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EDITORIAL

Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]

DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2014/2016

Fundada em 5 de junho de 1937

Rua Minas Gerais 297 – 1º andarEd. Palácio do ComércioLondrina (PR) – CEP 86010-905Telefone (43) 3374-3000Fax (43) 3374-3060E-mail [email protected]

Valter Luiz OrsiPresidenteRogerio Pena ChinezeVice-PresidenteFabricio Massi SallaDiretor SecretárioAlexandra de Paula Yusiasu dos Santos2º Diretor SecretárioRodolfo Tramontini ZanluchiDiretor FinanceiroAngelo Pamplona da Costa

2º Diretor FinanceiroFernando Mauricio de MoraesDiretor ComercialMarcus Vinicius GimenesDiretor IndustrialMarcia Regina Vieira Mocelin ManfrinDiretor de ServiçosClaudio Sergio TedeschiDiretor de Comércio InternacionalLuigi Carrer FilhoDiretor de Produtos

Adelino Favoretto JuniorDiretor Institucional

CONSELHO DELIBERATIVOAry SudanCarlos Alberto Dorotheu MascarenhasEduardo Yoshimura AjitaFlávio Montenegro BalanGeorge HiraiwaHerson Rodrigues Figueiredo Jr.

José Augusto RapchamKatsumi Sergio OtaguiriLuiz Carlos I. AdatiNivaldo BenvenhoOswaldo PitolPaulo Fernando OzelameWilson Geraldo Cavina

CONSELHO FISCAL

TitularesAdoniro Prieto MathiasMarcus Vinicius Bossa GrassanoRafael de Giovanni Netto

SuplentesCarlos Alberto de Souza FariaRafael LopesRogério Silvano da Silva

Paulo BriguetCoordenaçãoVinicius BersiEdiçãoJosoé de CarvalhoFotografiaThiago MazzeiProjeto gráfico

Diego Rigon MenãoSuperintendenteClaudia Motta PechinGerente ComercialBarbara Della LiberaAnalista de Marketing

ColaboradoresCristiane OyaFelipe BrandãoFernanda Bressan

Juliana MasteliniKalinka AmorimLoriane ComeliMichelle AligleriMuriel Amaral

ImpressãoMidiografTiragem8 mil exemplares

CHEGA!Há 15 anos, o Movimento Pé Vermelho Mãos Limpas lutou contra a corrupção em Londrina. Mesmo enfrentando poderosas forças contrárias, a sociedade civil conseguiu vencer o esquema de desvios instalado na cidade. Agora, chegou o momento de lutar pelo Brasil. Com assombro e indignação, vemos que o sistema de corrupção montado numa empresa pública local foi reproduzido em grande escala na maior empresa pública nacional. Na Sercomtel, desviavam milhões. Na Petrobras, desviam bilhões. E alguns dos nomes envolvidos com o Petrolão foram justamente aqueles que Londrina rejeitou no passado. Não ficamos calados ontem, não

ficaremos calados hoje. Vamos denunciar com todo vigor as forças que transformaram o Brasil na república da corrupção, do custo de vida e da incompetência. Independentemente do partido ou do grupo político envolvido, as instituições da sociedade civil exigem um fim na escalada de desvios, aumentos de custos e má gestão administrativa. Os cidadãos de bem devem esquecer as diferenças e unir vontades para mudar o Brasil. Vamos juntos plantar a semente de uma árvore que amanhã vai gerar os frutos do trabalho, da lei e da moralidade. Chega de corrupção! Chega de incompetência! Chega de impunidade!

Valter Luiz OrsiPresidente da ACIL

Agenda março e abril 2015

FINANÇAS GESTÃO DE RH DIVERSOSMARKETINGATENDIMENTO E VENDAS WEB

Negociação e vendasSidney Kayamori18 de março08h às 12h e das 14h às 18h• Asvendasnomercadoglobalizado• Estratégiasdafidelização• Anegociaçãonasvendas• OreforçopositivodopósvendaNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

PALESTRA: Venda valor e não preçoNatasha Bacchi19 de março19h às 21h• Comoconvenceroclientedovalor• Comoprovarquesuasoluçãovalemais

doqueasdosconcorrentes• Asetapasdavendadevalor• ConvençaoclienteapagarmaisNãoassociados:R$ 70,00Associadoseestudantes:R$ 37,00

PALESTRA: Oportunidades online para sua empresaSheila Dal Ry24 de março19h às 21h• CenáriodainternetnoBrasil• ComportamentoconsumidorParaná• Oportunidadesdevendase

relacionamentoonlineNãoassociados:R$ 70,00Associadoseestudantes:R$ 37,00

Passo a passo para criar sua loja virtualSheila Dal Ry30 e 31 de março 19h às 23h• Perfildoanalistadelojavirtual• Panoramaetendênciasdovarejoonline• Processoepassoapassoparamontar

sualojavirtual• Qualéamelhorplataforma?• Estratégiasdemarketingparalojas

virtuais• CasesdesucessoNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

PALESTRA: Atendimento é TUDORegina Nakayama23 de abril19h às 21h • Atitudesquefazemadiferençano

atendimentoaoclienteenaconversãoemvendas

• Orientaçõesparamelhoraraperformancedoprofissionalematendimentoevendas

• Compreendendoeconhecendoasfasesdociclodevendas

Nãoassociados:R$ 70,00Associadoseestudantes:R$ 37,00

Comunicação eficaz:O sucesso da liderançaGislene Isquierdo27 e 28 de abril19h às 23h• Comogerarengajamentoemotivação• Oprocessodecomunicação

interpessoal• Validaçãoechecagemdainformação• Operfildolíderdesucessoesuas

estratégiasNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

Analista Financeiro: Formação e atualizaçãoThiago Terzoni27, 28 e 29 de abril19h às 23h • Contabilidadefinanceira• Finançascorporativas• Gestãodecustos• Classificaçãodecustos• Matemáticafinanceira• Funçõesdoprofissionalnaárea

financeira• DemonstraçõesfinanceirasNãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes: R$ 200,00

Saiba mais:[email protected] ou3374.3082 com Mariana Reche:[email protected]

Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR

Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Nortewww.acil.com.br

ABRASEL NORTE DO PARANÁCURSO DE BOAS PRÁTICAS E HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES DE ALIMENTOS24,25e26deMarçoe28,29e30deAbril13h30às17h30Local:BlueTreePremiumAv.JuscelinoKubtischek,1356Informações:33270202Nãoassociados:R$100,00AssociadosACIL:R$70,00

Análise de CréditoSivaldo Dal Ry02 e 03 de março19h às 23h• Créditocomoinstrumentodevendas• Elementosdeumapolíticadecrédito• Normasdecrédito• GarantiasNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

Intensivo em importação passo a passo – 2ª EdiçãoRodrigo Giraldelli03 e 04 de março19h às 23h• Órgãosintervenientesdocomércio

exterior:ReceitaFederal,bancos,ANVISAeoutros

• Habilitaçãoparasetornarimportador:RADAR

• Custoseimpostosnaimportação• Riscosecuidadosquedevemser

tomadosnoprocessodeimportaçãoNãoassociados:R$ 250,00Associadoseestudantes:R$ 200,00

Abordagem comercial com foco nos resultados financeirosJunior Souza09 e 10 de março19h às 23h• Comoseprepararparaomercadono

anode2015–transformara“crise”emoportunidade

• Adiferençaentreservendedoreconsultor–entendendooportfólioeoperfildocliente

• Oqueecomooferecerparaocliente–estratégiasetécnicasavançadasemvendas

• Construindoumrelacionamentoecriandovínculos

Nãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

Qualidade de serviços em recepção e secretariaSilvana Oliveira16 e 17 de março19h às 23h• Desenvolvimentopessoaleprofissional• Perfileposturaprofissional• Atendimentotelefônico• Espíritodeequipe• Superaçãonoatendimentoaosclientes• TécnicasderecepçãoeatendimentoNãoassociados:R$ 157,00Associadoseestudantes:R$ 81,00

REGI

ONAL

NORTE

Associação Comercial e Industrial de Londrina 5

EMPREENDEDORISMO DIGITALO cliente a um clique de distância ...................................... 10

GOVERNOConseguir benefícios previdenciários está mais difícil .................................................................. 22

ARTIGOLondrina: passado, presente e futuro ................................. 25

ENTREVISTA “O Brasil não pode continuar como está” .......................... 30

CARTAS DA GRATIDÃOPrezado Empresário ........................................................... 32

PERFIL Adoçando Londrina ............................................................ 36

VIVA BEMUm hobby para chamar de seu ............................................ 38

COLUNA DA ACILTapete vermelho para o empreendedor ............................. 41

ÍNDICE

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FINANÇASPoupança: um mau negócio em tempos de inflação

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EMPRESASUm brinde ao sucesso

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EMPREENDEDORISMO Elas à frente

ECONOMIA Apertem os cintos: os impostos subiram

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ECONOMIA

Por Cristiane Oya

Entre os meses de dezembro e janeiro, os governos estadual e federal anunciaram uma série de aumentos de preços e de impostos que certamente irão impactar todo o setor produtivo e, consequentemente, o bolso dos contribuintes. Em alguns casos, como no do combustível, esses reajustes ainda se sobrepõem. Em âmbito federal, o aumento nas alíquotas de PIS/Cofins e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o combustível, que representa um aumento de R$ 0,22 sobre o litro da gasolina e de R$ 0,15 no valor do diesel na refinaria. No Paraná, a alta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do álcool e da gasolina, que passou de 28% para 29%. Mas os aumentos não param por aí. Desde primeiro de dezembro, rodar nas estradas do Paraná ficou em média 4,8% mais caro com a alta do pedágio, e a alíquota para o cálculo do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) subiu de 2,5% para 3,5%, que deve provocar um aumento de 40% no valor do imposto a ser pago. A energia elétrica também está mais cara. Em janeiro, devido à adoção das bandeiras tarifárias, a conta de luz sofreu um acréscimo de R$ 3 a cada 100 kwh consumidos. Para o setor produtivo ainda pesam outras medidas econômicas anunciadas pelo governo federal que são a reversão da desoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que volta a ser de 3%; a equiparação de atacadistas e industriais do setor de cosméticos para efeito de incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e a elevação da alíquota de PIS/Cofins de 9,25% para 11,75% sobre a importação. Em âmbito estadual, foi reajustada a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de 12% para até 25% sobre uma lista de cerca de 95 mil itens de consumo popular como alimentos, medicamentos, produtos de limpeza e higiene, aparelhos eletrônicos, vestuário e material escolar. “Essas medidas do combustível serão as mais impactantes porque todo o processo produtivo está calcado em cima. Atinge não só o cidadão comum como o empresário e essa situação se agrava ainda mais com algumas outras medidas de saneamento econômico do governo federal que aumentam a tributação direta e indireta e retiram a renda do trabalhador. Tudo aquilo que retira o poder de compra do cidadão acaba impactando, reduz a demanda”, analisa o consultor econômico da ACIL, Marcos Rambalducci.Segundo o economista, o governo precisa sinalizar que está tomando

O economista Marcos Rambalducci destaca o aumento da produtividade e da eficiência

para driblar a crise: “Onde temos crise, temos uma oportunidade.

