Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

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No coração do Recife Pernambuco Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro edição 0 distribuição gratuita ENTREVISTA | pág. 11 CULTURA | pág. 13 Reforma Agrária paralisada Terça Negra Há quinze anos, religiosida- de e cultura celebram raízes africanas Petroleiros param pelo povo brasileiro Jaime Amorim, Direção Nacional do MST, denuncia ausência de políticas públicas para agricultura familiar no estado. Greve de mais de treze dias denuncia desinvesmentos na Petrobras e tentava de privazação da empresa. BRASIL | pág. 8 CIDADES | pág. 3 Parque 13 de maio é refú- gio verde para trabalhado- res e famílias no centro da capital pernambucana. Irregularidades na Arena Pernambuco Superfaturamento das obras pode chegar a 70 milhões, afirma PF. Especialista aponta financiamento privado de cam- panha como causa principal. Futuro incerto para SUAPE Crise da Petrobras e recessão na- cional trazem instabilidade eco- nômica para o complexo. “Com o fim das obras situação fica muito negava”, analisa Tânia Bacelar. Sindicalistas apontam retomada dos invesmentos da Petrobrás como principal solução. ESPORTE | pág. 15

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Edição nº0 do Brasil de Fato Pernambuco

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Page 1: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

No coração do Recife

Pernambuco Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro e d i ç ã o 0 distribuição gratuita

ENTREVISTA | pág. 11CULTURA | pág. 13

Reforma Agrária paralisadaTerça NegraHá quinze anos, religiosida-de e cultura celebram raízes africanas

Petroleiros param pelo povo brasileiro

Jaime Amorim, Direção Nacional do MST, denuncia ausência de políticas públicas para agricultura familiar no estado.

Greve de mais de treze dias denuncia desinvestimentos na Petrobras e tentativa de privatização da empresa.

BRASIL | pág. 8 CIDADES | pág. 3

Parque 13 de maio é refú-gio verde para trabalhado-res e famílias no centro da capital pernambucana.

Irregularidades na Arena Pernambuco

Superfaturamento das obras pode chegar a 70 milhões, afirma PF. Especialista aponta financiamento privado de cam-panha como causa principal.

Futuro incerto para SUAPECrise da Petrobras e recessão na-cional trazem instabilidade eco-nômica para o complexo. “Com o fim das obras situação fica muito negativa”, analisa Tânia Bacelar. Sindicalistas apontam retomada dos investimentos da Petrobrás como principal solução.

ESPORTE | pág. 15

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OPINIÃO2

A falsa moral vira piada quando Eduardo Cunha, financiado pelas grandes empresas, é descoberto desviando dinheiro de nosso país para contas na Suíça.

O Brasil se divide em proje-tos inconciliáveis. De um lado, os que vivem às custas de nosso suor, defendem um país que não serve para quem nele trabalha. Do ou-tro a classe trabalhadora e os mo-

vimentos po-pulares lutam por uma nação voltada para os interesses de quem a cons-

trói. A mudança só virá com uma Constituinte para mudar a política, onde o povo decida sem o envolvi-mento das empresas que corrom-pem nem daqueles que já se cor-romperam.

Construir o país que queremos exige ir às ruas pelo fim da reti-rada de direitos, do ajuste fiscal e pela saída de Eduardo Cunha.

Pelo Projeto Popular!

Chegamos ao fim do ciclo econômico sustentado pelo au-mento das exportações, cresci-mento do mercado interno e am-pliação do crédito. Foi o tempo da construção do porto de Suape, da Transnordestina e da Refinaria de Abreu e Lima em nosso esta-do. Tais políticas ajudaram o país a resistir à crise econômica inter-nacional. Com isso os governos L u l a / D i l m a ac r e d i t a r am ser possí-vel conciliar imensos lucros do capital com aumento de renda e qualidade de vida dos trabalhadores.

Quando as obras encerram, exportações caem e lucros di-minuem, os banqueiros e gran-des empresas não querem pagar pela crise que eles mesmos ge-raram, tentam retirar nossos di-reitos conquistados com tanto esforço.

Usam denúncias de corrupção para privatizar a Petrobrás, um patrimônio do povo brasileiro.

Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

Editorial | Brasil

Os ricos que paguem pela crise. Às ruas pelo Projeto Popular!

A mudança só virá com uma Constituinte para

mudar a política

Da mata ao sertão, traremos toda a

diversidade do povo pernambucano

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país com edições regionais em MG, RJ, SP e agora também em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

REDE SOCIAL: facebook.com/brasildefatopernambucocorreio: [email protected] anunciar: [email protected] Contato: [email protected]

Brasil de Fato

Editorial | Pernambuco

COLABORARAM NESSA EDIÇÃO: Amauri Lins, André Amilcar, Catarina de Angola, Daniel Lamir, Débora Britto, Diogo Bezerra, Diva Braga,Elen Carvalho, Elisa Lucena, Esequias Pierre, Hugo Crasso, Iyalê Moura, Laudenice Oliveira, Maíra Gomes, Marcone Soares, Mariana Reis, Méle Dornelas, Moisés Borges, Monyse Ravena, Phillyp Mikell, Rogério Cavalcante e Castro, Sandreildo Santos, Talles Reis, Vinícius Sobreira, Wallace Oliveira, Jornalista Responsável: Monyse Ravena (DRT\CE 1032). Diagramação: Luiz Justino e Diva Braga. Tiragem: 40 mil exemplares

PERGUNTA DA SEMANA

Bem-vindo ao Jornal Brasil de Fato Pernambuco!

Em suas mãos está um jor-nal fruto de uma ampla articula-ção de movimentos sociais, sin-dicatos e organizações políticas comprometidas com a classe trabalhadora, que lutam em prol do avanço da democratização da comunicação e contra o mo-nopólio da mídia. Assim como a mídia nacional, tudo o que lemos e assistimos em nosso estado é controlado por poucos grupos econômicos e políticos que, movidos por seus interesses, nos empurram diariamente uma realidade distorcida e incom-pleta dos fatos. São os grupos que controlam a terra, a água, o solo urbano e, por vezes, o Estado, que também dominam a comunicação. O Brasil de Fato é um jornal diferente.

Aqui você vai ver o “outro lado” da notícia, aquilo que não aparece ou que não é dito pelos grandes meios de comunica-

ção. Somos um jornal popular, distribuído gratuitamente, com seções de notícias, cultura, entre-tenimento e esporte. Esse jornal é seu, e queremos que você se en-xergue em cada uma dessas pá-ginas, que se sinta representado pelo BFPE.

Da mata ao sertão, traremos toda a diversidade do povo per-nambucano, contando suas his-

tórias e mostrando suas lutas. Sim, as lutas da classe trabalhadora, do campo e da cida-de, preencherão estas páginas que

ganharão vida. Nossa meta é conseguir chegar a todas as re-giões do estado.

O Jornal Brasil de Fato Per-nambuco é um veículo de co-municação comprometido com a verdade, com a superação das desigualdades sociais e com a construção de um projeto po-pular. Convidamos cada um e cada uma para fazer parte desse importante instrumento de trans-formação e compromisso com o povo!

Jornal Popular por um Pernambuco de lutas

Apoio:

SINTEPEMANDATO TEREZA LEITÃO

SINDICATO DA BORRACHA

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CIDADES 3Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

“No bairro não dá pra brincar na rua, por isso a gente vem ao parque”

Parque 13 de Maio, respiro no coração da cidadeDESCANSO Pipoqueiros, playground e até mata amazônica compõem cenário de parque no centro do Recife

Mariana Reis

Se a praça é do povo como o céu é do condor, como dizia o poeta abolicio-nista Castro Alves, o parque é o espaço público popular por excelência. E se for o Parque 13 de Maio – loca-lizado no centro do Recife – a afirmativa é ainda mais acertada.

Ponto de concentração de manifestações sociais, o lugar no dia-a-dia é cenário para brincadeiras de crian-ças, práticas desportivas, piqueniques, namoros nos bancos da praça. E também local de trabalho para pipo-queiros, sorveteiros, vende-dores de algodão doce e de maçã do amor, entre outras

ocupações.

São pessoas como Joa-quim Espíndola, 88 anos, há 32 na condução do Trenzinho do Parque, que circula fazen-do a alegria dos pequenos a bordo. “Gosto daqui porque é central e seguro”, fala orgu-lhoso.

