EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA...

152
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA JULIANA DAVIES DE OLIVEIRA EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMERO POR Aureobasidium pullulans RIO DE JANEIRO 2010

Transcript of EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA...

Page 1: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE QUÍMICA

JULIANA DAVIES DE OLIVEIRA

EEFFEEIITTOO DDAA FFOONNTTEE EE CCOONNCCEENNTTRRAAÇÇÃÃOO

DDEE NNIITTRROOGGÊÊNNIIOO NNAA PPRROODDUUÇÇÃÃOO DDEE

BBIIOOPPOOLLÍÍMMEERROO PPOORR AAuurreeoobbaassiiddiiuumm

ppuulllluullaannss

RIO DE JANEIRO

2010

Page 2: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

JULIANA DAVIES DE OLIVEIRA

EEFFEEIITTOO DDAA FFOONNTTEE EE CCOONNCCEENNTTRRAAÇÇÃÃOO DDEE NNIITTRROOGGÊÊNNIIOO NNAA PPRROODDUUÇÇÃÃOO DDEE BBIIOOPPOOLLÍÍMMEERROO PPOORR AAuurreeoobbaassiiddiiuumm

ppuulllluullaannss

Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (M.Sc).

Orientadores: Profa. Dra. Eliana Flávia Camporese Sérvulo

Profa. Dra. Flávia Duta Pimenta

RIO DE JANEIRO 2010

Page 3: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

iii

O48e Oliveira, Juliana Davies.

Efeito da fonte e concentração de nitrogênio na produção de biopolímero

por Aureobasidium pullulans/ Juliana Davies de Oliveira. – 2010.

xx, 131 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química,

Rio de Janeiro, 2010.

Orientadoras: Eliana Flávia Camporese Sérvulo e Flávia Duta Pimenta

1. Biopolímero. 2. Aureobasidium pullulans. 3. Pululana. 4. Açúcar

cristal. 5. Rejeitos Industriais. – Teses. I. Sérvulo, Eliana Flávia C. (Orient.).

II. Pimenta, Flávia Duta (Orient.). III. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Programa em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos,

Escola de Química. IV. Título.

CDD: 661.894

Page 4: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

iv

JULIANA DAVIES DE OLIVEIRA

EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMERO POR Aureobasidium pullulans

Dissertação submetida ao Corpo Docente da Escola de Química da

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências.

Rio de Janeiro, 31 de março de 2010.

Aprovada por

Page 5: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

v

Aos meus pais, Valdemir e Anelise.

À minha irmã, Patrícia.

Pelo carinho, apoio e compreensão.

Dedico

Page 6: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

vi

“Um cientista em seu laboratório não é

somente um técnico, é também uma

criança colocada diante de fenômenos

naturais que a impressionam como um

conto de fadas”.

(Marie Curie)

Page 7: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

vii

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

� A Deus por me iluminar e guiar por todos os caminhos,

proporcionando assim a conclusão de mais uma etapa da vida que se

consuma nesta Dissertação;

� Aos meus amados pais, Valdemir e Anelise, pela formação e que,

com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu

chegasse até esta etapa de minha vida;

� À minha amada maninha Patrícia pelos inúmeros momentos de

gargalhadas, carinho, ajuda e apoio;

� Ao Gabriel (in memorian) que, mesmo sem sua presença, me deu

forças e inspiração para continuar;

� Ao queridíssimo casal Regina e Gilberto pela valiosa amizade

dispensada ao longo dos anos, o encorajamento, a torcida e o

imenso carinho;

� Aos meus estimados amigos que tornaram muitos momentos felizes

e divertidos, me dando força para continuar;

� Às minhas queridas orientadoras Eliana Flávia Camporese Sérvulo e

Flávia Duta Pimenta pelo incentivo, carinho, paciência e grande

conhecimento que tornou as suas orientações colaborações valiosas

Page 8: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

viii

para a elaboração deste trabalho, tornando assim possível a

conclusão desta Dissertação;

� Aos integrantes dos laboratórios E-107 e E-109 da Escola de

Química (UFRJ) por tornarem o ambiente de trabalho agradável e

divertido;

� Aos funcionários da UFRJ, especialmente ao Paulinho;

� À Márcia Regina Benzi, do IMA/UFRJ, pelo apoio e suporte técnico;

� À minha “orientadora de coração”, Dra. Léa Maria de Almeida Lopes,

do IMA/UFRJ, pelo apoio técnico, pela colaboração, críticas e

valiosíssimas sugestões apresentadas;

� À amabilíssima Professora Cheila Gonçalves Mothé, da Escola de

Química/UFRJ, por todo apoio e colaboração, tanto em sala de aula,

quanto fora dela;

� Aos funcionários do INPPN/UFRJ, pelo apoio técnico;

� Aos professores do Curso de Mestrado em Tecnologia de Processos

Químicos e Bioquímicos (EQ/UFRJ), pela contribuição para minha

formação profissional;

� Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,

CNPq, pelo apoio financeiro.

Page 9: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

ix

LISTA DE ABREVIATURAS

%T Transmitância

°C Grau Celsius

AR Advanced Rheometer

ATCC American Type Culture Colletion

ATR Reflexão total atenuada

c* Concentração crítica

C/N Relação carbono/nitrogênio

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico

Da Dalton

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DSC Calorimetria Exploratória Diferencial

DTA Análise Térmica Diferencial

DTG Termogravimetria Derivada

Taxa de cisalhamento

EPS Exopolissacarídeo

FTIR Espectroscopia de Absorção na Região por Transformada de

Fourier

g Grama

η Viscosidade

h Hora

HPLC High pressure liquid chromatography

.

γ

Page 10: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

x

IFN Interferon

IOC Instituto Oswaldo Cruz

L Litro

LRC Levedura residual cervejeira

mL Mililitro

NA Nitrato de amônio

NS Nitrato de sódio

OD Oxigênio dissolvido

Pa Pascal

p/v Parte por volume

Pa.s Pascal-segundo

rpm Rotação por minuto

SA Sulfato de amônio

STR Stirred-tank reactor

τ Tensão de cisalhamento

TG Termogravimetria

U Uréia

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

YP/S Fator de conversão de substrato em polissacarídeo

YX/S Fator de conversão de substrato em biomassa

Page 11: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xi

EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO DE BIOPOLÍMERO POR Aureobasidium pullulans

Resumo da Dissertação de M.Sc. apresentada ao programa de Pós-Graduação em

Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Juliana Davies de Oliveira

Março de 2010 Orientadoras: Eliana Flávia Camporese Sérvulo e Flávia Duta Pimenta

Dentre os biopolímeros microbianos estão polissacarídeos produzidos por micro-organismos, cujas propriedades reológicas permitem aplicações nos mais diferentes setores industriais. Dentre os biopolímeros, destaca-se a pululana, um homopolissacarídeo linear neutro produzido, principalmente, pelo fungo dimórfico Aureobasidium pullulans, em condição de aerobiose. As propriedades físico-químicas da pululana possibilitam seu uso não só nas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica, mas particularmente para fins mais nobres, como para conjugados de vacinas e interferon. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de cinco fontes de nitrogênio, em diferentes concentrações, por duas linhagens de A. pullulans, visando a redução de custos e a maximização do rendimento do processo. Para tanto foram realizados experimentos por batelada convencional utilizando meio básico mineral constituído de 30 g/L de açúcar cristal e das fontes de nitrogênio – sulfato de amônio, nitrato de sódio, nitrato de amônio, uréia e levedura residual cervejeira - adicionadas ao meio de modo a estabelecer relações carbono/nitrogênio (C/N) de 5, 25, 50 e 150. Após 48 horas de incubação a 28+/-1°C, sob agitação de 150 rpm, foram feitas determinações de concentração celular, consumo de substrato, polímero produzido, pH e viscosidade. Todas as fontes de nitrogênio, nas proporções testadas, foram capazes de promover crescimento celular e produção de biopolímero por ambas as linhagens. No entanto, tanto a quantidade de biopolímero produzido quanto a viscosidade do mosto fermentado foram dependentes da linhagem microbiana, da fonte de nitrogênio e da relação C/N. No geral, os melhores resultados para as diferentes condições foram observados para a linhagem IOC 3011. Dentre as fontes de nitrogênio, o resíduo da indústria cervejeira (LRC) foi a que propiciou os maiores rendimentos (YP/S) de biopolímero. Inclusive a LRC foi melhor comparativamente ao sulfato de amônio, que é a fonte de nitrogênio normalmente indicada para obtenção deste biopolímero. O uso do resíduo cervejeiro também propiciou a obtenção de mostos fermentados com os maiores valores de viscosidade – 0,06 Pa.s e 0,008 Pa.s, respectivamente na menor (15,6 s-1) e maior (415 s-1) taxa de cisalhamento. Quando a fermentação foi conduzida com controle de pH em 6,0, houve aumento dos rendimentos e da viscosidade do mosto e ausência de pigmentação. A relação C/N de 100 foi a mais adequada para a produção do biopolímero, que foi máxima com 120 h. Nas condições selecionadas, o biopolímero recuperado do mosto por precipitação com etanol e parcialmente purificado foi caracterizado através das análises por Espectroscopia de absorção na região do infravermelho por Transformada de Fourier, Viscosimetria e Termogravimetria, que revelaram ser a sua composição química e propriedades físicas semelhante a da pululana padrão (Sigma-Aldrich). Palavras-chave: biopolímero, pululana, Aureobasidium pullulans, açúcar cristal, rejeito industrial, reologia, FTIR, termogravimetria.

Page 12: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xii

EFFECT OF THE SOURCE AND CONCENTRATION OF NITROGEN IN THE PRODUCTION OF BIOPOLYMER BY Aureobasidium pullulans

Abstract of the M.Sc. Dissertation presented to the graduate program on Technology

of the Chemical and Biochemical Process of the Chemical School of The Federal University of Rio de Janeiro – Brazil.

Juliana Davies de Oliveira

March 2010

Advisers: Eliana Flávia Camporese Sérvulo and Flávia Duta Pimenta

Among the microbial biopolymers are polysaccharides produced by micro-

organisms, with rheological properties enable applications in different industrial sectors. Between biopolymers, pullulan, a linear neutral homopolysaccharide mainly produced by the dimorphic fungus Aureobasidium pullulans under aerobic conditions, stands out. Pullulan’s physicochemical properties enable its use not only in the food, cosmetic, and pharmaceutical industries, but also for more noble purposes, as for combined vaccine and interferon. This study aimed to evaluate the effect of five nitrogen sources in different concentrations using two strains of A. pullulans, to reduce costs and maximize the process yield. The experiments were performed in batch reactors using basic mineral medium consisting of 30 g/L of crystal sugar and the nitrogen sources – ammonium sulfate, sodium nitrate, ammonium nitrate, urea, and residual brewery yeast – in order to establish a carbon/nitrogen (C/N) ratio of 5, 25, 50, and 150. After 48 hours of incubation in 28 ± 1°C, under agitation of 150 rpm, the following determinations were performed: cellular concentration, substrate consumption, polymer yield, pH, and viscosity. All nitrogen sources, in the proportions tested, were capable of fostering cell growth and biopolymer production by both strains. However, both the amount of gum produced and the fermented broth viscosity were dependent on microbial strain, the nitrogen source, and the C/N ratio. Overall, the best results were obtained for the IOC 3011 strain. Among the nitrogen sources, the residual brewery yeast (LRC) fostered the greatest yield (YP/S) of biopolymer. The LRC was even better than the ammonium sulfate, which is the nitrogen source usually recommended to obtain this biopolymer. The brewery residue used also fostered the generation of fermented broth with high viscosity values – 0.06 Pa.s 0.008 Pa.s, respectively in the lowest (15.6 s-1) and the highest (415 s-1) shear rate. When fermentation was conducted with pH control at 6.0, there was rising yield and the viscosity of the wine, and lack of pigmentation. The C / N of 100 was the most suitable for the production of biopolymer, which was maximum at 120 h. Under the conditions selected, the biopolymer recovered wort by precipitation with ethanol was partially purified and characterized through Fourier Transform Infrared Spectroscopy, Viscometry and Thermogravimetry, which proved to be a chemical structure similar to the standard pullulan (Sigma-Aldrich). Keywords: biopolymer, pullulan, Aureobasidium pullulans, crystal sugar, industrial waste, rheology, FTIR, thermogravimetry.

Page 13: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fórmula estrutural correspondente à pululana ........................................ 15

Figura 2 – Estrutura química representativa da pululana ......................................... 16

Figura 3 – Aspectos morfológicos de Aureobasidium pullulans (A- colônia, B- corpo

de frutificação, C- hifa escura com clamidosporo na extremidade, D- células

unicelulares em gemulação, E- artroconídio negro, F- blastoconidios (450x), G-

hifas e blastoconídios (1860 x), H- hifas septadas e blastosporos e I- células

filamentosas envolvidas por material capsular, possivelmente, polissacarídeo.)

.......................................................................................................................... 19

Figura 4 – Tipos de curvas de escoamento.............................................................. 29

Figura 5 – Orientação das moléculas após aumento da taxa de cisalhamento........ 31

Figura 6 – Reogramas típicos dos tipos de fluidos com comportamento reológico

dependente do tempo (Adaptado de TONELI et al., 2005). .............................. 32

Figura 7 – Representação esquemática dos regimes de concentração de uma

solução polimérica............................................................................................. 34

Figura 8 – Esquema utilizado para execução dos experimentos.............................. 45

Figura 9 – Esquema da geometria cone-placa (α - ângulo entre o cone e a placa, R –

raio do cone). .................................................................................................... 51

Figura 10 – Valores finais de biomassa determinados após 48 h de cultivo de

Aureobasidium pullulans em meios de produção constituídos de diferentes

fontes de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato

de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira) para relações de C/N

5, 25, 50 e 150. (A- linhagem IOC 3467; B- linhagem IOC 3011)...................... 56

Figura 11 – Quantidade de biopolímero produzido pelas linhagens de Aureobasidium

pullulans IOC 3467 (A) e IOC 3011 (B) a partir de açúcar cristal e diferentes

fontes e quantidades de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de

sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira)

para relações C/N de 5, 25, 50 e 150............................................................... 59

Figura 12 – Valores finais de pH nos meios após 48 h de cultivo das linhagens IOC

3467 (A) e IOC 3011 (B), para diferentes fontes e quantidades de nitrogênio (SA

– sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia;

LRC – levedura residual cervejeira; C/N= 5, 25, 50 e 150). pH inicial = 6,0...... 63

Page 14: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xiv

Figura 13 – Efeito da fonte de nitrogênio no consumo de substrato pelas linhagens

IOC 3467 (A) e IOC 3011 (B) (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA

– nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira) para relações

C/N de 5 a 150. ................................................................................................. 64

Figura 14 – Fatores de conversão substrato em biomassa (YX/S) e em produto (YP/S)

para as linhagens IOC 3467 (A, C) e IOC 3011 (B,D), respectivamente, em

diferentes fontes e concentrações de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS –

nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual

cervejeira; C/N - 5, 25, 50 e 150)....................................................................... 67

Figura 15 – Perfis viscosimétricos dos mostos fermentados com a linhagem IOC

3467 em diferentes condições nutricionais (SA – sulfato de amônio; LRC –

levedura residual cervejeira; C/N = 5 e 150) (Advanced Rheometer 2000, 25°C).

.......................................................................................................................... 70

Figura 16 – Perfis viscosimétricos dos mostos fermentados com a linhagem IOC

3011 em diferentes fontes de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de

sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira;

C/N = 5, 25, 50 e 150) (Advanced Rheometer 2000, 25°C). ............................. 72

Figura 17 – Aspectos de biopolímero obtidos utilizando diferentes fontes de

nitrogênio. (A) Sulfato de Amônio, Nitrato de Sódio e Nitrato de Amônio. (B)

Uréia e Levedura Residual de Cervejaria – Estereoscópio no aumento de 25

vezes. ................................................................................................................ 72

Figura 18 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional

para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico

mineral constituído de açúcar cristal e levedura residual cervejeira, sem controle

do pH................................................................................................................. 74

Figura 19 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional

para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico

mineral constituído de açúcar cristal e levedura residual cervejeira, com controle

de pH................................................................................................................. 77

Figura 20 – Variação dos fatores de conversão de substrato em produto (YP/S) – A –

e em biomassa (YX/S) – B – durante a fermentação de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira (C/N 150), com controle de pH e sem controle de pH. ........ 79

Page 15: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xv

Figura 21 – Representação dos biopolímeros recuperados após 48 h de fermentação

(A – sem controle do pH; B – com controle do pH); Estereoscópio no aumento

de 25x................................................................................................................ 80

Figura 22 – Análise viscosimétrica de mosto, constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira, em diferentes tempos de fermentação pela linhagem

Aureobasidium pullulans IOC 3011 com a adição de tampão (Advanced

Rheometer 2000, 25°C)..................................................................................... 82

Figura 23 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional

para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico

mineral constituído de açúcar cristal e levedura residual cervejeira nas relações

C/N de 100 (A) e 150 (B), com controle de pH em 6,0. ..................................... 85

Figura 24 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional

para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico

mineral constituído de açúcar cristal e levedura residual cervejeira nas relações

C/N de 200 (A) e 250 (B), com controle de pH em 6,0. ..................................... 86

Figura 25 – Perfil da produção de biopolímero no segundo e quinto dias de

fermentação utilizando como fonte de nitrogênio levedura residual de cervejaria

nas relações C/N de 5, 25, 50, 100, 150, 200 e 250 g/g. .................................. 87

Figura 26 – Variação do fator de conversão de substrato em produto (YP/S) para a

fermentação de açúcar cristal e levedura residual cervejeira em diferentes

relações C/N, com controle de pH em 6,0......................................................... 88

Figura 27 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira (relação C/N 100), em diferentes tempos de fermentação

pela linhagem A. pullulans IOC 3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced

Rheometer 2000, 25ºC)..................................................................................... 91

Figura 28 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira (relação C/N 150), em diferentes tempos de fermentação

pela linhagem A. pullulans IOC 3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced

Rheometer 2000, 25ºC)..................................................................................... 92

Figura 29 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira (relação C/N 200), em diferentes tempos de fermentação

pela linhagem A. pullulans IOC 3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced

Rheometer 2000, 25ºC)..................................................................................... 93

Page 16: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xvi

Figura 30 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira (relação C/N 250), em diferentes tempos de fermentação

pela linhagem A. pullulans IOC 3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced

Rheometer 2000, 25ºC)..................................................................................... 94

Figura 31 – Espectros na região do infravermelho da pululana padrão (Sigma-

Aldrich) e dos biopolímeros recuperados dos mostos em 120 h de fermentação

(biopolímero purificado e não purificado), utilizando como fonte de nitrogênio a

LRC na relação C/N 100. .................................................................................. 96

Figura 32 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A),

biopolímero purificado (B) produzido por Aureobasidium pullulans IOC 3011,

utilizando como fonte de nitrogênio levedura residual de cervejaria na relação

C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-Aldrich – (C) a diferentes concentrações

em solução (Advanced Rheometer 2000, 25ºC). .............................................. 99

Figura 33 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A),

biopolímero purificado (B) produzido por Aureobasidium pullulans IOC 3011,

utilizando como fonte de nitrogênio levedura residual de cervejaria na relação

C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-Aldrich – (C) na concentração de 0,5

g/L em solução (Advanced Rheometer 2000, 10, 25 e 35ºC).......................... 102

Figura 34 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A),

biopolímero parcialmente purificado (B) produzido por Aureobasidium pullulans

IOC 3011, utilizando como fonte de nitrogênio levedura residual de cervejaria na

relação C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-Aldrich – (C) a diferentes

concentrações em solução à taxa de cisalhamento de 613 s-1 (Advanced

Rheometer 2000, 10, 25 e 35ºC)..................................................................... 106

Figura 35 – Curvas de TG/DTG para amostra de biopolímero não purificado em

atmosfera de nitrogênio, TA (TGA Q500 V6.7). .............................................. 108

Figura 36 – Curvas de TG/DTG para amostra de biopolímero parcialmente purificado

em atmosfera de nitrogênio, TA (TGA Q500 V6.7).......................................... 109

Figura 37 – Curvas de TG/DTG para amostra de pululana padrão em atmosfera de

nitrogênio, TA (TGA Q500 V6.7). .................................................................... 110

Page 17: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xvii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Biopolímeros encontrados na natureza e suas funções ......................... 11

Tabela 2 – Características de alguns polissacarídeos de origem microbiana .......... 14

Tabela 3 – Bioprodutos obtidos a partir de Aureobasidium pullulans e suas

potenciais aplicações ........................................................................................ 20

Tabela 4 – Curva padrão e informações obtidas pelas técnicas de Análise Térmica

.......................................................................................................................... 39

Tabela 5 – Composição do meio de produção ......................................................... 43

Tabela 6 – Relação das fontes de nitrogênio e respectivas quantidades usadas no

preparo dos meios............................................................................................. 47

Tabela 7 – Análise comparativa das cinéticas do processo fermentativo conduzido

por batelada convencional para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC

3011 em meio básico mineral, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira para diferentes relações carbono/nitrogênio, com controle de pH .... 89

Tabela 8 – Resumo dos resultados das análises de TG/DTG das amostras de

biopolímero não purificado, biopolímero purificado e pululana padrão............ 111

Page 18: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xviii

SUMÁRIO

Capítulo 1 ........................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 1

Capítulo 2 ........................................................................................................... 4

2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO ....................................................................... 5

Capítulo 3 ........................................................................................................... 7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 8

3.1. Polímeros ................................................................................................ 8

3.2. Polissacarídeos....................................................................................... 9

3.2.1. Polissacarídeos microbianos...............................................................12

3.3. Pululana .................................................................................................15

3.4. Micro-organismos produtores de pululana .............................................17

3.4.1. Aureobasidium pullulans .....................................................................17

3.5. Parâmetros que influenciam a produção de pululana por Aureobasidium

pullulans ........................................................................................................21

3.5.1. Morfologia do micro-organismo...........................................................21

3.5.2. Fonte de carbono ................................................................................21

3.5.3. Fonte de nitrogênio .............................................................................22

3.5.4. pH .......................................................................................................22

3.5.5. Temperatura........................................................................................22

3.5.6. Aeração...............................................................................................23

3.5.7. Agitação ..............................................................................................23

3.5.8. Microelementos...................................................................................24

3.6. Aplicações da pululana ..........................................................................24

3.7. Reologia dos biopolímeros.....................................................................27

3.7.1 Comportamento reológico da pululana ................................................35

3.8. Caracterização do biopolímero ..............................................................36

3.8.1. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho por

Transformada de Fourrier (FTIR) ..................................................................36

3.8.2. Análise Térmica ..................................................................................37

Capítulo 4 ......................................................................................................... 41

4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 42

4.1. Micro-organismo ....................................................................................42

Page 19: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xix

4.2. Manutenção do micro-organismo...........................................................42

4.3. Meios de cultivo .....................................................................................42

4.3.1. Meio de crescimento ...........................................................................42

4.3.2. Meios de produção..............................................................................42

4.4. Condução dos ensaios...........................................................................43

4.4.1. Preparo do inóculo ..............................................................................43

4.4.2. Desenvolvimento do processo fermentativo........................................44

4.5. Recuperação do biopolímero .................................................................45

4.5.1. Purificação do biopolímero..................................................................46

4.5.2. Liofilização ..........................................................................................46

4.6. Etapas Experimentais ............................................................................47

4.6.1. Seleção da linhagem microbiana e da fonte de nitrogênio..................47

4.6.2. Influência do controle de pH na produção de biopolímero ..................48

4.6.3. Efeito da relação C/N na produção de biopolímero para a fonte de

nitrogênio selecionada ..................................................................................48

4.6.4. Caracterização dos biopolímeros obtidos ...........................................49

4.7. Determinações analíticas.......................................................................52

4.7.1. Concentração celular ..........................................................................52

4.7.2. Substrato.............................................................................................52

4.7.3. pH .......................................................................................................52

4.7.4. Viscosidade do mosto fermentado em regime isotérmico...................52

4.7.5. Viscosidade do biopolímero em regime não isotérmico ......................53

Capítulo 5 ......................................................................................................... 54

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 55

5.1. Seleção da cepa microbiana e da fonte de nitrogênio ...........................55

5.2. Influência do controle de pH na produção de pululana ..........................73

5.3. Estudo cinético para avaliação da melhor relação C/N para a fonte de

nitrogênio selecionada na produção de biopolímero.....................................83

5.4. Caracterização dos biopolímeros obtidos ..............................................95

5.4.1. Análise espectroscópica de absorção na região do infravermelho

por Transformada de Fourier (FTIR) .............................................................95

5.4.1. Viscosimetria das soluções de biopolímero em diferentes

concentrações em regime isotérmico............................................................97

5.4.3. Análise térmica..................................................................................107

Page 20: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

xx

Capítulo 6 ....................................................................................................... 112

6. CONCLUSÕES........................................................................................... 113

Capítulo 7 ....................................................................................................... 115

7. PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................... 116

ANEXO I ......................................................................................................... 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 118

Page 21: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

1

Oliveira, J. D.

