Educar Para Mudar Muitoalemletrasnumeros

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  1 Alfabetização de Jovens e Adultos: muito além das letras e dos números Maurilane de Souza Biccas (Org.)  Andréia Martins Cláudia Lemos Vóvio Heny Louzas Moutinho Karina Uehara Maria Lucia Panossian Rosangela Leite Coleção Princípios e Práticas

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Educar Para Mudar Muito alem letras numerosEducaçãoalfabetização

Transcript of Educar Para Mudar Muitoalemletrasnumeros

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    Alfabetizao de Jovens e Adultos: muito alm das letras e dos nmeros

    Maurilane de Souza Biccas (Org.)

    Andria Martins

    Cludia Lemos Vvio Heny Louzas Moutinho

    Karina Uehara

    Maria Lucia Panossian Rosangela Leite

    Coleo Princpios e Prticas

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    Rua Armando da Fonseca, 120 08531-030 Ferraz de Vasconcelos SP Brasil

    Tel.: (11) 4675-7870 (11) 4675-8349 www.educarparamudar.com.br

    [email protected]

    Diretoria Samuel Oliveira da Silva Presidente rica de Oliveira Silva Barbosa Vice-presidente Joo Batista Martins Neto Tesoureiro Adriana Pereira Vilela Vice-tesoureira Rogrio Jos Batista Martins Secretrio Philip Clauss Pimentel Negro Vice-secretrio

    Coordenao Geral Ana Acilda Alves da Silva Ricardo de Oliveira Silva

    Organizao da publicao Maurilane de Souza Biccas

    Edio e Projeto Grfico Cludia Lemos Vvio

    Catalogao Brasil. CCECAS da Grande So Paulo.

    Alfabetizao de jovens e adultos: muito alm das letras e dos nmeros / organizado por Maurilane de Souza Biccas / Autores Andria Martins, Cludia Lemos Vvio, Heny Louzas Moutinho, Karina Uehara, Maria Lucia Panossian e Rosngela Leite. So Paulo: CCECAS da Grande So Paulo, 2007.

    93 p.

    ISBN

    1. Educao de jovens e adultos 2. Alfabetizao de jovens e adultos 3. Formao de professores I. Projeto Educador para Mudar II. Conselho Comunitrio de Educao, Cultura e Ao Social da Grande So Paulo III. Ttulo

    CDD 374.7

    Todos os direitos reservados. A reproduo no-autorizada desta publicao, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violao da Lei n. 5.988.

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    Apresentao

    O projeto Educar para Mudar est em seu sexto ano e tem sido viabilizado

    pelo Conselho Comunitrio de Educao Cultura e Ao Social da Grande So Paulo,

    com sede na cidade de Ferraz de Vasconcelos, em So Paulo. Esta Ong atua em treze

    municpios (plos) da regio metropolitana da capital paulista. Atualmente o projeto

    conta com 400 ncleos de alfabetizao, 10.000 alunos, 400 educadores e 40

    coordenadores pedaggicos.

    Na perspectiva de assegurar uma alfabetizao de qualidade, o projeto tem

    investido de maneira sistemtica e contnua na formao em servio de todos os

    seus educadores. Em 2005 e 2006 as atividades formativas centraram-se em

    seminrios, cursos e oficinas. As temticas abordadas foram definidas junto com os

    educadores e coordenadores pedaggicos, procurando assim atender as necessidades

    educativas e pedaggicas voltada a uma alfabetizao significativa e conectada ao

    pblico jovem e adulto que participa do projeto.

    A produo desta publicao contou com as trajetrias que educadores e

    formadores seguiram em cursos de formao realizados nos anos de 2005 e 2006,

    especificamente os que abordaram a alfabetizao inicial. Nosso objetivo era

    desenvolver e aplicar uma metodologia junto aos educadores, na perspectiva de que

    eles fizessem o mesmo com seus educandos. Portanto, este trabalho fruto do

    estudo, debate, aprendizagens e produo coletiva nas quais todos se envolveram.

    Agradecemos a todos os educadores e coordenadores pedaggicos do projeto Educar

    para Mudar que participaram direta e indiretamente desta publicao.

    Esta publicao est dividida em duas partes, na primeira voc encontra

    textos que abordam o processo de alfabetizao, princpios, orientaes e propostas

    produzidas no sentido de levar os educandos aprendizagem da leitura e da escrita.

    H ainda uma srie de dicas e atividades elaboradas e experimentadas tanto pelos

    formadores quanto pelos educadores que participaram da formao. As autoras desta

    primeira parte so: Andria Martins1 e Rosngela Leite2 alfabetizao com msica;

    Heny Louzas Moutinho3 alfabetizao com textos; Cludia Lemos Vvio4 jogos de

    alfabetizao.

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    Na segunda parte voc encontra textos que discutem o valor do jogo para o

    ensino da Matemtica. H textos que tratam da importncia dos jogos e o que

    preciso para transform-los em atividades educativas. Tambm h jogos que

    favorecem a aprendizagem da escrita dos nmeros, o clculo mental, a estimativa;

    que desenvolvem operaes de pensamento, o raciocnio, que despertam a

    curiosidade, que ajudam na organizao de nossas aes e nos faz pensar sobre o

    prprio pensar. As autoras que escreveram esta parte foram Karina Uehara5 e Maria

    Lucia Panossian6.

    Ao publicar este material esperamos dar uma contribuio educao de

    jovens e adultos, inspirando e instigando os educadores a planejarem aulas mais

    desafiadoras, significativas e conectadas aos interesses dos jovens e adultos em

    processo de alfabetizao.

    Ana Acilda Alves da Silva Maurilane de Souza Biccas

    Ricardo de Oliveira Silva

    1 Mestre em educao pela Faculdade de Educao da USP-SP.

    2 Doutora pela Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas - FFLCH.

    3 Professora da Escola Vera Cruz.

    4 Doutoranda em Lingstica Aplicada no Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp. Pesquisadora e assessora do

    programa de Educao de Jovens e Adultos da ONG Ao Educativa. 5 Mestranda da Faculdade de Educao da USP-SP.

    6 Professora da rede estadual de So Paula. Membro do Clube da Matemtica da Faculdade Educao USP.

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    Introduo

    Vivemos cercados pela palavra escrita e por todas as maneiras criadas ao

    longo da histria da humanidade para us-la. Mesmo quando no a percebemos, ela

    est l. Um exemplo disso so as programaes de rdio que ouvimos, que

    aparentemente s envolvem o falar e o ouvir. Um noticirio de rdio, antes de ser

    narrado pelo locutor, passou por inmeras etapas de preparao, grande parte delas

    apoiadas em textos. A notcia que ouvimos pela manh, veio tanto de uma fonte

    escrita como foi redigida antes de ser falada. muito difcil imaginarmos grupos ou

    pessoas no Brasil que no saibam algo sobre a escrita, que nunca tenham tido que

    lidar com informaes matemticas e procedimentos como contar, ordenar,

    classificar, entre tantas coisas. Isto porque a escrita est por todos os lados e

    organiza e ordena muitas de nossas aes.

    Em nosso dia-a-dia, a escrita est em todos os lugares e serve para diversos

    objetivos, tantos que nem nos damos conta. Isso o que acontece em sociedades

    letradas e complexas como a nossa, nas quais grande parte das atividades que

    realizamos no depende unicamente da fala e do contato face-a-face entre as

    pessoas.

    A escrita serve para muitas coisas, para

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    a comunicao entre pessoas prximas, quando deixamos um recado antes

    de sair de casa, e entre distantes, ao escrever uma carta ou e-mail;

    a informao sobre experincias, processos de tomada de deciso e fatos

    ocorridos com pessoas, comunidades ou naes, por meio de notcias;

    o convencimento das pessoas sobre comportamentos, idias, necessidades,

    atitudes que devem assumir, por meio de propagandas;

    a expresso da subjetividade, de sentimentos e valores, por meio da

    escrita de dirios ou de um blog;

    a organizao de planos de ao, descrevendo etapas, recursos, pessoas

    envolvidas e o tempo necessrio para executar tarefas, por meio de

    planilhas eletrnicas e planejamentos.

    A escrita tambm um importante apoio memria quando preparamos, por

    exemplo, uma lista de compras, quando agendamos o pagamento de nossas contas,

    quando organizamos as tarefas do dia ou da semana.

    Podemos lanar mo da leitura para encontrar um nmero de telefone, para

    descobrir o horrio de funcionamento de uma repartio pblica, para saber sobre os

    ingredientes de uma receita ou lembrar deles, para saber como tomar e quais os

    efeitos de medicamentos.

    Podemos usar a escrita para controlar nosso oramento domstico, para

    registrar as vendas de produtos e o lucro obtido, para controlar a produo agrcola

    numa cooperativa, para tomar decises sobre nossos governantes, por meio do voto

    etc. Por meio da escrita, tambm acompanhamos os acontecimentos que afetam ou

    afetaram a vida da cidade, do pas, do mundo. A leitura de jornais, livros e revistas

    ajudam a compreendermos a situao em que estamos, para desenvolvermos nossas

    opes polticas e culturais. Tambm para distinguirmos posies e argumentos de

    diversas pessoas sobre fatos e questes que nos afetam direta ou indiretamente.

    Podemos tambm ler ou escrever apenas para nos distrairmos, para

    desabafar, para sentir emoo ou reafirmar nossa f religiosa.

    Cada uma dessas prticas envolve diferentes comportamentos, pessoas,

    objetos, lugares e formas de convivncia e de participao. Implica o uso de diversos

    textos, de materiais e instrumentos e de operaes mentais relacionadas ao falar, ao

    ouvir, ao ler, ao escrever. Envolve tambm clculos, operaes, estimativas, a

    compreenso de informao numrica e conhecimentos matemticos. H poucas

    semelhanas, por exemplo, entre ler em voz alta um trecho da Bblia, durante um

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    culto, e consultar a lista de preos de uma loja, para descobrir se vale a pena

    comprar um produto.

    So enormes as diferenas entre escrever uma letra de msica, contando

    sobre uma relao amorosa, e redigir um oramento dos materiais que sero usados

    numa obra.

    Atualmente, a escrita assume variadas formas, compreende uma ampla gama

    de objetivos e funes e est presente nas mais diversas atividades. Nossa

    participao nas situaes de uso da escrita e os sentidos que atribumos a cada uma

    delas afetam nossas vidas e tm trazido muitas conseqncias tanto para aqueles que

    querem ou precisam aprend-la, como para aqueles que se dedicam a ensin-la.

    Para colaborar tanto com os educadores que assumem a complexa atribuio

    de alfabetizar pessoas jovens e adultas como para tornar significativa as situaes de

    aprendizagem dos educandos do Projeto Educar para Mudar que produzimos esse

    Caderno. Ele traz as trajetrias que educadores e formadores seguiram em cursos de

    formao realizados nos anos de 2005 e 2006. fruto do estudo, debate,

    aprendizagens e produo coletiva nas quais todos que se envolveram.

    A partir dos textos aqui reunidos voc poder estudar, buscando atualizar-se

    em relao a concepes, conceitos e noes que esto envolvidas na alfabetizao e

    na aprendizagem de conhecimentos matemticos. Encontrar dicas para elaborar

    seus projetos e planejar aulas, adaptando-as s necessidades de aprendizagem, aos

    interesses e s expectativas dos educandos com os quais trabalha. Tambm poder

    encontrar modelos de atividades que pode inspir-lo na produo de tantas outras.

    Para ler e estudar nesse Caderno Na parte 1 voc encontra textos que tratam sobre o processo de alfabetizao. Alm de textos informativos, h princpios, orientaes e propostas para levar os educandos ao domnio da escrita alfabtica, para introduzi-los na leitura e no processo de produo de textos. Tambm h dicas e atividades elaboradas e experimentadas por formadores e educadores nas turmas de alfabetizao do Educar para Mudar. Nela voc pode descobrir: Como e por que trabalhar com jogos na alfabetizao? O que os jovens e adultos podem aprender com jogos que mexem com palavras, letras e slabas?

