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360 EDIÇÃO 21 • JUNHO DE 2018 De olho no futuro Setor investe na saúde 4.0 para garantir eficiência e sustentabilidade Celina Turchi garante que pesquisas científicas são estratégicas para a soberania nacional Saúde registra recuperação de emprego

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360EDIÇÃO 21 • JUNHO DE 2018

De olho

no futuro Setor investe na saúde 4.0 para garantir eficiência e sustentabilidade

Celina Turchi garante que pesquisas científicas são estratégicas para a soberania nacional

Saúde registra recuperação de emprego

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ANÁLISE DECONTRATOS

NOVO SERVIÇO JURÍDICO

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A FEHOESP lançou seu boletim econômico em março deste ano. A segunda edição foi publicada em maio. Trimestral, a publicação mostrou dados importantes, como a criação, pelos prestadores de serviços em saúde, de 15 mil empregos no Brasil, no balanço de 2017. Um crescimento qua-se pífio. No primeiro trimestre de 2018, a situação melhorou e criamos 22 mil empregos. Embora animadora, a notícia não nos dá o direito ao rego-zijo, e nos enche de responsabilidade de continu-ar mudando o que precisa ser mudado.

E por falar em mudança, precisamos entender o que está acontecendo hoje. O Brasil está em transformação. Temos empresários e políticos poderosos e corruptos sendo julgados e, o que é melhor, punidos. Esse espírito precisa conta-minar a cada um de nós, especialmente porque daqui a quatro meses teremos eleições gerais.

Neste contexto, a instituição menos acreditada no Brasil, sem dúvida, é a Câmara dos Deputados. Menos de um por cento da população acredita no parlamento, embora seja ela que o eleja. O Poder Legislativo cumpre papel imprescindível perante

a sociedade do país, porque desempenha três funções primordiais para a consolidação da de-mocracia: representar o povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscali-zar a aplicação dos recursos públicos.

Infelizmente, as legislaturas têm deixado a desejar no cumprimento de seu papel. Este ano, por exemplo, em que precisávamos das reformas previdenciária e tributária, a Câmara preferiu dei-xar para depois a aprovação dos temas que nos afligem e que poderiam trazer uma nova pers-pectiva para o Brasil nos próximos anos. De olho nas eleições, os deputados e senadores preferi-ram recuar a defender os interesses de quem os elegeu.

Na hora do voto, é importante fazer este diag-nóstico, e ter em mente que o Poder Legislativo é a alma de democracia. Cientes deste fato, vota-remos melhor, mais conscientes e seguros de um Brasil no rumo certo.

Yussif Ali Mere JrPresidente

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A almada democracia

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ÍNDICE 05

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Saúde 4.0 busca avanço tecnológico para eficiência do setor

CAPA 16

Geração de postos de trabalho na saúde tem saldo positivo e impulsiona retomada

Resenha: os desafios dos habitantes das metrópoles

Franco Pallamolla fala sobre a importância da união dos atores da saúde

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A opinião de profissionais da saúde sobre a revista e o destaque do Portal FEHOESP360

Conheça a agenda de cursos e eventos do IEPAS para junho

Os principais acontecimentos na seção de Notas

O desempenho do setor no 1° trimestre de 2018 no Boletim Econômico FEHOESP/Websetorial

Análise de contratos é o novo serviço da Federação

Plantio de árvores neutraliza emissão de carbono de entidades

Celina Turchi comenta a pesquisa sobre o zika vírus, inovação e a assistência à saúde no Brasil

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PAINEL DO LEITOR

Visão ampliadaParabenizo a Revista FEHOESP 360, que tem se destacado pela diversidade de assuntos, com escrita clara e objetiva, e vem aju-dando gestores e empresários do setor de saúde a ampliarem sua visão em relação aos assuntos jurídicos, contábeis e financeiros.

Traz ainda atualidades e notícias de vanguarda para o desenvol-vimento das empresas. Aborda o leitor para uma visão mais ampla e madura do que está acontecendo e de onde o setor se encami-nha. É, sem dúvida, uma aula de gestão a cada edição.

O movimento que atua contra o aumento do PIS/Cofins e mobiliza diversas entidades por todo o país, dentre as quais a FEHOESP e seus sindicatos, foi o destaque do portal www.fehoesp360.org.br no último mês.

A pauta é de grande importância para o setor, já que, segundo a proposta do governo, as empresas da área de serviços migrariam para uma alíquota maior, além de participarem de um sistema de compensação que é inviável para a saúde.

Foi destaque também o plantio promovido pela FEHOESP, SINDHOSP e IEPAS, com o objetivo de neu-tralizar o carbono emitido a partir de suas publicações, materiais de escritório e trajetos feitos por seus colabo-radores. A iniciativa ocorreu pelo quinto ano seguido e garantiu às entidades a renovação do selo Carbono Neu-tro, concedido pelo IBDN – Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (veja mais na pág. 10).

Imprescindível Pela qualidade das matérias, riqueza de indicadores, ótimos ar-tigos e, notadamente, pela independência editorial, a Revista FEHOESP 360 tornou-se fonte imprescindível de atualização e consulta não apenas para gestores do setor da saúde, como tam-bém para o corpo clínico de hospitais, clínicas e laboratórios. Com menos de dois anos de existência, a revista já demonstra dinamis-mo e segurança de uma publicação setorial consolidada, que sabe onde quer chegar. Parabéns à equipe!

CELSO CAMPELLO JÚNIOR, CONSULTOR DE COMUNICAÇÃO E OUVIDORIA DO HOSPITAL CEMA (SP)

ELIZABETE TANABE INAZAKI, GERENTE-GERAL DO CENTRO CLÍNICO SANTA MARIA (SP)

PORTAL FEHOESP 360

Confira no Portal:

DESTAQUE DO PORTAL

As principais notícias do setor

Informações jurídicas, contábil e tributária

Podcast semanal

Informativo Notícias Jurídicas

Versão eletrônica da Revista FEHOESP 360

Acesse www.fehoesp360.org.br

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Saiba os principais códigos de glosas e como recusar de forma eficaz

28 de junho8h30s 12h30Santo André

Projeto Líder 360

26 de junho9h às 18hSão Paulo

Segurança do paciente

21 de junho9h às 17h

Presidente Prudente

Habilidades de liderança para resultados

e produtividade

13 de junho9h às 17h

São José do Rio Preto

Workshop reforma trabalhista

26 de junho9h às 13h

Santos

#AgendaCompletawww.iepas.org.br

*As datas podem estar sujeitas a alterações

Planejamento estratégico

13 de junho9h às 17hCampinas

Liderança – como ser um líder e ter

uma equipe de sucesso

19 de junho9h às 17h

Jundiaí

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CURSOS & EVENTOS

#iepas

O desafio de atuar com colaboradores de

diversas gerações

15 de junho9h às 17h

Mogi das Cruzes

Entendendo os códigos de glosas para recusar corretamente

13 de junho9h às 17hAraçatuba

Quem é esse tal de cliente?

14 de junho9h às 17hSorocaba

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Pesquisa revela distorções na saúde O estudo "O ciclo de fornecimento de produtos para a saú-de no Brasil", que foi apresentado no I Fórum Brasileiro de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde, no

fim de abril em São Paulo, revelou dis-torções na saúde.

A pesquisa foi realizada com mais de 300 instituições liga-

das à Associação Brasileira de Importadores e Distribui-dores de Produtos para Saú-de (Abraidi), pela consultoria

Websetorial, e mostrou que

O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Ju-nior, lançou seu blog pessoal em meados de maio. No espa-ço, dedicado a apresentar a liderança do médico na área da saúde, há artigos de opinião, podcasts, entrevistas e vídeos que condensam suas ideias para promover a melhoria do setor. Entre elas, o conceito da Saúde Viva, em que ele pro-põe a integração da saúde com outras áreas sociais, como educação, transporte, assistência social e emprego.

Yussif ainda defende a eficiência das políticas públicas, que “passa pela parceria entre um Estado regulador, que co-bra e fiscaliza, com uma iniciativa privada que possui autono-mia e excelência para executar o atendimento à população”.

Yussif lança blog

as empresas participantes geraram 13.600 empregos diretos e faturaram R$ 5,5 bilhões, em 2017. Também constatou re-tenções de faturamento de R$ 0,5 bilhão, glosas de R$ 100 milhões e inadimplência de R$ 700 milhões no setor. "Esses valores comprometem o fluxo de caixa das empresas. Pre-cisamos encontrar soluções comuns. Não queremos criar confronto, mas refletir sobre esses sérios problemas, que não podem mais serem jogados para debaixo do tapete", disse Sérgio Rocha, presidente da Abraidi.

Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP, que par-ticipou do evento, concordou a com as soluções propostas pela associação. “Não existe mocinho nesse contexto. Te-mos de combater o desperdício na ineficiência e na incom-petência. O sistema não pode viver mais com essas distor-ções sem ética e transparência.”

Sua atuação à frente da Federa-ção é destacada, como o manifes-to pela ética na saúde, o trabalho firme pela aprovação da PEC da reforma tributária no Congresso Nacional, a atuação proativa para implantar o movimento mundial de resgate da relação médico-paciente e a luta no movimento contra o aumento de impostos na cadeia produtiva da saúde.