Capítulo 1

_________________________

Introdução

Page 22: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

1

Oliveira, J. D.

1. INTRODUÇÃO

Os polímeros, que na sua maioria são obtidos a partir do petróleo, se

tornaram imprescindíveis para a evolução da humanidade, visto sua presença

constante nos mais diversos materiais utilizados no dia-a-dia. De fato, nos últimos

anos, o setor de polímeros, dentre todos os segmentos da indústria química, vem

apresentando o maior crescimento mundial, haja vista que, em 10 anos, a produção

mundial de plásticos aumentou 62% (PANDA et al., 2010).

No Brasil, a indústria do plástico gera um faturamento anual da ordem de

US$ 5 bilhões, correspondente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Contudo, o consumo de plásticos no nosso País é de apenas 20 e 22 kg per

capita/ano enquanto que nos EUA varia entre 100 e 170 kg (PANDA et al., 2010).

Logo, pode-se considerar esta área como uma oportunidade emergente para o

mercado brasileiro em face da base populacional e do crescente avanço tecnológico

nacional.

Neste contexto, há fatores importantes a serem considerados; em especial,

que os polímeros normalmente produzidos são originados de matéria-prima não

renovável e seu descarte gera grandes volumes de lixo de lenta degradação.

Portanto, existe uma forte demanda para a substituição dos polímeros convencionais

pelos biopolímeros, os quais podem ser produzidos a partir de matérias-primas

renováveis e ainda são biodegradáveis.

Os polissacarídeos obtidos por processos fermentativos, também conhecidos

como biopolímeros ou gomas, possuem capacidade de formar soluções viscosas e

géis em meio aquoso, mesmo quando aplicados em baixas concentrações

(MOREIRA et al., 2005). Assim, analogamente aos polímeros quimicamente

sintetizados, os biopolímeros encontram aplicação nos mais variados setores

industriais, dependendo das suas características reológicas (SUTHERLAND, 1982).

Adicionalmente, os biopolímeros podem apresentar outras propriedades

fundamentais para sua aplicação industrial, as quais também são determinadas por

sua composição química, tipo de ligações moleculares, grupamentos e grau de

substituições e massa molar média e sua distribuição (SHATWELL et al., 1990;

PACE, 1991).

Page 23: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

2

Oliveira, J. D.

Além dos polissacarídeos produzidos por via microbiana, é possível extraí-los

de vegetais (amido, celulose) e de algas marinhas (carragenanas, agar-agar). Na

atualidade, dentre os polissacarídeos naturais, os extraídos de plantas e algas

marinhas dominam o mercado de biopolímeros devido ao menor custo (CANILHA et

al., 2006). Porém, os polissacarídeos de origem microbiana têm despertado

crescente interesse, visto que, em comparação aos outros, apresentam vantagens

como: produção independente de fatores climáticos e da limitação de áreas;

possibilidade do uso de diferentes matérias-primas, inclusive regionais; e menor

variação da qualidade, ou seja, das propriedades físico-químicas (SOUZA &

GARCIA-CRUZ, 2004; BERWANGER, 2005; MOREIRA et al., 2005). Por outro lado,

a produção industrial dos polímeros microbianos requer a otimização das condições

do processo fermentativo; um rígido controle das condições operacionais para

obtenção de produtos com características homogêneas; e, principalmente, capital e

energia para condução do processo, o que acarreta ônus para o produto (BORGES

et al., 2004; SOUZA & GARCIA-CRUZ, 2004; BERWANGER, 2005). Por isso, muitos

estudos estão sendo realizados visando o desenvolvimento de processos

econômicos e de alta produtividade para obtenção de biopolímeros microbianos com

potencial aplicação industrial (BORGES et al., 2004).

Uma das formas para alcançar a redução de custos é utilizar matérias-primas

alternativas. A maioria dos processos fermentativos emprega preferencialmente

glicose e sacarose como fontes de carbono na elaboração dos meios de produção

(SUTHERLAND, 1998). Porém, o emprego de matérias-primas alternativas de baixo

custo, tais como subprodutos ou rejeitos agro-industriais, pode não só baratear o

processo, como também minimizar os problemas ambientais, em decorrência da

redução do descarte desses efluentes industriais de maneira imprópria e, ainda,

custos adicionais para o seu descarte (WOICIECHOWSKI, 2001).

Dentre os biopolímeros tem-se a pululana, um homopolissacarídeo neutro

linear produzido pelo fungo Aureobasidium pullulans (LEATHERS, 2003). Esta

macromolécula é constituída por unidades de maltotriose interconectadas via

ligações α-(1→6) (ROUKAS, 1999; PRADELLA, 2006).

Em particular, a pululana vem sendo bastante empregada industrialmente

para melhorar a aderência e brilho dos alimentos, sem alteração do seu valor

Page 24: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

3

Oliveira, J. D.

calórico (SUTHERLAND, 1998; PRADELLA, 2006). Adicionalmente, estudos

demonstraram a possibilidade do emprego da pululana como pré-biótico, já que este

biopolímero é capaz de promover o crescimento seletivo de Bifidobacterium spp. no

intestino humano (SUTHERLAND, 1998; LEATHERS, 2003).

Mais recentemente, a pululana tem recebido o interesse das indústrias

farmacêutica e biomédica (LEATHERS, 2003; SHINGEL, 2004), já que seus

derivados se mostraram promissores para utilização como conjugados não tóxicos

na produção de vacinas. Também, foi demonstrado que a pululana pode atuar como

agente potencializador do efeito do interferon, proteína que está sendo utilizada

eficazmente no tratamento de algumas doenças virais, como a hepatite (LEATHERS,

2003).

A presente dissertação está dividida em sete capítulos.

No capítulo 1 é apresentada uma introdução sobre a importância dos

biopolímeros e suas aplicações.

No capítulo 2 são descritas as justificativas deste tema, o objetivo geral e os

objetivos específicos desta dissertação.

O capítulo 3 se refere à revisão bibliográfica sobre os polímeros, as

aplicações e o comportamento reológico da pululana.

No capítulo 4 são mostrados os materiais e métodos referentes à produção de

pululana e os métodos pelos quais foi realizada sua caracterização.

No capítulo 5 são apresentados os resultados obtidos e sua discussão.

O capítulo 6 refere-se às conclusões do trabalho realizado.

No capítulo 7 são apresentadas as perspectivas futuras deste trabalho.

São fornecidas as referências bibliográficas utilizadas na elaboração desta

dissertação de mestrado.

Page 25: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

4

Oliveira, J. D.

Capítulo 2

_________________________

Justificativa e Objetivo

Page 26: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

5

Oliveira, J. D.

2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

A crise mundial impôs que as indústrias adotassem medidas para sua

sobrevivência em mercados cada vez mais competitivos. Com este propósito,

esforços foram concentrados para o aumento da rentabilidade do processo sem

comprometimento da qualidade do produto e o seu preço final. Neste caso, uma das

principais estratégias de ação envolve a redução dos custos, quer de produção quer

de tratamento e disposição dos rejeitos gerados.

Uma alternativa é fazer uso de matéria-prima de baixo custo e de grande

disponibilidade. Com este fim, o açúcar cristal vem sendo utilizado como matéria-

prima por diferentes indústrias brasileiras para produção microbiana de produtos de

alto valor agregado, como por exemplo, ácido lático e ácido cítrico.

Os rejeitos industriais também podem ser uma opção para emprego como

matéria-prima em bioprocessos. A reintrodução de rejeitos na cadeia produtiva tem

como vantagens a redução do custo de produção, visto a sua grande disponibilidade

e baixo preço e, em especial, o aproveitamento de material poluente cujo descarte

traria consequências desastrosas para o ambiente. Adicionalmente, o

aproveitamento de rejeitos é um ponto importante para as indústrias geradoras, já

que a redução da quantidade a ser tratada reflete em minimização dos custos

necessários para adequar os efluentes às normas de descarte, segundo a legislação

vigente. No entanto, muitas vezes, o aproveitamento de rejeitos se torna inviável

devido aos custos adicionais para adequar a matéria-prima para emprego como

meio reacional e/ou aos custos referentes aos processos downstream. Uma

possibilidade é o uso do rejeito em substituição não à fonte principal de carbono,

mas a uma das outras fontes nutricionais como, por exemplo de nitrogênio. Neste

caso, seria necessária uma menor quantidade de rejeito, o que implicaria em menor

quantidade de impurezas no meio reacional.

A complexidade metabólica do fungo produtor de pululana permite o emprego

de diferentes matérias-primas, viabilizando a busca por alternativas para o

desenvolvimento de bioprocesso eficiente do ponto de vista econômico e ambiental.

Comercialmente, a produção de pululana por via fermentativa tem sido feita

no Japão e Estados Unidos. No Brasil, ainda não existe tecnologia desenvolvida, e

Page 27: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

6

Oliveira, J. D.

os trabalhos experimentais ainda são incipientes. Por isso a importância de se

desenvolver um processo economicamente viável a fim de capacitar a produção

nacional de pululana (BORGES et al., 2004).

O presente estudo teve como objetivo geral estudar a obtenção do

biopolímero pululana por duas linhagens isoladas de Aureobasidium pullulans a

partir de açúcar cristal, matéria-prima comercialmente disponível e de baixo custo na

região sudeste do Brasil, avaliando o emprego de diferentes fontes de nitrogênio –

nitrato de sódio, sulfato de amônio, nitrato de amônio, uréia e levedura residual

cervejeira – em diferentes concentrações.

Objetivos específicos:

• Selecionar a cultura microbiana considerando a produção e a

viscosidade do mosto;

• Definir a fonte de nitrogênio e a concentração mais adequada para o

bioprocesso com base no fator de conversão de substrato em polissacarídeo (YP/S) e

no comportamento viscosimétrico;

• Determinar a influência do controle do pH com base nos perfis cinéticos

de crescimento celular, consumo de substrato e produção do polissacarídeo para a

linhagem microbiana e fonte de nitrogênio selecionadas;

• Definir a melhor relação carbono/nitrogênio (C/N) para a cultura

microbiana e a fonte de nitrogênio selecionadas;

• Caracterizar e analisar o polissacarídeo produzido frente aos perfis de

pululana comercial.

Page 28: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

7

Oliveira, J. D.

Capítulo 3

_________________________

Revisão Bibliográfica

Page 29: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

8

Oliveira, J. D.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Polímeros

Os polímeros podem ser definidos como moléculas, naturais ou sintéticas, de

natureza orgânica ou inorgânica e de alta massa molar, acima de 1.000 Da (MANO,

1985). As suas estruturas se caracterizam pela múltipla repetição de pequenas

unidades simples, denominadas monômeros, ligadas entre si através de ligações

covalentes, ou seja, por partilha de elétrons. O processo pelo qual os monômeros

são ligados entre si para formar os polímeros é conhecido como polimerização

(KONCZOS, BÁRSONY & DEÁK, 1998).

Os ácidos nucléicos, proteínas, polissacarídeos, polihidroxialcanoatos

microbianos, polifenóis, polifosfatos e polissulfetos são exemplos de macromoléculas

naturais orgânicas. Logo, os polímeros existem normalmente na natureza como

constituintes de materiais diversos, como: algodão, madeira, lã, cabelo, couro, seda

natural, chifre, unha, borracha de seringueira, entre outros.

A maior parte dos polímeros empregados nos diferentes setores industriais

tem sua síntese a partir de monômeros extraídos do petróleo, principalmente,

etileno, propileno e butadieno. O polietileno, o polipropileno, o polibutadieno, assim

como o poliestireno e o náilon são exemplos de produtos macromoleculares

sintéticos orgânicos. Existem ainda as macromoléculas inorgânicas naturais (sílica,

asbesto, grafite) e sintéticas, como o ácido polifosfórico e o poli(cloreto de

fosfonitrila) (MANO, 1985). Por exemplo, o uso de ácido polifosfórico em cimento

asfáltico de petróleo tende a melhorar suas propriedades viscoelásticas

proporcionando maior estabilidade e durabilidade (TOMÉ, SOARES e LIMA, 2005).

Contudo, os polímeros naturais obtidos de vegetais (amido, celulose) e de

algas marinhas (carragenana, agar-agar) também apresentam uso comercial.

Dentre eles, os polímeros de natureza glicídica, denominados polissacarídeos, são

os mais comercializados devido a sua capacidade de modificar o escoamento da

água (espessamento).

Existem ainda os biopolímeros microbianos que podem ser produzidos, pelo

cultivo de micro-organismos ou, na sua ausência, por via enzimática, através de

Page 30: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

9

Oliveira, J. D.

inativação e lise celular, utilizando enzimas purificadas (MOREIRA et al., 2005). O

fato destas macromoléculas serem produzidas por seres vivos indica que, em geral,

podem ser biodegradáveis (STEINBUCHEL, 2003).

3.2. Polissacarídeos

Os carboidratos são compostos orgânicos constituídos por carbono,

hidrogênio e oxigênio de grande importância para a maioria dos seres vivos,

principalmente pela sua função estrutural ou energética (MADIGAN, MARTINKO &

PARKER, 2004). Os carboidratos, de acordo com o número de moléculas em sua

constituição, são classificados como: monossacarídeos (pentoses e hexoses),

oligossacarídeos (dois a dez monossacarídeos ligados através de ligações

glicosídicas) e polissacarídeos.

Na natureza, a maioria dos carboidratos ocorre como polissacarídeos

(NELSON & COX, 2002). Estas macromoléculas são formadas por monossacarídeos

ou seus derivados, em número que pode variar de centenas a milhares de unidades.

Em geral, os polissacarídeos apresentam massa molar superior a 106 Da (BOBBIO &

BOBBIO, 1992a). A Tabela 1 apresenta os biopolímeros mais importantes e suas

respectivas funções.

Em relação à origem, os polissacarídeos podem ser provenientes de

(BOBBIO & BOBBIO, 1992a):

� plantas, subdividindo-se em estruturais (amido, celulose, hemicelulose,

pectina) e exudatos (goma arábica, goma caraia);

� sementes (goma guar, locusta);

� algas marinhas (agar, alginatos, carragenana);

� micro-organismos (dextrana, xantana, pululana, gelana);

� animais (quitina).

Page 31: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

10

Oliveira, J. D.

Quanto à natureza química, os polissacarídeos podem ser classificados em

homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos (RODRIGUES, 2003). Os

homopolissacarídeos contêm apenas um tipo de unidade monomérica. Alguns

servem como reserva de monossacarídeos a serem utilizados pelas células como

fonte de energia, tais como o amido nas plantas e o glicogênio nos animais, ambos

polímeros de glicose (NELSON & COX, 2002). Outros homopolissacarídeos naturais,

como a celulose e a quitina, são utilizados como elementos estruturais de paredes

celulares de vegetais e de exoesqueletos de animais, respectivamente. Os

heteropolissacarídeos contêm dois ou mais tipos diferentes de unidades

monoméricas. Vários destes compostos estão presentes em diferentes grupos

microbianos. Por exemplo, a camada rígida da parede celular das células

bacterianas (peptideoglicana) é formada por um heteropolissacarídeo constituído de

duas unidades monossacarídicas alternantes: ácido N-acetil-murâmico e N-acetil-

glicosamina. Nos tecidos animais, o espaço extracelular é ocupado por vários tipos

de heteropolissacarídeos, os quais são responsáveis por manter as células

individuais unidas, fornecendo-lhes proteção, forma e suporte (NELSON & COX,

2002).

Os polissacarídeos diferem entre si quanto à composição e ao número de

monossacarídeos constituintes, bem como quanto ao arranjo das moléculas,

podendo diferir entre formas linear ou ramificada. A celulose, um dos compostos

orgânicos mais abundantes na bioesfera, é um exemplo de polissacarídeo linear. No

entanto, a maioria dos polissacarídeos apresenta estrutura ramificada, como o amido

e o glicogênio (CORRADI DA SILVA et al., 2006). A ramificação pode aumentar ou

reduzir a rigidez do polissacarídeo, o que pode alterar sua solubilidade.

Page 32: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

11

Oliveira, J. D.

Tabela 1 – Biopolímeros encontrados na natureza e suas funções

Fonte: ALLAN et al., 1993.

Polímero Monômeros Funções

Ácidos Nucléicos (DNA e RNA)

Nucleotídeos Carrega as informações genéticas

Proteínas Aminoácidos

Catálises biológicas (enzimas), fatores de

crescimento, materiais estruturais (lãs, couro, seda, cabelo, tecido

conectivo), hormônios (insulina), toxinas,

anticorpos

Polissacarídeos (carboidratos)

Monossacarídeos

Material estrutural de

plantas e organismos superiores (celulose,

quitina), armazenamento

de energia (glicogênio,

amido), secreções microbianas

Polihidroxialcanoatos Ácidos graxos Reserva de energia de

micro-organismos

Polifenóis Fenóis

Materiais estruturais em

plantas (lignina), estrutura do solo (húmus, turfa),

mecanismo de defesa em

plantas (taninos)

Polifosfatos Fosfatos Materiais inorgânicos para

armazenamento de energia

Polissulfetos Sulfetos Materiais inorgânicos para

armazenamento de energia

Page 33: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

12

Oliveira, J. D.

Nos polissacarídeos, as várias unidades de monossacarídeos estão ligadas

entre si por ligações glicosídicas, do tipo α ou β. Por sua vez, o tipo de ligação está

diretamente relacionado com a flexibilidade da cadeia do polissacarídeo. Assim,

quando a ligação entre os monossacarídeos é do tipo β, tem-se uma estrutura mais

rígida (BARBOSA et al., 2004, CORRADI DA SILVA et al., 2006). Adicionalmente, a

presença de ligações glicosídicas, α ou β, do tipo (1→6) em homopolissacarídeos

lineares lhes confere um aumento da solubilidade devido à grande liberdade de

rotação entre as unidades monoméricas, já que a energia necessária para rotação

em torno do átomo de carbono nas posições C-5 e C-6 é baixa (WHISTLER, 1973

apud LOPES, 1989; SUTHERLAND, 1998; DIAZ, VENDRUSCOLO &

VENDRUSCOLO, 2004).

Os polissacarídeos também podem ser diferenciados quanto à carga iônica,

em função da presença de grupamentos como carboxila, fosfato, sulfato e amina.

Em função da carga iônica, os polissacarídeos são classificados como: aniônicos,

neutros e catiônicos (MARGARITIS & PACE, 1985). Em geral, os polissacarídeos

neutros apresentam solubilidade relativamente baixa, em decorrência da presença

de grande número de ligações hidrogênio que estabilizam as interações inter e

intracadeias (RINAUDO, 2001).