Este tem que ser o foco do nosso empresário”

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as rédeas da economia. “A pretensão do governo é sinalizar que a inflação ficará dentro dos limites, o que é por excelência recessivo. Para fazer com que a demanda caia tem que ser pela retirada do poder de compra do povo, para deixar de existir pressão sobre os preços. O que o governo está fazendo é provocando o processo recessivo no intuito de controlar a inflação,  como o aumento da taxa Selic”, aponta. Na avaliação do economista e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Azenil Staviski, as medidas anunciadas pelo governo federal são “a correção de um caminho equivocado”. “As reduções aplicadas à energia elétrica, à não colocação do repasse

periódico e paulatino dos combustíveis, retirando a capacidade de se financiar. Agora, de uma única vez, o governo volta atrás, mas durante quatro anos ou mais foi aplicada uma política que agora precisa ser remodelada. É preciso fazer a correção de um erro.”Para o presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina (Sindecon), Ronaldo Antunes da Silva, as medidas “são uma forma de os dois governos ajustarem as contas porque gastam demais”. “No curto prazo é muito restritiva. Agora, se os governos federal e estadual conseguirem ajustar as contas e gastar de forma mais prudente, no médio prazo, tende a ser bom.” Apesar do otimismo, Silva acredita que no final das contas, quem mais vai sofrer os reflexos das altas será o trabalhador. “O cenário hoje é ruim, de muita dificuldade para quem está na ponta que é o trabalhador. O empresário terá muita dificuldade de manter a empresa aberta e competitiva, e o trabalhador pode pagar com a única coisa que tem, que é a força de trabalho.”Staviski alerta que, sem o corte dos gastos públicos, o aumento da arrecadação pretendida com a majoração dos impostos pode não surtir o efeito desejado. “Acho que o governo está procurando o caminho mais fácil que é onerar o setor produtivo e o cidadão que com sua renda consome. Toda vez que onera o consumo e o setor produtivo, está criando um efeito anti-crescimento, inibindo a produção, o consumo”, afirma. “Ao fazer isso, o governo pensa em reequilíbrio das finanças públicas mas, ao mesmo tempo, vai causar recessão. Se compensa de um lado e perde de outro, não sei se terá algum resultado positivo. Diante disso, ao meu ver, é uma política equivocada, muito fácil em um momento que teria que reeducar o gasto público, diminuir a despesa improdutiva”, conclui.Staviski vai além e projeta que o aumentos de preços pode anular a política monetária adotada pelo governo federal. “O governo tem

Para o economista e professor da UEL, Azenil Staviski, as medidas anunciadas pelo governo federal são “a correção de um caminho equivocado” mas podem não alcançar o efeito desejado sem o corte dos gastos públicos

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que combater a inflação, mas o aumento de preços pode anular a política monetária do governo, que é a de aumentar a taxa básica de juros, que é para abaixar a demanda efetiva da economia para ver se desaquece os preços. Mas, por outro lado, aumentando os preços, a política fiscal anula a política monetária de combate a inflação.” Como as previsões mais otimistas aguardam somente para 2016 os eventuais reflexos positivos dos pacotes governamentais, os economistas ouvidos pela Mercado em Foco foram unânimes em apontar a criatividade do empresariado como uma poderosa arma para driblar a crise.“Alguma empresa, algum setor pode identificar uma possibilidade de negócio ou se estruturar de forma mais forte, enquanto as outras serão levadas pela crise. Para tentar sobreviver o empresário tem que exercer a sua criatividade na gestão”, aposta o presidente do Sindecon. Rambalducci concorda. “Onde temos crise, temos uma oportunidade. Este tem que ser o foco do nosso empresário. Se o poder de compra das pessoas está diminuindo, é possível que esteja migrando para produtos mais baratos. É preciso diminuir custos para aumentar o lucro diante da quantidade que vou vender. É a percepção de mercado, de quem está consumindo. Não pode deixar de investir no aumento da produtividade, fazer mais com menos. O  aumento da produtividade, da eficiência é tônica em momentos de crise”, sintetiza.

Empresariado ainda avalia impactos das medidasEntre os empresários, os reflexos do aumento de custos provocado pelo alta dos preços da energia elétrica e dos combustíveis, somado à elevação da carga tributária em diversos setores, ainda são uma incógnita. Como as medidas econômicas do governo federal foram anunciadas entre dezembro e janeiro, o impacto nas finanças das empresas ainda não foi esmiuçado por alguns empresários. É o caso da Transportadora Falcão, com sede em Londrina, e que vai amargar aumentos em tributos e custeio impostos tanto pelo governo estadual – como a alta da alíquota do IPVA, de 2,5% para 3,5% – quanto pelo governo federal, como a alteração do PIS e da Cide sobre os combustíveis, que provocará um aumento conjugado

“O empresário terá muita dificuldade de manter a empresa aberta e

competitiva, e o trabalhador pode pagar com a única coisa que tem,

que é a força de trabalho”, avalia o presidente do Sindecon, Ronaldo

Antunes da Silva

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Confira as principais medidas econômicas do governo federal...

• Aumento nas alíquotas de PIS/Cofins e na Cide -  Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre o combustível, o que deve gerar um aumento de 22 centavos sobre o litro da gasolina e de 15 centavos para o valor do diesel na refinaria;

• Reversão da desoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que volta a ser de 3% para pessoas físicas;

• Equiparação de atacadistas e industriais do setor de cosméticos para efeito de incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

• Elevação da alíquota de PIS/Cofins de 9,25% para 11,75% sobre a importação; 

• Aplicação do sistema de cobrança diferenciado pela Aneel nas contas de luz, que em janeiro  aumentou a conta em R$ 3 a cada 100 kwh consumidos.

... e do governo estadual: • Aumento de 12% para até 25% a alíquota

de ICMS sobre uma lista de cerca de 95 mil itens de consumo popular, como alimentos, medicamentos, produtos de higiene e limpeza, aparelhos eletrônicos, artigos de vestuário, material escolar, objetos plásticos, e outros;

• Majoração do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em 40% a partir do valor atual, e reduzindo o valor do desconto para pagamento adiantado de 10% para 3%;

• Aumento em um ponto porcentual o ICMS do álcool e da gasolina, que passará de 28% para 29%;

• Aumento médio de 4,88% no pedágio nas estradas paranaenses.

das duas alíquotas de R$ 0,22 centavos no litro da gasolina e de R$ 0,15 do diesel nas refinarias.“Como parte da equipe ainda está de férias, não tivemos reuniões para verificar (os impactos) no nosso ramo de atividade, mas com certeza essas medidas vão impactar”, observa um dos sócios da transportadora, Milton Batista de Castro.O empresário reconhece que o setor foi beneficiado com desonerações fiscais nos  últimos anos, mas teme que agora a conta fique ainda mais cara. “Tivemos algumas desonerações de impostos lá atrás, mas com esses aumentos não sei se vai zerar o que foi no passado ou se vai acrescentar mais ainda. Nosso setor é muito sacrificado”, reclama. “Ainda não foi feito esse cálculo porque é complicado, são muitas variáveis. Geralmente o pessoal faz a ‘conta de padeiro’, ou seja, subiu 10% o custo, vou subir o preço. Mas o empresário tem que fazer outra análise considerando a crise que está aí. Ele não consegue repassar para o preço e vai ter que absorver. Se já estava difícil antes, vai ficar mais difícil ainda”, prevê o presidente do Sindicato dos Contabilistas de Londrina (Sincolon), Geraldo Sapateiro. Para o diretor da Autopeças MGL Mecânica de Precisão, Marcos Vinícius Gimenes, que também é diretor industrial da ACIL, os pacotaços estadual e federal diminuem a competitividade das empresas e colocam em risco os empregos. Gimenes ainda coloca em xeque o resultados dessas medidas. “A gestão do ajuste fiscal para colocar a economia nos eixos é necessária, porém, mais uma vez, quem está pagando a conta é a sociedade. Os governos não estão melhorando a eficiência das máquinas públicas e os gastos governamentais. A pergunta que fica é se (essas medidas) vão dar resultado ou não”, questiona. “Já estamos com redução de consumo em diversas atividades industriais. As vendas caíram em função da desconfiança no cenário econômico. Menos venda com mais custos é letal para a continuidade dos negócios. O caminho passa por ganho de competitividade, da produtividade, enxugamento de gastos. A ACIL tem feito inúmeros treinamentos para capacitar o empresariado local para melhorar o negócio e, em âmbito institucional, tem pressionado o governo para que melhorem a eficiência pública”, observa.

Marcos Vinícius Gimenes: “A pergunta que fica é se (essas medidas) vão dar resultado ou não”

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EMPREENDEDORISMODIGITAL

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IDEAL É FAZER COM QUE O CLIENTE SE SINTA UM AMIGO ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS

Por Michelle Aligleri

Mais de 70% dos brasileiros que têm acesso à internet usam as redes sociais. Pesquisas realizadas em 2014 pelas empresas de mercado   comScore e Shareablee mostram que a população da América Latina é a que apresenta maior média global de uso de redes sociais em computadores e laptops, com 8,13 horas mensais por pessoa. Não bastasse este dado, os brasileiros superam a média mundial de tempo médio em redes sociais. Por aqui as sessões giram em torno de 18,5 minutos, enquanto no restante do mundo as pessoas geralmente gastam 12,5 minutos por acesso. A pesquisa mostra ainda que o Brasil é o segundo país onde as pessoas gastam mais tempo nas redes sociais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mais do que números, as pesquisas mostram que os brasileiros estão adaptados e vivem uma vida online muito intensa. As redes sociais completaram dez anos em 2014 e já ocupam um espaço grande na vida dos brasileiros, especialmente entre os mais jovens com idade entre 15 e 34 anos. O acesso fácil a smartphones, tablets e notebooks facilita o relacionamento online, seja ele pessoal ou profissional. De olho neste filão, muitas empresas aproveitam a rede social para divulgar produtos, fazer promoções e se aproximar do cliente. Falando a língua que os clientes gostam de ouvir, a Papel de Papel Jardim há dois anos é ativa nas redes sociais. Com perfis no Facebook e no Instagram, a empresa encontrou uma forma de mostrar as promoções, atrair novos clientes e manter um relacionamento próximo daqueles que já conhecem a loja. Com quase 20 mil seguidores no Facebook, há quase dois anos a empresa decidiu investir e passou a ver a rede social como mídia. “Fizemos alguns cursos de capacitação nesta área e buscamos o acompanhamento de uma empresa especializada em redes sociais. Eles nos ajudaram a

definir o tamanho das imagens que seriam postadas, a frequência de publicações, a quantidade de texto e outros detalhes”, explica a publicitária e gerente da loja, Ana Paula Amâncio. Ela afirma que esta é a mídia que recebe maior investimento da empresa ao longo do ano, outros tipos de mídias só são utilizados em datas comemorativas e épocas interessantes para o público da loja, como a volta às aulas, por exemplo. Como a empresa comercializa um produto muito especializado, direcionado para estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo e para pessoas que fazem artesanato com papel, Ana Paula afirma que é a própria equipe da loja quem administra as redes sociais. “Para vender nosso produto é preciso conhecer de perto as características dele e dos nossos clientes. Buscamos sempre uma linguagem informal e direta, a mesma linguagem que utilizamos na loja física e no contato face a face”, comenta. A publicitária garante que o Facebook permite estreitar o relacionamento da empresa com os compradores, mas tem dois pontos negativos. O primeiro, segundo ela, é o fato de muitos clientes

Associação Comercial e Industrial de Londrina 11

Ana Paula Amâncio, gerente da Papel de Papel Jardim, e Flávia Pires Brandão, sócia-diretora da loja que apostou nas redes sociais para atrair clientes.

ficarem aguardando as publicações promocionais para irem até a loja e o segundo ponto negativo para ela tem a ver com o gerenciamento de crises. “A partir do momento em que você cria o perfil da sua empresa na internet ela está exposta e pode receber elogios ou críticas que serão vistos por todos. É preciso saber contornar este tipo de situação para que a empresa não fique com uma imagem negativa perante os demais seguidores”, ressalta. Com o passar dos anos as redes sociais foram se aprimorando e se especializaram na “arte” de alcançar o público exato para cada publicação. Isso significa que para atingir pessoas de determinada região e com um perfil pré-estabelecido as empresas pagam. Na Papel de Papel, por exemplo, há um orçamento mensal utilizado para impulsionar postagens e alcançar exatamente quem tem interesse no produto que está sendo anunciado. O mesmo acontece com a loja Móveis Brasília, que utiliza uma ferramenta do Facebook para direcionar suas publicações e fazer com que a informação chegue exatamente a quem se interessa pelo assunto. O diretor operacional da loja Móveis Brasília, Wilsonei Mattos, explica

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Apesar de muito usadas para promover as empresas, as redes sociais possuem um papel bem maior dentro das organizações. Muitos empresários aproveitam os dados disponibilizados pelos usuários para definir contratações. Em várias instituições equipes de Recursos Humanos analisam o perfil dos candidatos a vagas na empresa antes de decidir quem será contratado. Por este motivo, da mesma forma que as empresas devem seguir um “código de ética” na rede para não importunar os clientes, os demais usuários também deveriam se policiar, e pensar duas vezes antes de compartilhar determinadas fotos, comentários e links. A orientação é da administradora de empresas e consultora de Marketing, Sheila Dal-Ry Issa. De acordo com ela, as pessoas não podem se esquecer que a rede social é uma vitrine e que todas as ações realizadas no perfil podem ser vistas por muita gente. “Antes de postar alguma coisa, a pessoa deve pensar se sentirá vergonha se alguém da família, o chefe ou um amigo ver”, comenta. Ela defende que as redes sociais sejam usadas pelas pessoas para mostrar suas habilidades. O envolvimento em questões polêmicas, especialmente as que possam ofender outras pessoas, não é recomendado.

