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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS
AÇÕES E MÉTODOS UTILIZADOS EM UMA FACULDADE E SUA
INCUBADORA NO POLO TECNOLÓGICO DE SANTA RITA DO
SAPUCAÍ – MG PARA A PROMOÇÃO DO EMPREENDEDORISMO
Autores: Alexandre Franco de Magalhães1
Juliana de Oliveira Becheri Souza2
Leiliane Aparecida Pereira3
Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a relevância da educação empreendedora em
Instituições de Ensino Superior (IES), como também compreender as ações voltadas ao
empreendedorismo inovador e as metodologias de ensino empregadas na construção de
empreendedores de sucesso. A presente pesquisa baseia-se no estudo de caso da Instituição de
Ensino Superior FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI) e
de sua incubadora: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da FAI (INTEF). A
metodologia empregada foi de ordem qualitativa e quantitativa, uma vez que, o estudo teve
enfoque indutivo de caráter descritivo, necessário em pesquisas que analisam o contexto
natural como fonte de coleta de dados. Através dessa pesquisa, constatou-se a
criação/desenvolvimento de planos de negócios, aulas de empreendedorismo nos cursos de
graduação, execução de trabalhos voltados para inovação, semanas e feiras ligadas ao tema,
bem como, visitas técnicas a incubadoras e prêmios para os melhores projetos de negócios.
Portanto, ficou explícito que a FAI focaliza o estudo de empreendedorismo de forma teórica e
prática, tradicional e inovadora. Ademais, obteve-se resultados importantes da relação FAI e
INTEF, porém difíceis de mensurar pelo caráter subjetivo do tema, como também,
identificou-se a amplitude de uma das ações da Instituição para promoção do
empreendedorismo. Sendo assim, a partir dos dados dessa pesquisa, nota-se que há eficiência
nas ações desempenhadas dentro da FAI e INTEF na promoção do empreendedorismo
inovador e na construção de habilidades empreendedoras. Observa-se também que as
atividades praticadas pela a IES e incubadora englobam tanto a comunidade acadêmica
quanto a comunidade local, que se dedicam à promoção do empreendedorismo.
Palavras- chave: Educação Empreendedora. Empreendedorismo. Habilidades
Empreendedoras.
1 Mestre em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Professora da FAI – Centro
de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Gestor da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos:
[email protected] – Cel. (35) 984055301. 2 Graduanda em Administração pela FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.
Bolsista de Iniciação Científica. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 999243147. 3 Bacharela em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Gestora da Incubadora de Empresas da
FAI. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 998360560.
ENTERPRISING EDUCATION: A CASE STUDY ABOUT ACTIONS
AND METHODS USED IN A COLLEGE AND ITS INCUBATOR IN THE
TECHNOLOGICAL POLE AT SANTA RITA DO SAPUCAI - MG TO
PROMOTING ENTREPRENEURSHIP
Authors: Alexandre Franco de Magalhães4
Juliana de Oliveira Becheri Souza5
Leiliane Aparecida Pereira6
Abstract: This article aims to discussing the relevance of entrepreneurial education in higher
education institutions, also understanding the actions related to the innovative
entrepreneurship and the teaching methodologies applied for the building of successful
entrepreneurs. The current research is based on the case study from FAI – Management High
Education Center, Technology and Education (FAI) and its business incubator: Business
incubator of basic technology companies at FAI (INTEF). The methodology applied has been
qualitative and quantitative-oriented, since the study had an inductive focus with descriptive
character, required in researches which analyze the natural background as source of data
collecting. Through this research it was verified creation/development of business plans,
entrepreneurship classes on graduation courses, execution of assignments aimed to
innovation, Weeks and expos related to it, as well as technical visits to business incubators
and prizes to the best business projects. Therefore, it turned out to be clear FAI leads the
entrepreneurship study in an academic and practical way, traditional and innovative.
Furthermore, important results of the relation between FAI and INTEF have been obtained,
however, it’s difficult to measure due to the subjective character of the theme, and also has
been identified the amplitude of one of the actions of the institution in order to promote the
entrepreneurship. Thus, from the data collected in this research, it’s noticed that there is
efficiency in the actions developed inside FAI and INTEF for the promotion of innovative
entrepreneurship and the building of entrepreneurial abilities. It’s also observed that the
activities practiced by IES and business incubator encompass the academic community as
well as the local community, which are engaged on the promotion of entrepreneurship.
Keywords: Entrepreneurial Education. Entrepreneurship. Entrepreneurial Skills.
4 Mestre em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Professora da FAI – Centro
de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Gestor da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos:
[email protected] – Cel. (35) 984055301. 5 Graduanda em Administração pela FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.
Bolsista de Iniciação Científica. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 999243147. 6 Bacharela em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Gestora da Incubadora de Empresas da
FAI. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 998360560.
1 INTRODUÇÃO
A formação intraempreendedora e o desenvolvimento de profissionais com habilidades
diferenciadas são condições necessárias para o sucesso de novos negócios. Competências
voltadas à inovação e a conexão com o empreendedorismo tornam-se premissas fundamentais
para o diferencial competitivo tanto de empreendimentos quanto de indivíduos.
