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APRENDENDO EM DIFERENTES ESPAÇOS APRENDENDO NA COMUNIDADE A ESCOLA É REALMENTE IMPORTANTE ? A ESCOLA COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM R ETOMANDO A HISTÓRIA PESSOAL E PROJETANDO O FUTURO EDUCAÇÃO E CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL 1

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APRENDENDO EM DIFERENTESESPAÇOS�

APRENDENDO NA COMUNIDADE�

A ESCOLA É REALMENTEIMPORTANTE?

�A ESCOLA COMO ESPAÇO DE

APRENDIZAGEM�

RETOMANDO A HISTÓRIAPESSOAL E

PROJETANDO O FUTURO

EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

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EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

1ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA AS

UNIDADES DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIADA FEBEM/SP

MÓDULO DE ATIVIDADES ESCOLARES

Governador do Estado de São PauloGeraldo AlckminSecretário de Estado da EducaçãoGabriel ChalitaSecretário AdjuntoPaulo Alexandre Pereira BarbosaChefe de GabineteMariléa Nunes ViannaCoordenadora de Estudos e Normas PedagógicasSonia Maria SilvaCoordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São PauloAparecida Edna de MatosCoordenadoria de Ensino do InteriorElcio Antonio Selmi

Secretaria de Estado da EducaçãoPraça da República, 53 Centro01045-903 São Paulo SPTelefone: (11) 3218-2000www.educacao.sp.gov.br

EDUCAÇÃOE CIDADANIA UM PROGRAMA PARA ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL

1

Autoria

SECRETARIA DEESTADO DA EDUCAÇÃO

Realização

CENPEC - CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EMEDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO COMUNITÁRIAR. Dante Carraro 68 Pinheiros05422-060 São Paulo SPhttp://www.cenpec.org.br

Diretora presidenteMaria Alice SetubalCoordenação geralMaria do Carmo Brant de Carvalho

Coordenação do projeto (Equipe Currículo & Escola)Maria Silvia Bonini Tararam (Coord.)e-mail: [email protected] José Reginato RibeiroMarilda F. Ribeiro de MoraesAutoria do módulo Educação, Ponte para o MundoMarlene Coelho AlexandroffColaboraçãoEdna Aoki (Matemática no estudo da Educação)Equipe técnicaAmérica A.C.MarinhoElizabeth BarolliMarlene C. AlexandroffRonilde Rocha MachadoAssessoriaIsa Maria F. R. GuaráYara SayãoEdição de textoTina Amado

A equipe agradece a contribuição dos educadores daFEBEM/SP, participantes dos encontros de discussão quesubsidiaram a produção deste material entreoutubro de 2000 e fevereiro de 2001

Edição de arteEva Paraguassú de Arruda CâmaraJosé Ramos NétoCamilo de Arruda Câmara RamosIlustraçãoLuiz Maia

São Paulo, 2003

Coleção Educação e Cidadania, módulo 1Material produzido no âmbito do projetoElaboração e Implementação de Proposta Pedagógica para Adolescentes emSituação de Conflito com a Lei, desenvolvido pelo CENPEC paraa FEBEM/SP – Fundação para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo eSEE/SP - Secretaria de Estado da Educação

Educação, ponte para o mundo / Centro de Estudos e Pesquisas emEducação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC – São Paulo;

CENPEC; FEBEM, SEE/SP; 2003. Coleção Educação e Cidadania.

Módulo de atividades escolares 1Ilustr.; 7 fichas, 6 cartazetesISBN: 85-85786-23-X

Educação e Cidadania: proposta pedagógica 1. Educação, pontepara o mundo 2. Família e relações sociais 3. Justiça e cidadania 4. Saúde,uma questão de cidadania 5. O trabalho em nossas vidas 6. Artes visuais ecênicas 7. Conto 8. Correspondência 9. Educação ambiental: problemasglobais, ações locais 10. Hora de se mexer 11. Jogos da vida 12. Jornal13. Música e movimento 14. Poesia 15. Ponto de encontro I. Título II.CENPEC III. FEBEM

CDD-370.11

Wagner Mendes Soares CRB-8 – 038/2002

SUMÁRIO

Introdução 6

Aprendendo em diferentes espaços 11Atividade Histórias de aprendizagem 11Socialização e aprendizagem 12

Aprendendo na comunidade 16Cidadania no cotidiano 17Quem pode ajudar 18Atividade Procurando caminhos 20

A escola é realmente importante? 23Atividade Aluno e escola – um diálogo possível 23A educação escolar no Brasil 24

A escola como espaço de aprendizagem 29Atividade Aprendendo na escola 29Para que serve a escola? 31

Retomando a história pessoal e projetando o futuro 33Projeto de vida 33Atividade Projetando o futuro 34

Referências bibliográficas 37Sugestões para o acervo da Unidade 38

Fichas 39

Cartazetes 53

6EDUCAÇÃO E CIDADANIAFormar o homem é elevá-lo àconsciência da própria dignidade: eis ameta suprema da educação.

Massi & Giacóia Jr. (1998)

PROFESSOR,Este módulo foi preparado com o objetivo dediscutir, com os internos das UIPs, o papel daeducação em sua trajetória de vida, mesmo queeste seja um tema polêmico para se trabalharcom jovens nessa situação. Suas condições devida não têm possibilitado uma inserçãoadequada na sociedade em que vivem. Em geral,estão excluídos de espaços educacionaisenriquecedores e carregam consigo a memóriade uma relação conflituosa com a escola. Muitosse encontram ainda analfabetos ou semi-alfabetizados. Outros estão em estágios deescolaridade mais adiantados, mas nem sempreatribuem valor ao conhecimento escolar, atéporque não conseguem vislumbrar, por meiodele, a possibilidade da ascensão socialpretendida.

A reflexão sobre a educação escolar tem umpapel determinante na luta desses jovens, pois aexclusão, um dos maiores desafios a sersuperado nesse início de século, tem váriasfacetas. A trajetória de muitos dos nossos jovensmostra que a escola tem colaborado para aexclusão, principalmente daqueles que não seenquadram nos padrões esperados por ela.

Ajudar esse jovem a reconhecer que possuiconhecimentos valorizados socialmente e nãoapenas aqueles que a sociedade desaprova, aconhecer espaços e instituições em que podeaprender coisas novas e a retomar sua trajetóriaescolar é uma questão de justiça social e decidadania. Isto requer mobilizá-lo para oconhecimento, ampliar suas possibilidades deaprendizagem, contribuir para odesenvolvimento de autoconceito positivo e paranovas perspectivas de vida.

Seu trabalho com eles será muito importante,pois a apropriação do conhecimento é umprocesso dinâmico, vivo, construído na interaçãoentre os sujeitos e objetos do conhecimento. Suadisposição em abrir espaço para o diálogo e paraa troca de experiências, promovendo aaproximação com os jovens e deles entre si e como mundo do conhecimento, será fundamental paraque possam redirecionar o rumo de suas vidas.

Bom trabalho!Bom trabalho!Bom trabalho!Bom trabalho!Bom trabalho!

INTRODUÇÃOAprender, sob qualquer forma que seja,é sempre aprender em um momento deminha história – mas também em ummomento de outras histórias, as dahumanidade, da sociedade dentro daqual vivo, do espaço no qual aprendo,das pessoas que são encarregadas deme ensinar. (...) Aprendemos porqueexistem ocasiões de aprender, em ummomento onde se é mais ou menosdisponível para aproveitar essasocasiões; mas, às vezes, a ocasião nãose reapresentará: aprender é então umaobrigação ou uma oportunidade que sedeixou passar.

Charlot (1998)

A educação das novas gerações sempre foiuma preocupação de todas as sociedades emdiferentes épocas. O que varia é a maneiracomo ela é realizada. Nas sociedadesindígenas, por exemplo, os mais velhosensinam oralmente aos mais novos todos osconhecimentos necessários à sobrevivêncianatural e cultural em seu meio. Na nossasociedade, há diferentes espaços deaprendizagem, desde aqueles em que não háessa intencionalidade, como lugares em quese reúnem grupos de amigos, até aqueles aela destinados, como a família, a escola eoutros centros de convivência.

Embora a aprendizagem possa ocorrer emdiferentes espaços, é na escola que o alunotem acesso ao conhecimento formal,historicamente sistematizado e socialmentevalorizado. No entanto, na sociedadebrasileira, a escola não tem cumpridoplenamente sua função social, sendoresponsável pela exclusão de muitas criançase adolescentes. Vários fatores de naturezaeconômica, social e política determinam essasituação. Mas há também fatores internos àescola que contribuem para isso,particularmente no que se refere àorganização curricular. A escola pública,muitas vezes, trabalha o conhecimento, deforma rígida, padronizada, fragmentada e

7EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

problemas acarreta sérios problemas na vidade crianças e adolescentes, além de implicarpesados encargos financeiros para o país.

Durante muito tempo acreditou-se que arepetência beneficiaria o aluno,possibilitando-lhe a recuperação daaprendizagem. No entanto, estudos como oscoordenados por Sérgio Costa Ribeiro (1993)vêm apontando que, ao contrário, ela temsido geradora de novas repetências. “NoBrasil, a probabilidade de um alunorepetente ser aprovado é metade da de umaluno novo na série. Ribeiro apontava ainda,apoiado em estatísticas educacionais, que oaluno reprovado não abandona precocementea escola: na realidade, ele fica cursando emmédia 6,4 anos antes de desistir. E a evasãoocorre quando ele já se distanciou muito dasérie que seria ajustada a sua idade”(Cenpec, E&A Impulso Inicial, p.5).

Assim, grande quantidade de alunos engrossaa fileira dos que fracassam e fica semcondições de exercer plenamente acidadania. Muitos dos alunos das UIPs talvezfaçam parte desse grupo. Segundodepoimentos de coordenadores da FEBEM,em março de 2001 havia aproximadamente20 mil jovens em liberdade assistida, dentreos quais 70% estavam fora da escola. Isso seconfirma na pesquisa realizada pelaFaculdade de Saúde Pública, sob acoordenação do professor Rubens Adorno(s.d.) por solicitação e com apoio daFEBEM/SP.

Para tornar-se sujeito de sua história, éfundamental que o jovem também se percebacomo sujeito da história: parte de seufracasso na escola pode ser atribuída asituações ligadas a um contexto social maisamplo. A ausência de condições mínimaspara uma vida digna – como habitaçãoadequada, áreas e equipamentos de lazer,oportunidades de trabalho para os adultos dafamília – acaba, muitas vezes, por se refletirem baixo desempenho na escola ou saídaprecoce para o mercado de trabalho.Assim, se dentro do grupo houver jovensque abandonaram a escola, ou mesmo queainda a freqüentam, mas estão fora dafaixa etária prevista, é importante nãoculpabilizá-los. Provavelmente, a maioria

descontextualizada do universo cultural dosalunos, especialmente no caso daquelesprovenientes das camadas populares,desconsiderando a heterogeneidade dehistórias de vida e característicasindividuais.

Assim, o jovem que chega à UIP tem em geralbaixa expectativa em relação às atividadesescolares a serem desenvolvidas.Acreditamos que a reflexão sobre educaçãoseja uma das chaves que podem abrir apossibilidade de transformar o jovem, semânimo ou perspectivas, num sujeitoparticipante de seu próprio processo decrescimento e de apropriação doconhecimento, assumindo a responsabilidadepor seus atos e pelas mudanças que puderemacontecer. Para tanto, torna-se fundamentalque os adolescentes possam se reconhecercomo sujeitos de direitos e deveres, nãoapenas como objetos de tutela,estabelecendo-se dentro do grupo relações deconfiança, respeito e solidariedade.

No trabalho com este tema propomos dar apalavra ao jovem, levando-o a reconhecer asdiferentes situações em que é possíveleducar-se informalmente, bem comovalorizar mais a escola, percebendo aspossibilidades de transformação advindas deum maior contato com ela. Esses objetivosparecem pretensiosos quando se pensa quenas UIPs a estadia do adolescente éprovisória, podendo aí permanecer de dois a45 dias, mas é justamente esse curto tempoque pretendemos aproveitar para, junto comos jovens, refletir sobre sua própriatrajetória escolar, inserida no contexto daeducação no Brasil, e sobre as possibilidadesque o sistema atual de ensino lhes podeoferecer.

O fracasso escolar é um dos problemascruciais enfrentados pelo sistemaeducacional no Brasil. Os índices de evasão,repetência e distorção idade-série, emboravenham caindo gradativamente nos últimosanos, ainda são significativos. Segundo dadosdo INEP, no período de 1994 a 1999 o índicede evasão passou de 5,3% para 3,9%, o dedistorção idade-série baixou cerca de 1% e ataxa de repetência caiu de 30,2% para23,4%. No entanto, a persistência desses

8EDUCAÇÃO E CIDADANIAque estiver fora da escola também estarásendo excluída de outros grupos.

Apesar desse contexto adverso, porém, hásempre um espaço possível de atuação, porparte de todos os envolvidos no problema –equipe escolar, família, poder público eoutros – para alcançar o sucesso de todosnas aprendizagens escolares. Além disso,cabe a você, professor, ressaltar também aresponsabilidade pessoal dos jovens noenfrentamento dessa situação. Se ir à escolaé um direito assegurado no Estatuto daCriança e do Adolescente e se as escolasexistem, então a contrapartida do direitoassegurado é o dever de freqüentá-la, emqualquer circunstância.

Assim, não podemos deixar passar aoportunidade de refletir sobre essas situaçõescom os jovens que, na maioria das vezes, têmdificuldade em adaptar-se à escola. E, como aescola por si só não dá conta de atender àsnecessidades dos jovens, a abordagem destetema não se restringe ao espaço deaprendizagem escolar, mas valoriza tambémoutros possíveis espaços de aprendizagem.Queremos discutir com eles as possibilidadesde aprendizagem ao longo da vida, o aprendera aprender, o aproveitamento dasoportunidades criadas por diferentes espaçoscomunitários como organizações não-governamentais (ONGs), sindicatos, grupos dejovens, grêmios estudantis, bibliotecas eoutros – além da escola.

Todos os jovens têm saberes. Tomando comobase esses saberes, valorizando-os eresgatando outros que estão adormecidos ouescondidos, pretendemos refletir com elessobre a educação, que pode se tornar umaponte a unir passado, presente e futuro,numa trama de relações tecida pelaafetividade e pelo conhecimento.

As atividades propostas a seguir procurampartir sempre do próprio jovem, de suahistória, para que se perceba como sujeito,com valores, opiniões e conhecimentos.Acreditamos que, se os jovens se sentiremrespeitados em sua individualidade, adesconfiança e o desinteresse poderão cairpor terra, abrindo espaço para aqueles queos cercam e para novos valores, para melhorcompreensão de si e do mundo.

ORGANIZAÇÃO DESTE MÓDULOO módulo Educação, ponte para o mundo estádividido em cinco subtemas. Foi elaboradopara ser desenvolvido ao longo de uma ouduas semanas. Com essa subdivisão, a cadadia o adolescente pode fazer pequenassistematizações e tomar consciência do queaprendeu; além disso, os subtemas se inter-relacionam e alguns pontos-chave se repetem.Essa estrutura permite atender tanto os queforem sair quanto os que estiverem chegandoà Unidade. Os subtemas são:

� Aprendendo em diferentes espaços

� Aprendendo na comunidade

� A escola é realmente importante?

� A escola como espaço de aprendizagens

� Retomada da história pessoal e datrajetória escolar

O módulo compõe-se deste fascículo, 7 fichasde atividades para os alunos e 6 cartazetes,aqui reproduzidos nas páginas finais. O CDque integra este material traz os arquivospara impressão das fichas e cartazetes.

Para cada atividade, indica-se o materialnecessário, bem como o momento ideal paradistribuição das fichas. Nunca as distribua noinício da aula. É só no contexto sugerido queelas adquirem significado para os alunos,conforme o objetivo da atividade. Leia estemódulo inteiro inicialmente, para ter umavisão de conjunto do que é proposto.

ESTABELECIMENTO DE ROTINACada subtema foi planejado para sertrabalhado em uma aula, com a rotina aseguir descrita.

Apresentação dos novosComo nos grupos os alunos mudamconstantemente, é necessário fazer umaatividade de acolhimento e de apresentaçãocada vez que houver alunos novos.

Retomada do dia anteriorA retomada é fundamental para asistematização do aprendido e serve parasituar os alunos que não participaram daatividade do dia anterior.

9EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

Planejamento do diaPara envolver os aprendizes nas atividadespropostas e para que tomem conhecimento doseu processo de aprendizagem, estabeleça um“contrato pedagógico” com o grupo – O quevamos fazer hoje? Para quê? Por quê? etc. –,pois o planejamento diário com a classefavorece a organização das atividades e dotempo a ser utilizado em cada uma.

Usamos a palavra contrato para mostrar queesse tipo de acordo envolve duas partes;embora em princípio seja o professor a exporsuas intenções, se os alunos não participaremdo planejamento das atividades,responsabilizando-se por sua realização, oenvolvimento pode ser muito menor.É importante que percebam que têm direito auma educação de qualidade, mas que, paraisso, têm deveres como alunos: participar,cumprir os combinados, ajudar e respeitar oscolegas e professores. Discuta com eles oplanejamento do dia: fale sobre as atividadesque irão realizar, pois quando sabem o queserá feito têm mais condições de seconcentrar na tarefa, evitando assimansiedade, dispersão e indisciplina. Registre oplanejamento do dia num canto da lousa ounum cartaz, para ser retomado na avaliaçãoda aula.

ProblematizaçãoA sintonia com o subtema é fundamental.O assunto precisa ser introduzido por meio deuma atividade – conversa, jogo ou questãodesafiadora – que traga inquietação e estimuleo jovem a procurar saídas e respostas,despertando o interesse e promovendo maiorenvolvimento do grupo.

Desenvolvimento daatividadeA atividade é subdividida em várias partes,onde propomos alternar trabalho individual,em grupos e coletivo. Em algumas delas,planejamos o uso de fichas que compõem omódulo e, em outras, materiais diversificados.Para que o trabalho seja mais significativo, asproduções resultantes das atividades devemser expostas na sala durante toda a semana e,ao final, arquivadas pelo aluno em pastaprópria (portfólio).

RegistroOs registros documentam o trabalho realizado,permitindo a qualquer momento o acesso aoprocesso desenvolvido. Assim, a cuidadosaanotação das atividades realizadas em cadadia ajudará o jovem a organizar oconhecimento e, após sua desinternação,poderá rever as atividades, ler e reler asfichas e, até mesmo, usar algumas delas pararesolver algum problema que venha a ter.

Síntese do diaÉ muito importante que o jovem se dê contado que aprendeu a cada dia, dado o caráter deprovisoriedade de sua condição na UIP. Porisso, o registro da sistematização feita deveráir para a pasta, possibilitando-lhe melhordimensão das aprendizagens realizadas.

Avaliação do diaA reflexão e a avaliação serão fundamentaispara que o jovem possa ampliar a percepçãode si e do outro, abrindo-se para novas formasde interpretar os fatos. Portanto, devem serrealizadas diariamente. Outra razão para issoé o fato de, eventualmente, alguns alunos nãoestarem presentes nas aulas seguintes.

O TRABALHO COM OS JOVENSNÃO-ALFABETIZADOSProvavelmente, você terá na sala jovens comdiferentes experiências em leitura e escrita.Alguns sequer conhecerão as letras e o que aescrita representa. Mas isso não deve serimpedimento para a participação nasatividades que o módulo propõe. É importanteque falem e expressem suas opiniões e sejamajudados: quando o aluno tiver dificuldade naleitura, um leitor mais experiente, professorou colega, poderá ajudá-lo nessa tarefa,perguntando-lhe o que acha que pode estarescrito, lendo para ele. Os que ainda nãosabem escrever devem ser incentivados a ditaro que têm a dizer para que outros escrevam, ouregistrar como souberem (inclusive por meiode desenho). As atividades devem permitir ainclusão de todos e contribuir para asuperação das dificuldades de cada um.

