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Escola Superior de Lisboa Trabalho elaborado para as Unidades Curriculares: Economia da Empresa e Mkt Estratégico e Operacional. Docentes: Dr. Nuno Farinha e Dr. Jorge Coelho Lopes G1NA – GRUPO 3 2007 / 2008 SUSANA ALCÂNTARA CARLOS BARBOSA

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Escola Superior de LisboaTrabalho elaborado para as Unidades Curriculares: Economia da Empresa e Mkt Estratégico e Operacional.

Docentes: Dr. Nuno Farinha e Dr. Jorge

Coelho Lopes

G1NA – GRUPO 3 2007 / 2008

SUSANA ALCÂNTARA CARLOS BARBOSA

NUNO FIGUEIREDO RICARDO SALGADO

RESUMO: Este documento pretende fazer a apresentação de uma entidade Bancária, e alguns dos seus sucessos e dificuldades, um novo produto financeiro lançado pela mesma, com a respectiva análise de custos, motivações e estratégias.

Índice

1. Introdução.........................................................................................................4

2. Objectivos..........................................................................................................5

3. Metodologia......................................................................................................6

4. Enquadramento Empírico...............................................................................7

4.1. Enquadramento geral da Empresa...........................................................7

4.2. Diagnóstico do Negócio da Empresa........................................................9

4.2.1. Diagnóstico das condicionantes macroestruturais ou gerais................12

4.2.2. Diagnóstico das condicionantes estruturais da Indústria / Sector.......14

4.2.2.1. Análise da pressão dos potenciais concorrentes..............................15

4.2.2.2. Análise da intensidade da rivalidade................................................17

4.2.2.3. Análise da pressão dos produtos substitutos...................................19

4.2.2.4. Análise da pressão dos fornecedores................................................19

4.2.2.5. Análise da pressão dos clientes..........................................................21

4.2.2.6. Grau de atractividade da Indústria / Sector....................................22

4.3. Análise das condicionantes internas da Empresa.................................25

4.3.1. Capacidades e limitações da Empresa (favoráveis e desfavoráveis)

nomeadamente pontos fortes e fracos....................................................25

4.3.2. Missão........................................................................................................26

4.3.3. Valores.......................................................................................................27

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4.3.4. Vizão organizacional................................................................................28

4.3.5. Políticas e estratégias globais..................................................................29

4.3.6. Tácticas......................................................................................................30

4.3.7. Posicionamento estratégico.....................................................................30

4.4. Marketing estratégico..............................................................................31

4.4.1. Segmentação do mercado........................................................................31

4.4.2. Público alvo...............................................................................................31

4.4.3. Posicionamento.........................................................................................32

4.5. Marketing operacional.............................................................................33

4.5.1. Marketing Mix..........................................................................................33

4.6. Plano anual...............................................................................................35

5. Síntese..............................................................................................................37

5.1. Análise crítica...........................................................................................37

5.2. Recomendações estratégicas....................................................................39

6. Bibliografia.....................................................................................................41

7. Anexos.............................................................................................................42

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1. Introdução

Os Bancos são instituições financeiras (mais concretamente instituições de

crédito) que, além das operações bancárias tradicionais de recepção de depósitos e de

concessão de crédito, desenvolvem um conjunto alargado de operações financeiras, entre

as quais: emissão e colocação de valores mobiliários tais como acções(1) e obrigações

(2); emissão e gestão de meios de pagamento tais como cheques, cartões de crédito e

cartões de débito; guarda e administração de valores mobiliários; aluguer de cofres para

guarda de valores.

Uma acção (1) é um título representativo do capital de uma empresa com a

forma jurídica de sociedade anónima ou de sociadade em comandita por acções. Aos

detentores destes títulos é dado o nome de Accionistas, os quais têm direito a uma parte

proporcional dos bens da sociedade (em caso de liquidação) e na repartição dos seus lucros

(sob a forma de dividendos).

No caso das empresas estarem cotadas, as acções que representam o seu capital

podem ser trocadas no mercado de capitais, mais especificamente nas Bolsas de Valores

(3).

Título representativo de uma dívida (2) da entidade emitente perante o seu

detentor. O detentor da obrigação tem direito ao reembolso do seu valor nominal

acrescido de juros, calculados com base numa taxa de juro fixa ou variável, consoante o

tipo de obrigação.

As obrigações podem ser emitidas por empresas ou pelo Estado e podem ser

transaccionadas nas Bolsas de Valores (3).

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A Bolsa de Valores (3) é uma praça ou mercado onde se transaccionam

valores mobiliários, tais como acções, obrigações, derivados, entre outros. As transacções

são efectuadas por intermediários financeiros (brokers ou corretores), os quais fazem o

encontro das ordens de compra com as ordens de venda dos investidores.

Em Portugal, a Bolsa de Valores é a Euronext Lisbon que resultou da fusão entre

a BVLP (Bolsa de Valores de Lisboa e do Porto) com a Euronext NV (actualmente

compõem Euronext NV, além da Euronext Lisbon, a Euronext Amsterdam, a Euronext

Brussels e a Euronext Paris. Outras importantes Bolsas de Valores são a NYSE (EUA),

Tóquio (Japão), Nasdaq (EUA), Londres (Reino Unido) e Frankfurt (Alemanha).

2. Objectivos

É sempre difícil dissociar os objectivos das estratégias pois normalmente estão

intrinsecamente ligados, assim como é difícil de fazer a separação entre a empresa

Millennium BCP de qualquer dos seus produtos, serviços e vice versa. Tentaremos dar as

respostas ao “quem; o quê; para quem; quando; onde; como e porquê” de toda esta

“operação” sob o ponto de vista económico, da gestão e do marketing. Tentaremos

também aflorar o meio envolvente organizacional, a ética da empresa, a responsabilidade

social, como encaram a globalização, como é o processo da tomada de decisão, em que

contexto do planeamento se encontra a empresa, o tipo de estrutura que esta tem, as

características da estrutura utilizada, a tipologia, perceber como é feita a gestão em todos

os contextos económicos e da gestão empresarial.

Após uma análise do mercado e do sector, optou-se por analisar com mais

profundidade uma das áreas de negócio que poderá facultar dados indicadores acerca deste

sector, e que de alguma forma também será parte integrante do objecto de estudo.

Fonte: Tiago Figueiredo Silva - Diário Económico Banca 2007-08-02

...” BCP lança novo cartão de crédito da American Express. O maior banco privado

português anunciou hoje o lançamento do novo Blue da American Express, um cartão de

crédito com anuidades gratuitas, em função da facturação”...

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Identificou-se que os cartões de crédito e de débito constituem uma fatia

importante do negócio deste sector (no caso do Millenium bcp cerca de 19%), por outro

lado no que diz respeito á fidelização de clientes também é uma ferramenta importante.

.

3. Metodologia

A recolha de informação, que foi na sua grande maioria cedida pela própria

empresa de uma forma directa (colaboradores) ou indirecta (Internet, publicações,etc.).

Ou seja, historial da empresa, gráficos, clipping, etc. a fim de recolhermos a matéria

necessária para o nosso trabalho. Também podémos contar com a Imprensa escrita, através

de entrevistas efectuadas, de lançamentos de produtos, etc. e ainda com anuários do sector

e de algumas entidades como o Banco de Portugal, SIBS, UNICRE, etc.

A nível da empresa os intervenientes foram alguns dos seus colaboradores cuja

identidade não iremos mencionar (conforme solicitado pelos mesmos). Através deles

conseguimos entender a especificidade do negócio e da empresa, ajudando-nos assim a ter

uma concepção mais real da mesma. Nomeadamente, nos pontos onde são abordadas as

“5 forças” (pontos 4.2.2. ao 4.2.2.6.) os dados foram trabalhados em função da opinião da

Gerente de uma agência Millenium bcp da linha de Cascais sob uma prespectiva global

da Indústria e não só do Millennium bcp.

Ao nível das principais fontes quantitativas, como acima mencionado e como é

evidente, foram recolhidas por dados facultados ou publicados pela própria empresa

(volume de negócio, etc.) assim como através dos estudos de mercado, etc (sobre valor do

mercado e sua segmentação).

Estas informações vão ajudar-nos a explicar, evoluções, segmentações,

posicionamentos, etratégias, volume de vendas, tudo factores importantes para a

compreensão, através informação quantitativa, acerca da gestão e etratégia da empresa e da

sua envolvente Micro e Macro.

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Toda esta informação escrita e verbal foi recolhida, compilada, analisada,

discutida e sintetizada neste trabalho de uma forma descritiva, baseada em dados

quantitativos mas também qualitativos, e com o objectivo de ser de alguma forma

conclusiva.

4. Enquadramento Empírico

4.1. Enquadramento geral da Empresa

Mensagem do Presidente no “Site” da Instituíção

Bem vindo ao sítio do Millennium bcp. Esta ligação adicional aos Clientes,

Investidores, Imprensa e Público em geral permite facilitar o acesso e a divulgação de

informação que tradicionalmente temos disponibilizado.

http://www.bpatlantico.pt/pubs/pt/grupobcp/;jsessionid=5RUIMUFEMFKEDQFIAMGCFFWAVABQYIY4

Através deste endereço poderá ainda aceder às operações bancárias na Internet

para particulares e empresas.

Esperamos que estas páginas correspondam aos seus interesses e expectativas e

que nelas encontre a informação e o serviço que nos esforçamos por oferecer todos os dias.

Quem somos

Maior grupo financeiro privado português, com representação nos continentes

europeu, americano, asiático e africano, quer através da marca Millennium bcp, quer

através de marcas distintas criadas para operar nos diferentes mercados.

Áreas de NegócioMillennium bcp10-04-2023

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O Millennium bcp actua no mercado de forma distinta, com produtos e serviços

adequados às necessidades específicas dos seus clientes.

Fundação Millennium bcp

O Millennium bcp sempre se preocupou com a função de apoio ao

desenvolvimento social inerente ao papel que representa na sociedade. Desta forma,

através da Fundação Millennium bcp tem-se associado regularmente a grandes causas,

eventos e projectos.

Millennium tv

No Millennium bcp a inovação é um dos pontos fundamentais à estratégia do

Grupo. Nesse âmbito, e com o objectivo de conseguir comunicar quer aos seus clientes,

quer aos colaboradores, de uma forma rápida e eficiente o que acontece no Grupo, foi

criada a Millennium tv.

Estrutura Accionista

Modelo Organizacional

A consciência de que a confiança na instituição é um pilar fundamental para que

se atinjam os objectivos a que esta se propõe, leva a uma reflexão profunda e constante

sobre a melhor forma de organização da sociedade e de criação de mecanismos de

fiscalização e controlo que permitam reforçar a sua credibilidade e solidez.

Neste sentido o Banco Comercial Português não só acompanha de perto os

diferentes modelos que a nível nacional e internacional têm sido recomendados e

implementados, como participa activamente na extensa reflexão que a vários níveis se

encetou sobre as melhores práticas de governo societário.

Como resultado dessa reflexão, que pondera a dinâmica própria da vida societária

e as particularidades que o distinguem dos outros, tornando-o único, o Banco tem adoptado

e continuará a adoptar as práticas que contribuam para assegurar:

I- A transparência nas práticas de governação e processos de decisão;

II- A fiscalização e controlo independente da sua implementação e

III- A participação efectiva e informada dos accionistas na vida da sociedade.

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A informação aqui prestada visa divulgar, de forma clara e tanto quanto possível

exaustiva, as práticas de Governo da Sociedade implementadas pelo Banco.

Este modelo é reflectido no seguinte conjunto de órgãos sociais, estruturas e

responsáveis:

Assembleia Geral; Conselho de Remunerações e Previdência; Conselho Superior;

Conselho de Administração Executivo; Secretário da Sociedade; Conselho Geral e de

Supervisão; Auditores Externos; Comissões; Comités de Coordenação; Provedor do

Cliente; Compliance Office; Risk Office; Representante para o Mercado; Revisor Oficial

de Contas; Pelouros do Conselho de Administração Executivo e Conselho Fiscal.

Fonte: Millennium bcp

4.2. Diagnóstico do Negócio da Empresa

Juntamos nos anexos a Apresentação de resultados relativa ao exercício de 2007

segmentada por:

Grupo; Portugal; Polónia; Grécia e outras Operações Internacionais. Salienta-se

que cerca de 77% dos resultados são conseguidos em Portugal.

Abaixo daremos relevância aos dados que julgamos mais pertinentes neste estudo

ou seja, resumo dos resultados consolidados, Portugal (rentabilidade) e a nível das áreas

de negócio aquilo que está directamente ligado ao segmento “Cartões de Crédito”.