A consultora lembra que a exposição negativa pode fechar as portas de um emprego. “Os usuários devem encarar a rede social como um currículo e colocar lá informações e fotos que agregam valor à sua vida pessoal e profissional. Muitas empresas fazem análise de perfil antes de contratar. A rede social é uma aliada e deve ser usada com bom senso”, complementa. Para a empresária Tanila Mariele Dalmut as redes sociais se tornaram aliadas na hora de contratar um funcionário. Dona de uma revista voltada para noivas, ela afirma que faz uma avaliação prévia dos candidatos a partir das informações postadas por eles nas redes. “Fazemos uma rápida análise do perfil da pessoa para identificar se ela tem interesses semelhantes aos nossos. Uma pessoa que reclama muito da vida na internet, por exemplo, não combina com o nosso produto e a nossa política de trabalho”, comenta. Conforme ela, o perfil do candidato na rede social é avaliado antes mesmo da entrevista. “Já vamos mais preparados para a conversa. De dezembro a janeiro nós contratamos quatro pessoas e em todas as situações levamos em conta o comportamento dos candidatos nas redes sociais”, complementa.

que a empresa não participa das redes sociais apenas com ofertas. “Mandamos mensagens diversas, informativos do setor, a ideia é fazer com que o cliente se sinta amigo”, comenta. Conforme ele, o ponto mais importante de manter um perfil empresarial nas redes sociais é a moderação. “Se todos os dias eu mandar uma oferta eu posso cansar o seguidor. Quando eu tenho uma promoção eu mando direcionada aos clientes que

se interessam por aquele produto”, explica. Além do perfil no Facebook a Móveis Brasília possui conta no Twitter, Instagram e os critérios levados em conta na hora de fazer uma publicação são sempre os mesmos. Mattos acredita em todas as redes sociais como ferramentas que podem contribuir para melhorar o relacionamento com o cliente. “O próprio WhatsApp é muito legal.

Sheila Dal-Ry Issa, consultora: “Os usuários devem encarar a

rede social como um currículo e colocar lá informações e fotos que agregam valor à sua vida pessoal e

profissional. Muitas empresas fazem análise de perfil antes de contratar.

A rede social é uma aliada e deve ser usada com bom senso”

Usamos para facilitar o contato com um cliente específico, enviar uma foto mais rápida do produto que ele deseja... O mais importante é usar a mídia online de forma ponderada”, complementa. Para ele, manter um seguidor é difícil, por isso é preciso prezar pelo respeito aos limites do cliente. “Estamos há 38 anos no mercado e nas redes sociais nós conseguimos fortalecer a imagem da empresa”, conclui.

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FINANÇAS

Por Loriane Comeli

A boa e velha caderneta de poupança, sinônimo de segurança e rentabilidade, continua segura, mas já não goza mais do status de rentável, especialmente entre empresários e investidores com maiores volumes de recursos. Em 2014, o Brasil registrou um dos mais baixos volumes de aplicações na caderneta de poupança, criada há 154 anos, no reinado de Dom Pedro II.“Com a inflação de 7%, em termos de rentabilidade, a poupança não é interessante”, afirma o professor de Economia e Finanças da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Azenil Staviski. Os investimentos na caderneta de poupança são remunerados a taxa de

0,5% ao mês, mais a TR (taxa referencial) que gira em torno de 0,1%.“No cenário atual, a poupança basicamente está repondo o poder de compra da moeda”, completa o professor, acrescentando que médias e grandes empresas não mais depositam suas economias em poupança. “Os grandes empresários, que fazem uma gestão eficiente de caixa, normalmente preferem outras aplicações de curto prazo que tenham taxas mais atrativas.”Por ser completamente livre de tributos e não ter valor mínimo a ser depositado, a poupança ainda é largamente utilizada por pessoas físicas, com baixo volume de recursos – os pequenos poupadores. “Neste caso, continua sendo o investimento adequado”, aconselha

Staviski. “O cidadão tem que pensar o seguinte: não é quanto eu ganho aplicando, mas quanto deixo de pagar juros quando eu consigo poupar para utilizar este recurso lá na frente”.Criada pelo decreto 2.723, de 12 de janeiro de 1861, a caderneta de poupança tinha como função original “receber, a juro de 6%, as pequenas economias das classes menos abastadas, e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte”. As retiradas poderiam ser feitas a cada oito dias. Ao longo dos anos sofreu modificações, mas, a essência é a mesma. “É um patrimônio social brasileiro. Um presente para o pequeno poupador. Incentiva os cidadãos a poupar e é a principal

... entre as aplicações mais seguras estão os títulos expedidos pelo governo federal para rolar a dívida pública...

Azenil Staviski,professor de Economia

“ “

“COM A INFLAÇÃO EM 7%, POUPANÇA NÃO É INTERESSANTE”

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razão do histórico econômico brasileiro: bancos quebrando, troca de moedas e o evento do confisco (no governo de Fernando Collor de Mello). Aquilo deixou muita gente desconfiada. Mas isso já faz 25 anos. As pessoas deixam de ganhar dinheiro por preconceito”, enfatiza.O consultor, que atua no setor há 21 anos, também cita a falta de profissionalismo dos empresários para fazer o dinheiro render. “Há casos de empresários cuja empresa vale R$ 50 milhões, com aplicações financeiras de R$ 30 milhões. A aplicação vale quase tanto quanto a empresa e ele não tem profissionalismo nenhum para gerir isso”, comenta. “O dinheiro fica nas mãos do gerente do banco, que tem interesse divergente do empresário”.

fonte de financiamento para habitação, saneamento, etc”, afirma o economista.O sócio-administrador da Horus Investimentos, Otávio Monteiro, tem um conselho afiado para quem quer ganhar dinheiro com aplicações financeiras, especialmente no meio empresarial. “Risque a poupança da lista de possibilidades”. Para Monteiro, existe vasto preconceito quanto a outras aplicações, especialmente, quanto ao risco, e um desconhecimento generalizado acerca de investimentos mais rentáveis.“Eu atribuo esse preconceito ao público mais velho, que é muito ressabiado com relação aos investimentos, principalmente em

R$ 5 trilhões em títulosHoje, estão no mercado uma série de possíveis investimentos tão seguros quanto a poupança, porém, bem mais rentáveis, explicam Staviski e Monteiro. “Aplicações até R$ 250 mil são totalmente garantidas”, diz o consultor, referindo-se a títulos privados como o CDB, LCI e LCA, amparados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade formada por

Otávio Monteiro, sócio-administrador da Horus Investimentos: “Risque a poupança da lista de possibilidades”

geral, são isentas de IOF após 30 dias de aplicação.Staviski explica que entre as aplicações mais seguras estão os títulos expedidos pelo governo federal para rolar a dívida pública. São os títulos do Tesouro Nacional. Há vários deles, como a LTN (Letras do Tesouro Nacional), NTN (Notas do Tesouro Nacional) e LFT (Letras Financeiras do Tesouro). Alguns (LTN e NTN da série F) têm rendimento prefixado, ou seja, a taxa é determinada no momento da compra. Os outros são pós-fixados: o valor do título é corrigido por um indexador definido (LFT, pela Selic; NCN da série C, pelo IGP-M; NTN da série B pelo IPCA). Os títulos podem ser ainda de curto, médio ou longo prazo.

todos os bancos privados, cujo objetivo é dar estabilidade aos investidores do Sistema Financeiro Nacional (SFN). A LCI (Letra de Crédito Imobiliário), cujos recursos arrecadados pelos bancos se destinam ao financiamento do setor imobiliário, e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), direcionada ao setor agrícola, são isentos de impostos, assim como a poupança. “É um incentivo governamental”, explica o professor da UEL.Já sobre quaisquer outros títulos públicos ou privados incide Imposto de Renda. A alíquota varia entre 15% e 22,5% sobre o rendimento, conforme o prazo da aplicação. Quanto menor o prazo, maior o índice. As aplicações financeiras, de maneira

Metas“Num cenário de inflação alta, como o atual, os mais indicados sãos pós-fixados”, aconselha o economista. Porém, destaca que o melhor investimento deve ser moldado no perfil do investidor, levando-se em conta, por exemplo, o volume de recursos, a sensibilidade ao risco e o prazo para retorno. “A melhor aplicação financeira é aquela moldada para você. Quanto você tem, qual tempo que pretende deixar aplicado, qual seu grau de sensibilidade ao risco”, discorre Staviski.

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Incidência de Imposto de Renda sobre aplicações financeiras

Percentual descontado sobre o rendimento Prazo do título

22,5% Até 180 dias

20% De 181 a 360 dias

17,5% De 361 a 720 dias

15% Acima de 720 dias

* Poupança, LCI e LCA são isentas

A poupança é um patrimônio social brasileiro. Um presente para o pequeno poupador

Azenil Staviski

“ “

“O MÍNIMO QUE ACEITO GANHAR É TAXA LIVRE DE RISCO”

Trata-se da meta atuarial. “De acordo com os planos de cada investidor, o consultor traça a meta atuarial”, resume Monteiro. “Há diferentes tipos de tomadores no mercado e, por isso, uma gama tão grande de títulos”, completa.Em novembro de 2014, o Banco Central divulgou que circulam no mercado aproximadamente R$ 5 trilhões em títulos públicos e privados, o que corresponde a 98% do PIB brasileiro. Mais de 60% são títulos públicos. O estoque aplicado em poupança é de R$ 670 bilhões, o que corresponde a 14% do total.Com todo esse volume de papéis circulando, o consultor enfatiza que, mesmo para o pequeno empresário ou para o capital de giro, há investimentos adequados, bem mais

risco. “Agora, quando são quantias volumosas, o mercado não te impõe um pênalti. A rentabilidade é bem maior”. Por isso, são comuns as aplicações por meio dos fundos de investimento. “É um condomínio de investidores que ganha escala e obtém resultados melhores”, explica.

Risco totalAo lado dos títulos públicos e privados, que são investimentos de renda fixa, há, ainda, os investimentos de renda variável, que podem ser extremamente lucrativos, porém, envolvem

vantajosos que a poupança. “O mínimo que aceito ganhar com uma aplicação é taxa livre de risco”.Essa taxa livre de risco, calculada diariamente a partir dos empréstimos feitos entre bancos, os CDI (Certificado de Depósito Interbancário), está em pouco mais de 12% e é sempre muito próxima da Selic, a taxa oficial de juros (12,25%), usada para medir os juros dos títulos públicos.Monteiro explica que ganhar dinheiro no mercado de aplicações é mais fácil quando se tem grandes quantias de dinheiro. Quem investe, por exemplo, R$ 500 em um CDB dificilmente conseguirá auferir integralmente a taxa livre de

“risco total”. Trata-se do mercado de ações, negociadas por meio da Bolsa de Valores. As ações são cotas de sociedades anônimas e a lucratividade reside em comprá-las por baixo valor e revendê-las quando a empresa estiver em plena lucratividade.“É risco total e, normalmente, o investidor precisa de auxílio profissional para isso. Pode-se ganhar muito. Mas, também, pode-se perder muito”, diz Staviski. “Por exemplo, quem comprou ações da Petrobras, não vai recuperar (o investimento) tão cedo. Se não venderam, têm que esperar. Um dia, talvez, esses preços voltem”.

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PRINCIPAIS TÍTULOS

TÍTULOS PRIVADOS

Renda fixa• CDB (Certificado de Depósito Bancário)• LCI (Letra de Crédito Imobiliário)• LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)• Debêntures – título expedido por companhias para

investimentos ou pagar dívidas• Letras de Câmbio – expedidas por instituições financeiras

não bancárias para captar recursos no mercado

Renda variável• Ações – parte de empresas (sociedades anônimas)

negociados na Bolsa de Valores

TÍTULOS PÚBLICOS

• LTN (Letras do Tesouro Nacional)• NTN-F (Notas do Tesouro Nacional – Série F)• NTN-B Principal (Notas do Tesouro Nacional – Série B –

Principal)• NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – Série B)• LFT (Letras Financeiras do Tesouro)• NTN-C (Nota do Tesouro Nacional - Série C)

*Desde 2002, o governo tentou popularizar a venda de títulos públicos pela internet, o Tesouro Direto. O site também oferece cursos online com

instruções básicas sobre como investir. Pessoas físicas podem fazer aplicações de sua própria casa.

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EMPRESAS

Golsat: “O resultado surpreendeu. Foi um presente para todos que trabalham

aqui. É importante trabalhar numa empresa certificada pelo GPTW”,

garante Carlos Tudisco

Por Kalinka Amorim

Já faz algum tempo que o mundo corporativo vem discutindo novos modelos de gestão de pessoas. E é fato que as empresas que investem em gestão estratégica têm colhido bons frutos. Valorizar o capital humano, apostar no crescimento profissional do colaborador, gerar um ambiente saudável para se trabalhar, incentivar o espírito de equipe, dar liberdade para o colaborador expor suas ideias, desenvolver lideranças motivadoras e inspiradoras que se importam em dar e receber feedback, entre tantos outros fatores praticados é o que a GolSat, o Sicoob Norte Paraná e Apetit Serviço de Alimentação têm feito. Essas empresas londrinenses são destaques dentre as 25 melhores do Paraná para se trabalhar, de acordo com levantamento do Instituto Great Place to Work (GPTW).

