Edição Histórica do Duque de Caxias

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Duque de Caxias Duque de Caxias Duque de Caxias Duque de Caxias Duque de Caxias SOLDADO E PACIFICADOR SOLDADO E PACIFICADOR SOLDADO E PACIFICADOR SOLDADO E PACIFICADOR SOLDADO E PACIFICADOR E sta Ediªo Histrica, sobre a vida do DUQUE DECAXIAS, nosso maior heri nacional, Ø dedicada aos verdadeiros brasi- leiros e, especialmente, juventude de nosso pas. Esta Ø mais uma iniciativa do JORNAL INCONFID˚NCIA, no sentido de difundir fatos verdadeiros ocorridos na Histria PÆtria, que sªo escandalosamente sonegados ou deturpados pela mdia facciosa e vendida, pela cÆtedra marxista, pelos inte- lectuais gramscistas e, principalmente, pelos livros didÆticos editados por autores ideologicamente com- prometidos hÆ mais de 30 anos, com o aval do MinistØrio da Educaªo. A HISTRIA DE UMA NA˙ˆO Ø um bem por demais precioso, a ser preservada a todo custo e cultuada permanentemente. Nªo podemos permitir que essa MEMRIA, conquistada com o sangue e o sacrifcio de seus heris, seja profanada e deturpada por interesses ideolgicos aliengenas e pela falta de Øtica de historiadores, polticos, professores e jornalistas, enganando seus (e)leitores, alunos e ouvintes, quanto aos fatos ocorridos e registrados em documentos oficiais. preciso que a MAIOR FARSA DO SCULO XX, o Comunismo, infelizmente cada vez mais presente no Brasil e na AmØrica Latina, patrocinado pelo Foro de Sªo Paulo, seja repudiado definitivamente pela sociedade brasileira e o ver- dadeiro patriotismo e a seriedade, sem qualquer influŒncia externa, voltem a prevalecer! BRASIL, NOSSA P`TRIA, ACIMA DE TUDO! EDI˙ˆO HISTRICA AS FOR˙AS ARMADAS T˚M O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR, A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTA˙ˆO DO COMUNISMO NO BRASIL. BELO HORIZONTE, 25 DE AGOSTO DE 2016 - ANO XXII - N” 230 Site: www.jornalinconfidencia.com.br E-mail: [email protected] Ediªo Ediªo Ediªo Ediªo Ediªo Histrica Histrica Histrica Histrica Histrica

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Duque de CaxiasDuque de CaxiasDuque de CaxiasDuque de CaxiasDuque de Caxias

SOLDADO E PACIFICADORSOLDADO E PACIFICADORSOLDADO E PACIFICADORSOLDADO E PACIFICADORSOLDADO E PACIFICADOR

Esta Edição Histórica, sobre a vida doDUQUE DECAXIAS, nossomaior heróinacional, é dedicada aos verdadeiros brasi-

leiros e, especialmente, à juventude de nosso país.Esta é mais uma iniciativa do JORNAL

INCONFIDÊNCIA, no sentido de difundir fatosverdadeiros ocorridos na História Pátria, que sãoescandalosamentesonegadosoudeturpadospelamídiafacciosa e vendida, pela cátedramarxista, pelos inte-lectuais gramscistas e, principalmente, pelos livrosdidáticos editados por autores ideologicamente com-prometidos há mais de 30 anos, com o aval doMinistério da Educação.

A HISTÓRIA DE UMA NAÇÃO é umbem por demais precioso, a ser preservada a todocusto e cultuada permanentemente. Não podemospermitir que essaMEMÓRIA, conquistada com osangue e o sacrifício de seus heróis, seja profanadae deturpada por interesses ideológicos alienígenase pela falta de ética de historiadores, políticos,professores e jornalistas, enganando seus(e)leitores, alunos e ouvintes, quanto aos fatosocorridos e registrados em documentos oficiais.

É preciso que a MAIOR FARSA DOSÉCULO XX, o Comunismo, infelizmente cadavez mais presente no Brasil e na América Latina,patrocinado pelo Foro de São Paulo, seja repudiadodefinitivamente pela sociedade brasileira e o ver-dadeiro patriotismo e a seriedade, sem qualquerinfluência externa, voltemaprevalecer!

BRASIL, NOSSA PÁTRIA,ACIMADETUDO!

EDIÇÃO HISTÓRICA

AS FORÇAS ARMADAS TÊM O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR,A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTAÇÃO DO COMUNISMO NO BRASIL.

BELO HORIZONTE, 25 DE AGOSTO DE 2016 - ANO XXII - Nº 230

Site: www.jornalinconfidencia.com.brE-mail: [email protected]

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BRASIL, VICE-REINO DEBRASIL, VICE-REINO DEBRASIL, VICE-REINO DEBRASIL, VICE-REINO DEBRASIL, VICE-REINO DEPORTUGALPORTUGALPORTUGALPORTUGALPORTUGAL

1803 - 25 de agosto: nasce na FazendaTaquaraçu,VilaEstrela,ProvínciadoRiodeJaneiro,LuizAlvesdeLimaeSilva, filhodeFranciscodeLimaeSilvaedeDonaMarianaCandidadeOliveiraBelo.1808 -22denovembro:TituladoCadetede1ª Classe (aos 5 anos).

BRASIL, REINO UNIDO ABRASIL, REINO UNIDO ABRASIL, REINO UNIDO ABRASIL, REINO UNIDO ABRASIL, REINO UNIDO APORTUGAL E ALGARVEPORTUGAL E ALGARVEPORTUGAL E ALGARVEPORTUGAL E ALGARVEPORTUGAL E ALGARVE

(1815)(1815)(1815)(1815)(1815)1818 - 4 de maio: Matricula-se na RealAcademiaMilitar; logodepois, épromovi-do a alferes e mandado servir na 5ª Cia. deFuzileiros daGuarnição daCorte.- 12 de outubro: Alferes1821 - 2 de janeiro:Promovido a Tenente,comantiguidadede4denovembrode1820e nomeado ajudante do Batalhão do Impe-rador.

INDEPENDÊNCIA -INDEPENDÊNCIA -INDEPENDÊNCIA -INDEPENDÊNCIA -INDEPENDÊNCIA -REINADO DE DOM PEDRO IREINADO DE DOM PEDRO IREINADO DE DOM PEDRO IREINADO DE DOM PEDRO IREINADO DE DOM PEDRO I

(1822)(1822)(1822)(1822)(1822)1822 - 7 de setembro: Dom Pedro I pro-clama a independência doBrasil. É criadoo Batalhão do Imperador, para o qualescolhido como1º ajudante. ComoBata-lhão, parte para a Bahia, onde os portu-gueses não aceitavam a independência.1823 - Batismo de Fogo na Bahia.1824 - 22 de janeiro: Promovido aCapitão. Recebe a primeira de uma

DUQUEDECAXIASCRONOLOGIA

LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003Inscreve o nome de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, no

�Livro dos Heróis da Pátria�.OVICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESI-

DENTEDAREPÚBLICA.Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Artigo 1º - Será inscrito no �Livro dos Heróis da Pátria�, que se encontra no

Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duquede Caxias, em comemoração ao bicentenário de seu nascimento.

Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.(Publicado no Diário Oficial da União nº 21, de 29 de janeiro de 2003).

INDEPENDÊNCIA: lutas internas para garantir a liberdade conquistada

GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA: defesa da soberania e da integridade nacionais

PERÍODO REGENCIAL: rejeição ao separatismo e pacificação da Pátria

REINADO DE DOM PEDRO II (1840)REINADO DE DOM PEDRO II (1840)REINADO DE DOM PEDRO II (1840)REINADO DE DOM PEDRO II (1840)REINADO DE DOM PEDRO II (1840)

1840 - 24 de julho:Maioridade deD. Pedro II.1841-18dejulho:Recebeotítulonobiliárquicode Barão de Caxias por haver pacificado aBalaiada, na cidade maranhense de Caxias.Promovido a Brigadeiro (atual General deBrigada)1842-EmSãoPauloeMinascomeçaaRevolu-çãoLiberal.Depois de nomeado comandante das Armasda Corte (21 de março), Comandante-em-Chefe das Forças emOperações e vice-presi-dente daProvíncia deSãoPaulo,Caxias con-segue restabelecer a paz em Sorocaba e emBarbacena, e obtémvitória decisiva emSantaLuzia na Província deMinasGerais em20deagosto.- 29deagosto:Marechal deCampoGraduado(atual General deDivisão).- 24de setembro:Caxias énomeadopresiden-te da Província do Rio Grande do Sul e Co-mandante-em-Chefe do Exército emOpera-ções contra os Farrapos.1845 - 1º de março: O exército farroupilharende-se aCaxias. Consolida a paz dafamíliabrasileiraemPoncheVerde.- 2 deabril:CondedeCaxias.1846-13deoutubro:ReassumeoComandodaArmas daCorte (atual CML).1847-11demaio:AssumeaCadeiradeSenadorVitalíciopelaProvínciadoRioGrandedoSul.1851 - 15 de junho:DesignadoComandante-em-ChefedosexércitosbrasileirosnasguerrascontraOribe (Uruguai)eRosas (Argentina).1852-02defevereiro:BatalhadeMonteCaseros.-03demarço:Tenente-General(atualGeneral-

de-Exército). -26dejunho:MarquêsdeCaxias.1855 - 14 de junho:Ministro da Guerra até 04demaiode1857.1858 -18dedezembro:NomeadoConselheirode Guerra do Conselho Superior Militar e deJustiça (hoje,SuperiorTribunalMilitar).1861-02demaio:MinistrodaGuerraaté24demaiode1862.1865 - Forma-se a Tríplice Aliança: Uruguai,Argentina e Brasil entram em guerra contra oParaguai.1866 -13deoutubro:Marechal doExército.-18denovembro:Comandante-em-ChefedasForças do Império do Brasil em OperaçõescontraoParaguai.1867 -10de fevereiro:Comandante-GeraldasForçasdaTrípliceAliançaemOperações.1868 -06dedezembro:Liderapessoalmenteavitória na Ponte de Itororó.1869-05dejaneiro:CaxiasentravencedoremAssunção,capitaldoParaguai.- 23 demarço: torna-se Duque.1870-01demarço:FimdaGuerradoParaguai.1874-23demarço:MorreDonaAna,Duquesade Caxias.1875�25demarço:Énomeadoparaapresidên-cia do Conselho de Ministros e Ministro daGuerra.28dejunho:Apresenta-seaoParlamen-to, com todo o "Ministério São João", assimchamadopor ter sidoorganizadoa23de junho.1880-07demaio:MorrenaFazendadoBarãode Santa Mônica (Valença/RJ) e seu corpo élevadoàCorte.- 10 de maio: Sepultado no Cemitério SãoFranciscodePaula,noCatumbi/RJ.

longa série de condecorações: a insígniade Cavaleiro da Ordem Imperial do Cru-zeiro.- É outorgada a primeira Constituição doBrasil. - LuísAlvesmarcha para a Provín-cia Cisplatina.1825/28 - Guerra da Cisplatina.- Destacado em Montevidéu.1828 - 2 de dezembro: Major.1829 -Março: Comandante do Batalhãodo Imperador. De volta ao Rio, depoisdos galões deMajor, recebe a insígnia deCavaleiro daOrdemdaRosa.

REGÊNCIA (1831)REGÊNCIA (1831)REGÊNCIA (1831)REGÊNCIA (1831)REGÊNCIA (1831)1831-7deabril:DomPedroabdicaeinicia-se o período regencial.- É criada a Guarda Nacional.- 27 de julho: 1ª Regência.1833 - 6 de janeiro: Casam-se, no Rio, oMajor Luís Alves de Lima e Silva e DonaAna Luísa de Loreto Carneiro Viana.1835 - Eclodem as revoluções da Caba-nagem, no Pará, e a Farroupilha, no RioGrande do Sul.1837 - 12 de setembro:Tenente-CoronelComandante da Guarda Municipal Per-manente da Corte, embrião da atual Polí-cia Militar do Rio de Janeiro.- ABahia é convulsionada pela Sabinada.1839 - 02 de dezembro: Coronel.- 12 de dezembro: Nomeado Presidenteda Província do Maranhão e comandan-te-geral das Forças Militares contra a re-volta da Balaiada.

REPÚBLICA (1889)REPÚBLICA (1889)REPÚBLICA (1889)REPÚBLICA (1889)REPÚBLICA (1889)1923 - 25 de agosto: Instituido oDia doSoldado doExército.1932-16dedezembro:1ªEntregadoEspadimdeCaxiasaosCadetesdaEscolaMilitardoRealengo.1949-25deagosto:TrasladodesuaestátuaeqüestredoLargodoMachado,dosseusrestosmortaiseosdaesposaparaoPantheonnaPraçaDuquedeCaxias,defronteaoatualPalácioDuquedeCaxias,sede doComandoMilitar doLeste.1962 -13demarço:ConsagradocomoPatronodoEXÉRCITOBRASILEIRO.

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NA ABDICAÇÃO (1831)��Não fui revolucionário. Estimei a

abdicação; julguei que era de vantagem parao Brasil mas não concorri, direta ou indire-tamente para ela�.

NA BALAIADA (1839/1840)� �Maranhenses! Mais militar que po-

lítico, eu quero até ignorar os nomes dospartidos que entre vós existem. Deveis co-nhecer as necessidades e as vantagens dapaz, condição de riqueza e prosperidade dospovos e, confiando na Divina Providência,que tantas vezes nos tem salvado, esperoachar em vós tudo o que for mister para otriunfo da nossa santa causa�.

NA SEDIÇÃO DE SOROCABA,EM TROCA DE CARTAS COMO PADRE DIOGO ANTONIO

FEIJÓ (1842)� �Quando pensaria eu, em algum tem-

po, que teria de usar da força para chamar àordemoSrDiogoAntonioFeijó?Taisas coisasdo mundo! As ordens que recebi de SuaMajes-tade,o Imperador, sãoem tudo semelhantes àsqueme deu oMinistro da Justiça, em nome daRegência, nos dias 3 e 17 de abril de 1831,isto é, que levasse a ferro e fogo todos osgrupos armados que encontrasse e, da mes-ma maneira que então as cumpri, as cumpri-rei agora. Não é com armas na mão,Excelentíssimo Senhor, que se dirigem súpli-cas ao monarca e nem com elas empunhadasadmitirei a menor das condições que VossaExcelência propõe na referida carta�.NA REBELIÃO DE BARBACENA

(1842)� �Espero seja esta a última vez queme

encarregue de pacificar alguma Provínciaque tenha por Presidente pessoa que nelatenha estado na ocasião da revolta, muitos,principalmente sendo paisanos, que quasesempre tanto têm de poltrões durante operigo, como vingativos depois dele pas-sado (salvo as honrosas exceções)�.

� �Neste ofício, ordeno ao Tenente-Coronel Marinho que tire as algemas aospresos e as entregue à sua guarda (refere-se ao Capitão Bento José Leite de Faria) e,se porventura fizer alguma objeção, pren-da-o, incontinente, à minha ordem, e con-duza os presos a seu destino, procurandotodos os meio de tratá-los bem, significando-lhes, aomesmo tempo, quemuito me incomo-dou o procedimento do dito Tenente-CoronelMarinho�.

NO RIO GRANDE DO SULCAMPANHA DOS FARRAPOS

(1842/1845)� �Rio-Grandenses! Sua Majestade, o

Imperador, confiando-me a presidência e ocomando em chefe do bravo exército bra-

CAXIASATRAVÉS DE SUASMANIFESTAÇÕES

* Carlos de Souza Scheliga

sileiro, recomendou-me que restabeleces-se a paz nesta Província do Império, comorestabeleci no Maranhão, em São Paulo eem Minas; a Divina Providência, que demim tem feito um instrumento de paz paraa terra em que nasci, fará que eu possasatisfazer os ardentes desejos do magnâni-mo monarca e do Brasil. Rio-Grandenses!Segui-me, ajudai-me e a paz coroará nos-sos esforços!�.

� �Lembrai-vos que a poucos passosde vós está o inimigo de todos nós, o ini-migo de raça e da tradição. Não pode tar-dar que nos meçamos com os soldados deRosas eOribe; guardemos, para então, nos-sas espadas e nosso sangue. Vede que esseestrangeiro exulta com essa triste guer-ra com que nós mesmos nosestamos enfraquecendo e des-truindo. Abracêmo-nos eunâmo-nos para marchar-mos, não peito a peito, masombro a ombro, em defesada Pátria, que é a nossa mãecomum�.

� �Maldição eternaa quem ousar recordar-se das nossas dissen-sões passadas .União e tranqüi-lidade seja dehoje em diante anossa divisa�.

NO ESTADOORIENTAL (1851)

� �Não ofenderei assusceptibilidades dos bra-vos que o compõem (refe-re-se ao Exército cujo co-mando assume), lembran-do-lhes deveres que, estouseguro, eles os têm gravados em suas me-mórias como em seus corações�.

� �A verdadeira bravura do soldadoé nobre, generosa e respeitadora dos prin-cípios de humanidade. A propriedade dequem quer que seja, nacional, estrangeiro,amigo ou inimigo, é sagrada e inviolável edeve ser tão religiosamente respeitada pelosoldado do Exército Imperial como sua pró-pria honra�.

� �Nãovosrecomendo (refere-seaoExér-cito cujo comandodetém) resignação, constân-ciaevalorporque essas virtudes são inatas noSoldado Brasileiro. Eia, pois! Marchemos acumprir o que à Pátria devemos�.

CAMPANHA CONTRA ROSAS(1852)

� �Conseguistes (na proclamação definal de hostilidades) uma glória imortal;desagravastes a honra da nossa Pátria;contribuístes eficazmente para a paz de

dois Estados (refere-se ao Uruguai e à Ar-gentina), para o triunfo da mais santa dascausas � a da Liberdade, a da Humanida-de e da Civilização. Está, pois, completa anossa missão�.

MINISTRO DA GUERRAE PRESIDENTE DO CONSELHO

(1855/1861)� �As lutas passadas estão termina-

das e esquecidas. O Governo é conserva-dor progressista e progressista conserva-dor. Aceita todas as questões políticas quetêm sido pontos de divergência até agorapara, na calma das paixões, discuti-las eresolvê-las�.

� �Entendo que, presentemen-te, o país quer, sobretudo, a

rigorosa observância daConstituição e dasleis e a mais se-vera e discretaeconomia dosdinheiros públi-cos, atentos ascircunstânciasdo nosso atualestado financei-

ro. Os atos, Senho-res, devem valer maisdo que as palavras epeço a todos quenos julguem pelos

nossos atos�.� �O único meio de con-

servar no Império um exército,ainda que pequeno, mas o indis-pensável para sua defesa, é a cha-mada obrigatória, para o servi-ço das armas, dos indivíduosque, em vossa sabedoria, jul-gardes que devem constituir a

massa retrucável da nossa população�.

NA QUESTÃO CHRISTIE, CARTAAO VISCONDE DO RIO BRANCO

(1862)� �Queme diz da questão inglesa? Não

se pode ser súdito de nação fraca. Tenhovontade de quebrar a minha espada quandonão me pode servir para desafrontar o meupaís de um insulto tão atroz�.

NA GUERRA DO PARAGUAI(1866/1869)

� �Se Vossa Excelência quer que eusiga neste mesmo vapor, conceda-me duashoras para mandar buscar à casa duascanastras com roupa�. (Antes de ter sidonomeado comandante em chefe e em res-posta a Beaurepaire Rohan, Ministro daGuerra, ambos a bordo do navio que con-duzia reforços para o Rio Grande do Sul, a

propósito da intenção de mandar Caxias pa-ra o Teatro-de-Operações)

� �Aceito o convite, a minha espadanão tem partido�. (Ao ser convidado paracomandante-em-chefe)

� �Nem uma, se não a de ter a inteiraconfiança do Governo�. (Ao ser convidadopara comandante-em-chefe e perguntadoem quais condições aceitaria a nomeação)

� �Eia! Marchemos ao combate! Avitória é certa porque o general amigo quevos guia ainda, até hoje, não foi vencido�.

� �Sigam-me os que forem brasilei-ros!�. (Na arremetida da ponte de Itororó)

NA CORRESPONDÊNCIACOM A ESPOSA

D. ANA LUIZA CARNEIRO VIANA� �Nossas duas filhas Deus me deu o

tempo de as criar, educar e arranjar. Fo-mos, é verdade, infelizes com o nosso que-rido filho, mas que fazer se não conten-tarmo-nos com a vontade de Deus?�.(1868)

� �Sou fatalista e desprezo e sempredesprezei a morte, porque sei que não sehá de fazer se não o que Deus for servidoe que tanto se morre no meio de balas e dospântanos comonas boas cidades�. (Na Cam-panha do Paraguai)

� �Eu tenho o coração maior do queo mundo. Tu bem o sabes. Onde tu mesmocabes!�. (Na Campanha do Paraguai)

DO SEU TESTAMENTOEXCERTOS (1874)

� �Dispenso honras fúnebres milita-res que me cabem como Marechal do Exér-cito�. e �que me conduzam o caixão àsepultura levado por seis soldados, esco-lhidos dos mais antigos e de melhor condu-ta dos corpos da guarnição�.

NO FINAL DA VIDA(1878/1880)

� �Aqui estou, pois, desempenhandoo entremez do velho perseguido, pois osvelhacos e tratantes não me deixam respi-rar�. (Carta à filha, redigida na FazendaSanta Mônica, onde viria a falecer, dizendodos desgostos e das mágoas que lhe feriamo coração)

De Caxias se pode depreender máxi-ma de São João Crisóstomo:�Contenne gloria et eris glorius�, isto é,�Desprezai a glória e sereis gloriosos�.

Todas as vezes em que Caxias foi chamado a prestar seus serviços à pátria, ele o fez de maneira altaneira, exemplar e convincente.Sempre que convocado pelo Imperador para restaurar a ordem, para preservar a integridade nacional ou em defesa da nossa soberania,

destacou-se como um comandante altamente capaz e destemido, revelando em paralelo os atributos inequívocos que o distinguiram como um líderhumano, justo, competente e sereno.

Um de seus hábitos mais marcantes, no exercício dessas delicadas e complexas missões, foi o de procurar fazer-se presente nos Teatros deOperações, antes mesmo de iniciadas as contendas, dirigindo sua palavra forte e equilibrada àqueles que estavam sob sua jurisdição, seja paraestimular e impulsionar seus comandados ao cumprimento do dever, seja para apaziguar e promover a concórdia onde havia se instalado aincompreensão e as ameaças à coesão interna.É dos registros dessas manifestações, que podemos recolher os melhores ensinamentos e identificar os traços inconfundíveis da grandeza do seucaráter e da genialidade desse grande vulto militar.

Impossível, pela restrição de espaço, consigná-las todas. Fiquemos pois, com os trechos mais significados.

(*) Tenente-Coronel. Oficial deEstado-Maior. Diplomado em

Psicologia. Foi editor da Revista doClube Militar e ex-integrante da

Comissão de Publicações daBiblioteca do Exército.

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ORDEM DOORDEM DOORDEM DOORDEM DOORDEM DODIA DO SOLDADODIA DO SOLDADODIA DO SOLDADODIA DO SOLDADODIA DO SOLDADO

* Maria LuciaVictor Barbosa

CAXIASE O SELO DOARCANJONesses tem-

pos que cor-rem em nossoPaís, plenos demediocridade ebanalização, on-de a política setorna cada vez

mais um negócio particular e o bem comumparece apenas uma citação aristotélica per-dida nas teias da ilusão, é reconfortanterecordar a existência daquela ínfima porçãode homens reconhecíveis por sua condutaexemplar e seu caráter, que no Império fize-ram de sua vocação para o serviço e seusentido de pátria os sólidos alicerces danossa independência e da nossa grandezacontinental.

Em �Instituições Políticas Brasilei-ras� Oliveira Vianna refere-se aos homensde �moldagem carismática�, aquela elitedos que receberam, comono Apocalipse, o �selo doArcanjo�. Entre eles estáCaxias, um dos possuídospela consciência da Nação,o homem público de men-talidade nacional.

LuizAlves deLima eSilva, Duque de Caxias,nascido em 25 de agostode1803,naVilaEstrela,Pro-víncia do Rio de Janeiro, naverdade parece ter vindoao mundo para confirmar aidentificação com sua car-reira, cujas origens se pren-diam ao próprio berço. Per-tencia ele a uma estirpe demilitares, na qual onze ge-nerais serviram-lhe deexemplo através de três ge-rações. Assim, sua glória esua fama geralmente estãoassociadas ao fato delenunca ter sido batido, em que pese as difi-culdades e circunstâncias das lutas quecomandou. Mas será preciso reconhecerque o mais bem sucedido dos generaisbrasileiros foi também um grande político.

Cabe lembrar que havia no Impériotrês grandes centros de fixação dos valoresdo governo onde o Imperador colocava oshomens da grande elite: o Ministeriado, oConselho de Estado e o Senado.

Como ministro da Guerra Caxias for-mulou um formidável programa com vistasa erguer o Exército moralmente e material-mente e entre suas realizações pode-se ci-tar: o estabelecimento da promoção em dataúnica para todas as Armas; a criação doórgão que hoje é o estado-maior; a alteraçãodo regulamento da organização da saúderelativa ao Exército e criação de hospitais;a reforma do ensino militar; a criação deconselhos para gerir assuntos econômicosdo Exército; a instituição do serviço militarobrigatório; a definição e tipo de instruçãoa ser ministrada às tropas.

À frente do Conselho, o Duque de

Caxias tambémagiucomeficiência.Eleapre-sentou projeto para reforma da lei eleitoral,solicitou profundas melhoras na legislaçãosobre a Justiça Militar, reformou a lei derecrutamento e mandou organizar escolaspráticas de agricultura.

Certamente, as glórias militares deCaxias devem ser relembradas para com-pletar a imagem do militar na qual se re-corta ao mesmo tempo o perfil de esta-dista. Rememore-se, então, que a primeiravitória do Exército vitalizado pelo regentePedro de Araújo Lima, veio em 1840, quan-do chefiado por Luiz Alves de Lima e Silva,futuro Duque de Caxias. Ele dominará arevolta da Balaiada, no Maranhão e depoisconduzirá a várias vitórias em São Paulo eMinas (1842), tendo liquidado a Farroupilhaem 1845. A derrota da Praieira (1848-49)logrou a paz interna que se estendeu até ofim do Império. E na guerra do Paraguai só

deixou o posto de su-premo comandante ali-ado quando conside-rou o conflito vencido,entregando o coman-do ao Conde d�Eu queconduziu a campanhaao seu fim, o que ocor-reu com a morte deSolano Lopez em 1º demarço de 1870.

Luiz Alves deLima e Silva serviu àPátria até onde sua saú-de lhe permitiu, tendoenfrentado oposição ehostilidade. Faleceuem 1880, em Vassou-ras, expressando comoúltima vontade ser en-terrado apenas na qua-lidadede IrmãodaCruzdos Militares. Seu es-quife foi levado por seis

praças antigos e de bom comportamentoaté a estação do Desengano e de lá para oRio de Janeiro, tendo o corpo repousado nocemitério de São Francisco de Paula, nobairro do Catumbi.

Com o advento da República, a aris-tocracia de homens a qual pertenceu Ca-xias, desapareceu. No decorrer da nossahistória, uma ou outra individualidadeno meio político surgiu ainda como uma�espécie de desajustado superior�. Masjá não há uma elite como no Império. Sub-siste o que Oliveira Vianna tão bem des-creveu ao afirmar: �O brasileiro é, politi-camente, o homem individualista, arras-tado pela libido dominandi e conduzindo-se pela vida pública sem outro objetivosenão a satisfação desta libido�.

Falta-nos, realmente, aqueles que têmo �selo do Arcanjo�, como o teve o patronodo Exército, o Duque de Caxias.

(Publicado no Inconfidência nº 59 de 25/08/2003)

* Socióloga, escritora e articulista.E-mail: [email protected]

Caxias. Assim foi chamado Luís Alvesde Lima e Silva quando, no Maranhão,

pacificou a Balaiada. Duque de Caxias foi atitulação que recebeu quando retornou daCampanha da Tríplice Aliança. Por três ve-zes presidente do Conselho de Ministros,presidente de duas províncias e senadordo Império, Caxias, marechal do ExércitoBrasileiro, não foi um personagem eventuale transitório em nossa História. Honradocidadão, notável chefe militar e acatadoestadista, transcendeu todos os títulos jus-tamente recebidos. Personificou o Pacifica-dor e Unificador da Pátria. Encarnou o heróido Império. Projetou sua luminosa presen-ça à República por nascer. Praticou cora-gem e prudência revestidas de bondade. Gal-vanizou pelo exemplo. Austero e simples,inspirou e demonstrou lealdade, despren-dimento, disciplina e responsabilidade. Suaespada invencível brilhou na altivez da au-toridade que não constrange, na temperan-ça que permeia graves decisões e na dispo-sição férrea para, fiel a si mesmo, nãotransigir com a indisciplina. Conclamou ecorrigiu, compreendeu, orientou e perdoou.Chefiou, liderou e conquistou sem possuir,esviando-se das luzes do sucesso e do po-der que seduzem o homem comum. Seusensinamentos sobrevivem para os cida-dãos de todos os tempos.

Sua obra persiste no caldeamento eunificação do contexto nacional heterogê-neo. Inspira competentes quadros profissi-onais e acompanha a família militar nasmovimentações constantes, na rusticidadee nos sacrifícios da vida castrense. Aindapresente, Caxias vibra com a excelência dotrabalho dessa gente, da ativa e da reserva,que não desveste a farda, mantendo a leal-dade em todos os sentidos, a camaradageme o espírito de cumprimento de missão. Seussoldados representam todos os segmentossociais, preservam o respeito e a admiraçãodos brasileiros pelo Exército.

O soldado sabe quanto custa ser umCaxias, que, por força de lei e dever de ofí-cio, se necessário dispõe da própria vidapara sobrepor os interesses maiores daPátria às pequenas vontades e ambiçõespessoais. Custa exercitar lealdade, ética,espírito público, dignidade e amor incon-dicional ao Brasil, virtudes tão escassasnos dias que correm. Custa testemunharas distorções e caricaturas que apresen-tam da hierarquia e da disciplina, paraacobertar irresponsabilidade ou omissão.Custa admitir que reivindicações e críti-cas se façam sob o anonimato, escondendoa verdadeira face, como que festejando arebeldia agressiva. Custa ser Caxias quan-do se assiste à perversa inversão de va-

QUANTO CUSTASER CAXIAS!

lores em um regime de liberdades no qualsó os direitos existiriam e os deveres seriampostergados; quando há quem maximize eorquestre defeitos alheios, mascarando ejustificando suas próprias intenções e vila-nias; quando se vê a tentativa de degrada-ção da justiça e as ameaças às es-truturasconstituídas. Custa, ainda, ver os valoresque você preserva, constante e ir-respon-savelmente apresentados como apanágiode alguns cidadãos que falsamente se arro-gam progressistas, patriotas e desprendi-dos, mas que, em verdade, comercializam ebarganham ardilosas e escusas pretensões;acobertam-se em conveniências pessoais,escondidos em títulos, valendo-se até dainvestidura da autoridade que exercem.Custa ser Caxias quando presenciamosnossa Instituição, responsável constituci-onalmente pela garantia da lei e da ordem,ser atingida pelos que têm o dever de fisca-lizar o cumprimento dos preceitos legais,sob a busca insensata de efeitos de mídia.Custa ser Caxias quando vemos o uso arbi-trário da informação de interesse público,que denuncia, apura, julga e condena pes-soas e instituições à sombra de um mani-queismo cego, negando, em nome de umpassado recente, o espírito de pacificaçãoque, inspirado em nosso patrono, se pro-pôs à Nação. Custa ser Caxias, sim, quandoa violência pode ameaçar a segurança e apaz social, enaltecer e favorecer ladinos,entronizar espertos e constranger virtu-osos cidadãos. Porque a violência mani-festa-se, muitas vezes, sem o desemba-inhar de sabres. Ela vem sob a coberturade causas nobres, em cujo abrigo muitospregam e praticam a agressão à lei e àordem constituída, ao arrepio dos inte-resses nacionais. Vem, ainda, no abusoda força, na utilização da palavra quedilapida e injuria, na deletéria corrupçãodos padrões éticos, na destruição doslaços sagrados de cultura, nacionalida-de e tradição, na cômoda atitude da igno-rância contemplativa e não compromete-dora que perverte e anestesia a sociedade.

