Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

download Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

of 11

Transcript of Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    1/11

    ..: , ( : :: {,:.;:-,~~~,:;,_y:~:. ~.~:,.~~~.;~,·,:s~i~~;~t;~\;;:··';~ .t:.·~·:z..,~,~~··T:·X~.

    ~., '.. '

    ~,:

    ~.

    ' ... ',:, .>,~

    ..' ~;< .

    .-:.~..:':' ..•  ., : .:~.: ~:.:.;::...

    J;~t t..

    ..... - -. .

    , . .: . .~;:;:?',

    .~::~:.':.

    '.',' .

    '1.

      Filosofia na Formação do ducador

    A Filosofia da Educação entendida como reflexão sobre os

    problemas que surgem nas atividades educacionais, seu

    significado efunção.

    O objetivo deste texto t é explicitar o sentido ~ a tarefa da

    filosofia na educação. 'Em que a filosofia poderá nos ajudar a

    entender o fenômeno da educação? Ou. melhor dj~ndo: ,se pre

    tendemos ser educadores. de que maneira e em que medida a

    filosofia poderá contribuir para que alcancemos o nosso objetivo?

    Na verdade. a expressão filosofia da educação é conhecida de

    todos. Qual é, entretanto, o seu significado? Aceita-se corrente

    mente como inquestionável a existência de uma dimen lão fi losÓ·

    fica na educação. Diz-se que toda educação deve ter uma

    orientação filosófica. Admite-se também que a filosofia desem

    penha papel ImprescIndível na formação do educador. Tanto assim

    é

    'que a Filosofia da Educação figura como disciplina obrigatória

    do currículo mínimo dos cursos ~e Pedagogia. Mas em que se

    baseia essa lmportlincia concedida à Filosofia? Teria ela bases reais

    ou seria mero fruto da tradição? Será que o educador precisa

     

    Sl2.M~

    (0

    . ' \

    COV\ se. t

    eM

    G ê)

    ç~~~;

    ~

    .-: .

    L1)0

    cAcy'A

    o

    \

    Gol('{\. U f'W\

    d

      oSd~ ~

    ~(rMO:~

    ~ {a..>(

    -'

    c?o:N-é'e-~ j~~3,

    \j

    :

    ~

     

    ~:I

    ::~

    ?~Oç.,

    H~I

    Jo

    J~~'dNrd

    \

    1. Escrito em 1973 como texto didático para os alu llos da disciplina

    Filosofia da Educação I.do curso de Pedagogia - PUC/SP. Publicado

    na Revista

    Didnta,

    n . 1, jane iro de 1975.

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    2/11

    :::; \. ~.

    \

    .~.;.,:.:

    :..

    :.,.' ....

     k,'

     fi

     

    i

    I

    I

    :1

    ':\

    :1

    ..~

    i

    li

    realmente da filosofia? Que é que determina essa necessidade? Em

    I' .

    outros \\tnno~: que é que leva o educador a filosofar? Ao colocar

    essa questão;i nós estamos nos interrogando sobre o significado e

    aiCunç4p da Fllosofia em si mesma. PoderCamos, pois, extrapolar

    o:âmb~~o dOieducador e perguntar genericamente: que é que leva

    o>homem a lfilosofar? Com Isto estamos em busca do ponto de

    p'artid~lda\.fI1osofia,(oU seja; procuramos determinar aquilo que

    provoCf1o'surg/mento dessa atitude não habitual, não espontânea

    àlexist~ncia,~~uU1aQ l '; Com efeito, todos e cada um de nós nos

    descob~lmos':exlstindo no mundo (existência que é agir, sentir,

    pensar)rlTal existência transcorre normalmente, espontaneamente,

    até quelitlgo.lntyrrompe oseU curso, Interfere no processo alterando

    a'Bua(s~qOêr1diatnatural:Af, então, o homem

    é

    levado,

    é

    obrigado

    esmoj a se deter 'e exam inar, procurar descobrir o que é esse algo.

    f},éa p~'ljliX.c;ss~mo~ento que ~le,começa a filos,ofar.

    O

    ponto de

    pa.rtl~~'ldll,·fI1?~.qfia,é, pois, ,esse algo' a qu'e damos o nome de

    pr~b~~ibl~,,:,~ .~,i

    ~ls

    objetQ d~ filosofia, aquilo de que trata a

    ~19s~nt/1 ~9~1~?J.que',~vao ~o~~~ a fpo~~far,~são ~s pr~~lemas

    Que o 'li memleófrenta no transcurso de sua eXistência. ,

    '\?'' i,~lqI) (); 1'1/1 f,l. :: 1~ ,;'i ':.'f·i

    ,~HF:'.

    I::

    I I : .•

    1~  i ,:ÇÁqDEPROBLEMA '. , :.  

    )J,

    · ·/ ·,1 1) ') :. :. ,: ~ .

     1,' ,f I. ': , .•

    , :' ,; . IM~I)que: é, que, se entende. por problema? :Tão habituados

    , e~~amoffaOlu~o dessa,palavra;que receio já.tenh~mos perdido de

    v'~ta,.o,se,usignificado. .. 1 ' •

    , ,i'j,

    .\~

    :j I' . I: ,.' ( .

