Eduardo de Sousa Lacerda, Josivaldo Bento dos...

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SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(17);1080-1092 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210 1080 CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FISSURAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO SEALING FENCES Eduardo de Sousa Lacerda Josivaldo Bento dos Santos Iberê Pinheiro Resumo Este trabalho, cuja temática é o estudo das fissuras nas alvenarias de vedação, tem como objetivo principal analisar os principais fatores que dão origem as fissurações na alvenaria de vedação e identificar os sistemas de recuperação para essa patologia. Inicialmente foram discutidos o conceito de alvenaria de vedação, bem como sua função, seus elementos e suas patologias. Em seguida, após identificar as fissuras, trincas, rachaduras, umidade (infiltração), revestimento solto e as manchas (eflorescência e bolor) como as patologias mais comuns nas alvenarias de vedação, focou-se na fissuração por ser a manifestação patológica dominante nas alvenarias de vedação. Foram tratados o conceito de fissura, suas eventuais classificações e formas de origem. Ademais, foram discutidos os sistemas de recuperação adequados para tratar as fissuras nas alvenarias de vedação, mediante a análise de suas características e das partes constituintes (base e camadas). O presente trabalho concluiu, por meio de uma pesquisa bibliográfica com intuito exploratório e explicativo, que foi possível alcançar o objetivo principal haja vista a identificação das sobrecargas, das variações de temperatura, da retração e expansão, da deformação de elementos da estrutura de concreto armado, do recalque de fundações, das reações químicas e dos detalhes construtivos, como os principais fatores que originam as fissurações. Assim como foi possível compreender que para alcançar a correção dessas fissuras, é necessária a elaboração de um projeto de recuperação, que por sua vez sempre deverá buscar a compatibilidade, durabilidade, estanqueidade e reversibilidade. Palavras-Chave: Alvenaria de vedação; Patologia; Fissura; Sistema de recuperação. Abstract This work, whose theme is the study of fissures in the masonry of fence, has as main objective to analyze the main factors that give rise to fissures in the masonry of fence and to identify the recovery systems for this pathology. Initially the concept of masonry was discussed, as well as its function, its elements and its pathologies. Then, after identifying cracks, cracks, cracks, moisture (infiltration), loose coating and stains (efflorescence and mold) as the most common pathologies in sealing masonry, it focused on cracking because it is the dominant pathological manifestation in masonry of sealing. The concept of fissure, its possible classifications and forms of origin were treated. In addition, adequate recovery systems to treat cracks in sealing masonry were discussed, by analyzing their characteristics and the constituent parts (base and layers). The present work concluded, through a bibliographic research with exploratory and explanatory intent, that it was possible to reach the main objective in order to identify the overloads, temperature variations, retraction and expansion, deformation of elements of the reinforced concrete structure, foundation reactions, chemical reactions and constructive details, as the main factors leading to fissures. Just as it was possible to understand that to achieve the correction of these cracks, it is necessary to prepare a recovery project, which in turn should always seek compatibility, durability, watertightness and reversibility. Keywords: Masonry sealing; Pathology; Fissure; Recovery system. Contato: [email protected] Introdução A alvenaria, segundo Sabbatini (1984, apud SILVA; MOREIRA, 2017), pode ser entendida como a “parede formada por pedras ou blocos, naturais ou artificiais, ligadas entre si por juntas ou interposição de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso”. Dentre os diversos tipos de alvenaria, a que será alvo deste artigo será a alvenaria de vedação que possui a função de dividir ambientes externos e internos de uma edificação. (MÃOS À OBRA, 2013). As construções civis, em geral, carecem de um planejamento e de uma execução mais cautelosa, assim como de qualidade, visto que a falha em pequenos detalhes construtivos podem gerar patologias na obra. O mesmo ocorre com a alvenaria de vedação. As patologias mais frequentes neste tipo de construção, segundo Mário Taguchi (2010), são as fissuras, trincas, rachaduras, umidade, revestimento solto e manchas. Sendo que uma atenção especial deve ser dada às fissuras, por se tratar da patologia mais presente na alvenaria de vedação. Neste sentido, é sabido que a construção civil é um setor que demora para aceitar inovações, permanecendo, portanto, durante muitos anos, refém de determinadas patologias. O diagnóstico da existência de fissuras que acometem as alvenarias de vedação é um exemplo típico, visto a antiguidade e frequência de sua existência. Renato Sahade (2005) define fissura como sendo uma “abertura linear e descontínua resultante de ações internas ou externas aos materiais de construção, (...) que podem interferir nas suas características estéticas, de durabilidade e estruturais”. São várias as causas para o surgimento dessas fissuras, por exemplo, sobrecargas, variações de temperatura, retração e expansão, deformação de elementos da estrutura de Como citar esse artigo: Lacerda ES, Santos JB, Pinheiro I. FISSURAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO. Anais do 17 Simpósio de TCC e 14 Seminário de IC do Centro Universitário ICESP. 2019(17); 1080- 1092

