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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS AÇÕES E MÉTODOS UTILIZADOS EM UMA FACULDADE E SUA INCUBADORA NO POLO TECNOLÓGICO DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ MG PARA A PROMOÇÃO DO EMPREENDEDORISMO Autores: Alexandre Franco de Magalhães 1 Juliana de Oliveira Becheri Souza 2 Leiliane Aparecida Pereira 3 Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a relevância da educação empreendedora em Instituições de Ensino Superior (IES), como também compreender as ações voltadas ao empreendedorismo inovador e as metodologias de ensino empregadas na construção de empreendedores de sucesso. A presente pesquisa baseia-se no estudo de caso da Instituição de Ensino Superior FAI Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI) e de sua incubadora: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da FAI (INTEF). A metodologia empregada foi de ordem qualitativa e quantitativa, uma vez que, o estudo teve enfoque indutivo de caráter descritivo, necessário em pesquisas que analisam o contexto natural como fonte de coleta de dados. Através dessa pesquisa, constatou-se a criação/desenvolvimento de planos de negócios, aulas de empreendedorismo nos cursos de graduação, execução de trabalhos voltados para inovação, semanas e feiras ligadas ao tema, bem como, visitas técnicas a incubadoras e prêmios para os melhores projetos de negócios. Portanto, ficou explícito que a FAI focaliza o estudo de empreendedorismo de forma teórica e prática, tradicional e inovadora. Ademais, obteve-se resultados importantes da relação FAI e INTEF, porém difíceis de mensurar pelo caráter subjetivo do tema, como também, identificou-se a amplitude de uma das ações da Instituição para promoção do empreendedorismo. Sendo assim, a partir dos dados dessa pesquisa, nota-se que há eficiência nas ações desempenhadas dentro da FAI e INTEF na promoção do empreendedorismo inovador e na construção de habilidades empreendedoras. Observa-se também que as atividades praticadas pela a IES e incubadora englobam tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade local, que se dedicam à promoção do empreendedorismo. Palavras- chave: Educação Empreendedora. Empreendedorismo. Habilidades Empreendedoras. 1 Mestre em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Professora da FAI Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Gestor da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos: [email protected] Cel. (35) 984055301. 2 Graduanda em Administração pela FAI Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Bolsista de Iniciação Científica. Contatos: [email protected] Cel. (35) 999243147. 3 Bacharela em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Gestora da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos: [email protected] Cel. (35) 998360560.

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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE AS

AÇÕES E MÉTODOS UTILIZADOS EM UMA FACULDADE E SUA

INCUBADORA NO POLO TECNOLÓGICO DE SANTA RITA DO

SAPUCAÍ – MG PARA A PROMOÇÃO DO EMPREENDEDORISMO

Autores: Alexandre Franco de Magalhães1

Juliana de Oliveira Becheri Souza2

Leiliane Aparecida Pereira3

Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a relevância da educação empreendedora em

Instituições de Ensino Superior (IES), como também compreender as ações voltadas ao

empreendedorismo inovador e as metodologias de ensino empregadas na construção de

empreendedores de sucesso. A presente pesquisa baseia-se no estudo de caso da Instituição de

Ensino Superior FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI) e

de sua incubadora: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da FAI (INTEF). A

metodologia empregada foi de ordem qualitativa e quantitativa, uma vez que, o estudo teve

enfoque indutivo de caráter descritivo, necessário em pesquisas que analisam o contexto

natural como fonte de coleta de dados. Através dessa pesquisa, constatou-se a

criação/desenvolvimento de planos de negócios, aulas de empreendedorismo nos cursos de

graduação, execução de trabalhos voltados para inovação, semanas e feiras ligadas ao tema,

bem como, visitas técnicas a incubadoras e prêmios para os melhores projetos de negócios.

Portanto, ficou explícito que a FAI focaliza o estudo de empreendedorismo de forma teórica e

prática, tradicional e inovadora. Ademais, obteve-se resultados importantes da relação FAI e

INTEF, porém difíceis de mensurar pelo caráter subjetivo do tema, como também,

identificou-se a amplitude de uma das ações da Instituição para promoção do

empreendedorismo. Sendo assim, a partir dos dados dessa pesquisa, nota-se que há eficiência

nas ações desempenhadas dentro da FAI e INTEF na promoção do empreendedorismo

inovador e na construção de habilidades empreendedoras. Observa-se também que as

atividades praticadas pela a IES e incubadora englobam tanto a comunidade acadêmica

quanto a comunidade local, que se dedicam à promoção do empreendedorismo.

Palavras- chave: Educação Empreendedora. Empreendedorismo. Habilidades

Empreendedoras.

1 Mestre em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Professora da FAI – Centro

de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Gestor da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos:

[email protected] – Cel. (35) 984055301. 2 Graduanda em Administração pela FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.

Bolsista de Iniciação Científica. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 999243147. 3 Bacharela em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Gestora da Incubadora de Empresas da

FAI. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 998360560.

