Educação Não Formal e Divulgação em Ciência: da produção do ...

107
É m u i t o c o m u m o u v i r m o s q u e a p e s q u i s a d e s e n v o lvida pelas universidades Na área de educação, isso é ainda mais contundente: reclama-se que os pesquisadores do campo educacional desenvolvem investi- gações que não dialogam com a prática pedagógica, que não são aplicáveis à “realidade” das escolas ou que são feitas em linguagem hermética, incom- preensível para o professor ou ainda que é muito difícil ter acesso a essas produções. Por outro lado, critica-se, muitas vezes, o professor por não se informar sobre os novos resultados que as investigações trazem e não se atualizar com relação à produção de conhecimento advindo do campo da educação e das áreas específicas de conhecimento. Contudo, transformar resultados de pesquisas em ações aplicáveis à realidade educacional, seja formal ou não formal, é uma tarefa para lá de complexa. A l é m d e t r a b a l h o s a , i m p l i c a e m u m a t r a nsposição de conteúdos e Os zoológicos são instituições muito procuradas em todo mundo. A cada ano, aproximada mente 20 milhões de pessoas do da de que a ped- ca e a ação te se cem em ntes educa- opomos vidade va para profes- om foco ço dos us de biológi- bjetivo idade oltado a a ção de flexão a das as dos es na ção da e seus Essa o será vida a a prop- de uma ientada sição e objetos. emos a leitura eto no exposi- nha o ial de ocar sões e S a be r e s científicos e tecnológicos têm impactado d e f o r m a s i g n i f i c a t i v a e c r e s c e n t e o n o s s o b e m - e s t a r i n d i v i d u a l e Diferentes razões levam o pú b l i co a v i s i t á - l o s : c o n t a t o d i r e t o c o m a n a t u r e z a , p o i s a m a i o r i a d o s z o o s e n c o n t r a - s e e m e o tempo de Os museus de ciências, como espaços de social- ização do conhecimen- to e da cultura, ganham relevância na educação científica do s c i d a d ão s , at u a n d o c om o parc e i r o s d a s umentário o, por isso, o entre o s pessoas orre uma ual aquele a i m p o r t â n c i a d o s o b j e t o s n o s m u seus de ciê n c i a s , o p a p e l c e n t r a l d e ss e s o b j e t o s n O a b a s t e c i m e n t o d e á g u a p ara p o p u lação que Nas universi- dades e nos museus nos quais se realizam pesquisas científicas, é grande a exigência com relação às normas de coleta e p a r a a s e n s i b i l i z a ç ã o e a compreensão dos dif e r e n t e s s a b e r e s t r a b a l h a d o s c o m o p ú b l i c o . Promover experiências de produção de coleções e do uso de objetos nas estratégias didáticas tem o potencial de não somente ensinar ideias, conceitos e processos da ciência, mas também assimilar a própria história do conhecimento científi- co. As coleções e os objetos existentes no acervo dos museus museus e em espaços educativos (escolas e exposições) são elemen- tos motivadores e promotores de aprendizagem para o ensino de ciências. As coleções científicas e as coleções didáticas assumem, ao mesmo tempo, o papel de apresentar, para os alunos, aspectos da cultura científica – história, nca- os m a tir e a ssi- de orar, ção fes- s e, uen- e, na nos, São exemplos de objetos u s a d o s p a r a f o r m a r a s c o l e ç õ e s : s e m e n t e s , f o l h a s , e r v a s e r o c h a s , m a s t a m b é m s o n s , Uma mesma iniciativa pode, por exemplo, priorizar conteúdos científicos e o contexto sociocultural desses conheci- mentos. Da mesma forma, uma mesma atividade pode propor a disseminação de informações em via única e também o diálogo m u s e u s e e m e s p a ç o s e d u c a t i v o s ( e s c o l a s e e x p o s i ç õ e s ) s ã o e l e m e n t o s m o t i v a d o r e s e p r o m o t o r e s d e a p r e n d i z a g e m p a r a o e n s i n o d e c n c i a s . A s c o l e ç õ e s c i e n t ífi c a s e a s c o l e ç õ e s d i d á t i c a s a s s u m e m , a o m e s m o t e m p o , o p a p e l d e P r o m o v e r e x p e r i ê n c i a s d e p r o d u ç ã o d e c o l e ç õ e s e d o u s o d e o b j e t o s n a s e s t r a t é g i a s d i d á t i c a s t e m o p o t e n c i a l d e n ã o s o m e n t e e n s i n a r i d e i a s , c o n c e i t o s e p r o c e s s o s d a c i ê n c i a , m a s t a m b é m a s s i m i l a r a p r ó p r i a h i s t ó r i a d o c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o . A s co l e ç õ e s e o s o b j e t o s e x i st e n t e s n o a c e r v o d o s m u s e u s e e m e s p a ç o s P r o m o v e r e x p e r i ê n c i a s d e p r o d u ç ã o d e c o l e ç õ e s e d o u s o d e o b j e t o s n a s e s t r a t é g i a s d i d á t i c a s t e m o p o t e n c i a l d e n ã o s o m e n t e e n s i n a r i d e i a s , c o n c e i t o s e P r o m o v e r e x p e r i ê n c i a s d e p r o d u ç ã o d e c o l e ç õ e s e d o u s o d e o b j e t o s n a s e s t r a t é g i a s d i d á t i c a s t e m o p o t e n c i a l d e n ã o s o m e n t e e n s i n a r i d e i a s , c o n c e i t o s m u s e u s e e m e s p a ç o s e d u c a t i v o s ( e s c o l a s e e x p o s i ç õ e s ) s ã o e l e m e n t o s m o t i v a d o r e s e p r o m o t o r e s d e a p re n d i z a g e m p a r a o e n s i n o d e c i ê n c i a s . A s c o l e ç õ e s c i e n tí fi c a s e a s c o l e ç õ e s d i d á tic a s a s s u m e m , a o m e s m o t e m p o , o pa p e l de P r o m o v e r e x p e r i ê n c i a s d e p r o d u ç ã o d e c o l e ç õ e s e d o u s o d e o b j e t o s n a s e s t r a t é g i a s d i d á t i c a s t e m o p o t e n c i a l d e n ã o s o m e n t e e n s i n a r i d e i a s , c o n c e i t o s P r o m o v e r e x p e r i ê n c i a s d e p r o d u ç ã o d e c o l e ç õ e s e d o u s o d e o b j e t o s n a s e s t r a t é g i a s d i d á t i c a s t e m o p o t e n c i a l d e n ã o s o m e n t e e n s i n a r i d e i a s , c o n c e i t o s Educação Não Formal e Divulgação em Ciência: da produção do conhecimento a ações de formação Organizadores: Martha Marandino Djana Contier

Transcript of Educação Não Formal e Divulgação em Ciência: da produção do ...

  • muito

    comu

    m ouv

    irmos

    que a pesq

    uis

    a d

    esenvolvida pelas universidades

    Na rea de educao, isso ainda mais contundente: reclama-se que

    os pesquisadores do campo educacional desenvolvem investi-

    gaes que no dialogam com a prtica pedaggica, que no so

    aplicveis realidade das escolas ou que so feitas em linguagem hermtica, incom-

    preensvel para o professor

    ou ainda que muito difcil ter acesso a essas produes. Por outro lado, critica-se, muitas vezes, o professor por no se informar sobre os novos resultados que as investigaes trazem e no se atualizar com relao produo de conhecimento advindo do campo da educao e das reas especficas de conhecimento.

    Co

    ntu

    do

    , tra

    nsfo

    rmar

    resu

    ltad

    os d

    e

    pesq

    uis

    as e

    m

    a

    es a

    plic

    veis

    re

    alid

    ad

    e

    ed

    ucacio

    nal,

    seja

    form

    al o

    u

    no

    form

    al,

    u

    ma ta

    refa

    para

    l

    de c

    om

    ple

    xa.

    Alm

    de trabalhosa

    , i

    mplica em u

    m

    a transposio de contedos e

    Os

    zoo

    lg

    ico

    s

    so

    in

    stitu

    i

    es

    mu

    ito

    pro

    cu

    rad

    as

    em

    tod

    o

    mu

    nd

    o. A

    cad

    a a

    no

    , ap

    roxim

    ad

    am

    en

    te 2

    0

    milh

    es d

    e

    pesso

    as

    Partindo da premissa de que

    a prtica ped-aggica e a formao

    docente se estabelecem em

    diferentes espaos educa-tivos, propomos uma atividade formativa para futuros profes-

    sores, com foco no espao dos

    museus de cincias biolgi-cas. O objetivo

    da atividade est voltado

    para a promoo de uma reflexo acerca das

    escolhas dos docentes na

    preparao da visita de seus alunos. Essa reflexo ser promovida a

    partir da prop-osio de uma

    leitura orientada da exposio e

    de seus objetos. Entendemos

    que essa leitura do objeto no

    contexto exposi-tivo tenha o potencial de

    provocar discusses e

    S

    aberes cientficos e tecnolgicos tm impactado de forma

    sign

    ific

    ativ

    a e crescente o

    nosso be

    m-e

    star ind

    ividual e

    Diferentes razes levam o pb lico a visit-los: co

    nta

    to d

    ireto com a natu

    reza

    , p

    ois

    a

    maioria do

    s zo

    os encontr

    a-se em

    o e o tempo de

    Os museus de cincias, como espaos de social-izao do conhecimen-to e da cultura, ganham relevncia na educao cientfica

    dos c

    idad

    o

    s,

    atuand

    o

    com

    o p

    arc

    eir

    os

    das

    O filme documentrio trata do outro, por isso,

    no encontro entre o realizador e as pessoas

    filmadas, ocorre uma relao, na qual aquele

    a i m

    p

    ortncia d o s ob

    jeto

    s no

    s museus de cincias,

    o pap

    el central desses objetos n

    O

    a b ast

    ecime

    nto d e gu

    a p

    ara

    p

    opulao que

    Nas

    un

    ivers

    i-d

    ad

    es e

    no

    s

    mu

    seu

    s n

    os

    qu

    ais

    se

    realiza

    m

    pesq

    uis

    as

    cie

    ntfic

    as,

    g

    ran

    de a

    exig

    n

    cia

    co

    m re

    lao

    s n

    orm

    as

    de c

    ole

    ta e

    par

    a a sensibilizao e a compreenso dos diferen

    tes

    sab

    eres

    trabalhados com

    o p

    blico.

