Edição Especial - SOBECC

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Entrevista Opinião do especialista Coren-SP na luta contra a COVID-19: Erica Chagas, detalha a velocidade com que o órgão respondeu à pandemia. Heroínas do passado: a luta contra outra epidemia. Como 17 estudantes de enfermagem do 2º ano impediram que a Febre Tifoide se espalhasse pelo Estado. O que mudou em nossas vidas por conta do COVID-19? Ano VII • Nº 2 • Abr - Jun/2020 Edição Especial

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Entrevista Opinião do especialista

Coren-SP na luta contra a COVID-19: Erica Chagas, detalha a velocidade com que o órgão respondeu à pandemia.

Heroínas do passado: a luta contra outra epidemia. Como 17 estudantes de enfermagem do 2º ano impediram que a Febre Tifoide se espalhasse pelo Estado.

O que mudou em nossas vidas por conta do COVID-19?

Ano VII • Nº 2 • Abr - Jun/2020

Edição Especial

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Editorial 4Pandemia do Coronavírus (COVID-19): SOBECC em ação.

Agenda 5Programação de eventos.

Informativo COVID-19 8Recomendações relacionadas ao fluxo de atendimento para pacientes com suspeita ou infecção confirmada pelo Coronavírus em procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos.

Giro de Notícias 15Destaques da SOBECC.

Especial 20O Bloco cirúrgico e a COVID-19: o que mudou? Especialistas de seis Estados expli-cam as profundas alterações que a pande-mia impôs ao cotidiano dos profissionais de Enfermagem.

nesta edição

Diretoria da SOBECC — Gestão 2019-2021

Presidente: Giovana Abrahão de Araújo Moriya *Vice-presidente:

Marcia Cristina Pereira de Oliveira *Primeiro-secretário: Rafael

Bianconi *segunda-secretária: Liraine Laura Farah *Primeira-te-

soureira: Cecília da Silva Ângelo *Segunda-tesoureira: Maria Lucia

Leite Ribeiro *Diretora do Conselho Fiscal: Andréa Alfaya Acunã

*Membro do Conselho Fiscal: Thiago Franco Gonçalves *Membro

do Conselho Fiscal: Fernanda Torquato Salles Bucione *Diretora da

Comissão de Assistência: Simone Garcia Lopes * Membro da Comis-

são de Assistência: Juliana Rizzo Gnatta *Membro da Comissão de

Assistência: Ana Lucia Gargione Sant´Anna *Diretora da Comissão

de Educação: Vanessa de Brito Poveda *Membro da Comissão de

Educação: Debora Cristina Popov *Membro da Comissão de Educa-

ção: Marcia Hitomi Takeiti * Diretora da Comissão de Publicação e

Divulgação: Rachel de Carvalho *Membro da Comissão de Publi-

cação e Divulgação: Rita Catalina Aquino Caregnato *Membro da

Comissão de Publicação e Divulgação: Maria Belén Salazar Posso

*Diretora de Eventos Regionais: Soraya Palazzo.

Órgão oficial da Associação Brasileira de Enfermagem em Centro Ci-rúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC).

Comissão de Publicação e Divulgação – Diretora: Dra. Rachel de Carva-lho – Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), São Paulo *Membros: Dra. Rita Catalina Aquino Caragnato – Universi-dade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Dra. Maria Belén Salazar Posso – Faculdade de Pindamonhangaba (FUBVIC).

Equipe Técnica — Coordenação: Sirlene Aparecida Negri Glasenapp e Simone Batista Neto • Redação: Luciano Milici • Revisão: Profa. Dra. Rachel de Carvalho • Projeto Gráfico: Ages Comunicação Integrada • Secretaria: Maria Elizabeth Jorgetti e Claudia Martins Stival • Tiragem: 6.000 exemplares • Impressão: Editora Cartago Editorial.

A SOBECC com Você é uma publicação trimestral da SOBECC, dirigida a profissionais de Enfermagem do Bloco Operatório, com o objetivo de divulgar informações sobre boas práticas de assistência de Enferma-gem. A reprodução parcial ou total de qualquer matéria desta edição só é permitida mediante autorização.

Rua Vergueiro 875 • Conj. 64 • Liberdade • 01504-001 • São Paulo • SP CNPJ: 67.185.215/0001-03 Fone: (11) 3341-4044 • www.sobecc.org.br

CONTATO, DÚVIDAS E SUGESTÕES: [email protected]

EXPEDIENTE

SOBECC com Você 3

Entrevista 25Coren-SP na luta contra o COVID-19. Erica Chagas, detalha a velocidade com que o órgão respondeu à pandemia.

Opinião do especialista 28Heroínas do passado: a luta contra outra epi-demia. Como 17 estudantes de enfermagem do 2º ano impediram que a Febre Tifoide se espalhasse pelo Estado.

Fora da profissão 30Heroínas em ação: elas fazem a diferença. Mesmo com a pandemia consumindo cada vez mais o tempo e a disposição dos profis-sionais de saúde, essas mulheres encontraram uma maneira de ajudar muito mais.

Bem-estar 32Juntos, ainda que separados: a vida com COVID-19.

Resenha 34Páginas essenciais para a nossa batalha.

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EDITORIAL

SOBECC com Você

EDITORIAL

Pandemia do Coronavírus (COVID-19): SOBECC em ação

A crise provocada na saúde, com a pandemia do novo Coronavírus, trouxe mui-tas incertezas e temores para os profissionais da área que estão na linha de fren-te. Para auxiliar no enfrentamento realizado por estes profissionais, a SOBECC vem participando de múltiplas frentes de ação que visam auxiliar a elaboração de recomendações baseadas em guidelines nacionais e internacionais para que a atuação seja prestada com qualidade e segurança.

Dentre as iniciativas, temos participado constantemente de reuniões e discussões para atualizações com grupos de trabalho e frentes colaborativas como ANVISA, outras sociedades de classes, trocas de experiências entre instituições de saúde e pesquisadores que juntos possamos auxiliar às respostas de muitos questiona-mentos de todas as regiões do nosso país, em virtude da escassez de informações das boas práticas para segurança do paciente e do profissional da saúde.

Um grupo de profissionais de referência da prática e da academia foi formado com o intuito de realizar uma revisão sistemática de artigos produzidos em todo o mundo sobre o reprocessamento de EPI, para avaliarmos a possibilidade da realização desta prática com segurança. Elaboramos, também, as Recomen-dações relacionadas ao fluxo de atendimento para pacientes com suspeita ou infecção confirmada pelo Coronavírus em procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos, sendo que esta iniciativa já se encontra na sua 2ª edição.

Lives nos canais digitais foram realizadas com membros da diretoria e convi-dados especiais que compartilharam as experiências da prática nas instituições em que trabalham. Ocorreram também participações em outros debates com parceiros e entidades relacionados à área de bloco operatório para esclareci-mentos das boas práticas neste momento de pandemia.

Parcerias foram estabelecidas e estão proporcionado a realização de ações voluntárias, como o lançamento da campanha “Heroínas em Ação” com o ob-jetivo de captar doações de embalagens para esterilização em SMS e mão de obra para confecção de EPI, como luvas e aventais cirúrgicos. Paralelamente a esta campanha, estamos apoiando o Projeto Hígia, disponibilizando nossa sala de reuniões para montagem dos protetores faciais denominados Faceshields visando atender os profissionais em virtude da dificuldade no fornecimento destes produtos no nosso País. Também estamos apoiando o projeto + Ventila-dores de manutenção e calibração voluntárias de ventiladores pulmonares que se encontravam parados nas instituições de saúde e que estão sendo recupe-rados e devolvidos para uso. Este projeto é uma parceria com o IPT e a Escola Politécnica da USP. Também emprestamos a nossa autoclave para esterilização dos circuitos respiratórios.

Muito nos honra estar participando de todas estas ações, pois a RESPONSABI-LIDADE É DE TODOS NÓS e juntos somos mais fortes. Certamente, passaremos por esta crise VITORIOSOS E FORTALECIDOS, pois afinal #somostodossobecc.

Giovana Abrahão de Araújo MoriyaPresidente SOBECC

Giovana Abrahão de Araújo Moriya

Presidente SOBECC

Gestão 2019/2021

Certamente passaremos por

esta crise vitoriosos e fortalecidos.

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AGENDA

21º EDIÇÃO CONGRESSO MUNDIAL DE ESTERILIZAÇÃO WFHSS

Data: de 25 a 28 de novembro de 2020Local: Hong KongInformações: www.wfhss.com

12º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE ESTERILIZAÇÃO RELACIONADO À ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Início: de 12 a 14 de novembro de 2020Local: Evento OnlineInscrições pelo site: www.sobecc.org.br

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO E RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA

Início: 25 de agosto de 2020Local: Centro Universitário São Camilo - Campus

IpirangaInscrições: https://saocamilo-sp.br/pos_graduacao/

lato_sensu/enfermagem_centro_cirurgi-co_SaoPaulo/pblico-alvo

12º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR RELACIONADO À ASSISTÊNCIA À SAÚDE 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO

Data: de 30 de agosto a 03 de setembro de 2021Local: Palácio das Convenções do Anhembi - São PauloInformações: www.sobecc.org.br

GLOBAL SURGICAL CONFERENCE AORN & EXPO 2021

Data: de 7 a 11 de agosto de 2021Local: Orlando - Flórida - EUAInformações: www.aorn.org/surgicalexpo/

information-and-schedule

IAHCSMM ANNUAL CONFERENCE & EXPO

Data: de 02 a 05 de maio de 2021Local: Columbus Convention Center - Columbus - Ohio - EUAInformações: https://10times.com/iahcsmm-

annual-conferenceinformation-and-schedule

SOBECC com Você 5SOBECC com Você

Revista Científica SOBECC

Editorial: Área de recepção e limpeza do Centro de Material e Esterilização: manutenção do uso (ou não) de respirador particulado por trabalhadores após a Pandemia da COVID-19.

Pauta Revista (Abril / Junho 2020)

Artigos originais:• Taxa de suspensão cirúrgica: um indicador de qualidade da assistência;

• Segurança do paciente em centro cirúrgico: estratégias dos profissionais de enfermagem;

• Antissepsia alcoólica das mãos para procedimentos cirúrgicos: comparação da contagem microbiana em tempos diferentes;

• Avaliação da adequação no uso da paramentação cirúrgica;

• Avaliação das dimensões da sede no paciente cirúrgico ortopédico.

Relato de experiência:• Posicionamento cirúrgico em cirurgia robótica pediátrica: relato de experiência.

Artigos de revisão:• Processamento de produtos para saúde: avaliação de custos hospitalares;

• Ações de enfermagem podem prevenir deiscência em ferida operatória?

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Anuidade SOBECC: o que muda para 2020

AFILIADOS: profissionais que atuam nas áreas relacionadas à SOBECC e representantes comerciais das empresas da área de saúde.

ESTRANGEIROS: enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-fermagem de outros países que comprovem atuação nas áreas relacionas à SOBECC.

São associados da SOBECC os profissionais que realizarem a quitação do pagamento da anuidade do ano vigente.