ENTERPRISING EDUCATION: A CASE STUDY ABOUT ACTIONS

AND METHODS USED IN A COLLEGE AND ITS INCUBATOR IN THE

TECHNOLOGICAL POLE AT SANTA RITA DO SAPUCAI - MG TO

PROMOTING ENTREPRENEURSHIP

Authors: Alexandre Franco de Magalhães4

Juliana de Oliveira Becheri Souza5

Leiliane Aparecida Pereira6

Abstract: This article aims to discussing the relevance of entrepreneurial education in higher

education institutions, also understanding the actions related to the innovative

entrepreneurship and the teaching methodologies applied for the building of successful

entrepreneurs. The current research is based on the case study from FAI – Management High

Education Center, Technology and Education (FAI) and its business incubator: Business

incubator of basic technology companies at FAI (INTEF). The methodology applied has been

qualitative and quantitative-oriented, since the study had an inductive focus with descriptive

character, required in researches which analyze the natural background as source of data

collecting. Through this research it was verified creation/development of business plans,

entrepreneurship classes on graduation courses, execution of assignments aimed to

innovation, Weeks and expos related to it, as well as technical visits to business incubators

and prizes to the best business projects. Therefore, it turned out to be clear FAI leads the

entrepreneurship study in an academic and practical way, traditional and innovative.

Furthermore, important results of the relation between FAI and INTEF have been obtained,

however, it’s difficult to measure due to the subjective character of the theme, and also has

been identified the amplitude of one of the actions of the institution in order to promote the

entrepreneurship. Thus, from the data collected in this research, it’s noticed that there is

efficiency in the actions developed inside FAI and INTEF for the promotion of innovative

entrepreneurship and the building of entrepreneurial abilities. It’s also observed that the

activities practiced by IES and business incubator encompass the academic community as

well as the local community, which are engaged on the promotion of entrepreneurship.

Keywords: Entrepreneurial Education. Entrepreneurship. Entrepreneurial Skills.

4 Mestre em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Professora da FAI – Centro

de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Gestor da Incubadora de Empresas da FAI. Contatos:

[email protected] – Cel. (35) 984055301. 5 Graduanda em Administração pela FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.

Bolsista de Iniciação Científica. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 999243147. 6 Bacharela em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos. Gestora da Incubadora de Empresas da

FAI. Contatos: [email protected] – Cel. (35) 998360560.

1 INTRODUÇÃO

A formação intraempreendedora e o desenvolvimento de profissionais com habilidades

diferenciadas são condições necessárias para o sucesso de novos negócios. Competências

voltadas à inovação e a conexão com o empreendedorismo tornam-se premissas fundamentais

para o diferencial competitivo tanto de empreendimentos quanto de indivíduos.

Segundo Schumpeter apud Dolabela (2006) o empreendedor é um indivíduo responsável por

transformar as inovações em oportunidades de negócios, e por isso está ligado diretamente ao

desenvolvimento econômico de uma região ou país. Dessa forma, pode-se afirmar que “o

empreendedorismo refere-se às qualificações do indivíduo que de uma forma especial e

inovadora se dedica às atividades que desenvolve” (HALICHI, 2014, p.17).

Assim, a disseminação do espírito empreendedor tem impacto direto na geração de renda, na

concepção de novos negócios, no desenvolvimento tecnológico e econômico. A partir desta

perspectiva, a educação empreendedora propaga-se na sociedade. São as Instituições de

Ensino Superior (IES) uma das grandes responsáveis por difundir e contribuir para o ensino

deste tema (RIBEIRO; ARAUJO; OLIVEIRA, 2012).

Nesse contexto, é necessário que as IES formem pessoas aptas para o mercado e efetivem

suas aspirações profissionais, levando em conta fatores como demanda da sociedade; contexto

econômico, político, social e cultural; e a qualidade de vida dos cidadãos. Para isso, ela, deve-

se atentar a métodos e ações capazes de instigar as habilidades dos alunos, tornando-os

empreendedores de fato.

Posto isso, este artigo tem como finalidade discutir a relevância da educação empreendedora

nas IES, compreender as ações voltadas ao empreendedorismo e os métodos de ensino

empregados na construção de habilidades empreendedoras.

Utiliza-se como objeto de estudo as metodologias e ações utilizadas dentro da FAI e na sua

incubadora: INTEF, ambas localizadas no Polo Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí- MG,

demonstrando o resultado obtido nas atividades desenvolvidas por estas instituições.

2 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR

Os fundamentos teóricos que orientam esta pesquisa envolvem os temas: educação

empreendedora nas IES; metodologias e práticas para promoção do empreendedorismo e para

construção de habilidades empreendedoras. Isto posto, fundamenta-se os conceitos e em

seguida aborda-se o estudo de caso da IES FAI e da sua incubadora de empresas de base

tecnológica, INTEF.

O início do ensino de empreendedorismo nas IES está associado ao curso de administração de

empresas (LAVIERI, 2010). Entretanto, com o passar dos anos o ensino desta disciplina tem

transbordado para outros cursos acadêmicos. No Brasil o primeiro curso de

empreendedorismo foi lecionado em 1981, na IES – Fundação Getúlio Vargas (DEGEN,

2009) e veio crescendo juntamente com o processo de privatização de grandes empresas

estatais e com a abertura do mercado interno (OLIVEIRA, 2012).

O termo empreendedorismo foi propagado pelo economista Joseph Schumpeter através de sua

teoria da Destruição Criativa, para ele seria o empreendedor o responsável por manter as

atividades do Estado em perfeito funcionamento, uma vez que o empreendedor é alguém

versátil que possui habilidades técnicas de gerenciamento e, consegue reunir recursos

financeiros para executar sua ideia (CASTOR; ZUGMAN, 2009).