Para ser Caxias é necessário, real-mente, amar a Pátria brasileira, estar mo-ralmente amparado, corajosamente dis-posto e fraternalmente envolvido com opróximo e com a sociedade. Porque épreciso zelar e manter, com honradez edignidade, em sua esfera de atribuições,a ordem, a segurança e a paz ; obrigaçãode todos.

Soldado de meu Exército,você é Caxias. Orgulhe-se de sê-lo.

(25 de agosto de 2001)Gen Ex Gleuber Vieira

Comandante do Exército

Óleo do consagrado pintorMiranda Júnior teve por basedetalhe de uma fotografia daentrada do Marquês de Caixasem Assunção, Paraguai,no dia 5 de janeiro de 1869

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5Nº 230 - Agosto/2016

Os livros didáticos de História doBrasil adotados nas escolas pú-blicas brasileiras se revelam

odientos e mentirosos acusando o Brasilde haver se apossado de parte do territórioparaguaio. Indício claro de que o ressenti-mentodosderrotadospor 3vezes recua, naHistória,àguerracontraoParaguai,de1865a1870. Seus editores e autores são energú-menos como historiadores e ignorantescomo brasileiros, pois melhor deveriamconhecer os fatos históricos, mesmo ossonegados pela cátedra revanchista, mar-xista e incompetente.

Quando o ditador Solano Lopeziniciou as hostilidades, os aliados concer-taram o Tratado da Tríplice Aliança (Ar-gentina,Brasil eUruguai) que sepropunhaa �respeitar a independência, a sobera-nia e a integridade territorial doParaguai�. O Brasil tinha, de fato, velhapendência territorial com a Repúblicaparaguaia, herdada dos tempos coloniais,proveniente do Tratado de Madri de 1750e do de Santo Ildefonso, de 1777. Com aindependência de nossos países, não selogrou logo a eliminação da discordânciaquanto à linha da fronteira. No tratado deMadri, Portugal se arrimounoprincípiodouti possidetis, o direito de propriedade doParaguai à faixa de terra entre o rio Igureí eo Salto das Sete Quedas, no Tratado Preli-

minar de Paz, de 1872, desde que aArgen-tina igualmente abandonasse o direito àposse de todo o Chaco paraguaio, que oTratado da Tríplice Aliança lhe atribuía.

* Por JarbasPassarinho

AGuerra contra o ParaguaiEspecial para oInconfidência

Como a Argentinanão concordasse, oBrasil negociou emseparado com o Pa-raguai.Emais:empe-nhou-seemdefenderos interessesdoven-cido, junto ao presi-dente norte-americano Hayes, árbitro dadisputa do Paraguai com a Argentina, doque decorreu amanutenção doChaco comoterritórioparaguaio.Éverdadeque,em1872,aoceder a linhado rio Igureí aoParaguai, notraçado da fronteira, assegurávamos a divi-sapelo rioApa,encerrandoumadivergênciacentenária, oqueacaboudefinitivamenteaoconstruirmos a usina hidrelétrica de Itaipu,com a submersão total das Sete Quedas.

Fui testemunha de uma cerimôniacomovente, no transcorrer do governo JoãoFigueiredo.Em1980acompanhei-oemvia-gem a Assunção. O presidente brasileirolevava ao presidente Ströessner a espada domarechal Solano Lopez, retirado do acervodoMuseuHistóricobrasileiro.Nemmesmofoifeitaumaréplica,paramanteremseulugarnomuseu, lembrandoavitórianaguerra.Osgenerais paraguaios, ao verem a espada,abraçaram-se lacrimejantes.Ogestodeami-zadepareciavarrer resíduosdeanimosidadeainda persistentes. Não devolvemos terrasporquenãoausurpamos.OBrasil nunca fez

guerras de conquistas. Nossas fronteirasdecorremde laudosarbitrais internacionais,respeitados mesmo quando prejudicadosfomospelo reida Itália, árbitrodapendência

com a Inglaterra, nos limites com a entãoGuiana Inglesa. Ele deu aos ingleses a de-pressão do Pirara, mais que os britânicospediam...OAcre, o adquirimos daBolívia,não semantes o presidente Campos Saleshaver garantido a soberania bolivianasobre as terras virgens, que foram povo-adas por seringueiros nordestinos víti-mas das secas, sublevados por Plácidode Castro. Isso, certamente, os autoresdos livros didáticos adotados pelo MECe pela Secretaria de Educação de MinasGerais desconhecem.DeformamaHistó-ria Pátria e têm servido para professores,em suas aulas nos estabelecimentos deensino médio, inocularem na mente dosnossos adolescentes que a guerra contra oParaguaifoiumcrimequefizemosparaserviraoim-perialismoinglês.Dizem,ainda, a serviço de umaideologia fácil de identi-ficar,quepraticamosumdeliberado genocídio dopovo paraguaio. Re-voltante embora, es-ses supostos mestres vão fazendo pro-sélitos nos jovens. A falsificação histó-rica tripudia sobre os cadáveres de mi-lhares de brasileiros, nos cinco anosde luta. Desde o sacrifício de AntônioJoão, ao imolar-se emDourados, até oepílogo nas cordilheiras paraguaias.Preferindo à desonra de render-se àstropas inimigas enormemente superi-oras, o simples guia Antônio Joãomorreu no combate desigual, nãosem antes deixar escrita a mensa-gem que escrevera para a retaguar-da: �Sei quemorro, mas omeu san-gue e o dos meus camaradas servi-rão de protesto solene contra a in-vasão do solo deminha pátria�. Paraos nossos imberbes estudantes,Antônio João era um desprezívelpeão no tabuleiro imperialista, Mato

Grosso nunca foi invadido, Alfredod�Escragnolle Taunay inventou a narra-tiva daRetirada daLaguna e oRioGrandedo Sul nunca foi atacado e parcialmente

ocupado, nas ações ofensivas que nostomaram de surpresa. Enquanto SolanoLopez, ao nos impor a guerra, pôdemobi-lizar, desde logo, setenta mil combaten-tes, d. Pedro II tinha apenas pouco maisde quinzemil, dispersos no nosso territó-rio. O ditador paraguaio, sentindo-se for-te, invadiu a Argentina, que lhe negoupermissão para atravessá-la com as tro-pas que visavam chegar a Uruguaiana, edeclarou-lhe guerra e aoUruguai. Só issobasta para caracterizar o agressor.

Na guerra, a vitória exige a con-quista de dois objetivos: o político, aocupação da capital do inimigo, e omilitar, a derrota total da capacidade deluta das suas tropas. Conquistada As-

sunção, o Marquêsde Caxias regres-sou à capital do Im-pério em19.01.1869e recebeu o títulode Duque em 23 demarço do mesmoano. Sem a menorpossibilidade de re-

sistir, o marechal Lopez levou suas últi-mas reservas, mínimas aliás, a CerroCorá. Repeliu a derradeira intimação davanguarda brasileira, já ferido mortal-mente: �Nãome rendo.Morro pormi-nha pátria�. É cultuado como um herói.Mas é de convir que foi ele o granderesponsável pela dizimação de seupovo, na medida em que jamais aceitounegociar a paz e, uma vez destroçadasas tropas regulares, recompletou-as re-crutando adolescentes e crianças. Sócom a suamorte em 01.03.1870, a guerraacabaria. Sua bravura, sem pensar nosacrifício imposto ao seu próprio povo,só aos paraguaios diz respeito. A nós,cabe respeitar nossos mortos honran-do seus feitos e não omití-los oudesmerecê-los como fazem certos au-tores e professores brasileiros que de-turpam a verdadeira História do Brasil.

(Publicado no Inconfidência nº 43 de 30/11/2001)* Coronel Reformado, presidente da Fundação

Milton Campos. Foi ministro de Estado,governador e senador pelo Pará.

Dispositivo do Cerco da Triplíce Aliança em Uruguaiana, a 18 de setembro de 1865Visão artística do pintor argentino Candido Lopes que participou da Guerra do Paraguai

Assunção foi ocupada em 05 de janeiro de 1869:A bandeira brasileira foi hasteada sobre o Palácio do Governo Paraguaio

Os livros didáticos adotadospelo MEC e pela Secretaria deEducação de Minas, deformama História do Brasil e seus fatoshistóricos com a conivência deprofessores revanchistas e

incompetentes

RECONSTITUINDO A HISTÓRIA DO BRASIL5

6Nº 230 - Agosto/2016

EXUMAÇÃOETRASLADAÇÃODOSDESPOJOS DODUQUEDECAXIASCartadoExmo.Sr.GeneralEuricoGasparDutra,PresidentedaRepública,

aoExmo.Sr.Dr.NereuRamos,Vice-PresidentedaRepública.

Rio de Janeiro, de agôsto de 1949.Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República.Tenho a honra de convidar Vossa Excelência para presidir a Comissão Especial de

Homenagens Nacionais ao Duque de Caxias que, constituída de altas personalidades civise militares, será incumbida de organizar o programa das solenidades especiais que serão,êste ano, realizadas na semana de 19 a 25 de agôsto.

A esta Comissão caberá também promover a exumação, no Cemitério de Catumbi,dos restos mortais do Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias e de D. AnnaLuiza Carneiro Vianna de Lima, Duquesa de Caxias, e sua trasladação para a cripta do novomonumento erigido pela Prefeitura do Distrito Federal, em frente ao edifício do Ministérioda Guerra, à Praça de República, cuja inauguração deseja o Govêrno realizar no dia 25 docorrente, aniversário natalício do grande estadista e notável figura militar e hoje consagradoo Dia do Soldado.

Serão membros, também, da Comissão Especial de Homenagens Nacionais aoDuque de Caxias, os Srs. Ministro Laudo de Camargo, Presidente do Supremo TribunalFederal, Gen. de Div. Canrobert Pereira da Costa, Ministro da Guerra, Gen. de Div. ÂngeloMendes de Morais, Prefeito do Distrito Federal, Marechal João Baptista Mascarenhas deMoraes, Contra-Almirante Renato de A. Guillobel, Brigadeiro do Ar Luís Netto dos Reis,Dr. Herbert Moses e Sr. Bento Carneiro da Silva, sendo os trabalhos secretariados pelo Sr.Gen. de Bda. Paulo Figueiredo, Secretário Geral do Ministério da Guerra.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos de minhaalta consideração.

COMISSÃO ESPECIAL DE HOMENAGENS NACIONAIS AO DUQUE DE CAXIAS

� Dr.GustavoBarroso, daAcademiaBrasileira deLetras; � Embaixador JoséCarlosde Macedo Soares, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; � General Tristão deAlencarAraripe,doInstitutodeGeografiaeHistória MilitardoBrasil; �Sr.EugênioVilhenadeMorais, doArquivoNacional; � Sr. Edgard Romero, do Museu Histórico Nacional;� Da. Geralda Armond, do Museu Mariano Procópio; � Sr. Alcino Sodré, do MuseuImperial; � Sr. José Ventureli Sobrinho, da Academia Brasileira de Belas Artes; � Sr.MacielPinheiro,daP.D.F. �Secretários:CoronelArmandodeCastroUchôaeMajorAlfredoPinheiroSoaresFilho.

ORGANIZAÇÃO DAS SUBCOMISSÕES DEHOMENAGENS AO DUQUE DE CAXIAS

O Dr. Nereu Ramos, Presidente da Comissão Especial de HomenagensNacionais ao Duque de Caxias, expediu em 17-VIII-49, Telegrama e Circularàs autoridades adiante nomeadas para constituírem as seguintes subcomissões.

Comissão de Divulgação e Registro das Homenagens Nacionais

� Senador Apolônio Sales; � Ministro Ataulfo de Paiva; � General Salvador CesarObino; �BrigadeiroEduardoGomes;�GeneralEuclidesZenóbiodaCosta; �AlmiranteBrazPaulinodaFrancaVeloso; �Brigadeiro JoãoDiasCosta; � General José Bina Machado;�Representanteda IrmandadedaOrdemTerceiradosMínimosdeSãoFranciscodePaula;� Representante da Irmandade daCruz dosMilitares; �MonsenhorDrAntônioGonçalvesde Rezende; � Sr. Euvaldo Lodi; � Sr. JoãoDaudt de Oliveira; � Sr. AlceuAmoroso Lima;� Sr. Abreu de Freitas; � Sr. Cristóvão Breiner; � Secretário: Ten.-Cel. Niso de VianaMontezuma.

Comissão deHomenagensCívico-Militares

Jazigo perpétuo do Marechal do Exército LuizAlves de Lima - Duque de Caxias - no Cemitério

da Venerável Ordem dos Mínimos de S.Francisco, em Catumbi. Aspecto tomado namanhã do dia 23 de agôsto de 1949, pouco

antes do ato de exumação dos restos mortais doinolvidável brasileiro

A caminho da Capela do Cemitério deCatumbi, a urna é conduzida por oito soldadosda Polícia Militar, de ótimo comportamento,como sempre o desejou o ilustre soldado

O cortejo cívicoaproxima-se doMonumento de

Caxias, à Praça daRepública. Bandeirashistóricas do Brasil,

conduzidas porcadetes da Escola

Militar, formados emlinha, precedidas da

carreta, dão umaspecto imponente

ao cortejo

Um aspecto do interior da Igreja da Cruz dosMilitares, durante a Missa solene realizada no

dia 24 de agôsto

Os Exmos. Srs. General Eurico Gaspar Dutra,Presidente da República, e Dr. Nereu Ramos,Vice-Presidente da República, no palanque

presidencial, aguardam a chegada dos despojosdo Duque de Caxias

O coche fúnebre queconduziu os restosmortais do Duque deCaxias, diante dopalanque presidêncialonde se encontra oPresidente da Repúblicae autoridades civis,militares e eclesiásticas

REVISTA MILITAR BRASILEIRAAno XXXVII - 25 de agôsto de 1949

Edição Comemorativa daTrasladação dos Restos Mortais

do Duque de Caxias para oPantheon Militar

Eurico G. Dutra.

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7Nº 230 - Agosto/2016

Quando da trasladação dos restos mortaisdo Duque de Caxias e de sua esposa, do

Cemitério do Catumbi para o PantheonMilitar,emfrenteaoantigoMinistériodaGuerra,noRiode Janeiro, em 1949, ocorreu um fato históricosingular,muito pouco lembrado, infelizmente.É que, no mês de agosto daquele ano, se deuo definitivo resgate da memória do Duque deCaxias, que tantos e tamanhos serviços pres-tara à Pátria Brasileira. Mas tal resgate foiapenas um grande epílogo da recuperação daimagemdoDuque , perante aHistória doBrasil,o que já vinha acontecendo, em especial desde1923, como assinalaremos linhas adiante.

É consabido queCaxiasmorreu, no anode 1880, triste e muito magoado. A tristeza erapela morte, em 1874, de sua amantíssima es-posa, tendo ele usado luto completo, desdeentão até morrer, seis anos depois. As trêspungentesmágoas que o afligiram, no final davida, diziam respeito ao Imperador, à Maço-naria e à Igreja Católica.

Desde os últimos tempos do Império, osadeptos da filosofia do Positivismo - que tive-ramgrande influêncianaquedadeDomPedro IIe na proclamação da República - tudo fizeram

para o esquecimento ou esmaecimento dosmai-ores feitos, particularmente os marciais, ocor-ridos no regime deposto. É que os profitentesdo Positivismo eram pacifistas e defensoresda �ditadura republicana�. Assim, apregoa-vam que a �Guerra do Paraguai foi umgranderôlo,de trêscontraum,contraumpequenoPaís�;consigne-se, por relevante, quehodiernamente ,afirmações que tais não resistem a umamínimacrítica histórica isenta e imparcial.

Porém,refrisandooqueanteriormentefoiafirmado, o augusto nome deCaxias começou aser retirado de um semi-anonimato (ao qual foirelegado pelo sectarismo positivista-republica-no), em 1923, peloMinistro daGuerra, GeneralSetembrinodeCarvalho.Ele instituiu,medianteoAvisoMinisterial denº443,de25deagostode1923, a �Festa de Caxias�. Posteriormente, em1925,pormeiodoAvisonº366,de11deagosto,o mesmo Ministro criou o �Dia do Soldado�,também a ser comemorado na data natalícia doínclitoMarechal - (videacimaa transcriçãodosAvisos). Diga-se, por ilustrativo, que naqueleano de 1925, no influxo das diretrizes doMinis-tro da Guerra, a Turma de Aspirantes-a-Oficial

OMEMORÁVELRESGATE

Magnífica visão da Praça da República, no momento em que desfilao Destacamento Misto, sob o comando do General Alcides G.Etchegoyen, encerrando a cerimônia de 25 de agosto de 1949

ORIGENS DO DIA DO SOLDADOBentoPedreiradaCosta

Aviso N. 443, de 25 de agosto de 1923(Bol. do Exército n. 113, de 31 - VIII - 923)

Sr. Chefe do Departamento do Pessoal da Guerra.Convindopara servir ao culto das nossas tradições, que, a exemplodoque se pratica com

OsórioeBarroso,serenda,cadaano,aoDuquedeCaxiasahomenagemdenossaveneração,resolviserealizehoje,datanatalíciadêssegloriosogeneral,umaformaturadetropasdoExercito,àsquaisse hão de reunir destacamentos da Marinha e da Brigada Policial, no terreno adjacente à suaestátua.

Enenhumaocasiãoémaisprópriadoqueesta,para instituir,comooraofaço,comocaráterpermanente, a festa de Caxias, que se efetuará a 25 de agôsto.

SAÚDE E FRATERNIDADE - (a) Setembrino de Carvalho - Ministro da Guerra

AVISO N. 366, De 11 de Agôsto de 1925(Bol. do Exército n. 255, de 20 - VIII-925)

DIA DO SOLDADOAo Sr. Chefe do Departamento do Pessoal da Guerra.

Coube-me a iniciativa de instituir, por ato de 25 de agôsto de 1923 a festa deCaxias parao fimde rendermoscadaanoàmemóriadêssegloriosogeneral ahomenagemdenossaprofundaadmiração pelas raras virtudes de que são eloqüente testemunho tantos e tão fecundos serviçosque, assim na paz como na guerra, prestou êle ao país com a devoção patriótica que sagrou paratodoosemprebenemerentedagratidãoNacional,enos legouumgrandeexemploparaaeducaçãomoral e cívica dos jovens brasileiros.

Nenhuma efeméride é por isso mesmo, mais que a data natalícia do Duque de Caxias,própria a ser escolhida para o "Dia do Soldado".

Éessaescolhaquemehonro sobremaneirade fazer agora; aceitandoasugestãodo ilustreComandante da 1ª RegiãoMilitar. Terão nessa data, os nossos bravos camaradas a festamilitardestinadaespecialmenteàexaltaçãodosentimentododever,acendrandoocultodanobrezacívicae da lealdade patriótica, que são traços dominantes da vida do Duque de Caixas.

OsComandantedeUnidadesorganizaçãoanualmentea festamilitarde25deagôsto, como espírito recomendado no capítulo VIII do R.I.S.G.

SAÚDE E FRATERNIDADE - (a) Setembrino de Carvalho - Ministro da Guerra

*Manoel Soriano Neto

Guarda de Honra Especial, irrepreensível e reverente, durante a vigília cívica realizadana Igreja da Irmandade Santa Cruz dos Militares, a 24 de agôsto de 1949, constituídapor oficiais e praças da Guarnição da Capital Federal. Magnificente visão do interiorda Igreja, destacando-se a eça onde se encontram os restos mortais do Duque e de sua

esposa e as relíquias postas sobre as almofadas que são vistas.

daEscolaMilitar doRealengo escolheu a deno-minaçãohistóricade�TurmaDuquedeCaxias�;a propósito, acrescente-se que aTurmade1962,daAcademiaMilitardasAgulhasNegras, àqualpertence o atual Comandante do Exército, GenEx Enzo, também ostenta, com muita ufania, adenominação de �TurmaDuque de Caxias�.

Outromomento histórico de grande rele-vâncianoenaltecimentoda figuradoPatronodoExército, se deu por ocasião do comando doentãoCoronel JoséPessoaCavalcante deAlbu-querque, na EscolaMilitar doRealengo(1931/4). Estemilitar, de elevadíssimosméritos, criounaquelaEscola, váriasmísticas alusivas a nossoglorioso passado, sendo, talvez, amaior delas, ainstituição do espadim do Cadete, réplica doinvencível sabre deCaxias. A primeira soleni-dade de entrega do espadim foi realizada em1932, iniciando-se, então, uma importantetradição que perdura até hoje.

Mas, remontando ao início dessas consi-derações, relembremos, sucintamente, das má-goas que atormentaram nosso Soldado-Maiorem seus últimos anos de vida.

Caxias encontrava-se agastado com oImperador,desdequandoconcedera,comarelu-

tânciadeDomPedroII, em1875,nacondiçãodePresidente do Conselho de Ministros, a anistiaaos Bispos de Pernambuco e do Pará, dandosoluçãomagnânimaàchamada�questãoreligio-sa�. Após o retorno de uma longa viagem àEuropa, oMonarca destituiu o Gabinete con-servador, presidido por Caxias, nomeandoumoutro, commembros do Partido Liberal. Ovelho Duque, bastante desgostoso, recolheu-se à fazenda SantaMônica, de propriedade deuma de suas filhas, afastando-se, definitiva-mente, da vida pública e onde veio a falecer,em 8 de maio de 1880.

Outrossim,odecretodeCaxias,deanistiaaos bispos, nunca foi aceito pela Maçonaria.O seu grande amigo,Visconde doRioBranco,Grão-Mestre da Ordem, solicitou demissãodo Conselho de Ministros, a fim de não assi-nar o dito decreto, rompendo, pois, com Ca-xias, �Irmão que se tornou altamente impopu-lar entre os daArteReal�, pelo que oMarechaldeixou de freqüentá-la.

Ademais, a Igreja Católica exigiu que oDuque - �cristão de fé robusta� - cumprisse osditames de uma bula papal, pela qual pugnaram

os dois bispos presos eanistiados e abjurasse aMaçonaria.Comoelenãoobedeceuàtaldetermina-ção, foi expulso, por ser�maçom pestilento�, daIrmandade da Cruz dosMilitares, da qual fôraprovedor...

Em agosto de1949, finalmente, toda anaçãobrasileira fez justi-ça à memória do DuquedeCaxias,quandoosseusrestos mortais e os daDuquesa foram traslada-dos para o Pantheon de-fronte ao Quartel-Gene-ral do antigo Ministérioda Guerra, no Rio de Ja-neiro, atual Palácio Duque de Caxias, sede doComandoMilitardoLeste,doExércitoBrasilei-ro.AhistóricaSolenidade, presididapeloPresi-dente da República, General Eurico GasparDutra, revestiu-se de superlativo brilhan-tismo, sendo o presidente da Comissão deTrasladação, oVice-Presidente daRepública,Dr. Nereu Ramos, que era maçom. Membrosda família imperial brasileira e o MarechalRondon, tradicional positivista, estiverampresentes à cerimônia,queseencerroucomummonumentaldesfilemilitarnaAvenidaPresiden-te Vargas (foto abaixo). Aduza-se que a IgrejaCatólica em reparação às injustiças perpetradascontraCaxias,velou os seus restosmortais e da

dona Ana Luiza, na Igreja da Irmandade daCruz dos Militares, que o havia expulso, em1876, sendo concelebrada uma missa por 18Bispos e Arcebispos de todos os rincões brasi-leiros,presenciadapeloCardealdoRiodeJanei-ro,DomJaimedeBarrosCamara.Emais:houveum dobre de sinos em todas as igrejas católicasdo Brasil na hora da trasladação...

Destarte,naquele inesquecívelehistórico25 de agosto de 1949, ocorreu de fato, ummemorável resgatedavenaranda imagemdeumdos maiores filhos desta Pátria, Luiz Alves deLima e Silva, Duque de Caxias, O Pacificador,PatronodogloriosoeinvictoExércitoBrasileiro.

* Coronel / Historiador

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Transido de dor comunico ao Exército o passamento do Exce-lentíssimo Senhor marechal do exército, senador do império,

Duque deCaxias, cujos restosmortais serão amanhã, às 9 1/2 horasdo dia, dados à sepultura no cemitério de S. Francisco de Paula.

Amigo de infância, ligado por estreitos laços de parentesco,fui companheiro dedicado, admirador das virtudes do eminentecidadão que tanto mais se eleva aos olhos de seus concidadãos,quanto maiores eram os sacrifícios que a Pátria lhe exigia.

Suavidafoioconjuntodepreclarosfeitos;eaoextinguir-se, revelouêleamodéstiade seu elevado caráter, na dispensa que fêz de todas as homenagens oficiais a que a leilhe dava direito.

Seu último desejo foi que o conduzissem ao túmulo seis soldados.Ovencedorde tantasbatalhas finalizouseusdias; ena trajetóriadavidaqueacabo

de descrever, nunca foi vencido como bemo disse em suaOrdemdoDia n. 269, datadadeVileta, em21dedezembrode1868.

ConvidoaosSrs. oficiaisdoscorposdestaGuarniçãopara tomarmos lutoporoitodias, como sinal de respeito e veneração que tributamos à memória do nosso ilustreChefe.

Visconde da Gávea, Marechal do Exército graduado. Ajudante-Geral.

ORDEMDODIA N. 1.512

OS SENTIMENTOS DO EXÉRCITO

Real Academia Militar, criada por D. João VI efrequentada por Caxias desde os 14 anos

Largo de São Francisco - 1820 - Rio de Janeiro

Esta obra de autoria do Cel HistoriadorLuiz Ernani Caminha Giorgis, cobretoda a vida de Caxias, dia a dia, baseadaem fontes primárias e em livros de

autores consagrados.O livro pode ser adquirido por R$ 20,00,incluídas as despesas de Correio, atravésdo e-mail: [email protected]

Em 1855, chefiando o Ministério da Guerra, Caxias aprestavao projeto da Escola de Aplicação do Exército

Óleo de Miranda Junior

IMPLACÁVEL NA GUERRA,GENEROSO NA PAZ

EMAÇÃO,OPACIFICADOR

A2 de dezembro de 1839, Lima eSilva entra no gabinete do mi-

nistro da Guerra para agradecer apromoção a coronel que acabava dereceber.Oministro não quer agrade-cimentos:

- Eunãofizhojeapenasumcoro-nel; fiz o general que hádepacificar oRioGrande.ConheçoaquelaProvínciaenãotemosalielementosparadebelaraforçadaquelarebelião.VácriarnomeeprestígionoMaranhãoevenhadepoispacificaroSul.

Nomeadocomandante-geraldasforçasmilitaresdoMaranhãoepresi-dente da Província, despediu-se dafamília, e a 4 de fevereiro de 1840chegava aSãoLuís. Suamissão: aca-bar com a Balaiada.

8Nº 230 - Agosto/2016

VOCÊ SABIA QUE NO DISTANTE TIMOR LESTE EXISTE UMA ESCOLARECONSTRUÍDA PELOS SOLDADOS BRASILEIROS QUE INTEGRAM A

MISSÃO DE PAZ DAS NAÇÕES UNIDAS NAQUELE PAÍS? E QUE O NOMEDESSA ESCOLA É DUQUE DE CAXIAS?

AJUDE O RECRUTINHAAJUDE O RECRUTINHAAJUDE O RECRUTINHAAJUDE O RECRUTINHAAJUDE O RECRUTINHAA ENCONTRARA ENCONTRARA ENCONTRARA ENCONTRARA ENCONTRARO PANTHEON DEO PANTHEON DEO PANTHEON DEO PANTHEON DEO PANTHEON DE

CAXIASCAXIASCAXIASCAXIASCAXIASCentro de Comunicação Social

do Exército | Nº 12Noticiário do Exército | Brasília-DF,

25 de agosto de 2003

NO ANO DE 1865, ECLODIU A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA.MUITOS BRASILEIROS MORRERAM NA FRENTE DE COMBATE.MAIS UMA VEZ O BRASIL BUSCOU NO BRAVO CAXIAS, JÁ COM

63 ANOS DE IDADE, O CAMINHO PARA A VITÓRIA.

9Nº 230 - Agosto/2016

No último dia25 de agosto

ocorreu o bicente-nário de nascimen-to doMarechal LuísAlves de Lima eSilva. A data deveser comemoradacom o apreço quemerece. O Grupo

Inconfidência lançou edição come-morativa, da melhor qualidade, deseu periódicomensal Inconfidência,que contém substanciosos subsídiossobre a vida e a obra do soldado epacificador.

AConstituição de1988 incluiu,comoprincípio fundamentaldaAdministraçãoPública,o damoralidade.ODu-que deCaxias, há centoe cinquenta anos, prati-cava-o comesmero, nocomandomilitar.

Cito o CoronelaviadorOlavoNoguei-ra Dell'Isola, em suacontribuiçãopara a edi-ção comemorativa: "EmAssunção, seu primeiro cuidado étomar, de imediato, medidas que pre-servem a ordem e façam respeitara propriedade alheia, em respeitoaos vencidos".

É também transcrita a crônicade Humberto de Campos sobre osoldado brasileiro: "A moralidadedo Exército brasileiro era, em su-ma, tão patente, que o Estado-Mai-or argentino, assim a assinalou,por essa época, em umamonografiaoficial: �Los brasi-leños llevaron laaplicación de esosprincipios de mora-lidad militar, hastala escrupulosidad,como lo demuestrauna orden generallanzada, el 25 de Septiembre de 1851,desde el cuartel general de Puntasdel Tambor, por el generalíssimoCaxias, en que promete una grati-ficación de diez onzas de oro a quien DUQUE DE CAXIAS - O PACIFICADOR

* José Tarcizio deAlmeida Melo

PRESTADA EM 28/08/2003, NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS PELO DESEMBARGADOR ALMEIDA MELO

Publicado no Inconfidência, nº 60 de 27 de setembro de 2003

suministre datos sobre la identidadde unos soldados rezagados que ha-bían carneado dos reses ajenas,disponiendo además que el tesorerode ejército abone inmediatada-mente a la propietaria de los ani-males muertos, el correspondienteresarcimiento'."

Na Ordem do Dia, em 4 desetembro de 1851, relembrada porHumberto de Campos, Caxias afir-mou: "A propriedade de quemquer que seja, nacional ou estran-geiro, é sagrada e inviolável; edeve ser tão religiosamente res-peitada, pelo soldado do exérci-to imperial, como sua própria

honra. O que por desgra-ça a violar, será consi-derado indigno de per-tencer às fileiras doExército, assassino dahonra e reputação naci-onal, e como tal se verá,inexoravelmente puni-do".

Vejam,VossasEx-celências, que o Mare-chal Luís Alves de Lima

e Silva, no meado do século XIX,proclamava conceitos precisos quesomente nos tempos seguintes iamser estruturados pelos mestres doDireito: o patrimônio deve ser pre-servado no seu conjunto de matériae moralidade, tendo por diretriz oapego que se há de ter pela própriahonra. Os que não sentem a própriahonra, não têm o que defender. Sóexercem a legítima defesa da honrae do patrimônio, inerentes à perso-

nalidade do homem, osque têm dignidade. Oscidadãos honrados sa-bem prezá-la. Os quenão têm honra não res-peitam a propriedade.

"Sigam-me osque forembrasileiros",

este é o legadocorajosodeLuísAlvesde Lima e Silva, na heróica travessiada Ponte de Itororó.

A marca indelével de Caxiasfoi sua reiterada convicção dos va-

lores da persuasão e da solução con-sensual. Poderoso em armas, lem-brou Barbosa Lima Sobrinho que,vencidos os revoltosos de SantaLuzia e informado de que vinhamcaminhando, dois a dois, acorren-tados e algemados, tomou medidas

imediatas para que lhes tirassem asalgemas e lhes dessem cavalos, nopercurso que devia conduzi-los aOuro Preto. Entre os acorrentados,vinham altas figuras da monarquia,à frente de todos, uma das melho-res glórias do liberalismo brasileiro,Teófilo Ottoni. Ao pedido de fes-tança de vitória sobre a RevoluçãoFarroupilha, em Bagé, Caxias teriadito ao pároco que, em vez do "TeDeum" aceitaria o convite para umamissa em "sufrágio das almas dosmortos imperiais e republicanos quehaviam tombado em defesa de suasverdades".