20 20

ANUIDADE

CATEGORIA PROFISSIONAL (BRASILEIROS/ESTRANGEIROS)

2º LOTE VALORES

3º LOTE VALORES

01/05/2020 a

31/08/2020

01/09/2020 a

28/12/2020

Estudantes do curso técnico de enfermagem

R$ 160,00 R$ 170,00Auxiliares e técnico de enfermagem

Instrumentadores cirúrgicos

Estudantes de graduação em enfermagem

CATEGORIA PROFISSIONAL (BRASILEIROS/ESTRANGEIROS)

2º LOTE 3º LOTE

01/05/2020 a

31/08/2020

01/09/2020 a

28/12/2020

EnfermeirosR$ 280,00 R$ 300,00

Outros Profissionais Afiliados

SOBECC com Você6

Em 2020, a SOBECC convida todos os profissionais bra-sileiros ou estrangeiros que atuam em Bloco Operatório, que trabalham indiretamente na área e também estudantes a fazerem parte da Associação.

Confira a data de vencimento com menor valor de cada lote.

Venha fazer parte da SOBECC!

Aproveite todos os benefícios e parcele sua anuidade em até três vezes sem juros no cartão de credito!

Atenção Enfermeiros: 2021 é ano de prova para obtenção do título de Especialista e ser sócio da

SOBECC é um dos requisitos!

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SOBECC com Você 7

CAMPANHA

Criada em 2009 pela Organização Mundial da Saúde, e com adesão no Brasil por meio do Mi-nistério da Saúde, a campanha Cirurgia Seguras Salvam Vidas implantou o fluxo de timeout nos

centros cirúrgicos, que com base na metodologia dos três passos SIGN IN (Antes da indução anestésica), TIMEOUT (Antes da incisão na pele) e SIGN OUT (Ao término da ci-rurgia, antes do paciente sair da S.O.) tem o objetivo de garantir a segurança do paciente.

Considerando os 11 anos desde que o protocolo foi lançado, a SOBECC criou uma campanha em que avalia a evolução do checklist de segurança desde sua criação, para chamar a atenção dos profissionais da enfermagem que atuam no bloco operatório, reforçando a importância de inserir essa prática como fluxo rotineiro do atendimento cirúrgico ao paciente, que contribui para redução da ocorrência de inci-dentes e eventos que levem à mortalidade cirúrgica.

O objetivo é disseminar o conteúdo referente aos três pas-sos, alertando sobre como este protocolo pode contribuir e aumentar a segurança do paciente, além de compartilhar histórias de sucesso de profissionais pelo Brasil, que im-plantaram o time-out e com ele reduziram os indicadores de incidentes no processo cirúrgico.

SOBECC chama atenção para implantação do checklist de cirurgia segura, o timeoutEssa campanha será veiculada nos canais digitais da SOBECC e convidamos você a fazer parte deste movi-mento e acompanhar os conteúdos direcionados que iremos lançar.

Venha somar e compartilhar com a SOBECC!

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Recomendações relacionadas ao fluxo de atendimento para pacientes com suspeita ou infecção confirmada pelo Coronavírus em procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos

2a Edição

A Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC) com o objeti-vo de garantir a segurança e instrumentalizar os profissionais que atu-am na assistência de pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos, de urgência ou emergência, com infecção pelo novo coronavírus suspeita ou confirmada, recomendações, fundamentada nas evidências científicas disponíveis no momento:

1 Aldenir Fresca; Andrea Alfaya Acuña; Claudia Moraes; Elaine Aparecida Job Neves; Fernanda Torquato Bucione; Giovana Abrahão de Araújo Moriya; Juliana Rizzo Gnatta; Leandro Lopes Miranda; Lucia Helena Lourenço; Marcia Cristina de Oliveira Pereira; Marcia Hitomi Takeiti; Rafael Bianconi; Rejane F. Machado; Rita Catalina Aquino Caregnato; Simone Batista Neto; Sirlene Aparecida Negri Glasenapp; Vanessa de Brito Poveda; Wagner Aguiar Junior

INFORMATIVO COVID-19

Contextualização

Desde dezembro de 2019, a pneumonia causada pelo RNA do vírus denominado Coronavírus, pertencente à família Coronaviridae, tem causado preocupação mundial, sobretudo, aos sistemas de saúde. Esse novo espécime ainda não está bem descrito na literatura, no que tange ao padrão de morbimortalidade, infectividade e transmissibili-dade. A infecção pelo Coronavírus pode variar desde uma sintomatologia semelhante a um resfriado comum, até uma pneumonia viral severa ou ocorrência da síndrome do desconforto respiratório aguda, que pode ser potencial-mente fatal (Beeching et al., 2020).

As principais vias de transmissão são a respiratória, através da inalação de gotículas e aerossóis eliminados por meio da tosse ou espirros, bem como, pela aerossolização de substâncias corpóreas durante procedimentos que mane-jam as vias aéreas, como intubação, extubação, aspiração, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação não invasiva e broncoscopia (Chan et al., 2020; CDC, 2020a). Contudo, a transmissibilidade do vírus por meio de secreções cor-póreas ainda não está bem estabelecida. Há evidências da presença de carga viral na saliva, lágrimas, secreção ocular de pacientes com conjuntivite e em fezes (To et al., 2020; Xia et al., 2020; CDC, 2020b)1.

Até o momento, não há informações suficientes a respeito do período de incubação; no entanto, estima-se que a ma-

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INFORMATIVO COVID-19

nifestação dos primeiros sintomas ocorra, em média, entre quatro a sete dias após a contaminação (Li et al., 2020). Destaca-se que a transmissão é possível mesmo em indiví-duos que não apresentem sinais clínicos da infecção, pois estes podem apresentar uma carga viral semelhante à de indivíduos sintomáticos (Zou et al., 2020).

A presente publicação visa estabelecer Diretrizes sobre a prevenção e o controle da infecção por Coronavírus a serem adotadas pelas equipes que trabalham em Centro Cirúrgico, Centro de Material e Esterilização e Serviços de Endoscopia. As recomendações a seguir devem ser discu-tidas, alinhadas e implantadas em conjunto com o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Serviço de Hotelaria e Gerenciamento de Risco da Instituição e revisadas sempre que novas evidências surgirem.

Atendimento do paciente com suspeita ou infecção confirmada pelo Coronavírus

Proteção da equipe

1. Recomenda-se que os profissionais selecionados para atendimento a estes pacientes não apresen-tem características definidas como grupo de risco (diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares) (Fang et al., 2020).

2. Assegurar que os profissionais que participarão des-ses atendimentos tenham o treinamento adequado sobre as técnicas de precaução padrão, por contato e por aerossóis (Tao et al., 2020).

3. Não utilizar adornos (Brasil, 2005). São exemplos de adornos: alianças, anéis, pulseiras, relógio, colares, brincos, piercings expostos, toucas de tecido, cra-chás pendurados por cordão e outros.

4. Utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado (touca, avental impermeável ou capote, óculos ou protetor facial, respirador ou máscara N95, luvas que cubram o punho do avental, sapatos fechados e impermeáveis que permitam desinfec-ção). Higienizar as mãos antes e após colocar e retirar o EPI (CDC, 2020c). Atentar-se para o correto ajuste da máscara à face (COVED, 2020).

5. O uso prolongado de uma mesma máscara N95, isto é, evitando sua remoção, por um mesmo indi-víduo durante o turno (6h ou 8h) de trabalho, pode ser implementado no atendimento a pacientes infectados com o mesmo patógeno respiratório. A

reutilização (utilização por diversos turnos de traba-lho) da máscara N95 é desencorajada em casos de doenças transmissíveis, uma vez que o profissional ao tocar neste EPI, pode ocasionar a autocontami-nação (CDC, 2018).

6. Máscaras N95 devem ser descartadas após a utiliza-ção durante procedimentos que geram aerossoliza-ção (exemplo: intubação, extubação, aspiração, res-suscitação cardiopulmonar, ventilação não invasiva e broncoscopia) ou na presença de contaminação por sangue ou fluidos corpóreos (CDC, 2018). Deve ser planejado pela instituição um procedimento pa-dronizado para a limpeza e desinfecção dos óculos e/ou protetores faciais.

7. Após retirar o EPI, não tocar o rosto antes de higie-nizar as mãos (Peng et al., 2020).

8. Após a participação em procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos de pacientes com suspeita ou COVID-19 confirmada, considerar banho com troca da roupa (por uma nova roupa privativa ou as rou-pas pessoais ao final do plantão) (ACS, 2020a).

9. Aumentar a frequência da higienização de celulares e, preferencialmente, mantê-los em embalagens plásticas durante o plantão, atendendo-o, se neces-sário, envolvido pela embalagem plástica, que deve ser descartada ao final do plantão (ACS, 2020a).

Organização do atendimento

10. É recomendável realizar um plano de atendimen-tos para procedimentos não urgentes ou eletivos; sugerível adiá-los, sempre que possível, durante a pandemia (Tao et al., 2020).

11. No agendamento de procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos deve-se informar ao serviço se o pa-ciente é caso suspeito ou confirmado de infecção por Coronavírus (Tao et al., 2020).

12. São procedimentos considerados de alto risco para formação de aerossol: qualquer procedimento com abordagem de naso e orofaringe (incluindo intu-bação, extubação e ventilação), traqueia, pulmões (incluindo drenagem de tórax), trato digestório, laparoscopias, endoscopias e broncoscopias, além de utilização de eletrocautério (Forrester et al., 2020; ACS, 2020).

13. Durante a epidemia, utilizar a mesma sala cirúrgica e o mesmo aparelho de anestesia para todos os pacientes com COVID-19, com o intervalo entre cirurgias de, ao menos, uma hora (Ti et al., 2020).

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INFORMATIVO COVID-19

14. Em caso de procedimento cirúrgico, se possível, disponibilizar antessala com pressão negativa (abai-xo de -5Pa) funcionante durante os procedimentos de indução anestésica, intubação e extubação (Ti et al., 2020; Wax, Christian, 2020). Durante o proce-dimento cirúrgico, a sala poderá permanecer com pressão positiva, possuir filtro HEPA com filtração entre 6 e 25 vezes/hora (Ti et al., 2020; Wong et al., 2020; CDC, 2020d) ou pressão negativa (para reduzir a disseminação do vírus para além da SO) (Wong et al., 2020). Na indisponibilidade de antes-sala com pressão negativa, desligar o equipamento de ar condicionado da sala cirúrgica durante a reali-zação de procedimentos potencialmente geradores de aerossóis (pressão neutra) (Australian Society of Anaesthetists, 2020).

15. Sugere-se que procedimentos endoscópicos que envolvam vias aéreas sejam realizados em sala com pressão negativa.

Preparo da sala de procedimento

16. Higienizar as mãos imediatamente antes de iniciar o preparo da sala.

17. Consultar a engenharia clínica e/ou manutenção hospitalar a respeito de como alcançar a melhor configuração em sala cirúrgica com pressão nega-tiva (abaixo de -5Pa) ou pressão positiva (filtro HEPA com filtração entre 6 e 25 vezes/hora) (Tao et al., 2020, Wong et al., 2020; CDC, 2020d).