Tecnologia transformadoraA GolSat, empresa de telemetria, alcançou o 8º lugar no ranking das 25 melhores empresas para se trabalhar no Paraná. As soluções práticas desenvolvidas por especialistas em gestão de frotas leves, além de deixar seus clientes satisfeitos, no âmbito econômico, ambiental e social traz orgulho para sua equipe de 65 colaboradores. O segredo para tanto sucesso, de acordo com o gerente de Recursos Humanos Carlos Tudisco, é a sinergia entre colaboradores, líderes e diretores que acreditam e seguem a diretriz da empresa que é gerar uma economia de combustível, limitar os riscos e reduzir a poluição, sempre melhorando a segurança dos condutores. “Os colaboradores entendem o que a empresa quer e onde almeja chegar. A diretoria tem uma forma de

comunicação muito dinâmica com o pessoal. Isso elimina algumas barreiras hierárquicas. Não há muita formalidade para os processos e esse é um fator que acho relevante”, explica. De acordo com ele, qualquer funcionário tem acesso ao alto escalão da empresa podendo

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expor suas ideias. “Isso, jamais, é visto como passar por cima do outro, muito pelo contrário, gostamos de saber o que os colaboradores pensam. Afinal, são eles que estão em contato direto com o cliente”, complementa.Participar do levantamento realizado pelo Instituto Great Place to Work (GPTW), conforme Tudisco foi a iniciativa tomada para entender como seus funcionários olhavam a empresa. “É uma forma muito isenta de entender o que os colaboradores pensam a respeito da instituição na qual trabalham. Percebemos que teríamos condições de concorrer e ganhar uma boa colocação nesse prêmio, que é uma certificação reconhecida internacionalmente e muito rigorosa com relação ao sigilo”, afirma. “O resultado surpreendeu. Foi um presente para todos que trabalham aqui. É importante trabalhar numa empresa certificada pelo GPTW”, garante.

Liberdade e UniãoAdministrador por formação, Márcio Pereira, 32, atua na empresa há dois anos como Supervisor de Relacionamento. União, para ele, é uma das características que mantém seu entusiasmo e a paixão pelo trabalho. “A empresa proporciona um sentimento de equipe. É como se fosse uma extensão da casa da gente, uma família”, afirma. “Sempre recebemos apoio dos colegas, tanto nos assuntos profissionais como também nos pessoais e essa sensação de estar sempre junto para tudo é muito boa”, declara.Outro fator pontuado por Pereira, que faz com que a GolSat se destaque entre as Melhores Empresas para se Trabalhar no Paraná, é a liberdade que a empresa concede aos colaboradores. “Nós temos nossas atividades e cada função mostra claramente o que deve ser realizado. Eles direcionam e você realiza de acordo com seu perfil profissional. Não há imposição. Isso gera um crescimento pessoal e profissional e traz muita segurança, isso cria em nós o desejo de sempre querer fazer o melhor”, afirma. “A gente acredita tanto no que faz, trabalhamos tanto em conjunto, que se tornou natural esse espírito de equipe”, corrobora a analista de projetos, Luciana Mantovani Tejo. Para ela, o que chama a atenção além do espírito de equipe é a chance de fazer uma carreira na empresa. “Todo mundo é muito valorizado e quando surge uma vaga para uma hierarquia maior, o líder direto analisa e a chance de se fazer carreira e subir de cargo na empresa é muito grande. A empresa trabalha muito em direcionar os funcionários de acordo com o seu potencial. Isso dá uma chance enorme para se desenvolver e crescer profissionalmente”.Além desse clima benéfico, o colaborador da GolSat também conta com os seguintes benefícios: Assistência Médica e odontológica, bolsa de estudos, vale alimentação, ginástica laboral, treinamentos periódicos, confraternizações em datas especiais. Além de ter um incentivo para uma

alimentação mais saudável com a disponibilização de frutas frescas no período da manhã e da tarde.

Humanização, respeito e valorização à pessoaNo Sicoob Norte do Paraná a surpresa também tomou conta da equipe. É a primeira vez que a instituição participa do GPTW e garante o 17º lugar de Melhor Empresa para se Trabalhar no Paraná.Para o diretor presidente Wilson Cavina, um conjunto de ações gerou esse resultado. Proximidade entre líderes e liderados, clima agradável de trabalho, discurso coerente com a prática, feedbacks constantes, planos de cargos e salários, plano de saúde e odontológico, auxílio combustível, auxílio telefonia, cartão farmácia, treinamentos, bolsa de estudos. Mas o que cativa mesmo os funcionários, na opinião dele, é a forma diferenciada de tratamento que é dispensada aos colaboradores. “Realmente consideramos o colaborador como fator importante no nosso negócio. Humanizamos as formas de trabalho prezando sempre a comunicação assertiva. Antes de ser mão de obra importante, são pessoas e merecem ser tratadas com tal. Sem eles o Sicoob não existiria”, garante. “Datas como o dia do aniversário, da formatura, da descoberta da gravidez, do nascimento do primeiro filho, o primeiro aniversário de casamento, todas são comemoradas. “Fazemos questão de entregar uma lembrancinha e isso faz muita diferença na vida do funcionário, consequentemente, o desempenho melhora”, assegura a gerente de Recursos Humanos do Sicoob Norte Paraná, Milena Campreguer.Além de todos esses detalhes que cativam os funcionários, um programa diferenciado de licença maternidade estendido chama a atenção. A funcionária

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goza o que é de direito por lei, os quatro meses. Sai de férias e depois retorna gradativamente até o bebê completar um ano de idade. “Além de não ser uma separação traumática, identificamos que a colaboradora rende muito mais, num curto período de quatro horas ela consegue entregar mais resultados do que permanecendo o tempo integral de trabalho”, afirma Milena. “O ganho, a dedicação e a fidelidade que temos com esse projeto é muito grande”, complementa Cavina. Matutino ou vespertino, a escolha do período a ser trabalhado é feita pela colaboradora e o tempo integral de sete horas de trabalho só volta a ser praticado a partir do momento que a criança completa um ano.

Detalhes que fazem a diferençaHá sete anos, Carmen Paiva Gouvea, 34 anos, debutou no Sicoob como estagiária. Hoje ocupa o cargo de gestora do departamento de crédito e está feliz da vida por trabalhar numa empresa certificada pelo GPTW. “Amo a cooperativa e o que faço. A valorização humana aqui é muito boa. Não conheço uma empresa que valorize o lado humano do funcionário como o Sicoob valoriza”, afirma.Ela conta que uma das primeiras coisas que chamou muito a sua atenção foi ter ganhado um presente no dia da formatura. “Não tinha comentado nada com ninguém. Eles descobriram e me presentearam. Fiquei

surpresa e muito feliz! São pequenos detalhes que fazem a diferença”, diz.Carmen pretende seguir carreira no Sicoob e vem se preparando para isso. Atualmente ela faz um curso de MBA em Gestão, custeado pela empresa. “Comecei como estagiária, fui assistente e hoje sou gestora, mas em breve pretendo chegar à diretoria”.

RH EstratégicoHá quatro anos consecutivos a empresa Apetit Serviços de Alimentação figura no ranking das melhores empresas para se trabalhar. Com mais de 1,6 mil colaboradores e escritórios espalhados em 12 estados brasileiros, o cuidado com as pessoas é o segredo que mantém a Apetit em destaque, explica a gerente de Estratégia, Pamela Manfrin. “É por meio delas que crescemos e nos desenvolvemos. Dessa forma, nada melhor do que o alinhamento entre a cultura e a gestão, o discurso e a prática. Pensando assim, investimos constantemente na capacitação para que os colaboradores estejam realmente engajados com a estratégia organizacional e estejam aptos a trabalhar a favor dela”, dizAlinhamento, foco, determinação, conforme ela, são palavras constantes no vocabulário de quem trabalha na empresa. “Nada disso seria possível sem uma equipe forte e estruturada, e é nesse aspecto que a atuação do RH estratégico faz a diferença”, afirma. “São dezenas de práticas formalizadas para ouvir, falar, cuidar, compartilhar, contratar, agradecer, desenvolver, inspirar e celebrar, todas essas formam o que chamamos de Universo Apetit”, complementa.Para ela, o que motiva os colaboradores é a oportunidade de crescimento encontrada na empresa. “Esse é um grande diferencial para quem trabalha conosco. A empresa cresce em média 30% ao ano e, isso, gera muitas oportunidades de promoções”. Pamela acredita que o reconhecimento motiva a busca por resultados. “Nossa equipe de RH e toda a liderança é muito comprometida com as etapas de recrutamento e seleção, com o perfil dos colaboradores e seus objetivos pessoais. Queremos profissionais que se sintam felizes conosco. Alinhamento entre

expectativas do colaborador e a realidade da empresa é fundamental para o sucesso de ambas as partes”, opina.Plano de Saúde, Plano odontológico, Uniforme, Alimentação - café da manhã, almoço e frutas à tarde-, Universidade Corporativa, Convênio Educação, Vale transporte, Cartão Alimentação, Programa de qualidade de vida com massagem, Ginástica laboral, Palestras, Participação nos Lucros e Resultados – PLR, entre muitos outros são os benefícios oferecidos pela Apetit.

Liderança InspiradoraPara o consultor empresarial Wellington Moreira, da Caput Consultoria, uma boa empresa para se trabalhar precisa ter lideranças inspiradoras que compartilhem informações. “ Uma empresa pode até ter uma boa política, mas se essa política não for o que os trabalhadores querem, não basta. O segredo é entender o que os trabalhadores querem e isso se descobre conversando com as pessoas. Por isso a importância de um líder aberto ao diálogo”.Além de lideranças inspiradoras, a empresa, na opinião de Moreira, deve ter boa política de remuneração, proporcionar perspectiva de futuro, aprendizado contínuo e espírito colaborativo.

Sicoob: “Humanizamos as formas de trabalho prezando sempre a comunicação

assertiva. Antes de ser mão de obra importante, são pessoas e merecem ser tratadas com tal. Sem eles a Sicoob não

existiria”, afirma Wilson Cavina Apetit: “Queremos profissionais que se sintam felizes conosco. Alinhamento entre

expectativas do colaborador e a realidade da empresa é fundamental para o sucesso de ambas as partes”, opina Pâmela Manfrin.

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POLÍTICA

Valter Orsi, presidente da

ACIL: “Mais uma vez, as empresas

são lesadas por medidas do

governo. Seria muito mais

interessante um diálogo mais

amistoso entre trabalhadores, empresários e poder público”

CONSEGUIR BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ESTÁ MAIS DIFÍCILPrevidência exige mais dos empregados e onera empresas

Por Muriel Amaral

Uma das propostas de governo para a gestão da presidente Dilma Roussef para o segundo mandato de 2015 foi de, segundo ela, não mexer com os direitos trabalhistas nem que a vaca tossisse. A proeza aconteceu; e parece que a vaca tossiu e foi ouvida apenas no Planalto. O brasileiro mal teve tempo de pular as sete ondinhas na virada do ano e renovar os votos de prosperidade para 2015 que no apagar de luzes do ano passado o governo federal lançou por meio de uma medida provisória (MP) ações que vão interferir de modo significativo no recebimento de benefícios da Previdência Social como, por exemplo, o seguro-desemprego, pensão por morte, auxílio-doença, seguro defeso (seguro-desemprego destinado a pescadores artesanais) e abono salarial. Segundo o Planalto, se as medidas forem aprovadas no Congresso, a União economizará R$ 18 bilhões.Algumas das ações propostas pela presidente certamente se tornarão mais um entrave na vida dos trabalhadores, como é o caso do recebimento do seguro-desemprego. Vigente no Brasil desde 1986, esse benefício era ofertado ao trabalhador demitido que comprove registro em carteira com o prazo de pelo menos seis meses de atuação. Caso seja aprovada a MP, o trabalhador que for dispensando do serviço terá direito ao seguro-desemprego apenas quando completar no mínimo 18 meses de registro. Este

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período é para a primeira solicitação do benefício. Em outras situações em que o empregado for demitido o prazo também se altera: 12 meses para a segunda solicitação e seis meses para a terceira solicitação. Essa ação pode prejudicar principalmente os mais jovens que costumam permanecer menos tempo nos empregos até conseguirem a estabilidade profissional.Para o presidente da ACIL, Valter Orsi, o período de permanência em atividade para solicitar o seguro-desemprego vai na contramão de políticas dos benefícios para o trabalhador. “O governo deveria prezar pelo trabalhador que está em uma situação vulnerável. Com o seguro-desemprego, o cidadão poderia ter um pouco mais de confiança e segurança para buscar outras oportunidades”, afirma. Na opinião dele, a mudança pode afetar, inclusive, o lado emocional do colaborador. Mesmo enquanto estiver empregado, poderá haver uma tensão se o profissional for demitido antes do tempo mínimo de permanência no emprego. “Além do incômodo de levar a vida sem nenhuma segurança no tempo em que ficar desempregado”, avalia. Quem fica em maus lençóis também são os pescadores artesanais e outros profissionais que lidam com o pescado, nos períodos em que a pesca é proibida. Até então, quem comprovasse o registro de pescador com carteira assinada e contribuísse ao menos uma vez à Previdência poderia solicitar o benefício quando a pesca fosse vetada. Aprovada a nova medida, haverá a necessidade de

comprovação de pelo menos três anos de atuação como pescador e um ano de contribuição. E aquele que receber qualquer outro benefício pela Previdência como aposentadoria e auxílio-doença, não terá direito ao seguro defeso.As regras também mudam para quem receberia o abono-salarial. O benefício de um salário mínimo é destinado a quem exerceu uma atividade remunerada de até dois salários mínimos durante um mês. Com as mudanças propostas, haverá a exigência do período de carência de seis meses ininterruptos para solicitar o benefício e o pagamento será proporcional ao tempo de serviço.Os pensionistas também terão seus vencimentos alterados. No caso de viuvez, o cônjuge recebia o benefício integral ou até o teto de R$ 4.390,00. Além de lidar com o luto, o cônjuge vai ter que se equilibrar com o orçamento familiar. Quando entrar em vigência essa MP, os pensionistas deverão apertar os cintos, pois o benefício atingirá o valor integral apenas se o casal tiver filhos, caso contrário, o limite é de 50% do valor integral. Para cada filho, o índice aumenta 10%, quando os filhos completarem 21 anos ou terminarem os estudos esse percentual acaba. Por exemplo, se o cônjuge tem dois filhos, a pensão será de 70% do valor integral, quando os filhos completarem 21 anos ou terminarem os estudos, o cônjuge receberá 50% do valor. As mudanças para os pensionistas não acabam por aí. Para solicitar o benefício, a parte requerente deve ter ao menos dois

BENEFÍCIO COMO ERA COMO PASSA A SER

Seguro-desempregoCom seis meses de contribuição, o trabalhador demitido tem direito ao benefício

Terá direito o trabalhador demitido com pelo menos 18 meses de contribuição

Abono-salarial

Destinado ao trabalhador que exerceu alguma atividade, por um mês e que tenha recebido até dois salários mínimos.