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FISSURAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO SEALING FENCES

Eduardo de Sousa Lacerda

Josivaldo Bento dos Santos Iberê Pinheiro

Resumo Este trabalho, cuja temática é o estudo das fissuras nas alvenarias de vedação, tem como objetivo principal analisar os principais fatores que dão origem as fissurações na alvenaria de vedação e identificar os sistemas de recuperação para essa patologia. Inicialmente foram discutidos o conceito de alvenaria de vedação, bem como sua função, seus elementos e suas patologias. Em seguida, após identificar as fissuras, trincas, rachaduras, umidade (infiltração), revestimento solto e as manchas (eflorescência e bolor) como as patologias mais comuns nas alvenarias de vedação, focou-se na fissuração por ser a manifestação patológica dominante nas alvenarias de vedação. Foram tratados o conceito de fissura, suas eventuais classificações e formas de origem. Ademais, foram discutidos os sistemas de recuperação adequados para tratar as fissuras nas alvenarias de vedação, mediante a análise de suas características e das partes constituintes (base e camadas). O presente trabalho concluiu, por meio de uma pesquisa bibliográfica com intuito exploratório e explicativo, que foi possível alcançar o objetivo principal haja vista a identificação das sobrecargas, das variações de temperatura, da retração e expansão, da deformação de elementos da estrutura de concreto armado, do recalque de fundações, das reações químicas e dos detalhes construtivos, como os principais fatores que originam as fissurações. Assim como foi possível compreender que para alcançar a correção dessas fissuras, é necessária a elaboração de um projeto de recuperação, que por sua vez sempre deverá buscar a compatibilidade, durabilidade, estanqueidade e reversibilidade. Palavras-Chave: Alvenaria de vedação; Patologia; Fissura; Sistema de recuperação. Abstract This work, whose theme is the study of fissures in the masonry of fence, has as main objective to analyze the main factors that give rise to fissures in the masonry of fence and to identify the recovery systems for this pathology. Initially the concept of masonry was discussed, as well as its function, its elements and its pathologies. Then, after identifying cracks, cracks, cracks, moisture (infiltration), loose coating and stains (efflorescence and mold) as the most common pathologies in sealing masonry, it focused on cracking because it is the dominant pathological manifestation in masonry of sealing. The concept of fissure, its possible classifications and forms of origin were treated. In addition, adequate recovery systems to treat cracks in sealing masonry were discussed, by analyzing their characteristics and the constituent parts (base and layers). The present work concluded, through a bibliographic research with exploratory and explanatory intent, that it was possible to reach the main objective in order to identify the overloads, temperature variations, retraction and expansion, deformation of elements of the reinforced concrete structure, foundation reactions, chemical reactions and constructive details, as the main factors leading to fissures. Just as it was possible to understand that to achieve the correction of these cracks, it is necessary to prepare a recovery project, which in turn should always seek compatibility, durability, watertightness and reversibility. Keywords: Masonry sealing; Pathology; Fissure; Recovery system. Contato: [email protected]

Introdução A alvenaria, segundo Sabbatini (1984, apud

SILVA; MOREIRA, 2017), pode ser entendida como a “parede formada por pedras ou blocos, naturais ou artificiais, ligadas entre si por juntas ou interposição de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso”.

Dentre os diversos tipos de alvenaria, a que será alvo deste artigo será a alvenaria de vedação que possui a função de dividir ambientes externos e internos de uma edificação. (MÃOS À OBRA, 2013).

As construções civis, em geral, carecem de um planejamento e de uma execução mais cautelosa, assim como de qualidade, visto que a falha em pequenos detalhes construtivos podem gerar patologias na obra.

O mesmo ocorre com a alvenaria de vedação. As patologias mais frequentes neste tipo de construção, segundo Mário Taguchi (2010), são

as fissuras, trincas, rachaduras, umidade, revestimento solto e manchas. Sendo que uma atenção especial deve ser dada às fissuras, por se tratar da patologia mais presente na alvenaria de vedação.