Lembrou Pedro Calmon, cita-do pelo Coronel Cláudio MoreiraBento: "O barão de Caxias ven-ceu, sobretudo, por convencer,porque a verdadeira vitória nãoconsiste em sufocar ou subjugaro adversário, pois é antes umatarefa de persuasão, de conquis-ta de corações para que se atinjao ideal vencedor. E Caxias so-brepôs a olhos fratricidas a dig-nidade da paz justa, cobrindo asforças em luta com o véu ilumina-do da concórdia e da pacificação.Ali reuniu ao gênio de guerreiroconsumado a generosidade cle-mente e aliciadora".

Meus senhores:Caxias foi opri-meiro porta-bandeira deste País, aorecebê-la do Imperador, na CapelaImperial, logo após a Independência.Portou-a com rigor primoroso.Patrono da anistia. Pacificador. Fon-te da unidade nacional. Exemplo decoragem física emoral. Professor deDireito e de Política aos juristas ehomenspúblicosdenosso tempo.For-taleza intransponível contra os comu-nistas, osmaus governantes que san-gram os que trabalham e se vergamaos especuladores. Símbolo da Na-ção! Peço, Senhor Presidente, fazerconstar dos anais deste egrégio Tri-bunal e do Exército Brasileiro estahomenagem.

* Desembargador do Tribunal de Justiça/MGProf. Titular de Direito Constitucional � PUC Minas

Doutor em Direito Constitucional pela UFMG

Caxias proclamavaconceitos precisos quesomente nos temposseguintes iam serestruturados pelosmestres do Direito

HOMENAGEM AO DUQUE DE CAXIAS

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Muito já sedisse a

respeito do Du-que de Caxias.Eleé,hoje,�He-rói da Pátria�,estando o seunome inscrito,por força de lei,no �Livro dosHeróis da Pá-tria� (éumlivrode aço) no Pan-

teão da Liberdade e da Democracia, emBrasília-DF, desde 2003, quando das festi-vidades oficiais do duo-centenário de seunascimento.

Entretanto, algumas facetas daedificante existência e da personalidade doínclito Soldado merecem ser relembradas.Tal é o objetivo dessas despretensio-sas achegas, alinhavadas de escantilhão,em apertada e incompleta síntese.

Luiz Alves de Lima e Silva pautou asua vida pela inteireza de caráter, arrojo,determinação, acendrado patriotismo e mag-nanimidade.

Quando da concessão da anistia aosvencidos, em especial ao término da Revo-lução Farroupilha, evidenciou-se, cabalmen-te, o sentimento magnânimo do �Pacifica-dor�. Ele recebeu, �ipso facto�, do sau-doso jornalista e acadêmico Barbosa LimaSobrinho, a notável honorificência titularde �O Patrono da Anistia� - de todas asanistias (ver �Jornal do Brasil�, de 25/5/88). A propósito, acrescente-se que Caxiastambém ganhou do emérito historiador, CelCláudio Moreira Bento, o epíteto de �Pio-neiro Abolicionista�, por haver concedidoa liberdade aos cativos farroupilhas, mesmocontrariando instruções superiores. Aindacom referência à generosidade do �NumeTutelar da Nacionalidade� - como Caxias échamado pelos apologistas - , assinale-seno Testamento do Duque, como está ex-pressa uma de suas vontades: �Declaro que

ASPECTOS POUCO LEMBRADOS DAVIDADE CAXIAS

* Manoel Soriano Neto

deixo ao meu criado Luiz Alves, quatrocen-tos mil réis e toda a roupa de meu uso� (essecriado era um índio que ele trouxera doMaranhão, após a �Balaiada�, adotando-oe dando-lhe o seu próprio nome; observe-se que o indígena foi a primeira pessoalembrada no dito testamento, no qual, so-mente após, são mencionados familiares eamigos íntimos do venerando Marechal...).

A audácia de Caxias nos campos debatalha revela-se em inúmeras oportunida-des nas quais o intimorato Comandante nãose furtou a correr o �risco calculado�. Asorte, entretanto, sempre o acompanhounos momentos de alta periculosidade. É queele �tinha estrela�, a �grande estrela deCaxias�, aparecida com fulgurante brilho,nos céus do Rio Grande do Sul, quando daRevolução Farroupilha (era, na realidade, ocometa �Brilhante�), a respeito da qual diziaCaxias, em tom zombeteiro, mas alimentan-do o mito criado em torno de sua figura: �É,eu nasci na Vila de Estrela, no Rio deJaneiro�... Caxias foi, de fato, extremamen-te arrojado, na Guerra da Independência, naCampanha da Cisplatina, no combate deSanta Luzia-MG, no reconhecimento doporto de Buenos Aires, em 1852, e, máximena Guerra do Paraguai, quando da execuçãode ousadíssimas manobras como a da mar-cha dos nossos três Corpos de Exército poruma estrada construída sobre o Chaco e nasoperações da �Dezembrada�, no começodas quais se travou a memorável batalha deItororó. Nesta batalha, oMarquês de Caxias,aos 65 anos, parte em direção à ponte sobreo arroio Itororó, sabre em punho e a galopede carga, após bradar �Sigam-me os queforem brasileiros!� (consigne-se que oapelo do Generalíssimo era tão-somenteanímico, ao sentimento de brasilidade, pos-to que apenas tropas brasileiras encontra-vam-se no �quadrilátero de Piquissiri�).

Seria despiciendo falar-se do exacer-bado patriotismo de Caxias. Todavia, gos-taríamos de relembrar trechos de uma cartapor ele escrita ao Visconde do Rio Branco,

ao tempo da �Questão Christie�, de doloro-sa memória: �Não se pode ser súdito denação fraca. Tenho vontade de quebrar aminha espada quando não me pode servirpara desafrontar o meu País, de um insultotão atroz�.

Mas como era o Homem - Caxias? Asua estatura era, para a época, acima damédia (quando trasladado, em 1949, para oPanteão à frente do Ministério da Guerra, noRio de Janeiro, na Atade Exumação constouque o esqueleto media1,72m), a sua complei-ção era atarracada, om-bros largos, olhos cas-tanhos, cabelos cas-tanho-alourados, tezclara e rosada, voz su-ave, normalmente si-sudo, garboso, de há-bitos morigerados,austero, rigorosíssi-mo, porém humano,saudável, apesar depadecer de uma malá-ria contraída no Mara-nhão que, muitas ve-zes, lhe causava fortesdores e a inchação dofígado: era, outrossim, sedizente fatalista (oque explica, por certo, a sua exponencialtemeridade, que beirava ao arrebatamento,repetida em várias ocasiões de acentuadoperigo), assaz corajoso, determinado, orgu-lhoso de sua formação militar, maçon dedi-cado, esposo exemplar, pai extremoso e�cristão de fé robusta�. O Cel José de LimaCarneiro da Silva, neto de Caxias, foi en-trevistado, aos 83 anos, em 1941, pela re-vista �Nação Armada� (nº 23, Out 41) edisse a respeito do �Condestável do Im-pério�: �O Duque, após o passamento daDuquesa, jamais tirou o luto, mesmo emcasa. Era, entretanto, alegre e se alimen-tava bem, preferindo à mesa, pratos daculinária gaúcha. Apesar de fluminense,

o Rio Grande do Sul era a sua meninados olhos. A toda hora falava das suascoisas, dos seus homens e tinha mesmo umcerto sotaque de riograndense do sul. Amúsica encantava-o, como velhas mazur-cas e valsas, tocadas ao piano por sua co-madre Maria José, que ele ouvia em silên-cio, fumando grandes e perfumados cha-rutos. Era um inveterado fumante de cha-rutos, consumindo vários ao dia�.

Caxias trouxe doParaguai, três cavalos:�Moleque�, �Doura-dilho� e �Aedo�. Acer-ca de �Douradilho�,nos conta Vilhena deMorais: �Ao fogoso�Douradilho�, da pon-te de Itororó, Caxiasjá velhoeenfermo, cos-tumava melhorar a ra-ção na data do aniver-sário daquele comba-te (6 Dez)�...

Caxias foi tudo!Marechal do Exército,Conselheiro de EstadoedaGuerra,Barão,Con-de, Marquês, Duque,Presidente e pacifica-

dor de Províncias, Senador (pelo RS), Depu-tado (pelo Maranhão, eleito mas nãoempossado), três vezes Ministro da Guerrae três vezes Presidente do Conselho deMinistros!

E o Brasil soube reconhecer os tan-tos e tamanhos serviços por ele prestadosà Pátria - �nossa Mãe-Comum�. Sim, bas-tando que contabilizemos, por esses brasis,os incontáveis monumentos, logradourospúblicos, escolas etc, etc, que exibem aimagem ou ostentam o augusto nome domaior vulto da História da Nação. Dentreessas enaltecedoras honrarias, sobrelevam-se as denominações de duas importantescidades: a de �Duque de Caxias�, no Rio

SÍMBOLO DA UNIDADE NACIONAL

Continua na próxima página

A bandeira do Brasil Imperial tremula na cidade paraguaia deHumaitá. Ao fundo podemos ver mastros de navios de guerra

ancorados no Rio Paraguai, 1868.

Na foto ao lado, o Imperador D. Pedro II usando trajes típicosquando em viagem ao Rio Grande do Sul, em julho de 1865, paraparticipar da rendição dos paraguaios, em Uruguaiana, quecontou com a presença do Marquês de Caxias, ainda nãodesignado Comandante-em-Chefe das Forças do Império doBrasil, dos presidentes do Uruguai Venancio Flores e da

Argentina, Bartolomé Mitre, Almirante Tamandaré, Conde d'Eu,Brigadeiro Sampaio, Marechal-de-Campo Manuel LuísOsório, Barão de Porto Alegre e do Ministro da Guerra,

Ângelo Ferraz

11Nº 230 - Agosto/2016

�Antes de entrarem as nossas fôrças emBagé,mandou êle (Caxias) chamar a umcírculotodos os comandantes de corpos e ordenou-lhesque não queria que as tropas dessem a menordemonstração de júbilo pela vitória queacabavam de obter, e que lhes recomendavatambém o não consentir que nenhum solda-do fizesse o menor insulto aos habitantesde Bagé, sob pena de sua imediata respon-sabilidade. Logo que o General entrou navila, foi ali recebido por tôda a oficialidade,vários empregados públicos e habitantes, in-clusive pelo pároco do lugar; e como êste lheperguntasse a que horas queria que se fizesseo Te Deum em ação de graças pela vitória quetinham alcançado as nossas armas, respon-deu-lhe o Conde:

__ "Senhor reverendo, a causa dogovêrno ganhou um triunfo, mas êsse triun-fo foi obtido, inda que não perigasse um só

O VENCEDOR GENEROSOdos meus soldados, com derramamento desangue brasileiro. Eu não o conto como umtroféu, não me vanglorio com êle, porquenão posso vangloriar-me com as desgraçasdos meus concidadãos.

É verdade que faço a guerra aos Rio-grandenses dissidentes, mas sinto as suasdesditas e choro pelas vítimas que êles per-dem nos combates, como um pai chora aperda de seus filhos, Vá, Senhor reverendo,e em lugar de umTeDeum emação de graçaspela vitória que obtiveram ao defensores dalei, diga antes uma missa de defuntos, que eucom omeu estado-maior e a tropa, que couberna sua Igreja, a iremos amanhã ouvir, pelasalmasdenossosirmãosiludidos,quepereceramnocombate!�

AntônioManoel CorrêadaCâmara(Reflexões sôbre o generalato do

Conde de Caxias)

�Hámuito que narrar!Só a mais vigorosa concisão, unida à maior singeleza, é que poderá contar os seus

feitos.Nãohápompasde linguagem,nãoháarroubosdeeloqüênciacapazesde fazermaioressa individualidade, cujo principal atributo foi a simplicidade na grandeza.

Carregaram o seu féretro, seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados quecircundamagoraagloriosacovaeavozquese levantapara falaremnomedeles, sãoocorpoe o espírito de todo o Exército Brasileiro�.

Visconde de Taunay, à beira do túmulo de Caxias

UMA VIDA A SERVIÇO DA PÁTRIA

* Coronel - Historiador - Membro do IGHMB e da AHIMTB - Ex-Chefe do CDOCEx

Revista Militar Brasileira - Edição Especial - Agosto de 1949

PACIFICAÇÃO DAPROVÍNCIADO RIO GRANDE DO SUL

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�... Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Rosas e Oribe.Guardemos para então nossas espadas e nosso sangue.

Abracêmos-nos e unâmo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro aombro, na defesa da Pátria, que é nossa mãe comum.�

NA GUERRA CONTRA ROSAS�Conseguintes uma glória imortal; desagravastes a honra de nossa

Pátria; contribuístes eficazmente para a paz de dois Estados, para o triunfoda mais santa das causas � a da liberdade da Humanidade e da Civilização.Está pois completa a vossa missão!�

Já em 1843, Caxias escreve ao Ministro da Guerra:"Hoje não há uma só povoação na Província dominada pelos rebeldes".1844, foi todo êle de lutas e correrias. Finalmente, surgem em 1845 os albores

primeiros da paz.Depoisdaaproximaçãoeconversaçõesporêleorientadas, chega-seàPazdePonche

Verde,comalegriageral.ECaxias lança a sua famosa Proclamação, emque exulta:�Rio-grandenses! É sem dúvida para mim de inexplicável prazer o ter de

anunciar-vos que a guerra civil, que por pouco mais de nove anos devastou esta belaProvíncia, está terminada.

Uma só vontade nos una, Rio-grandenses, maldição eterna a quem ousar recor-dar-se das nossas dissenções passadas!"

Mais uma vez se revela grande obreiro da unidade nacional, restituindo à Nação agrande província pacificada e coesa.

NA GUERRA DOS FARRAPOS

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NO MARANHÃO (BALAIADA)"Maranhenses! Mais militar que político, eu quero até ignorar

os nomes dos partidos que entre nós exstem."

CONTRA AS FÔRÇAS DE URQUIZAResposta aoMinistro Carneiro Leão:

"Meu amigo, meta-se com a sua diplomacia sómente, porque de militança vocênão sabe nada. Você verá que o Marquez há de honrar a nossa Pátria."

NA GUERRA DO PARAGUAIQuando convidado para Comandante em Chefe:

"Sr. Ministro, a minha espada não tem partido!"

SUA ÚLTIMA VONTADE�Seis praças de bom comportamento, para colocar-me no fundo da sepultura.�

Desde 2003, editamos 3 edições históricas anuais -Revolução Democrática Cívico-Militarde 31 de março de 1964, Duque de Caxias e Intentona Comunista, e as enviávamos para

os alunos das escolas militares do Exército, dos Colégios Militares (último ano) e dos CPOR/NPOR, totalizando aproximadamente 15 mil exemplares. A partir de 2011, pela primeiravez, em 7 anos, deixamos de enviar esta edição impressa paraTODAS as escolas militares,por absoluta falta de recursos financeiros. Neste ano de 2016, com uma tiragem de apenas 7 milexemplares, estamos enviando-os para algumas das principais escolas militares e somenteUM exemplar para cada organização militar. No entanto, a edição eletrônica encontra-se àdisposiçãode todososComandosdoExército,daMarinhaedaForçaAérea,quepoderãorepassá-la a quem desejar, mediante solicitação ao e-mail [email protected] semqualquer custo. Também extensivo às faculdades, historiadores e professores de Históriado Brasil.

EDIÇÃO HISTÓRICA DO DUQUE DE CAXIAS

LUIZ ALVES DE LIMAE SILVA���25 de agosto de 1803, em Vila Estrela, Rio de Janeiro07 de maio de 1880, na Fazenda Santa Mônica � Rio de JaneiroCaxias familiarizou-se com as coisas da guerra desde muito cedo. Cresceu no interior dos

quartéis queoGeneralFranciscodeLimaeSilva, seupai, comandou.Garboso, deestaturamediana,tez clara e rosada, compleição atarracada, ombros largos, olhos castanhos, cabelos castanhosalourados, feiçõesserenas,vozsuave, saudávelecalmo,corajoso,determinado,magnânimo,esposoexemplar e pai extremoso, �cristão de fé robusta�.

Marechal do Exército, Conselheiro de Estado e da Guerra, Generalíssimo dos Exércitos daTrípliceAliança,Barão,Conde,Marquês,Duque,PresidentedeProvíncias,Deputado,Senador, trêsvezes Ministro da Guerra, três vezes Presidente do Conselho de Ministros, Patrono do glorioso einvictoExércitoBrasileiro.

O HOMEMCAXIAS,OPACIFICADOR

�OTÍTULOCAXIASSIGNIFICAVADISCIPLINA, ADMINISTRAÇÃO,VITÓRIA, JUSTIÇA, IGUALDADEEGLÓRIA�.

Padre Joaquim Pinto de Campos, biógrafo de Caxias

BRASÃO DE CAXIASINTERPRETAÇÃO

Escudo partido de dois traços, cortado de um : 1º de prata, comum leão de púrpura armado de azul, que é de Silva; 2º de ouro, com

cinco estrêlas de vermelho, postas em santor, que é de Fonseca ; 3º deouro com quatro palas de vermelho, que é de Aragão ; 4º de azul, comcinco brandões de ouro acesos de vermelho, postos em santor, que éde Brandão; 5º de vermelho, com soromenho (árvore) de verde, frutadade prata e arrancado do mesmo, ladeado, em chefe, de uma flôr de liz ede um crescente de ouro, que é de Soromenho ; 6º de prata, com trêsfaixas de vermelho, que é de Silveira. E por diferença uma brica deprata, com um farpão de negro. Coroa de Duque.

Brasão de Armasde Nobreza eFidalguiado Duque deCaxias

de Janeiro, e �Caxias do Sul�, no Rio Gran-de do Sul. Entre tantas homenagens, urgeque citemos algumas tributadas pelo glo-rioso e invicto Exército Brasileiro a seuinsignePatrono:�Forte Duque de Caxias�,noLeme/RJ;�Batalhão Barão de Caxias�,que é o 24° BC, de São Luís-MA; �GrupoConde de Caxias�, que é o 3° GAAAe, deCaxias do Sul-RS; �Companhia PraçaForte de Caxias�, que é a 13ª Cia Com, deSão Gabriel-RS e o �Batalhão Duque de

Caxias�, que é o Batalhão da Guarda Pre-sidencial, de Brasília-DF.

Por derradeiro, salientemos, comufania, que o sociólogo Gilberto Freyre,reconhecendo o caráter adamantino e asperegrinas virtudes do �Soldado-Maior�,cunhou a expressão �caxias� - uma me-táfora caída na consagração popular, coma qual são apelidados aqueles que cum-prem integral e rigorosamente os seusdeveres.

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AREVOLUÇÃO LIBERALDEMINAS GERAIS � 1842Em 1842 surgiram duas outras re-

voluções liberais, uma em MinasGerais, outra em São Paulo. Ambas

foram igualmente debeladas por Caxias etiveram como origem um mesmo fato: adissolução da Câmara dos Deputados orde-nada por D. Pedro II.

Oministério liberal nomeado pelo im-perador logo após sua posse manteve-seunido durante pouco tempo. Em março de1841, Pedro II exonerou-o, substituindo-opor um ministério conservador, sendo po-rém mantido no Ministério dos NegóciosEstrangeiros o ministro da gestão anterior,Aureliano Coutinho. Dizia-se que este che-fiava um clube político, cuja finalidade eraexercer influência nas decisões do impera-dor.

Alegando fraude nas eleições realiza-das para a Câmara dos Deputados � quedeveria iniciar seus trabalhos em 3 de maiode 1842 e que já se encontrava em reuniõespreliminares � o novo ministério conseguiuque D. Pedro II a dissolvesse a 1º de maio.Este foi o motivo pelo qual os políticos de

Dispositivo do combate de Santa Luzia - 20 de agosto de 1842

SOLARTEIXEIRADACOSTAErguido em 1745, guarda as marcas de balas cravadas em suas janelas

na Revolução Liberal de 1842. Atual Casa de Cultura, foi o Quartel General dastropas revolucionárias de Teófilo Otôni

Barão de Caxias aos 39 anos de idade,Pacificador da Revolução Liberal na

Província de Minas Gerais

Monumento ao Duque de Caxiaserigido no Morro do Tamanduá,conhecido como Muro das Pedras,fortificação que serviu de trincheirapara os Revolucionários Liberais

em Santa Luzia

Minas Gerais e São Paulo, sentido-se preju-dicados, se revoltassem contra o governoque acusavam de reacionário. O movimentopaulista contou com o apoio do Padre DiogoFeijó, e a 17 de maio de 1842 o BrigadeiroRafael Tobias de Aguiar foi proclamadopresidente revolucionário.

Com apoio dos liberais chefiados porTeófilo Benedito Otôni, o movimento mi-neiro seguiu caminhos idênticos: a 10 dejunho, em Barbacena, José Feliciano PintoCoelho (futuro Barão de Cocais) era procla-mado presidente revolucionário.

Neta mesma data, 10 de junho, emdecreto, Caxias é louvado pelo cumprimen-to da missão em São Paulo e também nome-ado Comandante do Exército Pacificador,em Minas Gerais.

Após ter debelado o movimento libe-ral em São Paulo, entrando em Sorocaba,aprisionando alguns revolucionários, en-tre os quais o já bastante enfermo PadreDiogo Antônio Feijó e dando por pacifica-da a província, Caxias dirige-se para MinasGerais.

Os insurretos, embora vitoriosos noscombates de Queluz (hoje ConselheiroLafaiete) e Sabará, não se animaram a atacara cidade de Ouro Preto, então capital daprovíncia. Ouro Preto resistiu à revoluçãosob a liderança do presidente legal BernardoVeiga, que bateu os revolucionários emMendanha (23 de junho) e Presídio (25 dejunho), mas apesar disso, continuavam do-minando a parte mais populosa de Minas eas comunicações com o Rio de Janeiro.Fortificaram-se em Queluz, fizeram de SãoJoão del Rei a sua capital revolucionária edecidiram conquistar Ouro Preto, com asforças de Baependi, São João del Rei,Barbacena, aliando-se às de Cataguases. Avitória que obtiveram em Queluz a 20 dejulho, reacendeu a chama liberal revolucio-nária.

A 30 de julho, Caxias publica no seuQuartel General em Brumado, o primeiroEdital, conclamando �os que não fossemchefes de revolta a voltarem à sua vidadoméstica�.

Ataca São João del Rei e ocupaBarbacena. Avança em marchas forçadassobre Ouro Preto, na intenção de precederos rebeldes que também marcham sobre acapital.

Caxias, antecipando-se à coluna, a 6de agosto entra em Ouro Preto e participaem carta ao Ministro da Guerra:

�Passei entre dois mil rebeldes eentrei nesta capital sem ser incomodadopor eles, conseqüência das forçadíssimasmarchas que fiz, pois que, quando os mes-mos rebeldesme julgavamaindaemQueluze projetavam atacar a cidade, eu me acha-va nos seus subúrbios.�

-11 de agosto � Os rebeldes tomamSabará, aí concentram suas forças e prosse-guem para Santa Luzia, fortificando solida-mente essa posição dominante.

À frente das forças legalistas, Caxiaslançou-se ao encontro dos 3.300 insurretos,sendo atacado, a 20 de agosto, próximo aSanta Luzia do Rio das Velhas. A posiçãoocupada pelos rebeldes era privilegiada �tinham comandamento de vista e de tirossobre as vias de acesso, além de apoiar umde seus flancos no rio das Velhas. Caxiasencontrava-se em posição defensiva einferiorizado no combate. Conseguiu a vi-tória graças às excelentes condições defen-sivas oferecidas pelo terreno e à providen-cial chegada de uma coluna legalista co-mandada pelo Coronel José Joaquim deLima e Silva (depois Conde de Tocantins),seu irmão. Com a vitória de Caxias em SantaLuzia, tevefimarevolta liberaldeBarbacena,que durou 2 meses e 10 dias, causandosérias preocupações à Corte por sua maiorconsistência militar. Os chefes rebeldesforam presos e processados, sendo � comoos paulistas � condenados. Vitimado pelaparalisia o Padre Feijó faleceu a 10 de agostode 1843. Em 1844, quando o Partido Liberal

mais uma vez assumiu o poder, todos osrebeldes foram anistiados. A 10 de setem-bro, chegou a Ouro Preto, sendo recebidofestivamente e aclamado pela população.Poucos dias antes, em 29 de agosto, haviasido promovido a Marechal-de-Campo gra-duado (atual general-de-divisão), com 39anos de idade.

Dois meses depois, assumiria a Presi-dência e o Comando das Armas na provín-cia do Rio Grande do Sul, para pacificá-la, oque aconteceu em Ponche Verde em 1º demarço de 1845.

13Nº 230 - Agosto/2016

É preciso proclamarà exaustão que o

Duque de Caxias não ésomente glória militar.É patrimônio cívico doBrasil. Não há nação re-

sistente à amnésia histórica. A perda da me-mória coletiva costuma ser a antevéspera dasgrandes capitulações. Quando um povo co-meça a perder a dimensão do seu passado,principia a perder o presente e a comprometero futuro.

Nessa impatriótica operação de des-memoriar os povos, tornada a efeito comprecisão e requintes sofisticados de planosestratégicos, aproveitando o ruir de velhasestruturas e o tempo de iconoclastia genera-lizada que assola todas as civilizações. Sevelhas ordens estão sendo demolidas e se oBrasil está empenhado na edificação de insti-tuiçõesmodernas e eficientes, igualmente jus-tas, capazes de resistir às intempéries e àsagressões as mais variadas, é mister apro-fundar nas nossas raízes do passado e buscarali a seiva vital que há de nos impulsionar parao futuro.

É fundamental, hojemais do que nunca,amanhãmais do que ontem, preservar aNaçãoda sua memória histórica. Hoje, dia 25 deagosto, o Exército e o povo brasileiro come-moram mais um dia de reverência ao seuilustre patrono. Caxias dilatou os limites daglória e ela é tão abrangente que transcende oslimites das casernas e dos quartéis e durarápara sempre enquanto durar o Brasil, enquan-to perdurar o sentimento de honra e de naci-onalidade. Não foi apenas na prestação deserviços militares ao Brasil que o valentemilitar assinalou sua preciosa vida de patrio-ta. Representou o Rio Grande Sul como sena-dor vitalício da República, indicado após suavitória naGuerra dos Farrapos, naquele velhoSenado descrito na página imortal deMacha-do de Assis.

A história costuma ser escrita não so-mente de fatos, mas também de interpreta-ções. Quando Caxias assumia o comando dasforças legalistas doMaranhão e o governo daprovíncia, dizia emsua proclamação ser"maismilitar que político", ensejando conclusõesde que possuía aversão pela política. A polí-

*MuriloBadaró

A GRANDE OBRA DE CAXIAStica não o horrorizava a não ser aquela "guerrade alfinetes" a que se referiu na carta a Para-naguá quando tentaram tirá-lo do comandodas tropas naGuerra do Paraguai. Sua aversãoera contra a tricas da politicagem que muitasvezes os desamados da glória e do triunfocontra ele levantavam para embaraçar-lhe ospassos. Ao contrário da versão, Caxias foigrande político na acepção mais pura do ter-mo.

No parlamento ele não terá tido overbo facundioso de Cotegipe, de SalesTorres Homem e tantos outros oradoresnotáveis. Mas em nenhum momento des-lustrou a tribuna senatorial, ocupando-asempre com aquela eloqüência sóbria, cir-cunspecta, grave, metódica, lógica, que lhedava a autoridade imanente de sua grandefigura. Em todos os episódios de sua vito-riosa carreira militar mostrou-se bravo, va-lente e corajoso, criando-se em torno deleuma poderosa mística de bravura que elepróprio definia nos exércitos como sendo achamada "aristocracia da bravura". "Ta-lhado para a luta, dizia ele, eu nunca aprovoquei, mas também nunca a temi.Nem a temo quando franca e descoberta".

É útil assinalar que a bravura físicasomente existe quando tem a sustentá-la gran-de envergadura moral. E as definições debravura de Caxias podem ser resumidas na-quelas palavras com que ele abre a ordem doDia do início da campanha do Uruguai: "Averdadeira bravura do soldado é nobre,generosa e respeitadora dos princípios dahumanidade". Possuindo aquela concep-ção transcendental do dever, que Alfred deVigny chama de "a religião da honra",não houve em sua longa e duradoura carrei-ra um só instante em que sua espada tivessesido maculada.

Relembrá-lo agora é dever dos brasi-leiros. Cultuá-lo nas escolas, nos lares, nosparlamentos é imperativo de patriotismo,lembrando do homem que viveu com exem-plar modéstia, simples de costumes e pre-ocupado tão somente com a glória do país,levando o sentimento do dever até as últimasconseqüências.(Publicado no Inconfidência, nº 98, de 25/08/ 2006)

* Presidente da Academia Mineira de Letras

Ao ler as duas últimas edições do Inconfi-dência, nas quais são destacadas a Revo-

lução Liberal de 1842 e a cobertura sobrea Semana do Soldado, com alusão às so-lenidades cívico-militares acontecidasem Santa Luzia, no Muro das Pedras, mi-nha mente retrocedeu 35 anos.

1974 / Belo Horizonte � Comandoda 4ª Brigada de Infantaria, recém-criadaem substituição à tradicional ID/4 � In-fantaria Divisionária da 4ª Região Militar,que veio posteriormente a receber a de-signação histórica �Brigada 31 de Mar-ço�, por sua importante e decisiva atua-ção no Movimento Democrático, inicia-do em Minas Gerais, em 1964.

Em seu Estado-Maior, 4 majores,por uma coincidência rara em qualquerComando, todos de Artilharia e da mes-ma turma Aspirante Mega. Eram eles, oEwerton Fleury, o Joaquim Barreira, oMiguez e eu. Um dia em meados de 1974,pouco antes das comemorações da Se-mana do Soldado, tomei conhecimentoatravés do Miguez, que havia em SantaLuzia, em local ermo e abandonado, nomeio do mato, um antigo monumento eri-gido em homenagem ao Duque deCaxias, - datado de 1942, centenário daRevolução Liberal - por iniciativa dogovernador de Minas, Benedito Vala-dares, e apoiado pela Prefeitura Muni-cipal. E como ele soubera disso, recém-chegado a Belo Horizonte? Contou-meque o seu auxiliar, sargento Dirceu Ro-que Tostes Barbosa, gostava de nos fi-nais de semana circularpelas cercanias de SantaLuzia, percorrendo grutase sítios arqueológicos, atéque uma vez, conversan-do com moradores da re-gião, soube do Marco His-tórico, a que chegara commuita dificuldade. Passa-dos alguns anos, lem-brou-se de falar a seu che-fe de seção sobre o as-sunto.

O Miguez então, le-vou a informação ao Co-mandante da Brigada, ge-neral Sylvio Octávio doEspírito Santo, propondoum reconhecimento dolocal. E lá fomos nós dois,mais o sargento Roque, ochefe do Estado-Maior,coronel Luiz Gonzaga Sa-rahyba e um grupo de soldados �arma-dos� com ferramentas de sapa. Estaciona-mos as viaturas em uma acanhada e estreitaestrada de terra, onde o sargento Roqueindicou o suposto local. A vegetação, bas-tante alta, dificultava o deslocamento eprejudicava a visão. Após umas 2 horas,quando a esperança de encontrar o MarcoHistórico ia se desfazendo, descobrimosem um ponto mais elevado, destacando-seno horizonte o nosso almejado objetivo.Missão cumprida.

A seguir, tomaram-se algumas pro-

MURO DAS PEDRAS - SANTA LUZIA/MG*Miguel Pires

vidências - contato com o prefeito muni-cipal, limpeza do local, melhoria do aces-so e, como não podia deixar de ser, a rea-lização de uma formatura cívico-militar,por determinação do general comandan-te da 4ª Brigada de Infantaria (único co-mando na capital àquela época), em co-memoração às festividades da Semanado Soldado/1974, das quais, como E/5, oMiguez era o responsável.

Desde então, anualmente, a 20 desetembro, são realizadas solenidades na-quele histórico local tendo a Prefeitura

Municipal de Santa Luzia, apartir de 1996 avocado to-dos os procedimentos, in-clusive criando a "LáureaCruz de Combate de SantaLuzia". Neste ano, em belacerimônia foi colocada umacorbelha de flores no mo-numento erigido no localdo combate pelo Coman-dante da 4ª Região Militar,Prefeito Municipal de San-ta Luzia e Juiz de Direito,Dr. Marcos Henrique Cal-deira Brant, historiador quetrouxe à luz farta documen-tação da Revolução Libe-ral e a vem divulgando jun-to à população de Santa Lu-zia, principalmente nas es-colas municipais, através dasSecretarias de Cultura e deEducação.