3.2.1. Polissacarídeos microbianos

Em 1822, Vauquelin realizou as primeiras observações sobre casos de

polimerização ocorridos em caldo de cana. Porém, somente 40 anos depois é que

Pasteur demonstrou que essa polimerização era resultante da ação de micro-

organismos (BARBOSA et al., 2004).

Os polissacarídeos microbianos podem ser intracelulares ou extracelulares

(exopolissacarídeos) (RODRIGUES, 2003). Comparativamente, os

exopolissacarídeos (EPS) despertam maior interesse comercial porque podem ser

recuperados diretamente do meio no qual foram excretados (BERWANGER, 2005;

CANILHA et al., 2006).

Page 34: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

13

Oliveira, J. D.

A dextrana, primeiramente descrita por Scheibler em 1874, foi o primeiro

polissacarídeo microbiano a ser obtido por fermentação. Porém, somente em

meados do século XX, Grönwall e outros pesquisadores descreveram o uso e o

processo fermentativo de fabricação de dextrana. De fato, foi a partir da dextrana

que teve início o desenvolvimento de tecnologias para produzir EPS (BARBOSA et

al., 2004).

Sucederam-se outras descobertas de polissacarídeos produzidos por micro-

organismos, a maioria dos quais por bactérias. A Tabela 2 apresenta alguns

biopolímeros microbianos, micro-organismo produtor e suas respectivas

características e funções.

Os biopolímeros (ou gomas) têm sido objeto de intensa pesquisa devido ao

seu alto potencial de aplicação em diferentes setores industriais como, por exemplo,

nas indústrias: alimentícia, farmacêutica, cosmética, petrolífera, petroquímica

(BARBOSA et al., 2004). Para aplicação industrial é fundamental que os

biopolímeros apresentem, como principal característica, elevada viscosidade em

amplas faixas de pH e temperatura (BORGES et al., 2004).

Em geral, os biopolímeros microbianos são produzidos por batelada simples

em meio líquido, em condições ideais de concentração de substrato, temperatura,

pH e agitação (MOREIRA et al., 2005). É importante ressaltar que a estrutura do

biopolímero pode ser modificada em função do micro-organismo produtor e das

condições de cultivo (nutricionais e ambientais). A modificação da estrutura do

biopolímero pode interferir nas propriedades físicas e químicas da molécula e,

consequentemente, no seu comportamento reológico (NELSON & COX, 2002;

BORGES et al., 2004).

Por isso, muitos estudos estão sendo desenvolvidos com o intuito de otimizar

o processo de produção visando o desenvolvimento de processos econômicos para

a obtenção de biopolímeros de potencial aplicação para o setor industrial (BORGES

et al., 2004).

Page 35: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

14

Oli

vei

ra, J.

D.

Tabela 2

– C

ara

cter

ístic

as d

e a

lguns

pol

issa

carí

de

os d

e o

rigem

mic

robi

ana

Fon

te:

PR

AD

ELL

A, 2

00

6.

Polissacarídeo

Origem

Componente

Monossacarídico Propriedade

Aplicação

Dex

tran

a

Leuconostoc

mesenteroides

(bac

téri

a)

Gli

cose

gel

ific

ante

,

espes

sante

,

esta

bil

izan

te

Modif

icad

ore

s de

vis

cosi

dad

e, indúst

ria

foto

grá

fica

, aç

úca

r

die

tético

, re

chei

o d

e

colu

nas

cro

mat

ográ

fica

s,

uso

em

med

icin

a

Xan

tana

Xanthomonas

campestris

(bac

téri

a)

Gli

cose

, m

anose

e

ácid

o g

lucu

rônic

o

gel

ific

ante

,

espes

sante

,

esta

bil

izan

te

Molh

os

e xar

opes

, pas

ta d

e

den

te, pãe

s, c

osm

étic

os,

pro

duto

s ag

ríco

las,

tin

tas,

per

fura

ção d

e poço

s d

e

pet

róle

o

Gel

ana

Sphingomonas

elodea

(bac

téri

a)

Gli

cose

, ác

ido

glu

curô

nic

o e

ram

nose

gel

ific

ante

,

espes

sante

Doce

s, g

eléi

as, gel

atin

as,

beb

idas

lác

teas

Pulu

lana

Aureobasidium

pullulans

(fungo)

Gli

cose

fi

lme

ades

ivo

Exci

pie

nte

em

com

pri

mid

os,

rev

estim

ento

na

indúst

ria

alim

entí

cia

Page 36: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

15

Oliveira, J. D.

3.3. Pululana

As observações pioneiras da formação do polímero extracelular produzido por

Aureobasidium pullulans foram feitas em 1938 por Bauer. No entanto, apenas em

1958, Bernier fez o isolamento deste polissacarídeo, dando inicio à sua

caracterização. No ano seguinte, Bender, Lehmann e Wallenfels (1959), estudando

o polissacarídeo viram tratar-se de uma nova glucana, a qual foi nomeada de

“pululana”. Contudo, a estrutura básica da pululana, tal como é na atualidade, só foi

determinada nos anos 60.

Na literatura o termo “pululana” tanto é utilizado para as moléculas de

“polimaltotriose” produzidas por Aureobasidium pullulans, quanto para os

polissacarídeos, de estruturas semelhantes à pululana, que são produzidos por

outros micro-organismos (SINGH et al., 2008).

A pululana é um homopolissacarídeo neutro linear, constituído principalmente

por unidades de maltotriose, isto é, três unidades de glicose ligadas entre si por

ligações glicosídicas α-(1→4), e interconectadas via ligações α-(1→6) conforme

apresentado nas Figuras 1 e 2 (ROUKAS, 1999; PRADELLA, 2006). Aa relação

molar das ligações α-(1→4) e α-(1→6) é de 2:1 (GORIN, 1981). Estas ligações são

responsáveis por conferir à molécula: flexibilidade estrutural (CHI et al., 2009).

Fonte: SINGH et al., 2008

Figura 1 – Fórmula estrutural correspondente à pululana

A biossíntese da pululana e a regulação do A. pullulans ainda não foram

elucidados, o que impede que o rendimento e a produtividade de pululana possam

ser incrementados por métodos moleculares (CHI et al., 2009). Porém, já se sabe

que, ao contrário das dextranas bacterianas que são sintetizadas extracelularmente,

a pululana é sintetizada intracelularmente e posteriormente excretada (LEATHERS,

2003).

Page 37: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

16

Oliveira, J. D.

Fonte: LEATHERS, 2003.

Figura 2 – Estrutura química representativa da pululana

A pululana é um polissacarídeo sem odor e sabor, não tóxico e biodegradável.

Sua massa molar varia entre 8.000 a 2.000.000 Da, dependendo das condições de

cultivo. Este biopolímero é um dos poucos polissacarídeos microbianos neutros

solúveis em água que pode ser produzido em grande quantidade por fermentação

(LEE et al., 1999). Em água, forma soluções viscosas (alta viscosidade em relativa

baixa concentração) estáveis na presença da maioria dos cátions, mas não forma

géis (PRADELLA, 2006; JELINEK et al., 2007).

A pululana pode ser comprimida e moldada sem o auxílio de plastificantes,

dando origem a filmes transparentes biodegradáveis de alta impermeabilidade ao

oxigênio (CANILHA et al., 2006). Além disso, as propriedades físicas da pululana

podem ser modificadas através de esterificações, tornando-a menos susceptível ao

ataque enzimático (SUTHERLAND, 1998).

Comercialmente, a produção de pululana por via fermentativa é feita pelas

empresas Sigma Chemical Co. (Estados Unidos) e Hayashibara Biochemical Co.

Page 38: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

17

Oliveira, J. D.

(Japão) (ALLAN et al., 1993; SIMON, CAYE-VAUGEN & BOUCHONNEAU, 1993;

CANILHA et al., 2006). A produção anual é de 300 toneladas, sendo o preço variável

de acordo com as especificações do produto final (PRADELLA, 2006).

Apesar das inúmeras aplicações descritas para a pululana, seu custo ainda é

o principal entrave para seu uso comercial. O custo atual da pululana padrão da

marca Sigma-Aldrich, que é obtida por Aureobasidium pullulans, é de,

aproximadamente, R$ 2.300,00. Segundo Lin, Zhang e Thibault (2007), o alto custo

da pululana se deve principalmente ao baixo rendimento do produto, à formação de

pigmento (melanina), à viscosidade elevada do meio e à degradação do polímero

durante o processo fermentativo. Logo, como já mencionado por outros autores

(LEATHERS, 2003; SHINGEL, 2004), para garantir a comercialização do

biopolímero pululana há que se adotar estratégias que permitam reduzir o seu custo

final.

3.4. Micro-organismos produtores de pululana

A pululana é principalmente produzida pela espécie fungica Aureobasidium

pullulans, originalmente denominada Pullularia pullulans (LEATHERS, 2003). Porém,

a produção deste biopolímero também pode ser obtida a partir de outros fungos,

como Phaeomoniella chlamydospora, Phaeoacremonium aleophilum, Cryphonectria

parasitica, Rhodotorula bacarum, Tremella mesenterica, Cytaria harioti, Cytaria

darwinii, Teloschistes flavicans (FORABOSCO et al., 2006; ZHAO & CHI, 2006,

SINGH et al., 2008).

3.4.1. Aureobasidium pullulans

Aureobasidium pullulans, um ascomiceto da ordem Dothideales, foi

primeiramente isolado por G. Arnaud em 1918 (PRASONGSUK et al., 2005;

FORABOSCO et al., 2006). Existem três variantes de Aureobasidium pullulans: var.

pullulans, var. aubasidani e var. melanogenum. Em geral, as duas primeiras, são

distinguidas pelas características moleculares e estruturais dos exopolissacarídeos

Page 39: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

18

Oliveira, J. D.

por elas elaborados, pululana e aubasidana, respectivamente (SINGH et al., 2008;

CHI et al., 2009).

Muitas linhagens deste fungo apresentam coloração escura devido à

presença do pigmento melanina na parede celular, enquanto algumas linhagens ou

não apresentam pigmentação, ou podem apresentar pigmentações variadas, como

vermelha, amarela, cor-de-rosa e roxa (HAWKES et al., 2005; PRASONGSUK et al.,

2007, SINGH et al., 2008).

Este fungo é saprófita e ubíquo, podendo ser isolado de solo (inclusive de

solos Antárticos), água, plantas, madeira, rochas, monumentos e calcário (HAWKES

et al., 2005; PRASONGSUK et al., 2005). Já foi encontrado como um contaminante

em fábricas de papel, lentes ópticas, banheiros e cozinhas, além de ter sido

associado a danos em pinturas de interiores (WEBB et al. 2000, HORNER,

WORTHAN & MOREY, 2004; SIGH et al., 2008, CHI et al., 2009). Segundo Li e

colaboradores (2007), este fungo também pode estar presente em ambientes

hipersalinos e de águas costeiras e profundas.

A. pullulans é um micro-organismo polimórfico com um ciclo de vida

envolvendo formas unicelulares e filamentosas, formação de blastosporos e

clamidosporos (ROUKAS, 1999; CAMPBELL et al., 2004). A Figura 3 mostra as

diferentes morfologias apresentadas por este fungo.

Nas últimas duas décadas, diversas aplicações foram reportadas para A.

pullulans devido à sua capacidade de produzir uma variedade de produtos, como:

enzimas (amilases, proteases, lípases, esterases, pectinases, e as hemicelulases,

xilanase e manase); sideróforos; e polissacarídeos extracelulares. Adicionalmente,

são tidos como fontes de peptídeos bioativos ou capazes de controlar o crescimento

de micro-organismos indesejáveis (PRASONGSUK et al., 2007, SINGH et al., 2008,

CHI et al., 2009). Esses bioprodutos e suas potenciais aplicações estão

apresentados na Tabela 3.

Page 40: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

19

Oliveira, J. D.

Fonte: SEVIOUR et al., 1992, PUNNAPAYAK et al., 2003.

Figura 3 – Aspectos morfológicos de Aureobasidium pullulans (A- colônia, B- corpo de frutificação, C-

hifa escura com clamidosporo na extremidade, D- células unicelulares em gemulação, E- artroconídio

negro, F- blastoconidios (450x), G- hifas e blastoconídios (1860 x), H- hifas septadas e blastosporos e

I- células filamentosas envolvidas por material capsular, possivelmente, polissacarídeo.)

Page 41: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

20

Oliveira, J. D.

Tabela 3 – Bioprodutos obtidos a partir de Aureobasidium pullulans e suas

potenciais aplicações

Bioprodutos Aplicações

Pululana

Fabricação de filmes e fibras impermeáveis ao oxigênio; espessamento ou alargamento de adesivos ou agentes de encapsulamento; formulação de alimentos com baixo valor

calórico, e de produtos com atividade anticoagulante, antitrombótica ou antiviral; e como matéria-prima para indústrias

químicas.

Amilase Liquefação e sacarificação de amido; processamento têxtil;

aditivos para detergente; análises em clínica médica e química; e produção de xaropes com frutose elevada.

Celulases Melhoria das fibras celulósicas; aditivos de detergente; produção de proteína unicelulares e biocombustíveis; e no tratamento de

resíduos.

Lipase Emprego na catálise de diferentes reações: hidrólise, inter-

esterificação, alcoólise, acidólise, esterificação e aminólise; e na produção de biodiesel.

Protease alcalina Aditivo de detergentes; processamento de couro; recuperação

da prata; fins terapêuticos; transformação de alimentos e rações animais; digestão de proteínas; e no tratamento de resíduos.

Xilanase Indústrias de papel, de fermentação e alimentícia; e no tratamento de resíduos

β-Frutofuranosidase

Produção de oligossacarídeos, que alivia constipação, melhora a composição lipídica do sangue com hiperlipidemia, aumenta a absorção de cálcio e magnésio, inibe a produção de substâncias

putrefativas intestinais tanto nos seres humanos, quanto nos animais, além de ser um fator de crescimento para

bifidobactéria.

Manase Biolixiviação de pasta na indústria papel; bioconversão de

resíduos de biomassa em açúcares fermentáveis; melhoramento de alimentos, como na redução da viscosidade de extratos de

café; e na produção de mono-oligossacárideos.

Proteína unicelular Alimentação animal e humana; e como fonte protéica para a produção de peptídeos bioativos

Biocontrole Inibição da atividade de micro-organismos indesejáveis nas cascas de frutas, em grãos e em hortaliças.

Sideróforo Medicina; recuperação de metais; biorremediação.

Fonte: CHI et al., 2009

Page 42: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

21

Oliveira, J. D.

3.5. Parâmetros que influenciam a produção de pululana por

Aureobasidium pullulans

Como anteriormente citado, a pululana não é o único polissacarídeo

produzido por A. pullulans, embora seja o de maior interesse industrial, com várias

patentes de produção e aplicação registradas (SEVIOUR et al., 1992; CORRADI DA

SILVA et al., 2006). Com base nas publicações existentes, pode-se estabelecer que

a massa molar da pululana produzida, bem como seu comportamento em solução,

são influenciadas por diferentes parâmetros, tais como: morfologia do fungo, idade

da cultura, natureza e concentração das fontes de carbono e nitrogênio, relação

carbono/nitrogênio, pH, temperatura, aeração e agitação e configuração do

fermentador (SIMON et al., 1998; YOUSSEF et al., 1999; KIM et al., 2000;

SHINGEL, 2004).

3.5.1. Morfologia do micro-organismo

Em geral, é difícil alcançar altos rendimentos do exopolissacarídeo em

condições de cultivo que propiciem predominantemente a forma de crescimento

micelial do fungo, mesmo que a pululana seja o único ou o principal polissacarídeo

sintetizado (CAMPBELL et al., 2004). Por outro lado, alguns autores demonstraram

que a síntese da pululana está relacionada ao desenvolvimento unicelular do micro-

organismo (SIMON, CAYE-VAUGIEN & BOUCHONNEAU, 1993; ROUKAS, 1999;

CAMPBELL et al., 2004).

3.5.2. Fonte de carbono

Foi observado que, em meios contendo maltose como fonte de carbono, o

fungo cresce intensamente, porém, ocorre uma pequena produção de pululana.

Entretanto, quando a fonte de carbono é frutose, glicose ou sacarose, maiores

proporções deste biopolímero são produzidas (SHINGEL, 2004).

Page 43: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

22

Oliveira, J. D.

3.5.3. Fonte de nitrogênio

Um outro importante fator nutricional para a produção efetiva de pululana é a

fonte de nitrogênio. As fontes orgânicas mais utilizadas são: peptona, glutamato, L-

asparagina, extrato de levedura e succinato de amônio. Dentre as inorgânicas,

podem ser citadas: sulfato de amônio, nitrato de sódio, nitrato de potássio e nitrato

de amônio (BARBOSA et al., 2004).

Em geral, tem sido descrito que os polissacarídeos microbianos são

normalmente produzidos sob condições limitantes de nitrogênio, ou seja, altos teores

de nitrogênio no meio de cultivo reprimem a formação de EPS. Entretanto, segundo

Barbosa et al. (2004), este tipo de regulação depende da fonte de nitrogênio

utilizada.

A fonte de nitrogênio também tem influência na massa molar da pululana.

Para algumas linhagens de A. pullulans foi estabelecido que uma mistura de

peptona, sulfato de amônio e uréia propicia maior rendimento e maior massa molar

da pululana produzida (SHINGEL, 2004).

3.5.4. pH

A variação do pH provoca mudanças morfológicas das células, que, por sua

vez, podem modificar as rotas de biossíntese (ROUKAS, 1999; YOUSSEF et al.,

1999; CAMPBELL et al., 2004; SHINGEL, 2004).

O pH ótimo para a produção de pululana varia entre 5,5 a 7,5, enquanto que

para o crescimento celular a faixa de pH é de 2,0 a 4,5 (VIJAYENDRA, BANSAL &

PRASAD, 2001; SHINGEL, 2004). A discrepância nos valores ótimos de pH para a

síntese de pululana e o crescimento celular confirma a pouca dependência destes

dois processos metabólicos.

3.5.5. Temperatura

A temperatura de fermentação é um dos fatores mais importantes para a

produção da pululana, segundo Chi e Zhao (2003). Estes autores mostraram que a

forma unicelular da linhagem A. pullulans Y68 produziu maior quantidade de

Page 44: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

23

Oliveira, J. D.

pululana na temperatura de 28°C. Em temperaturas superiores a 28°C, o rendimento

do processo fermentativo decaiu proporcionalmente ao aumento da temperatura.

Entretanto, Roukas e Biliaderis (1995) observaram que a produção de pululana por

A. pullulans P56 foi máxima na temperatura de 20°C. Estes resultados sugerem que

a temperatura ótima para a produção da pululana é dependente da linhagem

empregada (CHI & ZHAO, 2003).

3.5.6. Aeração

As vazões de ar empregadas na produção de EPS variam significativamente,

sendo necessário estudar as condições de aeração mais apropriadas para cada

micro-organismo. Para alguns fungos, a aeração pode não afetar a produção,

enquanto que para outros, pode aumentar ou mesmo diminuí-la (BARBOSA et al.,

2004).

Gibbs e Seviour (1996), estudando a produção de pululana pela linhagem A.

pullulans ATTC 9348 em fermentador, demonstraram que altos níveis de oxigênio

dissolvido interferem negativamente na produção de pululana (BARBOSA et al.,

2004).

3.5.7. Agitação

A função da agitação no meio de cultivo é melhorar não só a distribuição de

oxigênio, mas também favorecer a disponibilidade dos nutrientes para as células

fúngicas (BARBOSA et al., 2004).

Gibbs e Seviour (1996) estudaram uma grande variedade de velocidades de

agitação – 125, 250, 500, 750, 1000, 1250 rpm – para a produção de pululana por A.

pullulans ATTC 9348, em fermentador de mistura completa (STR – stirred-tank

reactor). Os autores constataram que a produção do EPS em baixas velocidades de

agitação (125 e 250 rpm) e baixos níveis de oxigênio dissolvido (OD) foi satisfatória.

Além disso, verificaram que a produção poderia melhorar significativamente em altas

velocidades de agitação, como 1000 rpm, desde que o teor de OD fosse reduzido.

Page 45: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

24

Oliveira, J. D.

Logo concluíram que, independentemente da velocidade de agitação, a produção de

pululana é afetada pela concentração de OD.

3.5.8. Microelementos

A adição de determinados microelementos aos meios de cultura é

fundamental para a biossíntese de macromoléculas essenciais, como enzimas,

vitaminas, proteínas, nucleotídeos, entre outras, necessárias para a função das

células. De acordo com Barbosa e colaboradores (2004), os microelementos mais

utilizados para a produção de EPS por fungos são: K2HPO4, KCl, MgSO4, FeSO4,

NaCl, Na2HPO4, KH2PO4 e MnSO4. Estes sais inorgânicos são assimilados em

quantidades pequenas pelas células fúngicas. A presença de quantidades elevadas

pode causar a inibição do crescimento destes micro-organismos.

3.6. Aplicações da pululana

Comercialmente existem 3 tipos de pululana: grau industrial, grau alimentício

e grau médico. Os produtos com grau alimentício têm massa molar igual a 100.000

Da (PRADELLA, 2006). Essa alta massa molar confere à pululana um papel de

destaque para as aplicações industriais (KIM et al., 2000). Suas aplicações

comerciais podem ser divididas em pululana em pó e filme (PRADELLA, 2006).

As primeiras patentes indicando o emprego industrial de pululana surgiram

em 1967. Naquela época, eram sugeridas aplicações como agente floculante na

produção de papel e tinta, ou como substituto biodegradável da fibra de nylon e

poliestireno ou poli(álcool vinílico) (PRADELLA, 2006). Com o decorrer do tempo, se

seguiram diversas outras possíveis aplicações.

Como a maioria dos biopolímeros microbianos, a aplicação da pululana está

baseada nas suas propriedades como ligante, espessante e estabilizante. As

soluções de pululana não são afetadas por variações de pH, calor e salinidade, o

que as distingue dos demais hidrocolóides conhecidos. Tais características tornam

este biopolímero único para uso como revestimento e para encapsulamento

Page 46: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

25

Oliveira, J. D.