Para receber terá que exercer ao menos seis de atividade registrada em carteira e o cálculo será referente ao período realizado.

Pensão por morteTem direito à pensão o viúvo (a) independente da faixa etária ou tempo de contribuição.

Requerente precisa ter tido pelo menos dois anos de casamento ou relação estável. O valor do benefício varia de acordo com a idade do cônjuge.

Auxílio-doença

A empresa arca com 15 dias de afastamento e o benefício é de 91% do salário do trabalhador, limitado ao teto do INSS.

O período passa a ser de 30 dias do profissional afastado e o cálculo é realizado com base nas últimas 12 contribuições.

Mudanças

anos de casamento ou união estável e dois anos de contribuição à Previdência. Além disso, não haverá pensão vitalícia para todos os casos. Passará a entrar em vigor o fator previdenciário que estabelece o período que o beneficiário poderá receber a pensão: abaixo de 21 anos, o pensionista recebe o benefício por três anos; entre 22 e 32 anos, o benefício vigora por seis anos; e entre 32 e 43 anos, o pensionista receberá por 15 anos. As regras da medida também atingem os servidores públicos que se aposentaram com 70% do valor do benefício.Os empresários e contratantes também sofrerão quando as mudanças da MP saírem do papel. Um ponto que vai pesar no bolso e na produtividade das empresas é o afastamento por

doença. A Previdência só assumirá o pagamento do auxílio-doença do empregado quando o período de afastamento for maior que 30 dias, e não mais de 15 dias. O primeiro mês da licença do profissional será pago pelo contratante e não mais pela Previdência Social. “Mais uma vez, as empresas são lesadas por medidas do governo”, analisa Orsi. Outra mudança será feita no valor do benefício. Os cálculos que definiam o valor do auxílio-doença eram realizados com base nos 80 maiores salários de contribuição do trabalhador, mas a partir deste mês a referência passa a ser os 12 últimos salários. “Seria muito mais interessante um diálogo mais amistoso entre trabalhadores, empresários e poder público”, completa Orsi.

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ARTI

GO

Por Fábio Cavazotti

No momento em que comemora 80 anos, Londrina mais uma vez mostra porquê é uma cidade especial. Após uma década de notícias ruins em diversos segmentos, que chegaram a arranhar a autoestima de uma população acostumada a ousar e liderar, a virada de 2014 para 2015 trouxe novidades bastante positivas sobre nosso desenvolvimento. Nos últimos anos, vínhamos nos acostumando a dar uma ênfase muito grande aos nossos problemas. Hoje, o que a prudência nos pede é que, sem descuidar daquilo que merece ganhar novos rumos, também saibamos valorizar as conquistas que, a duras penas, vimos construindo neste ambiente um bocado pessimista.Exemplos? O principal deles foi a divulgação, há dois meses, do resultado dos PIBs municipais pelo IBGE. O último levantamento disponível mostrou um desempenho espetacular da economia londrinense: em 2012, a cidade cravou um crescimento de 19%, simplesmente o maior registrado entre as cidades do Sul do país. Naquele ano, Londrina teve um prefeito cassado e outro preso, o que confere ainda maior destaque à resiliência e vigor das forças produtivas locais. Naquele ano, o crescimento do PIB fez Londrina avançar 10 posições no ranking nacional, passando do 55º para o 45º lugar.

Também recentemente, o Ministério da Educação divulgou um levantamento sobre a qualidade de ensino superior que classificou a UEL como a melhor universidade paranaense e 22ª do país. A UTFPR, que tem campus aqui, ficou em segundo lugar no estado e em 25º no país.Ainda no campo do ensino superior, um levantamento realizado por uma grande universidade local mostrou que o PIB universitário de Londrina ultrapassa R$ 1 bilhão e que quase 10% da população (algo como 50 mil pessoas!) é composta por alunos, professores e servidores de universidades. Poucas cidades têm números tão positivos no ensino de terceiro grau – e, para 2015, a previsão é de instalação de uma nova universidade em Londrina.Na área de serviços, com as duas inaugurações previstas para este ano, Londrina passará a contar com seis grandes shoppings – quase 20% dos shoppings do Paraná. Um deles, inaugurado há dois anos e que pertence a uma grande rede com operações em todo o país, registrou neste período o maior crescimento entre as dezenas de empreendimentos de mesma bandeira.A construção civil, apesar das dificuldades dos últimos anos, continua entregando novos edifícios e condomínios a cada mês – e a Gleba Palhano, em que pese os problemas que a falta de planejamento urbano tem gerado, é uma das regiões de

mais rápida transformação do sul do país.Na área industrial, em que notadamente Londrina apresenta crescimento menor que de outras cidades, nichos como da Tecnologia da Informação mostram que a massa crítica e a qualificação profissional são aliados indispensáveis para abertura de novas oportunidades. O coroamento deste processo deve vir também este ano, com a inauguração de um Instituto de Inovação e Tecnologia do Senai, um empreendimento de formação de mão de obra em TI com raros similares no país.Todas estas transformações e conquistas vieram – e talvez isso seja o mais importante! – dentro de um ambiente democrático que valoriza a cidadania e a cultura e que homenageia alguns dos legados mais importantes de nossa história. Londrina, como a maioria das cidades brasileiras, continua com muitos problemas, sim, e não é o caso de escondê-los. Porém, ao acolher de forma generosa as nossas conquistas, conseguiremos ajudar a construir o ambiente necessário para consertar aquilo que precisa de reparo, e para avançar ainda mais naquilo que tem dado certo.Que venham os próximos 80 anos; Londrina tem a cara do futuro!

Fábio Cavazotti é jornalista e vice-presidente do Observatório da Gestão

Pública em Londrina.

EMPREENDEDORISMO

ELAS À FRENTE52% dos novos empreendimentos no Brasil são comandados por mulheres. Enxergar no negócio uma oportunidade e uma possibilidade de conciliar casa e trabalho é o que motiva a maioria delas

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Por Juliana Mastelini

As mulheres sempre participaram da vida econômica do país. Seja saindo de suas casas para trabalhar ou trabalhando em casa, dando suporte para que os maridos pudessem acumular capital financeiro para a família. Hoje, elas lideram a maioria dos novos negócios: 52% dos empreendimentos com menos de três anos e meio são comandados por mulheres, aponta a GEM (Global Entrepreneurship Monitor), pesquisa anual sobre empreendedorismo. 66% delas abrem um negócio porque viram uma oportunidade. “Ou seja, elas têm um olhar empreendedor e enxergaram ali uma possibilidade, não que necessariamente faltava emprego no mercado de trabalho e elas precisaram abrir um negócio para se virar”, explica a consultora do Sebrae Liciana Pedroso.Para Liciana, a mulher vê no empreendimento uma possibilidade de conciliar trabalho e vida pessoal, com mais flexibilidade para a atenção aos filhos e à família. “A maioria delas acaba trabalhando ainda mais no empreendimento do que trabalhava antes, mas tem mais flexibilidade e assim pode conciliar essas questões”, explica Liciana.A Temp’s, temperos desidratados, da empresária Vaniza Goulart Costa, nasceu da possibilidade de conciliar família e trabalho. Quando viajou com a família para a Argentina em 2013, uma pergunta já ocupava o pensamento de Vaniza: “O que eu vou fazer da vida?” E foi na mala que ela trouxe a resposta: temperos. Vaniza é pedagoga, trabalhou por cinco anos na área, mas teve que deixar o emprego para cuidar dos filhos: cinco no total. Na visita à Argentina conheceu os temperos desidratados vendidos nas feirinhas de rua do país. Achou aquilo uma boa ideia e uma oportunidade para trabalhar aqui. De volta ao Brasil, foi pesquisar onde poderia comprar os temperos para embalar em porções menores e vender. “Falei com meu marido, que, mesmo

meio desacreditado, investiu na ideia. Então eu compro os produtos prontos e embalo num recipiente próprio para a dona de casa. São potes práticos que facilitam muito a rotina de casa”, conta Vaniza.Desde o momento em que decidiu montar o negócio, a empresária busca se atualizar, estudar e começou até a dar mais valor aos programas de culinária da TV. “Antes eu nem ligava para esses programas, mas agora assisto porque eles usam todos esses temperos desidratados que eu trabalho e sempre dão dicas de como usar. São coisas que eu nem conhecia antes.” Dessa forma, além de vender, Vaniza presta uma assessoria aos clientes e mostra as qualidades do seu produto, baseada na sua experiência em casa. “Eu costumo dizer que o pacotinho não fala com você, então eu procuro sempre estudar pra conversar e explicar para as pessoas. E elas se interessam muito em aprender, saber como dá pra usar. As próprias clientes compartilham as suas experiências”, conta Vaniza. A busca por informações é uma das peculiaridades das mulheres apontadas pela consultora do Sebrae. “Além de terem maior grau de escolaridade, elas buscam mais informações do que os homens quando estão empreendendo. Assim, quando um cliente chega, por exemplo, elas são mais detalhistas, estão mais atentas e podem dar um suporte melhor”, explica.Vaniza montou o seu negócio em casa, empacotando os temperos e vendendo para as amigas. E seu público foi aumentando. “Uma foi indicando para a outra e agora tenho clientes que não ficam sem os temperos. No final do ano passado, meus temperos foram levados para diversos estados do país.” Hoje, com menos de dois anos de negócio, a empresária se prepara para se estabelecer num local próprio onde futuramente será sua loja. “Dentro de 20 dias o local estará pronto, só falta a vigilância liberar para mudarmos”, conclui.

Liciana Pedroso, consultora do Sebrae: “A maioria delas

acaba trabalhando ainda mais no empreendimento do que

trabalhava antes, mas tem mais flexibilidade e assim pode

conciliar família e trabalho”

Vaniza Goulart Costa, proprietária da Temp’s –

Temperos Desidratados: “Eu costumo dizer que o pacotinho

não fala com você, então eu procuro sempre estudar pra conversar e explicar para as

pessoas os meus produtos”.

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Um universo de colaboraçãoSegundo a consultora do Sebrae, comparadas aos homens, as mulheres tem mais sensibilidade, estão dispostas a ouvir e refletir mais as decisões que tem que tomar. Ao contrário dos homens, que costumam ser mais práticos. “Cada característica funciona para certas coisas. Não que um seja melhor que o outro, mas se complementam”, afirma.O comércio é a área de maior concentração das mulheres. Para a consultora do Sebrae, isso se deve a questões culturais. “A ideia que se tem da indústria, por exemplo, é que é uma coisa mais pesada, os serviços também. Mas já está havendo uma quebra de paradigma, as mudanças acontecem aos poucos”, completa.Liciana lembra que as mulheres sempre trabalharam, mas não eram reconhecidas. Chegou um momento em que elas começaram a assumir outras responsabilidades. “Houve uma ruptura e elas decidiram trabalhar para ganhar dinheiro, se viram empreendedoras. É uma história de conquistas que dependem de mudanças culturais. Sem essas mudanças o mundo não se sustentaria. Sempre depois de um momento de rupturas as coisas vão se ajeitando”.Esse universo de conquistas da mulher ainda está em processo. Tanto que o número de mulheres à frente ou como executivas de grandes empresas ainda é baixo. “É uma escalada, as empresas que são grandes hoje, um dia foram pequenas. As mulheres são maioria na chefia de novos empreendimentos que um dia também serão grandes. Mas como executivas, as mulheres ainda são minoria. É uma questão cultural que aos poucos vai mudando. Hoje as mulheres disputam o mesmo espaço com os homens e convivem com eles num ambiente de cooperação. Já avançamos muito, mas ainda vai um período para suprir o tempo de desigualdade”, completa Liciana.

