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336 RESUMO Em sua prática, o enfermeiro está em constante processo educativo. Para a conscientização desse fato, este necessita desenvolver suas ações com reflexão crítica, curiosidade, criatividade e investigação. Inseridas nesse processo estão a educação permanente, a continuada e a em serviço. Assim, esta reflexão teórica objetiva subsidiar as discussões da continuidade de capacitação dos profissionais de enfermagem, tendo em vista que, na gradua- ção, há exigência no sentido de formar profissionais críticos, reflexivos e competentes em aprender a aprender. Assume-se aqui que a importância da educação permanente se efetiva na busca de propostas educativas que moti- vem ao autoconhecimento, aperfeiçoamento e atualização. Descritores: Educação continuada em enfermagem. Prática profissional. Enfermagem. RESUMEN En su práctica, el enfermero está un constante proceso educativo. Para que se conciencie de este hecho debe desarrollar sus acciones con reflexión crítica, curiosidad, creatividad e investigación. Como parte de este proceso se encuentran la educación permanente, la continua y la en servicio. Por este motivo, esta reflexión teó- rica tiene como meta ofrecer herramientas para las discusiones sobre la continuidad de la capacitación de los profesionales de enfermería, teniendo en mente que la formación de grado exige formar profesionales críticos, reflexivos y competentes en aprender a aprender. Se asume aquí que la importancia de la educación permanen- te se concretiza en la búsqueda de propuestas educativas que motiven al auto-conocimiento, el perfecciona- miento y la actualización. Descriptores: Educación continua en enfermería. Práctica profesional. Enfermería. Título: La educación permanente en enfermería: subsidio para la práctica profesional. ABSTRACT In their practice, nurses are in constant educational process. To become aware of this process, they need to perform their actions with critical reflection, curiosity, creativity, and investigation by means of permanent, con- tinuing and in-service education. Thus, this theoretical reflection aims at supporting discussions relative the continuity of nurses’ professional training, keeping in mind that undergraduate Nursing students are expected to become critical, reflective, and competent professionals in learning how to learn. The assumption is that the importance of permanent education is realized in the search of educational proposals that encourage self- knowledge, improvement, and modernization. Descriptors: Education, nursing, continuing. Professional practice. Nursing. Title: Permanent education in nursing: support for professional practice. a Estudo apresentado na disciplina “Enfermagem e sua Prática Profissional”, do curso de Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR). b Enfermeira, diretora do Centro de Educação Profissional Evangélico, coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Evangélica do Paraná, membro do Grupo de Estudos Multiprofissional em Saúde do Adulto (GEMSA), Mestre em Enfermagem pela UFPR, pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior. c Professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPR, coordenadora do GEMSA, Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). d Professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPR, coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão do Cuidado Humano e da Enfermagem (NEPECHE), doutora em Enfermagem pela UFSC. A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM ENFERMAGEM: subsídios para a prática profissional a Amarílis Schiavon PASCHOAL b Maria de Fátima MANTOVANI c Maria Ribeiro LACERDA d Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. A educação permanente em enfermagem: subsí- dios para a prática profissional. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336-43. ARTIGO Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. La educación permanente en enfermería: subsidio para la práctica profesional [resumen]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336. Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. Permanent education in nursing: support for professional practice [abstract]. Rev Gaúcha En- ferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336.

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RESUMO

Em sua prática, o enfermeiro está em constante processo educativo. Para a conscientização desse fato, estenecessita desenvolver suas ações com reflexão crítica, curiosidade, criatividade e investigação. Inseridas nesseprocesso estão a educação permanente, a continuada e a em serviço. Assim, esta reflexão teórica objetiva subsidiaras discussões da continuidade de capacitação dos profissionais de enfermagem, tendo em vista que, na gradua-ção, há exigência no sentido de formar profissionais críticos, reflexivos e competentes em aprender a aprender.Assume-se aqui que a importância da educação permanente se efetiva na busca de propostas educativas que moti-vem ao autoconhecimento, aperfeiçoamento e atualização.

Descritores: Educação continuada em enfermagem. Prática profissional. Enfermagem.