    Promover experincias de produo de colees e do uso de objetos nas estratgias didticas tem o potencial de no somente ensinar ideias, conceitos e processos da cincia, mas tambm assimilar a prpria histria do conhecimento cientfi-co. As colees e os objetos existentes no acervo dos museus

    museus e em espaos educativos (escolas e exposies) so elemen-tos motivadores e promotores de aprendizagem para o ensino de cincias. As colees cientficas e as colees didticas assumem, ao mesmo tempo, o papel de apresentar,para os alunos, aspectos da cultura cientfica histria,

    Os elemen-tos elenca-

    dos nos levam a refletir sobre a necessi-dade de

    aprimorar, na

    formao de profes-sores e,

    consequen-temente, na dos alunos,

    So exemplos de objetos u s

    ad

    os

    para

    formar as co

    lees: sem

    ente

    s, f

    olhas, erva

    s e rochas,

    m

    as tambm s

    ons

    ,

    Uma mesma iniciativa pode, por exemplo, priorizar contedos cientficos e o contexto

    sociocultural desses conheci-mentos. Da mesma forma, uma mesma atividade pode propor a disseminao de informaes em via nica e tambm o dilogo

    museus e em

    espaos edu

    cativ

    os (escolas e exposies)

    so

    elem

    entos motivadores e promotore

    s de

    apre

    ndizag

    em para o ensino de cincias. As co

    le

    es c

    ientfic

    as e as colees didticas assumem, ao me

    smo

    tem

    po,

    o papel de

    Promover ex

    perincias de produ

    o d

    e colees e do uso d

    e ob

    jetos nas estratgias did

    tica

    s tem

    o potencial de no soment

    e ens

    inar

    ideias, conceit os

    e

    processos da c

    inc

    ia, mas tam

    bm a

    ssim

    ila

    r a prpria h

    istria do

    con

    hec

    imento cien

    tfico. As cole

    es

    e o

    s ob

    jetos existen

    tes n

    o acervo dos

    mus

    eu

    s e

    em

    espa o

    s

    Promover experi

    ncias de produo d

    e co

    lees e do uso de objet

    os na

    s estratgias didticas te

    m o

    pot

    encial de no som

    ente ensinar ide

    ias,

    con

    ceit

    os e

    Promover experi

    ncias

    de produo de col

    e

    es e do uso de objeto

    s nas

    estratgias didticas tem o

    pote

    ncial

    de no somente ensinar ideia

    s, co

    nce

    itos

    museus e em espao

    s ed

    ucativos (escolas e exposi

    es)

    so elementos m

    otivadores e prom

    otor

    es de

    aprendizagem para o ensino de c

    incia

    s. A

    s co

    lees cientficas e as colees didticas a

    ssum

    em, a

    o m

    esmo

    tempo, o

    papel de

    Prom

    over experincia

    s de produo de cole

    es

    e do uso de objetos n

    as e

    strat

    gias didticas tem o potenc

    ial d

    e no somente ensinar ideias, con

    ce

    itos Promover e

    xp

    erincias de produ

    o

    de colees e do uso d

    e ob

    jetos nas estratgias didtic

    as te

    m o potencial de no somente

    ensi

    nar i

    deias, conce i t o

    s

    Educao No Formal e Divulgao em Cincia:da produo do conhecimento a aes de formao

    Organizadores:Martha MarandinoDjana Contier

  • Educao No Formal e Divulgao em Cincia: da produo do conhecimento a aes de formao

    Organizadores

    Martha Marandino e Djana Contier

    Faculdade de Educao da USP

    2015

    AutoresMaurcio de Mattos SalgadoViviane Aparecida Rachid GarciaAdriana PuglieseLuciana Conrado Martins Marcia Fernandes Loureno

    Adriano Dias de OliveiraFernanda Luise Kistler VidalTania Maria CeratiAna Maria Senac FigueroaCynthia Iszlaji

    Marcus SoaresAna Maria NavasDjana ContierMartha MarandinoJuliana Rodrigues

    Natlia F. CamposEliane MinguesJuliana BuenoNatalia LeporoCarla Gruzman

    Maria Paula Correia de SouzaMaringela BonettiRenata GarabedianAlessandra BizerraLeonardo Maciel Moreira

  • Martha MarandinoDjana Contier

    Produo

    Projeto Grfico

    Organizadores

    Grupo de Estudo e Pesquisa em Educao No Formal e Divulgao em Cincia/GEENF Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia em Toxinas/INCTTOX/CNPq/FAPESPFaculdade de Educao da USP/FEUSP

    Antonio Quixad

    Jorge Alves de Lima Catalogao na Publicao Servio de Biblioteca e Documentao Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo

    E24 Educao No Formal e Divulgao em Cincia: da produo do

    conhecimento a aes de formao / organizadores Martha Marandino e Djana Contier. So Paulo: Faculdade de Educao da USP, 2015. 106 p. il.

    Vrios autores

    ISBN: 978-85-60944-63-7 1. Educao 2. Educao no formal 3. Formao de professores

    6. Museus I. Marandino, Martha, org. II. Contier, Djana, org. III. Ttulo CDD 22. ed. 371.384

    Reviso de texto

    Maurcio de Mattos SalgadoViviane Aparecida Rachid GarciaAdriana PuglieseLuciana Conrado Martins Marcia Fernandes LourenoNatlia F. CamposEliane MinguesJuliana Bueno

    AutoresAdriano Dias de OliveiraFernanda Luise Kistler VidalTania Maria CeratiAna Maria Senac FigueroaCynthia IszlajiNatalia LeporoLeonardo Maciel MoreiraCarla Gruzman

    Marcus SoaresAna Maria NavasDjana ContierMartha MarandinoJuliana RodriguesMaria Paula Correia de SouzaMaringela BonettiRenata GarabedianAlessandra Bizerra

  • Sumrio

    Apresentao.................................................................................................................................5

    I. Vamos visitar o museu? Organizando visitas a espaos culturaisUso de mapas conceituais na organizao de visitas escolares...........................................11

    Maurcio de Mattos Salgado

    Roteiro de visita em zoolgicos: de olho no objeto!................................................................17Viviane Aparecida Rachid Garcia

    Planejando uma atividade no museu: a formao de professores para a visita escolar a exposies de cincias...............................................................................................................23

    Adriana Pugliese, Luciana Conrado Martins e Marcia Fernandes Loureno

    Bons roteiros para timas visitas aos museus de cincias: orientaes didticas............31Natlia F. Campos e Eliane Mingues

    Identificando o potencial de objetos expositivos para aes educativas em museus de cincias........................................................................................................................................37

    Adriano Oliveira, Juliana Bueno e Fernanda Vidal

    Discutindo a questo dos recursos hdricos no Jardim Botnico de So Paulo: uma ao para a promoo da alfabetizao cientfica............................................................................45

    Tania Maria Cerati

    Aprendizagem por meio de objetos em museus: a oficina da preguia-gigante...............49Ana Maria Senac Figueroa

  • Crianas no museu de cincias: um momento para aprender..............................................56Cynthia Iszlaji e Natalia Leporo

    Improvisao teatral em museus e centros de cincias........................................................64Leonardo Maciel Moreira

    II. O que, para que e como divulgar? Analisando as aes de divulgao cientficaElementar, meu caro Watson? O discurso expositivo e suas marcas............................71

    Carla Gruzman e Marcus Soares

    Projetos de divulgao cientfica: um olhar crtico..................................................................78Ana Maria Navas e Djana Contier

    III. Como formar educadores para atuar na educao no formal e na divulgao Contribuies da Teoria da Atividade para a elaborao de exposies museais..............85

    Alessandra Bizerra

    Colees e objetos na formao de professores de cincias................................................95Martha Marandino, Juliana Rodrigues e Maria Paula Correia de Souza

    Audiovisual: contedo e expresso nas aulas de cincias..................................................100Martha Marandino, Maringela Bonetti e Renata Garabedian

  • 5

    Apresentao muito comum ouvirmos que a pesquisa desenvolvida pelas universidades e instituies

    cientficas no chega ao pblico. Na rea de educao, isso ainda mais contundente: re-clama-se que os pesquisadores do campo educacional desenvolvem investigaes que no dialogam com a prtica pedaggica, que no so aplicveis realidade das escolas ou que so feitas em linguagem hermtica, incompreensvel para o professor ou, ainda, que muito difcil ter acesso a essas produes. Por outro lado, critica-se, muitas vezes, o professor por no se informar sobre os novos resultados que as investigaes trazem e no se atualizar com relao produo de conhecimento advindo do campo da educao e das reas espe-cficas de conhecimento.

    Os desafios que ocorrem no cotidiano da prtica educativa, na preparao e no desenvol-vimento de uma aula ou de uma vista a um museu, ao realizar buscas por informao em um blogue ou mesmo ao assistir a um filme ou documentrio, suscitam, muitas vezes, a pesqui-sa educacional. Esta surge, em muitos casos, para responder uma questo, um problema ou uma inquietao oriunda do processo de ensinar, divulgar e aprender.

    Contudo, transformar resultados de pesquisas em aes aplicveis realidade educacio-nal, seja formal ou no formal, uma tarefa para l de complexa. Alm de trabalhosa, impli-ca em uma transposio de contedos e mtodos do contexto de produo cientfica para o contexto de ensino. Trata-se de uma verdadeira adaptao, na qual so feitas escolhas e selees. O resultado desta nova produo aparece expresso em livros didticos e paradid-ticos, manuais, propostas curriculares, apostilas, atividades on line, objetos de aprendiza-gem, jogos educativos, exposies, artigos de divulgao cientfica, experimentos, audiovi-suais; ou seja, em uma infinidade de materiais didticos de apoio a professores, educadores de museus, alunos e pblico em geral. Esses produtos revelam o esforo de educadores em promover o ensino, a divulgao e a aprendizagem dos contedos e promulgar valores e procedimentos que envolvem a produo de conhecimento.

  • 6

    Com a finalidade de enfrentar o desafio mencionado, elaboramos esta publicao. Seu papel divulgar, para professores, educadores de museus, alunos de licenciatura e peda-gogia e pblico interessado, os resultados das aes de estudo e pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educao No Formal e Divulgao em Cincia/GEENF da Faculdade de Educao da USP (FEUSP). Nesse livro, foi inteno transformar teorias, metodologias e resultados dos trabalhos de investigao, oriundos de projetos de extenso, iniciaes cientficas, mestrados e doutorados, em atividades didticas que possam con-tribuir para a formao dos diferentes profissionais que atuam na educao formal e no formal e seus pblicos.

    As atividades didticas aqui propostas podem j ter sido aplicadas em situaes reais ou se constiturem como novas sugestes de aes educativas. Algumas delas se referem a contextos especficos e outras a contextos amplos e sempre implicam numa adaptao por parte do professor a seus objetivos e realidade. Ao todo, o livro traz quatorze propostas, di-recionadas a professores em formao nos cursos de licenciatura e pedagogia, professores j formados que atuam na escola bsica e educadores de museus, que buscam orientar o planejamento de aes que devero ser feitas diretamente com os diferentes pblicos que visitam esses locais.

    A maioria das propostas tem como principal foco fornecer subsdios para o professor e/ou educador organizar visitas a museus. Os autores tomam por base a ideia de que im-portante, no caso da escola, ao planejar a visita a um museu ou espao cultural, considerar atividades antes, durante e depois da experincia; no entanto, cada proposta aprofunda alguns desses momentos, buscando assim sugerir estratgias que promovam uma visita de qualidade. Tendo como alvo os professores e os educadores de museus, essas propostas esto diretamente voltadas organizao da visita, o que beneficia diretamente os visitan-tes. No caso dos professores, ajudam a estruturar os diferentes momentos da visita com os alunos e, no caso dos educadores de museus, auxiliam na recepo e na adequao da visita aos variados pblicos que recebem.

  • 7

    Um outro conjunto de propostas est mais voltado para a formao de educadores de museus e de profissionais que atuam na comunicao pblica da cincia. Envolvem assim aes que promovem a anlise e a reflexo sobre museus, exposies e outras iniciativas educacionais, com intuito de incentivar o olhar crtico e instrudo sobre essas prticas.

    Por fim, existem propostas voltadas mais diretamente formao inicial de professores, para o uso pedaggico dos museus e de outras mdias, como os audiovisuais. Oriundas da prtica educativa em cursos de pedagogia e licenciatura, essas propostas objetivam a refle-xo sobre as especificidades dos museus e dos audiovisuais, fornecendo, aos professores, repertrio para selecionar essas estratgias e utiliz-las na sua experincia profissional.

    Esperamos que este material possa realmente alcanar seus objetivos: divulgar as pes-quisas sobre educao no formal e divulgao da cincia tornando-as acessveis para diferentes pblicos e promover o impacto dos resultados dessa produo na prtica edu-cativa de escolas e museus.

    Martha MarandinoDjana Contier

  • 8

  • 9

    I. Vamos visitar o museu? Organizando visitas a espaos culturais

  • 10

  • 11

    Uso de mapas conceituais na organizao de visitas escolares

    Maurcio de Mattos Salgado

    Contedos Mapas conceituais. Ensino e aprendizagem por meio de colees e objetos.

    Objetivos da proposta Reconhecer o potencial dos mapas conceituais como forma de organizar

    os conceitos apresentados e trabalhados em exposies. Aprender a construir mapas conceituais a partir de exposies.

