Educação física no ensino médio: desenvolvimento de ... · Introdução Educação física no...

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Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2014 Jan-Mar; 28(1):147-61 • 147 Educação física no ensino médio Introdução Educação física no ensino médio: desenvolvimento de conceitos e da aptidão física relacionados à saúde CDD. 20.ed. 796.017 Marcel Anghinoni CARDOSO * Flávio Medeiros PEREIRA * Mariângela da Rosa AFONSO * Ivon Chagas da ROCHA JUNIOR ** *Escola Superior de Educação Física, Uni- versidade Federal de Pelotas. **Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Santa Maria. Resumo O objetivo desse estudo foi verificar o desenvolvimento de conceitos, níveis de aptidão física relacionados à saúde, e padrão de atividade física proporcionado pelas aulas de Educação Física (EF). Compuseram a amostra 40 alunos (24 meninos, 16 meninas) do ensino médio. A aptidão física (APF) foi avaliada mediante os testes sentar e alcançar, corrida de nove minutos e resistência abdominal em um minuto, pertencentes à bateria de testes da PROESP. Os conceitos foram analisados por prova teórica com questões objetivas. O escore de atividade física (ATF) foi estimado pela versão longa do International Physical Activity Questionaire (IPAQ). Em 30 aulas de EF os conteúdos de ensino se relacionaram aos conceitos sobre alongamento e exercícios gímnicos: ginástica intervalada e corridas. Encontraram-se mudanças significativas na resistência abdominal, flexibilidade e conhecimento para ambos os sexos e na resistência aeróbia para meninas, indicando que as aulas, trabalhadas mediante procedimentos de ensino visando à promoção da saúde podem modificar os conceitos e a aptidão física relacionados à saúde de alunos do Ensino Médio. PALAVRAS-CHAVE: Educação física; Conhecimento; Aptidão física; Ginástica intervalada; Ensino médio. A prática regular de exercícios físicos pode apre- sentar efeitos benéficos à saúde em diferentes po- pulações 1-2 , ainda que esse efeito possa ser contrário em uma parcela de indivíduos 3 . Sua prática pode ser um fator preventivo para diferentes patologias e, em diferentes faixas etárias, a prática de exercícios parece trazer consequências positivas do ponto de vista fisiológico, psicológico e social 4-6 . Sob o prisma pedagógico, cada vez mais a Edu- cação Física Escolar (EFE) é uma alternativa de intervenção em contrapartida aos preocupantes dados de crianças e adolescentes, com baixos níveis de aptidão física relacionada à saúde e estilo de vida sedentário. Hoehner et al. 7 destacam que o único grupo de intervenções com evidências conclusivas são as aulas de EF. Salmon et al. 8 indicam que as aulas de EFE são as mais indicados para a realização de programas interventivos. Partindo dessa premissa, diferentes autores trazem abordagens que visam subsidiar o trato pedagógico da promoção da saúde na EFE 9-12 . A análise crítica das mesmas permite concluir que a promoção da saúde na EFE pode ser desenvolvida mediante pro- cedimentos de ensino que se baseiem em três pontos básicos: contextualização teórica e prática acerca dos fatores biológicos, econômicos, políticos, sociais e culturais atinentes ao exercício físico; conteúdos de ensino que vão além dos tradicionais esportes de quadra; aulas que trabalhem com exercícios físicos em intensidade moderada e vigorosa. As questões levantadas pelos autores em questão também tiveram bastante influência na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da EFE, tanto no Ensino Fundamental 13 quanto na primeira versão do Ensino Médio 14 . Nesse sentido, é notável que a preocupação com a promoção da saúde na escola não seja apenas da comunidade científica, mas também de documentos que tem sua existência prevista em lei e que são de fácil acesso no meio escolar.

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    Educao fsica no ensino mdio

    Introduo

    Educao fsica no ensino mdio: desenvolvimento de conceitos

    e da aptido fsica relacionados sade

    CDD. 20.ed. 796.017 Marcel Anghinoni CARDOSO*

    Flvio Medeiros PEREIRA*

    Maringela da Rosa AFONSO*

    Ivon Chagas da ROCHA JUNIOR**

    *Escola Superior de

    Educao Fsica, Uni-

    versidade Federal de

    Pelotas.

    **Centro de Educao

    Fsica e Desportos,

    Universidade Federal

    de Santa Maria.

    Resumo

    O objetivo desse estudo foi verifi car o desenvolvimento de conceitos, nveis de aptido fsica relacionados sade, e padro de atividade fsica proporcionado pelas aulas de Educao Fsica (EF). Compuseram a amostra 40 alunos (24 meninos, 16 meninas) do ensino mdio. A aptido fsica (APF) foi avaliada mediante os testes sentar e alcanar, corrida de nove minutos e resistncia abdominal em um minuto, pertencentes bateria de testes da PROESP. Os conceitos foram analisados por prova terica com questes objetivas. O escore de atividade fsica (ATF) foi estimado pela verso longa do International Physical Activity Questionaire (IPAQ). Em 30 aulas de EF os contedos de ensino se relacionaram aos conceitos sobre alongamento e exerccios gmnicos: ginstica intervalada e corridas. Encontraram-se mudanas signifi cativas na resistncia abdominal, fl exibilidade e conhecimento para ambos os sexos e na resistncia aerbia para meninas, indicando que as aulas, trabalhadas mediante procedimentos de ensino visando promoo da sade podem modifi car os conceitos e a aptido fsica relacionados sade de alunos do Ensino Mdio.

    PALAVRAS-CHAVE: Educao fsica; Conhecimento; Aptido fsica; Ginstica intervalada; Ensino mdio.

    A prtica regular de exerccios fsicos pode apre-sentar efeitos ben cos sade em diferentes po-pulaes1-2, ainda que esse efeito possa ser contrrio em uma parcela de indivduos3. Sua prtica pode ser um fator preventivo para diferentes patologias e, em diferentes faixas etrias, a prtica de exerccios parece trazer consequncias positivas do ponto de vista siolgico, psicolgico e social4-6.

    Sob o prisma pedaggico, cada vez mais a Edu-cao Fsica Escolar (EFE) uma alternativa de interveno em contrapartida aos preocupantes dados de crianas e adolescentes, com baixos nveis de aptido fsica relacionada sade e estilo de vida sedentrio. Hoehner et al.7 destacam que o nico grupo de intervenes com evidncias conclusivas so as aulas de EF. Salmon et al.8 indicam que as aulas de EFE so as mais indicados para a realizao de programas interventivos.

    Partindo dessa premissa, diferentes autores trazem abordagens que visam subsidiar o trato pedaggico

    da promoo da sade na EFE9-12. A anlise crtica das mesmas permite concluir que a promoo da sade na EFE pode ser desenvolvida mediante pro-cedimentos de ensino que se baseiem em trs pontos bsicos: contextualizao terica e prtica acerca dos fatores biolgicos, econmicos, polticos, sociais e culturais atinentes ao exerccio fsico; contedos de ensino que vo alm dos tradicionais esportes de quadra; aulas que trabalhem com exerccios fsicos em intensidade moderada e vigorosa.