Embora o tempo de que vai dispor com osjovens seja insuficiente para fazer com eles

10EDUCAÇÃO E CIDADANIAum trabalho consistente de alfabetização, épossível aproximá-los mais do mundo daescrita. A participação nas atividades, ocontato com os diversos tipos de texto e aajuda de leitores mais experientes permitirãoque os não-alfabetizados vão internalizando asdiferentes formas de organização textual,descobrindo o que a escrita representa e comose organiza, reconhecendo recursosexpressivos e sinais gráficos. Valorize suastentativas, comemore cada progresso, nãopermita que desistam. Impulsione-os semprepara vôos maiores e faça com que sintam quevocê está com eles.

O TRABALHO COM MATEMÁTICAPara que os jovens percebam o que mudou, noque se refere ao acesso e permanência dosalunos na escola em vários momentos denossa história, são propostas atividades comgráficos, envolvendo as noções de divisão,razão (porcentagem), proporção. Na verdade,a noção de razão – comparação, através dadivisão, entre duas grandezas – permite odimensionamento mais preciso do fenômenoem estudo. No caso dos dados educacionais, orecurso a atividades matemáticas como aspropostas adiante contribui para desmistificarcrenças como a de que o fracasso na escolaseja fenômeno individual.

DICAS PARA AUXILIARSEU TRABALHO� Procure envolver os alunos, incentivando-

os a participar integralmente dasatividades. O sucesso de todos depende dosucesso de cada um. Mostre que podemaprender, queé possível se ajudarem mutuamente e quevocê estará se empenhando nessa tarefa.Acredite que todos são capazes e procureconvencê-los de que vão conseguir.

� Todos os textos produzidos devem ter umleitor real. Para isso, devem ser expostosna própria sala ou enviados para o JornalMural (ver Oficina de Jornal), para quemais pessoas possam lê-los.

� As fichas de atividades e outrasproduções, depois de um período expostas,deverão ser guardadas no portfólio

individual de modo que, ao final dapermanência na UIP, os jovens possamlevar consigo o produto do trabalhorealizado.

� Organize algumas regras de convivênciacom os próprios jovens, facilitando o climade trabalho em sala de aula.

� Organize a sala de modo a facilitar a trocade experiências, a cooperação e ainteração. A rigidez na disposição dascarteiras impede o trabalho em grupo e asinterações aluno-aluno e aluno-professor.

� O planejamento das atividades procuroucontemplar momentos coletivos,individuais e em grupo. Se vier a alteraratividades ou sua seqüência, não seesqueça de tomar esse cuidado também.

� Leia com antecedência as orientaçõespara cada atividade, passo a passo,conferindo o teor das respectivas fichas,quando for o caso. As orientações de cunhoteórico, em formatação diferente (seção“Aprofundando”, em fundo cinza), lhedarão argumentos para conversar com osalunos. Se precisar preparar algummaterial com antecedência, poderá fazê-locom calma.

� Atenção para as formas de expressão dosjovens. Elas podem conter jargões dacultura prisional. Você precisa entender oque o jovem fala, mas não deve usar alinguagem dele, evitando reforçá-la.Discuta tudo o que for dito, pois deve haver“negociação de significados”. O respeitodeve ser mútuo para que a linguagem nãoseja usada como ferramenta de poder, deambas as partes; mas, por outro lado, suaatuação também deve proporcionarampliação do repertório do jovem.

� Lembre-se de que é você quem coordena,dirige e sustenta o trabalho em classe.Ouvir, conversar, abrir espaço paradiscussão é fundamental, desde que vocêtenha clareza do espaço de “negociação”possível e das regras inegociáveis.Ou seja, sua autoridade derivará darelação de respeito mútuo que conseguirinstituir e da maneira competente edemocrática com que conduzirá asatividades em sala de aula.

11EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

SUBTEMA 1APRENDENDO EMDIFERENTES ESPAÇOSFazendo também se aprende. O fazerproduz a experiência. A experiênciaensina a quem quer aprender. Aexperiência propicia descobertas einvenções próprias da maior capacidadedo ser humano: a criatividade... Portanto,a experiência e a ação elaborada eprodutiva são também grandes mestresda vida. Querer aprender éfundamental para o crescimento, oamadurecimento e a felicidade.Aprender é um gesto de humildade.

Içami Tiba

Desde que nascemos estamos aprendendo.Tudo e todos que nos cercam contribuem paranosso aprendizado: os pais, a família, o modocomo as pessoas nos tratam, as condiçõesconcretas de sobrevivência. Quando um jovemchega à UIP, traz consigo marcas dos diversosgrupos, valores e idéias com os quaisconviveu, bem como de todas as mazelas e detodas as conquistas realizadas, sejampositivas ou negativas aos nossos olhos.

Os objetivos do trabalho com este subtemasão: ajudar os jovens a compreender que aaprendizagem se dá em diferentes espaços;conscientizá-los dos conhecimentossocialmente valorizados que já possuem; eapontar outros que podem vir a ter,vislumbrando assim a possibilidade deconstruir um novo projeto de vida.

É importante que percebam que estamosaprendendo desde que nascemos e que omodo de compreender e estar no mundopode ser modificado. A construção de novosconhecimentos (informações, conceitos,valores, habilidades) contribui para amudança.

A Lei de Diretrizes Bases da EducaçãoNacional em seu artigo 1o reforça essa idéia

quando afirma que “a Educação abrange osprocessos educativos que se desenvolvem naconvivência humana, na vida familiar, notrabalho, nas instituições de ensino, deeducação infantil, de formação profissional,de pesquisa, nos movimentos sociais eorganizações da sociedade civil, no esporte,no lazer, nas manifestações culturais e nocontato com os meios de comunicação social”.

ATIVIDADEHISTÓRIAS DE APRENDIZAGEMMaterial necessário: ficha 1; cartões oucrachás; lápis de cor ou cera, papel sulfite;tiras de papel (tarjetas); papel pardo,canetas tipo pilot

Apresentação dos novosSugerimos a seguinte atividade para aapresentação inicial dos alunos. Forme um círculocom as carteiras; distribua crachás ou pequenoscartões, canetas e lápis e peça que cada umescreva seu nome e crie um símbolorepresentando uma característica ou qualidadeque julgue ter. O que se pretende é trazer para ogrupo as marcas de identidade de cada um, pois éno confronto com o outro que se tomaconsciência de si. Marque um tempo (curto) parafazerem seus crachás. Quando todos tiveremterminado, cada participante faz suaapresentação, dizendo seu nome e explicando seusímbolo. Nessa atividade, os jovens podem trazerseus sonhos e fantasias e, possivelmente, marcasde seus feitos, podendo sub ou superestimar-seou ressaltar características que não sãosocialmente aceitáveis e que podem até estar naraiz de sua internação. Você deve estar atento eter tranqüilidade para dizer que, nessa atividade,o que se espera é o destaque de qualidadessocialmente valorizadas. Procure criar um climafavorável para o trabalho e ressaltar a importânciado que cada um traz de construtivo para o grupo.Se houver interesse, o grupo pode escolher,dentre os símbolos criados pelos integrantes,quais refletem melhor a identidade de seuscriadores.

12EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Em seu processo de socialização, o jovem seapropria da cultura de sua época e a recria. O mun-do em que vive, suas relações com os outros, omodo como foi atendido em suas primeiras neces-sidades, o espaço que lhe é reservado dentro dafamília, os valores que seu grupo lhe impõe, ossignificados que são atribuídos às suas atitudes,desde pequeno, vão constituindo seu modo de vere de lidar com o mundo que o cerca.

Tudo o que nos diz respeito, a começar pelonome que nos é dado, vem do mundo exterior, pelooutro: “Tomo consciência de mim, originalmente,por meio dos outros: deles recebo a palavra, aforma e o tom que servirão para a formação origi-nal da representação que terei de mim mesmo”(Bakhtin, 1992, p.378).

O indivíduo é um sujeito concreto, cujas estru-turas são construídas individualmente em conexãocom o mundo social e suas contradições. Para apre-ender a história de um indivíduo é preciso levarem conta não apenas sua individualidade, mas tam-bém as relações que foi estabelecendo ao longode sua vida. Dentre essas relações, no caso dosjovens, destacam-se os diversos grupos dos quaisfazem parte: amigos do bairro, da igreja, do traba-lho, colegas de escola etc.

Muitos jovens, especialmente dos estratos maispobres, não acreditam que são capazes de apren-der, porque foram rotulados como incapazes e in-corporaram o rótulo. Para levá-los a engajar-se emaprendizagens, é necessário perceberem que oeducador acredita neles e em sua capacidade deaprender e de mudar. Por isso, o vínculo que forestabelecido entre educador e jovem é fundamen-tal, tanto mais no caso da internação provisória,nos poucos dias em que estiverem trabalhandojuntos. Mesmo em pouco tempo, acreditamos queé possível estimular o jovem a querer aprender econtinuar aprendendo ao longo da vida.

O conceito de educação ao longo da vida impli-ca o pressuposto da sociedade educativa, em quetudo e todos podem estar a serviço do desenvolvi-mento de cada um. A motivação para aprenderpode vir das mais diversas situações: trabalho, fa-mília, brinquedo, roda de conversa com amigos e,até mesmo, das compras em um supermercado.No entanto, em cada uma dessas situações háobjetivos diversos e os jovens acionam em cadauma processos diferentes de aprendizagem. A so-ciedade deve estar ciente disso e oferecer oportu-nidades variadas, possibilitando-lhes desenvolver

competências e habilidades para continuar a apren-der ao longo da vida.

Podemos mostrar aos jovens que há diferentesmaneiras de aprender: observando, comparando,analisando situações do cotidiano, lendo livros,vendo TV, conversando com amigos, ouvindo mú-sica, cantando, dançando, praticando esportes, aju-dando na construção de uma casa, produzindo umalimento, auxiliando um amigo na oficina – enfim,vivendo.

Para que a aprendizagem ocorra, alguns fato-res são necessários: a pessoa precisa estar abertapara o novo; a informação a ser recebida precisaestar minimamente organizada; e é imprescindívelhaver pessoas para auxiliar no processo, dandopistas, incentivando, explicando, demonstrandoetc. Assim, mesmo que a aprendizagem seja esti-mulada pelo meio social, ela não é um processoespontâneo e natural, mas exige esforço pessoale não prescinde da figura do educador.

As condições sociais e as oportunidades ofe-recidas afetam o processo de aquisição de conhe-cimento. Para inserir-se na sociedade e no mundodo trabalho, é preciso responsabilidade pessoal ecoletiva, o que pressupõe grande capacidade deautonomia e de julgamento. Porém, para que apessoa possa usar essa autonomia na busca doconhecimento, precisa ter oportunidades de viven-ciá-la, fazer o que gosta, o que lhe interessa, o quea mobiliza internamente. Espaços em que possaexercer essa autonomia de busca de suas poten-cialidades são fundamentais para a constituiçãodo sujeito.

Por essa razão, várias comunidades têm lutadopara conseguir integrar suas crianças e jovens ematividades culturais e recreativas, possibilitando-lhes diversos tipos de aprendizagem, desde a alfa-betização para jovens e adultos até atividades ar-tísticas. Criaram creches, centros de juventude,bibliotecas e espaços comunitários para cursos eeventos. Muitas organizações aproveitam recursoshumanos e materiais da própria localidade paradesenvolver ações junto a crianças e jovens, inclu-sive os que estão nas ruas, incentivando-os na bus-ca do conhecimento.

Entendemos que as próprias UIPs precisam co-nhecer as possibilidades educativas da região emque se encontram para encaminhar os jovens de-las egressos, contribuindo para reduzir a exclusãosocial e para que a educação possa constituir, real-mente, uma ponte para o mundo.

OCIALIZAÇÃO E APRENDIZAGEM

APROFUNDANDO

13EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

Retomada da semana anteriorComo você estará começando a trabalhar com umnovo tema, pergunte quem participou dasatividades da semana anterior e qual foi o temaestudado, preparando-os para a introdução dotema dessa semana. Para apresentá-lo, diga o nome(Educação, ponte para o mundo) e pergunte aosjovens o que imaginam que será estudado. Procuresaber o que entendem por educação e qual o valorque lhe atribuem. Incentive-os a falarperguntando quem nos educa, como recebemoseducação, onde; e o que a expressão “ponte para omundo” significa para eles.Vá registrando as respostas na lousa, solicitandoque façam o mesmo no caderno, pois elas serãoretomadas por ocasião do fechamento do subtema,para que percebam se houve mudança nessesconceitos. É provável que identifiquem educaçãocom “bom comportamento” e não com o processode desenvolvimento integral do ser humano. Falesobre a importância da educação para o serhumano, tendo em vista sua sobrevivência econvivência social: desde que nascemos precisamoscomeçar a aprender os valores e costumes de nossacultura e a desenvolver habilidades necessáriaspara a vida em sociedade. Essa aprendizagem sedá na interação com as pessoas e com o que estápor ser conhecido – a língua oral e escrita, osconhecimentos sistematizados das diferentesdisciplinas escolares, tecnologias, obras de arte,enfim, todas as invenções e construções humanas.Assim, a educação envolve uma troca constanteentre as pessoas e o ambiente (natural e cultural):somos educados e também educamos.Verifique se todos já freqüentaram escola e seconsideram que sabem ler e escrever. Esteja atentopara evitar a discriminação: caso algum dos jovensnunca tenha ido à escola, ou não saiba ler eescrever, não permita que seja discriminado porisso. Aproveite o ensejo para explicar ao grupo queisso é justamente parte do que irão discutir nestetema: as razões pelas quais alguns não vão à escola,ou “não aprendem”.Com o estudo deste tema busca-se valorizar todo oconhecimento que o jovem traz, ressaltando o quetem de positivo, para que possa perceber-se comoum sujeito que tem potencial para mudar sua

própria trajetória e fazer outras escolhas. Assim,propomos partir de sua história, sem, no entanto,expô-los, pois há faces dela que querem ou precisamresguardar. Mas não se esqueça de ressaltar que aparticipação deles será muito importante para osucesso do trabalho a ser realizado.Explique que o tema Educação será dividido emcinco subtemas e que o primeiro irá focalizar aaprendizagem em diferentes espaços. Novamente,procure saber o que pensam que vão estudar nessesubtema e incentive-os a falar livremente. Depois,apresente o planejamento do dia.Planejamento do diaConverse com o grupo, dizendo que o subtema“Aprendendo em diversos espaços”, ou aatividade planejada para esse dia, intitula-seHistórias de aprendizagem. Essa atividade serácomposta de:� leitura e discussão do relato de Paula (nome

fictício), ex-interna da FEBEM;� reflexão sobre a história de aprendizagem de

cada um;� elaboração de um registro individual dessa

história;� discussão em pequenos grupos e elaboração de

um painel.ProblematizaçãoVocê pode fazer algumas perguntas que ajudarãono estudo do assunto: Em que lugares as pessoasaprendem? Podem citar coisas importantes queaprenderam? Onde aprenderam? Com quem?Incentive-os a falar sobre as aprendizagensadquiridas nos diversos grupos de que fazemparte. Esteja atento para que todos sejamenvolvidos, porque falar de si, principalmente paraaqueles que estão chegando, num grupo em quenão há ainda uma história construída, pode gerardesconfiança, desinteresse ou resistência.Desenvolvimento da atividade1a parte:A noite em que virei estrela: relato de PaulaNa discussão desse relato, os alunos devemcompreender que todos os seres humanos têm umahistória própria, feita de ações socialmente aceitas

14EDUCAÇÃO E CIDADANIAou não, de aprendizagens mais fáceis e maisdifíceis. Anuncie a ficha que irão receber, com orelato de uma ex-interna da FEBEM que teve aoportunidade de aprender algumas coisas quemudaram sua vida. Distribua a ficha 1 e leia otexto com os alunos, pois provavelmente algunsterão dificuldade em fazer a leitura sozinhos. Vocêpode ir parando durante a leitura, procurandomobilizá-los por meio de perguntas e comentáriosque os ajudarão no processamento do texto.Após a leitura, incentive-os a dizer o quesentiram, expressar suas emoções e opiniões, poispoderão se identificar com o personagem. Dê umtempo para os jovens, respeite o silêncio. Seperceber que há dificuldade, fale do que vocêsentiu e opine sobre o texto.Em seguida, peça para anotarem em seus cadernosquais foram as pessoas que ajudaram Paula. Dêum tempo para escreverem e ajude os que têmmais dificuldade. Retome a discussão no coletivo.Compare as anotações, verificando se perceberamquantas pessoas fizeram parte da mudançaocorrida com ela. Explore bem a história de Paulacom os alunos: foi bom para ela aprender a fazerteatro, sentiu-se mais importante, foi reconhecida ereconheceu que foi capaz de aprender; ao sair daFEBEM, voltou para a escola, mudou de vida.Reflita com os alunos: Aprender é sempreprazeroso, ou às vezes implica esforço pessoal?O que Paula fez com o que aprendeu? Ela estáusando isso em sua vida? Por que será que elavoltou para a escola? Qual era seu projeto? Alémda escola, em que espaços ela encontrou ajuda?Em que outros espaços ela poderia encontrarajuda? É possível mudar de vida?Em seguida, dê um tempo para que leiam o poemaescolhido por Paula. Depois, pergunte se alguém oquer ler em voz alta. Incentive e elogie o jovemque fizer a leitura. Deixe que falem livrementesobre o que sentiram e depois proponha algumasquestões para uma reflexão mais dirigida, emgrupo, com registro no caderno:� A vida de Paula é comparada a um palco.

Desenhe como ela se via nessa época.� Que significados é possível dar a esta frase: “Aí,

o mundo se esqueceu da minha estréia, poistinha outro compromisso”.

� “E minha solidão morria.” Por que Pauladeixou de se sentir só?

Circule pela sala, observando os registrosrealizados e esteja atento/a para auxiliar quemprecise de sua ajuda: os não-alfabetizados, porexemplo, vão precisar que você registre suasrespostas às questões. Eles falam e você escreve.A observação de um ato de escrita ajuda oalfabetizando a perceber que a escrita representa afala. Depois que terminarem, peça que apresentemseus desenhos e as respostas às questões.Finalmente, proponha a redação coletiva de umaou duas frases resumindo a principal lição quepodem tirar da história de Paula (por exemplo,“Com esforço e com ajuda, todos podem imprimirnovas direções a suas vidas”) e peça que aregistrem em suas fichas. Em seguida, oriente-ospara que guardem anotações e a ficha em seuportfólio.2a parte:Minha história de aprendizagemAgora que os alunos conheceram a experiência dePaula, pergunte-lhes sobre suas histórias deaprendizagem. Ao relatá-las, pode ser que falemdas aprendizagens feitas no “mundo do crime”.Você deve ouvi-los, mas destaque que o objetivo éfalar das aprendizagens construtivas e quetrouxeram benefícios para eles, enquanto cidadãos,pois nem todas as aprendizagens são lícitas e nemtodas podem ser compartilhadas.Depois da discussão, peça que registremindividualmente, no verso da ficha 1, asaprendizagens realizadas ao longo de suas vidas.Essa atividade é, ao mesmo tempo, simples edesafiadora, por isso esteja atento/a para que todosparticipem. Marque um tempo para que não hajadispersão e procure ajudar aqueles que nãosouberem escrever. Incentive-os e dê-lhes pistas, sefor necessário.Após o preenchimento da ficha, organizepequenos grupos de discussão, para quecomparem os registros relativos às aprendizagensrealizadas. Entregue uma folha para registraremas aprendizagens do grupo (o que foi aprendido,com quem, como foi), fazendo uma síntese dasrespostas individuais. Peça que cada grupoescolha um dos colegas para ser o relator.

15EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

Marque um tempo para essa atividade, ajudando-os a se organizar.Peça a cada grupo que apresente suas conclusões,enquanto você vai fazendo a síntese em uma folhade papel pardo, que poderá trazer já organizadacomo painel, para mostrar tudo o que os jovensaprenderam (você pode ampliar a ficha do aluno).Esse registro deverá ser afixado na parede, poisconstitui a primeira síntese do tema. Peça queregistrem também essa síntese numa folha avulsa eque a guardem em seu portfólio.De volta à organização coletiva da classe, destaquea importância do que cada um está trazendo, dosvalores e habilidades construídos. Peça que falemsobre a aprendizagem que consideram a maisdifícil e a que foi mais importante, justificandosuas respostas. Ao observar o quadro com asíntese, com certeza perceberão coisas que sabem eoutras que não sabem. Retome com eles como foique essas aprendizagens ocorreram e pergunte segostariam de aprender algumas das que forammencionadas pelos colegas e a razão desse desejo.

A IMPORTÂNCIA DOSEDUCADORES E DA INSTITUIÇÃO

Tenha em mente a importância do próprio contextoda FEBEM como espaço de aprendizagem, mesmona conjuntura da internação provisória. Nesseespaço, você, professor, bem como os colegas, osagentes educacionais e de segurança, os técnicos,enfim toda a equipe que os atende, são mediadoresfundamentais.

Síntese das atividadesRetome sucintamente a história de Paula e oquadro-síntese elaborado com base nasaprendizagens que eles mencionaram e, emseguida, discuta o que puderam aprender nesse dia.Registre na lousa tudo o que falarem, organizandoa síntese em torno dos pontos centrais da atividade.Procure verificar se compreenderam que:� há vários tipos de aprendizagem: é preciso

buscar aquelas que contribuam para nossodesenvolvimento como pessoa e para nossaintegração social;

� as aprendizagens podem acontecer em vários

espaços e de diferentes maneiras;� aprendemos durante a vida toda;� precisamos da ajuda de outras pessoas para

aprender;� aprender requer esforço.Esses conteúdos serão retomados ao longo dasemana.Avaliação do diaOrganize uma roda e avalie com o grupo como foia aula do dia. Retome o planejamento feito,verifique se foi possível cumpri-lo ou não e porquê. Peça que escrevam duas coisas que tenhamachado interessantes e duas difíceis. O registropode ser feito em duas tarjetas (que você devepreparar antecipadamente) e colado numa folha depapel pardo para que todos possam tomarconhecimento da avaliação do grupo. Se houveralunos que não sabem escrever, peça que ditem eregistre para eles na tarjeta.Sugestão de atividadecomplementarNo estudo deste subtema sugerimos o filme Meupé esquerdo, que retrata a vida do escritor e artistairlandês Christy Brown que, vitimado por paralisiacerebral desde pequeno, logra realizar-sesocialmente, fazendo pinturas com a única parte docorpo que consegue controlar, seu pé esquerdo.Pode ser passado fora do horário de aula ediscutido posteriormente.

16EDUCAÇÃO E CIDADANIA

SUBTEMA 2APRENDENDO NACOMUNIDADESer cidadão significa estar na vida e nomundo sentindo-se parte integrante dogênero humano, peça singular doquebra-cabeça da história, participanteativo do esforço de mudança de suarealidade social, deixando por ondepassa sua marca.

Serrão e Baleeiro

O Brasil tem hoje uma legislação específicasobre a criança e o adolescente que éconsiderada avançada e, ao mesmo tempo, éum dos países em que as crianças ainda sãomuito injustiçadas e desprotegidas. Parasanar essa distorção, a lei deve ter suaaplicabilidade garantida, o que deve ser umcompromisso de todos. Vários setores dasociedade têm se mobilizado na defesaconjunta da criança e do adolescente. Osjovens precisam ter acesso a informaçõessobre seus direitos e, ao mesmo tempo, serincentivados a participar de associações emovimentos sociais, desenvolvendosentimentos de solidariedade eresponsabilidade. (Para saber mais sobreessa lei, que é o ECA – Estatuto da Criança edo Adolescente, veja o módulo Justiça eCidadania, p.20-21.)

O trabalho com este subtema tem trêsobjetivos: que os jovens façam oreconhecimento da localidade em que vivem eas possibilidades de aprendizagem que elaoferece; orientá-los a identificar os problemasexistentes e as possíveis soluções; e,finalmente, informá-los sobre instituiçõesexistentes em outras regiões da cidade ecomo podem recorrer a elas para aprender,obter ajuda e ampliar sua participação, pois éprovável que venham de regiões que têmpoucos recursos. Pode ser que os jovens nemsequer conheçam as associações e

equipamentos existentes em seu bairro oucidade (associações de moradores, grêmiosestudantis, centros comunitários, centros dejuventude, bibliotecas, cursinhos, creches,postos de saúde, sindicatos etc.). Ou, emoutros casos, até os conhecem, mas não lhesatribuem valor. Devem pois ser informadossobre sua existência e incentivados a delesparticipar, bem como das organizaçõesvoltadas aos jovens em situação de risco(Fique Vivo, Projetos Travessia, Quixote,Aprendiz etc.), incentivando-os a agir emdefesa de sua própria cidadania.

Os jovens podem também participar comovoluntários de diversas formas em suacomunidade: aderir a campanhas, desenvolvertrabalhos com crianças, desde confeccionarpipas e brinquedos com sucata até lerhistórias, jogar capoeira ou organizar umgrupo de rap. Todos têm vontade de aprendercoisas novas e, muitas vezes, precisam de umpequeno estímulo para conseguir. Isso podeacontecer informalmente, na rua, na casa deum amigo, mas também em creches,orfanatos etc.

Para trabalhar melhor este subtema serápreciso dispor de informações sobreorganizações e instituições voltadas aosjovens (em geral, estejam ou não em situaçãode risco). Como é impossível listar aqui todas,destacamos algumas; mas o mais importanteserá o levantamento que cada Unidade fizerpara montar seu próprio acervo. O móduloJustiça e cidadania, deste material, traztambém uma relação de organizações, naficha 4C; e o módulo Trabalho, na ficha 4B.

Para tornar este subtema significativo, vocêdeverá, junto com o coordenador de suaUnidade e os demais profissionais envolvidos,fazer previamente um levantamento dasorganizações existentes em sua região. Isso étanto mais premente no caso das Unidadessituadas no interior do estado. Recomendaçãosemelhante é feita no módulo Justiça ecidadania – verifique se tais informações jánão foram colhidas. Esse acervo o ajudará adar pistas aos jovens, para que possam fazeressa reflexão com base em dados concretos.

17EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

Dados publicados na Folha de S. Paulo (3 dez.2000) mostram que há quatro bairros da periferiada capital com alta concentração de jovens interna-dos na FEBEM. Nessas regiões há bolsões de po-breza e, conseqüentemente, falta de emprego, deestudo e de lazer para uma fatia significativa da po-pulação.O Núcleo de Estudos da Violência da USP – Uni-versidade de São Paulo divulgou recentemente osresultados da pesquisa O adolescente na criminali-

dade urbana em São Paulo, encomendada pelo Mi-nistério da Justiça (Adorno, 1999). Os estudiososestabelecem relação entre os tipos de infração maiscometidos pelos adolescentes e sua escolaridade:crimes contra o patrimônio (roubos e furtos) sãomais comuns entre aqueles que não concluíram oensino fundamental; a agressão física (briga) é maisfreqüente entre os adolescentes que ingressaramno ensino médio, enquanto os jovens de nível su-perior cometem mais delitos relacionados a crimesde trânsito (dirigir sem habilitação, por exemplo).É preciso destacar que a violência não pode servista apenas sob a forma de agressão física, de da-nos ao patrimônio ou mesmo à pessoa, e muito me-nos, apenas relacionada à escolaridade, mas tam-bém como resultado de privação de direitos, des-qualificação social, miséria, desemprego e ignorân-cia. Jovens que praticam violência, muito provavel-mente, são produto da violência social.É fundamental que essa situação social gerado-ra de violência seja enfrentada para que o direito àcidadania – vida, saúde, liberdade, respeito, digni-dade, convivência familiar e comunitária, educação,cultura, esporte e lazer, profissionalização e traba-lho – seja garantido, como afirmam a DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos e o nosso Estatutoda Criança e do Adolescente.Contudo, o jovem deve compreender que, se omundo é injusto, deve buscar formas de resolversituações injustas unindo esforços com instituiçõese pessoas que lutam contra a desigualdade social.Devemos propiciar-lhe espaço para discussão e vi-vência de novas experiências, para o desenvolvimen-to da consciência ética e do compromisso comocidadão.Na sala de aula, vivencia-se cidadania respeitan-do-se as diferenças, combatendo a discriminação,os preconceitos e privilégios, incentivando a parti-cipação no grupo com a ampliação da consciênciaem relação a direitos e deveres e, principalmente,confiando no potencial de transformação de cadaum. O jovem é sensível e perceberá a coerênciaentre o que estamos discutindo e a prática em salade aula. Assim, por meio do próprio agir cotidiano,

pode-se gerar compromisso, responsabilidade eparticipação. É fundamental despertar no jovem avontade de exercitar sua cidadania, refletindo so-bre os problemas existentes em sua comunidade,seu país e no mundo. Analisar, criticar e pensar emsoluções alternativas será um exercício de ética ede cidadania.Para ajudar os jovens em sua reflexão, sugeri-mos que leia o livro Aprendendo a ser e a conviver,elaborado por iniciativa da Fundação Odebrecht edo Serviço Social do Mosteiro de São Bento da Bahia(Serrão & Baleeiro, 1999). Esse livro sistematiza otrabalho de desenvolvimento pessoal e social reali-zado com três grupos de jovens de Salvador; trazorientações, atividades e técnicas que estimulam areflexão e a revisão de valores, atitudes e compor-tamentos, levando os jovens a novas formas de sere conviver. As autoras, Margarida Serrão e MariaClarice Baleeiro, usam linguagem clara e acessível,facilitando seu uso em diversas circunstâncias.Dentre os temas trabalhados no livro, destaca-mos para a presente reflexão a questão da cidada-nia. É importante que os jovens, além do acesso ainformações sobre as diversas instituições existen-tes e sobre a garantia de seus direitos, possam re-fletir também sobre suas relações com as organiza-ções que atuam em sua comunidade. Alguns as-pectos, segundo as autoras, podem ser apontadosnas discussões com os jovens para um maior en-volvimento:

� cada um é agente de transformação da própriavida e do mundo que o cerca;� a cidadania é conquistada por meio de partici-pação coletiva e solidária no processo social,político e econômico, não sendo fruto de con-cessão ou dádiva;� a construção da cidadania percorre necessaria-mente um caminho. Inicia-se pelo conjunto deaprendizagens básicas para a convivência (taiscomo o respeito ao outro, às diferenças, às nor-mas estabelecidas etc.) e se efetiva na solidarie-dade e na participação social;� o envolvimento dos jovens nas decisões que te-nham impacto sobre suas vidas deve ser pro-movido: é fonte de iniciativa (ações), liberdade(opções) e compromisso (responsabilidade).

Naturalmente, você não apresentará aos jovens es-sas idéias na forma aqui apresentada, pois poderãocausar desinteresse ou constrangimento, levando ojovem a meramente repetir o que foi dito, sem refle-xão pessoal. Este texto foi incluído para auxiliá-lo natarefa de refletir com os jovens, usando estas idéiasna problematização e no contexto da atividade.

IDADANIA NO COTIDIANO

APROFUNDANDO

18EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Estas são algumas das organizações em atividadena cidade de São Paulo.Espaço gente jovem – EGJ (antigos Centros deJuventude)

Atende crianças de 6 a 8 anos, 9 a 11 anos e 12a 14 anos. Faz acompanhamento escolar e ati-vidades lúdicas para crianças no período opos-to ao da escola. Para a faixa de 12 a 14 há cur-sos pré-profissionalizantes em artesanato e in-formática. Os mais velhos recebem cursos dequalificação profissional em convênio com oSENAC: informática (auxiliar de escritório), cor-te e costura, artesanato e marcenaria. Há vári-os EGJ nos diversos bairros. Só na região doButantã há 20 centros.

Centro de Convivência RevolucionartO Centro é resultado de uma parceria entre aAEUSP (Associação de Educadores da USP) ediversas entidades da comunidade: escola mu-nicipal, associação de moradores, Igreja Católi-ca, movimentos de Moradia e de Cultura, Cole-tivo São Paulo Oeste – Butantã, Movimento deJovens do Morro do Querosene. Mantém umcursinho preparatório para vestibular destina-do a jovens, curso de alfabetização de adultose formação continuada para professores muni-cipais.Endereço: Av. Prof. Melo Morais 1235,Bloco S, térreo sala 13 Cidade Universitária;e-mail: [email protected]

Fundação Projeto TravessiaA Fundação foi instituída em 1995 com o obje-tivo de garantir os direitos de crianças e ado-lescentes que vivem na rua na região centralde São Paulo, buscando mobilizar esforços nopróprio grupo, na família, nas comunidades,na rede de atendimento e na sociedade emgeral, visando a melhoria da qualidade de vidae o exercício pleno da cidadania. Tem váriosparceiros, como o IEE da PUC, o CEBRAP, oSEADE, o Núcleo de Estudos da Violência daUSP, a Fundação Padre Anchieta – Rádio e TV;o Projeto Axé (Bahia), sindicatos dos bancári-os, dos metalúrgicos e dos professores da redeoficial de São Paulo; bancos Bradesco, Bos-ton, Caixa Econômica Federal; Associação Vivao Centro; SESC e muitos outros. O trabalhointegrado pretende criar condições para que

as crianças e adolescentes possam retornar asuas famílias ou construir novas formas de vidafamiliar ou independente, deixando de viver nae da rua.Endereço: Rua São Bento 365, 18o andarCentro 01011-100 São Paulo,telefones 3105-1059, 3105-1050;e-mail: [email protected]

Projeto Fique VivoO Projeto é fruto de uma parceria entre o Pro-grama Estadual de DST/AIDS e o Núcleo de Es-tudos para Prevenção da AIDS da USP; contacom apoio da Universidade da Califórnia (EUA)e da Fundação MacArthur, visando promoversaúde e cidadania entre jovens em processode exclusão social, privados ou não de liberda-de. Criado para estimular a prevenção da AIDSentre jovens em situação de maior risco social,atualmente suas atividades são realizadas emunidades de internação da FEBEM.A metodologia utilizada busca oferecer aos jo-vens espaço democrático de expressão paraque possam discutir seus problemas, trocar ex-periências e buscar soluções que asseguremsua participação e inserção social. Utiliza-seteatro, dança e capoeira, incentivando a efetivaparticipação dos adolescentes na definição deestratégias, programas e criação de materiaiseducativos.Endereço: Rua Santa Cruz 81, V. Mariana04121.000 São Paulo,telefones 5084-0777 e 5084-5236;e-mail: [email protected]

Projeto QuixoteÉ um projeto ligado ao Departamento de Psi-

quiatria da Universidade Federal de São Pauloe mantido pela Secretaria de Assistência e De-senvolvimento Social do Estado de São Pauloe a Secretaria Municipal de Saúde, entre ou-tros. Existe desde 1996 e propõe-se a acolhercrianças e adolescentes, envolver a família e acomunidade e também sensibilizar profissio-nais e autoridades. Atua em três dimensões:atendimento, formação e pesquisa. O atendi-mento de crianças e adolescentes em situa-ção de risco social ocorre na sede, o “Moinho”,envolvendo pediatras, psiquiatras e psicólo-gos, que se articulam com um trabalho peda-

UEM PODE AJUDAR

APROFUNDANDO

19EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

gógico, social, familiar e jurídico. Realizam-seoficinas lúdicas de percussão, artes plásticas,teatro, hip-hop, culinária, informática, madei-ra, capoeira, saúde, entre outras. E, ainda, umaoficina de rua para crianças que trabalham oucirculam em feiras livres próximo ao Largo AnaRosa.Endereço: Rua Prof. Francisco de Castro 92,Vila Clementino 04020-050 São Paulo,telefones 5576-4386 e 5571-9476;e-mail: [email protected]

Projeto Cidade-Escola AprendizÉ uma associação sem fins lucrativos que man-tém programas complementares à escola, nocampo da comunicação e das novas tecnologi-as, para estudantes de escolas públicas e parti-culares. O objetivo é difundir valores como ci-dadania e protagonismo juvenil. Trabalha há trêsanos pesquisando, desenvolvendo e dissemi-nando novas metodologias de ensino e apren-dizagem que contribuam para a melhoria da edu-cação das crianças e jovens. Na prática, issoenvolve colocar jovens de escolas públicas eparticulares trabalhando juntos no desenvolvi-mento de produtos de comunicação, tendo sidocriado o site Aprendiz.Dentre as atividades da Cidade-Escola Apren-diz destacam-se as oficinas chamadas “100 Mu-ros”, promovidas por arte-educadores. Detec-tam em uma determinada comunidade (escola,FEBEM etc.) um tema gerador, que depois épintado em ladrilhos, formando grandes muraisque embelezam a cidade, criando vínculos maisprofundos entre as pessoas e seu entorno. Es-ses tipos de programa ainda são desenvolvidospelo Aprendiz principalmente em sua sede – em-bora contem com o apoio de mais de cem par-ceiros e atendam estudantes de mais de 20escolas. Seus projetos só são viáveis devido aoapoio de vários patrocinadores – como institu-tos nacionais e internacionais, empresas de tec-nologia e comunicação, fundações, escolas deensino médio e superior – e mais de 80 colabo-radores, nos quais se incluem outras ONGs eveículos de comunicação.Endereço: Rua Belmiro Braga 154Vila Madalena São Paulo, telefone 3813-7719;e-mail: www.uol.com.br/aprendiz

ILANUD/Olha o meninoO ILANUD – Instituto Latino-Americano das Na-ções Unidas para a Prevenção do Delito e trata-mento do delinqüente – foi criado em 1975, pormeio de uma resolução do Conselho Econômi-co e Social das Nações Unidas. É um órgão téc-nico voltado para a realização de pesquisa, pro-dução de conhecimento e difusão de informa-ções, nas áreas de justiça criminal, prevençãoe controle do crime, tratamento do delinqüen-te e promoção dos direitos humanos. Busca co-operar com entidades governamentais e não-governamentais no aprimoramento dos meca-nismos de aplicação da lei, divulgando e apli-cando os parâmetros normativos estabelecidospelas Nações Unidas. Por meio de convênios,elabora pesquisas, promove debates e propõepolíticas de prevenção do crime, administraçãoe acesso à justiça, tratamento do preso, penasalternativas etc.Integrantes do escritório brasileiro do ILANUDfazem também um trabalho junto às UIPs, deatendimento direto aos jovens, em parceria comum grupo de estudantes de Psicologia da PUC.Trata-se do Projeto “Olha o menino”. Esse pro-jeto está se ampliando, no sentido de fortale-cer o jovem para sua defesa. Participam do jul-gamento, trazendo fragmentos da história devida do jovem, procurando facilitar a visão dojuiz. Fazem acompanhamento das famílias eprocuram, dentro das próprias comunidades,alternativas de ajuda para os jovens, além deproporcionar atendimento a meninos que es-tão vivendo na rua. Quando necessário, fazemo atendimento dentro das UIPs. Na UIP 7 (Brás),as estagiárias de Psicologia estão desenvolven-do um trabalho de acompanhamento, trabalhan-do com os internos sua história de vida e a ques-tão da transgressão. Elaboram um livro e fa-zem jogos. O material é discutido com a equi-pe técnica para subsidiar os relatórios feitossobre os internos.Endereço: Rua Dr. Vila Nova 268, 3o andarConsolação São Paulo,telefones: 3150-1059 e 3150-1060;e-mail: [email protected]

20EDUCAÇÃO E CIDADANIAATIVIDADEPROCURANDO CAMINHOSMaterial necessário: fichas 2A e 2B;propagandas de produtos ou empresas,recortadas de revistas; dicionário; materialpara desenho e pintura, sucata variada;folhas de sulfite; fita gravada com pequenostrechos de música; aparelho de som

Apresentação dos novosComo já foi ressaltado, esteja atento ao grupo eprocure acolher os jovens que estiveremchegando. Sugerimos para esse dia o jogo “Nomee movimento”. Afaste as carteiras e organize umcírculo. Os jovens ficarão em pé e, um a um,deverão ir para o centro do círculo, dizer o nomee fazer um movimento. O grupo repetirá o nomee o gesto. Utilize uma fita, que você poderágravar previamente, com pequenos trechos demúsicas, alternando músicas lentas e rápidas,conhecidas e desconhecidas, para estimular ogrupo na realização da atividade. Se isso não forpossível, utilize a fita que acompanha o módulode oficina de Música. É um jogo simples edivertido, mas explique bem como será aatividade e dê um tempo para que pensem nomovimento que querem fazer. Incentive o grupoa variar os movimentos.Retomada do diaanteriorVerifique se todos sabem que, nessa semana,dentro do tema Educação, ponte para o mundo, játrabalharam o subtema “Aprendendo em diferentesespaços”. Peça a alguém que tenha participado daaula anterior para falar um pouco sobre o queaprenderam. Se o participante tiver dificuldade, aclasse pode ajudá-lo e estimulá-lo.Planejamento do diaExplique que hoje vão conversar sobre ascomunidades em que vivem e as possibilidades deaprendizagem que podem encontrar nelas; e queserão informados sobre outras instituições dacidade em que podem buscar ajuda. Nesse dia,serão realizados:� Problematização da comunidade, com base na

construção de maquete.

