_Edicao_1383_4d2ec5b96f162

download _Edicao_1383_4d2ec5b96f162

If you can't read please download the document

Transcript of _Edicao_1383_4d2ec5b96f162

PUB

[sbado : 18h00

www.arquivolivraria.pt . www.arquivolivraria.blogspot.com . www.facebook.com/arquivo.livraria . Av. Combatentes da Grande Guerra, 53, 2410-123 LEIRIA . T 244 822 225 . [email protected]

O

S E M A N R I O

Semanrio Regional | Director Interino Joo Nazrio Ano XXV | Edio 1383 | 13 de Janeiro de 2011 | Preo 1 Euro IVA includo | JORLIS-Edies e Publicaes, Lda. Rua Comandante Joo Belo, n 31 Apt. 1098 2401-801 Leiria | Tel 244 800 400 | Fax 244 800 401 | [email protected] | www.jornaldeleiria.pt

Presidente acusa Blandina Oliveira de deslealdade e irresponsabilidade

Vereadora da Cmara de Leiria deixa pelouros e ataca PS e CastroCatalina Pestana,ex-provedora da Casa PiaRICARDO GRAA

A deciso da vereadora, independente eleita na lista do PS, foi anunciada na reunio de cmara de tera-feira, e surge depois do presidente da cmara lhe ter colocado a hiptese de abandonar o lugar. Blandina Oliveira garante que entrega os pelouros, mas cumprir o mandato at ao fim. Raul Castro acusa-a de irresponsabilidade e violar os laos de lealdade. PGINA 6

Chefs de cozinha: do anonimato a estrelasABERTURA PGS. 4 E 5

RICARDO GRAA

Cavaco Silva e Manuel Alegre em campanha na regioG

Digo aos comunistas: vo votar, votem no vosso candidato, mas no fiquem em casa Manuel Alegre Os jovens empreendedores no tm alguns vcios que tm prejudicado seriamente o Pas Cavaco SilvaPGINA 11

G

RICARDO GRAA

RICARDO GRAA

[

15

janeiro

conversa com...

Srgio Godinho

a propsito das canes e dos livros, uma vida...

PUB

D A

R E G I O

E

D O

D I S T R I T O

Se no impusermos limites, a criana fica derivaAfirma que a escola democratizou-se e importou os problemas da sociedade actual. Em 30 anos de ensino o Governo no soube preparar uma escola democrtica para massas. Garante que se um aluno lhe batesse lhe dava um chapado e diz que as crianas precisam de limites.ENTREVISTA PGS. 14 E 15

REGIOUnio de Leiria

Joo Bartolomeu no se recandidata presidncia da SAD?PGINA 35

Educao

Professores do grupo GPS ameaados de despedimentoPGINA 12

Sade

Maioria das mulheres interrompe gravidez fora do distritoPGINA 44

2 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA |

LHO CLNICO

| C a r t o o n | | I m p r e s s e s |

NUNO CARVALHO A Oikos (Associao de Defesa do Ambiente e do Patrimnio da Regio de Leiria) viu reconhecido o seu trabalho em prol da defesa do ambiente ao ser considerada uma entidade de utilidade pblica. Ser certamente mais um estmulo para a associao ambientalista, liderada por Nuno Carvalho, continuar o trabalho que tem desenvolvido ao longo de mais de 20 anos de existncia.

Entregues bicharadaNum destes dias chuvosos segundo o Dicionrio referida semana que separou o Natal do, que no temos quem oriendo ano Novo, repleto de cirte a defesa dos nossos intecunstanciais votos de Boas resses, apesar dos inmeros Festas, um amigo, falando da candidatos que tratam das jusrealidade que nos cerca, soltificaes tericas e falaciotou um profundo e desolador sas dos mecanismos legais para desabafo: Estamos entregues procederem ao assalto das nos bicharada. Um pouco mais sas carteiras cada vez mais tarde, entretido com a leitura miserveis. de A Corja, de Camilo CasteEntretanto, para completar lo Branco, no deixando de o quadro miserabilista em que achar curiosa a objectividade nos movemos, temos uma enfados ttulos deste clssico da donha campanha eleitoral para nossa lngua, dei comigo a as presidenciais em que o nipensar na conciso adequada co vencedor ser o primeiroda expresso utilizada pelo ministro, que joga em dois amigo referido. tabuleiros. No primeiro d-lhe Fui ver ao Dicionrio de jeito Cavaco Silva, que no Expresses Populares o que lhe tem oferecido qualquer significava estarmos entreresistncia ao modo como dirigues bicharada e fiquei a ge o pas desde h cinco anos matutar em que o nosso povo, com os resultados brilhantes apesar de espezinhado, vioque estamos a sentir. No segunlentado e espoliado de parte do, o apoio oficial a Manuel dos seus teres e haveres atraAlegre, incapaz de se demarvs de impostos, sisas, selos, car da teia de compromissos coimas e outras alcavalas mais com o governo em que se deide que nenhum ser normal se xou enredar. consegue lembrar na totaliEstaremos, ao fim de oitodade, excepto os governos que centos anos de Histria, sem o desprezam, possui uma notsadas para o buraco em que vel criatividade e espnos meteram, acomrito de observao, com panhados do nosso uma certa quantidade encantador canto de de masoquismo miscigarras? Aos portutura que nem o elegueses compete a ltimento mais pintado das ma palavra, in-cluinnossas elites possui. do deixarmo-nos ficar Estamos, quietinhos e pois, entregues e n t r e g u e s Orlando Cardoso bicharada, o [email protected] que significa, da. I

CNTIA SILVA E JOS ALHO

Os vereadores da Aco Social das Cmaras da Batalha e de Ourm so os rostos de um projecto que os dois municpios esto a desenvolver em conjunto e que pretende utilizar as novas tecnologias para combater a solido de alguns idosos e para servir de apoio em situaes de emergncia.

NUNO RANCHO O mais recente projecto musical da regio, que conta com o msico Nuno Rancho, d pelo nome de Texas Killer Bee Queen e foi uma das bandas escolhidas para competir no reputado Festival Termmetro, que se realiza no dia 20, na Maia

| N a

p o n t aETA encontra-se no momento mais dbil da sua histriaDiogo Noivo, especialista em poltica basca, idem

d a

l n g u a |Se alguma vez pensasse em ser rico no tinha estado no Governo dez anosLus Mira Amaral, presidente do BIC, Jornal de Negcios

GONALO LOPES Um pedao de tecto do antigo liceu Rodrigues Lobo caiu na semana passada. De imediato as crianas do 1 ciclo do plo da Escola Amarela foram retiradas por uma questo de segurana. O vereador da Educao da Cmara de Leiria procurou encontrar uma soluo rpida que causasse o mnimo de transtorno questo lectiva. Em poucas horas, a autarquia desbloqueou o novo centro escolar do Agrupamento da Correia Mateus, que ir acolher os alunos em breve.

Um pas vale o que valer o seu sistema de Justia

H, pelo Pas todo, carros do Estado a irem buscar assessores a casaFernando Nobre, candidato Presidncia da Repblica, Idem

Maria Jos Morgado, procuradorageral adjunta, Dirio Econmico

Nem o dinheiro nem o petrleo podem comprar conscinciangelo Correia, ex-lder do PSD, Correio da Manh

H um fenmeno curioso na administrao pblica: o desperdcio de dinheiro por causa da falta de dinheiro e de meiosIdem

Hoje um grande desconforto, um desassossego, ser polticoD. Manuel Clemente, Bispo do Porto, idem

S a lgica de pnico justifica a suspenso de obras em cursoJos Reis, economista, idem

Se algum de fora estivesse agora por c pensaria que o pas se chamaria BPN e que Portugal era uma mera sucursalBago Flix, economista, idem

Fui o carregador de pianos do cavaquismo. Sa do Governo sem um tosto, mal tinha dinheiro para pagar a casa. Ganhava 620 contos lquidosIdem

Um Governo socialista aumentar as taxas moderadoras como se circulasse numa rua de sentido proibidoAntnio Arnaut, fundador do Servio Nacional de Sade, idem

Banco Central Europeu (BCE) no pode substituir governos irresponsveisJean-Claude Trichet, presidente do BCE, idem

O futebol vive na impunidade. Isso gera revoltaIdem, Sbado

A vida poltica sempre teve proverbiais problemas com a verdadeJoo Csar das Neves, professor universitrio, Dirio de Notcias

Ferro foi abatido porque queria limpar o PS da corrupoAna Gomes, eurodeputada, idem

H pessoas muito hbeis a mostrar-se simpticas mas que escondem um nimo malvoloFrancesco Alberoni, socilogo, i

Scrates tem relao inquinada com CoimbraCarlos Encarnao, ex-presidente da Cmara de Coimbra, Focus

A reduo de salrios decretada no Oramento de Estado viola a ConstituioLus Menezes Leito, professor catedrtico da Faculdade de Direito de Lisboa, idem

A primeira vez que nos encontramos com uma pessoa, registamos todas as suas mensagensIdem

Hoje, os catlicos so numericamente menos, mas qualitativamente mais convictosManuel Morujo, padre, idem

Forumj o r n a l d e l e i r i aFacto da semana

13 de Janeiro de 2011 | 3

EDITORIAL

Estudos e pareceresem causa milhares de postos de trabalho e limita a possibilidade de escolha dos alunos. Para alm disso, afirmam, o ensino privado fica mais barato ao Estado do que o pblico. Por seu lado, o Governo argumenta que a rede pblica aumentou a sua capacidade de resposta e que no faz sentido duplicar investimentos. Que comentrios lhe merece esta questo?Entre os negcios que mais se desenvolveram aps o 25 de Abril est certamente o dos gabinetes de advogados e de consultadoria que fazem estudos e do pareceres sobre tudo e mais alguma coisa, facto bem comprovado pelos mais de 500 milhes de euros quer o Estado gastou nesses servios s nos ltimos sete anos (noticia do DN de sbado passado). Se alguns tiveram razo de ser, por serem absolutamente necessrios, outros no serviram para mais do que justificar decises politicas impopulares ou reforar argumentos de defesa de medidas ou obras polmicas, percebendo-se que muitos so feitos medida dos desejos de quem os encomenda. A opinio pblica, essa, vai sendo confundida por estudos e contra-estudos, todos eles elaborados pelas figuras mais credveis e notveis da nossa sociedade, desde acadmicos a ex-ministros, ficando assim sem perceber o que realmente melhor para o Pas e para o interesse pblico. Entretanto, a moda dos estudos e pareceres chegou tambm politica autrquica, que depois de muitos anos de m gesto e gastos descontrolados, parece ver nas opinies desses consultores a panaceia para resolver o problema das suas contas. Parece que foi isso que aconteceu, por exemplo, com a cmara de Leiria, que apesar das conhecidas dificuldades por que passa, encomendou de uma assentada uma auditoria sua situao financeira, um estudo ao modelo de gesto dos equipamentos desportivos do concelho, geridos pela Leirisport, e um parecer jurdico sobre a situao do Teatro Jos Lcio da Silva, gastando com isso cerca de 120 mil euros. No se sabe do que estaria espera Raul Castro com estes estudos, mas as dvidas sobre o que vieram acrescentar e a contribuio que podero dar para resolver os problemas, no podem deixar de ser muitas. Quanto ao Teatro Jos Lcio da Silva poderse- perguntar se a situao era assim to complicada que no pudesse ser resolvida pelo gabinete jurdico da cmara que, ao que se diz, composto por profissionais competentes. Sobre a auditoria situao financeira da autarquia, as concluses no vieram acrescentar nada que no fosse j sabido e sobre o qual j diversos organismos credveis se tinham pronunciado, entre os quais o Tribunal de Contas e a Inspeco Geral de Finanas. No que respeita ao relatrio sobre a Leirisport o que se pode dizer que seria interessante que a empresa que o elaborou Deloitte - viesse pr em prtica as solues apresentadas. Pois se fcil, entre outros aspectos, propor a venda do topo Norte do estdio e de outros equipamentos ou a transferncia de algumas instalaes desportivas, com os respectivos funcionrios, para as juntas ou clubes, mais difcil ser encontrar quem esteja interessado em comprar ou receber to envenenado presente. Como se costuma dizer, mais fcil falar do que fazer, pelo que, propostas destas dispensvamos ns bem, JN mesmo que no fossem pagas... IPUB