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    Por que levar textos para as turmas de alfabetizao? Jovens e adultos que no sabem ler e escrever podem realizar atividades de leitura e escrita? Como e quais textos levar para a alfabetizao? Por que levar canes para as turmas de alfabetizao? De que forma as letras de msica podem colaborar para que os jovens dominem a escrita? Se sabem uma letra de msica de cor, por que pedir para que ouam, leiam e escrevam?

    Na parte 2 voc encontra textos que discutem o valor do jogo para o ensino da Matemtica. H textos que tratam da importncia dos jogos e o que preciso para transform-los em atividades educativas. Tambm h jogos que favorecem a aprendizagem da escrita dos nmeros, o clculo mental, a estimativa; que desenvolvem operaes de pensamento, o raciocnio, que despertam a curiosidade, que ajudam na organizao de nossas aes e nos faz pensar sobre o prprio pensar. Nela voc pode descobrir: Se possvel aprender Matemtica jogando? O que os jovens e adultos podem aprender com jogos que mexem com nmeros, operaes e que exigem o clculo mental e a estimativa? Quais jogos existem e quais podemos levar para as turmas de alfabetizao?

    Esperamos que esse Caderno possa ser til a vocs educadores e que possa

    inspir-los a tornar suas aulas mais instigantes e significativas e, principalmente,

    colaborar no processo de alfabetizao dos jovens e adultos com os quais trabalham.

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    Parte 1

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    1. Alfabetizao e letramento: muito alm das letras

    Nesta parte vamos conversar sobre o que o processo de alfabetizao e

    pensar sobre as conseqncias desse modo de trat-lo para nossas prticas

    educativas. Vamos oferecer algumas dicas para a organizao de situaes de

    aprendizagem para que as pessoas aprendam a ler e a escrever, para que adquiram a

    escrita alfabtica. Nossa inteno a de colaborar para que o processo de

    alfabetizao esteja ancorado nos desejos, interesses e necessidades dos jovens e

    adultos que freqentam nossas turmas.

    Alfabetizar-se uma etapa fundamental para que as pessoas possam viver

    com autonomia no mundo da escrita. Significa poder tomar parte de um conjunto

    amplo de prticas comunicativas, falando, ouvindo, lendo e escrevendo e no

    simplesmente ser apresentado ao cdigo de escrita. , sobretudo, um processo de

    conquista de cidadania, no qual pessoas excludas de seus direitos sociais, civis e

    polticos podem ter acesso a bens culturais, que as apiam e fortalecem.

    Assim, compreendemos a alfabetizao como um processo amplo e necessrio

    para promover o desenvolvimento de capacidades que possibilitem aos educandos

    ampliarem sua compreenso sobre a realidade e a buscarem alternativas para os

    problemas que os afetam e que afetam sua comunidade, contribuindo, dessa

    forma, para a melhoria de suas condies de vida. muito mais do que saber como

    se juntam as letras, do que conhecer slabas e saber escrever palavras e frases.

    Para uma pessoa tornar-se usurio da escrita preciso mais do que o

    conhecimento das letras e dos nmeros. preciso experimentar um amplo conjunto

    de situaes nas quais a leitura e a escrita so necessrias. E mais, ainda, refletir

    sobre essas experincias e os modos como interagiu em cada uma delas.

    Atualmente, sabemos que para uma pessoa usar a escrita com autonomia, de

    maneira a desenvolver aprendizagens que a levem a continuar aprendendo, ela

    precisa passar por um processo de longo prazo. Em termos ideais, que pelo menos

    tenha completado o ensino fundamental. No basta estar alfabetizado preciso

    continuar os estudos para no perdemos aquilo que construmos nos primeiros anos

    de escolarizao.

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    Para dar conta desse modo de compreender a alfabetizao, preciso realizar variadas aprendizagens de modo conjunto, do mesmo modo como se do no dia-a-dia. Assim os educandos, desde os primeiros momentos, nas atividades propostas nas turmas de alfabetizao precisam desenvolver: a conscincia de que o sistema de escrita um sistema de representao dos sons da fala, aprendendo as relaes entre letras e sons e as convenes da forma grfica da escrita; a leitura fluente, reconhecendo palavras e sentenas, antecipando o que est escrito, localizando informaes e inferindo outras, por meio de variadas informaes que so oferecidas a ele; a leitura compreensiva, ampliando seu vocabulrio, refazendo o percurso de autores, interpretando e inferindo o que est escrito, relacionando o que l com sua vida e bagagem de conhecimentos que carrega; a identificao das variadas funes da escrita e dos diversos papis que podem assumir seus usurios em diferentes eventos e situaes; o reconhecimento de uma ampla gama de textos, de diferentes portadores de textos onde estes textos so publicados e quem os produziu e como circulam e chegam at ns;

    A meta, portanto, no simplesmente que as pessoas dominem o b--b, ou

    seja, a decodificao das letras. O objetivo alfabetizar letrando, isto , alm de

    refletir sobre como a escrita funciona, ampliar conhecimentos sobre para que ela

    serve e como pode ser usada. descobrir em cada evento no qual a escrita central

    como as pessoas se relacionam e utilizam-na.

    A alfabetizao s ganha sentido na vida das pessoas se elas puderem

    aprender algo mais que juntar as letras. Elas precisam desenvolver, junto com o

    aprendizado da escrita, novas habilidades e criar novas motivaes para

    transformarem a si mesmos, interessar-se por questes que afetam a todos e intervir

    na realidade da qual fazem parte. Enfim, preciso aprender a usar a escrita para

    investigar, compreender e transformar.

    Mas afinal o que letramento tem a ver com alfabetizao?

    Um conceito importante que estudamos nos cursos de Alfabetizao foi o de

    letramento. Mas, mais que estud-lo, conseguimos, a partir dele, definir princpios

    que podem ser seguidos por todos os educadores do Educar para Mudar ao

    planejarem atividades ou organizarem suas rotinas e ambiente educativo. Tambm

    aprendemos novas estratgias para que os estudantes possam dominar o sistema de

    escrita e continuar seus estudos.

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    Esse poema de uma das educadoras do Educar para Mudar. Leia e tente descobrir o que esse tal de letramento.

    O que ser esse tal de letramento?... Penso, medito, torno a pensar... Caminho numa longa estrada, que no sei aonde vai parar... Quero ir para a escola No para a robotizada e convencional Aonde em vez de aprender e crescer Possa me sentir discriminado e mau .... Quero uma escola, onde eu possa Entender o mundo e meu cotidiano Onde meu passado, presente e futuro Possam ser interrogados, questionados Quero ler e escrever de maneiras diferentes, Pegar o nibus, viajar, passear, ir Diversos lugares que desejar ... Ir ao cinema, assistir televiso, Ler um bom livro, viajar na emoo... No ficar na decorba, mas sim Poder entender o porqu das lgrimas do atleta, o sentimento do poeta... Quero produzir, interpretar, ter entendimento Enfim, quero aproveitar cada momento Fazer o meu concreto se tornar realidade Mesmo que eu erre ou acerte Quero fazer parte dessa doce magia Ir para a escola no por necessidade Ou por obrigao... Mas sim por interesse, de todo o meu corao Tirar a venda dos olhos, sair da escurido Hei, espere a... olhe para mim... Sinta minha felicidade... Meus pensamentos esto voando, voando Meus pensamentos voando, voando Meu sonho se tornando realidade Acho que estou letrando, letrando, letrando...

    Maria Aparecida da Silva Souto (Cludia)

    Letramento e alfabetizao so processos indissociveis e interdependentes,

    que precisam ocorrer ao mesmo tempo. A alfabetizao um processo fundamental

    para que todas as pessoas possam se envolver e participar de modo autnomo em

    aes, nas quais a linguagem escrita esteja de algum modo presente (no mbito do

    trabalho, da religio, do lazer, em casa, etc.).

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    O conceito de letramento veio ganhando fora na ltima dcada e significa, de um modo mais amplo, o estado ou condio de quem no s domina o cdigo, ou seja, daquele que sabe ler e escrever, mas daquele que usa efetivamente a leitura e a escrita como uma prtica. Francinete Silva Lopes

    Pessoas no alfabetizadas no tm total autonomia para lidar com a escrita

    em seu cotidiano. Sabem muitas coisas sobre a escrita, criam estratgias para lidar

    com situaes em que a escrita esteja presente, mas, faltam a elas conhecimentos

    para que possam participar de modo pleno de prticas de uso da escrita.

    Quando damos ateno somente a atividades voltadas para o domnio da

    escrita alfabtica, como conhecer letras, formar slabas e palavras, estamos

    focalizando apenas um conjunto de conhecimentos e negando muitos outros.

    Alfabetizar e letrar muito mais complexo que exercitar esses aspectos.

    Conhea como alguns educadores expressaram sua compreenso sobre o que letramento:

    Ensinar nos dias de hoje no consiste simplesmente em propor aos educandos que gravem uma seqncia de cdigos, doar-se de forma que estes aprendam com base na sua realidade, seu emprego, sua famlia, as condies de seu bairro. Mais que isso entender e fazer-se entender. Monique Aparecida de Brito Santos

    Letramento no simplesmente saber ler, nem juntar as letras formando as palavras, muito mais que isso. poder viajar na leitura, se imaginar dentro dela e expandir seus horizontes. emoo, lazer, conhecimento adquirido. Maria das Graas O. dos Santos Silva

    Uma pessoa letrada aquela que consegue fazer o uso da escrita e da leitura para resoluo de problemas de seu cotidiano. aquela que cultiva o hbito de ler para lidar com qualquer situao. Jacinta Bezerra de Santana

    Letramento derrubar barreiras. formar, no apenas informar. fazer com que o jovem ou adulto pense, forme opinio, critique, tornando-o atuante na sociedade. O educando no pode apenas aprender a assinar o prprio nome, temos que lev-lo alm desse horizonte. Temos que fazer com que domine e utilize com habilidade, no seu dia a dia, as informaes que recebeu na sala de aula. O processo de aprendizagem deve levar o educando a compreenso do que est lendo, no apenas juntar letras. E se fazer compreender por quem recebe sua mensagem. Nas aulas aplicadas, costumo misturar prtica com leitura ou experincias de vida, facilitando assim a compreenso do texto que estamos trabalhando. Joafran S.Santos

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    Antigamente pensava-se que quando uma pessoa escrevia o nome j estava alfabetizada.Hoje em dia, por meio do conceito de letramento, sabe-se que leitura e escrita so muito mais que assinar o nome, ou ler algumas frases. A busca de um conhecimento que ajudasse o educando a desenvolver suas opes polticas e ampliar seus repertrios culturais, por meio de um contato com a lngua, onde leitura e escrita permitissem comunicar, divertir, viver com mais autonomia base do conceito de letramento. Agora sabemos, depois do contato com esse conceito, que no devemos usar frases do tipo: a barriga do beb.

    Zuneis Ferreira de Souza

    A alfabetizao apenas uma dessas prticas de uso da linguagem escrita.

    aquela que introduz nossos educandos na reflexo sobre o sistema de escrita (saber

    como funciona a escrita, conhecer as letras e como elas se combinam para formar

    palavras que comuniquem algo), que promove o domnio desse sistema (saber como

    se usa e para que serve) e tambm que proporciona aprendizagens sobre a leitura e a

    produo de textos. , portanto, uma etapa importante para a formao de leitores

    e escritores autnomos, que saibam lidar com a escrita nas mais variadas situaes

    de seu cotidiano. por isso que alfabetizao e letramento so processos

    complementares e devem ocorrer ao mesmo tempo.