� Levantamento de equipamentos sociais eassociações existentes em seus bairros.

� Registro individual de alguns espaços ondepodem aprender o que gostariam.

� Discussão sobre pessoas que receberam apoiopara realizar algum projeto ou sonho.

� Leitura de textos com histórias de vida einformações sobre algumas ONGs einstituições que apoiam jovens.

� Avaliação do dia por meio de desenho ou pintura.ProblematizaçãoComece a atividade fazendo uma discussão sobre acomunidade onde vive cada um. Pergunte se nelaexiste posto de saúde, delegacia, centrocomunitário, centro de juventude, biblioteca,igreja, sindicato, creche... Faça uma lista na lousade todos os equipamentos sociais e associaçõesmencionadas pelos alunos.Divida a classe em grupos, distribua revistas, cola,tesoura, canetas coloridas, papelão ou isopor,papéis diversos, caixas de diferentes tamanhos,barbante, restos de lã e linha, potes vazios etc. Peçaque cada grupo faça uma maquete de seu bairro,mostrando o que existe na região em que vivem.Insista que procurem se lembrar de tudo o queexiste lá. Como os jovens são oriundos dediferentes comunidades, deverão discutir paraalcançar consenso sobre qual será representada namaquete do grupo. Também podem optar pormontar uma maquete representando um bairroideal, com tudo aquilo que gostariam que tivesse.Marque um tempo para a realização da tarefa.Proponha que apresentem seus trabalhos e, depois,discutam o que há de comum entre ascomunidades representadas, quais seus problemase o que há de bom nelas. Ainda em grupos,incentive-os a discutir soluções possíveis para osproblemas apresentados. Para que percebam aimportância de sua participação, você pode irguiando a discussão com perguntas como:� Alguém já participou ou participa de um

movimento social ou de algum tipo deassociação?

� Que tipos de organizações existem em suacomunidade? Você pode ajudar de algumaforma?

21EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

� Que coisas você sabe fazer e pode ensinar aalguém?

� Além de você, quem mais pode ajudar em suacomunidade? Um amigo? Alguém especial queconheceu? Bons prefeitos e vereadores?

� E se não houver os equipamentos sociaisnecessários? O que o jovem pode fazer? Quemdeve procurar?

� Você acha que votar bem ajuda a resolver osproblemas da sua comunidade? Do país?

Enquanto eles falam, você vai fazendo a síntese emuma folha de papel pardo.Desenvolvimento da atividadeExplique que nesta aula entrarão em contato comduas histórias reais: uma de um jovem que temfeito um trabalho intenso dentro de suacomunidade e outra, de um rapaz que, sem jamaister ido à escola regular, aprendeu muito, com ajudade várias pessoas. Os dois lutaram muito paraobter sucesso no que queriam realizar.Forme duplas ou trios, cuidando para que fiquemjuntos alunos com maior e menor dificuldade emleitura. Distribua a ficha 2A e oriente a leitura dotexto da frente da ficha. Deixe que discutam ahistória de Claudemir Cabral por algum tempo.Circule entre os grupos. Se perceber dispersão,incentive a participação de todos; em caso dedificuldade, dê pistas. Forme um círculo eproponha uma conversa sobre a história dessejovem. Terminando, proponha a escrita de umamensagem para Claudemir. Explique que serámuito significativo, para ele, ser incentivado porjovens como eles. Eles deverão fazer o rascunho damensagem na ficha, copiando-a em seguida emfolha de papel. Para reforçar a função social daescrita, é importante que você se comprometa aenviar de fato as mensagens. Junte-as num mesmoenvelope e envie-as ao endereço abaixo:

Claudemir CabralRua Melchior Giola, n.9Paraisópolis – Morumbi05664-000 São Paulo SP

Passe então à história de Elifas Andreato.Distribua a ficha 2B e peça para os jovensobservarem a gravura e falarem sobre ela.Pergunte se alguém gosta de desenhar, pintar, fazer

grafite; se faz ou fez algum tipo de escultura ouartesanato. Em seguida, leia calmamente, com osalunos, a história de Elifas, procurando mobilizá-los, por meio de perguntas e comentários,ajudando-os a construir o significado do texto (nomódulo de oficinas de Conto, você encontraráinformações sobre os processos cognitivosmobilizados no ato de ler). Abra espaço paracomentarem, estimulando-os a falar. Se sentir quehá dificuldade no entendimento, ajude-os comperguntas:� Há alguma palavra desconhecida? (lembre-se

de manter um dicionário sempre à mão paraconsultas, caso necessário).

� Foi fácil o trajeto de Elifas? Quais obstáculosteve que enfrentar? O que foi preciso para elevencer?

� Ele buscou ajuda nos lugares certos? E setivesse buscado caminhos diferentes, o quepoderia acontecer com ele?

� Que idade tinha quando começou a trabalharcom carteira assinada? E com que idade já era odiretor geral de Artes da Abril Cultural?

� Quantas pessoas o ajudaram a realizar seusonho? Quem foram elas? Além da ajuda dediversas pessoas e associações, de que maisElifas precisou?

Depois, cada aluno responde individualmente asperguntas do verso da ficha 2B, não esquecendode registrar seu próprio projeto ou sonho.Se houver tempo e interesse, você pode mostrar àclasse charges que você tenha selecionadopreviamente e explicar que a charge é um tipo detexto que o autor, em geral, usa para expressar suaopinião, satirizando algum fato. Lembrando queElifas começou sua carreira fazendo charges para ojornal da fábrica, sugira que façam uma chargesobre algum aspecto da história de Elifas – ou desua própria história.Em seguida, retome a síntese feita em papelpardo sobre os locais de sua comunidade quepodem ou gostariam de freqüentar e peça queanotem no caderno (ou em folhas de sulfite)quais lhes chamaram a atenção e o que gostariamde fazer neles.Ressalte para os jovens que, se não tiverem em suacomunidade lugares como os já citados, podem

22EDUCAÇÃO E CIDADANIAprocurar o Conselho Municipal de Direitos ou oConselho Tutelar da região. Podem também obtermais informações na Prefeitura de sua cidade ouna escola mais próxima de sua casa. Nesseslugares, vão encontrar pessoas dispostas aajudá-los e a encaminhá-los para a concretizaçãode projetos. O importante é estar atento àsoportunidades e não desistir diante dosobstáculos.Informe aos alunos que existem associaçõespreocupadas principalmente com jovens emsituação de risco, ou seja, que precisam de ajudapara mudar de vida. Você pode introduzir oassunto utilizando informações da vida deEsmeralda Ortiz (verso da ficha 2A). Se quisermais informações sobre Esmeralda, leia um trechode entrevista com ela, na ficha 2C do módulo deSaúde. Se esse tema já tiver sido trabalhadorecentemente, pode ser que algum aluno se lembreda história e ajude você a introduzi-lo. Se o grupoainda não discutiu o módulo Saúde, você terá deapresentar Esmeralda. Diga que foi uma meninade rua que teve muitas passagens pela FEBEM,principalmente devido ao uso de drogas, econseguiu recuperar-se graças ao apoio de pessoasintegrantes dos projetos Travessia e Quixote; eescreveu um livro contando sua trajetória (que érecomendado em vários módulos e integra omaterial de sua Unidade). Mostre-o à classe,motivando os que se interessarem a lê-lo. Umvídeo com entrevista dela também integra omaterial; se houver tempo ao final, passe-o para aclasse. O objetivo de usar fragmentos da históriade Esmeralda aqui é divulgar os nomes das ONGsque a ajudaram a reencontrar seu caminho; eacrescentar a informação de outras, para ampliar ouniverso de possibilidades.Comece a atividade organizando-os em duplas oupequenos grupos e peça que leiam o textoinformativo sobre uma das instituições ouassociações mencionadas. Se houver alunos quenão sabem ler, reúna-os com aqueles que sabem,para que possam ler para eles.Se houver tempo, após a leitura proponha adivulgação dessas instituições, por meio de umcartaz de propaganda. Cada grupo escolhe uma eseu cartaz deve tentar convencer os demais de queé bom procurá-la em caso de necessidade. Dê dicas

para “bolar” o texto, como usar rimas ou frasescurtas, de efeito. O objetivo é que todos fiqueminformados sobre as instituições que podem ajudá-los, de um jeito divertido. Quando estiveremprontos, promova a apresentação dos cartazes,discutindo se a propaganda dá idéia do que aONG faz e estimula a procurá-la. Cuide para quecada um faça uma cópia (pelo menos do texto) docartaz de seu grupo para ser anexada em seuportfólio. Lembre-se de que essas propagandasdevem ficar expostas por um tempo na Unidade.Se necessário, complemente as informações eesclareça dúvidas em relação a alguma dasinstituições. Pergunte se já as conheciam eexplique sua importância para a vida deles.Destaque que essa ficha, como as demais, ficarána pasta que levarão para casa, para utilizá-lasempre que for necessário.Síntese das atividadesFaça um círculo com os alunos e peça parafalarem sobre o que aprenderam no dia.Lembre-se de que deverão sair com pistas quelhes abram possibilidades de mudança:� que em sua região há diversas ONGs

interessadas na construção de trabalhosconjuntos em defesa da criança e doadolescente;

� que precisam ter acesso a informações sobreseus direitos e, ao mesmo tempo, procurarparticipar de movimentos sociais ou associaçõesque visam ao bem comum;

� que a entrada deles em diferentes grupos podeajudá-los e que, da mesma forma, esses grupospodem se beneficiar com sua presença;

� que muitas ações dependem deles.Avaliação do diaRetome o planejamento do dia, avaliando odesenrolar de todas as atividades. Ponha materialde desenho à disposição (sulfite, cartolina, lápis,lápis de cor, lápis de cera, pincéis, guache etc.) epeça que registrem, por meio de um desenho oupintura, o que sentiram ao participar das atividadesrealizadas no dia. Organize um painel com osdesenhos, valorizando a produção da turma.Depois, esses materiais deverão ser colocados noportfólio de cada um.

23EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

SUBTEMA 3A ESCOLA ÉREALMENTEIMPORTANTE?Senhora: eu não vou à escola lá nomundão, por que eu iria aqui?

(fala de um interno da FEBEM)

Vimos que diferentes espaços de aprendizagemda sociedade são fundamentais para a inclusãodos jovens, mas é preciso chamar a atençãopara a importância da escola, como espaçoespecial tanto para seu desenvolvimento comopara vivência de sua condição de cidadão. Maisque isso, a educação escolar é que pode integraro conhecimento que o aluno traz do cotidiano aoconhecimento formal e sistematizado.

Segundo dados da FEBEM de 1999 (O Estado deS. Paulo, 3 nov.1999), a maioria dos jovensinternos (54%) estava estudando. No entanto,que valor teria a escola para esse jovem, quetem tido na “escola da vida” tantas outrasmotivações? A frase da epígrafe traduz bem ossentimentos desses jovens sobre a escola, queprovavelmente não tem conseguido envolvê-losem atividades relevantes e significativas; assim,chegam às Unidades com baixa expectativa emrelação às atividades escolares. Conversandocom alguns deles, pudemos perceber que muitosse interessam pela escola que há dentro dasUnidades, mas seu interesse passa muito maispela crença de que venha de alguma formaajudá-los na redução do tempo de internação doque pelo ensino que lhes possa ser oferecido, oque é compreensível nesse contexto.

Assim, no trabalho com este subtema,propomos discutir a importância da escola, seela está realmente ao alcance de todos e o quepodemos esperar dela. Queremos que o jovemperceba que a educação é um direito garantidopela Constituição e, mesmo fora da faixa etáriado ensino fundamental ou fora da escola, eletem chances de iniciar ou retomar seupercurso escolar.

ATIVIDADEALUNO E ESCOLA –UM DIÁLOGO POSSÍVELMaterial necessário: fichas 3A e 3B;caixa de papelão ou envelope; papel sulfite;papel pardo; cartões com os nomes dosjovens; recortes de revistas e jornais comdiferentes tipos de gráficos.

Apresentação dos novosSe houver alunos novos, faça rapidamente umaatividade de apresentação. Sugerimos o jogo“Descobrindo nomes”: coloque os nomes dosalunos numa caixa ou envelope e peça-lhes para sesentarem em círculo. Em seguida, oriente para tirarum dos nomes da caixa e apresentar o colegafalando o nome retirado e acrescentando uma desuas características. Por exemplo, Mário, o atleta;Ronaldo, o alegre. Esteja atento para que todos sejamapresentados e para que não ocorram gozações oudiscriminações. Uma das aprendizagensnecessárias é o convívio e o respeito às diferenças.Retomada do dia anteriorRetome em conjunto com a turma as atividades dodia anterior, mostrando os cartazes e os desenhospara aqueles que estiverem chegando. Peça a umintegrante de cada dupla ou grupo que elaborou adivulgação de uma das ONGs para mostrar aosnovos participantes a propaganda feita e falar dessaorganização e de como ela ajuda os jovens.Planejamento do diaExplique que irão discutir o subtema “A escola érealmente importante?”, fazendo:� Debate e registro individual das opiniões deles

sobre a escola.� Leitura e produção de gráficos e tabelas,

envolvendo cálculos de porcentagem.� Discussão sobre o acesso e permanência na

escola no Brasil.� Rápido levantamento sobre séries cursadas e

repetidas pelos próprios jovens.� Leitura sobre a estrutura atual do ensino no

Brasil e o direito à educação na legislaçãovigente.

� Estudo de caso e apresentação de soluções.

24EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Todos os espaços educativos podem contri-buir para o desenvolvimento dos jovens, mas aescola é o lugar privilegiado para trabalhar o co-nhecimento e, por isso, o acesso à educação bá-sica é condição fundamental para o exercício dacidadania e para a inclusão social.

Se atualmente há muita dificuldade para os jo-vens entrarem no mundo do trabalho, seja pelafalta de oferta de emprego ou pelas exigênciasde mão-de-obra cada vez mais qualificada, o jo-vem que foi excluído cedo da escola tem menoschance que os demais. Reproduzindo uma socie-dade restritiva e excludente, em vez de acolheraqueles que mais precisam da educação a escolatem encontrado formas de discriminar e estigma-tizar jovens – principalmente pobres –, por meiode reprovações sucessivas; com isso, são excluí-dos não só da escola como posteriormente demaior participação na vida social.

Essa argumentação não visa justificar infraçõeseventualmente cometidas pelos jovens acolhidosnas Unidades. Como afirma Isa Guará (2000), “elesnão são anjos nem demônios, mas reflexo dosdramas e contradições sociais”. Muitos dessesjovens, por suas condições de vida, vêm sendocada vez mais excluídos e espoliados do direito àcidadania, do acesso aos bens socialmente pro-duzidos, tornando-se mais vulneráveis. Para exer-cer plenamente a cidadania, todos deveriam teracesso ao universo cultural comum, compreen-dendo a realidade em que vivem, aprendendo adefender e exercer seus direitos, preservando opatrimônio que é coletivo. Quando esses direitossão desrespeitados, toda a sociedade perde. Con-cordamos com Aldaiza Sposati (1998) quando afir-ma que “a perda da capacidade humana pela au-sência de condições de expandir as potencialida-des individuais, quer pela precariedade do viver,quer pela morte precoce, reduz a riqueza poten-cial e o avanço de uma sociedade”.

Qualquer projeto de transformação democrá-tica da vida em sociedade requer uma escola in-clusiva, que traga para a sala de aula em sua dinâ-mica cotidiana o respeito às diferenças e a refle-xão sobre a problemática do mundo contemporâ-neo vivida pelos alunos, pois, como afirma PauloFreire (1996), “ensinar exige compreender que aeducação é uma forma de intervenção”. Cabe àescola levar os jovens a refletir sobre o contextosocial à sua volta e mostrar como a história dopaís se cruza com a história de vida de cada um,ajudando-os a estabelecer relações entre passa-

do e presente, para que vejam novas perspecti-vas em seu futuro.

Mas a escola no Brasil, historicamente, nãofoi inclusiva. No tempo do Império, só tinhamacesso ao ensino os cidadãos “livres”, excluindo-se pobres, mulheres, negros e índios. Esse ensi-no elitizante expandiu-se, acompanhando a indus-trialização do país e deixando fora dele boa parteda população. Em 1920, o Brasil tinha uma popu-lação de 30 milhões, dos quais 27 milhões mora-vam em zona rural. O percentual de analfabetosno país era de 75%; e, na população de 15 anos emais, era de 65%.

A partir das décadas de 1960/70, aumentou oacesso à escola. Segundo Barros (1998), entre1960 e 1970 houve um salto de 48% na taxa deescolarização, enquanto o crescimento da popu-lação foi de apenas 28% (taxa de escolarização éo percentual do número de alunos de um deter-minado grupo etário freqüentando a escola, emrelação ao total da população desse mesmo gru-po). Isso significa que crianças dos estratos po-pulares também passaram a freqüentar escola. ALei de Diretrizes e Bases 5692, promulgada em1971, ampliou o ensino obrigatório de quatro paraoito anos. Nas décadas seguintes, continuou aampliação do acesso ao ensino fundamental. Seem 1950 havia 36,2% das crianças de 7 a 14 anosmatriculadas em escola, em 1996 havia 90,8% e,em 2000, mais de 97% (segundo o MEC – Brasil,2001). A Constituição de 1988 (art. 205 a 208) res-salta a obrigatoriedade da escolarização.

