Edição especial Taça de Portugal

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www.asbeiras.pt SEGUNDA | 21.mai.2012 edição n.º 5638 0,70 (iva incluído) diretor: Agostinho Franklin subdiretora: Eduarda Macário 9 770873 776210 8 3 6 5 0 73 anos depois, a Académica voltou a conquistar a Taça de Portugal. O Sporting não conseguiu abater a força atacante do clube estudantil. A festa começou em pleno Estádio do Jamor e continuou em Coimbra 36145 Juntos somos mais Coimbra Adémia Almalaguês Antanhol Miranda do Corvo Nogueiras S. Silvestre Taveiro Souselas Já cá canta!

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Edição especial de 16 páginas publicada pelo DIÁRIO AS BEIRAS relativa à conquista da Taça de Portugal pela Académica no dia 21 de Maio de 2012

Transcript of Edição especial Taça de Portugal

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SEGUNDA | 21.mai.2012edição n.º 5638

0,70 € (iva incluído)

diretor: Agostinho Franklin subdiretora: Eduarda Macário

9 770873 776210 83650

73 anos depois, a Académica voltou a conquistar a Taça de Portugal. O Sporting não conseguiu abater a força atacante do clube estudantil. A festa começou em pleno Estádio do Jamor e continuou em Coimbra

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Juntos somos mais

Coimbra • Adémia • Almalaguês Antanhol • Miranda do Corvo

Nogueiras • S. Silvestre • Taveiro • Souselas

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ras.

pt

SEGUNDA | 21.mai.2012edição n.º 5638

0,70 € (iva incluído)

diretor: Agostinho Franklin subdiretora: Eduarda Macário

73 anos depois, a Académica voltou a conquistar a Taça de Portugal. O Sporting não conseguiu abater a força atacante do clube estudantil.

Já cá canta!

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Um dia para a história da vida da Académicaespecial de 14 páginas

sport

reportagem fotográfi ca de Carlos Jorge Monteiro, Luís Carregã e Patrícia Cruz Almeida

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Uma jornada em busca de um “caneco”

um dia para a história da vida da Académica

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Uma jornada em busca de um “caneco”

um dia para a história da vida da Académica

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Uma jornada em busca de um “caneco”

um dia para a história da vida da Académica

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Agora é que o dia 20 de maio de 2012 fi ca para a história

111�Era difícil, uma tarefa apenas ao alcance de gigantes. Vencer no Jamor frente a um Sporting com alma nova depois da entrada de Sá Pinto era coisa que só os adeptos da Briosa acre-ditavam. E acreditavam mesmo, ou não teriam marcado presen-ça em força no Estádio Nacional.

Escrever a história era, assim, uma tarefa bastante complica-da, mas, no fi nal do encontro, fi -cou a ideia de que era mais com-plicada para os jornalistas do que para os heróis do Calhabé.

Não podia ter começado de melhor maneira o encontro para a Briosa. Os estudantes en-traram com muita garra e logo aos três minutos surge o golo na baliza sul … precisamente do lado onde estavam os adep-tos da Académica, para alegria maior.

Adrien recupera a bola em zona frontal à baliza de Rui Pa-trício, dá para a esquerda, onde Diogo Valente aparece com es-paço e centra para o segundo poste. O pequenino Marinho,

que já mostrou ser o grande gi-gante da Taça de Portugal, voou para um cabeceamento que só parou no fundo da baliza.

Surpreendido com o golo, o Sporting não conseguia levar a bola até à baliza de Ricardo.

A Briosa não deixava jogar e o Sporting só pelas alas conseguia criar algum perigo. Também pe-las alas, Diogo Valente, na es-querda e Marinho, na direita, faziam a cabeça em água aos laterais dos leões. Não foi por acaso que os dois defesas das faixas leoninas acabaram com amarelo antes do intervalo.

Aos 7’, Cedric lançou Edinho para o cabeceamento, mas a bola saiu fraca e à fi gura.

Só a espaços os lisboetas conse-guiam levar algum perigo à área da Briosa, mas nunca com susto para Ricardo. Perigo só aos 22’. Matias Fernandez passa por Ab-doulaye e dá para Wolfswinkel, mas, dentro da pequena área, o avançado do Sporting remata ao lado.