Conheça mais: www.yussif.com.br.

NOTAS

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Setores público e privado devem aprimorar gestão A maior aproximação entre os setores público e privado é um fator essencial para aprimorar a estruturação da saúde no Brasil, principalmente na gestão dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), defendeu o presidente da UnitedHe-alth Group Brasil, Claudio Lottenberg, no 5° Fórum A Saúde do Brasil, realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, em abril.

Para os especialistas que participaram do evento, o SUS chega aos 30 anos com vitórias, mas muitos desafios, em especial, o de encontrar meios para garantir a sua susten-tabilidade.

A questão do equilíbrio na saúde privada também foi de-batida no fórum. “Operadoras, prestadores, órgão regulador

e consumidores têm papéis importantes no encontro de soluções para essas questões. E o consumi-dor tem de ser educado para assumir o protagonismo no cuidado com sua saúde”, enfatizou Simone San-ches Freire, diretora de Fiscali-zação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Yussif afirma que "é preciso combater o desperdício na saúde"

Debate da Folha de S.Paulo discutiu o SUS e a sustentabilidade do setor

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número de estabelecimentos de saúde no país cresceu 1,4% em março de 2018, em relação a dezembro de 2017, totalizando 316.736 unida-des. No Estado de São Paulo, o crescimento foi 1,1% no mesmo período em questão, totalizando 76.725 unidades. Os preços dos serviços de saú-de, segundo o Índice Nacional de Preços ao Con-

Desempenho geral do setor no 1° trimestre do ano

sumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tiveram um aumen-to de 2,8% de janeiro a março de 2018, em relação ao primeiro trimestre do ano passado, crescimen-to muito superior ao verificado no IPCA, de 0,7% para o período em questão, impulsionado pela variação de 3,2% no reajuste dos planos de saúde.

O

08

BOLETIM ECONÔMICO

Edição nº 2/Maio 2018 Dados de janeiro a março de 2018

Por tipoBrasil São Paulo

Mar18 Mar18

Fontes Pagadoras

Beneficiários dos planos de assistência médica (ANS) 0,3% 0,4%

Número de beneficiários dos planos de assistência médica (ANS) 47,4 milhões 17,3 milhões

Hospitais, Clínicas e Laboratórios

Número de estabelecimentos (CNES) 1,4% 1,1%

Emprego do setor (Caged) 2,7% 2,8%

Preços

Serviços de saúde (IPCA-IBGE) 2,8% 2,9%

Tabela 1 - Desempenho geral do setor - Em variação % | Acumulado de janeiro a março de 2018

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES), ANS e IBGE | Elaboração Websetorial

*Variação referente à comparação do número de beneficiários em março de 2018 em relação a dezembro de 2017

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estudar e esclarecer as dúvidas agiliza o processo e facilita ainda mais a vida do nosso associado”, explica Eriete.

Após verificar se o documento está de acordo com as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Có-digo Civil Brasileiro ou qualquer outra legislação específica relacionada ao contrato, o advogado designado emite seu parecer por e-mail e orienta o associado sobre o que fazer.

Os prazos de resposta para a análise dos contratos po-dem variar. Tudo vai depender da extensão do documento, das legislações que ele abrange e cita e da complexidade do caso. “Nas situações em que sejam detectados erros ou algum tipo de discrepância no documento, como cláusulas que podem gerar dano ou prejuízo, nosso representado será alertado e receberá sugestões sobre o que pode fazer”, res-salta a superintendente.

Plantões

Seguindo a linha da consultoria, o departamento Jurídico da FEHOESP planeja posteriormente, conforme a demanda e se necessário, agendar plantões nos seus sindicatos filia-dos. “Esse serviço será feito quando hou-ver procura do nosso associado que está em dia com as contribuições, pois é uma maneira personali-zada para auxiliá-lo em seus negócios e acordos”, garante Eriete. (Por Eleni Trindade)

O Direito no Brasil e no mundo é dinâmico e muda o tem-po todo porque as pessoas e suas relações também são mutáveis. Novos comportamentos, necessidades, estudos e descobertas inevitavelmente trazem impacto sobre as re-gras que regem a sociedade. Assim, é fundamental revisar contratos para garantir que esses importantes documentos cumpram seu papel de proteger e legitimar um negócio. Um bom contrato é aquele que, além de contemplar todas as partes envolvidas por ser vital para o presente e o futuro das empresas, é bem redigido e atualizado, pois constantemen-te novas leis e normas são criadas.

Na área da saúde essas mudanças são ainda mais volu-mosas e constantes para regulamentar e proteger gestores, pacientes e trabalhadores. Pensando em trazer mais este be-nefício para os associados e contribuintes em dia de seus seis sindicatos filiados, a FEHOESP disponibiliza um novo serviço pelo seu departamento Jurídico: o de análise de contratos.

Por meio dele, advogados ficam disponíveis para fazer a análise jurídica de contratos com o Sistema Único de Saú-de (SUS), operadoras de planos de saúde, de prestação de serviços médicos com cooperativas, de trabalho (inclusive de terceirização), compra e venda e mercantis. “O objetivo desse novo serviço é trazer ainda mais opções para os nos-sos representados e fortalecer o nosso setor”, destaca Eriete Teixeira, superintendente Jurídica da Federação.

O atendimento é feito por e-mail. Para tanto, é necessário enviar uma cópia do documento para o endereço eletrônico [email protected]. Após recebimento e protocolo, é feita uma triagem pelo Jurídico da FEHOESP, e a demanda recebida será repassada a um profissional específico do de-partamento, que acompanhará o caso do início ao fim. “Esse formato, em que um advogado fica disponível para analisar,

FEHOESP oferece avaliação

contratual aos associados

Eriete Teixeira, superintendente jurídica da FEHOESP

NOVO SERVIÇO

09

Consultoria é feita pelo departamento Jurídico da Federação para auxiliar os negócios de seus representados

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SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade e meio ambiente são temas que estão cada vez mais em pauta. Os números do desmatamento no país são alarmantes. Por ano o Brasil perde, em queimadas e derrubadas, praticamente o dobro da área da cidade de São Paulo, que tem 1.521 km². A maioria das regiões desma-tadas está em terras privadas (61%), seguida pelos assenta-mentos (15%) e terras indígenas (2%).

Foi pensando na importância de se falar sobre assuntos como esse que em 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemo-rado todo dia 5 de junho.

A FEHOESP, o SINDHOSP e o IEPAS, desde 2012, traba-lham para amenizar a emissão de poluentes no meio am-biente por meio do plantio de árvores. “Há cinco anos co-

meçamos o projeto de carbono neutro com a publicação do Anuário Brasileiro da Saúde e, hoje, vemos a importância de um ato como este, focado no futuro de nossas gerações. O que plantamos permanecerá nesta terra muitos anos a mais do que nós mesmos. Este ato é um investimento em qualida-de de vida e, sem dúvidas, esta é a maior responsabilidade e legado que uma empresa deve se esforçar para alcançar e cumprir”, comenta o diretor da Federação e do Sindicato, Luiz Fernando Ferrari Neto.

Durante as atividades de fun-cionamento de uma empresa ou de algum evento, ocor-

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Luiz Fernando Ferrari Neto, diretor da FEHOESP e do SINDHOSP

meio ambienteEm defesa do

Entidades realizam plantio de árvores para neutralizar emissão de carbono

POR REBECA SALGADO

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rem uma série de emissões de gases de efeito estufa (GEE) que são provocados por fatores como consumo de energia, geração de resíduos, transportes, além da degradação de recursos e poluentes. Com o objetivo de reduzir estes im-pactos negativos, as entidades empenharam-se na busca por alternativas que pudessem mitigar a emissão dos gases.

Carbono neutro

Com o plantio, as entidades uniram-se para neutralizar o carbono de suas publicações, material de escritório e do trajeto feito pelos colaboradores no caminho casa-empre-sa-casa. Com isso, renovam, pelo quinto ano consecutivo o selo Carbono Neutro, concedido pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN). O título é válido até 2019.

Anualmente, as empresas calculam as emissões de dió-xido de carbono (CO2) lançadas na atmosfera para sua pro-dução, incluindo transporte, impressão, papel, eletricidade, resíduos gerados, entre outros itens. “É possível calcular a quantidade de CO2 emitida por qualquer um, seja uma pes-soa, uma empresa, um produto, um evento, entre outros. Para pessoas físicas, já estão disponíveis calculadoras que realizam uma estimativa de emissão de CO2 levando em consideração informações sobre hábitos de consumo”, ex-plica Rogerio Iório, presidente do IBDN.

Em 2017 foram neutralizadas 20% das emissões de CO2 produzidas pelas entidades, correspondendo a 52,68 tone-ladas. A mitigação foi feita por meio do plantio de 250 ár-vores. Numa área de preservação do Parque Ecológico do Tietê, localizado na zona leste de São Paulo, colaboradores da FEHOESP, do SINDHOSP e do IEPAS foram convidados a participar do cultivo simbólico das plantas, realizado em abril deste ano.