No entanto, a expansão do ensino fundamen-tal para a população de baixa renda foi inicialmen-te feita sem o necessário investimento na cons-trução de prédios, na formação e remuneraçãodos professores, e sem um novo projeto político-pedagógico adequado à nova clientela. Essa pre-cariedade teve conseqüências:� a escola, que normalmente funcionava em dois

turnos, passou a fazê-lo em três ou quatro; afalta de conservação dos prédios escolaresprovocou seu sucateamento;

� muitos professores não tinham habilitação paralecionar de 5a a 8a série, o que provocou umacorrida a cursos “de fim-de-semana”, compro-metendo a qualidade de sua formação;

� a verba destinada à educação continuou prati-camente a mesma, provocando o rebaixamen-to no salário dos professores que, para sobre-viver, passaram a dar aulas em vários perío-

A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL

APROFUNDANDO

25EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

ProblematizaçãoPara iniciar a discussão, peça aos alunos para sesentarem em círculo e passe uma caixa com cartõescontendo as letras “A” ou “E”, solicitando que cadaum retire um cartão.Em seguida, forme duas filas, de acordo com asletras sorteadas. Os que tiverem tirado a letra “A”farão o papel de alunos e os que retiraram a letra“E”, de escola. Organize os dois grupos sentadosfrente a frente; peça para se concentrarem em seupapel e pensarem nas questões:Grupo A� A escola é realmente importante? Por quê? Para

quê? Para quem? Quando? Como? Qual o seupapel? O que a escola pode fazer pelo aluno?

Grupo E� O aluno é importante? Por quê? Para quê?

Quando? Como? Qual o seu papel?O que pode fazer por si e pela escola?

Explique aos grupos que vão simular um diálogoentre a escola e o aluno. Os representantes daescola vão dizer o que pensam sobre o aluno e osdos alunos, o que pensam sobre a escola. Você seráo moderador da discussão, evitando que um dosgrupos monopolize o debate. Depois de umtempo, alterne os papéis para que os jovens possamvivenciar os dois lados da questão.Ao final, discuta com os grupos os seguintes pontos:� Que papel foi mais difícil representar? Por quê?� De tudo o que foi discutido, o que consideram

mais importante?Desenvolvimento da atividade1a parte:O que penso sobre a escolaA partir das considerações feitas pelos jovens, vocêpoderá perceber as satisfações e insatisfações dogrupo, o valor que atribuem à escola, discutindo osproblemas apresentados e alternativas detransformação da escola.Entregue uma folha de sulfite e oriente que,individualmente, registrem suas opiniões sobre“O que gosto” e “O que não gosto na escola” e,também, “O que não gosto, mas reconheço que éimportante fazer”.

dos e escolas, ficando sem tempo para o pre-paro cuidadoso de suas aulas;

� mal preparados, os professores tinham difi-culdade em lidar com a nova clientela quechegava às escolas, com um perfil muito di-ferente daquela a que o professor estavaacostumado;

� a reprovação, que já era uma “arma” da es-cola, passou a incidir principalmente sobreos alunos pobres. Após sucessivas reprova-ções, muitos abandonam a escola.O acesso ao ensino fundamental não garan-

tiu, pois, a aprendizagem nem a permanênciados alunos. Mesmo resistindo por vários anos,muitos deixavam e ainda deixam a escola antesde concluir esse nível de ensino. A LDB – Lei deDiretrizes e Bases da Educação, de 1996, avan-ça ao romper com a seletividade, instituindo me-canismos para propiciar a permanência dos alu-nos na escola – tais como aceleração de estu-dos, progressão continuada, organização emciclos –, o que favorece a inclusão de um nú-mero cada vez maior de alunos.

Mas a permanência na escola continua ame-açada graças à cultura do fracasso. Embora aescola seja “para todos”, na prática boa parcelados alunos apresentam defasagem entre a ida-de e a série que freqüentam, em função da re-petência, o que traz prejuízos de natureza pes-soal, social, política e econômica. A superaçãodesse fracasso da escola supõe uma discussãoséria do direito à aprendizagem. Uma escolainclusiva, que atenda a todos, independente deraça, credo, situação socioeconômica, idade ouqualquer outro fator, precisa passar por mudan-ças externas a ela (como por exemplo políticasde valorização e qualificação dos professores)mas também por transformações internas: aequipe docente precisa buscar, em conjunto,alternativas de trabalho e de atendimento per-manente às dificuldades dos alunos.

Uma dessas alternativas vem sendo implan-tada em São Paulo e em outros estados, na for-ma de classes de aceleração onde, mediantenova proposta pedagógica e rearranjo dos con-teúdos curriculares, os alunos “defasados” po-dem, com aprendizagem efetiva, ser promovi-dos para séries mais adequadas a sua idade. Seeste for o caso de alguns de seus alunos, infor-me-se junto à Diretoria de Ensino quanto ao pos-sível encaminhamento deles a essas classes.

26EDUCAÇÃO E CIDADANIAEm seguida, cada aluno registra em sua folha oque a escola pode fazer para valer a pena para ele, eo que ele pode fazer para melhorar a escola. (Esteregistro irá preparar os alunos para a reflexãoseguinte e para as atividades de Matemática –lembre-os de guardá-lo no portfólio depois.)Após terminarem o registro individual, elesexpõem suas opiniões no coletivo. Registre-as nalousa, procurando salientar as semelhanças e asdiferenças. Esteja atento para ressaltar que aconstrução de uma escola de qualidade requer aparticipação de todos os envolvidos: professores,diretores, funcionários, pais e alunos. É importantedestacar que, independentemente da apreciaçãoque os alunos tenham da escola, nada justifica seuabandono, pois a educação é um direito e, parafazer valer esse direito, eles devem freqüentá-la. Asduas próximas atividades têm por objetivo discutirse a escola está realmente ao alcance de todos e oque podemos esperar dela.2a parte:A escola está ao alcance de todos?Pretendemos que os jovens percebam a evoluçãodo acesso à escola fundamental no Brasil nasúltimas décadas, por meio da leitura e análise deum gráfico.Embora seja comum a presença de gráficos emjornais, revistas e mesmo em livros didáticos, épossível que essa seja a primeira vez que estejamfazendo um trabalho mais sistemático de leitura eescrita dessa linguagem. Se possível, mostre àclasse alguns gráficos de colunas ou barras,retirados de revistas e jornais. Converse sobre arazão de serem tão freqüentes nos meios decomunicação: trazem muita informação em poucoespaço e são visualmente fáceis de serinterpretados, especialmente para mostrar osvalores máximos ou mínimos do que representam,ou para evidenciar tendências no tempo.Leia para eles o título do gráfico na frente da ficha3A e pergunte se, pelo título, é possível anteciparque informações o gráfico traz. Distribua a ficha3A e peça que a observem, lendo os numeraiscorrespondentes tanto às linhas (percentuais) comoàs colunas (datas/períodos de tempo). Expliqueque esse gráfico mostra a proporção de crianças de7 a 14 anos que freqüentavam a escola nessas

décadas, em relação ao total de crianças (nessafaixa etária) do país.Chame a atenção para os dados que estão na formade percentuais. Converse sobre o que isso significa.Os jovens com mais escolarização certamentesabem calcular porcentagem. Convide-os a ir àlousa e explicar para os outros, valorizando assimseus conhecimentos e incentivando a cooperaçãoentre eles. Pode haver alguns que, embora nãotendo freqüentado a escola, saibam fazer essescálculos mentalmente, por ter desenvolvido essahabilidade em sua vivência. Se necessário, façaalguns cálculos simples envolvendo porcentagem.

Percentual é uma representação de fração, quandoescolhemos dividir o inteiro em 100 partes iguais.Assim, 25% corresponde a 25 partes de um inteirocomposto de 100 partes [em notação matemática, é25 dividido por cem (25/100), que é igual a 0,25].Uma forma de calcular qualquer porcentagem de umnúmero é dividir o número por cem e multiplicar ovalor encontrado pelo da porcentagem dada. Porexemplo, para saber quanto é 25% de 320, é precisoprimeiro calcular 1% de 320: 320 dividido por 100 éigual a 3,20 (320/100 = 3,20); e 3,20 vezes 25 é iguala 80 (3,20 X 25 = 80). Então, 25% de 320 é 80.

Após os esclarecimentos necessários, peça pararesponderem as três primeiras questões da ficha.Circule pela sala ajudando-os. Quandoterminarem, discuta as respostas no coletivo ecorrija interpretações equivocadas, se houver.Em seguida, proponha o preenchimentocoletivo da tabela envolvendo cálculos comporcentagem.Com essa atividade os alunos irão perceber quehouve um crescimento das matrículas ao longodesses anos. Explique que isso reflete mudanças devárias naturezas pelas quais o país passou,especialmente na segunda metade do século XX(por exemplo, devido à industrialização, o paísprecisava de uma população que soubesse aomenos ler, escrever e fazer cálculos).3a parte:Uma questão de eqüidadeO objetivo agora é que os alunos percebam que,apesar de ter havido um aumento do acesso dapopulação de 7 a 14 anos à escola, a reprovação

27EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

em massa continua ameaçando a permanênciados alunos, gerando o que os estudiosos chamamde “evasão”.

EQÜIDADE DE OPORTUNIDADESEDUCACIONAIS

A idéia ética de eqüidade implica mais que aigualdade de uma divisão simples. Em umasociedade desigual como a nossa, embora todostenham direitos iguais, para assegurar a eqüidadeno acesso aos bens sociais não basta ofereceroportunidades iguais: àqueles que têm menos, épreciso proporcionar mais. No caso do acesso aoconhecimento sistematizado, prerrogativa dosistema escolar, isso significa que é dever do Estadonão só garantir o acesso à escola, mas garantir meiospara que os alunos dos estratos desfavorecidostenham acesso à aprendizagem efetiva.

Na atividade anterior, os jovens leram um gráficode colunas já pronto. Agora, irão construir, ler einterpretar outro gráfico, a partir de uma tabela.Proponha inicialmente a leitura coletiva do textodo verso da ficha 3A. Pode ser que um ou maisdos problemas listados tenham sido mencionadospelos alunos na primeira parte da atividade,quando expuseram o que os desagrada na escola.Faça um rápido levantamento da quantidade derepetentes presente no grupo: para não ferirsuscetibilidades, pergunte quantos anos cada umtinha quando cursou a 4a série. Se todos, ou quasetodos, relatarem idade superior a 12 anos nessasérie (idade ideal = 10 ou 11 anos), será um sérioindicador de suas dificuldades escolares – e nãoconvém dar continuidade à contagem proposta aseguir. Se, no entanto, pelas respostas, perceberque uma boa parcela deles refere 10 ou 11 anosquando cursou a 4a série, anote as idades na lousaformando uma tabela simples: na primeira coluna,escreva as idades e, na segunda, vá marcandoquantos tinham essa idade. Se houver casos dealunos que não cursaram essa série, acrescente“Não cursou” na primeira coluna e quantifique-os.(Deixe esses dados na lousa para uso posterior.)Estimule-os a falar livremente sobre a repetência.É provável que a atribuam a professores, às aulas“chatas”, ao diretor da escola, ou a si mesmos(desinteresse, dificuldades, indisciplina, más

companhias, necessidade de trabalhar). Esta seráuma oportunidade para você mostrar que o queparece ser um caso individual (por exemplo, “tivede repetir o ano inteiro só porque não sabia fazerconta de divisão”) expressa um fenômeno bemmais amplo da inadequação da escola – que noentanto muitos educadores estão atualmentetentando combater. Se houver dúvida quanto aoconceito de defasagem idade-série, esclareça que,para o MEC, a idade ideal para ingresso na 1asérie é 7 anos; assim, para a freqüência à 4a série é10 anos (ou 11, no caso dos alunos que, nascidosna segunda metade do ano, só puderam entrar naescola no ano em que completaram 8).Peça que observem a tabela e oriente as respostasàs questões.Propomos em seguida a elaboração de doisgráficos, um para os dados referentes ao Brasil,outro para os de São Paulo. Para isso, dê asseguintes orientações.� Para fazer o gráfico correspondente à situação

do Brasil, inicie pedindo que tracem, sobre oquadriculado, uma linha horizontal (eixo).

� Explique que, com base em 100 alunos, elesdevem escolher um ponto do eixo e erguer umacoluna, representando o número de alunosdefasados pelo número de quadradinhos.Questione como representar cem (ou 50)alunos com o papel disponível. Dê um tempopara pensarem e tentarem responder. Umapossibilidade é fazer com que cadaquadradinho corresponda a 10 alunos.

� É importante deixar as colunas (retângulos)com a mesma largura (base), variando só aaltura conforme o número de alunos que cadauma representa.

� É preciso deixar claro o que significa cadacoluna, escrevendo embaixo de cada uma o querepresenta (o ano correspondente).

Esse procedimento deverá ser repetido para osdados relativos a São Paulo.Terminados os gráficos, os alunos irão dar títulospertinentes e discutir coletivamente o que ográfico permite visualizar, a mais do que asinformações obtidas da tabela. Veja se percebemque, nos gráficos, fica mais visível a redução

28EDUCAÇÃO E CIDADANIA“mais rápida” da taxa em São Paulo.Depois, volte à tabelinha na lousa, de idades na4a série (se a tiver feito), e peça para contaremquantos estavam defasados. Ao dividir essenúmero pelo total de alunos da classe e multiplicarpor 100, com auxílio da calculadora se necessário,terão a “taxa de defasagem” desse grupoespecífico. Será interessante compará-la com osdados de 1999 da tabela de SP. Se a taxa forparecida, isso reforça um dos objetivos destaatividade, que é fazer com que os alunos percebamque este é um fenômeno social, não individual.Caso seja muito superior, mais uma razão paravocê discutir a questão com a classe (com base nostextos de apoio) e passar informação, caso não asconheçam, sobre as classes de aceleração.4a parte:Fazendo valer meus direitosCom essa atividade queremos retomar o direito àescola. Vamos utilizar a ficha 3B, que trazinformações sobre a estrutura do ensino no Brasil esobre o direito à educação, apresentando:Constituição de 1988, nova Lei de Diretrizes eBases da Educação e ECA – Estatuto da Criançae do Adolescente; órgãos oficiais responsáveis peloatendimento escolar e uma situação-problema paraser discutida pelos alunos. Os alunos devem tomarconhecimento dessa legislação e saber que podemobter mais informações sobre suas implicaçõespráticas em escolas próximas de sua casa ou emoutros órgãos, como diretorias ou delegacias deensino, ou na Secretaria de Educação.Forme trios ou grupos de no máximo cinco alunos,distribua a ficha e oriente a leitura. Como sempre,esteja atento aos que não souberem ler, pedindo aogrupo para ajudá-los, e intervenha, se for necessário.Comente o caso de L. e sua dificuldade emencontrar escola. Proponha que cada grupo pensenuma solução para o problema: Por onde eledeveria começar? Que caminho percorrer? A quemdeve pedir ajuda? Circule entre os grupos, dandodicas e ressaltando que, conforme eles viram,existem instâncias do sistema educacional às quaispodem recorrer. Se não se lembrarem, diga quepodem procurar o Conselho Tutelar e organizaçõesde defesa dos direitos da criança e do adolescente.Incentive a participação de todos e, como sempre,

marque um tempo para o término da atividade.Oriente para que anotem as conclusões do gruponuma folha de sulfite.Proponha que cada grupo apresente para osdemais a solução encontrada e, depois,coletivamente escolham a melhor. Anote asolução escolhida numa folha de papel pardo,que deverá permanecer na sala durante o restoda semana.Síntese das atividadesCom a classe em círculo, faça coletivamente asíntese do dia. Retome a discussão do subtema,estimulando-os a explicitar tudo o que aprenderame acrescente o que for necessário. Lembre-se deque nesse dia deverão sair com algumas idéias bemaprendidas:� a educação é um direito de todo cidadão,

garantido pela Constituição;� o direito à escola implica a obrigação de

freqüentá-la;� o acesso dos alunos à escola passou por

mudanças no decorrer da história do país;� a garantia de acesso não foi acompanhada por

uma preocupação com a permanência dosalunos na escola;

� o aluno não é o único responsável pelo maudesempenho escolar: há um conjunto de fatoresque favorecem a exclusão de alunos;

� é preciso fazer valer o direito ao ensinofundamental e os jovens devem lutar por isso,voltando à escola, nela ficando, reivindicandomelhores aulas e melhores escolas.

Avaliação do diaRetomem o planejamento elaborado e observemjuntos se foi possível realizá-lo integralmente.Destaque as atividades realizadas. Peça quepensem em tudo o que foi discutido no dia erespondam oralmente:� O que mais me impressionou hoje?� O que eu não sabia?Tome uma folha de papel pardo, previamentepreparada com duas colunas e, enquanto foremfalando, registre suas opiniões. No final, comente olevantamento realizado, pois ele mostrará o que ogrupo aprendeu nesse dia.

29EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

SUBTEMA 4A ESCOLA COMOESPAÇO DEAPRENDIZAGEMArticular o ensino e a aprendizagemimplica articular conteúdo e forma,tornando cada vez mais o ensinofavorável à ocorrência da aprendizagem.Isso exige riqueza de situações,experiências e recursos, para favorecero processo múltiplo, complexo erelacional de conhecer e incorporardados novos ao repertório designificados, utilizando-os nacompreensão orgânica dos fenômenos,no entendimento da prática social.

Sampaio (1998)

O papel da escola é garantir a aprendizagem deconteúdos e habilidades, bem como a vivênciade valores necessários para a vida emsociedade. Ela deve contribuir para a inserçãosocial das novas gerações, oferecendoinstrumentos de compreensão da realidade efavorecendo a participação dos educandos navida social. A vida escolar permite exercerdiferentes papéis, em grupos variados,facilitando a integração dos jovens num contextomais amplo. O convívio com o outro, o trabalhoem grupo, o respeito às regras e às diferenças,a responsabilidade de cumprir deverespropiciam o exercício da cidadania e odesenvolvimento de expectativas e projetos emrelação a si mesmo e ao conjunto da sociedade.

É por meio do trabalho com o conhecimento – oque a escola tem de mais específico – que elaconcretiza sua função social. Mas, esse trabalhosó se realiza se houver apropriação, pelosalunos, dos conhecimentos sistematizados dasdiferentes áreas do saber. Partindo do princípiode que o conhecimento se constrói na interaçãoentre os sujeitos, entre eles e o objeto doconhecimento, ressaltamos a importância do

diálogo, das discussões, do trabalho em grupo,em que os diferentes pontos de vista sãoconfrontados e as experiências compartilhadas.A apropriação desses conhecimentos se dáquando fazem sentido para os alunos; para isso,o processo ensino-aprendizagem deveconsiderar seu universo cultural e propiciar oestabelecimento do maior número possível derelações entre esse universo e os novosconhecimentos. Isso significa que a articulaçãoentre conteúdo e forma deve ser umapreocupação constante de quem ensina. Nãobasta transmitir informações: é necessáriopropor diversas situações em que elas possamser trabalhadas pelos alunos para queefetivamente delas se apropriem.

O trabalho com este subtema tem comoobjetivo discutir com os alunos a importânciada escola e seu processo de aprendizagem dosconteúdos escolares, com base em relatos deexperiência deles, mostrando que podemaprender muito mais. O aluno das UIPs, maisdo que qualquer outro, precisa perceber aimportância do estudo como uma daspossibilidades de reinserção na sociedade. Érelevante apresentar aos jovens a estrutura doensino no país, para que possam exercer seudireito de freqüentar a escola e perceber o querepresenta a organização desse sistema para oatendimento das necessidades das diferentesfases da vida do cidadão. Esperamos que essareflexão venha reforçar os objetivos jáapontados, ajudando o jovem a encontrar ocaminho de volta (ou de ingresso) à escola e àcontinuidade de seus estudos.