Ao longo dos anos, novas vertentes foram ampliando o conceito deste tema. Como pode-se

observar, Peter Drucker introduziu ao empreendedorismo a ideia da necessidade de arriscar

em algum negócio (MCCRAW, 2007). Gifford Pinchot III, em 1985, introduziu o conceito de

intraempreendedor (PINCHOT III, 1985). Dornelas (2001) identifica que o empreendedor é

aquele que assume os riscos de forma ativa, físicos e emocionais, creditando assim, a primeira

definição sobre o tema à Marco Polo.

Atualmente, inserido nas IES, o empreendedorismo proporciona a expectativa de uma

mudança no sistema de educação e formação dos jovens. Para isso, é necessário estabelecer

condições adequadas para que a educação tenha ênfase no desenvolvimento do

autoconhecimento, da criatividade, da habilidade, da imaginação, essenciais na formação de

um empreendedor de sucesso.

Com base nesses valores, as IES transmitem aos seus alunos a capacidade de autonomia e

inovação. Em um ambiente competitivo e instável essas características permitem o aumento e

a perpetuação da geração de riqueza e de empregos, guiando o país ao desenvolvimento. O

empreendedorismo estimulado através de ensino adequado é o motor do crescimento da

economia regional (DOLABELA, 1999).

As IES são capazes de oferecer importantes contribuições ao ensino de empreendedorismo,

como por exemplo, propiciar um ambiente oportuno ao desenvolvimento de novos negócios.

Para Etzkowitz (2003) a universidade é um local favorável à inovação, pela concentração de

conhecimento e de capital intelectual, onde os estudantes são em tese potenciais

empreendedores.

A educação voltada para o empreendedorismo constitui um processo de transmissão/aquisição

do conhecimento sobre o ambiente e o próprio indivíduo. RAMOS, FERREIRA e GIMENEZ

(2005, p. 3), consideram que a educação: “Visa a contribuir para o desencadeamento de

habilidades, atitudes e comportamentos para a prospecção e exploração de oportunidades para

transformação do meio em que vive pelo desenvolvimento econômico, social e cultural”

Desta forma, uma IES empreendedora é aquela que cria uma direção estratégica capaz de

tornar o conhecimento gerado na universidade em valor econômico e social (EZTKOWITX,

2003). Para que isso ocorra, é preciso que as IES disseminem a cultura de empreendedorismo

por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, transformando alunos em empreendedores

efetivos.

2.1 METODOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO

Fillion (1991) acredita que a educação para o empreendedor deve auxiliar o indivíduo no seu

desenvolvimento, pelo reforço de suas características diferenciadas, ou seja, à educação tem

como base principal dar apoio aos futuros empreendedores. Estas competências

empreendedoras reafirmadas se traduzem em um misto de conhecimentos, habilidades e

atitudes que desencadeiam ações eficazes na consolidação de um negócio (PAIVA JUNIOR;

et al, 2006).

Neste mesmo sentido, pode-se afirmar que a educação empreendedora em conexão com a

inovação gera vantagens competitivas aos futuros empreendimentos. Assim, pressupõe que a

importância do estudo do empreendedorismo se dá em função da contribuição à sociedade,

estimulando o crescimento econômico local.

A disciplina de empreendedorismo pode abranger a formação do indivíduo, focar na fase

anterior à criação de um negócio, voltar-se para os que já estariam na fase de criação de um

empreendimento, e também àqueles que estão em fases posteriores à criação e que estão

procurando estratégias para permanecer no mercado ou expandir (LOPES, 2010).

Dessa forma, a metodologia precisa mesclar formas tradicionais de ensino com métodos

modernos que contemplem a filosofia do empreendedorismo, como: o desenvolvimento de

plano de negócios, a motivação para empreender, a geração de ideias por meio do processo

criativo, os jogos de empresas, o modelo canvas, entre outros. Estas formas e métodos de

ensino possibilitam o aprendizado de forma conceitual, prática e vivencial.

Em arranjos produtivos locais as feiras acadêmicas e industriais, as atividades das disciplinas

de empreendedorismo inseridas nas matrizes curriculares dos cursos existentes, as pré-

incubadoras e as incubadoras de empresas cooperam entre si com o propósito de viabilizar

projetos de novos negócios e formar um ambiente adequado ao nascimento de

empreendimentos inovadores (PEREIRA, 2011).

Visto isso, a rediscussão dos modelos didático- pedagógicos associados ao ensino do

empreendedorismo nos cursos de administração e áreas afins é importante, pois, defende a

diversificação de abordagens teóricas aplicadas neste campo e dissemina a cultura do

empreendedorismo entre alunos e sociedade.

O ensino da disciplina de empreendedorismo também é discutido por Henrique e Cunha

(2008, p. 21), os quais defendem uma metodologia que os alunos não “(...) se sintam

intimidados em ultrapassar os limites da sala de aula em virtude de tais adversidades”.

Dolabela (2003) ainda acentua três questões em relação ao ensino do empreendedorismo.

Primeiramente o autor relaciona às condições para se verificar o ensino na área. A segunda

indagação trata da preparação e da capacitação da IES em ensinar o empreendedorismo. A

terceira focaliza o perfil do professor da área. Isto porque, é importante entender o papel de

um programa cujo enfoque maior é o comportamento, ou seja, o conhecimento não é

transmitido pelo preceptor e sim gerado pelos alunos.

No ensino de empreendedorismo, o professor precisa compreender as necessidades e

expectativas dos alunos, para então ajustar a metodologia de ensino. A participação ativa dos

alunos no processo de aprendizagem torna-se fundamental, proporcionando a elesproatividade

e um conhecimento mais amplo, baseado na construção e troca de suas próprias experiências e

saberes.