Resumo dos resultados consolidados:

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Fonte: Millennium bcp

Síntese de resultados em Portugal:

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Redução dos Custos Operacionais (enfoque na eficiência) em Milhões de Euros:

Fonte: Millennium bcp

Resultados Líquidos em Milhões de Euros:

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Rentabilidade por Áreas de Negócio em Milhões de Euros:

Nota: Salientamos o decréscimo da contribuíção do segmento Cartões em -4,9%

Fonte: Millennium bcp

Poderemos considerar que o Millennium BCP é uma Estrutura Divisional, ou

seja, sub-divide-se em áreas de negócio ou SBU’s. Por outro lado poderemos considerar

que existem partes integrantes do todo que têm uma tipologia que se pode considerar

funcional (exemplo: agências, etc.), esta permite melhorar a coordenação de actividades,

assim como a qualidade e rapidez na tomada de decisão e melhora a capacidade de

avaliação e de desempenho dos gestores.

4.2.1. Diagnóstico das condicionantes macroestruturais ou gerais

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Fonte: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo11801.pdf

A análise ás condicionantes Macroeconómicas ou Macroestruturais são tidas em

conta e as conclusões não parecem favoráveis nos próximos anos, aliás como está

mencionado na apresentação de resultados em anexo assim como na entrevista ao Dr. Vitor

Constâncio (anexo I). Dada a especificidade do negócio, os factores económicos são

preponderantes, não só os de cariz Nacional mas como também os de cariz Internacional

(sector muito afectado pela globalização).

Enquadramento global ou meio Mediato global:

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Fonte: Millennium bcp

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Em Portugal ou meio Mediato em Portugal:

Fonte: Millennium bcp

4.2.2. Diagnóstico das condicionantes estruturais da Indústria /

Sector

A análise ás condicionantes estruturais desta indústria que foi

referida no relatório anual do Banco Central Europeu (BCE)

publicado em 05 de Outubro de 2007 (em anexo). analisa os principais

desenvolvimentos estruturais no sector bancário da UE em 2006 e até

meados de 2007.

Os desenvolvimentos e condicionantes estruturais mais

importantes ocorridos no sector bancário da UE e também em Portugal

foram os seguintes:

O processo de consolidação (indicado pelo número

decrescente de instituições de crédito) taxa de redução

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aproximadamente 2% . Aparecimento de instituições de maior

dimensão.

Ao mesmo tempo, a intermediação (em termos do total do

activo do sector bancário) cresceu a uma taxa ainda mais elevada do

que a do PIB (ou seja, 12% na UE e 10% na área do euro).

O número global de transacções de F&A (Fundos e Acções)

tem vindo a diminuir desde 2000. Pelo contrário, a recuperação do

valor das F&A observada desde 2003 indica a importância de um

número relativamente pequeno de transacções de larga escala.

O estudo dos canais de distribuição na banca a retalho

identificou os seguintes desenvolvimentos nas estratégias de

distribuição dos bancos: primeiro, as sucursais estão a ser

restruturadas em termos de localização e serviços, de modo a

serem mais eficientes.

Os canais electrónicos registam um crescimento rápido,

não só disponibilizando informação e serviços de transacções, mas

sendo também usados para a promoção e venda de produtos bancários.

Terceiro, num esforço para fazer face à forte concorrência na área

do crédito ao consumo, os bancos estão a aumentar a sua

cooperação com terceiros, como por exemplo, retalhistas, sociedades

financeiras e grupos de agentes/serviços financeiros.

Estes desenvolvimentos e, especialmente, a utilização

crescente de canais electrónicos, podem envolver tipos

diferentes de risco (isto é, risco operacional, de reputação, liquidez,

legal e estratégico). Contudo, como a importância dos canais

electrónicos é ainda limitada para a maioria dos bancos, até à data não

foram identificadas preocupações significativas a nível da estabilidade

financeira. Porém, as estratégias de distribuição dos bancos devem

ser alvo de acompanhamento, inclusivamente, em virtude do seu

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impacto potencial sobre a concorrência e a integração no sector

bancário.

4.2.2.1. Análise da pressão dos potenciais concorrentes

O banco é um intermediário que garante de forma tradicional

quatro tipos de operações:

Recolha dos depósitos; distribuição dos créditos;

operações interbancárias; gestão dos meios de pagamento.

A recolha e a distribuíção são as fontes principais dos

rendimentos de um banco. Há algum tempo, a abertura do mercado

bancário português à concorrência gerou modificações nomeadamente

em matéria de distribuição de créditos e gestão do risco. Os quadros

bancários e financeiros, em Portugal e nos outros países da União

Europeia, modernizam-se progressivamente para permitirem transpor

as directivas europeias.

A perspectiva é a criação do mercado único europeu, assim

como uma harmonização das legislações em vigor, nomeadamente em

matéria de crédito.

Os bancos são incitados a diversificar as suas actividades

para compensarem a baixa dos rendimentos provenientes das

margens de mediação.

As comissões têm um peso importante nos rendimentos

dos bancos.

A concorrência aumentou e novos actores não financeiros

são atraídos pela distribuição dos serviços: o novo desafio estratégico.

A prioridade consiste doravante em responder às

expectativas dos clientes e a gestão dos riscos torna-se uma

actividade “chave”.

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A gestão dos riscos consiste nas técnicas de selecção dos

clientes e das operações; é igualmente o que rentabiliza um

estabelecimento bancário.

A utilização dos diferentes canais: agência, autómato

bancário e sobretudo a Internet, etc. permitem responder ao

conjunto das preferências dos consumidores assim como racionalizar

custos de operação.

Os bancos põem-se à conquista de novos clientes graças a

novos parceiros.

Desta forma, um banco pode associar a sua oferta de crédito

a um site imobiliário, a grande distribuição pode vender os

produtos de um banco.

Mais á frente no ponto 4.2.2.3. veremos que a pressão não

deriva só dos concorrentes da mesma indústria mas também, e

cada vez mais, dos produtos substitutos.

A pressão tem sido tal, que obrigou as instituíções do

sector bancário a evoluír.

4.2.2.2. Análise da intensidade da rivalidade

Relativamente á intensidade da rivalidade, e de acordo com o

Banco Central Europeu, a mesma tem levado á consolidação ou seja o

nº de instituíções vai diminuíndo mas as que ficam no mercado tornam-

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se maiores por via de aquisições, fusões, etc. Por outro lado o mercado

tem excesso de oferta o que se traduz, entre outras coisas, na redução

das margens. Os aspectos positivos são o facto da eficiência se

ter tornado a palavra de ordem (racionalizando custos e apostando

também no crescimento orgânico) assim como obriga as instituíções a

uma maior criatividade e inovação na oferta.

Os fatalistas como “Pedro Carvalho em O Diário de 07/10/07”

(anexo II) , advogam que...”a mesma (rivalidade) reflecte a crise

estrutural do Capitalismo que tem adiado uma crise profunda e o seu

ajustamento global, nomeadamente através do recurso ao crédito

(endividamento), do excesso de liquidez e da financeirização do capital,

com a explosão do capital fictício. Este balão de oxigénio, cada vez

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menos eficaz, não evita a crise estrutural que o capitalismo

atravessa”...

A análise da concorrência deve ser feita com extremo cuidado e

reflectir não só as características das empresas que fornecem

bens e serviços no mesmo sector de actividade mas também as

possibilidades de entrada de novos concorrentes.

Por outro lado, uma questão crucial é a do modo de definir o

mercado onde a empresa opera. O facto de definir o mercado numa

perspectiva restrita ou abrangente pode dar resultados completamente

diferentes. Assim, partindo do mais específico para o mais genérico, a

empresa deverá analisar:

O mercado dos produtos idênticos,

O mercado dos produtos semelhantes,

O mercado dos produtos substitutos,

O mercado global do sector da banca,

O mercado dos produtos ou serviços que satisfazem a mesma

necessidade (prestígio, bem-estar, segurança, etc.).

Para cada concorrente, será assim preciso obter um máximo de

informações como o seu posicionamento no mercado, a sua

estrutura financeira, os seus clientes mais importantes, etc.,

Nomeadamente:

Capacidades: forças e fraquezas,

Objectivos: Metas em termos de rentabilidade, quota de mercado, crescimento,

Estratégia: quais as medidas tomadas para reagir ao mercado,

Pressupostos: posicionamento, expectativas.

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4.2.2.3. Análise da pressão dos produtos substitutos

A digitalização dos canais de distribuição transformou as

condições de concorrência no sector dos bancos de retalho.Tem-se

visto aparecer bancos totalmente à distância ou sites comparativos

especializados no crédito.

Ao lado das principais operações bancárias acrescentaram-se

operações “conexas” à actividade principal, como o aconselhamento e a

assistência na gestão do património ou as operações de locação

financeira. Para estas operações os bancos encontram-se em

concorrência com outras profissões que praticam igualmente

estas operações: sociedades bolsistas, gabinetes de aconselhamento,

etc.

Novos actores não financeiros são atraídos pela distribuição

dos serviços.

Sociedades de financiamento especializadas na gestão dos

riscos penetraram no mercado bancário assim como as empresas da

grande distribuição.

Os bancos, perante esta concorrência, isolam as funções menos

rentáveis e desenvolvem actividades onde o seu "know-how" é

importante.

Ainda que não se trate de bens ou serviços semelhantes, os

produtos substitutos, pelo facto de satisfazer as mesmas

necessidades, são um factor a ter em conta. Se a pressão e a

diversidade destes for elevada, a atractividade de um sector pode

ficar seriamente afectada. Nomeadamente, a pressão dos produtos

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substitutos vai colocar constrangimentos à política de preços da

empresa já que os clientes estarão mais dispostos a comprar produtos

substitutos se o diferencial de preços for maior.

4.2.2.4. Análise da pressão dos fornecedores

O estudo do grupo de fornecedores de determinada indústria é

um ponto essencial quando se avalia um mercado. O maior perigo é o

de haver um só fornecedor. Na maioria das vezes, é preferível ter

várias empresas que fornecem bens e serviços. A própria estabilidade

dos fornecedores, ao nível financeiro e não só, são também factores a

ter em conta. A importância de controlar os fornecedores é tal que

várias empresas de uma certa dimensão consideram a hipótese de

adquirir uma participação na própria empresa fornecedora, ou seja

fazer uma integração vertical.

No caso da Banca podemos sub-dividir a questão em áreas

distintas:

Fornecedores extra “Core Business”, porque são clientes apetecíveis (pelo volume,

que se traduz em muitos “Sites”, e a notoriedade), os fornecedores sejam eles das

áreas de Telecomunicações, Segurança até ao simples economato, exercem pouca

pressão.

Os Bancos são clientes de outros Bancos em empréstimos, troca de divisas, etc.

Também trabalham com Sociedades Correctoras no que diz respeito ao mercado

Bolsista e aí a pressão é intensa e muito competitiva. Esta pressão não será muito

prejudicial porque existem várias opções e aqui a globalização tem uma influência

tremenda para minimizar a mesma.

Estando também em áreas como por exemplo os Seguros de Saúde, a rentabilização

do segmento passa muito pela boa negociação com a rede de prestadores de

serviços. Aqui, e tendo como exemplo os pontos anteriores a capacidade de

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negociação da banca é grande pois joga com a sua “Enorme” carteira de clientes

que se torna apetecível.

Concluímos assim que a pressão dos fornecedores não é muito

forte, pois normalmente têm mais a perder.

Quanto maior for o poder dos fornecedores de uma

determinada indústria, menos margem de manobra têm as

empresas desse sector. É óbvio que o número de empresas

fornecedoras é um factor que determina o seu poder: um fornecedor

que detenha um monopólio tem um poder quase total sobre os seus

clientes. A importância que representa o cliente para o

fornecedor é também importante para definir o poder deste

(factor chave nesta equação). O poder de negociação do fornecedor

vê-se igualmente aumentado se o cliente tiver que enfrentar custos de

mudança elevados, no caso de escolher outro fornecedor.

A pressão dos fornecedores traduz-se ao nível:

Dos preços de venda, Dos prazos de entrega, Da cobrança, Da qualidade dos produtos.

4.2.2.5. Análise da pressão dos clientes

Uma análise fina da clientela dos produtos ou serviços

fornecidos pela empresa é um pré-requisito obrigatório para qualquer

empresa que pretenda lançar um novo produto ou serviço no mercado.