    As questes levantadas pelos autores em questo tambm tiveram bastante in uncia na elaborao dos Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da EFE, tanto no Ensino Fundamental13 quanto na primeira verso do Ensino Mdio14. Nesse sentido, notvel que a preocupao com a promoo da sade na escola no seja apenas da comunidade cient ca, mas tambm de documentos que tem sua existncia prevista em lei e que so de fcil acesso no meio escolar.

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    Cardoso MA, et al.

    Apesar disso, a pesquisas mostram que os pontos salientados como chave pelos autores colocados anteriormente no tm sido destacados nas prticas pedaggicas da EFE. A EFE tem evidenciado que a prtica de esportes de quadra em detrimento a ou-tros contedos de ensino10,15-16 no tem impacto no conhecimento dos alunos em relao a aspectos liga-dos ao exerccio fsico17-18 e oferece poucos estmulos motores de intensidade moderada e vigorosa, que poderiam ocasionar modi caes a mdio e longo prazo na aptido fsica de crianas e adolescentes19-21.

    Essa lacuna existente entre o que prope a li-teratura e o que feito na prtica d sustentao elaborao de propostas que visem trabalhar a promoo da sade em aulas regulares de EF. Parte-se de procedimentos de ensino que proponham o desenvolvimento de contedos pouco abordados na realidade atual da EF, de prticas pedaggicas que considerem a unicidade entre teoria e prtica nos processos de ensino-aprendizagem e que ofeream estmulos motores que possam modi car a aptido fsica relacionada sade dos alunos. Alm disso, objetiva-se ter impacto para a adoo de um estilo de vida ativo por parte dos mesmos.

    Nesse sentido, contedos como a Ginstica, cuja essncia a exercitao motora e que trazem em seu cerne o trabalho com exerccios elementares, como apoios, abdominais, alongamentos, corridas, caminhadas, dentre outros, poderiam constituir-se

    Mtodo

    Caracterizao da amostra

    como uma boa alternativa ao desenvolvimento de uma EF voltada promoo da sade. Ainda sobre a Ginstica, salienta-se que a mesma, ao longo dos anos, de acordo com Toledo22, perdeu espao na escola, sendo muito mais vista em atividades extra-escolares, como em academias, por exemplo. Em contrapartida, estudo de Azevedo Junior et al.23

    indicou que a musculao e a ginstica de academia obtiveram um considervel aumento na preferncia dos jovens nas ltimas dcadas.

    Outro ponto importante a ser considerado que a Ginstica, assim como o Esporte, as Lutas e a Dana um dos contedos a serem desenvolvidos na EFE. Focando a promoo da sade, a Ginstica possui um grande potencial didtico-pedaggico, podendo contribuir para o ensino de diferentes questes te-ricas e prticas atinentes exercitao motora. Dessa maneira, poderia ser possvel que o aluno, subsidiado pela teoria e pela prtica, aprenda a praticar e gostar da Ginstica, tornando-a parte de seu cotidiano.

    Dessa forma, esse estudo teve como objetivo veri car o impacto de procedimentos de ensino centrados em atividades de ginsticas e subsidiados pelas bases terico-pedaggicas que trazem como escopo principal a promoo da sade na EFE sobre trs variveis: aptido fsica relacionada sade, nvel de atividade fsica e conhecimento sobre ele-mentos scio-polticos, biolgicos e tcnicas gestuais relacionadas EF em escolares do EM.

    Este estudo teve carter quase-experimental, composto por uma amostragem no-probabilstica intencional24. No entanto, houve apenas o acompa-nhamento de um grupo que recebeu a interveno pedaggica, realizada pelo pesquisador em uma nica escola. Com isso, vale ressaltar que no houve grupo controle, randomizao da amostra, sujeitos e inter-ventor cegos. Assim, o efeito encontrado no pode ser delegado apenas a interveno pedaggica, mas ao somatrio desses fatores. Por outro lado, ainda assim entende-se como importante estudo desta natureza, pois o delineamento respeita a dinmica comum das aulas dentro do contexto escolar e seus resultados auxiliam a elaborao de hipteses sobre os aspectos investigados. Antes do incio da coleta de dados, o projeto de pesquisa passou por avaliao no Comit de tica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, sendo aprovado sob o nmero de

    Compuseram a amostra deste estudo duas turmas de primeiro ano de EM, totalizando 40 alunos com mdia de idade de 14,5 0,6 anos. Foram excludos da amostra aqueles alunos: a) impossibilitados de

    protocolo 018/2010. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi entregue a todos os alunos participantes do projeto para que levassem aos seus responsveis, tendo em vista que eram menores de idade. A participao foi voluntria com liberdade de afastamento do projeto. Caso o mesmo no ti-vesse autorizao de seus pais para a participao do projeto ou no tivesse interesse no mesmo, o aluno seguiria participando das aulas, mas seus dados no foram coletados. Os dados foram coletados no incio e no m do perodo de interveno.

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    Educao fsica no ensino mdio

    QUADRO 1 - Distribuio do perodo de interveno no que tange s avaliaes iniciais e fi nais, perodo de interveno e quantidade de alunos em cada aula.

    A escola onde foi realizado o estudo pertence rede federal e ofertava o EM juntamente educa-o pro ssional. Semanalmente existiam uma aula isolada de EF e outras duas sequenciais em dois encontros semanais, um encontro com 45 minutos e outro com 90 minutos. Cada aula tinha durao de 45 minutos. Para sua realizao, a escola contava com uma sala de ginstica, uma quadra poliesporti-va, dois campos de futebol ao ar livre e grande espao disponvel inerente a uma instituio voltada para a agroindstria. Quanto ao material, havia a contento, colchonetes, bolas, cones e outros que se adequaram ao desenvolvimento da pesquisa.

    Caractersticas da instituio de ensino

    e da disciplina de EF

    Ao total o estudo compreendeu 30 aulas de EF com cada turma, incluindo testes e re-testes. O QUADRO 1 mostra a distribuio do perodo no que diz respeito aos pr-testes, interveno e ps-testes, bem como a quantidade de alunos em cada aula.