Mesma opinião de Ednal-do Fernandes, 25, que esco-lheu o local para comemorar o 4º aniversário da filha Ágatha. Ele e a família saíram de Pei-xinhos, em Olinda, para repe-tir o passeio de sua infância.

Frequentar o parque, assim, passa a ser um hábito com-partilhado entre gerações. “Aqui é um lugar amplo, sem estresse, sem carro. Podemos ficar à vontade. Hoje em dia, no bairro, não dá pra brincar

na rua. Por isso a gente vem ao parque”, completa Niedja Nogueira, 42, avó de Ágatha.

Memória também faz parte do relato de quem vivencia o parque. “Man-temos a roda aqui porque esse é nosso passado, nossa história. Havia muita dis-criminação e perseguição policial nos anos 1970 e o 13 de Maio era um desses

lugares de resistência, um polo da capoeira na época”, lembra Jânio Gomes, conhe-cido como Mestre Casco, que vive na Suíça, mas faz questão de participar das ro-das de capoeira aos domin-gos quando visita o Recife.

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Rosângela Maria, 25 anos, vendedora

Por que você acha que ainda há tanto racismo no Brasil?

Acho que é questão de costume do povo antigo que vem alastrando isso, e que continua mesmo em 2015. Como há muitos anos os negros serviram aos brancos, até hoje fica esse costume do racismo. E não é só o pobre que sofre, até os ricos como Daniel Alves [jogador da Seleção Brasileira de Futebol].

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Johnny Renan, 20 anos, estudante

Acho que é pela falta de educação do governo, que não mostra a diversidade do povo negro. Assim, fica valendo a associação de que negro é ladrão, porque vive na favela e vem da es-cravidão. Infelizmente, o Brasil não impõe mais diversidade na educação e na cultura, não tem políticas públi-cas para os negros.

Méle Dornelas Joana Perrusi, 31, é uma das frequentadoras que es-colheu o 13 de Maio para a prática de caminhadas. “Eu acho um lugar lindo, com árvores belíssimas, é um parque enorme no coração do Recife, um respiro para a cidade”, diz a jornalista.

Ela conta que costuma levar sua filha ao local por ser um espaço democrático, que abrigue pessoas de di-ferentes perfis e classes so-ciais. “Espero que cada vez mais gente descubra o valor que tem o 13 de Maio para a história e urbanismo do Re-cife e fortaleça os vínculos com lugares subutilizados como este”, define Joana.

Urbanitários

Nos dias 10 e 11 de novem-bro, trabalhadores da COEL-BA, CELPE e COSERN se reu-niram com a Neoenergia. Entre 2014 e 2015, a Neoenergia teve lucro líquido de mais de R$ 1 bilhão, tendo vindo boa parte do aumento das tarifas de ener-gia. Ainda assim, ofereceu um reajuste de 7%, frente à uma in-flação de quase 10%.

Educação

Entre os dias 9 e 21 de no-vembro, ocorreu a 13ª Confe-rência Estadual de Educação com o tema: Direito, Valori-zação e Qualidade da Escola Pública e os Planos para Edu-cação. Durante os três dias, professores de todo o estado debateram temas como o fi-nanciamento da educação na

perspectiva dos recursos do pré-sal, passando pela valo-rização dos profissionais e os currículos da formação dos profissionais da educação e da educação básica.

Construção Civil

O Sindicato Marreta, que representa profissionais como pedreiros e eletricistas, en-trou em greve no dia 16/11, parando mais de 360 obras no estado, com 97% de adesão. O reajuste de 20% deveria ter sido feito em 1º de outubro, mas os patrões só querem ne-gociar em 2016. A categoria exige ainda adicional de hora extra, não ampliação de jor-nada de trabalho para os sá-bados, melhorias no valor do vale alimentação e nas refei-ções dos operários.

PERGUNTA DA SEMANAO Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro (data de morte

de Zumbi dos Palmares) simboliza a luta e resistência da população negra. O movimento conquistou avanços, como a Lei das Cotas Raciais. Apesar disso, os dados ainda mostram uma realidade cruel. Em 2012, dos 30 mil jovens que foram mortos, 77% eram negros. As mulheres negras mortas no país são mais que o dobro de mulheres brancas. E em 2013, os negros/as ganharam apenas 57% do salário dos brancos.

Coluna Sindical

Aniversário de Ágatha no parque

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4 CIDADES4

Na Luta

Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

Cais José Estelita vive e resisteDIREITO À CIDADE Debate volta a ganhar destaque em Recife após venda ilegal de terreno

Débora Britto

Em 2012, quando veio a público o projeto de constru-ção de complexo residencial de luxo no Cais José Esteli-ta, a capital pernambucana dificilmente apostaria que o movimento de reivindicação que iniciou como Ocupe Es-telita seguiria comprometido com a luta e resistência por uma cidade para todas as pessoas que vivem nela.

Hoje, o Cais José Esteli-ta resiste à especulação imo-biliária do Consórcio Novo Recife que, segundo a Polí-cia Federal, comprou o ter-reno de forma irregular. De-flagrada no último outubro, a operação Lance Final aponta fraude no leilão do Cais José Estelita, que teve apenas um concorrente e subfaturou em

R$10 milhões o valor da área. Na investigação, são apontadas as empreiteiras do Consórcio Novo Recife, entre elas a Moura Dubeux e Queiroz Galvão, e a São Paulo Milan Leilões, em-presa que realizou o leilão, em 2008.

Para Luís Silva, integrante do Movimento Ocupe Este-lita (MOE), a investigação soma uma vitória ao movi-mento, que desde 2012 já falava na fraude do leilão. Para além de questões ju-rídicas, no entanto, o mo-vimento quer debater com a sociedade o uso público

da área. Uma de suas pau-tas exige o mínimo de 30% da área para a construção de moradia popular.

O MOE hoje aponta cami-nhos e possibilidades para o Cais, apesar de continuar sendo um movimento de reivindicação, como reforça Luís. “Queremos uma cam-panha para debater com a so-ciedade do Recife para saber o que a sociedade também quer para a cidade, para o Cais”.

Ele lembra que em abril de 2015, em parceria com mo-vimentos sociais do campo e organizações da sociedade civil, e povos tradicionais, como o Povo Xukuru de Ororubá, o MOE realizou o Ocupe Campo Cidade, que reuniu mais de 5 mil pessoas e provocou o debate de lu-

tas sociais nas cidades e no campo.

Além do Cais: o que querem os estelitas

O direito à cidade conecta o Movimento Ocupe Este-lita a debates globais, mas preserva suas características regionais. O Cais como sím-bolo de luta por uma cidade democrática e segura para

as pessoas é o ponto de parti-da para o Movimento debater e atuar em outras frentes de lutas populares. “Combate-mos a transfobia, gordofo-bia, a homofobia, o racismo, o genocídio do povo negro porque são pautas que fazem parte do nosso cotidiano. Para isso, o movimento de-seja construir junto aos mo-vimentos sociais do campo e das cidades”, afirma Luís.

“O atual governo entregou a Secretaria de Defesa Social a um grupo

conservador”

Semiárido Vivo Cerca de 20 mil agricultores e agricultoras foram às ruas de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), no dia 17 de novembro, dizer ao Governo Federal que não aceitam redução nas ações de convivência com o Semiárido, e pela urgência na revitalização do Rio São Francis-co. O ato público “Semiárido Vivo: Nenhum Direito a Menos” foi articulado pelos movimentos sociais do campo e da cidade ASA, MST, MPA, Contag e Levan-te Popular da Juventude.

PEC 215 A Avenida Agamenon Ma-

galhães, uma das principais vias da capital Recife, foi blo-queada por indígenas, quilom-bolas e movimentos sociais no final da tarde do dia 11 de no-vembro, em protesto contra a PEC 215, medida que transfe-re para o Congresso a defini-ção das demarcações de terras de populações tradicionais. Depois de distribuir panfletos e dialogar com a população, a mobilização bloqueou a ave-nida por cerca de 1 hora. Mais cedo, o povo Fulni-ô trancou a BR-423, na altura do municí-pio e Águas Belas, sertão per-nambucano.

