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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.4, jul/dez de 2011 265 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TRILHAS ECOLÓGICAS: O CAMINHAR PARA UM FUTURO CONSCIENTE E SUSTENTÁVEL ECOLOGICAL AND ENVIRONMENTAL EDUCATION TRACKS: THE PATH TO A FUTURE CONSCIOUS AND SUSTAINABLE Rafael Luiz Faria dos Santos – [email protected] Rita de Cassia de Almeida – [email protected] RESUMO O presente trabalho discorre sobre a importância da Educação Ambiental em Trilhas Ecológicas como ferramenta de conscientização para os alunos do ensino infantil e fundamental das escolas municipais, estaduais e particulares do município de Lins.. Plantas nativas e exóticas, assim como o contraste entre a área urbana e natural, boas maneiras da pratica de sustentabilidade e mudanças de hábito no dia- dia são assuntos presentes nessas trilhas realizadas nas dependências do Novo Horto Municipal de Lins. O principal objetivo da trilha é despertar a consciência nos alunos e visitantes do Horto sobre a importância do meio ambiente em suas vidas e, além disso, discutir que assim como qualquer outro ser vivo, o homem faz parte do ciclo natural e com pequenas mudanças de atitude pode-se viver em um meio totalmente equilibrado. Por fim, este artigo conclui que uma maneira eficaz de trabalhar com a EA com crianças é usar como ferramenta a trilha ecológica, especialmente a interpretativa. Palavras-chaves: Trilhas Ecológicas. Sustentabilidade. Educação Ambiental. Novo Horto Municipal de Lins. ABSTRACT This paper discusses the importance of Environmental Education in Ecological Trails awareness as a tool for students of early childhood education and basic municipal schools, state and private in Lins. Native and exotic plants, as well as the contrast between urban and natural manners of practicing sustainability and lifestyle changes on present-day issues in these trails are conducted on the premises of the Novo Horto Municipal de Lins. The main objective of the trail is to raise awareness among students and visitors to the Horto on the importance of the environment in their lives and, moreover, argue that just like any other living being, mans is part of the natural cycle and with small changes attitude can live in a totally balanced. Finally, this article concludes that an effective way of working with children with EA as a tool is to use the eco-trail, especially the interpretation. Keywords: Ecological Trails. Sustainability. Environmental Education. Novo Horto Municipal de Lins. INTRODUÇÃO Atualmente as questões ambientais são um dos principais assuntos

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TRILHAS ECOLÓGICAS: O CAMINHAR PARA UM

FUTURO CONSCIENTE E SUSTENTÁVEL ECOLOGICAL AND ENVIRONMENTAL EDUCATION TRACKS: THE PATH TO A

FUTURE CONSCIOUS AND SUSTAINABLE

Rafael Luiz Faria dos Santos – [email protected] Rita de Cassia de Almeida – [email protected]

RESUMO

O presente trabalho discorre sobre a importância da Educação Ambiental em Trilhas Ecológicas como ferramenta de conscientização para os alunos do ensino infantil e fundamental das escolas municipais, estaduais e particulares do município de Lins.. Plantas nativas e exóticas, assim como o contraste entre a área urbana e natural, boas maneiras da pratica de sustentabilidade e mudanças de hábito no dia-dia são assuntos presentes nessas trilhas realizadas nas dependências do Novo Horto Municipal de Lins. O principal objetivo da trilha é despertar a consciência nos alunos e visitantes do Horto sobre a importância do meio ambiente em suas vidas e, além disso, discutir que assim como qualquer outro ser vivo, o homem faz parte do ciclo natural e com pequenas mudanças de atitude pode-se viver em um meio totalmente equilibrado. Por fim, este artigo conclui que uma maneira eficaz de trabalhar com a EA com crianças é usar como ferramenta a trilha ecológica, especialmente a interpretativa.

Palavras-chaves: Trilhas Ecológicas. Sustentabilidade. Educação Ambiental. Novo Horto Municipal de Lins.