Dolabela (2004, p. 128) defende que não se pode dar uma direção ao aluno para que ele seja

um empreendedor empresarial, “mas que seja empreendedor em sua forma de ser”. As

habilidades e conhecimentos de empreendedorismo levados à sala de aula proporcionam ao

universitário a opção de constituir seu próprio negócio, a partir do entendimento de que toda

realização se deve a um processo educacional. “Assim, o aluno se sente capaz e

comprometido com a criação dos seus próprios caminhos” (DOLABELA, 2004, p. 129).

3 METODOLOGIADA PESQUISA REALIZADA

A presente pesquisa baseia-se no estudo de caso das instituições FAI e INTEF. Para Lüdke e

André (1986) um estudo de caso tem como características básicas a ênfase na interpretação do

contexto, o retrato da realidade de forma completa e profunda, além de fazer uso de variadas

fontes de informação.

Stake (1999) afirma que o estudo de caso pode analisar uma investigação em educação,

indivíduos, grupos ou uma organização, como também, algo menos definido como:

programas, processos de implementação, mudanças organizacionais, entre outros.

Sendo “apropriado para investigação de fenômenos quando há uma grande variedade de

fatores e relacionamentos que podem ser diretamente observados e não existem leis básicas

para determinar quais são importantes” (VENTURA, 2007). O uso das abordagens

quantitativas e qualitativas de pesquisa fica a critério do autor, de acordo com a pesquisa a ser

realizada (YIN, 2001).

No entanto, estudos de caso, na sua essência, possuem características inseparáveis da

investigação qualitativa. Nesse sentido, o estudo de caso rege-se dentro da lógica que guia as

sucessivas etapas de recolha, análise e interpretação da informação, porém o propósito da

investigação é o estudo intensivo de um ou poucos casos (LATORRE et al., 2003 apud

MEIRINHOS; OSÓRIO, 2010). Segundo Dooley (2002), a vantagem do estudo de caso é a

sua aplicabilidade a contextos contemporâneos de vida real.

Para Dafolvo, Lana e Silveira (2008) a pesquisa qualitativa em administração pode ser

associada com a coleta e análise de texto (falado e escrito) e a observação direta do

comportamento. Richardson (1989) expõe que o método qualitativo é aplicado em estudos

descritivos, os quais propõem investigar descobrir as características de um fenômeno como

tal.

Tendo em vista esses autores, o estudo de caso desta pesquisa será delimitado pelas ações e

métodos utilizados para a promoção do empreendedorismo inovador pelas instituições FAI e

INTEF. Partir-se-á da análise de documentos, registro de fotos, dados da própria IES e estudo

bibliográfico, com objetivo de entender a metodologia empregada e os resultados alcançados

pelas instituições na efetivação do empreendedorismo. A abordagem escolhida foi de ordem

qualiquantitativa.

4 O HISTÓRICO EMPREENDEDOR DA IES FAI

Tudo teve início em 1968. O espírito de vanguarda do professor Francisco Ribeiro de

Magalhães encontrou acolhida junto ao Monsenhor José Carneiro Pinto e ao advogado

Antônio Teixeira dos Santos, que se aliaram a um grupo de santarritenses obstinados pelo

desenvolvimento da cidade (FAI, 2016).

Em 12 de janeiro de 1971, após autorização do MEC para o funcionamento da Escola de

Administração, a FAI dava início às suas atividades com o primeiro curso de Administração

do Sul de Minas Gerais.Em 1977, a Escola passa a chamar-se Faculdade de Administração.

No ano seguinte é criado o Curso de Tecnologia em Processamento de Dados, atual Curso de

Sistemas de Informação, e em 1982 a Faculdade altera seu nome para Faculdade de

Administração e Informática - FAI.

Posteriormente, com a criação de mais um curso superior, a Faculdade implementa o ISE -

Instituto Superior de Educação. Em 2010, com a unificação do ISE e da FAI a Instituição

passa a ser denominada FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação,

mantendo a sigla do nome anterior, FAI.

Atualmente, são cinco cursos de graduação, doze de pós-graduação, mil e cem alunos,

ciquenta professores, quarenta funcionários e mais de três mil profissionais formados pela

Faculdade, contribuindo para o desenvolvimento do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do

Sapucaí, do Estado de Minas Gerais e do Brasil.

Cumprindo com a sua missão de formar cidadãos competentes, a FAI oferece aos seus alunos

e à comunidade outras atividades acadêmicas e de extensão, onde se destacam o Núcleo de

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a Semana da FAI e a Feira de Tecnologia da FAI -

FAITEC, o Projeto de Administração Aplicada – PAA e a Maratona de Programação. Em

2003 a Faculdade criou o NCC - Núcleo de Cultura e Cidadania buscando oferecer aos seus

alunos uma formação humanística, além de ampliar sua inserção na comunidade. Alguns

projetos como Trote da Cidadania, curso de Inclusão Digital e Faculdade Aberta à Maturidade

integram o NCC. Mais tarde com a adesão a outros projetos, o núcleo passa a ser denominado

NCCE- Núcleo de Cultura, Cidadania e Esporte. Em 2006 aderiu ao evento do Dia da

Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular envolvendo os alunos, professores e

funcionários da Faculdade.