EnergiaÉ realizado no Recife o «Seminário Estadual: Energia, Educação e Indústria no Brasil», no dia 23 de novembro. O objetivo é debater a privatização do sistema de energia brasileiro, entendendo que o feito no sistema elétrico está em curso também com a in-dústria do petróleo. O Se-minário faz parte da cam-panha de fortalecimento do sistema de energia no Brasil, realizada pela Pla-taforma Operária e Cam-ponesa de Energia, que une movimentos sociais e sindicais.

De 16 a 19 de novem-bro foi realizado o Acampa Popular da Juventude, na UFPE em Recife, que reuniu jovens de todo o estado para debater os desafios para a construção de um Projeto Popular para o Brasil. Na manhã do dia 18, o grupo esteve pre-sente no ato em defesa da Petrobras, contra as demissões do estalei-ro Atlântico Sul, e em apoio aos trabalhado-res metalúrgicos. O ato reuniu cerca de 1000 pessoas, que trancaram a porta do Estaleiro por algumas horas.

Juventude em luta

Manifestação reuniu movimentos dos campo e da cidade no Cais José Estelita em abril deste ano

Reprodução

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5 OPINIÃORecife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

Os barões e acrise da mídia

João Paulo Cunha*

“Um olho da democracia, outro no jornalismo.”

Diferenças que se reconciliam

Marcelo Barros*

“Conviver com as diferenças é um desafio para as religiões.”

ArtigoArtigo

Imprensa e democracia têm tudo em comum. Uma não existe sem a outra. É preciso liberdade para levar informações relevantes a to-dos os cidadãos. Por outro lado, sem informação de qualidade não se garante um ambiente efetiva-mente democrático. É preciso cuidar dos dois lados. Um olho na democracia, outro no jornalismo.

Existe uma cri-se no negócio da comunicação em todo o mundo. Essa crise se re-flete na diminuição de receitas e tem levado as empresas a abrirem mão de seus melhores profissio-nais em nome do corte de gastos. Quem vem perdendo com isso é o leitor, que passa a receber menos informação, menos análise, menos luz.

A crise do negócio pode afetar a imprensa em todo o mundo, mas

no Brasil se escora numa dimensão protegida pela confusão estabeleci-da historicamente entre benefícios privados e recursos públicos. Para se ganhar dinheiro no setor em nos-so país parece não ser necessário produto de qualidade e nem mes-mo audiência. Quanto mais o Jornal Nacional perde público e os diários impressos despencam no IVC, mais o sistema se defende. Aumento de verbas públicas, projetos especiais e bônus de veiculação são apenas al-guns dos instrumentos.

O resulta-do dessa contradição não vai de-morar a se

expressar pelo seu pior prognóstico. Teremos um jornalismo sem jorna-listas, uma imprensa sem opinião, uma sociedade baseada na fofoca. Poucos empresários bilionários e uma ordem informativa indigente. Aí, jornalismo e democracia vão ocupar faixas distintas. E vai ser ruim para os dois lados.

*João Paulo Cunha é jornalista.

Reconciliar as diferenças é uma proposta do Conselho Mundial de Igrejas que reúne 349 Igrejas cris-tãs no caminho da unidade. Essa unidade se dará através da autono-mia de cada Igreja e do di-reito de cada uma ser di-ferente. Con-viver com as diferenças e mesmo aprender com elas é um desafio para as religiões e para o diálogo entre as culturas. É um problema que atualmente provoca conflitos violentos entre grupos e até entre povos. A tolerância evita o confron-to e a guerra, mas não chega a criar um ambiente positivo de diálogo e compreensão.

A sociedade atual fala em tolerân-cia zero para a corrupção que a cor-rói por dentro e para crimes contra a vida e a integridade das pessoas. No entanto, mesmo esse justo rigor não pode atropelar os direitos cons-titucionais dos cidadãos e a consci-ência da dignidade de toda pessoa

humana. A luta contra o crime não pode ser pretexto para discriminar negros, pobres, migrantes. De fato, as religiões foram criadas para en-sinar as pessoas a amar e a fazer do amor uma lente especial com a qual se olha a vida, as pessoas e

as culturas. En-tretanto, quan-do se deixam aprisionar pelo autoritarismo e

pelo dogmatismo, mesmo as religi-ões mais éticas se tornam fonte de intransigência. Em Pernambuco, quase a cada semana, em nome da fé cristã, ocorrem ataques e atos de discriminação contra grupos afro-descendentes. Por isso, a cada ano, em novembro, as comunidades de tradição afro fazem pelas ruas do Recife a Caminhada das comuni-dades de terreiro. Toda Igreja cris-tã, seja qual for sua denominação, é chamada a ser aberta a tudo o que é humano.

*Marcelo Barros é monge beneditino, teólogo e assessor das comunidades eclesiais de base e movimentos sociais.

Foto legenda Fala Povo

No último dia 13\11, mo-vimentos sociais e sindicais, feministas e de juventude ganharam as ruas em cer-ca de 20 cidades em todo o Brasil exigindo a saída do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. Em recife a ma-nifestação se concentrou na Praça do Derby e teve parti-cipação de cerca de duas mil pessoas. O grito de #Fora-Cunha foi ouvido em várias ruas centrais do Recife por onde passou o protesto.

“Os buracos estão aí há mais de um ano. E ainda temos que conviver com esgoto a céu aberto aqui na Presidente Kennedy, uma das principais aveni-das de Olinda. E isso bem aqui em frente ao Centro de Moda, onde vem mui-ta gente para o Expresso Cidadão”, denuncia Cata-rina Canuto, moradora de Olinda.

Reprodução

Méle Dornelas

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6 PERNAMBUCO Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro6

Maíra Gomes

Entre as décadas de 1980 e 1990, o país sofreu com a estagnação na eco-nomia e a implantação das políticas neoliberais pelo tucano Fernando Henri-que Cardoso. O problema atinge também o estado de Pernambuco, onde a participação da industria na economia caiu de 25% para 11% em duas déca-das.

De acordo com a eco-nomista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tâ-nia Bacelar, o Complexo

Suape: é hora de olhar para o futuroCRISE Após paralisação de obras e crise na Petrobras, instabilidade toma conta de complexo industrial

de Suape teve a missão de ser a alavanca da retomada da industrialização no estado. “E isso foi feito. A industria-lização gera um dinamismo econômico, abre cadeias pro-dutivas “, reforça.

O tamanho de Suape Pensada desde os anos

50, a obras do Complexo de Suape só tiveram início em 1978. Mas foi em 2007, com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimen-to (PAC) e o início das obras da Reinaria Abreu e Lima da Petrobrás, que ocorre o boom em Suape.

Entre os anos de 2007 e 2010, os investimentos pú-

blicos em no complexo bate-ram na casa de R$ 1,5 bilhão. Com a chegada de Suape, o estado se tornou a 10ª econo-mia do Brasil, participando com 2,4% do PIB nacional (Produto Interno Bruto).

Mesmo com o cresci-mento acelerado, Suape também sente a crise eco-nômica no Brasil. Em Per-nambuco, o PIB sofreu uma desaceleração brus-ca no primeiro trimestre de 2015, com expansão de apenas 0,6%. É o mais fraco resultado desde a retração re-gistrada em 2003, período em que o Estado enfrentou tempos de estiagem. “A desativação dos canteiros de obras coincidiram com a crise brasileira e a cri-se na Petrobras, deixando uma situação muito negati-va no momento”, analisa a economista Tânia Bacelar.

A paralisação das obras da construtora Ode-brecht - envolvida na Ope-

Uma economia em crise

ração Lava Jato - , somada ao novo Plano de Negócios e Gestão da Petrobrás - com uma redução de 37% nos in-vestimentos - resulta em um polo petroquímico e siderúr-gico profundamente afetado.

“Considerando a Refi-naria e as encomendas pre-vistas para a Petrobras para os estaleiros de Suape, daria para um empregado trabalhar durante 30 anos ali dentro. E isso foi rompido com os de-sinvestimentos da empresa”, denuncia Marcos Aurélio Monteiro, coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro-PE/PB).

Cerca de 40 mil trabalha-dores perderam seus empre-gos em apenas três meses. Marcos Aurélio aponta que seriam realocados para ou-tras empresas, mas até agora grande parte não retornou para o mercado de trabalho.