ABSTRACT

This paper discusses the importance of Environmental Education in Ecological Trails awareness as a tool for students of early childhood education and basic municipal schools, state and private in Lins. Native and exotic plants, as well as the contrast between urban and natural manners of practicing sustainability and lifestyle changes on present-day issues in these trails are conducted on the premises of the Novo Horto Municipal de Lins. The main objective of the trail is to raise awareness among students and visitors to the Horto on the importance of the environment in their lives and, moreover, argue that just like any other living being, mans is part of the natural cycle and with small changes attitude can live in a totally balanced. Finally, this article concludes that an effective way of working with children with EA as a tool is to use the eco-trail, especially the interpretation.

Keywords: Ecological Trails. Sustainability. Environmental Education. Novo Horto Municipal de Lins.

INTRODUÇÃO

Atualmente as questões ambientais são um dos principais assuntos

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discutidos mundialmente. As ações antrópicas ao longo dos anos são os principais

vilões dessa problemática tão ampla que interfere em questões econômicas, sociais

e políticas. O homem não foi capaz de caminhar ao lado dos passos galgados pela

tecnologia que evoluiu vertiginosamente, fazendo refém o seu próprio criador. Nessa

onda, os recursos naturais também se tornaram vitimas do aprimoramento

tecnológico. A sociedade perde o bom e velho costume e as boas maneiras de

respeitar o meio ambiente e fica cada vez mais exigente e obcecada com bens

materiais. Essa exigência da sociedade requer a extração abusiva desses recursos

não se restringe apenas isso, o mundo hoje suporta sete bilhões de pessoas (ONU

2011) e obter recursos para suprir toda população está entrando num processo que

requer atenção, visto que estes estão se esgotando aos poucos.

Desastres ambientais cada vez mais constantes, atingindo a população em

uma proporção cada vez mais assustadora, é a única reação que a natureza dá em

resposta no meio de tanto descaso. Riqueza e luxo são o que muitos querem e nada

disso pode ser conquistado sem que haja poder sobre recursos. Mas a natureza

reage à ausência de equilíbrio e não escolhe suas vitimas, todos se tornam alvo

fácil.

Mas parte dos desastres ambientais pode ser evitada se algumas atitudes

fossem praticadas com maior cautela. Nos dias de hoje é cada vez mais difícil de

encontrar várias espécies de animais e plantas, vitimas do desequilíbrio ambiental. A

falta de conhecimento sobre o meio ambiente é um dos principais fatores dessa

desordem ambiental e a busca de uma melhor qualidade de vida em harmonia com

a natureza torna-se imprescindível. Por meio do conceito de sustentabilidade, que

busca suprir as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade

das gerações futuras (SACHS, 2000), a Educação Ambiental (EA) entra como

aliada, ou vice versa. Educar não restringe apenas as crianças e jovens que ocupam

as carteiras de colégios, mas também a toda sociedade.

Uma ferramenta diferenciada que coloca em pratica o conhecimento

ambiental é colocada em prática por meio de trilhas ecológicas, especialmente

direcionadas a crianças e jovens. E esse trabalho é realizado no Novo Horto

Municipal de Lins/SP há quatro anos, no Centro de Educação Ambiental (CEA) que

trabalha com esses e outros projetos no intuito de sensibilizar essa geração que é

responsável pelo futuro do planeta.

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Neste artigo discute-se a importância da trilha como ferramenta para a EA, a

partir da experiência do trabalho voluntário no CEA, descrevendo experiências e

sensações que ao longo de semanas foram observados por meio de trilhas

realizadas com crianças entre 03 a 13 anos de idade, monitorados sempre de uma

especialista no assunto e de seus professores.