Contestao ao corte no financiamento do ensino privadoDesde que o Governo anunciou a inteno de reduzir em 30% o financiamento do ensino privado, atravs de uma nova lei entretanto promulgada pelo Presidente da Repblica, os protestos no mais deixaram de se ouvir. Pais, professores e directores de muitas das 93 escolas do Pas com contrato de associao, tm manifestado o seu protesto para com esta medida que, segundo afirmam, pe

DepoimentosA Constituio afirma que obrigao do Estado criar uma rede de escolas pblicas. H 30 anos, essas escolas no existiam e a soluo foram os protocolos com as privadas. Com o tempo, as pblicas foram criadas onde j havia privadas e isso poderia ter-se evitado, mas no foi o que se fez. Agora, as famlias que preferem o ensino privado no podem exigir o reembolso do que pago para a educao em impostos. E, como j demonstrei, o ensino privado no fica mais barato que o pblico. Isso acontece apenas no ensino superior. A questo dos cortes no se pode colocar apenas no plano do confronto privado/pblico. O problema, grave, que o Governo vai fazer cortes de 800 milhes de euros este ano no ensino, que uma rea fundamental neste Pas. Se as medidas que prev tomar avanarem, em Setembro ficaro sem emprego 30 mil professores. No defendemos cortes nem no privado nem no pblico. De qualquer forma, preciso fiscalizar a gesto dos privados, onde ter havido casos de esbanjamento.

Santana Castilho, professor do ensino superior

Mrio Nogueira, presidente da Fenprof

Albino Almeida, presidente da Confap

Tivemos hoje [ontem] uma reunio com secretrio de Estado da Educao que nos garantiu que as situaes sero analisadas caso a caso e que a portaria s se aplicar no prximo ano lectivo. Garantiu-nos que o Governo est sensvel a que nenhuma escola tenha de fechar devido a esta necessidade absoluta de conteno de custos. Transmitimos a nossa preocupao com este OE, que muito violento para a educao. Devo dizer ainda que lamentamos que haja pais que reivindicam apoio para o funcionamento das escolas e que agora ameacem fech-las por tempo indeterminado. Seria um erro estratgico.

Valter Branco, director do Colgio Joo de Barros, Meirinhas, e administrador do Colgio Dinis de Melo, Amor

possvel que em determinadas zonas tenha aumentado a oferta pblica, mas nos concelhos de Leiria e Pombal certamente que no. Se o Governo pretende poupar dinheiro ao passar alunos do ensino privado para o pblico no o vai conseguir, porque a despesa transita de um lado para o outro. Ainda para mais, segundo estudos da OCDE, os alunos saem mais baratos no ensino privado do que no pblico.

Pontos de vistaO que a Constituio diz que o Estado garantir um servio pblico de Educao, mas no diz que esse servio seja garantido exclusivamente por escolas do Estado. Concordo com um modelo de contratualizao com escolas privadas que lhes garanta estabilidade e que seja idntico ao praticado com as escolas estatais. Sou contra o que se est a fazer, que estatizar a Educao. Jos Manuel Silva, vice-presidente do IPL H povoaes em que no h oferta pblica e onde tem sido o privado a assegurar o ensino. Nesses casos deve continuar a haver contratos de associao com as escolas existentes. Nos locais onde h oferta pblica adequada e no se justifique a manuteno do contrato de associao deve aplicar-se a nova lei. Mesmo em tempo de crise, a Educao deveria ser uma rea onde os sacrifcios deveriam ser mnimos. Em Pombal, temos exemplos de vrias escolas privadas que fazem um excelente trabalho. Alm disso, o Governo mudou as regras a meio do ano lectivo. Estas coisas deveriam ter sido alvo de dilogo antes dos cortes. Desta maneira, este processo levanta muitas questes. Fernando Parreira, vereador da Educao em Pombal Se a todos esto a ser pedidos sacrifcios, por uma questo tica concordo com o corte ao financiamento do ensino privado. Ainda para mais se essa verba puder ser redistribuda para reforar a rede pblica. tambm importante esclarecer quanto custa efectivamente um aluno no particular. Cesrio Silva, director da Escola Secundria Calazans Duarte, Marinha Grande

Filomena Costa, ex-presidente da Ferlei

4 | 13 de Janeiro de 2011

I

Sociedade

I

Est na moda ser chef!Se h profisses em asceno meditica chef de cozinha uma delas. O ofcio est na moda e os jovens andam deslumbrados com a visibilidade e sucesso dos mais conceituados. Passar pelas cozinhas de hotis de cinco estrelas e experincias no estrangeiro so o b--b de quem j est nos meandros do ofcio e ambiciona vir um dia a ser chef. Os homens continuam a dominar e predominar nesta profisso secular, mas ningum sabe ao certo a que se deve esta liderana. Algumas teorias convergem para a exigncia do ofcio que relega a vida pessoal e familiar para segundo planoTexto: Paula Lagoa Fotos: Ricardo Graa Ser chef de cozinha uma das profisses da moda a par dos disco jockey, dos designer, ou dos relaes pblicas. Ofcios que ganharam notoriedade e reconhecimento social nos ltimos anos e que deslumbram quem est na idade de escolher o que quer ser quando for grande. No entanto, como noutras profisses, o mediatismo s para alguns e quem se lana aos tachos e panelas, procura da fama, acaba quase sempre por ficar em guas de bacalhau. No acredito que ningum consiga ser cozinheiro apenas porque est na moda. uma profisso muito exigente, que requer muitas horas de trabalho por dia e que obriga a grandes sacrifcios, diz o chef de cozinha Jos Avillez. Alberto Vaz, coordenador do curso de Tcnico de Cozinha, na Escola Profissional de Leiria (EPL), subscreve e os aprendizes confirmam-no. So 9:30 da manh e na cozinha da Escola Profissional de Leiria os alunos do primeiro ano do curso Tcnico de Cozinha/Pastelaria j tm uma hora de trabalho realizado. O dia comeou s 8:30 horas com um pequeno briefing sobre os pratos que vo ser confeccionados, entrou-se na cozinha s 9 horas e s 12 horas tm de estar prontas a servir cerca de 300 refeies. O corte dos legumes para uma juliana, a limpeza do peixe, os tempos de cozedura de cada alimento, os utenslios que se usam para esta ou aquela tarefa, o empratamento... tudo obedece a regras aprendidas e sistematizadas ao longo dos trs anos de durao do curso. Os que resistem exigncia e comprovam as suas aptides (aproximadamente 30 a 40 por cento dos que ingressam no curso), tero de enfrentar um mercado laboral competitivo, mas onde o trabalho abunda. Alberto Vaz explica que no Servio de Apoio Vida Activa da EPL h pedidos pendentes de cozinheiros, que s tero resposta quando os alunos do terceiro ano concluirem os estudos, ou se, por acaso, um antigo aluno recorrer quele gabinete. Depois de terminarem o curso muitos alunos mantm ligao com a escola. Alguns deles so j empregadores que ali procuram novos cozinheiros para as suas cozinhas, explica o formador. Alm disso, o Servio de Apoio Vida Activa tambm muitas vezes intermedirio de ex-alunos que querem trocar de trabalho ou procuram novas oportunidades. SO OS HOMENS QUE SE DESTACAM Na metade da turma que hoje est de servio, uma coisa salta vista, h trs ou quatro raparigas por entre mais de uma dezena de rapazes. Este de resto um fenmeno com sculos, que ningum sabe explicar ao certo, mas que a histria da gastronomia documenta com muitos nomes no masculino. Jos Avillez justifica a disparidade com os sacrifcios que a profisso exige. Trabalhar 16 horas por dia, aos fins de semana e nos dias de festa, faz com que a famlia fique, necessarimente, em segundo lugar. Penso que para as senhoras, em geral, mais difcil pr a profisso frente da famlia, justifica o chef do Restaurante Tavares Rico, detentor de uma estrela Michelin. J chefe Alberto Vaz arrisca outra teoria. Para o formador da EPL a sociedade diz s mulheres que a cozinha uma obrigao, ao contrrio da generalidade dos homens que nascem com a ideia que aquele espao no para eles e, portanto, os que se arriscam a entrar nele fazem-no por prazer e com uma maior dedicao. TELEVISO TAMBM D MAUS EXEMPLOS Nomes como Jamie Oliver ou Chakall despertam atravs do mediatismo que a televiso lhes d o interesse de muitos jovens pela cozinha. Conhecidos do grande pblico, so lderes na venda de livros de culinria e apresentam-se na televiso com uma postura descontraida, com propostas simplistas de culinria, executveis por qualquer entusiasta da cozinha. Chegaram onde muitos jovens cozinheiros ambicionam chegar um dia mas nem sempre so os melhores exemplos, diz Alberto Vaz. O facto de aparecerem na televiso com cabelos compridos, barba por fazer, vestes informais e at esotricas, faz com que, na escola, alguns alunos questionem as regras institudas. O formador da EPL admite que nem sempre fcil explicar aos alunos porque que uns podem e outros no e normalmente refugia-se na justificao de que eles podem porque so vedetas. Estas personagens so reponsveis por despertar o interesse pela cozinha em muitos jovens, mas a verdade que muitas vezes o deslumbramento tranforma-se em desiluso. Confrontados com as exigncias do ofcio muitos so os que acordam do sonho e acabam por desistir. Lus Gaspar e Andr Domingos, exemplos de sucesso da regio, que esto agora a dar os primeiros passos como cozinheiros e cujos percuros contamos frente, j no vem estes mediticos chefs como referncias. Reconhecem que o que eles fazem na televiso ser certamente diferente do que fazem nas suas cozinhas, at porque o que apresentam no grande ecr destina-se ao pblico em geral e no a cozinheiros, mas mesmo assim no se revem nas suas prticas. Preferem apostar num futuro que os aproxime do trabalho que fazem os chefs dos restaurantes portugueses mais conceituados, regra-geral associados a hotis de luxo. Experincias no estrangeiro fazem parte dos objectivos destes jovens assim como enriquecer curriculo, passando pelas cozinhas mais reputadas do Pas. Tem uma coisa em comum. Valorizam a gastronomia portuguesa, no abdicam da sua linha orientadora e querem estar um dia entre os melhores chefs portugueses, a trabalhar em Portugal. I

