Ediçao Nº 1558

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31 Diário do Alentejo 2 março 2012 facebook.com/naoconfirmonemdesminto demissÃo de rui nery comissÃo de candidatura do cante tenta arranjar novo presidente na loja social de beja Rui Vieira Nery demitiu-se da presidência do Conselho Científico do Cante a Património da Humanidade, o que deixou a Câmara de Serpa, prin- cipal promotora da candidatura, mais arreliada do que quando se acabam as imperiais no “Lebrinha”. Contudo, a Comissão de Candidatura do Cante recusa-se a baixar os braços e já foi em busca de um novo presidente na Loja Social de Beja: “Estamos fartos de gastar dinheiro que não temos com a candidatura… Isto assim leva-nos à bancarrota! Que moenga! O que nós queremos é apenas um musicólogo a baixo custo e de preferência em segunda mão, que é para não ter manias de grandeza. A única condição obrigatória é que use papillon ...”. Estudo que revela que o Alentejo está menos barulhento vence prémio “Duh, que novidade!” da revista “Cotonete do Novo Milénio” Um estudo recente revelou que os níveis de ruído no Alentejo es- tão mais baixos, mas, segundo apurámos, ainda está por descobrir o porquê de tal fenómeno: é por o pessoal estar surdo ou por ter aba- lado daqui? Falámos com um dos orientadores do projeto, que nos confidenciou em tom exultante após saber que tinha ganho o con- ceituado prémio “Duh, que novidade!” da revista “Cotonete do Novo Milénio”: “Os resultados do estudo não podiam ser melhores… A qualidade de vida no Alentejo está sempre a subir: o vinho está cada vez melhor, o queijo tem mais qualidade, a paparoca é de comer e chorar por mais, e agora isto… Há muito menos pessoas a queixa- rem-se do ruído. É verdade que o barulho provocado pelos auto- móveis baixou drasticamente desde que os combustíveis estão tão caros que sai mais barato abastecer os carros com plutónio, mas o grande ganho está nos idosos, que são menos afetados pelo ruído porque ouvem cada vez pior… Muitos têm a capacidade auditiva de um calhau da Mina de São Domingos ou, na melhor das hipóteses, de um portão num monte”. Problemas de liquidez na Câmara de Beja atrasam pagamento dos prémios da 17.ª Galeria Aberta e de um prémio de poesia ganho por D. Dinis A Câmara Municipal de Beja ainda não pagou o prémio de 1 600 eu- ros ao vencedor da 17.ª Galeria Aberta. Pulido Valente já afirmou que resolverá esta questão em breve. Contudo, uma investigação conjunta Não confirmo, nem desminto/Antena 2/Júlio Dinis desco- briu que não se trata de um caso isolado, já que a autarquia tam- bém não terá pago um prémio de poesia ganho por D. Dinis. Consta que D. Dinis estaria envolvido num escândalo relacionado com o seu curso de técnicas trovadorescas, o qual foi concluído num domingo, na Universidade de Salamanca, pondo em causa a credibilidade do galardão. O prémio seria um banho de imersão com água fervida e um feitiço que permitiria chegar aos 25 anos, contrariando a espe- rança média de vida situada nos 21. Advogado de mulher presa com estupe- facientes afirma que a detenção da sua cliente é ilegal pois não eram “bolotas de haxixe” mas sim “boletas de haxixe” O Tribunal de Beja mandou prender, por suspeita de tráfico de droga, uma mulher de 56 anos que teria no seu organismo bolotas de haxixe. Todavia, o advogado da alegada traficante declarou que vai pedir a libertação ime- diata da sua cliente, já que ela teria, não bolotas de haxixe, mas sim “bole- tas de haxixe”, produto tipicamente alentejano e que goza de legalidade jurídica, como nos explicou: “Há sobreiros em Barrancos que só produzem boletas de haxixe e ninguém vai lá apreender a árvore. Portanto, não faz sentido fazerem isto à minha cliente. É um produto inofensivo e típico da região. Quem come aquilo fica com alucinações que envolvem ninjas a can- tar Whitney Houston, mas tirando isso está tudo bem, como se pode com- provar no estudo académico “As implicações do haxixe no canal retal e restante organismo”. As 125 “boletas de haxixe” expulsas do corpo da sus- peita estão expostas na PSP de Beja, numa mesinha, em degradé , da mais pequena para a maior, e já bateu o recorde do Guiness de maior quanti- dade de droga transportada num corpo, ultrapassando o homem que foi apanhado em Alcácer do Sal com 78 pinhas de cocaína. Em bom alentejano: “carraspana” ou “camada”? A Não confirmo, nem desminto inaugura um segmento que pretende ajudar os seus leitores a expressar-se corretamente “Em bom alentejano”. O objetivo é evitar desentendimentos e mostrar a riqueza deste dialeto. Analisemos, então, o primeiro caso. O que dizer quando vemos um bêbado? Que “está com uma carraspana” ou “está com uma camada”. Os dois termos, geralmente, são sinónimos de bebedeira, de alguém que se encontra sob o efeito de bebidas espirituosas, como o vinho ou o café de cevada. “Carraspana” é um termo dúbio, já que também pode significar “gripe”, e, nessa medida, pode considerar-se uma bebedeira de segunda. Já “camada” é um termo claro e objetivo, o que lhe confere outra dimensão – é o equivalente a uma bebedeira fina. Outra possibilidade para se referir a alguém que está num estado ébrio, é dizer que essa pessoa está com “um pau nas ventas”. Contudo, esta expressão só se utiliza em zonas do Alentejo equatorial e para nos referirmos a pessoas de quem não gostamos ou que, quando bebem, ficam mais chatas do que um arrumador a ressacar. Assim nos expressamos “Em bom alentejano”. Inquérito Vai participar no casting de modelos para o catálogo “Mértola está na moda”? FRANCELINA OUTONO/INVERNO, 44 ANOS Mulher que acha que o lilás é o novo preto Estou a fazer todos os esforços. Comecei a vo- mitar depois de todas as refeições para caber no vestido de noiva com que me casei. Já perdi três quilos em dois dias. Agora, só peso 135 qui- los. Ninguém fica mais sexy do que eu debaixo do Pulo do Lobo, só com um negligé cor de la- ranja fluorescente. Sim, vê-se tudo, mas o que é bom é para se ver. Mulher quer-se com chicha e não como aquelas magricelas que para espirrar têm que se agarrar a um poste. OFÉLIA PRIMAVERA/VERÃO, 125 ANOS Vencedora do concurso miss t-shirt molhada de 5 de Outubro de 1910 Já mandei fotos em biquíni, mas parece que um dos membros do júri até desmaiou de emo- ção. Olhem que, apesar da idade, estou tão bem conservada como a Betty Grafestein com a vantagem de estar viva. Eu podia ter tido uma grande carreira no mundo da moda. Não me aceitam por ter mais de 65 anos. Não tenho culpa de ter estado presente no momento em que se usou a primeira máquina fotográfica em Mértola. Tomara mui- tas pindéricas de 95 anos terem as curvas que eu ainda conservo. FULGÊNCIO PASSERELLE, 26 ANOS Modelo com o sex-appeal de uma caixa de parafusos Não só vou participar, como vou fazer parte do catálogo. Se Deus quiser será a rampa de lançamento para voos mais altos. O meu so- nho é fazer parte do catálogo da “La Redoute” ou, se Deus quiser, da “D-Mail”: tenho o ca- risma ideal para vender produtos como uma “pinça para saquetas de chá” ou um “galhe- teiro em spray ”. Já dizia a minha tia em “am- bas as três vezes” que fiz a quarta classe: “Fulgêncio, tu ‘nascestes’ para a moda!”