18. Seguir a montagem da sala conforme protocolo de precaução de contato e aerossóis.

19. Sinalizar a porta da sala quanto à precaução reco-mendada (Tao et al., 2020).

20. Disponibilizar, se possível, tubo para intubação com circuito fechado para aspiração de vias aéreas, a fim de evitar aerossolização do vírus (Peng et al., 2020).

21. Priorizar o uso de equipamentos/materiais descar-táveis e priorizar a organização de kits para acesso periférico e central, entre outros (Tao et al., 2020; Wong et al., 2020).

22. Somente equipamentos, mobiliários e medica-mentos necessários devem ser levados à sala de procedimentos para reduzir o número de itens que necessitarão ser limpos ou descartados.

23. Aparelhos de anestesia, monitores e computadores deverão ser protegidos com plástico descartável, a fim de reduzir a contaminação dos equipamen-

tos (Wong et al., 2020). Assegurar a utilização do filtro bacteriano/viral em três pontos do circuito de anestesia: entre o circuito respiratório e tubo traqueal com eficiência superior a 99,5% HMEF – trocador de calor e umidade; conectado ao ramo expiratório (não HMEF), próximo ao sistema absor-vedor de CO2 e conectado ao ramo inspiratório do sistema absorvedor de CO2 (não HMEF) (Peng et al., 2020; SBA, 2020).

24. Providenciar pinça de apreensão para oclusão do tubo orotraqueal, no caso da necessidade da troca de ventilador de paciente proveniente de unidades críti-cas para evitar a dispersão de aerossóis (Ti et al., 2020).

25. Recomenda-se a disponibilização de um profissional de apoio na área externa da sala para o atendimento, assegurando a adesão às técnicas de precaução.

Transporte do paciente cirúrgico

26. Profissionais que irão realizar o transporte do pa-ciente para o Centro Cirúrgico (CC) ou Serviço de Endoscopia (SE) ou vice-versa, devem utilizar EPI, conforme indicado no item 4 (COVED, 2020; Wax, Christian, 2020).

27. Colocar máscara cirúrgica no paciente para sua transferência entre setores (COVED, 2020; Wax, Christian, 2020; Coccolini et al., 2020).

28. A equipe do CC ou do SE deverá aguardar a chega-da do paciente usando todo o EPI recomendado no item 4 (COVED, 2020).

29. O paciente deve ser imediatamente transferido para a sala de procedimento, isto é, não deve permane-cer aguardando em área de recepção ou pré-ope-ratório (Coccolini et al., 2020).

Intraoperatório ou realização do Procedimento Endoscópico

30. Todos os profissionais que estiverem dentro da sala de procedimento deverão utilizar EPI, conforme recomendado no item 4.

31. O número de profissionais dentro da sala de pro-cedimento deverá ser limitado ao mínimo possível (Tao et al., 2020).

32. Não levar objetos pessoais para dentro da sala de procedimento (COVED, 2020; Wax, Christian, 2020).

33. Proceder o método de intubação com maior as-sertividade possível (preservar ao máximo as vias aéreas) (Peng et al., 2020). Anestesia regional deve ser preferida à geral e o paciente deve usar másca-

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INFORMATIVO COVID-19

2 Os cinco momentos para a higienização preconizados pela OMS são: antes do contato com o paciente, antes de realizar procedimentos limpos ou assépticos, após contato com sangue ou fluidos corpóreos, após contato com o paciente e após tocar superfícies próximas ao paciente.

ra cirúrgica durante todo o período (CDC, 2020e; Wong et al., 2020).

34. Manter portas fechadas durante o procedimento (COVED, 2020).

35. Realizar a higienização das mãos, conforme os cinco momentos preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS2)(Sax et al., 2007)

Pós-operatório ou Pós Procedimento Endoscópico Imediato

36. A recuperação do paciente pós-procedimento, de-verá ser realizada dentro da sala. O paciente deverá utilizar máscara cirúrgica e, caso haja necessidade de oxigênio suplementar, o cateter de oxigênio de-verá ficar sob a máscara.

37. Evitar suporte não-invasivo de vias aéreas com pressão positiva (exemplo: máscara de Venturi), pelo potencial favorecimento de aerossolização do vírus (Tao et al., 2020).

38. Quando o paciente estiver em condições de alta anestésica, deverá utilizar máscara cirúrgica para o transporte e o profissional que realizará o transporte deve utilizar EPI, conforme recomendado no item 4.

39. Antes de deixar a sala, os profissionais deverão re-tirar e descartar os EPI utilizados dentro da sala do procedimento.

40. Durante o procedimento, realizar a higienização das mãos, conforme os cinco momentos preconizados pela OMS (Sax et al., 2007).

Desmontagem e Limpeza da Sala de Procedimento

41. Iniciar o procedimento de limpeza da sala o mais precocemente possível, bem como das áreas em que o paciente com suspeita ou infecção por Co-ronavírus transitou (Coccolini et al., 2020). Realizar limpeza terminal minuciosa nos equipamentos e mobiliários da sala de procedimentos, utilizando EPI indicado para precaução de contato e aerossóis. São produtos recomendados para limpeza e desin-fecção aqueles a base de quaternário de amônia ou hipoclorito de sódio (CDC, 2020c).

42. Utilizar apenas insumos descartáveis (exemplo: lu-vas, toalhas de limpeza, etc) (Coccolini et al., 2020).

43. Higienizar as mãos imediatamente antes e após a colocação ou retirada do EPI com produto alcoóli-co ou água e sabão (CDC, 2020c).

44. Trocar todo o circuito, filtros, cal sodada e proce-der à desinfecção do aparelho de anestesia, bem como do canister de cal sodada, após cada cirurgia de paciente confirmado ou suspeita de COVID-19 (Peng et al., 2020).

45. Manusear todos os têxteis (lençóis, campos cirúrgi-cos) utilizando EPI e não os colocar em superfícies ou pisos, mas sim diretamente dentro do hamper (Coccolini et al., 2020)

46. Durante o processo de limpeza, manter a pressão negativa na antessala da Sala Cirúrgica ou na Sala de Procedimento.

47. Prever uma hora entre um procedimento e outro para a transferência do paciente, realização da limpeza e descontaminação de todas as superfí-cies, telas, teclado, cabos, monitores e aparelho de anestesia (Ti et al., 2020; COVED).

48. Atenção especial na retirada do EPI, pelo risco de contaminação do profissional.

49. Descartar todo o EPI no lixo infectante em saco vermelho, preferencialmente duplo (ABES, 2020).

50. Desprezar todos os itens descartáveis não utilizados que permaneceram na bandeja de medicamentos, carro de vias aéreas e dentro da sala durante o pro-cedimento, pois devem ser considerados contami-nados (Ti et al., 2020; Coccolini et al., 2020).

Processamento de produtos para saú-de utilizados no atendimento ao pa-ciente com suspeita ou infecção confir-mada pelo Coronavírus

Pré-limpeza

51. Acomodar materiais que tenham entrado em contato com vias aéreas ou com risco de contaminação pelo Coronavírus, em embalagem plástica fechada herme-ticamente, a fim de garantir o transporte seguro do material potencialmente contaminado (COVED, 2020).

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SOBECC com Você12

INFORMATIVO COVID-19

52. Realizar a higienização interna e externa da embala-gem de transporte, conforme protocolo institucional.

53. O profissional deverá utilizar EPI apropriado para minimizar o risco de contaminação (touca, avental impermeável ou capote, óculos ou protetor facial, respirador ou máscara N95, luvas que cubram o pu-nho do avental, sapatos fechados e impermeáveis que permitam desinfecção).

Limpeza

54. Recomenda-se que a área de recepção e limpeza disponha de pressão negativa, conforme preconi-zado em normativa (Brasil, 2012).

55. Na área de recepção e limpeza, os profissionais de Centro de Material e Esterilização devem utilizar os EPI recomendados em normativa (Brasil, 2012). Su-gere-se o uso da máscara N95 somente em casos de limpeza manual com potencial para aerossoliza-ção apenas para o profissional que está realizando esse procedimento, como, por exemplo, em caso de limpeza manual com o uso escovas (COVED; Wax, Christian, 2020).

56. Ressalta-se que o profissional deve atentar-se à se-quência de retirada correta do EPI e à higienização das mãos, uma vez que há risco de autocontaminação.

57. Evitar métodos de limpeza que causem aerossoli-zação de partículas, tais como Steamer e pistolas de ar comprimido.

58. Caso seja necessário realizar limpeza manual com escovas e artefatos, priorizar a fricção com o mate-rial submerso para evitar a disseminação de aeros-sóis no ambiente.

59. Sempre que possível, optar por métodos automa-tizados de limpeza (utilizar, preferencialmente, a termodesinfetadora para reduzir riscos a saúde dos profissionais no manuseio de materiais potencial-mente contaminados com Coronavírus).

60. A limpeza deverá ser realizada com rigor, a fim de garantir máxima redução de carga microbiana e assegurar um processamento seguro.

Desinfecção

61. Utilizar preferencialmente métodos automatizados de desinfecção de dispositivos que permitam o adequado monitoramento do processo.

62. A rotina e o uso de EPI devem seguir as orientações da instituição e da RDC 15 (Brasil, 2012).

Esterilização

63. Proceder os métodos usuais de esterilização de produtos para saúde considerados críticos.

64. A rotina e o uso de EPI devem seguir as orientações da instituição e da RDC 15 (Brasil, 2012).

Tratamento dos resíduos

O novo coronavírus pode ser enquadrado como agente biológico classe de risco 3, seguindo a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos, publicada em 2017 pelo Ministério da Saúde, sendo sua transmissão de alto risco individual e moderado risco para a comunidade. Portanto, todos os resíduos provenientes da assistência a pacientes suspeitos ou confirmados de infecção por esse espécime devem ser enquadrados na Grupo A (subgrupo A1), con-forme Resolução RDC/ANVISA n0 222, de 28 de março de 2018 (Brasil, 2018).

Os resíduos devem ser acondicionados em saco vermelho, preferencialmente duplo, para maior segurança (até o final da pandemia); devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade e fechados com lacre ou nó duplo (ABES, 2020). Os sacos devem estar contidos em recipien-tes de material lavável, resistente à punctura, ruptura, vaza-mento e tombamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados. Estes resíduos devem ser tratados antes da disposição final ambientalmente adequada (Brasil, 2018).

Referências

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Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Recomendações para a gestão de resíduos em situação de pandemia por Coronavírus (COVID-19), 2020. Disponível em: http://abes-dn.org.br/?p=33224.

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SOBECC com Você 13

INFORMATIVO COVID-19

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Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a norma regula-mentadora nº 32 (Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde) [Internet]. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília(DF); 2005 Nov 11 [cited 2020 Mar 17]. Available on: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR32.pdf.

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SOBECC com Você14

INFORMATIVO COVID-19

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Wax RS, Christian MD. Practical recommendations for critical care and anesthesiology teams caring for novel coronavirus (2019-nCoV) patients. Can J Anesth 2020; DOI: https://doi.org/10.1007/s12630-020-01591-x

Xia J, Tong J, Liu M, etal. Evaluation of coronavirus in tears and conjunctival secretions of patients with SARS-Co-V-2i nfection. J Med Virol. 2020 Feb 26 [Epub ahead of print] doi: 10.1002/jmv.25725.