Passados 35 anos, não poderia dei-xar, por um ato de justiça, lembrar que tu-do isso se deve, ao agora Coronel Re-formado Carlos Claudio Miguez Suarez.A ele, também, os cumprimentos pela ótimaedição histórica do Inconfidência, referenteao Duque de Caxias, uma fonte de consultasdifícil de ser encontrada na qual se compro-va a deturpação da História Brasileira e acomunização da Educação em nosso país,patrocinada pelos livros didáticos adotadospelo Ministério da Educação.(Publicado no Inconfidência nº 144 de 30/09/2009)

*Coronel QEMA e Advogado

TenLaureano,Majores Pires eMigueze Ten Cel Washington

O General Espírito Santo e o Cel VicenteGomes da Mota, Comandante da PMMG, naprimeira solenidade cívico-militar realizadaa 20 de setembro de 1974, no Muro das

Pedras, em Santa Luzia

�... Só um ato de extremo heroísmo outemeridade poderá compensar a ausên-cia daquelas três espadas gloriosas efazer assegurar definitivamente o êxitojá conseguido.E esse general de 65 anos de idade,

exclamando � Sigam-me os que forembrasileiros! � desembainha a espadacurva e, como um simples cavaleiro daIdade Média, ou dos tempos gloriososdo Grande Império, esporeia o animal eatira-se à frente de seu Exército, decidi-do a passar a ponte, haja o que houver!Verifica-se, então, no Exército, �um de-

lírio, um frenesi, um indizível entusiasmo�.O Marquês passa pelo 16º, �erecto no

cavallo, o bonnet de capa branca comtapanuca, de pala levantada e preso aoqueixo pela jugular, a espada recurva de-sembainhada e presa pelo fiador de ouro�.

CAXIAS EM ITORORÓDioniso Cerqueira acrescenta: o velhogeneral em chefe parecia ter recuperado aenergia e o fogo dos vinte annos. Estavarealmente bello! Perfilamo-nos como seuma centelha tivesse passado por todosnós. Apertávamos o punho das espadas,e ouvia-se um murmúrio de bravos aogrande marechal. O batalhão mexia-se agi-tado e atranhido pela nobre figura, queabaixou a espada em ligeira saudação aosseus soldados. O commandante deu vósde firme. Dalli a pouco, o maior dos nossosgenerais arroja-se impávido sobre a ponte,acompanhado dos batalhões galvaniza-dos pela irradiação de sua glória.Houve quem visse moribundos,

quando elle passou, erguerem-se brandin-do espadas ou carabinas para cahiremmortos adiante�.Texto extraído do livro CAXIAS, de Affonso de Carvalho

14Nº 230 - Agosto/2016

DUQUE DE CAXIAS*JornalistaCyro Siqueira

NOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓINOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓINOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓINOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓINOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓIÉ com prazer que irei transcrever, a seguir a carta que acabo de receber do Coronel Reformado Carlos Claudio Miguez:

A respeitodo títuloepígrafe (Polêmicasobreopassado),matériapublicadanoEstadode

Minasde23de junho, emsuaprestigiosapáginasabatina,gostariadeapresen-tar algumas observações, eisque fui citado nominalmentena ilustre coluna, e tambémpela proximidade do Dia doSoldado, 25 de agosto:

a) inicialmente, ratifi-cooqueafirmeiacercadeLuizCarlos Prestes, relembrandoa necessidade da leituraacuradadolivro�Camaradas�,de William Waack, um dosâncoras da TV Globo;

b)amaioriadasconsi-derações da historiadoraAdriana Barreto de Souza e desse jornalistapossuemembasamentohistórica fidedigno.En-tretanto, a meu ver, há algumas enfoques quecarecem de reparos.

c) primeiramente, esclareço que Caxias,comoera comumàépoca em relação aosmilita-res, exerceu relevantes cargos políticos comoo de Presidente do Conselho de Ministros,por três vezes, sendo também, por três vezes,Ministro da Guerra. Além disso, foi Presi-dente e Comandante das Armas da Provínciado RGS, por duas vezes, e Senador por estaProvíncia (diga-se por ilustrativo, que ele foiSenador juntamentecomoseuinsignepai, oGenFrancisco de Lima e Silva). Aduza-se queDomPedro II, omais das vezes, nomeava paraa presidência das províncias do império, Ofi-ciais Generais do Exército e da Marinha.MasCaxias, como ressaltam os seus principais bió-grafos, sempre esteve distanciado das tricas efutricas da politicagem, apesar de pertencer aoPartido Conservador. Tal assertiva pode seramparada nas proclamações que fazia nas pro-víncias que pacificou em especial nas do Ma-ranhãoeRioGrandedoSul,emqueseposicionavaacima dos Partidos existentes, visando sempreaos altos interesses da Pátria, da qual foi oPacificador;

d)nãocorrespondeàverdadequeafigurade Caxias, cadete aos 5 anos de idade, como eracostumeàépoca, emrelaçãoa filhosdemilitares

e nobres ilustres, tenha ouvenha sendo explora-da,atéporqueprojetavaaparaaopiniãopública,a imagem�antipática�dealguémquepoderiaser

tido como um privilegiado emdetrimento de outros brasilei-ros.

No iteme)desuacorres-pondência, Miguez esclarecetambém sobre o fato de, aofinal do império, os nomes dogeneral Osório e do almiranteBarroso (que, informa ele, eraportuguês) serem mais lem-brados que o de Caxias e doalmiranteTamandaré.Teriasidopor causa do "jacobinismo dospositivistas", "adeptos da dita-dura republicana", que tenta-

vam desmerecer tudo o que dissesse respeito aoImpério recémdeposto. "Entretanto, Caxias foireabilitado de um semi-anonimato, não condi-zente comos tantos e tamanhos serviços por eleprestados ao Brasil, na guerra e na paz".Resgate histórico, ensina o leitor, que coubeao insigne ministro da Guerra, general Se-tembrino de Carvalho, em 1923.

Prezado jornalista CYRO SIQUEIRA UM NOME NO GOSTO DO POVO

NR: Agradeço ao jornalista Cyro Siqueira a transcrição de minha carta em suaconceituada coluna, divulgando a verdadeira História do Brasil.

Lembro que, Cyro Siqueira, foi o primeiro jornalista a se insurgir contra os livrosdidáticos adotados em Minas Gerais (e no Brasil), contestando fatos da Históriareferentes à Guerra do Paraguai, narrados por Júlio Chiavenatto e denunciando o quese tramava contra Tiradentes.

E o convido, desde já, a participar conosco desta cruzada, contra os livros didáticosque preconizam a luta de classes e a comunização do Brasil.

Continuando a carta, nosso leitor diz quefoi a cerimônia de traslado dos restos

mortais de Caxias e de sua mulher para oPantheon em frente à antiga sede doMinisté-rio daGuerra noRio, em25 de agosto de 1949,"o ponto alto do resgate da imagem do Du-que", que, segundo ele, já estava consagradadiante da nação e doExército, do qual"é ínclitopatrono". O coronel reformado esclarece que"Caxias não 'reprimiu guerras', e sim debelourevoltas internas" - a mais grave, a RevoluçãoFarroupilha, no Rio Grande do Sul. Miguezafirma que Caxias "sempre se orgulhou de sualongaeapuradaformaçãomilitar.Ele era�Oficialde carreira� e, na prática, soube,modelarmente,empregar os conhecimentos militares antes ad-quiridos.TalnãoaconteceucomoGeneralOsórioe tantos outros bravos militares que, de fato,ganharamfamaetravarammemoráveisbatalhas,comas lições da faina diária das campanhas".

No último item de sua carta, o leitor fazquestão de reforçar o que já havia afirmadosobre a recuperação da memória de Caxias:"Repiso que ela não se deu apenas a partir de1949 e 1964, sendo certa a relevância da ce-

rimônia da trasladação, para tal. O culto re-verencial ao Patrono vem dos tempos do Im-pério, sendo somente interrompido, tempo-rariamente e de forma altamente injusta, pelosectarismo positivista � republicano. Foi re-tomado desde 1923, como anteriormente ex-plicamos. Consigne-semais, que ao contráriodo que afirma a ilustre historiadora Adriana,em equivocada interpretação, toda pessoal, otraslado de 1949 e não �segunda cerimônia�que �sepultou o herói�, �eliminou os seustraços humanos�. Pelo contrário!!! Tais tra-ços foram realçados de forma exponencial,tendo a IgrejaCatólica e aMaçonaria reparadoas injustiças perpetradas contra ele, por causada soluçãomagnânima dada à �questão religi-osa�, no final do Império. A presença da fa-mília imperial e doMarechal Rondon � tradi-cional positivista, patentearam o reconheci-mento daquele que fôra tão mal compreendi-do, no final da vida pelo Imperador DomPedro II e após a sua morte, pelos profitentesdo Positivismo.Ora, na ocasião, com reflexospara o futuro, a personalidade de Caxias foitornada assaz transparente e passou por issoa ser ainda mais admirada. Naquele memorá-vel 25 de agosto de 1949, Caxias foi velado,antes de ser depositado no Pantheon Militar,na Igreja da Irmandade da Santa Cruz dosMilitares, noRiodeJaneiro,daqual foi expulso,em 1876, por não haver renegado aMaçonaria,aqualnuncaseconformaracomaanistiaqueeleconcedeu aosBispos deOlinda eBelém, soluci-onandoachamada�questão religiosa�.Assim,otraslado foi uma consagrada nacional, em quefacetas pessoais do impoluto Soldado forammuito relembradas. E foi bem depois daquelehistórico ato de 1949, que a grande consagraçãopopular de Caxias ocorreu, com a expressão�caxias�, cunhada pelo inesquecível sociólo-go Gilberto Freyre, hoje uma "metáfora-adjetivação" caída na aceitação popular.

Era o que tinha a dizer, parabenizandoa esse diligente jornalista por trazer a lumeassuntos históricos de tanta importância.

Segue-se a assinatura doCoronelCarlosClaudio Miguez

* Diretor Adjunto

Publicado em 15/09/2007

"A vida do Duque de Caxias desdobrou-se numa atividadede mais de meio século de constantes e inestimáveis serviços pres-tados ao Brasil.

Nas lutas internas em que foi chamado a intervir, nuncase deixou ganhar por ódios políticos ou paixões subalternas.Agia dentro de um equilíbrio perfeito entre o dever do cidadãoe o prestígio da função militar, orientado sempre pelo senti-mento da unidade nacional.

Após a vitória das armas, surgia o estadista realizando aobra fecunda da paz, com tolerância e respeito pelos vencidos."

GetúlioVargas

O apelo de Caxias, dirigido aosrio-grandenses, em 17 de março de1843, passados 172 anos:

"Abracemo-nos e unamo-nospara marcharmos, não peito apeito, mas ombro a ombro, emdefesa da Pátria que é a nossa

mãe comum."

MAIS UMA VEZ A LIÇÃOVEM DO PASSADO

Durante a guerrado Paraguai, sobo fogo inimigo e

chuvatorrencial, umsoldado levouumaxícaradecafé paraCaxias,mas este a

recusou e disse:"Beba-o você,camarada, queprecisamais doque eu"

Publicado no Inconfidência, nº 117 de 01 de outubro de 2007

15Nº 230 - Agosto/2016

A conquista da Ponte de Itororó - "Sigam-me os que forem brasileiros!"

Na história de uma pátria é provi-dencial o homem que podeorientá-la sem lhe sacrificar a

moralidade pública, guiando-a com sa-bedoria e vigor, sem a iludir, sem a inqui-etar, sem a empobrecer. Providencial é oherói sem injustiça, o guerreiro sem ile-galidade, o chefe sem egoísmo, o políticosem paixão, ou antes, impelido pela únicapaixão compatível com os deveres cívi-cos, que è a sagrada paixão do bem co-mum. É providencial o soldado que faz dodestino nacional a sua diretiva, da glóriaimaculada a sua ambição, do sacrifício oseu timbre heráldico, das vitórias gan-has pelo País os títulos impessoais dasua carreira honrada. Dêste gênero deprovidencialismo falou Plutarco. Atenase Roma orgulharam-se desta espécie in-signe da grandeza humana. O Brasil con-ta, entre os beneméritos da sua forma-ção, vultos ilustres que merecem tal qua-litativo. Luiz Alves de Lima e Silva, Du-que de Caxias, é, inegavelmente, um dêsesadmiráveis cidadãos.

O tempo ajudou-o. Viveu comoWashington a quadra da independência,como La Fayette o período revolucioná-rio, como Napoleão, a fase romanescadas guerras que exigem bravura indivi-dual, temeridade, gênio de comando, obelo gesto. A sua escalada dos postosmilitares inicia-se em 1882, com ovoluntariado da campanha de criação doimpério, quando se escreveram as linhasiniciais da epopéia do País emancipado.Alferes na Bahia, o sol de 2 de julhoiluminou a sua espada sob os arcos triun-fais da Soledade, quando as tropas�libertadoras� entraram na velha cidade.Capitão na Campanha Cisplatina, Majorem 7 de abril de 31, Brigadeiro da Regên-cia, essa espada de condestável estêve,na década das rebeliões que puzeram àprova a integridade brasileira, a serviçoda união: e salvou-a. Foi buscar as cre-denciais para restaurar a unidade da na-ção nos campos maranhenses: trouxebênçãos e êxitos; e o direito de ser, nanobreza monárquica, barão, conde e du-que �de Caxias�. Em 1842 era o Generalcapaz de pacificar São Paulo, de jugularnas Minas Gerais a insurreição, de aca-bar com a Guerra dos Farrapos dominan-do-a com a energia das armas e a persu-asão do conselho, menos um represen-tante da fôrça do que um embaixador dalei, na austeridade da sua presença semódio. Ninguém governaria com a suahabilidade e a sua eficiência os negóciosda defesa e da segurança do Brasil, em1851, em 1865.. Chefe do Exército emoperações contra o ditador D. Juan Ma-nuel de Rosas, organizou-o para os gran-

CAXIAS � EXÉRCITOENACIONALIDADE* Pedro Calmon

des movimentos, que culminaram na açãode Caseros. Primeiro Ministro, coube-lhefundar os serviços essenciais, que deramsolidez, técnica e prestígio ás fôrçasarmadas. Confiava no ensino, tinha osenso da ordem administrativa, e queriapara sua tropa todos os melhoramentosmateriais que enriqueciam os modernosExércitos. Graças a isso, dispunha em1865 de um excelente quando de oficiais, núcleo dos contingentes que, sob a suadireção, fizeram a guerra do Paraguai.Nesta vasta campanha o seu papel foi

preponderante, principalmente pedagó-gico � no sentido de educação das mas-sas militares � e espiritual. É preciso dizerque os interêsses partidários, ao come-çar a luta, o tinham relegado para umplano secundário. Não necessitavam dêle,enquanto tudo sorria aos homens que odetestavam. Não o ouvi-ram, não o chamaram, nãoo quiseram senão na horadifícil, em que os revesesreclamavam uma autori-dade, que corrigisse oserros, um nome, que res-taurasse o otimismo, umtalento de estrategista,que completasse a recu-peração moral. Depois dodesastre de Curupaiti,tornou-se o Anjo Custó-dio da guerra; e ganhou-a com a ciência das ma-nobras bem projetadas, aaudácia da iniciativa ardentemente reali-zada, indo êle, de peito descoberto, nadianteira dos seus batalhões.

A alegoria apoderou-se de suanobre figura para o comparar ao �petitcaporal� na ponte de Arcole: foi na pon-te de Itororó.

Realmente aí culminou a suaestrêla, não pelo significado do combate,porém pelos riscos da passagem. Afron-tou desdenhosamente a morte atirando-

se para a frente, a cavalo, de sabre empunho, como um paladino antigo na con-fusão lendária do assalto. Visitei aquêlelugar. Estive meditativamente no taludeque, a montante do arroio impetuoso, écomo uma trincheira que o protege, eatravessei vagarosamente o tabuado es-casso da ponte onde, em 1868, se travouo tremendo choque. Compreendi a suaformidável realidade. Caxias, ordenandoa Osório que, com a cavalaria, desbor-dasse a planície de Avaí, a fim de aniqui-lar, de través e frontalmente, as fôrças de

Lopez, que refluíam do quadrado deHumaitá para o esperar nessas LomasValentinas , devia ocupar o mais cedopossível o terreno, para o qual o passolivre era Itororó. Lutava com o relógio. Sese retardasse um dia, tôda a sua maquina-ção estratégica correria perigo, pois o

adversário poderia fortifi-car-se, acumular recursosbélicos, consolidar-se nasposições e rechaçá-lo � emvez de ser surpreendido,cortado e vencido peloímpeto desnorteante doataque. Lançou-se poissôbre a ponte de Itororó.Do seu lado, estava certo.Mas o inimigo tivera a mes-ma idéia. Sem poder apro-veitar o terreno, que nãoescolhera para a batalha,teve a intuição de fechá-lo,tomando a porta, pela qual

fatalmente desfilariam os aliados: eamuralhou-se com quatro mil homens e asua artilharia, varrendo com bala e metra-lha a estreita entrada, e o tablado daponte que � caso � extraordinário � nãoqueimou ou demoliu, se em verdade preten-desse demorar o encontro. Por que nãodestruiu a ponte de Itororó? Era u�a mesqui-nha ponte de madeira que dois sapadores,a machado, facilmente poriam abaixo. Aexplicação é uma só. Não a abateram, para

colhêr nesta armadilha � que a passagem,de escantilhão, de um exército inteiro � asfôrças de Caxias, causando-lhes tais per-das, que a batalha de Avaí estaria para elasprejudicada no seu primeiro instante, e semque disto se ressentissem as reservasparaguaias. Caracterizou-se a astúcia, pelosucesso que teve. Ao apontarem no alto daribanceira as avançadas azuis e brancas dainfantaria imperial, trovejou o canhoneio,estrugiu a espingardaria, o fogo se elevou,fuzilando à curta distância essa vanguardaque, célere, se arrojou para o estrado daponte, sem todavia o alcançar, porque tom-baram, uns após outros, ceifados pelas des-cargas incessantes, os escalões enfureci-dos. Vieram os generais e os coronéis.Caíram Gurjão e Argolo. Caxias, desem-bainhando a espada, deu o exemplo, es-poreando o cavalo, jogando-se na áreamortífera: e, em colunas cerradas, de bai-oneta reluzindo, irresistivelmente, o exér-cito insistiu, marchou, atravessou, levoude vencida canhões e artilheiros, pulve-rizou as linhas de atiradores e desembo-cou no descampado do Avaí. Pagou umpreço excessivo pela vitória: mas se hesi-tasse, se recuasse, se preparasse pacien-temente outra solução, não teria conclu-ído a guerra, como de fato a concluiu nassuas grandes linhas, em Lomas Valen-tinas.

O velho chefe levara o fascínio dafortuna aos esplendores da fama, podiarecolher-se à pátria, aureolado pelo res-peito nacional, para repousar, no �otiumcum dignitate� das vidas laboriosamen-te aplicadas à utilidade da sua gente, aodesagravo do seu povo, à sua tranqüili-dade honesta. Não descansou. Conti-nuou servindo. Morreu servindo. Tor-nou-se um símbolo. O Dia do Soldado é oseu dia. Os fulgores da sua biografiapertencem à tradição mais arraigada doExército brasileiro; e o seu perfil severode chefe �sans peur et sans raproche�,anda cunhado nas medalhas que o digni-ficam, nas láureas que o festejam e con-sagram. Identificou-se com a unidade e aeternidade do Brasil. Condestável doImpério, chamam-lhe as apologias. Temesta exímia qualidade: sentinela indormidada Pátria na vigília interminável do seuamor, na história maravilhosa da sua dedi-cação � que não conheceu desfalecimentos� e do seu gênio � que não conheceuderrotas.

O general que vos guia nunca foivencido!Gritou, arrogantemente, emItororó.E êste clamor lhe acompanha a memóriapelo decurso das épocas. Caxias é o Exér-cito; é a nacionalidade.

* Reitor da Universidade do Brasil

O general que vosguia nunca foivencido! Gritou,arrogantemente, emItororó. E êste clamorlhe acompanha a

memória pelo decursodas épocas.

Caxias é o Exército;é a nacionalidade.

Revista Militar Brasileira25 de agôsto de 1953

16Nº 230 - Agosto/2016

SIGNIFICAÇÃO HISTÓRICA DO DUQ

Reunião do Alto Comando do ExércitoGuerra da Tríplice Aliança - Tela de A. Martins

Escola Militar da Praia Vermelha construída em 1855 - 1857quando Caxias foi Ministro da Guerra

O Duque deCaxias foi

consagradopatronodo Exército Brasi-leiroem13demar-çode1962e,desde

25 de agosto de 1924, data de seu aniversárionatalício,foiconsideradacomooDiadoSoldadodoExércitoBrasileiro, instituiçãoqueoforjouede cujo seio emergiu como um dos maioresbrasileiros de todos os tempos. Prestou Caxiasao Brasil mais de 60 anos de excepcionais erelevantes serviçoscomopolíticoeadministra-dorpúblicodecontingênciae,inegualados,comosoldado de vocação e de tradição familiar, aserviçodaUnidade,daPazSocial,daIntegridadee da Soberania doBrasil Império.

Ainda emvida e até nossos dias ,o Povo,a Imprensa , estadistas, chefes militares notá-veis, pensadores, escritores e historiadoresmi-litares e civis o têm definido entre muitostítulos com os de: Filho Querido da Vitória,OPacificador, General Invicto, Condestável,Escora, Esteio e Espada do Império doBrasil,Duque de Ferro e daVitória, Nume e EspíritoTutelar doBrasil, Símbolo daNacionalidade,oMaior Soldado doBrasil, omaior dos gene-rais sulamericanos, AlmaMilitar doBrasil, oHerói tranqüilo eper-feito etc.

Suamonumen-tal obra de Pacifica-dor de quatro lutasinternas, e mais assuas modelares ma-nobras de flanco emHumaitá e Piquicirina Guerra do Para-guai, o credenciam afigurar, semfavorne-nhum, na galeria dosmaiores capitães daHistóriaMilitar Ter-restre Mundial.

Sua eleição in-conteste para patronodo Exército o foi nosentido com que a de-finiu Pedro Calmon:"Como o chefe inte-gral doExército, o seumodelo, a sua alma, aimagem maravilhosa do espírito que neledeve vibrar, a síntesemágica das virtudes ebrios de que ele deve estar imbuído."

E como tambémumaespéciedeoráculopara consultas em momentos críticos paraautocríticas e correções de rumos, ou na buscada solução mais adequada em determinadasconjunturas complexas. E sua elevação aopatronato do Exército se deveu fundamental-mente a haver vencido 6 campanhasmilitares(4 internas e 2 externas), além de haver diri-gido o Exército de forma marcante e muitofecunda comoMinistro daGuerra em 3 opor-tunidades (1855/58, l861/62 e l875/78) ,cu-mulativamente como Chefe do Governo doBrasil, na condição de Presidente do Conse-lho de Ministros .

Caxias foi o l o Porta Bandeira do Pa-vilhão, tão logo proclamada a Independência, em solene cerimônia em10 de novembro de

Patrono da Academia de História Militar Terres1822, na Capela Imperial, quando a recebeudas mãos do próprio Imperador. E ninguémmais do que ele glorificou a bandeira do Impé-rio do Brasil que ali recebia.

Possuía grande orgulho nativista porhaver sido veterano daGuerra da Independên-cia na Bahia ,como integrante doBatalhão doImperador,merecendo condecoração alusivade ouro que sempre ostentou com grandecarinho e orgulho, e integrou, em 10 de outu-bro de 1870, a Sociedade dos Veteranos daIndependência na Bahia, a única na condiçãode sócio efetivo, sociedade que esteve presen-te e falou em 11 de maio de 1880 em seusepultamento.

Profissional militar de alto gabarito,sempre sonhou com o Exército Brasileiro pos-suir uma Doutrina Militar genuína.

Tal sonho o expressou em 1862, aobaixar Ordenanças do Exército Imperial doBrasil, calcadas em adaptações dasOrdenan-ças do Exército de Portugal às realidadesoperacionais doBrasil que vivenciara pesso-almente, em cinco campanhas militares, emque lhe coube comandar e conduzir à vitóriao Exército Brasileiro e com a ressalva, �atéque o nosso Exército possua uma Tática(Doutrina) genuinamente nossa�, gesto

que marcou mais um pioneirismo seu ao queaté hoje se conhece.

Como Ministro da Guerra citam-seentre suas muitas grandes realizações: A Es-colaMilitar da Praia Vermelha; a reforma doQG do Exército em local hoje onde se situa oPanteon com sua estátua eqüestre que abrigano interior os seus restos mortais e os de suaesposa e, a introdução da função deAjudanteGeral doExército, substituídamais tarde peloEstado- Maior do Exército, além de outrasmarcantes, comooprimeiroRegulamentoDis-ciplinar do Exército Brasileiro e o 1 o CódigoPenal Militar.

Comocidadão brasileiro sua culminân-cia foipacificar aFamíliaBrasileira emPoncheVerde, emD. Pedrito- RS, em 1o de março de1845, onde se tornou pioneiro abolicionistaao assegurar, a despeito de pressões de es-cravocratas do Sudeste, liberdade para os lan-ceiros negros farrapos, incorporando-os ao

Exército como li-vres, na CavalariaLigeiradoRioGran-de, ao comando, in-clusive, de Osório ePorto Alegre seusauxiliares na Pacifi-cação.

Por esta épo-ca o brilho de suacarreira coincidiu,emmarço1843, como brilhar na escuri-dão das noites gaú-chas doCometaBri-lhante de 1843, queos soldados simplese supersticiosos sobo seu comando, as-sombrados pelo pro-dígio, interpretarame consagraram- �É a estrela do Barão deCaxias!�, crença que se popularizou, se con-solidou e foi incorporada ao folclore gaúcho.

Sobre aRevoluçãoFarroupilha que porquase 10 anos assolou o Rio Grande do Sul,diz Pedro Calmon:

�Obarão deCaxias venceu sobretu-do por convencer, pois a verdadeira vitórianão consiste em sufocar ou subjugar oadversário, pois é antes uma tarefa de per-suasão, de conquista de corações para quese atinja o ideal vencedor. ECaxias sobre-pôs a olhos fratricidas a dignidade da pazjusta, cobrindo as forças em luta como véuiluminado da concórdia e da pacificação.Pois ali reuniu ao gênio de guerreiro con-sumado, a generosidade clemente e alici-adora .�

Ao pedido de um pretenso áulico deque se festejasse a vitória com um Te Deum,na igreja São Sebastião em Bagé, optou porumamissa em �sufrágio pela almas dos mor-tos imperiais e republicanos que haviam tom-bado em defesa de suas verdades,� entre osquais se encontrava seu tio general JoãoManuel de Lima e Silva que fora consagradopelos farrapos como o seu primeiro general.A grandeza desta tolerância em benefício daUnidade da Família Brasileira fez com osgaúchos o consagrassemcomoo seupresiden-te e a seguir como seu senador em 1845.

Como líder de batalha seu grande feitoestratégico foi amodelarManobra de Flancoda posição fortificada de Piquiciri, através doChaco, onde correu "risco calculado" ao sa-crificar o Princípio de Guerra da Segurança,embenefício dodaSurpresa que ele obteve emnível estratégico, o desembarcar de surpresana retaguarda profunda do adversário emSan-to Antônio. Com isso, abreviou em muito aduração do conflito, poupando assim recur-sos de toda a ordemevidas humanas de irmãosbrasileiros, argentinos,uruguaioseparaguaios,envolvidos nomaior conflito até hoje ocorri-do naAmérica do Sul e o primeiro com carac-terísticas de Guerra Total entre nações.

Como líder de combate, seumaiormo-mento foi na conquista da ponte de Itororó.Ao perceber que o seuExército poderia ali serdetido, desembainhou sua invencível espada

de cinco campanhas, brandiu-a ao vento, vol-tou-se decidido e convincente para seus lide-rados e apelou com energia com o brado-�Sigam-me os que forembrasileiros !�Atocontinuo, lançou-se sobre a ponte de Itororócom o seu cavalo de guerra, indiferente aoperigo e arrastando atrás de si todo o Exércitodetido para, em seguida colher expressivavitória tática que removeu obstáculo que qua-se colocou em perigo toda a sua brilhantemanobra estratégica através do Chaco.

Sua derradeira ação pacificadora foi ade pacificar aQuestãoReligiosa ou Epíscopo-Maçônica, defendendo e obtendo êxito naassinatura pelo Imperador do decreto de no5093, de 17 de setembro de 1875 de Anistiaassim expressa:

�Artigo Único. Ficam anistiados osbispos, governadores e outros eclesiásti-cos das dioceses de Olinda e Pará que seacham envolvidos no conflito suscitadoem conseqüência de interditos postos aalgumas irmandades das referidas dio-ceses, e em perpétuo silêncio os processosque por estemotivo tenham sido instaura-dos.�

Caxias nasceu em25 de agosto de 1803no local do ParqueHistóricoDuque deCaxiasno município de Duque de Caxias- RJ , querecebeu o nome de seu título por ele ali havernascido. Faleceu em 7 de maio de 1880, aos77 anos na Fazenda de Santa Mônica, emJuparanã- Valença-RJ, à vista do rio Paraíbado Sul e onde se recolhera e passara os doisúltimos anos de sua vida, viúvo e aos cuidadosde sua filha mais velha, a baronesa de SantaMônica.

Segundo sua vontade expressa emtestamento, foi transportado ao túmulo noRio de Janeiro por soldados de bom com-portamento, cujos nomes foram imortali-zados em pedestal de seu busto em passa-diço do Conjunto Principal antigo da Aca-demia Militar das Agulhas Negras, próxi-mo da Sala dos Professores onde nela existeo retrato a óleo de D. Ana (Anica) Luiza, -Duquesa de Caxias, sua esposa, com quemviveu 41 anos de 1833 a 1874, de feliz emodelar casamento e que se constituiu nogrande amor e inspiração do maior cabo de

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QUE DE CAXIAS

Estátua eqüestre e Pantheon naPraça Duque de Caxias/Rio

* Historiador militar e jornalista, Presidente daFAHIMTB e da AHIMTB/Resende � Academia

Marechal Mário Travassos.

* Cel CláudioMoreira Bento

stre do Brasilguerra brasileiro, segundo seu biógrafo Vi-lhena de Moraes.

Falou junto a sua sepultura interpre-tando os sentimentos doExército Brasileiro ojá consagrado escritor e historiadorMajor deEngenheiros Alfredo de Taunay que assimconcluiu a sua antológica oração:

�Só amaior concisão, unida àmaiorsingeleza, que poderá contar os seus fei-tos! Não há pompas de linguagem !Não háarroubos de eloqüência capazes de fazermaior esta individualidade, cujo principalatributo foi a simplicidade na grandeza.�

Caxias depois da Guerra do Paraguai,segundo o Marechal Odylio Denys, encon-trou-se com o Major Alfredo de Taunay naesquina da rua do Ouvidor com a l o de marçoe assim lhe falou:

�- Que falta o senhor me fez na guer-ra! Se o tivesse ao meu lado quanta coisateria tido ocasião de escrever!�

Capistrano de Abreu, grande historia-dor doBrasil , assim interpretou os sentimen-tos do Exército Brasileiro ao saber que oDuque de Caxias havia dispensado as honrasmilitares:

�O Duque de Caxias dispensou asHonras militares! Acho que ele fez muitobem! Pois as armas que ele tantas vezesconduziu à vitória ,talvez sentissem ver-gonha de não terem podido libertá-lo damorte !�

ODuque de Caxias sublimou asVirtu-desMilitares deCoragem,Abnegação,HonraMilitar , Devotamento e Bravura.