Segundo Schumpeter apud Dolabela (2006) o empreendedor é um indivíduo responsável por
transformar as inovações em oportunidades de negócios, e por isso está ligado diretamente ao
desenvolvimento econômico de uma região ou país. Dessa forma, pode-se afirmar que “o
empreendedorismo refere-se às qualificações do indivíduo que de uma forma especial e
inovadora se dedica às atividades que desenvolve” (HALICHI, 2014, p.17).
Assim, a disseminação do espírito empreendedor tem impacto direto na geração de renda, na
concepção de novos negócios, no desenvolvimento tecnológico e econômico. A partir desta
perspectiva, a educação empreendedora propaga-se na sociedade. São as Instituições de
Ensino Superior (IES) uma das grandes responsáveis por difundir e contribuir para o ensino
deste tema (RIBEIRO; ARAUJO; OLIVEIRA, 2012).
Nesse contexto, é necessário que as IES formem pessoas aptas para o mercado e efetivem
suas aspirações profissionais, levando em conta fatores como demanda da sociedade; contexto
econômico, político, social e cultural; e a qualidade de vida dos cidadãos. Para isso, ela, deve-
se atentar a métodos e ações capazes de instigar as habilidades dos alunos, tornando-os
empreendedores de fato.
Posto isso, este artigo tem como finalidade discutir a relevância da educação empreendedora
nas IES, compreender as ações voltadas ao empreendedorismo e os métodos de ensino
empregados na construção de habilidades empreendedoras.
Utiliza-se como objeto de estudo as metodologias e ações utilizadas dentro da FAI e na sua
incubadora: INTEF, ambas localizadas no Polo Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí- MG,
demonstrando o resultado obtido nas atividades desenvolvidas por estas instituições.
2 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR
Os fundamentos teóricos que orientam esta pesquisa envolvem os temas: educação
empreendedora nas IES; metodologias e práticas para promoção do empreendedorismo e para
construção de habilidades empreendedoras. Isto posto, fundamenta-se os conceitos e em
seguida aborda-se o estudo de caso da IES FAI e da sua incubadora de empresas de base
tecnológica, INTEF.
O início do ensino de empreendedorismo nas IES está associado ao curso de administração de
empresas (LAVIERI, 2010). Entretanto, com o passar dos anos o ensino desta disciplina tem
transbordado para outros cursos acadêmicos. No Brasil o primeiro curso de
empreendedorismo foi lecionado em 1981, na IES – Fundação Getúlio Vargas (DEGEN,
2009) e veio crescendo juntamente com o processo de privatização de grandes empresas
estatais e com a abertura do mercado interno (OLIVEIRA, 2012).
O termo empreendedorismo foi propagado pelo economista Joseph Schumpeter através de sua
teoria da Destruição Criativa, para ele seria o empreendedor o responsável por manter as
atividades do Estado em perfeito funcionamento, uma vez que o empreendedor é alguém
versátil que possui habilidades técnicas de gerenciamento e, consegue reunir recursos
financeiros para executar sua ideia (CASTOR; ZUGMAN, 2009).
Ao longo dos anos, novas vertentes foram ampliando o conceito deste tema. Como pode-se
observar, Peter Drucker introduziu ao empreendedorismo a ideia da necessidade de arriscar
em algum negócio (MCCRAW, 2007). Gifford Pinchot III, em 1985, introduziu o conceito de
intraempreendedor (PINCHOT III, 1985). Dornelas (2001) identifica que o empreendedor é
aquele que assume os riscos de forma ativa, físicos e emocionais, creditando assim, a primeira
definição sobre o tema à Marco Polo.
Atualmente, inserido nas IES, o empreendedorismo proporciona a expectativa de uma
mudança no sistema de educação e formação dos jovens. Para isso, é necessário estabelecer
condições adequadas para que a educação tenha ênfase no desenvolvimento do
autoconhecimento, da criatividade, da habilidade, da imaginação, essenciais na formação de
um empreendedor de sucesso.
Com base nesses valores, as IES transmitem aos seus alunos a capacidade de autonomia e
inovação. Em um ambiente competitivo e instável essas características permitem o aumento e
a perpetuação da geração de riqueza e de empregos, guiando o país ao desenvolvimento. O
empreendedorismo estimulado através de ensino adequado é o motor do crescimento da
economia regional (DOLABELA, 1999).
As IES são capazes de oferecer importantes contribuições ao ensino de empreendedorismo,
como por exemplo, propiciar um ambiente oportuno ao desenvolvimento de novos negócios.
Para Etzkowitz (2003) a universidade é um local favorável à inovação, pela concentração de
conhecimento e de capital intelectual, onde os estudantes são em tese potenciais
empreendedores.