RESUMEN

En su práctica, el enfermero está un constante proceso educativo. Para que se conciencie de este hechodebe desarrollar sus acciones con reflexión crítica, curiosidad, creatividad e investigación. Como parte de esteproceso se encuentran la educación permanente, la continua y la en servicio. Por este motivo, esta reflexión teó-rica tiene como meta ofrecer herramientas para las discusiones sobre la continuidad de la capacitación de losprofesionales de enfermería, teniendo en mente que la formación de grado exige formar profesionales críticos,reflexivos y competentes en aprender a aprender. Se asume aquí que la importancia de la educación permanen-te se concretiza en la búsqueda de propuestas educativas que motiven al auto-conocimiento, el perfecciona-miento y la actualización.

Descriptores: Educación continua en enfermería. Práctica profesional. Enfermería.Título: La educación permanente en enfermería: subsidio para la práctica profesional.

ABSTRACT

In their practice, nurses are in constant educational process. To become aware of this process, they need toperform their actions with critical reflection, curiosity, creativity, and investigation by means of permanent, con-tinuing and in-service education. Thus, this theoretical reflection aims at supporting discussions relative thecontinuity of nurses’ professional training, keeping in mind that undergraduate Nursing students are expectedto become critical, reflective, and competent professionals in learning how to learn. The assumption is that theimportance of permanent education is realized in the search of educational proposals that encourage self-knowledge, improvement, and modernization.

Descriptors: Education, nursing, continuing. Professional practice. Nursing.Title: Permanent education in nursing: support for professional practice.

a Estudo apresentado na disciplina “Enfermagem e sua Prática Profissional”, do curso de Mestrado em Enfermagem da Universidade Federaldo Paraná (UFPR).

b Enfermeira, diretora do Centro de Educação Profissional Evangélico, coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Evangélica doParaná, membro do Grupo de Estudos Multiprofissional em Saúde do Adulto (GEMSA), Mestre em Enfermagem pela UFPR, pós-graduadaem Metodologia do Ensino Superior.

c Professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPR, coordenadora do GEMSA, Doutora em Enfermagem pela Escola deEnfermagem da Universidade de São Paulo (USP).

d Professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFPR, coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão do Cuidado Humanoe da Enfermagem (NEPECHE), doutora em Enfermagem pela UFSC.

A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM ENFERMAGEM:subsídios para a prática profissionala

Amarílis Schiavon PASCHOALb

Maria de Fátima MANTOVANIc

Maria Ribeiro LACERDAd

Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. A educação permanente em enfermagem: subsí-dios para a prática profissional. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336-43. ARTIGO

Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. La educación permanenteen enfermería: subsidio para la práctica profesional [resumen]. RevGaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336.

Paschoal AS, Mantovani MF, Lacerda MR. Permanent education innursing: support for professional practice [abstract]. Rev Gaúcha En-ferm, Porto Alegre (RS) 2006 set;27(3):336.

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1 INTRODUÇÃO

A educação dos profissionais de enfermagemmerece maior atenção, uma vez que há necessi-dade de preparar as pessoas para as mudançasno mundo e no contexto do trabalho, procurando-se conciliar as necessidades de desenvolvimentopessoal e grupal com as da instituição e as da so-ciedade.

Ao identificar as atividades desenvolvidaspelos profissionais de enfermagem no desempe-nho de suas funções, verifica-se a necessidadede reafirmar a questão educativa como compro-misso com o crescimento pessoal e profissional,visando a melhorar a qualidade da prática profis-sional. Também, constata-se que, no contexto daformação e do desenvolvimento profissional, talquestão pode ser percebida sob diferentes ver-tentes, tais como: educação permanente, educa-ção em serviço e educação continuada.

Assim, compreende-se que a formação pro-fissional de qualidade deve ter sólida base de for-mação geral, que não se completa na escola, massim dentro do processo evolutivo do ser humano,por meio da educação permanente. Desse modo,ocorre a complementação para a formação inte-gral do indivíduo.

Evidencia-se também, nesse contexto, a edu-cação em serviço, entendendo-se que, nas insti-tuições, ela não é atividade e responsabilidade deum grupo específico, e sim de todos os envolvidosnesse processo, com a missão de criar espaços,propor estratégias e alocar recursos para que osprofissionais dominem as situações, a tecnologiae os saberes de seu tempo e de seu ambiente, deforma que isso lhes possibilite o pensar e a buscade soluções criativas para os problemas. Ainda,inserida nesse processo educativo encontra-se aeducação continuada, compreendida aqui comoatividades de ensino desenvolvidas após a gradua-ção, objetivando a atualização e a reciclagem.