    Semana Aula AtividadeQuantidade

    de alunos

    1

    04/05 Avaliaes iniciais 40

    05/05 Avaliaes iniciais 40

    05/05 Avaliaes iniciais 40

    2

    11/05 Avaliaes iniciais 40

    12/05 Interveno 33

    12/05 Interveno 33

    3

    18/05 Interveno 37

    19/05 Interveno 40

    19/05 Interveno 40

    4

    25/05 Interveno 32

    26/05 Interveno 35

    26/05 Interveno 35

    5

    01/06 Interveno 30

    02/06 Interveno 40

    02/06 Interveno 40

    6

    08/06 Interveno 30

    09/06 Interveno 29

    09/06 Interveno 29

    7

    15/06 Interveno 36

    16/06 Interveno 33

    16/06 Interveno 33

    8

    22/06 Interveno 20

    23/06 Feriado Zero

    23/06 Feriado Zero

    9

    29/06 Interveno 19

    30/06 Conselho de Classe Zero

    30/06 Conselho de Classe Zero

    10

    06/07 Interveno 38

    07/07 Interveno 37

    07/07 Interveno 37

    11

    13/07 Avaliaes ! nais 40

    14/07 Avaliaes ! nais 40

    14/07 Avaliaes ! nais 40

    12 20/07 Avaliaes ! nais 40

    Estrutura das aulas de EF

    realizar todos os testes propostos; b) que no rea-lizaram as duas fases de avaliao (pr e ps-teste); c) que no tiveram 75% de frequncia nas aulas prticas; d) que no devolveram o TCLE assinado pelos pais. Os discentes que no zeram parte da amostra nal desta pesquisa no foram excludos de nenhuma das atividades desenvolvidas durante o estudo, apenas no foram includos na amostragem.

    A m de caracterizar a amostra pertencente a este estudo, foram coletadas informaes relativas ao sexo, nvel socioeconmico, medido pelo Critrio de Classi cao Econmica do Brasil25, atividade fsica extraclasse, por meio da cha de avaliao do PROESP-BR26 e ndice de massa corporal, determi-nada por meio de medidas de peso e altura.

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    Cardoso MA, et al.

    A coleta de dados s pode ser iniciada em maio, com a justi cativa da instituio de que era neces-srio o perodo de um ms para que os estudantes se ambientassem escola. Assim, nesse primeiro ms, os alunos tiveram aulas de EF com o professor titular dessas turmas.

    As aulas que foram desenvolvidas neste estudo tiveram como referencial terico bsico as propostas tericas voltadas promoo da sade na EF9-12. Do ponto de vista prtico, o contedo de ensino principal foi a Ginstica, trabalhada mediante a metodologia de Pereira27 denominada de Ginstica Intervalada (GI):

    Basicamente, a GI objetiva a prtica de exer-ccios elementares, como apoios, polichinelos, abdominais, alongamentos, corridas estacionrias e com percurso, caminhadas, etc. Visa a melhoria de capacidades fsicas como a exibilidade (FLX), a resistncia aerbia (RA) e a resistncia muscular localizada (RML) e requer que o praticante se con-centre mentalmente no que est realizando.

    Concomitantemente GI foram desenvolvidas atividades esportivas, compreendidas de esportes coletivos de quadra, como futsal, basquetebol, voleibol e handebol. Foram livremente escolhidas e geridas pelos alunos, sendo tambm de participa-o facultativa. Essas atividades, dado seu carter facultativo e de autogesto dos alunos, tendo como base o interesse dos mesmos em pratic-las, tinham como rotina o desenvolvimento nos 15 minutos nais da aula dupla, uma vez por semana e com intensidade baseada no envolvimento de cada aluno na prtica esportiva. Essas caractersticas no foram controladas, dado seu pouco tempo de desenvolvi-mento e carter recreativo destas atividades. Com isso, entende-se que a probabilidade de ter afetado o comportamento das caractersticas estudadas foram pequenas. H cincia que a insero destas atividades esportivas fragilizam os resultados deste estudo, medida que podem ter efeito aditivo nos resultados da prtica dos exerccios de ginstica.

    O objetivo de ensino deste estudo foi de proporcio-nar estmulos motores e cognitivos, visando desenvol-ver os conceitos e a aptido fsica relacionados sade.

    A GI compreende a prtica de conjunto de

    exerccios fsicos, com alternncia na intensidade

    dos esforos, em aes conscientes, processuais e

    objetivadas. A GI uma forma ginstica onde,

    metodicamente, exerccios mais suaves, de carter

    de espaamento e de manuteno do corpo em

    atividade, se intercalam com outros exerccios

    ginsticos mais fortes e mais especficos (p.10).

    Esses contedos foram trabalhados ao longo das au-las, utilizando subsdios advindos das prprias prticas motoras propostas e em atividades extras propostas pelo professor, como a leitura de textos complementares.

    Os contedos desenvolvidos a cada aula foram contextualizados no apenas sob o ponto de vista biolgico (anatomia, nutrio, biomecnica), mas tambm considerando questes culturais (modi ca-es nos hbitos de vida da populao ao longo dos anos), polticas (polticas pblicas voltadas manu-teno de um estilo de vida ativo), e socioeconmicas (barreiras econmicas que impossibilitam populaes mais humildes de ter acesso a academias, bem como alternativas para essas camadas populacionais) que tm in uncia sobre a aquisio de um estilo de vida ativo.

    Durante todo o desenvolvimento do estudo sempre o pesquisador esteve presente e trabalhou de forma aproximada dos alunos. Nas fases cognitivas e ginsticas apoia-se no que Schuldheisz e Van der Mars28 consideram como superviso ativa, e que propicia ganhos efetivos na aprendizagem.Embasando em Xiang e Lee29 sobre a forte ligao entre o alcance dos objetivos e o ambiente motivacional, valorizava-se cada pequeno progresso evidenciado pelos alunos.

    Quanto aos mtodos de ensino, em todas as aulas durante a exercitao ginstica utilizou-se o mtodo global30. Desse modo, nenhum exerccio fsico foi fracionado. Polichinelos, abdominais, apoios e outros movimentos relacionados GI eram ensinados sem uma diviso em partes, obedecendo premissa para o mtodo global. Quanto quantidade de escolares interagindo na execuo dos exerccios de GI, em todos os encontros, utilizou-se de tcnicas de ensino: a) indi-vidualizadas, sem interao imediata entre os alunos; b) tcnicas de ensino em duplas, com um auxiliando ou participando da exercitao do outro. Em quatro ocorrncias houve exercitao ginstica em trios.

    Quanto aos estilos de ensino, baseado no espectro de Mosston e Aswhorth30, utilizou-se, principalmente, de:

    tarefas (professor determinava as tarefas e os alunos executavam) em todas as 30 aulas;

    auto checagem (tarefas determinadas pelo pro-fessor com auto avaliao dos alunos) em 13 aulas;

    incluso (todos alunos em tarefas propostas pelo professor, modi cadas de acordo com a capacidade de cada um), em 22 aulas;

    descoberta guiada (o professor determina as tarefas, e por meio de perguntas aos alunos os con-duz a descobrir e sanar seus erros), em cinco aulas;

    produo divergente (os alunos tomam decises diversas para atingir os objetivos propostos) em quatro aulas.