A educação voltada para o empreendedorismo constitui um processo de transmissão/aquisição
do conhecimento sobre o ambiente e o próprio indivíduo. RAMOS, FERREIRA e GIMENEZ
(2005, p. 3), consideram que a educação: “Visa a contribuir para o desencadeamento de
habilidades, atitudes e comportamentos para a prospecção e exploração de oportunidades para
transformação do meio em que vive pelo desenvolvimento econômico, social e cultural”
Desta forma, uma IES empreendedora é aquela que cria uma direção estratégica capaz de
tornar o conhecimento gerado na universidade em valor econômico e social (EZTKOWITX,
2003). Para que isso ocorra, é preciso que as IES disseminem a cultura de empreendedorismo
por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, transformando alunos em empreendedores
efetivos.
2.1 METODOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO
Fillion (1991) acredita que a educação para o empreendedor deve auxiliar o indivíduo no seu
desenvolvimento, pelo reforço de suas características diferenciadas, ou seja, à educação tem
como base principal dar apoio aos futuros empreendedores. Estas competências
empreendedoras reafirmadas se traduzem em um misto de conhecimentos, habilidades e
atitudes que desencadeiam ações eficazes na consolidação de um negócio (PAIVA JUNIOR;
et al, 2006).
Neste mesmo sentido, pode-se afirmar que a educação empreendedora em conexão com a
inovação gera vantagens competitivas aos futuros empreendimentos. Assim, pressupõe que a
importância do estudo do empreendedorismo se dá em função da contribuição à sociedade,
estimulando o crescimento econômico local.
A disciplina de empreendedorismo pode abranger a formação do indivíduo, focar na fase
anterior à criação de um negócio, voltar-se para os que já estariam na fase de criação de um
empreendimento, e também àqueles que estão em fases posteriores à criação e que estão
procurando estratégias para permanecer no mercado ou expandir (LOPES, 2010).
Dessa forma, a metodologia precisa mesclar formas tradicionais de ensino com métodos
modernos que contemplem a filosofia do empreendedorismo, como: o desenvolvimento de
plano de negócios, a motivação para empreender, a geração de ideias por meio do processo
criativo, os jogos de empresas, o modelo canvas, entre outros. Estas formas e métodos de
ensino possibilitam o aprendizado de forma conceitual, prática e vivencial.
Em arranjos produtivos locais as feiras acadêmicas e industriais, as atividades das disciplinas
de empreendedorismo inseridas nas matrizes curriculares dos cursos existentes, as pré-
incubadoras e as incubadoras de empresas cooperam entre si com o propósito de viabilizar
projetos de novos negócios e formar um ambiente adequado ao nascimento de
empreendimentos inovadores (PEREIRA, 2011).
Visto isso, a rediscussão dos modelos didático- pedagógicos associados ao ensino do
empreendedorismo nos cursos de administração e áreas afins é importante, pois, defende a
diversificação de abordagens teóricas aplicadas neste campo e dissemina a cultura do
empreendedorismo entre alunos e sociedade.
O ensino da disciplina de empreendedorismo também é discutido por Henrique e Cunha
(2008, p. 21), os quais defendem uma metodologia que os alunos não “(...) se sintam
intimidados em ultrapassar os limites da sala de aula em virtude de tais adversidades”.
Dolabela (2003) ainda acentua três questões em relação ao ensino do empreendedorismo.
Primeiramente o autor relaciona às condições para se verificar o ensino na área. A segunda
indagação trata da preparação e da capacitação da IES em ensinar o empreendedorismo. A
terceira focaliza o perfil do professor da área. Isto porque, é importante entender o papel de
um programa cujo enfoque maior é o comportamento, ou seja, o conhecimento não é
transmitido pelo preceptor e sim gerado pelos alunos.
No ensino de empreendedorismo, o professor precisa compreender as necessidades e
expectativas dos alunos, para então ajustar a metodologia de ensino. A participação ativa dos
alunos no processo de aprendizagem torna-se fundamental, proporcionando a elesproatividade
e um conhecimento mais amplo, baseado na construção e troca de suas próprias experiências e
saberes.
Dolabela (2004, p. 128) defende que não se pode dar uma direção ao aluno para que ele seja
um empreendedor empresarial, “mas que seja empreendedor em sua forma de ser”. As
habilidades e conhecimentos de empreendedorismo levados à sala de aula proporcionam ao
universitário a opção de constituir seu próprio negócio, a partir do entendimento de que toda
realização se deve a um processo educacional. “Assim, o aluno se sente capaz e
comprometido com a criação dos seus próprios caminhos” (DOLABELA, 2004, p. 129).
3 METODOLOGIADA PESQUISA REALIZADA
A presente pesquisa baseia-se no estudo de caso das instituições FAI e INTEF. Para Lüdke e
André (1986) um estudo de caso tem como características básicas a ênfase na interpretação do
contexto, o retrato da realidade de forma completa e profunda, além de fazer uso de variadas
fontes de informação.
Stake (1999) afirma que o estudo de caso pode analisar uma investigação em educação,
indivíduos, grupos ou uma organização, como também, algo menos definido como:
programas, processos de implementação, mudanças organizacionais, entre outros.
Sendo “apropriado para investigação de fenômenos quando há uma grande variedade de
fatores e relacionamentos que podem ser diretamente observados e não existem leis básicas
para determinar quais são importantes” (VENTURA, 2007). O uso das abordagens
quantitativas e qualitativas de pesquisa fica a critério do autor, de acordo com a pesquisa a ser
realizada (YIN, 2001).
