EDUCAÇÃO POSTURAL É UMA QUESTÃO DE SAÚDE · das cadeias que estejam relaxadas. Assim ocorre um...
Transcript of EDUCAÇÃO POSTURAL É UMA QUESTÃO DE SAÚDE · das cadeias que estejam relaxadas. Assim ocorre um...
EDUCAÇÃO POSTURAL É UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Rosimery Sardá Almeida 1
Bruno Sérgio Portela 2
Resumo
O objetivo deste trabalho foi conscientizar os alunos sobre a importância dos cuidados que devemos ter com a postura, melhorando com isso a qualidade de vida dos mesmos. A metodologia de pesquisa utilizada foi a de pesquisa-ação, bibliográfica e qualitativa. Pesquisa-ação promovendo ações que contribuam na consciência corporal, proporcionando uma melhoria da qualidade de vida dos alunos; bibliográfica, pois foi realizada fundamentação teórica a respeito da coluna vertebral, hábitos posturais, exercícios físicos; qualitativa, uma vez que seu objetivo foi obter opiniões antes e depois, sobre a importância e benefício do respectivo projeto. A utilização da educação postural na educação física escolar, oportunizou aos alunos não apenas situações que os tornem conscientes de suas limitações e sua relação com a sociedade, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de sua vida. Conclui-se que ações pedagógicas sistematizadas promovem situações de ensino aprendizagem, favorecendo atitudes posturais saudáveis e, reconhecendo que o exercício físico regular é um fator importante para que isso aconteça.
Palavras-chave: Educação Física; Postura; Saúde; Coluna Vertebral.
Introdução
A escola é um importante espaço onde a educação em saúde é processada
e, ao propor a formação para a cidadania, é necessário trabalhar com valores,
atitudes e habilidades, usando uma metodologia que permita aos educandos uma
1 Professora, Rosimery Sardá Almeida – Rede Pública – Clevelândia, Paraná. 2 Professor, Mestre, Orientador – UNICENTRO – Guarapuava, Paraná.
atuação efetiva e um comprometimento vivencial com essas questões, com a vida e
com o bem-estar de cada um e da sociedade como um todo.
Nesse sentido, as Diretrizes curriculares da Educação Básica - Educação
Física, nos colocam:
Os cuidados com a saúde não podem ser atribuídos tão somente a uma responsabilidade do sujeito, mas sim, compreendidos no contexto das relações sociais, por meio de práticas e análises críticas dos discursos a ela relativos (DCEs, 2008, p.56).
A Educação Física, analisada como parte da cultura humana, deve
oportunizar ao aluno um conhecimento organizado e sistematizado considerando os
contextos e experiências da sua realidade, sendo que possam ser vivenciados não
somente em âmbito escolar como também em seu meio social, por meio de
atividades significativas para a promoção da saúde.
De acordo com Verderi:
A boa postura nos determinados afazeres é o principal fator para se evitar os desequilíbrios posturais. Torna-se importante a conscientização do indivíduo do que seria uma postura correta e qual a melhor maneira de se estar minimizando todo o esforço pelo qual o corpo é submetido nas infinitas atividades diárias. (VERDERI, 2002, p.1)
Compreende-se então, que é necessário que a educação postural esteja
presente no contexto escolar, ocorrendo assim uma conscientização e
desenvolvimento de hábitos posturais adequados, procurando prevenir futuros
desvios posturais.
Cabe a esta disciplina, proporcionar informações e estimular os alunos à
adoção de comportamentos favoráveis para a manutenção ou aprimoramento de
componentes do estilo de vida relacionados à saúde. Para isso, utilizar do processo
de ensino-aprendizagem através de vivências sistematizadas de diversas dimensões
da cultura do movimento humano.
Nesta perspectiva a Educação Física “[...} tem a função social de contribuir
para que os alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo,
adquirindo uma expressividade corporal consciente e refletindo criticamente sobre
as práticas corporais” (DCEs, 2008, p. 72).
Portanto, a Educação Física deve apontar uma perspectiva metodológica de
ensino-aprendizagem, que busque um conjunto de ações que desenvolvam um ser
humano crítico e reflexivo, e que o professor possa contribuir, ampliando a
consciência corporal do educando, para que este interaja com responsabilidade na
sociedade.