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Rui Vieira Nery demitiu-se da presidência do Conselho Científico do Cante a Património da Humanidade, o que deixou a Câmara de Serpa, prin-cipal promotora da candidatura, mais arreliada do que quando se acabam as imperiais no “Lebrinha”. Contudo, a Comissão de Candidatura do Cante recusa-se a baixar os braços e já foi em busca de um novo presidente na Loja Social de Beja: “Estamos fartos de gastar dinheiro que não temos com a candidatura… Isto assim leva-nos à bancarrota! Que moenga! O que nós queremos é apenas um musicólogo a baixo custo e de preferência em segunda mão, que é para não ter manias de grandeza. A única condição obrigatória é que use papillon...”.

Estudo que revela que o Alentejo está menos barulhento vence prémio “Duh, que novidade!” da revista “Cotonete do Novo Milénio”

Um estudo recente revelou que os níveis de ruído no Alentejo es-tão mais baixos, mas, segundo apurámos, ainda está por descobrir o porquê de tal fenómeno: é por o pessoal estar surdo ou por ter aba-lado daqui? Falámos com um dos orientadores do projeto, que nos confidenciou em tom exultante após saber que tinha ganho o con-ceituado prémio “Duh, que novidade!” da revista “Cotonete do Novo Milénio”: “Os resultados do estudo não podiam ser melhores… A qualidade de vida no Alentejo está sempre a subir: o vinho está cada vez melhor, o queijo tem mais qualidade, a paparoca é de comer e chorar por mais, e agora isto… Há muito menos pessoas a queixa-rem-se do ruído. É verdade que o barulho provocado pelos auto-móveis baixou drasticamente desde que os combustíveis estão tão caros que sai mais barato abastecer os carros com plutónio, mas o grande ganho está nos idosos, que são menos afetados pelo ruído porque ouvem cada vez pior… Muitos têm a capacidade auditiva de um calhau da Mina de São Domingos ou, na melhor das hipóteses, de um portão num monte”.