No entanto, estudos de caso, na sua essência, possuem características inseparáveis da
investigação qualitativa. Nesse sentido, o estudo de caso rege-se dentro da lógica que guia as
sucessivas etapas de recolha, análise e interpretação da informação, porém o propósito da
investigação é o estudo intensivo de um ou poucos casos (LATORRE et al., 2003 apud
MEIRINHOS; OSÓRIO, 2010). Segundo Dooley (2002), a vantagem do estudo de caso é a
sua aplicabilidade a contextos contemporâneos de vida real.
Para Dafolvo, Lana e Silveira (2008) a pesquisa qualitativa em administração pode ser
associada com a coleta e análise de texto (falado e escrito) e a observação direta do
comportamento. Richardson (1989) expõe que o método qualitativo é aplicado em estudos
descritivos, os quais propõem investigar descobrir as características de um fenômeno como
tal.
Tendo em vista esses autores, o estudo de caso desta pesquisa será delimitado pelas ações e
métodos utilizados para a promoção do empreendedorismo inovador pelas instituições FAI e
INTEF. Partir-se-á da análise de documentos, registro de fotos, dados da própria IES e estudo
bibliográfico, com objetivo de entender a metodologia empregada e os resultados alcançados
pelas instituições na efetivação do empreendedorismo. A abordagem escolhida foi de ordem
qualiquantitativa.
4 O HISTÓRICO EMPREENDEDOR DA IES FAI
Tudo teve início em 1968. O espírito de vanguarda do professor Francisco Ribeiro de
Magalhães encontrou acolhida junto ao Monsenhor José Carneiro Pinto e ao advogado
Antônio Teixeira dos Santos, que se aliaram a um grupo de santarritenses obstinados pelo
desenvolvimento da cidade (FAI, 2016).
Em 12 de janeiro de 1971, após autorização do MEC para o funcionamento da Escola de
Administração, a FAI dava início às suas atividades com o primeiro curso de Administração
do Sul de Minas Gerais.Em 1977, a Escola passa a chamar-se Faculdade de Administração.
No ano seguinte é criado o Curso de Tecnologia em Processamento de Dados, atual Curso de
Sistemas de Informação, e em 1982 a Faculdade altera seu nome para Faculdade de
Administração e Informática - FAI.
Posteriormente, com a criação de mais um curso superior, a Faculdade implementa o ISE -
Instituto Superior de Educação. Em 2010, com a unificação do ISE e da FAI a Instituição
passa a ser denominada FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação,
mantendo a sigla do nome anterior, FAI.
Atualmente, são cinco cursos de graduação, doze de pós-graduação, mil e cem alunos,
ciquenta professores, quarenta funcionários e mais de três mil profissionais formados pela
Faculdade, contribuindo para o desenvolvimento do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do
Sapucaí, do Estado de Minas Gerais e do Brasil.
Cumprindo com a sua missão de formar cidadãos competentes, a FAI oferece aos seus alunos
e à comunidade outras atividades acadêmicas e de extensão, onde se destacam o Núcleo de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a Semana da FAI e a Feira de Tecnologia da FAI -
FAITEC, o Projeto de Administração Aplicada – PAA e a Maratona de Programação. Em
2003 a Faculdade criou o NCC - Núcleo de Cultura e Cidadania buscando oferecer aos seus
alunos uma formação humanística, além de ampliar sua inserção na comunidade. Alguns
projetos como Trote da Cidadania, curso de Inclusão Digital e Faculdade Aberta à Maturidade
integram o NCC. Mais tarde com a adesão a outros projetos, o núcleo passa a ser denominado
NCCE- Núcleo de Cultura, Cidadania e Esporte. Em 2006 aderiu ao evento do Dia da
Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular envolvendo os alunos, professores e
funcionários da Faculdade.
Desde a sua criação, a FAI tem seus pilaresestruturados em um processo de atualização
contínua, buscando adequar-se às crescentes evoluções tecnológicas e às exigências do
mercado. Atendendo a estas necessidades, a Faculdade sempre se destacou em inovação. Um
exemplo que vale ressaltar aqui é o ensino de empreendedorismo disseminado na instituição.
A iniciativa foi fruto de um curso no qual o professor José Cláudio Pereira participou,
ministrado pelo professor da UFMG e escritor, Fernando Dolabela.
No segundo semestre de 1997, o professor José Cláudio cria um curso de extensão sobre
empreendedorismo com duração de um semestre, com intuito de propagar e atender às
demandas dos alunos da FAI, da Escola Técnica de Eletrônica (ETE) e do Instituto Nacional
de Telecomunicações (INATEL). No ano seguinte, a disciplina passa a fazer parte do curso de
Administração e de Informática, da IES. Neste contexto, foi a FAI a primeira Instituição de
Ensino do Sul de Minas Gerais a tratar o empreendedorismo como matéria acadêmica,
presente como parte da matriz curricular. Posteriormente outras instituições estabeleceram a
disciplina em seus cursos de graduação, como por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas, em
São Paulo.