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    Educao fsica no ensino mdio

    O desenvolvimento das atividades ginsticas no contou com a presena de implementos nem de acompanhamento musical. Mesmo enfatizando a regio abdominal, membros inferiores e superiores, a exercitao ginstica buscava trabalhar todas as partes do corpo. O principal elemento motivacional externo utilizado pelo professor foi o conhecimento atrelado s prticas. Cada atividade proposta era sempre justi cada, buscando fazer com que os alunos entendessem o processo em que estavam inseridos e a importncia do mesmo para suas vidas. Esses aspectos permitiram uma situao adequada de envolvimento dos alunos nas atividades, mesmo naquelas em que houve maior necessidade de vigor fsico.

    Na prtica esportiva de Futsal, Handebol e Basquetebol, sempre os alunos se organizaram em grandes grupos, em equipes. Tambm apoiado em Mosston e Aswhorth30 nessa parte esportiva, devido imprevisibilidade das aes e a autonomia dos alunos durante o jogo, o estilo de ensino

    predominante foi o iniciado pelo aluno (os alunos planejam todas as suas atividades).

    Embasando-se em metodologia de ensino de contedos cognitivos proposta por Pereira31, os contedos foram trabalhados por meio de conversas nas partes iniciais e nais das aulas. Estas conversas partiam das situaes vivenciadas na parte prtica das aulas de EF. Nas ltimas semanas foram inseridos temas atinentes a questes no biolgicas relacionadas prtica de exerccios fsicos. Eram feitos questionamentos, esclarecidas dvidas e enfatizada a importncia do conhecimento para subsidiar prticas motoras imediatas e futuras. Contudo, as aulas prticas no eram interrompidas para se trabalhar estes conceitos. Durante a parte prtica eram feitos apontamentos pelo professor, retomados de forma mais aprofundada no nal da aula. Em nenhum momento do estudo foi realizada alguma aula totalmente conceitual em sala de aula. O quadro abaixo mostra uma sntese da distribuio dos contedos tericos durante o perodo de interveno.

    QUADRO 2 - Distribuio dos contedos tericos ao longo do perodo de interveno, desconsiderando os perodos de avaliao, feriados e conselho de classe.

    Aula Atividade Contedo conceitual

    12/05 Interveno Comportamento da Frequncia Cardaca (FC) em exerccios de deslocamento (corrida/caminhada)

    12/05 Interveno Comportamento da FC em exerccios ginsticos localizados (abdominais, apoios, etc). Efeitos do treinamen-to sobre a FC de repouso.

    18/05 Interveno Conhecimento corporal: atuao do exerccio sobre diferentes segmentos corporais, percepo de intensidade de esforos.

    19/05 Interveno Resistncia Muscular Localizada: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    19/05 Interveno Resistncia Muscular Localizada: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    25/05 Interveno Resistncia Muscular Localizada: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    26/05 Interveno Flexibilidade: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    26/05 Interveno Flexibilidade: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    01/06 Interveno Resistncia Aerbia: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    02/06 Interveno Resistncia Aerbia: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    02/06 Interveno Resistncia Aerbia: conceito, importncia para a sade, prticas adequadas.

    08/06 Interveno Nutrio Bsica: tipos de nutrientes, exemplos prticos, alimentao saudvel.

    09/06 Interveno Nutrio Bsica: tipos de nutrientes, exemplos prticos, alimentao saudvel.

    09/06 Interveno Poltica e Exerccio Fsico: espaos pblicos, polticas regionais, aes governamentais.

    15/06 Interveno Poltica e Exerccio Fsico: espaos pblicos, polticas regionais, aes governamentais.

    16/06 Interveno Barreiras que impedem a manuteno de um estilo de vida ativo: clima, meio ambiente, condies nancei-ras, dentre outros.

    16/06 Interveno Barreiras que impedem a manuteno de um estilo de vida ativo: clima, meio ambiente, condies nancei-ras dentre outros.

    22/06 Interveno Exerccio fsico e cultura: a presena do exerccio no cotidiano da comunidade, mudanas de hbitos popula-cionais ao longo dos anos.

    29/06 Interveno Exerccio fsico e cultura: a presena do exerccio no cotidiano da comunidade, mudanas de hbitos popula-cionais ao longo dos anos.

    06/07 Interveno Reviso dos aspectos biolgicos.

    07/07 Interveno Reviso dos aspectos biolgicos.

    07/07 Interveno Reviso dos aspectos polticos, culturais e ambientais.

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    Cardoso MA, et al.

    Havia uma alterao metodolgica entre a aula isolada (quarta-feira) e a dupla (quinta-feira). Nas aulas isoladas eram desenvolvidos contedos somen-te com GI. Nas aulas duplas, devido ao maior tempo disponvel, inicialmente eram trabalhados exerccios de alongamento e, posteriormente, atividades de corridas/caminhadas e GI. Nos 15 minutos nais do segundo perodo, a prtica dos esportes escolhidos pelos alunos.

    Para o desenvolvimento da exibilidade, utilizou-se nas semanas 2, 3, 4, e 5 exerccios de Alonga-mento Suave, que de acordo com Anderson32, consistem em estender a musculatura at o limite de uma pequena tenso, sustentando por 30 se-gundos. Nas semanas 6, 7, 8, 9, e 10 utilizou-se o Alongamento Progressivo, que consiste em um alongamento que imprima uma tenso que v alm da impressa no mtodo suave, sustentando tambm por 30 segundos32. A exibilidade era trabalhada sempre nos 15 minutos iniciais da aula de quarta-feira e 20 minutos iniciais das aulas quinta-feira.

    A resistncia aerbia foi trabalhada por meio de exerccios intervalados de corrida e caminhada, durante 10 minutos na quarta-feira e 20 minutos na quinta-feira, sendo que, ao longo do processo, foi sendo aumentado o tempo de corrida e diminudo o tempo de caminhada. Os alunos realizavam a men-surao manual da frequncia cardaca orientada pelo professor sempre nos perodos de caminhada, e eram instrudos a manterem-se entre 130 e 150 bpm durante a atividade.

    A resistncia muscular localizada foi trabalhada com circuitos de atividades para todos os segmentos corporais, com exerccios realizados com o peso do prprio corpo em perodos de 20 minutos nas quartas-feiras e de 30 minutos na quinta-feira. Nas semanas 1,2 e 3, os alunos eram instrudos, em cada exerccio, a realizarem trs sries de 15 repeties com intervalo entre sries de 30 segundos, sendo que, indicando a incapacidade de realizar tal esforo, podiam fazer menos. Nas semanas 4, 5, 6 e 7, as sries aumentaram para 20 repeties com intervalo entre sries de 30 segundos, podendo, a cargo de cada alu-no, fazer mais repeties respeitando o limite de trs sries de 25 repeties ou menos fazendo no mnimo 15. Nas ltimas semanas, passaram a ser realizadas

    A aptido fsica relacionada sade foi avaliada mediante a realizao de trs testes: sentar e alcanar (FLX), corrida de nove minutos (RA) e resistncia abdominal (ABD), protocoladas pela bateria de testes da PROESP-BR26.