OExércitomanifestou-se oficial-mente emOrdem do Dia alusiva ao seufalecimento concluindo suas considera-ções elogiosas com esta afirmação:

�Se houve quem prestasse ser-viços excepcionais ao Brasil, foi oDuque deCaxias. Se houve quem me-nos os fizesse valer ,foi o Duque deCaxias!�

Seu último biógrafo em 1973,Paulo Matos Peixoto, em Caxias -Nume tutelar daNacionalidade (Rio,Edico, 1973) assim sintetiza omaior denossos generais:

�Pela dimensão de sua vida,pelapreciosidadedeseuexemplo,pelagran-deza de suas lições, Caxias é um gênioinspirador que paira sobre a pátria intei-ra, extrapolando os contornos de sua glo-riosa e pujante instituição- O ExércitoBrasileiro, para fazer-se credor do títulomais amplo emais proporcional à grande-za e àmultiplicidade de sua vida edificante- o de Nume tutelar da Nacionalidade.�

Estudos na Escola de Estado-Maior doExército (ECEME) em 1959 o definiram:

�Como Comandante - Chefe foi oorganizador meticuloso e previdente, es-trategista sagaz e inteligente, planejadorsóbrio e objetivo. Enfim, condutor audaz eintrépido em todas as horas de bonança ede provação.Agiu sempre comconsciênciae a visão de um grande chefe, dominandoa conjuntura nacional nos aspectos políti-co, administrativo e militar�.

Em 1972 oEstado-Maior doExército assimdefi-niu a sua projeçãohistórica:

�Caxias, LuísAlves de Lima eSilva, Barão, Conde, Marquês e Duque deCaxias, três vezes chefe doGoverno do Bra-sil, como chefe do Gabinete de Ministros, etrês vezes Ministro da Guerra, Senador 4vezes pelo Rio Grande do Sul, ConselheirodeEstadoedeGuerra .PatronodoExército .Excelsas virtudes militares, deixou ensina-mentos permanentes para a doutrina mili-tar terrestre do Brasil.�

Desde 1931 os cadetes do Exércitoportam como arma privativa o Espadim deCaxias, cópia fiel em escala do glorioso einvicto sabre de campanha de Caxias que,desde 1925, é guardado como relíquia peloInstituto Histórico e Geográfico Brasileiroa que o Duque de Caxias integrou comosócio Honorário a partir de 11 de maio de1847.

Por sua ação memorável na pacifica-ção da Revolução Farroupilha foi dado onome de seu título a mais próspera cidadecolonizada por italianos, Caxias do Sul, aolado da de Bento Gonçalves, líder farrapo,e da de Farroupilha, nome do movimentoque pacificou, e da de Garibaldi, nome deherói italiano que lutou pela causa farrapae reunificaria a Itália comauxílio da brasileiraAnita Garibaldi.

Em1odemarço de l996, aniversário dotérmino a Guerra do Paraguai e do início dasatividades de ensino na Academia Militardas Agulhas Negras (AMAN) fundamos emResende- RJ, - Cidade dos Cadetes - aAcade-mia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) que elegeu o Duque de Caxiascomo seu patrono, e seu invicto sabre comosímbolo em seu brasão, por ser a mais repre-sentativa espada do Brasil.

Em 2003, bicentenário de seu nasci-mento, sob a égide da Academia de HistóriaMilitar, da qual o Duque de Caxias é patronopublicamos a obra Caxias e a Unidade Naci-onal e foi criada por ela a Medalha do MéritoMilitar Terrestre Brasileiro nos graus deComendador, Oficial e Cavaleiro a ser conce-dida anualmente na data de seu aniversário.

NR:Observe-se que a primeira pessoa citada peloDuque, em seu Testamento,quando é feita a partilha de seus bens, é o seu criado Luiz Alves. Ele era um índiotimbira que Caxias trouxe, ainda muito jovem, do Maranhão, após pacificar aBalaiada. O então Coronel Luiz Alves (ainda não recebera o título de Barão deCaxias) o registrou com o seu próprio nome e o criou como se fosse a um filho.É um belíssimo exemplo de cristianismo e de humanismo!

Marechal Joãode Souza daFonseca Costa

"Recebo o sabre de Caxiascomo o próprio símboloda honra militar"

�Deixo ao meu amigo e companhei-ro de trabalho João de Souza da Fonseca

Costa, como sinal delembrança, todas asminhas armas, inclu-siveaespadacomquecomandei seis vezes,em campanha, e o ca-valo de minha mon-taria, com os arreiosmelhores que tiver nomomento de minhade minha morte�.

Em1930, oCel JoséPessoa, comandanteda EscolaMilitar do Realengo, copiou a espadadeCaxias, comapoiodoMinistrodaGuerraGenLeite de Castro criando, à sua semelhança, emminiatura, oEspadim de Caxias, arma privati-va dos cadetes do Exército.

�Em nome de Deus, Amém�.Eu, Luiz Alves de Lima, Duque de Caxias, achando-me com saúde emeu

perfeito juízo, ordeno o meu testamento, da maneira seguinte: sou católicoromano, tenho nesta fé vivido, e pretendo morrer.

Sounatural doRio de Janeiro, batizadona freguesia de Inhamerim; filholegítimo doMarechal Francisco deLima e Silva, e de sua legítimaMulher, donaMariana Cândida Bello de Lima, ambos já falecidos.

Fui casado a face da Igreja com a virtuosa dona Anna Luiza CarneiroViana deLima,Duquesa deCaxias, já falecida, de cujomatrimônio restamdoisfilhos que são Luiza e Anna, as quais se acham casadas; a primeira comFrancisco Nicolas Carneiro Nogueira da Gama, e a segunda, com ManoelCarneiro da Silva, as quais são as minhas legítimas herdeiras.

Declaro que nomeio meus testamenteiros, em 1º lugar, o meu genroFrancisco Nicolas, em 2º meu genro Manoel Carneiro, em 3º meu irmão eamigo, o Visconde de Tocantins, e lhes rogo que aceitem esta testamentária,da qual só darão contas no fim de dois anos.

Recomendo a estes que quero que meu enterro seja feito, sem pompaalguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho.Dispensando o estado da Casa Imperial, que se costuma a mandar aos queexercem o cargo que tenho.

Não desejo mesmo, que se façam convites pro meu enterro, porque osmeus amigos que me quizerem fazer este favor, não precisam dessa formali-dade e muito menos consintam os meus filhos que eu seja embalsamado.

Logo que eu falecer deve o meu testamenteiro fazer saber ao QuartelGeneral, e ao ministro da Guerra que dispenso as honras fúnebres que mepertencem como Marechal do Exército e que só desejo que me mandem seissoldados, escolhidos dos mais antigos, e melhor conduta, dos corpos da Guar-nição, pra pegar as argolas do meu caixão, a cada um dos quais o meu tes-tamenteiro, no fim do enterro, dará 30$000 de gratificação.

Declaro que deixo aomeu criado, LuizAlves, quatrocentosmil réis e todaa roupa do meu uso.

Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho, João de Souza daFonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive aespada com que comandei, seis vezes, em campanha, e o cavalo de minhamontaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião da minhamorte.

Deixo à minha irmã, a Baroneza de Suruhi, as minhas condecorações debrilhantes da ordem de Pedro I como sinal de lembrança e a meu irmão, oVisconde de Tocantins, meu candieiro de prata, que herdei do meu pai.

Deixo meu relógio de ouro com a competente corrente ao CapitãoSalustiano de Barros Albuquerque, também como lembrança pela lealdadecom que tem me servido como amanuense.

Deixo àminha afilhada Anna Eulália de Noronha, casada com oCapitãoNoronha, dois contos de réis. Cumpridas estas disposições, que deverão sair daminha terça, tudo o mais que possuo será repartido com as minhas duas filhasAnna e Luiza, acima declaradas.

Mais nada tenho a dispor, dou por findo o meu testamento, rogando asjustiçasdopaís,queo façamcumprirporserestaaminhaúltimavontadeescritapor mim e assinada.

Rio de Janeiro, 23 de abril de 1874 - Duque de Caxias.

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CAXIASÉAHISTÓRIADO BRASILSubsídios para palestras sobre o Duque de Caxias

* EXTRATO DE VÁRIOS TEXTOS DE DIVERSAS FONTES

O reconhecimento a Caxiastranscende as comemoraçõesde caserna e afirma-se comouma das mais caras tradições

do povo brasileiro.

Nossa história, no século passado,exibiu valoroso repertório de ho-mense feitosheróicosna intrépida

caminhada da nação brasileira, a partir desua independência, no sentido de preser-var sua grandeza.Cidadãosmodelares, dasmais diversas origens, raças, profissões ecredos se dedicaram à edificação da unida-de pátria.

Nesta retrospectivamemorávelavul-ta o nome de Luiz Alves de Lima e Silva, oDuque de Caxias, como expressão maiordaqueles inesquecíveis tempos de nossaafirmaçãopolítica.EmCaxiassublimam-seas qualidades essenciais do soldado e asvirtudesprimordiaisdocidadão.Éaprópriasobrevivência da magnitude do Impérioque se projeta em sua figura.

Apersonalidade ímpardeLuizAlvesde Lima e Silva revelou-se em todos osmomentos de sua vida. Na paz e na guerra,atravessou incólume os tempos de incerte-za, dificuldades, dissensões e injustiça.

Vitoriosoeengrandecido, jamaisen-controuguaridaemsuaalmapurade solda-do e cidadão a ambição pessoal, a ostenta-ção, a omissão, o comodismo, o tráfico deinfluência, amalversação da coisa pública,o imediatismo político e o apetite pelo po-der.

No Parlamento, no Conselho deMi-nistros ou afastado da investidura política,Caxias revelou-se um cidadão austero eíntegro, permanentemente engajado a ser-viçodaPátria,comoexemplarhomempúbli-co que demonstrou ser. Equilibrado, sere-no, desassombrado e desprendido, na fun-ção pública arrostou a incompreensão e aingratidão com dignidade, determinação e

profundo amor ao Brasil.No campo de batalha, onde se desta-

couainda jovem tenente, naguerra da inde-pendência, na Bahia, consagrou-lhe a vito-riosa estratégia e o inabalável comando.Nas lides internas de revolta e de desobedi-ência civil, promoveu a paz e a concórdia,quando a incompreensão e a dissidênciaameaçavam a integridade nacional. Nascampanhas externas, pautaram-se pelainteligência e lucidez as decisões milita-res comque se impôs aosmais aguerridosinimigos.

À guisa de restabelecer a �verdade,insurgem-se contra o respeito devido às

ilustres personagens de nossa históriafiguras mesquinhas que buscam apenaso descrédito e a infâmia para com osgrandes heróis que enobrecem a Pátria.Ao mesmo tempo tentam elevar à condi-ção de heróis assaltantes e seqüestrado-res, subversivos e outros tipos de margi-nais inimigos e traidores daNação. Trata-se de inaceitável inversão de valores, queenlameia a história pátria e sonega à nos-sa juventude os mais gloriosos episódiosdos quais devemos nos orgulhar.

O reconhecimento a Caxias trans-cende as comemorações de caserna eafirma-se como uma dasmais caras tradi-ções do povo brasileiro. Ao ensejo dasfestividades da Semana do Soldado, éoportuno, é imperativo, reavivar sua bri-lhante atuação no conflito da TrípliceAliança, alvo constante de detrações e dedesonestas interpretações.

Ao iniciar-se a guerra do Paraguai,em 1865, era consenso geral que caberiaa Caxias o comando de nosso Exército,por seu glorioso passado a serviço doBrasil. No entanto, os dirigentes do Par-tido Liberal, então no poder, por mesqui-nhosmotivos políticos, desprezaram seusméritos e sua competência. A nomeação

de Caxias, filiado ao partido conserva-dor, prejudicaria a política dos liberais;este foi o medíocre raciocínio.

Após o desastre de Curupaiti, emsetembro de 1866, impôs-se o nome deCaxias como a única solução eficaz parao grave momento vivido pelas forças daTrípliceAliança. Estagnara a campanha.Desorganizara-se a tropa. Esvaía-se adisciplina emmeio à ociosidade, à perdado espírito de corpo e à deterioração domoral. A possibilidade de uma vergo-nhosa derrota assombrava o País.

Caxiasassumeocomandodas forçasbrasileirasemnovembro.Acorrerade ime-diato ao chamado da Pátria, cujos interes-ses pairavam por sobre as mesquinhas in-trigas das disputas partidárias.

A liderança firmeeserenadeCaxiasfaz ressurgir umnovoExército, competen-te, aguerridoeprontoparaosmaioressacri-fíciosembuscadavitória final. Intensifica-sea instruçãoeosexercícios, à luzdenovosensinamentos táticos. Reorganiza-se alogística. Farda-se a tropa. Revitalizam-seos serviços.Eleva-seomoral eadisciplina.Caxias, do amanhecer ao anoitecer, super-visiona em pessoa os trabalhos diários dogrande acampamento de Tuiuti.

Em 22 de julho de 1867 iniciou-se aescalada decisiva de vitórias que culmina-ria com a queda da capital inimiga, nosprimeiros dias de janeiro de 1869.

Essadatamarcao iníciodoataquedeflanco, frutoda lúcidaestratégiadeCaxias,que permitiu derrotar as poderosas fortifi-cações de Humaitá. Os combates vitorio-sos de S. Solano,Neembuco, PotreroObella, Tayí e Estabe-lecimento,haviampre-cedido a conquista deHumaitá, em 25 de ju-lhode1868.

Oinimigoretira-ra-separaonorte, esta-belecendo-se na linhafortificada Angostura - Piquiciri - Ipoá. Oterreno,dedifícilprogressão, transformou-se em poderoso auxiliar dos inimigos, emdesesperada situação defensiva.

OgêniomilitardeCaxiasconcebeueexecutou hábil e audaciosa manobra pelo

Chaco,visandosurpreendero inimigopelaretaguarda. Comdeterminação e tenacida-de construiu-se uma estrada em curto pra-zo, antes das cheias de dezembro. Atolei-ros, lama, lodo, água pútrida, calor caus-ticante, ataques de insetos e febres nãopassam de pálida descrição das dificulda-des superadas por nossas forças.

Oinimigoduvidadoempreendimen-to ciclópico e surpreende-se quando nos-sos bravos soldados iniciam o ataque àretaguarda. Tenta impedir nossa progres-são, ocupando linhas sucessivas, sem su-cesso. A primeira resistência estabeleceu-seemItororó.Ocupandoposiçãodominan-te e vantajosa, o inimigo espera. Caxias in-veste com o grosso de suas forças, deter-minando à cavalaria de Osório que ataquepelo flanco, ultrapassando o mataréu dascabeceiras doArroio Itororó.Era odia 6dedezembrode1868.

Ocombateperdurouumaeternidade.A ponte de Itororó por seis vezes foi con-quistadaeperdida,pois a resistência inimi-ga fortalecia-sepela coragemcega inspira-dapelodesespero.Oterreno,maisumavez,interferenamanobradeOsóriopelo flanco,impedindo sua participação.

O momento é decisivo. As perdasexauremosefetivos, dizimando indistinta-mentechefese subordinados.OdescortinomilitardeCaxias inspira-lheadecisãoauda-ciosa, lançando-se pela ponte, de espadaempunho,paraacometeroinimigoeimpelir

as tropas ao assaltodecisivo que resultouna vitória.

S e g u e m - s eAvaí (11 de dezem-bro), Lomas Valen-tinas (21 a 27 de de-zembro) e a rendiçãode Angostura (30 de

dezembro), vitórias exuberantes que com-põemaCampanhadaDezembrada.Ogros-so das forças inimigas fora aniquilado.

Caxias, doente, espada invicta doImpério egêniomilitar de sua época, retor-na ao Brasil no final de janeiro de 1869.

�Caxias foi grande aosolhos de seu século:maior será aos olhosda posteridade�.

General José Pessoa Cavalcantide Albuquerque

Continua na próxima página

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Alagoas 1.041 787 792 36 2.656Amazonas 247 309 167 1 724Bahia 7.764 5.312 1.789 272 15.227Ceará 1.412 3.096 1.019 121 5.648Corte 6.234 1.851 1.186 2.196 11.467E.Santo 341 285 329 11 966Goías - 424 118 - 542Maranhão 1.509 1.787 1.083 157 4.536Mato Grosso 1.417 1.843 38 - 3.298MinasGerais 894 1.768 1.377 31 4.070Pará 1.461 1.440 861 65 3.827Paraíba 984 599 821 50 2.454Paraná 480 1.296 231 15 2.022Pernambuco 4.158 1.104 1.734 140 7.136Piauí 960 1.134 446 164 2.705RioG.Norte 542 348 419 2 1.311RioG.Sul 460 3.387 279 357 4.483RiodeJaneiro 3.358 2.315 1.751 200 7.851S.Catarina 969 264 279 25 1.537São Paulo 2.271 1.125 2.996 112 6.504Sergipe 1.099 724 391 40 2.254Total 37.828 31.198 18.186 3.981 91.218Percentual 41,5 34,2 19,9 4,4 100

EfetivoqueseguiuparaoParaguaiEfetivoProvíncia

VoluntáriosdaPátria

GuardasNacionais

VoluntárioseRecrutas

EscravosLibertos TOTAL

O Exército em operações no Sul (1865) constava de 17.607 praças e 1.826 oficiais,totalizando 19.433 homens. A este efetivo acresceu-se o contingente do quadro acima,

somando 110.651 homens que tomaram parte na Guerra da Tríplice Aliança.(Relatório do Exército de 1870)

(História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguaí � Augusto Tasso Fragoso �Biblioteca do Exército Editora � 2ª Edição � 5 volumes � Rio de Janeiro � 1956/1960)

Baixas sofridas na Guerra da Tríplice Aliança

O vitorioso comandante, entretanto, de-sembarca incógnito noRio de Janeiro. Es-perava-o apenas sua esposa.

AimagemdeCaxias, traçadanocur-to prazo de seu comando na Guerra daTrípliceAliança, refleteohomemsingular,o soldado insuperável, o chefe ímpar quetransformou a sorte da guerra, desde omomento em que pisou no acampamentode Tuiuti.

Admiração, respeito e veneraçãoconstituíram o preito constante de suasvitórias. Somente um líder humano, justo,competente e sereno poderia conquistá-loao longo de uma campanha repleta de tan-tas dificuldades e agruras, que demonstra-ram,acima detudo,a fé inquebrantáveldossoldados em seu líder.

A ressurreição do Exército, a abne-gação dos soldados em atravessar águasimundas, a coragem que levou os comba-

tentes a ignorar osperigos, nãodimanaramapenas da mera autoridade de um coman-dante mas também do carisma de um líderque conquistou pela bravura e inteligênciaa confiança e a estima de seus homens. Hápoucos chefes de tal envergadura. Caxiasera um deles.

A inconteste liderança, consagra-da no episódio de Itororó, fez-se presen-te na célebreOrdem doDia que precedeuLomasValentinas, emdezembrode1868:"O Deus dos Exércitos está conosco.Eia! Marchemos ao combate, que a vi-tória é certa, porque o general e amigoque vos guia, até hoje não foi vencido�.* Dedicado aos verdadeiros professores

de História do Brasil, que poderãosolicitar, sem qualquer custo, um

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O EME - Estado-Maior do Exército, na obra "Exército Brasileiro - PerfilMilitar de um Povo", 1972/2º Volume, cita que, de um efetivo de aproximada-mente 110 mil homens, cerca de 33 mil, morreram. O livro didático (?) Histó-

ria & Vida adotado pelo MEC, apresenta 100 mil mortos!..

Ainda não se fêz no Brasil o levanta-mento de uma História especia-líssima: a influência dos grandes

homens na vida de outros grandes homensque, por êles ajudados, puderam realizar emplenitude a sua ação patriótica. Sòmentealguns estudiosos ou aquêles que se inte-ressem mais particularmente pela vida doBarão do Rio Branco, conhecem um porme-nor de grave importância: o Patrono doExército, Duque de Caxias, foi seu patrono,também. Havia muito tempo que o entãojuvenil Paranhos pretendia o ingresso nacarreira diplomática. Dom Pedro II, porémtinha receio daquele jovem que lhe pareciasedento de mais das boas coisas da vida -como, aliás, sempre foi o Barão do RioBranco por tôda a sua existência, em que setornou um trabalhador infatigável, mas tam-bém o gastrônomo e o homem requintadoque soube ser. Só na ausência de Pedro II,sendo Regente a Princesa Isabel, foi queêle, finalmente ingressou na carreira diplo-mática, da qual, mais tarde, viria a ser osímbolo e a expressão suprema do Brasil. ODuque de Caxias, recomendando à Princesao nome de José Maria da Silva Paranhospara o pôsto de cônsul do Brasil emLiverpool, abria para o futuro Barão do RioBranco, uma perspectiva que êle no Brasiljamais teria tido, sem o seu empenho. Nosilêncio e na distância da Pátria, o cônsul doBrasil bem se dá aos estudos de História,mandando buscar na terra brasileira todosos novos livros que aparecessem e que

O DUQUE E O BARÃODinahSilveiradeQueiroz

contivessem interêsse específico para ele.Ao mesmo tempo saindo do acanhamentoda vida brasileira de então, bem se situavana condição de observador do Brasil, comoum todo, no concêrto das nações. O Duquee o Barão estão por isto indissolùvelmenteligados no destino da maior vocação diplo-mática que nossa pátria já têve. Referi-me aêsse fato - o da entrada daquele que maistarde seria o Barão doRio Branco na carreiradiplomática pela mão do Duque de Caxias,porque vejo nesse caso não apenas a His-tória. O Patrono do Exército e o Patrono denossa Diplomacia, juntos no episódio, mar-cam o entrelaçamento à feitura da unidadenacional, por homens que servindo ao país,como soldados, o servem também na busca,na escolha e na promoção de grandes no-mes, que engrandeceram e engrandecem aterra brasileira, como seus servidores civis.O Duque e o Barão são por isto hoje espe-cialmente homenageados na crônica. ODuque de Caxias, criando a possibilidadede carreira para aquele moço que o Impera-dor do Brasil achava estouvado e não que-ria nomear, apesar de ser filho de uma dasmais ilustres figuras do Império conjugou àsua glória de soldado mais esta, a de enca-minhar na Diplomacia um jovem que iriaassombrar a gente de seu tempo e que aindahoje nos assombra. O que edificou um gran-de Exército ajudou a quem iria edificar umagrande Diplomacia. (Publicado no �CorreioBraziliense� de 25 de Agosto de 1970).

*Escritora

Caxias combateu pela Independência do Brasil, pacificou oMaranhão, São Paulo,Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, comandou Exércitos em três campanhas

externas,organizouoExércitoBrasileiro;governouProvínciaseopróprioBrasil, postoque foi Presidente do Conselho de Ministros, por três vezes...

Não apenas por tudo isso, ele foi o vulto mais exponencial do II Império,chamando-lhe os apologistas, justa e merecidamente, de �O Duque de Ferro�,�OCondestável do Império� e �OPacificador�.

�A verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadorados princípios da humanidade�. Caxias, 1851, Campanha do Uruguai.

�Sigam-me os que forem brasileiros!� Caxias, 1868, em Itororó.

A OBRA

20Nº 230 - Agosto/2016

O SOLDADO BRASILEIRO

Em um trabalho interessantíssimo so-bre a História Militar do Brasil,agora aparecido em volume, o ca-

pitão Genserico de Vasconcelos, estu-dando, com a paciência que lhe é pecu-liar, e com o brilho já patenteado empesquisas anteriores, as campanhas noEstado Oriental, traz à luz documentoscuriosos e significativos, que demons-tram à evidência, para admiração alheia eorgulho nosso, o que já eram, naqueletempo, a honestidade dos nossos solda-dos e a cultura moral dos nossos generais.

A marcha do Exército brasileiro, nãosó em território inimigo comomesmoaquémdas fronteiras do Império, era, explica-o ocapitão Genserico, difícil e penosa. O terre-no era péssimo e faltava tudo. Os gênerosde que a expedição precisa-va eram conduzidos na re-taguarda, e, se havia algu-macoisaacomprar,eracom-prada a dinheiro. Não obs-tante essa penúria das fôr-ças em viagem, a proprieda-de privada era sagrada. E,como prova, transcreve oilustre historiador militarestaOrdemdoDiadeCaxias,ao pisar, a 4 de setembro de1851, o território do EstadoOriental:

�Soldados! Ides combater a par debravos e amestrados nos combates; êssesbravos são nossos amigos, são nossos ir-mãos em armas. A mais perfeita e frater-nal união deveis, pois, com êles manter�.

E após outras recomendaçõesmilitares:

�A propriedade de quem quer queseja, nacional ou estrangeiro, é sagrada einviolável; e deve ser tão religiosamenterespeitada, pelo soldadodoexército impe-rial, como sua própria honra. O que pordesgraça a violar, será considerado indig-no de pertencer às fileiras do Exército,assassino da honra e reputação nacional,e como tal severa, inexoràvelmente puni-do!�

E o historiador acentua, concretizan-do a prática dessas recomendações rigoro-sas: �A sanção contra poucos casos deviolação da propriedade alheia não se faziaesperar. A Ordem do Dia n.º 22 isso de-monstra�. E copia: �Tendo chegado ao co-nhecimento de S. Ex. o Sr. general Condede Caxias, que apesar de suas reiteradasordens, de todos os seus esforços paramanter ilesa a reputação e dignidade doExército de operações a seu mando , fôradesrespeitado o direito de propriedade deMaria Mendes, carneando-lhe duas resesmansas e destruindo-se-lhe um arcado oucurral;danosqueforamporS. Ex.repara-dos com mão larga, procurando dessaarte atenuar a desfavorável idéia queordinàriamente se faz da civilização, mo-ral e disciplina doExército que assimpro-

*Humberto de Camposcede, enada tendoS.Ex. tantoapeitocomopôr têrmo a tão revoltante e criminosoprocedimento:mandafazerpúblicoaoExér-cito que será gratificado com dez onças deouro, todo aquêle que apreender em fla-grante, ounoticiar comasprecisas provas,os perpetradores de tais atentados�.

A obediência a essas prescrições deCaxias tornou-se absoluta. Faminto, rôto,necessitado, o soldado brasileiro não seapoderava, sequer, daquilo que, porventura,descobria no chão, pelo caminho. Três obs-curos soldados de 7º Batalhão encontraram,nessa ocasião, quando em marcha, a quan-tia de cento e vinte mil réis. E foi unânime,entre êles, o gesto de honradez: à primeiraordem de fazer alto, procuraram o coman-dante, e entregaram-lhe o dinheiro!

A moralidade do Exército brasileiroera, em suma, tão patente, que o Estado-Maior argentino assim a assinalou, por essaépoca, em uma monografia oficial:

�Los brasileños llevaron la apli-cación de esos principios de moralidadmilitar, hasta la escrupulosidad, como lodemuestra una orden general lanzada, el25 de Septiembre de 1851, desde el cuartelgeneral de Puntas del Tambor, por elgeneralísimo Caxias, en que promete unagratificación de diez onzas de oro à quiensuministre datos sobre la identidad deunos soldados rezagados que habíancarneado dos reses ajenas, disponiendoademás que el tesorero de ejército aboneinmediatamente a la propietaria de losanimales muertos, el correspondienteresarcimiento�.

�Asimismo, en otra orden de fechaposterior, les rinde un merecido tributo desatisfacción, à tres soldados del batallon 7de infantería, quienes habiendo halladopor el camino, una cantidad de dinerorelativamente crecida, se apresuraron àentregarla à sus oficiales�.

Faltassem ao soldado brasileiro osatributos da coragem, da bravura, doheroísmo,que jamais lhe faltaram,eêle seriadigno da admiração do mundo, marchandona vanguarda de todos os Exércitos da terrapor esse passado de disciplina, de honesti-dade, de honradez.

* EscritorTranscrito de seu livro de crônicas

"Fatos e Feitos" (1920)

Artilharia a Cavalo - 1865/1872

Numa afidalgada vivenda da Tijuca,alcandorada na fralda daMontanha, nofimdaruaItacurussá,fomosouvir, numa

tarde chuvosa de Setembro, o Coronel José deLimaCarneiro da Silva, neto deCaxias, o unicosobrevivente da estirpe dos Lima e Silva.

Apesar dos seus 83 janeiros, ele próprio,risonho e lépido, tendo no olhar azul a alegriareveladoradeumaperfeita saude, recebe-nosnopatamar da vivenda, erguida entre renquesfarfalhantes de palmeiras imperiais, fortementeaçoitadas pela chuva impertinente que caía.

Um fidalgo perfeito e nesse fidalgo deautênticalinhagem,omaissimples,omaisamavel,omaisdemocráticodosbrasileiros,conversandocomo�reporter�,comaquelasimpaticaecordealcamaradagemdosvelhossoldadosqueumdia,nalareira, recordassem juntos, trechosdistantes davida da caserna e de passadas campanhas.

Dir-se-ia que o neto deCaxias se avocou o papel de jorna-lista e, loquaz e prodigioso de me-mória, sabatinasseo reporter sobrea vida amplamente conhecida eesmiuçada de seu avô, o grandeCondestavel do Brasil.

Na confortavel sala de estarda residênciasenhorial,nãodepoisdeumasabo-rosa taça de café, hábito de antigas tradições dacasa-grande e do sobrado, que, intangivel, atéhoje se conserva na hospitalidade brasileira, oCoronel José deLima, vai recapitulando, no co-loridovivode suapalestra, avidaeoshábitosdonosso Duque.

Ecomquesaudadeelenosfaladafazendade Quissamã, no município de Macaé, ondejovem aluno da Escola Central de Engenharia,acompanhava o seu avô nas manhãs claras deestío, em longas cavalgadas pelos arredores.

Recapitula episódiose fala e fala sempre,arrebatado pelo sabor das reminicências distan-tes:

-QuandoomeuavôveiudoParaguai, foidescançar em Quissamã, hoje fazenda daMachadinha, onde vivo desde então. Trouxe doSul, três velhos cavalos, suas montadas preferi-das que estavam entregues aos cuidados dosargentoLiberato, seubagageiro fiel.

�Moleque�,�Douradilho�e�Aedo�,cha-mavam-se a suas montadas

�Aedo�queeraumlindotordilhofoi,peloDuque, presenteado ao Marquês da Gávea, seuprimo irmão.

�Moleque� morreu e foi enterrado nafazenda. Amortede�Moleque�sedeuporcausadeumcolonoda fazendaquezeloso,paraprepa-rarparaopasseiomatinal amontadaprediletadeDuque, deu-lhe um banho de querozene.

Isso causou-lhe a morte que muito abor-receu o Duque. O velho Marechal, depois deassistiroenterramentodasuamontadapredileta,passou o dia inteiro, aborrecido, triste e falandosempre no �Moleque�.

Entretanto, não deixouque o colono cau-sadordo incidente fossecastigadoouexpulsodaFazenda, como quiseram fazer. Apenas, repre-endeu-o severamentedando-lheconselhosobrea maneira e a arte de limpeza de montarias.

�Douradilho� ficou, então, sendo amon-tadaexclusiva.

O Duque, após o passamento da Duque-sa, jamais tirou o luto. Mesmo em casa, naintimidade do lar, na sua residência doEngenho

CAXIAS ,VISTOPELO SEU NETOUma entrevista de �Nação Armada�

Velho,naCorteounasfazendasdeSantaMonicae na de Quissamã, propriedades das suas filhas,envergavasempresobre-casaca.

Era,entretantoalegreesealimentavabem,preferindo à mesa, pratos da culinária gaucha.Apesar de fluminense, o Rio Grande do Sul eraa sua menina dos olhos.

A toda hora, falava das suas cousas, dosseushomense tinhamesmo,umcertosotaquederiograndense do sul.

Amúsica encantava-o.Sua comadre, D.Maria José de Siqueira,

casada com o veador do Paço, José de Siqueira,seu grande amigo, tocava constantemente à seupedido, no piano de cauda da sua residência noEngenhoVelho,mazurcasevalsasqueeleouviaem silêncio, fumando grandes e perfumadoscharutos.ODuqueerauminveteradofumantede

charutos, consumindo váriospor dia.

Gostava o Duque de ca-çoar comigo, chamando-me,constantemente, de sacristão.De fato, quando menino de 13para 14 anos, ajudava asmissasque eram resadas, aos domin-

gos, na capelinha da Fazenda, por um fradefranciscano, capelão doMarechal.

E, de reminicências em reminicências, oCel José deLimavai, como se numcosmorama,passando em revista a vida intima de Caxias,aindagravadanasuamemória fieleprevilegiadadeancião.