A Briosa podia ter feito o 2-0

que “matava” a partida no reiní-cio da partida, mas Edinho não estava num dia sim.

Tanto desperdício…Tanto sofrimento

Logo aos 46’, o avançado inter-nacional português tem todo o corredor aberto, mas, “na cara” de Rui Patrício, permite uma grande defesa ao guardião le-onino.

Dois minutos depois, Marinho vê novamente Edinho sozinho na frente. No entanto, com todo o corredor aberto, o avançado da Briosa tinha tudo para fazer o 2-0, tentou rematar por baixo do guardião Rui Patrício e acaba por permitir nova defesa.

Na resposta, aos 49, Capel só não fez o golo porque Ricardo se antecipou brilhantemente e, seis minutos depois, mais duas grandes defesas do guardião da Briosa, primeiro a Onyewu e depois a Wofswinkel. João Real ainda tirou a bola quase em cima da linha.

Mais uma oportunidade para

o melhor

Marinho foi preponderante na Taça de Portugal. Ontem, no Jamor, voltou a marcar e garantiu a vitória da Briosa

um dia de taçaR Começou cedo a festa da Taça em Coimbra

R A cidade ficou vazia e os adeptos rumaram a Lisboa

R Já n o Ja m o r, muita esperança e grande convívio

Adrien Ao contrário do jogo em Coimbra, onde acusou a possibilidade de regressar em janeiro a Alvalade, o médio foi imperial na sua área de ação. Mereceu esta despedida de Coimbra, onde foi muito feliz no último ano e meio. Nota 9

Ricardo Teve uma 1.ª parte descansada e, depois do intervalo, foi sujeito a um árduo trabalho. A resposta foi garantir a vitória. Nota 8

Cedric Capel e Carrillo foram os seus adversários diretos. Em am-bos os casos, levou quase sempre a melhor. E ainda teve tempo de ir ao ataque. Nota 7

João Real Um senhor na defesa academista. Se Volfswinkel foi uma presa fácil, depois com a presença de Onyewu revelou se-gurança. Ia tendo um deslize no último lance. Nota 6

Abdoulaye Não teve problemas em parar os ataques aéreos da equipa leonina. Mostrou que a estadia em Coimbra tornou-o um “senhor” da defesa. Nota 7

Hélder Cabral Os alas leoninos incomodaram-no em alguns lan-ces, mas não se atemorizou. De tal forma que ainda teve tempo de ir ao ataque fazer cruzamentos com perigo. Nota 7

Diogo Melo O “trinco” não deu grandes hipóteses a Matias Fer-nandez, primeiro, e André Martins, depois. Depois de um início de época intermitente, acabou em grande. Nota 7

David Simão Uma exibição pouco vistosa, mas de grande utili-dade. Nota 7

Marinho Foi o homem dos dois últimos jogos da taça: meia-fi nal de Oliveira de Azeméis (onde apontou dois golos) e marcou o golo que deu o troféu. Se tivesse sido menos inconstante na partida, era claramente o homem do jogo. Nota 9

Diogo Valente Os seus cruzamentos foram autênticas setas de perigo dirigidas à baliza de Rui Patrício. Não permitiu que João Pereira subisse no seu fl ano como gosta. Nota 7

Edinho As suas perdidas, no início da 2.ª parte, iam deixando os adeptos academistas à beira de um ataque de nervos. Merecia ser mais feliz. Nota 8

Flávio Entrou para segurar a avalanche atacante do Sporting. Bastante útil. Nota 5

Danilo Esteve em campo pouco mais de 10 minutos. Ajudou a conseguir a taça. Nota 3

Rui Miguel Mais um atleta que mereceu entrar no jogo e festejar a conquista do título. Nota 2

um dia para a história da vida da Académica

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Agora é que o dia 20 de maio de 2012 fi ca para a história