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE |

13 de Janeiro de 2011 | 5PUB

Jovens da regio destacam-seLus Gaspar tem 19 anos, e a certeza de que isto que quer fazer o resto da sua vida. Integra a equipa olmpica que venceu recentemente a medalha de ouro no Campeonato do Mundo de Culinria. Um feito para Portugal do qual se orgulha. Desde pequeno que tinha o bichinho da cozinha e depois de completar o 9 ano seguiu, sem dvidas, para a Escola Profissional de Leiria, onde se formou cozinheiro. Nunca quis ficar s por Leiria, ambicionava ir mais alm e auto props-se para estgio no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, onde foi aceite e viria a integrar a equipa durante nove meses aps o estgio. Nessa altura abdicou de frias e folgas para poder participar no Campeonato do Mundo de Culinria, uma montra que o levou para a cozinha do Hotel Grand Real Vila Itlia, em Cascais e onde se encontra como cozinheiro de terceira categoria. Confessa que est a ver todos os seus sonhos tornarem-se realidade velocidade de um fsforo mas o grande sonho leva tempo a realizar-se. Quer ser um dia chefexecutivo de cozinha e para consegui-lo sabe que enfrenta alguns anos de sacrifcio. O sacrifcio e o prazer confundem-se no discurso de Lus. Chega a entrar na cozinha duas ou trs horas antes do previsto e sai sempre mais tarde. F-lo porque na cozinha que se sente bem. Neste momento estou a passar uma fase de motivao e reconhecimento profissional que muitos no tm. Estou agarrado a isso. Abdico de muita coisa, mas agora que eu tenho de trabalhar. Acredito que mais tarde colherei os frutos do meu trabalho. I

LUS GASPAR, campeo do mundo de culinria, 19 anos

ANDR DOMINGOS, Chef Andr da SicK, 22 anos

Andr Domingos tem 22 anos e o apresentador do programa da Sic K, A Cozinha do Chef Andr. A experincia na eleviso surgiu por acaso. Participou

num casting, foi escolhido e agora o chef de servio do canal, naquele programa destinado aos mais pequenos. Orientado pela cute food, corrente culinria que confere aos pratos um toque divertido para cativar as crianas, ao mesmo tempo que as leva pela via da alimentao saudvel, Andr confessa que gostaria de continuar na televiso, mas como complemento carreira na hotelaria, da qual no abdica. No futuro espera poder a vir a ter o seu prprio restaurante e gerir a sua prpria cozinha. E at j sabe onde: na freguesia das Cortes, em Leiria, rica em tradio gastronmica e de onde natural. Estudou na Escola de Hotelaria de Ftima, onde tirou um curso profissional de cozinha e encon-

tra-se a estudar Gesto Hoteleira na Escola Superior de Turismo e Hotelaria, do Insttituto Politecnico da Guarda. Estagiou nos hotis Tivoli, na Madeira, Quinta das Lgrimas, em Coimbra, no Meridian Ra, em Barcelona e particicipou recentemente na criao da carta do restaurante de um hotel em Ftima. Valoriza os ensinamentos dos chefs que o formaram e por isso tambm gostaria de um dia dar formao. Acredita que na cozinha no h segredos, mas sim uma grande partilha de conhecimentos entre profissionais. Preocupa-se com a concorrncia que conceitos internacionais esto a fazer gastronomia tradicional portuguesa, que defende com afinco e na qual baseia sempre as suas sugestes. I

Jos Avillez, chefe de cozinha

Os cozinheiros gordos de bigode ficaram no nosso imaginrioSer chef est na moda. Isto positivo ou negativo? Diria que a gastronomia est na moda e isso bom. Acredito que a gastronomia um dos maiores smbolos da indentidade de um pas e estou certo que os chefs tm um importante papel na preservao das tradies culinrias, na sobrevivncia de diversos produtos regionais, na revitalizao e promoo do patrimnio culinrio e na atraco de visitantes, contribuindo, de forma cada vez mais intensa, para o desenvolvimento do turismo. H gente jovem a chefiar as cozinhas mais conceituadas do mundo. O que que est a mudar? Nos ltimos anos, a cozinha tem evoludo muito e a grande velocidade. O conhecimento partilhado de forma cada vez mais rpida. Felizmente, os grandes chefs tm apostado no desenvolvimento desta actividade criando importantes oportunidades de aprendizagem para novos talentos. Isso faz com que apaream profissionais cada vez mais jovens e cada vez mais bem preparados que, desde cedo, enriquecem a sua experincia com formaes internacionais. Onde esto os cozinheiros barrigudos de bigode? Ficaram no nosso imaginrio. Como pode ver por mim, uma imagem que j no corresponde. Tambm tem dado formao. Um grande talento revela-se logo ao dar os primeiros passos? Para se ser bom no basta gostar, nem ter jeito. preciso ter gosto pelo conhecimento, ter humildade para aprender, ter talento, esprito de equipa, uma grande capacidade de trabalho e determinao suficiente para fazer deste trabalho a prioridade. Pode haver sempre quem surpreenda, mas, logo de incio, pelo perfil, consegue-se perceber quem tem o que preciso para continuar ou quem vai desistir. I

6 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA |

Leiria

Vereadora eleita pelo PS garante que vai ficar at ao fim do mandato

Continua polmica com limpeza de centros de sadeDepois da notcia publicada neste jornal, na edio passada, sobre a falta de limpeza no Centro de Sade Gorjo Henriques e na Unidade de Sade Familiar D. Dinis, que lhe est agregada, diferentes fontes fizeram saber ao JORNAL DE LEIRIA que a situao se estendeu a todos os centro de sade e USF daquele agrupamento. Quem contactou esta redaco afirma que a Administrao Regional de Sade do Centro (ARSC), responsvel pelas limpezas desde o incio do ano, ter mentido no esclarecimento que deu a este jornal. Por um lado a situao ter-se- prolongado durante toda a semana, quando em esclarecimento por escrito a ARSC afirmava que na tera-feira tudo estava regularizado. Por outro, as unidades de sade queixam-se que o servio, que entretanto foi disponibilizado, no responde s necessidades rigorosas de higiene daquelas estruturas pblicas de sade. H mdicos a afirmar que o lixo e material contaminado no esto a ter o tratamento devido, alguns admitem at j ter limpo o p e o cho dos seus consultrios. Para a USF D. Dinis, por exemplo, tero sido enviadas funcionrias de limpeza para trabalhar no horrio de atendimento aos utentes, duas prticas incompatveis, explica fonte ligada quela unidade, onde esse trabalho era feito depois do fecho ou pela manh, antes das portas abrirem.O JORNAL DE LEIRIA contactou a ARSC que, at ao fecho desta edio, no prestou mais declaraes. PL

Blandina Oliveira deixa pelouros com fortes crticas ao executivoQuando Jos Benzinho questionou Blandina Oliveira sobre um processo relativo a publicidade, no incio da reunio de cmara de tera-feira, estaria muito longe de imaginar o que se seguiria. A vereadora, independente eleita na lista do PS, disse que nada mais poderia avanar e passou a ler um comunicado, onde informa que deixar os pelouros que lhe foram atribudos e tece fortes crticas ao executivo, ao presidente da cmara e ao ncleo duro do PS de Leiria. Num primeiro impulso, Raul Castro ainda lhe tentou retirar a palavra, dizendo-lhe que no estava a responder questo colocada pela oposio, e fez um gesto para se levantar. Mas, perante a irredutibilidade da vereadora, acabou por a deixar concluir a leitura. A autarca acabaria por abandonar a sala, mas antes ainda deixou um aviso vereadora Lurdes Marchado, que segundo Blandina Oliveira, ser a prxima, se que ainda no lhe retiraram os pelouros. No comunicado, a vereadora conta que foi informada, no incio de Janeiro, pelo presidente Raul Castro que tinha decidido retirara vereadora, que diz ainda esperar no vir a ser vtima de perseguio poltica ou de desinformao. No comunicado, Blandina Oliveira, que regressar actividade de docente no Instituto Politcnico de Leiria, lamenta tambm que os polticos profissionais apenas finjam pretender a participao de independentes e de pessoas com actividades profissionais bem sucedidas para ganhar eleies, mas que, passados os perodos eleitorais, desejem reservar a actividade poltica para os que no querem ou no sabem fazer outra coisa. A vereadora acusa ainda o ncleo duro do PS de Leiria de ter uma agenda escondida resistente mudana, com a qual diz no se identificar. A posio da vereadora o culminar de um mal-estar que se vinha a intensificar nos ltimos meses entre a Blandina Oliveira e Raul Castro, que vrias vezes a chamou a ateno em pblico pela falta de respostas, nomeadamente aos vereadores da oposio. I Maria Anabela Silva

RICARDO GRAA

Blandina Oliveira concorreu como independente -lhe os pelouros (Desenvolvimento Econmico, Ambiente, Ensino Superior e Cincia), depois de, em Julho, ter ficado sem a tutela dos Espaos Verdes, que passou para Lurdes Machado. Blandina Oliveira diz respeitar a deciso do presidente, que tem toda a legitimidade e soberano para o fazer, mas assegura que ficar at ao final do mandato no executivo, por respeito confiana atribuda pelos eleitores. Tenho, porm, a conscincia de que a base de apoio que elegeu a actual equipa que governa o municpio de Leiria est em desagregao, apesar dos arranjos que se possam fazer aps a minha deciso, com recurso quelas pessoas que esto sempre disponveis para ocupar estes lugares, acrescenta

Castro acusa Blandina de irresponsabilidade

Vereadora revelou no ter perfil adequado funoDepois de ouvir o comunicado lido por Blandina Oliveira e a reaco da oposio, Raul Castro foi parco em palavras. Se muitas vezes tomamos decises para tentar melhorar a equipa, afirmou o presidente, durante a reunio de cmara, onde disse ainda que no deixar de cortar a direito, incomode quem incomodar. Mais tarde, acabaria por ser emitido um comunicado, subscrito por Raul Castro e pelos vereadores Gonalo Lopes, Lurdes Machado, Lino Pereira e Antnio Martinho, onde a atitude de Blandina Oliveira considerada uma irresponsabilidade, que viola os laos de lealdade que existem entre todos os elementos do executivo. No documento, Raul Castro explica que a vereadora foi confrontada, por diversas vezes, pelo presidente da cmara com a sua incapacidade para dar respostas de forma atempada e adequada s solicitaes dos muncipes, razo pela qual foi questionada sobre a possibilidade de abdicar do lugar, por no ter concretizado as expectativas que conduziram ao convite para integrar a equipa. A vereada Blandina Oliveira revelou no ter perfil adequado s exigncias da funo, que implicam disponibilidade, dinmica, capacidade de tomar decises e trabalhar em equipa, acrescenta o comunicado. No documento, a maioria socialista que assegura que a equipa est coesa e empenhada em cumprir os compromissos que estabeleceu com os eleitores e acusa Blandina Oliveira de pretender desagregar o grupo, lamentando que a vereadora no tenha tido a lealdade de comunicar ao presidente a sua posio. I