É preciso estimar a dimensão do mercado assim como algumas

características específicas, tais como a sazonalidade. No entanto,

mesmo para aquelas empresas que já estão a operar há algum tempo,

existe a necessidade de reavaliar constantemente a sua base de

clientes. Esta pode alterar-se devido a múltiplos factores como sejam:

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Alteração nos gostos e preferências; Mudanças de atitude;

Envelhecimento; Mudanças na fidelidade.

Em termos globais, podem identificar-se cinco grandes

categorias de clientes. Normalmente, cada empresa serve um ou vários

destes mercados que têm uma forma de funcionar e de adquirir bens

muito diferente:

Mercados de consumidores finais; Mercados industriais;

Mercado de revendedores; Mercado estatal e de organizações

não lucrativas; Mercados internacionais.

Seria errado, no entanto, limitar-se à análise de um só

destes mercados já que estão intimamente interligados. Por exemplo,

uma empresa que só venda para revendedores não pode deixar de

analisar todas as alterações do mercado dos consumidores finais.

Uma forma clássica de fazer a segmentação dos clientes é a

seguinte:

Quem: perfil dos compradores

O quê: produtos e serviços comprados

Para quem: perfil dos utilizadores (não necessariamente os

compradores)

Quando: ocasião da compra

Onde: local da compra

Como: modo de comprar

Porquê: razões imediatas ou mais profundas para a compra.

A Banca tem vindo a beneficiar de uma imagem de qualidade

no serviço, oferecendo e transmitindo ao mercado segurança e aquilo

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que é solicitado. Não deixa no entanto de sofrer alguma pressão que

se traduz na redução das margens.

Fonte: Millennium bcp

4.2.2.6. Grau de atractividade da Indústria / Sector

Neste caso iremos focar com maior incidência um só tipo de

oferta do sistema bancário, o Cartão de Crédito / Débito que representa

uma grande percentagem do negócio total e cuja evolução è

indicadora de um mercado “ainda” em expansão. Por outro lado

na nossa Sociedade, o Cartão de Crédito / Débito, tornou-se uma

ferramenta indispensável para qualquer cidadão. O cartão de débito

surgiu em Portugal em Fevereiro de 1985 com a designação inicial de

«Cartão Multibanco». Contudo, até finais de 1997, tinham sido

emitidos mais de 8 milhões de cartões deste género. Este número

revela que o cartão de débito se transformou num instrumento de

pagamento imprescíndível para os cidadãos. Em pouco mais de dez

anos, Portugal passou de "principiante" na matéria, a um dos

mais avançados países em sistemas de pagamentos electrónicos

transmitindo uma grande segurança, e aceitando, em quase todos os

terminais, cartões nacionais ou internacionais.

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Fonte: SIBS

No quadro abaixo poderemos verificar que também ao nível de

custos por transacção os Cartões de Crédito / Débito só são superados

pela Internet, o que torna um producto ainda mais atractivo para

as instituíções, e como a redução de custos também tem reflexos nos

custos para o utilizador ainda sai mais reforçada a aposta neste canal.

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Fonte: http://www.estig.ipbeja.pt/~pmmsc/papers/ciawi.pdf

Fazendo menção á atractividade desta Indústria no seu todo

(sector Bancário) e não só ao segmento que escolhemos como

barómetro, poderemos mencionar que a mesma encerra algumas

particularidades nomeadamente o facto de serem (grande maioria)

estruturas Accionistas e de terem índices de rentabilidade muito

superiores á maioria das outras Indústrias. Existem algumas

barreiras á entrada de novos operadores até porque não há uma

uniformização lesgislativa na UE. no entanto também é verdade,

desde que exista capital disponível para o investimento, quem quer

entrar pode fazê-lo com maior ou menor relevo através da compra de

acções ou a famosa OPA (oferta pública de aquisição).

4.3. Análise das condicionantes internas da Empresa

4.3.1. Capacidades e limitações da Empresa (favoráveis e

desfavoráveis) nomeadamente pontos fortes e fracos.

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G1NA- Grupo 3 – Nuno Figueiredo; Susana Alcântara; Ricardo Salgado; Carlos Barbosa

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4.3.2. Missão

Contribuir para o desenvolvimento do sistema financeiro e da

economia portuguesa - mediante a concepção e distribuição de

produtos e serviços financeiros inovadores e personalizados,

cobrindo a globalidade das necessidades e expectativas financeiras de

diferentes segmentos de mercado, com padrões de qualidade e de

especialização superiores, consolidando o seu posicionamento como

Instituição de referência pela qualidade, inovação e liderança

tecnológica das suas propostas de valor, tanto a nível doméstico como

nos mercados geográficos em que está implantado.

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4.3.3. Valores

Fonte: Millennium bcp

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4.3.4. Vizão organizacional

É conforme já mencionado, uma estrutura accionista dos

quais salientamos a maioria (62,77%) no quadro abaixo:

Fonte: Millennium bcp

Este modelo é reflectido, conforme já tinha sido mencionado, no

seguinte conjunto de órgãos sociais, estruturas e responsáveis:

Assembleia Geral; Conselho de Remunerações e Previdência; Conselho

Superior; Conselho de Administração Executivo; Secretário da

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Sociedade; Conselho Geral e de Supervisão; Auditores Externos;

Comissões; Comités de Coordenação; Provedor do Cliente; Compliance

Office; Risk Office; Representante para o Mercado; Revisor Oficial de

Contas; Pelouros do Conselho de Administração Executivo e Conselho

Fiscal.

O Portfolio das Instituíções Bancárias não diverge muito no

“género mas mais na forma”. Quanto ao da Intituíçao aqui em análise a

mesma apresenta de base os seguintes produtos: Crédito: Pessoal;

Habitação; Automóvel e Credibolsa; Poupanças: Aplicações a prazo;

Planos de poupança e Depósitos combinados; Cartões: Crédito e

Débito; Titulos: Compra e Venda; Contas á ordem: Extratos; Saldos;

Cheques, Transferências; Pagamentos & Carregamentos, etc.

4.3.5. Políticas e estratégias globais

Quanto ás políticas e estratégias globais têm um especial

enfoque no “Retalho; Eficiência e no Crescimento” e estão bem

representadas no grafismo que apresentamos abaixo, no entanto dos

cinco pontos salientamos a apetência pela eficiência que vai minímizar

custos conforme se viu nos resultados de 2007, assim como melhorar a

imagem da instituíção no mercado.

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G1NA- Grupo 3 – Nuno Figueiredo; Susana Alcântara; Ricardo Salgado; Carlos Barbosa

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Fonte: Millennium bcp

4.3.6. Tácticas

As tácticas a utilizar para que as políticas estratégicas sejam

implementadas podem resumir-se no quadro abaixo. Salientamos no

entanto o último ponto “Fortalecer a Reputação” que irá utilizar

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alguns recusrsos e provávelmente carece de operações de charme por

parte do “Top Management”.

Fonte: Millennium bcp

4.3.7. Posicionamento estratégico

Maximização do valor na perspectiva dos Accionistas;

Preservação de elevados níveis de satisfação, fidelização e de relacionamento com

os clientes;

Melhoria sustentada dos níveis de rendibilidade e de solidez patrimonial;

Desenvolvimento, motivação e compensação dos colaboradores;

Protagonismo na qualidade, na inovação e no desenvolvimento tecnológico;

Revitalização das capacidades competitivas da distribuição a retalho de produtos e

serviços financeiros no mercado doméstico;

Enfoque da actividade internacional em mercados prioritários com elevado

potencial de expansão.

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4.4. Marketing estratégico

4.4.1. Segmentação do mercado

No que diz respeito ao novo Cartão de Crédito a Segmentação e após uma análise ao

mercado, identificou-se que os cartões de gama alta, sobretudo os “Gold”, estão a perder o

seu prestígio, pois a facilidade com que se adquirem, banalizou-os. Neste producto a

lançar, aquilo que se teve em conta foi um conjunto de benefícios (económicos e outros),

isenções, prestígio associado ao produto assim como facilidade de operação. Conforme o

grafismo abaixo (simbolizando o mercado) a segmentação está orientada para os seguintes

vectores generalistas: Cartões de Crédito; Âmbito Nacional; Médio / Alto.

Nesta segmentação, como é evidente, estarão considerados os

seguintes alguns critérios associados ao Público Alvo (Demográficos

- Idade e Rendimento; Psicográficos - Classe Social, Personalidade e Estilo de

Vida; Comportamentais - Status, Atitude e Reconhecimento de Benefícios através da

sua utilização).

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4.4.2. Público alvo

No que diz respeito ao novo Cartão de Crédito o Mercado Alvo o target alvo definido para

este cartão tem o perfil abaixo indicado no Grafismo:

4.4.3. Posicionamento

No que diz respeito ao novo Cartão de Crédito o Posicionamento pode ser definido por:

“Mais vantagens e simplicidade gerindo e monitorizando os seus gastos”

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4.5. Marketing operacional

4.5.1. Marketing Mix

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Fonte: Millennium bcp

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4.6. Plano anual

Legenda: CV = Custo variável; CF = Custo Fixo.

Conforme visto no ponto 4.2.2.6., o nº de Cartões de Crédito e

Débito em 2007 ascenderam a mais de 18.000.000 unidades.

Assim podemos concluír que o objectivo de 50.000 unidades no 1º ano

corresponde só a 0,28% do total do mercado e relativamente ao

negócio que o Millennium já tem neste segmento (que representa cerca

de 19% do seu negócio) o novo produto irá acrescentar 0,51%.

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Acompanhamento e Controlo

Plano de Contingências

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5. Síntese

5.1. Análise crítica

Empresa de Estrutura Accionista e Divisional (com várias SBU’s) mas que

incorpora áreas de tipologia Funcional (exemplo agências) que devia garantir mais

eficiência, no entanto verificam-se algumas disfuncionalidades.

Estratégias de nível Corporativo (topo); Competitivo (SBU’s) e Funcional

(agências) conforme o ponto acima, também aqui se verificam algumas

disfuncionalidades a nível da eficiência.

Sector onde opera com algumas barreiras á entrada de novos operadores, no

entanto quem estiver disposto a investir ou quem tiver recursos disponíveis pode

entrar por via do mercado Bolsista.

O posicionamento estratégico ao nível do contexto geral da competividade

(Análise Indústrial; Dinâmica competitiva do sector, etc.) não varia muito da

concorrência em termos de contexto, poderá variar na forma. A posição

competitiva deriva muito das mais valias (preço) e imagem (MKT). “Guerra de

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G1NA- Grupo 3 – Nuno Figueiredo; Susana Alcântara; Ricardo Salgado; Carlos Barbosa

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Preços (taxas de juro)” é normal já que o sector não têm capacidade de inovar com

rapidez;

Indústria altamente rentável com margens de lucro (globais) acima dos 40% e

com vários segmentos.

Possibilidade de expansão para outros mercados é sempre possível nomeadamente

os mercados emergentes.

A intensidade da concorrência é grande em todos os segmentos onde operam, no

entanto é um mercado maduro que salvaguarda os seus níveis de rentabilidade

apesar de grande parte da concorrência ser efectuada através dos preços. Começam

a aparecer alternativas fora do contexto Bancário com produtos substitutos que

também exercem uma pressão considerável. Por outro lado existem entidades

reguladoras como o Banco de Portugal que impõem alguma ordem.

As ameaças fundamentalmente têm a ver com a globalização e a situação

económica Mundial. Consolidação e redução de margens é um dado adquirido.

Os pontos fortes têm fundamentalmente a ver com o papel quase, ou mesmo

imprescindível, que estas Instituíções têm na Sociedade moderna (sem as

mesmas o mundo retrocederia e tudo que consideramos como dados adquiridos era

posto em causa). Exemplos: garantem a agilização das transacções; garantem

segurança; garantem investimento, etc..

A têndencia para o sector são a extrema concentração (através de compras ou

fusões) e podem originar vir a originar monopólios.

A nível do meio envolvente é difícil determinar quotas de mercado; o nível

tecnológico é idêntico, ou seja pouca diferênciação, pois todos apostam no Home-

Banking; Self-Banking; etc. A rivalidade não é restrita pois existem produtos

substitutos apresentados por empresas que não são do sector apesar de os clientes

e os fornecedores gravitarem no mesmo universo.

Em termos de posicionamento os clientes são muito motivados pelo factor preço e

pelas promoções. A diferenciação tem a ver com a marca que tem um peso

tremendo (inspiradora de confiança), neste caso BCP tem sido idêntificado com

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eficiência e eficácia (embora sejam conhecidos alguns erros de precurso).

