Educação Física e Cultura

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Aspectos culturais relacionados ao trabalho em educação física escolar

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  • FACULDADES INTEGRADAS DA REDE DE ENSINO UNIVEST

    ANDERSON JOS MOURA DE CAMPOS

    EDUCAO FSICA E O CONCEITO DE CULTURA

    O CORPO NO TEMPO, ESPAO E CIBERESPAO.

    Brusque,2006.

  • ANDERSON JOS MOURA DE CAMPOS

    EDUCAO FSICA E O CONCEITO DE CULTURA

    O CORPO NO TEMPO, ESPAO E CIBERESPAO

    Monografia apresentada Rede de Ensino UNIVEST como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de especialista em Gesto de Tecnologias Aplicadas Educao, sob a orientao Professor Mestre Maria do Carmo Machado de Souza.

    Orientao: Prof. MSc. Maria do Carmo Machado de Souza

    2

  • ANDERSON JOS MOURA DE CAMPOS

    EDUCAO FSICA E O CONCEITO DE CULTURA

    O CORPO NO TEMPO, ESPAO E CIBERESPAO

    Esta monografia foi apresentada Rede de Ensino UNIVEST foi julgada adequada como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de especialista em Gesto de Tecnologias Aplicadas Educao

    Orientador (a): Prof. Msc Maria do Carmo Machado de Souza.

    Brusque (SC)........../........./2006.

    .....................................................................Prof. Msc Maria do Carmo Machado de Souza

    3

  • Brusque, 2006.

    AGRADECIMENTOS

    Direta ou indiretamente, muitas pessoas contriburam nesta longa jornada, porm, em especial gostaria de agradecer:

    A todos os alunos de 5 e 6 srie da Escola de Educao Bsica Joo Hassmann;

    A todos os alunos de 3, 4, 6, 7 srie, turma A, da Escola de Ensino Fundamental Professor Jos Vieira Crte;

    A todos os alunos da 8 srie da Escola de Ensino Fundamental Professor Jos Vieira Crte com quem muito aprendi e pouco pude ensinar;

    A Professora Orientadora Maria do Carmo Machado, sempre disposta a ajudar;

    A Gislaine dos Santos, Azenir Deichmann, Murilo Colzani, Professores Motivadores do Espin1 da Escola de Educao Bsica Joo Hassmann;

    A Rui Alan Bernardi e Wander Kniss Dias, Professores Motivadores do Espin da Escola de Ensino Fundamental Professor Jos Vieira Crte.

    Alcino Csar da Silva e sua esposa Alessandra Nolli da Silva, amigos que durante essa longa jornada esto sempre ao meu lado. A voc tambm Luise.

    Aos companheiros do SINSEB, sem vossa colaborao essa obra, certamente, no se realizaria.

    1 Espin: Espao Pedaggico Informatizado, Projeto de Informtica aplicada Educao, desenvolvido no Municpio de Brusque/SC.

    4

  • Dedico o presente trabalho :

    Minha esposa Luciane, que em tempos difceis, a nica razo para que me sinta confiante e lutando pela educao;

    Meus filhos Cssio e Nathlia que com pacincia, admirao e respeito, acompanharam e aguardaram este momento;

    Meu Pai Arlei (em memria) que h muito tempo fez de um menino um homem e, hoje, a saudade da distncia a certeza do amor que nos une eternamente;

    Minha Me Lizete que com pacincia e sabedoria, inerente a toda a mulher, me ensinou a amar, ouvir e respeitar as diferenas;

    Meus irmos Chelton e derson. Mesmo com nossas imensas diferenas os amo muito e sei que sou correspondido.

    5

  • ... A cultura escolar e a Educao Fsica aparecem como pontos nevrlgicos onde se expressa o controvertido conceito de identidade. Nesse lugar privilegiado, a identidade expressa sua enorme intensidade no interior da escola, encarnadas nos sujeitos que percorrem trajetrias, realizam as prticas e enunciam discursos sociais, dotando-os, negociados, disputados pelos protagonistas do dia-a-dia escolar, tecendo complexas tramas vinculantes, ancoradas em um tempo e espao especficos. Assim, a identidade se constri e reconstri em meio a processos sociais superpostos que se engendram dentro das instituies escolares....2 (VAGO/CACHORRO. 2003, p.191).

    2 Na obra A Educao Fsica no Brasil e na Argentina Identidade, desafios e Perspectivas os professores Tarcsio Mauro Vago (Brasil) e Gabriel Cachorro (Argentina) fazem um excelente ensaio a respeito da Educao Fsica e a cultura escolar.

    6

  • RESUMO

    Este trabalho surgiu de muitos estudos realizados na rea de Educao Fsica e de minha prtica pedaggica na Escola de Educao Bsica Joo Hassmann e Escola de Ensino Fundamental Professor Jos Vieira Corte, escolas municipais da cidade de Brusque/SC. A partir das reflexes acerca dos elementos que constituem um projeto de pesquisa e das possibilidades de aplic-lo, sendo o mesmo desenvolvido nas escolas onde exero minha prtica docente. Isto posto, o presente estudo tem por objetivo construir criticamente uma viso da histria do corpo do indivduo atravs do tempo histrico e do espao escolar culminando com a ps-modernidade e o Ciberespao. Segundo Soares: ...a Educao Fsica no Brasil possuiu uma influncia avassaladora da cultura Europia que, em um primeiro momento necessitava da formao de patriotas.... 3 O Corpo em servio e a servio do Capitalismo e suas vrias metamorfoses, aprisionou o corpo histrico/social e o tornou dependente, de um sistema alienador e consumista. Geraes de consumo esto sendo formadas. Passam pelos Bancos Escolares e, esses, inertes, reproduzem voluntria ou involuntariamente o modelo vigente. Foucault (1979) questiona o poder e o corpo a servio do mesmo sistema, vigilante, punitivo e dominador. Sua dominao se perpetua e transforma-se em controle do corpo histrico e cultural4. Com a evoluo humana, avanasse o pensamento filosfico. ...Pela primeira vez na histria da humanidade, a maioria das competncias adquirida por uma pessoa no comeo de seu percurso profissional ser obsoleta no fim de sua carreira... (LEVY, 1998). Ntido sinal de mudanas na postura do homem e seu corpo capitalista industrial que parte para uma nova etapa de sua evoluo: o homem torna-se tecnolgico e navega pelo ciberespao. A concepo terico-metodolgica que norteou este trabalho foi perspectiva scio-interacionista que enfatiza a necessidade de articular as mediaes no processo de ensino/aprendizagem partindo sempre do conhecimento prvio do aluno, sua elaborao e forma de sistematiz-los para a elaborao e (re) construo do conhecimento novo.

    Palavras chave: Educao Fsica; Tecnologia; Cultura.

    3 Ver Carmem Soares, 2004, pp 5-6, Educao Fsica, Razes Europias no Brasil. 4 Foucault faz uma anlise rica e esclarecedora em seu livro A microfsica do Poder. (Graal, 1979).

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  • ABSTRACT

    This work appeared of many studies accomplished in the area of Physical education and of my pedagogic practice in the School of Basic Education Joo Hassmann and School of Teaching Fundamental Teacher Jos Vieira Cuts, municipal schools of the city of Brusque/SC. starting from the reflections concerning the elements that constitute a research project and of the possibilities to apply him/it, being the same developed at the schools where I exercise my educational practice. This position, the present study has for objective to build a vision of the history of the individual's body critically through the historical time and of the school space culminating with the powder-modernity and the Cyberspace. According to Soares: ...the Physical education in Brazil possessed an overpowering influence of the European culture that, in a first moment he/she needed the formation of patriots.... The Body in service and to service of the Capitalism and their several metamorphoses, it arrested the body histrico/social and it turned him/it dependent, of a system alienator and consumerist. Consumption generations are being formed. They go by the School Banks and, those, inert; they reproduce volunteer or involuntarily the effective model. Foucault (1979) it questions the power and the body to service of the same system, vigilant, punitive and ruler. His/her dominance is perpetuated and he/she becomes control of the historical and cultural body. With the human evolution, it advanced the philosophical thought. ... For the first time in the humanity's history, most of the competences acquired by a person at the beginning of his/her professional course will be obsolete at the end of his/her career..., (LEVY, 1998). Clear sign of changes in the man's posture and his/her industrial capitalist body that it leaves for a new stage of his/her evolution: the man becomes technological and it navigates for the cyberspace. The theoretical-methodological conception that it orientated this work went to the perspective partner-interacionista that emphasizes the need to articulate the mediations in the ensino/aprendizagem process always leaving in the student's previous knowledge, his/her elaboration and way of systematizing them for the elaboration and (reverse) construction of the new knowledge.

    Words key: Physical education; Technology; Culture.

    8

  • SUMRIO

    LISTA DE IMAGENS

    Figura 1 Charge gerao net 39Figura 2 Logotipo Espin 48Figura 3 Capa Projeto Educao Fsica JOHAS

    60Figura 4 Capa Trabalho Grupo Gregos 64Figura 5 PPW - Histrico 64Figura 6 PPW Continuao Histrico 65Figura 7 PPW - Continuao Histrico 65Figura 8 PPW Matriz Filosfica 65Figura 9 PPW Significado Corporal 66Figura 10 PPW Destaque do Grupo 66Figura 11 PPW - Imagens 66Figura 12 PPW - Concluso 67Figura 13 PPW O grupo Quem somos 67Figura 14 Frum Educao Fsica Link 68Figura 15 Sala Virtual/Espin/Claroline 69Figura 16 Debate Virtual 69Figura 17 Frum dos alunos JOHAS 69Figura 18 Trabalhos propostos via e-mail 70

    9

  • SUMRIO

    INTRODUO 12CAPTULO I1. Histria da Educao Fsica 14

    1.1 As diferentes culturas e a histria das atividades fsicas 16

    1.2 A Educao Fsica no Brasil 221.2.1 Educao Fsica Higienista 231.2.2 Educao Fsica Militarista 241.2.3 Educao Fsica Pedagogicista 24

    41.2 4 Educao Fsica Competitivista 251.2.5 Educao Fsica Popular 261.2.6 A (in)visibilidade da Educao Fsica 261.2.7 A necessidade de profissionalizao 291.3 A realidade do meio social Brusquense 30CAPTULO II2. A fundamentao Terica das novas tecnologias. O projeto EspinO projeto Espin

    34

    2.1 Uma pequena introduo 342.2 Pressupostos tericos 342.3 Sociedade da informao e comunicao 352.4 A educao na sociedade da informao 392.5 Os programas de informao da educao 412.6 O programa de informtica no Brasil 422.7 O programa de informtica em Brusque/Sc 45CAPTULO III3. Da teoria a prxis, uma nova viso sobre velhos paradigmas

    52

    3.1 A matriz filosfica: Materialismo Histrico Dialtico 53

    3.1.1 A doutrina de Marx e Engels 533.1.2 A educao em Marx e Engels 53

    534. Concepo Pedaggica Histrico-Cultural: A educao em Vygotsky 55

    5. Tecnologia e a Educao Fsica no caminho do conhecimento 60

    5.1 Concepo de conhecimento, o desafio 605.2 O trabalho proposto, apropriado e construdo 61

    5.3 Concepo de ensino 635.4 O papel do professor 67

    10

  • 5.5 O papel do aluno 706. Concluso 72Referncias Bibliogrficas 75Bibliografias disponveis e consultadas entre fevereiro de 2005 a maro de 2006 75

    Bibliografias do captulo II, disponveis e consultadas entre fevereiro de 2005 a maro de 2006

    77

    Revistas disponveis e consultadas entre fevereiro de 2005 a maro de 2006 84

    Bibliografias on-line disponveis e consultadas entre fevereiro de 2005 a maro de 2006

    84

    11

  • INTRODUO

    Neutralidade no a inteno do presente trabalho. Nem serie

    possvel haja vista as circunstncias e intenes polticas do

    momento histrico vivido.