1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS TRILHAS ECOLÓGICAS COMO

FERRAMENTA DE APRENDIZADO

As trilhas ecológicas podem se distinguir em interpretativas ou cênicas, de

acordo com Lima (1998 apud IKEMOTO et.al., 2009) “Trilhas de interpretação de

caráter educativo consistem em instrumentais pedagógicos, podendo ser: (1) auto

interpretativa ou auto guiada; (2) monitorada simples e guiada; (3) com

monitoramento/guia associado a outras programações. O percurso deve ser de curta

distância, onde buscamos otimizar a compreensão das características naturais e/ou

construídas da sequencia paisagística determinada pelo traçado [...].” (LIMA, 1998

apud IKEMOTO et.al., 2009, p.41).

Portanto, para um melhor aproveitamento da trilha, os trajetos não muito

longos e explicações objetivas fazem com que esta se torne interessante, prendendo

a atenção dos visitantes e tirando dúvidas necessárias para seu conhecimento. O

que pode mudar em uma trilha, é o modo em que ela é passada aos visitantes,

podendo ser realizada com crianças a partir de 04 a 06 anos e até com adultos. Para

isso, um roteiro da trilha deve ser feito antes revendo seu conteúdo e adequando

para respectivos públicos.

A Educação Ambiental instituída em LEI Nº9. 795 27 de abril de 1999 e

sancionada pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, diz:

“Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de

uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art.

2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e

modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Art. 3o Como

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parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental

[...].” (MMA, 27 de Abril de 1999)

Sendo assim, a EA sempre deve estar presente em todo o ciclo educacional,

já que é de direito de todos terem um ensino de qualidade em diferentes âmbitos.

Mais do que isso, a EA tem como objetivo revelar a importância do convívio

equilibrado entre o homem e meio ambiente, levando-o a entender de que ele faz

parte de todo processo ecológico e que revendo hábitos pode-se conviver em

constante harmonia com a natureza, por meio de atitudes sustentáveis. E é assim

que a trilha ecológica torna-se ferramenta para que os educadores ambientais levem

os seus visitantes a pensar sobre seu papel na natureza.

Da teoria a pratica, a EA possibilita ao participante de suas atividades a rever

conceitos e resgatar suas boas maneiras e comportamentos sobre a natureza. Hoje

isso é possível por meio de atitudes sustentáveis, praticadas com maior dimensão

em empresas e indústrias, mas que por meio de algumas adaptações podem ser

aderidas pela sociedade em seu dia-dia, atitudes estas que vão desde o fechar de

uma torneira a escovar os dentes até a separação correta dos resíduos domiciliares.

A trilha não se resume em conhecer a natureza e seus elementos físicos e

biológicos, mas também em levar aos participantes a consciência do impacto de

atitudes que tem importantes reflexos no equilíbrio ambiental.

Logo, discute-se aqui o papel de trilhas ecológicas no âmbito da EA e como

esta importante ferramenta pode ajudar nos conceitos sobre natureza e o papel da

sociedade sobre ela.

2 ORIGEM DO COMPOR / COORDENADORIA DE POLÍTICA RURAL E MEIO

AMBIENTE

O Novo Horto Municipal de Lins tem uma área verde de 10.000 m² e foi por

um bom tempo um Zoológico com diversas espécies de animais exóticos e nativos,

mas que devido à falta de estrutura do local o horto foi extinto e por alguns anos

ficou desativado.

Em 2008, a Coordenadoria de Política Rural e Meio Ambiente (COMPOR),

instalou suas dependências dentro do antigo zoológico, dando inicio a suas

atividades voltadas às questões ambientais atendendo o público do município de

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Lins por meio de seus serviços e lá atende a Diretoria de Agronegócios; Diretoria de

Licenciamento Ambiental; Diretoria de Áreas Verdes; Diretoria de Limpeza Pública.

3 NOS PASSOS DA TRILHA

A partir do conhecimento de que Trilhas Ecológicas é uma importante

ferramenta para se aplicar a EA, o Horto Municipal de Lins realiza durante todo o

período letivo e também durante as férias de Julho, trilhas de conscientização

ambiental aos seus visitantes, além de apresentar as diferentes espécies de árvores

nativas e exóticas existentes em seu espaço.

O percurso dura em torno de 40 minutos, acompanhado de lanche no final.