    1~:~.

    ~,I~S?~lc~rren,t~

     

    ~~~~vtli

    Problema~':

    '. Um dos usos mais. freqüentes da palavra problema é, por

    e~empI6; aq~ele que aconsidera como sinônimo de questão. Neste

    I 1'11 'I .

    sentido, qualquer pergunta,' qualquer Indagação é considerada

    problema. Esta identificação resulta, porém, Insuficiente para re

    velaro':\Verdadeiro caráter, isto é, a especificidade do problema.

    Com 'efeito,' se eu pergunto a um dos leitores: quantos anos você

    tem? , 'parece claro que eu estou lhe propondo uma questão; e

    ' ?n

    t

    ',

    .

    ..

    parece igualmente claro que Isto não traz qualquer conotllção

    . problemática. Na verdade, a resposta será simples e Imediata. Não

    se conclua daí, todavia, que a especificidade do problema consiste

    no elevado grau de complexIdade que uma questão comporta.

    Neste caso estariam excluídos da noção de problema as questões

    simples, reservando-se aquele nome apenas para as questões com

    plexas. Não se trata. disso. Por mais que elevemos o grau de

    complexidade, mesmo que alcemos a complexidade de uma ques

    tão a um grau Infinito. não é Is to que irá camcterizá-la como

    problema. Se eu complico a pergunta feita ao meu suposto leitor e

    lhe solicito determinar quantos meses. ou mesmo, quantos segun

    dos perfazem a sua. existência, ainda assim não estamos d/ante de

    algo problemático. A resposta não será simples e Imediata mas nem

    por isso o referido leitor se perturbará. Provavelmente, retrucará

    com segurança: dê-me tempo para fazer os cálculos e lhe apre

    sentarei a resposta ; ou então: uma questão como essa é totalmen

    te destituCda de Interesse; não vale a pena perder tempo com ela'·.

    Note-se que o uso da palavra problema pam designar os exercícios

    escolares (de modo especial os de matemática) se enquadra nestà

    primeira acepção. São, com efeito, questões.

    B

    mais, questões

    cujas respostas são de antemão conhecidas. Isto é evidente em

    relação ao professor, mas não deixa de ocorrer.também no qué diz

    respeito ao aluno. Na verdade. o aluno sabe que o professor SJlbe

    a resposta; e sabe também que, se ele aplicar os procedimentos

    transmitidos na seqüência das aulas, a resposta será obtida com

    certeza. Se algum problema ele tem, não se trata aí do desconhe

    cimento das respostas às questões propostas mas, eventualmente,

    da necessidade de saber quals as possíveis conseqüências que

    poderá acarretar o fato de não aplicar os procedimentos transmiti

    dos nas aulas. Isto, porém, será esclarecido mais adiante. O que

    gostaria de deixar claro no momento é que uma questão. em si, não

    é suficiente para caracterizar o slgnl'flcado da palavra problema.

    Isto porque uma questão pode comportar (e a comporta com

    freqüênclá, segundo se explicou acima) resposta Já conhecida. B

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    3/11

      •::::~ ;

     :i,; ,

    :

    ..

    _

    ,~

    :

    ~:'

    .

    , .

    ..... '~~

    ...:.

    '. .

    '

    :

    :'''.'.

    ,~

    ;

     

    q

    I

    ,

    I

    ;

    .

    I

    ..

    li

    I

    I

    I

    I

     

    ~

    .•.: ,.'.: ~ ~' ',,:Ii

     o 1'\. '''''., r. '. '.(1 I

    .. ;~, I .. nj.\. ' II . .

    j,i ',' ~\F~\...:~i·1 : .

    :~r~:f ': , . u~.~ ~i~r~~$P.osta::édesconhecida? Estarfamos af diante de um

    h'~~.bpl,lna?

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    4/11

      _ ; ,:~-~.·:t:·:i

    ,:'

    '..

    -.',

    ;'.:~.:~,

    ,:. :

    ...

    ,.;.' .' ~ . ,.,' • : . ';.,\~ ~ '. :-õ ~

    ,,:>\ .':.:;::~

    ::j

    .;:

    :

    ~.~

    'j

    J

    :~.

    ..i

    ;',

     

    ::1

    :'J

    :j

    ~.~

    .

    :

    ~

    ..•

    :'1

    ;:~

    ~~

    q,:

     

    hlp6tes~, OU, ~eJa, ~'vocêé capaz e· ~'vocêl não é' capaz . são

    iglJalme~tea~~issíveis, embora mutuamente excludentes. Ao di

    ze(tdu~1do'~,o. ~esaflante estava~indlcando: não nego, em 'prin

    cíp,io, al ~ua 91pacldade; mas, até que você me demonstre o

    contrári9, ' não posso .~mpouco admiti-Ia , O desafiado poderá

    a~itar,9Idesaf p e umá das hipóteses será comprovada, dlssipan

    do~seco~eqüeptemen~e a dúvida.:~oderá, contudo, não aceitar e

    a q/~viqijpers~S:I rá,sem q~ei~:t,~i~~I,ique proble~~, algum •.