    O presente trabalho surge, de forma mpar, da necessidade de

    pesquisar a utilizao do corpo fsico e social, enquanto

    instrumento de domnio e dominao, atravs do tempo,

    espao e, hoje, no ciberespao nos diferentes perodos da

    histria humana.

    A proposta de trabalho que se segue tem por objetivo a

    percepo e apropriao do corpo temporal e histrico e sua

    atual condio na sociedade ps-industrial e tecnolgica pois,

    ...a busca na viso Vygotskiana em que todos ns j nascemos em um mundo social e formamos uma viso desse mundo atravs da interao com adultos ou crianas mais experientes. A construo do real mediada pela interpessoalmente antes de sua internalizao. Sendo assim, tal fenmeno precede do social para o individual ao longo de nosso desenvolvimento. O aluno constri por meio de aes efetivas (afetivas) ou mentais sobre contedos de sua aprendizagem. sim, uma construo social.... 5

    Tal percepo parte dos alunos das unidades escolares em que

    leciono, enquanto agentes sociais.

    Enfim, surge necessidade de resignificar a Educao Fsica

    epistemologicamente.

    5 Rego, Teresa Cristina, Vygotsky: Uma perspectiva histrico- cultural da Educao.1995.

    12

  • mister a necessidade de repensar a prtica pedaggica da

    Educao Fsica, analisando, internalizando e resignificando

    sua histria e prtica pedaggica nas unidades escolares.

    Ora, a prtica da educao fsica, nas escolas, vive momentos

    de total confuso epistemolgica. Ns, profissionais de

    Educao Fsica, buscamos identidade pedaggica,

    valorizao profissional como educadores e no como simples

    amestradores de corpos inertes e quase sem vida em bancos

    escolares pelo Pas afora como nos lembra, com muita

    propriedade, o Professor Lino Castellani Filho6.

    A utilizao das tecnologias a servio da educao no

    exclusividade de pouco disciplinas, elencadas em uma

    hierarquia social pr-determinada nas unidades escolares. Ela,

    a tecnologia conquista social, conquista de todos que nela

    buscam significado e apoio pedaggico.

    Associar a Educao Fsica s tecnologias e faz-la tema de

    debates, discusses, fruns e outros meios parte integrante

    de um saber global e necessrio a todos os alunos.

    Usar as ferramentas disponveis7, programas de computao,

    domnio de ferramentas de trabalho e suas implicaes.

    Apropiar-se de nossa histria, da mais remota a mais

    moderna. Compreender o momento vivido e repensar o futuro

    do corpo e sua associao s tecnologias no tempo/espao

    escolar muito prximo de nosso momento histrico. Analisar

    6 O professor Lino Castellani Filho, em sua obra: Educao Fsica no Brasil: A histria que no se conta, analisa a histria da Educao Fsica com embasamento histrico terico de altssimo nvel, onde clama pela valorizao da classe e defende sua funo pedaggica junto a Educao.7 Com esse termo pretende-se uma associao aos softwares educacionais disponveis, hoje, no mercado tecnolgico, associado educao.

    13

  • se o corpo, objeto de estudo da educao Fsica, passar de

    um corpo rascunho para um corpo acessrio como analisa

    David Le Breton8.

    O trabalho est dividido em trs captulos: I- A histria da

    Educao Fsica; II- A fundamentao terica das Novas

    Tecnologias; III Educao Fsica e as Novas Tecnologias:

    um novo olhar sobre prxis pedaggica da disciplina, procura

    relatar uma experincia vivida por este profissional com seus

    alunos durante o ano letivo de 2005.

    O corpo e a Educao Fsica, unos, se movimentam,

    motivam-se, vivem e pesquisam sua prpria histria e

    crescem conhecedores de si, de suas possibilidades, intenes

    cinestsicas e culturais.

    8 Em seu livro Adeus ao Corpo, David Le Breton faz uma analise consistente e apropriada do corpo e de sua manipulao pelo sistema capitalista no atual momento histrico da humanidade.

    14

  • CAPTULO I

    1. A HISTRIA DA EDUCAO FSICA9

    9 Fonte bsica de pesquisa: www.cdof.com.br/histria.

    15

  • 1.1 As diferentes culturas e a histria da atividade fsica

    Tudo comeou quando o homem primitivo sentiu a

    necessidade de lutar, fugir ou caar para sobreviver. Assim o

    homem luz da cincia executa os seus movimentos corporais

    mais bsicos e naturais desde que se colocou de p: corre,

    salta, arremessa, trepa, empurra, puxa e etc.

    Avana a histria, avana a necessidade da atividade corporal

    como meio de subsistncia, sobrevivncia e controle espacial.

    A seguir segue um pequeno relato da atividade fsica em

    alguns povos atravs do tempo histrico e sua atividades:

    a) CHINA - Como atividade fsica s origens mais remotas

    da histria fala de 3000 a.c. l na China. Um certo imperador

    guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo

    pregava os exerccios fsicos com finalidades higinicas e

    teraputicas alm do carter guerreiro.

    b) NDIA - No comeo do primeiro milnio, os exerccios

    fsicos eram tidos como uma doutrina por causa das "leis de

    Manu", uma espcie de cdigo civil, poltico, social e

    religioso. Eram indispensveis s necessidades militares alm

    do carter fisiolgico. Buda atribua aos exerccios o caminho

    da energia fsica, pureza dos sentimentos, bondade e

    conhecimento das cincias para a suprema felicidade do

    Nirvana, (no budismo, estado de ausncia total de

    sofrimento).

    16

  • O Yoga tem suas origens na mesma poca retratando os

    exerccios ginsticos no livro "Yajur Veda" que alm de um

    aprofundamento da Medicina, ensinava manobras

    massoterpicas e tcnicas de respirar.

    c) JAPO - A histria do desenvolvimento das civilizaes

    sempre esbarra na importncia dada atividade fsica, quase

    sempre ligados aos fundamentos mdico-higinicos,

    fisiolgicos, morais, religiosos e guerreiros. A civilizao

    japonesa tambm tem sua histria ligada ao mar devido

    posio geogrfica alm das prticas guerreiras feudais: os

    samurais.

    d) EGITO - Dentre os costumes egpcios estavam os

    exerccios Gmmicos revelados nas pinturas das paredes das

    tumbas. A ginstica egpcia j valorizava o que se conhece

    hoje como qualidades fsicas tais como: equilbrio, fora,

    flexibilidade e resistncia. J usavam, embora rudimentares,

    materiais de apoio tais como tronco de rvores, pesos e

    lanas.

    e) GRCIA - Sem dvida nenhuma a civilizao que marcou

    e desenvolveu a atividade fsica foi grega atravs da sua

    cultura. Nomes como Scrates, Plato, Aristteles, e

    Hipcrates contriburam e muito para a atividade fsica e a

    Pedagogia atribuindo conceitos at hoje aceitos na ligao

    corpo e alma atravs das atividades corporais e da msica.

    "Na msica a simplicidade torna a alma sbia; na ginstica

    d sade ao corpo" Scrates. de Plato o conceito de

    equilbrio entre corpo e esprito ou mente. Os sistemas

    metodizados e em grupo, assim como os termos halteres,

    17

  • atleta, ginstica, pentatlo entre outros, so uma herana grega.

    As atividades sociais e fsicas era uma prtica at a velhice

    lotando os estdios destinados a isso.

    Temos nesse perodo a idia de atividade fsica que, segundo

    o Professor Doutor Manuel Sergio, estava intimamente

    ligadas ao dualismo de Plato10, mas no a idia de uma

    Educao Fsica voltada para a concepo cientfica como a

    conhecemos hoje.

    f) ROMA - A derrota militar da Grcia para Roma, no

    impediu a invaso cultural grega nos romanos que combatiam

    a nudez da ginstica. Sendo assim, a atividade fsica era

    destinada s prticas militares. A clebre frase "Mens Sana in

    Corpore Sano" de Juvenal vem desse perodo romano.

    g) IDADE MDIA - A queda do imprio romano tambm foi

    muito negativo para a atividade fsica e o corpo,

    principalmente com a ascenso do cristianismo que perdurou

    por toda a Idade Mdia. O culto ao corpo era um verdadeiro

    pecado sendo tambm chamado por alguns autores, de a

    Idade das Trevas. O dualismo de Plato, a servio da Igreja

    Catlica Apostlica Romana, faz com que o corpo seja

    combatido. O Mundo perfeito Mundo das idias onde habita

    a perfeio sem pecados, onde habita o corpo perfeito; O

    mundo imperfeito Mundo real onde habita o pecado e o

    corpo o alvo preferido da referida instituio.