Nesta perspectiva, segundo Guedes & Guedes (1999), propõe-se aos
professores de Educação Física, adotarem uma prática de atividades voltadas a
saúde”...mediante seleção, organização e desenvolvimento de experiências(...) que
os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida”.
Segundo Verderi saúde define-se como:
Saúde também é uma qualidade de vida, condição ou estado de bem-estar que apresenta um componente biológico e um comportamental, que são alterados de acordo com o relacionamento indivíduo x meio. Sendo que qualidade de vida, seja ela boa ou excelente, é aquela que oferece um mínimo de condição para que os indivíduos ligados a ela possam desfrutar de todas suas potencialidades, ou seja, viver, trabalhar, estudar, se divertir, ou quem sabe até, simplesmente existir. (VERDERI, 2002, p.1)
Sob tal enfoque, a educação é o principal meio na divulgação e orientação
da população no que se refere à saúde e à qualidade de vida. Com a educação,
temos a possibilidade de orientar e desenvolver hábitos saudáveis conscientizando
os alunos para que tenham uma vida com mais qualidade.
Observa-se que os autores Nahas (1997) e Guedes&Guedes (1996) que
defendem essa abordagem, se baseiam na Educaçao Física vinculada à aptidão
física,valorizando o indivíduo ativo e que recebam informações referentes à saúde
(nutrição,atividade física), optando por um estilo de vida saudável para a vida toda.
Nahas (2001) afirma: “que a atividade física tem representado um fator de
qualidade de vida na sociedade em que vivemos, pois esta é associada a uma vida
mais saudável, com mais entusiasmo, menores gastos com a saúde”.
No contexto desses acontecimentos necessitamos de um processo de
ensino-aprendizagem, para que os alunos não apenas reconheçam a importância da
saúde, mas desenvolvam atitudes e hábitos saudáveis em sua vida.
A Educação Física como disciplina promotora da saúde tem condições de
desenvolver ações que promovam valores para uma vida ativa.
Para Filho (2003, p.239):
Aptidão, bem-estar, saúde e educação não são “coisas” que se tem; são “valores” que se vive, através de uma vida ativa, em seus múltiplos aspectos, inclusive e a partir do motor. Sem a aptidão não existe mudança consciente do sócio-econômico-cultural, pois o intelecto da pessoa não se modifica e os problemas externos são assimilados passivamente por ela.
É importante ressaltar que não podemos ter uma visão reducionista, pois o
ser humano em sua complexidade deve ser visto em sua totalidade, como um ser
social. Educá-lo em fragmentos é impossível, uma vez que a intervenção social
ocorre quando acompanhada do intelectual, físico e moral.
No contexto escolar a avaliação postural é meramente vista como um
instrumento de avaliação, mas seu objetivo deveria ser como um instrumento
didático, estimulando e desenvolvendo a partir daí, uma prática reflexiva sobre
atitudes, valores, promovendo a saúde na escola.
Para Guedes & Guedes (1997 p. 8-9):
Um programa regular de avaliação das variáveis que procuram se relacionar com o crescimento, a composição corporal e a desempenho motor, comparando com seus resultados com indicadores referenciais, poderá auxiliar na detecção de eventuais problemas relacionados com a saúde da criança e do adolescente. (...) as informações observadas pelo professor de Educação Física deverão auxiliar na identificação de fatores pertencentes ao meio ambiente, que possivelmente, possam provocar alguma disfunção relativa à saúde.
Para Paulo Eduardo Carnaval (2002, p. 85), a avaliação postural defini-se
“... em determinar e registrar,(...) os desvios posturais ou atitudes posturais erradas
dos indivíduos”.
Nós como educadores devemos observar e identificar possíveis desvios,
orientando e encaminhando casos que necessitem de acompanhamento
especializado. Como também orientar e desenvolver atitudes favoráveis à boa
postura.
A partir da análise postural, podemos observar os desequilíbrios e
adequarmos a melhor postura a cada indivíduo, assim possibilitaremos uma
reestruturação completa de cadeias musculares e seus posicionamentos tanto no
movimento e/ou na estática.
