EDUCAR para desvendar sua época.

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Construir o novo plano nacional de educação Ouro Negro: educadores devem lutar pelo Pré-sal Edição semestral número 1 outubro 2009

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Revista informativa voltada para a educação no ensino básico. Produzida pelo Sintepe.

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Construir o novo plano nacional

de educação

Ouro Negro: educadores devem lutar pelo Pré-sal

Edição semestral número 1 outubro 2009

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Marcha Estadualda Educação em Defesa

da Escola Pública • Assembleia do Sintepe no IEP, às 14h• Concentração de pais e estudantes no Parque 13 de Maio, a partir das 14h com atrações culturais.

Dia 20 de outubro de 2009

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DIREÇÃO

PRESIDENTE: Heleno Manoel Gomes de Araújo Filho

VICE PRESIDENTE: Maria Antonieta da Trindade Gomes Galvão

SECRETARIA GERAL: Marinalva Gomes da Silva Lourenço

Valéria Conceição da Silva

SECRETARIA DE FINANÇAS: José Fernando de Melo

Wilson de Souza Macêdo

SECRETARIA DE FORMAÇÃO POLÍTICA SINDICAL: Rita de Cássia Filgueiras Barreto

Washington Carvalho Buenos Aires

SECRETARIA PARA ASSUNTOS EDUCACIONAIS: Cleidimar Barbosa dos Santos

José Valdênio Bezerra de Carvalho

SECRETARIA DE FILIAÇÃO E PATRIMÔNIO: João Alexandrino de Oliveira

Pedro Noé Batista da Silva

SECRETARIA PARA ASSUNTOS DOS/AS APOSENTADOS/AS:

Severina Moreira Porpino Antonia Pereira Cavalcanti

SECRETARIA PARA ASSUNTOS MUNICIPAIS: Dilson José Marques Guedes

Paulo José de Barros Filho

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO: Zélito de Oliveira Passavante

Rossana Pereira Moura

SECRETARIA PARA ASSUNTOS DO INTERIOR: Edeildo de Araújo Silva Filho

José Agripino Pereira

SECRETARIA DE POLÍTICAS SOCIAIS: João Soares da Silva

William Menezes dos Santos

SECRETARIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS E DE LEGISLAÇÃO:

José Severino de BarrosJosé Ivo Silva

SECRETARIA PARA ASSUNTOS DE GÊNERO:Simone de Fátima Vasconcelos Ferraz

Geny Maria Aguiar Neves

SUPLENTES Paulo Roberto Batista da Rocha

Rosane Maria Peixoto de MendonçaNoel Fereira de Albertim

Carlos Antônio de VasconcelosRoza Maria Pedra Rica dos Santos M. Falcão

Com a modernidade dos meios de comunicação é imprescindível que os profissionais de educação tenham um instrumento para enfrentar a enorme carga de estímulos midiáticos que recebem, onde predomina a visão “pós-moderna” de que a educação é um problema gerencial e basta a participação do empresariado para ficar às mil maravilhas.

Uma pergunta recorrente há décadas: A educação está em crise? A resposta desde a fundação da República: SIM. Mas, por que isso ocorre? Porque o Estado brasileiro não conseguiu distribuir as riquezas de modo a reduzir a desigualdade social, onde um rico, no Brasil, leva apenas 3 dias para gastar o que um pobre gastará em um ano. Enquanto existir uma criança ou adolescente fora da sala de aula, não há igualdade de oportunidades.

A revista do Sintepe atualiza o papel do sindicato como indutor do debate pela educação de qualidade social. A publicação busca links entre demo-cracia, política, ensino, educação, professor, profissionais da educação e a sociedade civil organizada, a cobrarem dos governantes o investimento de 10% do PIB dos governos federal, estadual e municipal. Uma reivindicação histórica do movimento social.

Nossa intenção é ajudar a desvendar uma época complexa de contrastes, entre o avanço tecnológico e a grande massa de desempregados, entre a destruição do meio ambiente e o surgimento de técnicas que podem salvá-lo.

A encruzilhada entre o capitalismo e uma nova sociedade, nos obriga a lutar por mudanças. Precisamos Educar – para desvendar nossa época – e construir um novo florescer para humanidade.

Secretaria de Comunicação do SintepeZélito Passavante, Rossana Moura e Paulo Rocha.

APRESENTAÇÃO

Conselho Editorial Heleno Araújo, Antonieta Trindade, Cleidimar Barbosa, Valdênio Carvalho, Zélito Passavante e Rossana Moura.

RedaçãoAnna Maria Salustiano Mellyna Reis - DRT/PE 4254

Colaboração Nataly Queiroz

Direção de ArteStanley Araújo e Zélito PassavanteDiagramaçãoStanley Araújo

Ilustrações Marcelo Figueiredo

AnúnciosJosévio Anacleto

Contatos www.sintepe.org.br [email protected]

Telefone(81) 2127.8860 - 2127.8861

EXPEDIENTE

Índice

04. A educação e opiso salarial profissional.06. 15 de outubro:um dia para reflexão.08. Educadores pernambucanos semreajustes nos salários.09. Conheça o Profuncionário.10. Envelhecendo com Dignidade.11. Sintepe na Bienal.12. Gênero, você sabeo que significa?

14 - Especial: Política Educacional.

20. Entrevista.22. Ouro Negro:uma luz no fundo mar.24. Voz: não estragueessa ferramenta.26. ENEM 2009: terá melhorado o ensino público?27. Em busca da valorização profissional.28. Cultural: Mercado público, local de resistência.

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A Constituição Brasileira estabelece que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da socie-dade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o tra-balho. A sociedade brasileira tem, ainda, um longo caminho a percorrer no que diz respeito à formação cidadã e escolar.

Para garantir o direito de todos à edu-cação, precisamos democratizar o acesso, a permanência e aprendizagem com qualidade. O cenário vivenciado no país não é animador. Mais de 14 milhões de pessoas analfabetas; número de creches insuficientes para atender a demanda da classe trabalhadora; escolas com infraes-trutura inadequadas para as crianças da pré-escola; quase um milhão de crianças e adolescentes de 6 aos 14 anos de idade estão fora das escolas. Além das distorções idade/série no ensino médio e o baixo investimento, mantém o antigo funil na

passagem da educação básica para a educação superior; o projeto de desprofis-sionalização e desvalorização dos profis-sionais da educação, aplicado com afinco desde 1971, apresenta seus frutos: baixos índices de aproveitamento escolar em todos os níveis e modalidades de ensino. O país não colocou na prática, a educação como política prioritária para o desenvolvimento econômico e social.

A mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação e as vitórias do presidente Lula nas duas últimas eleições, apresentam oportunidades e possibilida-des de mudanças no projeto de educação para o Brasil: programa de alfabetização com recursos conveniados entre as esferas de governo, tendo como objetivo garantir à continuidade dos estudos nas salas de aulas da educação de jovens e adultos; debates sobre as diretrizes para educação infantil, ensino fundamental de nove anos e ensino médio integrado com a educação profissional; os programas de profissio-nalização para as turmas de educação de jovens e adultos; a transformação do fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e valorização dos profissionais do magistério (FUNDEF) pelo fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica e valorização dos profissionais da educação (FUNDEB); o programa de formação continuada para os funcionários de escola (PROFUNCIO-NÁRIO); a política nacional de formação para os profissionais do magistério; as Leis 11.738/08 e 12.014/09 que tratam respec-tivamente da criação do Piso Salarial Pro-fissional Nacional do Magistério Público da Educação Básica e o reconhecimento dos Funcionários de Escola como Profissionais da Educação.

São demonstrações de um novo momento na história da educação brasi-leira, porém, insuficientes para garantir a determinação constitucional. Logo, a nossa

Aeducação e o Piso Salarial Profissional Nacional

Foto: João Carlos Mazella

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luta deve continuar firme, no propósito de avançarmos com o projeto de educação participativo, emancipado, democrático, que atenda plenamente o que estabelece o artigo 214 da Constituição Federal: A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando a articula-ção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à:

I - erradicação do analfabetismo;II - universalização do atendimentoescolar;III - melhoria da quali-dade do ensino;IV - formação para o trabalho;V - promoção humanís-tica, científica e tecno-lógica do País.

Para avançar na construção deste pro-jeto, é de fundamental importância que os pro-fissionais da educação estejam envolvidos ple-namente na sua formu-lação, sejam os atores e atrizes responsáveis para animar e motivar toda a comunidade escolar.

Nesse sentido, a Lei 11.738/08 de 16 de julho de 2008, que regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, é um dos instrumentos necessários para elevar a autoestima e promover a valorização dos profissionais da educação.

A Lei do Piso Nacional do Magistério Público da Educação Básica determina o

valor R$ 950,00 para formação em nível médio, na modalidade normal; traz o con-ceito de Piso - é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 horas semanais; caracteriza quem são os profissionais do magistério com direito ao piso nacional e à carreira na profissão.

Aplicar integralmente a lei do piso é o compromisso que cada ente federado deve assumir no debate sobre o Sistema Nacio-nal de Educação (SNE) que está ocorrendo nas etapas da Conferência Nacional de Educação (CONAE).

A CNTE entende que, para alcançar o direito à educação e à valorização dos pro-fissionais o Sistema Nacional Articulado de Educação deve, necessariamente, conferir qualidade social ao aprendizado, empregar

caráter sistêmico às políticas educacionais e universalizar as matrículas da educação pública regular.

