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  • EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: AS CONTRIBUIES DE PAULOFREIRE1

    Vera Lucia Pereira da Silva Moura2

    Prof (a). Maria Luiza A. A. Serra3

    RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo apresentar a experincia de Paulo Freire na alfabetizao deadultos, destacando as mudanas ocorridas na Educao de Jovens e Adultos (EJA) ao longoda histria, de modo a conhecer o sujeito adulto que procura ou d continuidade aos seusestudos nessa fase. A pesquisa tomar por fundamento autores como Freire (1980), (1987), Gadotti(2013) e Pelandr (1998), que trazem discusses fundamentais para o desenvolvimento do trabalho. Atrajetria da Educao de Jovens e Adultos no Brasil est relacionada com a prpria histria daeducao e, sua consolidao como modalidade de ensino marcada por uma srie de acontecimentose aes. Neste cenrio, o educador Paulo Freire surge como uma referncia na Educao de Jovens eAdultos, atravs de sua proposta de alfabetizao, inovadora para o contexto da dcada de 1960. Comesse estudo pretende-se na medida em que desenvolvemos o nosso objetivo, conhecer sobre a pessoade Paulo Freire, seu mtodo e suas aes na EJA.

    PALAVRAS-CHAVE: 1 Histria. 2 Educao de Jovens e Adultos. 3 Paulo Freire.

    _________________________

    INTRODUO

    O interesse em estudar este tema surgiu com os debates sobre a Educao de

    Jovens e Adultos promovidos pelo Conselho Municipal de Educao de Londrina, onde sou

    conselheira, representando o segmento do ensino superior. Diante dessa temtica, o trabalho

    parte do seguinte problema de pesquisa: Quais as contribuies do educador Paulo Freire para

    a Educao de Jovens e Adultos?

    A principal finalidade do trabalho apresentar as influncias de Paulo Freire na

    alfabetizao de adultos, mas buscamos tambm mostrar as mudanas ocorridas em torno da

    Educao de Jovens e Adultos ao longo da histria e conhecer quem o sujeito adulto que

    procura ou d continuidade aos seus estudos nessa fase. Sua justificativa se reflete em

    1 Trabalho de concluso do curso de ps-graduao a distncia lato sensu em Educao de Jovens e Adultos(EJA), pela Universidade Catlica Dom Bosco. 2014.2 Graduada em Pedagogia pela Universidade do Oeste Paulista, Mestre em Educao pela Universidade Federaldo Paran. Pedagoga da Rede Estadual de Educao do Paran. E.mail: [email protected] Professora da UCDB Virtual. Orientadora do Trabalho de concluso de curso de ps-graduao latu senso emGesto Escolar. Campo Grande/MS. E.mail: [email protected].

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    reconhecer uma educao compatvel e de qualidade para esse pblico especfico. Do ponto

    de vista metodolgico, o trabalho compreende a pesquisa bibliogrfica e sua estrutura divide-

    se em trs partes, alm da introduo e consideraes finais.

    Na primeira parte buscamos traar os aspectos histricos da Educao de Jovens e

    Adultos no Brasil, desde o perodo colonial at a dcada de 60. Em seguida, sob um breve

    retrospecto apresentamos os programas e campanhas que permearam a luta contra o

    analfabetismo. Concluindo o primeiro captulo, relatamos sobre a revoluo em Angicos, que

    foi uma experincia cujo objetivo era alfabetizar cerca de 300 trabalhadores jovens e adultos.

    A coordenao desse projeto ficou a cargo de Paulo Freire com a utilizao de sua

    metodologia criada no incio da dcada de 1960. Vale ressaltar, que essa experincia com

    alfabetizao de adultos no foi primeira de Freire, mas certamente foi a que mais o

    destacou.

    Ainda, na segunda parte buscamos mostrar os fundamentos da concepo

    pedaggica de Paulo Freire, suas fases de elaborao de aplicao e, apresentando os pontos

    mais importantes da vida pessoal, profissional e educacional do referido autor.

    Posteriormente, mencionamos o conceito de emancipao e sua relao com a educao nas

    obras de Freire. Por sua vez, na terceira parte procuramos apresentar a organizao da

    Educao de Jovens e Adultos na atualidade bem como mostrar as caractersticas e desafios

    dos sujeitos que buscam esta modalidade de ensino.

    O presente estudo contribuiu para uma reflexo sobre o trabalho em turmas da

    Educao de Jovens e Adultos, no sentido de se pensar sobre uma prtica pedaggica

    condizente a formao desses sujeitos. Atravs da pesquisa realizada sobre a Educao de

    Jovens e Adultos no Brasil, foi possvel evidenciar que a sua trajetria marcada por muitas

    transformaes, com importantes conquistas na legislao.

    1 ASPECTOS HISTRICOS DA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO

    BRASIL

    Por meio desta investigao percebemos que a histria da Educao de Jovens e

    Adultos no Brasil acompanha o prprio desenvolvimento da educao que, por sua vez, est

    relacionada aos modelos econmicos e polticos vigentes em cada perodo. Desta forma,

    diante do movimento dessas relaes preciso refletir sobre os diferentes acontecimentos na

    histria da educao para entendermos o desencadeamento no processo da educao para

    jovens e adultos.