DB-Luís Carregã

fi lme do jogo

3’ Diogo Valente cruza do lado esquerdo e

Marinho, solto no segun-do poste, a cabecear para o golo

6’ Na ala direita, Cedric vai à linha e cruza

para a área, onde Edinho, sem oposição, cabeceia para as mãos de Rui Patrício

14’ João Pereira deixa em Carrillo que faz

um cruzamento a meio al-tura para Van Wolfswinkel finalizar na área, ligeira-mente ao lado

26’ Numa jogada en-tre Insúa e Capel,

o espanhol cruza e Carrillo não chega por pouco

46’ O passe de Adrien não é cortado por

Polga e Edinho isola-se. Cara a cara com Rui Pa-trício permite a defesa ao guarda-redes leonino

49’ Marinho, na área, cruza para Edi-

nho que fi ca com tudo para o 2-0 e acerta mal na bola

57’ Volfswinkel ganha a Hélder Cabral,

isola-se e atira para Ricardo fazer uma grande defesa. O esférico sobra para o ho-landês que, de cabeça, não faz golo

62’ Após cruzamento da esquerda, Wol-

fswinkel cabeceia, em boa posição, e atira por cima

80’ Schaars bate livre no lado direito e

Ricardo, junto ao poste, faz uma grande defesa

94’ Jeffren antecipa-se a um defesa da

Académica e Ricardo, com uma grande defesa, evita o empate e prolongamento

Edinho aos 58’, na sequência de um “canto”. O internacional português cabeceou para golo, mas Schaars evita o 2-0 em cima da linha.

Sporting não respeitouSeguiu-se meia-hora de sofri-

mento, com o Sporting a perder o discernimento e a originar pi-cardias desnecessárias numa final que se quer de festa para o futebol.

O minuto 64 é disso exemplo, com Izmailov a envolver-se com Adrien. O médio emprestado pelo Sporting cai no relvado e pediu-se agressão, mas a equipa de arbitragem não viu, ou fez por não ver o lance.

Para os jogadores, a emoção e o cansaço de uma época desgas-tante também se iam fazendo sentir e Diogo Melo teve mesmo de sair aos 80’, com cãibras, dan-do lugar a Danilo.

Aos 80’, Schaars bateu um li-vre na direita para mais uma excelente defesa de Ricardo e os últimos 10 minutos foram

verdadeiramente de loucos, com toda a gente nas bancadas a olhar para o céu a pedir que o jogo acabasse o mais rapida-mente possível.

Mais uma situação de falta de fair-play já nos “descontos”. Aos 91’, Capel cai no relvado, quei-xoso e o guardião Ricardo atira para fora, mas o lateral João Pe-reira não devolve a bola, para fú-ria dos adeptos conimbricenses.

A Taça já não fugiu, muito por culpa de Ricardo, que, voltou a salvar a equipa já ao quarto (de seis) minuto dos “descontos” concedidos por Paulo Batista com uma grande defesa perante Jeffren.

No final, emoções, gritos, alegria e vários sentimentos à mistura. Ainda antes da subida à tribuna de honra já corriam as lágrimas, nos jogadores, nos dirigentes, nos adeptos… mas o dia é histórico e, imparcialidade à parte, também no jornalista.

Bruno Gonç[email protected]

ACADÉMICA 1 0 SPORTING

Substituições Izmailov por Elias ( 46’), Flávio por David Simão ( 69’), André Martins por Ínsua

( 70’), Jeffren por Matias ( 77’), Danilo por Diogo Melo ( 80’) e Rui Miguel por Marinho ( 90’)

Amarelos Diogo Melo ( 23’), Cédric ( 33’), João Pereira ( 35’), Elias ( 44’), Insúa ( 47’+), David

Simão ( 69’), Van Wolfswinkel ( 69’), Schaars ( 73’) e Ricardo ( 92+’)

Golo Marinho ( 3’)

T - Pedro Emanuel

T - Sá Pinto

Estádio Nacional Cerca de 38.000 espetadores Rui Baptista (Portalegre)