“A sustentabilidade corporativa está fundamentada em três pilares básicos: econômico, social e ambiental. Tanto a Federação como o Sindicato e o Instituto são empresas que pensam e ensinam cada vez mais sobre a sustentabilidade. O selo Carbono Neutro é também uma responsabilida-de nossa no cuidado com a natureza e um modo de incentivar a todos com relação à preservação am-biental”, afirma Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP.

Pesquisas do IBDN apontam que 32% dos consumidores dão prioridade para produtos de empresas que se preocupam com o meio ambiente. Em 2015, a consultoria PwC desen-volveu um estudo que identifica os países que possuem os maiores números de consumidores preocupados em adquirir produtos e serviços de

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empresas que atuem em conformidade com os objetivos de desenvolvimento sustentável. O Brasil foi apontado como o país com mais consumidores ecologicamente conscientes. Os dados revelam que 95% dos executivos, empresários e público consumidor estão atentos e preocupados com as questões que permeiam a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade. O levantamento mostrou ainda que apenas 60% dos profissionais brasileiros possuem compro-metimento com o meio ambiente.

Segundo Iório, é importante educar as pessoas e fazer com que elas se envolvam em ações que são feitas para recuperação da natureza. “O Parque Ecológico do Tietê é o maior parque linear da América Latina, começa em Salesó-polis, no interior do Estado, e permeia o Rio Tietê, que, ape-sar de poluído, é o rio mais importante de São Paulo. O nú-cleo Engenheiro Goulart, que é onde realizamos o plantio, é 11 vezes maior do que o Parque do Ibirapuera. Recuperar este parque é fundamental para a população de São Paulo, por isso, parabenizamos as empresas parceiras que nos au-xiliam nesta empreitada”, destaca.

Além de neutralizar o carbono, o plantio também econo-miza água. A partir de 2015, a Federação passou a se preo-cupar também com o gasto desenfreado de água no planeta e procurou alternativas junto ao IBDN para conscientização da população. “Normalmente colocaríamos água para po-der permear o plantio, no entanto, buscamos uma alterna-tiva sustentável: um gel absorvente em 300 vezes sua massa com relação à água e que alimenta a nova muda por um pe-ríodo de 90 dias”, explica Ferrari Neto.

O plantio, escolha das espécies e acompanhamento de todo processo são feitos pelo IBDN. Este ano foram escolhi-das espécies nativas da Mata Atlântica, como ipê roxo, cas-sia aleluia, araçá amarelo e aroeira pimenteira.

Rogério Iório, presidente do IBDN

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Para Celina Turchi, os estudos sobre a

epidemia de microcefalia mostram

o protagonismo dos pesquisadores brasileiros

m questão de meses, uma equi-pe cientistas coordenada pela médica epidemiologista Celina Maria Turchi Martelli mudou tudo o que se sabia sobre o zika vírus no mundo. A entre-vistada desta edição da FEHOESP 360 foi chamada pelo Ministério da Saúde (MS) para uma investigação sobre o vírus em 2015, quando neuropediatras de hospitais públicos de Recife (PE)

atestaram o aumento de recém-nasci-dos com microcefalia: de nove casos anuais naquele Estado, eles presen-ciaram 40 episódios em poucos dias. Após o alerta, o MS levou o problema para a Organização Mundial de Saúde (OMS). “O que vimos era assombroso não só pelo número de crianças atin-gidas, mas pelo espanto dos neona-tologistas, pediatras e neurologistas A

sensação era de pânico científico e so-cial”, descreve. No dia 11 de novembro de 2015, o ministério declarou emer-gência em saúde pública. A partir daí, os estudos provaram a relação entre o zika vírus e o surto de microcefalia e fo-ram publicados em revistas científicas internacionais como American Journal of Public Health e na The Lancet. A des-coberta rodou o mundo.

E

ENTREVISTA

A pesquisa é estratégica para

a soberania nacional

POR ELENI TRINDADE

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Formada em medicina em 1981 pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Celina Turchi tem mestrado em epidemiologia pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (In-glaterra) e doutorado em saúde pú-blica pela Universidade de São Paulo (USP). A especialista em epidemiologia de doenças infecciosas hoje atua no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (Fiocruz/Recife). Em 2016 foi eleita uma das dez personalidades mais in-fluentes da ciência pela revista Nature; recebeu a Medalha do Mérito Heroínas do Tejucupapo (2017) concedida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); foi considerada uma das cem pessoas mais influentes pela revista americana Time, no ano passado; e foi homenage-ada com o Prêmio Péter Murányi no úl-timo mês de abril. “É uma grande hon-ra e sinto-me representando o grupo de pesquisadores brasileiros.” Confira:

FEHOESP 360: O que mudou na assis-tência para as crianças com síndrome de zika congênita, suas mães e famílias após a descoberta da sua equipe, que tornou a doença mais conhecida e pes-quisada?

Celina Turchi: Até os anos 1970, o zika vírus era considerado praticamente uma curiosidade médica. Havia pou-quíssimas informações. O que se sabia até então era encontrado em um pa-rágrafo nos livros de medicina, que o descrevia como de menor importância para humanos. Havia 14 casos registra-dos em pessoas. Se, por exemplo, três ou quatro anos atrás eu fosse dar uma aula sobre o tema, diria que o zika ví-rus somente de vez em quando passa para a população humana. Mas o surto de microcefalia, inicialmente de causa desconhecida e identificado no Nor-deste do Brasil no segundo semestre de 2015, deu visibilidade a esse even-to pelo aumento expressivo de casos em uma região e em curto espaço de tempo. A microcefalia é uma definição de menor medida do perímetro cefá-lico que pode ter origem genética, ter causa infecciosa, como, por exemplo, a infecção pelo citomegalovírus, a sífi-lis etc., ou mesmo estar associada ao consumo de álcool durante a gesta-ção. O estudo caso-controle, realizado pelo Microcephaly Epidemic Research Group (Merg), estabeleceu a forte as-sociação entre infeção congênita pelo vírus da zika e a microcefalia. Possibilitou também excluir outras hipóteses levantadas no início da epidemia, como a exposição a lar-vicida (pyriprixifeno) e vacinação durante a gravidez, entre outras. Essas hipóteses refutadas fortale-ceram a continuidade das medidas de controle vetorial e a vacinação durante a gestação. O estudo teve a participação de pesquisadores da Fiocruz, do Laboratório de Referên-cia de Arboviroses, pesquisadores das Universidades Federal e Estadu-al de Pernambuco, do Instituto de

Medicina Integral Professor Fernando Figueira e da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. O apoio finan-ceiro veio do Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde. Esse surto exigiu uma resposta rápida do setor público, utilizando a rede de serviços de assistência, desde o agente de saúde até o atendimento por neuro-pediatras, setor de imagem, oftalmolo-gia e fisioterapia, além do acompanha-mento das famílias.

360: Quais as perspectivas de qualida-de de vida para as crianças com a sín-drome? CT: Como a maioria das doenças, a sín-drome congênita da zika apresenta um espectro de formas clínicas, variando de casos com perímetro cefálico nor-mal ao nascimento até casos de maior gravidade com microcefalia grave, na-timortos e abortos durante a gestação. A qualidade de vida das crianças de-pende, em geral, do grau de compro-metimento inicial. Também o acesso precoce aos serviços de assistência é fundamental para a melhor desenvol-vimento dessas crianças. Por se tratar de uma descoberta recente, as infor-mações sobre o desenvolvimento das crianças afetadas pela infecção congê-nita pelo vírus zika estão ainda em fase de estudos.

O surto exigiu uma

resposta rápida do

setor público,

utilizando a

rede de serviços de

assistência"

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ENTREVISTA

mento das vacinas, mas elas estão em diferentes fases de desenvolvimento e em diferentes instituições de pesquisa.

360: Existe algum trabalho focado no sistema particular de saúde? CT: A quase totalidade dos casos de síndrome congênita do zika da região metropolitana de Recife foi detectada na população de menor poder aquisiti-vo, que é atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No nosso estudo, o re-crutamento dos casos de microcefalia e seus controles foi realizado em sete maternidades públicas e uma filantró-pica. O acompanhamento da maioria dos casos segue sendo realizado no setor público, que exigiu a implemen-tação de serviços hierarquizados se-gundo o nível de complexidade.

360: As descobertas da sua equipe obri-garam a adoção de condutas de prote-ção às grávidas de todo o mundo. Qual o impacto disso na vida das mulheres? CT: Os resultados das pesquisas do grupo Merg e dos pesquisadores brasi-leiros vêm contribuindo para o enten-dimento da síndrome, para as medi-das de prevenção e controle na saúde pública e para o acompanhamento

das crianças acometidas. O impacto dos casos na vida das mulheres e na família vem sendo estudado por ou-tros grupos.

360: Recentemente, a população se as-sustou com a expansão da febre ama-rela. Por que isso aconteceu? Faltou planejamento? CT: A febre amarela, como outras do-enças que apresentam ciclo silvestre, pode eventualmente acometer seres humanos e tornar-se uma ameaça de saúde pública em áreas urbanas. O potencial de transmissão viral do ciclo silvestre para o urbano tem se modi-ficado ao longo das décadas pela ex-pansão das cidades, pela grande mo-bilidade dos habitantes e a existência de reservatórios animais e de vetores.