    Importncia do temaA forma como so apresentados os contedos no ensino formal em unidades

    de ensino e captulos de livros, assim como sua constante sistematizao em re-sumos e exerccios, tem a finalidade de organizar os conceitos que so apresen-tados aos alunos. Por outro lado, os espaos de educao no formal apresentam os conhecimentos cientficos de modo diferenciado, no se pautando na mesma forma de sistematizao usada, por exemplo, em materiais didticos escolares. Nestes casos, so os objetos, o espao e o tempo de visita que determinam a for-ma de organizao dos contedos em uma exposio de museu. Como exemplo de objetos presentes em museus de cincias, temos os tanques de aqurios, os aparatos interativos, os recintos de zoolgicos e os objetos em vitrines, sendo que todos apresentam e trabalham conceitos cientficos. Permitir aos professores

    -

  • 12

    Sntese da pesquisa que originou o trabalho Exposies de museus de cincias so construdas a partir dos objetos e dos

    conceitos que se decide apresentar aos visitantes com a finalidade de ensino e aprendizagem. Desta forma, podemos encontrar em um museu de cincia rela-es de proximidades e distncias entre o conhecimento de referncia e o saber organizado para ser exposto (Marandino, 2001). A dissertao A Transposio Museogrfica da Biodiversidade no Aqurio de Ubatuba: estudo atravs de ma-pas conceituais (Salgado, 2011) estudou a relao entre o conhecimento aca-dmico e as transformaes que este sofre ao se tornar conhecimento exposto em aqurios. Um desafio para o estudo desta relao justamente a j citada diferena na organizao destes saberes, produzidos e encontrados em contex-tos diferentes. O uso de mapas conceituais para identificar os conceitos em cada um destes contextos se mostrou eficaz, no mbito da pesquisa supracitada, como uma forma de estabelecer e facilitar a percepo das relaes entre eles. O po-tencial dos mapas conceituais como forma de perceber os conceitos expostos e auxiliar a organizao de visitas com objetivos de aprendizagem especficos foi uma das concluses desta pesquisa.

    Breve apresentao dos mapas conceituais e sua produoO mapa conceitual uma ferramenta prpria para organizar e representar co-

    nhecimento (NOVAK e CAAS, 2008), que inclui conceitos e as relaes entre estes conceitos representadas por frases de ligao. No artigo de Novak e Caas (2008), estes definem conceitos como uma regularidade percebida em eventos e objetos ou nos registros de eventos e objetos, colocados sob um rtulo. Este rtulo pode ser uma ou mais palavras at mesmo incluindo smbolos para sua representao. As relaes entre os conceitos, formadas pelas frases de ligao, revelam proposies que so as unidades de sentido do mapa.

  • 13

    Elementos bsicos de um mapa conceitual (exemplificado na Fig. 1):Conceitos termos que possuem significado para o conhecimento que se de-

    seja mapear.

    Frases de ligao escritas nas linhas que conectam os conceitos. As frases de ligao devem conter um verbo e serem breves, mas sem perder preciso no registro.

    Pergunta focal a pergunta que respondida ou trabalhada pelo mapa. Auxi-lia na estruturao e na organizao do mapa. Deve-se evitar uma pergunta mui-to ampla, pois torna confuso direcionar o mapa para o que se deseja representar.

    Para maior aprofundamento sobre a elaborao de mapas conceituais, sugeri-mos a leitura de Novak e Caas (2008) e Moreira (2010).

    Proposta de AtividadeEsta sequncia didtica prope apresentar ao professor em formao uma fer-

    ramenta que ser til na organizao de suas visitas. Para tanto, a sequncia possui uma primeira atividade, para ensinar a construir mapas conceituais mais simples, seguida de uma atividade em um museu, para que se utilize a ferramen-ta em um contexto mais complexo.

    a) Atividade de apropriao da ferramenta de mapa conceitualSer determinada uma pergunta focal de um tema de domnio do grupo. Pode-

    mos ter, como exemplos: Como o aquecimento global afeta a vida do ser humano? Qual o papel da escola na sociedade? Qual a relao entre educao e conservao da natureza? (ver Fig. 1)

  • 14

    Sugere-se a elaborao de listas de conceitos relacionados pergunta esco-lhida. Desta lista, parte-se para a construo do mapa conceitual. Esta atividade merece tempo para que os alunos consigam sanar suas dificuldades e ganhar conforto na utilizao dos mapas conceituais.

    Figura 1: Mapa Conceitual discutindo a relao entre educao e meio ambiente.

    b) Mapeando o saber de uma exposioSer selecionada uma exposio que interesse ao grupo (museu de cincias,

    jardim zoolgico, museu do ndio...). Da escolha do museu, devemos elaborar qual o assunto da exposio que queremos mapear e deste assunto podemos montar a questo focal. Como exemplos, temos:

    Como o ndio apresentado para a sociedade? Como a biodiversidade colocada nesta exposio? Quais as relaes entre o ser humano e a natureza esto na exposio?

    Com a pergunta definida, os alunos j podem visitar a exposio (ou a parte da exposio) e elaborar uma descrio textual dos objetos e textos associados.

  • 15

    Esta descrio deve ser o mximo detalhada, para que dela se possam extrair conceitos e relaes.

    Uma tcnica utilizada para a produo do texto descritivo da exposio sua diviso em partes. Alm deste tipo de diviso, em exposies compostas por di-versos objetos, a produo de textos para cada objeto vai facilitar a obteno dos conceitos expostos e a consequente construo do mapa conceitual da exposio.

    Com o texto definido, deve-se, com a pergunta focal em mente, reler o texto e determinar conceitos e relaes presentes no texto que faam referncia per-gunta. Desta lista de conceitos e relaes, os alunos elaboram um mapa concei-tual que responder pergunta focal. Este mapa permitir uma viso de como um conceito apresentado, assim como os demais conceitos associados a ele, em uma exposio.

    Com este exerccio, obtido um mapa com os conceitos referentes questo focal analisada. No caso de visitas escolares a museus, estas tendem a possuir objetivos de aprendizagem especficos, com relaes diretas aos contedos e conceitos trabalhados em sala de aula. O mapa conceitual da exposio permite a visualizao, pelo professor, dos conceitos que esto presentes e que podero ser trabalhados durante a visita, assim como de conceitos referentes ao tema que no sejam presentes na exposio. Desta forma, as visitas escolares podem ser organizadas de modo a aproveitar o que as exposies apresentam sobre o tema estudado, assim como permitir ao professor focar, em sala de aula, eventuais conceitos menos presentes nas exposies.

  • 16

    Referncias MARANDINO, M. O conhecimento biolgico nos museus de cincias: anlise do

    processo de construo do discurso expositivo. 2001. Tese de Doutorado. Facul-dade de Educao da Universidade de So Paulo, So Paulo.

    MOREIRA, M. A. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. So Paulo: Centauro, 2010.

    NOVAK, J. D. & CAAS, A. J. The Theory Underlying Concept Maps and How to Construct and Use Them. IHMC, Florida, 2008. Disponvel em: http://cmap.ihmc.us/Publications/ResearchPapers/TheoryCmaps/TheoryUnderlyingConcept-Maps.htm. Acesso em: 13/02/15.

    SALGADO, M. M. A transposio museogrfica da biodiversidade no aqurio de Ubatuba: estudo atravs de mapas conceituais. 2011. Dissertao de Mestra-do. Institutos de Fsica, Qumica e Biologia da Universidade de So Paulo, So Paulo. Disponvel em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81133/tde-25072011-135504/ Acesso em: 14/02/2015.

  • 17

    Roteiro de visita em zoolgicos: de olho no objeto!Viviane Aparecida Rachid Garcia

    Contedos Ensino e aprendizagem por meio dos objetos. Mediao em zoolgicos. Divulgao cientfica, ensino de cincias e educao ambiental com enfo-

    que na conservao da biodiversidade.

    Objetivos da proposta Identificar o potencial educativo dos objetos biolgicos no processo de

    ensino aprendizagem de cincias e educao ambiental. Apresentar uma proposta de construo de roteiro de visita mediada ao

    zoolgico com o uso de objetos biolgicos preservados disponveis nestas insti-tuies.

    Implementar o roteiro de visita monitorada nas instituies zoolgicas e afins.

    Importncia do temaVamos visitar o zoo? Os zoolgicos so instituies muito procuradas em todo

    mundo. A cada ano, aproximadamente 20 milhes de pessoas visitam os zoos no pas (SZB, 2015). Diferentes razes levam o pblico a visit-los: contato direto com a natureza, pois a maioria dos zoos encontra-se em reas urbanas arboriza-das; os animais; as possibilidades de interaes sociais: troca de ideias, impres-ses e emoes; o lazer e a educao. Neste cenrio, uma visita ao zoo , por si s, uma exploso de experincias carregadas de sentidos e saberes.

    No entanto, como desfrutar dessa experincia, possibilitando oportunidades

  • 18

    de aprendizagem com ou sem mediadores da instituio? Como conquistar a ateno do pblico e tornar a visita ao zoo atraente, interativa e participativa?

    Pensando nessas questes que so recorrentes entre os educadores de zoos e professores e no potencial educativo dos objetos biolgicos preservados (cr-nios, patas, bicos, ovos, fezes, penas, chifres, etc.), apresentamos neste captulo sugestes para a realizao de visitas mediadas.

    Sntese da pesquisa que originou o trabalhoAs sugestes que aqui apresentamos foram pautadas na dissertao de mes-

    trado de Viviane Aparecida Rachid Garcia, defendida em 2006, na Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, intitulada O Processo de Aprendizagem no Zoo de Sorocaba: anlise da atividade educativa visita orientada a partir dos objetos biolgicos. A escolha da anlise de uma visita ocorreu por ser a ao mais realizada e procurada nestes espaos. J a incorporao dos objetos biol-gicos se deu por incrementar a experincia educativa e pela sua disponibilidade no acervo didtico dos zoos. No decorrer da pesquisa, analisamos os sujeitos envolvidos na visita (pblico, mediador) e as interaes discursivas geradas no decorrer da ao mediada pelos objetos. Observamos, por meio desta pesquisa, as negociaes de saberes que uma visita mediada, realizada a partir de objetos biolgicos, pode promover e as inmeras possibilidades de conversas de apren-dizagem de diferentes naturezas que ela pode gerar.

    Hooper-Greenhill (1994) baliza essas ideias, quando afirma que o processo de aprendizagem dos museus frequentemente focado no objeto, o qual pode oferecer estmulos, medida que estudado e manuseado. Segundo essa autora, o trabalho com os objetos, pautado em experincias concretas, pode estimular a curiosidade e a lembrana de determinado conhecimento, podendo ser realizado com diferentes faixas etrias. J Leinhardt e Crowley (2001) destacam algumas caractersticas dos objetos: resoluo e densidade de informao, j que os ob-

  • 19

    jetos reais mantm resoluo verdica e densidade de informao, na medida em que oferecem a oportunidade da apreciao ao vivo do conjunto de carac-tersticas especficas que os compem; escala: pois os objetos apresentam uma escala real, que, em alguns casos, constitui um dos elementos mais importantes do objeto; autenticidade, que aparece na interao entre objetos especficos li-gados a nossa histria e cultura, os quais possibilitam ao visitante compartilhar sensaes; e o valor, relacionado raridade do objeto.

    O pblico, ao desfrutar da experincia de aprendizagem com o objeto, por meio da manipulao ou da contemplao, requer o uso de seus sentidos (viso, audio, olfato e tato) para explor-lo de forma ordenada. possvel desencade-ar o processo de aprendizagem a partir de estmulos sensoriais reais, autnticos ou simulados, e seu efeito pode ser averiguado a partir da anlise das conver-sas geradas na interao entre pblico e objeto (TUNNICLIFFE, 1995). Com base nesses pressupostos, nossa pesquisa analisou conversas geradas a partir de uma visita orientada que usa objetos biolgicos na mediao com o pblico e seus resultados indicaram que o uso desses materiais configuram-se como eficientes estratgias no processo educativo desses locais.