Homem agredido quando via montraUm homem foi agredido na quinta-feira tarde na Avenida Combatentes da Grande Guerra, em Leiria, quando se encontrava a ver uma montra. De acordo com testemunhas, a vtima, de 58 anos, encontrava-se em frente a uma loja quando um homem, de 30 anos, se aproximou e deu-lhe com um ferro na cabea. O alegado agressor viu o carro da vtima e partiu-o todo com o mesmo objecto, referiu a mesma fonte, acrescentando que o suspeito se ps em fuga. Fonte da PSP informou que o alegado agressor foi identificado, mas no foi detido porque no se verificou flagrante delito. A PSP est a investigar os motivos que levaram agresso. Esta a segunda agresso na via pblica no espao de duas semanas, durante o dia, e vista de toda a gente. EC

| R e a c e s |A atitude da vereadora, que estranho muito, completamente intempestiva. Foi eleita na lista do PS e, por isso, deve uma explicao ao partido. Recuso as acusaes que so feitas no comunicado, nomeadamente as referncias ao ncleo duro do PS que ter uma agenda escondida. A vereadora deve repensar a sua posio e manter a solidariedade e a lealdade equipa e ao partido que a elegeu. No se pode esquecer que foi eleita numa lista. Os votos no so dela. Jos Alves, presidente da Concelhia de Leiria do PS uma situao que me preocupa, porque pode provocar alguma instabilidade gesto do municpio. Mas estou certo que o presidente da cmara encontrar uma soluo adequada para contornar o problema. No questiono a atitude da vereadora nem do presidente. Deve haver sentido de responsabilidade, porque o concelho espera que a cmara consiga levar a sua gesto por diante. Carlos Andr, presidente da Assembleia Municipal de Leiria (PS) H indcios de alguma falta de coeso da maioria, problema que imputvel essencialmente falta de liderana e de rumo. Isto preocupante, porque est em causa a imagem da cmara. A juntar a isto, h o que se vai ouvindo na rua de que existem membros da maioria que dizem mal uns dos outros, que o presidente se queixa do vice-presidente e que o vice-presidente no se cobe de dizer mal do presidente. A ser verdade, a situao gravssima. Jos Benzinho, lder da bancada do PSD na cmara

| JORNAL DE LEIRIA | PUBLICIDADE |

13 de Janeiro de 2011 | 7

8 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA |

BREVES

Em 2011 devero ser investidos dois milhes de euros na renovao de redes

IOurm

Leiria desperdia 32% da gua que tratatamento e captao. Desperdcios que Pedro Faria, deputado do PSD na AM, classificou, na ltima sesso daquele rgo, como verdadeiramente escandalosos, lamentando que para vender 6.312.573 m3 tenha que se captar, elevar e naturalmente tratar e distribuir 9.264.035 m3. O social-democrata considera, por isso, que quase obsceno apresentar desperdcios desta grandeza e vir para cima dos muncipes com aumentos [de preos] para minorar as ineficincias dos servios. O presidente da cmara reconhece o problema, que no de Muitos municpios tm desperdcios na ordem dos 50% Cerca de 32% da gua que captada e tratada pelos Servios Municipalizados de gua e Saneamento de Leiria acaba por ser perder em rupturas de rede. Aquela taxa est, entanto, abaixo da mdia nacional de desperdcio. Segundo dados do PEAASAR II ( Plano Estratgico de Abastecimento de gua e Saneamento de guas Residuais 2007-2013), muitos municpios apresentam desperdcios na ordem dos 50%. Segundo dados que constam no plano de actividades e oramento dos SMAS de Leiria para 2011, aprovado na semana passada em Assembleia Municipal (AM), no ano transacto foram captados e tratados 9.2 milhes de metros cbicos (m3) de gua, tendo sido cobrados apenas 6.3 milhes de metros cbicos. Os restantes 2.9 milhes perderam-se na rede, apesar de j ter sido gasto dinheiro com o seu traagora e que afecta muitos municpios No caso de Leiria, Raul Cas. tro explica que os desperdcios se devem sobretudo ao facto das redes terem muitos anos de utilizao e precisarem de ser renovadas Segun. do ao autarca, h j um conjunto de investimentos previstos, no mbito da parceria que est a ser estudada entre a guas de Portugal e 13 autarquias da regio Centro. Durante este ano devero ser investidos cerca de dois milhes de euros na renovao de redes, adianta o autarca ao JORNAL DE LEIRIA. I Maria Anabela Silva

Migraes em debatePrimeira dcada de uma nova era nas migraes o tema geral do 11 Encontro de Formao de Agentes Scio-Pastorais, que decorre em Ftima, a partir de amanh e at domingo, numa organizao da Caritas Portuguesa, da Obra Catlica Portuguesa das Migraes (OCPM) e da Agncia Ecclesia. O encontro contar com a presena do presidente do Conselho Pontifcio para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, D. Antonio Maria Vegli, que intervir, no domingo, s 9:00 horas, para abordar o tema Mobilidade humana e evangelizao: desafios de um novo milnio. O encontro pretende analisar a forma como a sociedade portuguesa aborda a temtica das migraes e propor aces que incluam pessoas migrantes em projectos de construo social, econmica, poltica e religiosa.

RICARDO GRAA

gua um bem escassoApesar de reconhecer que a taxa de desperdcio do municpio de Leiria est abaixo da mdia nacional, Carla Graa, da Direco nacional da Quercus, no deixa de frisar que 32% corresponde perda de um tero da gua captada, devidamente tratada e lanada na rede de distribuio. Ora, falamos em 32% de desperdcio de custos, sublinha a ambientalista, que explica que as elevadas perdas de gua se devem sobretudo s deficincias das redes de distribuio, algumas muito antigas, com materiais j desgastados e pouco adequados e por vezes mal dimensionadas face procura actual. Carla Graa lamenta que, apesar de a gua ser um bem escasso, por vezes, essa escassez seja esquecida, por termos to fcil acesso a esse bem. I

Distrito

EDP troca lmpadasA carrinha EDP troca de lmpadas vai estar, at ao prximo dia 21, no distrito, para trocar gratuitamente lmpadas incandescentes por economizadoras. Hoje, a viatura ficar estacionada no largo da igreja de Mira de Aire e junto ao posto mdico do Juncal, e amanh na Praa Armnio Marques, em Porto de Ms, e na sede da Junta de Calvaria de Cima. Na segunda-feira, a iniciativa realiza-se no Bombarral. A viatura da EDP estar na Praa Jacob Rodrigues Pereira, em Peniche, nos dias 18 e 21, e no Mercado Municipal de Alcobaa nos dias 19 e 20.

Acordo parassocial dever ser assinado dentro de dias

Novo consrcio para a construo da ETES avana este msO acordo parassocial do novo consrcio responsvel pela construo e gesto da ETES (Estao de Tratamento de Efluentes Suincolas) dever ser assinado at ao final do ms. A oficializao do acordo abrir caminho emisso de uma nova licena colectiva, que permitir a utilizao de recursos hdricos para descargas controladas de guas residuais. Em declaraes Agncia Lusa, o secretrio de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, explica que a licena ser alargada ao perodo de construo da ETES, estimado em 36 meses, e que caducar se o consrcio no for constitudo 60 dias depois da assinatura do acordo parassocial. Humberto Rosa falava aps uma reunio, realizada na semana passada, onde estiveram tambm a ministra do Ambiente e os presidentes das Cmaras de Batalha, Leiria e Porto de Ms. O encontro foi pedido pelos autarcas, que pretenderam manifestar tutela a preocupao pela no renovao da licena para a gesto dos efluentes suincolas e pelos eventuais atentados ambientais que da podero advir, explica um comunicado da Cmara de Leiria. No documento, o presidente da autarquia, Raul Castro, disse ainda apoiar claramente a soluo apresentada pela tutela, defendendo que a resoluo do problema no deve ser adiada por mais tempo. O presidente da Recilis, David Neves, diz que esto reunidas condies para fazer avanar o projecto, adiantando que o acordo parassocial ser assinado nos prximos dias. Seguir-se- a constituio do consrcio, que integra as empresas guas de Portugal e Fomento Investimento, que tero uma posio de liderana, a Recilis e a Luso gua. Numa segunda fase, o consrcio dever ser alargado a outros parceiros. David Neves manifesta-se tambm satisfeito com a possibilidade de emisso de uma licena em nome do consrcio, medida que considera francamente positiva e mais um contributo para a gesto e controlo dos efluentes, at entrada em funcionamento da ETES, a construir em Amor. Com um custo estimado de 18 milhes de euros, a estrutura ficar preparada para tratar diariamente dois mil metros cbicos de efluentes. I MAS

Batalha

Encontro sobre patrimnioO CEPAE (Centro do Patrimnio da Estremadura) organiza, no sbado, o primeiro encontro de associaes de defesa do patrimnio da Alta Estremadura. A iniciativa ir realizar-se na sede da Associao de Propaganda e Defesa da Regio da Batalha, localizada no Largo Goa, Damo e Diu (junto ao mosteiro), a partir das 9:45 horas. Estabelecer contactos entre as associaes e pessoas que se dedicam defesa do patrimnio, trocar experincias entre elas e estudar a viabilidade de realizao de projectos conjuntos so os objectivos do encontro. I

Cmara de Leiria justifica gastos com necessidade de conferir segurana s decises a tomar

Estudos e auditoria custam cerca de 120 mil eurosA auditoria situao financeira da cmara, o estudo sobre a Leirisport e o parecer jurdico sobre o Teatro Jos Lcio da Silva custaram Cmara de Leiria cerca de 120 mil euros. O ltimo valor conhecido diz respeito ao estudo encomendado Deloitte, sobre os modelos dos equipamentos desportivos do concelho, que custou 36.300 euros. A auditoria cmara custou cerca de 69 mil euros, enquanto o parecer jurdico pedido pela autarquia a um especialista em Direito Administrativo sobre o Teatro Jos Lcio da Silva (TJLS) orou em perto de 12.200 euros. O presidente da cmara explica que so gastos que visam conferir autarquia segurana nas decises a tomar. Raul Castro frisa que esto em causa questes tcnicas e jurdicas, que devero ser suportadas por pareceres de especialistas. Se fossemos ns a fazer o trabalho, este poderia ser visto como parcial, acrescenta. Por seu lado, Jos Benzinho, vereador do PSD, considera que alguns daqueles trabalhos podiam e deviam ter sido feitos internamente, por entender que dentro da cmara e da Leirisport h capacidade para tal. O autarca defende que, em relao situao do TJLS, deveria ter sido primeiro pedido um parecer ao Departamento Jurdico do municpio, e que, no caso da auditoria cmara, haveria trabalho que poderia ser solicitado aos Revisores Oficiais de Contas da autarquia, que so independentes e que viram o actual executivo renovar-lhe a confiana nos seus servios. H claramente desperdcio de dinheiro, porque faltam ideias, conclui o social-democrata. I MAS

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE |

13 de Janeiro de 2011 | 9PUB

Empresas e populao pedem alternativas com melhores condies

Desvios das obras do IC9 motivam queixas em OurmA falta de condies das vias que servem de alternativa s estradas cortadas pelas obras do IC9, em Ourm, esto a provocar a indignao de empresrios, populao e autarcas. A Cmara de Ourm ameaa aplicar coimas aos empreiteiros, caso estes no reabram os acessos interrompidos h vrios meses ou criem melhores alternativas. As dificuldades provocadas pelas obras do IC9 so mais uma machada para as empresas do Norte do concelho. Algumas esto a perder encomendas, conta Hlder Miguel, empresrio e deputado do PSD na Assembleia Municipal, que critica o facto do trnsito da EN 356, cortada devido s obras do IC9, ter sido desviado para vias secundrias, que mais parecem carreiros. Essa crtica tambm feita por Mrio Abreu, director da Euromolding, empresa instalada na zona industrial de Ourm. Os acessos alternativos so muito estreitos e, como no estavam preparados para tanto trnsito, encontram-se em pssimo estado. Joo Verdasca e Nuno Verdasca, respectivamente administradores da Madeca e da Ramecel, empresas sediadas em Caxarias, tambm lamentam os constrangimentos provocados pela situao, sobretudo ao trfego pesado. O IC9 muito bem-vindo, mas no se admite que o trnsito esteja a ser desviado para estradas onde mal cabe um camio, lamenta Joo Verdasca. Jos Alho, vice-presidente da cmara, diz que a falta de condies dos desvios impostos pelas obras do IC9 j foi abordada em diversas ocasies com os empreiteiros. A via diplomtica no funcionou. Vamos actuar a doer, afirma, adiantando que os empreiteiros sero notificados a reabrir de imediato os acessos interrompidos, devido caducidade dos planos de sinalizao temporria e ao estado de degradao das vias alternativas, ou a criarem melhores desvios. Ao JORNAL DE LEIRIA, o consrcio AELO, responsvel pela execuo da obra, limita-se a informar que as entidades competentes foram consultadas para a definio do desvio de trnsito EN356, e que est disponvel a melhorar as alternativas, desde que se revelem adequadas e necessrias. I Maria Anabela Silva