Neste sentido, é sabido que a construção civil é um setor que demora para aceitar inovações, permanecendo, portanto, durante muitos anos, refém de determinadas patologias. O diagnóstico da existência de fissuras que acometem as alvenarias de vedação é um exemplo típico, visto a antiguidade e frequência de sua existência.

Renato Sahade (2005) define fissura como sendo uma “abertura linear e descontínua resultante de ações internas ou externas aos materiais de construção, (...) que podem interferir nas suas características estéticas, de durabilidade e estruturais”.

São várias as causas para o surgimento dessas fissuras, por exemplo, sobrecargas, variações de temperatura, retração e expansão, deformação de elementos da estrutura de

Como citar esse artigo:

Lacerda ES, Santos JB, Pinheiro I. FISSURAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO. Anais do 17

Simpósio de TCC e 14 Seminário de IC do Centro Universitário ICESP. 2019(17); 1080-

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concreto armado, recalque de fundações, reações químicas e detalhes construtivos (MAGALHÃES, 2004; SAHADE, 2005).

Frente a esta realidade, um estudo mais aprofundado e detalhado sobre os tipos e as possíveis causas dessa patologia se faz necessário. Visto que, obtendo esses conhecimentos será possível evitar novas fissuras, mediante uma atuação preventiva, ou reparar as fissuras já existentes, por meio de um sistema de recuperação eficiente.

Portanto, busca-se pesquisar o tema em questão, com base em referências teóricas, com o objetivo de analisar os principais fatores que dão origem as fissurações na alvenaria de vedação e identificar os sistemas de recuperação para essa patologia. Ademais, o presente artigo visa promover o avanço de novas pesquisas, capazes de contribuir para o conhecimento mais aprofundado sobre os mecanismos de formação e respectivas medidas de correção ou prevenção das fissuras na alvenaria de vedação.

Alvenaria de Vedação

A alvenaria de vedação é um conjunto formado pela junção da argamassa de assentamento com os blocos de concreto ou com blocos cerâmicos.

Figura 1 - Alvenaria de Vedação: Blocos de Concreto e Blocos

Cerâmicos com Argamassa de Assentamento.

Esta alvenaria tem a função de isolar

ambientes, proteger elementos estruturais e possibilitar conforto térmico e acústico (ABNT, 2013). De acordo com Ernani Magalhães (2004), as paredes de alvenaria são estimadas para suportar, principalmente, quatro tipos de esforços: compressão, cisalhamento, flexão no plano e flexão fora do plano da parede.

Entendimento comum entre Ernani Magalhães (2004) e Ercio Thomaz (2009) é o de que a alvenaria desempenha a função de vedar ambientes, dividir os cômodos, ser o suporte para janelas, portas e tubulações hidráulicas e elétricas,

assim como exercer o controle sobre a ação dos agentes externos indesejáveis, como, por exemplo, chuva, sol e ventos. Criando, portanto, condições de habitabilidade para as construções.

Toda construção civil está sujeita a sofrer com patologias estruturais e funcionais, e com a alvenaria de vedação não é diferente.

De acordo com Mário Taguchi (2010), as patologias mais comuns existentes nas alvenarias de vedação e em seus revestimentos são as fissuras, trincas, rachaduras, umidade (infiltração), revestimento solto e manchas (eflorescência e bolor). Ainda neste sentido, Mário Taguchi (2010) destaca que a fissura é a patologia mais recorrente nas alvenarias de vedação, e exatamente por isso é o foco desse artigo.

Patologias na Alvenaria de Vedação

Fissuras

Trincas

Rachaduras

Umidade (Infiltração)

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Revestimento solto

Manchas - Eflorescência

Manchas - Bolor

Tabela 1 - Patologias na Alvenaria de Vedação.

Fonte: TAGUCHI, 2010.

Fissuras Nos termos da Norma Brasileira (NBR) 9575

(ABNT, 2003), fissura é uma “abertura linear e descontínua, produzida pela fratura de um material”.

Renato Sahade (2005) complementa o conceito ao afirmar que a fissura decorre de ações, internas ou externas, que superam a resistência dos materiais de construção.

As fissuras podem ser classificadas quanto à forma e quanto à atividade.

A NBR 13749 (ABNT, 2013) classifica as fissuras quanto à forma em fissuras mapeadas ou geométricas.