Frente ao que se expôs e segundo a expe-riência profissional das autoras deste estudo – queatuam como docentes em instituições que con-templam unidades de saúde, de ensino profissio-nalizante e superior e hospital-escola que, dentreinúmeras funções, visa à obtenção de condiçõesfavoráveis ao desenvolvimento profissional, paraa melhoria da qualidade dos serviços prestados,assim como à integração entre academia e ser-

viço –, observou-se a necessidade de prosseguircom os estudos dos profissionais de enfermagem,tendo em vista a aquisição da competência profis-sional quanto à relação entre teoria e prática, ahumanização do cuidado e a constante busca pe-lo conhecimento da enfermagem.

Cabe esclarecer que se entende competên-cia profissional como um conceito político-educa-cional abrangente, um processo de articulação emobilização gradual e contínua de conhecimen-tos gerais e específicos, de habilidades teóricas epráticas, de hábitos e atitudes e de valores éticos,que possibilita ao indivíduo o exercício eficientede seu trabalho, a participação ativa, consciente ecrítica no mundo do trabalho e na esfera social,além de sua efetiva auto-realização(1).

A partir disso, neste estudo, pretende-se re-fletir sobre a questão da educação permanente naenfermagem e suas conseqüências no desenvol-vimento da prática profissional consciente e res-ponsável. Compreende-se que fazem parte desseprocesso a educação permanente, a em serviço ea continuada. Espera-se demonstrar a importânciae a necessidade de encontrar propostas educati-vas que motivem a busca do autoconhecimento, doaperfeiçoamento e da atualização, de forma a le-var ao aumento da competência e da valoriza-ção pessoal e profissional, bem como contribuirpara a melhoria da assistência prestada ao clien-te, à comunidade e às instituições onde atuam osprofissionais de enfermagem e, conseqüentemen-te, para uma prática profissional de qualidade.

2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS

Algumas considerações são importantes pa-ra refletir sobre a relação educação-prática pro-fissional. Primeiramente, deve-se entender o que éprática profissional; qual é a dominante; qual é aessência dessa prática; como vem ocorrendo aatuação do profissional em sua prática e por quê;quais são as dificuldades de trabalhar, visando aoprocesso educativo; e como transformar a prática,por meio da educação permanente, em busca daidentidade e da competência profissional.

A história mostra que a enfermagem fun-damentou-se na caridade, na religiosidade, na in-tuição e na submissão ao saber médico, sendoprática rotineira e mecanicista. Ainda hoje, a en-fermagem é fortemente influenciada pela visão

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cartesiana do homem, caracterizada pela separa-ção entre corpo e alma, e pelo modelo biologicis-ta, com pouca preocupação no que se refere aoutros fatores que interferem no estado de saúdee doença das pessoas, como os emocionais, psico-lógicos e sociais. Atualmente, muitas críticas sãofeitas ao exercício dessa prática delimitada porvelhos paradigmas, condicionada ao biologismo eà fragmentação do indivíduo, e que é ainda domi-nante.

O processo de trabalho em enfermagem tam-bém sofre essa influência cartesiana, pois a assis-tência é fragmentada, a responsabilidade pelo pla-nejamento e gerenciamento do cuidado é do enfer-meiro e a execução dos procedimentos é realiza-da pelos técnicos e auxiliares. A divisão técnica éuma característica do processo de trabalho na en-fermagem, no qual a prática é parcelada em tare-fas, procedimentos e responsabilidades, entre seusagentes. Por conseguinte, a prática de enferma-gem não tem sido exercida em sua totalidade peloenfermeiro, identificando-se, dessa maneira, umacrise na enfermagem, caracterizada pelo afasta-mento do enfermeiro de seu objeto de trabalho, ouseja, o cuidado de enfermagem. O enfermeiro pas-sou a gerenciar o processo de trabalho, que foisubdividido entre o pessoal auxiliar, representadogeralmente por trabalhadores alienados ao pro-cesso de trabalho(2).