    1.2,,~·.eçl~sJdald~'dit~e Recuperar a Problematlcldnd~ do

    . ,tu frbleJPA.; .', ., I ., .

    ' : ,~: '~~J:~~S> ~IS' ~l~e:o, Js~ ',~omum e corre~te' da palavrar~blelm~lla~~~ por no~,conduzir..à segu nte cbnclusão, aparente

    mt1~te i~~ong~e~te: p proble~~inão é problemático . Isto per-

    lDi,Vua' J~lián M.arías2 ~flrmar: . ,

     ;

    9.s.i~/tim.o.sséculqs da história européia abusaram leviana-

    me,~te'.

    d~.

    .qen,qminaçlJo .. problema ,' qualificando assim toda

    pergu~,taItP h9Wf .~ mqderno, e principalmente a partir do último

    séc,ulo;,h~,?itl4P~7S~a vfver tranqU lamente entre problemas, dis-

    traldo, dp. dr,~~t Smo :de wna sltuação quando esta se torna

    prqplem4}icl;l is(t,~~,qlfDndo n~os.~pode estar neIa epor isso exige

    I ã  

    ~nasouç 0 1

    . 11,

    I,.

    ', Se W p~

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    5/11

    ;':

    ':

    ,:,

    ,',

     

    41 '

    I'

    II

    diallte d~l'umwoblema. Da mesma forma, um obstáculo que é

    ne~ss~r~? tran,~~r, uma dificuldllde que precisa ser superada, uma

    dúvida;,q~e'n~

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    6/11

    <

    .;--:

    '.\

    :.;

    ·.i

    ::

    I

    ;-: ;~'

    .'

    ~.

    ,

    '.>;~'.

    ....i

    o

    ; '~pseudo-problema , como já se disse, é possível em virtude

    de que osfenÔmenos não apenas revelam a essência, mas também

    a oQulÚlm.:A consciência dessa possibilidade toma imprescindível

    um ~xame' detido das condições objetivas em que se desenvolve a

    nossa atividade educativa.

      1I Em suma: problema, apesar do desgaste determinado pelo uso

    ex~sivOldo:ltermo, possui um sentido profundamente vital e

    altatPente:ldmmático para·a existência humana, pois indica uma

    .situação'de 'impasse. 'TraÚl-se de uma necessidade que se Impõe

      obj~tivam~nt,ee-6assumida subjetivamente. O afrontamento, pelo

    ,hOIll~m, ~os problemas que a realidade apresenta, eis aí, o que é a

    , filo~pfil1;I~to significa, então; que a filosofia não se caracteriza por

    , um ~onteúd9~especfflco, mas ela é, fundamentalmente, uma aUtu

    , de; ~maaU~ude que o homem toma perante ,arealidade. Ao desafio

    :: da:reallda ~;irepresentado pelo problema, o homem responde com

    .: are~exão~,H.;> ' ;;~

    'q

    ,.i

    ,1\

    >2~1/,

    ;11~Rç~

    DE

    tREFL~XÁO

    l \'

    /:. 11 ' I~

    ~e'signific~reflexão? A palavra pos vem do ~erbo latino

    ·' '' reflécterell:9ue sIgnifica voltar atrás . E, pois, um re-pensar, ou

    , I~

    seja}l~'nd)enSameÍ1to:en1 segundo grau. Poderramos, pois, dizer:

    l.'se;t~~r~f1e~ão lpensamento,nem~odo pensamento é reflexão.

    , Es,teir,um ~,~ar,tento consciente de

    SI

    mesmo, capaz de se avaliar,

    ,d~ :~frifjc:ar'

    t:l

    grau de a~equação que mantém com os dados

    objetivo~ de ,medir-se com o real. Pode aplicar-se às impressões e

    ,. ,,\

    ,   .

      opiniões, 'aóS9Onhecimentos científicos e técnicos, interrogando-

    , se 'sqbre' o'se~lsignificado. Refletir é o ato d,e retomar, reconsiderar

    , .' .,{

    ., . ,

    ';

    ..

    ·os dados dlspo,níveis, revisar, vasculhar numa busca constante de

    :..,sig~iPcàdo; ~:ax~minar detlda~lH.mte;prestar atenção; anal sarcom

    .,.cuidado~ E é isto o filosofar, , '

    . I'·'

    .

    , \

    ~ , ••••

     '. ,

    ~

    ;';,':I~~,ti';~u.'~oa da.elevAncia,.pp.16.5-87, onde são encontrados diversos

    i, : le,x~'~l~I~~~e· pseu~o.probleJ,lla.~' ' i, •

    ,I

    '28

    I.v.

    I

    I

    I

     

    {

    r-

    I

    I

     

    \ f

    i

    I

    I

    ..

    ,

    Até aqui a atitude filosófica parece bastante simples, pois uma

    vezque ela é uma reflexão sobre os problemas e uma vez que todOf:

    e cada homem têm problemas inevitavelmente, segue-se que cada

    homem é naturalmente levado a refletir, portanto, a filosofar. Aqui,

    porém, a coisa começa a se complicar.