    Apoiado em Pereira17 os conceitos foram ava-liados mediante a realizao de uma prova terica, com oito questes de mltipla escolha e uma questo dissertativa, tendo como nota mxima 10 e nota m-nima zero. O referido instrumento foi avaliado por professores universitrios, sendo que caractersticas como contedo, linguagem, especi cidade adaptados aos objetivos do estudo. O instrumento tinha como temas norteadores questes biolgicas ( siologia, nu-trio, anatomia), scio-polticas (fatores in uentes na manuteno de um estilo de vida ativo) e tcnicas ges-tuais (execuo correta de exerccios, biomecnica de exerccios ginsticos). Os temas condisseram com os contedos trabalhados durante o processo de ensino. Apresenta-se o detalhamento da prova no ANEXO 1.

    O nvel de atividade fsica foi medido pela verso longa do Questionrio Internacional de Atividade Fsica (IPAQ). Foram consideradas para a anlise apenas as seguintes sees: atividade fsica como meio de transporte; atividades fsicas de recreao, esporte, exerccio e de lazer.

    Avaliao do processo

    Anlise estatstica

    A anlise estatstica foi desenvolvida no pacote estatstico Stata verso 10.0. A simetria das variveis foi averiguada mediante o teste formal de hiptese Shapiro Wilk, bem como a inspeo visual da curva normal. Por meio disso, constatou-se o comportamento assimtrico das variveis deste estudo, optando-se por testes estatsticos no paramtricos para anlise dos dados.

    Os resultados iniciais e nais foram confrontados mediante a realizao do Teste de Wilcoxon. Foram considerados signi cativos resultados com valor de p < 0,05.

    trs sries de 20 ou 25 repeties com intervalo entre sries de 30 segundos, podendo fazer menos caso relatada a incapacidade ou observada pelo professor.

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    Educao fsica no ensino mdio

    Resultados

    A TABELA 1 mostra a distribuio entre meninos e meninas na amostra nal (60 e 40%, respectivamen-te). Quanto ao nvel socioeconmico, a maior parte dos alunos se situa na classe B2 (50%), seguida pela classe C1 (30%), C2 (10%), B1 (7,5%) e A2 (2,5%). No que diz respeito atividade fsica extraclasse, 62,5% dos alunos relataram praticar alguma atividade extraclasse sem regularidade semanal (futebol com os amigos, ciclismo, etc), enquanto 37,5% relataram no realizar nenhuma atividade. Quanto ao IMC, 90% dos alunos se encontravam em situao normal, com apenas trs casos de sobrepeso e um de obesidade.

    A TABELA 2 mostra mudanas signi cativas para a resistncia abdominal e na avaliao terica para alunos de ambos os sexos. No que diz respei-to exibilidade, foram encontradas mudanas signi cativas. A resistncia aerbica modi cou-se signi cantemente apenas para as alunas.

    A mensurao do escore de ATF dos alunos no deslocamento e no lazer, por meio do IPAQ, foi utilizada somente para veri car as possveis modi -caes no nvel de atividade fsica ocorridas durante o estudo. Estatisticamente, no foram encontradas mudanas signi cativas, independente do sexo.

    A TABELA 3 indica que os alunos que no praticavam nenhuma atividade extraclasse tiveram mudanas signi cativas na resistncia abdominal e no conhecimento e signi cativas na exibilidade e na resistncia aerbica. A resistncia abdominal e o conhecimento tiveram mudanas signi cativas para os alunos que relataram praticar atividades extraclasse esporadicamente. A exibilidade e a resistncia aerbia no se modificaram significativamente para este grupo. O escore de ATF no se modi cou signi cativamente em nenhum dos dois grupos.

    TABELA 1 - Caracterizao da amostra quanto ao nvel socioeconmico, prtica de atividade extraclasse e ndice de massa corporal (IMC), considerando uma amostra de 60% de meninos e 40% de meninas.

    Varivel % % %

    Meninos Meninas Total

    60 40 100

    Nvel socioeconmico

    A2 2,5 0 2,5

    B1 2,9 2,5 7,5

    B2 19,9 20 50

    C1 33,3 10 30

    C2 2,5 7,5 10

    Atividade extra classe

    Sim 22,5 15 37,5

    No 37,5 25 62,5

    IMC

    Normal 54 36 90

    Sobrepeso 2,5 5 7,5

    Obesidade 0 2,5 2,5

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    Cardoso MA, et al.

    TABELA 2 - Mediana, Intervalos Interquartis e signifi cncia estatstica da Resistncia Abdominal (ABD), Flexibilidade (FLX), Resistncia Aerbia (RA), Avaliao Terica (COH) e Escore de Atividade Fsica (ATF) pr-teste e ps-teste de acordo com gnero.

    A durao das aulas de EF era de 45 minutos. Contudo, a cada aula isolada eram perdidos, em mdia, 15 1,3 minutos, devido ao deslocamento dos alunos de suas salas de aula at o local da aula de EF, uniformizao dos mesmos e controle da frequncia, concordando com Pereira10 que, em anlise do cotidiano das aulas de EF, encontrou uma realidade similar a esta. Dessa forma, o tempo de cada aula isolada se reduzia, em mdia, para 30 minutos. Quando aula era sequencial o tempo mdio foi de 75 1,5 minutos.

    *Teste de Wilcoxon Variveis Pr-teste Ps-teste Valor p*

    Q25% Q50% Q75% Q25% Q50% Q75%

    ABD (n de rep.) Masculino 24,5 30 36 34 41,5 47 < 0,001

    Feminino 19,5 24 30 27,5 33,5 45,5 < 0,001

    FLX (cm) Masculino 24 32,5 37 25,5 35 39,3 0,009

    Feminino 33,5 36 39,5 36,3 38,3 42,5 0,005

    RA (metros/9) Masculino 1408,5 1570 1701 1500 1607,5 1846 0,076

    Feminino 1118,5 1200 1320,5 1195 1292,5 1369 0,009

    COH. (nota) Masculino 2,5 3,6 5 5,4 6,9 7,3 < 0,001

    Feminino 2,8 3,8 3,9 5,1 6,6 8 < 0,001

    ATF (min. semana) Masculino 222,5 437,5 817,5 337,5 540 935 0,886

    Feminino 125 487,5 720 162,5 365 935 0,309

    TABELA 3 -

    *Teste de Wilcoxon

    Mediana, Intervalos Interquartis e signifi cncia estatstica da Resistncia Abdominal (ABD), Flexibilidade (FLX), Resistncia Aerbia (RA), Avaliao Terica (COH) e Escore de Atividade Fsica (ATF) pr-teste e ps-teste de acordo a prtica de atividade fsica extraclasse.