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    Adentrando na histria da educao do Brasil, verificamos que no perodo

    colonial as escolas existentes privilegiavam as classes mais abastadas, a classe de baixo poder

    aquisitivo no tinha acesso ao ensino escolar. Neste perodo a educao ficou a cargo dos

    jesutas, que se dedicavam a duas tarefas fundamentais, a pregao da f catlica e o trabalho

    educativo. Nesse contexto, fazia parte do processo educacional o ensino da escrita e da leitura

    das crianas. Vale lembrar que os adultos indgenas tambm foram submetidos a essa ao

    cultural e educacional e por mais de dois sculos a educao se desenvolveu nessa conjuntura.

    Mais tarde, quando expulsos do Brasil pelo marqus de Pombal em 1759, a

    educao entra em conflito, pois ao acabar com os colgios jesutas um enorme vazio se abriu

    na educao portuguesa e de suas colnias, ou seja, a expulso dos jesutas significou o fim

    do nico sistema de ensino que existia nessa poca. A mudana educacional de Pombal tirou a

    educao at ento responsvel aos jesutas e passou o compromisso para o Estado, assim no

    lugar das escolas jesuticas, uma srie de aulas rgias de Latim, Grego, Filosofia e Retrica

    foram instaladas no Brasil colnia. Essas aulas eram autnomas, sem sequncia e designadas

    especialmente aos filhos dos colonizadores portugueses, excluindo a populao negra e

    indgena.

    As primeiras iniciativas das reformas educacionais, com relao ao pblico

    adulto, ocorrem no Brasil Imprio indicando a necessidade da oferta de ensino para adultos

    analfabetos. Em 1879, Lencio de Carvalho desenvolvia a funo de Ministro dos Negcios

    do Imprio e foi atravs do Decreto n. 7.247 que ele estabeleceu uma reforma da educao

    com modificaes nos ensinos primrio, secundrio e superior. O Decreto possua vinte e

    nove itens dentre eles [...] o oferecimento de cursos para adultos analfabetos. [...]. (MELO;

    MACHADO, 2009, p. 297).

    A partir da primeira Constituio Brasileira (1824) procurou-se oferecer um

    sentido maior para a educao, garantindo no art. 179 a instruo primria gratuita a todos os

    cidados. Entretanto, a lei no se fez presente na prtica, fato que ocorreu segundo

    Scortegagna e Oliveira (2006), por dois motivos; primeiro porque a elite quem possua

    cidadania, ou seja, uma pequena parte da populao, e segundo porque a responsabilidade que

    coube as Provncias na proposta da educao bsica no foi colocada em ao, assim o

    governo imperial continuou responsvel pela educao das elites, limitando o ensino formal

    s classes mais abastadas.

    Dez anos depois, em 1834, entrou em vigor o Ato Adicional, o qual foi inserido

    na mesma Constituio. De acordo com a emenda tornou-se competncia das Provncias

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    legislar e promover a instruo pblica, no compreendendo as faculdades de medicina, os

    cursos jurdicos e academias atualmente existentes. (Art. 10, 2).

    Na passagem do Imprio para a Repblica, novamente a educao foi colocada

    em debate, pelo fato de ser considerado um meio importante no desenvolvimento da

    sociedade brasileira, acreditava-se na possibilidade da educao colaborar para o progresso e

    buscava-se o aumento dos eleitores para responder os interesses das elites.

    A educao ganhava novos impulsos sob a crena de que seria necessrioeducar o povo para que o pas se desenvolvesse, assim como para participarpoliticamente atravs do voto, que se daria por meio da incorporao daenorme massa de analfabetos. (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2006, p. 4).

    Percebemos no incio do sculo XX, com o desenvolvimento industrial, que a

    valorizao da educao de adultos passou por um processo ainda inibido, pois esse

    reconhecimento surge a princpio como um sentido de preocupao com o desenvolvimento

    da sociedade do que com a prpria educao do cidado.

    Com a falta de polticas slidas voltadas para a educao de adultos, em 1940

    comeou-se a identificar dados significativos de analfabetismo no pas. De acordo com

    Scortegagna e Conceio (2006, p. 04), o pas nessa poca estava vivendo a agitao poltica

    da redemocratizao. Desta forma, a criao da Organizao das Naes Unidas para a

    Educao, Cincia e Cultura (UNESCO)4 vem colaborar com clareza, nos debates e aes

    sobre o analfabetismo e a educao dos adultos, principalmente nos pases em

    desenvolvimento. A orientao da UNESCO perante esses pases era de acabar com o

    analfabetismo atravs de programas de alfabetizao. Diante dessa manifestao, em 1947, o

    governo apresenta a 1 Campanha Nacional de Educao de Adultos.

    A Campanha de Educao de Adultos pretendia-se numa primeira etapa,uma ao extensiva que previa a alfabetizao do curso primrio em doisperodos de sete meses. Depois seguiria uma etapa de ao emprofundidade voltada capacitao profissional e ao d