    3; AS EXIGftNCIAS DA REFLEXÃO FILOSÓFICA

    Com efeito, se a filosofia

    é

    realmente uma reflexão sobre Of:

    problemas que a realidade apresenta, entretanto ela não é qualquer

    tipo de reflexão. Para que uma reflexão possa ser adjetivada de

    filosófica, ' é preciso que se satisfaça uma série de exigências que

    vou resumir em apenas três requisitos: a radicalidade, o r igor e 11

    globalidade. Quero dIzer, em suma, que a reflexão filosófica, para

    ser tal, deve ser radical, rigorosa e de conjunto.

    Radical

    Em primeiro lugar, exige-se que o problema seja colocn~

    do em termos radicais, entendida a palavra radical no seu sentido

    mais próprio e imediato. Quer dizer, é preciso que sevá atéàs raízes

    da, questão, até seus fundamentos. Em outras palavras, exige-se

    que se opere uma reflexão em profundidade.

    Rigorosa

    Em segundo lugar e como que para garantir a primeira

    exigência, deve~se proceder com rigor, ou seja, sistematicamente,

    segundo métodos determinados, colocando-se em questão as con

    dusões da sabedoria popular e as generalizações apressadas que Il

    ciência pode ensejar.

    De conjunto

    Em terceiro lugar, o problema não pode ser exami

    nado de modo parcial, mas numa perspectiva de conjunto, relacio

    nando-se o aspecto em questão com os demais aspectos do

    contexto em que está inserido. É neste ponto que a filosofia se

    distingue da ciência de um modo mais marcante. Com efeito, no

    contrário da ciência, a filosofia não tem objeto determinado, ela

     

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    7/11

    .....  

    ..

     

    ..

    '.:~

    ;.:

    ( , .,  :,

    : ' ;' . .

    '::< .':'

    ,:

    ....:;....

    '

    ',O

    .

    ~

    ~

    ; 1

    I

    I

    I

    ,i

     :

    I

    ,.

    ~

    ..~

    .~;;,

    :,

    ::j

    o,,

    , • • .r I

    I

     ;

    I;

    i I;

    I, I

    I' '

    • i:

    I:

    : I

    I '

      ,

    11'

    11

     

    I

    I

    I

    1

    I

    dirige-se a qualquer aspecto da realidade, desde que seja proble

    máticojj seu ,campo de ação é o problema, esteja onde estiver.

    Melho~,~lzendo, seu campo de ação é o probl~ma,enquanto não se

    sabe ainda onde,ele está; por Isso se diz que a filosofia é busca. E

    é ness~l'sentido também que se pode dizer ~ue ,a filosofia abre

    caminho para a ciência; através dareflexão, ela localiza o problema

    tornan~ppossfvel a sua delimitação na área de tafou qual ciência

    q~le po~~ ~~l~oianal sá,-Io e, q,uiçá, solucldná-.lp. Além disso,

    e~qu~n~,~ a, 9i,~~cia isola o seu:,aspecto do contexto e o analisa

    s~parad\~,meinte, a·nk>s~fia, embora dirigindo-se às vezes apenas a

    upa p~~~el,afd;a:reali?~d~, Insere,-a no contexto e,a examina em

    ~~~ç&?~o C?)wu~to. I  

    ,I, 11\ '.j:' .

    1 :1 .

    A ~xposiçãosurp,ária e isol~da de cada um dos (tens acima

    descrit~~ não nos deve,lIudir. Não se trata de categorias auto-sufi

    cientes que seJustapõem numa somatórJa suscetível de caracteri

    ~~, Pet'9'efe'f~o',máglco de sua jl\nção, a reflexão filosófica. A

    pr~fu~d~da~e:,(radica idade) é essencial,

    à

    atituq~ filosófica do

    m~smo rnodo:,qlJe a visão de conjunto. Ambas 'se relacionam

    dialetic4,mente pÓr virtude da'íntIma conexão que .mantém com o

    m~smo lovi~ento metodológico, cujo rigor (criticidade) garante

    aq:mesf 1o tempq a ra~icalidade a universalidade ,e a unidade da

    reflex~0;:fiI0S?fi~.5Deste modo, a concepção amplamente dlfun

    di~a seg,undoa,qual'o aprofundamento d~termlna um afastamento

    da,persBfctiy,a:pe conjunto, e, vice-versa: a ampll~ção do campo

    d~,abra~gêncial acarreta uma inevitável superficia,Hzação,

    é

    ,uma

    Ih~~ão.~e'lqp~i9~.:ecorrente do pen~ar formal, o nosso modo comum /

    ~I'I'I 'l I'IIII'I ' ,

    '.

     

    .....

      \.  

    .'.

    , .

    . ,

     .l

    I

    ,.1,'.,  I , '.