Projecto a desenvolver nos concelhos de Batalha e Ourm

Novas tecnologias vo ajudar idosos a combater solido

RICARDO GRAA

Combater a solido e o isolamento social da populao idosa atravs das novas tecnologias um dos principais objectivos do projecto Batalha@Ourm_parceiros em rede snior, que os municpios de Batalha e de Ourm pretendem implementar, com o apoio do Instituto Politcnico de Leiria. O projecto permitir tambm aos idosos lanarem pedidos de socorro, atravs de voz ou de movimento. Jos Alho, vereador da Aco Social na Cmara de Ourm, explica que o pblico-alvo so idosos que vivem ainda em suas casas e que, atravs de equipamento informtico, podero criar uma rede de comunicao que os ajude a combater a solido. Cntia Silva, vereadora na Cmara

da Batalha, frisa que o equipamento poder ser accionado atravs de voz, de forma a facilitar a sua utilizao e adianta que a aplicao informtica j foi testada com alguns idosos do concelho, tendo sido melhorada e adaptada s limitaes dos mais velhos. Queremos criar uma nova resposta social para a populao idosa, usando as novas tecnologias como ferramenta para melhorar a qualidade de vida dos nossos seniores, acrescenta Cntia Silva. Alm da componente social, a vereadora destaca a valncia de emergncia do projecto, que funcionar 24 horas por dia. Atravs de voz ou de movimento, os utentes podero emitir um pedido de ajuda, que ser canaliza-

do para as instituies parceiras, explica a autarca. Para garantir aquele tipo de cobertura, o projecto contar com o apoio do Agrupamento de Centros de Sade da Serra de Aire e dos bombeiros Voluntrios da Batalha. Jos Alho reala ainda a importncia da parceria com as IPSS (Instituies Particulares de Solidariedade Social), onde sero tambm instalados equipamentos. O projecto j foi alvo de uma candidatura ao PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), que prev um investimento de 223 mil euros, 25% dos quais a financiar pelos municpios. I MAS

10 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA |

BREVES

David, de seis meses, morreu em Abril de 2010 em Alcobaa

IOurm

Autorizada videovigilncia no SanturioO Ministrio da Administrao Interna (MAI) renovou a autorizao para a videovigilncia no Santurio de Ftima. De acordo com o comunicado do MAI, a secretria de Estado da Administrao Interna, Dalila Arajo, proferiu os despachos, aps pareceres positivos da Comisso Nacional de Proteco de Dados. Foi autorizado ao Santurio de Ftima a videovigilncia pelo perodo de um ano, a funcionar 24 horas por dia.

Alegado homicida de beb nega acusaes em tribunalComeou esta segunda-feira o julgamento de A.C. e C.G., pais do pequeno David, que faleceu no incio do ano passado, ao que tudo indica na sequncia de maus-tratos. O pai, que negou as agresses, acusado de homicdio qualificado e a me de omisso de auxlio. O arguido garantiu ao colectivo de juzes que no agrediu o filho e que este caiu do carrinho, tendo ele apenas feito respirao boca-a-boca quando viu o beb plido e sem respirar. Em seguido, telefonou irm que, chegada ao apartamento, se deparou com o beb com apenas uma fralda vestida, deitado no sof sobre uma toalha com manchas de sangue, mas, segundo declarou ao tribunal, ainda respirava. A me garante que s lhe telefonaram perto do meio-dia. Peguei no meu filho e ele j no tinha reaco nem pulsao, refere a jovem de 21 anos. David tinha, segundo a me, um corte profundo no rosto e estava cheio de hematomas. A par das marcas de agresses no beb, foram encontrados diversos vestgios de sangue em vrios locais da casa,

Nazar

Nuno Batalha ganha eleies na confrariaSeis anos depois, Nuno Batalha est de volta presidncia da Mesa Administrativa da Confraria de Nossa Senhora da Nazar, depois de ter ganho a segunda volta das eleies para a instituio, no passado sbado. O dirigente recolheu 885 votos dos irmos, contra 686 da lista liderada pelo presidente em exerccio, Reinaldo Silva, e 84 da lista encabeada por Jos Vila Mona Batalha. Na reaco s eleies, Nuno Batalha considerou que a Confraria no est em posio de perder mais tempo e apontou baterias para o futuro. hora de arregaar as mangas, declarou o futuro presidente da instituio, que toma posse no dia 23 deste ms. JP

ANA FERRAZ PEREIRA

Pai da criana acusado de homicdio qualificado como a casa-de-banho, o bero, a sala e o cho. Num contentor do lixo na rua, os inspectores encontraram um saco com toalhetes ensanguentados. A roupa que o beb vestia quando a me saiu para trabalhar tinha sido lavada e estava a secar no estendal. I Ana Ferraz Pereira

Agresses desde os dois mesesC. G. no estava em casa quando o filho foi agredido at morte, mas testemunhou ou teve conhecimento de outros episdios de violncia, como a prpria disse ao tribunal. Garantiu no os ter denunciado por medo. David nasceu a 27 de Outubro de 2009. Em Dezembro, o pai terlhe- dado vrias palmadas nas pernas. Em Fevereiro ter sido uma chapada na cara; em Maro ter atirado o beb de forma violenta para o sof depois de o sacudir, o que lhe provocou inchaos e hematomas. Ainda antes de Abril, quando David perdeu a vida, A.C. ter desferido uma dentada na face do filho. I

Populao de Martingana, Alcobaa, quer que poder local honre compromisso

Abaixo-assinado exige requalificao da EN 356Vai comear a circular na Martingana um abaixo-assinado no qual os signatrios reclamam a requalificao da EN 356, um compromisso que dizem ter sido assumido pela Cmara de Alcobaa h mais de uma dcada. A estrada nacional, mas h vrios anos que est para ser desclassificada e a sua gesto entregue cmara. No entanto, a autarquia sempre disse que no aceitava a estrada sem que a ponte sobre a linha frrea fosse arranjada e alargada e aquela via objecto de melhorias. A ponte foi arranjada em Abril do ano passado, mas o processo no conheceu desenvolvimentos. O vereador das Obras Pblicas, Hermnio Rodrigues, garante que tem uma reunio agendada para a prxima semana com o director distrital da Estradas de Portugal (EP) e refere que est na forja uma candidatura para a EP financiar a requalificao da EN 356. A mudana de director da EP quatro vezes no ajudou este processo, diz o autarca. Emdio Ferreira, um dos mentores do abaixo-assinado e residente naquela estrada, alerta para os perigos da via, onde h inmeros desnveis entre passeios e alcatro, buracos que obrigam as pessoas a darem saltos de metro para sarem de casa, m iluminao, pssimos acessos pedonais entre a Martingana e a Martingana-Gare, um espao de 60 centmetros na via para pees na ponte e, pelo menos, uma passadeira ilegal No Vero, a poeira dos cami. nhos no permite janelas abertas, assegura o morador, que lembra que aquela estrada atravessada diariamente por vrias centenas de automobilistas e , tambm, a via de acesso ao concelho de Leiria. I AFP

Leiria

Oikos com utilidade pblicaA Oikos (Associao de Defesa do Ambiente e do Patrimnio da Regio de Leiria) acaba de ser considerada uma entidade de utilidade pblica, pelos relevantes e continuados servios comunidade, visando a defesa do ambiente e conservao da natureza. O reconhecimento da utilidade pblica foi feito atravs de um despacho, publicado na semana passada em Dirio da Repblica. O presidente da Oikos, Nuno Carvalho, confessa-se satisfeito por ver o trabalho e a aco da associao reconhecidos superiormente, sublinhando que a instituio poder agora concorrer a alguns programas de apoio e integrar determinadas parcerias e com outro nvel de participao. I

Ordem dos Advogados Jurista de Pombal preside a Conselho Distrital de CoimbraMrio Diogo, jurista em Pombal, tomou ontem posse do cargo de presidente do Conselho Distrital de Coimbra (CDC) da Ordem dos Advogados, para o qual foi eleito em Novembro passado. Para o respectivo Conselho de Deontologia foi eleita a lista encabeada por Jacob Simes. Mrio Diogo assumiu, desde 1993, diversos funes na Ordem dos Advogados, nomeadamente delegado da Comarca de Pombal e vicepresidente do CDC. a primeira vez que um advogado que no tem escritrio em Coimbra preside a esta estrutura da Ordem dos Advogados, que abrange os distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda, Leiria e Castelo Branco. Esta rea conta com cerca de 3.500 advogados e advogados estagirios, inscritos por 68 comarcas. Como representante do distrito de Leiria, foi tambm eleito Pedro Alves Loureiro de Porto de Ms, com o cargo de Servios aos Advogados. I

Nazar Filho de emigrante nomeado ministro no CanadO nazareno Charles Sousa o novo ministro do Trabalho na provncia do Ontario, no Canad, segundo noticia o jornal Sol Portugus. Eleito em 2007, o filho de emigrantes da Nazar desempenhava a funo de assistente parlamentar do ministro do Desenvolvimento Econmico e do Comrcio do Ontrio, tendo sido promovido na sequncia da demisso do ex-titular da pasta do Trabalho, o luso-canadiano Peter Fonseca. Estou entusiasmado em iniciar o meu novo papel e contribuir para os xitos do nosso governo, afirmou Charles Sousa em comunicado. Segundo a Rdio Nazar, Charles Sousa filho do emigrante nazareno Antnio Sousa (conhecido por Clemente) e reside em Clarkson, Mississauga. I

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | SEGURANA |

13 de Janeiro de 2011 | 11

Jantar, em Pombal, juntou centenas de apoiantes

Candidato critica silncio de Cavaco Silva sobre entrada do FMI

Cavaco elogia energia criativa de jovens empreendedores

Alegre apela unio da esquerda para forar segunda volta

RICARDO GRAA

RICARDO GRAA

Os jovens estiveram no centro dos discursos que Cavaco Silva proferiu, na segunda-feira, na inaugurao da sua sede de campanha, em Leiria, e no jantar-comcio, em Pombal, que marcaram o seu dia de campanha no distrito. O candidato agradeceu ao mais novos por no desistirem e acreditarem em Portugal e manifestou-se convicto que, pelo seu talento, vontade de vencer e inconformismo, os jovens vo mudar a maneira de fazer poltica no nosso Pas, que bem preciso. Confio que a energia criadora dos jovens empreendedores vai dar um contributo decisivo no rejuvenescimento da classe empresarial portuguesa, afirmou Cavaco Silva, durante um encontro com alguns desses jovens, em Leiria. O candidato disse ainda confiar na cultura aberta inovao e assuno de riscos dos jovens empresrios, que no tm alguns vcios que tm prejudicado seriamente o Pas, comoo vcio do encosto ao poder poltico na tentativa de realizar troca de benesses. noite, perante mais de 600 apoiantes, em Pombal, Cavaco Silva voltou a reforar a sua confiana nos jovens, manifestandose convivo que a sua energia criadora aju-

dar a colocar Portugal numa trajectria de desenvolvimento mdio da Unio Europeia. Voltando-se depois para o pblico de todas as idades e embalado pelos elogios que recebeu de Ramalho Eanes, ex-Presidente da Repblica que esteve presente no jantar-comcio, o candidato disse que, nunca como agora, Portugal precisa tanto de algum com o conhecimento e a experincia que considera ter para apontar um rumo de futuro Caminho que, no seu enten. der, deve seguir em duas grandes linhas de orientao: uma assente na competitividade das empresas e na sua capacidade de penetrar nos mercados internacionais e outra virada para o apoio s vtimas da crise e para o combate ao flagelo do desemprego. Na sua passagem pelo distrito, o candidato participou num almoo com agricultores do Oeste, realizado em Alcobaa, onde defendeu a necessidade dos governantes prestarem uma melhor ateno aos agricultores portugueses. Cavaco Silva esteve ainda em Peniche e Caldas da Rainha e visitou a Inteplstico (Marinha Grande) e o Hotel Villa Batalha. I Maria Anabela Silva