Campanhas publicitárias agressivas conjugadas com eventos (patrocínios ou

mecenato) que aumentam a percepção da imagem da empresa ou do produto na

mente do cliente (neste caso a conciência da marca por parte do consumidor é

grande). Os custos associados são enormes!

A nível da segmentação tem-se verificado uma grande atenção para os nichos e de

alguma inovação na abordagem ao mercado. Por exemplo temos contratos

celebrados entre entidades Bancárias e empresas ligadas á Distribuíção ou

Retalhistas para colaboração ou oferta conjunta (exemplo: atribuíção de crédito ao

consumo). As características do produto e dos benefícios associados são

utilizados em conjunto com a segmentação dos clientes (exemplo: Sócio económico

ou Psicográfico como por exemplo o estilo de vida)

A nível das políticas de MKT Mix são relativamente fáceis de identificar, ou seja,

Preço assume um factor determinante na luta entre competidores aliás porque a

reacção dos concorrentes é normalmente lenta (exemplo: Taxas de Juro), no entanto

e devido á existência de entidades reguladoras como o Banco de Portugal, os níveis

são controlados. Produto com pouca diferênciação na essência recorrendo-se

frequêntemente aos benefícios associados (exemplo: cartão de crédito com pontos

que permitem ter gratuitamente viagens, etc.). Distribuíção, aqui os canais são

similares a todos (exemplos: Agências; Home-Banking; Self-Banking, etc.) no

entanto começam a surgir algumas inovações com a associação de outras entidades

que permitem por si serem diferenciadoras de um determinado produto financeiro

(exemplo: Cartão de Crédito e compras de um retalhista do tipo “Continente”). Na

Divulgação é que os criativos têm estado ocupados e onde se gastam muitos dos

recursos com vista á diferênciação, vejam-se as inúmeras campanhas agressivas e

criativas assim como a associação a eventos (exemplo: Rock in Rio).

5.2. Recomendações estratégicas

Num estudo recente (patrocinado pela IBM e pela Siebel Systems) foi

revelado que os desafios com que se deparam os bancos de retalho

incluem canais de comunicação desligados, informação de clientes

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fragmentada, falta de conhecimento do negócio e do cliente, e

processos de negócio inconsistentes.

93% dos bancos de retalho analisados não efectuaram nenhuma tentativa de “cross-

sell/up-sell” de produtos bancários durante o decorrer da interacção com o cliente;

68% não recolheu os detalhes básicos de contacto do cliente para propósitos de

identificação e seguimento;

97% não tinha visibilidade sobre interacções anteriores com o cliente a partir de

canais de comunicação relacionados;

65% não esboçaram qualquer tentativa de compreender os pontos de interesse do

cliente antes de efectuarem recomendações de produto;

32% falharam na resposta a pedidos de clientes via email.

Recomenda–se assim que os bancos de retalho iniciem por uma

avaliação de base do desempenho do seu negócio. Com base neste

pressuposto, os executivos podem então criar uma visão clara para o

desenvolvimento da organização centrada no cliente. Só então os

executivos podem começar a mapear os passos necessários para

alcançar métricas de vendas e de serviço – passos que integram

todas as partes das interacções com o cliente por parte do banco,

incluindo funcionários, processos de negócio e sistemas tecnológicos.

Sem procederem a estes passos iniciais de verificação, as estratégias, o pessoal, os

processos de negócio e a tecnologia não podem estar alinhados eficazmente para promover

os resultados de negócio concretos.

No que diz respeito ao Millennium bcp algumas das recomendações acima

mencionadas já foram implementadas, o que se tem traduzido em algum sucesso

comercial. No entanto poderemos inúmerar alguns pontos a ter em consideração:

Cuidado com a imagem que transparece para o exterior de todos os processos que

envolvem lutas pelo poder (como recentemente).

A atractividade por esta ou outra instituição depende muito do seu grau de

eficiência e da carteira de clientes que apresenta.Millennium bcp10-04-2023

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Amigáveis ou hostis. As fusões e aquisições bancárias deverão continuar a ocorrer

na Europa. “Os bancos portugueses acabam por ser envolvidos nestes processos. É

tudo uma questão de tempo". Têm que estar preparados para este factor!

Preocupações centradas na redução dos custos e em ganhos de rentabilidade.

Limitação dos direitos de voto dos accionistas a determinados valores,

independentemente da sua participação. Paga-se muito a advogados para planearem

estratégias de defesa das estruturas accionistas

6. Bibliografia e Netgrafia

Netgrafia:

Wikipedia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cart%C3%A3o_de_cr%C3%A9dito

Diário Económico: http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/empresas/pt/desarrollo/

1023121.html

BCP:

http://www.bpatlantico.pt/site/conteudos/25/article.jhtml?articleID=444919

http://www.bpatlantico.pt/pubs/pt/grupobcp/;jsessionid=5RUIMUFEMFKEDQFIAMGCFFWAVABQYIY4

O Diário:

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G1NA- Grupo 3 – Nuno Figueiredo; Susana Alcântara; Ricardo Salgado; Carlos Barbosa

45

http://odiario.info/articulo.php?p=473&more=1&c=1

INE:

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_estudos&ESTUDOSest_boui=106109&ESTUDOSmodo=2

SIBS:

http://www.sibs.pt/

Vários:

http://www.estig.ipbeja.pt/~pmmsc/papers/ciawi.pdf

http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo11801.pdf

Bibliografia

Porter, Michael; Competitive Advantage; The Free Press

Freire, Adriano; Estratégia - Sucesso em Portugal; Verbo

Costa, Horácio e Ribeiro, Pedro Correia; Criação e Gestão de Micro-Empresa e Pequenos Negócios; Lidel

7. Anexos

Anexo I – Entrevista a a um quadro, Gerente de uma Agência

Bancária da Linha de Cascais, do Millennium bcp.

Anexo II – Entrevista do Governador do Banco de Portugal, Dr. Vitor Constâncio “Queremos que exista estabilidade no banco” ao Diário Económico em 06/08/2007.

Anexo III – Artigo de Opinião de Pedro Carvalho “ A crise estrutural do

Capitalismo” ao O Diário em 07/10/2007

Anexo IV – O que é o Cartão de Crédito como surgiu e como funciona.

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Relatório sobre estruturas bancárias da UE, Comunicado do BCE de 05/10/2007.

Dissertação de mestrado em Economia Financeira da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra “Sistemas de Pagamentos Electrónicos – o Cartão de

Débito em Portugal” de Alexandra Rodrigues de Dezembro de 1997.

Revisitando a Globalização da Economia e a fragmentação Geopolítica –

Horizonte 2015 de José Felix Ribeiro do Departamento de Prospectiva e

Planeamento nº 12 de 2005.

Millennium bcp Apresentação de Resultados Exercício de 2007.

Nova marca Millennium

Visão e valores Millennium

Actividade Bancária

Anexo I

Entrevista realizada em Maio de 2008 pelo Grupo 3 da G1NA (Nuno

Figueiredo; Susana Alcântara; Ricardo Salgado; Carlos Barbosa) a um

quadro, Gerente de uma Agência Bancária da Linha de Cascais, do

Millennium bcp.

A mesma foi efectuada no âmbito do trabalho de Semestre para a

Unidade Curricular Economia da Empresa, tendo como Docente o

Mestre Nuno Farinha, e relativa ao ano lectivo 2007 / 2008.

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Como tema , tendo como base a análise das “5 forças de Michael

Porter”, foram abordadas as linhas de cooperação e de rivalidade e a

forma como as mesmas afectam o Sector Bancário em termos gerais.

P: Tem formação Académica ? Se sim qual ou em que área ?

R: Sou Licenciada em Gestão de Empresas pelo ISLA.

P: Á quantos anos está ligada ao sector Bancário ?

R: Estou ligada ao sector Bancário á cerca de 13 anos.

P: Conhece com alguma profundidade o Sector ?

R: Fruto dos anos em que estou ligada ao sector, formações internas,

fusões e consolidações, e a natural ascensão na carreira, posso dizer

que conheço o sector razoávelmente bem.

P: Sabe qual o âmbito desta entrevista, os seus parâmetros, e o

facto de não se pretender abordar o tema relacionando-o

directamente com o Millennium bcp ?

R: Estou ciente do tema e dos parâmetros e que o que se pretende é

abordar o tema relacionando-o com a Indústria “Banca” em geral. A

única coisa que solicito, e como decerto compreenderão, é o

anonimato.

P: Como vê as “5 forças de Michael Porter”, e de que forma esse

tipo de análise pode ser útil ?

R: As “5 forças de Michael Porter” é só um dos muitos contríbutos que

o Economista e autor deu á Sociedade Moderna. Do que me lembro, e

de uma forma muito simples, ele preconizava uma análise constante ao

“Microambiente”, sendo a mesma fundamental para a estratégia

competitiva de uma Empresa e verificar a atractividade de uma

Indústria. No entanto a dinâmica do mercado obriga a análises de

reavaliação do mercado constantes.

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P: Uma das “5 forças” é a análise da pressão dos potenciais

concorrentes, de que forma pensa que a Indústria “Banca” se

relaciona ou é afectada por este factor ?

R: A Banca é um Sector muito regulamentado e com entidades

fiscalizadoras muito atentas. Existem algumas barreiras á entrada de

novos operadores o que não penalizao sector sob esta vertente. O que

quero dizer com isto é que o sector está de alguma forma protegido

face a esta vertente.

P: Outro factor é respeitante á intensidade da rivalidade,

conforme a questão anterior, de que forma afecta o sector ?

R: A concorrência existe, está identificada, e obriga o sector a evoluír e

a procurar novos níveis de eficiência assim como a alguma

agressividade (no bom sentido). Essa agressividade revela-se nas

campanhas e na redução de algumas margens, sendo esta um benefício

evidente para o público em geral. Concluíndo não é pela concorrência

que o sector deixa de crescer mas obriga a algumas transformações

como por exemplo as fusões / consolidação.

P: E a pressão dos produtos substitutos ?

R: Aqui sim a pressão sobre o Sector tem crescido muito. A

digitalização dos canais de distribuição transformou as condições de

concorrência no sector dos bancos de retalho.Tem-se visto aparecer

bancos totalmente à distância ou sites comparativos especializados no

crédito.

Ao lado das principais operações bancárias acrescentaram-se

operações “conexas” à actividade principal, como o aconselhamento e a

assistência na gestão do património ou as operações de locação

financeira. Para estas operações os bancos encontram-se em

concorrência com outras profissões que praticam igualmente estas

operações tais como: sociedades bolsistas, gabinetes de Millennium bcp10-04-2023

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aconselhamento, sociedades de financiamento especializadas na gestão

dos riscos assim como as empresas da grande distribuição.

P: Quanto á pressão dos fornecedores, qual o impacto no

Sector ?

R: Aqui o Sector está relativamente salvaguardado já que a importância

que representa o cliente para o fornecedor é também importante para

definir o poder deste (factor chave nesta equação). Normalmente os

fornecedores externos ao sector têm mais a perder no caso de

romperem uma relação contractual. A Banca como cliente é muito

apetecível!

P: Mas a Banca não se coloca na posição de fornecedor de

concorrentes ?

R: Sim, essa é uma situação normal mas com regras que fazem com

que a pressão não seja nefasta.

P: E outras áreas que não são própriamente a actividade

Bancária ?

R: Estão a falar de por exemplo das Seguradoras, Saúde, etc.Esses são

mercados que complementam a actividade e garantido de alguma

forma o retorno do investimento ao accionista. Na Banca, e se

analisarem a estrutura accionista de cada entidade, podem verificar

que existem inúmeras entidades que são accionistas de outras que são

concorrentes directas ou de outras provenientes de áreas

completamente diferentes.

P: Para finalizar, e agradecendo desde já a entrevista concedida,

como é o Sector afectado pela pressão dos clientes ?

R: Penso honestamente que o cliente tem sido o mais benificiado nos

últimos tempos com a concorrência ou com o surgimento dos produtos

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substitutos. Provávelmenteos já ninguém se lembra de taxas de juro

acima dos 20% !

A Banca tem vindo a beneficiar de uma imagem de qualidade no

serviço, oferecendo e transmitindo ao mercado segurança e aquilo que

é solicitado. Não deixa no entanto de sofrer alguma pressão que se

traduz na redução das margens. Obrigou também a evoluír não só no

serviço e diversidade da oferta, mas também na utilização de novas

técnologias.

P: E a atractividade do Sector ?R: Sector é atractivo com margens superiores á maioria das outras Indústrias.