    10 Manuel Sergio Vieira e Cunha, filsofo Portugus, A investigao epistemolgica na cincia da motricidade humana.

    18

  • h) RENASCENA - Como o homem sempre teve interesse

    no seu prprio corpo, o perodo da Renascena fez explodir

    novamente a cultura fsica, as artes, a msica, a cincia e a

    literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, novamente

    explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci

    (1452-1519), responsvel pela criao utilizada at hoje das

    regras proporcionais do corpo humano. Consta desse perodo

    o estudo da anatomia e a escultura de esttuas famosas como,

    por exemplo, a de Davi, esculpida por Michelngelo

    Buonarroti (1475 - 1564). Considerada to perfeita que os

    msculos parecem ter movimentos. A dissecao de

    cadveres humanos deu origem Anatomia como a obra

    clssica "De Humani Corporis Fbrica" de Andrea Vesalius

    (1514-1564). volta de atividade fsica escolar se deve

    tambm nesse perodo a Vitorio de Feltre (1378-1466) que em

    1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o contedo

    programtico previa a atividade fsica.

    i) ILUMINISMO - O movimento contra o abuso do poder no

    campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no

    sculo XVII deu origem a novas idias. Como destaque dessa

    poca os alfarrbios apontam: Jean-Jaques Rousseau (1712-

    1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827). Rousseau props a

    Educao Fsica como necessria educao infantil.

    Segundo ele, pensar dependia extrair energia do corpo em

    movimento. Pestalozzi foi precursor da escola primria

    popular e sua ateno estava focada na execuo das

    atividades fsica corretas.Surge, ento, nesse perodo da

    histria a Educao Fsica11 que segundo o filsofo Portugus

    11 Nos perodos anteriores o termo Educao Fsica foi evitado de forma proposital. Foi usado o termo atividade fsica com a inteno de datar o perodo da histria em que a Educao Fsica surge como cincia da Motricidade Humana.

    19

  • Manuel Srgio ... ramo da pedagogia da cincia da

    Motricidade Humana, cincia da compreenso e explicao da

    conduta motora humana....12

    nesse perodo da histria que se evidncia a inteno da

    classe dominante em efetivar sua inteno quando ao corpo

    fsico e social que ingressa na nova ordem social promovida

    pela dupla revoluo: A revoluo poltica Francesa e a

    revoluo econmica industrial Inglesa e Alem. A Educao

    Fsica passa a ser concebida como cincia e com uma

    inteno ntida para a burguesia: controle.

    j) IDADE CONTEMPORNEA - A influncia na nossa

    ginstica localizada comea a se desenvolver na Idade

    Contempornea e quatro grandes escolas foram as

    responsveis por isso: a alem, a nrdica, francesa, e a

    inglesa. A alem, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve

    como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-

    1839) considerado pai da ginstica pedaggica moderna. A

    derrota dos alemes para Napoleo deu origem outra

    ginstica. A turnkunst, criada por Friederick Ludwig Jahn

    (1788-1825) cujo fundamento era a fora. "Vive Quem

    Forte", era seu lema e nada tinha a ver com a escola. Foi ele

    quem inventou a barra fixa, as barras paralelas e o cavalo,

    dando origem Ginstica Olmpica. A escola voltou a ter seu

    defensor com Adolph Spiess (1810-1858) introduzindo

    definitivamente a Educao Fsica nas escolas alems, sendo

    inclusive um dos primeiros defensores da ginstica feminina.

    A escola nrdica escreve a sua histria atravs de Nachtegall

    (1777-1847) que fundou seu prprio instituto de ginstica

    (1799) e o Instituto Civil de Ginstica para formao de

    12 Palestra proferida no II Frum Nacional de Educao Fsica, Rio de Janeiro, 2002.

    20

  • professores de Educao Fsica (1808). Por mais que um

    profissional de Educao Fsica seja desligado da histria,

    pelo menos algum dia j ouviu falar em ginstica sueca, um

    grande trampolim para o que se conhece hoje. Per Henrik

    Ling (1766-1839) foi o responsvel por isso levando para a

    Sucia as idias de Guts Muths aps contato com o instituto

    de Nachtegall. Ling dividiu sua ginstica em quatro partes: a

    pedaggica - voltada para a sade evitando vcios posturais e

    doenas, a militar - incluindo o tiro e a esgrima, a mdica -

    baseada na pedaggica evitando tambm as doenas e a

    esttica - preocupada com a graa do corpo.

    Alguns fundamentos ideolgicos de Ling valem at hoje tais

    como o desenvolvimento harmnico e racional, a progresso

    pedaggica da ginstica e o estado de alegria que deve

    imperar uma aula. Claro, isso depende do austral e o carisma

    do profissional.

    Um dos seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz

    novamente o ritmo musical ginstica e cria os testes

    individuais e coletivos para verificao da performance.

    A escola Francesa teve como elemento principal o espanhol

    naturalizado Francisco Amoros Y Ondeano (1770-1848).

    Inspirado em Rabelais, Guts, Jahn e pestalozzi, dividiram sua

    ginstica em: Civil e Industrial, Militar, Mdica e Cnica.

    Outro nome francs importante foi G. Dmey (1850-1917).

    Organizou congresso, cursos (inclusive o Superior de

    Educao Fsica), redigiu o Manual do Exrcito e tambm era

    adepto ginstica lenta, gradual, progressiva, pedaggica,

    interessante e motivadora.

    21

  • O mtodo natural foi defendido por Georges Herbert (1875-

    1957): correr, nadar, trepar, saltar, empurrar, puxar e etc.

    A nossa Educao Fsica, a brasileira teve grande influncia

    na Ginstica Calistenia criada em 1829 na Frana por

    Phoktion Heinrich Clias (1782-1854). Por sua vez, a escola

    inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como

    principal defensor Thomas Arnold (1795-1842) embora no

    fosse o criador. Essa escola tambm ainda teve a influncia de

    Clias no treinamento militar.

    l) A CALISTENIA - por assim dizer, o verdadeiro marco

    do desenvolvimento da ginstica moderna com fundamentos

    especficos e abrangentes destinada populao mais

    necessitada: os obesos, as crianas, os sedentrios, os idosos e

    tambm s mulheres. Calistenia, segundo Marinho (1980)

    citado por Marcelo Costa, vem do grego Kallos (belo),

    Sthenos (fora) e mais o sufixo "ia". Com origem na ginstica

    sueca apresenta uma diviso de oito grupos de exerccios

    localizados associando msica ao ritmo dos exerccios que

    so feitos mo livre usando pequenos acessrios para fins

    corretivos, fisiolgicos e pedaggicos.

    Os responsveis pela fixao da Calistenia foram o Dr. Dio

    Lewis e a (A. C. M.) Associao Crist de Moos com

    proposta inicial de melhorar a forma fsica dos americanos

    que mais precisavam. Por isso mesmo, deveria ser uma

    ginstica simples, fundamentada na cincia e cativante. Em

    funo disso o Dr. Lewis era contra os mtodos militares sob

    alegao que as mesmas desenvolviam somente a parte

    22

  • superior do corpo e os esportes atlticos no proporcionavam

    harmonia muscular. Em 1860 a Calistenia foi introduzida nas

    escolas americanas.

    1.2 A Educao Fsica no Brasil

    A Educao Fsica brasileira, segundo o professor Paulo

    Ghiraldelli Jr.13 passou por cinco tendncias marcantes. Isso

    no significa dizer que umas desapareceram quando outras se

    estabeleceram, tanto as visveis historicamente como as

    invisveis durante o processo histrico. Todas, de certa forma,

    sobrevivem at os dias de hoje. Segue abaixo as tendncias

    marcantes na Educao Fsica no Brasil:

    1.2.1 Educao Fsica Higienista (at 1930)

    Com as leis abolicionistas, os negros, recm libertos, se

    deslocaram para as cidades em busca de trabalho nas

    primeiras indstrias que surgiram. As pssimas condies de

    trabalho e a falta de saneamento bsico em suas moradias

    eram propcias ao surgimento de doenas. As autoridades,

    preocupadas em garantir condies de sade para a populao

    branca, providenciaram a vinda de mdicos higienistas. Foi

    dessa forma que se utilizou a escola para disseminar hbitos

    de higiene e a Educao Fsica como a disciplina que melhor

    viabiliza tal prtica. Esta concepo d nfase questo da

    sade, cabendo Educao Fsica papel fundamental na

    formao de homens sadios, fortes e dispostos ao e,

    13 Em sua obra: A Educao Fsica Progressista, o professor Paulo Ghiraldelli Jr. e seus colaboradores, analisam com muita propriedade as fases da Educao Fsica em nosso Pas. Base dos postulados acima editados.

    23

  • tambm, ser agente de saneamento pblico, na busca de uma

    sociedade livre de doenas infecciosas e dos vcios que

    deterioravam a sade e o carter dos homens. Os mtodos

    utilizados eram a Ginstica Calistnica e o Mtodo Alemo.

    1.2.2 Educao Fsica Militarista (1930-1945)

    Perodo compreendido entre a Revoluo de 30 e o fim da 2

    Guerra Mundial. Foi nesse cenrio que se estabeleceu essa

    concepo visando impor, a toda a sociedade, padres de

    comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar

    prpria do regime militar. Tambm se preocupou com a

    sade, mas o objetivo fundamental da Educao Fsica

    militarista foi obteno de uma juventude capaz de suportar

    o combate, a luta a guerra. Nesse perodo o mtodo francs de

    ginstica, que havia sido adotado pelo exrcito brasileiro na

    dcada de 20, Foi adotado nas escolas. Segundo o professor

    Lino Castellani Filho14 A Educao Fsica Brasileira segue os

    postulados Comteano e seu positivismo pragmtico.

    1.2.3 Educao Fsica Pedagogicista (1945 1964)

    Foi concepo do ps-guerra, que reclamou da sociedade a

    necessidade de encarar a Educao Fsica, no somente com

    uma prtica capaz de promover a sade ou de disciplinar a

    juventude inserida no currculo escolar. Assim como a

    Higienista, ela foi concebida sob o pensamento liberal e

    buscou no modelo norte-americano (nas teorias psicolgicas e

    14 O professor Lino Castellani Filho em sua obra, Educao Fsica no Brasil a histria que no se conta. temos uma leitura muito feliz desse momento histrico e sua influncia nos bancos escolares at hoje.

    24

  • sociolgicas da Escola Nova) sua base de sustentao terica.

    A Educao Fsica tornou-se o centro vivo da escola

    pblica e advogou a educao do movimento utilizando a

    ginstica, a dana e o desporto com meio de educao do

    aluno. A Educao Fsica Desportiva Generalizada foi o

    mtodo que se estabeleceu nesse perodo, destacando o valor

    educativo do jogo.

    1.2.4 Educao Fsica Competitivista (ps 64)

    O processo de esportivizao da Educao Fsica j fora

    iniciado anteriormente, porm a ideologia do

    desenvolvimento com segurana e a divulgao pelos meios

    de comunicao acelerou a expanso do esporte em todo pas.