(LAZARIDOU et al., 2002a; LAZARIDOU et al., 2003). Exemplos de aplicação da

pululana são:

Na indústria alimentícia, a pululana é principalmente empregada no preparo

de molhos para saladas e alimentos pré-cozidos, em face da sua capacidade de

formar filmes, o que garante que o molho fique aderido à superfície dos alimentos

(SUTHERLAND, 1998).

Os filmes de pululana são impermeáveis ao oxigênio, o que evita a formação

de manchas nos alimentos em que foram aplicados, ou seja, garantem a sua

aparência e, consequentemente, um tempo maior de armazenamento. Também são

empregados como fixadores de ingredientes para dar cor e sabor aos alimentos.

Além de resistentes, os filmes de pululana permitem a sua impressão sem distorção

da imagem, o que os torna apropriados para uso na decoração de alimentos.

Quando usada como revestimento de chocolates, gomas de mascar e balas

promove maior aderência e brilho, sem alterar odor, sabor, e o poder calórico do

alimento, uma vez que a pululana não é degradada pela α-D-amilase, enzima

presente em mamíferos (SEVIOUR et al., 1992; KACHHAWA, BHATTACHARJEE &

SINGHAL, 2003; LEATHERS, 2003; CANILHA et al., 2006; PRADELLA, 2006; CHI

et al., 2009). Soluções deste polissacarídeo também podem ser usadas para formar

coberturas sobre materiais alimentícios (SUTHERLAND, 1998).

Leung e colaboradores (2006) patentearam um filme comestível que contém a

pululana e quantidades de óleos essenciais, eficazes como antimicrobianos. Esses

filmes foram eficazes na inativação de micro-organismos produtores de placa

dentária, gengivite e mau hálito.

A pululana também apresenta aplicação como pré-biótico na formulação de

alimentos devido a sua capacidade de promover o crescimento seletivo de

Bifidobacterium spp. no intestino humano (SUTHERLAND, 1998; LEATHERS, 2003).

Na indústria do plástico, a pululana pode substituir os polímeros sintéticos

poliestireno e poli(cloreto de vinila), visto que conferem aos produtos, de modo

similar, transparência, dureza, rugosidade e brilho. A aplicação da pululana e de

seus derivados já foi patenteada, principalmente, pelos japoneses que a comparam

Page 47: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

26

Oliveira, J. D.

aos polímeros sintéticos de poli(álcool vinílico) e ao poliestireno (SUTHERLAND,

1998; PRADELLA, 2006).

As características da pululana também permitem seu uso na formulação de

cosméticos. Em especial, além de serem atóxicas, possuem excelente capacidade

de formar filme transparente, absorver umidade e hidrossolubilidade (SINGE et al.,

2008).

Na industria farmacêutica, a pululana pode ser empregada no

encapsulamento de medicamentos e suplementos alimentares. Mais recentemente,

a pululana tem chamado a atenção, particularmente por ser um dos poucos

biopolímeros neutros, cujos derivados podem ser utilizados como conjugados não

tóxicos de vacinas. Além disso, a ligação covalente entre vírus e pululana aumenta

notavelmente a produção de anticorpos das imunoglobulinas G e M e diminui a

produção de anticorpos da imunoglobulina E, bem como promove a inativação de

vírus (YAMAGUCHI et al., 1985; MITSUHASHI & KOYAMA, 1987; SUNAMOTO et

al., 1987 apud SINGH et al., 2008).

Estudos demonstram também que a pululana pode atuar como agente

potencializador do efeito do interferon, proteína que está sendo utilizada eficazmente

no tratamento de algumas doenças virais, como a hepatite (LEATHERS, 2003). O

interferon não possui afinidade órgão-específica e seu tempo de meia-vida é curto,

por isso o tratamento é feito pela administração de altas doses, que geram efeitos

colaterais aos pacientes. A conjugação do interferon à pululana, a qual possui

capacidade de se associar ao fígado, possibilitaria diminuir a dose administrada ao

paciente, reduzindo assim os efeitos colaterais gerados pelo interferon

(SUGINOSHITA, et al., 2001; REKHA & SHARMA, 2007).

Muitos autores (ALBAN et al., 2002 e SHIBATA et al., 2001 apud CHI et al.,

2009) demonstraram efeitos anticoagulantes, antitrombóticas e antivirais para

pululanas sufaltada e fosforilada. Além disso, pululanas cloradas, sulfiniletiladas,

eterificadas, carboxiladas, acetiladas e esterificadas podem ser utilizadas como

matérias-primas em diferentes setores da indústria química (CHI et al., 2009). As

pululanas ainda podem ser utilizadas como substituinte do plasma sanguíneo

(CHENG et al., 2010).

Page 48: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

27

Oliveira, J. D.

Este polímero pode ainda ser usado como padrão de massas molares de

baixa dispersão para calibração em cromatografia líquida de alta pressão (HPLC,

high pressure liquid chromatography) (SUTHERLAND, 1998; CANILHA et al., 2006).

A efetiva resistência da pululana possibilita, inclusive, a sua aplicação em

poços de petróleo. Na literatura, foram encontradas apenas algumas poucas

referências quanto ao uso deste biopolímero na recuperação de óleo cru

(SUTHERLAND, 1998; VAN HAMME, SINGH & WARD, 2003; BARBOSA et al.,

2004; CORRADI DA SILVA et al., 2006).

3.7. Reologia dos biopolímeros

A reologia pode ser definida como o estudo da deformação da matéria ou,

ainda, o estudo da mobilidade dos fluidos. É a ciência que se preocupa com a

descrição das propriedades mecânicas dos vários materiais sob várias condições de

deformação, quando eles exibem a capacidade de escoar e/ou acumular

deformações reversíveis (NAVARRO, 1997; DIAZ et al., 2004).

O estudo reológico dos materiais no estado sólido ou em solução permite

obter informações muito importantes a respeito das propriedades de escoamento e

deformação dos materiais. Através do estudo da reologia, em cisalhamento

oscilatório, pode-se avaliar duas componentes que atuam na deformação de um

material sob a influência de uma tensão mecânica, que em geral atuam

concomitantemente, a elasticidade e a viscosidade (SILVA & RAO, 1992).

Durante o escoamento, as moléculas que estão expostas a diferentes

velocidades colidem entre si, gerando uma troca de momento entre as camadas do

fluxo. Este fenômeno causa uma fricção interna, dificultando o escoamento. No caso

dos polímeros, a fricção interna e, portanto, a resistência ao escoamento, é muito

maior devido ao tamanho das cadeias e ao enovelamento entre elas. Esta

resistência ao escoamento, causada pela fricção interna, é conhecida como

viscosidade (LUCAS, SOARES & MONTEIRO, 2001).

Page 49: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

28

Oliveira, J. D.

A relação abaixo define viscosidade (η) como a razão entre a tensão de

cisalhamento (τ) (força/área cisalhada) e a taxa de cisalhamento (.

γ ).

.

γ

τη =

Utilizam-se diferentes sistemas de unidades para expressar a viscosidade,

tais como o Sistema Internacional (N.s.m-2, Pa.s, Kg.m-1.s-1), o Sistema Britânico (lb-

s/pies2, slug/pie-s), o Sistema Imperial (lbf ft-2) e o Sistema CGS (P, dyn.s.cm-2)

(BERWANDER, 2005).

A viscosidade depende muito da temperatura, sendo, portanto, importante

controlá-la durante as determinações experimentais, bem como citá-la juntamente

com os dados de viscosidade. Em geral, os líquidos têm sua viscosidade diminuída

com o aumento da temperatura, ao contrário da maioria dos gases, cuja viscosidade

aumenta com o aumento da temperatura (BERWANDER, 2005).

Além de ser uma medida direta da qualidade do fluido, a viscosidade pode

fornecer importantes informações a respeito das mudanças fundamentais na

estrutura do fluido durante um determinado processo, como polimerização,

emulsificação e homogeneização (DIAZ et al., 2004).

A viscosidade ou resistência ao escoamento pode não depender da tensão

aplicada (tensão de cisalhamento) e da taxa de cisalhamento. Alguns fluidos escoam

segundo modelo de Newton e são chamados fluidos newtonianos. Assim, para

fluidos newtonianos, a viscosidade independe da taxa de cisalhamento na qual é

medida. Neste caso, a relação entre a tensão de cisalhamento (τ) e a taxa de

cisalhamento (⋅

γ ) é uma linha reta, e a viscosidade (η) permanece constante para

taxas de cisalhamento (⋅

γ ) variadas. Na prática, para uma dada temperatura, a

viscosidade dos fluidos newtonianos permanece constante, indiferente de qual

modelo de viscosímetro ou velocidade seja usado para medí-la (BERWANDER,

2005).

Page 50: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

29

Oliveira, J. D.

Quando há interação entre os componentes de um fluido e estas interações

dependem e afetam a velocidade de deformação causada por forças externas, então

o fluido é chamado não newtoniano. A esta categoria pertence a grande maioria dos

compostos poliméricos (GARGALLO et al., 1987).

Nos fluidos não newtonianos, a tensão de cisalhamento é uma função não

linear da taxa de cisalhamento e depende ainda da temperatura, da pressão, da

massa molar, da morfologia das moléculas e do tempo de duração da medida da

viscosidade. Em geral, os fluidos não newtonianos são normalmente divididos em

três classes (LENK, 1978):

a) aqueles cujas propriedades são independentes do tempo;

b) aqueles cujas propriedades são dependentes do tempo;

c) aqueles que apresentam propriedades intermediárias, entre as de um

sólido ideal (elástico) e as de um líquido ideal (newtoniano).

Na primeira classe estão os fluídos cuja viscosidade depende somente do

valor de tensão de cisalhamento (τ). Dentro desta classificação de fluidos, temos os

fluidos não-newtonianos que são divididos em três grupos diferentes: fluidos

viscoplásticos ou de Bingham, dilatantes e pseudoplásticos (TONELI et al., 2005). A

Figura 4 apresenta os tipos de curva de escoamento.

Fonte: SERVER, 1962 apud LOPES, 1989.

Figura 4 – Tipos de curvas de escoamento.

Page 51: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

30

Oliveira, J. D.

O comportamento Bingham é verificado em materiais que necessitam de uma

tensão de cisalhamento mínima, chamada também de tensão crítica de escoamento,

para começarem a fluir. Depois de superada esta tensão inicial, o líquido escoa,

mantendo sua viscosidade constante com o aumento da tensão de cisalhamento.

Em soluções de polímeros de alta massa molar, muitas vezes uma tensão de

cisalhamento mínima se faz necessária a fim de vencer as interações

intermoleculares existentes. Só após o colapso destas ligações ocorre o escoamento

do fluido. Exemplos deste tipo de comportamento reológico são encontrados em

margarina, polpa de papel, graxas, gorduras, tintas, entre outros (BRETAS, 1987;

BOBBIO & BOBBIO, 1992b; TONELI et al., 2005).

Os materiais com comportamento dilatante ou pseudoplástico não necessitam

de uma tensão mínima para escoarem, mas a viscosidade destes varia de forma

não-linear com a taxa de cisalhamento.

O comportamento dilatante caracteriza o aumento da viscosidade com o

aumento da taxa de cisalhamento, sendo observado em suspensões altamente

concentradas, em que as partículas constituintes são irregulares e não se orientam

facilmente, ou em polímeros fundidos, em que há formação de cristais durante o

processo de escoamento. Entre os fluidos dilatantes estão as suspensões de amido

de milho em glicol etilênico/água (LOPES, 1996; CHEREMISIONOFF, 1992).

A diminuição da viscosidade, com o aumento da taxa de cisalhamento pode

ser explicada, através da orientação das moléculas na direção do fluxo, da

deformação das cadeias flexíveis e da diminuição das interações intermoleculares

(Figura 5) tornando menor a resistência ao escoamento (VIDAL-BEZERRA, 2000

apud TONELI et al., 2005). A maioria dos polímeros sintéticos, no seu estado

fundido ou em soluções aquosas, são exemplos de materiais pseudoplásticos

(LOPES, 1989).

Page 52: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

31

Oliveira, J. D.

Fonte: SCHARAMM, 1994

Figura 5 – Orientação das moléculas após aumento da taxa de cisalhamento.

Os fluidos não-newtonianos pertencentes à segunda classe são aqueles cujas

propriedades reológicas dependem do tempo, e onde os efeitos descritos e

produzidos pela aplicação de uma força externa de deformação perduram

parcialmente quando cessa a força aplicada, isto é, o fluido demora um tempo maior

do que aquele em que foi aplicada a força para voltar ao estado inicial de

viscosidade aparente. Tais fluidos são denominados tixotrópicos ou reopéticos

(CHAVES, 2000).

Um indício do comportamento reológico dependente do tempo de um fluido é

a observação da chamada curva de histerese, isto é, a viscosidade dos sistemas

sujeitos a uma força por um tempo t, não é a mesma, quando medida no mesmo

tempo t, depois de cessada a ação da força. Se a viscosidade aparente muda com o

tempo, as curvas de ida e volta não seguem o mesmo caminho, formando uma

histerese. As curvas típicas de tensão versus taxa de deformação dos fluidos que

apresentam comportamento reológico dependente do tempo podem ser observadas

na Figura 6.

Page 53: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

32

Oliveira, J. D.

Figura 6 – Reogramas típicos dos tipos de fluidos com comportamento reológico dependente do

tempo (Adaptado de TONELI et al., 2005).

Os fluidos tixotrópicos caracterizam-se por apresentar um decréscimo na

viscosidade aparente com o tempo de aplicação da tensão. O material é submetido a

uma taxa de cisalhamento ( 0

.

γ ), durante algum tempo (t0), até que alcance uma

viscosidade (η0). Atingindo o estado de equilíbrio, o material é submetido a uma

variação uniforme (crescente→decrescente) da taxa de cisalhamento, atingindo no

tempo ty, uma nova viscosidade de equilíbrio (ηy). Após completar o ciclo de

escoamento, o sistema retorna à sua condição original (η0), mantendo-se a taxa de

cisalhamento 0

.

γ durante tempo suficiente. O intervalo de tempo ty – t0 é denominado

tempo de recuperação. O comportamento tixotrópico é encontrado em produtos

como tinta, catchup, pastas de frutas, entre outros (LENK, 1978; TONELI et al.,

2005).

Os fluídos reopéticos caracterizam-se por apresentar um acréscimo na

viscosidade aparente com o aumento da taxa de deformação. Assim como os fluidos

tixotrópicos, após o equilíbrio, o fluido tende a retornar ao seu comportamento

reológico inicial. Exemplos de fluidos reopéticos as suspensões de amido e de

bentonita. No entanto, esse tipo de comportamento não é muito comum em

alimentos (TONELI et al., 2005).

Page 54: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

33

Oliveira, J. D.

A última classe dos fluidos não-newtonianos é representada pelos fluidos

viscoelásticos. As propriedades apresentadas por estes materiais poderiam ser

caracterizadas como intermediárias, entre as de um sólido elástico e as de um

líquido viscoso (GRAESSLEY, 1984).

Um material é descrito como viscoelástico quando, em suas propriedades

mecânicas, parte da energia é armazenada e outra parte é dissipada, na forma de

calor. Na verdade, todos os corpos reais são viscoelásticos (GRAESSLEY, 1984).

Um fluido viscoelástico em equilíbrio, quando submetido a uma tensão cisalhante,

responde de dois modos sobrepostos. Primeiro, o material exibe uma deformação

elástica que corresponde ao deslocamento das moléculas de sua posição inicial,

para uma nova posição de equilíbrio. Isto ocorre após a aplicação da tensão e é

chamado de tempo de relaxamento. Durante este tempo, o trabalho exercido sobre o

material é armazenado sob a forma de energia e, se a tensão for removida, o corpo

tende a recuperar sua forma original, o que não ocorre por completo devido à

manifestação da parte viscosa do material. O escoamento viscoso é, portanto, o

segundo modo de resposta à tensão, iniciando-se também logo que esta é aplicada.

Se a tensão for mantida, uma velocidade de deformação constante é alcançada e o

trabalho realizado para manutenção do escoamento é dissipado como calor. O

escoamento viscoso é, portanto, irreversível espontaneamente, podendo continuar

mesmo após o alívio da tensão. Exemplos desta classe de fluidos, polímeros como

nylon, várias soluções poliméricas e geléias (CHEREMISINOFF, 1992).

Os polissacarídeos provenientes de micro-organismos variam

consideravelmente em suas propriedades físicas, incluindo as características

reológicas, influenciando marcadamente o processo fermentativo (LIMA, 1999 apud

SUTHERLAND, 1990). Vários biopolímeros microbianos apresentam comportamento

pseudoplástico, como por exemplo a xantana e a pululana (SUTHERLAND, 1990

apud LIMA, 1999).

De modo geral, os valores de viscosidade para polissacarídeos são bastante

elevados, quando comparados à maioria dos polímeros sintéticos de mesma massa

molar, devido à flexibilidade baixa das cadeias de natureza glicídica. Fatores que

aumentam o volume hidrodinâmico das macromoléculas, tais como a restrição da

rotação em torno de ligações covalentes e a presença de cargas iônicas não

Page 55: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

34

Oliveira, J. D.

neutralizadas na cadeia polimérica, tendem a aumentar a viscosidade de polímeros

em solução (REES, 1972; KOWBLANSKY & ZEMA, 1981 apud LOPES, 1989).

O efeito da temperatura sobre a viscosidade relativa de soluções pode ser

atribuído a dois aspectos principais: influência da temperatura no movimento

browniano das partículas do sistema e na capacidade de agregação intermolecular.

Para alguns polímeros, deve-se ainda considerar a existência de conformações

ordenadas e desordenadas, que vão contribuir diferentemente para a viscosidade

em solução, e que são promovidas pelas variações na temperatura (FRISCH, 1956

apud LOPES, 1989).

Quanto ao efeito da concentração, a viscosidade em sistemas polímero-

solvente aumenta rapidamente com a composição em polímero, em virtude das

interações intermoleculares e da formação de entrelaçamentos. Estudos realizados

com gomas hidrossolúveis a baixas velocidades de cisalhamento, demonstram a

perda da linearidade para a interação viscosidade específica e concentração do

polímero. A concentração na qual isto é observado é denominada concentração

crítica (c*). Acima deste valor crítico, os entrelaçamentos intermoleculares são

significativos. A Figura 7 esquematiza os chamados regimes de concentração das

soluções poliméricas: diluído, semi-concentrado e concentrado. O valor de c* reflete

o volume ocupado pelo novelo polimérico isolado. Ainda, sabe-se que c* diminui com

o aumento da massa molar do polímero (MENJIVAR, 1986 apud LOPES, 1989).

Fonte: LOPES, 1989; MELLO et al., 2006.

Figura 7 – Representação esquemática dos regimes de concentração de uma solução polimérica

Page 56: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

35

Oliveira, J. D.

3.7.1 Comportamento reológico da pululana

As propriedades reológicas da pululana, em solução, são dependentes da

concentração do biopolímero, da linhagem microbiana, bem como da sua morfologia

(MCNEAL & KRISTIANSEN, 1987). Além disso, considerando a capacidade do

micro-organismo produtor de sintetizar e secretar enzimas hidrolíticas no decorrer do

processo fermentativo, a reologia da pululana também pode variar com o tempo de

produção, uma vez que pode influir no valor da massa molar do polímero (SLODKI,

1981 apud Lopes, 1996).

Rees (1977) apud Lazaridou e colaboradores (2002a) sugere que o

comportamento da pululana em solução, típico ao de uma hélice randômica flexível,

parece estar relacionado à ligação α-(1→6). Isto porque este tipo de ligação

apresenta uma liberdade rotacional muito maior do que as outras ligações possíveis

de ocorrer em cadeias de glucana (LAZARIDOU et al., 2002a, LAZARIDOU et al.,

2003).

Em 1974, Leduy, Marsan e Coupal observaram mudanças no comportamento

reológico dos meios durante a produção de pululana. Nas primeiras 24 horas, o

mosto fermentado tinha um comportamento newtoniano. Porém, ao atingir o início da

fase estacionária, se tornou pseudoplástico, tendendo ao comportamento

newtoniano no final da fermentação.

Ao contrário, anos depois, um estudo de Li e colaboradores (1995) mostrou

que a pululana em solução no mosto apresenta um comportamento pseudoplástico,

não-newtoniano, nos estágios finais de produção. De acordo com os autores, o

comportamento reológico do meio de cultura varia ao longo do processo

fermentativo em função do estágio de produção do biopolímero. Assim, o meio de

cultura que inicialmente apresenta comportamento newtoniano passa

gradativamente a apresentar-se como plástico de Bingham não-newtoniano pela

evolução da atividade microbiana. Ao atingir o final do estágio exponencial de

crescimento, o meio torna-se pseudoplástico. Na verdade, o comportamento

reológico do mosto em fermentação pode estar relacionado à variação da massa

molar (tamanho) do EPS, à sua concentração ou ao seu estado de agregação,

mesmo se tratando de uma molécula neutra.

Page 57: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

36

Oliveira, J. D.

3.8. Caracterização do biopolímero

3.8.1. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho por Transformada de Fourrier (FTIR)

A espectroscopia no infravermelho é uma ferramenta que permite analisar a

natureza química, reatividade e arranjo estrutural de grupos funcionais contendo

oxigênio, a presença de proteínas e carboidratos e a eficiência do processo de

purificação da amostra quanto à presença de contaminantes, sais e metais

(STEVENSON, 1982). Essa técnica baseia-se no fato de que os diversos tipos de

ligações químicas e de estruturas moleculares existentes numa molécula absorvem

radiação eletromagnética na região do infravermelho, em comprimento de onda

característico. Em consequência, ocorre a vibração de cada ligação química numa

faixa espectral específica, a qual reflete o ambiente químico de inserção de cada

grupo de átomos analisado (CERETTA et al., 1999).