Anexo IIhttp://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/1023837.html

Entrevista a Vítor Constâncio, Governador do Banco de Portugal 2007-08-06 08:05

“Queremos que exista estabilidade no banco”

Em entrevista, Vítor Constâncio garante que tem seguído ao “pormenor” a crise no BCP. E

espera que “a situação se resolva” no maior banco privado português.

Helena Garrido

O Banco de Portugal vai ter competências na supervisão comportamental, seguindo a

conduta dos bancos na relação com os clientes e aplicando sanções. Governador admite

divulgar sanções quer na área do comportamento como domínio prudencial

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Como é que o sector bancário, tão dependente do sector da construção que tem estado

em queda há anos, continua a não revelar problemas de incumprimento?

Isso significa que havendo, como tem sido o caso nos últimos anos, uma redução da

actividade do sector da construção, isso também se reflectiu em menos crédito. O que tem

subido é a concessão de crédito para a compra de habitação.

A subida dos lucros na banca são uma expressão da falta de concorrência no sector?

Não, de maneira nenhuma. As margens financeiras revelam a existência de concorrência e

os ‘spreads’ das taxas de juro para as empresas e particulares tiveram um estreitamento

resultante também da concorrência. O próprio FMI disse-o de forma clara: temos um

sistema competitivo e concorrencial.

O Banco de Portugal vai ter competências no domínio da supervisão

comportamental?

Propusemos que isso acontecesse e o Governo tem a intenção de legislar nesse sentido

brevemente.

Em que áreas?

Estamos a criar novos serviços no Banco para essas responsabilidades. Seguiremos melhor

a conduta dos bancos na sua relação com os clientes, suscitaremos a criação de códigos de

conduta, e nalguns casos, eventualmente, novas regulamentações. Haverá maior vigilância

das regras já existentes, nomeadamente sobre transparência e o dever de informação e

explicação dos produtos vendidos. Vamos também desenvolver esforços para melhorar a

literacia financeira para as pessoas saberem o que analisar e o que perguntar nos diferentes

produtos. É toda uma área em que o Banco expande as suas responsabilidades, criando-se

ainda novos tipos de sanções de contra-ordenação relativamente aos deveres de conduta

que os bancos têm de adoptar. Espero, ao mesmo tempo, que os bancos, compreendendo

que é no seu próprio interesse, melhorem por sua iniciativa essa transparência.

As pessoas poderão apresentar queixas ao Banco de Portugal?

Exactamente. Isso já acontece hoje. Mas vamos ter mais possibilidade de sancionar alguns

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comportamentos. A experiência que temos com as reclamações revela que a maioria delas,

quando são veiculadas por nós junto dos bancos, acabam por se resolver, o que é positivo.

Os bancos estão num negócio em que a confiança dos clientes é muito importante e têm

isso em atenção, procurando resolver os problemas que aparecem. Por vezes deviam fazê-

lo com maior antecipação.

As contra-ordenações, neste caso, vão ser divulgadas?

É um sector sensível e a divulgação nominal é uma penalização adicional grande. Mas

haverá um alargamento de divulgação em relação ao que tem sido tradicional.

Mas só vão divulgar mais sanções que no passado na supervisão comportamental ou

também na prudencial?

Vamos avançar nessa direcção.

Considera que é de esperar uma maior consolidação do sector bancário em Portugal?

Não tenho uma previsão sobre isso. Os bancos portugueses significativos têm todos uma

dimensão suficiente para usarem as novas tecnologias, e portanto atingirem níveis de

produtividade e de eficiência de acordo com os com padrões internacionais. A situação que

existe em Portugal pode continuar estável, não existe um estado de necessidade que

fundamente a previsão que algo vai ocorrer. Mas o aumento de dimensão, viu-se agora

recentemente, não é suficiente para defender os bancos de serem comprados.

Ninguém esperava a compra do ABN.

Sim. Esse caso abriu uma nova fronteira com a criação de consórcios de bancos para

comprar um banco. Daí que a dimensão tenha deixado de proteger os bancos de serem

adquiridos.

A situação que se vive no BCP preocupa-o?

Não quero comentar. Uma parte do que tem vindo a publico sobre o BCP aparece como

fugas de informação. E estamos próximos de uma assembleia geral que será importante e,

em princípio, levará os accionistas a resolverem os problemas.

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Face a essas fugas de informação não convocou o presidente do BCP?

Não vou dizer o que fiz. Obviamente que é uma situação que temos seguido com

pormenor. O que queremos é que exista estabilidade na instituição. É fundamental para o

sector financeiro e para a economia portuguesa.

Que riscos podemos correr com a instabilidade do BCP?

Esperemos que a situação se resolva.

Taxa de desemprego poderá diminuir em 2008?

Uma parte da reestruturação do tecido empresarial já foi feita, especialmente nos anos 90,

o que alimenta a “esperança” de que Portugal não terás níveis de desemprego à irlandesa

ou espanhola, quando estes países passaram por essas mudanças. Essa é a perspectiva do

governador de Vítor Constâncio. A falta de qualificação é a grande restrição ao

crescimento da economia portuguesa que, na sua opinião, pode ser ultrapassada com a

formação profissional como se verificou ser possível em empresas estrangeiras.

O Banco de Portugal vai em breve ter competências na fiscalização da relação dos bancos

com os clientes, alargando a sua função actualmente limitada ao domínio prudencial. O

governador admite, embora com relutância, que algumas sanções poderão passar a ser

divulgadas. A situação no BCP tem sido acompanhada “com pormenor, mas recusa-se a

revelar se chamou os seus responsáveis. Quanto à possibilidade de maior concentração na

banca, considera que não existe necessidade disso do ponto de vista da eficiência.

Sobre as taxas de juro é como sempre muito prudente mas fica claro que a decisão de

subida das taxas de juro depois do Verão, antecipada pelos mercados, ainda não foi tomada

pelo BCE. Desdramatizando as declarações de Nicolas Sarkozy sobre o BCE, o governador

lembra que a independência do BCE foi decidida pelos políticos

Quais são os principais condicionalismos ao crescimento económico português?

De imediato estamos num processo de recuperação económico que está consolidado,

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revelando que havia factores de competitividade para acompanhar o aumento da procura

externa. Numa óptica de médio e longo prazo, o principal condicionalismo é o baixo nível

de qualificação da população, ainda que existam exemplos de empresas estrangeiras que

conseguiram vencer essa barreira, através da formação profissional. A insuficiente

qualificação, a escassez da investigação e da capacidade de inovação são também um

obstáculos a certo tipo de empreendedorismo com capacidade de desenvolver projectos

tecnologicamente avançados. Quanto ao funcionamento das instituições, aparecemos muito

bem situados nos indicadores do Banco Mundial: só temos quatro por cento dos países à

nossa frente. Neste quadro institucional onde estamos pior é no funcionamento da justiça,

designadamente na celeridade na execução de contratos. É uma área em que temos de

melhorar. Depois há algo que não é apanhado por estes indicadores, como os

licenciamentos e autorizações.

Mas neste último domínio tem vindo a melhorar…

Tem melhorado substancialmente o que vai ter reflexos no investimento. O

desbloqueamento de alguns projectos que esperaram anos por autorizações vai ser

importante e terá um efeito multiplicador.

As ‘Novas Oportunidades’ é um bom programa para ultrapassar os problemas de

qualificação?

É um bom programa nessa linha. Mas no quadro dos condicionalismos, a simplificação

administrativa é também muito importante. Melhorias na justiça e no licenciamento, no

sentido das decisões serem mais céleres, independentemente da resposta ser ‘sim’ ou ‘não’.

Há ainda a previsibilidade e competitividade do sistema fiscal…

O nosso sistema fiscal não é competitivo?

É competitivo, nomeadamente em relação à Espanha, quer em termos de IRS como IRC

temos taxas mais baixas. No IVA as taxas são mais altas mas é um imposto indirecto com

menos influência nas decisões de investimento.

Uma redução de impostos é necessária ou é possível?

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Neste momento não antecipo que isso seja possível nem vejo que provocasse um salto de

crescimento. Além de já sermos competitivos, temos uma situação orçamental que não

recomenda esse tipo de iniciativas.

Mas a médio prazo?

A médio prazo pode ser. Mas não me atreveria a fazer qualquer recomendação nesse

sentido. A situação orçamental provavelmente não permitirá grandes alterações.

Mesmo nesta legislatura não seria possível?

Não me parece. Até 2010 é preciso reduzir o saldo orçamental para praticamente zero. O

objectivo é muito exigente.

Face ao diagnóstico que fez, considera então que o Governo está a concretizar as

políticas certas?

Os relatórios internacionais, do FMI e OCDE, têm sublinhado o aspecto positivo das

reformas. Claro que sempre tudo é insuficiente, era necessário ir mais longe, mas

indiscutivelmente melhorámos. E nota-se alguns efeitos disso na resolução de alguns

problemas estruturais, como o das finanças públicas – que também é um condicionalismo

ao crescimento.

Mas de curto prazo.

Não só de curto prazo. É muito importante que os investidores acreditem na estabilidade

macroeconómica do país a longo prazo. E para isso é necessário garantir finanças públicas

sustentáveis sem a ameaça de possíveis crises orçamentais. A correcção do desequilíbrio

das finanças públicas é essencial.

Considera que a política das finanças públicas está a ir no bom caminho?

Sim, no sentido em que estamos a cumprir as metas com que o Governo se comprometeu

com a Comissão Europeia. O ano passado o desempenho foi mesmo bastante melhor do

que se esperava.

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É possível que este ano aconteça o mesmo?

Vamos ver. As informações disponíveis permitem dizer que se vai cumprir o objectivo

anunciado de 3,3%.

No caso da segurança social o que foi feito é suficiente?

O Banco de Portugal publicou recentemente um estudo, realizado por dois reputados

economistas, que aponta para o equilíbrio do sistema a longo prazo após as reformas

realizadas. Portugal saiu claramente do grupo de países europeus que estava mais

desequilibrado e com maior risco de insustentabilidade a longo prazo, para um grupo

próximo da média europeia. E isso já teve efeitos nas avaliações das agências de ‘rating’.

A Standard & Poor’s, a propósito do caso italiano, referiu o desenvolvimento muito

positivo que se fez em Portugal e na Alemanha.

É possível esperar um crescimento superior aos 1,8% previstos quer pelo Banco de

Portugal como pelo Governo?

É prudente não fazermos ainda revisões da previsão feita há pouco tempo. Embora existam

alguns sinais de reanimação do investimento, estamos bastante dependentes do

comportamento das exportações na segunda metade do ano.

Quando é que podemos esperar um regresso da convergência ao rendimento médio

da EU?

Em 2008 estamos quase, uma vez que o crescimento previsto está praticamente em cima

do apontado para a área do euro. Se a retoma continuar, nos anos subsequentes poderemos

crescer um pouco mais que a UE.

Quando é que as pessoas vão sentir a retoma? Esta recuperação via exportações e

investimento, sendo muito saudável, não é sentida…

O que aconteceu o ano passado foi uma surpresa de inflação, acima das nossas previsões, o

que se traduziu numa ligeira redução dos salários reais e no poder de compra, não

acompanhando a dinâmica das exportações e do crescimento económico. Este ano as

coisas serão melhores. Em 2007 e ainda mais em 2008 está implícito, nas nossas previsões,

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um crescimento do rendimento real disponível, o que se traduzirá numa aceleração do

consumo.

Este ano as pessoas já não acharão ridículo falar de retoma…

Sim. Há ainda a expectativa de que se venha a registar uma ligeira redução da taxa de

desemprego em 2008. A nossa previsão de um crescimento de 2,2% para a economia no

seu conjunto no próximo ano tem implícita uma previsão de um aumento de 2,7% no

sector empresarial. Isso dará uma subida do emprego que poderá, eventualmente, conduzir

a uma redução ligeira da taxa de desemprego, dependendo do que acontecer na população

activa.

Isso indica que a reestruturação que parece estar a existir no tecido empresarial

português não nos vai conduzir para um desemprego à irlandesa ou à espanhola?

São casos diferentes e em períodos diferentes. Não creio que se aplique aqui. Temos vindo

a ter ao longo dos últimos anos uma alteração significativa da estrutura produtiva num

sentido positivo. As exportações de serviços já são 29% do total e muito significativas nos

serviços prestados a empresas como consultoria, informática, arquitectura… No conteúdo

tecnológico das exportações, verifica-se que as de baixa tecnologia passaram de 64% em

1967 para 36% em 2005 enquanto as de média e alta tecnologia passaram de 23% para

43%. Esta alteração estrutural é um fenómeno dos anos 90. O que significa que uma parte

da reestruturação já foi feita.