Um desafio de peso para o SNE refere-se à elevação do percentual do Produto Interno Bruto (PIB), investido em educação 7% pelo Plano Nacional de Educação (PNE) oficial e 10% (durante um período do plano decenal) requerido pelo PNE da sociedade. Hoje, no Brasil, estima-se que sejam destinados 4,6% do PIB para a educação. É preciso que o mesmo esforço incipiente do governo

federal, traduzido na complementação ao FUNDEB, nas políticas nacionais de formação profissional, na expan-são da rede de escolas técnicas e tecnológicas e no aumento das matrículas do ensino superior, entre outros programas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), seja perseguido pelos entes da federação, que administram a educa-ção básica. Sem que se eleve o percentual do PIB, poucos serão os avanços efetivos que o SNE poderá proporcio-nar à educação pública.

Do ponto de vista do movimento social,

o desafio requer consolidar a Conferência Nacional de Educação como instância máxima de deliberação social sobre as polí-ticas educacionais, e construir mecanismos, à luz da nova realidade brasileira, que con-duzam à consolidação do Sistema Nacional Articulado de Educação (democrático) e à construção do novo Plano Nacional de Edu-cação, a vigorar de 2011 a 2021.

Sigamos sempre firmes na luta, pela construção de um mundo melhor.

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O educador além de ensinar português, história, matemática, possibilita aos alunos conhecer direitos e deveres ampliando o conhecimento dos futuros cidadãos. No Dia do Professor, 15 de outubro, comemora-se o respeito à profissão. Mesmo com as dificulda-des de uma infraestrutura incompleta, falta de segurança e baixos salários, o professor tem o que comemorar no seu dia.

O papel do educador ultrapassa fron-teiras e escreve na história um conceito, a constante busca de conhecimento, habilida-des e atitudes em resultados, criando novos valores para serem investidos na formação moral, ética e social do aluno.

Maria Alice Calado tem 49 anos, é profes-sora há mais de 30 e hoje ensina na Escola Deanna Clarck, em Olinda. Ela acorda cedo todas as manhãs e não titubeia ao respon-der onde encontra motivos para isso. “Na plena convicção de um compromisso sério que somente a sabedoria é capaz de nos dar razões para viver e inventar caminhos preciosos para percorrer em sala de aula, o mínimo do tempo necessário”, ressaltou.

Entre tantas vozes dos trabalhadores em educação, o professor Elisomar Cardoso, fez questão de expor o pensamento “O dia do professor é uma data simbólica, sem efeito”.

Aí está à importância do sindicato, atra-vés da entidade reafirma-se a necessidade do cultivo do hábito de sonhar e a preser-vação da esperança de que se alcançará por meio da participação de todos, uma socie-dade mais justa e democrática.

O Sintepe faz uma homenagem ao tra-balhador em educação diariamente, através das lutas pelas conquistas dos direitos de cada profissional. O caminho é árduo, mas

existe por parte da entidade compromisso em respeitar a categoria.

Compartilhando da mesma ideologia do educador Paulo Freire, o sindicato deixa essa frase para os trabalhadores refletirem “O meu discurso a favor do sonho, da utopia, da liberdade, da democracia é o discurso de quem recusa a acomodação e não deixa morrer em si o gosto de ser gente, que o fatalismo deteriora” (FREIRE, 2001, p. 85).

Pesquisa – Em julho de 2009,

nos EUA, Brasil e Europa, foi reali-zada uma pesquisa para saber quais são as profissões mais confiáveis. No Brasil, os professores apareceram em 4°

lugar, com 81% dos votos. A pesquisa deixou clara, pela primeira vez, o problema da infraestrutura, e descaso da administração pública. A nível mundial, os professores fica-ram na segunda posição, mostrando que a importância dada a educação pode medir o grau de desenvolvimento de um país.

Saiba mais – Em 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I, outorgou a primeira Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. O decreto tornou-se marco na educação imperial, de tal modo que passou a ser a principal referência para os docentes do primário e ginásio nas províncias. Em 1963 a data foi lembrada e decretou-se o Dia do Professor.

um dia para reflexão

“Educação é sobretudo, formar autonomia crítica

e criativa do sujeito histórico

competente”Professor Pedro Demo

15 de outubro,

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Investimento público em educação é mais significativo ao aumentar o número de matrícula e enfrentar a crise econômica universal, de acordo com a Educação Inter-nacional (EI), a união global das federações que representam 30 milhões de professores e trabalhadores da educação de 172 países.

Reagindo à mais recente edição da OCDE, que informa a Educação para Glance (Olhar de Relance), a EI concorda que o investimento em educação é uma inteligente estratégia na face da economia no centro da cidade. Porém, a ênfase pode ser em um investimento público na educação quanto um bem público, não privado, baseado no lucro, diz o secretario geral da EI, Fred van Leeuwen. A reportagem revela o distúrbio na direção do investimento público e na direção privada de investimentos em educação, especialmente na infância e na universidade.

Baseado nisso, as estatísticas indicadoras monitoradas pela OCDE e parte dos países, Educação na Glance, conclui que, alcan-çando os altos índices da educação, aumenta a expectativa de vida, salários, melhora a saúde e reduz os riscos de desemprego.

EI considera que a reportagem pode ser avaliada referindo-se às ações políticas e a direção que o mundo está tomando. Porém,

as políticas são baseadas em paradigmas individuais e oportunistas, seja qual for à diferença com EI no que diz respeito à filo-sofia da união solidária e a larga missão da promessa de justiça social através do acesso universal à educação pública de qualidade.

“Enquanto a OCDE vê a educação como prioridade para o problema do benefício individual, nós das EI acreditamos que o investimento em educação não é só uma chance para economia, mas para o social e a moral imperativa crucial para a democracia”, diz Van Leeuwen.

Ele adiciona que é importante ter em mente os dados mais recentes da reportagem de 2007, eles não refle-tem a real situação sobre o financia-mento e a crise econômica.

Dados recentes coletados pela Educação Internacional mostraram que os salários dos professores estão sofrendo profundos cortes nos países da OCDE, especialmente na Europa Central e Oriental. O mais severo ocorreu em Latvia, quando os professores tiveram um corte nos salários de aproximadamente 50%. Em face à escassez crescente de professor no mundo, os governos têm a obrigação de selecionar e manter a qualidade dos

profissionais, diz Van Leeuwen. Ele critica os honorários em relação à

educação privada. “Não podemos esquecer que na Finlândia, Noruega e Suécia – países com as melhores universidades - não utili-zam os honorários no ensino”, ele diz.

“É uma evidência poderosa com valor de abrir portas do aprendizado para todos”, conclui.

A Education Internacional é a união global das federações

que representam trabalhadoresda educação

de 172 países.

investimento públicona educação é essencialpara recuperação da economia

Maior

Texto publicado em inglês no site www.ei-ie.org

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Mesmo com a aprovação da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional, no dia 16 de julho de 2008, os professores pernambuca-nos não viram melhorias em seus salários. Os profissionais daqui são os mais mal pagos do país. Pensando em reverter o quadro, o Sintepe entregou ao Governo uma pauta de reivindicação da categoria.

O governo do Estado insiste em ações antissindicais e em minimizar o papel do movimento sindical, especifi-camente o Sintepe. A ação que resul-tou em cortes de ponto, demissões e dois processos administrativos, tem como base as instruções do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG).

O Instituto gerencia e constrói um sistema de gestão para os governos em um formato empresarial. A história dos responsáveis pelo INDG é que vai melhorar a gestão pública brasileira. O Instituto tem como meta controlar as escolas, via o empresariado e aumen-tar metas numéricas. A atual fase da implantação submete professores à postura conservadora, à perda de

direitos e a não participação da greve.As escolas indígenas de Pernambuco

também estão sofrendo com o descaso das autoridades. Os alunos ficaram semanas sem aula porque o governo não pagou o transporte escolar. O Estado não cumpre com o papel social e quer passar para uma empresa as suas responsabilidades.

Campanha Salarial não terminou – Em Pernambuco, o governo adotou posturas contrárias à democracia, indo de encontro à constituição brasileira, no artigo 9°, que assegura a greve como um direito do tra-balhador. Em períodos de paralisações e mobilizações, o diálogo é a saída para que se consiga conviver com as diferenças. Ao

invés de priorizar mesas de negocia-ção, foi aberto conflito com a catego-ria.

O governo deixa claro as duas visões do Estado. Uma é passada para os empresários e outra para a popula-ção. Na primeira, a visão promissora de que está tudo caminhando bem e para a educação, alega a crise mun-dial, como fator para o não reajuste do piso salarial.

Diante de todas as dificuldades, o Sintepe vai continuar lutando por melhores salários e por uma verda-deira valorização profissional. Nesse momento, a certeza é uma só, a cate-goria vai continuar firme na luta pela implantação integral do piso.

Educadorespernambucanos sem reajuste nos saláriosA categoria vai continuar lutando para que o pagamento seja feito de acordo com o valor inicial da carreira

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o Profuncionário

O Profuncionário é um curso à distân-cia e presencial, em nível médio, voltado para os trabalhadores que exercem funções administrativas nas escolas das redes pú-blicas estaduais e municipais de educação básica.