Iniciativas empreendedoras como a instituição de uma disciplina de empreendedorismo
fortaleceram outras ações como a feira acadêmica de projetos empreendedores da FAI. Esta
feira, denominada Feira de Tecnologia da FAI (FAITEC), é um evento anual promovido pela
instituição, alinhado com a ênfase dada, nos planos de negócios e projetos acadêmicos
interdisciplinares dos cursos de graduação da FAI, representando a culminância de um ano de
trabalho voltado à inovação, novos negócios e para o desenvolvimento científico e
tecnológico. Esta feira tornou-se um dos eventos integrantes da Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia promovida pela Secretaria de Inclusão Social e Departamento de Popularização e
Difusão de C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) com ampla
divulgação em âmbito nacional e internacional. A Figura 1 mostra fotos da FAITEC (2015).
A primeira mostra a premiação do Concurso de plano de Negócios e a segunda apresenta
superficialmente a quantidade de visitantes da feira.
FIGURA 1– FAITEC 2015
F ONTE: FAI (2016).
O envolvimento da FAI no ambiente de empreendedorismo proporcionou a participação da
implementação do Programa Municipal de Incubação de Empresas (PROINTEC) em Santa
Rita do Sapucaí – MG, junto com outras instituições. A estrutura organizacional da
Incubadora Municipal prevê a existência de um Conselho Consultivo formado por
representantes das entidades: Associação Industrial Sindicato das Indústrias de Aparelhos
Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (AISRS), Escola Técnica de
Eletrônica (ETE), Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí (PMSRS), Secretária de
Estado Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (SECTES MG), Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Nacional de Telecomunicações
(INATEL) e FAI, esse conselho atua como uma instância, onde a gerência da incubadora
recorre para tomar decisões extraordinárias e para prestar contas das atividades do dia-a-dia.
Além da presença permanente de um membro do corpo docente da FAI no Conselho
Consultivo da Incubadora Municipal, o Núcleo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(NPDI) da FAI, por meio dos professores consultores da Instituição já prestou muitos serviços
às empresas incubadas e à própria incubadora. O NPDI foi responsável por elaborar um
estudo de viabilidade técnica e econômica – EVTE para os principais produtos de todas as 10
primeiras empresas incubadas na Incubadora Municipal, com também, ofereceu um programa
de treinamento aos proprietários daquelas empresas, no total foram 20 cursos da área de
gestão. Ambos os projetos foram financiados pela FINEP.
Em maio de 2004 foram lançados dois produtos em níveis nacional e internacional, via
internet, desenvolvidos pelo NPDI da FAI sob coordenação do professor José Cláudio Pereira,
em parceria com o SEBRAE-MG e com as incubadoras da cidade. Um deles foi o Manual da
Empresa Incubada (MEI), elaborado em parceria com a Incubadora Municipal de Empresas e
o SEBRAE-MG. Este livro contém lições mínimas de gestão empresarial em todas as áreas de
um negócio inovador que, se praticadas, podem contribuir de forma decisiva para levar uma
empresa ao sucesso. A seguir, está a foto da capa e ficha técnica do MEI – Manual da
Empresa Incubada: Figura 2.
FIGURA 2 - MANUAL DA EMPRESA INCUBADA CRIADO PELA FAI
FONTE: FAI (2016).
O outro produto lançado foi o software denominado PRONTO!, desenvolvido pela FAI, em
parceria com o INATEL, que baseia-se num sistema de indicadores de progresso das
empresas incubadas que fornece à gerência da incubadora informações necessárias para que
se avalie o grau de maturidade de cada empresa incubada, constituindo-se numa ferramenta
poderosa aos gestores das incubadoras. A Figura 3 apresenta a logomarca do software.
FIGURA 3- Software desenvolvido para Gestão de Incubadoras
FONTE: FAI (2015).
Com o sucesso da disciplina de empreendedorismo e pelo próprio ambiente empreendedor
que na instituição se cultiva, a FAI cria em 2009 sua Incubadora de Empresas de Base
Tecnológica (INTEF), com o objetivo de abrigar e apoiar projetos inovadores de seus alunos,
ex-alunos, professores e, em caráter específico, da comunidade em geral. A incubadora tem
como missão a promoção do empreendedorismo regional, utilizando-se da expertise existente
na instituição, de maneira a fornecer o suporte necessário à criação e o sucesso de novas
ideias.
Para isso, conta com uma infraestrutura física composta por salas privativas destinadas a
abrigar temporariamente as empresas incubadas, áreas de desenvolvimento de uso
compartilhado e serviços básicos como água, luz, telefonia, internet, secretária, salas para
reuniões entre outros. Oferece capacitação, assistência técnica e gerencial para que as
empresas apoiadas sejam preparadas e tenham condições de enfrentar os obstáculos que
surgem em seus primeiros anos de vida. A relação ainda favorece a criação de parcerias e
redes de relacionamento fundamentais para a viabilização de novos negócios.