Problemas de liquidez na Câmara de Beja atrasam pagamento dos prémios da 17.ª Galeria Aberta e de um prémio de poesia ganho por D. Dinis

A Câmara Municipal de Beja ainda não pagou o prémio de 1 600 eu-ros ao vencedor da 17.ª Galeria Aberta. Pulido Valente já afirmou que resolverá esta questão em breve. Contudo, uma investigação conjunta Não confirmo, nem desminto/Antena 2/Júlio Dinis desco-briu que não se trata de um caso isolado, já que a autarquia tam-bém não terá pago um prémio de poesia ganho por D. Dinis. Consta que D. Dinis estaria envolvido num escândalo relacionado com o seu curso de técnicas trovadorescas, o qual foi concluído num domingo, na Universidade de Salamanca, pondo em causa a credibilidade do galardão. O prémio seria um banho de imersão com água fervida e um feitiço que permitiria chegar aos 25 anos, contrariando a espe-rança média de vida situada nos 21.

Advogado de mulher presa com estupe-facientes afirma que a detenção da sua cliente é ilegal pois não eram “bolotas de haxixe” mas sim “boletas de haxixe”

O Tribunal de Beja mandou prender, por suspeita de tráfico de droga, uma mulher de 56 anos que teria no seu organismo bolotas de haxixe. Todavia, o advogado da alegada traficante declarou que vai pedir a libertação ime-diata da sua cliente, já que ela teria, não bolotas de haxixe, mas sim “bole-tas de haxixe”, produto tipicamente alentejano e que goza de legalidade jurídica, como nos explicou: “Há sobreiros em Barrancos que só produzem boletas de haxixe e ninguém vai lá apreender a árvore. Portanto, não faz sentido fazerem isto à minha cliente. É um produto inofensivo e típico da região. Quem come aquilo fica com alucinações que envolvem ninjas a can-tar Whitney Houston, mas tirando isso está tudo bem, como se pode com-provar no estudo académico “As implicações do haxixe no canal retal e restante organismo”. As 125 “boletas de haxixe” expulsas do corpo da sus-peita estão expostas na PSP de Beja, numa mesinha, em degradé, da mais pequena para a maior, e já bateu o recorde do Guiness de maior quanti-dade de droga transportada num corpo, ultrapassando o homem que foi apanhado em Alcácer do Sal com 78 pinhas de cocaína.

Em bom alentejano: “carraspana” ou “camada”?

A Não confirmo, nem desminto inaugura u m se g mento que pre tende ajud a r os seus leitores a expressar-se corretamente “Em bom alentejano”. O objetivo é evitar desentendimentos e mostrar a riqueza deste dialeto. Analisemos, então, o primeiro caso. O que dizer quando vemos um bêbado? Que “está com uma carraspana” ou “está com uma camada”. Os dois termos, geralmente, são sinónimos de bebedeira, de alguém que se encontra sob o efeito de bebidas espirituosas, como o vinho ou o café de cevada. “Carraspana” é um termo dúbio, já que também pode significar “gripe”, e, nessa medida, pode considerar-se uma bebedeira de segunda. Já “camada” é um termo claro e objetivo, o que lhe confere outra dimensão – é o equivalente a uma bebedeira fina. Outra possibilidade para se referir a alguém que está num estado ébrio, é dizer que essa pessoa está com “um pau nas ventas”. Contudo, esta expressão só se utiliza em zonas do Alentejo equatorial e para nos referirmos a pessoas de quem não gostamos ou que, quando bebem, ficam mais chatas do que um arrumador a ressacar. Assim nos expressamos “Em bom alentejano”.

Inquérito Vai participar no casting de modelos para o catálogo “Mértola está na moda”?

FRANCELINA OUTONO/INVERNO, 44 ANOSMulher que acha que o lilás é o novo preto

Estou a fazer todos os esforços. Comecei a vo-mitar depois de todas as refeições para caber no vestido de noiva com que me casei. Já perdi três quilos em dois dias. Agora, só peso 135 qui-los. Ninguém fica mais sexy do que eu debaixo do Pulo do Lobo, só com um negligé cor de la-ranja fluorescente. Sim, vê-se tudo, mas o que é bom é para se ver. Mulher quer-se com chicha

e não como aquelas magricelas que para espirrar têm que se agarrar a um poste.

OFÉLIA PRIMAVERA/VERÃO, 125 ANOSVencedora do concurso miss t-shirt molhada de 5 de Outubro de 1910

Já mandei fotos em biquíni, mas parece que um dos membros do júri até desmaiou de emo-ção. Olhem que, apesar da idade, estou tão bem conservada como a Betty Grafestein com a vantagem de estar viva. Eu podia ter tido uma grande carreira no mundo da moda. Não me aceitam por ter mais de 65 anos. Não tenho culpa de ter estado presente no momento em

que se usou a primeira máquina fotográfica em Mértola. Tomara mui-tas pindéricas de 95 anos terem as curvas que eu ainda conservo.

FULGÊNCIO PASSERELLE, 26 ANOSModelo com o sex-appeal de uma caixa de parafusos

Não só vou participar, como vou fazer parte do catálogo. Se Deus quiser será a rampa de lançamento para voos mais altos. O meu so-nho é fazer parte do catálogo da “La Redoute” ou, se Deus quiser, da “D-Mail”: tenho o ca-risma ideal para vender produtos como uma “pinça para saquetas de chá” ou um “galhe-teiro em spray”. Já dizia a minha tia em “am-

bas as três vezes” que fiz a quarta classe: “Fulgêncio, tu ‘nascestes’ para a moda!”