-Olhe,meuamigo, tenhonaminhafazen-da, muitas relíquias, cartas, objetos do uso pes-soal do meu avô.

Vivohoje,dessasreminicênciasedoorgu-lho de ver que o Exército do Brasil, sob o cultodeCaxias, seergue,cadavezmais, fortalecendo-se, aperfeiçoando-se para nunca desmerecer doPassadoedo seuantigo chefe, hoje seu supremoPatrono.

A-pesar-de toda a minha vida ter-me de-dicado ao labor da gleba onde nasci, tenho pelacarreira das armas o mais profundo fervor.

Só não ingressei na carreira das armas,porqueargumentaramjáexistiremvários solda-dos na família.

Resignei-me e estudei engenharia, cujocurso interrompi pouco tempo depois.

Mas,narevoluçãode93,quandoFlorianonecessitavade todososbrasileiros para a conso-lidaçãodoRegime,eis-mesoldado-alistando-meemMacaé, num batalhão patriótico. Deram-meo posto de tenente.

Diziam os amigos antigos, então, ao vêr-megarboso,deespadaàcinta,queeumepareciamuito com o meu avô. E eu sentia um grandeorgulho com isso.

Confesso que tenho uma certa saudadedaquelafarda,daquelesmeustemposdesoldado,e, sobretudo, da aludida semelhança física.

Todoo ano, passo a semanadaPátria quevemse realizandoháalgumtempo,aqui,noRio,entreparentes, amigosassistindoàs solenidadescívico-militares.

Volto para Macaé, com o coração trans-bordandodealegriaeconfiante,cadavezmais,nofuturo da minha Pátria e na justiça dos seushomens, do seu Exército, ao qual estou ligadopelosangueepelaglóriadosmeusantepassados.(Publicado em NAÇÃO ARMADA - nº 23 - Outubro de 1941)

O Duque, a não ser em atosoficiais, jamais se assinavacom o título que possuía.A sua assinatura familiar

era a seguinte:- Luiz Alves de Lima.

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21Nº 230 - Agosto/2016

Se tivesse que eleger um patrono para adefesa ou a exaltação da anistia, ficaria

indeciso entre dois nomes, que me pareciamrecomendados para essa função gloriosa, ode Rui Barbosa e o do Duque de Caxias. RuiBarbosa com os seus trabalhos jurídicos ea sua atuação de advogado. O Duque de Ca-xias pelos exemplos que nos legou. E acaba-ria optando pelo militar, que, antes dasbatalhas, fazia da promessa da anistia umelemento de pacificação.

Foi assim no Maranhão com a insur-reição dos balaios, em São Paulo e MinasGerais, com as revoltas de 1842, foi assimtambém no Rio Grande do Sul, com a Revo-lução Farroupilha. É óbvio que se não podiafalar em anistia na guerra do Paraguai, quan-do os adversários estavam sob a jurisdiçãode outro governo. Mas sempre que se pu-desse invocar a presença da fraternidade,numa luta entre irmãos, ocasionalmente de-savindos, Luís Alves de Lima, o futuro Du-que de Caxias, soube dar prioridade às pro-messas e à segurança da anistia, com umaconstância exemplar, com que se construí-ram algumas das páginas de nossa históriapolítica.

Verdade que seus exemplos nem sem-pre forram seguidos e houve um momentoem que se esqueceu que se tratava de umadivergência entre brasileiros, para que o

O PATRONO DAANISTIA * Barbosa Lima Sobrinho

adversário se transformasse num inimigosem quartel. Tinha-se até a impressão deque a fraternidade abria margem a ódios semexplicação, quando se multiplicaram as vi-úvas de maridos vivos e se instalaram salasde torturas, e apareceu, pela primeira vez noBrasil, a coluna dos desaparecidos. Quepoderia pensar de tudo isso Luís Alves deLima, que fizera da anistia uma das forçasmais eficientes na pacificação dos balaiosdo Maranhão, e de convencimento dos li-berais de São Paulo e de Minas Gerais, oudos intrépidos guerreiros da República doPiratini, no Rio Grande do Sul?

No Maranhão, não obstanteos excessos praticados, prova-velmente de parte a parte, numaluta implacável, Caxias retar-dara a ação decisiva à esperade que lhe chegasse às mãos,a autorização para assegurar aanistia aos combatentes quedepusessem as armas. Leio,num de seus melhores biógra-fos, Paulo Matos Peixoto, queele fizera chegar ao conheci-mento de todos, as garantiasreclamadas. Até mesmo no ar-dor da peleja, exigia tratamentohumano para os vencidos e ostratava com tolerância, embora sob rigornecessário que as circunstâncias impuses-sem. Cessado o combate, como uma dasalternativas a que ele nunca deixara de re-correr, desde que depostas as armas, co-mo demonstração de submissão. E, me-lhor do que tudo, muitos desses comba-tentes, que o desejassem, eram incorpo-rados à tropa de Caxias, que ele próprioclassificava como legais, pois que, naverdade, nunca se rebelara contra o regi-me político que jurara defender, nem in-vocara o vocábulo de subversivo contraos que defendiam a ordem constituída.Ainda hoje, a fidelidade a esses juramen-tos, como a estrita obediência aos regu-lamentos disciplinares, continuam sob obatismo do nome de Caxias. O que nãoimpede que sejam, em determinados mo-mentos, esquecidos ou desprezados pe-los que, apesar de tudo, continuam a res-peitar e a venerar os exemplos gloriosos dopatrono do Exército Nacional.

A conduta no Maranhão se repetiuem São Paulo, como também no Rio Grandedo Sul, acrescentadas de uma característicaque nunca o abandonou, a de separar che-fes e comandados. Os chefes para a puni-

ção prescrita nas leis em vigor. Não hesitavaCaxias em incorporar às suas tropas oscomandados vencidos e que assim o dese-jassem.

�Faço saber�, dizia Caxias, num deseus comunicados: �Faço saber a todos oscomandados, exceto os chefes, que por-ventura tenham tomado parte na revoltadesta província, por sugestão desses ambi-ciosos do mundo, que abusaram da boa-fédos habitantes pacíficos desta cidade, eseus contornos, que se no espaço de dezdias, contados da publicação desta, se me

apresentarem, trazendo as armas quelhes foram dadas pelos referidoschefes da revolta, poderão vol-tar às sua habitações e con-tinuar sua vida doméstica;porém, os que assim nãoobrarem, sendo presos, se-rão remetidos para a capitalda província, onde, entran-do em processo, serão pu-nidos com o rigor das leis�.Como se vê, anistia antesdos combates. Não demoroua anistia aos chefes revolto-sos. Caxias fazia questão deesclarecer que o rigor era dalei, não dele.

Mesmo com os chefes, não ficavamsujeitos à tortura, muito menos ao desa-parecimento. Não me parece haver exem-plo, nos 57 anos de duração do regimemonárquico, de defensores da ordem le-gal serem punidos como subversivos.Como que se deixava para a fase republi-cana a prática dessa anomalia, para hor-ror dos lexicógrafos.

Mesmo com os chefes, não se falta-va, naquele tempo, às leis de humanida-de. Logo depois do combate de Santa Lu-zia, em que foram vencidos e esmagadosos revoltosos do Partido Liberal, quandoCaxias foi informado de que os vencidosvinham caminhando dois a dois, acor-rentados e algemados, tomou medidasimediatas para que lhes tirassem as alge-mas e lhes dessem cavalos, no percurso queos devia conduzir a Ouro Preto. E entre osacorrentados vinham altas figuras damonarquia, à frente de todos, uma das gló-rias do liberalismo brasileiro: Teófilo Otoni.

Hoje, acontece exatamente o contrá-rio, os chefes são anistiados, como aconte-ceu com os oficiais considerados subversi-vos da Marinha brasileira e os marinheirosesmagados por uma portaria que considera-

va administrativo um ato essencialmentepolítico, como eram políticas as razões deexclusão dos marinheiros punidos. Não seráa anistia devida a todos os que foram cas-tigados por atos de natureza política, embo-ra seja difícil considerar subversão a obedi-ência às ordens dos oficiais que os coman-davam, e que já foram beneficiados com aanistia, como continuam punidos os que, naNova República, que tanto se parece com aAntiga, os que se utilizaram do direito degreve, por sinal consagrado na Constitui-ção em andamento.

Não será o caso de invocar o Duquede Caxias, Patrono da Anistia, para quevolte a imperar, no Brasil, os exemplos queele nos deixou, impregnados de tolerância,não raro de magnanimidade? Ou simples-mente o justiceiro, em face da anistia dosoficiais que comandavam esses marinhei-ros que continuam punidos e mais do queisso, considerados mortos e privados, porisso, dos direitos de cidadania.

N.R.: Tal matéria se tornou antológica em face do título de �Patrono daAnistia�, que o ilustre e saudoso acadêmico conferiu ao Duque de Caxias.

Não concordamos, entretanto, com algumas considerações de cunho es-querdista, da parte do autor, contidas em sua bela apologia, escrita em 1988, aoPatrono do Exército, hoje também, �Patrono da Anistia�.

*Jornalista, Advogado, Escritor e Historiador,foi membro da Academia Brasileira de Letras.

(artigo publicado no �Jornal do Brasil�, RJ, de 22 de maio de 1988)

Se tivesse que eleger um patrono para a defesa ou a exaltação da anistia, ficaria indeciso entre dois nomes, que me pareciamrecomendados para essa função gloriosa, o de Rui Barbosa e o do Duque de Caxias. Rui Barbosa com os seus trabalhos jurídicose sua atuação de advogado. O Duque de Caxias pelos exemplos que nos legou. E acabaria optando pelo militar que, antes das

batalhas, fazia da promessa de anistia um elemento de pacificação.

Julho/Agosto - 1944

�Salve, Duque glorioso e sagrado.Ó Caxias, invicto e gentil!

Salve, flor de estadista e soldado.Salve, herói militar do Brasil!�

Nos versos acabados de ler, tradu-zimos a nossa mais respeitosa saudaçãoao Exército Brasileiro e ao Soldado deontem, de hoje e do amanhã, guardiãesperenes de um Brasil eterno.

DO

Pantheon

Brasão de Armasde Caxias

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22Nº 230 - Agosto/2016

Em plenoterritório

inimigo, as tro-pas brasileiras precisam de atravessar umapequena ponte de apenas três metros, for-temente defendida pelos bravos soldadosparaguaios. É a ponte de Itororó. Os brasi-leiros lutam corpo a corpo, a pé e a cavalo.Avançam, recuam, tornam a avançar etornam a recuar. Contra eles, com 12 ca-nhões, a artilharia inimiga, favorecida pelaconfiguração topográfica do terreno, dis-param sem cessar. O barulho é ensurde-cedor. Os uniformes se frangalham, san-gue respinga de todos os lados, corpos dehomens e de cavalos, abatidos, mistu-ram-se e atapetam o solo.

Eis que de repente, espalham-seentre os brasileiros notícias de que o co-ronel Fernando Machado consegue atra-vessar a ponte mas é morto; de que Gurjãotambém consegue cruzar a ponte mas égravemente ferido; e de que o generalArgôlo, da mesma forma, também é atin-gido. Os soldados se desnorteiam! Vaci-lam. A debanda parece iminente.

Com toda asua experiência, ovelhoMarechal per-cebe que a situaçãoé gravíssima. É ne-cessário agir rapida-mente. Em seu cava-lo,Caxiastomaafren-te de seu Exército,desembaínha a es-padae,emvozfirme,brada: �Sigam-meos que forem brasi-leiros�.

S e g u n d oAffonso de Carva-lho, em sua obra�Caxias�, �...todaaquela massa quehá pouco amolece-ra e se desfibrarasob a ação do pânico, readquire de súbitosua vitalidade e poder combativo... E, se-gundo Dionísio Cerqueira, �...houve quemvisse moribundos, quando ele passou, er-guerem-se brandindo espadas ou carabi-nas para caírem mortos adiante...�

Caxias atravessa a ponte de Itororó.O velho Marechal nunca perdera qualquerbatalha e jamais fugira. Os paraguaios fo-gem a galope mas deixam, no campo delutas, 400mortos. Do lado brasileiro, 2.416homens são postos fora de combate emapenas um dia. Recorda-se de que naFEB, na Segunda Guerra Mundial, em 239dias o Brasil teve 451 mortos e 1.577 fe-ridos.

Transposta a ponte de Itororó, oMarquês não vai parar. Na guerra, umadas características marcantes de Caxias é

SIGAM-ME OS QUE FOREM BRASILEIROS!

*OlavoNogueiraDell'Isola

estudar minuciosamente a situação, pla-nejar, preparar-se para tudo, mesmo quegaste muito tempo, e partir. Depois queparte, não pára mais, até que alcance avitória final. Cinco dias depois de Ito-roró, o velho Marechal já participa dasangrenta batalha de Avaí, onde mui-tos soldados brasileiros, já descalços,andrajosos e quase famintos, lutam bra-vamente durante sete horas . ApósAvaí, Lomas Valentinas, e, finalmente,Assunção.

Caxias chega à capital paraguaiaem 5 de janeiro de 1869. Assunção estádeserta. Incapaz de conter as tropas bra-sileiras, Solano Lopez, que vinha recuan-do sempre, desloca-se para as Cordilhei-ras. Para Caxias, a última batalha estáganha, a guerra está vencida, e não há ne-cessidade de perseguição a Solano Lopez.Em Assunção, seu primeiro cuidado étomar, de imediato, medidas que preser-vem a ordem e façam respeitar a proprie-dade alheia, em respeito aos vencidos.Não podem proceder notícias de queCaxias tenha, em qualquer época, tratado

com desrespeito oucrueldade as tropasderrotadas.

A guerra con-tra o Paraguai poderiater sido vencida, comtoda a certeza, com,pelo menos, um anode antecedência, seCaxias tivesse sidodesde logo nomeadoPresidente da Provín-cia do Rio Grande eComandan t e - em-ChefedoExércitoBra-sileiro, como ele pró-prio esperava e dese-java, e como convi-nha ao Brasil. Porquestões políticas no-civas aos mais eleva-

dos interesses da Nação, o velho Marechalsomente é nomeado em 10 de outubro de1866, quando os resultados obtidos pelastropas brasileiras, na guerra, não satisfazi-am à opinião pública.

Em 7 de maio de 1880, o Marechal doExército, Luiz Alves de Lima e Silva, aos 76anos de idade e com o título de Duque, vema falecer. Caxias, que nascera no Rio deJaneiro em 25 de agosto de 1803, que tiveraseu batismo de fogo como tenente aos 20anos quando, de baioneta na mão, lutaracontra os portugueses em Salvador, queentrara triunfalmente em Assunção comomarechal de Exército aos 66 anos, dedicoutoda sua vida à Pátria e da Pátria nunca nadaexigiu. Toda a vida de Caxias constitui omais puro exemplo de sadio patriotismo.

Até hoje, mais de 100 anos após a sua

morte, toda pessoa séria, que nas es-colas não se utiliza de meios ilícitos,que jamais falta com a verdade, quenão suborna e nem se deixa subornar,que não corrompe e nem se deixa cor-romper, enfim, toda pessoa extrema-mente correta, no Brasil é chamado de�Caxias�.

O general dos generais é opatrono do Exército. Contudo, poderiaser, também, com todos os méritos, opatrono das Forças Armadas.

O povo brasileiro já distinguiuCaxias de todas as formas. Em quasetodas as cidades do Brasil, existemruas, avenidas, praças e escolas com onome de Caxias. Ainda está faltando umgrandiosos filme nacional, com o patro-cínio de grandes órgãos públicos ouprivados, com a participação de direto-res e atores sérios e talentosos, que divul-gue, par todas as gerações, presentes evindouras, a vida exemplar do excepcio-

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Seis de dezembro de 1868. O veterano Marechal do Exército, Luiz Alvesde Lima e Silva, o Marquês de Caxias, está com 65 anos de idade e 50anos de efetivo serviço. Hoje, de novo, Caxias vai lutar, a cavalo, espada

desembainhada, à frente de seus soldados.

nal militar brasileiro.O brado de Caxias em Itororó, certa-

mente, ainda é capaz, hoje, de fazer brasilei-ros �...readquirirem sua vitalidade e o podercombativo...�e, se moribundos, �...ergue-rem-se brandindo espadas...�

* Coronel aviador ReformadoPublicado no Estado de Minas de 25/08/95

22

23Nº 230 - Agosto/2016

Entre os amigos íntimos de Caxias,figurou o bizarro conde de PortoAlegre - uma das mais altas expres-

sões do heroísmo nacional e que foi, comojá tive ocasião de acentuar, o estilizador dabravura riograndense.

Por nímia gentileza de meu diletoamigo dr Castilhos de Goycochea, conhe-ço grande parte da correspondência íntimado intrépido vencedor de Itororó com ogalhardo e glorioso chefe brasileiro na se-gunda batalha de Tuiuti.

Essa correspondência é elemento pre-cioso para o estudo da psicologia do nossomaior homem de guerra.

É um encanto ver-se na intimidade,sorrindo, bem humorado, chistoso até, ogrande general, sempre visto e apresenta-do, na maior gravidade, oficialmente preo-cupado com as cousas da guerra, em todasas minúcias ou tratando dos problemasnacionais que interessavam à vida do país,nos altos postos da administração pública,que mais de uma vez lhe foram providenci-almente confiados.

Como recompensa de excepcionaisserviços prestados no Maranhão foi LuizAlves de Lima e Silva promovido a briga-deiro e agraciado com o título nobiliárquicode barão de Caxias.

Manoel Marques de Souza, o 3º des-se nome e progênie ilustre, era amigo eíntimo de Luiz Alves de Lima e Silva, desdea infância de ambos. Tinham quasi a mesmaidade. Caxias era apenas dez meses maisvelho que Porto Alegre. Este felicitou aonovo barão por aquelas duas altas e mere-cidas distinções, mas o fez em tom cerimo-nioso.

Caxias sentiu-se com este tratamen-to e assim manifestou sua impressão moral,em cartade3dedezembrode1841,aoamigoprezado e íntimo:

�De volta de minha fazenda, ondeme demorei mais de dois meses, recebi umacarta tua, de 8 de novembro, em que metratas com toda a gravidade devida a umBarão e Brigadeiro, porém não a umamigo velho e camarada um pouco maisfeliz na sua carreira do que tu�.

Quanta nobreza e finura encerraCaxias nesse modo de justificar o seuadeantamento na hierarquia, ascendendo

CAXIAS E PORTO ALEGRECinco minutos na intimidade de dois grandes generais

Cel SouzaDoccadois postos acima do de seu antigo colegae grande amigo.

Eram ambos alferes de 1818, sendoPorto Alegre de junho, por distinção emcombate, e Caxias de outubro, quando ain-da aluno da Academia Militar da Corte.

Referindo-se à permanência de Mar-ques de Souza no posto de tenente-coroneldisse o missivista: �Se tu tivesses ido comi-go para o Maranhão, jáestavas farto de ser coro-nel e ainda vinhas muito atempo de continuar nessaenfadonha luta�.

Revelam estes ter-mos que o pacificador doMaranhão convidara Mar-ques de Souza para seuauxiliar naquela Provínciae que o futuro conde dePorto Alegre preferiu con-tinuar servindo ao Impé-rio em sua Província natal.

O calor da luta, in-flamava sua alma de sol-dado; o resgate da Provín-cia, então desligada doImpério, preocupava seucoração de brasileiro; apacificação falava aosseus sentimentos defraternidade - tudo issoestava a dizer-lhe, a todomomento, que seu lugarera ali e ali ficou, emborachumbado ao posto detenente-coronel.

Foi isso o que disse Caxias ao julgar-se apenas mais feliz que seu amigo, queren-do, desse modo, modestamente ou entãosalientando o valor do outro, atribuir suaspromoções e triunfos a melhores fados,quando eram, na realidade, frutos de seustalentos militares, de sua grande inteligên-cia e de sua notável capacidade psicológi-ca.

Quem estudar atentamente a grandevida do grande duque de Caxias, ha deverificar que os seus triunfos ele não osconseguiu pela fortuna, como candidamen-te muitos afirmam, crendo cegamente nessadeusa cega - mas, sim, pelas suas notáveisvirtudes e qualidades excelsas, entre as

quais sobressaia sua capacidade psicológi-ca e esta capacidade, sabemos todos, é umdos atributos essenciais para todas as gran-des realizações, em todos os ramos da ativi-dade humana.

Ainda na carta citada dizia Caxias aMarques de Souza, magoado pelo trata-mento cerimonioso: �Eu sou o mesmo LuisAlves e cada vez mais amigo dos meus

amigos e, conquantonão despreze em nadaas honras com que S. M.I. me quiz agraciar, comtudo não me enfatuocom elas�.

Era a nobreza deuma grande alma, era adignidade humana quefalava, fiel ao culto daamizade e orgulhecidapelas honrosas distin-çõesqueaPátria lhecon-ferira.

Diz ainda alí o fu-turo Duque ao futuroConde: �Muitos para-bens pela tua novacomenda e estou certoque antes querias maisum galãozinho para amanga ou a faculdadede poderes usar aque-las dragonas de fanta-sia, que mandaste fazerna Bélgica, quando láestiveste".

O tenente gene-ral conde de Porto Alegre foi o grande lida-dor do grande uniforme.

É crível, pois, que vendo o generalato,que certamente lhe dourava os sonhos desoldado, a dourar-lhes os punhos de valen-te e a gola de sua farda brilhante, adquiriu naBélgica, quando lá esteve em 1837, tratandode sua saúde seriamente abalada aquelasdragonas de fantasia e que eram, sem dúvi-da, de general e, talvez, as que ostentou,

num luxo de bravura, na segunda batalha deTuiuti, a 3 de novembro de 1867.

De sua presença nesse feito bélico dizuma testemunha ocular: �Jamais generalem chefe algum teve comportamento maisalto. Trajando seu grande uniforme detenente general, espada na mão, comba-tendo aos 63 anos de idade como o moçomais vigoroso e com a voz e o exemploanimando suas tropas, sem exageração sepode dizer que foi ele quem salvou Tuiuti�.

Foi a esse grande espírito, a essa almacheia de civismo muito alto e de bravuraexemplar, aquem o maior homem de guerrado Brasil, em íntima missiva, rendeu as ho-menagens de sua nobre e nobilitante amiza-de e de sua alta e justa admiração.

A essamesma individualidade,Caxiashavia depois de recorrer, tantas vezes, comoamigo e como chefe, encontrando sempreum companheiro de glórias.

Assim irmanados pela amizade e vin-culados pelo amor ao Brasil, que tanto en-grandeceram, nos legaram um patrimônioopulento de glórias e rico de ensinamentos,que nos cumpre zelar com alma e coração.

Escrevendo aqui e, desse modo,reverenciando o nome excelso de LuizAlves de Lima e Silva, com a divulgaçãode fatos de sua vida íntima com ManoelMarques de Souza, é de se observar queesses dois grandes homens e eminentesgenerais, foram cidadãos exemplares,porque souberam ver, sentir e colocar aPátria acima de todas as paixões, domi-nando os impulsos, por vezes, suspica-zes, do partidarismo.

Ambos militavam na política parti-dária - Caxias era figura proeminenteentre os conservadores e Porto Alegre umdos chefes dos liberais - mas, nos grandestranses, da nacionalidade foram sempre,exclusivamente, brasileiros, sob uma úni-ca bandeira - a Bandeira sagrada da Pá-tria.

(Publicado em "Nação Armada",nº 7 de junho/1940)

Estátua do Conde na Praça Conde dePorto Alegre (antiga Praça doPortão), emPortoAlegre

NR: Manoel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre, foi Ministroda Guerra, em 1862/1863, precedido por Luís Alves de Lima e Silva esucedido pelo General Polidoro da Fonseca. O 8º Regimento de CavalariaMecanizado, sediado em Uruguaiana/RS, tem a denominação histórica deRegimento Conde de Porto Alegre.

Companheiro e amigo.Voltei,hoje,dacidade,comaintençãode

o ir ver, porém o meu cocheiro me disse, emcaminho, queV.Exa. estava na rua doOuvidor,porque tinha visto o seu carro.

Que me diz da questão inglesa? Não sepode ser súdito de nação fraca. Não é assim?Como não estará o nosso pobre imperador? OquefaráoMinistério?Sesabemaisalgumacoisado que aquilo que estava no domínio público,diga,queestouaflito,apesardeestardefora.Nãovou hoje a S. Cristóvão, para não se julgar que é

CARTA DE CAXIAS A PARANHOS (Visconde do Rio Branco)

curiosidadedemais,masamanhãheide ir.Tenhovontade de quebrar a minha espada quando nãomepode servir para desafrontar omeu país deum insulto tão atroz. Sofreram estes bêbados,que lhes tirassem os americanos do Norte,dois passageiros do seu paquete, e deram-sepor contentes com o procedimento indecoro-so, que tiveram na Criméia, e conosco é quequeremmostrar valentia, sem terem a razão desua parte! V. Exa. ten notícia da resposta quedeu o Abrantes? Dizem-me que foi digna, ecomedida, mas que não foi no prazo marcado

pelo Christie.Oque souber diga-me, pois estoumuito

aflito. Disseram-me, na cidade, que o almiranteinglês teveaprincípiooplanode tomarasnossasFortalezas,mas que depoismudou para o de darcaça aos navios brasileiros e tomá-los. Que tra-tantes! Atento e abrigado.

Seu amigo e companheiroM. de Caxias

(entre os dias 18 e 30 de dezembro de 1862)

NR: Referente à Questão Christie

Meu bem. Esta é escrita às onze horasda noite em uma barraca de palha em queestou morando, e sobe agora mesmo umcorreio para a capital só para levar esta cartaa tempo de sair no barco, tal é o cuidado queme dás e o amor que te tenho que, cheio detrabalhos, me não esqueço de ti.Dáumbeijonosmeusanjinhosesaudades

a todos de casa. Sou só teu, Luís.Acampamento de Vargem Grande no

Maranhão, 10/08/1840

CARTASDECAXIAS A ANICAS

23

Luiza de Loreto

Luiz Alves Júnior

A vida do Duque de Caxias foi, sempre,um exemplo constante de retidão e

nobreza, padrão de senso e equilíbrio, deenergia e espírito humano. Toda a sua vidatranscorreu na luta, no viver das Armas, napaz e na guerra, e sempre um passar eminen-temente cristão. No turbilhonar dos tumul-tos jamais perdeu a serenidade, faceta bri-lhante dessa existência agitada, contudosempre marcada pelo toque ameno do amorintenso que dedicou à esposa, a sua Ani-nha, a companheira muito amada, com quemse ligara, pelas bênçãos do altar, a 6 de ja-neiro de 1833, e que veio a deixá-lo a 23 demarço de 1874, após 41 anos de enlace felize exemplar sob todos os aspectos.

O campo da luta era-lhe uma cons-tante, mas o Lar, onde estivesse, na pelejaem que se batia, estava sempre presente nasua alma devotada à esposa e filhos. Filhose esposa; esposa e filhos, eis o mundo emque as grandes almas se geram, crescem eagigantam-se, porque esse viver será sem-pre a representação do seu mundo interior,a luz da sua alma, o azimute da sua vida.Nenhum viver, por mais notável que seja,conseguirá ultrapassar esse nível paragradações superiores, se ele não se fundarna presença da mulher, a companhia naalegria e na tristeza, o apoio, o arrimo dohomem, que, sem qualquer dúvida, terá de

Nossa Senhora da Imaculada ConceiçãoRéplica do quadro do pintor espanholMurillo (1617-1682) que Caxias levava

consigo nas suas campanhas, num pequenooratório. Essa reprodução foi doada ao

Exército pela família do Patrono e encontra-se conservada na Academia Militar de

Agulhas Negras

Fazenda de São Paulo, no Taquaraçu, Vila de Estrela,Província do Rio de Janeiro, onde nasceu Caxias

*Wilson VeadoCAXIAS E SUAVIDA NO LAR E NA FÉexultar na certeza de aqui está o seu destino.

LUÍSALVESDELIMAESILVA, abravura personificada, a coragem arrojada(lembremo-nos sempre do Itororó!), a ener-gia disciplinada, a bondade orientada, aodeixar tomar-se pela força do amor à esposae arrebatar-se, para satisfazê-la, deixando oExército, é nela que encontra o reconheci-mento de que entre Lar e Pátria não háoutro caminho senão o de tomar a trilhada Pátria, o lar maior, que impõe sacrifíci-os que se não medem, nem se contam. Olar era para Caxias a fonte maior de inspi-rações, seu apoio, seu calor, sua medida,seu anseio. Foi nele que ANINHA lherecolheu as mágoas e desenganos da suaconvivência com os homens da Corte,nem sempre leais, com suas críticas injus-tas e desumanas. Foi nele que a Duquesade Caxias ornou suas glórias com a sere-nidade de quem não se abalava com aimponência contingente dessas home-nagens que, a outra, fariam perder a cabe-ça.

Foi com ANA LUÍSA CARNEIROVIANNA, filha do Conselheiro PauloFernandes Viana e de D. Luisa Rosa Car-neiro da Costa, que ele ergueu o templodo seu lar. D. Luisa Rosa, de extensa li-nhagem de nobreza, opusera-se ao casa-mento por considerar que o pretendentede sua filha mais não era do que majorplebeu, sem futuro, apesar de pertencer auma vergôntea de bravos militares. Maistarde, a sogra faz-se como sua segundamãe, a cercá-lo de carinho e admiraçãosincera.

SeLUÍSALVESDELIMAESILVAse impunha pela segurança dos seus co-mandos e pela bravura dos seus atos, muitomais ele se tornou imenso no calor do seular, tanto que mereceu o qualificativo de�esposo perfeito�. Nos longes da guerra,seu pensamento volve amiudadamente paraa família.

A vida inquieta de soldado levavaseu pensamento, amiudadamente, à família.Nenhuma campanha, por mais pesada quefosse, o impedia de escrever à esposa e detecer seu carinho imenso às duas filhas �Luisa de Loreto, a Baronesa de Santa Mô-

nica, em cuja fazenda ex-pirou, e Maria de Loreto,Baronesa de Ururaí.

Em 1842 � a revo-lução de Minas Gerais �escreve à esposa: �Creioque os rebeldes não sebaterão comigo, a quemeles disseram que queri-am quebrar o encanto.Dê saudades às nossasfilhas, para quem tenhoumas bonecas de pedrasfeitas aqui.�

Do Maranhão, ter-minava uma carta assimà esposa: �Dá um beijonos meus anjinhos e sau-dades a todos de casa�.

Começa a carta com �meu bem�, arremata-a com um �sou só teu, Luís�.

De São Paulo, escreve a ela: �SãoPaulo, 5 de julho (1842). Ontem te escreviuma carta por intermédio do Ministro daGuerra, remetendo-lhe 200$000 para fa-zeres um vestido muito bonito com quedevemos ir ao primeiro baileque houver depois de minhachegada... ...não quero te dei-xar de dizer que estou muitobom, e danado para me ir em-bora. Beijos às nossas filhas.Teu, Luís�.

Um dia, a esposa aflitaporque perdia sempre o maridopara a Pátria, para o Exército,teve um ímpeto de intenso amore de ciúme dos que dela o toma-vam, e sugeriu-lhe, depois dealguns argumentos femininos: �Não seriamelhor depores a tua espada, e concen-trarmo-nos nos inefáveis gozos da vidaparticular?�

Ela a beija. Faz-se silêncio entre am-bos. Seu amor por ela é muito grande. Emsilêncio, ele escreve um requerimento aoMinistro da Guerra, pedindo sua demissãodo Exército. E quando já toma o cavalo parair aoMinistério, a esposa acorre aflita, toma-da do sentimento de brasilidade que o leva-va à luta, e diz-lhe emocionada: �Errei, meuamigo, perdoa o egoísmo do meu afeto...sacrificava-te. Nunca mais meouvirás desviar-te da honro-sa estrada que trilhas...�.

Por mais perfeito e har-mônico não teria então havi-do. Por isto é que �a vontadede um era a vontade do outro:nunca uma nuvem tênue tol-dou o céu daquela patriarcalmorada�.

Ao medo de sua morte,como Aninha lhe manifestavaaflita, respondia: �Sou fatalis-ta e desprezo, e sempre des-prezei a morte, porque sei que não se há defazer senão o que a Deus for servido, e quetanto se morre no meio das balas e dospântanos como nas boas cidades�.