Tendo como missão a formação de profissionais empreendedores com suas habilidades,
competências e conhecimentos ampliados para atuarem nas áreas de Gestão, Tecnologia e
Educação, a FAI fortalece seu programa de educação empreendedora por meio de várias
ações que também envolve sua incubadora, e que conta com apoio de parceiros como
SEBRAE, FAPEMIG e FINEP para a promoção e disseminação da cultura empreendedora
aos seus alunos, professores e a toda comunidade. Diante do histórico empreendedor da FAI,
resumem-se algumas realizações da Instituição por meio de uma linha do tempo, representado
pela Figura 4.
FIGURA 4 – Resumo das principais ações empreendedoras da FAI
FONTE: elaborado pelos autores
5 MÉTODOS E AÇÕES PRATICADOS PELA FAI
Desde a adoção da disciplina de empreendedorismo, a FAI tem se empenhado para unir
metodologias teóricas e práticas, considerando aspectos sócio-culturais, econômicos e
comportamentais dos alunos, como também, as transformações políticas, internacionais e de
gerenciamento do mercado.
Atualmente, a instituição conta com diversos métodos e ações para a promoção do
empreendedorismo, os quais também visam auxiliar a construção das habilidades
empreendedoras dos alunos e do corpo docente da FAI. A Tabela 1 apresenta as metodologias
aplicadas pela IES.
Tabela 1 – métodos e ações praticadas pela IES FAI
Continua
NOME DA
AÇÃO
TIPO DA
AÇÃO DETALHES SOBRE A AÇÃO
Oferecimento da
disciplina de
Empreendedorismo
Teórica
Prática
O oferecimento da disciplina de empreendedorismo é uma ação que
dissemina a cultura do empreendedorismo entre os alunos, reforçando
os conceitos de Polo Tecnológico, do APL e de Cidade Empreendedora
para Santa Rita do Sapucaí. A disciplina oferecida nos cursos de
graduação da FAI possui dois focos principais que nortearão as ações
teóricas e práticas a serem executadas: o primeiro é a filosofia do
empreendedorismo e a motivação para empreender; e o segundo, a
geração de ideias (Design Thinking) e o desenvolvimento de modelos
Canvas e Plano de Negócios. O primeiro foco, teórico, será
desenvolvido dentro das horas destinadas ao desenvolvimento da
disciplina junto às turmas. O segundo será operacionalizado fora de sala
de aula, com atendimento presencial às equipes na elaboração dos
respectivos Planos de Negócios, necessitando-se de mais horas para esta
atividade de orientação e acompanhamento que culminará em outra
ação denominada Concurso de Planos de Negócios. Os planos são
avaliados, e os melhores são selecionados para participar da Feira de
Tecnologia da FAI (FAITEC).
FAITEC – Feira de
Tecnologia da FAI. Prática
Evento anual promovido pela instituição, alinhado com a ênfase dada,
nos planos de negócios e projetos acadêmicos dos cursos de graduação
da FAI, representando a culminância de um ano de trabalho voltado à
inovação, novos negócios e para o desenvolvimento cientifico e
tecnológico.A Feira tem como objetivo mostrar aos empresários e a
comunidade os trabalhos desenvolvidos pelos alunos da Instituição.
Esta feira tem duração de três dias, sendo que no último dia é dada a
premiação para os três projetos mais inovadores de cada turma dos
cursos de graduação. Desde 2004, este evento integra a Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia promovida pela Secretária de
Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI).
Concurso de Plano
de Negócios Prática
O concurso de plano de negócios tem como objetivo ser um programa
de auxílio ao empreendedorismo dentro da instituição. Os três melhores
projetos são premiados na FAITEC.
Prêmio Municipal
de Inovação Prática
Em outubro de 2014, foi aprovada a LEI Nº 4797/2014, a qual permite
que a prefeitura de Santa Rita do Sapucaí- MG selecione e premie os
três projetos mais inovadores da FAITEC.
Semana da FAI Prática
É uma semana de atividades especiais de cunho acadêmico e cultural.
Geralmente, o tema central da semana é voltado à promoção do
empreendedorismo tema que atende todos os cursos da Instituição,
sucedendo–se no mês de maio.
Ciclo de palestras e
capacitações
oferecidas pela
INTEF
Prática
No decorrer do ano letivo, a INTEF proporciona palestras e
treinamentos para os iniciantes dos cursos da FAI, com os temas sobre
incubação e aberturas de empresas.
Palestras
oferecidas por
empreendedores
Prática
As palestras oferecidas por empreendedores têm como finalidade relatar
a trajetória do empreendedor e de seu empreendimento. Seu objetivo é
criar uma cultura empreendedora entre os alunos e estimulá-los a
empreender e inovar.
Conclusão
NOME DA
AÇÃO
TIPO DA
AÇÃO DETALHES SOBRE A AÇÃO
Visitas Técnicas
nas incubadoras e
empresas
Prática
Dentro das aulas de empreendedorismo a visita técnica acontece na
INTEF, na Incubadora Municipal e em organizações de Santa Rita do
Sapucaí; onde o aluno conhece a infraestrutura do local, as ações e
empresas mantidas pelos os órgãos.
Visitas Técnicas
nas incubadoras e
empresas
Prática
Dentro das aulas de empreendedorismo a visita técnica acontece na
INTEF, na Incubadora Municipal e em organizações de Santa Rita do
Sapucaí; onde o aluno conhece a infraestrutura do local, as ações e
empresas mantidas pelos os órgãos.