As fissuras mapeadas (ou disseminadas) são formadas em razão da retração da argamassa, por excesso de finos no traço ou por excesso de desempenamento. Já as fissuras geométricas (ou isoladas) são formadas em razão da retração da argamassa de assentamento, retração higrotérmica, movimentações térmicas ou pela presença de umidade ascendente do solo. (ABNT, 2013; SAHADE, 2005)

Figura 2 - Fissuras Geométricas ou Isoladas.

Fonte: SAHADE, 2005.

Figura 3 - Fissuras Mapeadas ou Disseminadas.

Segundo Renato Sahade (2005), quanto à

atividade, as fissuras podem ser classificadas em fissuras ativas ou passivas.

As fissuras ativas (ou vivas) são as que “apresentam variações sensíveis de abertura e fechamento” (SAHADE, 2005). Por outro lado, as fissuras passivas (ou mortas) são aquelas consideradas estabilizadas, pois não apresentam variações sensíveis ao longo do tempo.

De um modo geral, as fissuras são relevantes, visto que servem como um aviso de um possível estado de perigo para a estrutura. Além disso, em uma obra que ainda se encontra em andamento, é possível que comprometa o seu desempenho regular. (TAGUCHI, 2010)

Nos termos da NBR 8802 (1994, apud TAGUCHI, 2010), a fissura é caracterizada pela “ruptura ocorrida no material sob ações mecânicas ou físico-químicas com até 0,5 mm de abertura”. Acima desse valor, considera-se trinca.

Neste momento, é importante compreender quais os motivos para o surgimento das fissuras. De acordo com Ernani Magalhães (2004), Renato Sahade (2005) e Mário Taguchi (2010), as fissuras podem surgir por diversos motivos, por exemplo: (i) sobrecargas; (ii) variações de temperatura; (iii) retração e expansão; (iv) deformação de elementos da estrutura de concreto armado; (v) recalque de fundações; (vi) reações químicas; e (vii) detalhes construtivos.

Origem das Fissuras na Alvenaria de Vedação

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1. Sobrecargas

Existem cinco tipos de fissuras que são originadas por conta de sobrecargas.

A primeira delas é a fissura vertical, que se configura pelo carregamento de compressão vertical em excesso nas paredes de alvenaria. Segundo Jaworoski (1990, apud MAGALHÃES, 2004), ao submeter a parede de alvenaria ao carregamento axial de compressão, incide um esforço de tração transversal na interface entre o componente da alvenaria e a junta de argamassa, isso ocorre porque a argamassa exibe deformações superiores às dos componentes e com isso tende a se deformar transversalmente.

A configuração deste tipo de fissura é demonstrada a seguir:

Figura 4 - Fissuras verticais induzidas por sobrecargas.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010. O segundo tipo de configuração é a fissura

horizontal. Neste caso, um fator determinante é a qualidade e a resistência dos materiais constituintes das paredes de alvenaria, isso porque a fissura horizontal ocorre mediante a ruptura por compressão dos componentes (junta de argamassa ou septos dos tijolos e blocos de furos horizontais), que se dá por incapacidade de resistência dos materiais. Além disso, considera-se o excessivo carregamento de compressão na parede, ou mesmo solicitações de flexocompressão. (MAGALHÃES, 2004)

A configuração deste tipo de fissura é demonstrada a seguir:

Figura 5 - Fissura horizontal por sobrecarga. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

A terceira fissura a ser analisada será a

fissura decorrente das sobrecargas em apoios. De acordo com Ernani Magalhães (2004), essas fissuras decorrem de “cargas verticais concentradas de compressão que excedem a capacidade de resistência da alvenaria no ponto de apoio”.

A configuração deste tipo de fissura é demonstrada a seguir:

Figura 6 - Fissuras por sobrecargas em apoios. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

A penúltima fissura é a fissura por

sobrecargas em pilares de alvenaria. Segundo Duarte (1998, apud MAGALHÃES, 2004), essas fissuras são, em regra, verticais e decorrem do excesso de carregamento de compressão em pilares mal dimensionados.