Zou L, Ruan F, Huang M, et al. SARS-CoV-2 viral load in upper respiratory specimens of infected patients. N Engl J Med. 2020 Feb 19 [Epub ahead of print] DOI: 10.1056/NEJMc2001737.

Informações sobre os Autores:

Aldenir Fresca: Enfermeira Coordenadora do Centro de Endoscopia Leonardo da Vinci - CE.

Andrea Alfaya Acunã: Gerente de Enfermagem do Centro Cirúrgico e CME do Hospital Sírio Libanês-SP.

Claudia Moraes: Enfermeira Chefe dos Setores de Endos-copia, Radiologia e Métodos Gráficos do HU-USP.

Elaine Aparecida Job Neves: Enfermeira Coordenadora do Centro de Endoscopia do HAOC-SP.

Fernanda Torquato S. Bucione: Gerente de Enfermagem do Bloco Operatório do HAOC-SP.

Giovana Abrahão de Araújo Moriya: Presidente da SOBECC, Supervisora do Centro Cirúrgico do Sabará Hosp. Infantil-SP.

Juliana Rizzo Gnatta: PHD, Professora Contratada da Es-cola de Enfermagem da USP.

Leandro Lopes Miranda: Enfermeiro Sênior do CME do Hospital da Beneficência Portuguesa - SP.

Lucia Helena Lourenço: Enfermeira Especialista em Edu-cação Profissional na Colibri Consultoria -SP.

Marcia Cristina de Oliveira Pereira: Gerente de Enferma-gem do Bloco Operatório do Hosp. da Beneficência Por-tuguesa -SP.

Marcia Hitomi Takeiti: Enfermeira Chefe da SPECME do InCOR do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Regiane Faria Machado: Enfermeira Chefe do Centro Ci-rúrgico do Hospital Universitário da USP.

Rafael Bianconi: Enfermeiro Sênior do Centro Cirúrgico do Hospital Albert Einstein-SP.

Rita Catalina Aquino Caregnato: PHD, Professora Adjunta da UFCSPA.

Simone Batista Neto: Enfermeira Coordenadora Técnica da SOBECC.

Sirlene Aparecida Negri Glasenapp: Enfermeira Gerente Comercial da SOBECC.

Vanessa de Brito Poveda: PHD, Professora Associada da Escola de Enfermagem da USP.

Wagner Aguiar Junior: Enfermeiro Assistencial do Hospital Universitário da USP.

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GIRO DE NOTÍCIAS

Equipe de voluntários para a montagem das máscaras “Faceshields”

Rede do bem SOBECCCom o sancionamento da RDC nº 356, que dispõe sobre os requisitos temporários para fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI), foi lançada a Campanha “Heroínas em Ação” pela presidente da SOBECC Giovana Moriya e a Enfermeira Renata Pietro, presidente do Coren-SP nos canais digitais, com o objetivo de solicitar a ajuda de parceiros para doações de embalagens. Con-tamos com colaboração das empresas CNPH, VENKURI E HARTMANN. Diversos hospitais se uniram e se empenharam nas doações: Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Sírio Libanês, Hospital do Servidor Público Municipal, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital Vila Nova Star. Não po-

demos deixar de mencionar a Enfermeira Lia Gerônimo, que também realizou doação importante para confecção das máscaras. Todos unidos na rede do bem, contamos com atuação de costureiras voluntárias para confecção de máscaras, como a família de Maria Elizabeth Jorgetti e Claudia Martins Stival, ateliês de costura; Enf. Andréa Cou-to e Escola de Samba da Vila Maria.

Com esta ação, mais de 100 mil máscaras cirúrgicas foram doadas e instituições beneficiadas pela rede do bem. Além disso, a SOBECC prestou Consultoria técnica para fabrica-ção das máscaras cirúrgicas para as seguintes instituições: Secretaria da Saúde Municipal de SP; Hospital Adventista em Belém do Pará; Hospital do Idoso no Paraná; Hospital de Umuarama e Santa Casa do Bom Despacho.

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SOBECC com Você16

Família de Cláudia Martins Stival unidos na confecção de máscaras cirúrgicas.

GIRO DE NOTÍCIAS

Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) durante entrevista com a CNN.

Professor e aluno da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está trabalhan-do junto à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) para o recebimento de respiradores pulmonares que estão passando pelo trabalho de manutenção e cali-bração. Toda a estrutura necessária para a manutenção e calibração dos equipamentos no IPT foi montada por meio de doações e empréstimos de entidades. O Fundo Patri-

monial Amigos da Poli, associação que visa captar doações e aplicar os recursos oriundos desta captação em projetos da Poli-USP, investiu R$ 50 mil. A SOBECC viabilizou a es-terilização dos circuitos respiratórios dos ventiladores pul-monares pelo o empréstimo de uma autoclave de bancada de 54L (Vitale Class Cristófoli).

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SOBECC com Você 17

Sala de reunião SOBECC transformada em linha de produção para a montagem das máscaras Faceshields pelo grupo de voluntários.

GIRO DE NOTÍCIAS

Embalando as máscaras cirúrgicas confeccionadas.Família de Maria Elizabeth Jorgetti na produção de máscaras curúrgicas.

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SOBECC com Você18

GIRO DE NOTÍCIAS

Embalagem SMS cirúrgico na produção de máscaras de proteçãoO Centro Cirúrgico do Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns procurou identificar maneiras de utilizar as mantas de SMS (Spunbond – Meltblown – Spunbond) de gramatura 40g/m2, para a produção de máscaras de proteção, man-tas provindas do CME, sobressalentes à utilização do setor. Essas mantas são também conhecidas como TNT (Tecido – Não – Tecido) e manta de polipropileno.

Em parceria com a SOBECC, foi identificada a possibilida-de de utilizar as mantas SMS em saldo do CME, como já feita em um projeto social desenvolvido pela Associação (projeto Heroínas em Ação), as máscaras são confeccio-nadas com a embalagem SMS cirúrgico e de acordo com a RESOLUÇÃO - RDC Nº 356/379, de 23 de março de 2020.

Com o objetivo definido pela equipe do Centro Cirúrgi-co, em conformidade com os documentos aqui citados e instruções detalhadas que assegurem o uso das máscaras com o material já relatado, iniciou-se a produção.

[VOCÊ ESTÁ RECEBENDO UMA MÁSCARA DESCARTÁVEL DE PROTEÇÃO]

As mantas de SMS foram destinadas a

essa produção pelo Centro Cirúrgico.

Nos momentos em que o período da

tarde não tinha cirurgias de Urgência/

Emergência e o Time Resposta Rápida

não estava em atendimento, as cola-

boradoras se doaram completamente

ao projeto, visando a contribuição

junto à instituição. As colaboradoras

dedicaram tempo para criar, com suas

habilidades de corte, costura e dobrar

as máscaras. Elas doaram linhas e mui-

ta boa vontade. Buscaram até mesmo

o clipe nasal constituído de um mate-

rial articulável, para que a confecção

não fosse fora dos padrões estipulados

em normas.

Máscaras SMS do Hospital do Idoso Zilda Arns prontas para distribuição com folder explicativo da matéria prima utilizada na confecção.

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SOBECC com Você 19

GIRO DE NOTÍCIAS

Curiosidade:

A embalagem de SMS (Spunbonded – Mel-tblown – Spunboded) é composta por três camadas. É uma embalagem descartável de estrutura plana, flexível e porosa, constituída de manta de fibras e filamentos, dispostos di-recionalmente ou ao acaso, consolidados por processos mecânicos, químicos, térmicos ou por uma combinação deles. O Spunbonded confere a resistência mecânica, enquanto o Meltblown confere a barreira microbiana. É uma eficaz barreira microbiana e repelente a líquidos (SOBECC; 2013).

Equipe de enfermeiras do CME do Hospital do Idoso Zilda Arns durante a confecção das máscaras SMS.

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SOBECC com Você20

O Bloco cirúrgico e a COVID-19: o que mudou?Especialistas de seis Estados explicam as profun-das alterações que a pandemia impôs ao cotidiano dos Profissionais de Enfermagem.

ESPECIAL

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SOBECC com Você 21

ESPECIAL

Fim de 2019. Um RNA vírus pertencente à família Coronaviridae acomete indivíduos com uma grave pneumonia batizada pela comunidade interna-cional de Coronavírus Disease 2019 (COVID-19). Com transmissibilidade, infectividade e morbimortabilidade ainda não bem descritos, a infecção

passa a apresentar desde a sintomatologia semelhante a um resfriado comum, até a de uma severa pneumonia viral. Nações da Ásia, Europa e, em seguida, América começam a registrar casos. Por apresentar transmissão pelas vias res-piratórias por meio de inalação de gotículas e aerossóis eliminados na tosse ou em espirros, a doença se espalha de maneira rápida e fugaz. Os sistemas de saúde começam a se sobrecarregar. Aeroportos são fechados e apenas servi-ços essenciais são permitidos. Iniciam-se o isolamento social e as práticas de home-office.

A SOBECC com Você entrevistou Enfermeiros que estão na linha de frente no combate ao COVID-19 nos Estados de Manaus (AM) e Belém (PA), Goiânia (GO), São Paulo (SP), Juiz de Fora (MG), Porto Alegre (RS), para entender quais foram as primeiras medidas e o que mudou no trabalho dos Profissionais de Enfermagem no bloco operatório.

A chegada da Covid-19

“A chegada da pandemia trouxe bastante preocupação, pois não tínhamos co-nhecimento, naquele momento, de como estava ocorrendo a disseminação em nosso Estado e na nossa cidade”, conta a Luciana Lima, de Porto Alegre (RS), Enfermeira atuante no Hospital das Clínicas. Luciana detalha que as reuniões preparatórias para a pandemia ocorrem desde janeiro, segundo ordens da di-retoria do Hospital. “Foi instituído um grupo de trabalho multiprofissional para definir as medidas e elaborar um plano de contingência”. Segundo a Enfermeira, o primeiro paciente confirmado com COVID-19 no Rio Grande do Sul foi em 09 de março e, no dia seguinte, o primeiro caso em Porto Alegre. A primeira internação ocorreu no dia 16 de março.

Luciana Lima ainda reforça que as primeiras sensações que todos tiveram foram de medo da contaminação e incerteza quanto ao futuro. “Mudanças na rotina diária no domicílio e no trabalho, além da restrição de circulação imposta pelo isolamento social geraram muitas angústias. É sempre necessário planejar”, ressalta, deixando claro que – com o passar dos dias – tem notado uma crescente calmaria, devido aos estudos sobre contaminação e a fisiopatologia da doença.

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SOBECC com Você22

ESPECIAL

A Enfermeira Aline Rodrigues Queiroz Pinheiros, atua no Hospital das Clínicas de Goiás (GO) e conta que com o surgimento dos primeiros casos de COVID-19 no Estado, o HC, por ser referência de assistência de serviços de saú-de de alta complexidade, preocupou-se em reestruturar seu atendimento para o enfrentamento do Coronavírus. “A pandemia se revelou como uma emergência de saúde pública levando todos a buscarem medidas protetivas e condutas voltadas para o atendimento aos casos suspeitos e confirmados da doença”, explica a Enfermeira.