O candidato presidencial Manuel Alegre apelou aos eleitores da esquerda para se unirem e votarem em si ou em Francisco Lopes, do PCP, durante o comcio que decorreu na Marinha Grande, na segunda-feira. Votem num candidato de esquerda. Digo aos comunistas: vo votar, votem no vosso candidato, mas no fiquem em casa, no se abstenham, salientou Manuel Alegre, que antes inaugurou a sua sede de campanha, nas Galerias Alcrima, em Leiria. O candidato referiu ainda que esta no hora de os socialistas se poderem abster, dos bloquistas se poderem abster, de os comunistas se poderem abster ou dos democratas se poderem abster. Esta hora de unir, de somar e de mobilizar. Apesar deste discurso, Manuel Alegre sublinhou que a sua candidatura a nica que pode enfrentar e forar Cavaco Silva a uma segunda volta. Se isso suceder, Alegre acredita que poder ser eleito Presidente da Repblica. Recordando a luta contra o fascismo que foi travada na Marinha Grande, o socialista lembrou os trabalhadores vidreiros, que sofreram aqui violentssimas cargas policiais quando o primeiro-ministro era o can-

didato Cavaco Silva. Utilizando como palavra de ordem: resistir, Manuel Alegre criticou o silncio do Presidente da Repblica em relao hipottica entrada do Fundo Monetrio Internacional (FMI) em Portugal. O seu silncio comprometedor, coincide com a impacincia poltica. Se o Presidente da Repblica quiser interromper a sua campanha para fazer diligncias junto de qualquer chefe de Estado, ter a minha compreenso e o meu apoio. Contrariando alguns senhores que falam na televiso, o candidato explicou que o FMI no vem acertar e organizar as contas portugueses, mas desorganizar e agravar a pobreza. Alegre considera que a entrada do FMI significaria o despedimento de milhares e milhares de trabalhadores, um corte brutal nos salrios, nas penses, no salrio mnimo nacional e nas prestaes sociais. Para Manuel Alegre, o caminho no estar de joelhos, no fazer o papel de bem comportado, nem o da submisso a essa entidade mtica dos mercados financeiros. O caminho resistir e defender o interesse Elisabete Cruz nacional. I

Jos Antnio Silva ausenteO presidente da concelhia de Leiria do PSD, Jos Antnio Silva, no esteve presente na inaugurao da sede de campanha de Cavaco Silva nem no jantar-comcio, por razes pessoais. O social-democrata conta ao JORNAL DE LEIRIA que teve de acompanhar a filha ao aeroporto, para a viagem de regresso a Angola, adiantando que no pediu a ningum para o representar, mas que dois membros da concelhia o informaram que marcaram presena. Quem tambm esteve presente na inaugurao da sede foi Afonso Lemos Proena, ex-presidente da Cmara de Leiria, afastado h vrios anos da vida poltica. I

|Discurso directo|No devemos perder tempo. Devemos eleg-lo [Cavaco Silva] primeira volta [Cavaco Silva] um carcter de confiana Ramalho Eanes, ex-presidente da Repblica Estou certo que esta candidatura vai ter votos de outros partidos, alm daqueles que esto directamente envolvidos na campanha Devem desiludir-se as pessoas que pensam que, por ter afinado por um partido, [Cavaco Silva] vai, enquanto presidente, interferir em favor desta ou daquela cor partidria Jos Ribeiro Vieira, mandatrio distrital de Cavaco Silva Este Pas no est para prosas e ainda menos para versos Helena Vasconcelos, mandatria de Cavaco Silva no concelho de Leiria

PS e BE em fora na Marinha GrandeO eurodeputado do Bloco de Esquerda (BE) Miguel Portas, o lder da bancada parlamentar do BE, Jos Manuel Pureza, e o deputado eleito por Leiria Heitor de Sousa, bem como outros deputados municipais de Leiria e Marinha Grande estiveram presentes no comcio de Manuel Alegre na Marinha Grande. Presenas notadas foram tambm as do lder parlamentar do PS, Francisco Assis, bem como dos deputados Joo Paulo Pedrosa, Odete Joo, Osvaldo Castro e do presidente da Assembleia Municipal de Leiria, Carlos Andr. I

|Discurso directo|O que eu quero um candidato e um presidente que nos diga a todos que nunca h apenas um modo de resolver os problemas, que de joelhos Quero um Presidente da Repblica que ache que o trabalho o futuro deste pas e que em Belm no se resigne Miguel Portas, eurodeputado do BE Esta uma candidatura, supra-partidria e que tem todas as condies para unir todos os homens e mulheres que se reconhecem nos grandes valores fundadores da esquerda Estou aqui para apoiar Manuel Alegre em nome do PS na convico profunda de que a sua eleio para a Presidncia da Repblica contribuir fortemente para que o Pas se projecte no futuro Francisco Assis, der da bancada parlamentar do PS

Eleies presidenciais

Marinha Grande

Francisco Lopes em campanhaO candidato apoiado pelo PCP Presidncia da Repblica estar hoje em campanha no distrito. Pelas 17 horas, Francisco Lopes esperado em frente Atlantis (Alcobaa). O candidato segue depois para a Marinha Grande, onde visitar a Crisvidro e far um comcio no Sport Operrio Marinhense, s 21:30 horas. Na segunda-feira, a candidatura de Francisco Lopes no distrito contar com o apoio de Jernimo de Sousa. O secretrio-geral do PCP participar num jantar, a realizar na Quinta das Carrascas, em Alcobaa, pelas 19:30 horas. I

JSD quer gabinete da juventudeA JSD da Marinha Grande est a preparar uma moo, que tenciona apresentar na prxima Assembleia Municipal, onde prope a criao de algumas medidas de apoio aos jovens, nomeadamente, queles que estudam fora do concelho. A JSD sugere a abertura de um gabinete da juventude, que ajude a criar uma relao de proximidade entre os jovens do concelho, funcionando como um ponto de encontro entre eles, e que promova actividades culturais, desportivas, de lazer e de formao. I

12 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | EDUCAO | JORNAL DE LEIRIA |

PUB

Fenprof vai exigir uma inspeco s condies de trabalho

Professores do grupo GPS ameaados de despedimentoGrupo GPS respondeO Grupo GPS no ameaou ningum. Promovemos reunies com os professores e explicmos clara e objectivamente o problema actual e o impacto das medidas determinadas pelo Governo, refere Antnio Calvete. O presidente do Conselho de Administrao do grupo GPS explica que foi obrigado a reajustamentos para colmatar o corte de 30% no financiamento, salientando que a prioridade foi manter a qualidade de ensino, minimizar o impacto social e humano. Antnio Calvete nega tambm as alegadas presses: Confunde-se deliberadamente presso com oportunidade de livremente aceitar a possibilidade de continuar a trabalhar com estabilidade e salvaguarda de direitos noutras das nossas escolas. O administrador admite que se as actuais determinaes da portaria no se alterarem, poder verificar-se o despedimento de um nmero elevado de funcionrios, acrescentando que os cortes j obrigaram ao reajustamento de todo o projecto. E acusa ainda os sindicatos de provocarem a confuso e a desinformao, invertendo por completo a veracidade deste problema, quando, considera, o verdadeiro responsvel pela grave situao em que se encontram as escolas com contrato de associao o Governo. IDR

O Sindicato dos Professores da Regio Centro (SPRC) denunciou que 37 professores do Instituto D. Joo V (Lourial) e dos Colgios Dr. Lus Pereira da Costa (Monte Redondo) e Quiaios (Figueira da Foz), propriedade do grupo GPS, foram ameaados de despedimento e pressionados a aceitar a transferncia para outras escolas. Ana Rita Carvalhais, coordenadora do SPRC de Leiria, adian-

ta ao JORNAL DE LEIRIA que as medidas do grupo GPS so ilegais. um escndalo. No houve reduo de turmas ou de horrios, nem processos disciplinares que justifiquem os despedimentos. A dirigente sindical considera ainda que se trata de uma chantagem inaceitvel por parte da entidade patronal e admite que os responsveis pelo grupo GPS apanharam a boleia dos

cortes aplicados pelo Governo para avanarem para os despedimentos. A alegada ameaa de despedimento pende sobre 20 professores da escola do Lourial, nove em Monte Redondo e oito em Quiaios. De acordo com dados do SPRC, o corpo docente do Instituto D. Joo V ascende a 120 professores, enquanto os colgios de Monte Redondo e de Quiaios possuem, respectivamente, 60 e 45

docentes. Mrio Nogueira, responsvel pela Federao Nacional dos Professores (Fenprof), revela ainda ao nosso jornal que vai exigir de imediato uma inspeco da ACT (Autoridade para as Coondies de Trabalho) ao grupo GPS e ser realizado um plenrio em Coimbra, no prximo dia 22, com os professores da regio Centro.I Elisabete Cruz

Associao de Escolas Catlicas exige indemnizao

Processo contra Estado divide colgiosOs responsveis dos colgios catlicos da regio esto divididos quanto s melhores medidas de contestao contra o Estado depois de alteradas as regras de financiamento do ensino particular e cooperativo. A Associao Portuguesa de Escolas Catlicas (APEC) pretende processar o Estado por ter posto em risco milhares de alunos, professores e funcionrios, refere a agncia Ecclesia no seu stio na internet. Os colgios ponderam pedidos de indemnizao e a obteno de pareceres sobre a constitucionalidade da portaria e do decreto-lei aprovados h duas semanas, explicou ao Dirio de Notcias o presidente da APEC, o padre Querubim Silva. Para Serafim Assuno e Costa, director pedaggico do Colgio Sagrado Corao de Maria, em Ftima, processar o Estado ser ineficaz, pois a Justia portuguesa no funciona. Segundo este responsvel at que haja uma deciso dos tribunais j alguns colgios tero fechado. O director pedaggico do Colgio Sagrado Corao de Maria lamenta ainda que o dilogo com o Ministrio da Educao seja extremamente complicado, acusando a tutela de estar de m f nas negociaes. Para o padre Joaquim Ventura a medida da APEC um exagero. No quero dizer que no haja motivos suficientes, mas no me parece que resulte, acrescenta o director do Colgio de So Miguel, em Ftima, que tambm aponta o dedo lentido da Justia. H quatro anos tambm processei o Estado quando houve cortes de turmas, e o processo ainda vai na 1 instncia, constata, defendendo, por isso, medidas mais urgentes. A directora do Colgio Nossa Senhora de Ftima, em Leiria, admite que a medida da APEC drstica, mas os cortes que o Governo pretende efectuar exigem algumas formas de luta, mesmo aquelas que no so o estilo destes colgios recorrerem. Os trs responsveis garantem ao JORNAL DE LEIRIA que os cortes, que se fazem sentir j em Janeiro, esto a causar grandes prejuzos nas contas dos colgios, porque as verbas so insuficientes para fazer face s despesas. I EC