Em 2005, o programa começou a ser implantado nos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Piauí e Tocantis. Em 2006, mais oito es-tados passaram a parti-cipar do projeto. No ano seguinte, 16.512 alunos foram atendidos pelo programa.

O coordenador do Departamento de Fun-cionários de Esco-la (DEFE) e diretor do Sintepe, João Alexan-drino de Oliveira, enfa-tizou “Essa área de pro-fissional não existia. Os funcionários das escolas não eram contemplados. Com a lei 12.014/09, nin-

guém pode impedir os passos que os tra-balhadores estão dando para melhorar a educação”. A lei citada anteriormente, con-sidera os funcionários da escola como pro-fissionais da educação.

Na opinião do presidente do Sintepe, Heleno Araújo, “A nossa luta deve continu-ar firme, no propósito de avançarmos com o projeto de educação participativo, emanci-

pado, democrático, que atenda plenamen-te o que estabelece o artigo 214 da Cons-tituição Federal”. Esse artigo estabelece o plano nacional da educação, de duração plurianual, visando a articulação e o de-senvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração das ações do Poder Público.

A partir de agora, é dada a oportuni-dade aos funcionários de contribuírem ainda mais com o proces-so educacional, que abrange todos os am-bientes e as relações so-ciais da escola.

Todos os meses acontecem a Plená-ria dos Administrati-vos, na sede do Sin-tepe. Participe. Você no Sintepe é mais forte!

“Depois do curso, fiquei mais consciente e passei,a saber da importância de meu referencial”.

Aluna do Profuncionário, Ivone Deolinda

Conheça

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Envelhecer com dignidade é estar sempre cheio de vida , se manter radiante, cheio de ideias, demonstrar suas experi-ências e segurança nas ações. A velhice chega para todos, mas não é um martírio. É um bem da vida; é ver sua família crescer é apreciar a vida, que mesmo envelhecendo não se pode perder o interesse por ela.

O envelhecimento saudável não deixa o idoso descambar para a senilidade, acei-tação de doenças e invalidez. O organismo não deve aposentar, mas estar sempre ativo, isto é, não se entregar ao desânimo. Envelhecimento não significa inutilidade. Está provado que é um novo estágio de vida pessoal e também profissional.

Viver é uma arte. E é bem possível que nessa nova fase de vida, muitos podem somar a essa arte as experiências e viver bem melhor. São pessoas dóceis que transmi-tem simpatia e bem estar. Outros têm prazer de estarem com elas. Por outro lado é doloroso dizer que muitas pessoas já estão no final da exis-tência e não aprenderam a viver. Mostram-se amargas, ranzin-zas, murmura-

doras. Fica-se com elas por uma obrigação familiar, obrigação social, mas nunca por prazer.

Se ame muito. Respeite a si mesmo. Respeite aos outros. Tenha responsabili-dade por suas ações. Compartilhe o seu conhecimento. É uma maneira de alcançar a imortalidade. É necessário cultivar o otimismo. Esse aspecto está muito ligado à questão de saúde. A vida é mais vida e mais saudável quando temos sonhos a realizar, tarefas a serem cumpridas, novas alegrias para serem gozadas.

A vida é um prazer, não esporadica-mente, mas de forma

permanente, dando e recebendo, aju-dando e sendo ajudados, contemplando a natureza, admirando tudo que é belo, o marulhar das águas, a exuberância da vegetação, o cantar dos pássaros, etc. A busca de qualidade de vida e o conse-quente envelhecimento com dignidade têm caráter permanente, é próprio da terceira idade, cujo campo de investigação aponta, não para respostas únicas, mas, sobretudo, produz reflexões múltiplas, responsáveis e ética de todos nós.

Envelhecendocom dignidade

Parte do texto Envelhecimento com Dignidade da Autora Maria Loussa no seu livro Poesias e Crônicas.

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Mais uma forma que o Sintepe encon-trou para estar perto dos trabalhadores em educação. É assim que pode ser definida a ação da entidade em colocar o stand de número 211, na VII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.

Nesse contexto, entra o Sintepe, uma entidade consolidada, com mais de 28 mil associados. Por ser um espaço democrático, o sindicato aproveita para mostrar o traba-lho que desenvolve. Os professores sindi-calizados irão assistir aos vídeos da greve, receberão informativos, revistas e poderão conversar com os diretores da entidade.

Essa também é uma oportunidade para recadastrar os endereços dos sócios.

Trabalhadores que não são filiados

poderão fazer ecoar suas vozes em busca do reconhecimento de direitos, filiando-se.

Vários educadores inscreveram traba-lhos, entre eles, o autor das obras Carnavais Olindenses, Gerações Olindenses e Arrecife dos Navios, Thales Galhardo. Na opinião do escritor e professor “Ao conseguir um espaço na Bienal, o sindicato valoriza o educador e mostra o compromisso junto à categoria”, comenta. Além dele, outras obras estarão expostas, a exemplo do livro A Greve e os Novos Movimentos Sociais, da autora Fernanda Barreto Lima.

Serviço - Dos dias 2 a 12 de outubro, o espaço interno do Centro de Convenções servirá para debates que fomentam a feira

Sintepe

www.sintepe.org.br

ATUALIDADES

REPORTAGENSCULTURAAGENDA

na Bienal

literária. Este ano, a Bienal recebe o tema “Literatura do princípio ao fim” e faz uma homenagem ao escritor Raimundo Carrero.

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Gênero,

Vários conceitos vêm à cabeça ao ouvir a palavra gênero. As pessoas tendem a associar diretamente a mulher, mas o vocábulo não é tão simples quanto se imagina. Gênero é o conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas atribuídas às pessoas de forma diferenciada de acordo com o sexo.

A alteração da condição da mulher na sociedade demanda transformações mais profundas, mais do que ela já tem conseguido como as que dizem respeito às maneiras de pensar, agir e sentir dos homens.

Pensando em esclarecer a população, a Secretaria de Gênero do Sintepe, debateu o significado da palavra no V Encontro Estadual. Com o tema “Cidadania para Mulheres e Homens. Políticas Públicas e Igualdade de Direitos”, o mote para discussão foi à saúde da mulher com qualidade social. Temas polêmicos foram abordados entre eles, AIDS, aborto e preconceitos.

Simone Ferraz, da Secretaria de Gênero deixa claro “O evento foi de grande importância não só por se tratar de uma atividade de formação para a categoria, mas pela essência dos conteúdos refletidos e debatidos”. A proposta do Encontro foi reconhecer a necessidade de uma relação de gênero com igualdade de oportunidades.

você sabe o que significa?Além de estarem inseridas no mercadode trabalho, as mulheres também têmas responsabilidades domésticas

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*Clélia Reis participou do 13° Congresso Mulher e Literatura, Internacional e Nacional, em Natal, dos dias 2 a 4 de setembro de 2009. A professora falou sobre dois poemas, Khady – mutilação sexual da mulher na África e Tereza – A tragicidade no casamento.

Os participantes ouviram músicas e poesias. Os trabalhadores fizeram uma avaliação positiva do evento, enfatizando a necessidade de socializar os conteúdos nas escolas e explicitarama vontade de participar do próximo Encontro em 2010.

Visão acadêmica - Ao conversar com a professora de literatura da língua inglesa e estudiosa do tema, Clélia Reis, Universidade Católica de Pernambuco, deixa claro o papel que a mulher tinha tempos atrás. “Ela era subalterna. Alguns pais diziam às filhas que, se elas fossem alfabetizadas iriam ofender o útero”. Esse tipo de pensamento reforça a ideia que a mulher era tida apenas como dona de casa e reprodutora dos filhos.

No ano de 1857, foi instituído no calendário o 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Tal fato aconteceu depois que 129 mulheres morrerem queimadas vivas porque se revoltaram contra as péssimas condições de trabalho nas indústrias têxteis de Nova York.

Após os anos 70, as mulheres começaram a passos lentos, conquistar espaços na sociedade. O famoso episódio da queima dos sutiãs foi nessa época. A história está repleta de mulheres que fizeram sua luta ganhar as páginas dos jornais, como por exemplo, a inglesa Virgínia Wolf, que depois de visitar uma biblioteca com livros escritos apenas por homens, resolveu escrever sobre o gênero à qual pertencia. Outro nome da literatura com destaque no mundo, é Simone de Beauvoir. A autora ganhou visibilidade depois do livro O Segundo Sexo. O livro publicado em 1949 é considerado um marco inicial da prática discursiva da situação feminina.

Toni Morrison foi a primeira negra, a falar da mulher. Ela também conquistou o prêmio nobel da literatura nos EUA, em 1993.

Diante de todos os conceitos construídos, a mulher na visão de Clélia Reis “É ter consciência do seu valor na sociedade, respeitar os outros, procurar ter sua independência intelectual, procurar ser boa amiga, mãe, avó e respeitar os homens”, pontuou. A luta de gênero é abrangente e engloba o respeito aos homossexuais, aos índios, aos negros, às diferentes religiões, aos costumes, às pessoas.

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A (des) construção das políticas

verdadeiramente educacionais

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Travessia, Se Liga!, Ace-lera, Centros de Excelência de Ensino. Esses são alguns dos troféus erguidos e amplamente divulgados pela Secretaria de Educação devido aos resultados obtidos. Mas, até que ponto as consequências desses progra-mas são consideradas vantajo-sas para a educação pública?