É importante ressaltar que a vacina contra a febre amarela possibilita a proteção da população sob risco e consequente bloqueio da sua disse-minação. Trata-se de reforçar o sis-tema de vigilância em áreas de risco para monitorar a mortalidade dos animais reservatórios e promoção da vacina de bloqueio.

360: O Brasil vem cortando inves-timentos em inovação e pesquisas. Um exemplo foi a redução de 44% no orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunica-ções em 2017. Como a senhora vê a estrutura pública para pesquisa hoje no país? E como avalia o setor públi-co da saúde brasileira?

CT: Existe uma preocupação de toda a comunidade científica com os recen-tes cortes de financiamento em pes-quisa. Recursos para ciência básica e aplicada são investimentos essenciais para o país. A ciência no Brasil cresceu substancialmente nas últimas déca-das não só em estrutura de pesquisa, mas também implementando a for-mação de pesquisadores. A epidemia

360: Dois anos depois, a emergência nacional passou? Podemos falar que há controle da epidemia? Quais os maiores desafios hoje? CT: A decretação de emergência em saúde pública nacional aconteceu na fase de pico de epidemia de microce-falia no Nordeste e Sudeste do Brasil, com muitas lacunas sobre as possíveis causas e com urgência em elaborar programas de controle, estabelecer sistema de vigilância epidemiológica, os protocolos de investigação e de ma-nejo dos pacientes. Estamos em um período pós-epidêmico, quando se detectam poucos casos, mas com pos-sibilidade de circulação viral. Portanto, novos surtos de infecção pelo vírus zika podem acontecer em populações suscetíveis em diferentes regiões onde exista a presença de vetor Aedes ae-gypti e, ainda, por transmissão se-xual. Devemos continuar vigilantes para a detecção precoce de casos de síndrome da zika congênita. O acompanhamento e a avaliação de crianças são importantes como par-te da assistência integrada e para o conhecimento científico. Estamos empenhados nesse momento para responder o impacto social e eco-nômico para as famílias e serviços públicos. As pesquisas hoje se con-centram em saber em que momen-to gestacional existe mais risco de malformações. Uma pergunta mui-to feita é quando e como ela pode surgir novamente, mas é difícil dizer do ponto de vista das arboviroses, porque elas não se distribuem igual-mente em todos os lugares. Todas as predições e modelos matemáticos pre-cisam ser olhados com desconfiança científica porque os parâmetros ainda são muito preliminares. É muito difícil imaginar um controle vetorial adequa-do para áreas urbanas com tantas desi-gualdades como ocorre no Brasil. Não estamos participando do desenvolvi-

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É muito difícil

imaginar um

controle vetorial

adequado para áreas

urbanas com tantas

desigualdades

no Brasil"

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de microcefalia pelo vírus zika pode ser um exemplo do protagonismo dos pesquisadores brasileiros na elucida-ção e na construção de conhecimen-tos nessa epidemia. Podemos dizer que o desempenho das instituições de pesquisa pública foi reconhecido nacional e internacionalmente. As instituições públicas de pesquisa e assistência merecem ser preservadas e ampliadas, como parte da estratégia de manutenção da soberania e segu-rança nacional. A resposta sobre ava-liação da saúde pública é complexa. Temos que reconhecer algumas áreas da saúde que têm sido historicamen-te desenvolvidas pelo setor público, como, por exemplo, a de vigilância e de prevenção (imunização); controle das doenças (vetores); e fiscalização de produtos e serviços (medicamentos, alimentos, agrotóxicos etc.). Essas áre-as merecem destaque pela continuida-de, capacidade de cobertura.

360: Como vem sendo a sua vida pes-soal e dinâmica profissional após a pes-quisa? A senhora pretende se aprofun-dar nesse tema ou tem outras frentes de estudo planejadas? CT: É difícil fazer a separação entre a vida profissional e pessoal depois de experiência tão intensa como partici-par de pesquisa em tempos de epide-mia. Posso dizer que minha vida ficou

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Recursos para ciência

básica e aplicada são

investimentos

essenciais

para o país"

mais atribulada e adquiriu uma visi-bilidade não prevista. Como vanta-gem, posso citar a interação e a par-ticipação em diferentes fóruns de pesquisa, que vêm sendo muito en-riquecedoras. Fico muito gratificada e feliz de ter tido a oportunidade de fazer parte dessa comunidade. Continuo trabalhando intensamen-te em projetos epidemiológicos em doenças infecciosas. Bons projetos podem gerar resultados importan-tes, mas, geralmente, geram novas perguntas e pesquisas que precisam de apoio financeiro. É, portanto, um “non finire” acadêmico.

As instituições

públicas brasileiras

de pesquisa e

assistência merecem

ser preservadas

e ampliadas"

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Por um futuro inovador

Saúde 4.0 busca avanço tecnológico para o setor

á algumas décadas os cuidados com a saúde re-sumiam-se em consulta médica, com avaliações clínicas e laboratoriais e intervenções nem sem-pre satisfatórias. Hoje, a medicina permite diag-nósticos cada vez mais precisos e tratamentos personalizados. A tecnologia e a saúde estão mais próximas, por isso, apostar em pesquisa, desen-volvimento e inovação para antecipar as mudan-ças é investir em soluções à prova de futuro.

O investimento em tecnologia no Brasil se-gue a tendência global de crescimento, mesmo em um cenário de crise. Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), em parceria com a consultoria IDC, mostra que o país investiu US$ 38 bilhões nas áreas de tecnologia da informação (TI) em 2017, um aumento de 4,5% em relação a 2016.

E este avanço significativo nas relações entre a humanidade e as novas tecnologias, a mobilida-de, a convergência digital e as recentes ferramen-tas de comunicação, além de uma vasta gama de inovações, estão permitindo uma nova revolução industrial chamada de 4.0.

Criado em Hannover, na Alemanha, durante um evento em 2011, o termo foi citado pela pri-meira vez por um grupo de pesquisadores que fez algumas recomendações ao governo alemão. Dois anos mais tarde, a indústria 4.0 começou a ser desenvolvida naquele país. Desde então, este é um processo em expansão para outras frontei-ras. Na área de saúde, os níveis de inteligência integrada têm sido elevados. “Os investimentos em altas tecnologias têm diminuído os riscos de contaminação, aumentado a capacidade produ-

tiva, a precisão nos diagnósticos e análises clíni-cas e, principalmente, a personalização de pro-cedimentos”, explica Donizetti Louro, consultor e coordenador do Grupo de Trabalho Indústria 4.0 – Saúde, Conectividade e Cibersegurança da Associação Brasileira de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo).

Ainda que pareçam mais perto da ficção cien-tífica do que da realidade, as previsões sobre a medicina do futuro não ficam apenas no papel. Muitas soluções são aplicadas e outras tantas têm base em pesquisas já existentes. “O setor de dispositivos médicos no Brasil, por exemplo, é o oitavo maior mercado mundial, girando em torno de R$ 25 bilhões de consumo aparente (produção mais as importações menos as exportações) anu-al. São empresas que produzem com alto valor agregado, investindo muito em pesquisa e inova-ção”, conta Louro.

O fato é que gradativamente os computadores ocupam espaços centrais em todos os serviços e com a internet das coisas (do inglês Internet of Things - IoT), inteligência artificial (AI), computa-ção em nuvem, realidade aumentada, telemedi-cina, entre outras ferramentas, as possibilidades para o futuro são inimagináveis. “A aplicação do conceito 4.0 na saúde aumentará de maneira significativa a produtividade dos processos e a capacidade do sistema de saúde de proporcio-nar melhores resultados clínicos e satisfação dos pacientes, a um custo melhor. Esses fatores con-jugados promoverão também uma ampliação do acesso da população aos cuidados médicos”, ga-rante Fabrício Campolina, coordenador do Grupo

POR FABIANE DE SÁ

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de Trabalho Saúde 4.0 da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

A mesma opinião tem o gerente comercial e de Inteligência de Mercado do InovaIncor (núcleo de Inovação do Instituto do Coração-Incor e da Fundação Zerbini), Guilherme Machado Rabello. “Sabemos que a saúde 4.0 replicará em grande parte os princípios da quarta revolução da in-dústria, ao incorporar a digitalização dos dados clínicos, médicos e laboratoriais e implementar uma mecanização de vários processos manuais hoje utilizados nos ambientes hospitalares e no sistema de saúde em geral. Mas, o que pouco se tem falado, é que esta revolução não conseguirá mais reter suas transformações digitais dentro do ambiente tradicional da saúde (hospitais, clíni-cas, laboratórios, classe médica etc.). A saúde 4.0 agrega no processo de transformação a própria sociedade, antes vista apenas como o cliente ou paciente.”