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CÉDRIC

RUI PATRÍCIOONYEWU

VANWOLKSWINKEL

ANDERSON POLGA

SCHAARS

CARRIÇO

JOÃO PEREIRA

CAPEL

INSÚA

ELIAS

MATIAS FERNANDEZ

RICARDOJOÃO REAL

HÉLDER CABRAL

ADRIEN

ABDOULAYE

DAVID SIMÃO

DIOGO MELO

EDINHO

MARINHO

DIOGO VALENTE

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3389

7– desde 1981 – com muito prestígio

Excelente colecção de Anéis de Noivado

e Alianças de Casamento

Aberto aos sábados à tarde

um dia para a história da vida da Académica

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Parabéns Briosa

um dia para a história da vida da Académica

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Parabéns Briosa

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10 | futebol | beirassport

um dia de taçaR De Co i m b ra ao Jamor, mui-tos acolheram a sugestão do DI-ÁRIO AS BEIRAS e levaram o jor-nal para apoiar a Briosa

Ainda não acordámos do sonho. Fez-se his-tória. Marcando cedo, a Académica inteli-gentemente soube gerir o resultado para o

que foi importante a qualidade do seu treinador e jogadores e o apoio enorme dos adeptos que vieram de coimbra. A Académica e a cidade mereciam esta conquista da Taça e a festa que a acompanhou. Os estudantes de Coimbra estiveram presentes em massa e, como em 69, mostraram ao país as suas preocupações. A Académica também é isto. Eu e a minha bandeira vibrámos. Agradeço à direção, equipa técnica e jogadores da Académica o dia feliz que nos deram hoje e que vai perdurar. Quarenta anos depois vamos poder assistir a jogos da Liga Europa na fase de grupos o que também necessita de ser enaltecido. Neste momento de enorme felici-dade é dif ícil dizer tudo o que sinto.

Aguiar de MeloMédico

Fez-se história

Academicamente falando, é um dos dias mais felizes da minha vida. Foi um dia muito bem passado, com um convívio

fantástico e muita camaradagem. Só com a gran-de entreajuda dos atletas foi possível levar de vencida a forte equipa do Sporting. O resultado é justo, por aquilo que as duas equipas fize-ram. Foi um jogo muito disputado com muito sofrimento, porque o Sporting teve muita posse de bola, mas as melhores oportunidades de golo até acabaram por pertencer à Académica. Tenho de dar os parabéns à equipa técnica, jogadores e direção. Para o ano gostava de voltar aqui ao Jamor. Faço votos de que a festa dure toda a noite já na nossa cidade de Coimbra.

De momento, não há palavras que descrevam o que nos vai na alma. O êxtase é total. Foi uma festa coimbrã no Jamor, a concretização de

um sonho de muitas gerações. A gente de coimbra formou uma enorme mancha negra, que já merecia esta alegria há muitos anos. Os rapazes da Briosa, que demonstraram orgulho em representar uma instituição, uma cidade e uma região e mereceram ser felizes, fizeram história. Foi um jogo memorável, diferente pela envolvência e foi recriado o espírito de outras finais em que a Briosa participou dentro e fora das quatro linhas. Foi escrito mais um momento histórico na história da Briosa e a mágica devolveu-nos o “caneco”.

João SantanaAutor do livro “Académica-História do Futebol”

Carlos CruzMédico

Voltar para o anoA concretizaçãode um sonho

Finalmente a vitória há muito desejada, por muitas gerações de adeptos da Briosa. Foi a vitória do querer contra quem já tinha como

dado adquirido o triunfo. Hoje, tivemos no campo e na bancada ultras cheios de garra e quando assim é tudo se torna mais fácil para atingirmos as vitórias. Obrigado Académica.

João Paulo FernandesPresidente da Mancha Negra

Uma vitória há muito desejada

Levámos o “caneco” para Coimbra. É um feito mágico, depois do feito histórico de marcarmos presença no Jamor. Fizemos

um jogo soberbo do ponto de vista da entrega e dedicação. Foi um jogo soberbo a todos os níveis. Coimbra deve olhar para a Briosa de outra ma-neira e apoiá-la sempre. Foi um dia espetacular, toda a viagem foi uma festa. A chegada ao Jamor e o hino nacional é qualquer coisa de arrepiante. No final do jogo, nem sabia como festejar, por-que é a primeira conquista em termos de troféus que eu vivo enquanto sócio e adepto desta insti-tuição. Foi um momento único.