A espectroscopia no infravermelho tem sido utilizada há 40 anos devido a sua

abrangente serventia em diversas áreas como engenharia de materiais, física,

química, ciências biológicas e biomédicas. Suas análises permitem observar

moléculas orgânicas e inorgânicas na faixa de número de onda de 4.000 a 400 cm-1.

Essa técnica produz informações sobre a vibração das unidades atômicas e

moleculares. É um método analítico padronizado que pode revelar informações

químicas e da orientação das estruturas. A espectroscopia de Absorção na Região

do infravermelho é aplicada para análises qualitativas e semi-quantitativas

(CAMPOS, 2009).

A análise espectrométrica é feita a partir do registro das alterações

energéticas que ocorrem em átomos ou em grupos de átomos sob a ação de um

feixe de radiação infravermelha (IV). A medida do tipo e da intensidade da luz

(radiação) transmitida pela amostra fornece informações das estruturas da molécula

que constitui a amostra. As mudanças ocorridas na estrutura das moléculas são

acompanhadas por alterações nos modos vibracionais das ligações químicas

(SILVERSTEIN et al., 1994).

Cada grupo funcional absorve luz em frequência característica de radiação na

região do IV. Assim, para um gráfico de intensidade de radiação versus frequência, o

Page 58: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

37

Oliveira, J. D.

espectro de IV permite caracterizar grupos funcionais de um padrão ou de um

material desconhecido. Embora o espectro no infravermelho seja característico de

uma molécula como um todo, certos grupos de átomos originam bandas mais ou

menos na mesma frequência, independentemente da estrutura da molécula. É

justamente a presença dessas bandas características de grupos funcionais que

permite a obtenção de informações úteis para a identificação de estruturas, através

da avaliação do espectro e consulta a tabelas de referência desses grupos

funcionais (CANEVAROLO JR., 2003 apud ALMEIDA, 2009).

Segundo Benites e colaboradores (1999), a introdução da técnica de

transformada de Fourier na determinação dos espectros de infravermelho

proporcionou avanços como maior velocidade na aquisição dos espectros, melhoria

na definição dos sinais e exatidão na análise e redução do custo do equipamento.

Por isso, é um método simples e barato comparado a outras técnicas

espectroscópicas, além da pequena quantidade de amostra requerida para efetuar a

análise.

3.8.2. Análise Térmica

A Análise Térmica pode ser definida como um conjunto de técnicas que

permitem medir as mudanças de uma propriedade física ou química de uma dada

substância ou material em função da temperatura ou tempo, enquanto a substância

é submetida a uma programação controlada de temperatura (MOTHÉ & AZEVEDO,

2002).

Dentre as inúmeras áreas de aplicação da análise térmica incluem os

seguintes estudos: decomposição térmica; determinação de umidade, de voláteis e

de resíduos; oxidação térmica; cinética de reação de cura e cristalização; diagrama

de fases; determinação de calor específico; determinação de transição vítrea, de

fusão, de tempo de armazenamento, dentre outros (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002).

A análise térmica é uma técnica que possui algumas vantagens como: a

necessidade de pouca quantidade de amostra por análise, a grande variedade de

informações obtidas em um único gráfico, a possibilidade de utilizar as amostras

Page 59: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

38

Oliveira, J. D.

sem necessidade de preparo prévio, entre outras. Além destas, a análise térmica

tem como benefício a sua aplicabilidade em diversas áreas, desde a alimentícia até

a engenharia civil (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002).

As técnicas termoanalíticas mais utilizadas são: Termogravimetria (TG) e

Termogravimetria Derivada (DTG); Análise Térmica Diferencial (DTA); Calorimetria

Exploratória Diferencial (DSC). A Tabela 4 apresenta os principais parâmetros

medidos, instrumentos utilizados e curva padrão esperada dessas principais

termoanálises.

3.8.2.1. Termogravimetria (TG) e Termogravimetria Derivada (DTG)

A termogravimentria é uma técnica de análise térmica usada para medir

variações de massa (perda ou ganho) sofridas pela amostra, resultantes de uma

transformação física (sublimação, evaporação, condensação) ou química

(degradação ou decomposição, oxidação), em função da temperatura ou do tempo.

Em uma curva de TG são observadas inflexões devido ao processo de degradação

térmica do material, o que depende da sua natureza química, ou seja, da estrutura e

da extensão das forças de interação. As curvas DTG detalham o processo de

degradação (MOTHE & AZEVEDO, 2002).

Os resultados das curvas de variação de massa versus temperatura

apresentam informações sobre estabilidade térmica e composição da amostra

original, estabilidade térmica e composição de algum composto intermediário que

pode ter sido formado e, ainda, a composição de resíduos, se houver (MOTHÉ &

AZEVEDO, 2002).

Page 60: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

39

Oliveira, J. D.

Tabela 4 – Curva padrão e informações obtidas pelas técnicas de Análise Térmica.

Técnica Parâmetro Medido

Instrumento Curva Padrão

TG Variação de

massa (∆m)

Termobalança

DTG Variação de

massa (dm/dt)

Termobalança

DTA Variação de temperatura

(∆T)

Célula de DTA

DSC Variação de

entalpia (dH/dt)

Calorímetro

Fonte: MOTHE & AZEVEDO, 2002.

Page 61: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

40

Oliveira, J. D.

A termogravimetria pode ser conduzida de três formas:

� Termogravimetria isotérmica, na qual a massa da amostra é registrada em

função do tempo, a uma temperatura constante;

� Termogravimetria semi-isotérmica, na qual a amostra é aquecida à massa

constante, a cada série de aumento de temperatura;

� Termogravimetria dinâmica, na qual a amostra é aquecida em um ambiente

onde a variação da temperatura é pré-determinada, preferencialmente a uma

velocidade linear.

A termogravimetria é uma técnica muito utilizada na caracterização do perfil

de degradação de polímeros e de outros vários materiais. A exposição à temperatura

elevada pode, algumas vezes, alterar a estrutura química e, por consequência, as

propriedades físicas dos materiais. Portanto, a curva de degradação térmica, em

condições não isotérmicas, mostra o perfil da resistência que o material apresenta

quando submetido a uma varredura de temperatura (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002).

Page 62: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

41

Oliveira, J. D.

Capítulo 4

_________________________

Materiais e Métodos

Page 63: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

42

Oliveira, J. D.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Micro-organismo

Foram utilizadas duas linhagens de Aureobasidium pullulans, IOC 3467 e IOC

3011, pertencentes à Coleção de Culturas de Fungos gentilmente cedidas pela Dra.

Maria Inez de Moura Sarquis, responsável pelo Laboratório de Taxonomia,

Bioquímica e Bioprospecção de Fungos (IOC – Instituto Oswaldo Cruz, Coleção de

Culturas de Fungos Filamentosos).

4.2. Manutenção do micro-organismo

As culturas fúngicas foram mantidas sob refrigeração à 4ºC (cultura estoque),

através de repiques mensais em tubos de ensaio contendo meio Agar Dextrose-

Batata inclinado, consistindo de (g/L): extrato de batata 4,0, dextrose 20,0 e agar

15,0. Após ajuste do pH para 6,0 com NaOH 1M, o meio foi esterilizado a 121°C por

15 minutos.

4.3. Meios de cultivo

4.3.1. Meio de crescimento

O meio de cultura utilizado para ativação e preparo do inóculo foi o caldo

Sabouraud, consistindo de (g/L): glicose 40,0 e peptona 10,0. O meio foi esterilizado

a 121°C, por 15 minutos, após ajuste do pH para 6,0.

4.3.2. Meios de produção

O meio de cultura utilizado para a produção do biopolímero foi constituído

pelos componentes listados na Tabela 5, com base em levantamento bibliográfico

(VIJAYENDRA, BANSAL & PRASAD, 2001, CHI & ZHAO; 2003; SEO et al., 2004).

Page 64: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

43

Oliveira, J. D.

Foi utilizado o açúcar cristal como fonte de carbono e energia para

composição do meio, em substituição à glicose, por ser esta matéria-prima uma

fonte renovável, de baixo custo, abundante e disponível no país.

Além da fonte de nitrogênio usualmente constituinte do meio para a produção

de pululana por A. pullulans, (NH4)2SO4 (LAZARIDOU et al., 2003; LIN et al., 2007),

foram testadas diferentes fontes de nitrogênio: NaNO3, NH4NO3, uréia e levedura

residual cervejeira (LRC). A adição de cada fonte de nitrogênio foi feita de modo a

estabelecer relações diferenciadas de carbono/nitrogênio (C/N) de 5, 25, 50, 100,

150, 200 e 250 g/g, dependendo do experimento.

O pH do meio foi ajustado em 6,0 pela adição de NaOH 1M e, em seguida, o

meio foi esterilizado a 121°C, por 15 minutos.

Tabela 5 – Composição do meio de produção

Componentes Concentração (g/L)

Açúcar cristal 30,0

Nitrogênio ∗

Extrato de levedura 0,4

Fosfato de potássio 5,0

Sulfato de magnésio 0,2

Cloreto de sódio 1,0

∗ - NaNO3, (NH4)2SO4, NH4NO3, uréia e levedura residual cervejeira em concentrações que correspondam a relação C/N de 5, 25, 50, 100, 150, 200 e 250 g/g.

4.4. Condução dos ensaios

4.4.1. Preparo do inóculo

Inicialmente a cultura foi ativada através do repique de uma alçada da cultura

estoque (item 4.2) para 100 mL do meio de crescimento contidos em frasco

Erlenmeyer de 500 mL de capacidade (Figura 8). Após 48 h de incubação em

agitador rotatório (Controlled Enviromental Incubator Shaker, New Brunswick

Scientific Co, EUA), a 150 rpm e 28 ± 1°C, as células na fase exponencial de

Page 65: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

44

Oliveira, J. D.

crescimento, conforme definido por curva de crescimento previamente realizada,

foram quantificadas através da contagem em câmara de Neubauer, e um volume

deste cultivo foi inoculado no meio de produção de modo a nele estabelecer

concentração inicial de 5,0 x 105 células/mL.

4.4.2. Desenvolvimento do processo fermentativo

Os processos fermentativos foram realizados em frascos Erlenmeyer de 500

mL de capacidade contendo 100 mL do meio de produção. Logo após inoculação, os

frascos foram incubados à temperatura de 28 ±1°C, sob agitação de 150 rpm em

agitador rotatório (Controlled Enviromental Incubator Shaker, New Brunswick

Scientific Co, EUA), por tempos diferenciados, em função da condição experimental.

Ao término de cada fermentação, foi tomada alíquota diretamente do meio

fermentado para quantificação celular. Outra parte do meio fermentado foi aquecida

à temperatura de 100°C por 15 minutos de modo a promover a desativação dos

micro-organismos e, a seguir, foi centrifugada a 4000 rpm, em centrifuga da marca

Sorvall RC 26 Plus (Thermo Electron Corporation) sob refrigeração a 4ºC por 15

minutos para remoção das células (CHI & ZHAO, 2003). Em parte do sobrenadante

foram realizadas as análises de viscosidade do mosto, de pH e de teor de substrato.

O restante do sobrenadante foi usado para a recuperação do biopolímero (item 4.5),

que após secagem foi pesado em balança analítica. Os procedimentos usados para

realização das determinações analíticas estão descritos no item 4.7.

Para cada uma das condições estudadas, os experimentos foram conduzidos

em duplicata, e cada análise repetida a fim de garantir a confiabilidade dos

resultados.

O controle da pureza dos cultivos foi realizado periodicamente através de

observações microscópicas de preparações coradas pelo método de Gram

(PELCZAR et al., 1993).

Page 66: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

45

Oliveira, J. D.

Figura 8 – Esquema utilizado para execução dos experimentos.

4.5. Recuperação do biopolímero

O exopolissacarídeo produzido foi extraído do meio fermentado após

centrifugação (livre de células) através da precipitação com álcool etílico. Para a

precipitação do biopolímero, foi adicionado lentamente ao mosto (mantido sob

vigorosa agitação), álcool comercial (97,8%), na proporção 1:2 (NAVARINI et al.,

1996; BARNETT et al., 1999; VIJAYENDRA, BANSAL & PRASAD, 2001;

LAZARIDOU et al., 2002a). Nestas condições, obtém-se o polímero sob a forma de

fibras que podem ser facilmente retiradas da solução com auxilio de uma pinça.

Contudo, para algumas condições experimentais, o polímero se apresentou mais

disperso. Nestes casos, a separação foi mediada por filtração usando filtro de vidro

Advantec MFS, Inc. com membrana Millipore de 0,47 µm de porosidade.

A secagem do biopolimero foi conduzida em dessecador sob vácuo, à

temperatura ambiente (25 ± 2ºC), até peso constante, ao décimo de miligrama (CHI

& ZHAO, 2003). Este material, a partir de agora nomeado biopolímero recuperado,

foi parcialmente caracterizado através de análises físico-químicos e reológicas.

Cultura estoque

Meio de Crescimento

48 h

Meio de Produção

Inativação das células eCentrifugação4000 rpm/15 min

- Dosagem do substrato - Extração do Biopolímero - Análise Viscosimétrica - pH final

Contagem celular

Page 67: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

46

Oliveira, J. D.

4.5.1. Purificação do biopolímero

Algumas amostras do biopolímero recuperado foram também submetidas a

um posterior tratamento de purificação para obtenção de um produto com menor teor

de impurezas. O processo de purificação teve como finalidade reduzir a presença de

resíduos celulares e de constituintes do meio de fermentação, de modo a remover

agregados moleculares, compostos orgânicos solúveis de baixa massa molar,

lipídios, proteínas e sais inorgânicos.

Para a purificação, o biopolímero recuperado, conforme descrito no item 4.5,

foi ressolubilizado em água Milli-Q, sob agitação de 150 rpm e à temperatura de

25ºC. Após dissolução, o polímero foi novamente precipitado com álcool etílico

comercial e, a seguir, lavado com soluções alcoólicas contendo concentrações

crescentes de etanol de 70%, 80%, 90% e 100% (v/v). Para cada concentração

alcoólica, foram realizadas três lavagens, cada uma por 10 minutos. Esse

procedimento foi repetido 3 vezes seguidas.

O biopolímero recuperado e parcialmente purificado também foi caracterizado

com base em aspectos físico-químicos e reológicos.

4.5.2. Liofilização

Algumas amostras do biopolímero recuperado, e do recuperado e

parcialmente purificado sofreram, uma posterior secagem por liofilização, de modo a

permitir a sua análise por espectroscopia de absorção na região do infravermelho

por transformada de Fourier (FTIR), já que a presença de água interfere nos

resultados e para análise térmica.

A liofilização foi realizada no Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais/NPPN

– UFRJ.

Page 68: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

47

Oliveira, J. D.

4.6. Etapas Experimentais

4.6.1. Seleção da linhagem microbiana e da fonte de nitrogênio

Foram estudadas cinco diferentes fontes de nitrogênio - sulfato de amônio,

nitrato de sódio, nitrato de amônio, uréia e levedura residual cervejeira (LRC) – tendo

como premissa comparar fontes alternativas de nitrogênio com a fonte normalmente

empregada, sulfato de amônio, na formulação de meios para a produção de pululana

por A. pullulans (LEE et al., 2001; LAZARIDOU et al., 2002b; LIN et al., 2007). Cada

fonte de nitrogênio foi empregada em quatro distintas concentrações, de modo a

estabelecer relações carbono/nitrogênio (C/N) de: 5, 25, 50 e 150 g/g, em meio

constituído de açúcar cristal como principal fonte de carbono. Na Tabela 6 constam

as quantidades de cada fonte de nitrogênio para cada condição nutricional ensaiada.

Tabela 6 – Relação das fontes de nitrogênio e respectivas quantidades usadas no

preparo dos meios

Concentração (g/L) para relações C/N Fonte de

Nitrogênio 5 25 50 150

(NH4)2SO4 11,88 2,37 1,19 0,39

NaNO3 15,30 3,06 1,53 0,51

NH4NO3 7,20 1,44 0,72 0,24

Uréia 5,40 1,08 0,54 0,18

LRC* 39,37 7,80 3,94 1,31

*A quantidade de levedura residual cervejeira (LRC) foi definida com base no seu conteúdo protéico (40%).

Decorridas 48 h de processo, foram realizadas as determinações de

concentração celular (diretamente no mosto fermentado) e de pH, teor residual de

substrato, quantidade de polímero formado e viscosidade no mosto fermentado e

centrifugado.

Page 69: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

48

Oliveira, J. D.

4.6.2. Influência do controle de pH na produção de biopolímero

Para a linhagem selecionada e nas condições nutricionais definidas como

mais relevantes para a sua atividade metabólica, foram realizados dois estudos

cinéticos: com e sem o controle de pH. A fim de garantir o controle do pH, uma

solução tampão de fosfato de potássio-hidróxido de sódio (MORITA &

ASSUMPÇÃO, 1968) foi adicionada ao meio de cultura.

Estes ensaios foram realizados por um período total de 240 h, com medições

de crescimento celular, concentração do biopolímero, consumo de substrato, pH e

viscosidade absoluta do mosto fermentado efetuadas a cada 24 h. Foram utilizados

frascos de sacrifício em virtude do número de amostragens para realização das

determinações analíticas, o que concorreria para a modificação diária da relação

volume de meio/área (headspace) e, consequentemente, da disponibilidade de

oxigênio dissolvido. Portanto, a confiabilidade dos resultados seria comprometida

pela alteração simultânea de outra condição física.

4.6.3. Efeito da relação C/N na produção de biopolímero para a fonte de

nitrogênio selecionada

Para o rejeito industrial – levedura residual cervejeira (LRC) – selecionado

como a fonte de nitrogênio mais apropriada para produção de biopolímero pela

linhagem de A. pullulans IOC 3011 em meio de cultura constituído de açúcar cristal,

como principal matéria-prima, foram realizados experimentos com diferentes

relações C/N (100, 150, 200 e 250). O escopo foi analisar o comportamento do

fungo em condições ainda mais limitantes de nitrogênio, já que diversos autores

indicam ser a limitação de nitrogênio favorável a síntese de pululana (SEVIOUR et

al., 1992; CHI e ZHAO, 2003) e tendo em vista que os melhores resultados foram

obtidos para a maior relação C/N (150) testada nos ensaios. As concentrações de

LRC em g/L das relações C/N de 100, 200 e 250 foram, respectivamente, 0,197 g/L;

0,098 g/L e 0,079 g/L.

Page 70: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

49

Oliveira, J. D.

Foram levantados os perfis cinéticos de crescimento celular, substrato

consumido, viscosidade absoluta do mosto fermentado e biopolímero produzido,

através de determinações realizadas em intervalos de 24 h por um período total de

192 h.

4.6.4. Caracterização dos biopolímeros obtidos

Após seleção da linhagem (IOC 3011), da fonte de nitrogênio (LRC) e da

relação C/N (150) foi realizada a caracterização do polissacarídeo produzido. Foi

estipulado o tempo de processo para o qual foram alcançados os valores máximos

de rendimento e viscosidade do mosto em fermentação. A caracterização das

amostras do polissacarídeo foi feita a partir da análise de espectrometria de

absorção na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e das

análises térmica e viscosimétrica – as duas primeiras análises as amostras foram

liofilizadas – após recuperação e subsequente purificação parcial.

Para a caracterização das amostras, foi necessário obter uma quantidade

maior de biopolímero, de modo que as análises físico-quimicas e reológicas fossem

realizadas em amostras provenientes da mesma batelada. Com este fim, foi

preparado 1 litro de mosto (Tabela 5) constituído de 30 g de açúcar cristal e 0,197 g

de LRC, como principais fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente. Ao meio

foi também adicionada solução tampão de fosfato de potássio-hidróxido de sódio

para garantir o controle do pH no decorrer do processo fermentativo. Após

inoculação com A. pullulans IOC 3011, o mosto foi incubado a 28°C ± 1 e 150 rpm,

por 120 h.

4.6.4.1. Análise espectroscópica de absorção na região do infravermelho

por Transformada de Fourier (FTIR)

Esta análise foi feita pela MSc. Márcia Regina Benzi no Instituto de

Macromoléculas Professora Eloisa Mano/IMA-UFRJ, em espectroscópio de

absorção na região do infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), modelo

Excalibur 3100 FT-IR (Varian), utilizando acessório de reflexão total atenuada (ATR),

Page 71: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

50

Oliveira, J. D.

Como referência, foi realizado também um espectro de pululana padrão,

disponível comercialmente (Sigma-Aldrich, código P4516), a qual também é

produzida pelo fungo Aureobasidium pullulans. Tanto as amostras dos biopolímeros

obtidos (recuperado não purificado e parcialmente purificado) quanto à amostra

padrão foram liofilizadas a fim de minimizar o seu conteúdo de água. Para cada

amostra de biopolímero foram feitas 100 varreduras com resolução de 4 cm-1.

4.6.4.2. Análise térmica

� Termogravimetria (TG) e Termogravimetria Derivada (DTG)

A técnica de TG/DTG foi utilizada para estudar a estabilidade e decomposição

térmica das amostras de biopolímero (recuperado não purificado, recuperado e

parcialmente purificado e pululana padrão). Para isto, foi utilizado o TGA Q500 (TA

Instruments, USA) V6.7 em atmosfera inerte (N2) com vazão de nitrogênio de 40

mL/min na balança e 60 mL/min na amostra, tendo sido corridas na faixa de

temperatura entre 30 a 700°C, a uma taxa de aquecimento de 10°C/min. As análises

foram realizadas no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano/IMA –

UFRJ pela Dra. Léa Maria de Almeida Lopes. Todas as amostras foram previamente

liofilizadas.