O impacto foi brutal tam-bém nos município próximos, dos quais cinco são direta-mente influenciados pelo em-preendimento: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno e Escada. Moradores da região investiram milhões em servi-ços como alimentação e hos-pedagem, e agora sofrem com o fim das obras.

Boas expectativas, futuro incerto

Apesar da crise econômi-ca atual, marcadores econô-micos apontam crescimento

em Suape. O IBGE pesqui-sou a força da produção da indústria em 14 estados do país em julho deste ano, e apenas quatro obtiveram crescimento acima de 3%. Dentre eles está Pernambu-co, com a marca de 3,3%.

“Suape vai sobreviver a tudo isso”, acredita Raimun-do Souza Nascimento, da direção do Sindicato dos Tra-

balhadores na Indústria de Artefatos de Borracha, Sin-dborracha-PE. O sindicalista, porém, reforça que para isso é preciso que investimentos da Petrobras sejam retoma-dos.

A economista Tânia Ba-celar reforça perspectivas

positivas, mas pondera que quando a Petrobras reto-mar os investimentos, ain-da serão necessários cerca de dez anos para a plena recomposição de Suape e região.

O petroleiro Marcos Aurélio afirma que é possí-vel a volta dos investimen-tos e o crescimento, mas a Petrobras deve ser cobrada

pela sociedade. “O povo brasileiro é o maior acionis-ta da Petrobras e deve retornar a

ele sua riqueza. É uma empresa pública e tem que cumprir o seu pa-pel, com investimentos, formação técnica, em-prego. Por isso devemos cobrar”, convoca o sindi-calista. [Veja página 9]

Hoje, estão em operação mais de 100 empresas de grande porte, com destaque para o Estaleiro Atlântico Sul, já considerado o maior estaleiro da América Latina. Destaca-se ainda o Terminal

Portuário, a principal porta de entrada para as regiões Norte e Nordeste.

Um polo com tal gran-deza apresenta reflexos positivos na economia do estado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009 o Pro-duto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco cresceu 3,8%, enquanto o do Brasil caiu 0,2%. Os investimen-tos que estão em curso em Suape representam apro-ximadamente 60% do PIB estadual, segundo estudos da institutuição Consulto-ria Econômica e Planeja-mento, Ceplan.

DEMISSÕES Com a Petrobras como carro chefe de Suape, economia desanda após desinvestimentos

40 mil perderam seus empregos

em apenas três mesesInvestimentos da Petrobras

reduziram 37% este ano

40 mil trabalhadores perderam seus empregos após paralisção das obras e cance-lamento de encomendas da Petrobrás aos estaleiros.

FATOS

Divulgação

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PERNAMBUCORecife, de 23 de novembro a 23 de dezembro 7

Cuidado! Tem veneno no seu prato

Laudenice Oliveira

O Brasil continua com a marca vergonhosa de ser um dos maiores mercados consumidores de agrotóxi-co do mundo. Brasileiros e brasileiras consomem mais de 7 litros de vene-no por ano, distribuído em doses homeopáticas na sua alimentação diária. Um caso de saúde pública gra-ve, já que a cada ano se tem mais compro-vações científicas de que o uso de agrotóxicos causa diversas doenças. Dentre elas, câncer, doenças car-diovasculares, má-forma-ção fetal, depressão e de-ficiências de nutrição. O dossiê lançado este ano da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é um alerta para os riscos que correm trabalhadores e trabalhadoras que lidam com esses produtos e a po-pulação consumidora.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisa intitulada Indicadores do Desenvolvimento Susten-tável: Brasil 2015. O do-cumento traz dados de que entre 2000 e 2012 dobrou o consumo de ingredien-tes ativos de agrotóxicos

FATOS

EM FOCO

Caruaru O Hospital da Mulher

de Caruaru deveria ter sido entregue a popula-ção em julho deste ano. A inauguração foi adiada para o segundo semestre, mas as obras ainda es-tão paralisadas. Promessa feita na primeira gestão do governador Eduardo Campos, a construção foi orçada em 47 milhões de reais e tem como objetivo atender a 32 municípios da região agreste do es-tado, desafogando assim o grande fluxo da capital Recife. Sem resposta dos poderes públicos respon-sáveis pelas obras, a po-pulação cobra quando o hospital será entregue.

Água no Agreste A população de muni-

cípios do Agreste de PE passa por dificuldades com relação ao abaste-cimento de água. 11 mu-nicípios tem rodízio de dois dias com água e até 29 dias sem. Em Caruaru, maior cidade da região, o calendário de rodízio tem tido muitas alterações. Nem sempre a água che-ga nos dias anunciados pela Compesa. Na zona rural a situação também tem sido difícil, muitas cisternas tem sido abas-tecidas com carros-pipas.

Em 12 anos, dobrou o consumo de agrotóxicos no Brasil

no Brasil, saindo de 2,7 quilos por hectare para 6,9kg/H.

“O uso intensivo dos agrotóxicos está asso-ciado a agravos à saúde da população, tantos dos consumidores dos alimen-tos quanto dos trabalhado-res que lidam diretamente com os produtos”, atesta a publicação.

Horta contaminada Levantamento reali-

zado pela Agência de De-fesa e Fiscalização Agro-pecuária de Pernambuco (Adagro), entre 2011 e

2012, apresentou pro-dutos hortifrutis comer-cializados no Centro de Abastecimento Alimentar de Pernambuco (Ceasa) com níveis altos de conta-

minação por agrotóxicos, além de detectar resíduos de agrotóxicos não autori-zados para serem comer-cializados e utilizados no Brasil.

Alface, couve-flor, pimentão, repolho, ce-bola, abacaxi, morango, uva apresentaram índices insatisfatório de resíduo de agrotóxicos. O pimen-tão foi o vilão do grupo, das amostras coletadas 91,7% foram insatisfató-rias, além de apresentar 11 substâncias agrotóxi-cas de uso não autoriza-do. Das frutas, o abacaxi se sobressaiu com 50% das amostras reprovadas e

nelas, foram encon-trados 4 agrotóxicos proibidos no Bra-sil. De acordo com

a pesquisadora do Hospital Ageu Magalhães e uma das autoras do dos-siê da Abrasco, Lia Giral-do, “não existe uso seguro no contexto em que a gen-te vive para a maioria dos agrotóxicos”.

CONTAMINAÇÃO para cada habitante do Brasil são utilizados 7,3 litros de agrotóxicosSertão do Moxotó

Em várias regiões do estado a estiagem já se estende pelo ter-ceiro ano seguido e tem afetado as comu-nidades rurais de ma-neira drástica. Depois de varias promessas de resolver o problema da falta de agua, feitas pelo governo munici-pal e estadual, agricul-tores e agricultoras do Assentamento Cacho-eira dos Guilherme, no município de Sertânia organizaram um muti-rão para construção de um cacimbão o que vai continuar garantindo água para a produção de alimentos pelas fa-mílias assentadas.

O Movimento dos Pequenos Agriculto-res (MPA) realizou no dia 21/11 o ato políti-co “Cantoria e Poesia” com o cantor Pedro Munhoz. A atividade ocorreu em Ouricuri na região do Araripe. A atividade teve o ob-jetivo de denunciar os malefícios do agrone-gócio na região e a im-portância da constru-ção de um Plano Cam-ponês em Pernambuco que fortaleça a produ-ção dos pequenos agri-cultores para que ali-mente com mais quali-dade os centros urbano

FATOS

EM FOCO

Fotos: Talles Reis

Ouricuri

Adesivaço realizado pelo Comitê da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos em Recife

Reprodução

Page 8: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

10 BRASIL Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro10

Após atentados, França reforça ataques à Síria

Da redação

Após onda de atentados em Paris no dia 13 de no-vembro, França intensifica sua intervenção na Síria e Iraque para atacar alvos do Estado Islâmico, grupo que reivindicou a autoria dos atentados. Rússia e Estados Unidos reforçam ataques, que conta com envio de bombardeios e caças para o disparo de mais de 20 bom-bas por dia.

O presidente francês, François Hollande, declarou que se trata de um “ato de guerra” do Estado Islâmico e que seu país teria uma res-posta “implacável” a essas ações. As ataques à capital

GUERRA Presidente francês, François Hollande, declara guerra ao Estado Islâmico e conta com apoio de Rússia e EUA

francesa mataram ao me-nos 129 pessoas e deixa-ram outras 352 feridas.