    Variveis Pr-teste Ps-teste Valor p*

    Q25% Q50% Q75% Q25% Q50% Q75%

    ABD (n de rep.) Sim 24 30 41 32 42 48 < 0,001

    No 20 25 31 28 37 45 < 0,001

    FLX (cm) Sim 24 36,5 41 26 36 42 0,028

    No 32,5 35,2 36,7 34,5 36,5 41 0,005

    RA (metros/9) Sim 1540 1603 1802 1540 1800 1900 0,137

    No 1172 1268 1370 1224 1322 1479 0,002

    COH. (nota) Sim 2,5 3 4,5 5,3 6,7 7,5 < 0,001

    No 2,7 3,7 4,8 5,4 6,9 7,9 < 0,001

    ATF (min. semana) Sim 200 300 360 210 315 360 0,337

    No 30 100 260 85 110 300 0,841

    O cotidiano das aulas A falta de um intervalo entre os dias de aula tam-bm foi prejudicial anlise dos dados, medida que a organizao das aulas no respeita, conforme Powers e Howley33, a recuperao entre as sesses, um dos princpios bsicos do treinamento desportivo. Dessa forma, analisando o trabalho realizado sob um prisma : siolgico, a organizao do horrio foi um fator limi-tante coleta de dados, visto que as aulas eram realizadas na quarta-feira (aula isolada) e quinta-feira (aula dupla).

    Outro problema constatado ao longo do processo foi a quebra de sequncia nas aulas. Em dois momentos, em virtude de um feriado e de um conselho de classe, duas aulas sequenciais acabaram

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    Educao fsica no ensino mdio

    Discusso

    no acontecendo. Em decorrncia disso, os alunos internos, que moravam na instituio, acabavam deixando a escola um dia antes do que habitualmente faziam para carem mais tempo em suas cidades de origem. Essa situao acabou prejudicando o estudo em duas semanas consecutivas, pois um feriado e um conselho de classe aconteceram na segunda e quarta semana do ms de junho, como visto no QUADRO 1.

    O fato de a coleta de dados ter iniciado um ms aps o incio das aulas tambm foi outro fator a ser considerado. Nesse perodo foram desenvolvidas aulas predominantemente esportivas. Nesse contexto, a insero de aulas centradas em atividades ginsticas demorou a ser aceita pelos alunos. Contudo, ao longo do processo essa situao foi se revertendo, estimulada pelos procedimentos de ensino desenvolvidos nesta pesquisa.

    Os dados encontrados nessa pesquisa abrem precedentes para diversas discusses. A possibilidade de a EFE ser um espao para o aprimoramento da aptido fsica relacionada sade, a viabilidade de aplicao de procedimentos de ensino que tenham como foco a promoo da sade na EFE e a possi-bilidade de utilizao de contedos diferentes dos esportes de quadra, nesse caso, a Ginstica, so os pontos primordiais que sero abordados na discusso dos resultados desse estudo.

    No que tange ao nvel de aptido fsica relacionada sade da amostra analisada, com base no Manual de Normas da PROESP-BR26, pode-se constatar que os meninos, na fase pr-teste, tinham nveis de exibilidade e resistncia aerbia satisfatrios, e resistncia abdominal abaixo para o esperado para a idade. Aps a interveno, exibilidade e resistncia aerbia tiveram evoluo e mantiveram-se em nvel satisfatrio, assim como a resistncia abdominal, com a evoluo conseguida atingiu os nveis esperados para a idade. Quanto s meninas, na fase pr-teste as mesmas tinham de resistncia aerbia e resistncia abdominal abaixo do esperado para a idade, e exibilidade condizente com o esperado. Aps a interveno, as meninas mantiveram nveis satisfatrios de exibilidade e passaram tambm a ter um nvel resistncia abdominal e resistncia aerbia condizente com as idades, a partir da evoluo conseguida ao longo do processo.

    No que diz respeito ao aprimoramento da APF relacionada sade em aulas de EFE, os resultados indicam que, em trs capacidades fsicas analisadas, duas apresentaram modi caes signi cativas para ambos os sexos. Estudos realizados na realidade edu-cacional brasileira, que traz uma carga horria cada vez mais reduzida para EF e que oferece condies de trabalho muitas vezes questionveis do ponto de vista nanceiro e de condies de efetivao das

    aes docentes, tambm encontraram resultados que se assemelham aos deste trabalho.

    Milanezi34 em pesquisa realizada com 96 alunos do sexo masculino durante 34 semanas no Ensino Fundamental, constatou que alunos que frequen-taram apenas aulas de EF apresentaram evoluo signi cativa na resistncia abdominal, resistncia aerbia e exibilidade ao m do processo. Salvo quanto resistncia aerbia, os dados do estudo de Milanezi34 convergem com os achados dessa pesquisa quanto aptido fsica relacionada sa-de. Vale ressaltar que o tempo de desenvolvimento de cada estudo e o nvel de ensino diferem entre o presente estudo e o realizado por Milanezi34.

    Schonardie Filho35 em um estudo aplicado junto a 28 alunos do ensino mdio durante o perodo de um ano letivo, encontrou mudanas signi cativas tanto na aptido fsica relacionada sade ( exibilidade, resistncia aerbia e resistncia abdominal) quanto a aquisio de conceitos acerca de fatores biolgicos, biomecnicos, scio-polticos e culturais relacionados ao exerccio fsico, medidos por intermdio de uma avaliao terica.

    Os achados de Schonardie Filho35 se asse-melham aos desta pesquisa, sendo importante considerar que, assim como neste estudo, por intermdio das aulas de EFE, conseguiu-se indicar modi caes signi cativas em questes ligadas ao conhecimento dos alunos sobre conceitos ligados ao exerccio fsico.

    Pereira36 em pesquisa realizada tambm com o EM durante trs bimestres letivos, mostra mudanas signi cativas na resistncia abdominal, exibilidade e nota de avaliao terica aps interveno peda-ggica focando o ensino da EF por intermdio de aulas direcionadas prtica da Ginstica, com nfase na GI. O presente estudo, alm de encontrar resul-tados semelhantes aos encontrados nessa pesquisa,

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    Cardoso MA, et al.

    faz aluso Ginstica na condio de contedo de ensino para o aprimoramento da aptido fsica relacionada sade e no conhecimento.

    Dessa forma, tanto os estudos relacionados aci-ma quanto os resultados conseguidos neste estudo apontam para a possibilidade de aprimoramento da aptido fsica e do conhecimento por intermdio da EFE. No que diz respeito resistncia aerbia, varivel que no teve alteraes signi cativas neste estudo para ambos os sexos, entende-se a necessi-dade de realizao de mais estudos focados nessa capacidade fsica em atividades escolares.

    No que diz respeito ao escore de ATF, os dados deste estudo mostram que as aulas de EF no propiciaram mudanas signi cativas. Contudo, considerando que a recomendao atual para a prtica de ATF na ado-lescncia de 300 minutos de atividades moderadas e/ou vigorosas por semana5,37, a mediana dos resultados iniciais e nais relativos s sees deslocamento e lazer, se somadas ao tempo de atividades das aulas de EF, faz com que os alunos pertencentes a esta amostra atinjam os valores esperados para a adolescncia.