Quando Aninha o precede na mortepor seis anos e alguns dias, era de ver-se seuamargo desconsolo. A um amigo, nesse anode 1874, escreve em desalento: �Vivo agoramuito triste depois do golpe que sofri coma morte de minha Duquesa, a quem euamava muito e só hoje desejo ir para ondeDeus a levou�.

É por isto que, ao falarmos na vida ena obra do DUQUE DE CAXIAS, em quecomumente se exaltam seus feitos e suaforça de chefe militar e de estadista, tambémnão será demais que comecemos por mostrá-lo à luz da simplicidade do lar onde ele seapequenava ante a esposa e as filhas, e maisse agigantava pelo que de exemplar se co-lhia dessa reconhecida simplicidade.

As cartas que trocavam eram, napureza do seu conteúdo, a expressão viva e

pulsante do amor puro que os enlaçava. Olar foi sempre sua luz, sua própria alma, látransfigurada no amor da esposa e no cari-nho das filhas.

Quando ele assumiu o comando daforça brasileira no Paraguai, encontrou-aem estado lastimável, sem higiene, sem con-

dições sanitárias, sem aparelha-mento, sem remuniciamento.Caxias sentiu profundamentetudo isso e desabafou-se em car-ta à sua Aninha: �Choveu aquidoze dias consecutivos, que pôstudo alagado e me matou muitoscavalos e bois. Tudo são dificul-dades neste inferno em que vivo,e aí esses faladores julgam quetudo é fácil, e que se eu não ata-co é porque não quero... Voulhes mostrar que estão em erro�.

Ao começar a marcha no rumo doinimigo, encontrou tempo para escrever àesposa, agradecendo um café, tapioca edoce que ela lhe havia mandado: �Peça adeus que olhe para mim e me ajude a con-cluir esta difícil e maldita guerra para tero prazer de breve a abraçar. Deve aí lhe serentregue um passarinho muito bonito queo Porto Alegre lhe mandou por um coman-dante de vapor�.

Suas cartas falam à esposa da cam-panha, das precariedades dos coman-dos, mas não se lamenta. Ao contrário, ex-

pressa sempre vigor, nuncadeixando de ressaltar a faltaque lhe faz o lar, enriquecidopela esposa e pelas duas fi-lhas. Não perdia oportunidadede mandar-lhes algumas li-nhas, matando assim sua sau-dade imensa. No campo de ba-talha de Tuiutí, teve uma pau-sa. Aproveitou-a para escre-ver a Aninha: �Muito me ricom o que você me contou denosso netinho, filho da Luísa,ter a mania de sacristão. Que

saudades tenho dessa galante criança.E como ele, ajudando a missa, não lhefará lembrar o tio, com quem ele muito separece. Diga-lhe que quando voltar, heide lhe levar um petiço muito bonito,para ele passear comigo a cavalo�.

Um herói que, se não punha seu laracima do dever, também dele nunca se es-quecia.

LUÍSALVESDELIMAESILVAfoisempre um homem de profunda fé. Nãoapenas no lar ou na vida simples, quasecomo mero cidadão, mas também em cam-panha. Basta lembrar que ele carregavaem sua bagagem de guerra um altar portá-til, que era montado e nele orava o grandesoldado, altar que hoje se resguarda noConvento de Santo Antônio, no Rio deJaneiro. Em um dos antigos números darevista �Defesa Nacional�, que eu assi-nava quando estava no 10º RI (em BeloHorizonte), na ocasião preparando-separa integrar um dos escalões da Força

24Nº 230 - Agosto/2016

Forças brasileiras ouvindo missa na Igreja do Rosário - Território do Paraguai

Procissão de Nossa Senhora da Conceição,em 30 de maio de 1868, no acampamento brasileiro em Taiji

Expedicionária Brasileira, tive oportunida-de de ver um estudo sobre esse zelo doDuque de Caxias. No fragor da campanha,nunca deixava ele de montar o seu altarambulante e ali orava com fé respeitável. Foiele um dos que pleitearam de D Pedro II aanistia para os dois prelados � D. Vital Ma-ria, do Bispado de Olinda e de D. MacedoCosta, do Bispado do Pará, ambos cumprin-do pena imposta pelo Tribunal de Justiça,como último episódio da célebre QuestãoReligiosa, em 1875. Pois CAXIAS, que erafigura de destaque na Maçonaria brasileiradaquela área, pleiteia de D.Pedro II a anistia para osdois prelados.D. Pedro dis-farça e viaja para não cui-dar dessa questão, poisnão queria conceder o per-dão aos dois prelados.Mas, Caxias, plenamenteconsciente do seu pedi-do, insiste com o Impera-dor e põe mesmo um fim,quase que ultimatum, di-zendo-lhe: �Ou V. Majes-tade concede a anistiaou todo o Gabinete sedemite comigo!�. D. Pe-dro, ante a fala enérgicade Caxias, expede o ato em que anistiavaos dois prelados. Tal episódio evidencia,mais uma vez, o espírito conciliador deLUIZ ALVES DE LIMA E SILVA, queapesar de Maçom militante, não se deixa-ra contaminar das intransigências da épo-ca, tão comuns naquele tempo.

De 1871 a 1872, CAXIAS foi Pro-vedor e, em 1876, membro da Mesa Admi-nistrativa da Irmandade da Santa Cruzdos Militares. Mas... essa Confraria ou-sou expulsá-lo do seu quadro sob a ale-gação de que era ele Maçom. Na verdade,foi ele Maçom deveras militante da Or-dem, situada no Rio de Janeiro. A �Revis-ta Ilustrada�, do Rio, em seu nº 27, de 15de julho de 1876, ali classifica-o de�maçom pestilento�. A ilustração mostra-va um desenho no qual se via um padre, devassoura em punho,enxotando o DU-QUEDECAXIAS àentrada da Igreja,logo, ele, fervorosocatólico que era.

O tempo ésevero no seu trans-curso. No dia 24 deagosto de 1949, comrespeito, emoção efervor, iniciam-se osatos de trasladação

dos restos mortais do DUQUE DE CAXIASdo Cemitério do Catumbi para o Pantheonque lhe foi erguido diante da então sededo Ministério da Guerra. Com eles, tam-bém os da sua esposa. Na Igreja de SantaCruz dos Militares, de cuja Irmandadefora Provedor, as urnas estiveram sobvigília cívica, das 12 horas do dia 24 deagosto até o dia 25, quando se seguirampara o Pantheon. Na Igreja de Santa Cruzdos Militares, missa soleníssima, naque-le dia 24. Celebrante, o Arcebispo D. JorgeMarcos de Oliveira, com a presença expres-

siva do Cardeal D. Jayme deBarros Câmara. Na vigíliacívica, dezoito bispos e ar-cebispos de todos os rin-cões do Brasil.

No dia 24, ainda, logoapós a partida das urnas doCemitério do Catumbi, ossinos de todas as igrejasbrasileiras repicaram porquinze minutos, em home-nagem. Quando o cortejoque as conduziu atingiu aRua 1º de Março (data dofim da Guerra do Paraguai),o carrilhão da Igreja de SãoJosé, naquele logradouro,

tocou o Hino Nacional. Respeito, emoção,fervor, repetimos!

Humano, bondoso, compreensivo,Caxias, ao entrar em Assunção, criou einstalou na capital paraguaia a primeira LojaMaçônica, como demonstração de respeitoe zelo pelo povo guarani, que tanto sofreracom as loucuras do seu ditador � SolanoLopez.(*) Advogado. Juiz Aposentado do Tribunal

de Alçada de Minas Gerais, Oficialsubalterno de Infantaria, servindo no 10ºRegimento de Infantaria, em Belo Horizonte,

em curso a Segunda Guerra Mundial. Ex-presidente do Instituto Histórico e

Geográfico de Minas GeraisFundador do Grupo Inconfidência

e autor de seu 1º Estatuto

Publicadono Inconfidência nº 59de 25 de agosto de 2003

Duquesa Ana Luiza

Caxias chegara da Guerra do Paraguai,muito doente, em 15 de fevereiro de

1869, a bordo do navio de guerra SãoJosé. Infelizmente, apenas alguns famili-ares o foram esperar no cais do porto doRio de Janeiro... Decepcionado com aacolhida que tivera, decidiu recolher-se àsua residência, no bairro carioca da Tijuca,e afastar-se definitivamente da vida públi-ca. Somente saía de casa, à tardinha, �à pai-sana, de cartola cinzenta, de luvas e fuman-do o seu charuto�, para passear nas ruaspróximas, quando todos o cumprimenta-vam, afetuosa e reverencialmente. Mas nodia23demarçode1874, a suapaz familiar foidrasticamente abalada, com a morte de suaamantíssima esposa Ana Luísa. Caxias, apartir de então, tornou-se uma pessoatriste e passou a usar luto completo até ofim da vida.

Naquele ano, a conjuntura políticado país estava bastante conturbada. Ogabinete conservador era chefiado peloVisconde do Rio Branco e enfrentava sé-rias crises provocadas pela edição, em1871, da �Lei do Ventre Livre�, além da�questão religiosa�, que redundou naprisão, por quatro anos e com trabalhosforçados, de dois bispos da Igreja Cató-lica. Assim, a situação do gabinete Rio

UMA COMOVENTE MISSIVABranco, em face do agudo acirramentodos ânimos, era por demais desgastante,afigurando-se, mesmo, insustentável,pelo que o Monarca resolveu substituí-lo. Dom Pedro II desejava realizar umalonga viagem à Europa e necessitava dei-xar como presidente do Conselho de Mi-nistros (vivíamos no regime parlamenta-rista, e as incumbências do presidente doConselho eram idênticas às do Primeiro-Ministro � �Premier� �, dos dias de hoje,sendo ele responsável por toda a gestãogovernamental) um homem de sua inteiraconfiança. E ninguém melhor do que ovelho Duque de Caxias que foi convoca-do pelo Imperador ao Paço Imperial. Caxiassaiu de casa, firme em sua decisão de nãoaceitar o cargo, mas terminou atendendoao pedido candente do Imperador e foi,pela terceira vez, presidente do Conselhode Ministros, cumulativamente com aPasta da Guerra (de 25 de junho de 1875a 5 de janeiro de 1878). E ele, em cartaescrita à sua filha Ana, a quem chamavade �Anicota�, descreve o drama que vi-veu junto a Dom Pedro II. No final da vida,já tendo sido tudo no Brasil, cede aosrogos do Monarca, dando cabal exemplode lealdade, disciplina, resignação e amorao Brasil.

Eis a correspondência,datada de 17 de julho de 1875:

�Estou, minha cara filha, apesar de todos os meus protes-tos em contrário, outra vez Ministro da Guerra e Presidente doConselho. Você deve fazer ideia dos apuros em que vim cairnesta asneira e creio que quando me meti no sege para ir a SãoCristóvão a chamado do Imperador, ia firme em não aceitar,mas assim que ele me viu me abraçou e me disse que não melargaria sem que dissesse que aceitava o cargo de Ministro e quese me negasse a fazer-lhe esse serviço, que ele chamava osliberais e que havia de dizer a todos que eu era responsável pelasconsequências que daí resultassem, mas disse-me tudo issopreso em seus braços. Ponderei-lhe as minhas circunstâncias, aminha idade e a incapacidade, a nada cedeu. Para poder me

livrar dele, era preciso empurrá-lo e isso eu não devia fazer. Abaixei a cabeça edisse que fizesse o que quisesse, pois eu tinha consciência de que ele havia de searrepender porque eu não seria ministro por muito tempo, porque morreria detrabalho e de desgostos, mas nada atendeu. Disse-me que só fizesse o que pudesse,mas que não o abandonasse porque ele então também nos abandonaria e se iaembora. Que fazer, minha querida Anicota, senão resignar-me a morrer no meuposto e, tendo já arriscado tantas vezes a minha vida por ele, que mais uma, naidade em que estou, pouco era�.

Ana de Loreto

Umaspectodeslumbrante

da procissão cívicaquando atinge aAv.Presidente

Vargas, rumoaoPantheon de

Caxias.

ATRASLADAÇÃO

RevistaMilitarBrasileira

25 de agostode 1949

25Nº 230 - Agosto/2016

(inmemorium)

26Nº 230 - Agosto/2016

FATOS RELACIONADOS COMCAXIASCapelão do Exército Padre J. Busato

Muito se tem escrito sôbre a vida deCaxias. E com razão. Trata-se, pois,

de um brasileiro que muito honrou suapátria. Neste artigo queremos abordaralguns fatos pouco conhecidos pelopovo simples. O primeiro diz respeito aossoldados que acompanharam Caxias atéà última morada, os quais foram escolhi-dos no 1º RC, 2º RA, 7º e 10º BI, �dentreos mais antigos e de melhor conduta�.Outro ponto importante relacionado como imortal Duque de Caxias consiste naFormação IntelectualdoPatronodoExér-cito Brasileiro. Os dados que seguemforam extraídos de um magnífico artigopublicado em o �Jornal do Brasil�, por

Meira Matos.Caxias cursou a

AcademiaMilitar, fundadapor D. João VI, em 1810, einstalada no ano seguinte.O curso completo era deoito anos, onde se forma-vam engenheiros e arti-lheiros, enquanto os ofici-ais de infantaria e cavala-ria cursavam apenas o 1º e

o 5º, da citada Academia.Acêrca da �superioridade inte-

lectual de Caxias� diz a �Monografiade La Campaña de 1851-52�, daSecção História do Estado-Maior doExército Argentino, citação esta tam-bém extraída do trabalho de MeiraMatos; �Luis Alves de Lima e Silva,conde e depois marquês e duque deCaxias, era uma daquelas personali-dades de que qualquer Exército tem odireito de se orgulhar... Dotado de umasólida instrução geral e profissional,respectivamente adquiridas no LiceuImperial e na Escola Militar do Rio,fortaleceu e alargou essa preparaçãocom a leitura meditada de boas obrasprofissionais�.

No artigo esplêndido de Meira

Matos destacamos mais o seguinte: �Foio primeiro entre nós a se valer dos ser-viços de um Chefe de Estado � Maior,função que criou, no início da campa-nha contra Rosas."

Na Ordem do Dia n.19, de 6 de se-tembro de 1851, definiu as funções donovo auxiliar: �O Chefe do Estado-Maior é a autoridade imediata e in-termediária entre êle (o comandante-em -chefe) e tôdas as outras autorida-des do Exército: e por isso, tôdas asordens de Sua Excia. e tôda a corres-pondência militar, exceto sómente asconcernentes às operações de guerra,serão dirigidas pelo dito Chefe-do-Estado- Maior.�

Outro assunto também pouco di-vulgado é o que se refere à instituiçãoda Festa de Caxias ou seja o Dia doSoldado, que se celebra, como se sabe,no dia 25 de agôsto de cada ano. �An-tes que o Ministério da Guerra decla-rasse Caxias Patrono do Exército, já aUnião Católica dos Militares em 1924 ohavia escolhido para seu Patrono� � diz�A Defesa Nacional� num artigo. Desde1935 é rezada uma missa no altar-portátilque pertenceu a Caxias e é conservado noConvento de Santo Antônio, no Largo daCarioca.

Isto no dia 25 de agôsto, anual-mente. Na mesma ocasião o mais gradu-ado dos militares presentes faz a entregasimbólica de 80$000 ao Convento, cor-respondente ao soldo que Santo Antô-nio, como tenente-coronel do exército,percebia dos cofres públicos há mais deséculo.

A partir de 1939 a citada missa fazparte do programa oficial dos festejoscomemorativos doDiadoSoldado. Deve-se isto à grande alma de apóstolo entre osmilitares, que se chama general RaulSilveira de Melo.(Publicado na "A Defesa Nacional" - Agosto/1954)

Há tanta coisa interessante acêrca davida de Caxias que seriam necessárias

páginas e mais páginas de jornais, revistase livros para poder esmiuçar uma existênciatão cara para os brasileiros.

Ainda agora, acabo de ler o que �LaNacion�, o importante órgão de imprensaArgentina, escreveu acêrca do falecimentode Caxias. Trata-se de uma edição do jornalportenho saída à lume no ano de 1880,poucos dias depois da morte do duque.

Entre outras coisas, diz�LaNacion�:�O duque de Caxias era, para os brasilei-ros, o Wellington do Império; êle usava desua popularidade como o herói da Grã-Bretanha, sem pensar nos negócios do seupaís, porém empregando-a só para servirao bem e à concórdia dos seus partidos noterreno constitucional.

A seu nome estão ligados os fatosrelacionados com a campanha doMaranhão, Minas, Rio Grande, do Uru-guai e especialmente a grande guerra doParaguai. Nas primeiras campanhas, emque agiu mais com sua política e modera-ção do que com seu gênio militar, pôstermo a perigosos movimentos revolucio-nários, contribuindo para a manutençãoda unidade do Império e conquistando assimpatias dos próprios vencidos...

A República Argentina deve se asso-ciar aos funerais que se realizarão em suamemória, na sua pátria, onde êle subiu aocume da glória, e começará a subir maisainda, desde hoje, fora das suas fronteiras,ai onde sua espada brilhou perante asfôrçasaliadas,comonoscamposdeCaserose do Paraguai, desde Tuiucué até LomasValentinas. Honra e glória à memória doilustre duque de Caxias�.

Vê-se, portanto, como até no próprioexterior, Caxias gozava de uma fama dignade todo o louvor.

É que êle soube sempre respeitar abandeira perante a qual fizera o seu com-promisso mais sagrado: de defendê-la em

tôda a parte.Isto desde que surgiu, no Brasil, o

primeiro símbolo, que data de 1822. Foi nointerior daCapela Imperial, a atual CatedralMetropolitana do Rio, onde se achavampresentes muitas pessoas gradas do Impé-rio.

Pertodoaltar-mór, perfilados emuni-forme de gala, estão os comandantes e osporta-bandeiras dos vários corpos. Nuvensde incenso envolvem a Casa de Deus. Obispo,DomJoséCaetanodaSilvaCoutinho,ergue-se e dá início à cerimônia litúrgica,determinando que lhe sejam apresentadasas Bandeiras, para a benção.

Ao ser chamado o �Batalhão do Im-perador�, destaca-se, de umgrupo de oficiais, um jovem te-nente. O Imperador recebe dasmãos do bispo celebrante aBandeira, que a passa aoMinis-tro da Guerra, o qual, por seuturno, a entrega àquele tenentechamado Luiz Alves de Lima eSilva,o futuroDuquedeCaxias.

Foi um momento solenee de emoção para o jovem ofi-cial quando, aos seus ouvidos, soam aspalavras que o celebrante profere: �Re-cebe a Bandeira Santificada pela celes-te benção; seja ela terrível aos inimigosdo povo cristão; conceda-te o Senhor agraça de, em seu nome e glória, penetrarcom ela, poderosamente, através dosesquadrões inimigos, incólume e segu-ro�.

Oxalá pudesse ler o que, naquelemomento, se passava no intimo do futu-ro.PatronodoExércitoBrasileiro!Comosoube sempre se portar, em tôdas as oca-siões, à altura de um cidadão, militar epacificador.

Aquela Bandeira significava algode importante para o coração de umpatriotacomoCaxias! (Publicado na "ADefesa Na-cional" - Novembro/1953)

Meu bem,Contra as tuas ordens achei-me on-

tem em um renhido combate que duroudesde as oito horas da manhã até as seis datarde; os rebeldes tinham três vezes maisgente do que eu, porém destrocei-os com-pletamente, tomei-lhestodaabagagem,umapeça de artilharia e trezentos prisioneiros,entre eles oOtoni emuitos chefes dosmaisinfluentes. Perdi trinta soldados mortos esetenta feridos; todos os meus oficiais ba-teram-secomouns leõeseomesmofizeramos soldados. Eu te confesso que estivesempre no lugar de mais perigo, porém te

SANTA LUZIA, 21 DE AGOSTO DE 1842prometo de nunca mais fazer outra. Deussempreme ajudou e a fortuna nãomedeixaum instante.Muitome ajudarammeusma-nos, José e Carlos, e omesmoMontenegroque levou uma bala fria na coxa.

Dize aoPiquet, àmulher doAguiare a todas as famílias de oficiais que meacompanharam que eles estão bons. On-tem fizeram dois meses que de Sorocabaoficiei ao Ministério dizendo-lhe queestava a revolta acabada e agora lhe ofi-cio dizendo o mesmo de Minas, do palá-cio da Presidência, onde me acho, tendocomido o jantar do José Feliciano que ele

deixou na mesa quando fugiu.Creio que a lição há de aproveitar

aosmineiros, pois ela não foimá; o campoficou juncado de cadáveres e correu san-gue como água. Creio que os rebeldesnãose baterãomais comigo, a quem eles disse-ram que queriam quebrar o encanto.

Dá saudades às nossas filhaspara quem tenho umas bonecas de pe-dra feitas aqui.

Adeus, até breve pois tudo estáacabado.

Teu do coração.Luís.

Ontem, o Ba-talhãodoImperador(uniforme ao lado),hoje, o Batalhão daGuardaPresidencial.Passado e presentese fundem, sob amesma inspiração,sob o mesmo ideal,evocados pelo 2ºTenente Luís Alvesde Lima e Silva, oDuque de Caxias,primeiro porta-ban-deiradoBatalhãodoImperador.

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REVIVENDOHá 173 anos,

um duelo epistolarA revolução de 1842, em São Paulo, registrou um autêntico duelo de gigantes, travado, não nos campos de batalha, mas no terreno

das palavras. De um lado, o padre Diogo Antônio Feijó, um dos mais destacados políticos do conturbado período que se seguiu àabdicação do imperador D. Pedro I; do outro, Caxias, que haveria de revelar, neste episódio, tanta habilidade no domínio da pena quantono manejo da espada.

O NE reproduz, a seguir, a carta de Feijó ao então Barão de Caxias, quando este marchava sobre Sorocaba para sufocar arebelião liberal, e a resposta do ínclito militar, transbordante de energia, coerência e honradez, que ornavam o seu caráter:

Sorocaba, 14 de junho de 1842.ILMº EXMº SR. BARÃO DE CAXIAS.

Quem diria que em qualquer tempo o Sr Luis Alves de Limaseria obrigado a combater o padre Feijó? Tais são as coisas destemundo! Em verdade, o vilipêndio que tem o governo feito aosPaulistas e as leis anticonstitucionais de nossa Assembléia, meobrigarão a parecer sedicioso. Eu estaria em campo com a minhaespingarda, se não estivesse moribundo, mas faço o que posso.Porém, alguns choques têm já produzido o espírito de vingança, eeu temo que o desespero traga terríveis conseqüências, e, comopersuado-me que S.M. Imperial há de procurar obstar as causasque deram motivo a tudo isto, lembra-me procurar V.Exª por estemeio, e rogar-lhe a seguinte acomodação, que é honrosa a S.M.Imperial e à província, e vem a ser:

1º - Cessem as hostilidades. 2º - Retire-se da província o Barãode Monte-Alegre e seja V. Exª vice-presidente, até que S.M. nomeiequem lhe parecer; e á província pede a V.Exª que interceda peranteo mesmo senhor, para que não nomeie sócio, amigo ou aliado deVasconcellos. 3º - Que a lei das reformas fique suspensa até que aAssembléia receba a representação que a Assembléia Provincialdirigiu à mesma sobre este objeto. 4º - Que haja anistia geral sobretodos os acontecimentos que tiveram lugar, e sem exceção; emboraseja eu só excetuado, e se descarregue sobre mim todo o castigo.

Exmº Sr. V.Exª é humano, justo e generoso: espero que nãoduvidará cooperar para o bem desta minha Pátria. Eu lhe garantoque exigirei a execução deste tratado, por parte do governo atualda província, e com o comandante de nossas forças pode concluirdefinitivamente esta capitulação.

Deus felicite V. Exª como deseja quem é de V.Exª amigoobrigado e venerador.

DiogoAntonioFeijó

P.S. O portador lhe entregará alguns exemplares de umperiódico que eu redijo.

ILMºEEXMº SR. DIOGOANTONIOFEIJÓ

Respondo a V.Exª pelas mesmas palavras desua carta, hoje recebida. Direi: Quando pensa-ria eu em algum tempo que teria de usar da forçapara chamar à ordem o Sr Diogo Antonio Feijó.Tais as coisas do mundo! As ordens que recebi deS.M. Imperial são em tudo semelhantes às que medeu o Ministro da Justiça em nome da Regência,nos dias 3 e 17 de abril de 1832, isto é, que levassea ferro e fogo todos os grupos armados queencontrasse, e da mesma maneira que então ascumpri, as cumprirei agora.

Não é com as armas na mão, Exmº Sr., que sedirigem súplicas ao Monarca, e nem com elasempunhadas admitirei a menor das condições queV. Exª me propõe na referida carta. Disponho deforças quádruplas daquelas que hoje apóiam opartido da desordem nesta província, e sobre aposição em que V. Exª se acha, marcham elas emtodas as direções, e dentro em pouco tempo acidade de Sorocaba será cercada e obrigadapelos meus canhões e baionetas a render-se.

Nenhuma resposta recebo que não seja apronta dispersão e submissão dos rebeldes.

O portador entregará a V. Exª uma porção deexemplares da proclamação que dirijo aos verda-deiros e leais Paulistas, e bem assim da que nomesmo sentido fez publicar S. Exª o Sr Barão deMonte-Alegre, legítimo presidente desta provín-cia. De V. Exª amigo, obrigado e venerador.

Barão de Caxias.

O PASSADOCentro de Comunicação Social do Exército Brasília, 2ª feira, 10 de agosto de 1992 ANO XXXVI Nº 8.479

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A guerra do Paraguai co-meçou em novembro de 1864,quando Solano López rompeurelações com o Brasil, apresouum navio brasileiro no rioParaguai e invadiu oMatoGros-so.

O Brasil e a Argentinaconseguiram alguns milharesde quilômetros (sic) de terrasparaguaias, mas perderam milhares dehomens e aumentaram sua dependên-cia da Inglaterra (pág. 33)

Aguerra do Paraguai

A Balaiada, uma das mais vigorosasrevoltas populares da História do

Brasil, chegava ao fim. Fora esmagadapelas botas, pelos fuzis e pelos sabresdas forças oficiais para garantir os privi-légios (as terras, os escravos e o poder)das elites do Maranhão.

O comandante do massacre, queinundou as ruas de Caxias com o sanguedos homens brancos pobres, dos mesti-ços e dos negros que buscavam a liber-dade, Luís Alves de Lima e Silva, foiregiamente recompensado pelo gover-no. Por esse �ato de bravura�, recebeu otítulo de Barão, e depois, Duque de Ca-xias, e posteriormente tornou-se patronodoExército Brasileiro (Pág. 49)

Os sertanejos, os artesãos, os ne-gros fugidos - o povo pobre do sertão,enfim - forammassacrados peloExército,simplesmente porque queriam uma vida

As Rebeliões RegenciaisRobersonOliveira -EditoraFTD/1996

O oficial do Exército Luís Alves deLima e Silva (Duque de Caxias)comandou, em 1841, o massacre

dos balaios

melhor. A preocupaçãomaior do governoera quanto ao fato de as classes oprimidasestaremparticipandoativamentedoproces-so político, com armas na mão. (Pág. 51)

A BALAIADA

AMARXIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Escrever sobre a Guerra contra o Paraguai e silenciarsobre o nome de Caxias, naquele episódio memorável, nãoé fazer História, é desfigurá-la, é demonstrar pouco apreçocom o magistério e com o seu elevado compromisso derevelar a verdade dos fatos às novas gerações.

É inacreditável que tal agressão à nossa memóriahistórica, esteja sendo praticada exatamente no ano em quea nação comemora o bicentenário do nascimento daquelevulto maior da História do Brasil e Militar, sob o olharcondescendente, omisso e desrespeitoso do nosso Minis-tério da Educação, órgão que deveria zelar pela integridadedo que a nossa nação tem demais significativo: o patrimôniodo exemplo dos nossos maiores heróis e patriotas.

Sendo obra editada este ano, ou seja já sob osauspícios do atual governo petista, é de se perguntar: paraonde querem nos levar, com mais esta prática desleal e dis-criminatória?

Publicado no Inconfidência nº 59 de 25 de agosto de 2003Publicado no Inconfidência nº 43 de 30 de novembro de 2001

Publicado no Inconfidência nº 44 de 18 de janeiro de 2002

COMENTÁRIO

�Voluntários da pátria�: homenspreados, algemados e encarcerados(pág. 36 - Júlio J. Chiavenato).

COMENTÁRIOSCOMENTÁRIOSCOMENTÁRIOSCOMENTÁRIOSCOMENTÁRIOSNo início da guerra, o Brasil e a Inglaterra não mantinham relações diplomá-

ticas, que só foram reatadas em 23 de setembro de 1865, em Uruguaiana, encerrandoa Questão Christie, com a presença do Imperador D. Pedro II e de Caxias.

O Paraguai apresou o navio brasileiro Marquês de Olinda (12.11.1864) einvadiu o Mato Grosso (26.12.1864).

A província argentina de Corrientes também foi invadida (abril/1865) e SãoBorja, Itaqui e Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul foram ocupadaspelas tropas do Coronel Antônio Estigarribia em julho, que rendeu-se aos brasilei-ros a 18 de setembro de 1865, em Uruguaiana.

Caxias, Osório, Mallet, Sampaio, Tamandaré, Marcílio Dias, Antônio João eoutros heróis são ignorados pelos autores. No entanto, �o presidente�, (também nãoé ditador, tal qual Fidel Castro) Francisco Solano López merece uma foto que ocupaespaço de um quarto de página (32) e até a sua amante, a irlandesa Elisa Lynch, élembrada.

A frase �Sigam-me os que forem brasileiros� não é citada, mas �Muero com (sic)mi patria" recebe especial atenção (pág. 37).

CERRO CORÁ - de um lado, 4500 soldados aliados, de outro, apenas 250combatentes paraguaios. Este fato lembra �A guerrilha do Araguaia�, publicadapelos mesmos autores, no livro de História da 8ª série (pág. 277): �De um lado, cercade 20 mil soldados das Forças Armadas; do outro, aproximadamente 70 (setenta) jovensidealistas, participantesdeummovimentoguerrilheiroorganizadopeloPartidoComunistadoBrasil, que pretendiam derrubar a ditadura militar e implantar o socialismo no Brasil.�

Gostaríamos que o Secretário da Educação/MG, Maurílio de Avellar Hingel,Ministro daEducação no governo Itamar Franco e que trabalhou noMEC, duranteo regime �autoritário� do Presidente Emílio Médici (o mais sanguinário de todos- pág. 280 Nova Histórica Crítica / 8ª Série), subordinado à professora EuridesBrito, nos respondesse:· Quem provocou a guerra?· Quem invadiu o território brasileiro?· Para onde foram os esquis para a neve?· Desde quando o Uruguai possui territórios conquistados ao Paraguai? Na

ocasião seriam limítrofes?· Quais os territórios apossados pelo Brasil?· Caxias participou da guerra contra o Paraguai?· Há conotação da foto de Solano Lopez com Fidel Castro?É lamentável a farsa montada pelos (i)responsáveis da Educação no Brasil,

permitindo a luta de classes e a marxização da História Pátria.E tudo de acordo com a proposta curricular de Minas Gerais...

AO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SUPLEMENTOSDETEXTOSCapítulo3-Texto2.

Enquanto oBrasil, aArgentina e oUruguai importavamaté alfinetes (nós comprá-vamos da Inglaterra, por exemplo, esquis para neve!), o Paraguai importava basicamentetécnicos, formando profissionais.

OParaguai eraumperigoaocrescente imperialismo inglês... Juntaram-sequestõesde fronteiras, o cerco econômico britânico - principalmente através de seus aliadosbrasileiros e argentinos - e daí, a guerra. (Julio José Chiavenato).

Defendendo os interesses da Inglaterra, os aliados da Tríplice Aliança: Brasil,Argentina e Uruguai - lucraram com a guerra, ganhando territórios conquistados aoParaguai.