    O que ter em mente ao planejarmos o dia-a-dia da alfabetizao? A partir do que estudaram os educadores organizaram alguns princpios e dicas que podemos ter em mente no planejamento de atividades de alfabetizao. Algumas dicas, j foram testadas e do certo.

    Princpios Dicas

    I. Tenha sempre disponvel para os educandos materiais de leitura diversos.

    Colecione textos conhecidos pelos estudantes, como provrbios, bilhetes, folhetos de compras, quadras e versos populares, manchetes de jornais, pois so fceis de ler e interessam a eles. Organize uma caixa com materiais de leitura, os mais variados, como livros de literatura, livros didticos e paradidticos (de informao), jornais, folhetos, revistas informativas, gibis, apostilas, textos avulsos. Enfim, materiais que podem ser doados por pessoas da comunidade e organizados pelos estudantes. importante que esses materiais de leitura fiquem disposio dos estudantes em cada um dos ncleos, para leitura livre e para emprstimo, que sejam diversificados e tratem de temas e questes de seus interesses.

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    Princpios Dicas

    II. Tenha em mente que o educando o centro do processo de aprendizagem. As atividades devem ser pensadas a partir de seus interesses e necessidades de aprendizagem.

    Faa dinmicas para levantar as histrias de vida dos educandos, o que lembram de suas infncias, histrias do dia-a-dia. Elabore um questionrio que fornea informaes sobre a vida de cada estudante (sua condio de vida, renda, trabalho e outras informaes), aplique por meio de entrevistas, isso pode ajudar a conhecer seus saberes, seus interesses e motivaes para se alfabetizarem. Atividades como o reconhecimento de letras do alfabeto, de nomes dos colegas, ditados de palavras (de ferramentas, de profisses, de produtos de uma lista de compras), leituras de textos curtos e conhecidos podem ajudar a diagnosticar o que os estudantes sabem sobre a escrita. Organize conversas com os estudantes antes de tratar de temas e assuntos da alfabetizao, para que possa saber o que eles j sabem e para que eles saibam o que vo estudar. Organize uma pasta com atividades de diagnstico aplicadas durante todo o ano para comparar o progresso dos estudantes e, quando eles mudarem de turma, passe seus registros e informaes para o novo educador.

    III. Todos os dias, leia em voz alta textos de interesses dos educandos.

    Prepare-se e leia em voz alta textos diversos: histrias, fbulas, poesias, letras de msica, notcias, reportagens, depoimentos, relatos etc. Colecione depoimentos, biografias, autobiografias e textos produzidos por estudantes da EJA que os ajudem a pensar sobre suas vidas, que os motivem a enfrentar os desafios de se alfabetizar tarde na vida e as dificuldades de seu cotidiano. Leia textos que tratem de contedos conhecidos pelos educandos como notcias, reportagens, histrias da tradio oral, poesia e quadras populares, pois podem promover conversas e o desejo de conhecer mais.

    IV. Toda a semana, organize um horrio de leitura livre para os educandos.

    Uma vez por semana pelo menos, oferea materiais de leitura para os estudantes. Cada um escolhe o que deseja ler, de acordo com seus interesses. Eles podem ler sozinhos, em duplas ou em pequenos grupos, com ou sem sua ajuda. Esse um momento de encontro entre os educandos e a escrita, sem regras. Organize rodas de leitura. Voc l um texto escolhido por um dos educandos e depois conversa com todos sobre o que foi lido. Motive-os a comentar sobre o que ouviram, suas impresses e opinies. Tambm solicite que falem sobre os textos de que mais gostam, aqueles que lhes interessam ou desejam ler.

    VII. Use a letra basto (letra de forma maiscula) em atividades de reflexo sobre a escrita.

    No quadro de giz, em cartazes e em textos para leitura individual ou cpia, use sempre a letra basto. O formato da letra ajuda o educando a reconhecer cada letra que entra na composio das palavras e isso facilita o processo de alfabetizao. O educando pode usar a letra basto para copiar e fazer exerccios, ela mais fcil de fazer do que a cursiva que exige movimentos circulares e rpidos. O ensino da letra cursiva pode ficar para o final do processo de alfabetizao.

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    Princpios Dicas

    V. Organize variados agrupamentos entre os educandos durante as atividades: duplas (educandos de alfa e ps); em crculo (para debates, rodas de leitura e conversas); em grupos (para jogos, atividades de escrita), em fileiras (para atividades individuais)

    Todos os dias, diversifique a disposio dos educandos e dos mobilirios de sua sala de aula: Grande roda: ideal para momentos em que todos precisam

    se ver, prestar ateno em explicaes, ouvir histrias, comentrios etc.

    Agrupamentos de mesas (em duplas, trios ou quadras): ideais para realizar jogos, pesquisas, atividades de produo de textos e leitura, nas quais os educandos precisam trocar conhecimentos, experincias, tenham que ensinar ao outro;

    Dois blocos (dividir a sala ao meio): ideal para promover debates e discusses em que os educandos precisem assumir duas posies diferentes (a favor e contra); para promover disputas e gincanas entre dois grupos.

    Fileiras: ideal para realizar atividades diagnsticas ou aquelas em que queremos testar a autonomia dos educandos em realizar sozinhos atividades.

    VI. Planeje uma rotina diria e semanal variada, cheia de boas surpresas.

    Todos os dias, planeje momentos variados, com atividades individuais, em grupos, coletivas e que coloquem vrios desafios para os educandos. Antes de iniciar a aula, escreva no quadro de giz as principais atividades que os educandos vo fazer. Voc pode escrever palavras chaves para identificar a atividade, por exemplo roda de conversa, lio no livro, jogos etc. Todos os dias, reserve um tempo para essas atividades: de leitura compartilhada, feita por voc, em voz alta: podem

    ser textos para estudar algum tema, para refletir ou debater, para sentir prazer, para pensar sobre a escrita e os textos.

    de reflexo sobre a escrita e como ela funciona: podem ser como jogos, atividades de identificao de palavras, slabas e letras etc..

    de produo de textos: podem ser textos coletivos, nos quais voc escreve o que os educandos ditam etc.

    de estudo de outras reas e temas, por meio de projetos coletivos.

    VIII. Tenha um quadro de aviso ou mural na sala de aula.

    Organize numa das paredes um espao para expor os trabalhos dos educandos, textos para leitura, calendrios, cartazes informativos, classificados e tudo mais que possa interessar seus educandos. Todo ms, faa uma agenda com uma programao cultural com os espaos de lazer e eventos culturais prximos a moradia dos educandos e gratuitos.

    Elaborado pelas educadoras do curso: Jogos na alfabetizao: para que?, 2005.

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    Maneiras de compreender e desenvolver a alfabetizao

    Outro aspecto fundamental para compreendermos como se d o processo de

    alfabetizao foi conhecer o que as pessoas jovens e adultas podem saber antes de

    terem estudado o sistema de escrita alfabtico. Se todos ns vivemos num mundo

    rodeado e ordenado pela escrita, jovens e adultos no alfabetizados tambm sabem

    algo sobre a escrita. Isto porque eles participam de situaes, as mais variadas, nas

    quais a escrita est presente e eles tm que usar seus conhecimentos e estratgias

    dar conta delas. Basta lembrar das histrias e depoimentos que lemos na coletnea

    Historiando, como Roberto sem Carlos, Entre fraldas e livros e outros. As pessoas no

    escolarizadas pensam sobre para que serve a escrita, como se escreve, que smbolos

    so necessrios para escrever etc.

    Alfabetizao um processo de construo de conhecimentos e aquisio de competncias. Para alfabetizar-se preciso apropriar-se do sistema de escrita: conhecer o alfabeto (os diferentes tipos de letras, maiscula, minscula, etc.), perceber a relao letra-som, perceber as propriedades sonoras do sistema de escrita (de suas regularidades e irregularidades), perceber a composio de palavras em seus aspectos quantitativos (nmero de letras) e qualitativos (variao e posio de letras que compem a palavra), e observar o sentido e posicionamento da escrita e a segmentao das palavras.

    Mas, dominar a escrita, ser capaz de ler e escrever textos, saber falar em

    situaes pblicas, refletir e analisar sobre os usos que se faz da linguagem so

    condies essenciais para a participao social. Todas essas prticas devem fazer

    parte das situaes de aprendizagem apresentadas aos jovens e adultos desde o

    incio da alfabetizao.

  • 18

    O que ter em mente ao planejarmos atividades para alfabetizao?

    1) Colecione um universo variado de textos, d preferncia para aqueles do repertrio dos jovens como letras de msica, cartazes culturais, esportivos e educativos, poesias, correspondncias pessoais, entre tantos outros. Esses textos conhecidos ajudam na reflexo sobre o sistema, pois os jovens no precisam se preocupar com o tema, sentido e contedo, colocando sua ateno na decodificao e na observao da escrita.

    2) Colecione um bom repertrio de palavras, expresses e termos que os jovens usam cotidianamente e que so significativos e interessantes para eles, como os nomes da turma, de suas atividades profissionais, das atividades culturais de que tomam parte, de artistas, cantores e canes de que gostam, de atividades esportivas e culturais que realizam, de problemticas que afetam sua vida.

    3) Organize atividades individuais, coletivas e em grupos que exijam variados procedimentos dos estudantes:

    a) Comparao: focalizar mais de um aspecto da escrita, por exemplo, comparar as letras iniciais de dois ou mais nomes da turma;

    b) Identificao: focalizar um aspecto da escrita, por exemplo, a letra final dos nomes femininos;

    c) Escrita com modelo ou cpia: produo que exige que prestem a ateno aos aspectos formais da escrita, bons materiais para isso so os textos coletivos criados pela turma ou os textos de que gostam e querem guardar, como poemas, letras de msica, listas de nomes dos familiares, convites para comunidade, cartazes com campanhas educativas ou que registram novas aprendizagens etc.;

    d) Decomposio e composio de palavras, de frases: identificar partes, separ-las e agreg-las em novos formatos, por exemplo:

    Dividir palavras e compor novas a partir das letras de uma palavra:

    F U T E B O L

    BULE, TUBO, FOLE,

    Dividir palavras em slabas e compor novas a partir dessas slabas:

    MA RA CA TU CA PO EI RA CI RAN DA

    MARACA, POEIRA, CARA, MACA,

  • 19

    Usar slabas que compe uma palavra para completar outras:

    A BA CA XI

    ______J - _____CEROLA - CUPU___U - GOIA____

    e) Aplicao de regras do sistema de escrita: pensar no funcionamento e princpios que regulam a escrita e aplic-los, por exemplo,

    Perceber os efeitos que o uso de uma ou outra vogal na slaba pode causar, como em MARINA, o M est acompanhado da letra A, e em MILENA, o M est acompanhado da letra I;

    Perceber que em alguns casos o nome da letra indica seu som. o caso da letra C em CEREJA, CERVEJA, da letra B em BELEZA, BELA, BEBIDA; da letra P em PECADO, PELADO etc. Essa percepo colabora para que reconheam a relao entre letras e sons.

    f) Escrita sem modelo: para identificar o que j sabem sobre a escrita e o que aprenderam e usam para escrever, por exemplo,

    Um estudante pode usar somente as letras de seu nome que so conhecidas por ele para escrever palavras, este tipo de escrita indica que ele sabe que preciso usar um repertrio de letras para escrever, que esse deve ser diversificado e que a posio das letras devem variar para cada palavra.

    Um estudante pode usar algumas slabas que conhece de nomes de seus colegas para escrever palavras.

    g) Reconhecimento de palavras no texto: encontrar palavras conhecidas ou novas em textos do repertrio dos estudantes pode auxiliar na fluncia da leitura, por exemplo, identificar o nome de atividades profissionais numa lista, ou palavras que rimam numa letra de msica, nomes de pessoas em notcias, endereos em cartazes.