    Dados de Ribeiro38, coletados junto a adolescen-tes, mostraram que tanto alunos que tiveram contato apenas com preceitos tericos acerca de formas de aumentar o nvel de atividade fsica cotidiano, quan-to alunos que tiveram contato apenas com prticas motoras, modi caram seu nvel de atividade fsica ao longo do tempo. Contudo, poucos estudos se destinam a intervir, apesar de a escola e, por conseguinte, a EF, ser um dos espaos mais cobrados pelo estilo de vida cada vez mais sedentrio de crianas e adolescentes.

    Os resultados tambm permitem a construo da hiptese deque os alunos que no realizavam nenhuma atividade extracurricular obtiveram modi- caes signi cativas em todas as capacidades fsicas analisadas, bem como na avaliao do conhecimen-to. Os alunos que realizavam atividades extraclasse esporadicamente tiveram modi caes signi cativas na resistncia abdominal e no conhecimento.

    Tais achados indicam a possibilidade de a EFE, se trabalhada mediante aulas estruturadas, ser um espao para possveis modi caes na aptido fsica relacionada sade, a curto e longo prazo. Alm disso, as modi caes signi cativas na avaliao terica mostram que, mais que um espao para a re-alizao de exerccios, as aulas de EF podem oferecer ao aluno momentos de aprendizado e re exo sobre as questes relativas ao exerccio fsico e sade.

    Alm do destaque s modi caes quantitativas na aptido fsica e no conhecimento dos escolares intermediados por esta pesquisa, necessrio tambm

    discutir a viabilidade de propostas pedaggicas que tenham como escopo a promoo da sade na escola. Fundamentadas por: Devide et al.12, Ferreira11, Guedes e Guedes39, Pereira10 e Nahas e Corbin9, as aulas desenvolvidas neste trabalho tiveram como preocupao central, alm de aprimorar o condicionamento fsico dos escolares, dar sentido s atividades praticadas nas aulas, mostrando o quanto as mesmas so importantes para suas vidas.

    O sentido pedaggico a que se remeteu esse trabalho consistiu em oferecer aos escolares respaldos tericos que lhes possibilitassem compreender os benefcios concedidos pela prtica de exerccios fsicos e entender as interferncias de questes biolgicas, tcno-motoras e sociopolticas. Conforme Pereira10 necessrio unir o fsico e o social por intermdio do exerccio fsico, tendo em vista que este o fator que diferencia a EF das demais disciplinas na escola. Dessa forma, os escolares ao nalizar a Educao Bsica, podem se tornar indivduos sicamente ativos e conscientes das inter-relaes que afetam a cultura de tempo livre.

    Os resultados encontrados nesta pesquisa, e tambm das citadas anteriormente, mostram a possibilidade de desenvolvimento de uma EFE que tenha como foco central a promoo da sade. Alm disso, de acordo com os PCNs14, a EF pode ter impacto na educao social dos escolares, quando tem como objetivo pedaggico o exerccio fsico na manuteno de uma boa sade e qualidade de vida. Contudo, necessrio que aes pedaggicas, como as que foram desenvolvidas neste estudo, faam parte do cotidiano das aulas de EF, possibilitando a mais alunos benefcios cognitivos e motores tais como encontrados neste e em outros trabalhos.

    No que diz respeito aos contedos de ensino de-senvolvidos nessa pesquisa, deu-se nfase Ginstica, trabalhada mediante a metodologia denominada como GI. Esse destaque foi dado visando desenvolver um contedo que, ao longo dos anos, perdeu espao nas aulas de EF, que cada vez mais tm priorizado as atividades esportivas16,19,22,40. Os achados desse estudo podem indicar que, com apropriada metodologia, possvel reativar a Ginstica como contedo de ensino na EF no EM. Contudo, devido s limitaes a que foi submetido o mesmo, so necessrios mais dados para a comprovao dessa hiptese.

    Os resultados desta pesquisa reforam a impor-tncia da Ginstica para o cotidiano da EFE. Para o desenvolvimento da Ginstica como contedo de ensino da EF, sem desconsiderar os outros, necess-rio que a mesma seja subsidiada por procedimentos de ensino dotados de consistncia metodolgica.

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    Educao fsica no ensino mdio

    Alm disso, tambm se deve fazer meno im-portncia da unio entre teoria e prtica nas aulas. A EF, espao na escola dedicado ao aprendizado de diferentes prticas corporais, no pode oferecer aos alunos atividades desprendidas dos pressupostos tericos. Concordando com proposies de Pe-reira10,41, Guedes e Guedes39, Nahas e Corbin9 dentre outros, a EFE deve propiciar aos escolares, alm de prticas motoras que estimulem o aumento da aptido fsica relacionada sade, conhecimentos que fundamentem a aprendizagem.

    A pedagogia da EF que atente aos pressupostos tericos associados s prticas motoras poderia, sem dvida, justi car a presena de diferentes contedos nas aulas de EF. Alm disso, poderia motivar os escolares a exercitarem-se, com estmulos capazes de alterar sua aptido fsica. Dessa forma, a EF poderia ser vista na escola como uma disciplina contextualizada e importante para a vida dos alunos, capaz de contribuir para formar cidados que tenham autonomia e capacidade crtica para entender o mundo que os cerca.

    Desse modo, apesar de algumas limitaes logsti-cas comuns em um trabalho de carter interventivo desenvolvido em um espao educacional, este estudo indicou a possibilidade de modi caes signi cativas tanto na aptido fsica relacionada sade quanto no conhecimento em escolares do EM. O que foi encontrado aproximou-se dos resultados de outras intervenes de carter pedaggico, levando-se em conta, obviamente, as peculiaridades de cada estudo. Entretanto, os resultados deste e de outros trabalhos podem indicar a possibilidade de a EF ter um im-pacto maior sobre a APF e o conhecimento no EM.

    Os dados conseguidos nesta pesquisa abrem precedentes para a re exo acerca do importante papel que a EF pode ter na formao de indivduos ativos, conhecedores dos benefcios da exercitao fsica continuada e, futuramente, cidados que se

    utilizem dos conceitos adquiridos durante sua vida escolar para a obteno de uma melhor qualidade de vida. Os resultados indicam que a EFE, trabalhada de forma estruturada no que diz respeito aos seus procedimentos de ensino e aos contedos, pode cumprir uma funo muito mais importante na escola do que a desempenha atualmente.