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*MarcoAntonioFelício da Silva

*General de BrigadaCientista político

E-mail: [email protected]

Semqualquer dúvida, aHistória doBra-sil é permeada por grandes vultos queproduziramfeitosmarcantes, aindahoje

influenciando os destinos do País. Dentreesses, nenhum foi maior do que oMarechalLuiz Alves de Lima e Silva, o Duque deCaxias, PatronodoExércitoBrasileiro.Dele,disse o Visconde de Taunay, a beira de seutúmulo : �Há muito que narrar ! Só a maisvigorosa concisão unida àmaior singeleza éque poderá contar os seus feitos. Não hápompa de linguagem, nem há arroubos deeloqüência capazes de fazermaior essa indi-vidualidade, cujo principal atributo foi a sim-plicidadenagrandeza.�Caxias, comosoldadoe estadista, só teve umobjetivo em toda a suavida, embora as tentativas de denegri-lo pormaus patriotas, todos desmascarados : servira suaPátria comextremada abnegação e leal-dade e se necessário comosacrifício da própria vida.Caxias é figura impar, sa-grada, rara na vida de qual-quer povoeque se agigantaem momentos cruciais desua História, possibilitan-do, com a sua ação e pre-sença, ultrapassar obstácu-los dediferentes naturezas,ajudandoa construir futurode liberdade e esperança,amalgamando toda umaNação.

Caxias é heróimilitar que consolidou aunidade nacional e a integridade do nossoterritório pela força das armas, pela coragemde sua ação e pelo brilhantismo de sua inteli-gência de estrategista, sem jamais pisar nosvencidos. Por força das circunstâncias, emmomento crítico para o País, por solicitaçãodo Imperador, tornou-se político, verdadeiroestadista. Embora soldado por formação,amargando toda sorte de injustiças, agiu comdeterminação, rigor, competência e intensosentimento de justiça, respeitando os adver-sários, colocando o interesse público empri-meiro lugar, servindo ao País, recebendo oreconhecimento damaioria dos brasileiros.

Ao se debruçar sobre a vida deCaxias,não se pode deixar de fazer algumas compa-rações como que ocorre atualmente no País,que enfrenta grave crise de valores, com

EXEMPLODEHERÓIONTEM,HOJE E SEMPRE

corrupçãogene-ralizada e queatinge devasta-doramente ospoderes Execu-tivo e Legis-lativo da Repú-blica. Ao con-trariodeCaxias,elites corrompidas, colocando interesses degrupos ou pessoais acima dos interesses na-cionais, semqualquer sentimento patriótico,criminosa e impunemente, se servemdoPaíse não ao País.

O atual Presidente, do alto de sua igno-rânciaeda suaalergia a leituras, oqueoproíbede conhecer a nossa História e vultos comoCaxias, rodeadodos �companheiros� que en-volveramoPaláciodoPlanaltoeogovernoem

verdadeiromar de lama, comsua omissão e incompetên-cia, pois diz nada saber, afir-ma que, em três anos de seu(des)governo, fezmaisdoqueo realizado nos quinhentosanos passados, esquecendo-se do sacrifício hercúleo demuitos que contribuíram he-roicamente para a construçãodeste País. É este Presidenteque afirma não ter o Brasil

heróis nos quais possa amocidade brasileirase espelhar. É este o Presidente que pertencea um partido, o PT, do qual é um dos funda-dores, cuja política foi sempre a de recriar aHistória, em cima dementiras oumeias ver-dades, buscando a consecuçãode seus objeti-vos, tentando desconstruir a imagemde vul-tos como Caxias e construir falsos heróis,impingindo-os a nossa juventude, como oguerrilheiro comunistaGuevara, umcubano-argentino.

Cultuar Caxias e seus feitos,mostran-do a grandeza de sua servidão à Pátria, forta-lecendo a identidade nacional, contrapondo-se a uma elite corrompida e não patriótica, édever de todos que amam este País.(Publicado no Inconfidência nº 96 de 25/08/2006

Estamospassandopelacrisedaeducaçãoecomoprofessoresnos sentimosagre-didoseenganadosporaquelesque têm

a obrigação de nos orientar e dirigir a políticaeducacional.

A crise no setor educacional não é dehoje, e a sua solução tem sido motivo demuitos debates. Entretanto, as soluçõesmi-lagrosas que têmsido aplicadas ultimamente,comoaEscola Plural e oProjeto Sagarana deinspiraçãomarxista cubana, têm produzidoos piores resultados. Em toda as avaliaçõesinternacionais os alunos brasileiros sistema-ticamente têm tirado os últimos lugares.Quefuturo terão eles quando são desprezados osavanços culturais desenvolvidosnoOcidentedesde o Iluminismo e adotadosmétodos so-cialistas, completamente fracassados?

É estarrecedor constatar-se a que pontochegouoespíritodehostilidade,quepermeiaamente daqueles a quem está entregue, nestemomentohistórico, anobre tarefadeorientaroensinoemnossasescolaspúblicas.

Vemos, inertes, de como o MEC estácoordenandoatarefasolertederescreveraHis-tóriadonossoPaís, se-gundoaóticaquecon-vémàesquerdaquehojenosgoverna.

O alvo prefe-rencialdessamanobraéajuventude,incapazdeperceber a finalidadedessapregação.

Deacordocomos novos parâmetroscurriculareseanovaLeideDiretrizeseBases,opapel que a escola de-sempenha hoje é bemdiferentedopassado.Éválida a modificaçãomasnãoentendemosaspropostaspedagógicasveiculando ideologiasmarxistas e produzin-do livrosdidáticosquepregamalutadeclassese valores diferentes daqueles em que fomoseducados.

OHinoNacionalnãoémaiscantadonasescolaseapropostadaLDBédequenãosedeveperpetuarmitoseheróis.Afiguraexponencialdo Duque de Caxias não pode ser alvo demanipulaçãopolítica,caindonoesquecimentode muitos professores (a maioria), não sendosequercitadoparaosalunos.Quandosetratadarevolução liberal ou mesmo da guerra doParaguai,adoutrinaçãopassaaservergonhosa,dandocréditoàsmentiras,assimcomofizeramcomoutrosgrandesheróis, inclusiveTiradentesrecentemente e que foi motivo de reação dosverdadeirosbrasileiros.

Indignados,osprofessoressentemqueestão sendo usados por mentes retrógradasinfiltradaseatuantesnaEducação,aserviçodeideologiasultrapassadas.

Como professora de História, ao ler oartigodoMinistroJarbasPassarinho intitulado�AguerracontraoParaguai�, hádoisanos,ocumprimenteipelaantológicaaulasobreaqueleacontecimento, reconstituindo a História doBrasil, tão deturpada nos livros didáticos

RESCREVENDOAHISTÓRIAadotados em Minas Gerais.Mais vale o conhecimentoadquirido pelo artigo do ex-ministrodaEducação,doquealeituradoslivrosdeHistóriadistribuídosàsescolaspúbli-cas estaduais e municipaiscomo aval doMEC. Jamaisiríamostomarconhecimentodesses fatos que nos são sonegados por quemdeveriaensinaraverdadeiraHistóriadoBrasil,não fosse o Jornal doGrupo Inconfidência.

NoCadernodaTVEscola, nº- 3,MEC/2003, o capítulo da Guerra do Paraguai sóaborda aspectos desfavoráveis, tentando des-moralizar oBrasil e não cita o nomedoDuquede Caxias. Este exemplo, bem caracteriza aHistória oficial apresentada e que está sendomuitomal rescrita, transformando heróis embandidos e bandidos emheróis, ocultando dajuventudemomentos de bravura e de dedica-ção à pátria, que consagraram ilustres vultosbrasileiros, como o Duque de Caxias e oBarãodoRioBranco, que impedirama frag-mentação daNaçãoBrasileira.

ÉissoquequeremosparaonossoBrasileparaosnossos filhos?

Precisamos venceressamentalidaderetrógradaque tem dominado nossos(?)governantesnosúltimostempos.Devemos isto aosnossosfilhos.Estamospre-ocupadoscomocrescimen-todamarxizaçãodaEduca-ção e com os movimentos�sociais� de esquerda in-centivandoa lutade classeaté nos livros didáticos...

A História de umanaçãodeveservircomoumelemento construtivo deaglutinação de seus filhose jamais comoumfator dediscriminaçãoexcludente,

de desagregação e desvalorização dos heróisnacionais. Para onde vamos?

� Graduação em Pedagogia, Letras e HistóriaPós-Graduação em Supervisão, Orientação e

Magistério Superior � ADESG/2002Profª de Geografia, História e Português naE.E. Rose Haas Klabin, em Santa Luzia/MG

*NivaldaAndrade

(Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25/08/2003)

Ao contrario de Caxias,elites corrompidas,

colocando interesses degrupos ou pessoais acimados interesses nacionais,sem qualquer sentimentopatriótico, criminosa e

impunemente, se servem doPaís e não ao País.

As expressões �caxiismo� e �caxias� fo-ram cunhadas pelo saudoso sociólogoGilbertoFreyre.Elebemasconceituou

emlongoemagistralartigopublicadonarevista�ADefesaNacional�, n°605,de Jan/Fev1966,de título �Forças Armadas e Outras Forças�.Diga-seque�caxias�- umaadjetivação/metáfo-ra amplamente usada por todos os brasileiros,jáéverbetenosdicionáriosdeAurélioBuarquee Antônio Houaiss.

Eisalguns trechos, excertosdomemorá-vel trabalhodeGilberto Freyre: �Pois acresceque do Exército vem se comunicando àsdemais forças construtivamente brasileiras,a inspiração que venho classificando de�caxiismo�. Que vem a ser �caxiismo�? Em

resumo: aquela consciência de dever, aquelesenso de responsabilidade, aquela dedicaçãoao serviço público, aquela sensibilidade àcausa nacional que constituem, no Brasil, umconjunto ético de nítida origemmilitar; vindode um Caxias que, entretanto, foi tambémhomem público; e, na vida pública, tão dedi-cado ao serviço do Brasil quanto na militar�.Emais à frente: �Caxiismo� não é conjunto devirtudes apenas militares, mas de virtudescívicas, comuns amilitares e a civis. Pelo quenão devemos, os civis brasileiros, deixar queas virtudes que constituem o �caxiismo� se-jam virtudes apenasmilitares com projeções,em dias excepcionais, ou mesmo normais,sobre a política, a administração, as crises, os

desajustamentos, a vida civil. Devemos fazerdo �caxiismo�, isto sim, um conjunto deatitudes plenamente cívicas que tanto valortenham nos meios civis quanto nos militarescomo virtudes ou normas de conduta plena-mente, polivalentemente, cívicas. Pan-naci-onais. Virtudes e serviços do Brasil, de todobrasileiro. Os �caxias� devem ser tanto pai-sanos como militares. O �caxiismo� deveriaser aprendido tanto nas escolas civis quantonas militares. É o Brasil inteiro que precisadele para ajustar-se a solicitações de desen-volvimento, sem prejuízo das de segurança:e não apenas o Exército Nacional, para bemdesempenhar suas funções�.CelManoel SorianoNeto �HistoriadorMilitar eAdvogado

�CAXIAS� � UMA ADJETIVAÇÃO METAFÓRICA CAÍDA NO AGRADO POPULAR

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Prezado Jornalista Ancelmo Gois,A propósito da nota assinada por V. Sa, publicada na edição de 08 de agosto de 2003,

sob o título �Caxias e os negros�, a qual contém ofensas à memória do Marechal Luiz Alvesde Lima e Silva, oDuque de Caxias, Patrono do Exército, o Centro de Comunicação Socialdo Exército (CCOMSEX) informa o que se segue:

1. A matéria traduz a intenção de agredir a memória de um dos maiores vultos daHistória do Brasil. A afirmação do religioso ali citado, potencializada pela ironia dessecolunista, não resiste à simples verificação da trajetória deCaxias, figura ímpar de guerreiroe homem publico, paradigma de virtudes cívicas e militares, que a nossa Instituição elevouà condição de Patrono e a Nação brasileira acaba de inscrever no Livro dos Heróis da Pátria.

2. Os exemplos legados pelo Marechal Luiz Alves de Lima e Silva revigoram aconfiança na travessia do presente e na construção do futuro que imaginamos para nossoPaís. Vivendo na eterna prontidão dos bravos, evidenciou a inesgotável generosidade dosmagnânimos. Sempre e onde o Brasil precisasse, sua presença implicava a prevalência daordem sobre a desordem e o triunfo sobre os oponentes. Significava, também, a sobrevi-vência das instituições e a concórdia entre irmãos. Assim, com toda justiça, acabou ungidopela História com a denominação de �O Pacificador�, pela capacidade que revelou derestabelecer a paz nas províncias assoladas por lutas fratricidas e de reincorporar àlegalidade grupos insurgentes, recebendo do insigne Jornalista Barbosa Lima Sobrinhoo título de �Patrono da Anistia�.

3. Mais que uma agressão, a nota assinada por V.Sa peca pela torpeza da mentira.Caxias, é bom que se diga, é um dos pioneiros da abolição no Brasil. Pelo Convênio dePonche Verde, assinado a 1º de março de 1845, garantiu, por sua conta e risco e contrariandoinstruções do governo central, alforria a todos os escravos que serviram à RevoluçãoFarroupilha. Comandante das Forças brasileiras na Guerra da Tríplice Aliança, vulgarmenteconhecida como Guerra do Paraguai, cabia-lhe empregar os meios que a Nação, emmobilização jamais vista na História, colocava ao seu dispor. E o fez sem favorecimento aqualquer grupo, sem distinção de cor, credo, posses e religião. Cumpre realçar, ainda, queos negros mobilizados para aquele conflito adquiriam a condição de alforriados.

4. Desrespeito à memória do maior de todos os soldados que a Nação já teve.Mentiras e ressentimentos gratuitos. Tudo reunido numa nota. Pode ser, não! É a piorespécie de ilação que pode existir.

Atenciosamente,Augusto Heleno Ribeiro Pereira - General-de-Divisão,

CHEFE DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO

RIO DE JANEIRO, SEXTA-FEIRA, 08 DE AGOSTO DE 2003 - ANO LXXIX. Nº 25.568 - WWW.OGLOBO.COM.BR

Caxias e os negrosACâmara de Duque de Caxias (RJ)

quer homenagear Frei David, o bravo reli-gioso negro.

O frei agradece, mas não deve acei-tar. É que a homenagem seria na mesmasessão pelos 200 anos do militar Caxias.

FreiDavidachaCaxias�umdosmai-

ores assassinos dos negros� por ter usadoescravos �como bucha de canhão� naGuerradoParaguai.

É.PODESER.

Resposta do CCOMSEX

Não bastassem o bispo de Presidente Prudente brandindo foice e enxada e osreligiosos na Bahia, celebrando culto tendo a foto de Guevara no altar, vem agora,o frei David pregar a luta de classes, a discriminação racial e a calúnia seguindo ospassos de outros �freis�.Como já era de se esperar, �O Globo� não publicou na íntegra o texto acima,

remetido peloCentro deComunicação Social doExército, deturpando-o em�Cartasdos Leitores�, a 09 de agosto/2003.É lamentável que o colunista Ancelmo Gois publique notícias sem verificar sua

veracidade. Talvez o faça com segunda intenção ou por incompetência. Mas logoagora, quando se tecem loas a RobertoMarinho pelo jornalismo sério e competenteque lhe era peculiar, não é admissível nota como esta.Caxias foi o pioneiro abolicionista, se antecipando em 43 anos à Lei Áurea,

alforriando os escravos que lutaram na Revolução Farroupilha, em 1845. E oExército se negou a perseguir os escravos foragidos, antes da Proclamação daRepública. (Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25 de agosto de 2003)

NOSSO COMENTÁRIO

Amídia divulgou recentementema-tériasequivocadas,semfundamen-to histórico, envolvendo a figura

dopatronodoExércitoBrasileiro, oDuquedeCaxias, acusando-ode ter lançado cadá-veres de coléricos noRio Paraná, durante aGuerra do Paraguai, com o obje-tivo de contaminar as popula-ções ribeirinhasdeCorrientes.Entre Rios e Santa Fé, aindasob o domínio de SolanoLópez.

Segundo o publica-do, o diretor do filme "Aconspiração" buscou oapoio de uma equipe de oitopesquisadores para realizar�uma reconstituição de épocacriteriosa�, o que se presume nãoter acontecido, tal a inconsistência dosargumentos apresentados. Logo de início,constatam-sedoiserroshistóricos:em1867,oParaguai jácombatiaas forçasdaTrípliceAliança em seu território e as provínciasargentinasdeCorrientes.EntreRioseSantaFénãoestavammaissobdomíniodeLópez.TampoucoCaxiaseraduque,masmarquês.

Durante aspesquisasparao filme, odiretor teria encontrado uma carta cujo tre-cho já havia sido publicado no livro"Genocídio Americano", de Júlio JoséChiavenatto. Esse autor, desprezando afaltadeautenticidadedacitadacarta, repro-duziu-a como sendo um �despacho priva-do,deprópriopunho�doMarquêsdeCaxiasaD.PedroII,pormeiodaqual informavaaoImperadoro lançamentodecadáveres con-taminados nas águas do Rio Paraná.

A bem da verdade, cabe ressaltaralgumasconsiderações julgadas importan-tes.

Embora as matérias afirmem que asuposta carta, datada de 18 de setembro de1867, se encontre guardada no Museu Im-perial de Petrópolis, após consulta aos Ar-quivosHistóricospor solicitaçãodadireto-ria de Assuntos Culturais do Exército Bra-sileiro, a atual diretora domuseu informouque tal carta inexiste.

Outro fato relevante, que contradizessa tentativa de deturpação da História, éumofício,datadode6denovembrode1979,doentãodiretordoMuseuMitre,deBuenosAires, transcrito integralmente, na RevistaMilitarBrasileirademaiode1980, volume116,página125.Láencontramosarespostaao �despacho de Caxias�, contido no livrode Chiavenatto. Tratava-se de um vulgarpanfleto de propaganda política daquelaépoca contra o presidenteMitre, de autoriade opositores a seu governo, por eles for-jadocomoseoautor fosseCaxias.Afirmou

AVERDADE SOBRE CAXIAS* Luiz Cesário da Silveira Filho

textualmente aquela autoridade: �O ditofolheto, nem por seu inverossímil conteú-do, nempor sua forma, sendo um impressosemfirma, nãomanuscrito, pode ser consi-derado um documento histórico e pelasconclusões a que chegamos deve ser con-siderado apócrifo�.

Além do mais, a forma decontágio do cólera não era conhecidaem 1867, de acordo com o eminentehistoriadorAcyrVazGuimarãesem"AGuerra doParaguai -Verdadese Mentiras". Assim, não seria pos-sível a Caxias considerar que aságuasserviriamcomomeiodepropa-gação da doença.

Valeainda, registraro fatodequeas províncias de Santa Fé e Entre Rios sãolocalizadas no percurso do Rio Paraná elimítrofes à de Buenos Aires. Logo, seriaabsurdo supor que o general BartolomeuMitre, militar argentino, consentisse que acapital de seu país, sob seu completo con-trole, fosse também contaminada, sem, nomínimo,romperaaliançacomoBrasil.MuitomenosCaxias iria realizar umacontamina-ção rio abaixo, que poria em risco a vida depopulações aliadas.

Eseriapoucocrível queCaxias efe-tivasseumaligaçãodiretacomoImperadora respeito de detalhes da campanha, con-tornando aautoridadedoministrodaGuer-ra, aoqual era subordinado.Alémdo mais,o despacho, e não a carta, transcrito nolivro,éumrelatomuitoextenso.Caxiasnãocostumava fazer longos relatos em docu-mentosoficiais sobreoscomplexosproble-mas da guerra, logo ele, que se caracteriza-va por ser sempre objetivo e sintético. Aprópria redação do texto não condiz com olinguajar de Caxias nem com o seu estiloapurado e direto.

Portanto cabe concluir que as �pes-quisas�, adjetivadas como �precisas� pelodiretor do filme, provêm de fontes surpre-endentemente inéditas, desconhecidas degrandeshistoriadoresbrasileiros.São,por-tanto, destituídas de credibilidade acadê-mica, suspeitas e impregnadas de um�revisionismohistórico�, deixando claraa tentativa de se realizar uma releitura daHistória do Brasil e a conseqüente des-moralização de seus heróis. Tentar agre-dir a atuação histórica do Duque deCaxias - O Pacificador - é solapar a pró-pria nacionalidade brasileira, pois estefoi o fiador da unidade nacional no con-turbado período de consolidação que seseguiu à nossa Independência.

*General-de-DivisãoChefe doCentro deComunicaçãoSocial doExército

JORNAL DO BRASILRIO DE JANEIRO ����� TERÇA - FEIRA, 03 DE NOVEMBRO DE 2001

(Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25 de agosto de 2003)

A DETURPAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR E DO BRASIL

INTERPRETAÇÃO MARXISTA

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31Nº 230 - Agosto/2016

Não era o Duque de Caxias um des-ses homens que, guardando sua féreligiosa no escrínio da alma, dela

se utilizasse apenas particularmente, ou norecesso de seu lar. Bem compreendia que,não existindo nêle uma dupla personalida-de, suas atitudes externas e atos públicosdeviam estar condicionados às suas ínti-mas convicções de católicos sincero.

Se delas não fazia alarde,mesmopor-que desnecessário, também não receiavamanifestá-las, em se aproveitando oportu-nidade. E como do que está cheio o coraçãoé que a bôca fala, ahistória registra emmais de um passo dagloriosa existênciado nosso herói mani-festações espontâ-neas de sua fé religi-osa em expressõesmarcantes e rasgosde generosidade, di-tados por seu espíri-to profundamentecristão.

É assim queno Quartel-GeneraldeVilleta, durante aguerra do Paraguai.,o Duque de Caxiasem nome de Deus conclamou os soldadosa prosseguir no encalço do inimigo: �Cama-radas! O Inimigo vencido por vós na pontede Itororó e no arroio do Avaí, vos esperaem Lomas Valentinas, com os restos do seuexército. Marchemos sobre êle e, com estabatalha mais, teremos concluído as nossasfadigas e provações. O Deus dos Exércitosestá conosco.�

E os soldados bem sabiam não setratar de uma estirada retórica, para efeitosimediatos, porquanto já de sobra conheci-am a sinceridade dos sentimentos religio-sos do extraordinário Cabo de Guerra, que�mesmo nos acampamentos e em marchanunca descurou seus deveres de culto, emcuja assiduidade dava o mais salutar dosexemplos�(1).

Eeraarmadodestacouraçamoral,dasconvicções religiosas e de seu exemplo, queem tôdas ocasiões aproveitava dos recur-sosdafécatólicaparacorrigirabusos,emen-dar costumes e levantar ânimos.

E ninguém lhe podia retorquir:�medice, cura teipsum�, porque praticava oque exigia e mais impunha pela fôrça dasatitudes que por ordens expressas.�Exempla trahunt�. A eficácia do exemplo,na fé e na moral. Eis a grande fôrça doinsuperável Duque de Caxias. E quandoemanadoalto, imensoéopoderdoexemplo.

DUQUE DE CAXIASHOMEMDE FÉ

Daí, em qualquer setor e sob todos os ângu-los, a grande responsabilidade dos que seachamnoComando e naChefia de homens.

Caxiasmilitar,CaxiasadministradoreCaxiaspolítico,eraomesmoCaxiaschefedefamília, que pautava sua vida pelos ditamesda consciência, formada nos sãos princípi-os da religião católica.

Nem foi por outros motivos que pro-via de altares portáteis as tropas em mar-cha, como não dispensava aquêle quesempre o acompanhava e ainda hoje seconserva em nosso convento de Santo An-

tônio.Essamesma

fé lhe ensinou aser tão grande nasvitórias sobre osinimigos da Pátriaquanto era gran-de em desprezarvaidades, aliásdesculpáveis emqualquer outro.No livro de atasda Irmandade denossa paróquia deSãoFranciscoXa-vier ainda se en-contra exarado otêrmo em que o

Duque de Caxias, regressando vitorioso doParaguai, pede que sejam aplicadas na re-construção da mesma igreja os donativoscoletados para os festejos populares pro-gramados em sua honra.

Era com a mesma grandeza de almaque ele visitava os soldados feridos emcampo de batalha e dêles dava notícias asuas famílias.

É assim que êle se impõe ainda hojeàconsideraçãodosbrasileiros,mesmonumaépoca emque tais exemplos estão se tornan-do cada vez mais raros. Ou, talvez, por issomesmo.

Entretanto, cultuar heróis consistenão somente em admirar-lhes os feitos, masprincipalmente em imitar-lhes as virtudes.

Caxias não constitui, pois, apenasum patrono do Exército, mas um modêlopara os políticos, os governantes e os che-fesde famíliadêste caroBrasil, queoveneracomo lídimo valor patriótico e igualmentecomo homem de fé.

Que a mesma Religião Católica pro-duza no Brasil de hoje e do futuro muitosêmulos do glorioso Duque de Caxias.

* Cardeal Arcebispo da cidadedo Rio de Janeiro

*Dom Jaime de Barros Camara

(1) Vilhena de Morais - O Duque de Ferro, pág. 48

O PATRONO DO EXÉRCITO BRA-SILEIRO, Duque de Caxias, temseu nome ligado à geografia nacional.

Todos os escritores que dissertam sôbre avida e obra política e militar do Duque deCaxias são acordes em citações geográficasque assinalam, em geral, os passos e as lutasdo grande soldado.

Maranhão, São Paulo, Minas Gerais eRio Grande do Sul, quando as províncias,foram pacificadas pelo Duque de Caxias.

Uruguai, Argentina e Paraguai são ou-tros nomes geográficos que aparecem envol-tos na ação de Caxias para assegurar a integri-dade da Pátria em duas guerras externas e,conseqüentemente, a liberdade dos três po-vos irmãos.

Taubaté, Pindamonhangaba, Lorena,Areios, Silveiras e Sorocaba,são outros topônimos nacio-nais que não podem ser olvida-dos pelos historiadores e bió-grafos do Grande Soldado doBrasil.

Piquete, que serve desede à Fábrica PresidenteVargas, é outro topônimo bra-sileiro cuja origem se deve aopiquete que Caxias mandoupara guarnecer a raiz da Serrada Mantiqueira.

Citam os biógrafos doDuque de Caxias, as jornadasde São Lourenço, São Gabriel,Santana, Santa Maria, PoncheVerde, Alegrete e Porongos, nafamosa província de São Pedro.

Não só. Outros topônimos da geogra-fia nacional e das terras estrangeiras são assi-nalados na vida de Caxias.

Tuiú-Cué, Pare-Cué, Curupaiti, Pilar,Palmares, Tataiiba,Taií e Tuiutí, Humaitá,Estabelecimento, Laureles, Rojas, Jacaré,Tebiquari, Surubi e Chaco, assinalam mano-bras das fôrças de Caxias.

Itororó é topônimo que não escapa aosbiógrafos de Caxias.

Seu próprio título � Duque de Caxias �vem de um topônimo nacional.

Conta-se que escolheu Alves de Lima otítulo de �Caxias� oriundo do nome de umacidade do Estado do Maranhão, Caxias é umacidademaranhense, tambémcognominada�Prin-cesa do Itapirucú�. Mais que qualquer outra foiafligidapeloshorroresdeumaguerradevindita.Tomada e retomada pelas fôrças imperiais e dosrebeldes, várias vêzes, segundo cita Pinto deCampos,foialiqueainsurreiçãocomeçou;aliquese encarniçou tremenda.

Foi em Caxias que o Duque de Caxiaslibertou, com suas fôrças, a província da hordados revoltosos.

Daí, também,otítulodeDuquedeCaxias.Título que, segundo Pinto de Campos, significa�disciplina,administração,vitória, justiça, igual-dade,glória�.

Título que vem daquele topônimo nacio-nal.

Outros topônimos são ainda citadospelos historiadores do Patrono do Exército

O LOCAL ONDE NASCEU CAXIASCoronel Arlindo Vianna

Brasileiro.Inhomirim, por exemplo, é um dos

topônimosindígenasquese ligaàvidadeCaxias.EmAfonsodeCarvalho�Caxias�,encon-

tramosa ilustraçãodeAlbertoLima,assinalandoas�Ruínasda Igrejade Inhomirim�,ondeconstater sido batizado o Duque de Caxias.

ContamseusbiógrafosqueCaxiasnasceuaos25deagôstode1803,noarraial daatualViladaEstrêla,RaizdaSerradePetrópolis,EstadodoRio de Janeiro.

No quilômetro quatro, da antiga rodoviaRio- Petrópolis , lá se ergue ummarco, assina-landoolocaldoantigocasarãodeDonaQuitéria,SolardosBelos,avósdeCaxias,marcocomemo-rativo que tem gravado em bronze, a seguinteexortação: �Saúda, viajante, o berço de Caxias,Sentinela da Pátria!�.

Naheráldicaenagenealogia,namedalísticabrasileira, na bibliografia brasileira, noMuseu,no Instituto Histórico, Caxias tem merecidoestudos aprimorados.

Recente decreto autorizou o Serviço doPatrimôniodaUniãoaaceitaradoaçãodoterrenosituadonasGranjasDuquedeCaxias,emImbarié,Estado do Rio de Janeiro.

É o decreto n. 29.697, de 22-VI- 951,inserido no D.O. de 25 de junho de 1951 epublicado no B.E. n. 26, de 30-VI-951, queautoriza o Serviço do Patrimônio da União aaceitar adoaçãoque IsaacScialonBenozilio fêzàUnião Federal,deumaáreadeterrade7.495.2313m2( sete mil quatrocentos e noventa e cincometros quadrados e dois mil trezentos e trezecentímetrosquadrados) localizadosnasGranjasDuquedeCaxias, antigaFazendaSãoPaulo, emImbarié, Estado do Rio de Janeiro.

Emseuartigosegundo,o referidodecretoestatui que a área de terra a que se refere o artigoanterior deverá ser incorporada ao patrimôniohistóricodoExército,porsero localondenasceuo ínclito soldado Duque de Caxias.

Seria interessante adaptá-lo a umParqueFlorestal Militar, perpetuando nas árvores quefornecemmadeiras deutilidadeparaoExército,a memória do Patrono do Exército Brasileiro.

Maior seria, então, a homenagem.Como patrimônio nacional é dig-

no de profunda significação histórica: olocal onde nasceu Caxias.

Revista Militar Brasileira25 de agôsto de 1953

Revista Militar Brasileira25 de agôsto de 1953

NOTA �NOTA �NOTA �NOTA �NOTA � Segundo notícias da imprensa carioca, vulgarizadas em 4- VI-953. Aos 3-VI-953 foi o Exmo.Sr.Ministro da Guerra visitado pelo Sr. Isaac Scialon y Cardoso, com amissão de doar aoMinistério da Guerra uma áreade terras em Estrêla, área essa em que se achava a casa onde nasceu Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

� Com a assinatura da escritura de doação, concretizou-se uma íntima inspiração do Exército, qual aposse da terra em que seu patrono veio ao mundo e à qual há de ser dada utilização condigna.�

Pôrto da Estrêla naProvíncia do Rio de Janeiro

A Batalha do Avaí - Pintura à óleo de Pedro Américo

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CAXIAS � O PACIFICADORIntransigentecomadesordem.Enérgicocoma rebeldia.

Conciliadornasnegociações.Humanonoperdão.Artíficeda integridadenacional.Nasocasiões emqueoconsensonão foi possível,mostrou-sedecisivo epertinaznocumprimentodesuamissão, semnoentantousarde forçadesnecessária, evitandohumilhar ougerar sentimentosdevingança

nosvencidos, quesempre foramvistoscomocompatriotasenãocomo inimigos.

CAMPANHAS INTERNAS1 � GUERRA DA INDEPENDÊNCIA (1823) Batismo de fogo em Salvador.2 � BALAIADA (1840) Pacificação do Maranhão.3 � REVOLUÇÃO LIBERAL (1842) Pacificação da Província de São Paulo.4 � REVOLUÇÃO LIBERAL (1842) Pacificação da Província de Minas Gerais.5 � REVOLUÇÃO FARROUPILHA (1842/1845) Pacificação da Província do Rio Grande do Sul.6 � RETOMADA DE URUGUAIANA (1865) Acompanhou o Imperador na restauração de nossa fronteira.

CAMPANHAS EXTERNASCAMPANHA CISPLATINA (1825/1828) Culminou com a Independência do Uruguai.ORIBE E ROSAS (1851/1852) Libertação dos países platinos do caudilhismo.CAMPANHA DA TRÍPLICE ALIANÇA (1866/1869) Comandou as forças aliadas, levando-as à vitória.

Salvador

SãoLuís

Porto Alegre

Ouro Preto

São Paulo

Uruguaiana

Rio de Janeiro

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