    Proposta de AtividadeEsta atividade prope dois roteiros de visitas monitoradas em zoolgicos com

    o uso de objetos biolgicos preservados. A maioria dos zoos possui, no seu plan-tel, fauna nativa e extica e seus recintos podem estar distribudos de diferentes formas (por filogenia, habitat e/ou distribuio geogrfica). Assim, uma visita mediada pode apresentar diferentes roteiros e abordagens de discurso e, por isso, alguns pontos so determinantes na escolha do percurso e na definio do discurso de uma visita: o tempo de durao da visita (permanncia no zoo); a agenda do pblico: suas expectativas, interesses para visita (por exemplo: co-nhecer os animais maiores, os que possuem comportamento ativo e promovem

  • 20

    maior interao); a agenda do mediador da visita: objetivo(s) da visita, o rotei-ro e o discurso selecionado para ser trabalhado; a escolha das estratgias de ensino-aprendizagem (por exemplo: a mediao via objetos); a faixa etria: ade-quao do discurso e do roteiro para diferentes pblicos; a seleo do nmero de recintos a serem trabalhados: selecionar nmero pequeno de recintos a serem trabalhados com objetos biolgicos preservados, para no sobrecarregar o p-blico e permitir que seja possvel conhecer os demais animais do zoo.

    Para maior conforto do mediador, segurana dos objetos e interesse do pbli-co, sugere-se o uso de uma mochila que acondicione todos os objetos durante a visita. Esta mochila de curiosidades entra em cena em frente a cada recinto selecionado para o roteiro, onde o mediador faz uma parada estratgica e retira os objetos referente ao animal da exposio, promovendo diferentes interaes. Importante dizer que o sucesso de uma visita depende da mediao democrtica e participativa dos visitantes, que deve ser estimulada como forma de assegurar a expresso dos diferentes saberes dos sujeitos envolvidos na ao e garantir as diversas oportunidades de aprendizagem que surgem no decorrer da atividade com uso dos objetos.

    Roteiro 1: Conservao da Biodiversidade x Consumo Realizao de visita monitorada com a utilizao de objetos biolgicos e de con-

    sumo dirio (por exemplo: crnio de tamandu e pilha; ona parda e sacola plstica; bico de tucano e palmito-juara, etc.) com a finalidade de estabelecer relaes entre o animal da exposio e as aes de consumo do dia a dia que degradam o ambiente e comprometem a sua conservao. Neste caso, o monitor poder, a partir do con-junto dos objetos, promover o dilogo e a reflexo sobre aspectos de conservao. No exemplo dado, o consumo ilegal de palmito-juara compromete o tucano e ou-tras aves que se alimentam do fruto desta palmeira e contribuem na sua disperso.

  • 21

    Roteiro 2: Conservao do CerradoRealizao de visita monitorada com objetos biolgicos preservados de esp-

    cies de um bioma, como, por exemplo, o Cerrado (bico de tucano e crnio de ona, ovos e patas de ema e muda da pele de cascavel). O monitor poder apre-sentar as curiosidades sobre as espcies, suas adaptaes para vida nesse bioma e as principais causas que comprometem a sua conservao, como a destruio das florestas, a perda de habitat das onas, levando morte devido a invaso de reas (pastos, produo agrcolas, entre outros temas).

    DicasDe olho no objeto! O setor educativo dos zoos, na sua maioria, possui objetos

    biolgicos preservados como parte de seu acervo didtico. A existncia deste acervo nestes espaos nos revela o reconhecimento e a importncia do manuseio e do contato com os animais e suas partes, ainda que taxidermizados, fixados ou na forma de esqueletos, para a sensibilizao e a compreenso dos diferentes saberes trabalhados com o pblico.

    Seguem algumas dicas para seleo dos objetos biolgicos a serem trabalha-dos durante uma visita mediada:

    Verificar no zoo da sua cidade o acervo de peas disponveis e a dinmica de emprstimo para uso interno dos objetos na prpria instituio.

    Escolher os objetos biolgicos correspondentes ao animal do recinto que foi selecionado para compor o roteiro e que oferea elementos que possibilitem trabalhar o discurso proposto e, consequentemente, promover diferentes con-versas de aprendizagem.

    Selecionar os objetos que agucem a curiosidade do pblico e criem atmos-fera de investigao, visando a formulao de hipteses e o estabelecimento de relaes e comparaes do objeto biolgico preservado com o animal vivo expos-to e consigo mesmo.

  • 22

    Verificar se os objetos selecionados podem ser manuseados sem nenhuma restrio, devido a sua fragilidade, raridade ou componente qumico utilizado na sua preparao.

    Definir a forma de acondicionamento desses objetos durante a realizao da visita.

    Verificar se objetos selecionados esto disponveis para uso em duplicata, pois o ideal, para a boa mediao com manuseio de objetos biolgicos, , no m-ximo, 20 visitantes por turma, como forma de garantir as interaes (sujeitos x objetos e/ou sujeitos x sujeitos).

    RefernciasGARCIA, V. A. R. e MARANDINO. M. Levantamento preliminar dos programas

    de educao dos zoolgicos brasileiros que utilizam material biolgico em suas atividades. In: II ENCONTRO REGIONAL DO ENSINO DE BIOLOGIA, 2003, Rio de Janeiro. Anais Rio de Janeiro: UFF, 2003. p. 159-162.

    HOOPER-GREENHILL, E. Education, communication and interpretation: to-wards a critical pedagogy in museums. In: HOOPER-GREENHILL, E. The educa-tional role of the museum. London: Routledge, 1994. p. 3-25.

    LEINHARDT, G. e CROWLEY, K. Objects of learning, objects of talk: changing minds in museums. University of Pittsburg, 2001. Disponvel em: www.museum-learning.com/leinhardtcrowley. pdf. Acesso em 26 /05/03.

    SOCIEDADE DE ZOOLGICOS E AQURIOS DO BRASIL (SZB). 2015. Disponvel em: http://www.szb.org.br/ Acesso em: Janeiro, 2015.

    TUNNICLIFFE, S. D. Live Animals as Exhibits. Journal of the International Asso-ciation of Zoo Educators, 12 IZE Congress. Los Angeles. p: 34-40, 1995.

  • 23

    Planejando uma atividade no museu: a formao de professores para a visita escolar a exposies de cincias

    Adriana Pugliese, Luciana Conrado Martins e Marcia Fernandes Loureno

    Contedos Situaes de ensino-aprendizagem a partir de objetos e exposies muse-

    ais. Estratgias metodolgicas envolvendo a relao museu-escola. Planejamento de atividades de ensino envolvendo instituies de diferen-

    tes naturezas educacionais.

    Objetivos da proposta Promover a reflexo acerca das escolhas dos professores ao planejarem

    uma visita ao museu. Incentivar os professores a realizar uma leitura orientada da exposio ou

    de parte dela. Ensaiar uma breve pesquisa de pblico sobre os hbitos culturais de visi-

    tas a museus pelos alunos e suas famlias.

    Importncia do temaPartindo da premissa de que a prtica pedaggica e a formao docente se es-

    tabelecem em diferentes espaos educativos, propomos uma atividade formativa para futuros professores, com foco no espao dos museus de cincias biolgicas. O objetivo da atividade est voltado para a promoo de uma reflexo acerca das escolhas dos docentes na preparao da visita de seus alunos. Essa reflexo

  • 24

    ser promovida a partir da proposio de uma leitura orientada da exposio e de seus objetos. Entendemos que essa leitura do objeto no contexto expositivo tenha o potencial de provocar discusses e reflexes sobre o planejamento do trabalho docente, tais como: escolha do enfoque, dos contedos e das estratgias metodolgicas a serem explorados em sala de aula; seleo cuidadosa dos mate-riais de apoio pedaggico visita escolar; e potencializao do uso dos recursos pedaggicos dos museus no contexto escolar.

    Sntese da pesquisa que originou o trabalhoAs ideias contidas nessa proposta se originaram de alguns trabalhos produzi-

    dos pelo GEENF e da experincia das autoras no tema da relao entre museu e escola. Segundo Martins (2006), o planejamento e a expectativa de uma visita ao museu podem ser bastante diferentes conforme o contexto escolar e os objetivos dos envolvidos. Entende-se que, dentre os vrios papis atribudos s escolas, no se pode exigir que esta instituio sozinha d conta das inmeras deman-das da sociedade. Para Gouva e Leal (2003), as escolas no tm condies de proporcionar sociedade todas as informaes cientficas necessrias com-preenso das constantes transformaes contemporneas; as autoras indicam os centros e museus de cincias como fontes importantes de aprendizagem no formal de temas cientficos. Essas autoras relatam que a produo e a difuso de conhecimentos cientficos devem se ancorar em relaes interinstitucionais (es-cola, museu, universidade), as quais possibilitem a alfabetizao cientfica1 (AC) e tecnolgica mais consistente e condizente com as demandas atuais.

    Para Cazelli e Franco (2001), o fortalecimento da relao museu-escola favo-

    da natureza da cincia e dos fatores ticos e polticos que circundam sua prtica e o entendimento das relaes existentes entre cincia, tecnologia, sociedade e meio ambiente.

  • 25

    rece a ampliao e o aperfeioamento do alfabetismo cientfico, o qual no se limita apenas ao perodo de formao escolar. Os autores ainda trazem para essa discusso que os museus de cincia tm triplo desafio: funcionar como institui-es de educao no formal, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida; funcionar como instncia de sensibilizao para os temas cientfi-cos; e contribuir para o desenvolvimento profissional de professores, pois esses, mais do que todos, no podem prescindir de educao continuada em cincias.

    Somente a partir do estreitamento nas relaes entre a escola, o museu e a universidade parece ser possvel a utilizao do museu como espao propcio ao incremento da alfabetizao cientfica. Para isso, importante que os cursos de formao inicial de professores contemplem esses espaos em suas prticas pedaggicas, expandindo, assim, a discusso do ensino de cincias no contexto da AC para diferentes espaos educativos. Alguns autores tm apontado a ques-to da escassez do tema da educao no formal nos currculos de formao de professores de diferentes reas do conhecimento (QUEIROZ; GOUVA; FRANCO, 2003). Segundo Marandino (2003), a proposta de incorporar contedos relacio-nados aos espaos no formais de educao na formao inicial do professor tem por finalidade ampliar os espectros de atuao competente do profissional de educao em cincias. A autora defende que a parceria entre os sistemas formal e no formal de educao deve ser colocada na perspectiva de fortalecimento dessas duas instncias, e nunca em termos de substituio ou de desvalorizao, contribuindo, desse modo, para a melhoria da formao de profissionais da edu-cao que atuam nesses campos.

    Levando-se em considerao essas premissas, espera-se, com essa proposta de atividade, que os professores em formao estabeleam estratgias pedaggi-cas adequadas aos seus contextos escolares, potencializando o uso educacional e cultural dos museus e de seus acervos, tendo como fim o incremento da alfabeti-zao cientfica de seus alunos.

  • 26

    PropostaA proposta de atividade aqui sugerida enquadra-se no cenrio da formao

    inicial de professores de cincias e biologia, durante os cursos de licenciatura. O objetivo que, durante sua formao inicial, o futuro professor comece a usar o museu de cincias como um espao de visita e aprendizagem para seus alunos. A atividade est centrada nas possibilidades de leitura do objeto museal e/ou do contexto expositivo e segue as seguintes etapas:

    1. Preparao Pesquisa sobre os hbitos culturais dos visitantes: o aluno da licenciatura, antes

    de iniciar a atividade em sala de aula (com os alunos da escola onde realiza seu estgio), deve fazer uma breve pesquisa de pblico sobre os hbitos culturais de visita a museus dos alunos e de suas famlias. Os dados dessa pesquisa jus-tificam e embasam a atividade em sala de aula, ajudando no planejamento e na escolha dos temas. Acreditamos que diferentes percepes podem surgir, j que a apropriao da cultura de visitas a museus acontece de maneiras distintas no contexto familiar de cada aluno. A seguir, algumas sugestes de perguntas que podem ser realizadas nesse momento:

    Onde voc costuma ir aos finais de semana? O que voc costuma fazer com sua famlia para se divertir? Voc j foi a algum museu? Quais? Voc conhece algum museu que fale sobre cincias? O que so museus para voc? Para que voc acha que existem essas instituies? O que voc gostaria de ver em um museu?