Alunos do plo da Escola Amarela transferidos para Agrupamento Correia Mateus, em Leiria

Queda de tecto do antigo liceu antecipa abertura de centro escolarO centro escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Correia Mateus, em Leiria, vai receber os alunos do plo da Escola do 1. ciclo n. 2 de Leiria, conhecida como Escola Amarela, na segunda-feira, antecipando a sua abertura. Esta foi a soluo encontrada pela Cmara de Leiria e o Agrupamento de Escolas D. Dinis aps a queda de um pedao de tecto do corredor do antigo liceu Rodrigues Lobo na quinta-feira passada. Apesar de no ter havido feridos, as aulas foram canceladas de imediato e activado o plano de emergncia da escola, por uma questo de precauo, explica Ftima Serrano, coordenadora da escola do 1. ciclo n. 2 de Leiria. Esta semana os alunos tiveram aulas na escola-sede, em regime de desdobramento de horrio, sem actividades de enriquecimento curricular. O vice-presidente da Cmara de Leiria, Gonalo Lopes, explica que o novo centro escolar Correia Mateus est concludo em termos de obra. Faltava a limpeza e os equipamentos. Segundo o autarca, o processo de mudana de mobilirio de uma escola para a outra j est a ser realizado. A partir de segunda-feira, alm das quatro turmas e da Unidade de Apoio a Alunos Surdos, o centro escolar vai ainda receber trs turmas da EB1 Paulo VI. O municpio vai avaliar o estado de conservao do edifcio do antigo Liceu Rodrigues Lobo, que tem mais de cem anos. I EC

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE |

13 de Janeiro de 2011 | 13

| Crnicas sobre o futuro |

Campanha presidencial

C

onfesso que gosto cada vez menos de campanhas eleitorais, ainda que saiba que em democracia so necessrias e inevitveis. Apesar disso suponho que muitos portugueses concordaro comigo de que as campanhas eleitorais, como so geralmente praticadas entre ns, servem principalmente para revelar o pior que existe na politica portuguesa: demagogia, ausncia de um pensamento estruturado sobre o futuro de Portugal, falsas promessas, vaidades vrias. Aquilo que deveria ser uma oportunidade para conhecer o pensamento e as propostas mais inovadoras dos candidatos, acaba por se transformar, com poucas excepes, numa penosa e repetitiva banalidade, baseada em ideias mais velhas do que a idade dos prprios candidatos eleio. No menos sria a previsibilidade com que tudo se passa, sem sombra de inovao, quer na forma quer no contedo. Uma maada. Mesmo o candidato Cavaco Silva, que durante um quarto de sculo esteve no topo do poder politico dezassete anos, consegue o milagre de basear a sua campanha na seriedade pessoal e na ideia peregrina de que est

acima das desgraas do nosso sistema poltico. Confrontado com dvidas dos jornalistas e dos eleitores sobre actos por si praticados, considerou ilegtimas as dvidas e abespinhou-se, em vez de se sentar e calmamente explicar de forma pedaggica tudo aquilo que os portugueses queiram saber. At porque provavelmente nada fez de muito excitante, alm de uma pequena e vulgar tentao por um rendimento um pouco mais fcil do que o adquirido ao longo de muitos anos de trabalho, o que certamente no envolveu qualquer ilegalidade. Mesmo assim, achou que no devia dar explicaes e insultou, ou mandou insultar, a boa prtica democrtica de escrutnio dos dirigentes polticos. Confesso que no compreendi e sobre esta questo declaro que Cavaco Silva tem o direito a ser como e so os portugueses que da devem retirar as necessrias consequncias. Por mim j o fiz e no voto em Cavaco Silva. E no fora a conhecida fraca memria dos portugueses, acredito que a sua presidncia terminaria aqui. Mas sendo as coisas como so no arrisco um prognstico, recordarei apenas algumas decises do ex - primeiro ministro Cava-

Cavaco Silva tem o direito a ser como e so os portugueses que da devem retirar as necessrias consequncias

HENRIQUE NETO [email protected]

co Silva que ajudaram, e de que forma, a conduzir Portugal para o atoleiro em que agora nos encontramos: 1- Foi Cavaco Silva que iniciou a politica do beto e as famosas revises de preo das obras pblicas. Lembram-se do regabofe com o custo do Centro Cultural de Belm? 2- Idealizou a valorizao do escudo, que amputou a economia portuguesa de uma parte relevante das suas exportaes, coisa que ainda hoje estamos a pagar. 3- Criou a miragem do bom aluno da Unio Europeia, que conduziu destruio da agricultura, das pescas e da marinha mercante e abriu a porta nossa dependncia e relativa irrelevncia no contexto internacional. 4- Foi Cavaco Silva que escancarou as portas da administrao pblica contratao de muitos milhares de funcionrios e que aumentou os salrios por razes eleitorais, incio do descalabro financeiro do Estado que hoje vivemos. 5- Foi ainda ele que inaugurou a contratao de dirigentes da administrao e de gestores pela via partidria, desmantelando o tradicional profissiona-

lismo existente na administrao pblica. 6-Foi ainda o actual candidato Cavaco Silva que criou, atravs das privatizaes, a economia dual que est a arruinar o Pas, com um sector protegido pelo Estado de bens no transaccionveis e cuja renda paga pelas pequenas e mdias empresas, retirando competitividade parte mais dinmica da economia portuguesa que concorre internacionalmente 7-Criao essa que conduziu promiscuidade hoje existente entre o poder poltico e alguns grupos econmicos, causa das actuais dores de cabea de Cavaco Silva no BPN. 8-Foi ainda Cavaco Silva que como Primeiro Ministro disse na televiso a clebre frase de que as dvidas do Estado no so para pagar, princpio terico praticado com gosto pelo desvario gastador dos governos de Jos Scrates. Em resumo, se os portugueses votarem com a memria do que foram os dez anos de Cavaco Silva como primeiro ministro, haver uma segunda volta nestas eleies e teremos, por fora da unidade da esquerda, um novo Presidente da Repblica em Belm. I

14 | 13 de Janeiro de 2011

ENTREVISTA| SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA |

Catalina Pestana, ex-provedora da Casa Pia

Ter alguns midos sentados 40 minutos o suficiente para os matarFrontal, Catalina Pestana contra o internato e afirma que se mandasse fechava a Casa Pia, que considera, contudo, ter sido um colgio pioneiro no ensino portugus. Revolta-se contra a falta de autoridade dos professores e garante que no teria problemas em bater num aluno que a agredisse. Defensora das crianas lamenta que a legislao portuguesa no esteja do lado dos mais frgeisTextos: Elisabete Cruz A nossa sociedade est preparada para ajudar crianas em risco? Os direitos das crianas so todos os dias atropelados violentamente, muitas vezes, com a cumplicidade dos poderes que os deviam defender, nomeadamente o poder judicial. Quando uma criana vtima de qualquer tipo de abuso na casa de famlia, retira-se a criana e deixa-se o abusador. Uma sociedade que tem esta legislao no pode considerar-se minimamente preparada para ajudar a crescer algum. Como explica que casais devolvam crianas aps a adopo? S o fazem porque a lei permite, o que um acto criminoso. Um casal leva no mnimo dois anos a ser observado para ver se tem todas as condies para se relacionar com a criana. Ou os psiclogos e os tcnicos de servio social so incompetentes ou as pessoas que se candidatam adopo e depois se comportam dessa maneira so os melhores actores que existem em Portugal. A partir do momento em que h adopo plena, os pais adoptantes tm as mesmas obrigaes que qualquer outro pai. A criana pode ser retirada se for provado que no tm condies para a ter, mas devolv-la nunca. Isso mais violento que viver num internato ou na rua toda a vida, porque no se tem saudades daquilo que nunca se teve. Enquanto a criana no tem a sua personalidade definida ptimo, porque as vestimos com o estilo da famlia que adopta. Quando a criana comea a ser adolescente, e como todos os outros tem problemas, os pais dizem: Por que que tenho de aturar esta coisa? Ela nem sai ao pai nem me. A quem compete melhorar a integrao de crianas com problemas disciplinares? Compete escola com respostas diversificadas, mas escola comunidade educativa alargada, que inclui a famlia, os vizinhos e as auxiliares de aco educativa. H 50 anos os pais educavam e a escola ensinava. No nos passava pela cabea chumbar e muito menos portarmo-nos mal. Se algum dos nossos pais fosse chamado ao director de ciclo, ficvamos aterrados porque imaginvamos que o castigo seria gravssimo. E portar mal era passar o risco imaginrio que dividia a parte masculina da parte feminina do liceu ou entrar na aula antes de tocar e ficar na conversa. Hoje a escola democratizou-se e importou os problemas da sociedade. No soubemos preparar uma escola democrtica para massas e durante 30 anos massificmos a escola de elites. Ter alguns midos sentados 40 minutos o suficiente para os matarou para que eles matem quem est sua volta. Em todos os projectos que coordenei verifiquei que quando a escola oferece metodologias alternativas aos midos que so diferentes (e so todos diferentes uns dos outros), com professores formados para as utilizar, os resultados aparecem ao fim de trs anos. Abusa-se do internato em Portugal? No tenho dvida. Os dados oficiais demonstram que nos ltimos cinco anos, tem aumentado todos os anos em cerca de mil o nmeFotos: Ricardo Graa ro de crianas internadas, quando o internato deve ser a ltima das solues. Mas d muito trabalho funcionar com as famlias, ter uma escola com respostas multidisciplinares, que acompanhem famlias e crianas. O internato a ltima soluo e a mais cara. Cada criana internada custa trs vezes mais que uma criana educada numa famlia de classe mdia. So trs horrios: manh, tarde e noite; domingos e feriados. E os midos so, regra geral, mais infelizes do que no contexto de famlias com problemas. Claro que no estou a

No admito, por exemplo, que um mido se vire a um professor e ele no lhe d um chapado de todo o tamanho para que ele nunca mais faa aquilo

Reformada com grande trabalheiraCatalina Pestana, 64 anos, est reformada mas diz que isso lhe d uma grande trabalheira. Venceu com sucesso um cancro e um Acidente Vascular Cerebral e continua a ter uma vida bastante activa dedicada defesa das crianas e dos idosos. Estou endurecida pela vida. Licenciada em Filosofia, aos 27 anos, assumiu a direco do Colgio de Santa Catarina, em Lisboa, pertena da Casa Pia. Em finais de 2002, Catalina Pestana foi escolhida pelo Ministrio da Segurana Social e do Trabalho, liderado por Bago Flix, para ser provedora da Casa Pia de Lisboa. O processo de abusos que acompanhou de perto leva-a a criticar a justia. O mesmo crime pode ser absolvido em Vila Misria de Cima e dar uma pena com um nmero significativo de anos de priso efectiva em Vila Misria de Baixo.