ATIVIDADEAPRENDENDO NA ESCOLAMaterial necessário: fichas 4A e 4B; folhas dejornal; canetas coloridas; papel sulfite epardo; jornais e revistas e/ou anúncios dejornais e revistas; fita com músicamovimentada; aparelho de som

Apresentação dos novosObserve se há alunos novos e, como sempre, façauma dinâmica de apresentação. Realize o Jogo das

30EDUCAÇÃO E CIDADANIABolinhas. É uma atividade divertida e você poderáobservar todo o grupo ao mesmo tempo: Todosparticipam do jogo? Há resistência? Há jovens queficam de lado? Há dificuldade para escrever? Essasobservações são importantes para você poderintervir durante as atividades do dia, naorganização dos grupos e das falas.Distribua meia folha de jornal e canetas coloridas,pedindo que cada um escreva seu nome usandoletras bem grandes. Em seguida, diga paraamassarem o jornal, fazendo uma bolinha. Toqueuma música bem movimentada e oriente-os a jogaras bolinhas uns para os outros, seguindo o ritmo.Depois, interrompa a música e proponha que cadaum leia o nome escrito na bolinha que estásegurando e procure o dono para “entrevistá-lo”,perguntando o que gosta de fazer, se sabe jogar bolaetc. Esclareça que as informações servirão paraapresentar o colega logo em seguida. Se alguémficar com a bolinha que contém o próprio nome,peça que troque com outro. Feitas as “entrevistas”,organize uma roda e inicie as apresentações.Retomada do dia anteriorRetome o que a turma trabalhou no subtemaanterior, a partir das avaliações realizadas.Planejamento do diaAnuncie ao grupo que nesse dia irão refletir sobreo subtema A escola como espaço de aprendizagens. Asatividades planejadas envolverão:� Leitura e discussão de um texto.� Escrita de relato de um fato ocorrido na escola.� Elaboração individual de um anúncio.� Organização de um mural com os anúncios.ProblematizaçãoComece discutindo com os jovens fatos de que nãose esqueceram, relacionados à vida na escola; anotena lousa alguns estímulos, como:� Uma professora que não esqueci� Um amigo especial� Uma lição aprendida� O que era mais difícil� O que era mais fácil� O que mudaria em minha história escolar.

Dê um tempo para que possam partilhar asinformações, possibilitando tanto um maiorconhecimento entre os integrantes do grupocomo a percepção das semelhanças e diferençasque há nas histórias deles.Uma alternativa interessante seria reunir osrelatos dos jovens sobre esses tópicos em umálbum, usando vários tipos de texto, a sermontado em dois ou mais dias. Distribua meias-folhas de sulfite e, a cada vez, sugira um tema euma linguagem: “Uma professora que nãoesqueci”: relato; “Um amigo especial”: históriaem quadrinhos; “Uma lição aprendida”: relato;“O que era mais difícil”: desenho; “O que eramais fácil”: recorte e colagem; “O que mudariaem minha vida escolar”: lista de palavras. Essasfolhas serão reunidas em um álbum – oriente-osa fazer uma bela capa e inventar um título. Osálbuns podem ser expostos no dia de visita e,depois, guardados nos respectivos portfólios.1a parte:Nasce um escritorDistribua a ficha 4 e leia coletivamente o texto,parando em alguns pontos a fim de ajudá-los naconstrução do sentido do texto. Em seguidaconverse com a classe, destacando: as palavrasdesconhecidas; a parte do texto que acharam maisinteressante; a mais surpreendente; o papel daprofessora na vida desse aluno; outros comentários.Peça que leiam novamente o texto, procurandosaber se todos entenderam, esclarecendodúvidas, caso isso ocorra.2a parte:Aconteceu comigoEm seguida, retome a discussão do início do dia eoriente que relatem um fato ocorrido com eles, noverso da ficha 4. Marque novamente um tempopara realizarem a tarefa. Enquanto estiveremtrabalhando, caminhe entre eles, auxiliando os quetiverem mais dificuldade, estimulando-os paraque escrevam do jeito que souberem. Se houveralunos não-alfabetizados, dê pistas e, se fornecessário, “traduza” a escrita deles para a escritaconvencional, fazendo-o na própria ficha do aluno,de forma que ele possa acompanhar essa escrita. Sealgum jovem apresentar muita resistência aescrever, permita que use desenho ou colagem.

31EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

Neste novo milênio que se inicia, os avanços doconhecimento e da informação estão cada vez maisacelerados. Basta olhar em torno de cada um de nós: ainternet, os jornais, as revistas, a televisão... Assim quealgo acontece do outro lado do mundo, quase no mes-mo instante já se está conversando sobre o fato; bas-ta, por exemplo, que uma descoberta científica seja di-vulgada para que estejamos discutindo sobre ela.

No entanto, embora tenha havido ampliação das fon-tes de informações, estas chegam às pessoas de for-ma fragmentada e sua distribuição é desigual, tendoem vista a própria desigualdade social. Sem domínioda leitura e escrita, por exemplo, muitos jovens e adul-tos não têm acesso a informações. Quem já está àmargem da compreensão de uma série de conhecimen-tos básicos para sua cidadania, sem acesso às novastecnologias fica ainda mais distante da possibilidadede conquistá-la. A escola contribui para a integração esocialização da informação afinando seu currículo como conhecimento contemporâneo, democratizando seuacesso.

A escola é o espaço privilegiado para a transforma-ção do saber trazido pelo aluno em um conhecimentomais elaborado e organizado. Por exemplo, os alunoschegam à escola sabendo a diferença entre o dia e anoite, mas por meio do estudo do fenômeno da rota-ção da terra, organizado pela escola com a mediaçãodo professor, podem compreender por que isso acon-tece. O conhecimento escolar precisa estar muito liga-do ao vivido e observado, para que o aluno possa che-gar ao conhecimento sistematizado e à capacidade deabstração e generalização, formas mais elaboradas depensamento desenvolvidas por meio da observação,comparação, análise e síntese. De acordo com Charlot(1996), para que um novo conhecimento seja valoriza-do, os alunos precisam perceber a relação dele consi-go mesmos. Concordando com Sampaio (1998, p.14),acreditamos que é “na relação dos estudantes com oconhecimento produzido que este será transformadoem ferramenta de compreensão do real, em parte in-dissociável do conhecimento-processo, ou seja, da açãohumana de buscar significados, elucidar o real, consti-tuindo o objeto e se constituindo como sujeitos”.

Nessa visão, a escola propicia a apreensão simultâ-nea de conhecimentos e habilidades. Não é possíveldissociar uns de outras: não faz sentido “treinar” umahabilidade senão na apropriação de conhecimentos sig-nificativos em cuja aplicação ela é necessária. Exemplodisso é a lista, proposta por Bernardo Toro (1995), doque deve ser desenvolvido pela escola: domínio da lei-tura e da escrita; capacidade de fazer cálculos e de re-solver problemas; de analisar, sintetizar e interpretardados, fatos e situações; de compreender e operar noseu entorno social; de receber criticamente os meios

de comunicação; de acessar informações; e de traba-lhar em grupo.

Na verdade, a primeira dessas habilidades – o do-mínio da leitura e da escrita – é básica para várias ou-tras, como as de acessar e registrar informações, ana-lisar e interpretar dados, fatos e situações, comunicar-se a distância, expressar sentimentos, opiniões etc.Pesquisa realizada pela educadora Vera Masagão Ribeiro(1999) constatou que, entre mil moradores da cidadede São Paulo com 15 a 24 anos de idade, 6% não sabi-am ler, 25% liam com dificuldade e não conseguiamencontrar a informação necessária num anúncio deemprego. Ou seja, de cada quatro, um lia e não enten-dia o que lia: é o que denominamos analfabeto funcio-nal. Embora mais de dois terços estejam em condiçõesde ler e acessar informações, é alta a proporção deanalfabetos funcionais, em situação de desvantagemem relação aos demais. Pelas entrevistas realizadasdurante a preparação deste material, pudemos consta-tar que, embora haja grande número de jovens inter-nos na faixa de escolaridade que corresponde à 5a a 8asérie, entre eles ainda há muitos que apresentam difi-culdade na leitura e escrita. Pode ser que também se-jam analfabetos funcionais. Por isso, apesar de vocêter pouco tempo para trabalhar com esses jovens, pre-cisa estar atento para ajudá-los a avançar rumo à apro-priação da leitura e da escrita, como alertamos na In-trodução.

Mas a escola é também o espaço de aprender aviver em grupo e a respeitar limites; de praticar a soli-dariedade e elaborar regras de convivência. A convi-vência com o grupo pode ensinar o respeito ao outro ea si próprio, permitindo o exercício de princípios e valo-res éticos. A postura do professor em relação à convi-vência em grupo é fundamental para desenvolver a co-operação e a autonomia. Quando o professor promoveo diálogo, o aluno sente que há espaço para suas idéi-as, valores e sentimentos. Isso contribui para que pos-sa olhar para si mesmo e estabelecer contraponto en-tre as próprias idéias e as do outro.

Ao lado da escuta do professor, o grupo é funda-mental para que o aluno possa exercitar sua voz e seusilêncio, pois a convivência com a diversidade de opini-ões e de fatos é enriquecedora. Segundo Henri Wallon(1975, p.174), “o grupo é indispensável à criança, nãosomente para sua aprendizagem social, como tambémpara o desenvolvimento de sua personalidade e para aconsciência que ela terá dessa última.” É no confrontocom o diferente que temos a oportunidade de nos co-nhecer melhor, de ampliar o conhecimento do mundoe de aprender a ser solidários, o que “implica uma ati-tude de fraternidade, respeito às diferenças e consci-ência ética”

(Serrão e Baleeiro, 1999, p.140).

ARA QUE SERVE A ESCOLA

APROFUNDANDO

32EDUCAÇÃO E CIDADANIAAo final, sugira que dêem um nome ao texto.3a parte:Conte comigoDepois de explorar bem o texto, estimule-os aconversar sobre o que aprenderam na escola e quemarcou suas vidas. Comece você e não deixeninguém fora da conversa; valorize todos ossaberes que trouxerem.Discuta o que podem ensinar aos outros, dentro efora da FEBEM. Diga que há coisas que sabemose para as quais não damos muita importância, masque podem ser muito úteis para outra pessoa. Porexemplo, ensinar um colega a jogar futebol,capoeira ou xadrez, ajudar a escrever uma carta oua resolver uma atividade de Matemática, a fazeruma pesquisa em livros ou na internet etc. Quandoo jovem fala e mostra o que sabe fazer de melhor,sente-se valorizado por seus pares e tem mais umaoportunidade de fortalecer a auto-estima e a crençanuma nova possibilidade de vida. Atenção: se osjovens trouxerem alguma experiência do mundoinfracional, ouça, mas explique que esses saberesnão caberão na atividade proposta.Em seguida, mostre como são os classificados dosjornais e mostre ou leia para eles alguns anúncios dotipo “vende-se”, “troca-se”, “oferece-se”, “procura-se”. Recorde com eles propagandas veiculadas pelamídia, salientando os recursos utilizados. Irãoperceber como esse tipo de texto se organiza, o quevai ajudá-los a anunciar suas próprias qualidades.Depois da discussão, peça a cada um para escreverseu anúncio, no verso da ficha 4, seção “Contecomigo”. Explique que vão fazer um anúncio detroca, incentivando-os a rever suas habilidades ecolocá-las à disposição dos colegas.Se houver alunos que não saibam escrever ou quetenham dificuldade, ajude-os. Se necessário, elesfalam e você escreve. Deixe claro que eles são osautores do texto, e você, apenas o escriba.Forme pequenos grupos e ajude-os a reescrever osanúncios, isto é, a torná-los mais claros, objetivos eatraentes. Os anúncios corrigidos podem sertranscritos em meia folha de papel pardo. Expliqueque serão colocados num mural e outras pessoasirão lê-los, por isso precisarão usar letras grandes elegíveis. Circule entre os grupos e ajude sempreque houver necessidade.

Depois de prontos, junte-os num mural. (Ao fimda aula, exponha o mural no corredor ou outrolocal de grande circulação, valorizando osanúncios. Quanto mais pudermos dar umadestinação real às atividades realizadas, maiscontribuiremos para o desenvolvimento da leitura eda escrita dos jovens.)Em seguida, faça com a classe um levantamento,dentre os anúncios, daqueles que mostramconhecimentos geralmente aprendidos na escola,registrando-os na lousa. Pergunte se, paradesenvolver essas habilidades ou conhecimentos, oaluno teve ajuda de alguém (professor, colega,familiares); se faz pouco ou muito tempo queaprendeu; se foi difícil ou fácil aprender etc.Tome uma folha de papel pardo e escreva:“Procura-se uma escola em que eu possaaprender…” Dê tiras de papel para cada um esolicite que escrevam algo que gostariam deaprender na escola para colar nesse anúncio.Depois que todos colarem suas tiras, faça umaleitura para ver qual a expectativa desses jovenscom relação à escola.Síntese das atividadesOrganize a classe em um círculo e peça parafalarem sobre as aprendizagens desse dia. Observese as idéias principais estão garantidos. Se houverdúvidas, retome alguns dos aspectos destacados:� a escola é um lugar em que podemos aprender

muito;� há muitos conteúdos e habilidades aprendidos

na escola de que nunca nos esquecemos;� há uma relação entre o que sabemos hoje e os

conteúdos aprendidos na escola;� podemos ajudar outras pessoas ensinando o que

sabemos fazer bem;� podemos continuar a aprender sempre.Avaliação do diaTermine as atividades desse dia, retomando oplanejamento feito com eles no início da aula,avaliando se cumpriram o proposto, em queaspectos se detiveram mais e por quê, a queprecisam dedicar mais tempo. Finalmente, peçaque resumam em uma palavra ou frase o queacharam das atividades do dia.

33SUBTEMA 5RETOMANDOA HISTÓRIA PESSOALE PROJETANDO OFUTURONuma idade em que os jovens sãoconfrontados com os problemas daadolescência, em que, de algum modo,se sentem já com maturidade, massofrendo, de fato, por falta dela, em queestão não descuidados, mas ansiososquanto ao futuro, é importanteproporcionar-lhes meios para refletireme prepararem o futuro, diversificar ospercursos em função das suascapacidades, e agir, sempre, de modo aque as suas perspectivas não saiamgoradas e possam, a qualquer momento,retomar ou corrigir o percurso iniciado.

Jacques Delors

Estamos terminando uma semana de muitasreflexões sobre Educação. Sabemos que nemtodos os jovens participaram integralmente dasatividades mas, mesmo assim, queremos, comoem todos os outros temas, propiciaroportunidade de uma retomada de sua históriapessoal, para que possam (re)desenhar seuprojeto de vida. Assim, o propósito destesubtema é rever os conteúdos discutidosdurante a semana e analisar com eles o queficou dessas reflexões, que possam incorporar asua história futura.

Falar de projeto de vida é desafiante e ao mesmotempo delicado. Você precisa estar atento paraimpulsioná-los e incentivá-los, reafirmando queacredita no potencial que eles têm. Por isso, éimportante que retomem as fichas trabalhadas(além de relembrar o processo vivido, podemdar dicas para aqueles que não participaram detoda as discussões) e comecem agora a pensarna construção desse projeto.

Normalmente, na adolescência, os jovens voltam-se para si mesmos à procura de uma definição no es-tudo, na profissão, no amor, buscando afirmar-se comopessoas, e passam por muitas crises. Aqueles a quemse atribui a prática de atos infracionais, como os de-mais adolescentes, também passam por essas crises,agravadas pelo fato de que nem sempre contam comapoio da família ou da própria sociedade, o que podegerar falta de perspectivas.

Esse processo de descobrir-se e de descobrir omundo gera angústias porque o jovem percebe quedeverá fazer escolhas e elaborar projetos. Assim, asquestões existenciais passam a ter grande significa-do: Quem sou eu? Por que estou aqui? Para que estouaqui? Qual o sentido da vida? O que quero para minhavida? Que caminhos posso tomar? Quem pode me aju-dar?

Todas essas questões podem criar uma sensaçãode vazio no adolescente e a “sociedade atual, voltadapara o ter, não facilita o preenchimento desse vazio,pois estimula e impulsiona o adolescente a pensar eresolver a vida com base no poder quase sempre pro-veniente de aquisições materiais...” (Serrão e Baleeiro,1999, p.278). Esse é um dos fatores que pode levar ojovem a aproximar-se de drogas, prostituição, rouboetc. e perder a vontade de estudar ou de aprender umaprofissão. As questões existenciais, que já fazem par-te da vida da maioria dos adolescentes, são acirradaspelas condições desfavoráveis do meio em que vivem.

Dessa forma, é particularmente importante a pre-sença de adultos para ajudar os jovens a estruturar seuprojeto de vida. O jovem precisa fazer uma reflexãocrítica do percurso já vivido, identificando o que preci-sa ser mudado e o que já tem como alicerce para cons-truir um caminho. Precisa ter clareza do que quer fazere encontrar o melhor caminho para a concretização des-se projeto, que se construirá em etapas. Esperamosque as reflexões realizadas possam servir de suportepara o início da elaboração desse projeto e que neleesteja incluído a continuidade ou retomada dos estu-dos como algo prioritário.

Somente dentro de uma visão que abranja presen-te, passado e futuro é que o projeto de vida pode en-contrar ressonância. “A construção do projeto de vidaé instância de um projeto de desenvolvimento pessoale social. Quando o adolescente se revela preparadopara iniciar essa construção, isto significa que formousua identidade, compartilhou-a com o grupo e se tor-nou capaz de comunicar sonhos, desejos, planos emetas, podendo ingressar numa nova etapa de vida”(Serrão e Baleeiro, 1999, p.278). Afirmar que o jovemformou sua identidade em poucos dias é muita preten-são, mas acreditamos que, ao discutir com você e comos colegas, ele tenha “agarrado” algo que havia se per-dido, retomando fios tecidos – e talvez embolados –dessa história.

Professor, retome você também seus próprios pro-jetos e conte aos alunos, pois isso certamente os aju-dará a acreditar numa nova possibilidade de vida.

ROJETO DE VIDA

APROFUNDANDO

34EDUCAÇÃO E CIDADANIAATIVIDADEPROJETANDO O FUTUROMaterial necessário: crachá ou etiqueta;cartazetes com frases; folhas de sulfite;canetas coloridas, lápis de cor, guache, pincel;restos de papel, revistas; cola, tesouras; ficha5; fita gravada com a canção Amanhã, deGuilherme Arantes; aparelho de som.

Apresentação dos novosComo sempre, se houver alunos novos, não seesqueça de fazer uma atividade de acolhimento.Para sua realização, os jovens devem ter um cracháou etiqueta com o nome colada no peito. Propomosa dinâmica “A da direita está vaga”. Faça umcírculo usando as cadeiras, deixando uma vazia. Oparticipante que estiver ao lado esquerdo da cadeiravazia deverá apresentar o nome de um colega, quedeverá sentar-se nela, deixando sua cadeira paraque outro integrante chame alguém para ocupá-la.Quando apresentar o colega ao grupo, deveexplicar essa escolha por uma semelhança consigo(apresento o Carlos que é alto como eu, apresentoo André que é alegre como eu etc.).Retomada do dia anteriorConverse com a turma sobre o dia anterior, peçapara os alunos apresentarem os anúncioselaborados, aquecendo a discussão. Sugira aosnovos participantes que façam um anúnciotambém, para integrá-los ao grupo. Em seguida,retome tudo o que foi discutido na semana. Sevocê fez o registro das atividades com os alunos, seexpôs tudo o que fizeram, essa retomada será maisobjetiva e significativa, salientando os pontos altose as descobertas que cada um realizou e como ogrupo ajudou.Peça para se sentarem em roda e compartilharemsuas experiências. Você pode anotar tudo em umafolha de papel pardo, para uma visão do quanto foiproduzido durante a semana e das descobertas ouaprendizagens feitas.Planejamento do diaConverse com o grupo dizendo que este subtema éimportante para esboçarem um projeto de vidapessoal e escolar. Ao longo do dia, terão aoportunidade de:

� Ler e discutir cartazetes com provérbios.� Construir uma linha do tempo.� Ouvir e cantar a música Amanhã, de Guilherme

Arantes.� Iniciar a elaboração de um projeto de

vida.ProblematizaçãoOrganize a classe em semicírculo, deixando bomespaço para poderem se movimentar e ver a lousa.Toque uma música suave e distribua na lousa oscartazetes com as seguintes frases (os cartazetes sãoreproduzidos neste fascículo ao final das fichas; eos arquivos para imprimi-los encontram-se nodisquete, junto com o arquivo das fichas):� Começar, já é metade de toda a ação.