    Neste perodo de ditadura militar, a Educao Fsica estava a

    servio da hierarquizao e da elitizao social, voltada para o

    culto do atleta heri, aquele que, a despeito de todas as

    dificuldades, chegou ao pdio. A Seleo para turmas de

    treinamento era a preocupao dos professores. Passou-se a

    buscar a especializao dos alunos num esporte especfico,

    reduzindo desta forma a Educao Fsica, ao desporto de alto

    nvel capaz de brindar o pas com medalhas olmpicas.

    Percebe-se nitidamente a preocupao biolgica, por parte dos

    profissionais da poca. Em nenhum momento nos postulados

    lidos percebe-se a incluso de grupos no processo de

    educao. Percebe-se uma elitizao voluntria e deliberada.

    25

  • 1.2.5 Educao Fsica Popular (aps II Guerra Mundial)

    Sustentava-se basicamente numa teorizao, transmitida

    oralmente entre geraes de trabalhadores deste pas. No

    pretendia ser disciplinador de homens e muito menos estava

    voltada ao incentivo da busca de medalhas, servindo aos

    interesses daquilo que os trabalhadores historicamente vm

    chamando de solidariedade operria.

    Na dcada de 80 constatou-se que o modelo atual de

    Educao Fsica no transforma o Brasil em um pas

    olmpico. Criou-se, ento uma profunda crise de identidade,

    configurando a necessidade de mudana nos rumos da

    Educao Fsica. Brasileira. Profissionais da rea,

    empenhados em prticas alternativas questionavam seu

    papel com componentes curriculares e buscavam em outras

    cincias, como Psicologia, a Filosofia e Sociologia. Outros

    conceitos para legitimar a Educao Fsica Escolar,

    originando uma mudana no enfoque. Ao invs da funo

    tcnico-deportivo passou-se a viabilizar outras possibilidades

    como: a educao do movimento pelo movimento, a

    psicomotricidade e os enfoques crtico-social e emancipatria.

    1.2.6 A (in) visibilidade da Educao Fsica (O processo

    histrico no Brasil)

    a) Os ndios - Os primeiros habitantes, os ndios, deram

    pouca contribuio a no ser os movimentos rsticos

    26

  • naturais tais como nadar, correr atrs da caa, lanar, e o

    arco e flecha. Na suas tradies incluem-se as danas,

    cada uma com significado diferente: homenageando o sol,

    a lua, os Deuses da guerra e da paz, os casamentos etc.

    Entre os jogos incluem-se as lutas, a peteca, a corrida de

    troncos entre outras que no foram absorvidas pelos

    colonizadores. Sabe-se que os ndios no eram muito

    fortes e no se adaptavam ao trabalho escravo.

    b) Os negros e a capoeira - Sabe-se que vieram para o

    Brasil para o trabalho escravo e as fugas para os

    Quilombos os obrigava a lutar sem armas contra os

    capites-do-mato, homens a mando dos senhores de

    engenho que entravam mato adentro para recapturar os

    escravos. Com o instinto natural, os negros descobriram

    ser o prprio corpo uma arma poderosa e o elemento

    surpresa. A inspirao veio da observao da briga dos

    animais e das razes culturais africanas. O nome capoeira

    veio do mato onde se entrincheiravam para treinar. "Um

    estranho jogo de corpo dos escravos desferindo coices e

    marradas, como se fossem verdadeiros animais

    indomveis". So algumas das citaes de capites-do-

    mato e comandantes de expedies descritas nos poucos

    alfarrbios que restaram. Rui Barbosa mandou queimar

    tudo relacionado escravido.

    c) Brasil Imprio - Em 1851 a lei de N. 630, inclui a

    ginstica nos currculos escolares. Embora Rui Barbosa

    no quisesse que o povo soubesse da histria dos negros,

    preconizava a obrigatoriedade da Educao Fsica nas

    27

  • escolas primrias de secundrias praticadas quatro vezes

    por semana durante trinta minutos.

    d) Brasil Repblica - Essa foi uma poca onde comeou a

    profissionalizao da Educao Fsica. As polticas

    pblicas foram temas de debates e desavenas no cenrio

    nacional, fortemente influenciada pelo positivismo

    Comteano. A Educao Fsica ,sempre questionada pela

    elite dominante brasileira, que a v como uma atividade

    prpria para os operrios da nova ordem econmica

    vigente no Pas. Da sua indexao as grades curriculares

    escolares onde habitam a maioria dos filhos de operrios.

    At os anos 60 o processo ficou limitado ao

    desenvolvimento das estruturas organizacionais e

    administrativas especficas tais como: Diviso de

    Educao Fsica e o Conselho Nacional de Desportos.

    Os anos 70, marcados pela ditadura militar, a Educao Fsica

    era usada, no para fins educativos, mas de propaganda do

    governo sendo todos os ramos e nveis de ensino voltado para

    os esportes de alto rendimento. Frases de efeito eram

    lembradas com grande fervor nos bancos escolares e pelo Pas

    afora: BRASIL: AME-O OU DEIXE-O, ESSE UM

    PAS QUE VAI PRA FRENTE..., EU TE AMO MEU

    BRASIL, EU TE AMO.... 15

    Nos anos 80 a Educao Fsica vive uma crise existencial

    procura de propsitos voltados sociedade. No esporte de

    alto rendimento a mudana nas estruturas de poder e os 15 Bordes que eram vinculados diariamente, em rdios e jornais da poca, com a ntida finalidade de condicionamento para a nova ordem que se estabelecia: O controle militar sobre o povo. A Educao Fsica seria de grande valia, neste perodo da histria, a servio de um propsito ideolgico.

    28

  • incentivos fiscais deram origem aos patrocnios e empresas

    podendo contratar atletas funcionrios fazendo surgir uma boa

    gerao de campees das equipes Atlntica Boa Vista,

    Bradesco, Pirelli entre outras.

    Nos anos 90 o esporte passa a ser visto como meio de

    promoo sade acessvel a todos manifestada de trs

    formas: esporte educao, esporte participao e esporte

    performance.

    A Educao Fsica finalmente regulamentada de fato e de

    direito uma profisso a qual compete mediar e conduzir todo

    o processo.

    1.2.7 A necessidade de profissionalizao16

    A lei de diretrizes e Bases, promulgada em 20 de dezembro de

    1996, buscou transformar o carter que a Educao Fsica

    assumiu nos ltimos anos. O artigo 26, em seu pargrafo 3,

    diz:

    ...a Educao Fsica, integrada proposta pedaggica da escola, componente curricular da educao bsica, ajustando-se s faixas etrias e s condies da populao escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.... (LDB/1996).

    O artigo acima no garante legalmente a Educao Fsica com

    disciplina efetiva da Educao Nacional. Muito pelo

    contrrio, deixa uma laguna grande na garantia constitucional

    da Educao Fsica enquanto segmento ligado Educao

    pois a proposta acima, deixa de forma clara e objetiva que a 16 www.pt.wikipedia.org

    29

  • Educao Fsica s ter sua garantia de permanncia no

    segmento educacional enquanto estiver garantido em grade

    curricular prpria das unidades escolares e aprovado pelos

    Conselhos Estaduais e Municipais de Educao e a merc das

    Polticas Pblicas e suas convenincias ideolgicas.

    1.3 A realidade do meio social Brusquense17

    A Educao Fsica, atravs da histria, coma j foi

    demonstrado, teve a tendncia de formar Patriotas, funo

    tambm atribuda a Escola. Indivduos fortes, geis, aptos,

    disciplinados, corpo atltico e adaptados proposta social

    dominante. Ora, em nossa realidade no h motivos para

    que se siga outro caminho. (grifo do autor).

    Enfocar a Educao Fsica com uma identidade escolar o

    nosso grande desafio para o novo milnio. Enfoca-la com uma

    proposta pedaggica mediadora e significativa, definida e

    sustentada pelas teorias educacionais produzidas

    historicamente.

    ...Conceituar Educao Fsica como: um termo composto por dois elementos: Educao que vincula a um determinado conjunto de prticas sociais e fsicas que o circunscreve ao domnio daquilo que se entende por fsico....18

    ...Ora, educao um processo dinmico e sendo assim, h necessidade de constante busca de (re) significao dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade que constituem o referencial terico prtico da Educao Fsica Escolar....19

    17 Proposta Curricular da rede municipal de Educao do Municpio de Brusque18 Kolyaniak, Educao Fsica - uma introduo, 1996.19 Proposta Curricular do Municpio de Itaja.

    30

  • No municpio de Brusque, o ensino da disciplina de Educao

    Fsica, era ministrado de acordo com a formao profissional

    de cada profissional e sua busca pela formao continuada,

    suas crenas e desejos de conhecimento.

    Suas crenas projetaram alguns planejamentos diferenciados,

    mas em sua maioria eram prticas esportivas fracionadas e

    reducionistas, ministradas bimestralmente.

    Sempre houve por parte dos dirigentes da rea a troca de

    experincia profissional, mas no houve a sistematizao das

    mesmas com fundamentao terica para sua sustentao

    pedaggica.

    Uma proposta de Educao Fsica foi sistematizada para

    Educao Infantil que passou a ser atendida atravs de um

    projeto. 20

    Temos garantido, em grade curricular, a disciplina de

    Educao Fsica para o Ensino Fundamental com trs aulas

    semanais e com duas aulas semanais para a Educao Infantil

    e o espao destinado ao Ensino Mdio no est mais

    contemplado em grade prpria.

    A Educao Fsica municipal est estruturada em duas partes

    que segue: Educao Fsica Curricular21 e Educao Fsica

    Extracurricular. A primeira segue buscando uma linha

    ideolgica para se fortalecer e permanecer viva e valorizada

    no ambiente escolar. Muitas prticas desarticuladas e uma

    falta maior de fundamentao terica metodolgica por parte

    20 Sistematizao das aes da rede municipal de ensino de Brusque, 2000. Pginas 29, 30,31,32. SEME. 21 Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Brusque/SC, SEME, 2003, pg 129 a 146.

    31

  • dos profissionais fazem com que a Educao Fsica Escolar de

    Brusque no possua uma identidade epistemolgica. A

    Segunda, atravs de projetos de extenso como: CAPOEIRA,

    PROJETO ADEB, FESTIVAIS DE MANIFESTAO

    CULTURAL22, que exercem funo extracurricular na busca

    da ocupao e estmulo ao discente mas que a meu ver

    totalmente desarticulada da realidade histrica vivida. Um dos

    fatores que aponto a separao das secretarias de Educao

    e Esportes na atual gesto (2001/2004-2005/2008).