    5.,~:, M~,mo pensadores nãó afeiçoados ao modo de pensar dialético admJtelll

    ImpHcllJl ouexpllcJlJlmente o que acabamos de dize r. CC. por ex.,

    COTnER,

    in

    Revista ova et Veteras

    deux tralts sont caractérlstlques

    i i:. du ~hlJosopbe: I 'unlversallté de son 'champ de vlslon et Ia recherche de

    I

    ~rj

    ralsbns,Jprofondes, ,;J\ , ,' :'

    'i

    ::1

     j

     

    li

    I

    11 '

    ,I

    30

    de pensar que herdamos da tradição ocidental. A inconsistência

    dessa concepção vem sendo fartamente ilustrada pelos avanços da

    ciência contemporânea, cuja penetração no âmago do processo

    objetivo faz estourar os quadros do pensamento tradicional. É a

    isto que se convencionou chamar a crise das ciências (em especial

    da Física e da Matemática).6 Não se trata, porém, de uma crise das

    ciências (em nenhuma época da História experimentaram progres

    so tão intenso), mas de uma crise da Lógica Formal.

    Com efeito, o aprofundamento na compreensão dos fenôme

    nos sé liga a uma, concepção geral da realidade, exigindo uma

    reinterpretação global do modo de pensar essa realidade. Então, a

    lógica formal, em que os termos contraditórios mutuamente se

    excluem (prlndplo de nlio-contradiçiío), inevitavelmente entra em

    crise, postulando a sua substituição pela lógica dlalétlca, em que

    os termos contraditórios mutuamente se incluem (princfpio de

    contralliçllo, ou lei da unidade dos contrários). Por isso, a I()gica

    formal acaba por enredar a atitude filosófica numa gama de con

    tradições freqUentemente dissimuladas através de uma postura

    idealista, seja ela crítica (que se reconhece como tal) ou Ingênua

    (que se autodenomina realista). A visão dialétlca, ao contrário, nos

    arma de um instrumento, ou seja, de um método rigoroso (crftico)

    capaz de nos propiciar a compreensão adequada da radicatidade e

    da globatidade na unidade da reflexão filosófica.

    Afirmamos antes que o problema apresenta um lado objetivo

    e um lado subjetivo, caracterizando-se este pela tomada de cons

    ciência da necessidade. As considerações supras deixaram claro

    que~a reflexão

    é

    provocada pelo problema e, ao mesmo tempo,

    dialeticamente, constitui-se numa resposta ao problema. Ora, as

    sim sendo, a reflexão se caracteriza por um aprofundamento da

    consciência da situação problemática, acarretando (em especial no

    6. CC.a respelto, PINTO, A. V. - Ciéncifl e Exist~ncifl cspcclalmentc o

    capo IX.

    31

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    8/11

      li

     , i~so

    '~a reflexão filosófica, por virtude das exigências que lhe são

    :'Ulnete?\t~s)um;saJto qualltatlvo'que leva à superação do problema

    ,i

    I,'nose~' nível,'origlnário. Esta dialética reflexão-problema é neces

      '''sário ~er compreendida para que se evite privilegiar, indevidamen

    '.' (te,sej~'a reflexão (o que levaria a;umsubjetivismo, acreditando-se

    i

    (Ique'ol~omem tenha um poder quase absoluto sobre os problemas,

     ifpoderi,do1manlpulá-los a se,ubel-prazer), seja o problema (o que

    , lmpli~aria reificá-Io'desligando-o de sua estri ta vinculação com a

    : exist~rtcia'hÚmana,;sem a qualia essência do problema não pode

    'ser apteendida;cÔl'no já foI'explicado).

    ;, ,; p'or: fim,' é necessária uma observação sobre a expressão

    'bastante difundida, ~~problemaflIosófico . Cabe perguntar: exis-

    tem;problemas que não são filosóficos? Na verdade, um proble-

    ma, em sl,:não 6 filosófico, nem científico, nrt ístlco ou religioso.

    'A atltudeque'o homem toma perante os problemas é que é

    ,fl losó.flca, científica, art ística ou religiosa ou de mero bom-senso .

    'A

    expressão '.que estamos analisando é resultante, pois, do uso

    corre~te dapalavea problema Oá abordado) que a dá como sinÔni-

    mo d~:questão, tema, assunto. Aqueles assuntos, que são objeto de

    estud6 dosicientistas, por exemplo, são denominados uproblemas

    'clent(ficos'?; Daí as 'derivações ,~'problemas sociológicos , proble

    mas psicológicos , problemàs químicos , etc. Mas como aceitar

    'essa interpretaçã~ no caso 'da filosofia que, como foi dito antes,

     não tE(mobJeto determinado? Como aceitá-Ia, se qualquer assunto

    pode ser objeto de ,reflexão filosófica? O uso comum e corrente

    tem fle':pautado, então, pelo seguinte paralellsmo: assim como

     problemas científicos são aquelas questões de que se ocupam os

    cientistas,1'problema filosófico não são outra coisa senão aquelas

    questQes de que se têm ocupado os filósofos. Não sedeve esquecer,

    porém, que) não é, porque os filósofos se ocuparam com tais

    assuntos que eles são problemas; mas, ao contrário: é porque eles

    são (ou foram) problemas que os flIósofos se ocuparam e se

    ,preoq~param'com eles. Resta, então, a seguinte alternativa: a

    expressão problemas filosóficos é uma manifestação corrente da

    I'

    1),

    ..)

    .,

    :,j

    ~~l

    '''1

    . ,

    ·::'1

    ::]

    '.>

     

    :J

    'i

    .~l

    ...