    As aulas deste trabalho tiveram como contedo de ensino primordial a Ginstica, trabalhada por meio da GI. A Ginstica prevista em diferentes referenciais tericos da EF como um dos conte-dos a ser desenvolvido na escola. Contudo, dados da realidade mostram que a Ginstica no vem sendo contemplada apropriadamente na EFE. Os resultados deste estudo abrem precedentes para que, assim como a Ginstica, outros contedos pouco trabalhados no universo da EF, como as Lutas e a Dana, por exemplo, sejam desenvolvidos no coti-diano escolar. Dessa forma, a EF atender a um dos pressupostos bsicos da promoo da sade na EF: a variabilidade de contedos de ensino.

    Por m, para que os efeitos positivos de uma interveno pedaggica voltada ao estmulo e a com-preenso da pratica de exerccios fsicos, mostrada neste trabalho possa se tornar uma realidade mais constante, necessrio que o atual quadro da EFE se modi que drasticamente. essencial que sejam possibilitadas aos alunos prticas pedaggicas dota-das de cienti cidade, providas de comprometimento tanto por parte dos rgos pblicos quanto por parte dos docentes. fundamental que uma EF de qualidade no seja apenas um objeto de pesquisa, e sim uma realidade no meio escolar, para que, dessa maneira, ela adquira a devida valorizao na escola. Para tal, devem ser propiciados aos docentes, alm de uma remunerao digna, condies materiais e instalaes apropriadas e tempo disponvel para elaborao e desenvolvimento das aulas, avaliaes e suas discusses com os alunos.

    Abstract

    Physical education in middle school: development of concepts and health-related physical fi tness

    The aim of this study was to investigate the development of concepts, levels of physical fi tness related to health and physical activity patterns provided by the Physical Education (PE) classes. The sample consisted of 40 students (24 boys, 16 girls) high school students. Physical fi tness was measured by the sit and reach test, running in 9 minutes and abdominal strength in 1 minute, belonging to the battery of tests PROESP. The knowledge was determined by theoretical test. The physical activity score was estimated by the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). In 30 PE classes the teaching contents

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    Cardoso MA, et al.

    were related to the concepts of stretching and gym exercises: Interval fi tness and running. There were signifi cant changes in abdominal strength, fl exibility and knowledge to both sexes and aerobic endurance for girls, indicating that classes, worked through teaching procedures aimed at health promotion can modify the concepts and health-related physical fi tness of high school students.

    KEY WORDS: Physical education; Knowledge; Physical fi tness; Gym; Middle school.

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    40. Rinaldi IEB, Souza EPM. A ginstica no percurso escolar dos ingressantes dos cursos de licenciatura em educao fsica da Universidade Estadual de Maring e da Universidade Estadual de Campinas. Rev Bras Cinc Esporte. 2003;24:159-73.

    41. Pereira FM Dialtica da cultura fsica: introduo crtica da educao fsica, do esporte e da recreao. So Paulo: cone; 1988.

    ANEXO 1 - Prova terica para coleta de dados.

    Questo 1: Dentre as patologias (doenas) listadas abaixo, marque a alternativa que no consequncia da manuteno de hbitos de vida sedentrios (1,0):

    ( ) Infarto do miocrdio

    ( ) Hipertenso

    ( ) Osteoporose

    ( ) Cncer de pele

    ( ) Diabetes tipo II

    Questo 2: O seguinte texto: dever do Estado fomentar prticas desportivas formais e no-formais, como direito de cada um ... encontra-se na(o)(1,0):

    ( ) Esse texto inexiste

    ( ) Constituio Federal Brasileira

    ( ) Regimento do Comit Olmpico brasileiro

    ( ) Parecer nmero 01 do Conselho Federal de Educao Fsica

    ( ) Estatuto da Confederao Brasileira de Desporto

  • 160 Rev Bras Educ Fs Esporte, (So Paulo) 2014 Jan-Mar; 28(1):147-61

    Cardoso MA, et al.

    Questo 3: Sabendo que os alimentos fonte de carboidratos (CHO) (arroz, po, massa, frutas), de gordura (LIP) (leos, margari-nas,) e de protenas (PRO) (carnes, ovos, laticnios) so fonte de energia para a realizao das funes orgnicas vitais, qual a proporo dos macronutrientes citados que correta para a obteno de uma alimentao diria equilibrada?

    ( ) CHO> PRO > LIP

    ( ) PRO > CHO > LIP

    ( ) CHO > LIP > PRO

    ( ) LIP > CHO > PRO

    ( ) PRO > LIP > CHO

    Questo 4: Dentre as formas de exercitao listadas abaixo, qual delas caracteriza um exerccio aerbico (1,0):

    ( ) Praticar Yoga durante 50 minutos

    ( ) Fazer musculao durante 60 minutos

    ( ) Jogar na posio de goleiro de futsal durante 40 minutos

    ( ) Realizar exerccios de alongamento durante 20 minutos

    ( ) Andar de bicicleta continuamente durante 60 minutos

    Questo 5: Dentre as patologias (doenas) citadas abaixo, qual delas tem como principal fator preventivo a prtica de exerccios de fora (1,0):

    ( ) Cncer de pulmo

    ( ) Pneumonia

    ( ) Osteoporose

    ( ) Hipertenso

    ( ) Diabetes tipo I

    Questo 6: Marque a alternativa que corresponde a um exerccio de ! exibilidade, para a regio dorso-lombar e posterior das coxas e pernas (1,0): rever o enunciado

    ( ) ( ) ( ) ( )

    Questo 7: Durante uma corrida a p de 10/15 minutos (corrida aerbica), a respirao mais indicada : (1,0)

    ( ) Inspirao e expirao s pela boca.

    ( ) Inspirao e expirao s pelo nariz.

    ( ) Inspirao e expirao normal pela boca e nariz.

    ( ) Inspirao pelo nariz com o abdome contrado.

    ( ) Inspirao e expirao pelo nariz com o abdome contrado

    Questo 8: medida que aumentamos nosso condicionamento fsico a partir de exerccios aerbicos, a frequncia cardaca de repouso (quando estamos parados):(1,0)

    ( ) Aumenta em relao ao inicio do programa do exerccio

    ( ) Diminui em relao ao inicio do programa de exerccio

    ( ) No se modi& ca

    ( ) Se modi& ca negativamente

    ( ) Nenhuma das anteriores est correta

  • Rev Bras Educ Fs Esporte, (So Paulo) 2014 Jan-Mar; 28(1):147-61 161

    Educao fsica no ensino mdio

    ENDEREO

    Marcel Anghinoni CardosoEscola Superior de Educao Fsica

    Universidade Federal de PelotasR. Afonso Pena, 355

    96040-600 - Pelotas - RS - BRASILe-mail: [email protected]

    Recebido para publicao: 22/03/2012

    1a. Reviso: 06/03/2013

    2a. Reviso: 03/08/2013

    3a. Reviso: 27/09/2013

    Aceito: 30/01/2014

    Questo 9: Identi que, da forma mais completa possvel, a(s) musculatura(s) responsvel(is) pelo movimento nos seguintes exerccios: (2,0)

    .................. ................. .............. ................. (0,5) (0,5) (0,5) (0,5)