A partir dessas considerações e compreen-dendo a complexidade do trabalho em enferma-gem, uma vez que nele estão envolvidas ações ge-renciais, assistenciais e educativas(2), entende-seque cabe ao enfermeiro prestar assistência ao in-divíduo sadio ou doente, à família ou comunidade,no desempenho de atividades de prevenção, pro-moção, recuperação e reabilitação. Sendo assim,a prática profissional é a aplicação dos conheci-mentos técnico, científico e comportamental ad-quiridos na formação, em vista da prevenção àdoença e promoção, recuperação, reabilitação emanutenção da vida. É comprometida com o aten-dimento das necessidades do paciente e sua famí-lia, da comunidade, da equipe de enfermagem emultiprofissional e das instituições onde se desen-volve e deve estar compromissada com a atividadede educar e cuidar. Esse compromisso aumenta, àmedida que o enfermeiro compreende a importân-cia de seu trabalho, a dimensão transformadorade sua ação educadora, a importância social, cul-tural e política de sua prática profissional(3).

Dessa forma, a prática profissional requerprofunda e permanente percepção de seu propó-sito e sua direção, de um espaço específico de ob-jetivos e critérios, o que demanda envolvimento,motivação, compromisso, responsabilidade, auto-nomia e colaboração de todos os envolvidos emsua produção.

Há tendência de seguir modelos de práticasprofissionais, e isso se deve, em parte, à insegu-rança teórica dos profissionais de enfermagem, quetem dificultado a crítica dos paradigmas vigentese a construção de modelos alternativos(4). Existenecessidade de fortalecer o enfoque humanísticonos currículos de enfermagem, valorizando a inter-disciplinaridade, formando um profissional atuan-te, crítico e preparado cientificamente, a fim de po-der relacionar teoria e prática em seu processo detrabalho, posto que isso leva ao desenvolvimentotécnico-científico da profissão.

Nesse contexto complexo, deve-se repensara prática profissional da enfermagem, a qual, ten-do em vista os meios sofisticados de uma tecno-logia triunfante e veloz, requer raciocínio rápido,agilidade, mobilidade e desenvoltura dos profissio-nais(5), sendo que:

precisamos teorizar nossa prática, pen-sar, refletir nossas ações do/no cuidado efundamentá-las. Por isso, a importância e anecessidade de envolver e sensibilizar ca-da vez mais os enfermeiros para a pesquisacomo modo de estar sempre em permanen-te renovação(6:241).

A prática profissional da enfermagem tra-duz-se pelo cuidado (que pode ser o cuidado comoação), ensino do cuidado e por gerenciar o cuida-do(7). Nesse sentido, a enfermagem é a arte decuidar e de ensinar a cuidar(8).

Entender o cuidado e como ele é inserido naenfermagem tem sido preocupação que leva osprofissionais a tentar compreender a abrangên-cia da extensa amplitude do cuidado. O cuidado énatural da espécie humana, faz parte de seu per-ceptível como humano, mas também faz partedas ações práticas do profissional de enferma-gem, pois “ambos têm nascedouro comum e umaintercessão de cuidado humano e cuidado de en-fermagem, que se dá quando a enfermeira incor-pora o cuidado humano e o decodifica em ativi-dades e atitudes profissionais”(9:21).

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Na educação, o cuidado deve ser visualiza-do como eixo principal na elaboração dos currí-culos, porque tudo gira em torno da prática docuidar, não somente a construção do conhecimen-to profissional, como também o envolvimento emtodas as atividades docentes, discentes e adminis-trativas da escola(10).

O cuidado é visto, ao mesmo tempo, comoelemento a ser investigado e elemento de inves-timento, uma vez que não se ensina com receitas,manual de técnicas, mas sim oferecendo modelospara reflexão na ação do cuidado e procurandoatuar em uma realidade, pois o cuidado é umcomportamento interativo, que é construído pormeio das experiências vivenciadas pelos indiví-duos envolvidos nele. É uma forma de relacionar-se e respeitar o outro integralmente.