Desde a sua criação, a FAI tem seus pilaresestruturados em um processo de atualização

contínua, buscando adequar-se às crescentes evoluções tecnológicas e às exigências do

mercado. Atendendo a estas necessidades, a Faculdade sempre se destacou em inovação. Um

exemplo que vale ressaltar aqui é o ensino de empreendedorismo disseminado na instituição.

A iniciativa foi fruto de um curso no qual o professor José Cláudio Pereira participou,

ministrado pelo professor da UFMG e escritor, Fernando Dolabela.

No segundo semestre de 1997, o professor José Cláudio cria um curso de extensão sobre

empreendedorismo com duração de um semestre, com intuito de propagar e atender às

demandas dos alunos da FAI, da Escola Técnica de Eletrônica (ETE) e do Instituto Nacional

de Telecomunicações (INATEL). No ano seguinte, a disciplina passa a fazer parte do curso de

Administração e de Informática, da IES. Neste contexto, foi a FAI a primeira Instituição de

Ensino do Sul de Minas Gerais a tratar o empreendedorismo como matéria acadêmica,

presente como parte da matriz curricular. Posteriormente outras instituições estabeleceram a

disciplina em seus cursos de graduação, como por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas, em

São Paulo.

Iniciativas empreendedoras como a instituição de uma disciplina de empreendedorismo

fortaleceram outras ações como a feira acadêmica de projetos empreendedores da FAI. Esta

feira, denominada Feira de Tecnologia da FAI (FAITEC), é um evento anual promovido pela

instituição, alinhado com a ênfase dada, nos planos de negócios e projetos acadêmicos

interdisciplinares dos cursos de graduação da FAI, representando a culminância de um ano de

trabalho voltado à inovação, novos negócios e para o desenvolvimento científico e

tecnológico. Esta feira tornou-se um dos eventos integrantes da Semana Nacional de Ciência e

Tecnologia promovida pela Secretaria de Inclusão Social e Departamento de Popularização e

Difusão de C&T do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) com ampla

divulgação em âmbito nacional e internacional. A Figura 1 mostra fotos da FAITEC (2015).

A primeira mostra a premiação do Concurso de plano de Negócios e a segunda apresenta

superficialmente a quantidade de visitantes da feira.

FIGURA 1– FAITEC 2015

F ONTE: FAI (2016).

O envolvimento da FAI no ambiente de empreendedorismo proporcionou a participação da

implementação do Programa Municipal de Incubação de Empresas (PROINTEC) em Santa

Rita do Sapucaí – MG, junto com outras instituições. A estrutura organizacional da

Incubadora Municipal prevê a existência de um Conselho Consultivo formado por

representantes das entidades: Associação Industrial Sindicato das Indústrias de Aparelhos

Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (AISRS), Escola Técnica de

Eletrônica (ETE), Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí (PMSRS), Secretária de

Estado Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (SECTES MG), Serviço de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Nacional de Telecomunicações

(INATEL) e FAI, esse conselho atua como uma instância, onde a gerência da incubadora

recorre para tomar decisões extraordinárias e para prestar contas das atividades do dia-a-dia.

Além da presença permanente de um membro do corpo docente da FAI no Conselho

Consultivo da Incubadora Municipal, o Núcleo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

(NPDI) da FAI, por meio dos professores consultores da Instituição já prestou muitos serviços

às empresas incubadas e à própria incubadora. O NPDI foi responsável por elaborar um

estudo de viabilidade técnica e econômica – EVTE para os principais produtos de todas as 10

primeiras empresas incubadas na Incubadora Municipal, com também, ofereceu um programa

de treinamento aos proprietários daquelas empresas, no total foram 20 cursos da área de

gestão. Ambos os projetos foram financiados pela FINEP.

Em maio de 2004 foram lançados dois produtos em níveis nacional e internacional, via

internet, desenvolvidos pelo NPDI da FAI sob coordenação do professor José Cláudio Pereira,

em parceria com o SEBRAE-MG e com as incubadoras da cidade. Um deles foi o Manual da

Empresa Incubada (MEI), elaborado em parceria com a Incubadora Municipal de Empresas e

o SEBRAE-MG. Este livro contém lições mínimas de gestão empresarial em todas as áreas de

um negócio inovador que, se praticadas, podem contribuir de forma decisiva para levar uma

empresa ao sucesso. A seguir, está a foto da capa e ficha técnica do MEI – Manual da

Empresa Incubada: Figura 2.

FIGURA 2 - MANUAL DA EMPRESA INCUBADA CRIADO PELA FAI

FONTE: FAI (2016).

O outro produto lançado foi o software denominado PRONTO!, desenvolvido pela FAI, em

parceria com o INATEL, que baseia-se num sistema de indicadores de progresso das

empresas incubadas que fornece à gerência da incubadora informações necessárias para que

se avalie o grau de maturidade de cada empresa incubada, constituindo-se numa ferramenta

poderosa aos gestores das incubadoras. A Figura 3 apresenta a logomarca do software.

FIGURA 3- Software desenvolvido para Gestão de Incubadoras

FONTE: FAI (2015).

Com o sucesso da disciplina de empreendedorismo e pelo próprio ambiente empreendedor

que na instituição se cultiva, a FAI cria em 2009 sua Incubadora de Empresas de Base

Tecnológica (INTEF), com o objetivo de abrigar e apoiar projetos inovadores de seus alunos,

ex-alunos, professores e, em caráter específico, da comunidade em geral. A incubadora tem

como missão a promoção do empreendedorismo regional, utilizando-se da expertise existente

na instituição, de maneira a fornecer o suporte necessário à criação e o sucesso de novas

ideias.