Entende-se por “Política” a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos

assuntos e problemas de inte-resse público. Só que em Per-nambuco, as políticas educacio-nais adotadas atualmente têm preocupado desde especialistas na área de pedagogia, quanto os pais que se mobilizam por um ensino de qualidade para seus filhos. “A educação esco-lar é um direito de cidadania. O Estado e os governos têm o dever de garantir as condições indispensáveis à formação plena dos estudantes”, defende a Presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Márcia Ângela Aguiar.

Corrigir o fluxo escolar e a distorção idade-série (Pro-gramas Travessia e Acelera), profissionalizar somente estu-dantes do ensino médio (Pro-grama Educação Profissional + de 1000), escola em tempo integral (Centros de Ensino de Excelência) pagar bonificações a professores que cumprirem suas obrigações (BDE), são alguns dos objetivos dos pro-gramas de governo destinados à educação. No entanto, tais medidas são consideradas por muitos, imediatistas, além de oferecerem risco à formação completa dos estudantes. Isto porque se propõe a resolver somente os problemas superfi-ciais, ao invés de tentar conser-tar ou melhorar as dificuldades básicas. Segundo o Presidente da Associação de Mães, Pais e Alunos das Escolas Públicas (AMPA-PE), Manoel Santos, pesquisas indicam que cerca de 96% dos alunos estão matri-

culados, só que a maioria deles não completa os estudos. “Se não há garantia de qualidade, o aluno perde a autoestima e aí vem a desistência”, afirma. Pai de quatro filhos que estudaram na rede estadual, e hoje três deles estão em universidades públicas, Manoel considera as escolas de referência excluden-tes, já que há um número res-trito de centros e critérios para matrícula. “Gostaria que todas as escolas fossem assim, em tempo integral. Mas, a forma como esses centros foram cria-dos é discriminatória”, explica.

A desvalorização do traba-lhador em educação e a falta de políticas voltadas para a categoria também agravam a situação. “Parece que o governo estadual, convencido da falta de motivação dos professores, encontrou uma fórmula simples e eficaz, na opinião dos técni-cos da Secretaria de Educação, para resolver o problema do incentivo”, critica o historiador Edson Tenório, com relação ao pagamento do bônus por cumprimento de metas. Sobre o assunto, ele faz um diagnóstico: “sem dúvida, essa aproximação entre as práticas educativas e as práticas de desempenho comercial é extremante danosa para um projeto educacional destinado à cidadania”.

Contudo, existem medidas avaliadas positivamente pelos especialistas, como a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEP), que faz o mesmo papel do IDEB, só que com números

locais. “O acompanhamento e a avaliação dos processos peda-gógicos e de aprendizagem constituem dimensões impor-tantes para garantir a tomada de decisões políticas que visem a qualidade do ensino”, enfatiza Márcia Ângela, que também é professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A especialista ainda faz uma ressalva sobre a publicização dos resultados das avaliações, “ao mostrar as diferenças de desempenho entre as escolas, as desigualdades regionais e sócioeconômicas que influen-ciam o desempenho dos estudantes podem incentivar a reflexão sobre a situação da escola, do sistema de ensino e a necessidade de mudanças nos processos pedagógicos e na gestão educacional”.

Uma alternativa para os gestores é fomentar estudos e pesquisas que contribuam para o aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação e submetê-los ao debate público, com a finalidade de melhorar o sistema educacional. É neces-sário criar condições institucio-nais e políticas que garantam uma unidade em torno de uma proposta pedagógica para o estado. “A partir do momento em que as diversas esferas de poder são articuladas, há um favorecimento de oportunida-des múltiplas de aprendizagem e de interpretação da realidade, sem perder de vista o combate a todas as formas de injustiça social”, reforça Márcia.

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O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco sempre acreditou em uma educação pública de qualidade. O sonho move a instituição. Ao longo dos 19 anos, o Sintepe tem como objetivo defender uma educação emancipadora para cida-dania como estratégia de transformação. Além de enxergar nas escolas, veias de oportunidades para uma sociedade mais inclusiva, justa e com igual-dade.

As escolas necessitam ter infraestrutura decente, professores qualificados e investimentos constantes. O Brasil só será um país verdadeira-mente independente quando todos os cidadãos estiverem uma educação pública e de qualidade social.

A educação vive em permanente disputa de interesses. O movimento de uma escola emanci-patória nasce do movimento dos trabalhadores que reivindicam o rompimento de uma sociedade conservadora.

Pensar em uma escola libertadora pressupõe uma gestão democrática, educadores preocupados com a investigação do conhecimento e a partici-pação dos alunos e pais na definição do projeto político pedagógico. Dessa forma, se constitui uma educação voltada para o aprimoramento humano.

O Sintepe é uma instituição consolidada por estar presente nas lutas e no cotidiano dos educadores. Na opinião da diretora da entidade, Cleidimar Barbosa “É uma prática que não fica só no discurso, mas tem participação ativa nos movi-mentos”, destaca.

Efetivação das políticas públicas, esse é um dos maiores desafios do Sintepe. Enquanto a educação não for encarada como um direito humano e não constituir como um espaço de convivência coletiva, respeitando a diversidade cultural, com um currí-culo que contemple a realidade dos estudantes, o sindicato vai permanecer na luta por uma educa-ção pública.

A melhoria da prática pedagógica vai ser alcançada quando os educadores articularem a formação técnica à formação política, a começar pela participação nos movimentos defendidos pelo órgão de classe, participar das ações da entidade e cobrar dos governantes.

Sintepe enfatiza

a política educacional da entidade

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O que a Vale do Rio Doce, Embratel e Celpe têm em comum? As três foram grandes estatais brasileiras que agora estão privatizadas. Em Pernam-buco, um dos bens mais valio-sos para qualquer sociedade também pode se tornar vítima irreversível de um sistema de gerenciamento privado.

O Instituto de Desenvolvi-mento Gerencial (INDG), um con-glomerado de grandes empresas e multinacionais brasileiras que se auto-intitula “a maior organização de consultoria em gestão empresarial do Brasil”*, foi contratado em 2007, logo no início do governo Eduardo Cam-pos, para administrar as áreas de saúde, segurança, receita, despesa e educação. Ainda des-conhecido para muitos, o método utilizado pelo instituto tem como principal objetivo organizar todos esses setores no ponto de vista gerencial, traçando metas para obter resultados, preferen-cialmente imediatos. Segundo o livro “MSPG – Método de Solu-ção de problemas em Grupo na Área Educacional”, das autoras Maria Helena Coelho de Godoy e Neuza Chaves, a base do modelo desenvolvido pela empresa é o PDCA, onde cada uma das letras é representada por uma cor que identifica mais facilmente as

propostas. Esta sigla vem das iniciais das palavras inglesas Plan, de planejar (azul), Do, de executar (verde), Check de verificar (amarelo), e Action, de atuar de acordo com o resultado obtido (vermelho). As ideias do sistema são: comprometer as lideranças, preparar a equipe de implementação, elaborar o padrão de funcionamento e ela-borar o plano de implementação (P); capacitar e formar os grupos, acompanhar e apoiar os grupos após a formação (D); promover a avaliação e a auto-avaliação (C); reconhecer e divulgar; utilizar a experiência dos grupos para expandir para outras escolas e agir corretivamente (A). Mas, em Pernambuco, o método que também foi inserido nos esta-dos do Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará, Bahia, Sergipe e Minas Gerais (o primeiro a ado-tar), é utilizado, por decisão do governo, para se consolidar com a política fiscal, organizando a educação no ponto de vista econômico. A proposta ameaça o princípio básico de que um sistema de ensino público deve ser administrado pela comuni-dade escolar. “É uma quebra da gestão democrática e a con-sequência disso é uma escola mecanicista”, afirma o diretor de Políticas Sociais do Sintepe,

William Menezes. O professor de história, que está fazendo um estudo para avaliar os impactos do INDG na rede estadual de ensino, questiona a maneira como o projeto foi imposto, sem diálogo e esclarecimentos. “Ele foi incutido de forma vertical e não horizontal. Ou seja, alguns poucos discutem e mandam para a maioria”, comenta.

Com a bandeira de evitar des-perdícios de recursos públicos, a gestão preocupa-se apenas em alcançar números para mostrar à sociedade, quando deveria elaborar, mesmo que a médio ou longo prazo, políticas que melhorem a educação pública desde a base. “O governo deci-diu fazer isso para tirar o Estado das últimas posições do ranking nacional nos indicadores de desenvolvimento da educação”, afirma William.

Utilizando-se dos moldes do sistema empresarial, o governo distribuiu “alguns prêmios” (como o bônus para a bienal, revistas e jornais, notebook e o 14º salário) que geraram outras implicações, as quais ameaçam vários direitos presentes no Esta-tuto do Magistério, entre eles a licença-prêmio, greve e capaci-tação. Um exemplo disso são as punições aplicadas aos trabalha-dores que aderiram à paralisa-

ção na campanha salarial 2009 (demissões, ponto-cortado, além dos docentes titulares serem impedidos de repor as aulas). “Além da falta de democracia dentro das escolas, houve a implantação do medo”, constata o pesquisador.