Concretizou-se o meu sonho de criança, que é enorme e ultrapassa todos os sentimentos possíveis e imaginários. Chorei de alegria. O

Jamor vestido de preto: obrigado Académica. A Brio-sa entrou muito bem no jogo, conseguiu controlar o Sporting e fez dos jogadores guerreiros e demons-trou que o “caneco” vai para Coimbra com toda a justiça. Há três dias que andava a dormir mal, com o aproximar do jogo. Fiquei muito nervoso e ansioso, mas depressa me passou ao encontrar toda a família academista no Estádio Nacional. Somos grandes, seremos enormes. Somos Académica/OAF. Vou partir para Coimbra, para festejarmos todos. Mais uma vez obrigado minha Académica.

Ricardo LopesVice-presidente da Mancha Negra

Nuno Castanheira NevesEconomista

O “caneco” para Coimbra

Obrigado minha Briosa

treinadores de bancada

um dia para a história da vida da Académica

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reações

Acima de tudo, o segredo desta vitória foi uma grande vontade de concretizar um sonho que vínha-mos a alimentar desde o início da época. E já que conseguimos chegar à final, queríamos levar a Taça para casa. Conseguimo-lo com grande mérito, fruto de muito trabalho.

Penso que agora a cidade também acordou e 43 anos depois passou a viver o presente e deixou de viver o passado.

A Académica é um clube histórico e que vivia da história e do passado. Mas provou agora que pode enve-redar por outros caminhos. Pode reviver o passado, mas tem de viver também o presente e o futuro.

Se quiser continuar a viver ape-nas do passado, se calhar vai ter de voltar a esperar 73 anos para voltar a uma conquista. Hoje sim é o dia para o tal feriado que vinha a falar durante a época.

Temos um grande grupo de traba-lho, que faz da humildade uma das suas grandes qualidades.

Acreditando no trabalho diário conseguimos dar a volta.

Os resultados não estavam a ser condizentes com o que tinha sido a nossa produção desde o início da época e nestas alturas começamos a sentir o chão a fugir debaixo dos

pés, mas a nossa união permitiu-nos perceber o que tínhamos de alterar. O meu obrigado a todos eles por acreditarem nas nossas ideias.

Ninguém nos pode tirar o mérito por esta vitória, até porque foi uma grande exibição de uma equipa que tem o segundo ou terceiro orçamen-to mais baixo da liga, frente a uma equipa que tem dos mais altos e que há quatro anos já não vence nada.

Aquilo que fizemos não foi só his-tória, foi isso mesmo, uma grande exibição.

Antes do jogo não dissemos prati-camente nada aos jogadores. Mos-trámos sim muitas coisas que lhes tocam no sentimento e na emoção e acho que eles viveram intensamente e vão valorizar isto. Talvez não ago-ra, porque ainda estão a celebrar, mas daqui a alguns anos.

Quando quis vir, com esta equipa técnica, para a Académica, foi por-que queríamos abraçar um projeto diferente. Se quisesse estar cómodo tinha ficado onde estava.

Para o ano? Tenho contrato com a Académica e é obvio que os contra-tos são para cumprir, mas há muitas coisas que teremos de alinhavar para que a próxima época seja con-dizente com aquilo que acredito que é o melhor para esta equipa.

pEDRO EMANUEL

O segredo foi a grande vontade de concretizar um sonho

Inexplicavelmente não fomos o Sporting que temos sido e aquele que tinha or-gulho de liderar. Infelizmente, apesar de termos tido mais posse de bola e de ter-mos tentado criar desequilíbrios, permitimos lances que em finais não se podem permitir. Quando aos três minutos se começa a perder condiciona um pouco, mas não tudo. Sou um homem triste, sim. Não vou falar da arbitragem, como não o tenho feito. O Sporting não pode perder uma final contra a Académica de maneira nenhuma. Se fosse uma Académica superior ou com outros condi-cionalismos do jogo, como expulsões, seria diferente. Esta final teríamos de ter ganho. Hoje é um dia triste, de luto para a família sportinguista.