(provérbio grego)� Há três coisas que não voltam atrás:

a flecha lançada, a palavra pronunciada e aoportunidade perdida.(provérbio chinês)

� O rio atinge seu objetivo porque aprendeu acontornar obstáculos.(Lao Tsé)

� Você não pode mudar o passado...mas pode mudar o amanhã com seus passos de hoje.(origem desconhecida)

� Profetizar é extremamente difícil...sobretudo em relação ao futuro.(provérbio chinês)

� Uma visão sem ação é somente um sonho.Uma ação sem visão é apenas um passatempo.Uma visão com ação pode transformar o mundo.(origem desconhecida)

Chame a atenção dos alunos para as frases,explicando que provérbios são ditos da sabedoriapopular, em geral de caráter prático, que passamoralmente de uma geração a outra e às vezesatravessam séculos. Em geral, eles valem para asociedade e cultura onde foram criados, mas àsvezes também para outras sociedades. Leia com aclasse os provérbios, comentando sua origem, epeça que cada um escolha um. Em seguida,formarão grupos segundo os provérbiosescolhidos.Dê um tempo para os grupos discutirem as

35EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

respectivas frases, indicando por que foramescolhidas e qual o significado delas, registrando asconclusões. Circule entre eles a fim de perceber sehá dificuldade, inclusive de vocabulário, e ajude-os. Se houver discordâncias, discuta o porquê.Abra um painel para a apresentação das conclusõese encerre as discussões, apontando a importânciade se ter um projeto de vida, um plano comobjetivos a serem alcançados e etapas a seremvencidas.Desenvolvimento da atividade1a parte:Pensando no futuroProponha algumas questões:� Quem tem um projeto ou sonho que quer

muito realizar?� Por que você tem esse projeto?� Você já fez alguma coisa para que ele se

tornasse realidade?� Você sabe o que precisa fazer?� Com que recursos você conta para conseguir

atingir seu sonho?� Quais as principais facilidades e dificuldades

que espera encontrar nesse percurso?Explicite a importância de se ter um projeto devida, com propósitos claros e definidos; umapessoa sem projeto, normalmente, ficadesorientada e sem perspectiva. Expliquetambém que a construção e realização de umprojeto é um processo que pressupõe: desejo,vontade (querer fazer alguma coisa);investimento (exige alguma ação: voltar para aescola, procurar alguém que ajude, aprender algonovo...); colaboração (não é um processosolitário, mas requer ajuda de outros);planejamento (para se concretizar um projeto, emque várias ações precisam ser realizadas, deve-sepriorizar as mais urgentes e deixar para segundoplano as demais); tempo (leva-se tempo paradesenvolver um projeto e atingir os alvosdesejados); persistência (obstáculos podemsurgir, mas não se deve desistir); continuidade(um projeto realizado sempre abre possibilidadespara novos projetos). Converse com os alunosdizendo que esse é um momento especial, que

exige concentração de todos, já que eles vãoesboçar seu projeto de vida.Distribua folhas de sulfite e coloque os materiaisprevistos (canetas, revistas etc.) à disposição, paraconstruírem uma linha do tempo, projetando ofuturo e incorporando todas as reflexõesrealizadas até aqui. Explique que vão registrar,numa folha, o momento presente; em outra, o queacham que acontecerá daqui a dez anos,reservando-a para ser colocada por último nalinha do tempo. Nas demais folhas, que serãocolocadas entre a primeira e a última, vãoregistrar as ações necessárias para esse futuro setornar realidade. Podem registrar da forma quequiserem: escrita, desenho, colagem...Circule entre eles, para ajudá-los nas dúvidas,questioná-los quanto à pertinência dos propósitose a coerência entre os propósitos e as ações.Peça para prenderem as folhas num barbante eapresentarem aos colegas. Por fim, cole na paredeas várias linhas do tempo (não se esqueça de quedepois essa produção deve ser anexada ao portfóliode cada um). Em seguida, entregue a ficha 5, paraque registrem no quadro da frente da ficha oprojeto esboçado.2a parte:Meu percurso escolarComo entendemos que a retomada dos estudos éfundamental para todos os jovens, propomos aatividade “Meu percurso escolar”. Ela permitiráque revejam o seu passado, localizem-se nopresente e apontem perspectivas de futuro, emrelação aos estudos.Oriente o preenchimento do quadro no verso daficha 5 até o presente, para registrarem as séries jácursadas, as escolas pelas quais passaram, pessoas efatos importantes nessa trajetória. Ressalte que aficha poderá ser completada por eles à medida queforem continuando sua trajetória escolar fora daFEBEM. Mostre que há espaço parapreencherem até o 3o ano do ensino médio e quevocê acredita que eles vão chegar lá.3a parte:O amanhã também depende de mimPara terminar esse dia de forma otimista e aindaoferecer elementos para mais reflexões, propomos

36EDUCAÇÃO E CIDADANIAo trabalho com a canção Amanhã, de GuilhermeArantes. Embora essa música provavelmente nãopertença ao repertório desses jovens, acreditamos que podemos ampliá-lo. Convide-osa ouvir a música primeiro e, depois, toque-a denovo para acompanharem a letra (ficha 5) ecantar junto.Pergunte se já a conheciam e peça para fazeremuma leitura atenta da letra. Se houver alunos quenão saibam ler, faça essa atividade em duplas.Estimule a discussão e a troca de idéias.Em seguida, peça para registrarem, em folhasavulsas, como desejam o seu amanhã, usando omaterial e o tipo de linguagem que quiserem.Deixe à disposição canetas coloridas, lápis de cor,guache, pincel, restos de papel, revistas, colas,tesouras etc. Lembre-se: por mais simples quepossam parecer, todos os sonhos são importantes edevem ser respeitados. Esses “amanhãs” deverãodepois ser guardados nos portfólios.SínteseOrganize os alunos em círculo e pergunte o queaprenderam no dia. Liste na lousa o quelembrarem e acrescente o que julgar necessário.Ressalte que:� é importante ter um projeto de vida;� qualquer projeto de vida implica ter objetivos a

alcançar;� nunca é tarde para aprender e recomeçar;� o amanhã também depende deles.

Avaliação da semanaNo alto da lousa, escreva os títulos dos subtemastrabalhados na semana. Com a classe, recapitule osprincipais conteúdos de cada um. Incentive-os afalar e esteja atento para mostrar algum ponto quetenha sido esquecido pelo grupo.Entregue meia folha de sulfite para cada um e peçapara registrarem:� dentre as aprendizagens da semana, duas que

consideram mais importantes;� a atividade que trouxe mais dificuldade;� a realizada mais facilmente;� a mais divertida;� uma frase sobre o que foi trabalhado no

subtema desse dia.Dê uma comanda de cada vez, para não confundi-los na realização da avaliação. Recolha essas folhas,pois lhe serão úteis ao replanejar o trabalho comeste módulo.Palavra finalEducador, esperamos ter contribuído para odesenvolvimento de seu trabalho. Quando estamosdiante de um desafio como esse, às vezes nosperguntamos: Será que valeu a pena? Será quepude realmente ajudar esses jovens?Acreditamos que o ser humano é sempre umapossibilidade: acreditamos que o jovem podemudar e que você pode ajudá-lo. Se você tambémtiver essa crença, o trabalho será mais fácil.Deixamos com você uma frase de Madre Terezade Calcutá: “Sei que meu trabalho é uma gota nooceano, mas sem ele o mar seria menor”.

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SUGESTÕES PARA O ACERVODA UNIDADELivrosORTIZ, Esmeralda. Esmeralda: por que não dancei. São

Paulo: SENAC-SP, 2000.

Filmes / vídeosCONRAK (dir. Martin Ritt). EUA, 1974.

Professor é enviado para lecionar numa ilha onde sóvivem negros. Contrariando a diretora e um inspetorda escola, que tentam impor-lhe um estiloautoritário, Conrak proporciona um ensino muitodiferente.

A CORRENTE do bem – Pay it forward (dir. Mimi Leder).EUA: Warner, 2000. 115 min.

Jovem estudante inventa um jogo envolvendo trocade favores, estimulado por seu professor, que odesafia a criar algo inédito que possa melhorar omundo.

MENTES perigosas – Dangerous minds (dir. John Smith).EUA, 1995. 97 min.

Uma oficial da marinha americana abandona acarreira militar para realizar o antigo sonho de serprofessora de inglês. Mas enfrenta dificuldades paradespertar o interesse dos alunos.

MEU pé esquerdo (dir. Jim Sheridan). Miramax, 1989.

38EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Narra a vida do escritor e artista irlandês ChristyBrown que, com severa deficiência física, lograexpressar-se por meio da pintura, usando seu pé.

MR. HOLLAND, adorável professor – Mr. Holland’sopus (dir. Stephen Herek). EUA, 1995. 142 min.

Professor de Música no colegial, cujo filho nascesurdo, forma banda de deficientes auditivos. Amensagem é a da valorização do esforço abnegadopara melhorar a vida do outro, independente docusto individual.

O PREÇO do desafio – Stand and deliver (dir. RamónMenendez). EUA: Warner, 1987. 105 min.

Um professor, imigrante boliviano nos EUA, aplicaPsicologia e Filosofia para despertar nos alunos deuma escola pública o interesse pela Matemática.

QUANDO tudo começa – Ça commence aujourd’hui(dir. Bertrand Tavernier). França, 1999. 117 min.

Aclamado por mesclar com sucesso lirismo ecrítica social, o filme retrata o trabalho de umprofessor numa cidade do interior francês que,contrariando seus superiores, se envolve nosproblemas da comunidade pobre atendida pelaescola.

CDDOS MANOS de cá para os manos de lá. Faixa 12,

Encontrei a solução, de Cláudio Adão, CleitonRodrigo e Eduardo Henrique. São Paulo: ProjetoFique Vivo ( Programa Estadual de DST/Aids,NEPAIDS/USP, FEBEM-SP); Campeã Studio K, s.d.

Todos os textos e imagens de terceiros são aqui reproduzidos com a expressa autorização de seus autores ou de seusrepresentantes legais.O Cenpec e a autora deste módulo agradecem a gentil cessão de direito de uso de textos e/ou imagem de ClaudemirCabral e Elifas Andreato.Reprodução de texto de Carlos Drummond de Andrade (p.49): © Graña Drummond

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RelatoLeia o relato de Paula, de 16 anos, que descobriu uma nova força para viver.

Saí da FEBEM de São Paulo no dia 2 de novembro.Na instituição, eu tinha começado a fazer teatro.As aulas e uma apresentação, que aconteceu emoutubro, me deram alegria e força para retomar aminha vida. Eu e mais 120 internos apresentamosa peça Num lugar de La Mancha, que conta ahistória de Dom Quixote, um cavaleiro que sai pelomundo para fazer justiça. Nem acreditei quando via platéia lotada!Agradeci muito a oportunidade, que me encheu deesperança para seguir meus sonhos. Ao voltarpara casa, fui correndo à escola. Preciso estudarporque quero ser aeromoça ou guia de turismo.Adoro viajar.Nasci em Santos, no litoral paulista, mas logominha mãe se mudou para São José do Rio Preto,no interior. Ela era prostituta. Com 9 meses, eu não

tinha o que comer e estava morrendo. Até que umnamorado de minha mãe me levou para a casa deparentes dele, que me criaram. Tive uma infâncialegal, conheci praias, estudei nos melhorescolégios. Minha mãe sempre me visitava. Mas,cada vez que ela vinha, estava com homemdiferente, e dizia que era meu pai. Tinha vergonhadela. Quando aparecia, eu saía correndo.Aos 14 anos, por curiosidade, comecei a usardrogas. Uma vez me pegaram cheirando cola.Fui internada em várias clínicas, mas não teve jeito.Fiquei como a minha mãe. Acho que quis saber oque ela sentia. Pratiquei alguns furtos e aos16 anos acabei indo para a FEBEM. Meu mundodesabou. Fiquei muito triste, chorei. Mas depoisda experiência no palco, minha esperança voltou.Hoje não uso mais drogas. Agora minha vidaé só alegria!...

A NOITE EM QUE VIREI ESTRELA

� Agora, registre aqui as conclusões a que a classe chegou sobre a história de Paula.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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NOME DATA

Para expressar sua alegria, Paula escolheu este poema:

Fiz da minha vida um palcosem atores, para a peça em cartazSem ninguém para aplaudir essemeu pranto, que vai pingandode uma poça e no palco se faz.Palco triste é meu mundo desabitadoSolitária, me apresento como um astroAstro que chora, ri e se curva à derrotaDerrotada, muito mais astro me façoTodo mundo reparou no meu olhar triste,Mas o mundo estava cansado de verAí, o mundo se esqueceu da minhaestréia, pois tinha outro compromisso.

Mas um dia, o meu palco escuro,Muita gente curiosa veio verNo palco um corpo estendidoEram meus fãs que vieramPara me ver morrer.Esta noite foi a noite em que virei astroA multidão estava lá, atentaComo eu queriaSuspirei eterna e vitoriosa,Pois ali um personagem nasciaEu astro do mundo viviaE a minha solidão morria.

Extraído do diário de Paula

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NOME DATA

Realizando sonhosVeja como um jovem pode fazer diferença, quando acredita no que faz. Leia e discutacom os colegas o texto abaixo.

O SONHO DE CLAUDEMIR

Conversa sobre o textoO que você achou da história de Claudemir?Com certeza, ele trabalhou muito para que seu sonho se tornasse realidade. Chegou a usaro espaço de sua própria casa para realizar seu sonho. Apesar de muito jovem, já estácolhendo frutos do seu esforço.Que tal escrever uma mensagem para ele? Com certeza ele ficará feliz em receberincentivos para continuar seu trabalho. Discuta com os colegas e escreva a mensagem,pedindo ao professor que a envie para Claudemir.

Faça o rascunho dela aqui.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Meu nome é Claudemir Alexandre Cabral. Nasciem Orobó, Pernambuco, em 26 de agosto de1980. Mudei-me para São Paulo aos 4 anos evim morar na comunidade de Paraisópolis,região próxima ao Morumbi.Minha mãe, Dona Gessi, sempre me incentivoua ler, e o hábito da leitura acabou setransformando em gosto e prazer. Com apenas10 anos de idade, já dava aulas na sala de minhacasa, pela manhã, alfabetizando 30 crianças.Muitas delas não freqüentavam a escola. Àtarde, eu estudava e, à noite, alfabetizava 30adultos. Fiz isso durante quatro anos einterrompi por motivos de saúde.Nesse período, já sonhava com a criação deuma biblioteca, mas foi somente aos 15 anosque comecei a realizar esse sonho, com acolaboração de colegas e amigos. Assim,em 3 de setembro de 1995, nascia a BECEI –Biblioteca Escola Crescimento EducaçãoInfantil, na sala de minha casa, com apenas15 livros.Este sonho tornou-se real contando com aparceria de diversas instituições: AssociaçãoEscola Graduada Americana de São Paulo,

Nestlé, Rotary Club de São Paulo - Moema,TESC-Sistema de Controle, Colégio PortoSeguro, Hospital Israelita Albert Einstein,Colégio Magno. Teve repercussão em todos osmeios de comunicação possíveis. Além delivros, recebi a doação de um computador commodem e, também, cestas básicas.Em 1997, fui convidado a entregar o Prêmio deLiteratura Brasileira ao escritor Carlos HeitorCony e recebi, na ocasião, uma homenagem daFundação Nestlé de Cultura.Hoje, nossa biblioteca tem um acervo de maisde 12.000 livros, instalados num espaço de 70metros quadrados, doado pela Escola GraduadaAmericana de São Paulo. A BECEI conta comoito funcionários voluntários e atende de 100 a200 pessoas por dia, tendo um gasto médio deR$400,00 por mês com papel, energia, água,telefone, produtos de limpeza e outros.Agora com 20 anos, 16 vivendo na comunidadede Paraisópolis, estou cursando o 2o ano doensino médio. Pretendo formar-me emPedagogia e Magistério.Fonte: Depoimento de Claudemir Cabral à autora

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Encontrando caminhos

Projeto QuixoteRecebe crianças e adolescentes, prestando atendimento porpediatras, psiquiatras e psicólogos. Os jovens e suas famíliasrecebem orientação, dentro ou fora das unidades, inclusivequem está em liberdade assistida. Oferecem também váriasoficinas de artes, música, dança e artesanato.Endereço: Rua Prof. Francisco de Castro, 92 Vila Clementino04020-050 São Paulo,telefones 5576-4386 e 5571-9476;e-mail: [email protected] TravessiaAtende meninos e meninas que vivem na rua, na região centralde São Paulo. Faz um trabalho integrado com outras instituições,para que os adolescentes possam retornar a suas famílias ouconstruir novas formas de vida familiar ou independente,deixando de viver na e da rua.Endereço: Rua São Bento, 365, 18o andar Centro01011-100 São Paulo,telefones 3105-1059 e 3105-1050;e-mail: [email protected] Fique VivoFoi criado para promover a prevenção à AIDS entre jovens emsituação de maior risco social. Atualmente, as atividades doprojeto são realizadas em unidades de internação da FEBEM,oferecendo espaços de expressão por meio de teatro, dança ecapoeira.

Endereço: Rua Santa Cruz, 81- V. Mariana – São Paulo- CEP:04121.000, telefones 5084-0777 e 5084-5236;e-mail: [email protected] Cidade-Escola AprendizMantém programas complementares à escola, sobrecomunicação e novas tecnologias para estudantes de escolaspúblicas e particulares. Dentre as várias atividades destacam-seas oficinas chamadas 100 Muros, promovidas por arte-educadores. Os jovens pintam azulejos ou ladrilhos com temasde sua escolha, formando grandes murais que embelezam acidade de São Paulo.Endereço: Rua Belmiro Braga, 146/154,telefone 3813-7719; site: www.uol.com.br/aprendizProjeto Olha o menino / IlanudÉ um projeto que nasceu na área jurídica e que hoje se ampliapara fortalecer o jovem em sua defesa. É resultado de umaparceria do ILANUD, que é um órgão da ONU, e um grupo deestudantes de Direito e Psicologia da PUC. Faz acompanhamentodentro das próprias UIPs, participa do julgamento trazendo dadosda história de vida, procurando facilitar a visão do juiz; faztambém acompanhamento das famílias. Procura alternativas deajuda para os jovens dentro de suas comunidades e atendemeninos de rua.Endereço: Rua Dr. Vila Nova, 268, 3o andar, São Paulo,telefones 3150-1059 e 3150-1060;e-mail: [email protected]

Além da “escola da vida” e da escola obrigatória, também se pode aprender – e encontrar caminhos erealizar sonhos – com a ajuda de pessoas que trabalham em outras instituições.Por exemplo, Esmeralda, ex-menina de rua, tinha várias passagens pela FEBEM. Por meio de pessoas queconheceu na Unidade, conseguiu se livrar das drogas, pois passou a freqüentar o Projeto Travessia e oProjeto Quixote. Ela escreveu um livro que foi publicado, Esmeralda: por que não dancei. (Se quiser sabermais sobre ela, leia-o na biblioteca de sua Unidade.) Esses dois projetos que ajudaram Esmeralda têmajudado muitos outros jovens. São desenvolvidos por organizações não-governamentais (conhecidas comoONGs), de pessoas preocupadas com os direitos das crianças e adolescentes, inclusive o direito à saúde eo direito a uma vida melhor.

Leia abaixo o que estas e outras ONGs fazem e seus endereços. Você poderecorrer a elas estando na FEBEM ou fora. Guarde bem esta ficha e use-a sempreque precisar.