Para isso, conta com uma infraestrutura física composta por salas privativas destinadas a

abrigar temporariamente as empresas incubadas, áreas de desenvolvimento de uso

compartilhado e serviços básicos como água, luz, telefonia, internet, secretária, salas para

reuniões entre outros. Oferece capacitação, assistência técnica e gerencial para que as

empresas apoiadas sejam preparadas e tenham condições de enfrentar os obstáculos que

surgem em seus primeiros anos de vida. A relação ainda favorece a criação de parcerias e

redes de relacionamento fundamentais para a viabilização de novos negócios.

Tendo como missão a formação de profissionais empreendedores com suas habilidades,

competências e conhecimentos ampliados para atuarem nas áreas de Gestão, Tecnologia e

Educação, a FAI fortalece seu programa de educação empreendedora por meio de várias

ações que também envolve sua incubadora, e que conta com apoio de parceiros como

SEBRAE, FAPEMIG e FINEP para a promoção e disseminação da cultura empreendedora

aos seus alunos, professores e a toda comunidade. Diante do histórico empreendedor da FAI,

resumem-se algumas realizações da Instituição por meio de uma linha do tempo, representado

pela Figura 4.

FIGURA 4 – Resumo das principais ações empreendedoras da FAI

FONTE: elaborado pelos autores

5 MÉTODOS E AÇÕES PRATICADOS PELA FAI

Desde a adoção da disciplina de empreendedorismo, a FAI tem se empenhado para unir

metodologias teóricas e práticas, considerando aspectos sócio-culturais, econômicos e

comportamentais dos alunos, como também, as transformações políticas, internacionais e de

gerenciamento do mercado.

Atualmente, a instituição conta com diversos métodos e ações para a promoção do

empreendedorismo, os quais também visam auxiliar a construção das habilidades

empreendedoras dos alunos e do corpo docente da FAI. A Tabela 1 apresenta as metodologias

aplicadas pela IES.

Tabela 1 – métodos e ações praticadas pela IES FAI

Continua

NOME DA

AÇÃO

TIPO DA

AÇÃO DETALHES SOBRE A AÇÃO

Oferecimento da

disciplina de

Empreendedorismo

Teórica

Prática

O oferecimento da disciplina de empreendedorismo é uma ação que

dissemina a cultura do empreendedorismo entre os alunos, reforçando

os conceitos de Polo Tecnológico, do APL e de Cidade Empreendedora

para Santa Rita do Sapucaí. A disciplina oferecida nos cursos de

graduação da FAI possui dois focos principais que nortearão as ações

teóricas e práticas a serem executadas: o primeiro é a filosofia do

empreendedorismo e a motivação para empreender; e o segundo, a

geração de ideias (Design Thinking) e o desenvolvimento de modelos

Canvas e Plano de Negócios. O primeiro foco, teórico, será

desenvolvido dentro das horas destinadas ao desenvolvimento da

disciplina junto às turmas. O segundo será operacionalizado fora de sala

de aula, com atendimento presencial às equipes na elaboração dos

respectivos Planos de Negócios, necessitando-se de mais horas para esta

atividade de orientação e acompanhamento que culminará em outra

ação denominada Concurso de Planos de Negócios. Os planos são

avaliados, e os melhores são selecionados para participar da Feira de

Tecnologia da FAI (FAITEC).

FAITEC – Feira de

Tecnologia da FAI. Prática

Evento anual promovido pela instituição, alinhado com a ênfase dada,

nos planos de negócios e projetos acadêmicos dos cursos de graduação

da FAI, representando a culminância de um ano de trabalho voltado à

inovação, novos negócios e para o desenvolvimento cientifico e

tecnológico.A Feira tem como objetivo mostrar aos empresários e a

comunidade os trabalhos desenvolvidos pelos alunos da Instituição.

Esta feira tem duração de três dias, sendo que no último dia é dada a

premiação para os três projetos mais inovadores de cada turma dos

cursos de graduação. Desde 2004, este evento integra a Semana

Nacional de Ciência e Tecnologia promovida pela Secretária de

Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI).

Concurso de Plano

de Negócios Prática

O concurso de plano de negócios tem como objetivo ser um programa

de auxílio ao empreendedorismo dentro da instituição. Os três melhores

projetos são premiados na FAITEC.

Prêmio Municipal

de Inovação Prática

Em outubro de 2014, foi aprovada a LEI Nº 4797/2014, a qual permite

que a prefeitura de Santa Rita do Sapucaí- MG selecione e premie os

três projetos mais inovadores da FAITEC.

Semana da FAI Prática

É uma semana de atividades especiais de cunho acadêmico e cultural.

Geralmente, o tema central da semana é voltado à promoção do

empreendedorismo tema que atende todos os cursos da Instituição,

sucedendo–se no mês de maio.

Ciclo de palestras e

capacitações

oferecidas pela

INTEF

Prática

No decorrer do ano letivo, a INTEF proporciona palestras e

treinamentos para os iniciantes dos cursos da FAI, com os temas sobre

incubação e aberturas de empresas.

Palestras

oferecidas por

empreendedores

Prática

As palestras oferecidas por empreendedores têm como finalidade relatar

a trajetória do empreendedor e de seu empreendimento. Seu objetivo é

criar uma cultura empreendedora entre os alunos e estimulá-los a

empreender e inovar.