A avaliação postural não deve deter-se em ações de prevenção que apenas
informam sobre problemas de saúde, devemos estimular a capacidade dos alunos
de tomarem consciência de suas condições, mostrando a eles a importância de
serem cidadãos conscientes e críticos nas questões relacionadas a sua qualidade
de vida.
Muitos problemas posturais ocorrem no período de crescimento e
desenvolvimento corporais, ou seja, na infância e na adolescência, portanto
devemos estar atentos durante essas fases, pois os alunos estão sujeitos a
comportamentos de risco para a coluna, como a utilização de mochilas pesadas e a
postura sentada para assistir televisão e utilizar o computador.
A coluna merece nosso cuidado, afinal dependemos do seu bom
funcionamento. Por mais incrível que possa parecer, a posição ereta do ser humano
ainda não está totalmente desenvolvida, de modo que para nós o fato de andarmos
no modo bípede também favorece o aparecimento de problemas na coluna.
Cada postura tem seu próprio modelo. Como esclarece Verderi (2002): “Não
existe uma postura correta para todas as pessoas. Somos seres biologicamente
diferentes, sendo assim, a postura mais adequada varia de uma pessoa para outra”.
Sob este aspecto, a postura correta é proveniente de um equilíbrio que se
consegue estabelecer entre os diversos grupos musculares que formam um
segmento corporal. Não adianta ter músculos fortes e volumosos se o indivíduo não
possui controle adequado dos movimentos que executa ou consciência das partes
do seu próprio corpo, no caso a coluna. A sustentação da coluna depende de uma
boa postura e de um maior apoio. Esse apoio se consegue através de um programa
de exercícios para desenvolve músculos fortes e flexíveis.
Verderi (2008) apresenta um programa denominado PEP (Programa de
Educação Postural) muito interessante, cuja metodologia se concentra no
alongamento das cadeias musculares que estejam contraídas e no fortalecimento
das cadeias que estejam relaxadas. Assim ocorre um equilíbrio dessas cadeias
musculares, restabelecendo a postura corporal.
Os desvios posturais mais freqüentes são cifoses, escolioses e lordoses.
Muitos casos poderiam ser corrigidos ou atenuados com atenção a uma boa
postura, exercícios ou encaminhamento a especialista.
Considerando os maus hábitos posturais dos alunos no ambiente escolar e
em casa, contribuiremos na melhoria da postura de nossos alunos, com ações
pedagógicas que promovam a construção do conhecimento a respeito da coluna
vertebral e os desvios mais freqüentes. Reconhecendo a importância de desenvolver
uma postura correta, proporcionando situações de ensino-aprendizagem que
favoreçam a aquisição de atitudes posturais saudáveis, realizando autoanálise
postural; identificando possíveis desvios posturais, propondo a prática regular de
exercício físico.
Os assuntos abordados serão desenvolvidos em atividades individuais e em
grupo, questionários, pesquisa, debates, autoanálise postural, elaboração de ações
educativas como palestras, aulas de educação postural, fortalecimento muscular e
alongamentos.
O objetivo desse trabalho foi de conscientizar e desenvolver hábitos
posturais adequados, procurando prevenir futuros desvios posturais, alertando a
necessidade do exercício físico adequado como importante fator de prevenção,
apontando que uma boa postura é questão de saúde.
Grupo de Trabalho em Rede
O PDE prevê a socialização do conhecimento produzido durante o curso
com os professores da rede que não faziam parte do programa e para isso foi
desenvolvido um grupo de trabalho em rede que aconteceu de forma virtual, a partir
de 10/10/2011 por disciplina específica, num total de 60 horas, no 3º período do
programa, conforme instruções da SEED. O material trabalhado foi desenvolvido
pelo professor PDE com seu orientador da IES considerando as etapas do plano de
trabalho.
Num primeiro momento houve orientações de como trabalhar com a
plataforma, por meio de curso com a equipe da CRTE (Coordenação Regional de
Tecnologia na Educação do Núcleo Regional de educação) os quais, colocaram a
maneira de como deveria ser formatado o curso, os encaminhamentos para cada
módulo e como se comunicar com os integrantes da rede.