4.6.4.3. Viscosimentria das soluções de biopolímero em diferentes

concentrações

A determinação da viscosidade dos biopolímeros (recuperado não purificado,

recuperado e parcialmente purificado e pululana padrão) em solução aquosa foi

realizada em reômetro Advanced Rheometer (AR) 2000, com geometria cone placa

(Figura 9), diâmetro 60 mm e ângulo de 1°. As viscosidades das amostras foram

determinadas a 10, 25 e 35ºC em diferentes taxas de cisalhamento variando de

0,1000 s-1 a 500 s-1 durante 6 minutos (ida e volta). As análises foram realizadas no

Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano/IMA-UFRJ sob a supervisão da

Dra. Léa Maria de Almeida Lopes.

Page 72: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

51

Oliveira, J. D.

Para esta análise foram utilizadas soluções de diferentes concentrações de

cada uma das amostras (0,05 a 0,5 g/L), obtidas a partir de diluições seriadas de

uma solução mãe (0,5 g/L).

Fonte: Lopes, 1996; Steffe, 1996

Figura 9 – Esquema da geometria cone-placa (α - ângulo entre o cone e a placa, R – raio do cone).

� Comportamento viscosimétrico do biopolímero em função da

variação de temperatura

Amostras dos biopolímeros (não purificada, parcialmente purificada e pululana

padrão) em solução aquosa, na concentração de 0,5 g/L, foram analisadas em

diferentes taxas de cisalhamento, variando de 300 a 800 s-1, durante 6 min. (ida e

volta), nas temperaturas de 10, 25 e 35ºC.

� Concentração Crítica

Para analisar a faixa da concentração crítica (c*) ou o regime diluído, medidas

de viscosidade foram efetuadas com soluções de biopolímeros recuperados não

purificado e parcialmente purificado e padrão, a 10, 25 e 35ºC, em concentrações

R

α

Page 73: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

52

Oliveira, J. D.

iguais a 0,05; 0,1; 0,3 e 0,5 g/L, com taxa de cisalhamento correspondente ao platô

newtoniano (613 s-1).

4.7. Determinações analíticas

4.7.1. Concentração celular

A contagem de células foi feita em microscópio óptico com auxílio da câmara

de Neubauer (VIEIRA et al., 1979; KLINGEBERG, VORLOP & ANTRAKINIAN, 1990,

SIMON, CAYE-VAUGEN & BOUCHONNEAU, 1993). Com este fim, amostras do

caldo fermentado foram adequadamente diluídas para permitir uma contagem total

entre 200 e 300 células no volume de 1 mm3 correspondente aos 25 quadrantes

centrais da câmara (SIMON, CAYE-VAUGEN & BOUCHONNEAU, 1993).

4.7.2. Substrato

A concentração de sacarose foi determinada através do método colorimétrico

de Somogyi (1945) em amostras do mosto fermentado livre de células, após

hidrólise com HCl 2 N a 65-70ºC/10 minutos conforme descrito por Yurlova & Hoog

(1997), Barnett et al. (1999), Chi & Zhao (2003) e Prasongsuk et al. (2007).

4.7.3. pH

As medições de pH do mosto fermentado foram feitas através de

potenciômetro modelo DMPH-1 Digimed. As análises foram efetuadas sob a

temperatura de 25°C.

4.7.4. Viscosidade do mosto fermentado em regime isotérmico

A determinação da viscosidade do caldo fermentado centrifugado, ou seja,

livre de células, foi realizada no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa

Mano/IMA-UFRJ, sob a supervisão da Dra. Léa Maria de Almeida Lopes,

Page 74: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

53

Oliveira, J. D.

empregando reômetro Advanced Rheometer (AR) 2000, com geometria cone-placa

(Figura 9), diâmetro 60 mm e ângulo de 1°.

As análises viscosimétricas das diferentes amostras foram realizadas à 25ºC

em diferentes taxas de cisalhamento, variando de 0,1000 s-1 a 500 s-1, durante 5

minutos.

4.7.5. Viscosidade do biopolímero em regime não isotérmico

Para a caracterização reológica do biopolímero obtido, não purificado e

parcialmente purificado, foram preparadas soluções aquosas nas concentrações de

0,05; 0,1; 0,3 e 0,5 g/L. Para fins comparativos, foi também realizada a análise

viscosimétrica de soluções aquosas de pululana padrão, nas mesmas

concentrações.

As análises foram feitas em reômetro e nas mesmas especificações

mencionadas no item 4.7.4. Contudo, neste caso, as amostras foram submetidas a

diferentes condições de análise: temperatura (10, 25 e 35ºC) e taxa de cisalhamento

(300 s-1 a 800s-1, durante 6 minutos), sendo as leituras feitas tanto no sentido

ascendente como descendente da taxa.

A escolha das temperaturas foi feita de acordo com os seguintes critérios:

10ºC - uma vez que, em processos de indústrias alimentícias, são utilizadas baixas

temperaturas; 25ºC – temperatura comumente utilizada na literatura; e 35ºC – por

ser a temperatura corporal.

As análises foram realizadas no Instituto de Macromoléculas Professora

Eloisa Mano/IMA-UFRJ sob a supervisão da Dra. Léa Maria de Almeida Lopes.

Page 75: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

54

Oliveira, J. D.

Capítulo 5

_________________________

Resultados e Discussão

Page 76: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

55

Oliveira, J. D.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Seleção da cepa microbiana e da fonte de nitrogênio

Nesta etapa, os ensaios foram realizados com meios de cultura onde a fonte

de nitrogênio normalmente indicada para a produção de pululana por A. pullulans,

sulfato de amônio, foi substituída por outros compostos nitrogenados com a

finalidade de maximizar a síntese do biopolímero. Para tanto, foram testadas outras

fontes inorgânicas (nitrato de amônio e nitrato de sódio) e fontes orgânicas, uma

simples (uréia) e outra complexa (levedura residual cervejeira), ambas disponíveis

comercialmente a baixo custo. Estes compostos foram avaliados em diferentes

quantidades de modo a estabelecer, qualitativa e quantitativamente, a fonte de

nitrogênio mais adequada. Para tanto, cada composto foi adicionado ao meio, em

quantidade adequada de modo a estabelecer relações carbono/nitrogênio (C/N) de

5, 25, 50 e 150.

A Figura 10 (A e B) apresenta a concentração celular, expressa em valores

médios, determinada na 48ª h de cultivo, para as linhagens de Aureobasidium

pullulans, IOC 3467 e IOC 3011, respectivamente. Pode-se observar que as fontes

de nitrogênio alternativas propiciaram o crescimento celular de ambas linhagens.

Contudo, as linhagens apresentaram comportamento distinto em função do aumento

da concentração de nitrogênio. Os valores finais de biomassa variaram de 2,5 x 107

células/mL a 5,9 x 108 células/mL.

Dentre as fontes de nitrogênio testadas, a levedura residual cervejeira (LRC)

foi a única que propiciou perfis similares de crescimento celular. Neste caso, a

concentração celular foi diretamente proporcional à quantidade de nitrogênio

disponível no meio. Os valores máximos de biomassa alcançados por IOC 3467 e

IOC 3011 foram de 5,9 x 108 células/mL e 4,0 x 108 células/mL, respectivamente, na

relação C/N de 5.

Page 77: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

56

Oliveira, J. D.

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09Biomassa

(células/mL)

SA. NS NA U LRC

A

5 25 50 150

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Biomassa

(células/mL)

SA NS NA U LRC

B

5 25 50 150

Figura 10 – Valores finais de biomassa determinados após 48 h de cultivo de Aureobasidium

pullulans em meios de produção constituídos de diferentes fontes de nitrogênio (SA – sulfato de

amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira)

para relações de C/N 5, 25, 50 e 150. (A- linhagem IOC 3467; B- linhagem IOC 3011).

Page 78: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

57

Oliveira, J. D.

Para as demais fontes de nitrogênio, foram observados comportamentos

diferenciados: em alguns casos, o aumento da quantidade de nitrogênio pouco

interferiu no crescimento celular (linhagem IOC 3467/sulfato de amônio; linhagem

IOC 3011/nitrato de sódio); em outros, foi indiretamente proporcional ao crescimento

(linhagem IOC 3467/nitrato de amônio e uréia); e valores máximos de biomassa

foram atingidos para concentrações intermediárias de nitrogênio (linhagem IOC

3011/nitrato de amônio e uréia).

A produção de biopolímero pelas linhagens A. pullulans IOC 3467 e IOC

3011, após 48 h de fermentação, em meios constituídos de açúcar cristal e

diferentes fontes de nitrogênio, é apresentada na Figura 11 (A e B),

respectivamente.

Similarmente ao observado para o crescimento celular, a produção de

biopolímero variou em função tanto da linhagem quanto da fonte e da concentração

de nitrogênio. Entretanto, as condições mais favoráveis para a síntese dos materiais

celulares e poliméricos, em geral, foram diferenciadas. Particularmente para a

linhagem IOC 3467, o rejeito industrial (LRC) foi a única fonte de nitrogênio

adequada para a obtenção do biopolímero (Figura 11A); enquanto que, para IOC

3011, todas as fontes de nitrogênio, em pelo menos uma relação C/N, foram

apropriadas (Figura 11B).

A produção de pululana varia em função da linhagem, da composição do

meio, condições e modo de condução do processo. Numerosos estudos

demonstram que as fontes de carbono e de nitrogênio têm papel de destaque na

produção de exopolissacarídeos por A. pullulans (SHIN et al., 1989 apud

LAZARIDOU et al., 2002b, GIBBS & SEVIOUR, 1996; ISRAILIDES et al., 1998;

PUNNAPAYAK et al., 2003).

Em geral, a produção de polissacarídeo por micro-organismos é induzida pela

limitação de um nutriente essencial, que não seja o carbono ou a fonte de energia.

Segundo alguns autores, normalmente a produção de polissacarídeos microbianos é

influenciada pelo o tipo e quantidade da fonte de nitrogênio utilizada (SEVIOUR et

Page 79: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

58

Oliveira, J. D.

al., 1992, CHI & ZHAO, 2003; BARBOSA et al., 2004, SENA et al., 2006).

Especialmente para a produção de pululana, a condição ideal é uma alta relação

C/N, isto é, condição limitante de nitrogênio (NAMPOOTHIRI et al., 2003).

Na maioria dos estudos, o íon amônio tem sido empregado como fonte de

nitrogênio, muitas vezes em combinação com o extrato de levedura (SHIN et al.,

1989 apud LAZARIDOU et al., 2002b). É consenso geral que o íon amônio regula a

enzima-chave, que, dependendo da sua concentração, leva à alteração do fluxo de

carbono para produção de biomassa em detrimento da síntese de polissacarídeos,

ou vice-versa (LAZARIDOU et al., 2002b).

O estudo de Prasongsuk e colaboradores (2007) realizado com cinco

linhagens de A. pullulans, em meio com 50 g/L de sacarose, para selecionar a fonte

de nitrogênio ((NH4)2SO4, NaNO3 e peptona) mostrou que o sulfato de amônio foi

mais indicado para as linhagens BK4, BK6 e SK3, com produções máximas de

pululana de 23,1 g/L, 17 g/L e 10,4 g/L, em 144 h de fermentação. No entanto, a

peptona foi mais adequada para as linhagens LB3 e NRM2, quando foram obtidos

15,2 e 25,2 g/L de pululana, respectivamente em 168 h de fermentação.

Nesse estudo, as maiores quantidades de biopolímero, variando de 6,9 a 8,1

g/L, foram alcançadas a partir dos cultivos da linhagem IOC 3011 em meios

contendo sulfato de amônio (C/N=5), nitrato de sódio (C/N=25), nitrato de amônio

(C/N=150), uréia (C/N=25) e levedura residual cervejeira (C/N=150). Portanto, ao

contrário do que é descrito na literatura, pode-se aferir que a restrição da fonte de

nitrogênio não necessariamente induz a síntese polimérica.

Page 80: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

59

Oliveira, J. D.

0

3

6

9

Biopolím

ero

Produzido

(g/L)

SA NS NA U LRC

A

0

3

6

9

SA NS NA U LRC

Biopolímero Produzido

(g/L)

B

5 25 50 150

Figura 11 – Quantidade de biopolímero produzido pelas linhagens de Aureobasidium pullulans IOC

3467 (A) e IOC 3011 (B) a partir de açúcar cristal e diferentes fontes e quantidades de nitrogênio (SA

– sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual

cervejeira) para relações C/N de 5, 25, 50 e 150.

Seo e colaboradores (2004), utilizando bagaço de soja (0 a 5 g/L), um rejeito

da produção industrial de molho de soja, como principal fonte de carbono e proteína,

observaram produção máxima de pululana (7,5 g/L) por A. pulullans HP-2001, na

concentração de 1,0 g/L. Outros estudos apresentam valores máximos para pululana

de: 6g/L para A. pullulans NRRLY-6220 em melaço (ISRAILIDES et al., 1998); 12-14

Page 81: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

60

Oliveira, J. D.

g/L para diferentes linhagens de A. pullulans em hidrolisado de turfa (LEDUY & BOA,

1983, apud SEO et al., 2004); 15,5 g/L para o consórsio de A. pullulans e

Kluyveromyces fragilis SH 8646 em extrato de alcachofra Jerusalém (SHIN et al.,

1989 apud LAZARIDOU et al., 2002b); 23,1 g/L para A. pullulans CFR-77 em açúcar

mascavo (VIJAYENDRA, BANSAL & PRASAD, 2001).

Outro estudo determinou a produção de pululana por A. pullulans ATCC 9348

para diferentes concentrações de nitrogênio (0,0325 a 0,78 g/L) em meio constituído

de glicose (30 g/L) e NaNO3 (CAMPBELL et al., 2003). As maiores quantidades do

biopolímero (14 a 16 g/L) foram obtidas com 144 h de fermentação para 0,065 a

0,26 g/L de nitrogênio, o que corresponde a uma relação C/N de 180 e 50,

respectivamente. Na concentração de 0,78 g/L (C/N de 15), a síntese de material

celular foi favorecida em detrimento da produção do biopolímero que, neste caso,

correspondeu a menos da metade do valor máximo, em torno de 5 g/L. Na menor

concentração de nitrato testada (0,0325 g/L de nitrogênio; C/N de 370) a cultura

estava em condições tão limitantes de nitrogênio que a glicose nem foi totalmente

consumida, embora a concentração de pululana tenha sido de cerca de 6 g/L.

A Figura 12 (A e B) apresenta os valores de pH nos meios fermentados para

cada uma das linhagens. Em geral, foi evidenciado um decréscimo no valor do pH;

sendo observadas as maiores reduções pelo emprego de sulfato de amônio e nitrato

de amônio. Lee e colaboradores (2001) também evidenciaram decréscimo do pH de

6,5 para 4,5 decorridas 24 h de cultivo da linhagem A. pullulans ATCC 42023 em

meio constituído de glicose e sulfato de amônio.

Do mesmo modo, Lazaridou e colaboradores (2002b) relatam que o pH inicial

de 7,0 cai para 5,0 nas primeiras 48 h da fermentação de melaço de beterraba e

sulfato de amônio. Mas, no decorrer do processo fermentativo, ocorre seu aumento

gradativamente até alcançar 8,0. Os autores atribuem ser o aumento da acidez

relativo à formação de ácido inorgânico (ácido sulfúrico), pelo excesso de sulfato no

meio, em função do uso preponderante do elemento nitrogênio do sulfato de amônio.

O esgotamento desta fonte de nitrogênio induz o uso de alguns aminoácidos

Page 82: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

61

Oliveira, J. D.

presentes no melaço, cuja desaminação poderia justificar o aumento subsequente

do pH.

A diminuição gradual do pH, no decorrer da fermentação, pode também ser

atribuída à geração de ácidos orgânicos, como resultado do metabolismo

microbiano. Não importa a origem da acidez, o fato é que o seu aumento pode afetar

negativamente a produção do polissacarídeo (CHI & ZHAO, 2003). Segundo esses

autores, as concentrações de células e pululana obtidas em baixos valores de pH

foram muito inferiores às alcançadas em valores de pH mais altos. Este

comportamento pode ser devido à influência da acidez na morfologia do micro-

organismo.

A influência do pH do meio sobre a diferenciação morfológica do micro-

organismo é um parâmetro importante para a produção de exopolissacarídeos em

culturas de A. pullulans. Em vista do ciclo de vida complexo exibido por este fungo

polimórfico que envolve hifas, blastosporos e formas intermediárias de descanso,

como os clamidósporos. A hipótese mais cogitada é de que a produção de

exopolissacarídeos e, mais especificamente, de pululana está associada à forma

unicelular do micro-organismo. Contudo, existem autores que atribuem a formação

de EPS aos clamidósporos, dependendo das condições de cultivo (LAZARIDOU et

al., 2002b). Entretanto, não há dúvidas de que a produção deste polissacarídeo é o

resultado de uma resposta morfológica e fisiológica do micro-organismo a condições

desfavoráveis do ambiente, como depleção de nutrientes, pH, etc. Neste contexto, a

influência do pH do meio sobre a diferenciação morfológica do micro-organismo é

um parâmetro importante para a produção de exopolissacarídeos por culturas de A.

pullulans.

Em geral, os fungos filamentosos são capazes de se desenvolver em faixa

ampla de pH, variando de 2 a 9. No entanto, as leveduras, formas unicelulares dos

fungos, atuam em faixa mais restrita, de 5 a 7. Segundo Thirumavalavan,

Manikkandan e Dhanasekar (2008), ocorre inibição do crescimento de A. pullulans

em valores de pH inferiores a 5,0, com reflexo na produção do biopolímero. O pH

ótimo para a produção de pululana varia entre 5,5 a 7,5, enquanto que para o

crescimento celular a faixa de pH é de 2,0 a 4,5 (ROUKAS, 1999; VIJAYENDRA,

Page 83: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

62

Oliveira, J. D.

BANSAL & PRASAD, 2001; SHINGEL, 2004). Para Roukas (1999), o valor máximo

de pululana de 11 g/L foi obtido em meios com pH inicial de 6,5 e 7,5. Produções

mais altas foram obtidas por Sena e colaboradores (2006), de 16,0 g/L, 59,0 g/L e

46,0 g/L em pH 4,0, 6,5 e 7,5, respectivamente.

A adição das fontes orgânicas de nitrogênio – uréia e LRC – dependendo da

quantidade adicionada, ocasionou a elevação do pH do meio reacional (Figura 12 A

e B). No entanto, em baixas concentrações, foi verificado o efeito contrário, isto é,

queda no valor do pH. Isto faz crer que, após depleção da principal fonte de carbono

(açúcar cristal), o composto orgânico nitrogenado é preferencialmente metabolizado

como fonte de carbono, resultando na liberação de amônia e no seu consequente

acúmulo no mosto, acidificando-o.

Estudos realizados com o meio convencional, isto é, glicose e sulfato de

amônio, reportam ser máxima a produção de pululana por A. pullulans no valor inicial

de pH 6,5 (BADR-ELDIN et al., 1994 apud LEE et al., 2001). Similarmente, para

diferentes matérias-primas, tais como, extrato de vagem de alfarroba (ROUKAS &

BILIADERIS, 1995), soro de leite hidrolisado (ROUKAS, 1999), suco de caju

(THIRUMAVALAVAN, MANIKKANDAN & DHANASEKAR, 2008) e leite de coco

(THIRUMAVALAVAN, MANIKKANDAN & DHANASEKAR, 2009) foram observados

valores máximos de atividade enzimática para síntese de pululana na faixa de pH

entre 5,5 e 7,5.

Outra abordagem foi feita por Lee e colaboradores (2001). Segundo estes

autores, o pH também interfere na massa molar da pululana produzida. Eles

determinaram que 28% da pululana produzida por A. pullulans em pH 4,5, nas

primeiras 24 h, apresentava alta massa molar enquanto que em pH 6,5, o percentual

de pululana com alta massa molar era inferior a 20%. Entretanto, em 36 h de

fermentação, o percentual de pululana com alta massa molar foi de 35% em pH 6,5,

e de apenas 10% em pH 4,5. A razão para a variação da massa molar de pululana

pode ser devido à ativação da pululanase em pH inferior a 4,5 ou à hidrólise ácida

em função da acidez (CATLEY & WHELAN, 1971 apud LEE et al., 2001).

Page 84: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

63

Oliveira, J. D.

0

2

4

6

8

10

SA. NS NA U LRC

pH final

A

5 25 50 150

0246810

SA. NS NA U LRC

pH final

B

5 25 50 150

Figura 12 – Valores finais de pH nos meios após 48 h de cultivo das linhagens IOC 3467 (A) e IOC

3011 (B), para diferentes fontes e quantidades de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de

sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC – levedura residual cervejeira; C/N= 5, 25, 50 e 150).

pH inicial = 6,0.

No presente estudo, algumas das maiores concentrações de biopolímero

foram obtidas mesmo em baixos valores de pH (IOC 3467/LRC 150; IOC 3011/SA 5;

IOC 3011/NA 150; IOC RC 150). Portanto, considerando o possível efeito negativo

da acidez na atividade microbiana e a síntese de ácidos orgânicos podem acarretar

a redução do rendimento, seria válida a avaliação do comportamento do micro-

organismo quando cultivado com o controle de pH.

Page 85: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

64

Oliveira, J. D.

051015202530

Açú

car

consu

mido

(g/L)

SA NS NA U LRC

A

051015202530

Açúcar

consumido

(g/L)

SA. NS NA U LRC

B

5 25 50 150

Figura 13 – Efeito da fonte de nitrogênio no consumo de substrato pelas linhagens IOC 3467 (A) e

IOC 3011 (B) (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia; LRC

– levedura residual cervejeira) para relações C/N de 5 a 150.