E onde é que estes sectores vão buscar emprego, se temos níveis de qualificação tão

baixos…

Tem havido muita formação profissional feita pelas empresas, e essa é uma parte da

explicação. De qualquer forma não estamos a falar de tecnologias de ponta em grande

escala.

Isso cria-nos a expectativa de que não viveremos os níveis de desemprego desses dois

países? [Irlanda e Espanha]

Tenho essa esperança.

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Considera que é necessário mudar a legislação laboral, no sentido dos facilitar os

despedimentos?

Temos de respeitar o princípio constitucional do despedimento com justa causa em termos

individuais. Por outro lado, já temos uma legislação sobre despedimento colectivo,

liberalizada nos anos 90, que compara bem com os outros países europeus e que tem sido

utilizado pelas empresas em processos de reestruturação. Até há pouco tempo esse

mecanismo era fundamentalmente usado pelas empresas estrangeiras, mas mais

recentemente tem sido aplicado pelas portuguesas. Foi agora divulgado oficialmente um

Relatório com sugestões, em geral positivas, de flexibilizar alguns mecanismos e agilizar

alguns prazos, mas sem mudar radicalmente a legislação.

Deduzo que não considera a legislação laboral uma restrição ao investimento.

Não considero que seja uma restrição decisiva, mas justificam-se algumas alterações .

É viável em Portugal um modelo de flexisegurança à dinamarquesa?

Muito dificilmente no horizonte visível. O conceito genérico de flexisegurança é um ideal,

no sentido de assegurar maior flexibilidade na reestruturação das empresas, com protecção

às pessoas e não aos empregos. É uma orientação que tenderá a generalizar-se na Europa

seguindo o exemplo nórdico, mas que dificilmente é reproduzível noutros países,

nomeadamente a experiência dinamarquesa. Ao contrário do que se pensa o mercado de

trabalho dinamarquês não é desregulamentado. Há pouca legislação pública. Não existe,

por exemplo,uma lei do salário mínimo, mas existe um processo de negociação colectiva

que fixa salários mínimos para todos os sectores. Cerca de 80% dos trabalhadores por

conta de outrém estão sindicalizados e os hábitos de negociação colectiva são muito fortes

e respeitados. E existem programas públicos, com subsídios de desemprego generosos –

cerca de 90% do último salário durante quatro anos – e programas de formação

profissional muito desenvolvidos. Na Dinamarca cerca de 17% das pessoas muda de

emprego todos os anos porque sente a confiança de que a sociedade o apoia. Não existe o

estigma de passar por uma situação temporária de desemprego, como se verifica nos países

do sul. Tudo isto apoiado numa sociedade relativamente igualitária, com um capital social

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de confiança entre as pessoas e destas nas instituições cimentado ao longo de décadas.

Nada disto é exportável.

E até onde poderemos ir em Portugal?

Terá de ser um caminho muito gradual e estreito. Temos limitações legais e orçamentais

para o desenvolvimento dos tais programas de apoio que dêem confiança e segurança às

pessoas para aceitarem maior flexibilidade. Considera que existem condicionantes

culturais à aplicação deste modelo em Portugal? Por exemplo, 90% do último salário

como subsídio de desemprego convidava as pessoas a não procurarem emprego…

Estamos a falar da Dinamarca, um país com grande cultura cívica onde as pessoas são

acompanhadas e têm de procurar e aceitar os empregos que apareçam. Há rigor e respeito

pelas regras. Essa não seria a maior limitação em Portugal. A grande restrição é a

orçamental, para desenvolver programas de política de emprego semelhantes ao dos países

nórdicos.

Maiores riscos para a inflação na área do euro estão no preço do petróleo

A subida no poder de compra, prevista para este ano e o próximo, não poderá ser

‘comida’ pelos encargos com a dívida, com o aumento das taxas de juro?

Não necessariamente. Não sabemos como vão evoluir as taxas de juro este ano e no

próximo.

As expectativas são de subida.

Sobre isso não digo nada. Mas os aumentos de taxas de juro que se registaram nos últimos

tempos foram em grande parte compensados pela inovação financeira, como o aumento

das maturidades, permitindo que os encargos com os empréstimos subissem menos que as

taxas de juro.

A subida das taxas de juro pode criar um problema social, face ao endividamento?

Não, não há sinais disso. As contas dos bancos revelam uma descida ligeira das taxas de

incumprimento do crédito. Com o endividamento já atingido os encargos com juros

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continuam em cerca de 6% do rendimento disponível o que é exactamente igual ao

verificado em 1990, quando o endividamento era apenas de 18% e as taxas eram mais de

20%. Evidentemente que isto são médias. Colaborámos recentemente com o INE num

inquérito, , sobre o património e o rendimento das famílias que nos permitirá fazer uma

análise mais fina e desagregada da situação.

A perspectiva de subida das taxas de juro combinada com o elevado endividamento e

um crescimento ainda lento não aumenta o risco de incumprimento do crédito?

Até agora isso não se verificou. O que está implícito nos mercados financeiros seriam

variações reduzidas em relação aos níveis actuais, não alterando radicalmente a situação.

O reforço do crescimento na área do euro perspectiva uma nova subida das taxas de

juro?

O que está previsto é a manutenção do crescimento em torno 2,3%.

Mas poderão criar-se pressões adicionais sobre a inflação.

Poderão. Até agora o comportamento dos custos salariais na área do euro tem sido

moderado. Não se têm verificado aumentos que ponham em risco o controlo da inflação.

Os maiores riscos estão associados ao preço do petróleo.

A decisão do BCE ainda está em aberto? Pode criar-se a expectativa de não se

verificar uma subida das taxas de juro no segundo semestre deste ano?

Sobre isso não me pronuncio. Não temos qualquer atitude pré-concebida ou compromisso

sobre a trajectória futura das taxas. Dependemos sempre das análises que fazemos da

informação disponível nos momentos em que tomamos decisões de política monetária. A

subida do preço do petróleo, por exemplo, tem sido compensada pela apreciação da taxa de

câmbio.

A apreciação do euro também é levada em consideração na decisão do BCE sobre

taxas de juro?

Com certeza. A taxa de câmbio não é um objectivo mas uma variável importante para

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avaliar as pressões inflacionistas.

O actual nível da taxa de câmbio do euro não é uma preocupação?

Em si mesmo não temos objectivos nem comentamos o nível da taxa de câmbio.

Consideramos a taxa de câmbio quando avaliamos os riscos para a inflação. A taxa de

câmbio tem tido enormes flutuações. Olhando até para momento anteriores à criação do

euro, encontramos valores mais apreciados que os actuais em 1990, 1992…

O novo presidente francês está a desafiar a independência do BCE?

O presidente da França já disse expressamente que não punha em causa a independência e

a competência do BCE na definição das taxas de juro.

Mas gostaria de ver os governos da área do euro a serem mais interventivos ao nível

da política cambial.

Não sei se foram essas as palavras. Mas tudo o que foi dito [ pelo presidente francês] foi a

propósito da política cambial e não das taxas de juro.

Desafiando os modelos adquiridos, porque é que os políticos eleitos não têm o direito

de se pronunciarem sobre matérias que afectam tanto a vida das pessoas como as

taxas de juro?

Foram os políticos europeus e as populações europeias que aprovaram um Tratado que cria

o BCE como instituição independente para decidir livremente sobre as taxas de juro e que

consagra no artigo 108 que nenhuma entidade ( Governos, Comissão, etc…) pode tentar

influenciar as suas decisões. Foram os governos e os parlamentos europeus que escreveram

isso e essa é a regra que tem de ser respeitada por todos. Todas as questões se podem

discutir na altura em que se aprovam os textos fundamentais. Mas o que está em vigor é

isto e não foi escrito pelo BCE.

Não está em cima da mesa, mas seria de se reabrir essa questão agora no Tratado

Reformador?

Sobre isso não me pronuncio. Não me compete.

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Porque é que os políticos europeus não se podem pronunciar sobre a taxa de câmbio

como acontece nos Estados Unidos?

As regras do jogo estão definidas de forma diferente. Na taxa de câmbio os poderes são um

pouco mais partilhados, de acordo com o Tratado (artº111). É aí claro que quem define o

regime cambial é o Conselho de Ministros, e o que está definido é que estamos em

câmbios flutuantes. E neste regime não existe margem para uma política cambial

autónoma. A decisão partilhada no domínio cambial já foi aplicada em 2000, com a

decisão de intervir no mercado, na altura para impedir uma excessiva depreciação do euro.

O que significa que também se poderá decidir intervir no sentido de impedir uma

excessiva valorização do euro face ao dólar.

Tudo pode sempre ocorrer. Aí, como disse, a decisão é partilhada entre o BCE e o

Conselho. As intervenções, de qualquer forma, só são eficazes se envolverem vários

países, uma cooperação internacional que só ocorre em momentos muito especiais.

Existe a possibilidade de o BCE aumentar mais as taxas de juro do que o actualmente

previsto face à perspectiva de a França não cumprir a trajectória de redução do

défice assumida no compromisso de Berlim? João Ferreira do Amaral e Miguel

Beleza admitiram no outro dia essa hipótese…

As decisões sobre taxas de juro têm como referência os riscos de inflação média para a

área do euro no seu conjunto. Não se referem a este ou aquele país.

Livros, um computador ligado à rede e ouvindo ópera

Filosofia e economia, muitas revistas e jornais e (quase) sempre online. Sextas à tarde a

Gulbenkian é obrigatória. Férias este ano são num passeio de carro pela Europa

Como vão ser as suas férias?

Este ano vou dar um passeio pela Europa de carro.

Para onde vai?

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Não digo.

Quais foram as férias da sua vida?

Quando era novo. Não só as férias mas a idade…

Que livro é que está a ler? Tem tempo para ler?...

Sim, sim…tenho e leio bastante. Estou sempre a ler mais que um livro. Neste momento

estou a ler “Nihilism and Emancipation: Ethics, Politics and Law” de Gianni Vattimo, um

filósofo italiano. E estou a ler, de Nassim Taleb, “Fooled by Randomness: The Hidden

Role of chance in life and in the markets”, bastante conhecido sobre o acaso e a

aleatoriedade dos mercados e na vida em geral. Agora escreveu um outro, que também já

comprei, “The Black Swan: The impact of the highly improbable”. O cisne preto é a

tradução da aleatoriedade das coisas, de que não há determinismo, contra a ideia de que os

mercados financeiros são eficientes e previsíveis.

Qual é o seu livro da sua vida?

Não há um livro, há mais. Romances, os mais impressionantes… Dois, “Os irmãos

Karamazov” [Dostoievski] e a Montanha Mágica de Thomas Mann…

Hoje lê mais filosofia e economia?

Sim, pela falta de tempo e pela maior motivação por me informar leio menos romances.

Talvez porque já li muitos e os fundamentais, tenha menos motivação.

Televisão, vê?

Praticamente não vejo.

Nem notícias?

Informo-me mais pelos jornais e pela Internet.

E cinema, costuma ir?

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Tenho ido pouco. No passado ia bastante. Hoje vejo mais em casa, em dvd.

Há algum filme que para si seja ‘o filme’?

Gosto muito de quase todos do Bergman, em particular dos “Morangos Silvestres”, o

“Sétimo selo”, o “Lágrimas e suspiros” etc…. Recentes, o “21 gramas” talvez…

E música?

Sou melómano. Vou pouco ao cinema mas vou muito a concertos. Aos da Gulbenkian, às

sextas-feiras, e faço a época de ópera do São Carlos. O que gosto mais é de ópera.

Os jornais que lê são em papel ou on-line?

As duas coisas.

Usa muito o online?

Uso. Jornais assino muitos online. Portugueses, o Expresso e o Público. E estrangeiros o

Le Monde, o El País, o Financial Times, o New York Times, o Economist, a Prospect, o

Nouvel Observateur e ainda a New York Review of Books

E tem tempo para ler isso tudo?

Sim… não vejo televisão. Estou muito tempo no computador, online.

Perfil:

O primeiro computador portátil no Banco de Portugal, um Osborne que pesava 15 quilos,

foi para Vitor Constâncio nos idos anos 80. Obviamente teve o famoso Spectrum e até o

seu antecessor.

Governador do banco central desde 2000, reconduzido em Maio de 2006, Vitor

Constâncio, 63 anos e dois filhos, tem uma longa carreira na política, no mundo

académico, no banco central e na banca privada. Membro do Conselho de Governadores

do Banco Central Europeu, figurou na lista dos melhores banqueiros centrais quando

propôs a passagem da taxa fixa para variável com valor mínimo nos primeiros anos do

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euro.