Conclusão

NOME DA

AÇÃO

TIPO DA

AÇÃO DETALHES SOBRE A AÇÃO

Visitas Técnicas

nas incubadoras e

empresas

Prática

Dentro das aulas de empreendedorismo a visita técnica acontece na

INTEF, na Incubadora Municipal e em organizações de Santa Rita do

Sapucaí; onde o aluno conhece a infraestrutura do local, as ações e

empresas mantidas pelos os órgãos.

Visitas Técnicas

nas incubadoras e

empresas

Prática

Dentro das aulas de empreendedorismo a visita técnica acontece na

INTEF, na Incubadora Municipal e em organizações de Santa Rita do

Sapucaí; onde o aluno conhece a infraestrutura do local, as ações e

empresas mantidas pelos os órgãos.

Curso Bota para

Fazer

Teórica e

Prática

O Curso Bota para fazer foi realizado por professores da instituição e

disseminado para o corpo discente da mesma. O curso consiste em um

AVA com atividades voltadas ao ensino do empreendedorismo.

Empreendedores

na Escola Prática

A FAI promove uma gincana denominada Empreendedores na Escola,

cujo objetivo consiste na realização de tarefas relacionadas com o tema

empreendedorismo social. Esta ação envolve mais de 600 estudantes de

ensino médio, técnico e EJA, pertencentes às superintendências

regionais de ensino, contemplando escolas de onze cidades da região do

sul de Minas Gerais.

Aprender a

Empreender nas

Ondas do Rádio

Prática

Esta ação tem como objetivo desenvolver estratégias para a integração

da educação sobre o empreendedorismo por meio da rádio escolar, com

foco na resolução de problemas da escola, como também, problemas

socioambientais do município. Alunos da FAI desenvolvem

experiências de aprendizagem que contribuem para potencializar e

desenvolver competências empreendedorase disseminam a cultura

empreendedora nas escolas do município por meio da criação de rádios

nas escolas.

Assessorias para

empresas

incubadas

Prática

A INTEF oferece continuamente assessorias às empresas incubadas

visando o desenvolvimento das mesmas, apoiando-as nas primeiras

etapas de suas operações.

Capacitação para

empreendedores

incubados

Teórica

São capacitações oferecidas pela INTEF aos empreendedores incubados

com o objetivo de preparar tantos os empreendedores na área pessoal

quanto seus empreendimentos nas áreas de gestão, finanças, tecnologia

e mercado.

Consultoria para

empreendedores

incubados

Prática

As consultorias são oferecidas pela incubadora às empresas incubadas,

por meio de profissionais experientes com visão de mercado e

estratégica para diagnosticar e elaborar planos de ações aos novos

negócios.

Missões e

participação em

congressos

voltados ao

Empreendedorismo

Prática

A equipe gestora da INTEF, alunos bolsistas da instituição, bem como,

empreendedores, realizam missões para visitas técnicas em outras

Instituições e participam de congressos e treinamentos voltados ao

empreendedorismo.

FONTE: Elaborada pelos autores

Visto isso, constata-se a existência dos métodos utilizados para promover o

empreendedorismo dentro da Instituição, sendo possível perceber a relação das atividades

teóricas e práticas propostas, como também, as oportunidades que as atividades oferecem aos

possíveis empreendedores, cumprindo sua missão.

5.1 RESULTADOS OBTIDOS NA EXECUÇÃO DAS PRINCIPAIS AÇÕES

EMPREENDEDORAS

Foi possível mensurar numericamente alguns dados relacionados à FAITEC, como: o número

de projetos expostos de 1992 a 2013 e o número de visitantes da feira. A seguir, os dados

foram ordenados em gráficos.

GRÁFICO 1 - Projetos expostos na FAITEC nos anos de 1992 a 2015

FONTE: FAI (2016).

A análise procurou relacionar o número de projetos de acordo com a área central de cada

curso. Assim, pode-se observar que a FAITEC, no início, era voltada à premiação de

trabalhos de informática. Após a inserção do empreendedorismo no curso de administração, a

feira passou a agregar trabalhos da área de gestão e, posteriormente, na área de educação e

engenharia, pelo mesmo motivo.

Os projetos apresentados ficam registrados como um banco de ideias para consulta futura,

bem como são prospectados possíveis empreendimentos a serem incubados na INTEF. Outro

fator determinante no reconhecimento dos trabalhos produzidos pela IES é o número de

visitantes da feira, boa parte deles empresários da região, que buscam por novas ideias que

possam alavancar seus negócios.

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Gestão Informática Educação Engenharia

O Gráfico 2 apresenta o número estimativo de visitantes entre os anos 2003 e 2015:

GRÁFICO 2 – Visitantes da FAITEC nos anos de 2003 a 2015 FONTE: FAI, 2016.

Como pode ser observado no Gráfico 2, a FAITEC recebe um número expressivo de

visitantes. Portanto, atualmente, é organizada por um conjunto de comissões criadas

especialmente para esta atividade acadêmica, sendo um evento promotor da integração

empresa-escola, o que visa transformar o atendimento das necessidades do mercado nos

setores em que atua.

Outra comparação feita foi a relação entre o número de visitantes da feira e a região de origem

dos mesmos, como mostra o gráfico 3:

GRÁFICO 3 – Percentual de visitantes das cidades da região em 2015

FONTE: FAI, 2016.