No exercício de sua profissão, o enfermeiroenfrenta várias dificuldades que o afastam do cui-dar, como: o modelo que a instituição quer que eleassuma, o qual lhe determina espaços administra-tivos que muitas vezes não contemplam a coorde-nação da assistência ao paciente; o cuidado ge-rencial; ou a acumulação de atividades burocráti-cas, que o distancia do paciente, dificultando seudesempenho no cuidado como ação direta ao pa-ciente ou no ensino do cuidado ao paciente e a suafamília e à equipe de enfermagem. Assim, enten-de-se que a competência do enfermeiro está naessência da profissão, no cuidado, na complexi-dade de saberes, e não na quantidade de ativida-des desenvolvidas por ele.

Outro fator importante para o afastamento doenfermeiro do cuidado direto com o paciente estána insegurança de prestar cuidados, a qual decorrede formação deficiente, em que ensino e prática sãovistos separadamente, sem relação entre ambos.Muitas vezes, falta na formação dos futuros profis-sionais uma máxima que diz: aprende-se a enfer-magem, cuidando-se, e ensina-se enfermagem, en-sinando-se o cuidado(8).

As atividades profissionais no campo da prá-tica devem ser entendidas como eixo integradorpara onde convergem os conteúdos teóricos, quese concretizam nas situações reais, havendo umaretro-alimentação dinâmica. Os desafios do cotidi-ano geram tensão e impulsionam para a busca,criatividade e tomada de decisão em direção aoalcance de soluções, para o que as experiências an-teriores servem de respaldo teórico-prático. Es-

se processo reflete a reflexão-ação-reflexão, queconstitui a práxis profissional, mediante a interli-gação do pensar e do fazer(11).

No entanto, a realidade mostra-se diferente,pois o cuidar em enfermagem não tem sido exer-cido em toda sua extensão pelo enfermeiro. A di-cotomia entre teoria e prática, a divisão do traba-lho entre os diferentes membros da equipe e odesvio de sua real função como exigência da ins-tituição fazem com que o enfermeiro se distanciede seu espaço ou tenha dificuldade de conquis-tá-lo(12).

O cuidado não pode ser pensado sem umreferencial teórico-filosófico explicitado, fruto dereflexões pessoais e coletivas dos enfermeiros(13).Para que se conquiste essa relação do enfermeirocom sua prática, é preciso uma base teórica quealimente a prática, por meio da pesquisa, que setorna construção do conhecimento da enferma-gem, e que, em contrapartida, sustenta a prática, eassim sucessivamente, num círculo: prática, pes-quisa, teoria. A fundamentação teórica é ferramen-ta básica para as intervenções da enfermagem(14).

Considerando-se que, na prática profissionalde enfermagem, ocorre uma divisão de trabalhoe que essa divisão interna origina duas modalida-des no trabalho da enfermagem: o trabalho auxi-liar, desenvolvido pelos técnicos, auxiliares e ou-tras categorias da enfermagem; e as atividades deensino, supervisão e administração, desenvolvidaspelos enfermeiros(15), verifica-se que existe uma rí-gida divisão do trabalho do enfermeiro e do tra-balho auxiliar, pois há fragmentação entre os mo-mentos de concepção e execução do cuidado. Quemexecuta o cuidado de enfermagem não participadiretamente de seu planejamento, embora forneçainformações diárias sobre as observações e as in-tervenções executadas, material que colabora nafundamentação do planejamento.

A complexidade existente no trabalho da en-fermagem é devida ao envolvimento das açõesgerenciais, assistenciais e educativas, portanto, asatividades de gerência do cuidado e da unidadeestão implícitas no cotidiano do trabalho, e acabamocasionando constantes interrupções das ativida-des do enfermeiro. Sendo assim, ele deve buscar,por meio da competência profissional, modos deatuação condizentes com a realidade que se encon-tra, mas sem se distanciar do compromisso assumi-do diante de sua profissão, pois, no processo de

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trabalho, estão presentes os mecanismos de re-produção de rígida hierarquia, os quais limitam apossibilidade de democratização do saber. Prepa-rado para ocupar cargos de chefia nos serviços desaúde, treinamento e supervisão de pessoal, o en-fermeiro afasta-se de seu objeto de trabalho – ocuidar em enfermagem –, iniciando o processo demarginalização de seu espaço profissional(3).