O Grupo de Trabalho em Rede foi uma experiência gratificante que
possibilitou a troca e conhecimentos entre professores de todo Estado. Houve oito
inscritos, e seis concluíram todos os módulos propostos, a troca de experiências foi
enriquecedora para a prática docente de todos os cursistas.
As atividades propostas foram todas postadas dentro dos prazos. As
mesmas com qualidade e aprofundamento oriundos das consultas feitas pelos
alunos, aos documentos disponíveis.
As interações demonstraram entendimento das leituras feitas e propiciaram
discussões satisfatórias.
No Fórum: vivenciando a prática, os cursistas tiveram oportunidade de
contribuir com suas experiências, as quais podem aproveitar e aplicar em sua
prática pedagógica.
Os educadores consideraram que se faz necessário, ações pedagógicas
com relação à postura dos educandos, orientando-os na aquisição de
comportamentos favoráveis para a manutenção ou aprimoramento de componentes
do estilo de vida relacionados à saúde. A Educação Física deve promover esse
conhecimento, desenvolvendo uma consciência corporal para que essa mudança de
hábitos e atitudes ocorra.
Considerou-se muito importante esse momento do programa, pois as
práticas e as discussões se aprimoraram com as experiências relatadas.
Materiais e Métodos
Essa pesquisa foi realizada para promover uma conscientização postural
entre os alunos e professores, visto que se observa um descaso com a postura
enquanto fator saúde no contexto escolar.
O trabalho foi desenvolvido com alunos do 9º. Ano “A” do ensino
fundamental do Colégio Estadual João XXIII - EFMN, turno matutino, faixa etária
variando entre 13 e 14 anos, oriundos de classe média e média baixa, contando com
a participação de 31 alunos.
A metodologia de pesquisa utilizada é a de pesquisa-ação, bibliográfica e
qualitativa. Pesquisa-ação, pois oportunizará ações que contribuam na consciência
corporal, proporcionando uma melhoria da qualidade de vida dos alunos;
bibliográfica, pois será realizada fundamentação teórica a respeito da coluna
vertebral, hábitos posturais, exercícios físicos; qualitativa, uma vez que seu objetivo
é obter opiniões antes e depois, sobre a importância e beneficio do respectivo
projeto para a saúde.
Tentamos melhorar ou modificar a consciência dos alunos de que uma
postura correta é uma questão de saúde.
Durante a implementação do projeto “Educaçao Física e Ensino Postural:
Uma relação necessária“, foram desenvolvidas varias atividades com os alunos e
professores, para conhecimento do projeto, realizou-se uma apresentação do tema
com textos, vídeos, pesquisa na internet, com o objetivo de divulgar e despertar o
interesse. Os alunos realizaram uma autoanálise postural observando sua postura
em aspectos específicos, ressaltados pelo professor. No inicio e término do projeto,
foram aplicados questionários diferenciados para professores e alunos sobre a
relevância do tema do projeto.
Os alunos participaram de aulas de alongamentos e fortalecimento
muscular. Finalizou-se o projeto com apresentações sobre o cuidado com a coluna
para turmas dos 6º. e 7º. anos do próprio colégio.
Desenvolvimento das atividades
Na apresentação do tema aos professores, foi observado interesse e,
principalmente uma opinião unânime, de que se faz necessário realizar ações
preventivas referentes à postura dos nossos alunos. Após a leitura do texto “Postura
e Alongamento” ocorreram debates para que fossem esclarecidas as dúvidas. O
objetivo era promover um comprometimento do professor com sua saúde e com a
dos seus alunos. Os professores aceitaram a proposta de atuarem como monitores
de alongamentos nos intervalos das aulas, alguns professores organizaram uma
escala entre os alunos para que eles orientassem os alongamentos, outros
ampliaram essa proposta com outras turmas para que isso fosse possível, assistiram
a um vídeo, e foram entregues figuras de alongamentos como sugestões.
Para os alunos, a apresentação do tema teve o objetivo de instigar e motivar
sobre o projeto, e teve uma resposta excelente. Foi utilizado, slides, debates e
vídeos para a explicação teórica.
Neste momento, foi proposto a organização de um evento, com o tema
“CUIDE DA SUA COLUNA”. Com os grupos divididos foram encaminhados para o
laboratório de informática para pesquisa na internet com as seguintes tarefas:
produzir material informativo sobre postura e má postura, produzir material sobre
desvios posturais para apresentação, produzir paródia referente à postura, e
organizar painéis informativos sobre dicas saudáveis para uma boa postura. Só foi
possível concluir essas tarefas após vários encontros.