A patinação como negócio“Trabalho, trabalho, trabalho”. Esse é o segredo dos 25 anos da escola Dancing Patinação, da empresária Juliana Bicalho. Há 43 anos no esporte, Juliana é pioneira na patinação em Londrina. Trabalhava como professora de patinação em São Paulo quando o namorado mudou-se para Londrina, no final da década de 80. Ela concordou em acompanhá-lo, mas com a ideia de trazer a patinação pra cá. Juliana, então, apresentou projeto a três clubes de Londrina e um deles a chamou para que começasse a dar aulas. Um espetáculo de patinação inaugurou a escola em 1989 no Clube Canadá. “Com seis anos em Londrina, a escola já contava com 200 alunos. Aí tivemos a oportunidade

de montar uma escola própria na avenida Santos Dumont, onde ficamos por 19 anos. E há oito meses estamos em um local novo na avenida Harry Prochet”, conta Juliana.O maior desafio que a empresária enfrentou foi implantar a cultura da patinação em Londrina. Mas ela também encontrou na cidade um campo propício para o trabalho, tanto que depois do espetáculo de inauguração e na abertura da escola, já havia 30 crianças matriculadas. A partir daí, trabalho e dedicação foram essenciais. “Tem que ter persistência para superar as dificuldades e transformá-las em oportunidades, saber lidar com problemas e ser organizado. E não se acomodar. Em vez disso, buscar fazer o melhor sempre. O empresário é uma multifunção, que faz de tudo um pouco e conhece de várias áreas. Mas é essencial se cercar de bons profissionais e boas empresas que o auxiliem”, explica.Para Juliana, a característica principal da pessoa empreendedora é que ela não depende de fatores externos para fazer algo. “O empreendedor tem um inconformismo intrínseco positivo que o leva sempre a fazer melhor. Ele não fica muito tempo no mesmo patamar. Sempre busca se aprimorar, criar. Tem gente que gosta de segurança, saber que vai fazer sempre a mesma coisa todo dia. Já o empreendedor gosta de aprimorar, de criar”, conclui Juliana.

Oportunidade de empreenderFoi a oportunidade que fez com que Maria do Rocio Lázaro Rodrigues abrisse a Dhermus Farmácia de Manipulação em 1994. Depois de se formar na graduação em Farmácia, Maria trabalhou um ano em um laboratório de bioquímica, mas seu sonho era ter uma farmácia. Foi então que, junto com uma sócia, teve a possibilidade. “Na época não tinha tantas farmácias de manipulação como tem hoje. Era uma coisa nova. A farmácia era um sonho que eu sempre tive e a minha sócia, que ficou comigo apenas seis meses, foi alguém que deu coragem.”

A proprietária da Dancing Patinação, empresária Juliana Bicalho, é pioneira na patinação em Londrina. Trouxe o esporte para cá e

encontrou na cidade um campo propício para o trabalho.

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CME ATUA NA DEFESA SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICA DA MULHER

A farmácia começou bem pequena e nela trabalhavam apenas as duas sócias. Hoje, o estabelecimento conta com 16 funcionárias e trabalha com manipulação de produtos para animais e humanos e com revenda de medicamentos e produtos de nutrição com foco na qualidade de vida. “Todas as funcionárias são mulheres, até as entregadoras. Na manipulação de remédios geralmente é mulher que trabalha mesmo. Elas são mais focadas e mais delicadas na manipulação. E eu vejo as entregadoras saindo com a moto,

tem mais cuidado com os produtos. Na verdade nem aparece homem procurando emprego na farmácia. Acho que por ser tudo rosa, acaba assustando um pouco”, explica Maria do Rocio.Segundo a empresária, para manter-se no mercado há tanto tempo é preciso muito trabalho e acreditar no sonho. “Além de estar sempre se atualizando, se modernizando e buscando informações”, conclui.

Conselho da Mulher Empresária da ACILCom 30 anos de existência, o Conselho da Mulher Empresária (CME) da ACIL traz o olhar feminino para a associação. Para 2015, o conselho planeja ações que estimulem e contribuam com o empreendedorismo feminino em Londrina. O conselho busca aproximar as mulheres empresárias e debater assuntos de interesse delas e, assim, renovar conhecimentos, fomentar o associativismo e atuar na defesa social, cultural e econômica da mulher. “Oferecemos cursos, capacitações, debates que visam fortalecer e integrar as mulheres empreendedoras, envolvendo-as nas ações da ACIL”, explica a presidente do CME/ACIL, Marisol Chiesa.

A Dhermus Farmácia de Manipulação tem 16 funcionárias e nenhum homem. A proprietária Maria do Rocio Lázaro Rodrigues explica que elas são mais cuidadosas no trato com os medicamentos e com as entregas.

ENTREVISTA

Por Paulo Briguet

“A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação”, disse o escritor irlandês Oscar Wilde. Se é assim, o Brasil está no caminho para a mudança. Nestes três primeiros meses de governo, a presidente Dilma Rousseff conseguiu fazer um dos piores inícios de mandato da história da humanidade, colocando a maioria do País contra seu partido, o PT. Por toda a parte, cresce a insatisfação e, mais que isso, a indignação contra o governo federal e sua montanha de escândalos e incompetências. Uma das vozes mais críticas da oposição ao PT vem do Rio Grande do Sul: é a do escritor Percival Puggina, colunista do jornal Zero Hora e autor dos livros “Crônicas Contra o Totalitarismo”, “Cuba – A Tragédia da Utopia” e “Pombas e Gaviões”. Aos 70 anos, Puggina defende uma união dos homens de bem e uma oposição intransigente ao Partido dos Trabalhadores, “pois o que convém ao PT não convém ao País”. Segundo ele, essa frente política deve atuar no plano das instituições e dentro das normas constitucionais. “O importante é que o Brasil não pode – não pode! – continuar como está.” A seguir, leia a entrevista que Percival Puggina concedeu à Mercado em Foco:

No “Livro Negro do Comunismo”, Jean-Louis Margolin define o Camboja de 1975 como “o país do crime desconcertante”. Quarenta anos depois, estamos vivendo no “país do roubo desconcertante”?

Com efeito, o petismo, e nele os petralhas, promoveram um formidável update na criminalidade nacional, em especial no avanço sobre os recursos públicos para fins privados. Mais do que da “privatização”, trata-se, aqui, da apropriação privada desses meios financeiros.

Diante das notícias do petrolão e outros escândalos nacionais, a militância petista sempre aponta os casos supostamente semelhantes ocorridos em governos do PSDB. Qual é a diferença ontológica entre esses dois níveis de escândalos?

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PARTICIPAÇÃO DO EMPRESARIADO SERÁ FUNDAMENTAL NAS MANIFESTAÇÕES POR VIR

É a um tempo embaraçoso e esclarecedor, ver-se o petismo descer de seu velho pedestal, e apelar para essa linha de argumentação, que não diz coisa alguma sem mencionar o FHC e o PSDB. A corrupção começou com os R$ 3 mil de Maurício Marinho e dos R$ 50 mil de Luis Paulo Cunha, para os milhões do Mensalão e para os bilhões do Petrolão.

De que maneiras os empresários e entidades de classes podem se organizar e se manifestar contra o atual estado de coisas no Brasil? Quais seriam as estratégias para evitar que movimentos políticos sejam aparelhados pelo PT e por “agentes provocadores” como o black blocs?

A participação do empresariado brasileiro será essencial às mobilizações por vir. Os empresários devem estimular a presença de seus funcionários e estar, eles mesmo, presentes nas manifestações de rua. Pessoalmente eu estou longe de fazer o tipo militante de passeata, mas, nas mobilizações de dezembro, até em caminhão de som subi para discursar. Pude perceber na reação das pessoas o quanto isso foi significativo para elas. Queiramos ou não, somos parte sadia da elite brasileira. E é sobre nós que recai a maior responsabilidade neste momento.

Todo movimento eficaz da sociedade civil pressupõe bandeiras de fácil compreensão e uma identidade simbólica simples. Por exemplo: Diretas Já e a cor amarela. Ao mesmo tempo, exemplos como a Revolução de Veludo

na Tchecoslováquia notabilizaram-se por provocar imensas transformações sociais sem quebrar uma só janela. Quais são os motes e os símbolos que podemos utilizar em um movimento da sociedade no Brasil atual? Eu pensaria numa arte com nascer do sol, significando “alvorada”, ou uma versão pictórica do galo chanteclair, ou ainda um lenço verde e amarelo para pescoço.

Hoje estamos assistindo ao governo venezuelano invadir uma rede de supermercado em nome da “guerra econômica” contra as elites. O empresariado parece não ter dado conta da gravidade da situação. Como fazer com que eles acordem para a situação real do País?

Ao longo dos últimos 20 anos, tornei-me um especialista em questões cubanas. Meu interesse pelo país foi derivado da dedicação da esquerda brasileira em geral e do petismo em particular à tarefa de glamourizar a revolução cubana e cantar méritos que descobri serem absolutamente fajutos. Dezenas de debates mais tarde, surgiu o chavismo na Venezuela e recebeu as mesmas reverências. Tem sido muito fácil apontar a disinformation construída em torno dessas duas desastrosas experiências comunistas na América Latina. Será mais difícil fazer isso no Brasil acima de Brasília, onde o eleitorado foi capturado nas malhas da dependência do Estado mediante renúncia à própria consciência moral. Ademais, o petismo,

no Brasil, atraiu pelo bolso, via BNDES, a banda podre da economia brasileira. Julgo urgente que micros, pequenos e médios empresários se levantem contra essa orgia de recursos financeiros a juros privilegiados, canalizados para as maiores empresas do país, gerando, como consequência das facilidades e abusos, o caos econômico em que estamos ingressando.

O PT quer conduzir o Brasil para uma situação semelhante à da Argentina e da Venezuela ou pensa em adotar um autoritarismo inspirado nos modelos russo e chinês?

Eu estou convencido de que o PT coloca o poder como fim e não como meio. Portanto, o petismo, deixado livre, leve e solto, tanto poderá evoluir para um peronismo com Lula, quanto para alguma forma de organização do Estado com viés totalitário ou autoritário.

Muitos empresários e intelectuais, mesmo aqueles alinhados com a oposição, agem como se o PT e as legendas da linha auxiliar – PSOL e congêneres – fossem partidos semelhantes a todos os outros, e que portanto devem receber tratamento igual e ser medidos pela mesma régua da democracia. O que o sr. teria a dizer sobre essa opinião tão disseminada?

Isso é um equívoco. Todos esses partidos já cometeram crimes contra a ordem pública, apoiam movimentos e organizações terroristas, nada fazem contra o tráfico de drogas, unem-se à escória do planeta, aplaudem nações inimigas da democracia, querem desarmar a população, gostariam de controlar a mídia, odeiam o Ocidente, festejaram o ataque de 11 de setembro de 2001, unem-se a qualquer um que se apresente como adversário dos EUA, e por aí vai. São partidos que deveriam ser banidos. E o PT, se não o for, ao fim e ao cabo das investigações em curso, em alguns anos retornará para “reescrever a história”, transformando bandidos em heróis e heróis em bandidos. Ou não?

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CARTAS DA GRATIDÃO

PREZADO EMPRESÁRIO...Jovens beneficiados pelo Programa Bom Aluno agradecem por carta aos empresários mantenedores do projeto. Depoimentos revelam a importância do apoio à educação – e mostram que fazer o bem não tem preço

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Surpresa na formatura Quando Nilson Douglas Castilho recebeu a notícia de que seria beneficiado pelo Bom Aluno, o entusiasmo misturou-se com a preocupação. Por ser de origem humilde e ter estudado apenas em escolas públicas, Nilson temia sofrer discriminação por parte dos colegas no Colégio Marista, onde passou a estudar no Secundário. “Meu sonho era ser professor”, conta ele, em carta ao empresário Estefano Boiko Junior, diretor da Brasil Sul. Mas logo nos primeiros dias Nilson sentiu-se acolhido no Marista. Ali ele não encontrou apenas colegas, funcionários e professores; ganhou amigos.