Mortes na SíriaA guerra na Síria já

matou mais de 220 mil pes-soas desde março de 2011, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Huma-nos (OSDH). Dados do fim de setembro apontam que pelo menos 4 mil pessoas morreram e centenas fica-ram feridas na Síria desde o início, há um ano, dos bombardeamentos da co-ligação internacional lide-rada pelos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico.

ImigraçõesDados da ONU afir-

mam que o número total de migrantes que chega-ram este ano à Europa via mar Mediterrâneo já ultrapassou as 643 mil pessoas. Com a intensifi-cação dos bombardeios ao Estado Islâmico, o drama humanitário tende a ser multiplicado. O número de refugiados irá crescer, assegura Monique Socha-czewski, professora do programa de pós-gradua-ção em Ciência Militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e especialista nos temas da Turquia.

Lama em Minas Gerais não foi acidente

Da redação

O inquérito do Ministé-rio Público de Minas Gerais fica pronto apenas no início de dezembro, mas Carlos Eduardo, promotor do Meio Ambiente, considera negli-gência das empresas Samar-co e Vale, responsáveis pelo desastre. “Não há fatalidade nisso, não podemos admitir acidente”, diz.

O rompimento das bar-ragens de Fundão e Santa-rém despejou 62 milhões de m³ de rejeitos no meio am-biente. O distrito de Bento Rodrigues foi destruído e centenas de pessoas ficaram desabrigadas, outras dezenas de pessoas continuam desa-parecidas e oito mortes es-tão confirmadas. Mais de 15 municípios foram atingidos, deixando sem abastecimen-to de água pelo menos meio milhão de pessoas.

Ainda não é possível dimensionar a extensão e gravidade dos danos ambientais. Mas pes-quisadores apontam que a lama deverá matar toda a vida que depende do rio. As nascentes foram soterradas pelos rejeitos, comprometendo a saúde do rio, das espécies e o abastecimento de cidades. No curto prazo, o leito do rio se tornará estéril.

TRAGÉDIA Maior desastre ambiental da história do país não foi acidente. MP responsabiliza Samarco e Vale

Depois de duas sema-nas de pressão, com mais de 75 escolas ocupadas por alunos em todo o esta-do de São Paulo, o gover-nador Geraldo Alckmin (PSDB) foi obrigado a re-cuar do projeto de “reor-ganização” escolar. O modelo apresentado por Alckmin pretende fechar pelo menos 94 escolas e extinguir a oferta de ensi-no médio no período no-turno e ensino de jovens e adultos (EJA). O anúncio foi feito na tarde do dia 19 de novembro, pelo secre-tário estadual de Educa-ção, Herman Voordwald, em uma audiência de con-ciliação entre governo, professores e estudantes.

Estudantes ocupam escolas em SP e con-seguem suspender o

projeto do PSDB

No próximo dia 6 de de-zembro acontecem as elei-ções parlamentares na Ve-nezuela. A Unasul (União Nacional Sul-Americana) chegou ao país na quarta--feira (18), para dar início à missão que vai acompanhar todo o processo eleitoral, a fim de garantir a soberania do voto popular e a manu-tenção da democracia. A pri-meira agenda da delegação é se reunir com todos os parti-dos políticos integrantes da

disputa. O secretário geral da Unasul, Ernesto Samper, e o chefe da delegação, o ex-presidente dominicano Leonel Fernándes, terão uma reunião primeiramen-te com os líderes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). Em seguida a delegação deve se reunir com os candidatos de opo-sição, da Mesa da Unidade Democrática e com inte-grantes do Conselho Nacio-nal Eleitoral. A delegação da Unasul conta com 50 fiscais de todos os países membros do bloco, com-prometidos com a manuten-ção da democracia e com a paz na região.

Unasul acompanha eleições na VenezuelaAMÉRICA LATINA Comissão visita o país para acompanhar processo eleitoral

Movimentos sociais denunciam que não há política de Estado sobre os recursos minerais no Brasil, e regulamentação fica na mão das próprias empresas

Douglas Resende e Rafael Lage

Da redação

MUNDO Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

Page 9: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

11ENTREVISTARecife, de 23 de novembro a 23 de dezembro 11

Ivan CruzMonyse RavenaPresente em Pernam-

buco desde os anos 1980, o Movimento dos Traba-lhadores Rurais Sem Terra (MST) organiza acampa-mentos e assentamentos em todo o estado. Para Jaime Amorim, integrante do MST de Pernambuco

e da Direção Nacional do Movimento, 2015 é o pior ano para a Reforma Agrá-ria no estado desde 1995. Na conversa com o BFPE ele faz um balanço da Re-forma Agrária no estado e aponta os principais en-traves para sua efetivação, além de discutir as causas dos conflitos cada vez mais presentes no Campo. Con-fira a entrevista:

Brasil de Fato PE – Em 2014, a Comissão Pas-toral da Terra registrou 55 conflitos violentos no campo em Pernambuco. Quais são as causas des-ses conflitos?

Jaime Amorim – Ano passado foram 55 e a ten-dência é termos cada vez mais conflitos, porque a causa é essa estrutura agrária atrasada e arcai-ca. Há um tipo de conflito mais comum, porque os fazendeiros tratam seus trabalhadores ainda como escravos. Isso acontece todo dia, de o fazendeiro

mandar dar surra no tra-balhador, mandar bater na criança do trabalhador porque chupou cana ou porque assustou os ani-mais, por qualquer motivo manda bater, manda sur-rar, tem uma violência que é cultural, escravocrata, patriarcal, que ainda per-siste no campo.

Por outro lado tem uma violência mais direta, do assassinato, da prisão, em

função de que cria-se o conflito da terra, o gover-no não resolve o conflito da terra e o conflito fica di-reto entre o trabalhador e o fazendeiro, o trabalhador e o usineiro, e o Estado não intervém. O governo leva dez ou quinze anos para resolver um conflito, e os fazendeiros têm o próprio modo de resolver. A for-ma de fazendeiro resol-ver não é negociar com o trabalhador, é colocar

“Legislativo ainda é atrelado aos interesses dos grandes fazendeiros e usineiros”

no alvo principalmente suas lideranças, primeiro cooptando e depois amea-çando e depois da ameaça vem o assassinato, a sur-ra, a prisão, muitas vezes o prórpio delegado que ameaça em nome do fa-zendeiro. Então nós temos esses dois problemas: um que é histórico, que vem dessa raiz escravocrata e outro em função da inércia do Estado brasileiro.

E qual a atual situação da Reforma Agrária em Pernambuco?

Hoje o estado de Per-nambuco tem 163 acam-pamentos e o processo de Reforma Agrária está para-do. Temos acampamentos em que as famílias estão a dez anos ou quinze. A Re-forma Agrária e a Agricul-tura Familiar nunca foram prioridades dos governos e são áreas estruturantes da economia. Soma-se a isso um legislativo conserva-dor que ainda é atrelado aos interesses dos grandes fazendeiros e usineiros. Ou seja, o estado de Per-nambuco está inoperante quanto a Reforma Agrária.

Quais os entraves para o avanço do assentamento de famílias em Pernam-buco?

No Agreste e na Zona da Mata pernambucana temos dois grandes entra-ves. O principal deles é a falta de incentivo à produ-ção agroecológica, já que o comum nessa região é plantar apenas cana. Nós do MST estamos fazendo

um trabalho em todos os Assentamentos que coor-denamos de incentivar a transição do modelo tra-dicional de produção para o modelo agroecológico, mas isso é muito difícil mesmo nos Assentamen-tos. E o outro grande en-trave é a falta de incen-tivos à comercialização. Essas são regiões que es-tão próximas aos grandes mercados mas não temos nenhum fomento a comer-cialização dessa produção.

E no Sertão, os entraves são os mesmos?

Já no Sertão a questão é outra: existe uma norma-tiva do Incra que não per-mite desapropriar áreas em períodos de estiagem e em situação de emergência. Esse é o primeiro entrave para toda a região do Se-miárido para a Reforma Agrária. Se você conside-ra que 2015 é o quinto ano de seca em Pernambuco, é preciso fazer essa mu-dança com urgência nessa

normativa. Segundo: é preciso re-

curso para a produção e para investir nos Assenta-mentos. Existem áreas com possibilidade de irrigar e não pode irrigar porque os trabalhadores não têm es-trutura. Nós temos aqui em Pernambuco 62 km de as-sentamentos na margem do rio São Francisco. No en-tanto, as famílias não têm estrutura para captar água e irrigar.