Hoje, a ferramenta do INDG mais conhecida pela comuni-dade escolar é o pagamento de uma bonificação, a partir do cumprimento de metas e pra-zos. Aqui no estado, a medida corresponde ao Bônus de Desempenho Educacional (BDE). Entretanto, há um abismo entre o BDE e o que deve ser feito para consegui-lo. “É uma meta cega”, argumenta o diretor do Sintepe. “As pessoas não sabem quais são, porque não são debatidas. Isso inclusive contraria o próprio método, já que este propõe a discussão em grupo”, enfatiza.

Além disso, para que as bonificações sejam concedidas, é preciso que a escola atinja as metas, que também são preju-diciais em um outro ponto de vista. Para o diretor do Sintepe, essa obrigação de tudo é para hoje pode afetar principalmente a saúde do trabalhador: “Se você fizer um levantamento no Ministério do Trabalho vai iden-tificar um aumento do número de afastamentos entre a cate-

INDG: a privatização da gestão da escola pública

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A fixação de novas diretrizes nacionais para a carreira dos profissionais do magistério público reveste-se, na atuali-dade , de um caráter estratégico no enfrentamento ao modelo conservador,que procura trazer para a centralidade do debate educacional métodos e técnicas de gerenciamento originárias do setor produtivo e que são apre-sentadas como solução milagrosa para garantir a qualidade,o com-promisso profissional, a eficiência e o sucesso escolar.Ao mesmo tempo, os ideólogos desse modelo desenvolvem uma série de ações com o objetivo de reduzir o papel do professor e desqualificá-lo. Descumprimento da jornada de trabalho ,subtração do conteúdo programático são aspectos que integram essa imagem distorcida do profissional do magistério que vem sendo propagada.

O questionamento à lei 11738 que instituiu o Piso Salarial Profis-sional Nacional, após a conclusão

de um longo processo de debates e negociações que resultaram em um consenso possível,é parte integrante dessa disputa entre concepções antagônicas de socie-dade, de forças que lutam para interromper o processo de tran-sição para um novo modelo de desenvolvimento que assegure a educação pública,gratuita,laica e de qualidade social como direito para todos os brasileiros.

Atuando nesse cenário, a resolução número 02 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação funda-mentada nas leis 9394 de 20 de dezembro de 1996, 11494 de 20 de junho de 2007, 11738 de 16 de julho de 2008 e nos artigos 206 e 211 da Constituição Federal fixou diretrizes nacionais para os planos de carreira incorporando um conjunto de reivindicações históricas dos profissionais da educação , na perspectiva de assegurar a valorização profis-sional de forma multifacética.

Será um instrumento decisivo no processo de elaboração ou ade-quação dos Planos de Carreira que deverá ser concluído até 31 de dezembro de 2009.

Destacamos a seguir alguns elementos a serem contemplados nesse processo:1. Abrangência dos Planos

Os Planos de Carreira con-templarão os profissionais que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência (direção, administração, planejamento, inspeção, supervisão, coordena-ção e orientação educacionais).Entretanto, o parágrafo 2 do artigo 2 possibilita a extensão dos dispositivos da Resolução aos demais profissionais da educa-ção, tanto em planos de carreira unificados quanto em planos próprios. Além de fortalecer o conceito de trabalhadores em educação , poderá constituir-se em elemento importante na luta pela incorporação dos demais

profissionais da educação no Piso Salarial Profissional Nacional.2.Formação

A oferta de programas perma-nentes e regulares de formação continuada e o incentivo à inte-gração dos sistemas de ensino às políticas nacionais e estaduais de formação para os profissionais da educação, nas modalidades presencial e à distância, tradu-zem a concepção de formação enquanto processo contínuo de atendimento às necessidades dos profissionais e dos sistemas de ensino Sistemas de ensino.

Os planos também poderão definir regras para a concessão de licenças sabáticas , permitindo o afastamento das atividades profissionais para a realização de estudos e aprimoramento técnico-profissional.3. Jornada de Trabalho

Conforme o previsto na lei 11738/2008, a jornada de trabalho será de, no máximo, 40(quarenta) horas semanais,

Implicações das novas diretrizes nacionaispara os planos de carreira no cumprimento dalegislação do PSPN pelos estados e municípios

goria, por doenças, problemas psicológicos, lesão por esforço repetitivo (LER) e Síndrome de Burnout”. Esta última, bastante freqüente em médicos e profes-sores, é conhecida como doença da desvalorização profissional, já que provoca em escalas dife-rentes de gravidade, exaustão emocional, indiferença e auto-

avaliação negativa associada à infelicidade. O distúrbio é um dos fatores responsáveis pelo abandono do trabalho.

Embora a contratação desse modelo de gestão educacional, que dá direito ao governo de manipulá-lo de acordo com suas necessidades, traga conseqüên-cias danosas para a educação

de uma maneira geral, ainda há soluções. Uma delas, é abrir espaço para quem faz o dia-a-dia da educação ter o direito de par-ticipar da construção do Projeto de Política Pedagógica. “Quem deveria estabelecer as metas é a comunidade escolar, formada pela direção, professores, pais e alunos”, argumenta William

Menezes. Outra saída cabe à sociedade, que é a pressão e o questionamento. “Só quem pode reverter isso é a mobilização social, porque esse sistema é uma decisão política do governo. Educação pública não pode ser somente discurso, tem que ser realmente para todos”, encerra.

*Ver o site: www.indg.com.br

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“A escola é chata”. A afirma-ção do estudante Tony Tavares, 21 anos, Presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES), reflete o sentimento de grande parte dos 960 mil alunos do ensino estadual. A falta de material didático, áreas de lazer e de práticas esportivas abandona-das, bancas quebradas, violên-cia e muitos outros problemas estruturais e pedagógicos da rede pública do Estado, desen-cadeiam seqüelas que podem ser traduzidas em números: em Pernambuco, 14,8% dos alunos abandonaram a escola e 7,4% reprovaram, de acordo com o Ministério da Educação (MEC).

Aluno da Escola Estadual Doutor Fábio Corrêa, Tony dis-corda da filosofia que diz que a unidade de ensino é o segundo lar do cidadão. “A escola pública hoje não é nossa segunda casa”,

afirma e completa: “Poucas são atrativas”. Ele e os três irmãos não tiveram condições finan-ceiras de estudar em colégios particulares.

A falta de democracia na hora de definir os conteúdos programáticos e os métodos de aula também é questionada pelos estudantes. “O que a juventude pensa?”, indaga o presidente da Umes. “O modelo é muito ultrapassado, onde o professor fala e a gente finge que aprende”, responde. A escola de referência é outro ponto discutido pelo movimento secundarista, devido proposta de ensino integral e de quali-dade ser destinada apenas a uma pequena porcentagem dos jovens. “Existem muito preconceito e tratamentos diferenciados para os alunos. Esses centros são as vitrines do governo, enquanto as demais

escolas estão abandonadas”, enfatiza.

No entanto, a principal angústia dos estudantes é a preparação para o vestibu-lar. Mesmo com a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que minimiza as disparidades entre os que tiveram ou não condições de comprar “bizus” em cursinhos, o despreparo continua sendo responsável pelo abismo entre escola e universidade pública. “É irreal uma pessoa que tem a educação igual a nossa con-seguir disputar com o cara que estudou num colégio particular a vida toda”, lamenta o repre-sentante de movimento estu-dantil. Vivenciando situações parecidas, as perspectivas de um único estudante se confun-dem com os anseios da maioria. “Da educação, eu espero que consiga avançar no que diz

respeito aos investimentos. No meu caso, eu espero entrar em uma universidade pública, se não terei que trabalhar para pagar uma particular”, conclui.

ANALFABETISMO – A rea-lidade do ensino público pernambucano corresponde a uma parcela das dificuldades registradas no Nordeste. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), revela que a taxa de analfabetismo de pessoas de 10 anos ou mais na região é de 17,7%, quase o dobro da média nacional, que é 9,2%. “É lamentável, mas a verdade é que a nossa região tem várias dificuldades porque a maioria da população tem um poder aquisitivo menor”, constata Tony Tavares.

Falta de estrutura aindaafasta alunos das escolas

sendo assegurado, no mínimo, os percentuais praticados pelos sis-temas de ensino para as ações de preparação, acompanhamento e avaliação da prática pedagó-gica.4.Progressão

Os incentivos de progressão salarial na carreira contemplam a titulação, estabelecendo ven-cimentos iniciais diferenciados por nível de formação, o tempo de serviço prestado ao ente

federado,o desempenho, a atua-lização e o aperfeiçoamento pro-fissional. A dedicação exclusiva carece da adoção de medidas complementares que estimulem os profissionais a optarem por esse regime de trabalho.

A avaliação de desempenho, apresentada pela concepção mercadológica nos parâmetros da premiação X punição, é indi-cada como interface da avaliação do profissional do magistério

e do sistema de ensino, funda-mentada em critérios objetivos que resultem na superação das dificuldades identificadas para o desempenho do profissional ou do sistema.5. Democratização da Gestão

Considerando a amplitude do processo de democratização, a resolução indica a necessidade de participação dos profissionais do magistério e demais segmen-tos na elaboração, execução e

avaliação do projeto político-pedagógico da escola e da rede de ensino, acompanhamento sistemático das condições de trabalho e da qualidade dos serviços educacionais prestados à comunidade e a definição, em legislação própria, a regulamen-tação da gestão democrática do sistema de ensino e regras para designação, nomeação e exone-ração do diretor de escola.