Como já visto anteriormente, as Instituições FAI e INTEF são responsáveis por desenvolver

métodos e ações que instigue as habilidades empreendedoras de seus docentes e discentes,

como também, de toda a comunidade.

20032004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

2500 2800 3800 5250 6200 7269 7400 7860 7800 7416 7252 7771 7120

O Gráfico 4 apresenta o potencial de sensibilização das ações da Semana da FAI, o alcance da

disciplina de empreendedorismo, do concurso de negócios, e o total de alunos sensibilizados

na prática: Empreendedores na Escola, realizada fora do ambiente acadêmico da FAI.

GRÁFICO 4 – Potencial de sensibilização das ações da IES FAI

FONTE: elaborado pelos autores

Através dos dados do gráfico pode-se observar que as ações de sensibilização praticadas pela

IES conseguem alcançar toda comunidade acadêmica, e parte de integrantes de outras escolas.

Assim, conclui-se que a IES FAI se preocupa em cumprir seu papel social em gerar e agrega

novos conhecimentos, contribuir para a criação e manutenção de empreendimentos através do

ensino do empreendedorismo.

Outro dado mensurável é a relação dos proprietários ou sócio-diretor dos empreendimentos

apoiados pela INTEF com a FAI. Embora o apoio oferecido à incubadora seja aberto à

comunidade o resultado obtido mostra que quase a totalidade dos empreendimentos apoiados

são de alunos, ex-alunos ou professores da FAI, caracterizando algum vínculo com a

Instituição, como mostra o gráfico 5.

GRÁFICO 5– Relação entre os proprietários ou sócio-diretor dos empreendimentos da INTEF com a IES FAI

nos anos de 2013 a 2016

FONTE: elaborado pelos autores

A relação mostrada acima demonstra que os métodos e ações aplicados pela FAI e sua

incubadora na promoção do empreendedorismo são ferramentas eficazes para que os

potenciais empreendedores identifiquem oportunidades e desenvolvam suas ideias. Para isso,

o papel da IES na disseminação do empreendedorismo é fundamental por se tratar de um

ambiente propício à criação de negócios inovadores através de pesquisa, trabalhos de

extensão, rede de relacionamento, benchmarking e expertise da Instituição.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do estudo de caso da FAI e de sua incubadora de empresas, INTEF, foi possível

compreender como as Instituições promovem um ambiente propício ao ensino do

empreendedorismo e criação de empreendimentos. O desenvolvimento de profissionais com

habilidades diferenciadas é condição necessária para o sucesso de novos negócios, bem como,

o estímulo à inovação, os quais em conjuntos são imprescindíveis para promover a Destruição

Criativa vislumbrada por Schumpeter.

Evidenciou-se nesta pesquisa que o empreendedor é o indivíduo responsável por transformar

a realidade de uma região ou país, sendo essencial para o desenvolvimento econômico e

social, como também para a geração de emprego, renda e desenvolvimento tecnológico.

Diante do exposto, faz-se importante a atuação das IES para a promoção e ensino deste tema.

Foi relatado que a formação de intraempreendedores também é importante, para que as IES

formem pessoas aptas ao mercado levando em conta fatores como demanda da sociedade,

contexto econômico, político, social, cultural e criativo. Desta forma, as mesmas devem se

atentar a métodos e ações capazes de instigar as habilidades dos alunos, tornando-os

empreendedores de fato.

Pode-se afirmar que a FAI e a INTEF promovem diversas ações para a sensibilização tanto de

seus docentes e discentes quanto de toda a comunidade. Alguns exemplos do alcance destas

ações estão na Semana da FAI com a presença da maioria dos alunos da IES, o concurso de

plano de negócios que anualmente abrange cerca de 150 alunos e, também a ação

empreendedora na escola que sensibiliza alunos de municípios vizinhos a Santa Rita do

Sapucaí – MG.

Outra ação que promove tanto a sensibilização de novas ideias como a prospecção das

mesmas, é o ambiente da FAITEC, no qual há a integração da comunidade acadêmica,

empresarial e sociedade, estimulando assim a troca de conhecimento, a geração de novas

ideias e soluções para problemas econômicos, de gestão e social. Como se pode observar, a

feira recebe milhares de visitantes, o que beneficia a promoção do tema e o torna mais

acessível.

Além destas atividades, com alcance maior de pessoas, as Instituições utilizam de outros

métodos para a promoção do empreendedorismo como: concurso de plano de negócios,

disciplina de empreendedorismo nos cursos de graduação, ciclo de palestra sobre abertura de

empresa e empresas incubadas, visitas técnicas as incubadora e organizações da região,

palestra ministrada por empreendedores, entre outras.

É possível afirmar que tanto a IES quanto a incubadora se preocupam em mesclar ações e

métodos de cunho prático e teórico, atuando deste modo de acordo com os autores

mencionados no referencial teórico. Portanto, é possível inferir que o engajamento destas

atividades são capazes de promover uma cultura empreendedora local, que facilita na criação/

manutenção de empreendimentos e consecutivamente promove o crescimento econômico

local, caso que pode ser observado no município de Santa Rita do Sapucaí – MG.

Por último, é possível perceber que o ambiente da FAI criou uma cultura empreendedora.

Através da quantificação da relação dos empreendedores da INTEF com a FAI, identificou-se

que a maioria possuía um vínculo com a Instituição, porém, através das demais ações

promovidas é possível afirmar que toda a comunidade, de forma indireta, acaba sendo

influenciada por este ambiente empreendedor.

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