A seguir os alunos foram convidados a fazer sua autoanálise postural em
uma sala de espelhos. Para evitar constrangimentos, foram divididos em gêneros. A
análise foi realizada da seguinte maneira: em frente ao espelho observaram se seus
ombros estavam alinhados, 51,61% responderam que sim e 48,39% responderam
que não; na posição lateral ao espelho observaram se o dorso está curvado, 64,52%
que estava um pouco curvado e 35,48% que não; se sua pelve está projetada a
frente 3,22% respondeu que sim, 90,32% que não e 6,46% um pouco; seu glúteo
está projetado para trás, 6,44% responderam que sim 64,52% que não e 29,04% um
pouco. A seguir foi feita a pergunta “quem já sentiu dor nas costas?”, 22,58%
responderam que sim, 12,90% responderam que não e 64,52% responderam que as
vezes e se, afirmativamente, “foi necessário irem ao médico?” 9,68% responderam
que sim e 90,32% responderam que não. Por último “se achava necessário uma
mudança da sua postura”, 96,78% respondeu que sim e 3,22% responderam que
não. As respostas foram marcadas em um questionário aberto. A maioria teve uma
análise compatível à sua postura.
A partir dessa autoanálise, os alunos perceberam a necessidade de
melhorar seus hábitos e atitudes para evitar problemas futuros. O que mais os
incomodam, é ficarem “corcundas”, isso fica evidente mais nas meninas, pois devido
à idade, encolhem os ombros. As meninas apresentam mais desvios de coluna do
que meninos.
Knoplich (1994, p. 09) afirma que:
Em duas oportunidades, por vontade própria, as meninas “entortam” as costas. Uma, quando são muito altas, maiores que os meninos da sua idade, e com isso ficam arqueadas, por timidez ou outros problemas psicológicos. A outra circunstância é quando surgem os seios e a menina, por vergonha, procura esconde-los...
Com a motivação de ter hábitos e atitudes saudáveis para uma boa postura,
foi definido um dia por semana para aulas práticas de alongamentos e fortalecimento
muscular. O resultado foi aumentando a cada semana, com mais empenho em
ultrapassar suas dificuldades e com a observação da falta de flexibilidade para
realizar certos exercícios.
O evento “CUIDE DA SUA COLUNA”, foi realizado no colégio para as
turmas dos 6º. e 7º. anos do turno matutino e vespertino. Os alunos envolveram-se e
atuaram como multiplicadores do conhecimento adquirido de maneira prazerosa,
criativa, visto que os mesmos tinham sua própria forma de comunicação, alcançando
o objetivo de informar sobre o cuidado que devemos ter com a nossa coluna.
O questionário final para os alunos, o objetivo foi observado se houve
alguma melhora da sua postura e diagnosticar se aconteceu a conscientização que
a postura interfere na qualidade de vida.
De acordo com os depoimentos, 70,96% afirmaram que sim, enquanto que
29,04% afirmaram que a melhora foi pequena devido ao pouco tempo do projeto Os
alunos acreditam que houve mudanças na sua postura, esforçam-se em corrigir no
seu dia-a-dia, 100% admitem que a postura interfere, ou poderá interferir em sua
qualidade de vida, que é necessário ocorrer mudanças agora, mas apontam que foi
“pouco tempo”, gostariam que as aulas tivessem continuidade por um período
maior.
Para os professores, foi questionado se perceberam uma melhora da
postura dos alunos, 75% observaram que sim, enquanto 25% não observaram
mudanças. 100% deles acreditam ser necessário um projeto de educação postural
em nossa comunidade escolar.
Os professores se posicionaram a favor do projeto, observaram que os
alunos “tentavam” corrigir a postura, mas acreditam que deveria ter continuidade,
para realmente mudar os hábitos posturais.