Aline Queiroz também destaca a preocupação inicial: “Por se tratar de uma doença com alta transmissibilidade e rápida expansão por diversos países, a preocupação foi inevitável”.

Em Manaus (AM), havia um certo preparo, de acordo com a Enfermeira Renata Pinho de Souza, Coordenadora do Centro Cirúrgico do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto. Segundo ela, havia uma estrutura organizada e preparada para, pelo menos, no início. “Quando come-çaram os casos de COVID-19 no hospital, tínhamos base para iniciar o enfrentamento. Somos o maior pronto-so-corro da Região Norte, com seis salas no bloco cirúrgico e uma sala de recuperação anestésica com sete leitos”, explica, detalhando que, mesmo com a capacidade de dar suporte para nove especialidades diferentes, o hos-pital não estava preparado para o crescimento tão rápido no número de casos.

Francismeire Moreira Siqueira, Enfermeira Perioperatória e gerente do setor no Hospital Universitário da Universi-dade Federal de Juiz de Fora (MG), explica que, por fazer parte de um hospital escola, foi necessária avaliação de uma realidade instalada no mundo, ainda sem publicações disponíveis, para realizar a programação cirúrgica. “Inicia-mos com uma pergunta bem simples: e se um paciente com COVID-19 precisar de cirurgia, como devemos atuar? Todos entraram em um estado de tensão, houve grande desgaste emocional da equipe”, conta.

A Enfermeira Eliane da Costa Lobato da Silva, de Belém (PA), conta sua experiência com a chegada da pandemia: “Não estávamos totalmente preparados. Tivemos que ade-quar os EPI’s, fluxos de marcação de cirurgia e protocolo de limpeza”, comenta, esclarecendo que as primeiras im-pressões que notou no Centro Cirúrgico foram os medos dos profissionais de contraírem a doença, do afastamento e da sobrecarga de trabalho.

Izabel Kazue Damas Crisol Iamaguti, Coordenadora de Enfermagem Centro Cirúrgico e Centro de Material e Esterilização do Hospital Municipal Vila Santa Catarina,

Administrado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasi-leira Albert Einstein – São Paulo, observa que a pandemia veio para nos mostrar e nos ensinar o real significado do conceito “antifrágil”, no qual aprender e crescer diante de um cenário desafiador é vital e necessário.

Izabel também lista os principais desafios na estrutura hospitalar, em especial no bloco operatório, com o surgi-mento dos primeiros casos da COVID-19 ainda na China:

• Busca constante de conhecimento para possibilitar a realização das melhores práticas baseadas em evidências científicas;

• Organização de maneiras efetivas de comunicação – surgimento do “novo normal”, no qual a telecon-ferência se tornou fundamental para o alinhamento dinâmico de informações de maneira segura;

• Treinamento e acolhimento da equipe multidisci-plinar relacionados à segurança ocupacional e ao atendimento do paciente;

• Estratégias para garantir a segurança psicológica e performance da equipe;

• Delineamento de fluxos, protocolos e rotinas assis-tenciais específicas para o atendimento de casos de COVID-19;

• Garantia de fluxos seguros e independentes para pacientes livres da COVID-19;

• Transformação de parte da estrutura cirúrgica em leitos de UTI;

• Organização de recursos humanos, materiais, fluxos e processos de maneira dinâmica para a segurança da assistência prestada.

Abordagens

Conscientes do problema, todo o ecossistema dedicado à saúde passou a perseguir soluções viáveis. Cada hospital dedicou-se a uma abordagem específica, mas sempre com foco na absorção do crescente número de pacientes que chegavam dia após dia.

O Hospital das Clínicas de Goiás (GO), nos conta Aline Queiroz, rapidamente passou por um processo de reestru-turação que contemplava: suspensão de algumas atividades de ensino e pesquisa, mudança de atividades assistenciais, suspensão de consultas eletivas (exceto especialidades como cardiologia, oncologia e pré-natais). “Quanto às ativi-dades do Centro Cirúrgico, tivemos a suspensão de todas as

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SOBECC com Você 23

ESPECIAL

cirurgias eletivas. Mantivemos as de urgência e emergência, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, com o intuito de minimizar a exposição a risco dos pacien-tes”, diz Aline, salientando que houve mudanças nos fluxos de atendimento dentro do hospital e o estabelecimento de diretrizes para o enfrentamento da pandemia. Investiu-se em treinamentos e capacitação de todos os colaboradores, desde equipes médicas, de Enfermagem e até de serviço de higienização. “Especificamente no bloco cirúrgico, criamos o Procedimento Operacional Padrão (POP) de Assistência a Pacientes com Suspeita ou Infecção Confirmada pela CO-VID-19, com objetivo de padronizar os procedimentos de cuidados, prevenção e controle”, diz Aline.

No POP criado, foram abordados temas como precauções e EPI recomendados; Orientações gerais quanto à orga-nização do atendimento; Preparo, desmontagem e lim-peza da sala cirúrgica; Transporte do paciente; Cuidados no intraoperatório; Cuidados com exames laboratoriais e anatomopatológicos, além de Cuidados na paramentação e desparamentação.

“Criamos checklists de paramentação e de insumos instru-mentais. Além do POP, a equipe de Enfermagem, os residen-tes, médicos e, em especial, os anestesiologistas, estão pas-sando por um intensivo e constante treinamento”, concluiu.

Em Porto Alegre (RS), a abordagem inicial do Hospital das Clínicas foi bastante significativa na rotina dos pacientes, familiares e profissionais. Luciana Lima conta que foram restringidas as visitas e o número de acompanhantes dos pacientes; o tempo para realização de rounds foi reduzido; houve fechamento de áreas de recreação para pacientes; o refeitório foi reorganizado respeitando o distanciamen-to; restringiu-se o número de passageiros nos elevadores e foram adotadas jornadas de trabalho remotas para profis-sionais de áreas não essenciais, entre outras medidas. “Fo-ram aplicadas, também, medidas em relação ao plano de contingência, conforme o número de pacientes internados confirmados com COVID-19. Todas as medidas estão de acordo com as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde”, diz Luciana.

No caso de Juiz de Fora (MG), a Enfermeira Francismeire conta que a solicitação para EPI foi instantânea. “Também foram desenvolvidos POP; Optamos por suspender cirur-gias eletivas – o que causou enorme prejuízo ao ensino, frustração aos estudantes por sermos um hospital escola – e também acabamos aumentando a fila de espera cirúrgica do SUS”.

Francismeire explica que a cirurgia eletiva foi revista sobre vários aspectos, tais como em relação aos riscos de com-plicações aos pacientes, aos riscos que os profissionais se

exporiam e aos recursos disponíveis no HU. “Priorizamos as cirurgias de urgência e emergência, no intuito de não ocupar leitos que poderiam ser necessários aos pacientes com infecção respiratória”, detalha.

Já no caso de Belém, Eliane relata que foi essencial realizar capacitações diárias com simulações para sensibilizar a importância da prevenção.

Resultados

Enquanto a curva de contágio e óbitos ainda não atingiu o seu pico nacionalmente, as regiões têm diferentes re-sultados. Até o final desta reportagem, o estado do Ama-zonas encontrava-se na 4ª posição no ranking de casos confirmados, com 33.508 infectados e 6ª posição em número de mortes, com 1.891 óbitos. O Rio Grande do Sul, com seus pouco mais de 7 mil infectados e 209 mortos ocupa, respectivamente, a 14ª e 16ª posições. Já o Estado de Goiás está em 22º lugar em ambos os quesitos. Para Luciana Lima, a posição do Rio Grande do Sul até pode-ria ser considerada um pouco mais confortável devido às medidas de distanciamento e isolamento social. Já para Aline Queiroz, os resultados do hospital onde trabalha, especificamente, têm sido muito positivos e animadores até o momento. Houve grande adesão ao POP e ao trei-namento por todas as áreas essenciais. “Tenho percebido maior segurança por parte dos colaboradores e isso reflete na qualidade da assistência a pacientes dentro do Centro Cirúrgico”, diz Aline.

Os resultados positivos, para Francismeire Siqueira, foram extremamente gratificantes devido ao preparo e ao plane-jamento, no Hospital Universitário. “Quando programáva-mos as cirurgias dos pacientes suspeitos ou confirmados, as ações foram sistematizadas, sincronizadas e acontece-ram conforme havia sido estabelecido, desde o transporte do paciente ao Bloco Cirúrgico – que demanda exclu-sividade de trânsito – ao seu retorno para a unidade de origem”, explica, detalhando o desempenho do Hospital Universitário de Juiz de Fora (MG).

Mudanças

Muita coisa mudará mundialmente na Enfermagem a par-tir da COVID-19. As rotinas foram revistas, foram criados protocolos e fluxos de atendimento que passaram a ser aplicados de maneira ainda mais rigorosa para oferecer qualidade e segurança assistencial e para os profissionais. Luciana Lima acredita que a maior herança desta pande-mia será a valorização dos profissionais de saúde, princi-palmente os de Enfermagem que se encontram na linha

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SOBECC com Você24

ESPECIAL

de frente no atendimento aos pacientes. ”A OMS definiu 2020 como o Ano da Enfermagem e a Campanha Nursing Now convoca a comunidade profissional e a sociedade para agregar ainda mais valor à nossa profissão”. Luciana Lima, lembra que a Enfermagem está sendo a protagonista no cuidado e, diante da pandemia, há uma grande oportu-nidade de empoderamento dos profissionais.

“É essencial que todos os Profissionais de Enfermagem mantenham a Fé e a Esperança, pois venceremos esta batalha! Mantenham-se conectados àquilo em que acre-ditam e façam o seu melhor! Permitam-se às emoções, compartilhem seus anseios e busquem fazer coisas que tragam prazer e conforto”, aconselha a Enfermeira por-to-alegrense. Luciana deixa claro que é importante valo-rizar cada ação e também o ato de cuidar, seja ouvindo as queixas dos pacientes, seja administrando a medicação, realizando banho de leito, instrumentando uma cirurgia ou realizando a documentação da assistência. “Advogue pelo paciente, por você e por todos que ama. Proteja-se e proteja a todos!”, conclui.

Aline Queiroz reforça que o grande marco para a Enferma-gem será a mudança cultural e comportamental diante da conscientização da necessidade de higiene, paramentação correta e higienização das mãos. “Sempre procuro reforçar com a minha equipe, pois é nítido o quanto eles têm se preocupado com a autoproteção. Essa deveria ser uma preocupação inerente à nossa profissão, mas, infelizmen-te, às vezes é subestimada ou até negligenciada”. Por isso, Aline é enfática ao aconselhar: “Protejam-se para que pos-sam cuidar! Precisamos primeiro garantir a integridade da nossa saúde e, então, estarmos prontos para garantirmos a saúde do próximo!”. A Enfermeira salienta que não há que temer quando as medidas de precaução estão sendo cumpridas, pois atrás de cada um destes super-heróis há mães, pais, filhos, esposas, em suma, há o amor de alguém à espera do retorno.