Diante disso, entende-se que a competênciado enfermeiro não abrange apenas ter conheci-mento e saber utilizá-lo nas situações que se apre-sentam. Mais do que isso, competência é a intera-ção de habilidades interpessoais e técnicas compensamento crítico. Para ser competente, é neces-sário desenvolver as capacidades do saber, saber-fazer, saber ser e estar e saber interagir, enten-dendo-se o saber como conhecimento, saber-fazercomo conhecimento e ação, saber ser e estar co-mo postura ética e saber interagir como capacida-de de socialização, de influência no meio em quese está inserido(16).

Nesse contexto, “o enfermeiro é um educa-dor em assuntos de saúde. Não tem como desen-volver suas funções sem realizar atividades edu-cativas junto ao paciente, seus familiares e ao pes-soal de enfermagem”(17:108), sendo que educar é con-duzir o indivíduo, sem prejuízo de sua iniciativa eliberdade, e valorizar as pessoas como seres hu-manos.

A educação é concebida como fenômeno so-cial e universal, sendo atividade humana neces-sária à existência e ao funcionamento de toda asociedade, posto que cada sociedade precisa cui-dar da formação de seus indivíduos, auxiliar nodesenvolvimento de suas capacidades físicas e es-pirituais e prepará-los para a participação ativae transformadora nas várias instâncias da vidasocial(18). Apesar disso, a educação não é apenasexigência da vida em sociedade, é também o pro-cesso para prover os sujeitos do conhecimento edas experiências culturais, científicas, morais eadaptativas que os tornam aptos a atuar no meiosocial, mundial e planetário. Desse modo, ela de-pende da união dos saberes, corresponde a todamodalidade de influências e inter-relações queconvergem para a formação de traços de perso-nalidade social e do caráter, implicando uma con-cepção de mundo, ideais, valores e modos de agir,que se traduzem em convicções ideológicas, mo-rais, políticas, princípios de ação frente a situa-ções e desafios da vida prática.

A educação implica busca contínua do ho-mem em ser mais, portanto, “o homem deve sersujeito de sua própria educação, não pode serobjeto dela”(19:28). Ele deve ser ativo na construçãode seu saber e recusar as posições passivas. Nes-se sentido, o homem responsabiliza-se por sua edu-cação, procurando meios que levem ao crescimen-to e aperfeiçoamento de sua capacidade.

A educação transforma a prática social demaneira indireta, pois age sobre os sujeitos dessaprática, portanto, a educação é uma atividade me-diadora entre o indivíduo e a sociedade(20). Dessamaneira, a educação desenvolve-se no sujeito, eele, por meio de seu conhecimento, age e transfor-ma o meio em que vive. Assim, percebe-se a edu-cação como processo dinâmico e contínuo de cons-trução do conhecimento, por intermédio do de-senvolvimento do pensamento livre e da consciên-cia crítico-reflexiva, e que, pelas relações huma-nas, leva à criação de compromisso pessoal e pro-fissional, capacitando a pessoa para a transfor-mação da realidade em que vive.

O enfermeiro, em sua prática, está em cons-tante processo educativo, entretanto, para torná-lo consciente desse fato, é necessário haver nodesenvolvimento de suas ações a reflexão críti-ca, a curiosidade, a criatividade e a investigação. Aaquisição disso é possível por meio da educaçãopermanente do indivíduo, na qual ele desenvolvea habilidade de aprender a aprender.

A educação em enfermagem deve garantirao futuro profissional o conhecimento essencial àprática terapêutica em todos seus níveis. Assim,deve promover as capacidades intelectuais e ascompetências para a investigação, avaliação críti-ca do exercício profissional e dos planos de açãopolítica, como a valorização dos princípios huma-nos e da cidadania. É de suma importância, parao processo de ensino-aprendizagem, que a práti-ca se realize confirmando a teoria e não a contra-dizendo, como se tem vivenciado(17). Nesse contex-to, entende-se que a teoria vem da prática e fun-damenta essa prática, assim como a prática é fun-damentada pela teoria.