    4) O uso das letras de forma maisculas uma estratgia importante nesse momento, por serem mais fceis de distinguir umas das outras e mais fceis de grafar. S depois que o estudante dominou os princpios bsicos do sistema que aconselhamos introduzir e exercitar a caligrafia da letra cursiva.

    5) Desde o incio disponha de um quadro com o alfabeto em letra de forma e cursiva, maisculas e minsculas, de modo que possa consult-lo sempre que necessrio, identificando as correspondncias entre elas.

    Adaptado de VVIO, C. L.; MANSUTTI, M. A. Viver, aprender Alfabetizao. So Paulo :

    Global, 2005. (Livro do alfabetizador)

  • 20

    Dois pontos de vista sobre a alfabetizao Mas afinal, o que diferencia essa forma de compreender a alfabetizao das propostas que tradicionalmente a escola realiza, aquelas que nos alfabetizaram? O quadro a seguir nos ajuda a refletir sobre como pensamos e realizamos o processo de alfabetizao em nossas turmas e, mais, colabora para revermos como realizamos o processo de alfabetizao: se ancorado e coerente com os princpios que assumimos e se adequado aos educandos e suas necessidades de aprendizagem.

    A perspectiva tradicional de ensino Alfabetizar letrando

    O qu

    e

    alfa

    betiz

    a

    o?

    A alfabetizao um processo de acumulao e de transferncia de conhecimentos: pouco a pouco so passados para os estudantes os conhecimentos necessrios para aprender a ler e a escrever, comeando pelo que considerado mais fcil (por exemplo as letras), passando para o que mais complexo (slabas, palavras e textos) .

    A alfabetizao um processo de construo de conhecimentos, que se apia na reflexo sobre as caractersticas e o funcionamento da escrita. Trata-se de observar, estudar e interagir com a escrita para ir descobrindo suas propriedades, compreendendo como ela funciona (por exemplo, que se usam letras para escrever, que essas letras representam os sons da fala, que para representar a fala preciso agrup-las de acordo com os sons que representam etc.). Alm disso, est envolvido nesse processo compreender para que a escrita serve e

    como pode ser usada.

    Quem

    o a

    pren

    diz?

    O sujeito s poder saber sobre a escrita ao participar do ensino formal, na escola ou em outra instituio. Antes da escola, dificilmente, crianas, jovens e adultos podem saber algo sobre como funciona a escrita. Ele nada ou pouco sabe e a escola e o educador devero ensin-lo.

    O sujeito aprende em diferentes mbitos, pensa e reflete sobre a escrita medida que se envolve em situaes em que a linguagem est presente. Mesmo que ainda no tenha compreendido como funciona a escrita, ele pensa sobre seu funcionamento, pensa para que serve a escrita, pensa em estratgias para participar de situaes onde precisa usar a escrita de algum modo (por exemplo, para retirar documentos, para pegar nibus etc.)

  • 21

    Com

    o se

    d

    a a

    prendi

    zage

    m?

    Apia-se no ensino e em atividades que exigem dos estudantes a memorizao, repetio e aplicao de conhecimentos, transmitidos/passados pelo educador e organizados do mais simples para o mais complexo.

    Apia-se em tomar parte de situaes de aprendizagem, nas quais os estudantes devero colocar em jogo aquilo que j sabem, o que aprenderam em outros mbitos para alm da escola. Eles devero refletir, estabelecer relaes, comparar, identificar, memorizar, compreender informaes. Em vez de transmitir o conhecimento, eles constroem o conhecimento medida que vo lidando com essas situaes, que vo solucionando problemas.

    O qu

    e

    esc

    reve

    r?

    Escrever copiar listas de palavras, frases e textos, fazer redaes e composio com temas propostos pelo educador. A funo desses textos mostrar o que se sabe sobre a escrita, serve para avaliar o processo de aprendizagem.

    Escrever produzir textos que servem para alguma coisa: para registrar aprendizagens (por exemplo, nomes de profisses, nomes das pessoas da turma), para comunicar alguma coisa (para informar as pessoas, para contar experincias, para registrar opinies etc.). H sempre um leitor para quem se escreve. Implica saber sobre o que se quer comunicar, fazer vrias verses e revisar para aprimorar o que se quer comunicar etc.

    O qu

    e fa

    zer

    com

    o err

    o?

    O erro um problema que precisa ser corrigido.

    Informa sobre o que os estudantes no sabem e o que no podem fixar para poder continuar aprendendo.

    O erro demonstra como o estudante est pensando, demonstra o que ele j sabe, por exemplo: se escreve uma palavra atribuindo uma letra para cada slaba, essa escrita mostra sua hiptese de como escrever. D indcios e pistas para a interveno e criao de novas atividades pelo educador, por isso um elemento fundamental no processo de aprendizagem.

    A perspectiva tradicional de ensino Alfabetizar letrando

  • 22

    A perspectiva tradicional de ensino Alfabetizar letrando O

    qu

    e

    ler?

    Ler um processo que se baseia na identificao de letras, slabas e palavras, depois frases, para ento decifrar textos escolares, curtos e simples (criados para ensinar a escrita). L-se para aprender a escrita e no para atribuir significado ao que foi lido. S possvel ler depois de estar alfabetizado.

    Ler atribuir significado. Envolve conhecimentos (saber sobre o tema e contedo dos textos, sobre o tipo de texto e sua funo para que serve, sobre sua estrutura e configurao como est disposto no papel, seu ttulo e subttulos, se tem imagens, saber sobre o sistema de escrita etc.); envolve estratgias (de decodificao, seleo, antecipao, inferncia e verificao), envolve representaes (aquilo que gosto de ler, o que acho que pode e deve ser lido). sempre guiado por objetivos, compartilhado e, na maior parte dos casos, envolve a interao com outras pessoas, materiais etc. possvel ler quando ainda no se sabe ler convencionalmente, fazendo isso que se aprende. Os estudantes so tratados como leitores desde o incio do processo de alfabetizao.

    Com

    o s

    o as

    ativ

    idade

    s?

    Apiam-se na memorizao de slabas estudadas e palavras formadas a partir delas: so exerccios de identificao e memorizao. Muitas vezes esses exerccios no tm sentido para os estudantes porque no tem nada a ver com o que j sabem ou com o que precisam saber. O desafio da atividade reter na memria informaes.

    Apiam-se em atividades de reflexo guiadas por problemas, perguntas e dicas do educador. So situaes de aprendizagem que sempre partem de um problema para o qual se busca uma soluo ou resposta. Para resolv-lo preciso colocar em jogo o que j se sabe, buscar ajuda de pessoas mais experientes, interagir com outros, revisar e transformar o que j se sabia em funo do novo que se apresenta. Sugerindo caminhos, fazendo propostas de trabalho, orientando a atividade e interpretando os erros como meios de aprendizagem, o educador poder estabelecer vnculos entre as experincias e conhecimentos que os estudantes possuem e os novos conhecimentos a serem aprendidos e produzidos coletivamente.

    Adaptado de VVIO, C. L.; MANSUTTI, M. A. Viver, aprender Alfabetizao. So Paulo : Global, 2005. (Livro do alfabetizador) e de MEC. Guia do Formador. Braslia: PROFA/MEC, 2001.

  • 23

    Um recado de uma educadora do Educar para Mudar Na falta de no se lembrar de todos os recados e datas importantes, anotarei e colarei na geladeira, as datas, as listas de compras, os lembretes fundamentais. O tempo promete viagens para pases diferentes, deixando saudades e ao mesmo tempo fazendo-nos rir e chorar. Ah! Os familiares. Aqueles heris, ou, a ausncia de grandes amigos. Tudo junto forma uma dor de tamanho imenso. Sempre h dificuldades quando se afasta do lugar de origem... E ai, chegar a uma cidade grande sem saber ler e escrever; procurar trabalho sem a orientao de ningum. Essas realidades esto sempre na sala de aula, mas, a sala de aula nem sempre est conectada a essas realidades. Memorizao? Para isso, que se use a geladeira... A educao tem que servir para algo a mais.

    Vera Lcia Pereira Alves

    1.1. Jogos na alfabetizao de jovens e adultos: para qu?

    Em diferentes momentos da histria da humanidade e em variados espaos e

    grupos humanos encontramos registros sobre o jogo. Trata-se de uma atividade

    natural do ser humano, desenvolvida desde seus primeiros meses de vida. Nosso

    corpo, os ps e as mos so nossos primeiros brinquedos e jogando com eles que

    descobrimos a ns mesmos e aos outros.

    O jogo diverso, promove a socializao e o relaxamento. Jogar faz parte da

    vida, socializa, integra. Jogando aprendemos a desempenhar papis na sociedade e

    descobrimos que h regras e que estas devem ser respeitadas. Tambm construmos

    novos mundos, outros papis e possibilidades, compensando, assim, nossas

    dificuldades, amenizando as presses vividas, as angstias e os desafios.

  • 24

    O jogo em si mgico, com um grande poder de transformao. A escola

    tradicional tem sido um lugar triste e cansativo e estranho que permanea nessa

    rotina desinteressante. Atividades com jogos pode ser uma forma para transformar a

    escola em um ambiente descontrado, interativo, que facilite a aprendizagem.

    Seu valor inestimvel nos processos de aprendizagem, porque o jogo

    permite lidar com diversas reas de informao, possibilita um processo ativo de

    aquisio do conhecimento, trazendo assim a informao e a transformao.

    por meio das relaes entre os jogadores que se constroem conhecimentos e

    atitudes. Ao jogar podemos criar e recriar, descobrir e redescobrir (arranjando coisas

    que j sabemos). Nessas aes vivenciamos o prazer de modificar, focalizar,

    interpretar e de ressignificar ao que j se sabe.

    Observando, compreendendo e testando organizamos nossas idias. Os jogos

    favorecem esses procedimentos e ajudam ainda no resgate de contedos

    trabalhados, no exerccio de estratgias de pensamento, contribuindo para o uso da

    inteligncia na resoluo dos problemas. Nesse processo os novos conhecimentos,

    no ficam soltos, encontram-se associados entre si e relacionados ao que j se sabe,

    evitando assim, o risco da memorizao e do ensino mecanizado.

    Jogar tambm pode favorecer a concentrao, o uso do pensamento e da

    linguagem, relacionando o agir com o pensar.

    importante que o educador planeje e crie em sala de aula situaes em que

    os educandos possam jogar, favorecendo a descoberta e o aprendizado. Alm, de ser

    educativo, o jogo tem que ser criativo, desafiador, produzir interesse e vontade de

    participao, por isso, ele minimiza as dificuldades dos educandos e leva-os pelos

    estudos, para uma melhor aprendizagem.

    Quando falamos em jogo, no estamos falando daqueles que devero ser

    comprados, mas daqueles que podem ser feitos pelos educadores com seus

    estudantes. O que aumentar ainda mais o prazer, a criatividade e a curiosidade dos

    jogadores. Nos jogos de alfabetizao, ningum perde, s ganha; enriquecendo seu

    aprendizado.

    Texto adaptado pelas educadoras do Educar para Mudar

  • 25

    Vivendo e aprendendo a jogar: as vantagens do jogo na EJA O jogo proporciona um ambiente alegre e descontrado em sala de aula; Agua a curiosidade do educando, mobilizando a ateno para a descoberta; Favorece a concentrao, motivando o educando a procurar desvendar o que no conhece; Ajuda na comunicao e na socializao, pois so trabalhos sempre efetuados em grupos; Desperta o interesse do educando; Desenvolve o esprito reflexivo e crtico, atravs das hipteses criadas; Desenvolve a percepo, classificao, anlise, julgamento e associao no prazer em aprender a jogar; Colabora para a construo do bom-senso e criatividade tanto do educador como do educando.