Curso Bota para
Fazer
Teórica e
Prática
O Curso Bota para fazer foi realizado por professores da instituição e
disseminado para o corpo discente da mesma. O curso consiste em um
AVA com atividades voltadas ao ensino do empreendedorismo.
Empreendedores
na Escola Prática
A FAI promove uma gincana denominada Empreendedores na Escola,
cujo objetivo consiste na realização de tarefas relacionadas com o tema
empreendedorismo social. Esta ação envolve mais de 600 estudantes de
ensino médio, técnico e EJA, pertencentes às superintendências
regionais de ensino, contemplando escolas de onze cidades da região do
sul de Minas Gerais.
Aprender a
Empreender nas
Ondas do Rádio
Prática
Esta ação tem como objetivo desenvolver estratégias para a integração
da educação sobre o empreendedorismo por meio da rádio escolar, com
foco na resolução de problemas da escola, como também, problemas
socioambientais do município. Alunos da FAI desenvolvem
experiências de aprendizagem que contribuem para potencializar e
desenvolver competências empreendedorase disseminam a cultura
empreendedora nas escolas do município por meio da criação de rádios
nas escolas.
Assessorias para
empresas
incubadas
Prática
A INTEF oferece continuamente assessorias às empresas incubadas
visando o desenvolvimento das mesmas, apoiando-as nas primeiras
etapas de suas operações.
Capacitação para
empreendedores
incubados
Teórica
São capacitações oferecidas pela INTEF aos empreendedores incubados
com o objetivo de preparar tantos os empreendedores na área pessoal
quanto seus empreendimentos nas áreas de gestão, finanças, tecnologia
e mercado.
Consultoria para
empreendedores
incubados
Prática
As consultorias são oferecidas pela incubadora às empresas incubadas,
por meio de profissionais experientes com visão de mercado e
estratégica para diagnosticar e elaborar planos de ações aos novos
negócios.
Missões e
participação em
congressos
voltados ao
Empreendedorismo
Prática
A equipe gestora da INTEF, alunos bolsistas da instituição, bem como,
empreendedores, realizam missões para visitas técnicas em outras
Instituições e participam de congressos e treinamentos voltados ao
empreendedorismo.
FONTE: Elaborada pelos autores
Visto isso, constata-se a existência dos métodos utilizados para promover o
empreendedorismo dentro da Instituição, sendo possível perceber a relação das atividades
teóricas e práticas propostas, como também, as oportunidades que as atividades oferecem aos
possíveis empreendedores, cumprindo sua missão.
5.1 RESULTADOS OBTIDOS NA EXECUÇÃO DAS PRINCIPAIS AÇÕES
EMPREENDEDORAS
Foi possível mensurar numericamente alguns dados relacionados à FAITEC, como: o número
de projetos expostos de 1992 a 2013 e o número de visitantes da feira. A seguir, os dados
foram ordenados em gráficos.
GRÁFICO 1 - Projetos expostos na FAITEC nos anos de 1992 a 2015
FONTE: FAI (2016).
A análise procurou relacionar o número de projetos de acordo com a área central de cada
curso. Assim, pode-se observar que a FAITEC, no início, era voltada à premiação de
trabalhos de informática. Após a inserção do empreendedorismo no curso de administração, a
feira passou a agregar trabalhos da área de gestão e, posteriormente, na área de educação e
engenharia, pelo mesmo motivo.
Os projetos apresentados ficam registrados como um banco de ideias para consulta futura,
bem como são prospectados possíveis empreendimentos a serem incubados na INTEF. Outro
fator determinante no reconhecimento dos trabalhos produzidos pela IES é o número de
visitantes da feira, boa parte deles empresários da região, que buscam por novas ideias que
possam alavancar seus negócios.
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Gestão Informática Educação Engenharia
O Gráfico 2 apresenta o número estimativo de visitantes entre os anos 2003 e 2015:
GRÁFICO 2 – Visitantes da FAITEC nos anos de 2003 a 2015 FONTE: FAI, 2016.
Como pode ser observado no Gráfico 2, a FAITEC recebe um número expressivo de
visitantes. Portanto, atualmente, é organizada por um conjunto de comissões criadas
especialmente para esta atividade acadêmica, sendo um evento promotor da integração
empresa-escola, o que visa transformar o atendimento das necessidades do mercado nos
setores em que atua.
Outra comparação feita foi a relação entre o número de visitantes da feira e a região de origem
dos mesmos, como mostra o gráfico 3:
GRÁFICO 3 – Percentual de visitantes das cidades da região em 2015
FONTE: FAI, 2016.
Como já visto anteriormente, as Instituições FAI e INTEF são responsáveis por desenvolver
métodos e ações que instigue as habilidades empreendedoras de seus docentes e discentes,
como também, de toda a comunidade.