  • 27

    O resultado da pesquisa fornecer um cenrio inicial sobre as tipologias dos museus conhecidos e/ou frequentados pelos alunos. O licenciando deve ento refletir sobre quais caractersticas educacionais e motivacionais o museu deve apresentar e qual tipo de museu mais se aproxima do perfil do aluno para, assim, fazer sua escolha.

    Visita prvia do licenciando ao museu e escolha do cenrio/objeto analisado: importante que o professor em formao visite o museu escolhido antes de levar os alunos. Sugerimos que o licenciando aproveite a oportunidade para conversar com o educador do museu ou o profissional do setor educativo (ou funcionrio compatvel, caso o museu escolhido no tenha um setor educativo) e tomar ci-ncia de propostas oferecidas pelo museu. Ele tambm deve aproveitar para se inteirar dos aspectos prticos da visita, como horrio de funcionamento, neces-sidade de agendamento prvio, comodidades existentes no local (estacionamen-to, banheiros, lanchonete/rea para lanches) etc.

    Com intuito de aproximar o licenciando das possibilidades pedaggicas do museu, sugerimos que ele escolha um objeto/cenrio/assunto da exposio para realizar uma leitura. Essa leitura realizada a partir de um roteiro que leva em considerao os diferentes elementos da exposio (objeto, cenografia, textos, imagens etc.) e como eles esto relacionados entre si. Aps essa leitura, o licen-ciando deve propor uma narrativa reflexiva sobre o contexto em que o objeto se encontra na exposio. Os objetos so apresentados isoladamente (objeto expos-to isoladamente) ou eles aparecem em um cenrio (objetos biolgicos arranja-dos em um cenrio que busca representar o ambiente natural de um ser vivo)? Existem textos explicativos sobre esses objetos? Como a linguagem desses tex-tos (mais cientfica ou mais dialogada)? Qual o impacto que essas diferenas podem ter no aproveitamento pedaggico da visita pelos alunos?

  • 28

    Alm dessas questes, apresentamos, a seguir, um roteiro de observao para auxiliar o licenciando nessa tarefa:

    Observe o ttulo e sua relao com o restante da exposio. A exposio dividida em mdulos e/ou partes ou tem uma narrativa con-

    tnua? Quais tipos de objetos esto expostos? So objetos biolgicos (animais e

    plantas taxidermizados)? So objetos construdos (aparatos interativos)? Os objetos expostos tm relao com os textos apresentados? Quais as temticas apresentadas pela exposio? Existem cenrios na exposio? Como eles retratam a temtica proposta

    pela exposio?

    2. DesenvolvimentoA construo da narrativa pelos alunos: a partir da narrativa elaborada pelo

    licenciando, os alunos devem ser incitados a escrever sua prpria narrativa sobre o objeto biolgico no museu. Para isso, o licenciando deve escolher um tema ou objeto que ser visto durante a visita ao museu. A partir desse tema, os alunos devem ser incentivados a construir sua narrativa, imaginando como esse tema/objeto ser apresentado na exposio. O objetivo um exerccio de criatividade e sensibilizao para a visita.

    A narrativa dos alunos no precisa se ater ao texto dissertativo, podendo ex-plorar outras linguagens, como poesia, desenho, msica, dramatizao etc.

    Visita dos alunos ao museu escolhido: durante a visita, os alunos devem ser in-centivados a coletar dados/observar sobre como o tema/objeto trabalhado em sala de aula est exposto. importante, entretanto, que esse foco no se sobre-ponha fruio da visita e da exposio como um todo. Recomendamos evitar o uso de pranchetas e cadernos de anotao, durante a visita, e que os alunos sejam

  • 29

    incentivados a contemplar e perceber as caractersticas dos objetos expostos.3. FinalizaoAtividade de finalizao em sala de aula: na volta sala de aula, os estudantes

    devem ser incentivados a comparar o que foi visto na exposio com o que ha-viam escrito/produzido sobre o assunto. A ideia adensar os contedos da nar-rativa a partir da visita ao museu. Se for o caso, sugere-se ainda que as reflexes feitas sejam expostas para os demais alunos da escola e a comunidade escolar, a fim de envolver os familiares dos alunos que visitaram o museu.

    RefernciasCAZELLI, S.; FRANCO, C. Alfabetismo cientfico: novos desafios no contexto da

    globalizao. Revista Ensaio: Pesquisa em Educao em Cincias, v. 3, n. 2, p.145-159, 2001.

    GOUVA, G.; LEAL, M. C. Alfabetizao cientfica e tecnolgica e os museus de cincia. In: GOUVA, G.; MARANDINO, M.; LEAL, M. C. Educao e Museu: a cons-truo social do carter educativo dos museus de cincia. Rio de Janeiro: Access, 2003, cap. 4, 221-236.

    MARANDINO, M. A formao inicial de professores e os museus de Cincias. In: SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Formao docente em Cincias: memrias e prticas. Niteri: EdUFF, 2003, p. 59-76.

    MARTINS, L. C. A relao museu/escola: teoria e prtica educacionais nas visi-tas escolares ao Museu de Zoologia da USP. 2006. 245f. Dissertao de Mestrado. Faculdade de Educao, Universidade de So Paulo, So Paulo.

  • 30

    QUEIROZ, G.; GOUVA, G.; FRANCO, C. Formao de professores e museu de cincia. In: GOUVA, G.; MARANDINO, M.; LEAL, M .C. Educao e Museu: a cons-truo social do carter educativo dos museus de cincia. Rio de Janeiro: Access, 2003. cap. 3, p. 207-220.

    Sasseron, L. Alfabetizao cientfica no ensino fundamental : estrutura e indi-cadores desse processo em sala de aula. Tese de Doutorado. Universidade de So Paulo, 2008.

  • 31

    Bons roteiros para timas visitas aos museus de cincias: orientaes didticas

    Natlia F. Campos e Eliane Mingues

    Contedos Produo de roteiros didticos de visita a museus de cincias. Alfabetizao cientfica. Aprendizagem colaborativa.

    Objetivos da proposta Oferecer orientaes para que professores e educadores possam produzir

    roteiros de visita a museus de cincias. Propor roteiros que valorizem a construo de conhecimento de forma

    colaborativa pelos estudantes e contribuam para sua alfabetizao cientfica. Fomentar o papel das visitas como ferramenta para a aproximao dos

    estudantes cultura cientfica.

    Importncia do temaOs museus de cincias, como espaos de socializao do conhecimento e da

    cultura, ganham relevncia na educao cientfica dos cidados, atuando como parceiros das escolas no desafio de construir espaos de informao e formao de cidados que consigam aprender, se apropriar, refletir, questionar e usar o co-nhecimento cientfico produzido pela sociedade. Nesse cenrio, a construo de estratgias educacionais que promovam a alfabetizao cientfica fundamen-tal mas tambm desafiadora. Produzir roteiros de visita uma das estratgias que possibilita aproximar as expectativas e os objetivos educacionais da escola

  • 32

    s especificidades dos museus e aproveitar melhor a visita para promover nos estudantes o interesse pela cincia e a ampliao de seus conhecimentos.

    Indicadores de como as pessoas aprendem nos museus (CAMPOS, 2013) e de elementos promotores da alfabetizao cientfica (MINGUES, 2014) podem con-tribuir na construo de roteiros que tornem o momento da visita ainda mais potente para a aproximao dos estudantes cultura cientfica, valorizando esse momento singular de interao com o patrimnio natural e cultural.

    Sntese das pesquisas que originaram o trabalhoQuando registramos as conversas dos visitantes nos museus, notamos que elas

    so primordialmente voltadas aos objetos, indicando o potencial natural desses em atrair a ateno e promover conversas. Esse aspecto foi evidenciado na pes-quisa de Natlia Campos (CAMPOS, 2013), ao estudar a percepo e a aprendiza-gem no museu a partir de conversas de visitantes. Os visitantes desenvolvem as conversas de forma colaborativa (MERCER, 2000), acrescentando informaes s falas uns dos outros, nomeando e descrevendo os objetos e construindo com-preenses compartilhadas. No entanto, essa colaborao se d, de forma geral, de maneira superficial e acrtica, sendo raras as conversas em que o conhecimen-to construdo a partir de questionamentos, explicaes ou argumentao de pontos divergentes (CAMPOS, 2013; DEWITT e HOHENSTEIN, 2010). Isso indica a necessidade de estratgias que possibilitem a expresso das representaes e pontos de vistas dos estudantes no dilogo e que estimulem o questionamen-to mtuo, assim como a produo de explicaes e justificativas de suas ideias e posies. Somam-se a isso outros elementos de aprendizagem, em museus destacados na literatura, a serem considerados na elaborao de estratgias de aprendizagem, tais como: a motivao e a expectativa do visitante; seus conheci-mentos prvios; a possibilidade de controle e escolha de acordo com os prprios interesses, assim como as trocas e as interaes entre membros de um grupo.

  • 33

    Paralelamente, as discusses a respeito da alfabetizao cientfica nos forne-cem elementos de reflexo sobre a importncia da visita na aproximao do ci-dado com o conhecimento cientfico. Alfabetizao cientfica entendida aqui como um conjunto de conhecimentos que pressupe o ensino de cincias preo-cupado com a formao cidad para ao e atuao em sociedade e foi foco da pesquisa de Eliane Mingues (MINGUES, 2014), ao analisar uma ao educativa de um museu realizada fora de seus muros, nas areias das praias. Para esta an-lise, a autora elencou quatro dimenses da alfabetizao cientfica, com base no trabalho de Cerati (2014), usadas para estudar a ao educativa. As dimenses foram usadas para a produo dos roteiros que sero propostos na atividade deste captulo. So elas:

    1 - Dimenso Cientfica: relacionada aprendizagem de contedos sobre a natureza da cincia, mas tambm de conceitos, procedimentos, fenmenos e ideias cientficas.

    2 - Dimenso Interface entre Cincia, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTS&A): relacionada ao conhecimento das inter-relaes existentes entre cin-cia, tecnologia, sociedade e meio ambiente.

    3 - Dimenso Institucional: relacionada ao reconhecimento do papel das ins-tituies na produo e divulgao do conhecimento cientfico.

    4 - Dimenso Afetiva: relacionada ao envolvimento, motivao, ao apreo, s emoes e sentimentos e aos valores atribudos experincia da visita, que surgem na relao entre o pblico e os elementos presentes.

    PropostaA atividade proposta busca orientar o professor na produo de roteiros para

    visitar exposies de museus de cincias, na perspectiva da aprendizagem cola-borativa e da alfabetizao cientfica. O roteiro de visita precisa considerar, na sua elaborao, todo o planejamento didtico que envolve a visita, o que inclui

  • 34

    momentos anteriores e posteriores mesma. Antes de iniciar a elaborao do roteiro, necessrio que o educador tenha

    claro os objetivos de aprendizagem a serem alcanados. Nesse sentido, refletir sobre como contemplar as quatro dimenses da alfabetizao cientfica pode ser de grande valia. Propomos algumas questes para auxiliar: como promover o in-teresse e a valorizao do conhecimento? Como explorar a relao da instituio visitada com o conhecimento? Quais objetos ou fenmenos so imprescindveis para a observao e a interao e como estabelecer as relaes com os conceitos cientficos abordados? Quais tipos de relaes entre cincia, tecnologia, socieda-de e meio ambiente podem ser construdos?