Sá piNtO

Golo condicionou-nos

Futebol de causas

111 A tarja mais original dirigia-se ao marcador do golo e dizia “Marinho paga-me as propinas”. Em todo o topo sul, a partir do intervalo, dezenas de estudantes de capa e bati-na cumpriram a promessa da Associação Académica e os-tentaram faixas brancas com dizeres a preto sobre a crise na Educação e reclamando mais e melhor investimento no en-sino superior. “Mãe, estou no desemprego”, “11 mil bolsas de estudo a menos”, “As pro-pinas mais altas da União Eu-ropeia”, “Investir na educação é investir no futuro”, “Quero direito a um futuro” foram as restantes frases dispostas ao longo da bancada

Festa na net

111 Nas redes sociais, o antes, durante e odepois do jogo foi um permanente frene-sim preto, com muitos e mui-tos utilizadores do Facebook a adotarem como imagem de perfil o símbolo da camisola que a Briosa utilizou no Jamor. Muitos dos tweets, dos posts e das imagens que circularam foram oriundos de dentro do próprio estádio, onde milha-res e milhares de smartphones estiveram em permanente ati-vidade… até que os minutos do fim começaram a afunilar e a ansiedade de chegar ao fim teve de ser compensada com pulos e abanar de cachecóis.

um dia para a história da vida da Académica

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um dia de taçaR No final do jogo, a festa rebentou n a s ba n c a d a s e n o r e lv a d o . O s fiéis adeptos da A c a d é m i c a e x -plodiram de ale-gria perante uma equipa“briosa” do seu percurso nesta Taça de Portugal.

opiniões

R “Foi um jogo sofrido, mas a Académica mereceu a vitória”

R “A Briosa mostrou alma e caráter e é bom que esse caráter se contagie à cidade”

R “Coimbra precisa destas injeções de ânimo”

discurso direto

R “Era minha convicção de que a Académica ia fazer um bom jogo”

R “Acreditava que era possível vencer o troféu 73 anos depois. Fomos melhores que o Sporting”

R “É uma injeção de ânimo para a cidade e para a região”

discurso direto

111 O presidente da Académica, José Eduardo Simões, espera que o clube não demore mais 73 anos para voltar a conquistar a Taça de Portugal. Em declarações aos jornalistas, no final do encontro, o dirigente estudantil re-conheceu que o seu clube esteve muito bem ao longo de toda a partida e que dispôs de oportunidades para “matar o jogo no início da 2.ª parte”. “Depois, fomos obrigados a sofrer até final, até porque o Sporting tentou fazer tudo para chegar à igualdade”, disse.

José Eduardo Simões entende que a vitória de ontem representa uma oportunidade para “a cidade, univer-sidade, câmara e todas as pessoas” se interrogarem sobre “o que querem para a Académica”. “Se querem um clube com um dos cinco orçamentos mais baixos da Liga ou se querem um clube com sustentabilidade para não fazer um brilharete de vez em quando e ser muito competitiva a nível nacio-nal”, afirmou. No seu entender, “não se pode dizer apenas que se gosta, tem de se mostrar algo mais”.

Sobre a entrada na fase de grupos da Liga Europa, o presidente da Académi-ca considera “muito importante” esse feito conseguido através da vitória na Taça de Portugal. Mas, como “não que-remos ir lá fazer má figura”, o dirigente academista considera importante que “as forças vivas da cidade mostrem sinais que ajudem a garantir a susten-

tabilidade da equipa”. “Se isso não for feito, então esta vitória não valeu de nada”, garantiu.

Próxima épocaSobre a época 2012/13, José Eduar-

do Simões disse que, como não têm condições financeiras para outro tipo de voos, o orçamento do futebol pro-fissional deve descer. A descida “assus-tadora” das receitas de bilheteira são uma das razões para esta tomada de decisão. Em relação ao plantel, “vamos tentar manter os jogadores que quise-rem e que pudermos manter e vamos tentar contratar jogadores que nos garantam qualidade. Vamos continuar a ter a cabeça fria”.