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SINTEPE - Quais são as prioridades para o setor educacional?

Fernando Nascimento - O mundo está vivendo a maior revolução educacio-nal de todos os tempos. A base dessa revolução é a comprovada prosperidade econômica alcançada pelas nações que investiram fortemente em educação. O futuro de todas as nações emergentes, como o

Brasil, dependerá f u n d a m e n t a l - mente da priori-dade dos investi-mentos do Estado na qualidade do ensino e na valori-

zação do profissionaldo magistério. Em torno deste debate, há pelo menos, um ponto em comum: no contexto econô-mico mundial, cujas marcas são a acelerada mudança na base tecnológica e no processo produtivo, a edu-cação tornou-se um vetor estratégico essencial para um desenvolvimento eco-nômico sustentável com justiça social. Portanto, a educação de qualidade deve se tornar não somente uma política social importante, mas se converter, cada vez mais, num fundamento de destaque das políticas eco-nômicas. É fundamental, pois, a exigência de uma decisão histórica em definir a educa-ção como prioridade social, econômica e política, com a garantia de investimentos permanentes e crescentes na construção e consolida-ção de sua qualidade social. Nesta perspectiva, entende-mos que os quatro grandes eixos educacionais dos investimentos do Estado, devem se direcionar para a

democratização do acesso e garantia de permanência do aluno na escola, amplia-ção dos investimentos até o percentual de 10% do PIB, melhoria da qualidade do ensino e valorização do educador. Neste quesito, a efetivação do piso salarial, a redução da jornada de traba-lho, a diminuição do número de alunos por sala e o incen-tivo à formação continuada, são questões urgentes.

SINTEPE - Como o senhor analisa o papel dos sindi-catos, especificamente o Sintepe?

Fernando Nascimento - O Partido dos Trabalhadores nasceu, cresceu e se con-solidou nas lutas sociais da classe trabalhadora. O movi-mento sindical foi o esteio de um partido que sempre acreditou na independência política dos trabalhadores. Como professor da rede estadual há quase 20 anos, militante e ex-diretor do SIN-TEPE, sou um lutador pela causa educacional que a nossa aguerrida e combativa categoria abraça com tanta paixão e determinação. Desde o primeiro momento do meu mandato, coloquei-me ao lado dos educadores,

participando ativamente de suas assembleias, atos e passeatas na luta pela escola pública de qualidade e pela valorização do magis-tério. A primeira ação que assumi como deputado federal, foi o meu engajamento na Frente Parlamentar do Congresso Nacional pela implantação do Piso Salarial do Magistério. Hoje, há mais de um ano da aprovação da lei 11.738/2008, que esta-beleceu piso salarial dos professores, os governos da maioria dos estados do país ainda resistem a sua implan-tação plena. Daí a justeza da luta permanente dos educadores de Pernambuco liderada por este grande, forte e combativo sindicato que é o SINTEPE. Esta bela história de luta sindical precisa continuar avançando. A solidariedade da categoria, em todos os momentos, nos altos e baixos, é fundamental nesta longa e auspiciosa caminhada. É preciso construir uma relação de respeito mútuo tendo como base a autonomia sindical e o direito de greve. Ao mesmo tempo defendo que é urgente a necessidade de se construir novas formas de luta.

“A solidariedade da categoria, em todos os momentos, nos altos e baixos, é fundamental nesta longa e auspiciosa caminhada”, frisa Fernando Nascimento

Natural da cidade de Glória do Goitá, Fernando Nascimento foi militante clandestino do Partido Comunista. O parlamentar dedi-cou a vida social à consolidação da luta dos trabalhadores. Por todos os lugares que Fernando Nascimento passou, se desta-cou pela defesa de igualdade de direitos e liberdade entre as pessoas e em prol da dignidade humana. Abaixo, o parlamentar destaca os investimentos que devem ser feitos na educação como fator para o desenvolvi-mento econômico sustentável. Ele também enfatiza o papel das organizações sindicais.

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Professora, aposentada, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) e deputada estadual do PT pela segunda vez. Está se falando de Teresa Leitão, uma das políticas que mais tem compromisso com a luta dos educadores. Além de presidir a Comissão de Educa-ção e Cultura da Assembleia Legislativa, atua na Comissãode Constituição e Justiça. Abaixo, você acompanha oque pensa a deputada sobrea educação no Estado

SINTEPE – Qual a sua avaliação sobre a política educacional?

Teresa Leitão – Nesta aná-lise, é importante considerar alguns avanços conquista-dos pela sociedade brasi-leira, que busca reestruturar a política educacional na perspectiva de garantia do direito à educação. Destaco a aprovação das leis do Fundeb, do piso salarial, da profissionalização dos funcionários, bem como a expansão do acesso à escola e o processo de democratização da gestão.

No entanto, há de se considerar também as distorções na imple-m e n t a ç ã o dessas leis, a dificul-dade em tratar a edu-cação como prioridade, a resistência

em ampliar a aplicação de recursos. Prevalece ainda hoje a distância entre o reco-nhecimento anunciado e assumido da importância da educação e a execução de políticas que expressem e materializem esse discurso de forma mais contundente e convincente.

SINTEPE – O que a senhora pensa sobre a adoção de programas educacionais na rede estadual de Per-nambuco?

Teresa Leitão – A adoção de programas, via de regra, visa suprir alguma lacuna que a política educacional não atendeu ou implantar experiências focadas em algum segmento. Se usados com esta dimensão podem contribuir com o aperfei-çoamento das políticas de educação. O problema que vejo nos programas é a sua proliferação, e frag-mentação, muitas vezes suplantando as políticas estruturantes e sempre des-tinados a seletos grupos. Outra dificuldade grande é a precariedade no con-

trole e monitoramento dos programas e a insistência em valorizar a interferência da gestão privada como única forma de alcance da eficácia. Programas são bons quando transitórios, na medida em que atingem seus objetivos e quando são exitosos a ponto de serem incorporados às políticas educacionais.

SINTEPE – A senhora tem sugestão para melhorar a educação pública em nosso Estado?

Teresa Leitão – Dar continui-dade à recuperação físico-estrutural das escolas, que tem melhorado muito; com-plementar o quadro efetivo com a convocação dos con-cursados; manter a política de formação continuada em cursos de pós-graduação, expandindo-a para todas as áreas curriculares; discutir o formato e a implementação das eleições para diretores/as de escola; reconstruir a política de valorização pro-fissional com a atualização do piso salarial e a reformu-lação do plano de carreira; reorganizar a educação profissional e restabelecer fóruns de debate, diálogo e negociação com toda a comunidade escolar e suas entidades representativas.

SINTEPE – O professor tem o que comemorar no dia 15 de outubro?

Teresa Leitão – Eu sempre respondo a essa pergunta dizendo que sim. Entendo

que o dia do professor é uma comemoração à exis-tência e ao respeito a esta profissão. A despeito de todo o processo de desvalo-rização profissional, o dia 15 de outubro pode contribuir para a reflexão, a denúncia, as manifestações sobre o tema. Em especial para os militantes da causa da educação vale comemorar a luta, a resistência, a espe-rança e os sonhos que nos organizam e nos mobilizam na defesa e na promoção da educação.

SINTEPE – Qual é o papel do Sintepe nesse contexto?

Teresa Leitão – O Sintepe, como legítimo represen-tante da categoria dos tra-balhadores em educação, tem um papel fundamental nesse contexto. Além da defesa e das reivindicações específicas da corporação que movem à organização da categoria, o Sintepe avança na análise das polí-ticas educacionais. Isso amplia a sua representati-vidade social, facilita a sua interlocução com toda a comunidade escolar e o coloca no patamar de for-mular e apresentar propos-tas, fortalecendo-o como protagonista fundamental no debate sobre educação em Pernambuco.

“O Sintepe avança na análise das políticas educacionais”, assinalaTeresa Leitão

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A educação pública brasileira deverá ser uma das beneficiadas com a explora-ção de petróleo e gás em águas ultra pro-fundas abaixo da camada de sal. Durante a apresentação da proposta do modelo regulatório do governo para exploração de recursos naturais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva confirmou que a maior parte dos recursos do Projeto Pré-sal irá para um fundo social que inclui a educação. “Vamos investir no que temos de mais precioso: nossos filhos e netos”, disse Lula.

O Presidente qualificou o fundo social como uma “mega-poupança” e um “pas-saporte para o futuro”, ao garantir que este é um investimento para muitas décadas. “Com o fundo, poderemos pagar a dívida histórica com a educação”, destacou. A intenção do governo é que o fundo social seja uma fonte regular de recursos destina-dos ao combate à pobreza e ao incentivo à educação de qualidade, cultura, inovação científica e tecnológica e sustentabilidade ambiental, que virão da parte da produção que caberá à União.

