Educação Da Criança. Plutarco.

download Educação Da Criança. Plutarco.

If you can't read please download the document

Transcript of Educação Da Criança. Plutarco.

Plutarco - da educao das crianas.p-agina 9texto mesmo -p,27Introduop,1O tratad (em latim Deliberis educandis, que traduzimos por Da educao dascrianas) foi escrito, muito provavelmente, nos sculosI ou II d. C. o nico tratado da Antiguidade, especificamentededicado pedagogia, que nos chegou nantegra, facto que lhe confere o direito de ser um documentoindispensvel para qualquer estudo de histriada educao no Ocidente.outros tratados das Obras Morais. Alm disso, influenciouo pensamento de figuras to marcantes comoErasmo, Montaigne, Milton, Comnio e Rousseau, entreoutros.somente D. Wyttenbach (1820) demonstrou,definitivamente, que no um escrito juvenil de Plutarco, argumentandocom elementos estilsticos, vocabulares e temticos, que1 A introduo retoma alguns dos elementos que desenvolvemosem trabalhos anteriores: J. Pinheiro (2003: 473-484) e (2007:349-362). Expressamos, ainda, o nosso agradecimento ao DoutorDelfim F. Leo pelos seus diversos contributos na fase final de preparaodestep, 2Enunciemos, ento, osprincipais elementos que indicam no ser este tratadoda autoria de Plutarco:Para B. Weissenberger (1994), o tratado Daeducao das crianas seria um gymnasma de um dosalunos de Plutarco (14 C); outros estudiosos, porm,consideram verosmil algum o ter escrito a partir denotas do prprio Plutarco. certo que o autor destetratado beneficiou durante muitos sculos da identificaocom Plutarco,]]p, 3O problema da possibilidade de educar a naturezahumana um caso particular das relaes entre a natureza e aarte em geral. Muito instrutiva para este aspecto do problema a contribuio de Plutarco no seu livro A Educao da Juventude,que to fundamental seria para o Renascimento, em queas suas edies se repetiram e as suas ideias foram decisivas paraa nova pedagogia.p, 4A educao , no fim de contas, um esforopara auxiliar ou moldar o crescimento.p,6Para se esclarecer o percurso necessrio formaode um homem recto e modelar, o tratado recorre,com uma argumentao pouco rigorosa, doutrina dostrs elementos (physis, logos e ethos),tratado Da educao das crianasresponde (2A-B), sem dvida, de forma afirmativa10, aodefender a conciliao e a interdependncia dos trs elementos(physis, logos e ethos) e valorizando a primazia dainstruo em detrimento daquilo que inato quando seafirma: a natureza sem instruo cega, tal como a instruoseparada da natureza insuficiente e o exerccioseparado de ambos no obtm resultado.aquisio de conhecimentos - papel fundamental.p, 7 -sendo esta um processo exigente e que sebaseia no exerccio (askesis).p, 9Este texto considera, assim, a agoge e a paideiauma necessidade para a conquista da virtude e da felicidade.Enquanto a beleza, a sade, a fora so qualidadespassageiras, a paideia perene, uma vez que, como sepode ler no textoO tratado em si4 - Sobre a doutrina dos trs elementos (physis, logos e ethos),vide, por exemplo, Plato, Mnon 70a, Fedro 269d, Protgoras323d; Aristteles, Poltica 1134a e 1332a, tica a Nicmaco 1103a16 ss., 1179b;De uma forma geral, aquilo que se diz sobre avirtude o que costumamos afirmar sobre as artes e ascincias; para uma conduta justa necessrio congregar,em absoluto, trs elementos: a natureza, a razo e ocostume ao exerccio13. Chamo razo aprendizagem14 ecostume prtica15. Os princpios advm da natureza eos progressos da educao; a prtica advm dos exercciose a perfeio resulta de todas estas coisas. Porm, se,por destino, faltasse alguma destas coisas, a virtude ficariaimperfeita. que, de facto, a natureza sem instruo cega16, do mesmo modo que a instruo separada da natureza insuficiente e o exerccio separado das duasno produz resultados.tambm a natureza semelhante terra, o educador aoagricultor e os ensinamentos e os preceitos semente17a instruo corrigea ignorncia.A terra , por natureza, boa. Porm, sendo negligenciada,fica estril, e quanto melhor a sua naturezatanto mais empobrece por ficar abandonada, acabandopor se tornar inculta. Mas uma terra que durae mais rude do que convm, sendo cultivada, produz,de imediato, frutos generosos.8 -Em resumo, eu afirmo (poder parecer, comrazo, que eu pronuncio orculos e no conselhos) queno princpio, no meio e no fim existe algo de fundamental:uma conduta sria e uma educao obediente s leispois defendo que todas estas coisas favorecem e auxiliama obteno da virtude e da felicidade42Na natureza humana, os dois bens mais importantesso a inteligncia e o raciocnio45. A intelignciacomanda o raciocnio e o raciocnio est ao servio dainteligncia. O raciocnio, por sua vez, no se perturbacom a sorte, no se pode tirar pela calnia, incorruptvelna doena e no se injuria na velhice. Na verdade,apenas a inteligncia, ao envelhecer, se rejuvenesce. Otempo, que tira todas as coisas, concede na velhice oconhecimento46Sobre a valorizao da experincia e do conhecimento navelhice, vide Slon, frg. 18 West e Plato, Banquete 219a e Leis715d-e.12- Deve-se, sobretudo, exercitar e acostumar a memriadas crianas88, pois ela o tesouro da educao89e por isso diz a mitologia que Mnemsine a me dasMusas90, dando a entender e insinuando que nada criae alimenta como a memria. Assim, deve-se exercit-laem ambos os casos: seja quando as crianas tm, pornatureza, uma boa memria, ou seja quando, pelo contrrio,se esquecem.13 - H outras coisas, efectivamente, no inferiores sque j tratmos e, de igual modo, importantes, que osjovens devem praticar e que agora convm referir. Soas seguintes: praticar uma vida modesta, moderar a linguagem,estar completamente acima da ira e dominar,14Com efeito, o silnciooportuno sbio e melhor do que qualquer discurso10516. Sobre este assunto, cada um tenha as suasprprias convices e proceda em conformidade. Eu,depois de ter falado sobre a disciplina e a conduta dascrianas, deter-me-ei, de imediato, na juventude, fazendoum brevssimo prembulo