    U

    i:;

    :

    :~

     ,

    j'.~

    -.

    ,

    I'

    I

    t ;

    ·f ....-:::..:~;.~·::·~. ·

    ..

    :

     ~

    . .'':: ':

    '

      .;.,.1,:.· ...·(•.:.;

    ..~

    ~.;:~::'

    '

    ..~

    . .

    ::. '. '.

    linguagem e, como fenÔmeno, ao mesmo t~mpo revela e oculta a

    essência do filosofar. Oculta, na medida em que compartimentali

    zando também a atitude filosófica (bem a gosto do modo formalisla

    de pensar) a reduz a uns tantos assuntos já de antemão catalogáveis,

    empobrecendo um trabalho que deveria ser essencialmente ,cria

    dor. Revela, enquanto pode chamar a atenção para alguns proble

    mas que se rev.~tem de tamanha magnitude, em face das cond lções

    concretas em' que o homem produz a sua existência, que exigem,

    em caráter prioritário, urna reflexão radical, rigorosa ede conjunto.

    Tratar-se-Ia, por conseguinte, de problema que põe em tela, de

    Imediato e de modo inconteste, a necessidade da fi losofia. Estaria

    justif icado, nessas circunstâncias, o uso da expressão problema

    filosófico .

    4. NOÇÁO DE FILOSOFIA

    Esclarecido o significado essencial de problema; expllclÚidos

    a noção de reflexão e os requisitos fundamentais para que ela seja

    adjetivada de filosófica, fodemos, finalmente, conceltuar a filoso

    fia como uma REFLEXAO (RADICAL, RIGOROSA E DE CON

    JUNTO) SOBRE' OS PROBLEMAS QUE A REALIDADE

    APRESENTA.

    A partir daí, é fácil concluir a respeito do significado da

    expressão Filosofia da Educação . Esta não seria outra coisa

    senão uma REFLEXÃO (RADICAL, RIGOROSA E DE CON

    JUNTO) SOBRE OS PROBLEMAS QUE A REALIDADE EDU

    CACIONAL APRESENTA.

    5. NOÇÁO DE FILOSOFIA DE VIDA

    Mas será que isso nos diz alguma coisa? Quando ouvimos

    falar em filosofia da educação não me parece que ocorra em nosso

    espírito a idéia acima. Com efeito, ouvimos falar em Filosofia da

    Educaçã~ da .Escola Nova, Filosofia da Educação da Escola Tra

    dicional, Filosofia da Educação do Governo de São Paulo, Filoso-

    11

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    9/11

    .

    ',,, ,',,

    .

    :.

    ;.:,,~:

    .

     

    'i

    er:~

    ,

    , l

    ~ , f li,   iI

    :

    , Ii ,

    '.:'i ,

    }. i; ~ta 'noção de filosofia de viUa corresponde, na tennlnologla

    grantsclana,

    80

    conceito de selJo comum ; CC, GRAMSCI, A.

     

    Quaderni dei Carcere,

    espechilmcnte o c8derno 10. (Na tradução

    i

    ~~8sllelra;ver,

    ConcepçiJoD;a/~tú:ada História,

    em especial a Parte 1.)

    8.

    Para uma dlscu8slío dos diversos sentidos da palavra Ideologia , ver,

    FURTBR, P. -Edllcaçilo eRefle.xilo,Capo

    4;

    OABEL,

    J.

    -Id~olog;es •.

    DUMONT, F.Les Id~ologks, e a coJetAneade Lenk, K.- EI Concepto

    de Ideologia

    que traz, Inclusive, uma abordagem histórica do problema,

    Sobre o trabalho de P. Furter, clt ., observe-se que ele vale mais pelas

    Indicações bibliográficas que contém do que pelas Inlerpretaçães do

    autor. Para uma dlscussllo sobre as relações entre Ideologia e falsa

    consciência, ver, GABEL,

    J. - La Falisse Conscience

    e SCHAFF, A.

    -Hislt5ria e Verdade, pp. 155-171. Por fim, cabe lembrar que a noção

    adotada neste texto, ainda que sem pretensões de alçar-se 80 plano de

    um8 teorls da Ideologia, obtém forte apoio em GRAMSCI, A.

    Concepçilo D;aMtica da Hist6ria.

    (Ver principalmente, pp. 61-63 e

    114-119.)

    6. NOÇÃODE IDEOLOGIA

    Mas, como já dissemos, quando surge o problema, ou seja,

    quando não sei que rumo tomar e preciso saber~ quando não sei

    escolher e preciso saber, ar surge a exigência do filosofar, aí eu

    começo a refletir. Essa reflexão

    é

    aberta; pois se eu preciso saber

    e não sei~ isto significa que eu não tenho a resposta; busco uma

    resposta e, em princípio, ela pode ser encontrada em qualquer

    ponto (daí, a necessidade de uma reflexão de conjunto).