Eliane Lobato, de Belém do Pará (PA), afirma que as mu-danças ocorrerão nos relacionamentos interprofissionais que ficarão mais intensos e fortalecidos. “Os profissionais irão buscar mais conhecimento, cursos e outras modalida-des de especializações”, argumenta.

Empoderamento e capacidades

Luciana Lima reflete que a pandemia está proporcio-nando ganho de conhecimento, troca de experiências e muitas reflexões sobre a Enfermagem e a vida. “Es-

tamos reinventando o nosso modo de fazer e agir, com auxílio da tecnologia, abrindo, assim, espaço para novas frentes de atuação. Está sendo escrito um novo capítulo na história da humanidade, de onde sairemos mais qualificados, evoluídos, maiores e melhores”, ava-lia. Aline Queiroz também concorda que o Profissional de Enfermagem está se fortalecendo ante à mudança comportamental global e que essa é mais uma grande oportunidade para mostrar à comunidade a importância da assistência prestada pelos Enfermeiros.

Francismeire Siqueira é afirmativa ao dizer que resultados como a completa ausência da disseminação da COVID-19 entre os profissionais participantes do perioperatório do Hospital Universitário é fruto de uma equipe de Enferma-gem perioperatória atuante dentro do contexto do Bloco Cirúrgico, com membros imprescindíveis em um time multidisciplinar. Para ela, o empoderamento e o potencial da Enfermagem Perioperatória ficam evidenciados em si-tuações críticas como esta.

Todas concordam que a paramentação e a desparamen-tação para atendimento de pacientes com suspeita e confirmação de COVID-19 é uma capacitação imprescin-dível no bloco cirúrgico. Por isso, profissionais de todo o País – Enfermeiros, Médicos Residentes e Médicos Contratados – estão sendo treinados nesta e em outras competências essenciais.

O novo normal

O que Luciana, Aline, Renata, Eliane, Isabel e Francismei-re vivenciaram e vivenciam é um novo mundo, completa-mente mais transformado, mais unido. A partir de agora, o mundo se encontra unificado, pronto para novos desafios e mais atento a detalhes que, antes, passavam desaperce-bidos. Nunca na história, o profissional de Enfermagem foi tão valorizado quanto nesse bicentenário do nascimento de Florence Nightingale.

A Enfermeira Luciana lembra de um paciente na sala de recuperação pós-anestésica que chegou chorando muito. “Perguntei a ele se sentia dor. Ele me olhou e disse, emo-cionado, que chorava de felicidade, que estava satisfeito com nossa atenção e julgava nosso trabalho muito impor-tante. Ele frisou que eu era uma heroína. Respondi a ele que todos, inclusive ele, somos heróis”, conta satisfeita.

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Enfa. Erica Chagas, detalha a velocidade com que o órgão respondeu à pandemia.

Coren-SP na luta contra a COVID-19

A batalha contra o Coronavírus está ocorrendo neste momento, em cada hospital, cada leito e cada centro cirúrgico. Erica Chagas, conselheira do Coren-SP (2018/2020), detalhou com, exclu-

sividade, os esforços do órgão no combate à pandemia.

SOBECC com Você: Como o Coren-SP recebeu o início da pandemia? Estávamos preparados?

Erica Chagas: O início da pandemia nos deixou em alerta para entender qual seria o real cenário no Esta-do de São Paulo e com o poderíamos trabalhar pelos nossos profissionais, considerando as decisões dos governantes. Prontamente, foi instituído um Comitê de Crise dentro do Conselho para deliberar sobre as ativi-dades finalísticas e sobre o interesse dos Profissionais de Enfermagem.

SOBECC com Você: Quais foram as primeiras im-pressões?

Erica Chagas: As primeiras impressões foram que os Pro-fissionais de Enfermagem estavam buscando por orien-tações e direcionamentos de como atuar nesse cenário. Assim como todos da sociedade, tínhamos muita dúvida sobre o comportamento do vírus e qual o real risco que corríamos em nossa atuação diária. Para prontamente atender a essa demanda, alinhamos os nossos canais de comunicação para sanar as dúvidas dos profissionais, com uma página só com assuntos e materiais oficiais sobre a COVID-19, maratona via Youtube com assuntos de apri-moramento profissional a respeito da pandemia por meio do “Coren-SP sem fronteiras” e outras medidas.

SOBECC com Você: Conte-nos quais foram as abordagens e atitudes à medida em que as semanas se passavam e o problema se agravava.

Erica Chagas: As ações do Coren-SP se mantiveram no decorrer da pandemia. Claro que a situação de todo o sis-tema de saúde mudou drástica e rapidamente, mas todo o

Enfa. Erica Chagas durante apresentação em evento do Coren-SP

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA

trabalho do Coren-SP foi planejado para acompanhar as demandas dos profissionais. As inspeções de fiscalização continuam sendo realizadas em todo o Estado, bem como estão disponíveis todos os canais do Conselho para conta-to e recebimento de denúncias.

SOBECC com Você: Fale-nos mais a respeito das de-núncias e inspeções de fiscalização. O que ocorreu?

Erica Chagas: De 1º de março até 30 de abril, foram rece-bidas mais de 1.500 denúncias, sendo cerca de 900 delas sobre a falta de EPI. As inspeções de fiscalização e as de-núncias foram o mote do lançamento de uma sondagem realizada em abril com a enfermagem de todo o Estado, da qual participaram mais de 5 mil profissionais. Dentre esses dados, constatou-se que mais da metade dos participantes não contavam com EPI em seus locais de trabalho. A fiscalização atua para notificar as instituições a corrigir essa situação, bem como o quantitativo inadequado de profissionais nas unidades de saúde. Todas as denúncias são averiguadas, com possi-bilidade de notificação às instituições para adequação e encaminhamento ao Minis-tério Público do Trabalho.

SOBECC com Você: Tudo é novidade no tema. Como o Coren-SP se pron-tificou para atender à crescente ne-cessidade de informação?

Erica Chagas: O Coren-SP lançou um chat, disponível na página inicial de seu site (www.coren-sp.gov.br), de aten-dimento exclusivo para dúvidas sobre a COVID-19. Essa ferramenta é conduzida por fiscais do conselho e, em pouco mais de um mês, já realizou mais de 10 mil atendimentos.

SOBECC com Você: E em relação aos EPI, como está atuando o Coren-SP?

Erica Chagas: Em relação aos EPI, o Coren-SP, a partir de um envio do Conselho Federal de Enfermagem (CO-FEn), vem realizando a distribuição gratuita de máscaras N95 para os Profissionais de Enfermagem de instituições públicas, com atendimento referenciado de COVID-19, focando em UTI e Pronto Socorro. A fiscalização realiza a inspeção e a conferência e, se constatada a falta de EPI, os fiscais fazem a entrega.

SOBECC com Você: Como o Coren-SP vem atuan-do com órgãos públicos no combate à COVID-19?

Erica Chagas: Apresentamos demandas à Assembleia Le-gislativa do Estado de São Paulo (ALESP). A deputada Analice Fernandes (PSDB), que é Enfermeira, propôs quatro emen-das ao Projeto de Lei 174/2020, que autoriza a transferência à Conta Única do Tesouro Estadual de saldos positivos de fundos especiais de despesa, no enfrentamento à pandemia da COVID-19. Dentre as emendas, estão: a possibilidade de compra de insumos que melhorem a segurança das instalações de saúde; a aquisição de EPI hospitalares, para servidores públicos do Estado que atuem diretamente nas ações de combate à pandemia; a contratação, por tempo determinado, de profissionais que sejam necessários ao combate à COVID-19 e as transferências voluntárias de re-cursos aos municípios e entidades filantrópicas do Estado, para utilização no combate à pandemia.

SOBECC com Você: Como o Profis-sional de Enfermagem pode sair for-talecido desta pandemia?

Erica Chagas: A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu 2020 como o Ano da Enfermagem, de maneira a favorecer e enaltecer a profissão, que encabeça a linha de frente dos cuidados na assistência. Dentro dessa iniciativa, surge a campanha Nursing Now, que tem como embaixadora Kate Middleton, a Duquesa de Cambridge. É curioso que neste momento de pandemia a Enfer-magem seja realmente reconhecida mundialmente pelo seu trabalho e sua relevância. Então, as mudanças para a profissão devem vir, na verdade, com a

percepção da sociedade. É gratificante sermos aplaudidos nas janelas, recebermos a solidariedade de celebridades, mas é mais importante, ainda, que a população mantenha esse olhar atento e acolhedor sobre a profissão, também após a pandemia.

SOBECC com Você: Como o Coren-SP pode, no dia a dia, apoiar o Profissional de Enfermagem no to-cante à pandemia?

Erica Chagas: O profissional pode contar com o Coren-SP nas ações que favoreçam sua segurança, o aprimoramento de seus conhecimentos, o incentivo à saúde mental, o com-bate à violência, a luta por todas as conquistas que comenta-mos aqui. É essencial que o Profissional de Enfermagem veja o Coren-SP como um parceiro que caminha lado a lado, pois o Conselho também é gerido pela própria enfermagem. Ou seja, é a enfermagem cuidando da enfermagem.

Cada uma dessas pessoas tem família,

tem uma história, tem uma vida que

está sendo posta num turbilhão. Somos

seres humanos, não super-heróis

Erica Chagas

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ENTREVISTA

Formada pela Faculdade de Medicina do ABC em 2002, é Especialista em Cuidados Críticos e Gerontologia Sanitária. Mestre em Ensino em Ciências da Saúde. Docente do Centro Universitário de Saúde do ABC, onde atua na graduação, pós-graduação e residência multiprofissional. Antes da docência, atuou na Terapia Intensiva e na Emergência. Em paralelo, é Personal e Profissional Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching e MBA Gestão de Negócios pela USP. É Conselheira do Coren-SP (2018/2020), responsável pela criação e coordenação dos projetos “Cuidando de Quem Cuida”, “Coren-SP Sem Fronteiras” e pela implantação do programa de compliance no Conselho.

Enfa. Erica Chagas Araujo

SOBECC com Você: E, por outro lado, o que o Pro-fissional de Enfermagem pode fazer, neste momento, para apoiar o Coren-SP?

Erica Chagas: Nessa gestão buscamos muito a aproxi-mação com os Profissionais de Enfermagem, por acreditar que o Conselho somos todos nós. Apoiar o Conselho seria usufruir de tudo que mobilizamos pelo profissional: benefícios, programas de acolhimento e aprimoramento e a celeridade no atendimento pelos dos meios digitais. É essencial que o Profissional de Enfermagem se sinta próximo o suficiente para trazer até nós suas dificuldades, para que possamos buscar meios legítimos de atender e de fortalecer nossa profissão.

SOBECC com Você: Que conselhos você daria aos Profissionais de Enfermagem que estão na linha de frente desta luta?

Erica Chagas: Que busquem informações científicas para que possam trabalhar com segurança e qualidade e, princi-palmente, que não esqueçam de cuidar de si mesmos. Não só no cuidado do corpo, mas principalmente da mente.

SOBECC com Você: O que está sendo mais tocante e emocionante nesta batalha?