Os diferentes consumos de substrato determinados, cujos valores médios

estão representados na Figura 13 (A e B), demonstram a influência da fonte de

nitrogênio no metabolismo do Aureobasidium pullulans. Além disso, a análise

conjunta do consumo de substrato e biopolímero produzido torna evidente a

inexistência de correlação entre estes parâmetros (Figuras 11 e 13). De acordo com

Seviour e colaboradores (1992), a fonte de carbono é principalmente direcionada

para a geração de energia, síntese de constituintes celulares e produção do

polissacarídeo. Logo, considerando que a quantidade de substrato despendida para

Page 86: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

65

Oliveira, J. D.

síntese de material celular foi pequena, visto que o aumento do número de células

foi de apenas 2 a 3 ordens de grandeza, pode-se concluir que algumas das

condições nutricionais testadas podem ter favorecido a síntese de subprodutos em

detrimento à produção do biopolímero.

Os resultados referentes às concentrações de biomassa e de biopolímero

foram usados no cálculo dos fatores de conversão YX/S e YP/S, que indicam a

conversão de substrato em células e em produto, respectivamente (Figura 14). As

determinações foram feitas utilizando como base a concentração de substrato

consumido.

A Figura 14 (A e B) apresenta os valores de YX/S para as linhagens IOC 3467

e IOC 3011, respectivamente. A linhagem IOC 3467 apresentou conversões de

substrato em células na faixa de 0,03 a 0,44 g/g (Figura 14A), enquanto para a outra

linhagem, os valores se situaram entre 0,04 e 0,34 g/g (Figura 14B). Em geral,

comparativamente, os maiores fatores YX/S foram alcançados para a linhagem IOC

3467, sendo o valor máximo obtido para LRC (C/N 5). Para a outra linhagem, a fonte

de nitrogênio mais favorável na conversão de substrato em células foi nitrato de

amônio na relação C/N de 50, ou seja, comparativamente, bem distinta.

Lee e colaboradores (2001) obtiveram aumento de YX/S, de 0,1 para 0,2 g/g,

apenas elevando o pH inicial do meio de 4,5 para 6,5. Esses autores conseguiram

incrementar ainda mais a conversão de substrato em biomassa pelo controle do pH

em 6,5, quando foi alcançado o valor de 0,33 g/g. Valor semelhante (0,36 g/g) foi

obtido por Kim e colaboradores (2001) para a linhagem ATCC 42023 crescida em

glicose (20 g/L) e sulfato de amônio e pH inicialmente ajustado em 6,5, sem controle

de pH.

Estudo realizado por Punnapayak e colaboradores (2003) com três isolados

de A. pullulans de solo de floresta resultaram em valores de YX/S na faixa de 0,07 a

0,238 g/g, que foram dependentes da linhagem, da temperatura de incubação e,

principalmente, das fontes de carbono (glicose e sacarose) e da fonte de nitrogênio

(sulfato de amônio e peptona). A síntese de material celular foi incrementada pelo

emprego de glicose (50 g/L) e sulfato de amônio (0,6 g/L), em pH 7,5 e 30ºC, por

120 h.

Page 87: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

66

Oliveira, J. D.

Neste estudo, os fatores de conversão de substrato consumido em

biopolímero (YP/S) também variaram em função da linhagem e da condição

nutricional (Figura 14 C e D). Contudo, em geral, os valores máximos de YX/S e YP/S

foram determinados em distintas condições nutricionais (Figura 14). Particularmente

para LRC, o aumento da quantidade de nitrogênio resultou na maior conversão de

substrato em biomassa e menor síntese de biopolímero, enquanto o decréscimo da

sua quantidade foi diretamente proporcional a conversão do substrato em polímero,

similarmente para as duas linhagens.

Pela análise da Figura 14, pode-se constatar que os valores máximos de 0,48

e 0,55 g/g, para as linhagens IOC 3467 e IOC 3011, respectivamente, foram

alcançados nas mesmas condições (LRC e C/N 150). Estes resultados são muito

promissores visto que outros estudos revelam valores de 0,01 a 0,38 g/g (KIM et al.,

2000; LEE et al., 2001; CAMPBELL et al., 2003; PUNNAPAYAK et al., 2003).

Destaca-se o comportamento da linhagem IOC 3011, em face da sua

capacidade de converter eficientemente o açúcar cristal em pululana, em todas as

fontes de nitrogênio testadas. Contudo, dependendo da fonte de nitrogênio, o fator

de conversão YP/S variou em função da quantidade adicionada ao meio de cultura.

Provavelmente, este comportamento deve-se às variações de pH observadas nos

meios em função da fonte de nitrogênio adicionada.

Lee e colaboradores (2001) determinaram valor máximo para YP/S de 0,27 g/g

a partir do cultivo em batelada de A. pullulans ATCC 42023 em meio contendo

glicose (50 g/L) e sulfato de amônio (0,6 g/L), com controle de pH a 4,5. Entretanto,

pelo controle do pH em 6,5, os autores obtiveram YP/S de 0,33 g/g. Estas fontes de

carbono e nitrogênio também foram as mais adequadas para o cultivo de três

isolados de solos de floresta (PUNNAPAYAK et al., 2003) em pH 7,5 e 30ºC. Para

sulfato de amônio, os autores obtiveram 0,225 g/g para A. pullulans PR e 0,185 g/g

para A. pullulans CU em 120 h e 0,158 g/g para A. pullulans SU após 96 h, enquanto

a peptona rendeu apenas 0,168 g/g (PR), 0,131 g/g (CU) e 0,030 g/g (SU), nos

mesmos períodos.

Page 88: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

67

Oli

vei

ra, J.

D. 0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

YX/S (g/g)

SA

NS

NA

ULRC

A

525

50150

0

0,2

0,4

0,6

YP/S (g/g)

SA

NS

NA

ULRC

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

YX/S (g/g)

SA

NS

NA

ULRC

B

525

50150

0

0,2

0,4

0,6

YP/S (g/g)SA

NS

NA

ULRC

525

50150

Figura 14

– F

ato

res

de

con

vers

ão

subs

trat

o em

bio

ma

ssa

(YX

/S)

e e

m p

rod

uto

(Y

P/S

) pa

ra a

s lin

hag

ens

IOC

346

7 (

A,

C)

e IO

C 3

011

(B

,D),

res

pec

tiva

me

nte

,

em d

ifere

nte

s fo

nte

s e

con

cen

traç

ões

de

nitr

ogê

nio

(SA

– s

ulfa

to d

e a

môn

io;

NS

– n

itra

to d

e s

ódi

o; N

A –

nitr

ato

de

am

ônio

; U

– u

réia

; LR

C –

leve

dur

a

resi

dua

l cer

veje

ira;

C/N

- 5

, 25

, 50

e 1

50)

.

C

D

Page 89: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

68

Oliveira, J. D.

O emprego de óleo de soja (50 mL/L) em associação com 50 g/L de sacarose

e 0,5 g/L de (NH4)2SO4 incrementou ainda mais o rendimento em biopolímero

(SENA et al., 2006). Nesta condição nutricional, foram determinados valores de YP/S

de aproximadamente 0,6 g/g para duas linhagens de A. pullulans, NRRL Y-6220 e

NRRL Y-2311-1, em 96 h de fermentação.

Tanto os resultados da literatura quanto os resultados obtidos no presente

estudo, mais uma vez, mostram a influência do pH na biossíntese de pululana e,

portanto, a importância de ser investigar a produção deste biopolímero em condição

controlada de pH.

De modo a caracterizar o comportamento hidrodinâmico do polímero

produzido, foi determinada a viscosidade dos mostos fermentados. Porém, de forma

a reduzir o número de amostras, foram selecionadas aquelas cujos valores de YP/S

tenham sido iguais ou superiores a 0,27 g/g, com base em publicações mais

recentes (LEE et al., 2001). Nesta etapa, as viscosidades foram determinadas em

amostras de mostos fermentados e centrifugados, de 48 h de processo, para

diferentes taxas de cisalhamento.

A Figura 15 apresenta a análise viscosimétrica efetuada em amostras dos três

mostos selecionados para a linhagem IOC 3467. Pode-se observar que o perfil

viscosimétrico foi dependente da fonte de nitrogênio e da sua concentração, o que

pode ter conferido uma alteração na distribuição da massa molar da macromolécula

ou até mesmo o tipo de molécula. A viscosidade é dependente da estrutura e da

concentração do polímero, da sua massa molar e da sua distribuição, da

conformação da macromolécula em solução e de sua interação com o solvente, do

tipo de agregação inter e intramolecular, e ainda da flexibilidade das cadeias em

relação à temperatura (DEA, MCKINNO & REES, 1972; LOPES, 1989, CINQUINI-

DANTAS, 1992).

Para sulfato de amônio (C/N 150) e LCR (C/N 150), foi observado um

decréscimo da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento, sugestivo de

Page 90: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

69

Oliveira, J. D.

comportamento pseudoplástico (Figura 15). Já a viscosidade foi bem menor para

sulfato de amônio (C/N 5).

Segundo Seviour e colaboradores (1992), a pululana apresenta propriedades

pseudoplásticas em solução aquosa. O comportamento pseudoplástico advém da

orientação das moléculas na direção do fluxo o que, em consequência, ocasiona

menor resistência ao escoamento (SEVERS, 1962).

A modificação da forma das moléculas flexíveis, com a taxa de cisalhamento

e o efeito do fluxo no rompimento das interações intermoleculares são fatores que

contribuem também para as propriedades pseudoplásticas (MITCHELL, 1979).

Essas características favorecem o emprego do biopolímero como espessante em

produtos alimentícios líquidos e pastosos. A goma xantana é considerada a goma

industrial de maior grau de pseudoplasticidade, devido tanto a sua elevada massa

molar, como também à sua estrutura secundária rígida quando em solução (LOPES,

1989). Do ponto de vista sensorial, os polissacarídeos que possuem comportamento

pseudoplástico provocam menor sensação de gomosidade na boca do que aqueles

com comportamento newtoniano, sabendo que a taxa de cisalhamento considerada

para a mastigação se situa entre 50-200 s-1 (MORRIS, 1984 apud DIAZ, 2004). A

goma xantana dissolvida em água destilada ou deionizada, isto é, em baixa força

iônica ou, quando em temperatura elevada, assume conformação desordenada

(MORRIS & BELTON, 1982; NORTON et al., 1984; HOLZWARTH & PRESTRIDGE,

1997), a qual se deve à quebra das interações entre as cadeias laterais e o

esqueleto polimérico. Como consequência do afastamento das ramificações em

relação à cadeia principal, há um aumento do volume hidrodinâmico, conferindo à

espécie desordenada uma viscosidade mais elevada (LAUNAY, CUVELIER &

MARTINEZ-REYES, 1984).

No presente estudo, o maior valor de viscosidade (0,0252 Pa.s) para IOC

3011 foi obtido numa baixa taxa de cisalhamento (aproximadamente 16 s-1).

Page 91: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

70

Oliveira, J. D.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

15,9

365

,51

115,

916

5,5

215,

926

5,5

315,

936

5,5

415,

846

5,4

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

SA (C/N: 5) SA (C/N: 150) LRC (C/N: 150)

Figura 15 – Perfis viscosimétricos dos mostos fermentados com a linhagem IOC 3467 em diferentes

condições nutricionais (SA – sulfato de amônio; LRC – levedura residual cervejeira; C/N = 5 e 150)

(Advanced Rheometer 2000, 25°C).

A Figura 16 (A, B e C) apresenta os perfis viscosimétricos para diferentes

cultivos da linhagem IOC 3011. Analisando a figura, novamente observa-se o

comportamento pseudoplástico do biopolímero. Analogamente ao observado para a

linhagem IOC 3467, houve variação dos valores viscosimétricos em função da

alteração da fonte de nitrogênio e da sua concentração.

Lin e colaboradores (2007) observaram variação nas massas molares médias

de biopolímeros em função da linhagem produtora e da condição nutricional, sendo

a fonte de nitrogênio a de maior efeito. Para a produção de produtos de alta massa

molar, o íon amônio foi melhor do que o íon nitrato. No entanto, a concentração de

nitrogênio não mostrou influência significativa sobre a concentração e massa molar

do bioproduto. No pH inicial de 5,5, foi evidenciada maior massa molar, embora o pH

pareça ter muito pouca influência sobre a concentração do biopolímero.

Page 92: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

71

Oliveira, J. D.

00,0020,0040,0060,008

0,010,0120,0140,016

15,8

582

,21

149,

421

5,8

282,

134

9,4

415,

748

2,1

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

SA (C/N: 5) SA (C/N: 25)

B

0

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

15

,9

66

,3

11

6

16

6

21

6

26

6

31

6

36

5

41

6

46

6

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

NS (C/N: 5) NS (C/N: 25)NS (C/N: 50) NS (C/N: 150)

C

0

0,02

0,04

0,06

0,08

16

,1

65

,7

11

6

16

6

21

6

26

6

31

6

36

6

41

6

46

6

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

NA (C/N: 150) U (C/N: 25) LRC (C/N: 150)

A

Page 93: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

72

Oliveira, J. D.

Figura 16 – Perfis viscosimétricos dos mostos fermentados com a linhagem IOC 3011 em diferentes

fontes de nitrogênio (SA – sulfato de amônio; NS – nitrato de sódio; NA – nitrato de amônio; U – uréia;

LRC – levedura residual cervejeira; C/N = 5, 25, 50 e 150) (Advanced Rheometer 2000, 25°C).

A Figura 17 mostra os diferentes aspectos do biopolímero obtido para as

diversas condições de nitrogênio testadas. Os biopolímeros produzidos a partir das

fontes de nitrogênio inorgânico (sulfato de amônio, nitrato de sódio e nitrato de

amônio), após recuperação dos respectivos mostos fermentados, do mesmo modo,

apresentaram aspecto cristalino, de pó finamente particulado (Figura 17A). No

entanto, os cultivos do fungo nas fontes de nitrogênio orgânico (uréia e LRC)

levaram à formação de biopolímeros, que após recuperação, apresentaram aspecto

fibroso (Figura 17B).

Figura 17 – Aspectos de biopolímero obtidos utilizando diferentes fontes de nitrogênio. (A) Sulfato de

Amônio, Nitrato de Sódio e Nitrato de Amônio. (B) Uréia e Levedura Residual de Cervejaria –

Estereoscópio no aumento de 25 vezes.

De acordo com Shingel (2004), a fonte de nitrogênio tem efeito direto na

massa molar da pululana. Portanto, as amostras diferenciadas dos biopolímeros

obtidos neste estudo podem estar relacionadas à fonte de nitrogênio.

Aparentemente, a presença de moléculas maiores no meio poderiam favorecer a

síntese de cadeias mais longas na macromolécula e, por conseguinte, na formação

de estruturas fibrosas. A diferenciação do aspecto dos biopolímeros produzidos

também pode estar relacionada à produção de diferentes biopolímeros pelo A.

pullulans, uma vez que já foi evidenciada a síntese de outro biopolímero,

A B

Page 94: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

73

Oliveira, J. D.

denominado aubasidana, em associação à pululana (SINGH et al., 2008; CHI et al.,

2009). Estudos realizados por Barbosa e colaboradores (2004) mostraram ser a

aubasidana preferencialmente produzida em meios constituídos de nitrato de sódio

como fonte de nitrogênio.

Em suma, a fonte de nitrogênio, qualitativa e quantitativamente, interfere tanto

no crescimento de A. pullulans quanto na síntese do biopolímero, quer na

quantidade quer na estrutura química. Deste modo pode haver alteração da

viscosidade do mosto e no aspecto do biopolímero recuperado.

Com base nos resultados obtidos, a linhagem IOC 3011 e a fonte de

nitrogênio LCR foram selecionadas para o prosseguimento do trabalho. Destaca-se

que o uso de um rejeito industrial permitirá reduzir os custos do processo e,

consequentemente, tornará o produto comercialmente mais competitivo. Além disso,

possibilitará dar um destino apropriado para um rejeito de alta DBO (Demanda

Bioquímica de Oxigênio) gerado em grande quantidade pelas indústrias cervejeiras.

5.2. Influência do controle de pH na produção de pululana

Com a finalidade de monitorar o efeito do pH no crescimento celular, no

consumo de substrato e, principalmente, na produção de biopolímero pela linhagem

selecionada, foram realizados simultaneamente estudos cinéticos em duas distintas

condições: sem e com controle do pH.

A Figura 18 mostra os dados referentes à fermentação conduzida por

batelada convencional com a linhagem IOC 3011 em meio básico mineral

suplementado com 30 g/L de açúcar cristal e levedura residual cervejeira (C/N=150)

como fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente, conforme definido na etapa

anterior do trabalho (item 5.1). Este ensaio foi conduzido sem controle do pH,

inicialmente ajustado em 6,0.

Nas condições ensaiadas, o crescimento microbiano apresentou fase

exponencial com duração aproximada de apenas 24 h. Seguiu-se uma fase de

crescimento lento, com duração ao redor de 168 h, quando foi atingido o valor

máximo de cerca 2,0 x 108 células/mL.

Page 95: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

74

Oliveira, J. D.

Figura 18 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional para a produção

de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico mineral constituído de açúcar cristal e

levedura residual cervejeira, sem controle do pH.

Pode-se também notar a presença do composto polimérico no caldo

fermentado pouco tempo depois de iniciado o processo fermentativo, ou seja,

durante a fase exponencial de crescimento. O término da produção ocorreu ao início

da fase estacionária de crescimento, em torno de 168 h, quando foram obtidos cerca

de 15,6 g/L de biopolímero.

Lazaridou e colaboradores (2002b), cultivando A. pullulans 56 em meio

constituído de melaço de beterraba (50 g/L) e (NH4)2SO4 (0,4 g/L), também

observaram ser a produção de pululana associada à fase de crescimento da cultura,

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tempo (dias)

Substrato (g/L), biopolímero Produzido (g/L), pH

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09Biomassa (C

élulas/m

L)

Substrato Biopolímero produzido pH Biomassa

Page 96: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

75

Oliveira, J. D.

que resultou em 24,7 g/L de biopolímero em 144 h de fermentação. Por outro lado,

Wu e colaboradores (2009) demonstraram não ser a produção de pululana

associada ao crescimento celular, quando a fermentação da linhagem A. pullulans

AP329 foi realizada em batata doce.

Analisando a Figura 18, pode-se observar que o substrato foi totalmente

consumido, ratificando ser a assimilação da fonte de carbono direcionada para

síntese simultânea de materiais celulares e poliméricos. Neste caso, o substrato foi

principalmente direcionado para a geração do biopolímero, visto que nas primeiras

24 h, além do material polimérico, foi produzida a maior quantidade de biomassa e o

consumo de substrato foi de apenas 23%.

Para Campell e colaboradores (2003), o máximo de produção também

coincidiu com a exaustão da glicose. Em níveis iniciais elevados de nitrogênio, o

esgotamento da glicose ocorreu muito antes das 144 h fermentação, entre 32 e 40 h,

seguindo-se uma acentuada diminuição da concentração do exopolissacarídeo.

Lazaridou e colaboradores (2002b) não observaram consumo total de

substrato no decorrer do bioprocesso (192 h). Segundo eles, a concentração de

açúcar tende a zero ao fim de 120 h, quando utilizadas as concentrações iniciais de

35 e 50 g/L de melaço de cana. Para as concentrações de 70 e 100 g/L , foram

determinadas concentrações residuais de aproximadamente 17 g/L e 27 g/L,

respectivamente.

Em relação ao pH, nota-se uma queda gradual até o terceiro dia de processo,

com o valor variando de 6,0 a 3,7 (Figura 18). É interessante notar que a queda foi

mais intensa nas primeiras 24 h, ou seja, durante o período de maior velocidade

específica de crescimento. No restante do período monitorado, o pH se manteve

praticamente constante, oscilando entre 3,4 e 3,7. Conforme salientado

anteriormente, este valor de pH não é o ideal para a atividade metabólica do fungo.

Alguns autores evidenciaram alteração da morfologia, com inibição de síntese de

biopolímero (THIRUMAVALAVAN, MANIKKANDAN & DHANASEKAR, 2008).

Em suma, nas condições ensaiadas, a produção de biopolímero por A.

pullulans IOC 3011 foi preferencial à síntese de material celular e ocorreu de modo

Page 97: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

76

Oliveira, J. D.

associado ao crescimento celular. Sem controle de pH, foram obtidos cerca de 16

g/L do biopolímero, correspondendo a uma produtividade de 0,1 g/L.h.

Os perfis cinéticos referentes ao processo conduzido com controle de pH

encontram-se na Figura 19. Nesta condição, a fase exponencial de crescimento teve

duração também de 24 h e a quantidade máxima de biopolímero foi alcançada em

torno do 6º dia, ou seja, em menor intervalo de tempo, em comparação ao processo

conduzido sem controle de pH. Logo, o controle de pH além de aumentar a síntese

do biopolímero em torno de 14%, também acelerou o processo fermentativo. Cabe

ressaltar que com controle de pH, a quantidade de biopolímero no 2º dia (Figura 18)

já era 50% maior do que o determinado no processo sem controle de pH, no mesmo

período (Figura 19).

Nota-se, ainda, que as células atingiram a fase estacionária em apenas 72 h,

e sua concentração se manteve inalterada até o fim do monitoramento. Tal fato

indica que não houve lise celular, embora a depleção do substrato tenha sido

constatada ao redor do 7º dia. Aparentemente, também não houve degradação do

biopolímero produzido já que a sua concentração se manteve estável.

Em alguns casos foi determinada a excreção de enzimas por linhagens de A.

pullulans em condição de estarvação. A ação hidrolítica destas enzimas no meio

reacional resulta na conversão da macromolécula em moléculas simples que podem

ser assimiladas pelo fungo. Neste caso, a pululana passa a ter a função de material

de reserva.

Lazaridou e colaboradores (2002b) observaram queda da concentração de

pululana a partir do 6° dia. West e Strohfus (1996) apud Lazaridou e colaboradores

(2002b) citam a liberação da enzima glicoamilase A nas fases finais de fermentação,

cuja atividade hidrolítica causava a queda do rendimento e massa molar de

pululana. Esta enzima atua na hidrólise do amido, mas também é capaz de catalisar

a quebra das ligações glicosídicas da pululana (LAZARIDOU et al., 2002a; 2002b).