A atualização na saúde é inevitável e um cami-nho sem volta. Segundo Campolina, já se começa a observar a implementação de projetos-piloto em alguns hospitais, com destaque para a UTI in-teligente, que utiliza IA para predizer os pacientes com maior risco e que demandam maiores cuida-dos. “Esse recurso vem sendo aplicado também na área de medicina diagnóstica e laboratórios, contribuindo com a obtenção de diagnósticos mais rápidos e precisos.” Assim como a teleme-dicina que também começa a ser utilizada mais intensivamente por planos de saúde e hospitais, além da expansão do uso de IoT em dispositivos que monitoram atividades físicas e parâmetros como batimentos cardíacos e qualidade do sono em programas de promoção da saúde.

Medicina do futuroA evolução do conhecimento médico juntamente com o desenvolvimento e domínio das tecnolo-gias de ponta resultam na medicina do futuro que reúne as inovações em diferentes segmentos da saúde e têm o papel de auxiliar os pesquisadores e os profissionais do setor a embasar decisões e assegurar diagnósticos mais precisos e rápidos; desenvolver tratamentos com mais acurácia, efe-tividade e segurança; prever o aparecimento de doenças; realizar exames mais completos e em tempo real; e buscar procedimentos minimamen-te invasivos.

Para o gerente do InovaIncor, a evolução tec-nológica na saúde é necessária para acelerar a melhora de processos, análise de informações, suporte na assistência clínica e de gestão. “O pró-ximo passo é mudar a cultura, capacitar e incor-porar processos adequados para os profissionais na saúde, quer pública ou privada.” Rabello faz esta afirmação porque, para ele, o conceito de saúde 4.0 está focado na prevenção e bem-estar e não na doença. “Esta é a verdadeira revolução! Ela incorpora uma estratégia de mudança de enfoque na abordagem dos pacientes e na oferta de servi-ços de saúde. Com a incorporação de tecnologias advindas do conceito da indústria 4.0, a gestão do conhecimento e melhora de processo visando predição e prevenção inverte o jogo do tratar res-ponsivamente para cuidar proativamente.”

O fato é que a vida conectada é uma realidade. Nos hospitais inteligentes, a junção entre serviços e produtos, so-

Fabrício Campolina, coordenador do GT Saúde 4.0 da Abimed

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mados ao uso do big data e data analytics con-tribui para a otimização na tomada de decisões. Na prática, muitas instituições de saúde do Brasil já contam com prontuários eletrônicos na rotina e outros a distribuição de remédios já é feita por um robô que movimenta 3.700 itens e o trans-porte de medicamentos de urgência é feito por dutos pneumáticos. “As soluções tecnológicas, bem implementadas, resultam em tratamentos mais eficazes, em menor tempo de internação, em tratamentos menos invasivos possíveis e em um diferencial estratégico, colocando as empre-sas do setor saúde num patamar de negócio di-ferenciado e sustentável”, observa o presidente da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (Abiis), Walban Damasceno de Souza.

Além disso, a inovação no sistema de saúde traz benefícios diretos para a sociedade aumen-tando a perspectiva, salvando e melhorando a qualidade de vida. “O benefício é inegável, mas existe o desafio de equilibrar a inserção das tec-nologias com a capacidade econômica e finan-ceira das instituições”, lembra o presidente da FEHOESP, Yussif Ali Mere Junior.

Um dos grandes dilemas da saúde suple-mentar e da pública no Brasil são os custos

para o oferecimento destes serviços que envolvem recursos físicos, tecnológi-cos e prestação de serviços, observa o professor do Departamento de Enge-nharia Mecatrônica e de Sistemas da

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo (USP), Diolino José dos Santos Filho. Para ele, “se a implantação do conceito de saúde 4.0 vier a viabilizar o melhor uso racional destas diferentes classes de recursos, automaticamente impactará nos indicadores de sustentabilidade do setor de forma positiva”.

Porém, a tecnologia não resolve a sustentabi-lidade sozinha na opinião de Guilherme Rabello. “Se mal planejada a estratégica de evolução tec-nológica, ela se tornará um custo extra e sobrepe-so operacional aos profissionais.”

Mas o Hospital Albert Einstein tem conseguido bons resultados investindo em inovação. Segun-do a diretora de Operações da Unidade Morumbi e de Enfermagem da instituição, Claudia Regina Laselva, a gestão do fluxo do paciente é um bom exemplo de redução de custos. Ele é realizado desde 2010 por meio de um programa acelerador. “O estudo do fluxo do paciente busca a partir da eficiência operacional adaptar a relação entre ca-pacidade e demanda por leitos, assegurando que os pacientes recebam o cuidado certo, no lugar certo, na hora certa, durante todo o tempo.”

Ao longo dos últimos sete anos, de acordo com Claudia, o programa de fluxo do paciente propiciou uma redução de 17% no tempo médio de permanência dos pacientes (TMP), de 4,1 dias para 3,4, e de 16% nas readmissões em até 30 dias, com incremento de 21% no giro de leitos (de

Para Yussif, "o desafio é equilibrar a inserção das tecnologias com a capacidade econômica das instituições"

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6,02 para 7,28). O tempo médio para internação reduziu 69% (de 1h42 para 28min) assim como de espera de leito para pacientes aguardando no pronto atendimento reduziu 57%.

Na mesma linha segue o Grupo Fleury. “O uso da tecnologia tem permitido maior agilidade no processamento de amostras, reduzindo o tem-po de entrega do resultado dos exames, além de trazer a possibilidade de novas ofertas e permitir maior integração nos serviços ofertados”, explica Gustavo Meirelles, gestor médico de Estratégia e Inovação da instituição, que conta que com o investimento em inovação também foi possível aumentar a segurança das informações, a quali-dade dos produtos e serviços, reduzir falhas nos processos e tempo de processamento ou de aná-lise de exames diagnósticos.

Mundo conectadoÉ possível afirmar que em um futuro não tão dis-tante smartphones e aplicativos específicos po-derão ser utilizados, por exemplo, para realizar exames de imagem, como ultrassonografias. En-quanto que com a análise de dados coletados por wearables e o mapeamento do genoma humano, a personalização da medicina chegará a níveis tão sofisticados que os medicamentos poderão ser enviados diretamente à casa dos pacientes, com dosagens e identificações específicas.

A tecnologia mobile vem revolucionando o cotidiano ao ponto de mais da metade dos bra-sileiros (52,3%, segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE) acessarem a web via celular. “A conectividade é uma extensão do corpo humano. A criação de aplicativos e conte-údo para smartphones é um campo promissor e movimentou, somente nas três principais plata-formas (Apple, Google e Windows), mais de US$ 150 bilhões em 2016", comenta Yussif.

Em 2020 existirão 22 bilhões de sistemas e dis-positivos portáteis conectados à internet, produ-zindo mais de 2,5 quintilhões de bytes de dados novos por dia, de acordo com a IMS Research. Uma projeção da Organização das Nações Uni-das (ONU) estima uma população de 11,2 bilhões de pessoas em 2100. "Teremos mais máquinas e sistemas do que gente no planeta. Precisamos nos adaptar a esse futuro", ressalta o presidente da FEHOESP.

A adoção consciente de tecnologias pode aju-dar os estabelecimentos de saúde na direção de caminhos assumidos em prol da segurança e da experiência do paciente e para se tornar uma ins-tituição de excelência em eficiência operacional. “O investimento em inovação melhora a quali-dade do cuidado, a experiência dos pacientes, a confiabilidade da instituição, a ampliação do acesso, controlando os custos à medida que as populações envelhecem e crescem”, conta a dire-tora do Einstein.

Neste caminho também segue o Fleury. Gusta-vo Meirelles, com Amanda Curti e Bianca Campos, respectivamente, coordenadora e analista de Es-tratégia, Inovação e Novos Negócios do grupo, contam que a rede de laboratórios pioneiramen-

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te vem implantando tecnolo-gias relacionadas à saúde 4.0,

como o sistema informatizado para atendimento ao cliente, código

de barras para identificação de exames e soluções para acesso ao histórico comple-to dos exames dos pacientes. “Além disso, estamos buscando sempre evoluir junto com a tecnologia, com alto investimento em genômica, inteligência artificial, soluções de bem-estar e di-gitalização de processos e serviços”, diz Meirelles.

DesafiosA economia brasileira tem diante de si inúmeros desafios, e as tecnologias da informação e co-municação devem desempenhar um papel fun-damental na concretização de uma agenda para o futuro do país, segundo especialistas. O setor é estratégico para a geração de mais e melhores empregos, além de contribuir para o fortaleci-mento da cadeia produtiva nacional.

Adotar um sistema inteligente significa, por exemplo, menos atrasos na hora de realizar exa-mes ou passar por consultas; eliminação de pro-cessos lentos; redução de custos e ainda ajuda a otimizar o tempo dos profissionais. “Nos próxi-mos anos, devemos ver o aumento do número de projetos-piloto com resultados positivos e, na próxima década, uma expansão acelerada das tecnologias 4.0. O panorama que temos pela fren-te é a da transformação dos processos de uma maneira tal que ainda nem conseguimos imagi-nar”, provisiona o coordenador da Abimed.

Na visão de Walban de Souza, da Abiis, as perspectivas para o uso de tecnologia na área da saúde são imensas. Para ele, as soluções tecno-lógicas, se bem implementadas, resultarão em tratamentos mais eficazes, com menor tempo de internação, menos invasivos, que trarão um diferencial estratégico, colocando as empresas do setor num patamar de negócio diferenciado e sustentável.