Sabe-se da dicotomia existente entre escolae academia e serviço e prática, a qual é reforçadapela dificuldade de se estabelecer a integração en-tre o conhecimento teórico e as situações práti-cas vivenciadas, que exigem a aplicação rápida doconhecimento teórico, acrescido do conhecimento

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prático ou pessoal. A habilidade de integrar a teo-ria com as situações do cotidiano exige aproxima-ção, relacionamento, comunicação e compreensãodesse processo por parte do enfermeiro. Essa tal-vez seja a maior dificuldade que o enfermeiro en-frenta ao trabalhar com a educação em serviço,pois, como visto, ele mantém-se afastado das açõesdo cuidado, desenvolvendo atividades adminis-trativas burocráticas, sem interagir com a reali-dade do cuidado.

Nesse contexto, a educação em serviço naenfermagem é visualizada como objeto de trans-formação do processo de trabalho, que é o cuidar,partindo da reflexão sobre o que está acontecen-do no serviço e sobre o que precisa ser transfor-mado. Neste estudo, considera-se que a educaçãoem serviço, entendida como processo educativoa ser aplicado no interior das relações humanasdo trabalho, tem como intuito desenvolver capa-cidades cognitivas, psicomotoras e relacionais dosprofissionais, levando-os a melhorar sua compe-tência e ter maior satisfação no trabalho, com avalorização profissional e institucional.

A importância da educação em serviço paraa enfermagem é vista como sendo um esteio paraa assistência eficaz ao paciente, pois, por meio de“um processo educativo atualizado e coerente comas necessidades específicas da área, ela mantémo seu pessoal valorizado e capaz de apresentar umbom desempenho profissional(17:88). Neste con-texto apontam-se quatro áreas de atuação da edu-cação em serviço: orientação ou introdução aotrabalho; treinamento; atualização, reciclagem oueducação continuada; e aperfeiçoamento, aprimo-ramento ou desenvolvimento.

Dessa forma, compreende-se que a educaçãoem serviço pode ser desenvolvida por meio daeducação continuada, que englobaria as ativida-des de ensino após o curso de graduação ou o cursoprofissionalizante, com finalidades mais restritasde atualização, aquisição de novas informações,atividades de duração definida e por meio demetodologias tradicionais(21).

Na organização dos projetos sobre educa-ção continuada na enfermagem, devem-se consi-derar prioritários os programas de inclusão, atua-lização, treinamento, pós-graduação, pesquisa,eventos, produção, gerência e integração docên-cia-assistência – todos conduzidos e fundamen-tados no cuidado humano e no cuidado profissio-

nal da enfermagem. Para haver efetiva educa-ção continuada, necessita-se direcioná-la a um de-senvolvimento global de seus integrantes e da pro-fissão, tendo como meta a qualidade da assistên-cia de enfermagem. Essa tarefa não se resume a en-sinar, pois engloba desenvolver com o pessoal deenfermagem a consciência crítica e a percepçãode que é capaz de aprender sempre e buscar, em suavida profissional, situações de ensino-aprendiza-gem.

De acordo com a Organização Panameri-cana da Saúde (OPS), a educação contínua é um“processo dinâmico de ensino-aprendizagem, ati-vo e permanente, destinado a atualizar e melho-rar a capacidade de pessoas, ou grupos, face àevolução científico-tecnológica, às necessidadessociais e aos objetivos e metas institucionais”(22:24).

Considerando-se a exposição feita sobre edu-cação continuada, percebe-se que ela está con-templada no interior da educação permanente, poisa educação permanente ocorre durante a forma-ção do indivíduo pelo desenvolvimento da capa-cidade de aprender a aprender, da conscientiza-ção do processo de trabalho e de seu processo deviver.

A educação permanente, mais do que atua-lização, é um compromisso pessoal a ser apren-dido, conquistado com as mudanças de atitudes queemergem das experiências vividas, mediante a re-lação com os outros, com o meio, com o trabalho,na busca da transformação pessoal, profissionale social(23).

Para o desenvolvimento da prática da enfer-magem, há necessidade de investimento na qua-lificação do profissional. O enfermeiro precisa es-tar preparado para atingir, desenvolver e ampliarsua competência técnica, crítica e interativa, tan-to no ensino formal de enfermagem como nosprocessos de educação permanente, de forma aadquirir assim a capacidade de aprender a apren-der e de aprender a conviver.

A diversidade de informações recebidas pe-la rápida evolução do mundo, bem como a amplagama de necessidades de conhecimento nas maisdiversas áreas profissionais, leva à constataçãode que é difícil para a educação formal garantiradequada formação do indivíduo. Outro fator quedificulta a educação permanente é a própria for-mação do enfermeiro, a partir de currículos carac-terizados pelo modelo biomédico e baseados nasconcepções cartesianas e no biologicismo.