    Alm disso, interessante pensar nas habilidades de observao e comuni-cao que sero estimuladas em uma visita. Assim, conhecer e se apropriar do potencial educativo do espao a ser visitado fundamental.

    Consideramos, deste modo, que um bom roteiro de visita deve contemplar as seguintes caractersticas:

    1. Atividades que privilegiem a observao e a interao com os objetos. Possibilidades: (a) descrever os objetos e os fenmenos observados; (b) encon-trar caractersticas observveis relacionadas a determinado conceito ou que sirvam de evidncia de uma dada afirmao, justificando; (c) tentar justificar porque determinados objetos encontram-se no mesmo espao, desvendando um conceito que serviu como base de organizao da exposio; (d) comparar ob-jetos/fenmenos da exposio (semelhanas e diferenas); (e) explorar as dife-rentes modalidades sensoriais: tocar, ouvir, testar, observar, experimentar, expe-rimentar de outro ngulo ou outra forma; imaginar como seria se....

    2. Atividades que valorizem a interao social e a troca de informaes. Tais como: (a) promover momentos de socializao em pequenos grupos; (b) or-ganizar os alunos para que realizem a visita em duplas ou trios, com tarefas dife-rente a serem compartilhadas; (c) propor que os visitantes em duplas procurem

  • 35

    evidncias ou objetos relacionados a diferentes conceitos e justifiquem para o colega as relaes estabelecidas; (d) propor que o visitante, aps ouvir o colega, deve se posicionar em relao concordncia ou discordncia, argumentando e solicitando esclarecimentos sempre que necessrio.

    3. Momentos de contemplao livre e de maior ludicidade. Como: (a) obser-var livremente, por tempo determinado; (b) escolher o que mais chama a aten-o para observar/interagir; (c) fazer perguntas livremente e anotar aspectos interessantes da vivncia com os objetos/fenmenos da exposio.

    Ao planejar as atividades considerando os elementos citados, o professor tam-bm deve:

    1. Considerar a variao no nvel de liberdade de escolha dos visitantes (au-tonomia): usar questes fechadas e abertas, com uma nica resposta correta ou mais de uma diferente de explorar diferentes formatos de resposta verbal es-crito, verbal oral, no verbal e isso deve ser avaliado pelo professor em funo de seus objetivos e concepo de aprendizagem.

    2. Acessar diferentes habilidades cognitivas, ajustando nvel de dificuldade. Exemplos: observar, nomear, descrever, relacionar a conceitos, comparar, levan-tar hipteses, encontrar evidncias, explicar, argumentar.

    3. Estabelecer conexes com atividades posteriores visita, explicitando, des-se modo, a importncia de determinados registros ao longo da visita sem, con-tudo, deixar que estes registros acabem por ser excessivos e atrapalhem o mo-mento nico da visita, referente ao contato com o objeto e as conversas geradas a partir da.

    Alguns cuidados devem ser tomados no planejamento de roteiros que consi-deram esses aspectos. Deve-se, assim: estimular, nos estudantes, a observao autntica e a formulao de suas prprias perguntas; evitar direcionar demais a visita, para que o visitante no perca a perspectiva mais ampla da exposio; no sobrecarregar os estudantes com roteiros densos; equilibrar a quantidade

  • 36

    de atividades, para que o visitante realmente vivencie a exposio e no apenas cumpra as tarefas.

    Acreditamos que essas orientaes possam contribuir na construo de rotei-ros instigantes e que propiciem um momento de visita agradvel e potente, para que os estudantes se aproximem, valorizem e compreendam ainda mais a cincia e a tecnologia, ao mesmo tempo que entendam suas possibilidades e seus limites para atuao na sociedade.

    RefernciasCAMPOS, N. F. Percepo e aprendizagem no Museu de Zoologia: uma anlise

    das conversas dos visitantes. 2013. Dissertao de Mestrado. Interunidades em Ensino de Cincias da Universidade de So Paulo. rea de concentrao: Biolo-gia. Universidade de So Paulo, So Paulo.

    CERATI, T. M. Educao em jardins botnicos na perspectiva da alfabetizao cientfica: anlise de uma exposio e pblico. 2014. Tese de Doutorado. Facul-dade de Educao da Universidade de So Paulo, So Paulo.

    DEWITT, J.; HOHENSTEIN, J. Supporting student learning: a comparison of stu-dent discussion in museums and classrooms. Visitor Studies, vol.13, n. 1, p. 41-66, 2010.

    MERCER, N. Words & minds. London: Routledge, 2000.

    MINGUES, E. O Museu vai praia: anlise de uma ao educativa luz da Alfa-betizao Cientfica. 2014. Dissertao de Mestrado. rea de Concentrao: Ensi-no de Cincias e Matemtica. Faculdade de Educao. Universidade de So Paulo, So Paulo.

  • 37

    Identificando o potencial de objetos expositivos para aes educativas em museus de cincias

    Juliana Bueno, Adriano Dias de Oliveira, Fernanda Luise Kistler Vidal

    Contedos Biodiversidade Ecologia

    Objetivo da proposta Identificar contedos biolgicos em objetos/aparatos1 expositivos. Planejar aes educativas para visita a museus.

    Importncia do temaDiversos trabalhos tm evidenciado a importncia do papel educativo dos mu-

    seus de cincias, o que impe, por vezes, um desafio aos professores: qual recor-te fazer ao planejar uma visita a um museu de cincias? Como realizar a visita? Qual(is) objeto(s) escolher? Qual(is) atividade(s) propor?

    Para preparar a visita com os alunos e planejar atividades antes, durante e depois da mesma, imprescindvel conhecer a exposio, sua organizao e as atividades ofe-recidas pelo museu, alm de compreender as especificidades da escola e do museu, bem como as relaes entre estas instituies. Nesse as-pecto, a ao de expor vai alm de um simples ato de tornar pblico os objetos (MARANDINO et al., 2003), no se limi-tando apenas a mostr-los, mas ofere-cendo um olhar com contedos e tcnicas especfi-cas. Assim, essa proposta foi

    e textos, alm de interfaces interativas. Chamamos o conjunto dessas unidades de aparato expositivo (exhibit, no ingls). A proposta aqui apresentada vlida tanto para objetos (unidades) como para aparatos expositi-vos, por isso ambos os termos esto presentes ao longo do texto.

  • 38

    construda com o objetivo de auxiliar o professor a identificar e compreender um aparato/objeto expositivo e suas possibilidades relacionadas aos contedos cientficos, por meio de uma teoria didtica que oferece ferramentas para a ela-borao de uma ao educativa.

    Sntese da pesquisa que originou o trabalho Durante o processo de criao de uma exposio, pensa-se e discute-se sobre

    como os objetos, as imagens e os textos devem estar organizados em um deter-

    2 . Esta expresso uma apropriao, para os museus, da Teoria da Transposio Didtica (TTD) criada pelo matemtico Yves Chevallard, em 1985, cuja ideia central entender

    sistema didtico3 (BOSCH e GASCON, 2006). Com o desenvolvimento e o amadu-recimento das pesquisas realizadas com essa teoria, Chevallard passa a entender que o conhecimento desenvolvido, transformado e ensinado no pode ser isolado de sua dimenso prtica, assim como qualquer atividade humana, e reestrutura a TTD em uma outra teoria: a Teoria Antropolgica do Didtico - ATD4 (CHE-VALLARD, 2005). O objeto de estudo passa a ser a didtica do conhecimento e a unidade bsica de anlise a praxeologia. A Praxeologia divide-se em dois compo-nentes: a prxis, parte prtica da atividade, compreendendo a tarefa (ao huma-na) e a tcnica (o como realizar a tarefa); o logos, parte racional, a explicao

    exposio (ACHIAM, 2013).

    mais ver: CHEVALLARD, Y. La transposicin didctica: del saber sbio al saber enseado. Buenos Aires, Aique Grupo Editor S.A., 1991.

  • 39

    da ao, compreendendo a tecnologia (conjunto racional de noes e argumentos -

    Essa teoria foi usada na pesquisa de mestrado de Adriano D. Oliveira e vem tambm sendo utilizada nos trabalhos de mestrado de Juliana Bueno, e nos dou-torados do prprio Adriano D. Oliveira e da Fernanda L. K. Vidal, todos autores

    e caracterizao da(s) praxeologia(s) em Museus de Cincias. Assim, a proposta -

    vestigaes citadas, como estruturar uma ao educativa em uma exposio de

    por base os dados obtidos na anlise do diorama Floresta Amaznica, presente na exposio Pesquisa em Zoologia: a diversidade sob o olhar do zologo, do Museu de Zoologia da USP (2002-2011).

    PropostaA proposta aqui apresentada dividida em trs etapas e tem a finalidade de

    auxi-liar o professor a explorar os contedos conceituais apresentados por meio de objetos em uma exposio. Trata-se de uma ferramenta metodolgica que o professor deve uti-lizar em uma visita prvia ao museu, buscando identificar os conceitos que ele poder abordar antes, durante e depois da visita com seus alu-nos.

    1. Escolha do museu e do objeto/aparato: nesta etapa o professor deve re-alizar a escolha do museu e exposio que ir levar seus alunos. Para isso, de-ve-se considerar se os temas e os objetos presentes abordam os conceitos de interesse. No exemplo que iremos apresentar, o foco ensinar o conceito de

  • 40

    Figura a: Aparato Expositivo: Diorama Floresta Amaznica dividido em trs quadrantes; 1 painel com texto e imagem ao lado ; 2 vitrines com objetos e um esquema com os elementos do diorama na bancada de madeira.

    Figura b: Detalhe do quadrante 3: esquilos taxidermizados. (Fotos: Adriano D. Oliveira)

  • 41

    biodiversidade, contemplado pelo diorama5 Floresta Amaznica (Figura 1).2. Anlise do objeto expositivo selecionado: o professor dever realizar uma

    observao atenta e uma descrio detalhada do objeto escolhido para estudo. Para isso, sugerimos as seguintes aes:

    a) Observar e descrever: para observar e descrever o objeto importante esta-belecer critrios. Sugerimos, por exemplo, dividir em partes realizando a leitura de forma padronizada. No caso do diorama, dividimos o cenrio em quadrantes e a descrio foi realizada a partir da indicao de todos os elementos em cena, comeando de cima para baixo do cenrio, em seguida, do fundo para frente e, finalmente, da esquerda para a direita.

    Essa descrio deve ser acompanhada de registro de imagem em foto ou vdeo. Essas sugestes tambm podem servir de inspirao para o professor planejar que tipo de ori-entao ir oferecer aos alunos para que observem atentamente o objeto escolhido.

    Como exemplo descrevemos o quadrante 3 do diorama da Floresta Amaznica, eviden-ciando seus elementos.

    Descrio do Quadrante 3: Plano posterior superior: dois troncos sem a copa, que descem at o solo e deles saem cips que se emaranham. Plano anterior: tron-cos de rvores cortadas cobertos de trepadeiras e bromlia com flor vermelha. Ao lado dela: sauim (Calliithix chrysolena) segurando fruta alaranjada; abaixo: outro sauim (Saguinus fusicollis), mais abaixo: macaco-de-cheiro (Saimiri boliviensis) segurando um alimento marrom. Prximo ao solo: dois esquilos (Sciurus spadi-ceus) sobre troncos cortados, um deles segurando fruta amarelada. Solo: coberto por vegetao arbustiva de 20 a 30 cm de altura, com elevaes, representando rochas ou razes expostas de plantas, com musgo em algumas regies.

    aprender nos museus, para contextualizar os organismos, o ambiente e facilitar a compreenso da informao por parte do pblico (VAN PRAET, 1989 apud MARANDINO; OLIVEIRA; MORTENSEN, 2009).