A configuração deste tipo de fissura é demonstrada a seguir:

Figura 7 - Fissuras por sobrecargas em pilares de alvenaria.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

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A última fissura é mediante sobrecargas em torno de aberturas. Neste caso, as fissuras surgem em paredes de alvenaria descontinuas que são submetidas excessivamente a carregamentos de compressão. Aliás, a formação dessas fissuras ocorre a partir dos vértices das aberturas. (MAGALHÃES, 2004)

A configuração deste tipo de fissura é demonstrada a seguir:

Figura 8 - Fissuras teóricas por sobrecargas em torno de

aberturas. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 9 - Fissuras reais por sobrecargas em torno de

aberturas. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

2. Variações de temperatura

As fissuras causadas por variações de temperatura decorrem, de modo geral, das tensões oriundas dos movimentos de dilatação e contração que ocorrem nas estruturas das construções quando estas se encontram expostas às alterações de temperatura sazonais e diárias. (MAGALHÃES, 2004)

As lajes de concreto armado são exemplos de estruturas que se encontram expostas as variações térmicas, podendo, portanto, sofrer movimentações, gerar tensões e resultar, por último, em fissuras nas paredes de alvenaria que as sustentam. Nessa situação específica, é possível surgir fissuras horizontais, verticais, inclinadas ou inclinadas em paredes transversais, como mostram as figuras a seguir:

Figura 10 - Fissuras horizontais na interface entre a laje e a

parede por movimentação térmica da laje. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 11 - Fissuras horizontais na parede de fachada por

movimentação térmica da laje. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 12 - Fissuras inclinadas por movimentação térmica da

laje. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 13 - Fissuras inclinadas em paredes transversais por

movimentação térmica da laje. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 14 - Fissuras verticais por movimentação térmica da

laje.

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Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010. Outra estrutura passível de incidência de

fissuras inclinadas e fissuras de destacamento, em razão da movimentação térmica, é a estrutura de concreto armado. Ambas as patologias ocorrem em paredes de vedação de prédios estruturados. No caso das fissuras inclinadas, estas surgem por cisalhamento nas alvenarias. Já as fissuras de destacamento ocorrem entre as alvenarias e o reticulado estrutural, resultando em fissuras verticais e horizontais na sua interface. (MAGALHÃES, 2004; SAHADE, 2005)

Figura 15 - Fissuras inclinadas por movimentação térmica da

estrutura de concreto armado. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 16 - Fissuras de destacamento por movimentação

térmica da estrutura de concreto armado. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

A alvenaria também sofre com as

movimentações térmicas que são provocadas pela dilatação e contração térmicas das paredes, as quais geram fissuras verticais regularmente espaçadas. (MAGALHÃES, 2004; SAHADE, 2005)

Figura 17 - Fissuras verticais por movimentação térmica da

alvenaria. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Por fim, há os casos de fissuras de

destacamento de platibandas por movimentação térmica. Isso ocorre devido à movimentação diferenciada, ou seja, dilatação ou contração térmica, entre a alvenaria da platibanda e a laje de concreto armado. (MAGALHÃES, 2004; SAHADE, 2005)

Figura 18 - Fissuras de destacamento de platibanda por

movimentação térmica. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

3. Retração e Expansão

Nos termos de Ernani Magalhães (2004), as fissuras originadas por retração ocorrem devido à “movimentação de elementos construtivos ou de seus constituintes por retração de produtos à base de cimento”. Por outro lado, ainda segundo entendimento deste autor (MAGALHÃES, 2004), as fissuras por expansão são ocasionadas pelas “movimentações higroscópicas de expansão dos elementos construtivos (...) por absorção de umidade”.

As fissuras por retração surgem nas paredes de alvenaria a partir de duas maneiras.

Na primeira delas, ocorre a retração da alvenaria em si, ou seja, ocorre a retração dos seus próprios materiais constituintes. Tal retração pode gerar fissuras verticais ou fissuras de destacamento. (MAGALHÃES, 2004)

Figura 19 - Fissuras de destacamento de paredes de alvenaria

por retração. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

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Figura 20 - Fissura vertical em parede por retração da

alvenaria. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

A segunda forma de manifestação das

fissuras de retração ocorre através do movimento de retração de outros elementos construtivos, como por exemplo, as lajes e vigas de concreto armado. Esta movimentação causa fissuras nas paredes de alvenaria próximas a esses elementos construtivos, sendo que essas fissuras podem ser horizontais, verticais e na base.

Figura 21 - Fissuras horizontais em parede por retração da laje

de cobertura. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 22 - Fissuras horizontais em parede por retração de

lajes intermediárias. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 23 - Fissura na base da parede por retração da laje e

expansão da alvenaria. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 24 - Fissuras verticais em parede de alvenaria por

retração da laje. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Por último, quanto a expansão, sabe-se que os materiais construtivos sofrem variações dimensionais, fruto da absorção de umidade. Esta umidade, segundo Thomaz (1989, apud MAGALHÃES, 2004), advêm dos próprios componentes construtivos, da execução da obra em si, da água da chuva, da umidade do ar ou da umidade do solo.