    22 Grifo do autor por entender que tais prticas so importantes mas no vivem isoladas do meio pedaggico curricular, tnica que, no momento histrico vivido em nosso meio poltico/social/histrico, parecem ser prioridade.

    32

  • CAPTULO II

    2. A FUNDAMENTAO TERICA DAS NOVAS TECNOLOGIAS:

    O projeto Espin

    33

  • 2.1 Uma pequena introduo

    Neste captulo a inteno fundamentar a ao do projeto

    ESPIN na cidade de Brusque e suas implicaes pedaggicas

    nas unidades escolares. Buscamos nos postulados do

    Professor Rogrio Santos Pedroso23 o embasamento terico

    para a proposta de trabalho associando a disciplina de

    Educao Fsica e o uso das Novas Tecnologias, na busca de

    uma identidade epistemolgica para a disciplina em questo e

    a quebra de paradigmas tradicionais que h tanto tempo

    rotulam a rea de Educao Fsica principalmente em sua

    aplicao escolar .

    2.2 Pressupostos tericos

    ...O ciberespao, interconexo dos computadores do planeta, tende a tornar-se a principal infra-estrutura de produo, transao e gerenciamentos econmicos. Ser em breve o principal equipamento coletivo internacional da memria, pensamento e comunicao. Em resumo, em algumas dezenas de anos, o ciberespao, suas comunidades virtuais, suas reservas de imagens, suas simulaes interativas, sua irresistvel proliferao de textos e de signos, ser o mediador essencial da inteligncia coletiva da humanidade. Com esse novo suporte de informao e de comunicao emergem gneros de conhecimento inusitados, critrios de avaliao inditos para orientar o saber, novos atores na produo e tratamento dos conhecimentos. Qualquer poltica de educao ter que levar isso em conta....(LVY, 2000, p. 167).

    ...O governo, nos nveis federal, estadual e municipal, tem o papel de assegurar o acesso universal s tecnologias de informao e comunicao e a seus benefcios, independentemente da localizao geogrfica e da situao social do cidado.... (BRASIL, 2000, p. 11).

    23 Os postulados a que se refere o texto, supra citado, constam na Monografia de Especializao em Informtica na Educao, Professor Rogrio Santos Pedroso ([email protected]), Orientador Pedaggico do Projeto Espin, Secretaria de Educao do Municpio de Brusque.

    34

  • ...Na sociedade atual, em virtude da rapidez com que temos que enfrentar situaes diferentes a cada momento, cada vez utilizamos mais o processamento multimdico.... (MORIN, 2000, p. 20).

    2.3 Sociedade da informao e comunicao

    O sculo XX foi marcado por um desenvolvimento acelerado da tecnologia eletrnica, com ateno especial para a informtica, o computador e a Internet, dentro do que atualmente, denominamos tecnologias de comunicao e informao. Todo esse processo d continuidade tentativa do homem de dominar e intergerir nos mecanismos da natureza e nos modos de vida existentes. (CARNEIRO, 2002, p. 11).

    A civilizao humana, desde seus primeiros passos no planeta

    Terra, vem criando tecnologias diversas, principalmente nas

    reas de informao e de comunicao para agilizar as

    diferentes relaes desenvolvidas pelo homem (eu/mundo, eu/

    outro), superando limites de tempo e de espao e aumentando

    sua capacidade de energia e velocidade. Mcluhan (2003),

    Cmara (1999, p. 25), Burke (2003) citam diferentes

    tecnologias criadas pelo homem (a palavra falada e escrita, a

    roda, a estrada, o papel, o nmero, o vesturio, a imprensa de

    Gutenberg, a fotografia, a eletricidade, o telgrafo, o rdio, o

    telefone, o cinema, a televiso, vdeo, a DVD, etc) que

    segundo Mcluhan (2003, p. 108-109) "so extenses de nosso

    sistema fsico e nervoso" bem como do nosso sistema mental.

    J Breton (1991, p. 123) afirma que a complexidade das

    organizaes e a necessidade das instituies governamentais

    - militares principalmente - e de empresas privadas

    possibilitaram volumosos investimentos em pesquisa para

    agilizar o processamento, gerenciamento e automao de

    informaes, fez com que na segunda metade do sculo XX,

    quando o mundo passava por experincias traumticas

    35

  • (Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria), que impulsionaram

    pesquisas, convergindo interesses cientficos e militares para a

    criao "em junho de 1948" do primeiro computador,

    conforme Breton (1991, p. 109). E Mcluhan (2003, p. 63)

    alerta, com muita competncia e clareza, na sua reflexo que

    qualquer inveno ou tecnologia "exige novas relaes e

    equilbrios entre os demais rgos e extenses do corpo."

    Segundo Rangel (1996a, p.90), o ambiente de medo criado

    pela disputa armamentista nuclear, a corrida para dominar o

    espao, e o lanamento do foguete Sputnik, que levou ao

    espao o primeiro satlite artificial sovitico em 1957,

    foraram o governo americano, atravs do Departamento de

    Defesa, a criar no mesmo ano a Advanced Reseach Projects

    Agency (ARPA), que em 1968 apresentou a ARPANET, a

    primeira rede de comutao de pacotes atravs de diversos

    ns. H um casamento entre a telecomunicao e a

    informtica (telemtica). a gnese da Internet que

    revolucionar o mundo. O escritor Willian Gibson, em 1984,

    publica o livro "Neuromance", criando novos termos para

    referir-se ao novo espao e a nova realidade, so eles

    "cyberspace", e "realidade virtual" (RANGEL, 1996b, p. 30),

    respectivamente. Essas transformaes levaram o casal

    Toffler (1996, p. 19) dizer que esto "criando uma nova

    civilizao", onde a vida, segundo Negroponte (2000, p. 158),

    ser uma "vida digital" e nascer um novo homem, que o

    historiador Hobsbawn (2000, p. 126) chama de "homo

    globalizatus". Esse novo homem viver numa nova cultura,

    que Lvy (2000, p. 17) chama de "cibercultura". Essas

    transformaes j esto trazendo e iro trazer ainda profundas

    mudanas na vida econmica, poltica, social e cultural do

    36

  • cidado do sculo XXI, pois est nascendo uma nova

    sociedade: a Sociedade da Informao.

    Alm desses desenvolvimentos tecnolgicos, Moran (2000, p.

    68) fala de um novo paradigma de cincia imposto como o

    advento da fsica quntica, "em especial nas ltimas dcadas,

    com o desmoronamento da proposio newtoniana-

    cartesiana". A viso cartesiana que dominou todas as reas do

    conhecimento no sculo XIX e grande parte do sculo XX

    no responde as exigncias da comunidade cientfica e da

    formao dos estudantes na sociedade moderna. Segundo

    Moran (2000, p. 68), a "proposio mecanicista e reducionista

    que levou fragmentao - diviso - um procedimento

    advindo do pensamento newtoniano-cartesiano, que vem

    sendo superado pelo paradigma da sociedade do

    conhecimento que prope a totalidade."

    A sociedade da informao est sendo levada a refletir sobre o

    como o ser humano conhece, como se d o conhecimento

    dentro do ser humano. Sendo assim, "todos estamos

    reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar;

    reaprendendo a integrar o humano e o tecnolgico; a integrar

    o individual, o grupal e o social" (MORAN, 2000, p. 61).

    Diante desses novos dilemas os ambientes educacionais esto

    sendo forados a repensar seu papel num novo contexto.

    Galvis (1997, p. 17) faz algumas previses sobre os novos

    ambientes educacionais apoiados nas novas tecnologias

    afirmando:

    Os ambientes edumticos [educao apoiada na informtica] e

    teleinformticos [telecomunicaes unidas informtica]

    37

  • multimdia estaro na ordem do dia, apoiado no somente em

    ambientes multimdia interativos como os que conhecemos,

    mas provavelmente em interfaces em linguagem natural, com

    reconhecimento de padres e com agentes inteligentes que

    apiem os trabalhos de pesquisa e explorao em bases

    dispersas de dados, em sistemas de realidade virtual que

    possibilitaro experincias insuspeitas onde e quando a gente

    quiser; tudo no contexto de redes virtuais, nas quais navegar

    um modo comum de ao, e nas quais a resposta no o

    importante e sim saber obt-la e agir a partir dela. Essa

    sociedade da informao e comunicao coloca e colocar

    cada vez mais informaes disposio das pessoas sem

    limite de tempo ou espao e isso criar dificuldades em:

    ... conciliar a extenso da informao, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreenso, em espaos menos rgidos, menos engessados. Temos informaes demais e dificuldades em escolher quais so significativas para ns e em conseguir integr-las dentro da nossa mente e da nossa vida.... (Moran, 2000, p. 29).

    No entanto, Morin (2000, p. 21) acredita que as "crianas e os

    jovens esto totalmente sintonizados com a multimdia e

    quando lidam com texto fazem-no mais facilmente com o

    texto conectado atravs de links, de palavras-chaves, o

    hipertexto. Outro que refora esta idia Tapscott (1999, p.

    01) que afirma que esta " a primeira gerao a crescer

    cercada pela mdia digital. Computadores podem ser

    encontrados no lar, na escola, na fbrica e no escritrio e

    tecnologias digitais, como cmeras, videogames e CD-ROM

    so lugares-comuns". Tapscott (1999, p. 3) chama esta

    gerao atual de "Gerao-Net - Net Generation ou,

    simplesmente N Gen." E essa gerao do qual Don Tapscott

    38

  • se refere so pessoas que em 1999 tinham entre 2 a 22 anos,

    que apesar de nem todas terem acesso a Internet tm algum

    grau de fluncia no meio digital. Ela singular porque ela est

    "crescendo durante o alvorecer de um meio de comunicao

    completamente interativo" (TAPSCOTT: 1999, p. 14).

    Figura 1 - Charge: A Gerao NetFonte: TAPSCOTT: 1999, p. 14

    2.4 A educao na sociedade da informao

    ...Novas maneiras de pensar e de conviver esto sendo elaboradas no mundo das telecomunicaes e da informtica. As relaes entre os homens, o trabalho, a prpria inteligncia depende, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, viso, audio, criao, aprendizagens so capturadas por uma informtica cada vez mais avanada.... (LVY, 1999. p. 7).