    Jogos na alfabetizao: o que os estudantes podem aprender e exercitar

    Uma das grandes vantagens dos jogos na alfabetizao de jovens e adultos a

    promoo de atividades que colaborem para que dominem o princpio geral do

    sistema de escrita alfabtico. Para que aprendam que as letras, unidades grficas do

    sistema, representam basicamente os sons, unidades sonoras da fala. Para isso, h

    diversos jogos nos quais os educandos podero:

    conhecer o alfabeto (conjunto de letras que representam os sons da fala e

    so usadas para escrever);

    identificar o nome de cada letra e descobrir que, em muitos casos, o nome

    das letras indica o som que representa, por exemplo B chama-se B, C

    chama-se de C, D chama-se D etc.

    conhecer a ordem das letras na escrita de palavras.

    perceber que as palavras podem analisadas em unidades menores como

    letras e slabas.

    reconhecer que h letras que representam os sons voclicos (as vogais) e

    h as que representam os consonantais (as consoantes).

    perceber que as letras podem variar na forma grfica, podem ser

    maisculas ou minsculas e podem ser usados diferentes tipos, por exemplo

    A a A a A a A a A a A a etc.

  • 26

    perceber que os sons que as letras representam podem variar de acordo

    com o lugar em que ela ocupa na slaba, por exemplo, a letra L em LAMA e

    ALMA, a letra E em ODETE.

    saber que no se pode escrever qualquer letra em qualquer posio e que

    para junt-las e seqenci-las para escrever algo preciso seguir regras e

    convenes.

    descobrir as relaes entre letra e som

    perceber que no escrevemos do jeito que falamos

    Oficinas de jogos Selecionamos e experimentamos vrios jogos e a seguir explicamos suas regras e o modo de faz-los.

    Pingo no I

    O que ? um baralho de cartas com letras do alfabeto. Como no baralho tradicional, o Pingo no I, pode ser jogado de diversas maneiras. Objetivos pedaggicos: formar palavras a partir das cartas de baralho que tm nas mos, jogando os educandos podero: reconhecer as letras do alfabeto, refletir sobre a ordem em que as letras devem estar para formar palavras, estabelecer relaes entre letra e som, identificar o nmero de letras que compe palavras, compor e decompor palavras.

    Material necessrio

    108 pedaos de cartolina ou papel carto no tamanho de cartas de baralho (10 cm x 7 cm). Letras recortadas de revistas e jornais para enfeitar as cartas Cola e tesoura

    Canetas coloridas

    Modo de fazer: com canetas coloridas, escreva no canto superior e inferior de cada cartela as letras do alfabeto, seguindo essas quantidades: 12 cartelas com a letra A; 3 com a letra B; 3 com a letra C; 3 com a letra ; 3 com a letra D; 9 com a letra E; 3 com a letra F; 2 com a letra G; 3 com a letra H; 9 com a letra I; 2 com a letra J; 3 com a letra L; 4 com a letra M; 3 com a letra N; 9 com a letra O; 4 com a letra P; 2 com a letra Q; 6 com a letra R; 6 com a letra S; 4 com a letra T; 9 com a letra U; 2 com a letra V; 2 com a letra X; 2 com a letras.

  • 27

    Regras do jogo: mnimo de 2 e mximo de 4 jogadores. Distribuem-se nove cartas para cada jogador e separam-se dois montes de 9 cartas que sero o morto. Duas cartas devem ficar abertas na mesa para o inicio do jogo. O restante dever ficar no centro da mesa para serem compradas.

    O jogador da vez compra duas cartas do monte e descarta uma ou compra da mesa quantas cartas precisar, desde que sejam usadas imediatamente. Nesse caso o jogador no descarta. medida que o jogador formar palavras com as cartas, os jogos devero ser abaixados at no sobrar nada nas mos. Cada palavra dever ter no mnimo trs letras e no valem palavras em outra lngua.

    Os dois primeiros jogadores que acabarem com as cartas de sua mo estaro batidos, pegam o morto e continuam no jogo. Em caso de baterem sem descarte, o morto poder ser usado na mesma jogada. A partida termina quando algum participante acaba com todas as cartas das mos, inclusive as do morto. Contam-se os pontos dos jogos abaixados e ganha quem atingir 1000 pontos primeiro. As cartas que no forem utilizadas voltam para o monte.

    Contagem de pontos: - Vogal 5 pontos; Consoante 10 pontos; Batida 50 pontos: Morto 50 pontos; Palavras com sete letras ou mais 50 pontos.

    Risque

    O que ? um conjunto de dados com letras desenhadas em cada uma de suas faces. Os dados so sorteados e as letras que estiverem viradas para cima devem ser usadas para formar palavras.

    Objetivos pedaggicos: formar o maior nmero de palavras soltas ou cruzadas, usando somente as letras que esto viradas para cima. Ao jogar os educandos vo aprender a compor palavras, a refletir sobre a ordem das letras na escrita, identificar o nmero de letras que compe palavras, estabelecer a relao entre letras e som.

    Material necessrio:

    13 dados com as faces lisas (sem bolinhas). Os dados podem ser confeccionados de cartolina ou podem ser usados dados comuns e colar adesivos com as letras.

    Canetas coloridas ou letras em adesivo

    Copo plstico

    Modo de fazer: com canetas coloridas ou adesivos coloque, em cada uma das face dos dados, as letras do alfabeto, em letra de forma maiscula, seguindo estas quantidades: 10 faces com a letra A; 2 com a letra B; 2 com a letra C; 2 com a letra D; 8 com a letra E; 2 com a letras F; 2 com a letra G; 2 com a letra H; 8 com a letra I; 2 com a letra J; 2 com a letra L; 2 com a letra M; 2 com a letra N; 8 com a letra O; 2 com a letra P; 4 com a letra R; 4 com a letra S; 2 com a letra T; 8 com a letra U; 2 com a letra V; 1 com a letra X; 1 com a letra Z. importante variar as letras em cada um dos dados, por exemplo, escrever as letras A em 10 dados diferentes, para que se tenha a possibilidade de formar palavras em que a letra A aparea mais de uma vez.

  • 28

    Regras do jogo: pode ser jogado com qualquer numero de jogadores. Todas palavras do vocabulrio so permitidas nas turmas de alfabetizao exceto palavras com menos de 3 letras. Nas turmas de ps-alfabetizao as regras podem se tornar mais difceis, por exemplo, no aceitar a) nomes prprios e de lugares; b) diminutivos (como bebezinho, bonitinho etc.); c) verbos flexionados (tem, estava, por exemplo); d) grias (isso pode ser decidido pelos jogadores etc. Cada jogador, na sua vez de jogar, coloca os 13 dados no copo e os lana. Se sair a letra Q sem sair a letra U ele poder lanar estes dados novamente. Ser utilizada apenas as letras que ficarem na parte de cima do dado. H um dado marcado com um ponto de interrogao (?) que vale como um coringa, o jogador pode determinar que letra ser. Porm, uma vez escolhida a letra, ela permanece a mesma at o fim da sua jogada. Uma vez lanado os dados, o jogador vira a ampulheta e forma suas palavras. Contagem de pontos: multiplica-se a quantidade de letras utilizadas na formao de palavra pelo seu prprio numero. Ex: CAMA (4 letras x 4 letras =16). Da mesma forma a quantidade de letras que sobrarem, devero ser multiplicadas por elas mesmas e abatidas do valor total das palavras formadas. Ganha quem formar mais pontos.

    Salada de slabas

    O que ? um jogo da memria com palavras e slabas. Objetivos pedaggicos: fazer combinaes entre duas cartas, montando palavras e figuras. Proporciona ao jogador a identificao e memorizao de palavras e das silabas que as compem. Ao jogar os estudantes aprendem a decompor palavras em slabas, a ler palavras, a identificar a seqncia de slabas para formar palavras.

    Materiais necessrios

    Lista de palavras que contemple o dia-a-dia dos estudantes: lista de profisses, de compras, de utenslios domsticos, de ferramentas etc.

    22 cartelas de cartolina ou papel carto (tamanho 10 cm x 7 cm) Ilustraes ou fotografias das palavras que compem a lista escolhida (se a lista for de utenslios domsticos, preciso ter imagens que correspondam a cada uma das palavras). Tesoura e cola

    Canetas coloridas

    Revistas para recortar fotografias e ilustraes

    Modo de fazer: cole, no centro de cada cartela, uma figura. Na parte superior da cartela escreva o nome da figura, usando letra de forma maiscula. Na parte inferior, logo abaixo da figura, escreva a palavra, separando em slabas, por exemplo:

  • 29

    PANELA

    PA-NE-LA

    Depois de pronta, recorte a cartela no meio.

    Regra: podem jogar de 2 a 6 jogadores. Organizam-se as cartelas sobre uma mesa, com as imagens viradas para baixo. Cada jogador na sua vez escolhe duas cartas e observa se elas formam um par, isto , se completam a imagem e a palavra. Se montar um par pode jogar novamente, at que no forme mais nenhum par. Ganha quem fizer o maior nmero de pares.

    Letras & Bichos

    O que ?: um conjunto de cartelas com 12 figuras de animais e seus respectivos nomes e cartelas com todas as letras do alfabeto.

    Objetivos pedaggicos: cada jogador deve conseguir as letras que compem os nomes de animais de suas cartelas. A partir da associao da figura com a palavra escrita, os jogadores lidam com a memorizao da escrita e a reflexo sobre a quantidade e ordem das letras na palavra. Tambm aprendem a compor palavras.

    Materiais necessrios:

    12 cartelas de cartolina ou papel carto (10 cm x 7 cm) para figuras dos animais 96 cartelas de cartolina ou papel carto de letras do alfabeto (4 cm x 4 cm) Canetas coloridas

    Cola e tesoura

    Revistas

    1 roleta com as letras do alfabeto.

    Modo de fazer: cole, no centro de cada cartela, a figura de um animal. Na parte inferior, logo abaixo da fotografia, escreva o nome do animal, usando letras maisculas.

    CAVALO

  • 30

    Nas cartelas menores, escreva as letras do alfabeto (35 vogais, sete de cada uma, e 63 consoantes, trs de cada uma)

    A Regra: podem jogar de 2 a 4 jogadores. Distribui 2 cartas de animais para cada jogador. Monte o alfabeto, empilhando as cartas iguais no centro da mesa. Defina, a seqncia dos jogadores (1 a 4 participantes) Na sua vez, o jogador deve girar a roleta e procurar a letra sorteada, todas as letras que forem necessrias para completar os nomes de seus dois animais. Caso encontre, o jogador deve pegar cada uma dessas letras do centro da mesa e posicion-las frente de suas cartas, tentando completar o nome de seus dois animais.

    Se no encontrar nenhuma letra coincidente, o jogador deve passar a vez para o prximo jogador. Ganha aquele que formar seus dois nomes primeiro.

    Do A ao Z

    O que ?: o jogo funciona como um Alfabetrio. Objetivos pedaggicos: associar letra, figura e palavra, montando um quebra cabea. Pode-se jogar como jogo da memria, virando todas cartas e formando os pares. Ou, distribuir igualmente as figuras das cartelas entre os participantes, podendo ser de 1 a 5. Ao jogar os estudantes vo ler, memorizar letras, identificar letras iniciais e associ-las.

    Materiais necessrios:

    Lista com 23 palavras do dia-a-dia dos estudantes e que comecem com cada letra do alfabeto

    23 cartelas de cartolina ou papel carto (10 cm x 7 cm) 23 imagens que correspondam s palavras selecionadas

    Canetas coloridas

    Cola e tesoura

    Revistas

    Modo de fazer: cole, no canto superior de cada cartela, a figura selecionada. No meio da cartela, escreva a letra inicial da palavra e na parte inferior, logo abaixo da letra inicial, escreva a palavra, usando letras maisculas. Depois de prontas, corte-as em trs partes, separando imagem, letra inicial e a palavra, como se fosse um quebra cabea.