Mas o principal proble-ma no estado de Pernam-buco é a comercialização. Não existe um projeto do Governo do estado de fo-mento à agroindústria, a não ser algumas coisas isoladas que nós estamos tentando fazer, mas não existe uma política espe-cífica para isso. Quando olhamos para a garantia da comercialização, do pre-ço, da agroindústria, dos espaços de comercializa-ção percebemos que infe-lizmente a pequena agri-cultura em Pernambuco está jogada à própria sorte e é isso que nós queremos mudar.

Quais os caminhos para essa mudança?

Para mudar isso nós estamos fazendo luta per-manente e cada vez mais nós estamos buscando a unidade dos Movimentos Sociais e da classe traba-lhadora para termos pau-tas comuns e juntos poder-mos mostrar para o Estado e seus governantes muni-cipais, estaduais e federais que existe um projeto de agricultura familiar em Pernambuco.

“Existe um projeto de agricultura familiar em

Pernambuco”

REFORMA AGRÁRIA Falta de incentivos ao comércio de alimentos da agricultura familiar é maior entrave para trabalhadores do campo

Jaime Amorim: Direção Nacional do Movimento de Trabalhadores Sem Terra.“Os fazendeiros ainda tratam seus trabalhadores

como escravos”

“Pernambuco está inoperante quanto à Reforma Agrária”

Page 10: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro12 CULTURA

Ritmos pernambucanos resistem através da história

brasileiros é de conhecer um Brasil que nos era ocultado. Sair do eixo Rio-São Paulo. Descobrir que o nordeste também é Brasil. Nos resta torcer pra que isso se alimente mais e mais de cinema e não de ego. De Brasil e não de divisões. De uniões e não de individualidades. E sem caretice, por favor.

*Ator e estudante de Cinema da Universidade federal da Paraíba UFPB

Divulgação

Rogério Cavalcate e Castro*

O cinema pernambucano começou chamar a atenção des-de os anos de 1990. Entrou no cinema brasileiro pela porta da frente, mas arrombando com o pé na porta. Essa falta de ceri-mônia faz a gente refletir sobre

um lugar que o nordestino queria ocupar. Esse lugar se chamava ousadia e poesia. E tinha urgência.

A urgência de uma lin-guagem inovadora. Parece que tínhamos andado nesse caminho lá pelos anos de 1960 e nos perdemos com o fechamento do cerco cultu-ral nos anos da Ditadura Mi-litar. Foi lá que surgiu uma escola que se assemelha bastante ao cinema pernam-bucano: o cinema marginal.

Quando vemos o cinema

de Claudio Assis, sentimos o marginal, o maldito e o Brasil. E nos orgulhamos, não desse Brasil, mas dessa linguagem. Por isso tam-bém filmes como “O Som ao Redor” nos arrebata.

A independência do ci-nema marginal de Sganzer-la era ideológica. O cinema pernambucano conquistou algo que seria impossível para o cinema marginal, ser indústria e continuar sendo marginal.

O saldo pra nós

Seja marginal, seja um anti-herói do cinema pernambucano

Vamos visitar um mercado público da ci-dade e descobrir muito da cultura popular?

Inauguramos a colu-na Visite Mercados, na qual vamos falar de um mercado público do esta-do a cada edição. Come-çamos com o Mercado de São José. Localiza-do no bairro de mesmo nome, ele foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1875.

Antigamente, seus mais de 3.500 m² viram apresentarem-se mági-cos, acrobatas e ventrí-loquos. Viram o silêncio ser quebrado não só por vozes de vendedores e fregueses, mas também por pandeiros, zabum-bas, cavaquinhos, sanfo-nas, cantadores e embo-ladores.

Além de artesanato, peixes, crustáceos, ver-duras e outras coisas, quem passa por lá pode conferir sua bela arqui-tetura em ferro, típica do século XIX. O Mercado de São José é o mais an-tigo edifício pré-fabri-cado em ferro no Brasil e, atualmente, é reco-nhecido e tombado pelo IPHAN como Patrimô-nio Histórico do Brasil.

VISITE MERCADOS

Mercado de São José

Cyro José Soares

Frevo:

A dança veio dos “capoeiras” (passis-tas), negros libertos que dançavam à frente das agremiações para im-pedir um possível cho-que entre grupos adver-

sários. Possui basicamente três divisões: frevo-can-ção, frevo-de-rua e frevo-de-bloco.

Maracatu:

De descendência afri-cana, sua origem está re-lacionada ao ritual de co-roação dos reis do Congo. O maracatu-rural, tam-bém conhecido como ba-que solto, une as raízes afro com influências in-dígenas, e tem como ca-racterística a presença dos caboclos-de-lança.

Baião:

Subgênero do forró, ganhou notorie-dade pelas mãos de Luiz Gonzaga, co-nhecido como Rei do Baião, e sua san-fona. Recebeu influência portuguesa no conjunto de sua instrumentação, que pos-sui, entre outros, viola, triângulo, rabeca e percussão.

Coco:

Sua origem está relacionada à quebra da casca do fruto contra as pedras pelos escravos, que produ-zia um barulho característico. Na década de 1930, o ritmo chegou a ser proibido na cidade onde mora a mais famosa cirandeira do país, conhecida como Lia de Itamaracá.

Embolada e Repente:

Semelhantes em alguns aspectos, a principal diferença entre os estilos es-tá no instrumento utilizado. Enquanto os repentistas fazem uso do violão de sete cordas, os emboladores utilizam o pandeiro nas suas rimas.

MÚSICA Principais expressões culturais do estado mantêm-se vivas através da tradição

Amauri Lins

Apesar de enfrentar diversas barreiras, principalmente financeiras, a tradição dos grupos de cultura popular vem se mantendo até os dias atuais. Isso coloca o estado num papel de protagonista no Brasil, entre outras coisas, pela diversida-de de suas expressões culturais. Conheça algumas curiosidades sobre as principais manifestações nativas de Pernambuco.

Page 11: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro CULTURA 13

Jedson Nobre

CULTURA

No sábado (12/12) a par-tir das 9h, o Maracatu Imperial da Várzea do Capibaribe estará come-morando seu 18 º aniver-sário, e fará uma grande festa na Praça da Várzea. A comemoração contará com a presença de diversas atrações culturais ao longo do dia.

CARUARU

Entre os dias 11, 12 e 13 de Dezembro serão comemorados os dois anos de fundação da Casa do Pife. Serão três dias de palestras, rodas de conversa e apresentações culturais. O evento ocorrerá na Casa: R. Frei Caneca, 8, Maurício de Nassau.

RECIFE

Divulgação

Divulgação

INTERIOR

Divulgação

20 de novembro é o Dia da Consciência Negra. A data faz referência ao aniversário de morte do líder negro Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1665. Proposto pelo Movimento Negro Unificado, o dia foi instituído oficialmente pela lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011.

Algumas cidades do Brasil incorporaram ao calendário oficial. É o caso do Recife.

TERÇA DE CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRAS NO PÁTIO DE SÃO PEDRO

CONSCIÊNCIA NEGRA

ARTE

Com foco na mulher negra como exemplo de luta, a Ex-posição “Mulheres Negras: Expressões da Liberdade” de Adelson Boris, chega ao Museu de Artes Afro Brasil Rolando Toro. Até sábado (19/12) na R. Matriz e Bar-ros, 328.

PETROLINA

Janela 353 tem projeto cultural Cine Clube: Cine Raiz, com mostra de filmes fora do circuito comercial com momento de discussão posterior ao filme, ocorren-do aos sábados às 18h no Café de Bule: R. Antônio Santana Filho, 353, Centro.

Agenda Cultural Agenda Cultural

DivulgaçãoHá 15 anos, as noites de

terça no Recife são dedica-das à cultura e religiosidade de raiz africana. O proje-to Terça Negra é realiza-do pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e tem o objetivo de difundir a cul-tura afro- brasileira em Per-nambuco. No Pátio de São Pedro, localizado no bairro de Santo Antônio, um palco é montado para apresenta-ções de música, dança e de-mais atividades artísticas e religiosas.