    Na evoluo da sociedade, percebemos uma relao direta

    entre a complexidade social (famlia, cl, tribos, nao,

    imprio), o desenvolvimento dos meios produtivos

    (agricultura, pecuria, indstria, comrcio, etc.) e o acesso, o

    controle e o domnio tecnolgico da informao. Toffler

    (1980) e Lvy (1999) desenvolveram com grande

    competncia literrio-cientfica estas relaes. Mostrando que

    as sociedades s sobrevivem se tiver capacidade de se

    39

  • adaptarem s novas exigncias que as necessidades impem.

    Atualmente a sociedade est organizada em quem tem ou no

    tem o domnio e o controle da informao. Esta busca pelo

    domnio e controle da informao impulsionou governo e

    grandes empresas a investir no desenvolvimento de

    tecnologias informacionais e comunicacionais, TIC, que

    culminou com a criao do primeiro computador na

    Inglaterra, em 1948, o Manchester MARK 1 (BRETON,

    1991, p.109). Estes enormes e caros engenhos s eram

    adquiridos por setores governamentais, principalmente o

    exrcito, a aeronutica, as universidades e as grandes

    empresas. Na dcada de 70, segundo Lvy (1999, p.43) no

    Silicon Valley, um grupo de jovens motivados pelo esprito da

    contra cultura, como afirmou Carneiro (2002, p.17) criaram

    longe dos ambientes universitrios e das grandes empresas os

    primeiro microcomputadores com objetivos de instituir

    novas bases para a informtica que estavam baseadas nos

    mainframes, centralizadores e controladores da informao,

    que ficavam no CPD, Centro de Processamento de Dados; e

    ...como principal preocupao democratizao do acesso

    informao, [grifo do autor] mais que um desejo de

    inovao... (BRETON, 1991, p. 242).

    O microcomputador, tambm conhecido com PC, personal

    computer, nestes ltimos trinta anos levou a informtica para

    os mais diversos setores da sociedade como as micro e

    pequenas empresas, os escritrios, as escolas e finalmente

    alcanou os lares. E isso s foi possvel com o avano da

    microeletrnica, a queda nos custos de produo baixando o

    preo final e as multifunes que foram sendo incorporadas

    40

  • ao PC: editores de texto, editores de imagens, som, vdeo, TV,

    DVD, CD-ROM, jogos, etc.

    Uma das ltimas funes incorporadas pelo computador foi

    funo de comunicao em redes de computadores

    distribudos mundialmente independente da diferena de

    hardware, de plataforma, de porte e de software. A tecnologia

    que permite esta proeza chamada de Internet. Apesar de ter

    nascido dentro de um contexto histrico conturbado Guerra

    Fria, Corrida Armamentista Nuclear e a Corrida Espacial

    em 1957 nos EUA foi criada a ARPA (Advanced Research

    Projects Agency) para desenvolver tecnologia que permitisse

    realizar comutao de pacotes atravs de diversos ns

    (RANGEL, 1996a, p 90-93; 1996b, p. 70-74; Pavani, 1998, p.

    25-26). Ela saiu dos restritos ambientes militares e

    universitrios em 1990 e chegou aos lares e empresas. Tudo

    isto colocou um mundo imenso de informao na ponta do

    dedo, com um clique do mouse.

    2.5 Os programas de informatizao da educao

    Governantes de naes diferentes e com sensibilidades

    diferentes sobre as grandes transformaes que as NTIC esto

    trazendo para os diversos setores da sociedade tomaram

    providncias para que ocorresse a universalizao da

    telemtica (juno das tecnologias da telecomunicao com a

    informtica) na vida do cidado. Para alcanar esta

    universalizao o setor educacional teria um papel

    importantssimo. Seria atravs das escolas nos seus diversos

    nveis que ajudariam na socializao e domnio das NTIC.

    41

  • 2.6 O programa de informtica no Brasil

    A histria da informtica aplicada educao no Brasil,

    segundo Moraes (1997), teve incio na dcada de 70, mais

    especificamente 1971, no Seminrio de Fsica onde se

    discutiu o uso do computador; passando pela criao da SEI,

    Secretaria Especial de Informtica, que entre suas atribuies,

    tinha o de "assessorar o Ministrio da Educao e Cultura

    (MEC) no estabelecimento de poltica e diretrizes para a

    educao na rea de Informtica, com vistas formao do

    planejamento educacional na rea" (CHAVES, 1999, p. 2).

    Em 1982 o MEC buscou criar mecanismo que fomentasse

    pesquisas para estudar o desenvolvimento de projetos nas

    reas de capacitao de recursos humanos, de

    desenvolvimento de metodologia educacional apoiada nas

    novas tecnologias (computador e redes) e desenvolvimento de

    softwares educacionais.

    O primeiro projeto brasileiro de informtica na educao foi o

    Projeto EDUCOM, que se propunha a fomentar a

    "implantao experimental de centros-pilotos com infra-

    estruturas relevantes para o desenvolvimento de pesquisas,

    objetivando a capacitao nacional e coleta de subsdios para

    uma futura poltica setorial". (MORAES, 1997, p. 23).

    Em 1986, surgiu o Projeto FORMAR, que ofereceu curso de

    especializao em Informtica na Educao, em nvel de ps-

    graduao, lato sensu, realizado na UNICAMP, em 1987 e

    1989.

    42

  • Foram criados os Centro de Informtica Educativa (CIED),

    em 1987 para formar recursos humanos multidisciplinadores

    nos estados brasileiros, para trabalhar com professores do

    Ensino Fundamental e Mdio (antigos I e II graus).

    Em 1989, institudo o Programa Nacional de Informtica

    Educativa (PRONINFE), com a finalidade de "desenvolver a

    informtica educativa no Brasil, atravs de projetos e

    atividades, articulados e convergentes, apoiados em

    fundamentao pedaggica slida e atualizada ...". (Moraes,

    1997, p. 27).

    A Secretaria de Educao a Distncia, SEED/MEC, em

    novembro de 1996 lana o Programa Nacional de Informtica

    na Educao, PROINFO, (BRASIL ,1996, p. 7-8), com os

    seguintes objetivos: Melhorar a qualidade do processo de

    ensino-aprendizagem; Possibilitar a criao de uma nova

    ecologia cognitiva; Propiciar uma educao voltada para o

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico; Educar para uma

    cidadania global numa sociedade tecnologicamente

    desenvolvida.

    Segundo as polticas de introduo da informtica na

    educao no Brasil, embora "...tenha sido influenciada pelos

    acontecimentos de outros pases, notadamente Frana e

    Estados Unidos ..." (Valente e Almeida, 1997, p. 59) se deu

    mais no sentido de evitar os erros que eles cometeram e

    copiar os aspectos positivos. Como se pode observar nessa

    trajetria informacional de mais de 30 anos, o Brasil no

    obteve mais xito por duas razes apontadas por Valente e

    Almeida (1997, p 59).

    43

  • So elas: a falta de um maior empenho na introduo da

    informtica na educao; um processo frgil e lento de

    formao dos professores.

    1 Diferena: o programa brasileiro em relao aos outros

    pases, como Frana e Estados Unidos, a questo da

    descentralizao das polticas. No Brasil as polticas de

    implantao e desenvolvimento no so produtos somente de

    decises governamentais, como a Frana, nem conseqncia

    direta do mercado como nos Estados Unidos (VALENTE E

    ALMEIDA, 1997, p. 52)

    2 Diferena: entre o programa brasileiro e o da Frana e

    dos Estados Unidos a questo da fundamentao das

    polticas e propostas pedaggicas da informtica na educao.

    Desde o incio do programa, a deciso da comunidade de

    pesquisadores foi a de que as polticas a serem implantadas

    deveriam ser sempre fundamentadas em pesquisas pautadas

    em experincias concretas, usando a escola pblica

    prioritariamente,... (VALENTE E ALMEIDA, 1997, p. 52)

    3 Diferena: a proposta pedaggica e o papel que o

    computador deve desempenhar no processo educacional.

    Nesse aspecto o programa brasileiro de informtica na

    educao bastante peculiar e diferente do que foi proposto

    em outros pases. No nosso programa o papel do computador

    o de provocar mudanas pedaggicas profundas ao invs de

    automatizar o ensino ou preparar o aluno para ser capaz de

    trabalhar com o computador. (VALENTE E ALMEIDA,

    1997, p. 52-53)

    44

  • 2.7 O programa de informtica em Brusque/SC

    A rede de ensino municipal de Brusque implantou e vem

    implementando um projeto poltico pedaggico de

    informtica aplicada educao deste 2001. Esse projeto se

    chama Projeto ESPIN cuja nomenclatura quer dizer: ESpao

    Pedaggico Informatizado (grifo nosso) criado nas escolas

    municipais de Brusque. O ESPIN um espao pedaggico

    com recursos informacionais (PCs, impressoras, scanner,

    gravadora de CD-ROM, digitalizadora de vdeo e som, TV,

    vdeo, acesso Internet e vrios software) colocados

    disposio dos professores e alunos para desenvolverem suas

    atividades curriculares buscando um novo paradigma

    didtico-pedaggico.

    Esse projeto comeou a ser montado no dia 08 de fevereiro de

    2001, quando o recm empossado secretrio municipal de

    educao de Brusque, Prof. Jos Zancanaro, e sua equipe

    formada pelo diretor de ensino Prof. Celerino Rauber, a

    diretora de educao infantil profa. Marilisi F. S. de Souza e o

    diretor administrativo Prof. Raul Amorin convidaram o Prof.

    Rogrio Santos Pedroso, ento coordenador do MAPE, para

    ser o Coordenador Pedaggico de Informtica Aplicada

    Educao de Brusque. funo at ento inexistente na

    estrutura pedaggica da secretaria. O convite foi feito graas

    sensibilidade para a gesto de recursos humanos manifestado

    pela nova equipe que comanda a secretaria municipal de

    educao (SEME), que j conhecia os resultados dos

    trabalhos desenvolvidos no MAPE, e que era desejo da SEME

    montar ambientes pedaggicos informatizados nas escolas

    45

  • semelhantes ao do MAPE. Aceito o convite, foram definidas

    as metas prioritrias para implantar o Projeto Pedaggico de

    Informtica Aplicada Educao.