Inseparável dos livros e do computador, os seus presentes são em regra também livros, as

últimas novidades.

Sempre actualizado na teoria económica, na informação e na filosofia é difícil perguntar-

lhe alguma coisa sobre essas matérias que não consiga explicar com pormenor e rigor,

citando factos, sejam artigos de documentos jurídicos ou números. Os seus ‘power point’,

numa conferência ou na apresentação anual do relatório do banco aos deputados, são

fotografias da economia e das finanças portuguesa em todas as perspectivas.

Tem nos genes a discrição dos banqueiros centrais. Ninguém lhe consegue arrancar uma

pista sobre a evolução das taxas de juro ou uma informação sobre a banca. Tem sempre

resistido em divulgar as sanções que o Banco por vezes aplica à banca

Diz quem o conhece que é brilhante, um dos melhores economistas portugueses. Só é pena

não escrever.

Anexo III

http://odiario.info/articulo.php?p=473&more=1&c=1

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A crise estrutural do capitalismo

Pedro Carvalho - 07.10.07

As últimas décadas têm sido marcadas por crises financeiras cada vez mais regulares, com

impactos directos na economia real. O capitalismo tem adiado uma crise profunda e o seu

ajustamento global, nomeadamente através do recurso ao crédito (endividamento), do

excesso de liquidez e da financeirização do capital, com a explosão do capital fictício. Este

balão de oxigénio, cada vez menos eficaz, não evita a crise estrutural que o capitalismo

atravessa. Crise que se tornou visível no começo da década de setenta, com a crise de

sobreprodução e o excesso de capacidade instalada existente, com a pressão para a descida

das taxas de lucro no sector industrial e o aumento da composição orgânica do capital, ao

mesmo tempo, em que a irracionalidade do sistema, delapida recursos naturais (energia,

minerais, água, etc.) e destrói o meio natural, a par da sua senda exploradora, onde a

polarização da riqueza é cada vez mais acentuada e se agudizam as assimetrias entre o

centro e a periferia do capitalismo. Hoje, estamos num ponto de viragem, qual será a

resposta e o desfecho é uma incógnita. O sistema pode responder com a barbárie, a

destruição e a guerra, o século XX é disso exemplo. A “globalização de 1870” terminou

com duas guerras mundiais e uma grande depressão. Renascem, por seu turno, as ilusões

reformistas, de uma “nova” social-democracia em gestação. Mas a Humanidade precisa de

uma outra resposta, aquela que depende da luta revolucionária pela transformação e

superação do sistema, que crie as condições para fazer do século XXI o triunfo do

socialismo.

Ninguém pode dizer que a crise do “subprime” - do crédito hipotecário de alto risco - e o

esvaziamento da “bolha” no mercado imobiliário nos EUA não era esperada. Foi esta

“bolha”, aliada a injecções de liquidez e a taxas de juro historicamente baixas, que

continuou a alimentar o endividamento das famílias e empresas norte-americanas,

sustentado assim o consumo mundial, após o forte esvaziamento da bolha bolsista da dita

“nova economia”, que provocou o pânico das bolsas e a recessão económica de 2000-2003.

Os pânicos bolsistas, as “bolhas” e respectivas crises financeiras são cada vez mais

regulares, com os mercados a responderem irracionalmente ao mais pequeno distúrbio.

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Crises potenciadas pela libertinagem, sem constrangimentos, da circulação do capital

financeiro a nível mundial e a complexificação dos “novos” instrumentos/produtos

financeiros, sustentadas pela inflação do preço dos activos e por uma “montanha” de

crédito, garantidas pela intervenção pronta dos bancos centrais, sempre dispostos a por

mais “dinheiro” para garantir a solvência dos principais fundos e instituições financeiras,

enquanto a esfera produtiva é parasitada, transferindo (e centralizando), cada vez mais, as

mais valias criadas/apropriadas para esfera financeira.

Esta autonomização dos fluxos financeiros, onde o circuito do capital fica reduzido à

transformação de capital-dinheiro em mais capital-dinheiro, mostra o grau de

financeirização progressiva da economia, onde o capital financeiro predomina, onde a

capitalização bolsista, a dívida titularizada e os activos financeiros em posse dos bancos

comerciais representam quase quatro vezes o produto mundial. Esta tem sido a principal

resposta do capitalismo para a crise estrutural que atravessa, com epicentro na sua potência

hegemónica, os EUA, e afectando em diferentes graus o centro capitalista (UE e Japão).

A não obtenção das taxas de lucro esperadas na esfera produtiva, em virtude da estagnação

no crescimento do produto material, leva à transferência de capital para a especulação

financeira. Enquanto se impregna a super-estrutura ideológica e se usam as instituições

nacionais e internacionais, com o suporte do aparelho do(s) Estado(s), para criar quer as

condições necessárias ao fomento e sustentação da própria financeirização, quer um quadro

potenciador de uma maior intensificação da exploração do trabalho, num contexto de

subutilização da capacidade industrial instalada e de crescimento do exército de reserva de

desempregados e subempregados. Onde o trabalho, as relações laborais e os salários se

tornam as principais variáveis de ajustamento, na ânsia de extrair mais mais-valias,

relativas e absolutas, para suster as dificuldades em manter as taxas de exploração e

contrariar o crescimento da composição orgânica do capital e a resultante pressão para a

descida das taxas de lucro.

O capitalismo tem adiado assim as implicações da crise profunda em que se encontra e a

necessidade de um ajustamento global dos desequilíbrios persistentes a nível mundial.

Nomeadamente os défices dos EUA, que chama a si 60% das importações de capital

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mundiais, financiados pelas transferências dos seus “rivais” do centro capitalista

(Alemanha e Japão) e de outras potências emergentes, como a China.

O endividamento excessivo, a explosão do capital fictício e o excesso de liquidez

acumulado, ao longo dos últimos anos, são um balão de oxigénio, cada vez menos eficaz

para evitar as consequências da crise estrutural que o capitalismo atravessa. Crise marcada

pelo “início” do ciclo de estagnação no começo década de setenta, tendo como baliza

histórica a alteração do sistema monetário internacional, decorrente da “declaração de não

convertibilidade” do dólar (1971) e o denominado primeiro choque petrolífero (1973-

1974). Contudo, estes foram os sintomas e consequências de um mal maior no motor de

acumulação capitalista, sobretudo da sua potência central, os EUA, a “epidemia da

sobreprodução”. Uma década dominada pela estagnaflação – estagnação do crescimento

económico, a par com o aumento do desemprego e da inflação.

O excesso de capacidade instalada era evidenciado pela falta de oportunidades de

investimentos produtivos, que “alimentassem” à taxa de lucro esperada, o motor de

acumulação de capital existente. A sobreprodução era evidenciada pela contradição

crescente entre o desenvolvimento dos meios de produção e as condições limitadas de

crescimento do consumo, ou seja, a produção não “realizada”, a mais-valia não realizada

ou não provocando acumulação de capital líquido. Faces da mesma moeda agravadas pelo

aumento da intensidade da concorrência intercapitalista. Num contexto, onde a classe

operária do centro capitalista se encontrava fortalecida pelas conquistas sociais do pós-

guerra, pelas vitórias de emancipação dos povos, resultantes da descolonização e das

revoluções socialistas. Num mundo onde existia o outro significativo, a União Soviética e

o bloco socialista.

Não menos importante, este foi também o momento do primeiro “abalo” do paradigma

energético. A economia assente no petróleo dava os primeiros sinais de crise, com os sinais

de escassez deste produto fulcral ao sistema (era então atingido o pico do petróleo nos

EUA), resultado da irracionalidade do sistema, na delapidação dos recursos naturais e na

promoção do desperdício. A pressão para a descida continuada das taxas de lucro era assim

constante. Os EUA estavam “sitiados” e a(s) crise(s) mundiais sucediam-se, com o

segundo choque petrolífero, 1979-1980 e com a crise da dívida em 1982.

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A estagnação era (e continua a ser) evidenciada pela desaceleração das taxas de

crescimento económico mundial de década para década, sobretudo nos países capitalistas

mais desenvolvidos. Pelos rácios de utilização da capacidade industrial instalada.

Nomeadamente nos EUA, que com flutuações, permanecem em média a ¾ de utilização da

capacidade instalada, afectando não só sectores tradicionais como as industrias têxtil,

química, siderúrgica e automóvel, mas também os sectores das telecomunicações, dos

microprocessadores e dos semicondutores.

A indústria automóvel é hoje um exemplo paradigmático, pela sua importância para o

sistema. Estima-se que a nível mundial esta não utilize 30% da capacidade produtiva

instalada e que não venda ¼ dos 70 milhões de veículos que produz anualmente. Não

sendo por isso de estranhar a crise neste sector, com uma concentração crescente,

acompanhada da destruição de capacidade produtiva instalada e do emprego.

Na resposta à crise, o capital monopolizou-se nacionalmente primeiro, para cumprir a

internacionalização que está intrínseca ao seu código genético. Como se afirma no

Manifesto Comunista, “a necessidade de um escoamento sempre mais extenso para os seus

produtos prossegue a burguesia por todo o globo terrestre. Tem de se implantar em toda a

parte”. A resposta à crise passa, também, “pela conquista de novos mercados e pela

exploração mais profunda de antigos mercados”.

A “globalização de 1970”, chamemo-la assim, começava a tomar forma, com traços

comuns, em condições e com intensidades diferentes, com a caracterização da

“globalização de 1870” descrita por Lénine, no seu Imperialismo, fase superior do

capitalismo, também ela com a sua estagnação na esfera produtiva, a sua explosão

financeira, o seu paradigma energético e tecnológico, a sua crise estrutural, que veio a ser

resolvida pela aniquilação massiva de meios de produção, com duas guerras mundiais

(1914-1918 e 1939-1945) e uma grande depressão (1929-1933).

Este aparente "retorno" ao século XIX, princípios do século XX, pode-se depreender no

reforço da concentração e centralização do capital. No crescimento das operações

fusão&aquisição, nomeadamente das mega-fusões transfronteiras. Na constituição de

monopólios/oligopólios em todos os sectores de actividade económica. Na concentração no

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sector financeiro, nomeadamente no sector bancário. No predomínio do capital financeiro e

na financeirização da economia, nomeadamente no peso crescente e exponencial dos

activos financeiros em relação ao produto mundial. No peso da oligarquia financeira e das

suas multinacionais na economia mundial. Na progressiva transnacionalização do capital

financeiro e no papel crescente dos bancos centrais do centro capitalista na gestão e

regulação do sistema económico e monetário.

Nos instrumentos de concertação capitalista, as organizações internacionais como Banco

Mundial ou FMI, e outros fóruns de concertação informal, como G5/G7 ou Davos,

mostrando o papel das grandes potências imperialistas ao serviço do capital “globalizado”.

Na divisão do mapa-mundo, promovendo blocos imperialistas com áreas de influência

directa, promovidos via integração regional, do qual a UE ou a NAFTA são exemplos, ou

por intermédio, de acordos comerciais internacionais bilaterais/multilaterais. Na utilização

de formas de dominação/colonização informais, utilizando os instrumentos institucionais

do sistema. Na militarização progressiva da economia, onde assume um papel central o

crescimento do complexo industrial-militar nos EUA e sua presença por todo o globo.

Aproveitando todas as potencialidades oferecidas pela revolução científica-técnica,

nomeadamente ao nível das tecnologias da informação e comunicação. Traço comum e

também distintivo, é o retorno do pensamento económico neoclássico, em revanche ao

compromisso keynesiano do pós-guerra.

Na resposta à crise, a ofensiva neoliberal do período 1979-1985, em plena crise(s)

económica(s) mundial, com um epicentro mais uma vez nos EUA, foi um ponto de

viragem fulcral na correlação de forças entre o capital e o trabalho, na ofensiva de classe

contra o trabalho e os sindicatos, no reforço da hegemonia dos EUA, nomeadamente ao

nível financeiro e militar. Invertendo os fluxos de capital, de exportador a importador,

trazendo para o seu financiamento interno a enorme massa de dólares que circulava fora

das suas fronteiras – o mercado eurodólar. Mas também no objectivo geopolítico de

derrotar a União Soviética, cuja intervenção no Afeganistão foi disso um exemplo

evidente, contando a partir de 1985 com aliado interno de peso, o próprio Gorbatchov. Este

ponto de viragem costuma ter como rostos Reagan/Tatcher, mas teve como precursores

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Carter/Volcker. A implosão dos países socialistas foi um episódio central na história da

luta de classes do século XX.