A ação de expandir os materiais construtivos é capaz de ocasionar fissuras verticais e horizontais nas paredes de alvenaria (MAGALHÃES, 2004), conforme as figuras a seguir:

Figura 25 - Fissura horizontal por expansão da alvenaria.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 26 - Fissura vertical por expansão da alvenaria.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

4. Deformação de elementos da estrutura de concreto armado

As paredes de alvenaria de vedação podem apresentar fissuras em razão do estado de

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deformação excessiva dos elementos que compõe a estrutura de concreto armado (MAGALHÃES, 2004; SAHADE, 2005).

Segundo Duarte (1998, apud MAGALHÃES, 2004), a alvenaria de vedação muitas vezes não consegue acompanhar as movimentações oriundas das deformações das estruturas. Essas deformações podem gerar tensões de compressão, tração, cisalhamento nas paredes, da mesma maneira que pode gerar flexão de elementos da estrutura, como lajes e vigas. Sendo que todos esses podem provocar a fissuração das paredes.

Thomaz (1989, apud MAGALHÃES, 2004) assegura que as fissuras originadas por meio da deformação das estruturas podem apresentar diversas configurações, como por exemplo: fissuras em arco por deformação da viga de apoio, fissuras inclinadas por deformação das vigas de apoio e superior, fissuras por sobrecarga da viga superior, fissuras inclinadas por deformação de vigas e lajes em balanço, fissuras horizontais por deformação de lajes de cobertura, entre outras.

Figura 27 - Fissuras em paredes por deformação do apoio.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 28 - Fissuras em paredes por deformação das vigas de

apoio e superior. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 29 - Fissuras em paredes por deformação da viga

superior. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 30 - Fissuras em paredes com aberturas por

deformação da estrutura. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 31 - Fissuras em paredes por deformação de balanços.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 32 - Fissuras horizontais em paredes por deformação da

laje de cobertura. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

5. Recalque de fundações

A partir de falhas nas estruturas de fundação ou recalques do terreno, é possível que existam movimentações diferentes nas fundações que por sua vez excedem a capacidade de resistência das paredes de alvenaria, e como consequência são capazes de causar fissuras nas

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paredes de alvenaria (MAGALHÃES, 2004). Desta forma, torna-se perceptível a relação direta entre o comportamento das fundações e o desempenho das alvenarias (SAHADE, 2005).

Duarte (1998, apud MAGALHÃES, 2004) classifica as fissuras originadas pelo recalque de fundação em quatro tipos: (i) eixo principal; (ii) fora de um eixo principal; (iii) por flexão negativa dos peitoris; e (iv) por ruptura das fundações. Ernani Magalhães (2004), além desses quatro tipos de fissuras, também considera a classificação da fissura inclinada devido a recalques diferenciais em prédios estruturados.

Essas cinco classificações são demonstradas a seguir:

Figura 33 - Fissuras por recalque de fundações segundo um

eixo principal. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 34 - Fissuras por recalque de fundações fora de um eixo

principal. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 35 - Fissuras verticais em peitoris por flexão negativa.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 36 - Fissuras verticais junto ao solo por ruptura das

fundações. Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Figura 37 - Fissuras inclinadas em prédios estruturados.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

6. Reações químicas Outra casuística das fissuras são as

reações químicas. Neste caso, ocorre a expansão da junta de argamassa em decorrência da alteração química indesejável de seus materiais constituintes (MAGALHÃES, 2004).

Apesar dos materiais de construção terem a obrigação de se manterem estáveis quimicamente, muitas vezes existem sais solúveis em excesso nas juntas de argamassa que podem sofrer reações expansivas no processo de cristalização capazes de provocar fissuras (MAGALHÃES, 2004).

Segundo Duarte (1998, apud MAGALHÃES, 2004), são exemplos de reações químicas a expansão das juntas de argamassa pela reação do cimento com sulfatos, a hidratação retardada dos cales e a hidratação de agregados que contenham argilas.

As fissuras preponderam nas juntas horizontais da alvenaria, local onde existe uma maior quantidade de argamassa. Normalmente, incide mais no topo das paredes, visto que é o local onde o próprio peso da alvenaria tem menor. Sendo assim, as fissuras horizontais por expansão da argamassa são as fissuras em alvenarias causadas por reações químicas influência (MAGALHÃES, 2004).