    À

    medida,

    porém, que a reflexão prossegue, as coisas começam a ficar mais

    claras e a resposta vai se delineando. Estrutura-se então uma

    orientação, princípios são estabelecidos, objetivos são definidos e

    a ação toma rumos novos tornando-se compreensível, fundamen

    tada, mais coerente. Note-se que também aqui se trata de princípios'

    . e normas que orientam a nossa ação. Mas aqui nós temos cons

    clência clara, explícita do porquê fazemos assim e não de outro

    modo. Contrapondo-se à 4Cfllosofiade vida , proponho que se

    chame a esse segundo tipo de orientação, 4Cideologla .8Observe

    se, ainda, que a opção ideológica pode também se opor à filosofia

    de vida (penseMse no burguês que se decida por uma ideologia

    /

    '.1'

    fia da:Educação da Igreja Católica, etc.; esllbemos que não se trata

    ' ,

    aí da r~flexão da Igreja Católica, dos educndores da Escola Nova

    ou doi;Gov~rno de São Paulo sobre os problemas educacionais; a

    palavpl. fIIqs ofia refere-se aí à orientação, aos princípios e normas

    queJ

    r~gem aquelas entidades.' Tal orientação pode ou não ser

    conseijüên'* da reflexão. Com efeito, a nossa ação segue sempre

    certa çrienta'ção; a todos momentos estamos fazendo escolhas, mas

    isso~', :,ão :slgrifica' que estaq10s sempre refletindo; a ação não

    pre~s~põe: q~c~s.l :,Íamente;a 'reflexão; pod~mos agir sem refletir

    (emb~ra n~o:nos seja possível agir sem pel1sar) . Neste caso, nós

    decld~ros;,r~~mos escolhas espontaneamente, s;guindo os pa

    drões,:~ orleBtação que o próprio meio nos impõe. E assim que nós

    esc9lry~mos I~OSSOS clubes p~eferidos, nossas amizades;

    é

    assim

    que oSipais escolhem o tipo de escola para os seus filhos, colocan

    do-os~~mcolégio de padres,(ou freiras)ou em colégio do Estado;

    .éas~IWltarn~éJ:11que, certos, professores elaboram o prog.rama de

    ~uas,

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    10/11

    ~I'

    .  

    • : . ;é ' .

    ~.'-;:,~ '

    ..

     :;

    ::

    ....

    o:

    :.1

     

    ~

    ,;i

    ~~','

    ~

    ~

    ;

    F

    '\:

    ~·.i

    ;

    '

    1

    ::j

    :'1

     

    :::

    ,

    ;

    ',',

    i<

    ;~t

    I ,

    I,

    I

     

    I

    i

    I

    i

    Irevpl~cio~~ria): neste caso, ,o9onflito pode,acarretar certas incoe

    ;,rências na ação, determinadas pela superposição ora de uma, ora

    (. , . • I, - I 1_ • '.'

    l:~e?U;'~~'I~~p~i~e~a;~;~ais:?~~le~sárlaainda a,vlgl,lâncla da reflexão.

    17. :i~'EsQUEMATIZAÇÁO( DA' DIALÉTICA

    ' ' :'I,tl'~~~O PRQ~LE~.~EFLEXÁO~A~ÁO

    , ~

    '11'

    I~' . ·1 I I;, '', .. ' 1, , ,

    ~>Jj ~Q~e~ps'i,poi~,, p~rai f lçlIitar ~ compre~nsão, formular o

    iBegpinte diagrama: ' ' , ','

    i:;

    ;ii}I';Açãp:({\ nd;~da naJHosofia de vida) suscita

    (i,  i 2,',Proble1l1i{exige reflexão: a fIIosona) que leva à

    (i  i 'f:,Ideologia (conseqüência da reflexão) que acarreta

    ,I ,~.

    Ação (fundada na ideologia).

    ( ' , ;~,ãq.s~'ltrMa, pqrém, de ulpa seqüênciJ lógica ou cronológica;

    up1a:s~qp~~çla dlrlética. Portanto, não se age primeiro, depois

    ,se reflete, depqls se organiza a ação e por fim age-se novamente .

    I' '1, 1 I .

    :Trata1se de; 1fPprocesso em que esses momentos se interpenetram,

    ,deseq.r0lando ~ fio ~aexistência humana nasua totalidade. E como

    (não existe re,f1exão total, a ação trará sempre novos problemas que

    ;,es~~~o s~mp~e exigindo a,refl~xão; por Isso, a filosofia é sempre

    ::necessária e a Ideologia será sempre parcial , fragmentária e supe

    lrável;li9 Assim, poderíamos ~ortinuar o diagrama anterior, da

    seguinte forma: ,; ,

    .' ,11,

    , ' . •

    J i'

    I' \

    1: ,;:\ ',\ . .\ .

    t' il,

    ,.

    ,.' 11.'

    :, 9. '\ Esta 'maneira de' colocar as relações entre tlIosona e Ideologia nos

    ' J1 P ennlte .ao mesmo tempo assimilar a oportunidade da dlstlnç o entr e

    I

    'saber e ideologia

    e evitar sua possfvel1imJtação. Tal1imJlação consiste

    ') ':em que ,o saber é geralmente posto como o outró que exc lui (porque, ao

      'revelar' suas origens. 8 dissipa) a ideologia . Com isto, acaba-se por

    'defender o caráter desintere ssado do saber. Cabe, pois, lembrar que o

    ' ) Isaberé sempre Interessado, vale dizer , o saber supõe sempre aldeologla

     da

    mesma fonna que esta supõe sempre o saber. Com efeito, a Ideologla

    1~6pod~ ser Ident lncada como tal , ao nfvel do saber . A Ideologia que não

    ., ~upoe o saber , supõe-se saber . Ver , por exemplo, ALTIlUSSBR, L.