  • 31

    ATABAQUE A

    Regra: pode-se jogar como jogo da memria, virando todas cartas e formando os pares. Ou, distribuir igualmente as figuras das cartelas entre os participantes, podendo ser de 1 a 5. As figuras que sobrarem devero ser retiradas, junto com suas respectivas letras e palavras. Um dos jogadores embaralha as cartelas de letras e palavras e coloca-as com a face voltada para baixo. Todos os jogadores ao mesmo tempo, procuram as partes que compe suas cartelas, encaixando a letra e o nome da figura. Em ambas as possibilidades ganha quem formar ou tiver o maior numero de cartelas completas.

    1.2. Cantar e aprender

    Com o objetivo de ampliar as prticas de alfabetizao e colaborar para o

    planejamento de aulas e atividades inovadoras no Educar para Mudar, nesse curso,

    trouxemos as canes para povoar as aulas de leitura e produo de textos.

    A alfabetizao e o letramento so processos complementares que devem

    ocorrer ao mesmo tempo, desde o incio da alfabetizao. Por isso, preciso

    oferecer textos para a leitura que tenham um significado, tenham uma funo e se

    dirijam a algum. Em vez de textos artificiais e sem sentido, um texto real, que

    circula em nosso cotidiano, ajuda o estudante a apoiar o esforo da decifrao na

    capacidade de prever seu contedo e tema, de analisar o modo como foram tratados

    e de atribuir sentido ao que leu. Por exemplo, se um educando conhece uma cano,

    desafi-lo a ler a letra de msica pode ser um exerccio interessante. Como j sabe o

    contedo de cor, pode debruar-se em localizar palavras que rimam, em

    (re)conhecer cada verso e estrofe, por exemplo.

  • 32

    No processo de alfabetizao preciso que os educadores:

    tenham clareza dos objetivos que esto sendo perseguidos: saibam aonde se quer chegar com os educandos;

    procurem pesquisar sobre as necessidades dos educandos;

    dem oportunidades para que os educandos que ainda no lem e escrevem convencionalmente participem da aula, leiam e produzam textos;

    valorizem a diversidade cultural da turma;

    observem seus educandos e preocupem-se com detalhes, com as formas que eles usam para escrever, com o modo como eles se colocam nas discusses, por exemplo;

    retomem sempre as discusses e aprendizagens anteriores, expliquem a mesma coisa de vrias formas diferentes e ampliem as explicaes a cada retomada;

    possibilitem o acesso dos educandos a variadas linguagens, como produes musicais, cinematogrficas, de artes plsticas, de teatro e dramaturgia entre outros (obras de artes, desenhos, msicas, filmes etc.).

    Tambm importante que o estudante escreva, mesmo que no produza

    ainda uma escrita convencional, possvel de ser lida e interpretada por outras

    pessoas. A partir dessas escritas imprecisas, podemos conhecer o que sabe e auxili-

    lo, mostrando o que est faltando e trazendo novas informaes.

    Oficina de canes Produzimos e experimentamos vrias sugestes de atividades com canes que podem ser ampliadas e transformadas a partir de sua criatividade e a dos seus educandos. Em cada uma delas, alm de encontrar a descrio como realiz-la, voc ter a letra transcrita, podendo fazer cpias para lev-las para a sala de aula. As oficinas de 1 a 5 foram realizadas em curso juntamente com as educadoras, sob a responsabilidade de Rosangela Leite (formadora), em 2005. J as oficinas de 6 a 8 foram realizadas com outro grupo de educadores e sob a responsabilidade de Andreia Martins (formadora), em 2006. Ao final, outras letras de msica tambm se encontram disponveis

  • 33

    Oficina 1: Odeon

    Conhea a letra de msica feita por Vinicius de Moraes para o Chorinho de Ernesto Nazar

    Choro ou chorinho um gnero musical brasileiro.

    Considerado uma adaptao da maneira de interpretar as polcas e os xotes, gneros em voga no final do sculo passado e nas primeiras dcadas do sculo 20. O violo, o cavaquinho e a flauta constituam, ento, uma formao instrumental muito popular, e uma nova forma chorosa de tocar a flauta e os acompanhamentos desenvolvidos pelos violes em tons mais graves foram os responsveis pela impresso de melancolia que deu o nome de choro quela maneira de tocar. Num primeiro momento, o choro incorpora um aspecto fortemente ldico, valorizando a improvisao, e destacando o compositor e flautista Joaquim Antnio da Silva Calado. A partir de 1920, com a afirmao do choro como gnero musical autnomo, muitos profissionais passam a se dedicar sua interpretao em discos e nas orquestras dos teatros. Entre seus principais representantes esto Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.

    Retirado de Nova Enciclopdia Ilustrada da Folha, acesso em 02 de fevereiro de 2007, http://www1.uol.com.br/bibliot/enciclop/

    Inicialmente, apresente aos educandos a verso dessa cano sem letra. Em seguida, discuta com a turma as impresses e os sentimentos que aquela msica traz e registre-se no quadro de giz. Depois, toque a msica interpretada por Nara Leo. Como foi ouvi-la agora com a letra? Nossas primeiras impresses bateram com as que surgiram depois que se ouviu a verso cantada por Nara Leo?

    possvel fazer uma lista das principais palavras que os educandos conseguem ouvir da msica e tentar descobrir o ttulo. S ento, deve-se oferecer o texto da msica para todos os educandos e fazer uma primeira tentativa de encontrar as palavras selecionadas no texto.

    O principal objetivo desta atividade tentar refletir, com os educandos, qual a importncia da letra da msica. Para qu ela serve? O que a letra oferece para a cano?

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    ODEOM ERNESTO NAZAR E VINCIUS DE MORAES INTERPRETAO: NARA LEO)

    AI QUEM ME DERA O MEU CHORINHO TANTO TEMPO ABANDONADO E A MELANCOLIA QUE EU SENTIA QUANDO OUVIA ELE FAZER TANTO CHORAR AI, NEM ME LEMBRO H TANTO TEMPO, TANTO TODO ENCANTO DO PASSADO QUE ERA LINDO ERA TRISTE, ERA BOM IGUALZINHO UM CHORINHO CHAMADO ODEON

    TERANDO FLAUTA E CAVAQUINHO MEU CHORINHO SE DESATA TIRA DA CANO DO VIOLO ESSE BORDO QUE ME D VIDA E QUE ME MATA S CARINHO O MEU CHORINHO QUANDO PEGA E CHEGA ASSIM DEVAGARINHO MEIA-LUZ, MEI-VOZ, MEIO TOM MEU CHORINHO CHAMADO ODEON

    AH VEM DEPRESSA CHORINHO QUERIDO VEM MOSTRAR A GRAA QUE O CHORO SENTIDO TEM QUANTO TEMPO PASSOU QUANTA COISA MUDOU J NINGUM CHORA MAIS POR NINGUM

    AH, QUEM DIRIA QUE UM DIA CHORINHO MEU VOC VIRIA COM A GRAA QUE O AMOR LHE DEU PRA DIZER NO FAZ MAL TANTO FAZ, TANTO FEZ EU VOLTEI PRA CHORAR POR VOCS

    CHORA BASTANTE MEU CHORINHO TEU CHORINHO DE SAUDADE DIS AO BANDOLIM PRA NO TOCAR TO LINDO ASSIM PORQUE PARECE AT MALDADE AI, MEU QUERIA EU S QUERIA TRANSFORMAR EM REALIDADE A POESIA AI, QUE LINDO, AI QUE TRISTE, AI QUE BOM DE UM CHORINHO CHAMADO ODEOM

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    Oficina 2: Ana Maria e Aconteceu

    So duas letras de msica para refletir junto com os educandos sobre relaes amorosas e sobre o amor. Apresente cada uma delas, depois, leia para eles cada uma das letras. Faa uma roda e pea para que recontem os casos de amor das duas canes e proponha um debate sobre essas questes:

    As msicas falam de dois encontros entre pessoas. Como aconteceu cada um deles?

    As msicas tm definies diferentes de amor? Como cada uma delas?

    Junto com os educandos, faa uma lista de outras msicas que falem de encontros amorosos. Pea para que tragam para a sala de aula, para ouvir e ler. Monte um painel com as letras de msica que trouxeram e outras que conseguir. Amplie a atividade, propondo que escrevam histrias de encontros amorosos, experincias vividas pelos estudantes ou por pessoas que conhecem. possvel continuar essa atividade com o poema quadrilha de Carlos Drummond de Andrade que se encontra no livro Viver Aprender, pgina 5, livro do educando.

    ANA MARIA SANTANA

    EU DEI UM BEIJO EU DEI UM BEIJO EU BEIJEI ANA MARIA POR CAUSA DISSO EU QUASE ENTRAVA NUMA FRIA ANA MARIA TINHA DONO E EU NO SABIA MAS QUEM DIRIA PRA BEM DIZER FOI SEM QUERER MAS TERMINOU EM CONFUSO A SOLUO FOI CONFUNDIR O CORAO DA ENTO, TROQUEI A VIDA DE ILUSO AGORA ADEUS, ANA MARIA DEUS TE GUARDE PARA O AMOR NO CU SANTA MARIA AQUI NA TERRA O SEU AMOR ANA MARIA COMO EU QUERIA DAR OUTRO BEIJO MATAR O MEU DESEJO AI COMO EU QUERIA ANA MARIA QUANTA ALEGRIA POR SEU QUERER BEIJAR A SUA BOCA E SER DE VOC

    ACONTECEU ADRIANA CALCANHOTO

    ACONTECEU QUANDO A GENTE NO ESPERAVA ACONTECEU SEM UM SINO PRA TOCAR ACONTECEU DIFERENTE DAS HISTRIAS QUE O ROMANCE E A MEMRIA TM COSTUME DE CONTAR ACONTECEU SEM QUE O CHO TIVESSE ESTRELAS ACONTECEU SEM UM RAIO DE LUAR O NOSSO AMOR FOI CHEGANDO DE MANSINHO SE ESPALHOU DEVAGARINHO FOI FICANDO AT FICAR ACONTECEU SEM QUE O MUNDO AGRADECESSE ACONTECEU SEM UM CANTO DE LOUVOR ACONTECEU SEM QUE HOUVESSE NENHUM DRAMA S O TEMPO FEZ A CAMA COMO TODO GRANDE AMOR

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    Oficina 3: Vou levar voc Essa msica trata de costumes de diferentes regies do Brasil. Pode ser usada para comear uma discusso sobre os lugares de origem dos educandos. Sugere-se que ela seja utilizada dentro de um projeto sobre migrao. Para realizar seu planejamento consulte o mdulo 3 do livro 1 da coleo Viver, Aprender. A partir da pgina 107.

    VOU LEVAR VOC ZEZ DI CAMARGO & LUCIANO

    VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC

    PRA DANAR FORR COMIGO NO CEAR TARIMB GOSTOSO EM BELM DO PAR O BRASIL LINDO E A GENTE NO V, NO V, NO V

    VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC

    PRA DANAR UM REGUE COMIGO EM SO LUIS VER O BOI BUMB NA FESTA DE PARINTINS NUNCA MAIS VOC VAI SE ESQUECER

    CARNAVAL E SAMBA NO RIO, ALEGRIA ASSIM NINGUM VIU EM SO PAULO A GENTE VAI PRO RODEIO DAR UM PULO EM SALVADOR PRA CURTIR O MEU AMOR EM RECIFE GASTAR A SOLA NO FREVO VOC VAI SE APAIXONAR

    O SUL DO BRASIL MEU DESTINO DEIXA O CORAO NOS LEVAR NO BALAO DAS ONDAS DO MAR DESSE MEU AMOR DE SANGUE LATINO

    VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC VOU LEVAR VOC

    PRA DANAR CATIRA EM MINAS GERAIS MODA SERTANEJA XONADA L EM GOIS SE DER TEMPO A GENTE V MUITO MAIS SE DER TEMPO A GENTE V MUITO MAIS SE DER TEMPO A GENTE V MUITO MAIS BIS

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    Oficina 4: Msicas para ouvir

    As msicas instrumentais que no usam a voz para sua interpretao podem ser usadas para fruio (para ouvir de forma prazerosa), para o relaxamento, para discutir sobre impresses, para criar narrativas ou retratos de situaes e pessoas etc.