Erica Chagas: Enquanto todos se resguardam de um vírus, somos nós os profissionais que temos de ir em sua direção. Deixamos família, filhos, atividades paralelas. Testemunhamos o sofrimento de famílias que não podem acompanhar e nem se despedir dos seus. Cuidamos dos próprios colegas que adoecem e, finalmente, vivenciamos um reconhecimento da sociedade que antes não existia. Tudo isso se torna emocionante à flor da pele.

SOBECC com Você: Que outras ações relevantes podemos citar como essenciais nesse momento?

Erica Chagas: O Coren-SP conta também com o projeto “Cuidando de Quem Cuida”, que traz uma programação que possibilita o autoconhecimento, exercícios que auxiliam no controle do estresse e ansiedade, ferramentas de coaching, atividades com as práticas integrativas e outros. Nesse pe-ríodo da pandemia, conseguimos uma parceria com o pro-grama “Respira Vida Breathworks Brasil”, que oferece gratui-tamente 30 minutos de práticas meditativas com instrutores de mindfulness. Nesse momento em que a enfermagem se encontra num cenário tão estressante, isso vem como uma ferramenta de auxílio para a nossa saúde mental.

Temos observado um aumento significativo na demanda pela contratação de profissionais de enfermagem devido à pandemia. Atendendo à quarentena decretada no Estado, o Coren-SP deixou seus serviços de inscrição totalmen-

te online e, em apenas uma semana após essa iniciativa, havíamos emitido mais de 7 mil inscrições. Portanto, é um momento de reconhecimento e de busca por esses profissionais, mas é imprescindível que todos contem com as condições adequadas para realizar seu trabalho.

SOBECC com Você: Gostaria de deixar um recado final, uma reflexão sobre esse momento?

Erica Chagas: Todos os dias, enquanto mantenho minha rotina como professora e como conselheira do Coren--SP, me lembro dos mais de 500 mil colegas de profissão que arriscam sua vida para salvar a vida de tantas pessoas suscetíveis aos riscos da COVID-19. Cada uma dessas pessoas tem família, tem uma história, tem uma vida que está sendo posta num turbilhão. Somos seres humanos, não super-heróis. Não podemos perder a esperança na superação dessa pandemia, mas claro, essa esperança e essa dedicação precisam estar acompanhadas de todas as condições para uma assistência segura e, também, para o reconhecimento do nosso trabalho com mudanças efeti-vas perante a sociedade.

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OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Por Maria Belén Salazar Posso

A Professora Doutora Maria Belén Salazar Posso, diante da pandemia que assola o planeta, relembra sua primeira incursão como Profissional de Enfermagem, ainda quando era estudante.

Janeiro de 1967. José Perassoli, Prefeito da cidade de Igaraçu do Tietê, na épo-ca, um município de boias-frias, situado à margem esquerda do Rio Tietê, com 4 mil habitantes, contatou o então Governador do Estado de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré, e alertou sobre o aparecimento de 30 casos de febre, todos com a mesma sintomatologia. Sodré convocou o seu recém-empossado Secretário de Saúde, o Professor Doutor Walter Leser que, ao visitar o município, se deparou com condições extremamente precárias de saneamento, principal-mente no Bairro de Vila Formosa, local onde os casos de febre surgiram. Não havia água tratada e a maioria das residências dispunha de fossa negra. A única medida eficiente, no caso diagnosticado de Febre Tifoide, seria afastar os doen-tes do ambiente familiar e isolá-los, mas como o número já estava aumentando rapidamente, uma transferência para São Paulo seria inviável. Assim, ficou deci-dido instalar um hospital de emergência na própria cidade.

Como já havia ocorrido em outras epidemias, a Escola de Enfermagem da Uni-versidade de São Paulo foi convocada para montar o hospital de emergência e desenvolver os serviços de enfermagem no local. A Instrutora de Administração aplicada à Enfermagem na época, Circe de Melo Ribeiro, voluntariou-se para dirigir o projeto. Com ela, a Instrutora Pediátrica Ingrid Elsen e três alunas do 3º ano que já conheciam doenças transmissíveis e técnicas de isolamento.

No dia 16 de fevereiro de 1967, às 2 horas da madrugada, chegava a equipe na cidade. O hospital foi montado em quatro dias e já recebeu os primeiros pacien-tes. O local escolhido: o único grupo escolar disponível na cidade. Os casos mais graves seriam levados para a Santa Casa de Barra Bonita. Com o aumento do número de pacientes, foram convocadas 17 alunas do 2º ano que, além de pres-tarem excelente serviço, também tirariam grande proveito do preparo intensivo em Febre Tifoide e técnicas de isolamento. Deslocaram-se em uma viagem de seis horas em um ônibus-jardineira de São Paulo a Igaraçu. Professoras e alunas não puderam se hospedar em Igaraçu ou Barra Bonita devido à falta de condi-ções financeiras. Assim, os dirigentes da Companhia Hidroelétrica do Rio Pardo (CHERP) gentilmente cederam sua pousada que ficava há 3 km de Barra Bonita e oferecia ambiente limpo e agradável, boa alimentação e até uma piscina.

Heroínas do passado: a luta contra outra epidemiaComo 17 estudantes de enfermagem do 2º ano impediram que a Febre Tifoide se espalhasse pelo Estado

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OPINIÃO DO ESPECIALISTA

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Graduada (1968), mestrado (1980) e doutorado (1988) em Enfermagem pela Universidade de São Paulo; Pro-fessora aposentada da Universidade de Taubaté, Pro-fessora Emérita da FMABC, Colaboradora na criação e implantação dos Cursos de Enfermagem da Univer-sidade de Taubaté, da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein, UNESP-Botucatu e da FMABC; Professora especialista do Conselho Estadual de educação do Estado de São Paulo, Conselheira Edi-torial das revistas Dor, Pesquisa, Clínica e Terapêutica, BR J Pain, Prática Hospitalar e SOBECC; Membro do Conselho Científico da Revista Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, Revista da Univap, Revista Ciência e Saúde On-line; Membro ad hoc do Lilacs; Membro da diretoria da SOBECC; Coordenadora do Comitê de Práticas Integrativas e Complementares da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).

Maria Belén Salazar Posso

Havia trabalho para todos os setores e as enfermeiras se distribuíam em pares. Duas trabalhavam na cozinha, duas na lavanderia organizando as roupas que seriam lavadas na Santa Casa, duas na distribuição da comida, outras no cuidado de pacientes. As Profissionais de Enfermagem, verdadeiras heroínas, cuidavam dos pacientes em col-chões de palha, ajoelhadas. Não havia suporte para o soro. Colocavam-se pregos nas paredes ou molduras das jane-las para prender o soro. A jornada era de cerca de 12 horas intensas e a Dra Maria Belén Salazar Posso atuava na saúde coletiva, orientando.

No pequeno grupo escolar com apenas 8 classes, foram realizadas adaptações urgentes como a instalação de uma caixa para depósito de água clorada ligada à copa, cozinha, banheiro com três chuveiros e prateleiras para guardar os recipientes de dejetos. O fogão a lenha foi aumentado, as salas de aula viraram enfermarias e as salas pequenas tornaram-se almoxarifado e dormitório do médico. No primeiro mês, os colchões eram colocados no chão e, para desinfecção, eram colocados de seis a oito horas no banho de sol, sendo virados a cada duas horas.

Dra Belém conta orgulhosa que “Fomos verdadeiras heroí-nas. Nos preparamos, tomamos vacina, aprendemos sobre moléstias transmissíveis e fomos! Lembro de dar aulas à comunidade sobre cuidados com água, pois tudo era novo!”, explica, detalhando que não havia pia. Era usada uma bacia com Lysoform e uma diluição de Formol.

“Certa vez, dando aula, desenhei uma lupa e um pequeno micróbio no centro para explicar sobre o microrganismo da Febre Tifoide à população. Enquanto lecionava, fui interrompida por uma senhora da cidade que falou ‘Sabe, enfermeira, esse bichinho que você desenhou, eu já o vi nadando no rio’. Claro que eu não podia desmentir ou contradizer a contribuição interessada daquela cidadã, mas encontrei uma maneira de dizer a ela que falávamos de um ser milhares de vezes menor que o desenho que eu havia feito. Falei algo assim: ‘Ah, mas que interessante. A senhora tem uma vista muito maravilhosa, pois é bem difícil ver um bicho desses’”, conta Belén, alegrando-se com a divertida história passada na experiência.

Foram dias intensos que duraram de 7 de março a 15 de abril, quando o hospital foi fechado e todos foram para casa. Não houve óbitos. As melhorias implementadas na cidade foram aproveitadas pela prefeitura como legados. A USP sempre esteve à frente no auxílio à comunidade que, naquela experiência, foi ajudada em muitos senti-dos, graças aos esforços das enfermeiras e estudantes de Enfermagem: “Costuramos roupas e lençóis em sacos de açúcar cedido pelas usinas, durante nossos intervalos. Dias depois, chegaram camas e lençóis adequados”, explica

Belén, detalhando que nenhum dos pacientes que ficou deitado desenvolveu lesão por pressão pois tudo era feito com muito zelo, carinho, cuidado e amor. “A enfermeira foi muito enriquecedora. Fomos corajosas enfrentando todos os tipos de problemas”.

Por fim, orgulhosa, Belén traça um paralelo entre o que viveu e o que estamos vivendo, enaltecendo a coragem e o heroísmo das Profissionais de Enfermagem. “Reviver o passado faz o olho brilhar. Nós fomos as heroínas do pas-sado e vocês são, agora, as heroínas do presente. Parabéns a todas nós!”, conclui.

Para saber detalhes a respeito da Epidemia de Febre Tifoide em Igaraçu do Tietê em 1967 e a atuação heroica das 17 estudantes de enfermagem, inclusive com detalhes técni-cos, acesse: https://bit.ly/Epidemia1967

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FORA DA PROFISSÃO

Campanha Heroínas em ação: fazendo a diferença Mesmo com a pandemia consumindo cada vez mais o tempo e a disposição dos profissionais de saúde, essas mulheres en-contraram uma maneira de ajudar muito mais.

Quando os primeiros casos de COVID-19 foram registrados, profissionais de saúde de todo o planeta atentaram-se para novos procedi-mentos e protocolos, preparando-se para o

grande desafio que despontava no horizonte. À medida em que a epidemia se tornava uma pandemia e o Brasil apresentava seus primeiros casos, algumas responsáveis profissionais do nosso País – mesmo cientes de que se-riam muito requisitadas em suas atividades profissionais

Da esquerda para a direita: Enfa. Regiane Faria Machado, do Centro Cirúrgico do Hospital Universitário da USP, Enfa. Simone Batista Neto, Enf. Wagner Aguiar Júnior, do Hospital Universitário da USP.

– encontraram tempo e disposição para criarem uma rede solidária para desenvolvimento dos tão necessários e escassos EPI.

A Enfermeira Coordenadora-Técnica Simone Batista Neto, nos conta que, com a pandemia da COVID-19, a SOBECC passou a participar de diversas ações de auxílio aos profissionais de saúde que estão na linha de frente. “São lives, Manual de Recomendações, consultoria para

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Enfermeira Coordenadora Técnica da SOBECC, graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Especialista em CC, RA e CME e Mestre pela Enfermagem na Saúde do Adulto na área de Processamento de Produtos para Saúde de Uso Único pela USP. Participou dos cursos de Esterilização na Alemanha e de Educação na Suíça. De-senvolveu atividades profissionais no bloco operatório no Hospital ACCamargo, no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP e no Insti-tuto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Também atuou na área comercial em gestão e treinamentos, além de ministrar aulas em cursos de Pós-Graduação.