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE |ENTREVISTA falar das famlias totalmente incapazes. A que se deve este aumento? falta numrica de tcnicos para acompanhar nas estruturas de base as situaes problemticas. As CPCJ [Comisso de Proteco de Crianas e Jovens] foram um rasgo de esperana, mas quando comearam a ficar assoberbadas de trabalho o poder no quis, no pde ou no soube perceber que elas tinham de ser profissionalizadas. As CPCJ no podem, por lei, intervir numa famlia se esta no autorizar. Hoje exagera-se no proteccionismo aos jovens? No admito, por exemplo, que um mido se vire a um professor e ele no lhe d um chapado de todo o tamanho para que ele nunca mais faa aquilo. O que est estabelecido que o professor teria um processo disciplinar. Eu teria os processos disciplinares que tivesse, mas nenhum aluno se virava a mim. No defendo castigos corporais, mas no admito que um aluno se vire a um professor e ele tenha de ficar serfico na frente dos outros todos. Mas quem que querem ajudar a crescer? A primeira condio para controlar a disciplina na sala de aula a preparao do professor. No pode deixar tempos mortos. Isto foi estudado, mas h professores que conheo que entram na aula j a tremer, porque as leis esto feitas para o laxismo. Se no impusermos limites, a criana vai ficar deriva. Foi directora do Plano para a Eliminao da Explorao de Trabalho Infantil. Quais os casos que mais a impressionaram? A hipocrisia que todos temos sobre o trabalho das crianas. Se os midos forem dar de comer s galinhas ou de beber s ovelhas pssimo. Se os midos forem fazer castings para trabalhar que nem loucos, debaixo de holofotes violentssimos, todos aplaudimos. Alguns dos meus amigos esto um dia inteiro na fila dos castings para o seu filho aparecer na capa de uma revista com uma roupinha da marca x ou y. H ainda os meninos que so postos nas academias de futebol e que vm l de trs do sol posto e ficam em situao de internato. Tm um trabalho infinitamente mais violento do que o trabalho rural familiar. Nunca ningum morreu por ir dar comida s galinhas ou levar as ovelhas a pastar. E h outras hipocrisias elevadas. Conheo casos de paps que convenceram os filhos que para entrar no curso pretendido tinham de ser atletas de alta competio. A vida de um atleta de alta competio, que no faz isso por paixo, um terror, ainda por cima provoca fisicamente alguns danos irreparveis, porque as coisas so feitas fora da idade. No tenho nada contra o trabalho das crianas desde que seja feito com conta peso e medida. A legislao portuguesa adequada e ps-se de p um projecto que reduziu, de facto, a explorao do trabalho infantil. Tendo em conta as dificuldades que o Pas est a ter teme que aumente o abandono das crianas? Temo, mas acho que no pelas condies econmicas. Estamos a bater no fundo nos valores essenciais da vida dos humanos. Se sou adolescente, engravidei e ningum viu l em casa (essa tambm outra que me surpreende), posso meter o beb num saco de plstico, deix-lo no Jamor ou posso deix-lo porta da igreja ou da Misericrdia.I

13 de Janeiro de 2011 | 15

A Casa Pia do melhor que existiu ao nvel da instruoAlguma vez duvidou das vtimas da Casa Pia e das histrias contadas? Nunca duvidei que eles eram vtimas, mas das histrias tive imensas dvidas. Sofri imenso. Ficou surpreendida com os nomes dos arguidos? No. S pergunto: Onde esto os outros? Os midos falaram de muitos mais abusadores, uns pblicos outros cidados annimos. Mas a lei que vigorava era inqua, pois dizia que qualquer criana que tivesse sido abusada tinha de denunciar at aos 16 anos e 6 meses porque seno prescrevia. Como se qualquer mido conhecesse as leis. Como um crime prescrito no investigado mais de metade ficou de fora. Como possvel manter esses abusos em segredo durante tanto tempo? No foram mantidos em segredo nem foram escondidos. O Tal e Qual, em 1982, publicou tudo. A dra. Teresa Costa Macedo, quando rebentou o escndalo, disse: eu vi as fotografias, at as tenho dentro do cofre, mas naquela altura era muito nova e o Pas no estava preparado para este tipo de problema. E no pensem que isto uma perseguio ao PS, porque a polcia comeou por investigar pessoas de outros partidos, que faziam parte do relatrio do SIS [Servio de Informaes de Segurana] ao Parque Eduardo VII. Afirmou que se tivesse poderes encerrava a Casa Pia. Porqu? No acredito que aquele modelo seja compatvel com a legislao que existe no Pas. Claro que criava alternativas e fazia da Casa Pia um grande museu da inovao educacional, que o que ela foi. Estes problemas so problemas de internato. Ao nvel da instruo, a Casa Pia do melhor que existiu em Portugal desde o sculo XVIII. Toda a inovao que aconteceu no sistema educativo foi ensaiada primeiro na Casa Pia, at os cursos profissionais. Portugal ficou mais desperto para a pedofilia depois do processo Casa Pia? Portugal nunca mais ser o mesmo. Todos ns ouviremos com mais ateno o que uma criana diz. O sacrifcio de uns veio melhorar a qualidade de vida de outros. I

Pergunta dos outros

Apadrinha-se com o coraoAdelino Antunes, assistente social Que contributos pode dar a legislao sobre o apadrinhamento civil na proteco dos menores em perigo e, sobretudo, na desinstitucionalizao? A nova legislao sobre apadrinhamento civil ser o que os servios de aco social e os restantes cidados quiserem fazer dela. No por falta de leis, e algumas de muito boa qualidade, que o Pas se queixa, da sua no aplicao. Neste caso, estou convencida que 80% dos portugueses desconhece totalmente a lei. No se apadrinha com uma lei. Apadrinha-se com o corao, como o Dr. Adelino Antunes muito bem sabe. Se alguma vez se fizer a correcta divulgao da lei, se houver debates pblicos sobre a forma de a aplicar, se os portugueses a quiserem adoptar, ela ter indiscutivelmente uma aco determinante no nmero de crianas institucionalizadas. Os profissionais que se preparam para a interveno nesta rea, do meu ponto de vista, tero que desburocratizar a sua forma de interveno, deixar os seus gabinetes e partir ao encontro dos outros. I

Os ltimos anos tm sido tenebrososDos cinco candidatos quem ser o melhor Presidente da Repblica? Eu apoio Fernando Nobre. Estou negativamente marcada pela poltica partidria. Os ltimos anos tm sido tenebrosos. Nos partidos polticos os valores esbatem-se quando se entra nos aparelhos. Aquilo que dizem que a fragilidade do dr. Fernando Nobre, que o no ter experincia poltica, para mim a sua grande vantagem. Ele tem imensa experincia poltica. No tem experincia politico-partidria. Sabe dividir uma sopa que era para dois em seis. Sei que ele no vai ganhar este ano. Daqui por cinco anos veremos. Como que Maio de 68 e o 25 de Abril de 1974 a marcaram? O Maio de 68 vivi-o na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no fui s aulas. Foi divertidssimo. Fizemos uma manifestao que s tinha grvidas frente. Estava ligada a um grupo de catlicos progressistas e distribuamos papis clandestinamente para discutir a guerra colonial. Em 70 casei e fui viver para um comunitrio na Sucia. Vivamos em comunidade, dividamos as despesas, crivamos os filhos juntos. Foi uma boa experincia porque tinha regras. Abrimos um caf cultural que se chamava Candeeiro Caf Concerto, onde aprendi a tirar bicas e cervejas. Vendamos artesanato urbano e livros proibidos, coisas que naquele tempo tinham imensa graa. Fundou a associao Rede de Cuidadores. Em que consiste? uma associao discreta que intervm na rea dos abusos sexuais e apoiamos denncias. Como temos uma equipa muito diversificada recebemos denncias de quem no sabe a quem se h-de dirigir e como que h-de veicular uma suspeita. E temos sido muito bem acolhidos. Fazemos alguma formao para profissionais que nos pedem e aproveitamos as reunies pblicas para sensibilizar para este tipo de problemtica. Como a lei deixa o abusador em casa e manda as criana sair, se nos aparecer uma criana abusada que no tem outro stio onde ficar, temos uma casa equipada para situaes de emergncia, com condies para receber uma me e um filho, at que os servios pblicos se activem. Alm deste projecto, quero dedicar o resto da minha vida aos cuidados paliativos. J dou apoio a algumas pessoas em situao quase terminal. Como no tenho medo da morte, acho que dou alguma segurana. Ando a fazer o pr-estgio e ando a tentar convencer o meu presidente da cmara a criar uma unidade de cuidados de sade paliativos no concelho. I

16 | 13 de Janeiro de 2011

| SOCIEDADE | OPINIO | JORNAL DE LEIRIA |

| O p i n i o |

O nobre plebeu

V

ivemos tempos sombrios de fim, mas como no um fim-fim, mas um fim com uma finalidade, eles trazem nos dentes pedaos de luz de um novo comeo alis, como sempre acontece com a Vida: ela no se cansa de recomear. Mas a poalha que envolve e cobre este nosso mundo e o empalidece, este estertor crepuscular, faz doer e sufoca quase at ao desespero: esta penosa sensao, uma espcie de aperto mitral, que a muitos, muitos mesmo, vai lanando nos braos mortferos da desistncia estado de torpor colectivo alimentado por esta difusa mas insidiosa sensao de impotncia cvica perante a obscena cavalgada da desonestidade, da corrupo, das jogadas sujas e mafiosas, das falncias que arrunam o Estado. S que o problema que no se trata de um assalto que se fosse s isso sempre poderamos arranjar umas tantas vagas numa priso especial, em Santarm ou em Alcoentre. O problema que esta atitude predatria, aproveitadora, sacadora, este incorrigvel jeito de pilha-galinhas, estnos no sangue e atravessa a sociedade portuguesa de ls a ls. Tra-

ta-se, sei l, de uma espcie de encalhe gentico que nos torna maltrapilhos mas jeitosos na arte de surripiar nem que seja uma caixa de agrafos l do escritrio. Da, talvez, esta sonolenta tolerncia, se no mesmo secreta admirao, em relao queles que, fazendo o que os demais fazem, logram faz-lo com uma fantstica diferena: amanham-se grande. como se no ritual de azeda crtica dos cafs se dissolvesse, em jeito de catarse, a inveja que d ver como foram desembaraados e arrojados aqueles cuja conduta zelosamente censuramos. A corrupo em Portugal reticular e sistmica ela correlativa deste nosso atvico estado de fragilidade ntica em que, ironicamente, nos comprazemos. por isso que o famigerado caso de polcia do BPN tem, apesar de tudo, a rode-lo um estranho halo de epopeia e de tragdia a receita ideal para, daqui a meia dzia de anos, que a vergonha coisa que passa depressa, o vermos convertido em srie televisiva patrocinada pela televiso pblica e, certamente, com recorde de audincias. neste clima irrespirvel, de to fedorento, provocado por um sistema gangrenado, que se simula a corrida para Belm. Simula,

bem significativo que seja o caso BPN a agitar e a pr ao rubro esta campanha ele o exemplo perfeito do rasto devastador de um sistema financeiro entregue ao alucinatrio engodo da lgica absoluta da sua potenciao: ele gera o monstro que a si prprio acaba por consumir

JOS ANTUNES DE SOUSA professor universitrio

digo, porque s pode ser a brincar uma corrida em que um dos supostos corredores est j na linha de meta antes mesmo do tiro de partida: estamos realmente conversados acerca do mais que certo vencedor das eleies presidenciais. Porqu? Porque, sendo este, como dizia, um tempo de fim, um tempo que ainda no chegou ao fim anuncia-o, porm, irreversivelmente. E por isso que ele , apesar de tudo, um tempo de esperana. bem significativo que seja o caso BPN a agitar e a pr ao rubro esta campanha ele o exemplo perfeito do rasto devastador de um sistema financeiro entregue ao alucinatrio engodo da lgica absoluta da sua potenciao: ele gera o m