Pouco antes de se formar no “terceirão”, Nilson passou por um drama familiar. O pai sofreu um acidente e acabou tendo que amputar uma das pernas. Com as despesas do tratamento médico, a família não pôde arcar com as despesas da formatura de Nilson. Qual não foi a sua surpresa quando soube que os colegas de classe e professores se haviam cotizado para garantir sua participação na festa! “Por conta da oportunidade dada pelo Bom Aluno, tive a chance de fazer grandes amizades que duram até hoje”, diz Nilson Castilho em sua carta de agradecimento. “Tenho consciência de que tudo que conquistei até hoje só foi possível porque procurei aperfeiçoamento constante, algo que o Bom Aluno sempre cultivou em mim.”

Por Paulo Briguet “Se eu puder salvar um coração,/ minha vida não terá sido em vão./ Se eu puder acalmar um sofredor,/ ou aliviar uma dor,/ ou ajudar um passarinho/ a voltar para o seu ninho,/ minha vida não terá sido em vão.” Quando a poetisa americana Emily Dickinson (1830-1886) escreveu essas palavras, tinha em mente o valor dos

Efeito generosidade Natália Mamede Morais mora no bairro Maria Celina, região dos Cinco Conjuntos. Seu pai, Gessiel, é técnico em enfermagem. Sua mãe, Katia, é costureira. Durante a infância, ao observar o trabalho do pai, ela alimentou o sonho de ser médica. “Queria com isso ajudar as pessoas e fazer o mundo melhor de alguma forma.” A realidade, no entanto, era difícil. “Sempre estudei em escola pública, onde o ensino não era suficiente para que eu conseguisse entrar no curso que escolhi.” Um dia, Natália recebeu a ligação informando que ela havia ingressado no Programa Bom Aluno. “Essa notícia mudou o rumo da minha vida. Imediatamente avisei meus pais, tremendo e chorando, e eles explodiram de alegria, assim como eu”, conta Natália em sua carta ao empresário Cármine D’Olivo, da Superlife. Hoje Natália cursa o 2º ano do Ensino Médio no Colégio Universitário. “Aqui tenho ótimos professores, um material excelente e um apoio inigualável, tudo isso graças ao Programa Bom Aluno e a pessoas como o senhor”, escreve Natália ao seu apoiador. Ela garante que não esquecerá esse apoio quando realizar o sonho de se tornar médica: “Generosidade gera generosidade e eu espero um dia também ajudar pessoas e famílias a realizar sonhos.”

pequenos gestos para a vida das pessoas. Mesmo para aqueles que dedicam a vida a produzir riquezas e gerar trabalho, estender a mão a alguém que precisa de ajuda pode ser motivo de imensas alegrias. Um exemplo está no Projeto Bom Aluno, que desde o ano 2000 apoia famílias carentes e estudantes de escolas públicas que se destacam nos estudos, acompanhando-os até a formação superior. Centenas de alunos já foram beneficiados pelo programa e

se tornaram profissionais competentes em diversos ramos de atividade. Na sociedade contemporânea, o hábito de escrever cartas está quase esquecido. O e-mail e as mensagens por celular substituíram as correspondências tradicionais. Mas alguns jovens beneficiados pelo Programa Bom Aluno de Londrina escreveram cartas para os empresários mantenedores do projeto – e o resultado são pequenas e emocionantes histórias da gratidão humana.

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A construção do lar“Hoje posso ajudar em casa com as contas e já planejo em breve construir uma casa para meus pais”, escreve o engenheiro civil Denis Nader Gonçalves, 24 anos, em carta ao empresário Daniel Milanez. Formado pela UEL, Denis hoje trabalha numa empresa de projetos estruturais e pode retribuir aos pais todo apoio que eles lhe deram durante o período de estudos. A casa própria, que antes era apenas um sonho distante, agora está bem perto de virar realidade. Denis conta: “O Instituto Bom Aluno sempre me orientou a priorizar os estudos, o que eu nem sempre compreendia, pois, em vista das dificuldades que meus pais enfrentavam, eu sempre quis trabalhar para ajudá-los. Mas meus pais também me incentivaram a estudar e não deixaram que os problemas em casa atrapalhassem meus estudos, haveria o momento certo para trabalhar.” Agora, para o menino que virou engenheiro, é hora de colher os bons frutos de tanta persistência. “Obrigado, Daniel, por sua ajuda. Este país se torna um lugar melhor com atitudes como a sua.”

Coisas maravilhosas A rede da gratidão chegou até Leila Pereira aos 13 anos de idade, quando ela estudava numa escola rural em Tamarana. Conforme ela relata ao empresário Valter Orsi em sua carta de agradecimento, o Programa Bom Aluno significou para ela uma transformação de vida. “Quero que saiba que a sua atitude de me ajudar na educação me fez uma pessoa melhor.”Hoje, aos 27 anos, Leila Pereira é psicóloga formada pela UEL, com pós-graduação em gestão de recursos humanos. Atua como analista de recursos humanos sênior da empresa Bemis (ex-Dixie Toga), multinacional do setor de embalagens. A Valter Orsi, ela declara: “Desejo que coisas maravilhosas aconteçam em sua vida”.

Leitora premiadaGislaine de Souza Amaro Oliveira conheceu o programa aos 11 anos, quando estudava no Colégio Estadual Érico Veríssimo, em Cambé. Assim que começou a receber aulas de reforço, Gislaine tinha dificuldade em leitura de livros, mas conseguiu transformar esse hábito em algo fundamental para sua vida – a ponto de ganhar um prêmio como a maior frequentadora da biblioteca de sua escola.Depois de ganhar uma bolsa de estudos e concluir o Ensino Médio no Colégio Marista, Gislaine foi aprovada no vestibular da UEL e hoje cursa o terceiro ano de Arquitetura e Urbanismo. Em carta enviada ao empresário Ary Sudan, um dos coordenadores do Instituto Bom Aluno, Gislaine diz: “Além de uma educação de excelência, o Bom Aluno me possibilitou ganhar amigos que sei que terei por toda a vida.” Para Sudan, da empresa Rondopar, o testemunho de jovens como Gislaine é uma das maiores gratificações na vida de um empresário que se preocupa com a comunidade em que vive.

Sonhando grandeMateus Ferreira do Nascimento inicia sua carta ao empresário Alexandre Fabian, da Plaenge, com o coração cheio de gratidão. “Através deste programa, pude alçar voos cada vez mais altos.” Bolsista no Colégio Interativa, Mateus tem se dedicado a um tema apaixonante: a iniciação científica. Com o apoio do Bom Aluno, Mateus pôde fazer pesquisas sobre casas e materiais de construção ecológicos. “Desenvolvemos um tijolo aditivado com fibra do caule das bananeiras e apresentamos o projeto na Febrace, a maior feira de ciências e engenharias do país, realizada no campus da USP”, orgulha-se Mateus. Em 2014, Mateus concluiu o terceiro ano do Ensino Médio, não sem antes obter o segundo lugar em um concurso nacional de web jogos. Prestou vestibular para Publicidade na Faculdade Pitágoras e Relações Públicas na UEL. Passou em primeiro lugar nos dois cursos. “Como pode ver, o Instituto Bom Aluno mudou minha vida por completo”, diz Mateus a Fabian. “Pretendo me tornar um grande publicitário para que um dia eu possa, da mesma maneira que o senhor tem feito, mudar a história de outros estudantes através deste projeto”.

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ReencontroNa semana passada, Nilson Castilho voltou a se encontrar com o empresário Estefano Boiko Júnior, da empresa Brasil Sul. Foi levar-lhe pessoalmente a carta de agradecimento pelo apoio ao Programa Bom Aluno. Nilson agora realizou seu sonho: é professor. Trabalha no mesmo Colégio Marista que tão bem o acolheu. E escreve ao empresário: “Hoje tenho consciência da minha missão enquanto educador, porque o Bom Aluno foi um modelo que podemos fazer para mudar a vida de alguém: investir na Educação”.

Nilson Castilho agradece a Estefano Boiko Jr: “Agora eu realizei meu sonho: sou um professor”

Bom Aluno: 100% de aprovaçãoOs participantes do Projeto Bom Aluno tiveram um desempenho brilhante nos concursos vestibulares deste ano. Segundo o empresário Ary Sudan, presidente do Instituto Bom Aluno de Londrina, os 14 estudantes locais do PBA que prestaram vestibular foram aprovados e devem iniciar as aulas nas universidades em 2015. Dois passaram em Medicina, dois em Engenharia, e os demais em Arquitetura, Enfermagem, Direito, Administração, Matemática, Biblioteconomia, Relações Públicas, Psicologia, Nutrição e Comunicação Social. A maioria deles obteve os primeiros lugares nos concursos. Além dos 14 aprovados, também prestaram vestibular como “treineiros” mais quatro alunos, todos aprovados. Um deles teve nota superior ao primeiro colocado no vestibular! (P. B.)

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PERFIL

ADOÇANDO LONDRINAEmílio Baccaro é o nome por trás da loja de doces mais tradicional da cidade

Por Felipe Brandão Doce é sinônimo de festa, de alegria. E assim tem sido para os londrinenses ao longo dos últimos 30 anos por poderem contar com a “Esquina Doce”. Fundada em 1980, a loja Baccaro conquistou gerações de consumidores através do varejo de guloseimas de qualidade a preço de atacado. A história desse belo empreendimento começa muitos anos atrás na figura de Emílio Baccaro, comerciante nato que emprestou seu sobrenome a uma das marcas mais tradicionais do comércio da cidade.Emílio Baccaro Neto nasceu em 23 de setembro de 1950, na cidade de Bocaina, interior de São Paulo. Em 1966, mudou-se com a família para Ibiporã, onde conheceu Margarete, com quem se casou em 1974 e a quem permaneceria unido durante toda a vida. A chegada em Londrina se deu no ano seguinte, para trabalhar com tios que eram representantes locais das balas Ailiram, fabricadas em Marília (SP).A criação da Baccaro se deu em fevereiro de 1980, em uma sociedade de Emílio com seu tio Bruno Baccaro, ainda voltada apenas para o atacado. A sede escolhida localizava-se na Avenida Duque de Caxias, esquina com a Avenida Bandeirantes, onde permaneceu até o final de 2013. Esse ponto estratégico conferiu à loja o slogan de “Esquina Doce”, hoje facilmente associado à marca.Em 1982, Bruno deixou o empreendimento e Margarete, até então professora, entrou em seu lugar para auxiliar o marido. “Eu não tinha nada a ver com o comércio, mas, diante da necessidade, fui trabalhar junto com o Emílio. A partir daí, o foco passou a ser o comércio varejista, no sistema de autosserviço com vendedores especializados. Passamos também a oferecer cursos de culinária, voltados para o ramo dos doces, o que também teve uma grande repercussão e atraiu um grande público”, relembra.Para Margarete, o segredo do sucesso das lojas Baccaro foi dispor de um atendimento diferenciado na venda de bons produtos, isso sem falar, é claro, nos preços. “Comprávamos diretamente das indústrias para poder vender a um valor acessível. Nossa preocupação não era com uma grande margem de lucro, mas sim em vender bastante para manter o preço bom. Isso fez o nome

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ficar conhecido.”Em dado momento, a família se viu diante de um impasse. A professora universitária Thaís Baccaro, filha do casal e única herdeira do negócio, desejava seguir o exemplo da mãe e enveredar pela carreira acadêmica. Foi quando se falou pela primeira vez em venda. A decisão, segundo contam Margarete e Taís, não foi fácil. “Depois de muito pensar, decidimos que a empresa não poderia morrer e optamos por passá-la adiante. Foi um ano de negociação, com várias pessoas interessadas, até que encontramos a proposta ideal, de alguém disposto a continuar o negócio dentro da proposta original.” A sede da loja foi transferida para a Mato Grosso, ainda sob a gestão da família, e um mês depois, em dezembro de 2013, a venda foi realizada.