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Figura 38 - Fissuras horizontais por expansão da argamassa.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

7. Detalhes construtivos Existem alguns detalhes construtivos que

são de suma importância para a boa execução de uma construção civil. A sua inobservância ou até mesmo a falta de eficiência ao executar esses detalhes é capaz de gerar fissuras. São exemplos de tal falha o fato de não levar em consideração as propriedades físicas dos materiais, não considerar a impermeabilidade e estanqueidade das alvenarias e das construções, a execução incorreta das alvenarias, as falhas nos projetos de detalhamentos, dentre outros (MAGALHÃES, 2004).

Dois importantes tipos de fissuras que devem ser destacadas são as fissuras por ancoragem de elementos construtivos e as fissuras por deficiência de amarração (MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010).

As fissuras por ancoragem de elementos construtivos em pares de alvenaria decorrem, por exemplo, segundo Ernani Magalhães (2004), da dilatação térmica ou expansão higroscópica de elementos de madeira, da dilatação térmica ou expansão por corrosão de elementos metálicos, e da deformação de estruturas de cobertura em madeira ou metal vinculada às paredes de alvenaria.

Figura 39 - Fissuras por ancoragem de elementos construtivos.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010.

Por outro lado, as fissuras por deficiência de

amarração decorrem da movimentação associada a outros fenômenos, como variações térmicas, retração ou recalques. Neste caso, geralmente as fissuras são verticais (MAGALHÃES, 2004).

Figura 40 - Fissuras verticais por deficiência de amarração.

Fonte: MAGALHÃES, 2004; TAGUCHI, 2010. Sistemas de Recuperação

1. Partes de um sistema de recuperação

Os sistemas de recuperação são compostos por várias partes que se complementam e interagem entre si.

A figura a seguir ilustra um sistema genérico de recuperação, constituído pela base e suas camadas. As camadas são divididas em camada de regularização, camada de dessolidarização, camada de recuperação, camada de proteção e camada de acabamento (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005).

Figura 41 - Corte esquemático de uma vedação vertical

ilustrando as partes de um sistema de recuperação de fissuras. Fonte: LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005.

1.1 Base

A base, também conhecida como suporte ou substrato, é a superfície sobre a qual serão aplicadas as ações de recuperação. Esta

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superfície pode ser a alvenaria de vedação, o concreto ou o revestimento existente (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005).

É necessário que ela esteja sem buracos ou protuberâncias, pois o objetivo dela é permitir uma perfeita aderência com a camada seguinte (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997).

1.2 Camada de Regularização

A camada de regularização, também denominada de camada de enchimento, é utilizada, segundo Alberto Lordsleem Júnior (1997), com a função de regularizar a base e preparar a superfície, quanto à planicidade, porosidade e rugosidade. Permitindo, desta forma, uma aderência adequada para a próxima camada.

Percebe-se, portanto, que esta camada não será necessária em todos os casos, somente quando a base não dispuser de boas condições de resistência e homogeneidade (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005).

Normalmente, a camada de regularização é constituída por gesso ou argamassa. No caso do gesso, recomenda-se para ambientes internos. Já a argamassa, pode ser utilizada tanto em ambientes internos como externos (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005).

1.3 Camada de Dessolidarização

A camada de dessolidarização impede a ligação entre a camada de regularização e a de recuperação. Segundo Renato Sahade (2005), esta camada é utilizada para “distribuir as tensões que se concentram na região da fissura”.

Conforme afirmam Alberto Lordsleem Júnior (1997) e Renato Sahade (2005) bem como diversos autores desse seguimento, para dessolidarizar a camada de recuperação da fissura utiliza-se, por exemplo, o esparadrapo, a fita de polipropileno, bandagem cirúrgica, gaze, fita crepe, tela de poliéster com bandagem central e saco de estopa.

1.4 Camada de Recuperação

A camada de recuperação é formada por uma pasta ou argamassa, ou seja, um material flexível. Dentro é possível encontrar um reforço, em uma ou em várias camadas. (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997; SAHADE, 2005).

Alberto Lordsleem Júnior (1997) destaca que a principal função desta camada é “acomodar as deformações intrínsecas do próprio sistema de recuperação e de sua base”.

Como dito inicialmente, é possível que haja

a presença de um reforço. Neste caso, os tipos de reforço mais usuais são as telas de aço, telas de poliéster, tela de fibra de vidro, tela de polipropileno, véus de poliéster e véus de fibra de vidro (LORDSLEEM JÚNIOR, 1997).