20032004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
2500 2800 3800 5250 6200 7269 7400 7860 7800 7416 7252 7771 7120
O Gráfico 4 apresenta o potencial de sensibilização das ações da Semana da FAI, o alcance da
disciplina de empreendedorismo, do concurso de negócios, e o total de alunos sensibilizados
na prática: Empreendedores na Escola, realizada fora do ambiente acadêmico da FAI.
GRÁFICO 4 – Potencial de sensibilização das ações da IES FAI
FONTE: elaborado pelos autores
Através dos dados do gráfico pode-se observar que as ações de sensibilização praticadas pela
IES conseguem alcançar toda comunidade acadêmica, e parte de integrantes de outras escolas.
Assim, conclui-se que a IES FAI se preocupa em cumprir seu papel social em gerar e agrega
novos conhecimentos, contribuir para a criação e manutenção de empreendimentos através do
ensino do empreendedorismo.
Outro dado mensurável é a relação dos proprietários ou sócio-diretor dos empreendimentos
apoiados pela INTEF com a FAI. Embora o apoio oferecido à incubadora seja aberto à
comunidade o resultado obtido mostra que quase a totalidade dos empreendimentos apoiados
são de alunos, ex-alunos ou professores da FAI, caracterizando algum vínculo com a
Instituição, como mostra o gráfico 5.
GRÁFICO 5– Relação entre os proprietários ou sócio-diretor dos empreendimentos da INTEF com a IES FAI
nos anos de 2013 a 2016
FONTE: elaborado pelos autores
A relação mostrada acima demonstra que os métodos e ações aplicados pela FAI e sua
incubadora na promoção do empreendedorismo são ferramentas eficazes para que os
potenciais empreendedores identifiquem oportunidades e desenvolvam suas ideias. Para isso,
o papel da IES na disseminação do empreendedorismo é fundamental por se tratar de um
ambiente propício à criação de negócios inovadores através de pesquisa, trabalhos de
extensão, rede de relacionamento, benchmarking e expertise da Instituição.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do estudo de caso da FAI e de sua incubadora de empresas, INTEF, foi possível
compreender como as Instituições promovem um ambiente propício ao ensino do
empreendedorismo e criação de empreendimentos. O desenvolvimento de profissionais com
habilidades diferenciadas é condição necessária para o sucesso de novos negócios, bem como,
o estímulo à inovação, os quais em conjuntos são imprescindíveis para promover a Destruição
Criativa vislumbrada por Schumpeter.
Evidenciou-se nesta pesquisa que o empreendedor é o indivíduo responsável por transformar
a realidade de uma região ou país, sendo essencial para o desenvolvimento econômico e
social, como também para a geração de emprego, renda e desenvolvimento tecnológico.
Diante do exposto, faz-se importante a atuação das IES para a promoção e ensino deste tema.
Foi relatado que a formação de intraempreendedores também é importante, para que as IES
formem pessoas aptas ao mercado levando em conta fatores como demanda da sociedade,
contexto econômico, político, social, cultural e criativo. Desta forma, as mesmas devem se
atentar a métodos e ações capazes de instigar as habilidades dos alunos, tornando-os
empreendedores de fato.
Pode-se afirmar que a FAI e a INTEF promovem diversas ações para a sensibilização tanto de
seus docentes e discentes quanto de toda a comunidade. Alguns exemplos do alcance destas
ações estão na Semana da FAI com a presença da maioria dos alunos da IES, o concurso de
plano de negócios que anualmente abrange cerca de 150 alunos e, também a ação
empreendedora na escola que sensibiliza alunos de municípios vizinhos a Santa Rita do
Sapucaí – MG.
Outra ação que promove tanto a sensibilização de novas ideias como a prospecção das
mesmas, é o ambiente da FAITEC, no qual há a integração da comunidade acadêmica,
empresarial e sociedade, estimulando assim a troca de conhecimento, a geração de novas
ideias e soluções para problemas econômicos, de gestão e social. Como se pode observar, a
feira recebe milhares de visitantes, o que beneficia a promoção do tema e o torna mais
acessível.
Além destas atividades, com alcance maior de pessoas, as Instituições utilizam de outros
métodos para a promoção do empreendedorismo como: concurso de plano de negócios,
disciplina de empreendedorismo nos cursos de graduação, ciclo de palestra sobre abertura de
empresa e empresas incubadas, visitas técnicas as incubadora e organizações da região,
palestra ministrada por empreendedores, entre outras.
É possível afirmar que tanto a IES quanto a incubadora se preocupam em mesclar ações e
métodos de cunho prático e teórico, atuando deste modo de acordo com os autores
mencionados no referencial teórico. Portanto, é possível inferir que o engajamento destas
atividades são capazes de promover uma cultura empreendedora local, que facilita na criação/
manutenção de empreendimentos e consecutivamente promove o crescimento econômico
local, caso que pode ser observado no município de Santa Rita do Sapucaí – MG.
Por último, é possível perceber que o ambiente da FAI criou uma cultura empreendedora.
Através da quantificação da relação dos empreendedores da INTEF com a FAI, identificou-se
que a maioria possuía um vínculo com a Instituição, porém, através das demais ações
promovidas é possível afirmar que toda a comunidade, de forma indireta, acaba sendo
influenciada por este ambiente empreendedor.
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