    Pode-se perguntar: qual a importncia desse tipo de msica sem letra no trabalho de alfabetizao? Ao contrrio do que se pensa, essas msicas so muito teis, porque elas funcionam como convites para o silncio e reflexo. Sugere-se que se utilizem as msicas instrumentais para os momentos de leitura.

    Crie em sua sala uma rotina de leitura:

    Uma vez por semana leve um texto que voc considera interessante;

    Prepare a sala com flores, incenso, ou o que voc gostar;

    Coloque sobre uma mesa uma toalha bonita e sobre ela o texto que vai ler naquele dia;

    Receba os educandos com msicas instrumentais e leia, com toda emoo que puder o texto que escolheu;

    Esse ser um momento de leitura por prazer. Depois, no precisa perguntar o que entenderam do texto, no precisa pedir para que os educandos faam a cpia. Espera-se apenas que voc, educador, e que os educandos, se divirtam e se emocionem um pouco.

    Oficina 5: PARATODOS

    Esta oficina foi desenvolvida no primeiro dia de curso, seu objetivo fazer com que os educandos se apresentem, contem um pouco de sua histria de uma maneira mais ldica, e com a reescrita da msica podemos perceber tambm os saberes que possuem sobre a escrita.

    Como fazer

    Ao chegar sala distribua para o grupo uma cpia da letra da msica. Conte um pouco sobre a histria do autor, quando a msica foi escrita, enfim faa uma introduo ao assunto da letra e sue contedo.

    Em seguida, coloque a msica e pea para que acompanhem observando a letra que lhes foi entregue. Aps a primeira escuta e leitura em grupo, volte ao texto e leia em voz alta para todos e juntamente com o grupo v discutindo estrofe por estrofe, fazendo um paralelo com as histrias de vida ali presente.

    Depois pea para que cada um reescreva a msica a partir de sua prpria histria, aps a reescrita pea para que formem pequenos grupos e cada um vai ler para o colega sua histria, (quando a sala de aula for mista e tiver educandos que ainda no esto alfabetizados faa duplas com um que seja alfabetizado, e pea que o educando alfabetizado escreva a histria enquanto o colega faz o relato de sua vida). Cada grupo escolhe uma reescrita e socializa para toda a turma.

  • 38

    PARATODOS

    CHICO BURQUE DE HOLANDA

    O MEU PAI ERA PAULISTA

    MEU AV, PERNAMBUCANO O MEU BISAV, MINEIRO MEU TATARAV, BAIANO MEU MAESTRO SOBERANO

    FOI ANTONIO BRASILEIRO

    FOI ANTONIO BRASILEIRO

    QUEM SOPROU ESSA TOADA

    QUE COBRI DE REDONDILHAS

    PRA SEGUIR MINHA JORNADA

    E COM A VISTA ENEVOADA

    VER O INFERNO E MARAVILHAS

    NESSAS TORTUOSAS TRILHAS

    A VIOLA ME REDIME

    CREIA, ILUSTRE CAVALHEIRO

    CONTRA FEL, MOLSTIA, CRIME USE DORIVAL CAYMMI

    V DE JACKSON DO PANDEIRO

    VI CIDADES, VI DINHEIRO

    BANDOLEIROS, VI HOSPCIOS MOAS FEITO PASSARINHO AVOANDO DE EDIFCIOS FUME ARI, CHEIRE VINICIUS

    BEBA NELSON CAVAQUINHO

    PARA UM CORAO MESQUINHO CONTRA A SOLIDO AGRESTE LUIZ GONZAGA TIRO CERTO PIXINGUINHA INCONTESTE TOME NOEL, CARTOLA, ORESTES

    CAETANO E JOO GILBERTO

    VIVA ERASMO, BEM, ROBERTO

    GIL E HERMETO, PALMAS PARA

    TODOS OS INSTRUMENTISTAS

    SALVE EDU, BITUCA, NARA

    GAL, BETHNIA, RITA, CLARA EVO, JOVENS A VISTA

    O MEU PAI ERA PAULISTA

    MEU AV, PERNAMBUCANO O MEU BISAV, MINEIRO MEU TATARAV, BAIANO VOU NA ESTRADA H MUITOS ANOS SOU UM ARTISTA BRASILEIRO.

  • 39

    Reescritas da letra de msica PARATODOS por educadoras do Educar para Mudar

    Paratodos

    O meu pai um sujeito Destes bem pernambucanos Ps na frente da dureza A nobreza do seu sonho Teve Deus como seu guia, minha histria se inicia;

    Minha me, mulher bem simples De famlia to humilde Das tristezas tirou fora e superou os seus limites Mas doce como mel -Esta baiana vai pro cu! Deles tenho grande exemplo Pra fazer ficar maduro, o fruto do conhecimento Que trar um novo tempo Tempo este mais seguro Para os filhos dos meus filhos

    Nisto estou seguindo em frente, perseguindo o horizonte Estou certo e seguro, acredito em minha gente Nos meus sonhos persistentes Vou escrevendo minha histria

    (Edileuza Resendo Silva Moreira, Daniela Silva Gomes, Ndia Maria da Silva Lisboa, marcos Paulo da Silva e Rosinete Batista

    Para Mim

    O meu pai era paraibano Meu av, nordestino O meu bisav, sertanejo Meu tatarav, no conheci Meu maestro poltico Foi Clovis Brasileiro.

    Foi Clovis Brasileiro Que governou minha cidade Que trouxe a energia eltrica E depois foi sepultado.

    Pra seguir minha jornada Fui estudar em Joo Pessoa Vi praia, vi edifcios E gente pra todos os lados.

    Na estrada da vida vou Seguindo para So Paulo A maior capital do Brasil Encontrei tortuosas trilhas Como crime, medo e desemprego.

    Para um corao desumano Fume a paz, cheire o amor, Beba a f que tiro certo Viva a Jesus, Porque Ele o Salvador.

    Com a vista enevoada Vou lutando no projeto: EDUCAR PARA MUDAR! Porque sou brasileira, Com o sobre nome Brasileiro!!!!!

    Mrcia Brasileiro

  • 40

    Oficina 6: Podres poderes e Problema social

    Esta oficina tem como objetivo trabalhar com msicas brasileiras de cunho social, fizemos a opo de duas msicas, feitas em dois momentos histricos brasileiros bem diferentes. A primeira de Caetano Veloso, escrita no perodo do regime militar brasileiro (1964 1985), a segunda msica de Guar e Fernandinho cantada por Seu Jorge. A seguir daremos algumas sugestes de atividades para serem trabalhadas em sala de aula e as msicas utilizadas na atividade.

    Como fazer

    Antes de levarmos para as turmas uma cano, bom que saibamos quem seu autor, em qual contexto ela foi produzida, se conhecida pelos estudantes etc. por essas informaes que voc comea a atividade. Discuta em grupo quem Caetano Veloso, em qual poca ele comps essa msica e se ela ainda reflete de alguma maneira o Brasil de hoje. Faa o mesmo com os autores de Problema social e o contexto em que foi produzida.

    Distribua cpias das letras para todos, coloque os ttulos no quadro de giz. E anote que assunto cada uma vai abordar. Depois, ouam cada uma. Compare se suas primeiras impresses, a partir do ttulo, batem com as impresses que tiveram ao ouvir as canes. Depois, voc pode ler as letras em voz alta, pedindo que eles acompanhem sua leitura com os textos em mos.

    Depois, explore essas questes

    Quais problemas sociais esto presentes na msica Problema Social?

    possvel estabelecer algumas relaes entre as duas msicas? Quais? D exemplo de uma outra msica que tematiza as questes colocadas nas letras anteriores e mostre uma possibilidade de trabalho com seus educandos.

    Veja outras sugestes feitas pelas educadoras Depois de trabalhada da escuta e leitura da letra de msica Problema social as educadoras sugerem:

    a) Elaborar um grande painel com fotografias e ilustraes pesquisadas pelos estudantes que retratem os problemas sociais que lhes afetam diretamente ou sua comunidade. Ou, ainda, problemas sociais brasileiros. Num pedao de papel de 2 m x 50 cm, colar as imagens pesquisadas pelos estudantes em jornais e revistas e col-las de modo a expressar os problemas sociais, tambm podem ser incentivados a escrever pequenas mensagens.

    b) Produzir um texto coletivo ou em pequenos grupos com o ttulo Se eu pudesse mudar o destino desse menino o que eu faria.

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    PODRES PODERES

    CAETANO VELOSO

    ENQUANTO OS HOMENS EXERCEM SEUS PODRES PODERES MOTOS E FUSCAS AVANAM OS SINAIS VERMELHOS E PERDEM OS VERDES SOMOS UNS BOAIS QUERIA QUERER GRITAR SETECENTAS MIL VEZES COMO SO LINDOS, COMO SO LINDOS OS BURGUESES E OS JAPONESES MAS TUDO MUITO MAIS SER QUE NUNCA FAREMOS SE NO CONFIRMAR A INCOMPETNCIA DA AMRICA CATLICA QUE SEMPRE PRECISA DE RIDCULOS TIRANOS? SER SER QUE SER QUE SER QUE SER SER QUE ESSA MINHA ESTPIDA RETRICA TER QUE SOAR, TER QUE SE OUVIR POR MAIS ZIL/ANOS? ENQUANTO OS HOMENS EXERCEM SEUS PODRES PODERES NDIOS E PADRES E BICHAS, NEGROS E MULHERES E ADOLESCENTES FAZEM O CARNAVAL QUERIA QUERER CANTAR AFINADO COM ELES SILENCIAR EM RESPEITO AO SEU TRANSE, NUM XTASE SER INDECENTE, MAS TUDO MUITO MAU OU ENTO CADA PAISANO E CADA CAPATAZ COM SUA BURRICE FAR JORRAR SANGUE DEMAIS NOS PANTANAIS, NAS CIDADES, CAATINGAS E NOS GERAIS SER QUE APENAS OS HERMETISMOS PASCOAIS E OS TONS E OS MIL TONS, SEUS SONS E SEUS DONS GENIAIS NOS SALVEM, NOS SALVARAM DESSAS TREVAS E NADA MAIS? ENQUANTO OS HOMENS EXERCEM SEUS PODRES PODERES MORRER E MATAR DE FOME, DE RAIVA E DE SEDE SO TANTAS VEZES GESTOS NATURAIS EU QUERO APROFUNDAR MEU CANTAR VAGABUNDO DAQUELES QUE VELAM PELA ALEGRIA DO MUNDO INDO MAIS FUNDO TINS E BENS E TAIS.

  • 42

    PROBLEMA SOCIAL

    INTERPRETAO: SEU JORGE GUAR / FERNANDINHO

    SE EU PUDESSE DAR UM TOQUE EM MEU DESTINO NO SERIA UM PEREGRINO NESSE IMENSO MUNDO CO NEM O BOM MENINO QUE VENDEU LIMO TRABALHOU NA FEIRA PRA COMPRAR SEU PO NO APRENDIA AS MALDADES QUE ESSA VIDA TEM MATARIA A MINHA FOME SEM TER QUE LESAR NINGUM JURO QUE NEM CONHECIA A FAMOSA FUNABEM ONDE FOI A MINHA MORADA DESDE OS TEMPOS DE NENM RUIM ACORDAR DE MADRUGADA PRA VENDER BALA NO TREM SE EU PUDESSE TOCAR MEU DESTINO HOJE EU SERIA ALGUM SERIA UM INTELECTUAL MAS COMO NO TIVE CHANCE DE TER ESTUDADO EM COLGIO LEGAL MUITOS ME CHAMAM DE PIVETE MAS POUCOS ME DERAM UM APOIO MORAL SE EU PUDESSE EU NO SERIA UM PROBLEMA SOCIAL.