“No início o projeto acontecia no Pagode do Didi, espaço que tinha um grande terreiro e onde é to-cado o samba raiz. O único

dia liberado para fazermos as apresentações foi a ter-ça-feira. É daí que vem o nome”, explica Adeíldo Araújo, integrante do MNU e um dos idealizadores da Terça Negra.

O coordenador atual do projeto, Denir Favela, ex-plica que, no início, exis-tiam quatro Afoxés no Reci-fe e Região Metropolitana.

Agora, existem mais de 30. Os grupos de maracatu, que antes ensaiavam apenas para o Carnaval, ensaiam o ano todo e tem um local para compartilhar o traba-lho.

Keli Ferraz é estudante e integrante do Maracatu Estrela Brilhante. Ela frequenta as Terças Negras há 5 anos e observa que é um espaço e momento importante para aglutinar pessoas diversas, mas que se referenciam na mesma cultura. “A Terça serve para fortalece a cultura de raiz negra. É um ato politico, no qual dança e música se unem para afirmar também a religiosidade dessas pessoas”, afirma.

DificuldadesO projeto político, cultu-

ral e religioso, como definem Adeíldo e Demir, teve muita dificuldade para ser realizado este ano. Como responsável pela estrutura do evento, a Prefeitura do Recife não ce-deu o espaço e equipamento necessários, inviabilizando a realização do evento após o Carnaval.

Segundo Demir, a prefei-tura apontou que neste “mo-mento de crise”, houve corte de verbas na Secretaria de Cultura, deixando o projeto de lado. “Nós negociamos, então, com a prefeitura para fazer as quatro apresentações de novembro, já que é o mês da consciência negra”, pon-tua o coordenador.

“A Terça fortalece a cultura de raiz negra,

é um ato político”

Elen Carvalho

Acontece sempre no pri-meiro e terceiro domingo de cada mês às 21h a “Noite Cubana”. Uma festa rega-da no mais tradicional rit-mo cubano, no Clube Bela Vista, Av. Aníbal Benévolo, 636, Beberibe.

Entrada: R$5,00.

RECIFE:MÚSICA E DANÇA OLINDA

CONFRA CULTURAL

O Centro Cultural Cambin-da Estrela realiza no do-mingo (13/12) a I Confra Cultural- Coco dos Pretos & Convidados. O evento começa a partir do meio-dia e será na Rua do Sol, 283, Carmo.

MÚSICA Afoxé, coco, ciranda, hip hop e samba comemoram as raízes africanas

Page 12: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

14 VARIEDADES Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro14

Violência doméstica segue sendo uma triste rea-lidade vivenciada por mui-tas mulheres brasileiras. Os casos não estão represen-tados apenas nas estatísti-cas oficiais. Muitos deles sequer chegam a entrar nos registros, seja pelo medo da vítima de denunciar o agressor, seja pela demora da justiça em julgar os casos, mesmo depois de quase uma década de Lei Maria da Penha, seja porque leva um tempo para que a vítima assimile o abuso e a violência. Em “A Regra do Jogo”, Domingas (Maeve Jinkings) vem sendo cons-tantemente violentada por seu marido, Juca (Osvaldo Mil). E são variadas as vio-lências que ela sofre. Juca rouba o dinheiro que ela ganha com seu trabalho na butique de Indira (Cris Vian-na), a violenta fisicamente com socos e tapas, a violen-ta simbolicamente com xin-gamentos de feia, suja, por-ca, ignora os carinhos que ela ainda consegue ter com ele, a violenta moralmente traindo-a com outras mulhe-res. Domingas tem medo do

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aradoprimitivo

Planalto nordestino

comacervo

paleonto-lógico

Exercíciorecomendado àpessoa idosa

Hiato de "teor"

(?) e sal-vo: ileso

Interjeiçãogaúcha

Bebidaalcoólica

Sul(abrev.)

Metal usado em

fibrasóticas

Órgão quecongrega advogados

(sigla)

Altura doandar doedifício

medindo-se do piso

ao teto

Item dogabarito

de provas

Lado damoeda

Mapa (?): descrevea personalidade doindivíduo (Astrol.)

Tipo deeleiçãoPão, eminglês

Arbusto ornamentalde jardins

Variedade de coqueiro baixo

Dançacubana

(?) Social,propostapolítica de Lula

Função dohashi no

restauran-te chinês

Cobalto(símbolo)

Eu, emitaliano

2/io. 4/x-men. 5/bread — érbio — licor — pacto. 7/azaleia. 8/habanera. 10/radialista.

marido, submete-se a ele, que acha que pode fazer o que faz porque é homem. Quantos Jucas machistas e abusadores estão por aí, bem perto de nós? E quan-tas mulheres sofrem como Domingas? Não nos esque-çamos dos inúmeros casos de abuso sexual denuncia-dos por várias mulheres nas redes sociais nas últimas semanas, motivadas pela campanha #meuprimei-roabuso.

É preciso seguir atento e operante na luta contra a dominação masculina em nossa sociedade. É inadmissível que homens façam o que Juca faz imbuídos de uma justificativa sexista. O homem não pode nada mais que a mulher nem porque ele é homem nem por qual-quer outra razão. É preciso discutir desde cedo sobre as relações de gênero na esco-la para se desnaturalizar a violência doméstica.

Eu sinto um asco medonho e uma revolta profunda cada vez que vejo Juca na novela. E, na real, não é possível sentir nada diferente disso diante de um homem que violenta uma mulher. Se você é vítima como Domingas, não perca tempo e denuncie (180). É o que eu espero que ela faça. Vejamos!

Um abraço,

Joaquim Vela

Denuncia, Domingas!Novela

Divulgação

Page 13: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

15

ESPORTES

Horóscopo mensal 15Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro VARIEDADES

Recife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

A Polícia Federal defla-grou a Operação Fair Play (Jo-go Limpo), no último mês de agosto. A operação investiga suposto esquema de corrupção na construção da Arena Per-nambuco.

De acordo com a PF, o con-trato assinado em 2010 entre governo do estado e Consór-cio Arena Pernambuco Negó-cios e Investimentos S/A pode ter sido superfaturado em R$

42,8 milhões - o valor atualiza-do chega a R$ 70 milhões. O inquérito dá como certa a frau-de na licitação, apontando que o consórcio composto por du-as empresas do grupo Odebre-cht obteve vantagem indevida. O mesmo grupo é investigado na Operação Lava Jato por la-

vagem de dinheiro e fraude a li-citação.

O contrato chamou a aten-ção também do deputado Edíl-son Silva (PSOL), que fez de-núncia no Tribunal de Contas do Estado (TCE) em maio des-te ano. Edílson destaca a “com-pensação de perdas”, acordo em que o Governo de Pernambu-co repassa verbas públicas pa-ra garantir o lucro do consórcio, caso não alcance o faturamen-to apontado no contrato. Estu-

Superfaturamento das obras pode chegar

a R$ 70 milhões

do do TCE projetou os repasses durante os 30 anos do contrato (até 2043), prevendo dano em R$ 1,89 bilhão aos cofres pú-blicos de Pernambuco.

Odebrecht ‘doou’ cerca de R$ 2 milhões para PSB em 2014

O contrato entre o governo e o consórcio Arena foi elaborado pelo Comitê Gestor de Parceria Público-Privada (CGPP), na época gerido por Geraldo Julio

e Paulo Câ-mara, secretá-rios do estado. O contrato foi assinado pe-lo então pro-curador-geral do estado, Ta-deu Alencar, além do então governador Eduardo Cam-pos. Nas eleições de 2014, Alencar e Câmara venceram as disputas para deputado fe-deral e governador, ambos re-cebendo doações da Odebre-cht nos valores de R$ 30 mil e R$ 200 mil respectivamen-te. No mesmo ano, a constru-tora doou mais de R$ 1 mi-lhão para o Diretório estadu-al do PSB, e sua doação na-cional ao partido foi de mais de meio milhão. “Pernambu-co não é comandado só pe-lo PSB, mas também por es-sas empresas. E destaco jus-tamente a Odebrecht, que é a maior vencedora de licitações no estado”, destaca o sociólo-go Eduardo Mara.