A criação do fundo é um dos quatro projetos de lei referentes à exploração do petróleo e gás, que já estão tramitando na Câmara dos Deputados e Congresso Nacio-nal. Ainda há outros três os quais contem-

plam o regime de partilha da produção, a criação da Petro-sal (empresa que vai fiscalizar as atividades na região) e autori-zação e capitalização da Petrobras para ser operadora da exploração.

uma luz no fundo do mar

Ouro negro:

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Como tudo começouA descoberta do petróleo na camada

de pré-sal foi em 2007, quando a Petro-bras identificou um grande reservatório de petróleo e gás natural, na Bacia de Santos, situado entre 5 mil e 7 mil metros abaixo do

nível do mar, em uma franja do litoral que vai do estado do Espírito Santo ao de Santa Catarina, cuja área é de 149 mil km². Resul-tados de pesquisas feitas pela multinacional indicam a existência de uma quantidade

entre 9,5 bilhões e 14 bilhões de barris de óleo, pelo menos, o que dobraria as reservas do país. Caso as melhores expectativas sejam confirmadas, as reservas brasileiras poderão ficar entre as dez maiores do mundo.

A história da extração dos recursos naturais nos países pobres praticada pelas nações “desenvolvidas” é marcada pela miséria, perda da soberania nacional e concentração de renda. O nosso pau-brasil e o ouro, a prata do Peru e recentemente o petróleo de diversos países, para não citar tantos outros, têm confirmado a assertiva.

O chamado pré-sal está localizado entre o Espírito Santo, Campos, Santa Catarina e Santos e os mais oti-mistas estimam que possa produzir mais de 130 bilhões de barris de petróleo, colocando o Brasil entre os três maiores produtores do mundo. Porém, essa riqueza não significará necessariamente a melhora das condições sociais do povo brasileiro, haja vista que entre os quinze maiores produtores de petróleo, apenas a Noruega está entre os dez países com melhor IDH e os demais a par-tir da 30ª colocação, ostentando muita fome e outros males.

A descoberta das reservas de petróleo em águas profundas, abaixo da camada de sal, praticamente nos obriga a discutir o que queremos desse minério: quere-mos extraí-lo ou não, por quê? Quais fontes de energia temos para prescindir dele? Caso entendamos que deve-mos proceder à extração, para que queremos a extração, quem irá fazê-la e sob qual marco regulatório?

É voz corrente no movimento sindical que a Lei 9.478/97, da era FHC não seja o marco, uma vez que por ela o produto extraído passa a ser da empresa que o fez, cujo direito é concedido através de leilões. O movimento entende que deve ser elaborado um novo marco regula-tório, garantindo que o petróleo do pré-sal fique com o povo brasileiro.

Uma das propostas para a utilização dos dividendos desse petróleo é a criação de um fundo soberano que inicialmente seria destinado para atender às demandas

da educação, podendo em um segundo momento ser direcionado para a previdência geral. Os recursos desse fundo seriam depositados no exterior e só poderiam ser retirados para a sua finalidade.

Para nós, trabalhadores em educação, essa proposta tem um significado particular, pois poderemos ultrapas-sar o discurso de que a educação é prioridade, quando na realidade o país tem investido em torno de 4% do PIB ao ano com a educação, percentual bem longe dos 10% reivindicado pelas entidades sindicais e demais organiza-ções sociais envolvidas com a educação.

Com o pré-sal poderemos ampliar as cobranças das dívidas que o estado brasileiro tem com sua classe traba-lhadora. É a possibilidade, por exemplo, de caminharmos em direção à conquista de uma escola pública de quali-dade desde a creche até o ensino superior, com bons equipamentos, material didático adequado, com acesso e permanência dos alunos em todos os níveis e sem turmas superlotadas, com educação de tempo integral, laica, plural e prazerosa para toda a comunidade escolar.

Poderemos obter uma política de formação continu-ada, inclusive com a instituição do ano sabátio - ano que é utilizado para a formação dos professores, devendo ser utilizada a universidade, ficando os mesmos sem a regência. Também podemos firmar a nossa carreira, implantando a dedicação exclusiva com salários dignos, que contribuirão para o desempenho profissional, nossa saúde física e mental, bem como para nosso lazer e, por fim, acompanharmos os nossos filhos que são alunos, quando for o caso, pois sabemos que o desempenho do aluno melhora quando os pais acompanham a vida escolar dos seus rebentos.

Portanto, vamos à luta, pois outros interessados estão de olho nessa riqueza e nem todos têm interesse que a escola pública dê um salto de qualidade.

Artigo

Pré-sal x Educação

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Um levantamento nacional coordenado pelo Centro de Estudos da Voz, Sindicato dos Professores da Rede Particular de São Paulo (Sinpro-SP) e Universidade de Utah (EUA) revela um grave problema que está afetando a principal ferramenta de trabalho dos professores. O estudo feito com 3.265 pessoas aponta que, por ano, os profissionais da educação básica do país faltam cinco dias às aulas, por causa de doenças que atingem as cordas vocais. Nas demais profissões, a média de ausência não chega há um dia.

Mesmo com a chegada de notebooks e quadros brancos, a voz é um instrumento que não será substituído com brevidade por novas tecnologias. A primeira pesquisa nacional sobre o tema mostra que os problemas mais citados pelos docentes são: garganta seca (45%), rouquidão (41,2%) e cansaço vocal (36,9%). Já no restante da população, as porcentagens foram de 21,4%, 14,8% e 11,7%, respectivamente. “A jornada de trabalho dos professores é muito maior e por isso eles são os mais expostos”, alerta a fonoaudióloga Leila Freitas. Entre as causas estão o pigarro, poucas horas de sono, respiração errada pela boca, ingestão de cafeína e chocolate, e até a falta de exercícios físicos.

Para quem ainda trabalha com quadro de giz, o risco de sofrer sérios danos é bem maior, já que o profissional inala o pó que é extremamente prejudicial à mucosa das cordas vocais. Se o educador tiver rinite alérgica ou sinusite, pode haver mais complicações. “É um desgaste muito brusco entre as pregas vocais e pode desenvolver uma lesão ou edema”, esclarece a especialista em voz há 20 anos. “Isso causa um impacto muito grande na vida do professor, inclusive o afastamento da sala de aula”, afirma. Outra precaução a ser tomada é com pastilhas, gengibre, o tradicional gargarejo de vinagre e sal, e com medicamentos que prometem a cura imediata. Segundo Leila, eles podem provocar um efeito contrário: ao invés de tratar, causam agressão e mudança na viscosidade das cordas.

Voz:não estragueessa ferramenta

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√ Aquecimento e desaquecimento da voz todos os dias (pela manhã, quando acordar, à noite, antes de dormir, e antes das aulas);

√ Gargarejo de água morna e pura logo de manhã;

√ Dormir e se alimentar bem;

√ Beber bastante água (mínimo de 2 litrospor dia)

√ Utilizar microfone;

√ Não aumentar a intensidade da voz em locais de barulho;

√ Evitar falar enquanto escreve no quadro;

√ Fazer atividades físicas (caminhadas e massagens ajudam bastante a respirar melhor e previnem problemas vocais);

Orientações para o dia-a-dia

O mais grave, além da falta de cuidados especiais, é que a categoria não se preocupa ou não tem conhecimento dos problemas. Uma voz mal colocada está mais suscetível a desenvolver nódulos e calos que podem necessitar de procedimento cirúrgico. “É muito importante procurar a ajuda de um especialista, já que em

alguns casos, os danos regridem apenas com o acompanhamento e seguindo as orientações”, lembra Leila Freitas. Uma boa dica para o ambiente escolar é dispor cadeiras e falar em círculo, porque o som se expande mais facilmente, poupando a intensidade vocal. Também é preciso aliar bons hábitos a uma hidratação bem

significativa, principalmente durante as aulas, pois evita que o desempenho do profissional seja afetado. “Economizando a voz, o professor não vai dar uma aula inferior e consequentemente não vai prejudicar a transmissão de conhecimento para os alunos”, conclui.

A produção da voz ocorre pela laringe, por meio da vibração das cordas vocais (tecnicamente chamadas de pregas) e por isso, as principais lesões diagnosticadas concentram-se nesta região. Falar por horas contínuas e usar incorretamente a voz, ocasiona principalmente nódulos, uma espécie de calosidade na região de maior contato entre uma prega vocal e outra. Outras patologias que podem acometer os educadores são: a laringite (inchaço das pregas vocais), pólipo (crescimento anormal do tecido em apenas um lado da prega), cistos (bolsas no interior das cordas), leocoplasia

(placas esbranquiçadas na prega) e câncer de laringe. Os quadros geram sintomas como rouquidão, cansaço ao falar, perda de voz ao final da jornada, ardência na garganta, pigarros, tensão na musculatura cervical, postura e padrão respiratório inadequado e voz abafada, presa e sem projeção.

Diagnosticar a lesão causada nas pregas vocais é o primeiro passo para iniciar o tratamento. Geralmente, o paciente é indicado para uma fonoterapia, que além de orientar sobre a maneira correta de utilizar a voz, também proporciona exercícios de relaxamento.

Entenda mais sobre a produção da voz /

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Houve tempo em que muito se especulava e pouco se

sabia, de fato, sobre certos problemas candentes – como é o

caso da real qualidade do ensino público brasileiro. É que por

trás das estatísticas, estão apoiadas em formulários, tabelas e

mapas sujeitos a naturais falhas humanas, com verdades nem

sempre evidentes.

Melhoram ano a ano as nossas estatísticas. Instituições

como o IBGE e o IPEA, por exemplo, têm fornecido dados

importantíssimos que nos ajudam a desvendar a sociedade

brasileira como ela é, para além dos nossos desejos

subjetivos.