O maior cuidado que se tem que adotar, se-gundo Donizetti Louro, da Abimo, é com a pre-servação de sigilo das informações e da transpa-rência e ética no sistema. “As falhas de segurança ainda são comuns no setor, mas esse cenário co-meça a mudar.” De acordo com a consultoria IDC, os gastos globais em segurança da TI vão aumen-tar cerca de 8,3%, gerando um crescimento de US$ 73,7 bilhões para US$ 101,6 bilhões até 2020. Na saúde, os gastos em segurança da informação devem crescer 10,3%.

Para Guilherme Rabello, do InovaIncor, a prin-cipal questão é o investimento, a cultura organi-zacional, a mão de obra especializada e a gestão de oportunidades. “Nosso país ainda é lento em adotar mudanças.”

Mas, de acordo com Yussif, o maior desafio é superar as máquinas analógicas e substituí-las. “Levantar a bandeira da inovação, muitas vezes, pode ser bastante trabalhoso em setores da eco-nomia. Quando falamos de saúde, é necessário lembrar de todos os pormenores que envolvem o setor. No entanto, adotar uma política conserva-dora agora é procrastinar um crescimento inevitável e, especialmente, dese-jado. O mundo é ino-vador e ser disrup-tivo é o que toda empresa deve bus-car”, conclui.

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Gustavo Meirelles, gestor do Grupo Fleury

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Walban de Souza, presidente da Abiis

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Após tempos de recessão, o ano de 2018 começou com grande expectativa em relação à retomada da economia nacional. No entanto, em meio aos altos e baixos do mercado, as previsões de crescimento ainda disputam espaço com as muitas dúvidas, e um importante indicador pa-rece estar contribuindo para esse cenário. O de-semprego, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou o primeiro trimestre do ano em 13,1%, o maior nível desde maio do ano passado, afetando 13,7 milhões de pessoas no país.

A boa notícia, ao menos para a saúde, é que o setor vem demonstrando importantes sinais de

Geração de postos no setor tem saldo positivo e impulsiona retomada

POR RICARDO BALEGO

GESTÃO

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recuperação nesse quesito, e a empregabilidade sinaliza, aos poucos, estar retomando o ritmo de crescimento de anos atrás.

De acordo com o Boletim Econômico da saúde, lançado pela FEHOESP, em parceria com a consul-toria econômica de análise Websetorial, no mês de março, o segmento registrou um bom desem-penho já durante o ano de 2017 na questão da ge-ração de empregos. Isso se traduziu em um saldo positivo de vagas geradas no setor, com a criação de 44.505 vagas a mais em relação ao ano anterior. São novos postos de trabalho nas áreas hospita-lar, de clínicas, laboratórios e demais estabeleci-mentos prestadores de serviços em saúde. Com

Saúde registra

recuperação do emprego

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isso, o segmento fechou o ano com um total de 2.144.481 trabalhadores formais em todo o país.

As áreas com maior saldo positivo foram as de atendimento hospitalar, com 18.612 novas vagas; médico ambulatorial, com 7.494 postos; e labo-ratórios, diagnóstico e exames, com 5.728 vagas.

O levantamento utilizou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ambos indicadores do Ministério do Trabalho.

Segundo o presidente da Federação, o médi-co Yussif Ali Mere Junior, os números apresentam uma tendência positiva, mas que ainda necessita ser confirmada nas próximas estatísticas, a partir de um crescimento constante e mais sustentável. “A melhora foi importante, mas ainda é muito pe-quena. O número de postos de trabalho na saúde privada cresceu 2,1% em 2017 e tivemos alta de pouco mais de 15 mil vagas em São Paulo, algo que até 2014 registrávamos em um único mês”, pondera.

De fato, ainda é um número acanhado para o Estado de São Paulo, que concentra 33% dos em-pregos do setor em todo o país, com um total de 712.052 postos. Nele foram criadas no ano passa-do 15.152 vagas a mais em relação a 2016, com destaque para 7.357 novos postos em atendimen-to hospitalar, 2.372 na área médica ambulatorial e 2.065 em laboratórios, diagnósticos e exames.

O Hospital Cema, que possui oito unidades na capital paulista e região do ABC, e conta atu-almente com 910 colaboradores, confirma a tendência de retomada. “Tivemos a abertura de novos postos de trabalho pela necessidade de atender a demanda que cresceu em 2017 e neste primeiro semestre de 2018, e também pela aber-tura de novas unidades”, afirma Maria Amália Ale-xandre Pereira Leme, gerente de Recursos Huma-nos. O hospital também projeta um crescimento

da empregabilidade para o setor como um todo ainda este ano. “Nossa expec-tativa é que até o fim de 2018 o mercado de trabalho sofra uma expansão, absorvendo profissionais que atualmente encontram-se em busca de novas oportunidades.”

Ainda de acordo com o boletim da FEHOESP, algumas áreas da saúde também apresentaram em 2017 déficit de vagas em nível nacional, como as de serviços móveis de urgência, com 1.007 de-missões no saldo total, e gestão de saúde, com menos 568 vagas. No entanto, curiosamente, quando analisadas essas vagas apenas no Estado de São Paulo, os números são positivos, apresen-tando crescimento de vagas.

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Geração de emprego no setor no Estado de São Paulo em 2017

Atendimento hospitalar 7.357

Serviço móvel de urgência 173

Serviço móvel de remoção de pacientes 593

Atividade médica ambulatorial 2.372

Laboratório, diagnóstico e exames 2.065

Profissionais da área de saúde 441

Gestão de saúde 1.598

Ativ. de atenção à saúde humana não esp. ant. -727

Atividades de assistência a pac. especiais1 759

Fornecimento de infraestrutura 574

Assistência psicossocial 191

Assistência social -244

Total 15.152

Segundo Yussif, os números de postos de trabalho apresentam uma tendência positiva na área da saúde

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Maria Amália Leme, gerente de RH do Hospital Cema

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Fonte: Caged/MTE e Rais 2016 - Boletim Econômico FEHOESP/Websetorial nº 1/março 2018

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De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o país registrou em março deste ano uma alta na criação de empregos em relação a fevereiro. O setor de serviços alavancou essa retomada, registrando a criação de 57.384 novos postos de trabalho – um crescimento de 0,34%.

Os dados também são provenientes do Caged e, assim como constatou anteriormente o Bole-tim Econômico da FEHOESP para a área da saú-de, São Paulo também se coloca como o Estado com a maior variação positiva em números ge-rais, com um saldo de 30.459 empregos gerados naquele mês. Em menor proporção, outros 14 Estados, além do Distrito Federal, também cons-tataram a mesma tendência positiva.

A partir desses índices, o governo tem avaliado que o momento é de retomada da empregabili-dade no país. “Nosso Brasil segue a rota da reto-mada do crescimento, com mercado aquecido e a certeza de que estamos no rumo certo. O traba-lho continua e hoje é mais um grande dia, pois esses resultados confirmam nossa expectativa”, declarou durante a divulgação dos dados o atu-

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al ministro do Trabalho, Helton Yomura.

Sobre a alta na oferta de vagas, é preciso ressaltar que o saldo,

obtido da relação entre demissões e contratações, já considera também as novas situações formais criadas com a reforma tra-balhista, como as modali-

dades de trabalho intermi-tente e parcial, por exemplo.Voltando à área da saúde es-

pecificamente, o último levanta-mento disponibilizado (até o fecha-

mento desta edição) pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS)

sobre a empregabilidade no setor pri-vado também indicou crescimento do

total de empregos na cadeia da saúde suplementar, entre fevereiro de 2017 e feve-

reiro de 2018. Neste período, o total de pessoas empregadas formalmente na área cresceu 2.2%, enquanto nos demais setores da economia hou-ve uma discreta alta, que se manteve em 0,1%, praticamente estável.

Para o superintendente executivo do instituto, Luiz Augusto Carneiro, “ainda é cedo para come-morar, mas a estabilidade registrada no período pela economia como um todo pode ser o começo de um avanço do trabalho formal do país”.

A pesquisa é feita tendo como base o núme-ro de trabalhadores empregados pela cadeia da saúde suplementar, que compreende fornecedo-res de materiais, medicamentos e equipamentos; operadoras e seguradoras de planos de saúde; e prestadores de serviços em saúde. Esses últimos, representados por médicos, clínicas, hospitais, laboratórios e serviços de medicina diagnóstica, compõem o subsetor que mais emprega dentro da área suplementar, corres-pondendo a 71,5% de toda a cadeia.

Crescimento se confirma

Luiz Augusto Carneiro, superintendente do IESS

GESTÃO

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Lançado no último mês de março, o Boletim Econômi-co da FEHOESP, em parceria com a consultoria Webse-torial, é o mais novo produto da entidade direcionado aos prestadores de serviços da saúde privada.

Além dos dados que analisam a criação de empre-gos no setor, a primeira edição também trouxe infor-mações sobre o desempenho geral dos prestadores de serviços, variação de preços do segmento, cresci-mento na quantidade dos estabelecimentos e análises sobre as conjunturas e possíveis perspectivas.

