Card. de Aviz Prefeito

+José Rodriguez Carballo, OFM

Arcebispo secretário

(Tradução do espanhol: Ir. Lindinalva de Maria, OIC)

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AGENDA DA FEDERAÇÃO 2017

23 a 27 de maio: Encontro Nacional da Vida Contemplativa promovido pela CRB Nacional – Aparecida/SP

11 a 13 de julho: Reunião do Conselho da Federação – Fortaleza/CE

Setembro – Encontro de Formação para as Etapas Iniciais e para Formadoras (data e local a combinar)

* * * * *

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Partiu para a casa do Pai, no dia 08 de janeiro de 2017, a nossa Irmã Maria Lúcia da Eucaristia, do Mosteiro da Medalha Milagrosa, Uberaba/MG. Nasceu em 28 de maio de 1927 na cidade de Santa Juliana/MG. Fez os votos temporários no dia 15 de novembro de 1968 e solenes no dia 07 de outubro de 1971. Foi acometida de um CA na mama que rapidamente se espalhou pelos pulmões e rins vindo a falecer depois

de um doloroso tratamento, deixando um legado de oração, caridade e vida consagrada.

Também partiu para a eternidade a ir.

Maria Aparecida do Mosteiro de

Macaúbas no dia 14 de dezembro de

2016, aos 93 anos de idade e 60 de vida

religiosa.

DESCANSEM EM PAZ!

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BOLETIM

FEDERAÇÃO IMACULADA CONCEIÇÃO

* * * Participe!

Envie sua colaboração para:

Ir. Magnólia de Maria, OIC

Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição

Rua Campinas de Brotas, 737 – Brotas

40275-160 Salvador/BA

E-mail: [email protected]

Próxima edição do Boletim:

Julho de 2017