E há também mecanismos outros igualmente úteis. O

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um deles. E

estamos às vésperas da versão 2009, boa oportunidade de nos

perguntarmos: terá o ensino público de nível médio evoluído?

É que a versão 2008 forneceu dados que, analisados pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (Inep), ganharam status de denúncia da precariedade

da escola pública. Apenas 8% das escolas melhor avaliadas

eram públicas; e das mil com piores notas no país, 965 eram

das redes estaduais.

Além disso, coincidentemente, as regiões mais pobres

concentravam os piores resultados – reflexo das desigualdades

regionais e sociais. Das 20 melhores, 16 eram do Sudeste,

enquanto entre as 20 piores, 15 eram do Norte e Nordeste.

Em torno dessas constatações muito se discute, em geral

apontando causas reais, desde problemas relacionados à

formação e à capacitação do professorado, o padrão de

remuneração e as condições reais de trabalho ao nível real do

investimento público (governos estaduais principalmente) e a

capacidade de gestão, em geral deficiente.

O fato é que o ENEM também se presta a percepções mais

amplas, como a necessidade de uma reforma do sistema

educacional no país, que não apenas permita a igualdade de

acesso a todos ao ensino básico, mas que este ensino seja

efetivamente qualificado; idem em relação ao ensino superior.

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e o Plano

de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni) são

iniciativas válidas nesse sentido. Mas é preciso avançar muito

mais, revolucionando o sistema como um todo. Do contrário,

o próximo ENEM, e os seguintes, produzirão resultados

semelhantes aos de 2008.

Enem2009:terámelhoradoo ensinopúblico?

Líder estudantil na década de 60. Na ditadura militar, teve os direitos de estudante cassados por 3 anos. Depois de ser preso e torturado, conseguiu a liberdade em 1976. Desde esse tempo, Luciano Siqueira, 62 anos, tem mostrado as aptidões para política. Em 1982, pelo PMBD, assume o mandato de deputado estadual. Em 2000, foi eleito vice-prefeito, permanecendo no cargo por oito anos. Em 2008, foi o vereador do Recife pelo PCdoB mais votado. E o maior desafio, é exercer o mandato de forma participativa. Em meio à polêmica do Enem, o vereador explicita sua opinião.

ARTIGO

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Em buscada valorização profissional

A cada três anos a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) avalia o desempenho dos estudantes em leitura, matemática e ciências, através do Programa Interna-cional de Avaliação de Alunos (PISA). Os resultados têm demonstrado as feridas não cicatrizadas pelas políticas educacionais implantadas no país: em dezembro de 2007, o Brasil ocupava a 52ª posição em uma lista de 57 países avaliados, mesmo com todo esforço desenvolvido nos últimos anos.

Para aquela parcela da população que habita o paraíso do senso comum, que por sinal é até bem confortável, a responsabi-lidade reside na incapacidade profissional dos professores, na falta de dedicação e até mesmo no excesso de faltas e de greves. Santa ingenuidade!

O modelo educacional consolidado desde o processo de colonização sempre se pautou pela exclusão e pela negação do direito ao conhecimento. Os índios, os negros e as classes populares foram sempre vitimados pela relação utilitária estabelecida pelas elites nacionais. Não é à toa que só em 1930 foi criado o Ministério da Educação e que a Constituição de 1937 previa que o ensino técnico fosse desti-nado às classes desfavorecidas, mas não

possibilitava o acesso ao ensino superior.Entretanto, não podemos negar o

processo de expansão da educação pública, que abriga nos dias atuais 87% das vagas da educação básica, e a universalização do ensino fundamental, com 97% das crianças freqüentando a escola. Poderíamos agora afirmar que ingressamos no período de socialização do conhecimento?

Infelizmente, não. A expansão da educação pública, realizada dentro da mesma concepção de negação do direito ao conhecimento, concebeu uma escola que deveria garantir o saber mínimo, combinado com alguma assistência social que amenizasse as conseqüências dolorosas da concentração de renda no país, e demandou uma ampliação do quadro de profissionais da educação que se desenvolveu através do sacrifício dos professores.

A possibilidade de acumulação de cargos, garantida constitucionalmente, nada mais é que a constatação, que para esses profissionais, o recebimento de salários compatíveis com a sua formação profissional só será viável com a adesão a jornadas exaustivas de trabalho e com a aceitação do argumento unilateral de que a quantidade de trabalhadores será sempre um impedimento para a valori-

zação profissional. Quem sabe uma versão moderna do sacerdócio propagada na educação em tempos passados?

A falência desse modelo de escola pública passou a motivar alguns setores do empresariado a apresentar aos gover-nantes alternativas para solucionar a crise. Fundações e Institutos empresariais foram criados para socorrer a educação. Novos métodos? Sem contrapartida dos governos? Estruturados sob que concepção? Porém, com uma convicção explicitada de que o professor é o culpado e de que é preciso aplicar todas as regras de controle possíveis, para melhorar a sua produtividade.

Quem nunca conheceu a realidade de lecionar em salas lotadas, sendo pressio-nado a garantir o que a família e o Estado não asseguraram para nossas crianças e nossa juventude, com dez, quinze aulas por dia, planejamentos diversos, uma pilha de cadernetas, pode até achar que o professor é um estorvo para a melhoria da escola pública. Afinal de contas, como diz a canção de Chico Buarque, “A dor da gente não sai no jornal”. Mas o prazer de sermos reconhecidos e valorizados por nossos alunos, ninguém, por mais poder que acumule, conseguirá retirar de nós.

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É comum passar em frente a um Merca-do Público no dia de sábado e ter o olhar atraído pela quantidade de gente que tem dentro. Lá, as pessoas juntam-se para con-versar, beber e experimentar dos temperos caseiros que a culinária nordestina oferece. Gostos diversos se misturam, é possível ver deputados, jornalistas, delegados, professo-res, garis, desempregados, todos, recebem o mesmo tratamento.

Segundo o historiador Felipe Galindo, frequentador assíduo do espaço, é num

mercado que as pessoas conhecem o ros-to de uma cidade. “É um caldeirão cultural. Vemos pessoas de todas as religiões, com diferentes gostos musicais, de várias raças. Esse é um espaço de resistência cultural”, enfatiza o profissional.

O mercado da Boa Vista hoje é reconhe-cido. Mas para conseguir isso, vários traba-lhos foram feitos. O administrador do local, Ivan da Silva tem uma enorme parcela de culpa em ter erguido o espaço. Com toda a simplicidade de quem aprendeu na facul-

dade da vida, Ivan diz “Há quatro anos fize-mos uma comedoria em Apipucos. As pesso-as começaram a nos conhecer no local. De lá para cá, o mercado só cresceu”, comenta.

Com dedicação, Ivan cumpre seus direi-tos e cobra dos outros as obrigações como cidadãos. “As mesas não podem ser coloca-das no meio da passagem, é o direito de ir e vir. Falo com as pessoas para agirem cor-retamente. É por isso que esse Mercado está assim”, aponta para o espaço interno cheio de gente.

Mercado público,local de resistênciaNo local em que escravos eram comercializados, hoje, é o Mercado da Boa Vista

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Identidade – Foi essa palavra encontrada pelo deputado federal Maurício Rands para definir o local. Como um bom pernambu-cano, ele não nega as origens e diz com toda convicção, “sempre que posso, venho. O que eu mais gosto de comer aqui é o arrumadinho e o guisado. Além das comi-das, é interessante também a geografia deste mercado, todo mundo fica no meio”.

Por falar da culinária, os bares e restau-rantes não dão conta da enorme demanda dos freqüentadores do sábado. Entre os locais mais antigos está o Ponto 13. Quem está à frente do negócio é Tereza Cristina que enche a boca para falar do sarapatel, do bode à passarinha, “Esse, recebeu por 5 anos seguidos, a indicação de melhor

receita regional da Revista Veja”,orgulha-se. Os pratos são referências para quem chega.

A realidade que parece saltar aos olhos, é a valorização dos mercados em meio à mercantilização do lazer. “As pessoas buscam preservar as raízes e resgatar os contatos”, diz o historiador Felipe Galindo. E parece que essa é uma preocupação de grande parte dos pais. Crianças nos car-rinhos, adolescentes e jovens encontram diversão em espaços públicos. Há uma tendência para que a nova geração cresça e tornem-se jovens questionadores, críticos e humanos.

Entre as atividades desenvolvidas nos espaços públicos estão: a Comedoria dos

Mercados, atrações culturais, repentistas, violeiros, cordelistas, bandas de forró, de samba e Amigo dos Mercados. É importante lembrar que nos outros espaços públicos, por exemplo, Casa Amarela, Madalena, Afogados e Encruzilhada, atividades cultu-rais também são realizadas. História – O mercado da Boa Vista foi total-mente reformado e reinaugurado no dia 2 de dezembro de 1946. Antônio Pereira era o prefeito da cidade e Otávio Correia, o governador de Pernambuco. O espaço pos-sui 63 boxes, que comercializam cereais, verduras, frutas e legumes, carnes, aves e frios, além de ervas e armarinhos. Há oito bares, que servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar.

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Educadora e Educadornossaestrelaévocê

Festa dos/as Profissionais em Educação

Dia 23 de outubro

22hClube Internacional do Recife

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