    Ficaram definidas as seguintes metas prioritrias:

    Criar os ESpaos Pedaggicos INformatizados (ESPIN) nas escolas municipais e o Centro de Tecnologia da Informao e Comunicao (CTIC) da Secretaria Municipal de Educao de Brusque (SEME);

    Montar as Equipes de profissionais que iro trabalhar no CTIC e nos ESPIN;

    Montar a redao da fundamentao terica do Projeto Poltico Pedaggico de Informtica para a rede municipal de ensino de Brusque para ser apresentado, discutido e aprovado pela equipe de Coordenao Pedaggica da SEME, pelos diretores e orientadores pedaggicos das escolas municipais e equipe ESPIN;

    A coordenao do Projeto ESPIN trabalhar numa escola e no na SEME, para estar cotidianamente participando e acompanhando a implantao e a implementao do projeto, permitindo assim "in loco" realizar um "feedback" do processo. E a partir da, deslocar-se para as outras escolas para dar assistncia e apoio tcnico e pedaggico.

    Criao da funo do "Professor-Motivador" para trabalhar no ESPIN. Em cada escola municipal, sero dois profissionais trabalhando no ESPIN, no perodo matutino e no perodo vespertino. Esta condio permitiu:

    o Maior nmero de professores capacitados: criar um nmero maior de profissionais capacitados para trabalhar com as novas tecnologias;

    o Segurana para a escola: dar maior segurana de continuidade de trabalho para a escola. Caso um profissional saia, o outro cobriria a falta at a coordenao escolher e preparar um substituto;

    46

  • o Continuidade das atividades: no permitindo interrupo nas atividades de apoio informacional para os professores e alunos que utilizam o ESPIN;

    o Melhor gerenciamento humano para apoio aos projetos pedaggicos apoiados em Multimdias (criao de CD-ROM pedaggicos) e Hipermdia (desenvolvimento e gerenciamento do site da escola).

    Capacitao Permanente: A equipe do ESPIN e do CTIC ter capacitao permanente sobre: 01 - teorias pedaggicas e NTIC; 02 - manuteno de hardware; 03 - conhecimento dos recursos dos diferentes softwares comerciais e livres (aplicativos de apoio para projetos multimdia e hipermdia e outros); conhecimento de montagem de LAN e de servidor Linux de acesso e de servios de Internet. Estas capacitaes aconteceriam semanalmente sobre o comando do Coordenador Pedaggico do Projeto ESPIN;

    Participao em Eventos: A SEME, na medida do possvel, apoiar as equipes do ESPIN/CTIC, os professores, os alunos, os diretores escolares e os orientadores pedaggicos que venham a desenvolver projetos pedaggicos apoiados nas NTIC para participarem de eventos especiais (congressos, seminrios, jornadas e cursos) sobre as NTIC aplicadas Educao.

    A idia de chamar o projeto pedaggico de informtica

    aplicada educao de ESPIN veio de uma discusso

    pedaggica que aconteceu no final do ano 2000 na Escola de

    Ensino Fundamental Oscar Maluche entre o professor

    Rogrio Santos Pedroso, que lecionava Histria nas 6, 7 e 8

    sries; e a diretora escolar Osnita Kuneski (Tita) enquanto

    montavam a sala com computadores e discutiam sobre como

    chamar este local.

    Para evitar que mais uma tecnologia chegasse escola e fosse

    subusada, por no conhecer seu potencial multifuncional; ou

    47

  • temida pelos professores na escola por desconhecimento, ou

    por imaginar "mitologicamente" que o computador tudo pode,

    tudo sabe e tudo resolve e que iria substitu-lo; foi criado o

    ESPIN. Para evitar que o local onde fosse instalado se

    tornasse um "templo sagrado" (tipo CPD), onde s os

    "sacerdotes" (tcnicos ou especialistas em informtica)

    pudessem entrar e mexer que foi evitado chamar de

    "Laboratrio de Informtica", como era o costume em muitas

    instituies de ensino particulares.

    Figura 2 - Logotipo do ESPINFonte: www.espin.com.br

    Aps alguns meses redigindo e corrigindo o texto com a

    proposta de fundamentao terica para o Projeto Pedaggico

    de Informtica Aplicada Educao de Brusque, no dia 08 de

    junho de 2001, foi apresentado redao final do Projeto

    ESPIN durante uma reunio geral entre secretrio municipal

    de educao, sua equipe pedaggica e todos os diretores das

    escolas municipais na Escola de Ensino Fundamental Paquet.

    O Projeto ESPIN apresenta trs justificativas gerais para sua

    criao e implantao: justificativas legislacionais;

    justificativas das polticas governamentais (nveis federal e

    municipal); justificativas pedaggicas.

    48

  • As justificativas legislacionais resgatam os artigos na

    Constituio Federal do Brasil (Art. 205) e Estadual de Santa

    Catarina (Art. 161), na Lei Orgnica do Municpio de

    Brusque (Art. 199) e na Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional, LDB, (Art. 1 e seu pargrafo 2 e Art.

    22) que deixam bem claro que o Estado, a famlia e toda a

    sociedade devem oferecer uma educao que vise o "pleno

    desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da

    cidadania e sua qualificao para o trabalho".

    As justificativas das polticas governamentais so um

    levantamento dos documentos emitidos por diversos rgos

    de nveis federal e municipal que expresso preocupao e

    definem aes na rea de tecnologias informacionais

    aplicadas educao. Os documentos produzidos em nvel

    federal pesquisado foram:

    A Sociedade da Informao no Brasil (Livro Verde), publicado pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia. No captulo 04, Educao na Sociedade da Informao, expressa claramente a sua preocupao com a informatizao do setor educacional, como forma essencial para a sobrevivncia da pesquisa cientfica no Brasil, bem como, para manter a soberania tecnolgica do pas;

    O Programa Nacional de Informtica na Educao, PROINFO, lanado em 1996, no qual os governos federal, estaduais e municipais, em parceria, comprariam 100 mil computadores, para distribuir para 06 mil escolas pblicas do territrio nacional, e fariam conexo Internet. Tiveram tambm preocupao com a capacitao de 25 mil professores para que soubessem usar as novas tecnologias da informao como ferramenta pedaggica;

    Os Parmetros Curriculares Nacionais, PCN em 1998. Esse documento fundamenta pedagogicamente a importncia da utilizao das Tecnologias da Comunicao e da Informao nas Escolas;

    49

  • A Coleo Srie de Estudos os temas Informtica e Formao de Professores e Projetos e Ambientes Inovadores publicado pelo Ministrio da Educao (MEC), em 2000. Esses documentos fundamentam os novos paradigmas da Educao, definindo novos papis pedaggicos para o professor e o aluno, auxiliados pela tecnologia informacional.

    E o documento produzido em nvel municipal pesquisado foi:

    O Plano de Governo (2001 - 2004), no item 4.3, do atual

    governo municipal manifestou preocupao em implantar os

    recursos informacionais nas escolas municipais, como

    ferramenta pedaggica importante no processo de

    ensino/aprendizagem. E colocar todo o Sistema Educacional

    em rede utilizando a tecnologia da Internet para criar um

    intranet e uma extranet, permitindo assim, a democratizao

    das informaes educacionais (banco de dados) para qualquer

    cidado e o acesso em tempo real s informaes referentes

    vida escolar.

    As justificativas pedaggicas foram baseadas em diversos

    autores que relacionam os pontos principais: melhorar a

    qualidade do processo de ensino-aprendizagem; ampliar o

    mundo da informao dos alunos e professores; ampliar o

    instrumental didtico-pedaggico para professores e alunos;

    criar uma nova ecologia cognitiva na escola; e possibilitar a

    capacitao contnua e permanente dos professores atravs de

    cursos on-line.

    50

  • CAPTULO III

    3. DA TEORIA PRXIS: UMA NOVA VISO SOBRE

    VELHOS PARADIGMAS

    A tecnologia e a Educao Fsica no caminho do

    conhecimento

    51

  • 3.1 A Matriz Filosfica: Materialismo Histrico Dialtico

    3.1.1 A doutrina de Marx e Engels

    O marxismo o sistema das idias e da doutrina de Karl Marx

    e Friedrich Engels. Marx e Engels desenvolveram plena e

    genialmente as trs principais correntes ideolgicas do sculo

    XIX, nos trs pases mais avanados da humanidade: a

    filosofia clssica alem, a economia poltica clssica inglesa e

    o socialismo francs, em ligao com as doutrinas

    revolucionrias francesas em geral. O carter notavelmente

    coerente e integral das suas idias, reconhecido pelos prprios

    adversrios - e que, no seu conjunto, constituem o

    materialismo moderno e o socialismo cientfico moderno

    como teoria e programa do movimento operrio de todos os

    pases civilizados -, obriga-nos a fazer preceder a exposio

    do contedo essencial do marxismo, a doutrina econmica de

    Marx, de um breve resumo da sua concepo do mundo em

    geral.

    3.1.2 Educao em Marx e Engels

    Do sistema fabril (...) brotou o germe da educao do futuro, que conjugar o trabalho produtivo de todos os meninos alm de uma certa idade com o ensino e a ginstica, constituindo-se em mtodo de elevar a produo social e no nico meio de produzir seres humanos. 24 (Karl Marx, 1978, p. 103-125).

    Uma das anlises que Marx fez do sistema educacional de sua

    poca de que o mesmo estava a servio da classe dominante.

    24 Caderno Pedaggico de Sociologia II, verso 2, UDESC, Curso de Pedagogia, Modalidade a Distncia, 2003.

    52

  • Ora, a educao uma vez a servio da classe que domina

    aliena e desumaniza a classe dominada. Combater a alienao

    e a desumanizao, para Marx e Engels a principal funo

    da educao. Faz-se necessrio aprender competncias que

    so indispensveis para a compreenso do mundo fsico e

    social do indivduo.

    Havia uma grande preocupao para o risco da escola ensinar

    contedos unilaterais e a servio de ideologias dominantes:

    ...Sujeito a interpretaes de partido ou de classes....25

    A educao deveria ser de cunho gratuito mas sem

    atrelamentos s polticas de Estado. A educao deveria ser

    simultaneamente intelectual, fsica e tcnica. Tal concepo

    chamada de onilateral diferiria da educao integral porque

    esta tem uma conotao moral e afetiva que, para Marx e

    Engels, no deveria ser funo da escola mas sim da famlia

    ou outros adultos.

    Como no se aprofundou, em seus postulados,

    especificamente educao Marx e Engels deixaram

    seguidores que fizeram tal anlise.

    Entre eles esto: O italiano Antonio Gramsci (1871-1937 -

    Obras de Gramsci apoiadas nos fundamentos de Marx/Engels:

    Conselhos de fbrica,1981; Conselhos de fbrica,

    sindicatos e partidos, 1978; O Partido Comunista, 1987).