Discussão
A alta incidência de problemas posturais no adulto mostra-nos a importância
de um trabalho de base abrangente, atuando principalmente no aspecto preventivo e
educacional, possibilitando a mudança de hábitos inadequados. Braccialli (2000)
afirma que atualmente os problemas posturais atingem uma alta incidência na
população economicamente ativa, incapacitando-os temporariamente ou
definitivamente para atividades profissionais.
A escola sendo um lugar privilegiado para desenvolver ações educativas
promovendo a educação postural como uma questão de saúde, oferece condições
de alertar, orientar, prevenir atitudes e comportamentos prejudiciais, valorizando
hábitos e atitudes saudáveis.
Freire, Teixeira e Sales (2008) sugerem a utilização da imagem fotográfica
como uma estratégia motivadora, é uma forte aliada para um programa de educação
postural, auxiliando para o diagnostico e ou acompanhamento. É um equipamento
de baixo custo, entretanto requer alguns conhecimentos específicos para sua
analise no que se refere aos hábitos posturais.
Saray (1998) reforça a relevância do trabalho teórico, para aumentar o
conhecimento sobre desvios posturais e possíveis causas, entretanto, afirma que:
“Um trabalho teórico pode contribuir no nível de conhecimento, no entanto, não se
pode garantir que apenas com esta contribuição ocorram mudanças de hábitos e
atitudes posturais no cotidiano da criança”. A importância da escola em apresentar
esse conhecimento teórico, promove uma interação conjunta e muito mais
abrangente na comunidade escolar. A partir desse conhecimento, iniciam-se as
práticas corporais e posturais com mais autonomia de seus movimentos.
Para Carneiro, Souza e Munaro (2005) “A ginástica corretiva é a única
forma de ginástica que tem o propósito de reeducar as alterações morfológicas, por
meio de um processo de aprendizagem psicomotora”. Um dos conteúdos
estruturantes é ginástica (DCEs, 2008), o qual pode ser utilizado para disseminar
conhecimentos sobre postura, desenvolvendo uma consciência postural para suas
atividades diárias. Muitos escolares estão incluídos em algumas atividades
desportivas, ocorrendo movimentos repetitivos. Estas estão propensas a
desenvolver desequilíbrios musculares, podendo levar a desvios posturais, como por
exemplo, a escoliose.
De acordo com Kramer apud Braccialli (2000, p.167), a utilização de
intervalos e mudanças de posturas, contribui para manter uma boa hidratação do
disco intervertebral. Acredita-se que variações periódicas de posturas, aliviam a
pressão que os discos sofrem, esta é a razão da importância da diversificação e
movimentação dos alunos, durante o período que passam na escola.
O respectivo estudo teve o objetivo, em curto prazo, ensinar aos alunos,
informações básicas sobre anatomia, biomecânica e fisiopatologia de dores na
coluna vertebral, hábitos corretos quando estiverem sentados, deitados, em pé, ou
transportando peso, como, por exemplo, suas pesadas mochilas e, destacando a
importância do exercício físico para sustentar e equilibrar adequadamente o nosso
corpo. E a longo prazo, desenvolver uma consciência de uma postura adequada na
infância e na adolescência, o que consequentemente proporcionará ao adulto, uma
melhor qualidade de vida. Níveis adequados de força muscular são importantes para
um bom funcionamento músculo-esquelético e contribuem para preservação da
musculatura bem como das articulações ao longo da vida. Por outro lado, baixos
níveis desta variável, vão gradativamente dificultando a realização de diversas
tarefas cotidianas (Glaner, 2003). A atividade física preserva a musculatura
proporcionando condições favoráveis para um corpo se desenvolver
harmoniosamente, visando uma vida saudável e com qualidade.
Para tanto, o professor deve estar comprometido com a formação dos
alunos oferecendo sua contribuição, avaliando, discutindo, prevenindo, intervindo e
alertando sobre problemas posturais na fase escolar e, a falta de atividade física
pode implicar num futuro bem próximo problemas posturais que só poderão ser
tratados clinicamente.
Braccialli (2000) diz que concomitante com testes realizados, possibilitando
um acompanhamento do desenvolvimento e do crescimento da criança, se faz
necessário:
... conscientizar os profissionais da educação sobre a importância da detecção precoce de afecções posturais, principalmente se considerarmos o enorme potencial adaptativo das estruturas relacionadas a postura durante o período de crescimento.