1.5 Camada de Proteção

A camada de proteção, como o próprio nome diz, visa proteger a alvenaria de vedação das ações dos agentes atmosféricos e das ações mecânicas, visto que neste momento a camada de recuperação já se encontra pronta.

Segundo o entendimento de Alberto Lordsleem Júnior (1997), a camada de proteção precisa apresentar duas importantes características, quais sejam: (1) capacidade de deformação compatível com a recuperação, e (2) permitir a passagem do vapor de água (camada não impermeável).

Apesar de alguns autores entenderem que esta camada se confunde com a camada de acabamento, o presente artigo apresentará ambas.

1.6 Camada de Acabamento

Esta última camada tem como objetivo garantir uma textura superficial fina ao sistema de recuperação e, ao final, harmonizar o aspecto com o revestimento anterior, conforme assevera Alberto Lordsleem Júnior (1997).

Utiliza-se, frequentemente, como acabamento a massa acrílica ou PVA e a pintura elástica, de acordo com o material da camada anterior.

2. Características dos sistemas de recuperação

Os sistemas de recuperação apresentam diversas características, e cada autor destaca as que lhes são mais importantes.

Segundo Alberto Lordsleem Júnior (1997), as características essenciais de um sistema de recuperação são a resistência mecânica, a capacidade de deformação, as propriedades geométricas e superficiais, a estanqueidade e a durabilidade.

Por outro lado, Renato Sahade (2005) compreende que os sistemas de recuperação podem variar quanto às técnicas utilizadas, no entanto, existem quatro características fundamentais, quais sejam: compatibilidade, durabilidade, estanqueidade e reversibilidade.

Percebe-se que a estanqueidade e a durabilidade são características comuns aos dois autores.

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Alberto Lordsleem Júnior (1997) define a estanqueidade como sendo a “capacidade em resistir à penetração de água e impedir a passagem de gases, sons ou materiais sólidos em suspensão”. Esta é uma importante característica, pois é ela que garante que a edificação como um todo seja habitável.

Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (1995, apud LORDSLEEM JÚNIOR, 1997) estabelece que a durabilidade é a “capacidade que os materiais tem em conservar o aspecto e as suas propriedades (físico-químicas e mecânicas) ao longo do tempo”. Sendo assim, é uma característica significante, pois é ela intenta para a preservação dos componentes recuperados por um período maior de tempo (SAHADE, 2005).

Conclusão

Em virtude do que foi apresentado, percebe-se o relevante papel exercido pela alvenaria de vedação em uma construção civil, a partir do momento em que busca isolar ambientes, busca proteger elementos estruturais, assim como busca possibilitar o conforto técnico e acústico do ambiente.

Como visto, a alvenaria de vedação está

sujeita a suportar vários tipos de patologias, sendo que, dentre as mais comuns, a mais recorrente é a fissuração.

Sabe-se que os principais fatores que originam as fissurações são as sobrecargas, as variações de temperatura, a retração e expansão, a deformação de elementos da estrutura de concreto armado, o recalque de fundações, as reações químicas, e os detalhes construtivos.

Foi possível compreender que para alcançar a correção dessas fissuras, é necessária a elaboração de um projeto de recuperação, que por sua vez sempre deverá buscar a compatibilidade, durabilidade, estanqueidade e reversibilidade.

Frente a este cenário e após a realização do presente estudo, pode-se concluir que foi possível alcançar o objetivo de analisar os principais fatores que dão origem as fissurações na alvenaria de vedação e identificar os sistemas de recuperação para essa patologia.

Agradecimentos

Agradecemos, primeiramente, a Deus. Ao orientador Iberê Pinheiro, pelo suporte e

apoio. Aos nossos pais, familiares e amigos.

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projeto. Rio de Janeiro, 2003.

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7. SAHADE, Renato Freua. Avaliação de Sistemas de Recuperação de Fissuras em Alvenaria de

Vedação. 2005. 169f. Dissertação de Mestrado – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São

Paulo, São Paulo, 2005.

8. SILVA, Patrícia Emília Villela; MOREIRA, Rodrigo Resende. Projeto de Alvenaria de Vedação –

Diretrizes para a elaboração, histórico, dificuldades e vantagens da implementação e relação com a

NBR 15575. 2017. 70f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Goiás, Goiânia,

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9. TAGUCHI, Mário Koji. Avaliação e qualificação das patologias das alvenarias de vedação nas

edificações. 2010. 84f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

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Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 2009.