A ofensiva de classe era uma resposta à crise e a crise sustentava a força da ofensiva de

classe contra o trabalho, com o crescimento do desemprego. Contudo, as respostas do

capitalismo a crise estrutural, aceleraram as suas contradições e limites, revelando a

insustentabilidade intrínseca à acumulação capitalista. As crises, nomeadamente as crises

financeiras, pontas do iceberg, tornaram-se uma constante. O crash bolsista de 1987,

empurrou o centro capitalista e o mundo para nova crise (1991-1993). As guerras

ressurgiam em força, nomeadamente ligadas ao controlo de recursos naturais, como o

petróleo (de que são exemplo as duas guerras do Golfo).

Desde então, a crise veio para ficar, com o último episódio, do qual a crise do “subprime” é

mais um desenvolvimento, a arrastar-se desde a crise do peso em 1995, passando pela crise

asiática de 1997-1998, pela crise da Rússia e dos países do Leste europeu em 1998, pela

crise no Brasil em 1999, pela estagnação decenal do Japão, pela crise na Turquia em 2000,

pela crise da Argentina em 2001 e pela crise da dita “nova economia” que atingiu o centro

capitalista e mergulhou a mundo em recessão de 2000-2003.

Diferentes graus de intensidade, diferentes localizações, diferentes condições conjunturais,

todas parte de uma crise estrutural profunda, uma crise de sobreprodução, com epicentro

nos EUA, cuja a hegemonia, ao nível económico, tem bases cada vez mais insustentáveis,

face às contradições crescentes do sistema, à dimensão do seu triplo défice (público,

externo, famílias/empresas) e as consequências globais do seu ajustamento, não obstante a

forte concertação capitalista, que consegue predominar sobre as rivalidades

interimperialistas, com oportunas operações de salvamento dos pólos da tríade que compõe

o centro capitalista, como mostra os acordos de Plaza de 1985, e com prontas injecções de

liquidez por parte dos Bancos centrais e às vezes dos orçamentos de estado.

Agudiza-se, por seu lado, a contradição entre a acumulação de capital e os limites

suportáveis pela natureza, com a delapidação rápida de recursos naturais e sua progressiva

escassez num acto de irracionalidade na gestão dos recursos por parte do sistema e de

progressiva concentração dos consumos e poluição subjacente, nomeadamente ao nível da

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energia, que representam um sério entrave para a acumulação capitalista e um sério risco

para toda a Humanidade. Escassez que se traduz no forte aumento dos preços das matérias-

primas e da energia, nomeadamente do petróleo, que atingiu máximos históricos. Este

ajustamento dos preços tem um cariz estrutural, contribuindo para pressões inflacionistas,

ainda não totalmente evidenciadas devido ao efeito “deflacionário” decorrente da

progressiva integração na economia mundial da economia chinesa, e também da indiana,

que contribui, por seu lado, para acentuar o problema da sobrecapacidade da oferta em

relação à capacidade da procura. A volatilidade dos mercados financeiros e o forte

endividamento, impõem também limites a acumulação de capital na esfera produtiva.

Tem-se vindo a reforçar também as assimetrias entre o centro e a periferia capitalista, a

divergência absoluta entre os países, a par do aumento da polarização da riqueza e dos

rendimentos a nível mundial. A reforçando-se, não só a colonização informal, devido ao

papel condicionador das principais organizações internacionais e ao uso da dívida externa

como instrumento de controlo, como a colonização formal. Instaurou-se um estado

repressivo e de guerra permanente, pela luta pelos recursos naturais e energéticos, pela

intensificação da exploração do trabalho e pela defesa dos interesses geoestratégicos dos

Estados imperialistas mais avançados e das suas empresas multinacionais. Em paralelo

cresce a contestação popular, aumenta a resistência e a luta dos trabalhadores, a resistência

dos países em desenvolvimento, aos ditames de organizações internacionais, como é

exemplo o caso da Argentina e da Bolívia, face ao FMI. Desenvolvem-se experiências de

desenvolvimento e emancipação patrióticos, que importam realçar.

O capitalismo continua a dispor de importantes recursos, sofisticados meios de concertação

e gestão das crises a nível mundial e regional e ainda possibilidades de aproveitamento e

expansão dos mercados. Primeiro, com a “cavalgada” para leste, aquando das derrotas do

socialismo. Hoje com o mercado Chinês e Indiano. Mas a (sobre)extensão do sistema ao

nível mundial começa a apresentar os seus limites. É de questionar se existe alguma área

ou região que possa atrair investimentos produtivos capazes de promover um relançamento

mundial sustentando da economia mundial?

O capitalismo já deu mostras de longa sobrevivência, de constantemente revolucionar os

meios de produção, de encontrar novas formas de intensificar a exploração do trabalho, de

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mudar o paradigma energético ou tecnológico. Contudo, não consegue resolver as

insanáveis contradições inerentes ao seu modo de produção, o seu carácter parasitário e

injusto, que é um obstáculo ao progresso da humanidade e, por isso, urge ser superado. Por

outro lado, a progressiva militarização da economia, torna os conflitos e as guerras

subjacentes saídas para crise, enquanto “saída” para a utilização/destruição de potencial

produtivo.

Hoje, estamos num ponto de viragem, qual será a resposta e o desfecho do sistema à crise

estrutural que atravessa é uma incógnita. Um facto é que a diferença no produto mundial

entre a capacidade industrial existente e sua utilização se encontra ao nível mais elevado

desde 1930, ou seja, desde a grande depressão. Por isso, torna-se cada vez mais pertinente

a pergunta lançada pelo The Economist, em 1999, “Could it happen again?”. As

contradições do sistema e sua insustentabilidade comportam riscos para toda a

humanidade, tendo em conta a capacidade destrutiva do próprio sistema. O sistema pode

responder com a barbárie, a destruição e a guerra, o século XX é disso um exemplo. Pode

levar a uma catástrofe ambiental de escala planetária. O risco de implosão e suas

consequências são tão prementes, que Keynes e sua Teoria Geral voltam a “ressuscitar”

para “salvar” o capitalismo dos seus excessos, enquanto se volta a recompor uma “nova”

social-democracia emergente, cujas dinâmicas parecem estar activas e em formação,

nomeadamente na Europa, cumprindo assim o seu papel histórico. A tomada de

consciência por parte dos trabalhadores e dos povos das causas sistémicas das

desigualdades sociais é essencial para a Humanidade, daí a necessidade de “não” se

iludirem e rejeitarem as “soluções” reformistas desta “nova” social-democracia.

É necessário ter presente, aliás como Lénine, que situações sem saída não existem, ou seja,

o sistema não ruirá por si, de forma automática, sem luta. Não morrerá de morte natural.

Os últimos 150 anos mostram isso. As crises estruturais do capitalismo são períodos

chaves para a intensificação da luta de classes, podendo potenciar a consciencialização da

classe operária e o desenvolvimento da acção revolucionária. Mas não resultam em

processos revolucionários, a não ser quando surgem sujeitos sociais com disposição

revolucionária. E sabemos, por experiência, que “o processo revolucionário é irregular,

feito de avanços e recuos, de períodos de refluxo e de períodos de ascenso”. A superação

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do sistema, só se pode encontrar num “programa mínimo” de resistência e luta pela

melhoria de vida das camadas sociais mais desfavorecidas, num projecto de

desenvolvimento económico e social endógeno virado para a satisfação das necessidades

humanas, numa democracia avançada em todas as vertentes das relações humanas que, ao

mesmo tempo, crie e potencie as condições revolucionárias para a real transformação da

sociedade.

Se caminhamos para um definhamento ou para uma reconstrução do sistema, depende

sobretudo se a “velha ordem” foi capaz de produzir uma classe pronta e capaz de cortar as

amarras com o capitalismo e criar uma nova sociedade. Uma classe que reconhece o seu

papel na transição para uma sociedade socialista, formando a sua própria ideologia, o seu

partido político e confrontando a natureza das relações de produção capitalista e da classe

burguesa. Esta é a resposta ao sistema. Façamos do século XXI o triunfo do socialismo.

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Anexo IV

Como Surgiu o Cartão de Crédito:

O cartão de crédito surgiu na década de 20, nos Estados Unidos. Inicialmente, os cartões de

créditos eram dados somente aos clientes mais fiéis em

que o dono do estabelecimento acreditava em que eles

pagavam as suas compras em dia.[1]. Mas foi na década

de 50 quando Frank MacNamara estava com executivos

financeiros em um restaurante na cidade de Nova York e

percebeu que tinha esquecido seu dinheiro e seu talão de

cheques para pagar a conta em que Frank teve a ideia de

criar um cartão em que continha o nome do dono, e que após um tempo, o dono do cartão

pudesse pagar a conta.

Então, naquele mesmo ano, ele criou o Diners Club Card que era feito de papel cartão. O

cartão era aceito em apenas 27 restaurantes e era usado apenas por pessoas importantes na

época (aproximadamente 200 pessoas que eram amigos de Frank). Em 1952, o cartão

começou a ganhar milhares de adeptos e já era aceito por vários estabelecimentos. E neste

mesmo ano, foi criado o primeiro cartão de crédito internacional que já era aceito em

alguns países. Em 1955, o cartão passou a ser feito de plástico.

Em 1958, foi a vez da American Express criar o seu cartão, mas foi em 1966 que o

BankAmerican Service Corporation, criou o cartão BankAmericard com um sucesso, já

que era aceito em mais de 12 milhões de estabelecimentos e pouco tempo depois, o cartão

passou a se chamar a actual Visa. No mesmo ano, foi criado o Master Charge que originou

a bandeira MasterCard. Em 1975, a Diners, lançou o “Corporate Card”, que se tratava do

primeiro cartão de crédito corporativo do mundo, e quando foi em 1981, a Citicorp (atual

Citibank) comprou a Diners Club da Continental Insurance Corporation. [2].

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O que é:

Cartão de crédito é uma forma de pagamento electrónico. È um cartão de plástico que

contem basicamente, o nome do titular (ou seja, o dono

da conta), número do cartão (número único do cartão e de

identificação do cliente), a data de validade do cartão e a

data de quando o cliente se tornou dono do cartão, além

de no verso, ter um campo para assinatura do cliente e um

número de segurança e uma banda magnética (geralmente

preta). A maioria de cartões de crédito é da mesma forma

e tamanho, como especificado pelo padrão do ISO 7810.

O cliente que possuir um cartão de crédito, poderá ir,

desta forma, até a loja onde o cartão é aceite e ir

comprando as mercadorias e ao chegar à caixa poderá

pagar com o cartão e dependendo do cartão poderá até

parcelar a compra. Posteriormente, após algum tempo,

chegará à sua casa, um extracto em que mencionará o

valor do pagamento da compra ou da parcela. Para evitar

abusos, o cartão possui limite de crédito adequado com o

rendimento e o poder aquisitivo do cliente. É uma linha

de crédito revolving, pois o "crédito" vai-se renovando à

medida que o cliente vai liquidando as dívidas. Quando a

dívida é extinta volta a ter o plafond inicial total, podendo

utilizar sempre que quiser.

Vantagens:

Não é preciso ter dinheiro ou cheque na hora da compra.

O cliente obtém um prazo a mais para pagar a compra.

Dependendo do cartão, não é necessário pagar anuidade.

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Depende da entidade emissora do do cartão, a data do pagamento do extracto, entre outros

factores.

Em vez da anuidade, alguns cartões cobram uma pequena taxa mensal se o cliente comprar

com o cartão.

Agora surgem uma série de serviços / oferta associados à utilização dos cartões de crédito

(descontos em algumas compras; contribuíção para algumas entidades, etc.)

Funcionamento:

Actualmente, a transacção com o cartão ocorre por meio de máquinas electrónicas (ATM’s

ou Terminais de pagamentos), em que se passa o cartão, e caso a compra seja aprovada

pela entidade emissora do cartão, é emitido um pequeno comprovativo com dados da

compra, como nome do cliente e número do cartão, valor da compra, número de parcelas

(se houver), etc. Caso os dados no comprovativo estejam certos, basta o cliente assinar o

comprovativo e mostrar seu BI (depende do estabelecimento). O comerciante fica com um

comprovativo e o cliente fica com outro. Mensalmente, chega ao endereço do cliente, um

extracto ou factura, para o cliente pagar as compras que ele fez. Caso não ocorra o

pagamento no dia, acumulam-se juros que vão ser debitados na próxima factura, e à

medida que o cliente paga as compras, o seu limite de crédito é recomposto para novas

compras.

Fonte: Wikipédia

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