    Oficina 7: ABC do serto

    Essa oficina teve como objetivo fazer com que os educadores preparassem em grupo atividades para serem desenvolvidas em sala de aula, a partir das concepes de escrita e alfabetizao desenvolvidas no curso.

    Veja a atividade criada para a msica ABC do serto por Edileuza, Petrolilia, Daniela e Ndia Pblico alvo: educandos que tenham origem nordestina. Objetivo: dar oportunidade para que os educandos participem das aulas valorizando a diversidade cultural, trabalhando com a msica ABC do Serto. Desenvolvimento: trabalhar com cada educando, como eles pronunciam os nomes das letras, comparando o alfabeto da msica, com o deles e com o convencional. Recursos: cpia das letra, CD e Toca CD, letras do alfabeto. Avaliao: verificar que letras reconhecem, que nomes usam para cada uma delas.

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    ABC DO SERTO LUZ GONZAGA / COMPOSIO: Z DANTAS / LUIZ GONZAGA

    L NO MEU SERTO PROS CABOCLO L TM QUE APRENDER UM OUTRO ABC O JOTA JI, O LE L O SSE SI, MAS O RRE TEM NOME DE R AT O YPSILON L PSSILONE O EME M, O ENE N O EFE F, O G CHAMA-SE GU NA ESCOLA ENGRAADO OUVIR-SE TANTO "" A, B, C, D, F, GU, L, M, N, P, QU, R, T, V, X E Z

    Oficina 8: Ritmos e estilos

    Esta oficina objetiva problematizar com os educadores(as) as possibilidades de se trabalhar em sala de aula com alguns estilos musicais populares, como samba, rap, funk, forr, sertanejo e ax. Vamos mostrar uma maneira, aquela que trabalhamos com os educadores e que pode ser adaptada s turmas de alfabetizao e ps-alfabetizao.

    Como fazer

    Para a realizao dessa atividade, forme seis grupos e para cada distribua as letras de cada estilo musical. recomendvel que, juntamente com a letra da msica, cada grupo receba ou seja informado sobre o estilo musical, o autor ou cantor e uma gravao (em CD). Coloque no quadro de giz o seguinte roteiro e explique passo a passo o que devem fazer.

    1. Leia a msica que foi entregue a seu grupo e responda as seguintes questes:

    a) Vocs conhecem o compositor? O que sabem sobre sua obra? b) Qual o estilo musical da composio que foi entregue a seu grupo? (o grupo deve levantar informaes sobre a origem deste movimento musical, levando em considerao sua histria, regio brasileira em que se desenvolveu e qual sua representao social) d) Que tipo de atividades podem ser desenvolvidas em sua sala de aula a partir deste estilo musical e da letra de msica que vocs receberam? Selecione uma das atividades levantadas por vocs no item anterior e elabore uma para ser aplicada em sua sala de aula. Lembre-se que para elaborar as atividades importante considerar: a) o objetivo; b) os passos para o desenvolvimento da atividade (metodologia); c) os recursos necessrios; d) a avaliao que dever ser realizada ao final da mesma. fundamental considerar sempre os conhecimentos prvios dos educandos.

  • 44

    Alguns gneros e estilos musicais

    Rap: criado nos Estados Unidos, o rap -- uma abreviao para rhythm and poetry -- um gnero musical nascido entre negros e caracterizado pelo ritmo acelerado e pela melodia bastante singular. As longas letras so quase recitadas e tratam em geral de questes cotidianas da comunidade negra, servindo-se muitas vezes das grias correntes nos guetos das grandes cidades. O rap em geral executado por uma dupla, na qual o DJ (disc-joquey) o responsvel pela parte musical e o MC ('mestre-de-cerimnias') pela letra. Chegou ao Brasil na dcada de 80, mas somente na dcada seguinte ganhou espao na indstria fonogrfica.

    Forr: estilo musical popular. Sanfona, zabumba e tringulo marcam o ritmo para o arrastar de ps, caracterstico na regio nordestina. Sua origem remonta ao sculo 19, quando nas casas feitas de barro o cho precisava ser molhado, antes da dana, para no levantar poeira. Difundiu-se no Sudeste, trazido pelos trabalhadores migrantes, principalmente nas grandes metrpoles do Rio de Janeiro e So Paulo. Entre os maiores divulgadores do forr esto Lus Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Severino Janurio, irmo do primeiro e o pioneiro na gravao de disco com sanfona de oito baixos, em 1954.

    Funk: manifestao musical inicialmente de base ideolgica -- as letras retratam o cotidiano dos morros cariocas --, tornou-se a voz dos excludos da sociedade. Seu ritmo sofreu o estigma de atrair grupos marginalizados e por estar associado a brigas de gangues ou 'galeras': uma populao estimada em cerca de dois milhes de pessoas. Aos poucos seus dolos chegaram s televises, rdios e grandes gravadoras, gerando um mercado que arrecada altas cifras.

    Msica sertaneja: de origem rural e com uma temtica inicialmente restrita ao homem do campo, a msica sertaneja era em geral cantada a duas vozes e com um acompanhamento de violas ou violes -- da ser chamada tambm de 'moda de viola'. No incio, ainda na poca colonial, as letras das msicas recorriam s lendas indgenas e canes religiosas portuguesas, acrescentando, com o passar do tempo, histrias de desbravadores. Somente na dcada de 20, graas insistncia do jornalista Cornlio Pires (que financiou gravaes independentes de duplas sertanejas), esse gnero de msica popular chegou s rdios. Tonico e Tinoco, Alvarenga e Ranchinho, Cascatinha e Inhana so algumas das duplas sertanejas de maior sucesso no pas, representando o gnero cerca de 60% do mercado fonogrfico brasileiro. A partir da dcada de 80, surge uma nova msica sertaneja, que abandona os temas rurais e mistura o caipira brasileiro com o country norte-americano, acrescentando uma boa dose de romance s letras. Chitozinho e Xoror, Leandro e Leonardo, Zez de Camargo e Luciano, algumas das principais duplas, vendem milhes de discos.

    Retirado de Nova Enciclopdia Ilustrada da Folha, acesso em 02 de fevereiro de 2007, http://www1.uol.com.br/bibliot/enciclop/

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    O MUNDO UM MOINHO / CARTOLA

    AINDA CEDO AMOR, MAL COMEASTE A CONHECER A VIDA, J ANUNCIAS A HORA DA PARTIDA, SEM SABER MESMO O RUMO QUE IRS TOMAR.

    PRESTA ATENO QUERIDA, EMBORA EU SAIBA QUE ESTS RESOLVIDA, EM CADA ESQUINA CAI UM POUCO A TUA VIDA, EM POUCO TEMPO NO SERS MAIS O QUE S.

    OUA-ME BEM AMOR, PRESTE ATENO, O MUNDO UM MOINHO, VAI TRITURAR TEUS SONHOS TO MESQUINHOS, VAI REDUZIR AS ILUSES P.

    PRESTA ATENO QUERIDA, DE CADA AMOR TU HERDARS S O CINISMO, QUANDO NOTARES ESTAIS A BEIRA DO ABISMO, ABISMO QUE CAVASTES COM TEUS PS.

    AINDA CEDO AMOR, MAL COMEASTES A CONHECER A VIDA, J ANUNCIAS A HORA DE PARTIDA, SEM SABER MESMO O RUMO QUE IRS TOMAR.

    PRESTA ATENO QUERIDA, EMBORA EU SAIBA QUE ESTS RESOLVIDA, EM CADA ESQUINA CAI UM POUCO A TUA VIDA, E EM POUCO TEMPO NO SERS MAIS O QUE S.

    OUA ME BEM AMOR, PRESTA ATENO O MUNDO UM MOINHO, VAI TRITURAR TEUS SONHOS TO MESQUINHOS, VAI REDUZIR AS ILUSES A P.

    PRESTA ATENO QUERIDA, DE CADA AMOR TU HERDARS S O CINISMO, QUANDO NOTARES ESTAIS A BEIRA DO ABISMO,

    ABISMO QUE CAVASTES COM TEUS PS.

    FIO DE CABELO / CHITOZINHO E XORORO

    QUANDO A GENTE AMA QUALQUER COISA SERVE PARA RELEMBRAR UM VESTIDO VELHO DA MULHER AMADA TEM MUITO VALOR AQUELE RESTINHO DO PERFUME DELA QUE FICOU NO FRASCO SOBRE A PENTEADEIRA MOSTRANDO QUE O QUARTO J FOI O CENRIO DE UM GRANDE AMOR E HOJE O QUE ENCONTREI ME DEIXOU MAIS TRISTE UM PEDACINHO DELA QUE EXISTE UM FIO DE CABELO NO MEU PALET LEMBREI DE TUDO ENTRE NS DO AMOR VIVIDO AQUELE FIO DE CABELO COMPRIDO J ESTEVE GRUDADO EM NOSSO SUOR

    QUANDO A GENTE AMA E NO VIVE JUNTO DA MULHER AMADA QUALQUER COISA TOA UM BOM MOTIVO PRA GENTE CHORAR APAGAM-SE AS LUZES AO CHEGAR A HORA DE IR PARA A CAMA A GENTE COMEA A ESPERAR POR QUEM AMA NA IMPRESSO DE QUE ELA VENHA SE DEITAR

    E HOJE O QUE ENCONTREI ME DEIXOU MAIS TRISTE UM PEDACINHO DELA QUE EXISTE UM FIO DE CABELO NO MEU PALET LEMBREI DE TUDO ENTRE NS DO AMOR VIVIDO AQUELE FIO DE CABELO COMPRIDO J ESTEVE GRUDADO EM NOSSO SUOR

  • 46

    O MAIS BELO DOS BELOS / IL AIY

    GUIGUIO/VALTER FARIAS/ADAILTON POESIA

    QUEM QUE SOBE A LADEIRA DO CURUZU? E A COISA MAIS LINDA DE SE VER? O IL AY O MAIS BELO DOS BELOS SOU EU, SOU EU BATA NO PEITO MAIS FORTE E DIGA: EU SOU IL

    NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE COMO QUE ? DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE

    QUEM NO CURTE NO SABE, NEGO O QUE EST PERDENDO TANTA FELICIDADE O IL AY VEM TRAZENDO 18 ANOS DE GLRIA, NO SO 18 DIAS NESSA LINDA TRAJETRIA NO CARNAVAL DA BAHIA

    E A GALERA A DIZER! NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE COMO QUE ? DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE

    TO HIPNOTIZANTE, NEGO O SWING DESSA BANDA A MINHA BELEZA NEGRA AQUI VOC QUEM MANDA VAI EXALAR SEU CHARME, VAI

    PARA O MUNDO VER VEM MOSTRAR QUE VOC A DEUSA NEGRA DO IL E A GALERA A DIZER!

    NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE NO ME PEGUE NO, NO, NO ME DEIXE VONTADE DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE DEIXE EU CURTIR O IL O CHARME DA LIBERDADE

    SBADO DE CARNAVAL, SEU NEGO QUE TREMENDO ZUM, ZUM, ZUM ELE EST SE PREPARANDO PARA SUBIR O CURUZU QUEM NO AGUENTA CHORA, NO, NO DE TANTA EMOO DEUS TEVE O IMENSO PRAZER DE CRIAR E