Simone Batista Neto

FORA DA PROFISSÃO

realização da prática com segurança e qualidade, além de ações voluntárias e de confecção de máscaras de saúde”, conta Simone.

Heroínas em ação

Após a flexibilização da ANVISA, por meio da sanção da RDC 356, que dispõe sobre os requisitos temporários para fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI), foi lançada a campanha “Heroínas em Ação”. Iniciada pela presidente da SOBECC, Giovana Moriya e pela Enfermeira Renata Pietro, presidente do Coren-SP nos canais digitais, a campanha tem o objetivo de solicitar ajuda e envolver parceiros na doação de embalagens para esterilização de SMS de gramatura entre 45 e 60 gramas/m2 , de folha única e também fornecer material para que o hospital fabrique o seu próprio EPI.

“Além disso, também captamos mão de obra para a con-fecção dos EPI com objetivo de atender aos profissionais, uma vez que há grande dificuldade de produção, distri-buição e acesso a estes EPI”, comenta Simone, explicando que foram doados SMS por diversos fabricantes e hospi-tais, mas que a mão-de-obra para a confecção tem sido gratuitamente ofertada por empresários do segmento da costura, por costureiras independentes e até por uma escola de samba. “Mais de 100 mil máscaras cirúrgicas foram doadas para instituições com essa rede do bem!”, comenta, orgulhosa, Simone.

Projeto Hígia

Em paralelo ao “Heroínas em Ação”, a SOBECC cedeu a sala de reunião da diretoria para o apoio total ao Projeto Hígia, que transformou o ambiente em um verdadeiro centro de montagem de protetores faciais, os denomi-nados faceshields, para atendimento a todo o Estado de São Paulo. Há voluntários do Mercado Livre que retiram as hastes criadas em impressoras 3D na residência dos makers e entregam na sede da SOBECC.

Na própria sede, na sala da diretoria cedida ao projeto, a equipe de voluntários realiza a montagem do protetor facial, fixando a haste com uma folha de acetato de tama-nho A4 (210 x 297 mm) com botões. Em seguida, as peças montadas são acondicionadas em caixas e entregues pelo Exército Brasileiro ao hospital solicitante. “A coorde-nadora nacional do projeto, a Dra Nataly Zambrana, nos informou que são mais de 450 mil solicitações em todo o País!”, Simone informa, esclarecendo que a campanha teve seu início com ações pequenas, sem a intenção de

grandes impactos, porém, surpreendentemente, tomou grandes proporções. Os parceiros envolvidos acreditaram e confiaram na SOBECC e nos demais realizadores para desempenhar a difícil, porém importante missão.

Graças aos resultados, outras frentes no País foram sen-sibilizadas nas regiões Norte, Sul e Sudeste. Assim, com o envolvimento de muitos, o projeto coleciona relatos de histórias de sucesso.

“É uma honra estar participando de tudo isso, pois ficou evidente para mim que a rede do bem cresce a cada dia. Juntos somos mais fortes e podemos realizar mais ações solidárias que impactam positivamente na vida e no tra-balho dos profissionais de saúde”, ressalta, Simone, dei-xando claro que, “GRATIDÃO” é a palavra marcante que fica na mente e no coração de cada participante.

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BEM-ESTAR

A quarentena, o isolamento e o medo do contágio criaram uma rotina na vida de cidadãos do mundo todo. O que é o novo normal?

Juntos,ainda que separados: a vida com COVID-19

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fortalecimento de laços de amizade, paqueras, namoros e práticas de esporte, tão comuns aos adolescentes, estão praticamente proibidos no presente, o que leva o jovem a direcionar sua atenção a jogos online, videogames e muito consumo de programas de TV, seja aberta ou por meio de serviços de streaming.

O mundo adulto não está nada simples também. En-quanto muitos conseguem desenvolver suas atividades profissionais de maneira remota, outros foram – ou estão sendo – dispensados de seus empregos. Mesmo empre-gos informais estão em declínio no período de quarentena contra a COVID-19. Com comércios fechados, a demanda por produtos à indústria caiu drasticamente, ampliando o quadro de recessão. Pais e mães se veem sem condições de cumprirem compromissos pessoais, profissionais ou financeiros, passando a maior parte do tempo em casa.

Ainda assim, pode-se dizer que as maiores vítimas da pan-demia são os idosos. Não só pelo fato de serem os mais vulneráveis fisicamente, mas também pela quebra da roti-na com a qual, muitas vezes, são extremamente apegados. O risco de um possível contágio está prendendo avós e avôs em casa, sem a possibilidade de saudáveis atividades ao ar livre, o cultivo de relacionamentos prazeirosos e o cumprimento de compromissos rotineiros que, geralmen-te, são os alicerces que mantêm a sanidade daqueles que se encontram acima dos setenta anos.

Como tudo isso pode ser bom?

Não são momentos de férias, mas também não devemos encarar como castigo. Organizar a casa, planejar, viver mo-mentos bons com a família, realizar compras online, con-versar, botar em dia aquela série, meditar, praticar o tão raro e valioso autoconhecimento são algumas das vantagens do enclausuramento imposto pelo perigo do contágio.

A história dedicará um marco ao ano de 2020. Todos saire-mos, certamente, melhores, mais vitoriosos, mais corajosos e prontos. Neste bicentenário do nascimento de Florence Nightingale, o mundo aprendeu que saúde, higiene e cui-dado não são negociáveis e nem podem ser vistos como business. Mais do que nunca, profissões ligadas à saúde se provaram essenciais, vocacionais e de extrema importância.

Lembremos sempre da citação que abre este artigo, a frase do Doutor Ian Michal em Jurassic Park: “...De modo do-loroso, por vezes perigoso, A VIDA ENCONTRA UM MEIO.”

Vamos encontrar um meio juntos?

Em 1990, no livro Jurassic Park, do autor Michael Crichton, a personagem Ian Michael diz uma das frases mais marcantes da obra, que, mais tarde, tornaria-se um longa-metragem:

“...a história da evolução nos diz que a vida supera todas as barreiras. A vida se espalha. Ocupa novos territórios. De modo doloroso, por vezes perigoso, MAS A VIDA ENCONTRA UM MEIO.”

Seja com muito trabalho, longe da família, no front contra o Coronavírus, seja em casa, isolado, não há absolutamen-te ninguém no mundo que não tenha sido impactado pela pandemia da COVID-19. Todas as profissões em todos os segmentos de atividade, todas as idades, de idosos a re-cém-nascidos, ninguém pode dizer que seguiu com sua rotina intocada a partir de março de 2020.

A vida como conhecíamos jamais será a mesma, mas isso não significa que será pior. O momento atual é ímpar e nos obriga a grandes restrições que – se seguidas – garantirão um futuro mais seguro para todos.

Como estão as coisas?

A cada dia, as autoridades intensificam as regras de isolamento para impedir a disseminação do vírus. O impacto é generali-zado. Apenas serviços de primeira necessidade, considerados essenciais, são permitidos. Escolas fechadas, home-office, distanciamento social, uso de máscaras de proteção e álcool em gel passaram a fazer parte do dia a dia de todos.

Sem aulas presenciais, as crianças estão experimentando a praticidade e as limitações do ensino à distância. Esco-las particulares utilizam-se de sistemas próprios e enviam matérias, lições, atividade e até avaliações pela internet. Já os alunos do ensino público enfrentam barreiras da baixa velocidade na conexão com a rede mundial e a limitação tecnológica. Não se sabe como o calendário letivo será cumprido. Até então, informações indicam que não haverá férias e que as aulas se estenderão até a véspera do Natal.

O estudo não é a única dificuldade encontrada pelas crian-ças e pelos adolescentes. A impossibilidade de momentos plenos de lazer também é generalizada, obrigando os pais a desenvolverem junto com os filhos novas maneiras de en-tretenimento. Com atividades sociais restritas, adolescentes deixam de frequentar parques, praias, campos e shoppings, bem como crianças não têm mais acesso às áreas comuns dos prédios e quintais, o que contribui para quadros de estresse e ansiedade. Atividades que contribuem para o

BEM-ESTAR

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SOBECC com Você34

RESENHA

Páginas essenciais para a nossa batalhaCaros colegas, pensando em nos manter informados a respeito da pandemia a qual estamos vivendo e, vindo ao encontro deste número especial da nossa Revista, a Diretoria da SOBECC elencou uma série de links nacionais e internacionais a respeito do Coronavírus e da COVID-19. Tratam-se de sites fidedignos e que podem nos ajudar na nossa batalha diária.

Assim sendo, a Resenha deste número também foi redesenhada para atingir nossas necessidades.

Bom proveito e boa leitura!

Internacionais

WHO

https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019

https://www.who.int/hrh/professionals/en/

https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance

https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance/infection--prevention-and-control

CDC

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/index.html

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/index.html

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/symptoms-testing/symptoms.html

https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/healthcare-supply-ppe-index.html

COCHRANE https://www.cochrane.org/coronavirus-covid-19-cochrane-resources-and-news

JBIhttps://jbi.global/ebp/covid-19#professionals

http://tools.ovid.com/coronavirus/

AACN

https://www.aacn.org/education/online-courses/covid-19-pulmonary-ards-and-ventilator-resources

https://www.aacn.org/newsroom/coronavirus-update?sc_camp=22A047014B4445B2BF0BFAFD5BA-F24E7&_zs=XuVgX&_zl=Pi832

https://www.aacn.org/newsroom/coronavirus-update?sc_camp=22A047014B4445B2BF0BFAFD5BA-F24E7&_zs=XuVgX&_zl=GjV22

AORNhttps://www.aorn.org/guidelines/aorn-support

https://www.aorn.org/about-aorn/aorn-newsroom/covid-19-coronavirus

American College of Surgeons

https://www.facs.org/covid-19

ASA https://www.asahq.org/in-the-spotlight/coronavirus-covid-19-information

UK - NHS

https://www.gov.uk/government/collections/coronavirus-covid-19-list-of-guidance

https://www.nice.org.uk/guidance/published?type=cov,coa

https://www.evidence.nhs.uk/

OPShttps://www.paho.org/es/documentos/orientacion-etica-sobre-cuestiones-planteadas-por-pande-mia-nuevo-coronavirus-covid-19

Standford http://med.stanford.edu/covid19.html

Elsevier https://www.elsevier.com/connect/coronavirus-information-center

Johns Hopkins https://coronavirus.jhu.edu/map.html

McMaster University https://www.mcmasterforum.org/find-evidence/guide-to-covid-19-evidence-sources

AAMI https://www.aami.org/news-resources/covid-19-updates

NacionaisMS https://coronavirus.saude.gov.br/

UNASUS https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/profissionaisHAOC https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/enfrentando-o-coronavirus-covid-19MEDPORTAL https://todoscontracovid19.com.br/COVID-19: evidências para todos

https://sites.google.com/view/coronavirus-ufcspa

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