Junto com os colegas e o professor, você fez um levantamento dos lugares em quepode realizar atividades, conhecer pessoas, aprender coisas novas ou contar comajuda. Registre aqui os lugares onde gostaria de ir e o que gostaria de fazer aí. (Seem sua região não houver lugares para ajudá-lo a realizar sonhos, procureinformar-se com educadores da Unidade, na Prefeitura ou no Conselho Tutelar desua cidade.)____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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NOME DATA

Procurando caminhosEsta imagem é um dos muitos desenhos e gravuras realizados por um grandebrasileiro: Elifas Andreato. Leia a história desse artista e veja como ele perseguiubravamente seu sonho.O SEMEADORAo Paraná, meu estado, terra de homens que semeiam sonhos

Desenho de Elifas Andreato feitoem 1984 para o “cantadô” RolandoBoldrin (Andreato, 1996, capa)

O autor desse desenho, Elifas, é umautodidata, isto é, formou-se artista na escolada vida. Nascido no interior do Paraná, teveuma infância pobre, mudando-se de um ladopara o outro. O pai abandonou a família porum tempo, o que o obrigou a trabalhar desdemuito cedo para ajudar a mãe, sem poderestudar. A mãe conseguiu colocá-lo numafábrica de brinquedos de um japonês, ondeele começou a tomar gosto em criar coisas.Mais tarde veio para a periferia de São Paulo,trabalhou como lustrador de móveis e nashoras vagas esculpia peças em sucata degesso. Aos 14 anos, com o apoio de umvizinho, foi trabalhar numa fábrica comoaprendiz de torneiro-mecânico. Mesmoanalfabeto, começou a desenhar charges para

o jornal da fábrica. A princípio, somente osamigos sabiam de seu talento, mas logo foidescoberto e convidado a decorar o salão defestas da fábrica.Elifas começou a freqüentar um curso dealfabetização dentro da própria fábrica econtinuou a criar desenhos e sonhos cada vezmaiores. Tirando idéias de um livroemprestado de um amigo e de revistasemprestadas da banca, criou painéis ecenários para os bailes dos operários. Foiassim que entrou em contato com as obrasde Portinari e Di Cavalcanti, grandes pintoresnacionais. Seu trabalho foi descoberto poruma jornalista que visitou o refeitório daempresa em que trabalhava: ele viroureportagem de jornal e televisão.

EDUCAÇÃOE CIDADANIA

FICHA 2BEDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

43

Quando a empresa fez 50 anos, ele elaborouum grande painel, que chamou a atenção deum grupo de ingleses visitantes. Eles ficaramadmirados diante da obra desse rapazsimples, um mero meio-oficial, que conciliavao trabalho da oficina com criação. Sugeriramque a fábrica o mandasse embora, para queele pudesse estudar com o dinheiro daindenização, o que acabou por acontecer. Noentanto, infelizmente não pôde realizar osonho de estudar, pois seu pai gastou quasetodo o dinheiro em bebida e ele demoroumuito para achar um novo emprego.Bateu em várias portas, desde TVs apequenas agências publicitárias, até chegar àEditora Abril. Lá trabalhou como estagiário emvárias revistas, tendo a oportunidade de fazerum treinamento intensivo, dois meses emcada publicação, com farto material à suadisposição: tintas, livros de arte etc. Muitasmãos o tinham ajudado até chegar ali, masagora dependia dele.Com apenas 22 anos, trabalhou num projetosobre História da Música Popular Brasileira.Esse trabalho com autores e intérpretes abriuespaço para a criação de muitas capas dediscos. Com apoio e incentivo de chefes ecompanheiros na Abril (como Pedro PauloPoppovic, Victor Civita), criou um estilo

Conversa sobre o texto� O que você achou da história de Elifas?

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� Releia a história e faça uma lista das pessoas que o ajudaram ao longo de seucrescimento.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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� E você, o que gostaria de vir a ser? Qual o seu sonho?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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próprio. Terminado o expediente, descia paraa gráfica e lá, junto com os operadores egráficos das oficinas, aprendeu a diferençados matizes, a força das cores, a delicadezado corte nas fotos. Em 1972, com apenas 25anos, tornou-se o diretor de arte de toda aAbril Cultural.Durante o período da ditadura militar, Elifasparticipou de uma organização clandestina deesquerda e, paralelamente ao trabalho naeditora, começou a colaborar com osemanário Opinião, que era de oposição àditadura e que enfrentou muitos problemascom a censura. Esse trabalho acabou criando-lhe problemas e ele deixou o cargo na Editora,passando a trabalhar de forma independente.Continuou sua militância por muitos anos, nãotendo medo de trabalhar com artistas queestavam sob a mira da censura no governomilitar. Ilustrou capas de livros e de discos, oque lhe rendeu 21 prêmios. Criou várioscenários para peças de teatro, cartazes ecalendários. No entanto, de todas as suasconquistas, destaca-se a mais recente: aos 44anos, tornou-se mestre dos saberes gráficos,ao ser nomeado professor titular daUniversidade de São Paulo. Professor, semnunca ter sido aluno nem mesmo de umaescola pública.

Continuação

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FICHA 2B VERSOEDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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NOME DATA

� Repare o título do gráfico: ele indica de que assunto trata? Experimente explicá-loem suas palavras.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

� Verifique quais são o menor e o maior valor indicados pela altura das colunas.Escreva o que significam esses valores.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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� Observando o gráfico, o que você pode concluir, sobre o número de crianças naescola no Brasil?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Você já sabe que “36%” (por exemplo no caso do gráfico acima) significa 36 crianças (de 7a 14 anos) em cada grupo de 100 crianças da mesma faixa de idade.

A escola ao alcance de todos...Observe a figura com atenção: este é um gráfico de colunas.

Porcentagem decrianças de 7 a 14anos matriculadasem escola, Brasil,

1950-1999

Fonte: INEP/MEC (BRASIL, 2001)

� Usando as informações dográfico, complete estequadro, calculando o quese pede, para grupos deoutros tamanhos. Algunsdados já estãopreenchidos, é só vocêcontinuar. Atenção àúltima coluna!

MATRÍCULA NA ESCOLA NO BRASILEm cada grupo de Crianças na Crianças na Crianças fora daescola em 1950 escola em 1980 escola em 1999

Você escolhe o número decrianças e faz os cálculos

1950 1960 1970 1980 1991 1996 1999

100908070605040302010

0

%

ANO

3645

67

8086

9197

100 crianças 36

200 crianças 160

300 crianças 9

1000 crianças

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Observe a tabela e seu título, para depois responder às questões.Ano Taxa de defasagem

Brasil 1996 472000 43

São Paulo 1995 261999 16

...mas com repetência e defasagemApesar de praticamente todas as criançasbrasileiras terem acesso à escola, como vimos,nem todas vão bem nos estudos. A escola temproblemas: a divisão em séries, cada umaprogramada para crianças de uma determinadaidade; matérias pensadas para seremaprendidas só naquela série; sistema de provase notas que nem sempre refletem o que o alunosabe; obrigação de repetir toda a série, quando

o aluno não sabe bem só algumas coisas...Por esses e outros motivos, muitos alunosbrasileiros repetem uma ou mais séries, eacabam sendo muito mais velhos que a maioriade seus colegas de turma. Esse fenômeno échamado de “defasagem idade-série”. A taxa dedefasagem idade-série expressa a proporção dealunos com idade maior do que a idade idealpara a série que estão cursando.

� Repare primeiro nos valores indicados para o Brasil. Escreva uma frase explicandoo que os números representam.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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� Depois, leia os dados para São Paulo e compare-os com os dados para o paíscomo um todo. O que você conclui?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Agora você vai seguir as instruções do/a professor/a para construir dois gráficos decolunas, com os dados da tabela. Não esqueça de pôr os títulos.

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Taxa de defasagem idade-série(% arredondado) na 4a série,Brasil e São Paulo, 1995-2000Fonte: INEP/MEC (Brasil, 2000; 2001)

� Você se inclui no grupo dos “defasados”? Escreva uma frase com pelomenos uma conclusão que você tirou para si mesmo, com base no estudado (e noque o professor tiver falado acerca das classes de aceleração).____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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NOME DATA

A Constituição Brasileira, de 1988, afirmaque a freqüência à escola é obrigatóriapara crianças de 7 a 14 anos; e a Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB) reforça o direito à escola para todos.De acordo com essa lei, a educaçãoescolar está organizada da seguinteforma:� Educação básica, dividida em:

Educação infantil, para crianças de zeroa 6 anos; Ensino fundamental,obrigatório a partir dos 7 anos, comduração mínima de 8 anos; e Ensinomédio, com duração mínima de 3 anos.

� Educação superior.Além disso, há a modalidade Suplência ou“supletivo”, como é mais conhecido, parajovens e adultos que não puderam, porqualquer motivo, freqüentar escola naidade adequada. A suplência também édividida em:I 1a a 4a séries do ensino fundamental

(principalmente a cargo dasprefeituras), para maiores de 14 anos;

II 5a a 8a séries (principalmente a cargodo estado), com idade mínima de 16anos para ingresso;

III ensino médio (a cargo do estado), paramaiores de 18 anos.

Os responsáveis pela implantação dosistema de ensino, conforme o caso, sãoas secretarias estaduais e municipais deeducação ou o governo federal. Em 2001,

Para fazer valer meus direitosLeia com atenção este texto.

O DIREITO À EDUCAÇÃO ESCOLARno estado de São Paulo, a Secretaria deEducação tinha 89 Diretorias de Ensino emais de 7 mil escolas espalhadas por todoo estado – provavelmente uma delas pertode sua casa. Em cada município hásetores que administram as escolas (emgeral, de educação infantil e de 1a a 4a

série); conforme o tamanho do município,esse setor chama-se Secretaria ouDepartamento de Educação.A LDB garante aos alunos, dentre outrascoisas:� matrícula em qualquer série do ensino

fundamental (1a a 8a), semcomprovação de estudos anteriores,após avaliação feita pela escola(reclassificação);

� freqüência às classes de aceleração deestudos, caso o aluno esteja fora dafaixa etária prevista para a série;

� direito a períodos de reforço erecuperação em todos as matérias docurrículo em que o aproveitamento forconsiderado insuficiente;

� atendimento regular a jovens eadultos, com as mesmascaracterísticas e modalidades,adequadas às suas necessidades edisponibilidade. (E, de acordo com oartigo 427 da CLT – Consolidação dasLeis do Trabalho –, os empregadoressão obrigados a conceder aostrabalhadores-alunos o temponecessário para a freqüência às aulas).

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FICHA 3BEDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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Por outro lado, a LDB exige o cumprimento de um dever básico do aluno: comparecer àsaulas. A lei prevê a freqüência mínima obrigatória de 75% para sua aprovação.Além disso, o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente afirma:Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao plenodesenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação parao trabalho, assegurando-se-lhes:I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II – direito de ser respeitado por seus educadores;III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias superioresdo sistema de ensino;IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;V – acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência.Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico,bem como participar da definição das propostas educacionais.Saiba ainda que o direito à escolarização é garantido aos jovens até na situação de privaçãode liberdade, como manda o artigo 123 do ECA, em seu parágrafo único:Art. 123. (...) Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatóriasatividades pedagógicas.

É muito importante que você não pare de estudar porque, por meio dosestudos, você terá maiores condições de exercer seus direitos e deveres.

Agora, analise com os colegas esta situação-problema:L., de 15 anos, ex-interno da FEBEM, ao procurar retomar seus estudosfora da instituição, não foi aceito na escola pública de seu bairro.Discuta com o grupo o que L. deveria fazer para ter o seu direito assegurado. Poronde deveria começar sua procura? A quem recorrer? Que caminho percorrer?

� Registre a seguir as conclusões do grupo.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Continuação

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NOME DATA

Carlos Drummond de AndradeNasci numa tarde de junho, na pequena cidadeonde havia uma cadeia, uma igreja e umaescola bem próximas umas da outras, e que sechamava Turmalinas. A cadeia era velha,descascada na parede dos fundos. Deus sabecomo os presos lá dentro viviam e comiam,mas exercia sobre nós uma fascinaçãoinelutável (era o lugar onde se fabricavamgaiolas, vassouras, flores de papel, bonecos depau). A igreja também era velha, porém nãotinha o mesmo prestígio. E a escola, nova dequatro ou cinco anos, era o lugar menosestimado de todos. Foi aí que nasci: Nasci nasala do 3o ano, sendo professora D.Emerenciana Barbosa, que Deus a tenha.Até então, era analfabeto e despretensioso.Lembro-me: nesse dia de julho, o sol quedescia da serra era bravo e parado. A aula erade geografia, e a professora traçava no quadro-negro nomes de países distantes. As cidadesvinham surgindo na ponta dos nomes, e Parisera uma torre ao lado de uma ponte e de umrio, a Inglaterra não se enxergava bem nonevoeiro, um esquimó, um condor surgiammisteriosamente, trazendo países inteiros.Então, eu nasci. De repente nasci, isto é, sentinecessidade de escrever. Nunca pensara noque podia sair do papel e do lápis, a não serbonecos sem pescoço, com cinco riscosrepresentando as mãos. Nesse momento,porém, minha mão avançou para a carteira àprocura de um objeto, achou-o, apertou-oirresistivelmente, escreveu alguma coisaparecida com a narração de uma viagem deTurmalinas ao Pólo Norte.É talvez a mais curta narração no gênero. Dezlinhas, inclusive o naufrágio e a visita ao vulcão.Eu escrevia com o rosto ardendo, e a mão veloztropeçando sobre complicações ortográficas,mas passava adiante. Isso durou talvez umquarto de hora, e valeu-me a interpelação deD. Emerenciana:

EstímuloTemos falado muito de histórias de aprendizagem. Sugerimosque você agora leia a história deste autor, em que ele falaquando começou seu sonho de se tornar um grande escritor.

UM ESCRITOR NASCE...– Juquita, que você está fazendo?O rosto ficou mais quente, não respondi. Elainsistiu:– Me dá esse papel aí... Me dá aqui.Eu relutava, mas seus óculos eram imperiosos.Sucumbindo, levantei-me, o braço durosegurando a ponta do papel, a classe todaolhando para mim, gozando já o espetáculo dahumilhação. D. Emerenciana passou os óculospelo papel e, com assombro para mim,declarou à classe:– Vocês estão rindo do Juquita. Não façamisso. Ele fez uma descrição muito chique,mostrou que está aproveitando bem as aulas.Uma pausa, e rematou:– Continue, Juquita. Você ainda será um grandeescritor.A maioria, na sala, não avaliava o que fosse umgrande escritor. Eu próprio não avaliava. Massabia que no Rio de Janeiro havia um homempequenininho, de cabeça enorme, que faziadiscursos muito compridos e erainteligentíssimo. Devia ser, com certeza, umgrande escritor, e em meus nove anos acheique a professora me comparava a Rui Barbosa.(...)Extraído de Contos de aprendiz, 2001.

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Neste texto o autor – que se tornou um dos maiores escritores brasileiros – conta como ele“nasceu” como escritor. Juquita contou com o apoio de sua professora, D. Emerenciana,que acreditou em suas possibilidades.

Escreva uma história que tenha acontecido com você na escola: pode ser sobrealgo importante que aprendeu, sobre um professor especial ou um amigo quenunca esqueceu...____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Conte comigoCom certeza você aprendeu muita coisa, na escola ou em outro lugar, e agora poderia trocar esseconhecimento com os colegas, ensinando-lhes alguma coisa e, ao mesmo tempo, aprendendocoisas diferentes com eles.Leia os classificados do jornal que o/a professor/a trouxe para a sala de aula e observe-os. Elessempre anunciam as qualidades dos produtos. Agora faça um texto anunciando alguma aptidão,algo que você sabe fazer, quais habilidades deseja “doar ou trocar”.Veja alguns exemplos: “Troco jeito de desenhar com alguém que me ensine a fazer uma história paraa Oficina de Contos”. “Sei fazer contas ‘de cabeça’, posso ensinar os truques”. “Aprendi a usar ocomputador. Troco aulas com quem queira me ensinar a fazer poesia”. “Faço parte da banda ‘BateLata’ e posso organizar uma banda desse tipo com outro grupo e ensinar a batucar, mas em trocaquero aprender a dançar street dance...”

Escreva aqui seu anúncio.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Dentre os anúncios dos colegas, escolha aquele de que mais gostou e anote-oabaixo.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Continuação

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Agora, escreva o que ocasionou esse/s sonho/s e quais as facilidades edificuldades que você espera encontrar para alcançá-lo/s.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Você conhece esta música? Leia, cante e depois discuta com seu grupo o que sentiu aoouvi-la.

Pensando no futuroResuma no quadro sua “linha do tempo”, anotando suas intenções no momento,o que pretende fazer para realizá-las e o que imagina que estará fazendo no futuro.

Momento atual O que é preciso para atingir meus objetivos Daqui a 10 anos

AmanhãGuilherme Arantes

Amanhã, será um lindo dia, da mais louca alegriaQue se possa imaginarAmanhã, redobrada força p’ra cima, que não cessaHá de vingarAmanhã, mais nenhum mistério, acima do ilusórioO astro-rei vai brilharAmanhã a luminosidade, alheia a qualquer vontadeHá de imperarAmanhã está toda esperança por menor quepareçaExiste, e é p’ra vicejarAmanhã, apesar de hoje, será estrada que surgeP’ra se trilharAmanhã, mesmo que uns não queiramSerá de outros que esperamVer o dia raiarAmanhã, ódios aplacados,Temores abrandados, será pleno.Extraído do CD Amanhã (Arantes, 1996)Esta canção foi escrita por Guilherme Arantes, que temvárias músicas de sucesso. Dentre elas, Amanhã, PlanetaÁgua e Lindo balão azul talvez sejam as mais conhecidas.

O amanhã também depende de mimEm uma folha de papel, usando qualquer tipo de registro (escrita, desenho, colagem),mostre como você acha que será o seu amanhã. Você pode intitular sua obra “Meuamanhã”, e guardá-la junto com esta ficha.

O quadro abaixo é para você preencher hoje, registrando nas linhasaté a série em que está. Guarde a ficha e, mais tarde, poderá continuar a preenchê-la ao longo de sua trajetória escolar.

Minha trajetória escolarEnsino fundamental

Ano Série Nome da/s escola/s Nome do/a Acontecimento marcante Pessoa maisprofessor/a importante na escola

1a

2a

Ensino médioAno Série Nome da/s escola/s Nome do/a Acontecimento marcante Pessoa mais

professor/a importante na escola

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CARTAZETE 1EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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COMEÇAR,JÁ É METADEDE TODAA AÇÃO.

(provérbio grego)

CARTAZETE 2EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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HÁ TRÊS COISASQUE NÃOVOLTAM ATRÁS:A FLECHA LANÇADA,A PALAVRAPRONUNCIADA EA OPORTUNIDADEPERDIDA.(provérbio chinês)

CARTAZETE 3EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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O RIO ATINGESEU OBJETIVOPORQUEAPRENDEU ACONTORNAROBSTÁCULOS.(Lao Tsé)

CARTAZETE 4EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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VOCÊ NÃO PODEMUDAR OPASSADO...MAS PODE MUDARO AMANHÃCOM SEUS PASSOSDE HOJE.

(origem desconhecida)

CARTAZETE 5EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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PROFETIZARÉ EXTREMAMENTEDIFÍCIL...SOBRETUDO EMRELAÇÃO AOFUTURO.

(provérbio chinês)

CARTAZETE 6EDUCAÇÃO, PONTE PARA O MUNDO

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UMA VISÃO SEMAÇÃO É SOMENTEUM SONHO.UMA AÇÃO SEMVISÃO É APENASUM PASSATEMPO.UMA VISÃO COMAÇÃO PODETRANSFORMAR OMUNDO.

(origem desconhecida)

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ISBN 85-85786-23-X

Autoria

SECRETARIA DEESTADO DA EDUCAÇÃO

Realização