Pedro EmanuelO presidente da Académica reconhe-

ceu ainda que “ninguém esperava, no início da temporada, que ela terminas-se desta forma”. Aliás, “nem mesmo quando, a partir de fevereiro, passamos de bestiais a bestas”. Uma situação que deve merecer, por parte dos críticos, “a merecida reflexão”. “Às vezes, é preciso ter um bocado de calma, confiança e perceber se estamos perante uma con-juntura que, às vezes, não é agradável mas que se ultrapassa. Neste caso, a so-lução fácil nunca é melhor”, concluiu.

António [email protected]

José Eduardo Simões Região tem de dizer o que quer da Académica

Barbosa de Melo

Horácio Antunes

um dia para a história da vida da Académica

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curiosidadesRWe are the champions teve mais sor-te do que Campeones, nos cânticos de glória, após o jogo

REm alguns setores das bancadas, a vitória celebrou-se com efe-erre-ás improvisados e muito sentidos. De re-pente, porém, acordaram os estudan-tes e tudo acabou com capas a voarem

RA imensa festa do final do jogo fezse quase toda com o setor norte, onde estavam os sportinguistas, vazio

RComo é hábito, os comerciantes ven-deram cachecóis meio pretos meio verdes. No fim, porém, a maior parte dos que os compraram apenas tinham a cor negra à mostra

R “Coimbra” sooou no fim do jogo, vinda dos altifalantes do estádio. Mas os estudantes e a claque preferiram “Campeões”

RNos céus de Oeiras, a organização do concerto de Madonna decidiu lembrar os presentes de que todos os caminhos vão dar a Coimbra no dia 24 de junho

RBriosa no coração, Coimbra no co-ração era o título de uma tarja que os adeptos de Coimbra colocaram na sua zona

RA chuva brindou os adeptos pouco tempo antes do início da partida. Aos de Coimbra valeram as capas acadé-micas que muitos deles trouxeram até ao Estádio Nacional

RAs condições deficientes do Estádio Nacional são conhecidas. O que não lembra a ninguém é o facto dos ban-cos de apoio de ambas as formações serem … cadeiras de esplanada

ROu que, por exemplo, os jornalistas fossem obrigados a percorrer parte do recinto junto dos adeptos, no caso, do Sporting

RMais problemas: na zona de impren-sa, as fichas de eletricidade de parte da estrutura estiveram sem funcionar quase até ao início da partida

RA proximidade da zona da comunica-ção social ao público levou a que, em certas alturas, muitos dos presentes

fizessem queixas sobre adeptos que tinham bilhete e que não conseguiam entrar no recinto

RO speaker de serviço não cumpriu a lei da igualdade, pois durante a parti-da gritou mais vezes “Sporting” que “Briosa”

RNa zona VIP, uma das portas esteve inexplicavelmente fechada, obrigando centenas de pessoas – que pagaram os bilhetes mais caros, pois a porta dá acesso à bancada central – a espe-rarem e desesperarem, com o jogo a decorrer. Alguns resolveram mesmo dar a volta à tribuna e entrar pela outra porta de acesso à central. O resultado foi uma escadaria “entupida”

RNo meio da imensa mancha de pre-to, no topo sul do estádio foram bem visíveis os pontos verdes. E não eram plásticos para a chuva. Eram mesmo sportinguistas infiltrados, certamente com bilhetes comprados em Coimbra.

RNo final do jogo, uma pequena parte das bancadas da Académica ficou va-zia. Era a dos tais verdes

RDe Coimbra não seguiram apenas adeptos. Alguns comerciantes da res-tauração, ou simplesmente rulotes de comida saborosa e rápida, montaram literalmente a tenda na mata do Jamor. E deu jeito a muita gente, mesmo a quem trouxe farnel, tanta a lama e a água que por ali havia

RComo é habitual, os autocarros das equipas tinham lugares de estaciona-mento marcados. O parque reservado à Académica foi pequeno para tanta gente

RBem junto à CREL, na saída para o estádio, um outro recinto recebeu mi-lhares de pessoas e de comes e bebes. Um dos ajuntamentos foi organizado pela Casa da Académica de Lisboa e o porco no espeto e sopa arredaram a chuva do horizonte

RAntes do jogo, o médico da Acadé-mica, Augusto Roxo, foi entrevistado por Pedro Ribeiro, da Antena 1, a quem explicou por que trouxe a sua pasta e as fitas amarelas de medicina: “Uma ho-menagem ao saudoso dr. José Barros”

111 Autocarros. Cerca de meia cen-tena, ao longo da autoestrada. Quase todos numerados – ao longo da ma-nhã, liam-se nas redes sociais curiosas mensagens a dar conta do andamento do número tal… Um deles não tem número, porém. É mesmo dos últimos a sair de Coimbra e não faltam farnéis e cachecóis de apoio, enfim, nem todos à Académica… É a excursão organizada pelo Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes, mas não leva apenas militares.