  • 42

    A descrio do diorama tem a finalidade de revelar algumas das ideias e dos conceitos expressos no cenrio e em cada elemento que o compe (texto, ima-gens de apoio, diorama), sendo fundamental para a identificao da praxeologia do objeto exposto, e ser-vindo de base para o prximo passo.

    b) Identificar a praxeologia: a identificao das tarefas, das tcnicas e da teoria presentes no objeto/aparato expositivo inicia com a leitura reflexiva da descrio realizada. Na construo da praxeologia, identificar a tarefa significa determinar a ao que se pretende realizar em relao ao objeto/aparato e, compreende uma atividade humana como, por exemplo, a ao de informar e representar diferentes extratos de vegetao que existem na Floresta Amaznica. Identifi-car a tcnica significa estabelecer o como realizar a tarefa, ou seja, escolher uma ferramenta para se realizar a tarefa. Ento, para a tarefa identificada acima, podemos relacionar a tcnica: Ilustrar por meio de imagem (foto) e expor, por meio de modelos, uma vegetao rasteira, arbustiva e arbrea. Identificar a te-oria refere-se ao estabelecer o conjunto de conhecimentos intencionados para aquele objeto/aparato expositivo.

    A seguir, apresentamos o exemplo de um quadro praxeolgico com a teoria identificada no diorama Floresta Amaznica e as respectivas tcnicas e tarefas observadas no quadrante 3. Teoria A diversidade de espcies e de ecossistemas da regio

    neotropical.

    Tarefas Tcnicas Representar o herbivorismo Ilustrar, por meio de desenho (legenda), e expor, por

    meio de taxidermia, esquilos e macaco de cheiro segu-rando frutas (diorama).

    Informar e representar o habitat dos animais da Floresta Amaz-nica

    Ilustrar, por meio de desenho (legenda), e expor, por meio de taxidermia, esquilos apoiados sobre troncos (diorama).

  • 43

    Representar o hbito de alguns vegetais da Floresta Amaznica uma samambaia e uma orqudea sobre tronco de rvo-

    res (diorama).Informar e representar dife-rentes extratos de vegetao da Floresta Amaznica

    Ilustrar, por meio de imagem (painel), e expor, usando modelos de vegetao rasteira, arbustiva e arbrea (diorama).

    Informar e representar a diver-sidade de sauims

    Ilustrar, por meio de desenho (legenda), e expor exem-plares taxidermizados de diferentes espcies de sauims (diorama).

    Informar e representar a diver-sidade de esquilos da mesma espcie

    Ilustrar, por meio de desenho (legenda), e expor exem-

    de esquilos (diorama).

    Informar e representar um ma-caco de cheiro

    Ilustrar, por meio de desenho (legenda), e expor exem-plar taxidermizado (diorama).

    No exemplo dado, o objetivo da prtica educativa a compreenso do conceito de bio-diversidade, ou seja, reconhecer a diversidade e as especificidades dos seres vivos de uma determinada regio.

    As tarefas, tcnicas e a teoria identificadas corroboram, portanto, na consta-tao acima, visto que so compostas por aes humanas que envolvem, essen-cialmente, as habilida-des de reconhecer e comparar diferentes grupos vegetais e animais com base nas carac-tersticas morfofuncionais e associar vegetais e animais aos diferentes habitats por eles ocupados.

    3. Sntese dos conceitos extradosos elementos da praxeologia do objeto/aparato identificados e expressos no

    quadro podero auxiliar ao professor a planejar a visita de uma determinada turma a partir dos interesses relativos aos contedos conceituais que deseja ex-plorar.

  • 44

    Com base nessas informaes, o professor poder construir, por exemplo, uma sequncia didtica com atividades antes, durante e depois da visita. Nesta se-quncia, sugerimos que o professor proponha perguntas e problemas para que hipteses sejam levantadas pelos alunos, por meio da observao estimulada do objeto, percebendo as relaes entre as ideias que possuem e os novos conheci-mentos que so revelados no contato com a exposio, proporcionando reflexes significativas sobre o contedo se-lecionado.

    RefernciasBOSCH, M.; GASCN, J. Twenty-five years of the didactic transpositions. ICMI

    Bulletin. 58, 2006, p.51-63.

    MARANDINO, M. et. al. Estudo do Processo de Transposio Museogrfica em Expo-sies do MAST. IN: GOUVA, G., MARANDINO, M. & LEAL, C. Educao e Museu: a construo social do carter educativo dos Museus de Cincia. Ed. Ac-cess, Rio de Janeiro, 2003.

    MARANDINO, M., OLIVEIRA, A. D., & MORTENSEN, M. F. (2009). Discussing biodiversity in dioramas: A powerful tool to museum education. ICOM Natural History Committee Newsletter, 29, 30-36

    OLIVEIRA, A. D. Biodiversidade e educao em museus de cincias: um estudo sobre transposio museogrfica nos dioramas. Dissertao de Mestrado, Inte-runidades Ensino de Cincias - Universidade de So Paulo, 2010.

    CHEVALLARD, Y. Steps towards a new epistemology in mathematics education. In: BOSCH, M. (org.). Proceedings of the IV Congress of the European Society for research in Mathematics Education (CERME 4), Barcelona: FUNDEMI IQS, 2005.

  • 45

    Discutindo a questo dos recursos hdricos no Jardim Botnico de So Paulo: uma ao para a promoo da alfabetizao cientfica

    Tania Maria Cerati

    Contedos Ciclo da gua. Problemas ambientais. Conservao das florestas. Mudanas climticas.

    Objetivos da propostaSubsidiar os professores na elaborao e na realizao de estudo do meio so-

    bre a questo da escassez de gua nos grandes centros urbanos, sob a tica da alfabetizao cientfica (AC).

    Importncia do temaO abastecimento de gua para populao que vive nos grandes centros urbanos

    sofre crescente presso, em virtude do aumento do nmero de consumidores, da grande utilizao das reservas dos aquferos subterrneos e da baixa qualidade da gua dos mananciais, devido forte urbanizao no entorno. necessrio, ento, discutir as questes polticas, sociais e cientficas sobre esse tema, de for-ma a aprofundar o conhecimento da populao. Assim, a escola pode ser o local adequado para essa discusso.

  • 46

    Sntese da pesquisa que originou o trabalhoEssa atividade derivada da pesquisa de doutorado de Tania Cerati, Educao

    em jardins botnicos na perspectiva da Alfabetizao Cientfica: anlise de uma exposio e pblico, que teve como objetivo entender se uma visita a um jardim botnico desencadeia ou fomenta o processo de alfabetizao cientfica (CERATI, 2014).

    Proposta de AtividadeEsta atividade tomou por base um estudo do meio na Trilha da Nascente, lo-

    calizada no Jardim Botnico de So Paulo. Contudo, ela pode ser adaptada para outros locais e contextos, mantendo o enfoque proposto, o qual busca promover um debate sobre a escassez de gua nos grandes centros urbanos.

    Atividade pr-visita:1. Coletando dados sobre a gua: O que so mananciais? O que so aquferos?

    Os alunos devem pesquisar sobre os mananciais em sua regio. Eles podem fazer uma pesquisa de imagens na internet sobre o entorno dos mananciais e descre-ver esse entorno.

    2. Apresentando os dados coletados e levantando hipteses: Cada grupo deve apresentar os dados coletados para todos os estudantes e levantar hipteses, como: o problema da gua tem relao com a conservao das florestas ou a urbanizao prejudica o abastecimento de gua. Elabore uma lista de hipteses sobre a crise da gua em SP.

    3. Proponha aos alunos uma visita Trilha da Nascente do JBSP (ou a outro lo-cal semelhante), para entender o ciclo hidrolgico e os conceitos que ele envolve, a relao entre a cobertura vegetal e a preservao da gua, buscando encontrar respostas s hipteses levantadas.

  • 47

    Como sugesto, antes da visita, faa uma pesquisa no site institucional do Jar-dim Botnico de So Paulo (www.ibot.sp.gov.br), onde ser possvel encontrar informaes sobre como solicitar o agendamento da visita, alm de informaes sobre a Trilha da Nascente.

    Visita:O estudo do meio ser desenvolvido na Trilha da Nascente. O professor deve

    orientar os estudantes a fazer observaes e registros sobre temperatura, umi-dade, cobertura do solo, estratos vegetais, biodiversidade, formao das nascen-tes, relevo, declividade, permeabilidade do solo, entre outros aspectos.

    Atividade ps-visita: Com os dados coletados na visita, promover discusses em sala de aula. Poss-

    veis tpicos: Importncia da cobertura vegetal para o ciclo da gua, a formao das nas-

    centes e a manuteno dos mananciais e dos aquferos. Relacione a urbanizao com os recursos hdricos, a quantidade de chuvas

    com a quantidade de gua observada na nascente. Quais as aes que a comunidade escolar pode realizar para minimizar o

    problema de gua.

    O professor pode inserir novos tpicos de discusso, pois cada estudo do meio nico, especialmente porque a visita acontece em ambiente natural, onde h interao entre fauna, flora e visitante. Para finalizar o estudo, os grupos podem elaborar propostas para minimizar a crise de gua em sua escola, em seu bairro ou em sua cidade.

  • 48

    Para saber mais:Utilize os materiais disponveis nos sites abaixo para enriquecer sua atividade.Biblioteca de Educao Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do estado

    de So Paulo: http://www.ambiente.sp.gov.br/cea/category/biblioteca-cea/Revista Escola - Editora abril:http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/serie-

    -agua-607403.shtmlGreenpeace:http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Sem-floresta-nao-tem-agua/Ambiente Brasil: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/artigos_

    agua_doce/a_biota_das_aguas_interiores.html?query=floresta+e+%C3%A1guaPortal do meio Ambiente: http://www.portaldomeioambiente.org.br/agua/9278-agua-e-floresta-mere-

    cem-gestao-de-longo-prazo

    RefernciasCERATI, T. M. Educao em jardins botnicos na perspectiva da alfabetizao

    cientfica: anlise de uma exposio e pblico. 2014. Tese de Doutorado. Facul-dade de Educao da Universidade de So Paulo, So Paulo.

  • 49

    Aprendizagem por meio de objetos em museus: a oficina da preguia-gigante

    Ana Maria Senac Figueroa

    Contedos Conceitos biolgicos. Conceitos ecolgicos. Contextos geolgicos.

    Objetivos da proposta Apontar o papel pedaggico dos objetos em exposies de museus. Caracterizar o potencial dos objetos em expressar determinados produ-

    tos e processos na aprendizagem, ao serem apresentados em uma exposio de museu.

    Identificar formas de favorecer as aes de ensino e de aprendizagem dos visitantes com base nos objetos naturais.

    Importncia do temaA pertinncia do tema aqui proposto se explica por diversas razes, quais se-

    jam: a importncia dos objetos nos museus de cincias, o papel central desses objetos na relao ensino e aprendizagem e a anlise das construes das ideias de visitantes frente ao objeto de museu.

    O termo objeto pedaggico um interessante foco de investigao, visto que, segundo Marandino (2001), os objetos so elementos caros aos museus e so an-tigas as discusses sobre sua importncia, seu papel e suas caractersticas. Para esta autora, com o desenvolvimento de novas tecnologias no campo da comuni-cao, a importncia dos objetos nos museus tornou-se tema de grandes deba-

  • 50

    tes, principalmente com as experincias dos museus virtuais e com a introduo dos objetos interativos e participativos nas exposies.

    Um exemplo de objeto, que foi estudado em nossa pesquisa, a montagem do esqueleto da preguia-gigante, no Museu da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. O esqueleto foi construdo a partir do fssil original e tem a inten-o de ensinar e de propiciar a aprendizagem de conceitos cientficos. Contudo, nem sempre esses objetivos ficam claros para o visitante. Portanto, esse trabalho se justifica pela importncia em caracterizar o papel pedaggico dos objetos nos museus de cincias, na perspectiva da aprendizagem de visitantes nos museus, em especial, do pblico escolar.