    IJdeqlogia e Apare~os Ideológicos de Estado

    e a apresentaçllo de

      11' :,, , .' ,

    ç,.

     

    %

    4. Ação (fundada na ideologia) suscita

    5. Novos Problemas (exigem reflexão: a filosofia) que leva à

    6. Refonnulação da ideologia (organização da ação) que acarreta

    7. Reformulação da ação (fundada na Ideologia reformulada).

    ,

     

    8. NOÇÁO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÁO

    Portanto, o que conhecemos nonnalmente pelo nome de

    filosofia da educação nlio o é propriamente, mas Identifica-se (de

    acordo com a terminologia proposta) ora com a fi losofia de vida ,

    ora com a ideologia . Acreditamos, porém, que a filosofia da

    educação só será mesmo indispensável à formação do educador,

    se ela for encRrAda, tal como estamos propondo, como uma RE

    FLEXÃO (RADICAL, RIGOROSA E DE CONJUNTO) SOBRE

    OS PROBLEMAS QUE A REALIDADE EDUCACIONAL

    APRESENTA.

    Podemos, enfim, responder

    à

    pergunta colocada no Infcio:

    que

    é

    que leva o educador a filosofar? O que leva o educador a

    filosofar são os problemas (entendido esse tenno com o significado

    que lhe foi consignado) que ele encontm ao realizar a tarefa

    educatlva. E como a educação visa o homem, é conveniente

    começar por uma reflexão sobre a realidade humana, procurando

    descobrir quais os aspectos que ele comporta, quais as suas exi

    gências referindo-as sempre à situação exis tencial concreta do

    homem brasileiro, pois é af (ou pelo menos a partir daf) que se

    desenvolverá o nosso trabalho. Assim, a tarefa da Filosofia da

    Educação será Merecer aos educadores um método de reflexão que

    Ihes permita encarar os problemas educacionais, penetrando na sua

    complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: o

    c

  • 8/17/2019 Educação Do Senso Comum à Consciência Filosófica - Dermeval Saviani

    11/11

    , ,;' ir':;;~':

    ':.~

    ;.:

    ,,';

    ::

    :';t

    >1

    ::

    ~;

    :',:i

    i:l,

    ,

    ,

    ,,~

     

    ;:'~

    ::j

    ~.

    \

     S

    ''.,

    :.:,'

    i '

    /.1.t

    O;.; :

    I,

    I'

    O caráter parcial, fragmentário e superável das ideologias e o

    , 'conqjto en~re dlfer~ntes ideologia~; a possibilidade, leg,itimidade,

    alo~ ,e,Ii 1l,ites da educação; a relação entre meios e fins na

    'educáção(como usar ,meios' velhos em função de objetivos no

    vos?j~ a rel~'~o entre t~oriae prática (~omo a teoria pode dinamizar

    ou cr ~tallzar a prática educacional?); é possível redefinir objetivos

    .,'pa,~~,~,~cJ~~:ç/~Pra~i,leira?,IQu~is os condicionamentos da ativida

    i~e;,:~~~9,a?lfm~'?

    Em,

    qu~,m~~dld~é possível superá-Ios e em que

    ::J?1~~I~~~ l?W9 -sOCQ~tarco~ ~Ie~?, :

    ,:. ',I

    ,ffile,l~fl.Ç~:~e 1J\l~tõe~lqiwa:mencionado é,apenas um exem

    :plold9.,~ar~,~~rl?r.obllep1~tico da.~tiyidadeducacional, o que explica

    a jn.?~.I ~n,n~a' ~,an~cessidadepa:~eflexão fi,IQs6ficapara o educa

    o~.,{Jérp:1d~~es, ,citados ao,ac~so, muitos outros problemas o

    educ~~oq~rá\qJ.le en,frentar. Alguns deles são previsíveis; outros

    ser~olldecoo;~ncia do próprio desenvolvimento da ação. E se o

    ,edu.c~PQr n~p;tiver desenvol~ldo uma capaeidade de refletir pro

    fun,~~lPe,ntC?'il,goros,a,mentee globalmente, suas possibilidades de

    ~xifP,r,~~~;9. ?l~,st~~t,~dimi~uNas. '

    \ , I

    9.

    'iJ

    éONCLUSÁO : '

    1 '1h

     '1

    'H

    f.:;· : I '

    I1

    Assim,encarada, a filosofia da educação não terá como função

    fixar ijapriorW princípios e objetivos para a educação; também não

    se red~zirá a,uma teoria geral da educação enquanto sistematização

    dos' sctusresultados. 'Sua função será acompanhar reflexiva e

    criti~,mente,aatividade educacional de modo aexplicitar os seus

    fundalnentos esclarecer

    li

    tarefa e a contribuição das diversas

    dj~ci~l,inasj~e