ESPÍRITO DE AVENTURAEm janeiro de 2014, Emílio foi diagnosticado com tumor no cérebro, para consternação da família e dos amigos, que o acompanharam até seu falecimento, em outubro do mesmo ano. Segundo Thaís, seu pai possuía um círculo de amizades bastante amplo, vínculos esses que foram fortalecidos em boa parte por conta de uma paixão particular do senhor Baccaro: os esportes a motor. Ele era um aficionado por modalidades como o motocross, rallys e enduros – competição de resistência em motocicletas em terrenos acidentados – e foi, inclusive, membro da organização do Rally dos Sertões, evento de que participou por 14 anos.“Ele tinha inúmeros troféus de competição de motocross e jipe de que tinha participado. Chegou um momento em que tivemos que fazer uma seleção, privilegiando só os três primeiros lugares, e jogamos os demais fora para não acumular tanto. Com os que restaram, fizemos um painel, que ele mesmo construiu após a cirurgia, com toda a dificuldade que ele estava”, narra Thaís. Para ela, os vínculos afetivos que ele formou nos esportes e na vida profissional foram de fundamental importância durante os dez meses de tratamento da doença. “A Baccaro passou a ser, além da questão do doce, um ponto de encontro dos amantes de jipe. Tanto é que costumávamos brincar que, além de doceiro, ele

prestava consultoria gratuita na área de jipes, até mesmo para pessoas desconhecidas.”Uma das pessoas que se aproximaram de Emílio por meio dos esportes foi o também comerciante João Batista Barros Neto, 61 anos. Os dois foram grandes amigos durante mais de 40 anos e percorreram juntos eventos esportivos em todo o Brasil. João Batista fala com orgulho dessa época: “Éramos parceiros em tudo. Conhecemos as trilhas do país inteiro, participamos do 1º Motoclube de Londrina, do Jeep Clube da cidade. Mas nosso forte mesmo era trilha, mato, cachoeira, essas coisas todas. Chegamos a estar entre os 10 primeiros colocados em nível nacional nessas competições.”Marcos Rogério Norberto, 46 anos, representante comercial da Penacchi Distribuição, faz questão de valorizar a humanidade do comerciante. Marcos trabalhou como fornecedor da loja Baccaro durante vários anos e também desenvolveu uma boa amizade com Emílio. “Ele tinha respeito profundo por cada funcionário, vendedor, representante com quem trabalhava. Fazia questão de atender pessoalmente a clientela sempre que podia, mesmo contando com outras pessoas para isso. O cliente tinha que ser bem atendido, disso ele não abria mão.” Thaís Baccaro destaca também o clima familiar que havia entre os funcionários da loja. “Era como uma extensão da nossa própria família. Tanto é verdade que, em mais de 30 anos, a empresa jamais teve sequer uma causa trabalhista.”Para Margarete e Taís, a grande lição deixada por Emílio foi saber crescer profissionalmente sem deixar de lado a vida pessoal. “Com meu pai aprendi que é possível conciliar uma carreira profissional de sucesso com qualidade de vida no campo pessoal. Ele viveu e viveu muito bem”, diz a filha, orgulhosa. “O Emílio era mesmo um comerciante nato, gostava de conversar, de ser gentil, e tinha mesmo o comércio no sangue, como toda a família dele. Porém, mais do que seu talento comercial, sua honestidade e integridade são seu maior legado”, destaca Margarete.João Batista afirma ter aprendido muito com Emílio, como pessoa e também como profissional, já que os dois compartilhavam o mesmo ramo de atuação. “O Emílio era um exímio comerciante. Ele chegou ao ápice daquilo que ele propôs pra sua carreira, com um crescimento e um profissionalismo tremendo. Deixou pra mim muitas histórias e um carinho imensurável. Eu tive a honra de conhecer o Emílio, a verdade é essa.”

Margaret e Thaís Baccaro: “O legado dele foi a honestidade, a integridade”

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VIVA BEM

UM HOBBY PARA CHAMAR DE SEUManter uma atividade prazerosa ao menos uma vez por semana é garantia de viver longe do cansaço e da tristeza

MOMENTO DE PRODUZIR VINHO É UMA VERDADEIRA FESTA EM FAMÍLIA

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Por Fernanda Bressan

Você tem um momento para chamar de seu? Aquela pausa diária - ou semanal - feita pelo simples fato de dar prazer? Manter um hobby faz parte das ações que podemos desempenhar para viver bem, feliz e longe do estresse. Ele ajuda a quebrar o ciclo casa/trabalho/casa e nos torna mais leves.Quem é adepto desse momento é o engenheiro Gustavo Berti. Atualmente, ele se dedica ao kart. “Vou uma vez por semana, no mínimo”, enfatiza. O que começou com uma brincadeira entre amigos no fim de 2013 se tornou uma atividade levada a sério. Gustavo participa de competições na cidade e é diretor da Associação dos Kartistas da Região de Londrina (AKRL). “Comecei no indoor e depois comprei um kart e fui para o kartódromo. Faço como treino mesmo, participo de competições, tenho pira de competir. Sempre gostei de motor, já fiz rally. Se tem motor, seja em terra ou no ar, eu estou dentro”, brinca.Desde criança, Gustavo sempre buscou atividades que dão prazer e desestressam. “Já voei de aeromodelo, depois de ultraleve, joguei tênis. Sempre tive uma atividade”, pontua. Hoje o Kart preenche parte do tempo livre. “Quando estou pilotando, me desligo de tudo, até porque tem que ter uma concentração absurda, o kart chega a 120 quilômetros por hora e está a 2 dedos do chão, qualquer milésimo de segundo que se perde você bate, roda”, afirma. Se ele passa dois finais de semana sem pilotar, já sente o baque: “Começo a ficar chato”, diz.E ele não é o único com esse hobby. O engenheiro conta que há quase 200 associados na AKRL e que as competições na cidade têm entre 70 e 80 kartistas. “Só perdemos para São Paulo em número”, cita. Com esse volume, além de pilotar eles colhem o benefício de novas amizades. “Saímos do nosso ciclo, aqui tem pessoas diferentes, empresários, agrônomos, mecânicos”, exemplifica.Com tanta distração, o difícil é controlar a hora. “É uma briga coletiva das mulheres com os maridos. Perdemos a

hora mesmo. Um treino tem no mínimo duas horas, tem que chegar, preparar o kart, fazer manutenção, vai para a pista, dá umas cinco voltas, depois retorna para ajustes...”, conta. E, claro, depois de suar pilotando, vem a velha e boa amiga cerveja com amigos. Quem também gosta de sentir o vento bater no rosto é o empresário Bruno Fedato Bressan, proprietário da Webee. Há cinco anos ele decola de parapente e sente a sensação da liberdade e do momento para não pensar em mais nada. “Cresci olhando para o céu admirando avião, passarinhos, e por influência de primos descobri o parapente. Tudo relacionado a voo me encanta”, declara.O início teve muita ralação. “Comecei com o curso teórico em Londrina, depois teve saltos pequenos, até que veio o batismo em Ribeirão Claro, a mais de 200 metros de altura”, recorda. Depois que tirou o pé do chão, o parapente se tornou seu hobby. Tanto que ele precisou se adaptar para manter a paixão. Casado, empresário e com três filhas, Bruno não consegue decolar sempre. “Em função da distância para as rampas, a mais perto fica em Ortigueira, estou voando

Bruno Bressan e o parapente: “É uma válvula de escape para descarregar do estresse da semana”

no motorizado que dá para fazer em qualquer área de descampado. Assim consigo passar o fim de semana com a família e voar no fim do dia”, diz.Quando está no ar, a cabeça se liberta de todo e qualquer problema, aborrecimento, frustração. “Sou eu e o equipamento, até porque tem que estar concentrado no voo, tem a adrenalina, não vem nenhum problema à cabeça”, garante. A atividade é realmente desestressante. “É uma válvula de escape para descarregar do estresse da semana. Nos reunimos entre amigos que praticam o esporte, fugimos do ambiente do dia a dia e ainda temos história para contar!”, brinca o empresário.Por falta de um, o advogado e contador Jair Ancioto tem dois hobbies: moto e vinho. O primeiro o acompanha rotineiramente. O outro, é quase um ritual anual. Há 23 anos ele produz a bebida junto com o pai. “A história começa ainda na infância. Morávamos em sítio e meu pai quebrou a perna e precisou ficar 60 dias sem trabalhar com o mato precisando carpir. Em cidade pequena é assim, quando se fica doente leva primeiro ao padre, depois na

farmácia e depois ao médico. Levamos ele ao Padre Rossi e ele disse: ‘você não precisa de remédio, tome uma taça de vinho no almoço e outra no jantar!’, ele assim o fez e até hoje não fica doente”, brinca Jair.Tempos depois, a família se mudou para Cambé e posteriormente Londrina. No início, compravam vinho em uma adega, até que ela fechou e a bebida precisava vir da Capital. “Pensei: preciso aprender a fazer. Foi quando o professor Alcides Carvalho me ensinou, isso em 1991, e de lá para cá fazemos a bebida uma vez por ano”, afirma Jair Ancioto.Esses momentos são uma verdadeira festa em família. “Buscamos a uva no Rio Grande do Sul. Depois amassamos, deixamos fermentar na casca e depois tira a casca. A terceira etapa é engarrafar o vinho quando já está pronto. Esse ano trouxemos 70 caixas de uva, que dá mais ou menos 400 litros de vinho”, contabiliza. A festa começa no fim de janeiro com a aquisição da uva. A família amassa a fruta e espera até mais ou

menos maio para poder ter a bebida no ponto para consumo. “Fazemos festa nas três etapas, esse é um hobby meu e do meu pai”, diz. Já a moto é algo particular que ele pilota desde 2005. “É um vício”, sentencia. As viagens são feitas sozinhas ou em grupo. Jair Ancioto participa do Carpe Diem, grupo de motoqueiro com mais de mil membros no Brasil. No ano passado eles foram para o Costão do Santinho em Santa Catarina. Esse ano o grupo pegou a estrada novamente para Ribeirão Preto.Quando não tem essas viagens, Jair sai por aí para pilotar sua Harley Davidson de 1.700 cilindradas. “É o meu hobby, se estou muito estressado, saio para a estrada e é um alívio”, conta. Ele alerta ser importante ter respeito pela estrada. “Não sou de alta velocidade e se estou cansado, paro, tomo uma água, descanso. Quando saio de moto não tenho hora para chegar, é uma viagem diferenciada”, pontua.A sensação é de total liberdade. “É alegria mesmo, endorfina. Parece que

Há 23 anos, o advogado e contador Jair Ancioto produz vinho junto com o pai

Gustavo Berti: “Quando estou pilotando, me desligo de tudo”

muda o astral. Não tem como pensar em outra coisa, só na estrada”, atesta. Para ele, ser harleyro é um estilo de vida. Até o vestuário muda. “Tem a bandana, a roupa própria, podemos sentar no chão. É uma forma de se despojar de tudo, de esquecer que é advogado e contador”, enfatiza. Para esse ano ele planeja uma viagem para fora do país: Estados Unidos ou Argentina. “Vou ver se faço a Rota 66 esse ano”, almeja. As viagens servem ainda para fazer novas amizades e conhecer lugares diferentes. O prazer é justamente o que move alguém a ter um hobby. Seja correr, jogar tênis, cantar, meditar ou até mesmo pular de paraquedas! A diversidade é grande, é só escolher o que te traz paz e alegria e tentar encaixar na agenda semanal. Viva a vida!

Serviço: Para mais informações sobre kart em Londrina, acesse:www.kartlondrina.com.br

Associação Comercial e Industrial de Londrina 41

COLUNA DA ACIL

Tapete vermelho para o empreendedorA Sala do Empreendedor de Londrina é um sucesso. Prova disso é o aumento exponencial no número de microempreendedores individuais registrados nos últimos anos. Para se ter uma ideia, em 2003 Londrina teve 243 novo MEIs; no ano passado, este número foi de 2.901. Com o aumento da procura na Sala do Empreendedor, fez-se necessária uma revitalização do espaço físico instalado no prédio da Prefeitura. A Sala do Empreendedor vai agora ganhar mais espaço e instalações modernas e adequadas para estender o tapete vermelho ao empreendedor londrinense. A revitalização da sala se tornou possível graças a uma parceria entre os diversos órgãos mantenedores do serviço: ACIL, Codel, Sebrae, Secretaria Municipal da Fazenda, Sescap, Sincolon, Sincoval e Fomento Paraná. O projeto arquitetônico é assinado por Tatiana Medina, do Sebrae. A expectativa é de que a nova sala fique pronta em abril.

Representantes de várias instituições e entidades discutem a revitalização da sala do empreendedor

NOVOSASSOCIADOS

INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO ELÉTRICAJR Sat Comércio e ServiçosAvenida Juscelino Kubitschek, 1977

CLÍNICA DE DERMATOLOGIASílvia Santilli DermatologiaRua Paes Leme, 1186

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS SOCIAISInstituto CDIAvenida Santos Dumont, 839

CONSULTORIA E ASSESSORIA EM IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃOAT ConsultoriaAvenida Garibaldi Deliberador, 325

TRANSPORTADORAIAF de Paula TransportesRua Ruy Virmond Carnascialli, 110

COBRANÇASul Real Assessoria e ServiçosRua Quintino Bocaiuva, 180

AGÊNCIAS DE TURISMO E CÂMBIOAgora Agência de ViagensRua Espírito Santo, 1163

ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADEAnteconRua Santa Catarina, 50

ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADEM3 Prestadora de Serviços AdministrativosRua Senador Souza Naves, 380

IMOBILIÁRIAS E CORRETORASAWF Negócios ImobiliáriosRua Arcindo Sardo, 425

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃOFox ImportRua José Roque Salton, 165

REPRESENTAÇÕES COMERCIAISMarques e Santos Representações ComerciaisRua Sidrack Silva, 116

TINTASMaritaca TintasRua Roberto Conceição, 25

SERVIÇOS

COMÉRCIO

RESTAURANTEChurrascaria ChimarrãoAvenida Tiradentes, 3165

INDUSTRIA/COMÉRCIO

ARTIGOS INFANTISMundo de PandoraAvenida Maringá, 1818

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