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Essa realidade tende a mudar, em decorrên-cia das Diretrizes Curriculares Nacionais do Cur-so de Graduação em Enfermagem, elaboradas pe-lo Conselho Nacional de Educação, Câmara do En-sino Superior, em 2001, após a aprovação da Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB9394/96)(24). Na LDB foram extintos os currículosmínimos dos cursos de graduação e preconizadasas competências como aspecto fundamental naconformação dos projetos pedagógicos e seuscurrículos, que agora norteiam a formação de no-vos profissionais de enfermagem no Brasil.

As Diretrizes Curriculares, que tencionamapontar outro direcionamento à formação do en-fermeiro, são orientações gerais para as institui-ções de ensino superior e buscam ajudá-las a alcan-çar seu objetivo, que é levar os alunos dos cursos degraduação em saúde a aprender a aprender, o queengloba aprender a ser, aprender a fazer, aprendera viver juntos e aprender a conhecer. Também, elasobjetivam capacitar profissionais para assegurara integridade da atenção e a qualidade e humaniza-ção do atendimento prestado aos indivíduos, àsfamílias e comunidades.

Nos cursos de graduação, deve-se buscar nãosomente desenvolver conhecimentos, habilidadese atitudes indispensáveis à profissão, mas tambémpromover o preparo do enfermeiro como cidadão,para atuar como crítico social. O papel do professorde enfermagem, dessa forma, é muito importante,pois, além de organizar e desenvolver um ensinotécnico e científico, ele deve integrar conteúdos eexperiências que favoreçam a formação do enfer-meiro cidadão competente e crítico.

Isso somente ocorrerá com a aplicação daconsciência crítica, pois com ela se avança para abusca da cidadania profissional comprometida coma transformação social e por meio dela o compro-misso com a educação permanente torna-se pri-mordial para que ocorram as mudanças de compor-tamento em relação à enfermagem e aos profissio-nais que atualmente a desempenham. Assim se de-termina o crescimento da enfermagem, sua evolu-ção como ciência e arte e, conseqüentemente, suavalorização.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contribuição da educação permanente naprática profissional evidencia-se por meio das ati-

tudes que o profissional assume enquanto cui-da, dentre as quais está o compromisso firmadoconsigo mesmo, mediante a motivação pela bus-ca do autoconhecimento, do aperfeiçoamento e daatualização, e prevendo melhorar o cuidado pres-tado ao cliente e à comunidade. A educação per-manente leva ao entendimento de que o indivíduodeve ter no auto-aprimoramento uma meta a serseguida por toda sua vida. Na enfermagem, a bus-ca pela competência, pelo conhecimento e pelaatualização é essencial para garantir a sobrevivên-cia tanto do profissional quanto da própria profis-são.

Existe necessidade de buscar a participa-ção de todos os envolvidos nas questões educati-vas na enfermagem: educadores, educandos, ins-tituições, contexto social, político, econômico e ou-tros, para que, em sua relação de troca, indispen-sável à prática profissional, alcance-se o desen-volvimento pessoal e profissional. Precisa-se es-timular a superação do sentimento de descrençaque impede o esforço para a concretização de mu-danças com relação à educação permanente naenfermagem. O primeiro passo em direção a essamudança é acreditar que ela é possível, construídagradativamente e, ainda, reconhecê-la como infi-nita. Então, caracteriza-se como um processo queacontece sob a influência das interações com oindivíduo, com o grupo social, com o ambiente e aorganização.

Nesse contexto, visualiza-se a educação per-manente, compreendida como constante busca pe-lo aprender, como uma das ações que possibilitamo desenvolvimento desse processo de mudança,visando à qualificação profissional da enferma-gem e conseqüentemente à realização da práticaprofissional competente, consciente e responsável.

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Recebido em: 06/07/2005Aprovado em: 15/03/2006

Endereço da autora/Author´s address:Maria de Fátima MantovaniRua Rio Iriri, 20, Bloco 1, Apt° 21Bairro Alto/Atuba82.840-310, Curitiba, PR.E-mail: [email protected]

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