E importante ressaltar a importância de a primeira intervenção ser de
sensibilização e conscientização dos professores em relação aos diversos fatores
que interferem ao desenvolvimento normal da postura do aluno e os meios eficazes
de prevenção, pois o professor cumpre um papel importante no processo de
desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente. Sendo que o professor
de Educação Física é o primeiro a promover conceitos posturais e o único a ser
habilitado para tal conhecimento no âmbito escolar.
Destaco a necessidade de o mobiliário escolar ser adequado ao aluno, pois
é um elemento da sala que influi no desempenho, segurança conforto e, em diversos
comportamentos dos alunos. A proposta para minimizar o problema foi de atividades
intervaladas, pois infelizmente temos a consciência que este problema não será
resolvido nas escolas públicas a curto prazo. A adaptação ergonômica aos
estudantes de acordo com a idade e a série, é o grande diferencial das escolas
preocupadas com a formação de seus alunos.
Para Reis, Tirloni e Ramos(2011):
“Diante do exposto, é possível afirmar que o professor de Educação Física na escola poderia contribuir para a prevenção de distúrbios ósteo-musculares ao incluírem princípios da ergonomia entre os objetivos a serem atingidos na sua atuação. Entre esses princípios destaca-se a análise detalhada do contexto educacional, incluindo o ambiente escolar (salas de aula e mobiliário escolar) e o deslocamento escola-casa (transporte do material escolar, marcha e postura em pé e sentada em veículos), para a identificação de possíveis fatores que possam afetar o desempenho, a segurança, o conforto e o comportamento dos alunos”.
A Educação postural deve ser contínua, e se conseguirmos abranger todo o
ambiente escolar, o resultado será de uma geração futura consciente de suas ações
sobre seu corpo. Sabe-se da importância que uma boa postura é muito mais do que
melhorar a aparência, a má postura afeta a saúde em geral, prejudicando sua vida
profissional e social, ela é uma adaptação de cada um ao seu meio social com suas
atividades do dia-a-dia. Podendo ser causada por vários fatores como, ambientais,
funcionais ou estruturais.
Braccialli (2000) considera: “... a escola talvez seja o local ideal para iniciar
este tipo de trabalho”. Atendo ao fato que a escola é visto como um ambiente
propicio para o desenvolvimento humano onde o aluno recebe orientação e
formação e permanece um longo período da sua vida. (FALSARELLA et al., 2008). É
fundamental a participação conjunta de toda comunidade escolar, pois um programa
de educação postural não se torna possível com ações imediatas, elas devem ser
estruturadas, planejadas em várias etapas, visando atingir metas a curto, médio e
longo prazo e principalmente se faz necessário, um professor comprometido às
questões sociais e com uma participação ativa. Acredita-se que esta ação, inicie-se
através de sensibilização e conscientização.
Uma Educação Física Escolar que tenha, incorporada a sua proposta
pedagógica, uma Educação Postural, promovendo através de ações pedagógicas
conteúdos planejados e diversificados proporcionando um maior conhecimento
sobre o corpo, a coluna vertebral, desvios posturais, priorizando a aquisição de
hábitos e posturas adequadas, colaborando com a prevenção de problemas
posturais futuros.
Não devemos simplesmente identificar, determinar e corrigir e sim orientar,
valorizar, interagir valorizando e compreendendo as individualidades. Só é possível
mudar ou amenizar os problemas posturais se houver um comprometimento de
todos os segmentos da comunidade escolar, pois esse processo deve ser continuo,
a dificuldade é grande, mas a nossa responsabilidade como educadores é muito
maior.
Conclusão
A implementação da proposta pedagógica “Educação Física e Ensino
Postural: Uma relação necessária” foi realizada no Colégio Estadual João XXIII
EFMN, com o 9º. ano do ensino fundamental e, ocorreu de forma tranquila e
satisfatória, sendo que se observou um crescimento na aprendizagem sobre a
coluna vertebral, importância da postura para a saúde, desvios posturais e
principalmente a conscientização sobre a importância dos cuidados que devemos ter
com a postura para nossa qualidade de vida.
Esta tarefa não é individual e sim coletiva e deve envolver toda a
comunidade escolar. Vale ressaltar que toda ação educativa deve ser um processo
contínuo.