Ele denuncia a relação en-

tre esquemas de corrup-ção em gran-des obras e o financiamen-to empresarial de campanhas eleitorais. Se-gundo Ma-ra, as empre-

sas fazem ‘doações’ para cam-panhas de políticos que, após eleitos, facilitam o acesso des-sas empresas à verbas públi-cas. “Somente com uma refor-ma no Sistema Político, proi-bindo financiamento privado de campanha e outras mudan-ças, é que conseguiremos dar outro rumo para a política e acabar de vez com a corrupção no Brasil”, declara o sociólo-go. Ele participa da Campanha Pela Constituinte da Reforma Política, movimento nacional que reúne mais de 50 organi-zações em luta por uma Cons-tituinte exclusiva para a refor-ma política.

“Só uma reforma no Sistema Político pode acabar coma

corrupção” faturamento das obras pode chegar a

R$ 70 milhões

Dez/2015

ARENA PERNAMBUCO relação Odebrecht e políticos que firmaram o contrato fraudulento começa na doação de campanha

Escorpião

Se está direta ou indiretamente ligado ao campo das artes terá um mês produtivo e recompensador.

Áries

Neste mês serão concedidas boas oportunidades para a evolução dos seus projetos

profissionais.

Touro

Poderá sentir-se instável e inseguro, mas mostre-se positivo e otimista perante os outros.

Gêmeos

Em nome do bem-estar familiar, dedicará algum do seu tempo a

pequenos trabalhos domésticos.

Câncer

Será a sua experiência que ditará o bom desenvolvimento da sua vida pessoal e profissional.

Leão

Não se aborreça se os seus amigos não sentem o mesmo prazer que o seu pelas coisas que executa.

Sagitário

Se estiver disposto a lutar por aquilo que deseja, poderá alcançar boa parte de seus objetivos.

Capricórnio

A boa reputação profissional poderá levá-lo a obter excelentes propostas que devem ser analisadas.

Aquário

Observe o que se passa em torno da sua atividade profissional e tome as melhores decisões.

Peixes

Se está á procura da sua alma gêmea, faça algo para fazer as coisas acontecerem. Entre em ação.

Virgem

Procure repousar e recarregar baterias para os tempos vindouros. Não negligencie a sua saúde.

Libra

Alguns auxílios financeiros poderão trazer uma maior tranquilidade ao seu dia a dia.

Irregularidades podem levar R$ 1,9 bilhão dos cofres públicos

DivulgaçãoVinícius Sobreira

Page 14: Edição nº 00 do Brasil de Fato PE

16

Gol de placa

Claro, para o golaço de Neymar contra o Villarreal! Mas gol de placa também para as meninas do time da Ferroviária de Araraquara, que venceram as chilenas do Colo Colo por 3 a 1, em Medellín, na Colômbia, e conquistaram a Libertadores da América feminina.

Gol de contra

O Boca se sagrou campeão da Copa da Argentina ao derrotar o Rosario Central por 2 a 0. Mas os responsáveis pela vitória foram os árbitros: anularam um gol do Rosario em impedimento questionável, deram um pênalti inexistente pro Boca e aceitaram um gol irregular do time de Buenos Aires.

ESPORTESRecife, de 23 de novembro a 23 de dezembro

Dominando a bola de cristal

O Náutico ainda não sabe que competições disputará em 2016. Mas independente de figurar na Série A ou B, o clu-be planeja manter 15 atletas deste elenco. É o que diz o diretor de futebol Paulo Henrique Guerra. As certezas são os zagueiros Ronaldo Alves e Fabiano Eller e o meia Hiltinho. Os dois últimos têm contrato até o fim do Pernambucano, enquanto Ronaldo fica até o fim de 2016.

As conversas em busca

O 2016 já começou

O Sport não está agra-dando os profetas de plantão. Na alegria ou na tristeza, a surpre-sa anda de mãos dadas com o Leão. No Per-nambucano, os núme-ros do primeiro turno e os “nomes de peso” do elenco eram sugestivos para o que seria o 41º título estadual. Na prá-tica, frustração. Apesar da “sobra” de elenco para o estadual, não era estranho imaginar uma “falta” para o nacional.

Um ano para começar

Mesmo assim, nova sur-presa. No primeiro tur-no, o time brigou pela liderança. Assim, muito crédito foi concedido ao treinador Eduardo Bap-tista. Veio o segundo tur-no e a rotina, novamente, mudou. As vitórias sumi-ram e Eduardo Baptista também, ao pedir demis-são. Quando tudo parecia piorar, melhorou. Falcão fez o time reencontrar as vitórias e o sonho de G-4. Libertadores seria uma nova surpresa?

de renovação têm como prioridade alguns dos atletas que pertencem ao Timbu: Guerra cita o zagueiro Diego, os volantes João Ananias e Gustavo Henrique, além dos atacantes Je-fferson Nem e Renato. Sobre o goleiro Júlio César, o diretor pon-dera. “O problema é o valor”. A construção do elenco dependerá mais da futura gestão do Náutico, que será escolhida pelos sócios na eleição do dia 13 de dezembro.

16

Com o fim de um ciclo vitorioso no Santa Cruz com dois acessos, um título nacional e três títulos estaduais e boas campanhas nacionais, da Série D para a B, 2015 foi iniciado fora de competições impor-tantes e de problemas financeiros. A nova diretoria visou inicial-mente promover uma renovação no elenco e dar seguimento ao pro-cesso de reorganização do clube fora de cam-po. Treinador novo e

elenco renovado, a vaga no Nordestão e Copa do Brasil e saímos cam-peões estaduais.Com a chegada a che-gada do campeonato brasileiro da Série B e com os objetivos ini-ciais atingidos, o San-tinha chegou sonhando alto com o acesso. Di-ferente do que se prega, não é na Série B que o clube vai se organizar e estruturar, é na série A onde estão as melhores cotas de TV, horários e dias para jogos.

na geral

A terceira edição da Taça Recife de Comunidades, Tareco 2015/16, se-gue movimentando 32 comunidades de Recife, Olinda e Jaboatão. Mais de 1000 atletas, entre 13 e 15 anos de ida-de, estão disputando a competição. O projeto é da Central Única das Fave-las de Pernambuco (CUFA-PE) e tem o intuito de promover a integração entre as equipes, as comunidades e os colabores do evento através da cultura de paz. A comunidade Vila Cardeal, campeã na edição 2014/15 defende o bicampeonato.

TAÇA DAS COMUNIDADES

HANDEBOL EM PERNAMBUCO

O time masculino adulto do Clube Português/Aeso se sagrou campeão da Copa Pernambuco 2015. Na final, a equipe Lusa venceu o Universo/Náu-tico por 28 a 19 e garantiu mais uma taça para sua galeria. Enquanto isso a equipe juvenil feminina conquistou o segundo melhor desempenho no cam-peonato brasileiro da categoria 2015. A competição foi realizada entre os dias 27 e 31 de outubro. Na final, as lusas foram superadas pelo Esporte Clube Pinheiros (SP), em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

29ª COPA DO INTERIOR DE SELEÇÕES

Ligas de Jaboatão dos Gua-rarapes x Carpina, Cachoeirinha x Araripina, vão decidir o título 2015.

Liga de Basquete Feminino 2015/2016 - LBF - América/PE atual vice campeã da competição, estreia dia 21, contra o Sampaio Correia, às 11h (de Brasília), no Ginásio Wilson Campos, no Sesc de Santo Amaro.

TÊNIS DE MESA

Náutico conquista dez me-dalhas no campeonato estadual nas categorias Duplas e Equi-pes. Seu técnico Paulo Matos,

mais uma vez foi convoca-do pela Federação Pernam-bucana

de Tênis de Mesa para coman-dar seleção Juvenil (de 15 a 17 anos) nos Jogos Escolares Brasileiros, que acontecem em Londrina-PR.

DECLARAÇÃO DA SEMANA

Reprodução / Alex Souza. Movimento Bom Censo

Alex de Souza, ex-jogador, em entrevista ao site Trivela,

disparando contra as federações do futebol brasileiro.

na geral

Esequias Pierre Daniel Lamir Vinícius Sobreira

“Existe uma pergunta que ninguém responde: para que

serve a federação, além de ser um cartório dos clubes?

Para nada.”