Um exemplo é o levantamento sobre o número de estabelecimentos de saúde no Brasil, que teve cresci-mento de 4% em 2017, em relação a 2016, assim como o aumento no número de serviços do setor no Estado de São Paulo, que chegou a 5,1% no mesmo período.

Já em relação ao tipo de estabelecimento de saú-de, o boletim analisou dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e atualizou uma lista que destacou, entre outros dados, o aumento das unidades de atenção em home care, que cresceram 19,2% entre 2016 e 2017, e também das clínicas e labo-ratórios especializados em todo o país, que tiveram no mesmo intervalo um incremento de 10,2%.

O boletim trouxe ainda os preços pagos pelo consu-midor final com a cesta de consumo e com a saúde, e destacou as perspectivas para o setor, em grandes áre-as como saúde pública, saúde privada, epidemiologia e saúde mental.

Segundo Yussif Ali Mere Junior, presidente da Fede-ração, o projeto de se criar um periódico com dados econômicos que possam auxiliar seus representados nas tomadas de decisão de seus negócios era um de-sejo antigo. "Planejamos bastante, estudamos qual se-ria a melhor forma de reunir os dados e transformá-los em algo compreensível para todos. A área da saúde é carente de informações deste tipo e precisa assumir seu papel estratégico", ressalta.

Em maio saiu a segunda edição do informe, com novos estudos e variantes relacionados a outros as-pectos da atividade prestadora de serviços em saúde.

A publicação é trimestral. O boletim pode ser con-sultado no portal www.fehoesp360.org.br, na área “Publicações”. O acesso é restrito a sócios e contri-buintes dos sindicatos filiados à FEHOESP em todo o Estado.

Segundo o Ministério do Trabalho, no último mês de março, foi registrada a abertura de 56.151 no-vos postos de trabalho no país, representando um aumento de 0,15% em relação a fevereiro. Foi o primeiro resultado positivo para o mês em três anos, já que em 2017 e 2016 o saldo ficou abaixo do esperado.

Este índice, no entanto, já considera dados relativos às vagas geradas a partir das novas re-lações de trabalho, com a entrada em vigor em novembro do ano passado da lei 13.467/2017 – conhecida como reforma trabalhista.

Como exemplo, foram efetivados em março no país 13.522 desligamentos mediante acordo entre empregador e empregado, situação que envolveu 9.775 empresas. A maior incidência se dá em Es-tados da região Sudeste, e São Paulo apresenta o maior número registrado deste tipo de acordo, com 4.204 casos.

Na modalidade de trabalho intermitente, fo-ram efetivadas 4.002 admissões e 803 desliga-mentos, gerando saldo de 3.199 empregos. Quase a metade disso é proveniente do setor de servi-ços (+1.506 postos) e São Paulo concentra a maior parte deste saldo (+767 postos).

O regime de trabalho parcial, outra modalida-de prevista com a reforma, teve no mesmo perí-odo 6.851 admissões e 3.658 desligamentos em todo o país, com saldo de 3.193 postos. Mais uma vez, o setor de serviços concentrou a maior parte dos registros (2.253 empregos), assim como no-vamente em São Paulo se registrou grande parte dos casos (+831 postos).

Reforma trabalhista

também contribui

Boletim traz novos

dados da saúde

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uando ouvimos falar de problemas como en-chentes, poluição atmosférica e estresse, de tão presentes em nosso dia a dia, acabamos tratan-do de tais eventos como algo que é importante, porém distante e corriqueiro, por vezes até banal.

Diante disso, é salutar quando se consegue chamar a atenção para questões que já fazem parte do cotidiano, e que vivem debaixo dos nos-sos olhos. É isso que faz o médico Paulo Saldiva, com seu livro “Vida Urbana e Saúde: os desafios dos habitantes das metrópoles”, lançado recente-mente pela Editora Contexto.

Os problemas das grandes cidades são ampla-mente conhecidos e atingem a maior parte das pessoas. Em todo o mundo, a média daqueles que vivem em áreas urbanas é de 54%, mas, no Brasil, esse índice chega a impressionantes 84%.

Logo de cara, o autor faz uma constatação: quando as cidades adoecem, seus habitantes pa-decem junto. Usando metáforas, Saldiva afirma que se as metrópoles brasileiras fossem compa-radas a um corpo humano, este estaria doente. O

RESENHA

Os desafios da

saúde urbana

crescimento exagerado, maior do que seu esque-leto e articulações poderiam suportar, causaria a obesidade; a expressiva destruição de sua cober-tura vegetal, seria representada pela calvície; a incapacidade de eliminar seus resíduos de forma adequada e eficiente se traduziria em insuficiên-cia renal; e anos de inalação de um ar poluído re-sultaria em bronquite crônica.

Da mesma forma, assim como um médico deve pensar na saúde de seus pacientes como um todo – e não apenas tratar determinada do-ença –, uma cidade saudável só é possível quan-do seus cidadãos podem ter uma boa qualidade de vida.

Para contextualizar o que acontece no presen-te, o autor volta no tempo e analisa o surgimen-to das cidades, que sempre exerceram sobre o homem fascínio e poder, mas, paradoxalmente, também trouxeram condições propícias para o adoecimento. Historicamente, os adensamentos populacionais e suas condições de saneamento muitas vezes precárias sempre serviram como

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Vida Urbana e Saúde – Os desafios dos habitantes das metrópolesAutor: Paulo SaldivaPáginas: 128Preço: R$ 27Editora Contexto

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gar” do dia a dia, criando um ambiente propenso a que distúrbios apareçam e se instalem.

O autor aponta ainda os efeitos da poluição atmosférica e da imobilidade urbana, com o enorme tempo que as pessoas gastam em seus deslocamentos para o trabalho, por exemplo. Isso, além de comprometer consideravelmente a qualidade de vida, representa um desperdício de recursos, já que, entre custos diretos e indiretos, as perdas econômicas decorrentes desta imobili-dade equivalem a 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo. São internações hospitalares, horas paradas no trânsito, combustível desperdi-çado e perda de negócios que custam dinheiro e que, segundo o médico, se fosse empregado em mobilidade eficiente e de baixa emissão de po-luentes, poderia rapidamente melhorar a quali-dade de vida dos habitantes urbanos.

Em meio a outros problemas apresentados, para os quais Paulo Saldiva deixa claro que exis-tem soluções, a ideia que fica é a de que todos têm efetivamente o direito e devem fazer parte do espaço urbano de uma forma mais sadia. Para ele, que ainda reside em meio a todos esses pro-blemas, em um apartamento na região central da capital paulista, esta não é só a visão de um es-pecialista, mas também de um apaixonado pela cidade, com todos os seus contornos e contradi-ções. (Por Ricardo Balego)

pano de fundo para doenças como a peste negra, malária, febre amarela, tifo e tuberculose, “que tem parte significativa de suas biografias impres-sa no alfabeto esculpido pelos tijolos urbanos”.

Paulo Saldiva é patologista, professor da Fa-culdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e conduz pesquisas nas áreas de doenças respiratórias, patologia ambiental e an-tropologia médica. Se define, ainda, como ciclista por vocação, gaitista por superação e esforço e grande apaixonado por São Paulo.

Causas e consequências

Em “Vida Urbana e Saúde”, são apresentados, por capítulos, alguns dos principais fatores que im-pactam a saúde dos moradores de áreas urbanas.

Ao falar de obesidade, por exemplo, o au-tor lembra que hoje 30% de crianças brasileiras estão com excesso de peso, acompanhando a epidemia que já atinge boa parte dos adultos. E isso também está associado à convivência nas grandes cidades, com apelo cada vez maior pelos alimentos industrializados, calóricos e de baixo valor nutritivo. Além disso, o próprio espaço dis-ponível é um convite à obesidade infantil, já que temores como violência por trânsito ou crimes acabam limitando as áreas de lazer, fazendo com que as crianças não desfrutem do espaço urbano para suas atividades.

A saúde mental dos cidadãos nas grandes ci-dades também tem destaque. Segundo a Or-ganização Mundial da Saúde (OMS), 35% dos brasileiros irão apresentar ao longo da vida algum episódio de depressão, ansiedade ou de consumo excessivo de álcool ou dro-gas. Saldiva destaca ainda dados do Institu-to de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, revelando que 40% da população já passou por episódios de depressão ou ansie-dade graves o suficiente para alterar o curso nor-mal de suas vidas.

O fato é que cada vez mais os transtornos men-tais estão presentes no cotidiano de quem convi-ve no ambiente urbano. Além disso, o nível de es-tresse sempre alto, condição comum nas cidades, seja por problemas no trabalho ou trânsito e seus deslocamentos complicados, aumenta em muito a chance do organismo não conseguir se “desli- D

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relacionamento intenso com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as quais, juntas, formatam todo o registro de qualidade do que é produzido no país. Esse contato mais pró-ximo e assertivo, que ano a ano vem sendo con-solidado entre as produtoras e as reguladoras, foi um dos grandes responsáveis pela otimização dos processos que solidificam a produção interna para que ela chegue ao mercado com qualidade.

