Editorial aula extensivo_15_08

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Profa Soninha

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• O editorial “lida com idéias, argumentos e críticas, marcando a posição do jornal sobre os principais fatos do momento”. Assim, o leitor procurará, no editorial, assuntos de repercussão momentânea, sobre os quais o jornal irá se posicionar.

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Estrutura básica do editorial Parágrafo 1 - Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um

posicionamento pontuado. Usar linguagem objetiva e vocabulário acessível.

Parágrafo 2 - Contextualização do tema, e indicativos concretos do problema, apresentando dados reais, verossímeis. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto.

Parágrafo 3 - Análise das possíveis motivações que tornam o tema relevante, com argumentos de autoridade ( opinião de especialistas que reforcem credibilidade da matéria), justificativas que reforcem o posicionamento apresentado e exemplos concretos que ilustrem a argumentação.

Parágrafo 4 – Caráter conclusivo, apresentando o posicionamento crítico final, sem ser impressionista. É preciso extremo cuidado para não construir editoriais moralistas.

• A conclusão do Editorial, principalmente, não deve esquecer o que motivou a opinião, o que se afirmou no início, sem fugir do assunto. O bom arremate opinativo é aquele que retoma o tema e traz uma projeção, aponta para uma solução, indica um caminho ancorado em exemplos concretos.

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Questão urgente (Editorial)O Globo

Crescente em todo o país, o consumo de crack é uma tragédia que se consuma em duas frentes.

Uma, a da Saúde, produz números cada vez mais preocupantes sobre a quantidade de usuários entregues ao vício, praticamente irreversível e com um poder de destruição do corpo que leva, se não à morte em pouco tempo, mas seguramente a um horrendo processo de degradação física.

Outra, a da Segurança, dá conta de estatísticas, principalmente nos grandes centros urbanos, que mostram uma relação direta entre a dependência e o aumento da violência decorrente da criminalidade. Em ambas as áreas, a vítima preferencial desse horror social são os jovens — o que só torna o fenômeno ainda mais condenável.

Os dados sobre o aumento do consumo do crack, uma substância derivada da pasta de cocaína e que provoca dependência quase imediata, sugerem que o problema deve ser tratado como assunto prioritário.

A curva ascendente foi detectada por organismos como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Segundo o órgão, a apreensão desse tipo de entorpecente no Brasil cresceu de 200 quilos em 2002 para quase 600 quilos em 2007 (o equivalente a 82% de todo o crack apreendido na América do Sul).

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A droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e tóxicos. No Rio, o vício se espalha principalmente entre a população de rua, afetando em geral menores desassistidos de amparo social.

Em Salvador, até 2009 quase seis mil novos usuários haviam passado a ser atendidos por um programa de redução de danos da Universidade Federal da Bahia. Em Pernambuco, o crack está presente em todos os 184 municípios do estado — um quadro que se estende a quase todo o Nordeste.

Em São Paulo e Minas, é assustador o aumento do consumo. Em Porto Alegre, um levantamento entre pacientes internados por dependência química mostrou, já em 2006, que 43% eram usuários de crack.

Decorrente desse quadro de virtual epidemia, o consumo do crack liga-se diretamente ao aumento de indicadores de violência, principalmente homicídios.

Trata-se de uma tragédia que exige respostas imediatas do poder público e da sociedade como um todo. Neste sentido, é altamente positiva a decisão do município do Rio de recolher compulsoriamente a centros de internação menores flagrados no uso da droga em áreas conhecidas como cracolândias.

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A iniciativa, que começou a ser adotada no início de junho, logrou tirar das ruas, até a segunda quinzena de julho, 51 jovens dependentes. Logo em seguida, a prefeitura de São Paulo também anunciou adesão à política de internação compulsória, a ser implementada a partir de um parecer da Procuradoria Geral do Município.

São passos importantes, mas tímidos, por pontuais. As duas cidades e, de resto, todo o país, ainda não têm uma estrutura de atendimento aos dependentes em escala capaz de dar conta da crescente demanda de vítimas do vício. E recolher sem tratar corresponde apenas a manter uma realidade na qual, uma vez de volta às ruas, o usuário se reencontra com a droga.

Também não contribuem para enfrentar o problema críticas a programas de internação, com argumentos segundo os quais, ao recolher menores viciados, o poder público lhes está negando o direito de ir e vir, e "sociologismos" do tipo.

O flagelo é real, mostram os números e uma extensa crônica de tragédias provocadas pela droga. É uma luta sem espaço para a hipocrisia.

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Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2009 fizeram como vítimas mulheres.

A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento.

O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas.

Dentro de casa.

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De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência.

É a hora de muitos homens - e mulheres também - compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares.