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ste trabalho é uma súmula do trabalho social desenvolvido pelo Dr. José Maria Ferreira de Castro, atualmente Promotor de Justiça Ena Comarca de Barbacena. Na década de 90, chegando à cidade de

Santos Dumont, o Promotor deparou-se com uma situação crítica na estrutura física e administrativa da Delegacia e Cadeia Pública da cidade. Dada a gravidade da situação, só havia duas alternativas: a tratativa convencional, com meros procedimentos burocráticos e espera de solução pelos canais competentes. Ou ação direta, voluntária, envolvendo atores que de outra forma nem saberiam da situação ou mesmo que poderiam ajudar a resolver um problema aparentemente exclusivo do Poder Público, mas que de fato era de toda a sociedade. A segunda alternativa foi a escolhida e daí para frente o que se viu foi um raro momento de protagonismo coletivo: Poder Público, empresas, cidadãos ilustres e comuns, famílias de detentos e os próprios detentos agindo em prol de uma realidade melhor.

Mas esta «lição de cidadania», conforme palavras de um cidadão beneficiado, não se limitou à tarefa de recuperar a Delegacia e Cadeia, o que durou cerca de quatro anos de trabalho. A 63ª Cia de Policia Militar da mesma cidade, viu-se também contingenciada a buscar na comunidade apoio para sua reestruturação física. Mais uma vez a presença do Ministério Público, na pessoa e nas atitudes do seu representante, Dr. José Maria, se fez sentir e a Polícia Militar também conquistou seu novo espaço físico.

Já em Barbacena, cidade que adotou como sua terra afetiva, o Dr. José Maria replicou sua capacidade de mobilizar e dar dignidade e visibilidade aos setores que zelam para que a Justiça se faça para aqueles que mais necessitam. Com isso, a sede do Conselho Tutelar também recebeu tratamento especial com uma ampla e reconhecida revitalização, sendo instalada em ponto nobre da cidade e mantida com esmero e dedicação. Indo além, foi por obra do Promotor, que uma significativa região da cidade foi dotada de um pioneiro Telecentro, antecipando em muitos anos as atuais políticas públicas de inclusão digital, hoje indispensável para que a igualdade de oportunidades seja um freio para a crescente violência, derivação da miséria, da fragmentação da família e reflexo imediato de tudo aquilo que é negado à criança e ao adolescente em risco social.

Em quatro breves capítulos relatamos esta envolvente experiência plena de gestos concretos de união, desprendimento, determinação e é claro: CIDADANIA!

“Amar o pecador e odiar o pecado”Santo Agostinho

lguém certa vez disse que um Promotor de Justiça deve ter a coragem de um gladiador, mas sem perder a sensibilidade de um poeta, deve ter a hombridade de Aencarar a condenação necessária, mas ter os olhos afeitos a descobrir a inebriante

beleza de uma alvorada”. De fato, foi-se o tempo em que bastava aos representantes do Ministério Público a capacidade implacável de condenar, de apontar a culpa. Como se não lhe coubesse também a possibilidade de interferir na realidade e se possível para melhor. E mesmo envolto na densidade dos fatos reais ainda ter espaço para o sonho de uma mundo mais justo, mais capaz de prevenir o mal, menos disposto a só remediar e punir os erros. Foi a partir de um sonho, misturado à crueza de uma dura realidade que algo de especial aconteceu na pequena Santos Dumont, uma cidade típica da Zona da Mata mineira, que mesmo com o privilégio histórico de se destacar como o berço natal de Alberto Santos Dumont, inventor do avião, não escapava à regra de também ter um sistema carcerário deficiente, desumano e indigno da sua verdadeira missão que é a reeducação para a vida social. Ainda que a cadeia pública da cidade não ostentasse os níveis de violência e superlotação, tenebroso cenário comum nos grandes centros, ainda assim, nada a diferenciaria das masmorras medievais, com celas úmidas e malcheirosas. Verdadeiros simulacros de jaulas, destinadas a seres humanos.

Em 1994, o então Promotor de Justiça da Primeira Vara, da Comarca de Santos Dumont, Dr. José Maria Ferreira de Castro, tentava de forma solitária viabilizar a urgente reforma no prédio da Sétima Delegacia de Polícia, da cidade, que silenciosamente caia aos pedaços. O estado de conservação era tão precário que os presos ainda que sofrendo num ambiente tão insalubre não tentavam fugir, o que não seria tão difícil, uma vez que as paredes das celas se desmanchavam na umidade. O próprio Dr. José Maria se recorda daquela situação:

“É difícil explicar o inexplicável. Churchill queixava-se da impossibilidade de relatar com fidelidade os pensamentos, emoções e principalmente os fatos. O homem e a linguagem são imperfeitos. Vamos lá, com toda minha ilimitada limitação. O que chocou este promotor de pronto (e continua até hoje na retina de minha imaginação) foi a “arquitetura” da Delegacia de Polícia e Cadeia Pública situadas na principal artéria da cidade. A caminhonete do delegado, estacionada de maneira inconveniente, dando ideia clara de poder pessoal usado em detrimento da circulação dos pedestres, da segurança do trânsito, como também da imagem da instituição a que pertencia. Na primeira visita, deparei-me com preso lavando e cuidando do famigerado veículo. Desejavam fazer o mesmo com meu carro. Gentilmente não permiti que eles cumprissem tal desejo com o cuidado de não criar problemas, pois pretendia ser a solução. A minha recusa foi pedagógica, pois logo deixaram de lavar não só a vistosa caminhonete como os outros carros dos policiais, em frente da “bela” delegacia. Foi a primeira transformação de uma forma de submissão feita com panos e baldes de água. Se a entrada da delegacia era de aparência repugnante, o gabinete do delegado era imundo. As outras i n s t a l a ç õ e s d i s p e n s a v a m comentários. A população estava órfã, pois a simples emissão de uma certidão, ou qualquer documento se tornava uma via crucis, demorando até semanas... A cadeia pública no conjunto, era o retrato piorado do nosso cenário pr is ional e suas mazelas conhecidas. Com o tempo, a grave situação ficou insustentável. Era preciso agir. Este promotor para lá foi munido de creolina, inseticida e lixeiras com o único objetivo de desinfetar aquele quadro negro e tóxico. Pelo menos a limpeza haveria de permitir que o local pudesse aguardar por alguma mudança. O esquadrão do Exército, vizinho desse panorama indesejável providenciou os primeiros e primários cuidados médicos aos reeducandos. Com a cela enfermaria, construída posteriormente, o atendimento médico passou a ser regular. Assim

foi feito.

“Para a obra que se quer, ferramenta se acha”Guimarães Rosa

A ampliação de celas e mesmo da área administrativa começou a ser definida como solução. Em meio a esta tarefa meramente gerencial, o Promotor começou vislumbrar uma possibilidade educativa para os presos que ao contrário do que as más condições de permanência sugerissem, demonstravam na sua maioria, vontade de ajudar efetivamente na melhoria daquele lugar indesejável. Faltava um elemento catalizador, disposto a trazer auxílio externo e ao mesmo tempo dar norte às ações internas. E foi assim que o Promotor começou a perceber que do limão era possível fazer a limonada:

“ Fora dos planos, iniciei a construção de uma cela, com recursos próprios, o mínimo que poderia fazer. Confúcio estava certo quando disse: “a palavra convence, o exemplo arrasta”. A comunidade começou a procurar o Promotor, ora no seu gabinete, ora na cadeia. Eu ia duas ou mais vezes por dia à obra (inclusive sábados, domingos e feriados) sem prejuízo das minhas atribuições. É bom registrar que dois anos mais ou menos antes da inauguração da obra, fui premiado em primeiro lugar no Concurso “Arrazoado Forense-Civil”, em 30 de junho de 1995, promovido pela minha associação - Associação Mineira do Ministério Público (AMMP). É verdade o ditado: se precisa de alguém, procure um homem ocupado. Tornei-me um encarcerado, expiando minha culpa de provável crime imaginário. É certo que se existisse um tribunal para julgar os crimes imaginários não haveria salvação para a humanidade... O término da cela não foi a solução. Foi aí que a comunidade começou a se envolver, com recursos materiais, ideias e cumplicidade. Mas a nova cela era uma distinção para o preso que a ocupasse, pois seu acabamento e limpeza destoavam do conjunto. O destino não me arrastou tornei–me parceiro dele. Assustada, muito assustada, inicialmente, a comunidade começou a se sentir compelida a envolver-se. Mesmo tendo que administrar este “efeito colateral”, pelo menos agora, este Promotor não estava mais isolado, sozinho, ao contrário, sentiu-se fortalecido, sua iniciativa foi chancelada pela comunidade, pelos órgãos administrativos, entidades de classe e o Judiciário. Com as energias restabelecidas, decidi pela reforma e construção das outras celas...”

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”Geraldo Vandré

Mas não era tão simples transformar uma cadeia em pleno funcionamento em canteiro de obras. Além da imensa dificuldade de se planejar uma obra onde os recursos e materiais chegavam de forma inesperada, pois a solidariedade não faz entregas no atacado, como lidar com a situação dos condenados que precisavam de amparo legal para saírem literalmente das celas para “pegar no pesado”. Além disso, mesmo inebriado pela onda de boa vontade e positividade que dominava o ambiente da cadeia pública, o Promotor solitariamente sofria com a angústia dos riscos que assumia, afinal qual a garantia de que uma pá ou chave de fenda, ali utilíssimas ferramentas de transformação, de súbito não se tornassem armas mortíferas a ferir homens e sonhos de um mundo melhor... De acordo com a Lei de Execução Penal nº7210, de 1984, nos artigos 28 a 37(que regulam o trabalho de presos) e de 40 a 43 ( com seus direitos), os detentos poderiam trabalhar 8 horas diárias, com direito a receberem 2/3 do salário mínimo e a redução de um dia de pena, a cada três trabalhados. O Promotor conta como o trabalho aconteceu:

“Os reeducandos (que não puderam ou não souberam controlar seus instintos primários) queriam trabalhar na obra, aliás, direito e dever deles. A Câmara Municipal de Santos Dumont aprovou e o prefeito sancionou lei que autorizou a remuneração aos presos de acordo com a Lei de Execução Penal. Foi maior a velocidade na obra com a participação dos reeducandos ( agora sim, eles faziam juz ao nome) e maior engajamento das forças vivas da comunidade. O Delegado, os reeducandos, a Polícia Civil e Militar, não acreditavam no que viam e diziam ”isso aqui não vai ser cadeia, outro destino eles vão dar”. Certo dia, um reeducando preocupado com o tamanho do muro alertou o Promotor: “- ô Doutor, até aqui dá pra fugir, tem que subir o muro mais um pouco”. E assim foi feito. No essencial a cadeia publica tornou-se um lugar digno. Cada solução exigia outra. A Delegacia de Polícia (anexa à carceragem), foi deslocada para outro local, a pedido do Delegado, pois os reeducandos estavam melhor alojados do que ele, sendo certo que o aluguel era pago por uma empresa que participava do projeto. Foi necessário se juntar um arquiteto, calculista e outros técnicos para iniciar a construção da delegacia. Com o aval do engenheiro e arquiteto, sugeri acrescentar no prédio colunas , ainda que decorativas, pois a segurança é subjetiva e elas simbolizam fortaleza. Também vidros, porque dão leveza e transparência – simbologia para direitos humanos. Perspectivas prontas, as coloquei emolduradas nos pontos da cidade de maior visibilidade. Minha associação(AMMP) doou as esquadrias de metalon, na gestão de Amando Prates, adquiridas a preço de custo.

O Conselho Tutelarde Barbacena

A Cemig doou o projeto elétrico. As esquadrias de metalon e as colunas de pvc receberam tratamento artístico, assim como os mármores e granitos que são de terceira categoria, mas deram ar de nobreza ao lugar. Terminada a Delegacia, construimos a cela enfermaria, a sala da OAB, oficinas, biblioteca e um oratório. Recordo-me que numa missa campal perto do oratório perguntei ao Padre o que ele estava achando de tudo aquilo e ele respondeu laconicamente: “Você é homem de Deus”. Soube mais tarde, que nas missas de domingo, ele

pedia aos fiéis que incluíssem o nome desse Promotor em suas preces.

“Sonho que se sonha só/ É só um sonho que se sonha / Mas sonho que se sonha junto é realidade”Raul Seixas

As obras agora eram visíveis e motivo de comentários em toda a região. O bar da esquina, onde se debatia ardorosamente os prós e contras de presos poderem entrar e sair da cadeia portando ferramentas, agora não só apoiava a iniciativa, como fornecia lanches quando uma lage era fundida ou um mutirão maior demandava horas extras de trabalho. Prefeituras de cidades da região de Santos Dumont mandavam ajuda, bem como os Clubes de Serviço ( Rotary e Lions), agências locais de bancos como Bradesco e Banco do Brasil também. Lojas de material de construção recebiam diretamente as doações em dinheiro e informavam o Promotor do crédito disponível para que os materiais pudessem ser retirados. Outros fornecedores, como uma marmoraria, doavam o material de acordo com a demanda, garantindo um acabamento bem acima do esperado para a fachada de uma cadeia. Sensibilizados pelo movimento solidário e espontâneo, A Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Mineira do Ministério Público também acrescentaram doações para a celeridade da construção que agora tinha a chancela de um famoso arquiteto da região o Dr. Hilton Grossi, que deu todo o respaldo técnico para o prédio. O Dr. José Maria se lembra com carinho:

“Um dia, uma senhora adentrou a cadeia trazendo um bebedouro refrigerado, uma doação de certo valor, que poderia bem ser feita por uma empresa ou ONG, para minha surpresa era a mãe de um detento. O bebedouro foi instalado prontamente no corredor das celas.”

“É preferível morrer com um ideal, a deixar que ele morra sozinho”Humberto de Campos

Com celas, enfermaria e as estruturas hidráulicas e elétricas devidamente reconstruídas, somando cerca de 800 m² de área construída, a Delegacia ganhou além da ampla área física, computadores, impressoras, com reflexo direto na rapidez dos serviços ofertados ao público em geral. Para os reeducandos, além do orgulho de terem construído sua cidadania com as próprias mãos, o espaço rendeu ainda uma biblioteca, lavanderia, cantina, oficina para trabalhos manuais e um belo e singelo oratório a complementar um ambiente pleno de dignidade e respeito ao ser humano. A inauguração desta empreitada que juntou solidariedade, mobilização social e inclusão e que durou quatro anos, aconteceu no dia 19 de dezembro de 1997. Dentre centenas de pessoas e empresas que apoiaram a iniciativa, estiveram presentes o Dr. Epaminondas Fulgêncio Neto, na época Procurador Geral de Justiça, o seu chefe de gabinete Bertoldo Mateus de Oliveira Filho, o Promotor José Silvério Perdigão de Oliveira, representando a direção da AMMP, a Juíza da Comarca Maria Cecília Stephan, o Deputado Estadual Luiz Fernando Faria, juizes e promotores da região, o prefeito e vereadores da cidade de Santos Dumont, e de outras de outras cidades, bem como grande parcela da comunidade, todos reconhecendo o trabalho e o empenho do Promotor José Maria Ferreira de Castro. Decorridos 16 anos, a Delegacia e Cadeia de Santos Dumont continua sendo um exemplo a ser seguido. Autoridades da região tentaram repetir o feito, como em Barbacena, onde os então vereadores Edson Rezende e Paulo Siloé, chegaram a propor a reconstrução da cadeia pública local. Na época de sua inauguração e até hoje as principais redes de TV e jornais de circulação nacional ainda utilizam o caso singular de Santos Dumont e a iniciativa do Promotor como modelo de comparação para casos onde a ação conjunta entre o Poder Público e a sociedade quando corretamente estimulados podem encontrar suas próprias soluções. No seu discurso, durante a solenidade o Promotor afirmou:

“A comunidade com esta atitude de solidariedade humana mostra aos reeducandos, esmagados sob a mão do destino, que eles não estão sós e que delas fazem parte e integram a corrente da vida. Deus não causa nem elimina os sofrimentos, tragédias e desigualdades, mas demonstra sua oposição convocando todos os membros da sociedade para que cada um possa aliviar o fardo do outro. A capacidade de amar foi a arma infalível e poderosa, que Deus nos dotou para vivermos com plenitude e coragem na construção de um mundo melhor.”

“Conhecí cadeias públicas e delegacias de polícia. Visitei penitenciárias. Ouvi presos e soube de seus lamentos...Em Santos Dumont, conheci instalações deficientes, sujas, mal cuidadas, quase abandonadas.Cheguei a mandar fazer laudo pericial desse local, propondo, pelo menos, que se mudasse- ou suspendesse- o local de atendimento. Depois soube do final das obras de reforma da cadeia. Soube mais: que a iniciativa partira do Promotor de Justiça, Dr. José Maria Ferreira de Castro...Mas esse homem foi além, derrubou literalmente a delegacia de polícia. Mesmo com a honra de tê-lo como professor, chameio-o respeitosamente ( se é que houve respeito) de «doido», ou como gostamos nós envolvidos com o Direito, de 26...Agora ao final, penso que 26 são aqueles que duvidaram de sua disposição de servir à causa pública, de não apenas discursar, ou apontar equívocos, mas de realizar. E como realizar!”José Antônio de MoraesCorregedor Geral da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais,em correspondência encaminhada ao Promotor - Setembro de 1997

“...Na realidade, se nós tivéssemos o Ministério Público composto por Josés Marias, nós teríamos um Ministério Público exemplo para o país e sem exageros, para o mundo!”Dr. Epaminondas Fulgêncio Neto Procurador Geral de Justiça de Minas Gerais, em discurso durante a inauguraçãoda obra registrado em video

“Promotor, o Senhor deixa duas obras para a sociedade. A primeira é a obra física, essa beleza de construção, muito fácil de visualizar. A outra obra é no edifício social, ocorrida nos últimos três anos, quando conseguiu essa mobilização social comunitária. Em nome da comunidade de Santos Dumont, a eterna gratidão por essa instrutiva aula de cidadania”Getúlio Martins , representando a comunidade sandumonense,durante a inauguração da obra

“Há de se ressaltar a preocupação do Promotor de Justiça, Dr. José Maria Ferreira de Castro, com o setor policial, que nem sempre atende às necessidades, em especial dos encarcerados. Sob sua liderança, procedeu-se campanha no sentido de dotar o município de Santos Dumont de novas instalações para a Delegacia de Polícia Civil e Cadeia Pública, encontrando o apoio desejado. Uma obra que servirá de espelho para outras cidades”Nicolau Netto, jornalistaJornal Estado de Minas, Belo Horizonte - MG

“A cadeia deve servir para recuperar o preso e o que nós vemos aqui é um exemplo para todo o Estado de Minas Gerais. quiçá do Brasil”Eduardo Ferreira ParatelaTenente Coronel PM - Assistente Militar do Procurador Geral de JustiçaBelo Horizonte- MG

“A preocupação em melhor proporcionar meios nessas instalações evidenciam vosso alto grau e valor humanitários. Tais atributos, reforçam em todos nós, a plena confiança nos destinos da Pátria”Ângelo Miguel VieiraMajor de Cavalaria - Comandante do IV Esquadrão de Cavalaria MotorizadoSantos Dumont - MG

Condecorações

Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público.Thomas Jefferson

Em meio a mesma expectativa de transformações que gerou a mobilização na construção da nova cadeia e delegacia de Santos Dumont, a sede da 63ª Companhia da Polícia Militar também clamava por obras reestruturantes. Mais uma vez a capacidade de liderança e mobilização do Promotor José Maria Ferreira de Castro foi posta em prática. Ainda que não envolvendo o mesmo apelo humanizador da reconstrução da cadeia, a obra do quartel da PMMG de certa forma viria a complementar todo o esforço para que a segurança pública na cidade de Santos Dumont ganhasse nova dinâmica. As obras igualmente só ganharam ritmo, devido à significante capacidade do Promotor José Maria em obter apoio material e institucional junto às autoridades e à sociedade em geral. Mais uma vez o Dr. Hilton da Paixão Grossi, amigo pessoal do Promotor e arquiteto com larga experiência no setor público, emprestou à causa seu talento e em poucos anos o “croquis” já se tornava realidade. O trabalho foi realizado de forma voluntária tanto por policiais quanto por reeducandos que também colaboravam com a Segurança Pública, agora como cidadãos. A obra foi concluída quando o Promotor já atuava em Barbacena, mesmo assim foi mais um momento marcante de sua carreira e de seu compromisso com a comunidade.O reconhecimento da Corporação Militar ao hercúleo trabalho do Promotor veio em forma da Medalha “Alferes Tiradentes”, concedida a ele em 9 de junho de 2000, e entregue pelo então Governador Itamar Franco.

Condecorações

“Instrui a criança no caminho que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Salomão (Provérbio 22.6)

É triste dizer, mas é verdade: nunca existirá qualquer recompensa para os males sofridos na infância. Cabe ao Conselho Tutelar, por exigência da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e Adolescente, fiscalizar, mobilizar todas as forças vivas da sociedade para colocar as crianças e adolescentes no patamar de proteção máxima e superior aos demais membros da sociedade, haja vista que são seres humanos em desenvolvimento que precisam do apoio incondicional da família e do Estado para um crescimento físico, mental, espiritual e social, preservando-se sua liberdade e dignidade. Em suma, é o anjo da guarda da criança e do adolescente.Sobreleva registrar que cabe ao Conselho assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. “Lugar de criança é no orçamento”. Em Barbacena, antes funcionava em um porão, espaço físico precário e com pouca iluminação natural. Este cidadão-promotor foi o elo de comunicação unindo os seus esforços com a comunidade, o que tornou possível novas e amplas instalações. O então Prefeito Municipal, Célio Mazoni, alugou este espaço, próximo ao Fórum (20 metros), ponto estratégico e de pronta acessibilidade. Porém, necessitava de reformas porque o prédio é antigo e o telhado problemático o que v i e m o s a s a b e r , posteriormente, e a Prefeitura Municipal não dispunha de recursos. Não obstante o prefeito pessoalmente ofertar ajuda ao emprendimento social do Promotor. A AMMP na gestão do Presidente do Alceu Torres colaborou com as placas que dão excelente visibilidade à obra e em conseqüência despertando o interesse de todos. A comunidade mobilizada, homem comum, etc, ajudaram com a pintura, reforma, computadores, etc.

Em 2008, pela segunda vez precisava de reforma e a logística foi a mesma. No ano passado, com as chuvas torrenciais, a situação ficou crítica. O telhado estava caindo. Puxa vida! Dentro do Conselho escorrendo água por todos os cantos. O prédio literalmente estava caindo. Os conselheiros não reclamavam, a prefeitura estava sem pagar os funcionários por vários meses, e a sociedade silenciosamente, aceitava esta situação. Este promotor pensou em filiar-se a este sentimento generalizado. Ou seja, deixar pra lá. Era difícil deixar morrer aquilo que foi construído com tanto amor. Fui à minha Associação solicitar recursos e apoio moral na gestão do atual Presidente Nedens Ulisses Freire Vieira que não deixou de apoiar o meu pleito em ambos sentidos. A mão de obra, mais onerosa, ficou por conta deste cidadão-promotor, nem tanto por altruísmo, mas pelo pragmatismo, pois não dava tempo para procurar novos parceiros. Com a crise vencida, o Conselho ganhou. As placas foram revitalizadas, o telhado sofreu reformas mais amplas, novos computadores, pintura mais indicada para o momento, telefones celulares, televisão (com programas terapêuticos para o desenvolvimento das crianças). A saga continua. A única coisa permanente na vida é a impermanência.

O Telecentro do Bairro Grogotó Barbacena - MG

Capitulo IV

O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldadeWinston Churchill

A inclusão digital foi outro ponto considerado pelo Promotor José Maria Ferreira de Castro como uma base sólida para ofertar igualdade de oportunidades para aqueles que não teriam acesso às ferramentas da modernidade não fosse pelo apoio do Estado ou de alguma instituição que tomasse para si esta tarefa. Ao perceber na proposta do Conselho Central da Sociedade São Vicente de Paula de Barbacena, um meio concreto de alcançar esta faixa da sociedade, o Promotor se prontificou a apoiar, e mais uma vez mobilizar as forças vivas da sociedade em prol desse importante projeto para uma das regiões mais carentes da cidade de Barbacena. O Promotor relata como foi sua ação para o Centro de Promoção Humana, onde foi instalado o mais atuante centro de inclusão digital da cidade de Barbacena: “Quando em Barbacena aportei; logo em seguida tornei-me grande amigo do colega de trabalho Argemiro Adilson de Souza, escrivão judicial do crime, pessoa muitíssimo preocupada com o social e muito religioso. Prova disso é a homenagem com a Medalha do Judiciário Hélio Costa, a qual seu nome foi indicado. Em curto espaço de tempo, procurou-me na qualidade de confrade, pois ele pertence à secular e internacional Sociedade São Vicente de Paula. Lá como se sabe é “pobre ajudando pobre”. Veio ele pedir auxílio para melhorias de um dos Conselhos que estava com a parte física precária. Me envolvi no projeto e a obra começou a se desenvolver. Como sempre uma melhoria reclama outra. Aí fui obrigado a procurar dentre outros o então Deputado Hélio Costa, que conseguiu junto a um órgão estatal uma verba substancial. A obra já estava quase pronta com um amplo salão e, quando lá fui visitá-la e chamei o já Senador para conhecer o destino da verba que havia alocado. Lá na Sociedade , dizem que eu falei o seguinte: “agora só falta encher isto aqui de computador”, o Senador tornou-se Ministro das Comunicações e estabeleceu um elo com a Sociedade São Vicente de Paula, com a qual tem muito carinho. Precisava então de outras melhorias para a instalação do telecentro. Assim foi feito. Este promotor levou para a construção, as grades de sua casa em obra, tijolos e etc. Até hoje continua pagando a conta de energia elétrica e estabeleceu outras parcerias que garantem ao projeto se manter eficaz e cumprindo sua missão inicial.

Filho de Manoel Ferreira de Castro e Clotildes Silvéria de Castro nasceu em Bias Fortes, Minas Gerais. Graduou-se como Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Oeste de Minas, e é Pós-Graduado em Direito Publico, Direito Penal e Processo Penal. É promotor de Justiça do Estado de Minas Gerais e professor universitário. Premiado em Concurso Jurídico pela Associação Mineira do Ministério Público-AMMP. Ocupou diversos cargos em chefia de alto escalão na administração pública municipal em Barbacena. Como Promotor de Justiça, tem destacada participação e coordenação de ações voltadas o fortalecimentos das instituições de segurança pública, para a proteção da criança e o adolescente, resgate da capacidade educativa e ressocializante do sistema penitenciário e da reinserção do apenado na sociedade por meio da educação para o trabalho.

Esta biografia consta na publicação « Delicias de Barbacena», feita pela empresa Rivelli Alimentos e que destaca 25 personalidades marcantes da vida social de Barbacena, com o lema «Plante bem e você colherá o Bem».

Barbacena, MGSetembro de 2013