Desde fevereiro, aquando da elimina-ção da Oliveirense, que uma boa parte da cidade de Coimbra e da região en-volvente entrou em “modo Jamor”. Eu vou lá estar, dizia quase toda a gente. Não vieram todos, claro está. A pobre carreira da Briosa nos últimos jogos e mais uns quantos episódios lamentá-veis em torno dos bilhetes acabaram por esmorecer o entusiasmo. Ainda assim, o espetáculo vestido de preto “desceu” mesmo a Lisboa. E, na capi-tal, muito mais preto se juntou, ou não seja a Universidade de Coimbra a “fonte de alimentação” de meio país com canudo.

Para quem veio de Coimbra, a parte final da viagem foi a pior. Desde logo pela ansiedade da chegada, mas tam-bém porque as forças policiais resol-veram organizar a fila de autocarros e escolta-los a todos, no final da A1 e ao longo da CREL. O resultado foi um congestionamento enorme e uma espécie de marcha lenta na derradeira meia hora, justamente “em cima” do tempo previsto para o almoço.

Chegados à mata do Jamor, porém,

toda a ansiedade se esfumou e nem a chuva que o vento tornava oblíqua se sobrepôs à fome que já apertava. Houve, por isso, que procurar sítio para comer. Depressa se percebeu que a tarde não estava mesmo para estender toalhas. Ainda assim, muitos foram os que aproveitaram todos os recantos sem lama para destapar tachos e dar ao dente.

Do almoço viam alguns as cadeiras brancas das bancadas do setor destina-do à Académica, o sul. Talvez por isso, geraram-se os primeiros equívocos, com a dúvida sobre o local da entrada para o estádio. Daí que se tenha assis-tido a um curioso sobe e desce pelos caminhos da mata… e quem conhece o Jamor sabe bem quão íngremes eles são.

Estômago composto e gargantas tam-bém, é tempo de contar as horas e os minutos para o início do jogo. Aos pou-cos, as bancadas do Jamor começam a compor-se e, do lado da Académica, depressa se percebe que vão aparecer aglomerações verdes, e muitas, sobre-tudo no setor dos bilhetes de 20 euros. Mas o que é isso à beira da enorme e densa mancha no sítio da claque e também dos muitos, mesmo muitos, estudantes de capa e batina que se sen-tam ao lado.

Depois, bom, depois foi a festa a co-meçar no relvado, com música, danças e mensagens várias, que os tempos de paraquedistas e outros gastos fartos já lá vão.

Paulo [email protected]

Ir à capital e (não) levar palha ao cavalo

um dia para a história da vida da Académica

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diário as beiras | 21-05-2012 14 | essencial | beirassport

relances

Coimbraem pesono Jamor com a AcadémicaMuitas foram as personalidades coimbrãs que quiseram marcar presença no Estádio Nacional. Apoiar a Académica num jogo - e num percurso - que fica (também) para a história da cidade, foi o principal motivo que levou figuras de todas as áreas e quadrantes políticos ao Jamor. Um carinho que a equipa soube tão bem agradecer dando, em troca, uma vitória que provocou lágrimas de alegria nos rostos dos milhares de academistas que se fizeram ouvir durante todo o jogo. E não foram só os que há mais de sete décadas choraram as mesmas lágrimas frente à taça da Taça. Foram os filhos e (já) os netos dessa geração que soube acreditar que 2012 seria o ano em que a história se iria repetir. Repetiu-se. E Coimbra aplaudiu. Com os que lá estiveram, mas também com todos aqueles que torceram longe do Jamor.

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