Durante a trilha interpretativa são feitas paradas em diferentes pontos, a fim de que

o visitante conheça algumas espécies de árvores endêmicas e exóticas,

diferenciando-as e esclarecendo sua importância ecológica.

Uma grande preocupação é passar essas informações técnicas de forma que

os visitantes entendam sobre o que ali é mostrado. Para isso é feito um roteiro muito

bem elaborado priorizando o conhecimento que os visitantes devem levar na

bagagem.

É importante ressaltar que anteriormente o Horto recebia apenas instituições

do município, mas hoje também recebe instituições pertencentes a outras delegacias

de ensino da região, ampliando a participação de crianças ao Horto.

Há uma enorme diversidade de espécie de árvores no Horto, na tabela a

seguir uma pequena amostra do que se pode lá encontrar, incluindo as principais

árvores mostradas durante a trilha.

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR ORIGEM Cedrus deodara Cedro Nativa

Tabebuia impetiginosa Ipê-Roxo Nativa Albizia polycephala Anjico Rosa Nativa

Araucaria heterophylla Pinheiro Exótica Eucalyptus spp Eucalipto Exótica

Schizolobium parahybae Guapuruvu Nativa Delonix regia Flamboyant Exótica

Caesalpinia ferrea Pau Ferro Exótica Ormosia arborea Olho de Cabra Nativa

Fonte: Horto

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Grande parte da trilha é realizada em um Parque Linear, mas uma trilha em

especial é feita dentro de um Parque Sensorial onde deficientes visuais plantaram

diversas espécies dentro dessa área e as árvores lá plantadas receberam o nome

de quem plantou em uma placa de identificação. Nessa área são encontradas

apenas espécies nativas e lá é explicada toda sua história, origem e

desenvolvimento.

Um método diferente para ensinar crianças pequenas, ainda no primeiro ciclo

do ensino fundamental é feita com fantoches e ilustrações, uma forma educativa e

direta para conscientizar essas crianças sobre sua importância no papel para manter

um meio ambiente equilibrado. Geralmente, essas crianças têm entre 03 e 06 anos

de idade e essa é uma maneira adequada de fazê-las entender a trilha que é

substituída por outros métodos educativos, mas com o mesmo enfoque.

4 VISÃO DOS ALUNOS SOBRE A TRILHA

Ao entrarem no antigo zoológico, as crianças se deparam com um lugar

aparentemente estranho, ao observarem jaulas de animais durante a trilha,

despertando a curiosidade de casa um deles surgindo perguntas como: “Porque

existe essa ‘gaiola’ aqui? Cadê os bichos?”. O horto tem uma visão daqueles que já

ouviram falar ou já visitaram de hoje ser um lugar abandonado, mas na verdade

antes do Horto tornar-se o COMPOR era um jardim zoológico, mas que devido às

inadequações já citadas no inicio deste artigo, o lugar foi desapropriado.

O contato com a natureza desperta uma sede de conhecer e querer saber

mais, a partir daí surgem inúmeras perguntas muitas delas até mesmo fora do roteiro

da trilha, mas isso demonstra a deficiência do conhecimento básico sobre o meio

ambiente.

Muitas dessas crianças recolhem durante a trilha sementes de algumas

espécies e até mesmo folhagens com características diferentes. É tudo muito

mágico, mesmo que para alguns que ver determinadas espécies não é novidade,

mas quando discutida a sua importância e reprodução acabam se encantando.

É mister ressaltar uma das características da trilha e que é possível detectar

seu resultado imediato. Estar em um lugar bastante arborizado, cheio de vida, faz

surgir uma questão comparativa entre o ambiente em que elas vivem com aquele

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em que elas estão naquele momento. A paz e sossego, o ar puro e limpo, o cantar

dos pássaros, ter contato direto com a natureza e suas belezas são elementos

fundamentais para que elas entendam que isso pode estar em seu dia-dia desde

que haja equilíbrio entre a natureza e as ações antrópicas.