    Sntese da pesquisa que originou o trabalhoEsta proposta tomou por referncia a tese de doutorado de Ana Senac, Os

    objetos nos museus de cincias: o papel dos modelos pedaggicos na aprendiza-gem (Figueroa, 2012), que estudou o papel de um objeto de museu na aprendi-zagem de visitantes jovens. Para Hooper-Greenhill (1994), o papel educacional dos museus deve ser analisado na perspectiva do visitante, das suas concepes, da sua agenda, de seus conhecimentos e de seus interesses. Para isso, necess-rio compreender o processo de interpretao dos visitantes nos museus e, nesse sentido, a autora explicita os procedimentos para o desenvolvimento de anlise do processo, os quais devem considerar as especificidades do local, especialmen-te quanto aos objetos que possuem. Ressalta, ainda, que o processo de aprendi-zagem nesses espaos frequentemente centrado nos objetos e que o dilogo entre estes e o observador pode ter diferentes formas e penetrar num espectro variado de campos.

    J Colinvaux (2005) ressalta que, na maioria das vezes, partimos da proposi-o comumente aceita de que o visitante aborda e tira proveito da experincia da visita aos museus, com base em sua bagagem de conhecimentos prvios, mas

  • 51

    que necessrio ampliar essa discusso. Para essa autora, no se trata, por cer-to, de negar a bagagem conceitual conhecimentos prvios, noes espontneas ricamente documentada desde o final da dcada de 1970, ensejando amplo movimento construtivista na educao em cincias e farta literatura de pesquisa. Trata-se de problematizar e avanar em nossa concepo de visitante, buscando melhor caracterizao de sua bagagem prvia.

    Colinvaux entende que a bagagem prvia dos visitantes inclui tambm pergun-tas, dvidas, questionamentos, que so determinantes da riqueza da experincia museal, ou seja, dos modos de ao, interao e interrogao de cada visitante em seu percurso e dilogo pelos espaos de um museu. Assim, por um lado, as aes do indivduo so norteadas pela bagagem de perguntas e interrogaes que traz em sua visita ao museu. Por outro, a perspectiva do visitante, em sua interao com os elementos de uma exposio, condicionada pelo contexto es-pecfico de cada exposio. Confirma-se que interaes parecem estar no cerne da experincia museal (COLINVAUX, 2005).

    No que se refere s teorias de comunicao aplicadas ao contexto de museu, Hoper-Greenhill (1994) afirma que o sentido do objeto na exposio condicio-nado pela relao que ele estabelece com os outros objetos e com os recursos utilizados, atravs de etiquetas e textos, para auxiliar na interpretao pelo vi-sitante.

    Moya (1998, p. 59) acentua que as colees so as principais ferramentas dos museus, nas quais se baseiam as exposies e os programas educativos. Elas in-cluem os objetos de importncia esttica, histrica, educativa ou cientfica. No caso especfico dos museus de cincias, a autora aponta que as colees tm a funo didtica de comunicar ao visitante o esprito e a mentalidade dos cien-tistas, a fim de promover sua inclinao natural pela cincia. Alm disso, as co-lees devem tambm responder a uma guia conceitual que coincida com os objetivos do museu e as necessidades da comunidade.

  • 52

    Considerando a relevncia do papel dos objetos nas exposies de museus no processo de ensino e aprendizagem, optamos, para o desenvolvimento da ofici-na proposta, promover a compreenso do objeto em si, seu papel na exposio como um modelo pedaggico e as implicaes desse modelo na aprendizagem dos visitantes. Indicaremos, ainda, possveis variaes de oficinas, apontando em direo melhoria do ensino e da aprendizagem em cincias e suas relaes com os objetos pedaggicos nos museus de cincias.

    Proposta de AtividadeA proposta de oficina foi elaborada a partir da preguia-gigante, objeto exis-

    tente no Museu da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. Contudo, ela pode ser adaptada para ser realizada tomando por base outros objetos existen-tes nos museus.

    A atividade proposta foi organizada em trs momentos:

    1 etapa: antes da visitaNesta etapa, deve-se procurar reunir informaes sobre o que os visitantes

    sabem sobre o esqueleto da preguia-gigante. Essa tarefa pode ser realizada por meio de questionrio. Aps responderem o questionrio, propor aos visitantes a construo de um modelo do esqueleto da preguia-gigante, usando massinha de modelar. Fotografar ou filmar os modelos para compar-los, ao final da oficina.

    O objetivo da construo do modelo, antes da visita, o de verificar os conhe-cimentos prvios que os visitantes possuem desse objeto pedaggico. Por essa razo, importante solicitar que os participantes expliquem seus modelos e re-gistrem suas consideraes.

  • 53

    2 etapa: durante a visitaA segunda etapa da oficina ocorre durante a visita ao museu, aps os visitantes

    terem modelado o esqueleto da preguia-gigante como eles a concebiam. Para que haja uma conversa dinmica e produtiva em torno do objeto escolhido para a oficina, julgamos necessrio utilizar perguntas que instiguem essa conversao. O objetivo dessa conversa entre os visitantes, frente ao objeto pedaggico, o de perceber se eles interagem com o mesmo e como ocorre essa interao.

    3 etapa: depois da visitaAps a visita ao museu e ao contato direto com o objeto pedaggico, bem como

    com o conjunto expositivo, deve-se promover uma discusso sobre o que foi ob-servado. Em seguida, devem construir, com massinha de modelar, outro modelo do esqueleto da preguia-gigante; desta vez, aps a observao. Durante a ela-borao do modelo final, os visitantes devem ser instigados a relembrar o que viram acerca do objeto pedaggico, a fim de retirar ou acrescentar elementos do modelo construdo antes da visita. Nessa etapa da oficina, deve-se relembrar com os visitantes, oralmente, detalhes do esqueleto da preguia-gigante, que eles mesmos questionaram durante a execuo da atividade de modelagem na primeira etapa.

    Essa elaborao do modelo final do esqueleto da preguia-gigante tende a acontecer de forma mais descontrada e propcia, para que se possa observar tanto as falas e os questionamentos levantados quanto a interao que ocor-reu entre eles e o objeto pedaggico.

    Os modelos finais tambm devem ser fotografados ou filmados. Ao final da realizao das trs etapas da oficina, as fotografias ou os vdeos de-

    vem ser apresentados aos visitantes, para que os mesmos faam o confronto das diferenas dos modelos construdos por eles e, principalmente, para que apre-

  • 54

    sentem a construo de conceitos cientficos a partir do esqueleto da preguia--gigante.

    ObservaesComo sinalizado acima, a oficina da preguia-gigante pode resultar em varia-

    es de objetos pedaggicos, ou seja, o professor (ou mesmo, o educador do mu-seu) poder trabalhar com outros objetos, de acordo com o tema desejado. Suge-rimos que a oficina deva ser preparada anteriormente ao trabalho com os alunos e, se possvel, com abordagem interdisciplinar (no nosso caso, poderamos inte-ragir com as disciplinas: artes, histria, geografia). Contextualizar tambm ga-rante aprendizagem mais prxima dos alunos e de suas vivncias e experincias.

    RefernciasCOLINVAUX, D. Museus de cincias e psicologia: interatividade, experimenta-

    o e contexto. Histria, Cincias, Sade, Manguinhos, v. 12, suplemento, p. 79-91, 2005.

    FIGUEROA, Ana Maria Senac. Os objetos nos museus de cincias: o papel dos modelos pedaggicos na aprendizagem. 2012. Tese (Doutorado em Educao) Universidade de So Paulo, So Paulo, 2012.

    HOOPER-GREENHILL, E. Education, communication and interpretation: to-wards a critical pedagogy in museums. In: HOOPER-GREENHILL, E. (Org.). The Educational role of The Museum. London: Routledge, 1994. p. 3-25.

    MARANDINO, M. O conhecimento biolgico nas exposies de museus de cin-cias: anlise do processo de construo do discurso expositivo. 2001. 434f. Tese de Doutorado. Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, So Paulo.

  • 55

    MOYA, M. C. H. Cmo Hacer un Museo de Ciencias. Mexico: Ediciones Cientfi-cas Universitarias, 1998.

    Museu da PUC/Minas. http://www.pucminas.br/portal/index_padrao.php?pagina=5221

  • 56

    Crianas no museu de cincias: um momento para aprender

    Cynthia Iszlaji e Natalia Leporo

    Contedos Ensino e aprendizagem das crianas pequenas durante visitas a museus

    de cincias.

    Objetivos Auxiliar o professor e o educador de museus a selecionarem elementos

    na exposio que possam promover o ensino e a aprendizagem de cincias do pblico infantil.

    Identificar elementos de uma exposio de museu de cincia que promo-vam o ensino e a aprendizagem.

    Importncia do temaOs museus so considerados espaos fundamentais de educao no formal e

    de divulgao cientfica para diferentes pblicos (escolar, espontneo, criana, famlias, terceira idade), por meio de exposies e demais aes educativas. As exposies so, atualmente, a principal forma de comunicao dos museus com o pblico e tm como funo divulgar e promover a educao sobre os conheci-mentos de suas colees; ou seja, so consideradas como ambientes nos quais a aprendizagem se realiza, com base na forma em que apresentam os objetos e as ideias para o pblico. H certo consenso sobre o fato de que o pblico o elemento central no processo de elaborao de uma exposio, mesmo que nem sempre ele seja considerado de forma adequada neste processo. Esse aspecto se agrava ainda mais no caso da criana pequena, j que so raras as exposies de

  • 57

    museus de cincias pensadas para este pblico.Iszlaji (2012) constatou a precariedade de exposies voltadas para o pblico

    infantil nos museus de cincia brasileiros. No levantamento feito pela pesqui-sadora, encontrou-se, at meados de 2010, apenas uma instituio (Museu de Cincia e Tecnologia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul) que apresenta uma exposio de longa durao voltada para o pblico infantil.

    Em 2011, foi inaugurada uma exposio permanente no Museu de Microbio-logia do Instituto Butantan, em So Paulo, denominada O Mundo Gigante dos Micrbios, que tem como pblico-alvo crianas de trs a seis anos.

    Visitar museus e outros espaos culturais com crianas de at seis anos de ida-de tem se tornado uma prtica constante de famlias e de instituies de ensino (CAZELLI, 2005). Essas visitas apresentam-se como uma boa possibilidade de passeios interessantes e prazerosos, tanto para os adultos, quanto para os pe-quenos. Alm disso, tanto as famlias quanto as escolas levam as crianas aos mu-seus buscando uma experincia de aprendizagem; desta forma, fundamental que as visitas, especialmente as escolares, sejam planejadas com esta finalidade.

    A criana pequena um sujeito social, histrico e cultural, com suas particu-laridades e diferenas, e constri seus conhecimentos nas constantes relaes com o outro e com o meio social e cultural em que est inserida. Dessa forma, essencial que os museus de cincias sejam locais de experincia, descoberta e imaginao, de maneira instigante e democrtica, pois atravs da dimenso pedaggica do museu que a criana tem a oportunidade da experincia cultural significativa. No entanto, como vimos, nem sempre os museus oferecem experi-ncias pensadas especificamente para a criana. Isso no impede a visita desse pblico ao museu! As escolas podem, a nosso ver, se organizarem para explorar, nas exposies, aspectos relevantes para este pblico. Por outro lado, impor-tante que os professores e os educadores de museus se atentem para alguns as-pectos fundamentais da exposio, ao levar e receber crianas neste espao. Essa

  • 58

    proposta busca auxiliar esses profissionais a identificar aspectos importantes nas exposies, que podem favorecer o ensino e a aprendizagem das cincias durante as visitas a esses locais.

    Sntese das pesquisas que originaram esta proposta Os trabalhos de Iszlaji (2012) e Leporo (2014), que inspiraram a proposta