Muitos problemas posturais ocorrem no período de crescimento e
desenvolvimento corporais, ou seja, na infância e na adolescência, portanto
devemos estar atentos durante essas fases. Os alunos estão sujeitos a
comportamentos de risco para a coluna, como a utilização de mochilas pesadas. O
crescimento exagerado, também merece atenção, pois muitas vezes faz com que os
adolescentes fiquem curvados, por vergonha.
Observa-se que a criança e o adolescente merecem atenção especial em
relação ao assunto, pois estão sujeitos a desenvolverem alterações na coluna
vertebral como hiperlordose, hipercifose e escoliose, que se não forem identificadas
precocemente podem se tornar definitivas na vida adulta.
No contexto escolar a avaliação postural é meramente vista como um
instrumento de avaliação, mas deveria ser vista como um instrumento didático,
estimulando e desenvolvendo a partir daí, uma prática reflexiva sobre atitudes,
valores, promovendo a saúde na escola.
A Educação Física deve repensar sobre suas ações didático-pedagógicas
em relação à Educação Postural, quando é pontuado “a escola é importante espaço
onde a educação em saúde é processada”, pois é possível enfatizar
metodologicamente o quanto de benefícios isso trará para uma pessoa consciente,
de um corpo que interage e se compreende. A qualidade de vida é uma continuidade
dessa compreensão, considerando que os hábitos saudáveis devem prevalecer ao
longo da vida, e o grupo que apropriar-se desse conhecimento conscientizar-se-á
dos benefícios que essa prática proporciona.
O grande problema está nas atitudes. Devemos proporcionar momentos de
reflexão sobre a educação postural, para que aconteça mudança de hábitos e
atitudes, contribuindo assim para a proposta educacional necessária. Esta tarefa não
é individual e sim coletiva, deve envolver pais, alunos, professores, funcionários e
toda a comunidade escolar.
Referências
BRACCIALLI, L.M. P; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.2 n.14, 159- 171, 2000.
CARNAVAL, P.E. Medidas e avaliação em ciências do esporte. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1995.
FALSARELLA, G.R.; BOCALLETO. E.M.A.; DELOROSO, F.T.; CORDEIRO, M.A.S.C. Postura Corporal e qualidade de vida na escola. In: VILARTA, R.; BOCALLETO, E.M.A.; Atividade Física e Qualidade de Vida na Escola: Conceitos e Aplicações Dirigidos a Graduação de Educação Física. Campinas, IPES, p. 75-83, 2008.
FERNANDES FILHO, José. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2 ed. Rio de janeiro: Shape, 2003.
GLANER, M.F. Importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.5, n.2, p.75-85, 2003.
GUEDES, D. P. & GUEDES, J. E. R. P. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro, 1997.
GUEDES, D. P. & GUEDES, J. E. R. P. Subsídios para implementação de programas direcionados à Promoção da Saúde através da Educação Física Escola. Revista APEF Londrina. v. 8, n. 15, p. 3-11, 1993.
NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 2 ed. Londrina: Midiograf, 2001.
KNOPLICH, José. Endireite as costas, desvios da coluna e exercícios de prevenção. 4ª edição, São Paulo: Ibrasa, 1994.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná: Educação Física, 2008.
REIS, Diogo Cunha dos. TIRLONI, Adriana Seara. Ramos, Eliane. O papel do professor de Educação Física na difusão de princípios ergonômicos na escola, disponível em: http://www.efdeportes.com/efd153/difusao-de-principios-ergonomicos-na-escola.htm , acesso em 17/06/2012.
SARAY, Giovana dos Santos. Educação Postural mediante um trabalho teórico, disponível em: http://www.sbafs.org.br/_artigos/200.pdf, acesso em 17/06/2012.
VERDERI, Érica. A importância da avaliação postural. Disponível on line via: http://www.efdeportes.com/efd57/postura.htm.
VERDERI, Érica. Educação Postural e Qualidade de Vida. FEFISO/ACM.Ano: 2002 Disponível on line via: http://www.programapostural.com.br/ acessado 10/02/2011.
VERDERI, Érica. Programa de Educação Postural. 2ª. ed. São Paulo: Phorte, 2008.