    25 Revista Nova Escola, edio de dezembro de 2005, n 188, p. 32-33.

    53

  • O ucraniano Anton Makarenko (1888 - 1939 - Obras de

    Makarenko apoiadas nos fundamentos de Marx/Engels:

    Poema Pedaggico, 1983; Conferncias sobre Educao

    Infantil, 1981).

    4. Concepo pedaggica Histrico-Cultural: A educao em Vygotsky23

    Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e pesquisador foi

    contemporneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade

    da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rssia,

    quando morreu, de tuberculose com trinta e sete anos de

    idade. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento

    do indivduo como resultado de um processo scio-histrico,

    enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse

    desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histrico-

    social. Sua questo central a aquisio de conhecimentos

    pela interao do sujeito com o meio.

    As concepes de Vygotsky sobre o processo de formao de

    conceitos remetem s relaes entre pensamento e linguagem,

    questo cultural no processo de construo de significados

    pelos indivduos, ao processo de internalizao e ao papel da

    escola na transmisso de conhecimento, que de natureza

    diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propem

    uma viso de formao das funes psquicas superiores

    como internalizao mediada pela cultura.

    As concepes de Vygotsky sobre o funcionamento do

    crebro humano, colocam que o crebro a base biolgica, e

    23 www.centrorefeducacional.com.br/pensadores/vygotsky.html

    54

  • suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o

    desenvolvimento humano. Essas concepes fundamentam

    sua idia de que as funes psicolgicas superiores (por ex.

    linguagem, memria) so construdas ao longo da histria

    social do homem, em sua relao com o mundo. Desse modo,

    as funes psicolgicas superiores referem-se a processos

    voluntrios, aes conscientes, mecanismos intencionais e

    dependem de processos de aprendizagem:

    a) Mediao: uma idia central para a compreenso de suas

    concepes sobre o desenvolvimento humano como processo

    scio-histrico a idia de mediao: enquanto sujeito do

    conhecimento o homem no tem acesso direto aos objetos,

    mas acesso mediado, atravs de recortes do real, operado

    pelos sistemas simblicos de que dispe, portanto enfatiza a

    construo do conhecimento como uma interao mediada

    por vrias relaes, ou seja, o conhecimento no est sendo

    visto como uma ao do sujeito sobre a realidade, assim como

    no construtivismo e sim, pela mediao feita por outros

    sujeitos.

    b) O outro social: pode apresentar-se por meio de objetos, da

    organizao do ambiente, do mundo cultural que rodeia o

    indivduo.

    c) A linguagem: sistema simblico dos grupos humanos,

    representa um salto qualitativo na evoluo da espcie. ela

    que fornece os conceitos, as formas de organizao do real, a

    mediao entre o sujeito e o objeto do conhecimento. por

    meio dela que as funes mentais superiores so socialmente

    55

  • formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e

    culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.

    d) A cultura: fornece ao indivduo os sistemas simblicos de

    representao da realidade, ou seja, o universo de

    significaes que permite construir a interpretao do mundo

    real. Ela d o local de negociaes no qual seus membros

    esto em constante processo de recriao e reinterpretao de

    informaes, conceitos e significaes.

    f) O processo de internalizao: fundamental para o

    desenvolvimento do funcionamento psicolgico humano. A

    internalizao envolve uma atividade externa que deve ser

    modificada para tornar-se uma atividade interna,

    interpessoal e se torna intrapessoal. Usa o termo funo

    mental para referir-se aos processos de: pensamento,

    memria, percepo e ateno. Coloca que o pensamento tem

    origem na motivao, interesse, necessidade, impulso, afeto e

    emoo.

    A interao social e o instrumento lingstico so decisivos

    para o desenvolvimento.

    Existem, pelo menos dois nveis de desenvolvimento

    identificados por Vygotsky: um real: j adquirido ou

    formado, que determina o que a criana j capaz de fazer

    por si prpria, e um potencial: ou seja, a capacidade de

    aprender com outra pessoa.

    A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo

    abertura nas zonas de desenvolvimento proximal (distncia

    entre aquilo que a criana faz sozinha e o que ela capaz de

    56

  • fazer com a interveno de um adulto; potencialidade para

    aprender, que no a mesma para todas as pessoas; ou seja,

    distncia entre o nvel de desenvolvimento real e o

    potencial) nas quais as interaes sociais so centrais, estando

    ento, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento,

    inter-relacionados; assim, um conceito que se pretenda

    trabalhar, como por exemplo, em matemtica, requer sempre

    um grau de experincia anterior para a criana.

    O desenvolvimento cognitivo produzido pelo processo de

    internalizao da interao social com materiais fornecidos

    pela cultura, sendo que o processo se constri de fora para

    dentro.

    Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domnio

    dos instrumentos de mediao, inclusive sua transformao

    por uma atividade mental.

    Para ele, o sujeito no apenas ativo, mas interativo, porque

    forma conhecimentos e se constitui a partir de relaes intra e

    interpessoais.

    na troca com outros sujeitos e consigo prprio que se vo

    internalizando conhecimentos, papis e funes sociais, o que

    permite a formao de conhecimentos e da prpria

    conscincia. Trata-se de um processo que caminha do plano

    social - relaes interpessoais - para o plano individual

    interno - relaes intrapessoais. Assim, a escola o lugar

    onde a interveno pedaggica intencional desencadeia o

    processo ensino-aprendizagem.

    57

  • O professor tem o papel explcito de interferir no processo,

    diferentemente de situaes informais nas quais a criana

    aprende por imerso em um ambiente cultural. Portanto,

    papel do docente provocar avanos nos alunos e isso se torna

    possvel com sua interferncia na zona proximal.

    Vemos ainda como fator relevante para a educao,

    decorrente das interpretaes das teorias de Vygotsky, a

    importncia da atuao dos outros membros do grupo social

    na mediao entre a cultura e o indivduo, pois uma

    interveno deliberada desses membros da cultura, nessa

    perspectiva, essencial no processo de desenvolvimento. Isso

    nos mostra os processos pedaggicos como intencionais,

    deliberados, sendo o objeto dessa interveno: a construo

    de conceitos.

    O aluno no to somente o sujeito da aprendizagem, mas,

    aquele que aprende com o outro o que o seu grupo social

    produz, tal como: valores, linguagem e o prprio

    conhecimento.

    A formao de conceitos espontneos ou cotidianos

    desenvolvidos no decorrer das interaes sociais diferenciam-

    se dos conceitos cientficos adquiridos pelo ensino, parte de

    um sistema organizado de conhecimentos.

    A aprendizagem fundamental ao desenvolvimento dos

    processos internos na interao com outras pessoas.

    Ao observar a zona proximal, o educador pode orientar o

    aprendizado no sentido de adiantar o desenvolvimento

    potencial de uma criana, tornando-o real. Nesse nterim, o

    58

  • ensino deve passar do grupo para o indivduo. Em outras

    palavras, o ambiente influenciaria a internalizao das

    atividades cognitivas no indivduo, de modo que, o

    aprendizado gere o desenvolvimento. Portanto, o

    desenvolvimento mental s pode realizar-se por intermdio do

    aprendizado.

    5. A Tecnologia E A Educao Fsica No Caminho Do Conhecimento

    5.1 Concepo de conhecimento o desafio

    O conhecimento na viso Vygotskiana, segundo Teresa

    Cristina Rego (1995), a criana j nasce num mundo social e,

    desde o nascimento, vai formando uma viso desse mundo

    atravs da interao com adultos ou crianas mais

    experientes. A construo do relacionamento , ento

    mediada pela interpessoal antes de ser internalizada pela

    criana. Desta formas procede-se do social para o individual,

    ao longo do desenvolvimento. O aluno constri conhecimento

    por meio de aes efetivas ou mentais que realiza sobre

    contedos de aprendizagem assim sendo construdo

    socialmente.

    Ora, sendo exposto ao mundo cultural e aos avanos

    tecnolgicos que nele habitam evidente que a capacidade

    mental do aluno tambm se altera. O simples giz e quadro j

    no fazem mais sentido com tantas outras possibilidades de

    avanos cognitivos, afetivos e cinestsicos, embora, ainda

    hoje, sejam de grande utilidade educacional.

    59

  • Segundo Pierre Lvy24 pela primeira vez na histria da

    humanidade, a gerao que nasce j estar com sua tecnologia

    totalmente obsoleta ao final de sua vida. Logo ns educadores

    devemos estar aptos e abertos ao uso das tecnologias como

    ferramentas de trabalho muito teis na apropriao do

    conhecimento, por parte dos alunos, e mediao do mesmo,

    por parte dos professores. Fugir j no mais possvel, negar

    j no mais a sada profissional. Logo devemos todos, unos,

    nos prepararmos para um trabalho uniforme, planejado e

    gratificante.

    Seguindo o planejamento proposto a orientao pedaggica

    da unidade escolar, todos os alunos cadastraram-se em sites

    com e-mail e foram cadastrados em sala virtual prpria:

    AVAA: Sala 01 - Prof. Anderson Moura - Educao Fsica

    S1PAED - Anderson Moura de Campos. (http:

    //www.espin.com.br/claroline).

    5.2 - O trabalho proposto, apropriado e construdo

    Figura n 3 O desafio de associar conhecimento e prtica

    Fonte Espin/JOHAS Projeto: Educao Fsica e o conceito de cultura: O corpo no tempo, espao e ciberespao.

    24 Cibercultura, Pierre Lvy, 1999.

    60

  • Foi lanado aos alunos o desafio de (des) construrem a

    histria do corpo e sua utilizao histrica atravs da

    evoluo da humanidade, com todas as suas contradies e

    fatos histricos oficiais e oficiosos. Verdades e mentiras em

    debates francos para uma concluso plausvel ou indigesta.

    Cabia ao corpo discente planejar e trilhar seu caminho

    conforme suas crenas e vivncias social. Est relatado o

    trabalho da 6 srie A da Escola de Educao Bsica Joo

    Hassmann como forma de exemplo de todos os trabalhos que

    se seguiram.

    Foram elencadas as seguintes civilizaes para estudo (http://

    pt.wikipedia.org) :

    Homem Primitivo; Gregos; Romanos; Astecas; Incas; ndios Brasileiros; Perodo Medieval; Renascimento; Iluminismo;

    Outros povos poderiam ser elencados para fim de estudo mas

    para fim de comparao histrica foram determinadas as

    civilizaes supra citadas.

    Como critrios para o desenvolvimento metodolgico da

    pesquisa os alunos receberam um roteiro de trabalho o

    objetivo de desenvolvimento, numa metodologia prpria dos

    estudos dia