5 O C.E.A. / CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No CEA pode-se encontrar um acervo bastante interessante em uma

biblioteca ambiental composta de Carpoteca (3), Herbário (2), Xiloteca (5),

Entomológica (1) e Rochas (4), onde também é realizado pesquisas ambientais.

Todo o material é doado por instituições de ensino e outras ligadas ao estudo

ambiental:

Fonte: Site novohorto.org.br

Figura 1: Coleção Entomológica

Fonte: Site novohorto.org.br

Figura 2: Herbário

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Fonte: Site novohorto.org.br

Figura 3: Carpoteca

Fonte: Site novohorto.org.br

Figura 4: Rochas

Fonte: Site novohorto.org.br

Figura 5: Xiloteca

Esse programa de EA por meio da trilha não se restringe apenas aos alunos

que visitam o Horto, mas também a população local. É possível se fazer trilhas

interpretativas com os moradores que por ventura venham a se interessar, do

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mesmo modo em que é realizado com as crianças.

“A Educação Ambiental (EA) surge como resposta à preocupação da

sociedade com o futuro da vida. O processo educativo proposto pela EA objetiva a

formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma crítica

– consciente [...]” (CARVALHO DE LIMA, 2008). E é com essa sociedade que hoje

preocupada com as questões ambientais, busca respostas para como criar novos

hábitos e minimizar seus impactos negativos no meio ambiente.

Um ponto muito interessante nesta trilha, é que se pode ver um contraste entre

a mata e parte da área urbana. Neste trecho avistam-se as margens do Rio

Campestre que corta a cidade e, neste momento, abre-se a oportunidade da

discussão do que é visto ali. Ou seja, as diferentes situações nas margens do rio no

que diz respeito à conservação da mata ciliar e ocupação do espaço. A discussão

gira em torno da degradação da outra margem do rio, evidenciada pelas construções

irregulares e pela falta de vegetação, que pode ocasionar erosões e assoreamento,

consequentemente, a morte do rio. Este espaço aberto possibilita discutir o modo

correto de tratar o meio ambiente com a abordagem de temas como queimadas,

falta de planejamento na área urbana e a disposição do lixo nas margens desse rio.

As crianças compartilham suas experiências sobre o que fazem com o lixo que

produzem, por exemplo. Neste momento, o monitor responsável aborda a

importância das simples praticas que quando mudadas poupam o meio ambiente e a

necessidade de rever os conceitos para a busca de soluções para um futuro

sustentável.

Um dos momentos mais esperados durante a trilha é a visita à árvore símbolo

do nosso país, o quase extinto, Pau-Brasil. A espécie mostrada no horto serve com

lição para essas crianças, já que se encontra doente e aparentemente desgastada,

pois como pesquisas afirmam, o Pau-Brasil é uma árvore bastante exigente com

solo e vegetação e é de difícil cultivo. Sua extração realizada pelos portugueses logo

no inicio do descobrimento, que viram em sua madeira a possibilidade de utilização

de diversas formas. Por exemplo, o seu tronco interior vermelho chamou bastante a

atenção, sendo sua tinta utilizada para tingir diversos tipos de acessórios, inclusive

roupas. Naquela época, abundante na área litorânea do país, hoje uma árvore

símbolo que é quase que uma raridade. Esse exemplo é a lição sobre a

conseqüência da exploração irregular que é feita dos elementos naturais (água, solo,

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flora etc.) sem haver a preocupação em dar continuidade à devida espécie por meio

de um projeto de recomposição. O enfoque de sustentabilidade neste momento é

discutido com as crianças, apesar de ser uma palavra nova para algumas delas,

mas de importante significado.

6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Nos últimos anos, o mundo tem se voltado para a discussão das questões

ambientais, ainda mais depois da Conferência sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento / ECO-92, realizada no Rio de Janeiro. A ECO-92 teve como

objetivo tratar a conciliação do desenvolvimento socioeconômico com a proteção

dos ecossistemas da terra. Nesta oportunidade o conceito de Sustentabilidade foi

consolidado, já que na conferencia de Estocolmo em 1975 o termo Sustentabilidade

começou a ser gerado.