Estreitou o seu relacionamento com relevan-tes entidades que representam e movimentam o ativo setor hospitalar brasileiro. Sem dúvida algu-ma, os vínculos cada vez mais consistentes com a FEHOESP e com outras figuras também eminen-tes do setor da saúde, como o SINDHOSP, Asso-ciação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abram-ge) e a Confederação Nacional de Saúde (CNSaú-de), vieram dar ainda maior sustentação à coluna central desse movimento. Essa harmonia é o que fortalece as nossas conquistas, e dispor de tantos parceiros fiéis nas batalhas assumidas em defesa do setor é o que nos empodera e encoraja para que prossigamos no cumprimento da nossa no-bre missão.

POR FRANCO PALLAMOLLA

ARTIGO

cadeia produtiva da saúde no Brasil vem se mostrando a cada dia mais unida, fortalecida e motivada a buscar as melhores formas de levar saúde aos brasileiros, e a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo) não tem medido esforços para atrair e alinhar os atores desse importante setor, capaz de movimentar 10% do PIB do país e fazer girar mais de R$ 450 bilhões anualmente.

É por isso que a Abimo busca aproximar-se de todos os setores, cuja integração consolidará o status político e institucional desejado para o nosso complexo industrial.

Nos últimos anos, a entidade tem investido na integração entre academia e indústria, o que re-sulta em estímulo à cultura de inovação no país e em maiores avanços no campo de pesquisa e desenvolvimento (P&D). São essas conquistas que promovem uma saúde consolidada e ainda mais inovadora para o país, imprimindo eficiên-cia às gestões, melhor controle de custos e, acima de tudo, vantagens diretas em benefício do alvo principal desses esforços: os pacientes e a popu-lação como um todo.

Promoveu, ainda, importante aproximação com os órgãos oficiais e regulatórios que atuam diretamente em nossas atividades, construindo

Os entraves que

impactam a saúde

brasileira atingem todos

os subsetores da

cadeia produtiva"

Quando o objetivo é o mesmo,

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tas de reformas que transitam no legislativo, cuja sequência se encontra paralisada apesar de vital para o futuro do país, tratamos de um tema que interessa também a toda a cadeia industrial.

Então, a união que tanto pregamos e pela qual tanto lutamos nos move rumo a um posi-cionamento político e estratégico, com atuação viva e ativa, levando nossas pautas ao ambiente parlamentar e defendendo-as perante os órgãos governamentais ou outros detentores de ferra-mentas e recursos que desimpedirão o nosso crescimento.

Estamos em ano eleitoral e em alguns meses teremos a responsabilidade de escolher as pro-postas que darão destino ao nosso país, momen-to que nos exige critério e bom senso. Alinhados também nessa escolha, discutiremos e elegere-mos os caminhos propostos por quem, como nós, demonstrar compromisso com o atendimen-to às demandas da saúde do Brasil.

Somos motores desta economia grandiosa. O nosso empresariado, que sempre demonstrou vigor e garra mesmo entre crises e recuperações, permanece inteiramente envolvido com os seus compromissos com o Brasil.

*Franco Pallamolla é presidente da Abimo

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Acrescente-se a essas iniciativas a parceria constante com o ComSaúde, comitê da Fede-ração das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que também congrega a cadeia produtiva da saúde, biotecnologia e nanotecnologia, criado para intensificar a comunicação do setor e assim facilitar a discussão das pautas relevantes para a saúde.

Ao reconhecer a indústria que preza pela qua-lidade e pela certificação, a Abimo captaneou os esforços para a afirmação dos nossos produtos nos mercados internacionais, graças a uma par-ceria de mais de 15 anos com a Apex-Brasil. As nossas indústrias ganharam o mundo, abrindo portas e traçando caminhos sólidos para a con-quista do reconhecimento e espaço em merca-dos extremamente exigentes como o dos Estados Unidos e o do Japão. O projeto setorial Brazilian Health Devices trabalha para desenvolver todos os subsetores da cadeia produtiva da saúde, tan-to é que inclui, em suas missões prospectivas e comerciais, artigos e equipamentos de todas as especialidades representadas. Faz a indústria bra-sileira presente em todos os continentes e contri-bui para fortalecer o reconhecimento da nossa qualidade nos principais mercados do mundo e garantir maior competitividade interna responsá-vel por impulsionar o desenvolvimento do setor.

No aspecto conjuntural, os entraves que im-pactam a saúde brasileira atingem indistintamen-te todos os subsetores da nossa cadeia produtiva, e a mobilização deles em torno dessa proposta de integração promoverá uma interlocução com maior abrangência e peso. Ao abraçarmos a cau-sa da isonomia tributária, por exemplo, tratamos de uma questão que afeta todos os produtores, dos equipamentos diagnósticos até os implantes odontológicos e materiais de consumo, pois os importados são sempre privilegiados. Lutamos pela obtenção de uma igualdade que nos pro-porcione competir nas mesmas condições da produção externa, ou seja, que a carga tributária imposta aos produtos nacionais seja balanceada com a dos produtos estrangeiros, que têm aden-trado nas nossas fronteiras com claras vantagens competitivas. Quando nos reportamos às propos-

Lutamos pela obtenção

de uma igualdade

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CHARGE

A Revista FEHOESP 360 é uma publicação da FEHOESP, SINDHOSP,

SINDHOSPRU, SINDJUNDIAÍ, SINDMOGI-DASCRUZES, SINDRIBEIRÃO, SINDSUZANO e IEPAS

Tiragem: 14.000 exemplares

Periodicidade: mensal

Correspondência: Rua 24 de Maio, 208, 9º andar - República - São Paulo - SP - [email protected]

Coordenadora de Comunicação Aline Moura

Editora responsávelFabiane de Sá (MTB 27806)

RedaçãoEleni Trindade, Rebeca Salgado e Ricardo Balego

Projeto gráfico/diagramação - Thiago Alexandre

Fotografia - Leandro Godoi

Publicidade: [email protected]

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

Diretoria FEHOESP

Presidente - Yussif Ali Mere Junior

1º Vice-Presidente - Marcelo Soares de Camargo

2º Vice-Presidente - Roberto Muranaga

1º Diretor Secretário - Rodrigo de Frei-tas Nóbrega

2º Diretor Secretário - Luiz Augusto Te-nório de Siqueira

1º Diretor Tesoureiro - Luiz Fernando Ferrari Neto

2º Diretor Tesoureiro - Paulo Roberto Gri-maldi Oliveira

Diretores Suplentes - Elucir Gir, Hugo Ale-xandre Zanchetta Buani, Carlos Eduardo Lich-tenberger, Armando de Domenico Junior, Lui-za Watanabe Dal Ben, Jorge Eid Filho e Michel Toufik Awad

Conselheiros Fiscais Efetivos - Antonio Car-los de Carvalho, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes e João Paulo Bampa da Silveira

Conselheiros Fiscais Suplentes - Maria Hele-na Cerávolo Lemos, Fernando Henriques Pinto Júnior e Marcelo Rodrigo Aparecido Netto

Delegado Representante junto à CNS efetivo - Yussif Ali Mere Junior

Delegado Representante junto à CNS su-plente - Marcelo Soares de Camargo

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ESTRATÉGIASDE GESTÃO360

Realização

SINDHOSP

Organização Apoio

Módulo 1 - Visão de Cenários e Negócios Módulo 2 - Gestão de Pessoas Módulo 3 – Marketing de Relacionamento Módulo 4 – Governança Corporativa e Compliance

QUATRO MÓDULOS:

Propiciar visão integrada do negócio, desenvolver conhecimentos, habilidades e competências que estejam alinhadas com os planos estratégicos das clínicas e demais prestadores de serviços de médio e pequeno portes.

OBJETIVO:

ACESSE E SAIBA MAIS [email protected]

11 3121-1333 R. 411

CONTATO

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MEMÓRIASRESGATAM A ESSÊNCIA

No ano do centenário da gripe espanhola, o Projeto Memória Saúde traz a história da pandemia que acometeu um quinto da população mundial em 1918. A doença chegou ao Brasil em setembro daquele ano quando foram registrados casos em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, cidades por onde passou o navio inglês Demerara. Um estudante carioca é considerado o primeiro caso de “influenza hespanhola” em São Paulo. No auge da pandemia gripal, o Hospital de Caridade do Braz (atual Hospital Santa Virginia), uma das instituições fundadoras do SINDHOSP, teve importante papel como hospital provisório no tratamento dos doentes. Ainda é desconhecido o número de mortes causadas pela gripe espanhola no Brasil.

Referências:Bertolli Filho, Cláudio.“A gripe Espanhola em São Paulo, 1918, Epidemia e Sociedade”, São Paulo,

Paz e Terra, 2003 Meyer, Carlos Luiz e Teixeira Joaquim Rabello. A gripe epidêmica do Brazil e especialmente em São Paulo. Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, 1920.

Imagem retirada do livro “A gripe Espanhola em São Paulo, 1918, Epidemia e Sociedade”, de Cláudio Bertolli Filho, São Paulo, Paz e Terra, 2003. p. 21 - Reprodução da primeira capa do jornal paulistano A Gazeta de 16/10/1918