De acordo com Sachs (2002), define-se por Desenvolvimento Sustentável um

modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as

necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações

futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

Portanto, a prática de sustentabilidade reflete em vários aspectos sociais,

políticos e culturais dificultando a sua implantação ou adequação já que implica num

processo em que a mudança de atitudes impostas para uma sociedade que não tem

o conhecimento do quanto é importante uma EA em suas atividades sobre o meio

ambiente.

7 OUTROS TRABALHOS REALIZADOS NO HORTO MUNICIPAL

Além do programa de EA com a trilha interpretativa o Horto também leva à

comunidade a possibilidade do plantio de árvores por meio da distribuição de mudas

nativas. A maior expectativa no momento é a inauguração do “Borboletário” (espaço

destinado à criação e reprodução de borboletas), que deve ocorrer em breve e

estará aberto a visitações ao público. Fora isso, no horto também é possível realizar

pedidos de poda das árvores, licitações de licenciamento ambiental.

Ações como ECO-enduro uma ação ambiental realizada em comemoração ao

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dia da árvore, interage alunos de diversas escolas do município em uma competição

com provas voltadas ao meio ambiente.

Também há o replantio de árvores nativas em margens de rio e recomposição

florestal. Essas iniciativas recebem apoio de empresas privadas do município e da

Prefeitura Municipal de Lins.

O horto terá sempre espaço para os estudantes que queiram ter experiência

prática na área ambiental, por meio do trabalho voluntário. Esta é uma oportunidade

de um grande aprendizado e para aqueles que ainda não definiram em que área

ambiental seguir é o momento de se encontrar e desenvolver múltiplos trabalhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que a maneira mais simples de trabalhar com a EA com

crianças é usar como ferramenta a trilha ecológica. Trabalho ele todo roteirizado e

muito bem planejado, passando conhecimento e abrindo diversos pontos de

discussão para espelhar a realidade em que essas crianças vivem. O tempo de

voluntariado no Horto Municipal, trabalhando no CEA foi bastante valioso, pois foi

possível levar conhecimento aos alunos que visitam o horto e dividir novas

experiências.

Como monitor uma das maiores preocupações é deixar a mensagem muito

bem explicita a essas crianças de que a sociedade pode viver em uma em constante

harmonia e equilíbrio com o meio ambiente. Se sabe que para cada instituição que

visita o horto é apenas uma aula prática daquilo que é visto em sala de aula, mas é

também uma valiosa lição de que é possível mudar as atitudes no e sobre o meio

ambiente.

Por fim, entende-se que este é um momento crucial para a sociedade

despertar para a busca de mudanças em suas atitudes diárias, retribuindo de forma

honesta o que a natureza fornece para a sobrevivência da humanidade. Salienta-se

também que esta possibilidade se inicia por meio de práticas sustentáveis, um

processo que permite a utilização os recursos naturais com devida moderação e

sempre pensando naqueles que estão por vir.

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REFERÊNCIAS

CARVALHO DE LIMA, Tatianny Danielle. Educação Ambiental e Sociedade. http://www.webartigos.com/artigos/educacao-ambiental-e-a-sociedade/11096/, 2008. Consultado em Novembro de 2011. IKEMOTO, Silvia Maria As trilhas interpretativas e sua relevância para a promoção da conservação: Trilha do Jequitibá, Parque Estadual dos Três Picos (PETP), RJ. 170 170 f. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008. LIMA, Solange T. Trilhas Interpretativas: a aventura de conhecer a paisagem. Cadernos Paisagens. Rio Claro, Paisagem 3, n.3, p. 39-44, maio de 1998. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2002. http://www.novohorto.org.br/cea.html. Imagens: Consultado em novembro de 2011. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm. Politica Nacional do Meio Ambiente, Lei Nº 9.795 de 27 de Abril de 1999. Consultado em novembro de 2011.