Aparentemente, a síntese das enzimas extracelulares responsáveis pela hidrólise de

exopolissacarídeos por A. pullulans é regulada pela repressão catabólica da glicose

(PITSON et al., 1993 apud Campbell et al., 2003).

Page 98: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

77

Oliveira, J. D.

Figura 19 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional para a produção

de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico mineral constituído de açúcar cristal e

levedura residual cervejeira, com controle de pH.

O consumo total de sacarose só ocorreu quando foi atingida a produção

máxima de biopolímero. No terceiro dia, ou seja, na metade do período total do

processo, foi determinado: crescimento máximo, quantidade de biopolímero de cerca

65% da produção total, e consumo de substrato de aproximadamente 70% da sua

concentração inicial. Portanto, a partir do terceiro dia, o restante do substrato foi

principalmente direcionado para a síntese do bioproduto.

É importante mencionar que foi possível manter o pH em 6,0, ao longo de 240

h, apenas pela adição de tampão de fosfato de potássio-hidróxido de sódio. Assim,

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tempo (dias)

Substrato (g/L), Biopolím

ero Produzido (g/L), pH

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Célu

las/mL

Substrato Biopolímero produzido pH Biomassa

Page 99: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

78

Oliveira, J. D.

pode-se evitar a adição periódica de agentes de neutralização, que representam um

ônus a mais para o processo.

Na Figura 20 estão apresentados os valores dos fatores de conversão de

substrato em produto (YP/S) e em biomassa (YX/S), determinados em diferentes

tempos no decorrer dos processos fermentativos conduzidos sem e com controle de

pH. Comparativamente, o valor de YP/S foi um pouco maior na condição de controle

do pH, o que indica ser a conversão de substrato em biopolímero ligeiramente

favorecida (Figura 20A). No entanto, a conversão de substrato em biomassa foi

preponderante quando a fermentação do meio transcorreu sem controle do pH

(Figura 20B).

Resultados semelhantes de concentração de pululana e de YP/S foram obtidos

por Sena e colaboradores (2006). Em 96 h foram alcançados 26,2 g/L e 17,4 g/L e

0,525g/g e 0,348 g/g, respectivamente para A. pullulans NRRL Y-2311-1 e A.

pullulans NRRL Y-6220.

Page 100: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

79

Oliveira, J. D.

A

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Tempo (dias)

YP/S (g/g)

B

00,010,020,030,040,050,060,070,080,09

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tempo (dias)

YX/S (g/g)

Sem tampão Com tampão

Figura 20 – Variação dos fatores de conversão de substrato em produto (YP/S) – A – e em biomassa

(YX/S) – B – durante a fermentação de açúcar cristal e levedura residual cervejeira (C/N 150), com

controle de pH e sem controle de pH.

Page 101: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

80

Oliveira, J. D.

A Figura 21 (A e B) mostra o aspecto dos biopolímeros recuperados a partir

dos mostos, com e sem controle de pH, respectivamente. Ambos apresentaram igual

aspecto fibroso, um indício de que o pH não interferiu na estrutura da

macromolécula, desde que seja estabelecido um valor inicial adequado. Contudo, o

biopolímero proveniente do processo conduzido sem controle de pH (Figura 21A)

apresentava coloração escura, enquanto a obtida com controle de pH mantinha-se

sem pigmentação. Isto é um indício de que o pH pode interferir na produção de

melanina. A presença de cor em biopolímeros pode limitar suas possibilidades de

aplicação. Assim, para a obtenção do produto para alguns tipos de uso comercial, o

biopolímero pigmentado deveria ser submetido a um posterior tratamento, o que

acarretaria em aumento do seu custo final.

Figura 21 – Representação dos biopolímeros recuperados após 48 h de fermentação (A – sem

controle do pH; B – com controle do pH); Estereoscópio no aumento de 25x.

Na Figura 22 encontram-se os valores de viscosidade aparente de mostos

fermentados com controle de pH para os intervalos de tempo de 24 a 72 h (Figura

22A), 96 a 144 h (Figura 22B) e 168 a 240 h (Figura 22C). A análise da Figura 22

mostra que para todos os tempos, ocorre uma diminuição da viscosidade com o

aumento da taxa de cisalhamento, característico de comportamento pseudoplástico.

A Figura 22 (A e B) mostra que o valor da viscosidade do mosto fermentado na

menor taxa de cisalhamento aumenta com o aumento do tempo de 24 h para 120 h.

A B

Page 102: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

81

Oliveira, J. D.

Entretanto, no período de 144 a 240 h, praticamente não houve variação da

viscosidade.

Para o tempo de 72 h, foi constatado o maior valor de viscosidade 0,054 Pa.s

na menor taxa de cisalhamento (Figura 22A). A partir de 96 h houve um ligeiro

aumento nos valores de viscosidade em baixa taxa de cisalhamento (15,5 s-1)

(Figura 22B). Entretanto, a viscosidade dos mostos se manteve inalterada a partir da

taxa de cisalhamento 100 s-1 (Figura 22B). Na Figura 22B observa-se, também, que

o maior valor de viscosidade (0,085 Pa.s) foi alcançado na taxa de cisalhamento de

16,6 s-1 para o tempo de 144 h. No entanto, nessas condições de processo (com

controle de pH), o biopolímero recuperado apresentou intensa pigmentação.

Nos tempos de fermentação de 144 h e 240 h foram observados os maiores

valores de viscosidade aparente nas menores taxas de cisalhamento, porém, ocorre

o problema de pigmentação. Como esses valores são bastante próximos, para

minimização do custo de processo, é mais indicado interromper o processo no 6º

dia. Cabe ressaltar que a pigmentação é um problema apenas dependendo da sua

aplicação, como na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica.

Os resultados referentes à análise viscosimétrica do mosto sem controle de

pH encontram-se no Anexo I. Nesta condição, a viscosidade do mosto fermentado

foi bem menor do que a determinada quando o mosto foi fermentado com controle

de pH. Segundo Lee e colaboradores (2001), baixos valores de pH podem induzir a

atividade da enzima pululanase, cuja ação resulta na redução da massa molar do

EPS, o que explica a obtenção de baixos valores de viscosidade para os mostos em

que não foi feito o controle do pH.

Page 103: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

82

Oliveira, J. D.

A

0

0,02

0,04

0,06

15,6

265

,99

115,

616

621

5,5

266

315,

636

5,9

415,

546

5,9

Taxa de Cisalhamento (s-1)Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

B

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

15,6

265

,99

115,

616

621

5,5

266

315,

636

5,9

415,

546

5,9

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

15,6

265

,99

115,

616

621

5,5

266

315,

636

5,9

415,

546

5,9

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h 216 h 240 h

Figura 22 – Análise viscosimétrica de mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira, em diferentes tempos de fermentação pela linhagem Aureobasidium pullulans IOC 3011

com a adição de tampão (Advanced Rheometer 2000, 25°C).

Page 104: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

83

Oliveira, J. D.

5.3. Estudo cinético para avaliação da melhor relação C/N para a fonte de

nitrogênio selecionada na produção de biopolímero

Foram realizados estudos cinéticos a fim de monitorar o crescimento celular,

o consumo de substrato e a produção de biopolímero, bem como o rendimento em

biopolímero, para o cultivo da linhagem selecionada, A. pullulans IOC 3011, a partir

de açúcar cristal e LRC, com controle de pH, desta vez com concentrações mais e

menos limitantes de nitrogênio – relações C/N de 100, 150, 200 e 250 – em função

da relação C/N anteriormente definida (Figuras 23 e 24).

Analisando as figuras pode-se observar que o crescimento exponencial

ocorreu nas primeiras 24 h, independentemente da concentração de nitrogênio. Com

48 h foram alcançados os valores máximos de 4,3 x 107, 5,9 x 107, 3,9 x 107 e 1,5 x

107 células/mL respectivamente nas relações C/N de 100, 150, 200 e 250.

Campbell e colaboradores (2003) obtiveram um crescimento exponencial nas

primeiras 24 h para glicose e nitrato de sódio nas relações C/N de 25 e 50, enquanto

para C/N de 200, o crescimento tenha ocorrido ao longo de todo o bioprocesso.

A síntese de biopolímero foi observada nas quatro condições testadas

(Figuras 23 e 24). Independentemente da quantidade de nitrogênio disponível no

meio reacional, os valores máximos foram alcançados ao redor do 6º dia. Entretanto,

a limitação acentuada de nitrogênio (C/N 200 e 250) causou um decréscimo

considerável da quantidade produzida (Figuras 24 A e B). Nestes casos, as maiores

concentrações de polímero obtidas equivaleram a aproximadamente 25% das

produções obtidas nas relações C/N de 100 e 150 (Figuras 23 A e B).

Roukas (1999) obteve o máximo de biopolímero produzido, de 6 g/L, por A.

pullulans P56, a partir de sacarose (30 g/L) e (NH4)2SO4 (0,6 g/L) em 72 h, quando

foi detectado o consumo total de substrato. No entanto, houve uma queda

considerável da concentração da pululana com o passar do tempo.

Apesar da similaridade de crescimento celular (aumento de apenas 1 ordem

de grandeza) e da diferente produção de biopolímero (5 a 18 g/L), o perfil de

consumo de substrato foi semelhante (Figuras 23 e 24). No segundo dia de

processo, quando a concentração de biomassa alcançou seu valor máximo, o

Page 105: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

84

Oliveira, J. D.

percentual de substrato consumido foi de aproximadamente 50%. Neste ponto,

estranhamente, em todas as condições nutricionais, as concentrações de polímero

correspondiam também a cerca da metade da produção total (Figuras 23 e 24).

Portanto, a limitação acentuada de nitrogênio pode ter induzido a síntese de outros

metabólitos, os quais não tiveram influência no pH, já que este se manteve

inalterado no decorrer de todos os processos.

De modo a permitir uma análise mais criteriosa, os resultados obtidos em

condições pouco limitantes de nitrogênio (Figura 11) e muito limitantes (Figuras 23 e

24) foram plotados em conjunto na Figura 25. Nota-se que os valores apresentados

são referentes ao 2º e 5º dia de processo. Conforme pode ser observado, o aumento

da síntese de polímero está diretamente relacionado à redução da fonte de

nitrogênio até as relações C/N de 100 e 150, quando foram alcançadas as maiores

produções de biopolímero, de aproximadamente 9 e 18 g/L, para tempos de 48 e

120 h, respectivamente. No entanto, o emprego de quantidades menores de LRC

(C/N de 200 e 250) teve um efeito muito adverso na síntese do biopolímero, sendo

obtido cerca de 1/3 da produção máxima. Cabe ressaltar que a maior quantidade de

biopolímero, de 18,2 g/L, foi obtida no 5º dia de processo, para C/N 100.

Alguns autores, utilizando outras linhagens e condições de processo,

conseguiram obter maiores produções de pululana. Lazaridou e colaboradores

(2002a) obtiveram 34 g/L de pululana cultivando A. pullulans P56 em meio

constituído por melaço (S0=50 g/L) em frascos agitados por 144 h de incubação.

Quando o processo foi conduzido em biorreator, com agitação de 700 rpm, a

produção foi 1,4 vezes maior no mesmo período.

Page 106: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

85

Oliveira, J. D.

A

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (dias)

Substra

to (g/L). B

iopolím

ero P

roduzido

(g/L)

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Biomassa (C

élulas/m

L)

B

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (dias)

Substrato (g/L), Biopolímero

Produzido (g/L)

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Biomassa (C

élulas/m

L)

Biopol. Produzido Substrato Biomassa

Figura 23 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional para a produção

de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico mineral constituído de açúcar cristal e

levedura residual cervejeira nas relações C/N de 100 (A) e 150 (B), com controle de pH em 6,0.

Page 107: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

86

Oliveira, J. D.

A

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (dias)

Substrato (g/L), Biopolímero

Produzido (g/L)

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Biomassa

(Célu

las/mL)

B

0

5

10

15

20

25

30

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (dias)

Substrato (g/L), Biopolímero

Produzido (g/L)

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

Biomassa (C

élulas/m

L)

Biopolímero Produzido Substrato Biomassa

Figura 24 – Cinética do processo fermentativo conduzido por batelada convencional para a produção

de biopolímero por A. pullulans IOC 3011 em meio básico mineral constituído de açúcar cristal e

levedura residual cervejeira nas relações C/N de 200 (A) e 250 (B), com controle de pH em 6,0.

Page 108: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

87

Oliveira, J. D.

0

5

10

15

20

Concentração de

Biopolímero (g/L)

5 25 50 100 150 200 250

Relação C/N

2 dias 5 dias

Figura 25 – Perfil da produção de biopolímero no segundo e quinto dias de fermentação utilizando

como fonte de nitrogênio levedura residual de cervejaria nas relações C/N de 5, 25, 50, 100, 150, 200

e 250 g/g.

A Figura 26 apresenta os valores do fator de conversão substrato em produto

(YP/S) determinados durante a fermentação de açúcar cristal e LRC, para relações

C/N de 100, 150, 200 e 250, conduzida com o controle de pH.

Page 109: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

88

Oliveira, J. D.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (dias)

YP/S (g/g)

C/N = 100 C/N = 150 C/N = 200 C/N = 250

Figura 26 – Variação do fator de conversão de substrato em produto (YP/S) para a fermentação de açúcar cristal e levedura residual cervejeira em diferentes relações C/N, com controle de pH em 6,0.

O maior valor de YP/S foi determinado para o emprego de LRC na relação C/N

de 100, indicando que a conversão de substrato em biopolímero foi favorecida e,

exceto para esta condição, as demais relações de C/N apresentaram valores

máximos de YP/S no segundo dia. Estes valores se mantiveram praticamente

constantes no decorrer do processo. Isto sugere que a linhagem empregada neste

estudo não sintetiza exoenzimas capazes de degradar a pululana, como relatado por

outros autores (LEE et al., 2001; LAZARIDOU et al, 2002a), ou as condições

ensaiadas inibiram a sua síntese.

A Tabela 7 apresenta os valores máximos para os fatores de conversão de

substrato em produto (YP/S) e em biomassa (YX/S), e produtividade (P), nos

respectivos tempos em que a produção foi máxima. As conversões de substrato em

biomassa não foram muito diferentes, sendo a relação C/N 250 foi a que direcionou

menos carbono para a síntese de células. Possivelmente, esta concentração de LRC

não atende a necessidade mínima de nitrogênio pelas células. Este elemento é

essencial para a síntese de aminoácidos, que por sua vez compõem as proteínas,

além de nucleotídeos (ácidos nucléicos), coenzimas, etc.

Page 110: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

89

Oliveira, J. D.

Tabela 7 – Análise comparativa das cinéticas do processo fermentativo conduzido

por batelada convencional para a produção de biopolímero por A. pullulans IOC

3011 em meio básico mineral, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira para diferentes relações carbono/nitrogênio, com controle de pH

Relação C/N Tempo (h) YP/S (g/g)* YX/S (g/g)** P (g/L.h)***

100 120 0,65 0,02 0,15 150 120 0,62 0,04 0,14 200 120 0,22 0,03 0,05 250 144 0,18 0,01 0,03

* Fator de conversão substrato em produto; ** Fator de conversão substrato em biomassa; *** Produtividade.

Por outro lado, a conversão de substrato em biopolímero foi maior quanto

menor a quantidade de nitrogênio. Para as relações de C/N de 100 e 150, foram

determinados rendimentos em biopolímero muito superiores a 0,27 g/g, valor

indicado como satisfatório por Lee e colaboradores (2001). Pode-se aferir que, nas

condições ensaiadas, a limitação de nitrogênio quando se emprega C/N superior a

150 causa a inibição da síntese da macromolécula.

Segundo alguns autores (SEVIOUR et al., 1992; CHI & ZHAO, 2003), uma

condição limitante de nitrogênio é ideal para a produção de pululana. Obviamente, a

concentração ideal de nitrogênio depende da linhagem, do substrato e sua

concentração, bem como das condições de cultivo. Portanto, é fundamental estudar

caso a caso.

A análise comparativa dos resultados apresentados na Tabela 7 permite

eleger a relação C/N de 100 como a ideal para este estudo. Contudo, como esta

relação também pode influenciar a estrutura do biopolímero é importante avaliar a

viscosidade do mosto antes de estabelecer o valor em definitivo.

Os valores de viscosidade aparente, determinados em amostras do mosto

fermentado, nas diferentes relações C/N testadas (100, 150, 200 e 250), foram

plotados nas Figuras 27, 28, 29 e 30, respectivamente. A fim de facilitar a análise,

para cada relação C/N, os dados foram distribuídos de modo que as figuras A

Page 111: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

90

Oliveira, J. D.

correspondessem ao intervalo de 24 a 72 h.; B: de 96 a 144 h.; e C: de 168 a 192 h.

É possível observar que a viscosidade cai com o aumento da taxa de cisalhamento,

confirmando o comportamento pseudoplástico do polímero produzido. Este

comportamento é típico para soluções poliméricas de polissacarídeos microbianos

(CACIK et al., 2001; PADILHA, 2003; RAO et al., 2003).

Analisando as figuras, constata-se ainda que a viscosidade do mosto

fermentado aumenta no decorrer da fermentação. E, apesar das diferentes

quantidades de polímeros obtidas em cada condição (Figuras 23 e 24) nos maiores

tempos (168 e 192 h), as viscosidades tendem ao mesmo valor (Figuras 27C, 28C,

29C e 30C).

Vijayendra, Bansal e Prasad (2001) também não observaram redução da

viscosidade do mosto fermentado durante estudo cinético. Os máximos de

viscosidade de 0,18 e 0,21 Pa.s, para a taxa de cisalhamento de 1,6 s-1, foram

alcançados em 96 h para açúcar mascavo e glicose, respectivamente.

Neste estudo, para o tempo de fermentação de 72 h, a maior viscosidade

(0,17 Pa.s) determinada na menor taxa de cisalhamento (7,728 s-1), foi relativa ao

mosto fermentado, na relação C/N 100 (Figura 27A). Para igual tempo, a viscosidade

do mosto com C/N de 150 foi um pouco menor (Figura 28). Nas demais C/N, as

viscosidades foram muito baixas (Figuras 29A e 30A).

Com base na análise conjunta dos resultados de quantidade de biopolímero

produzido, conversão de substrato em biopolímero, produtividade e viscosidade do

mosto, foi definido o rejeito industrial LRC, na relação carbono/nitrogênio de 100,

para a formulação do meio para produção de biopolímero por A. pullulans IOC 3011,

a partir de açúcar cristal, e o tempo de processo de 120 h.

Page 112: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

91

Oliveira, J. D.

B

0

0,05

0,1

0,15

0,2

7,72

849

,31

90,9

213

2,5

174,

121

5,7

257,

329

8,9

340,

438

2,8

424,

546

6

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h

Figura 27 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira (relação C/N 100), em diferentes tempos de fermentação pela linhagem A. pullulans IOC

3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced Rheometer 2000, 25ºC).

A

0

0,04

0,08

0,12

0,16

7,72

857

,32

107,

715

7,3

207,

725

7,3

307,

735

7,2

407,

645

8,1

Taxa de Cisalhamento (s -1)

Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

Page 113: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

92

Oliveira, J. D.

A

0

0,02

0,04

0,06

0,08

7,72

857

,32

107,

715

7,3

207,

725

7,3

307,

735

7,2

407,

645

8,1

Taxa de Cisalhamento (s-1)Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

B

0

0,04

0,08

0,12

0,16

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h

Figura 28 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira (relação C/N 150), em diferentes tempos de fermentação pela linhagem A. pullulans IOC

3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced Rheometer 2000, 25ºC).

Page 114: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

93

Oliveira, J. D.

A

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

B

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

7,72

857

,32

107,

715

7,3

207,

725

7,3

307,

735

7,2

407,

645

8,1

Taxa de Cisalhamento (s -1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

7,72

849

,3190

,9213

2,517

4,121

5,725

7,329

8,934

0,438

2,842

4,5

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h

Figura 29 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira (relação C/N 200), em diferentes tempos de fermentação pela linhagem A. pullulans IOC

3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced Rheometer 2000, 25ºC).

Page 115: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

94

Oliveira, J. D.

A

0

0,02

0,04

0,06

0,08

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

B

0

0,02

0,04

0,06

0,08

7,73

49,3

90,9

133

174

216

257

299

340

383

425

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

7,72

849

,3190

,92

132,

517

4,121

5,7

257,

329

8,9

340,

438

2,8

424,

546

6

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h

Figura 30 – Análise viscosimétrica do mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual

cervejeira (relação C/N 250), em diferentes tempos de fermentação pela linhagem A. pullulans IOC

3011, com controle de pH em 6,0 (Advanced Rheometer 2000, 25ºC).

Page 116: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

95

Oliveira, J. D.

5.4. Caracterização dos biopolímeros obtidos

Nesta etapa foi feita a caracterização do biopolímero obtido pelo cultivo da

linhagem IOC 3011 em meio constituído de açúcar cristal e LCR, na relação C/N de

100, por 120 h. A caracterização foi efetuada para o biopolímero recuperado, bem

como para o biopolímero tratado para remoção de impurezas (biopolímero

parcialmente purificado). Antes de serem analisados por FTIR e termogravimetria,

ambos biopolímeros foram liofilizados. Entretanto, a análise viscosimétrica foi

realizada com amostras não liofilizadas uma vez que a ausência total de água pode

impedir a posterior ressolubilização dos biopolímeros em água, necessária para a

sua realização.

5.4.1. Análise espectroscópica de absorção na região do infravermelho por

Transformada de Fourier (FTIR)

Com o intuito de analisar a natureza química do biopolímero obtido foi feita a

análise por espectroscopia de absorção na região do infravermelho com

transformada de Fourier (FTIR). Com fins comparativos, também foi determinado o

perfil espectroscópico da pululana padrão da marca Sigma-Aldrich.

Os espectros das três amostras analisadas, pululana padrão e dos

biopolímeros obtidos (não purificado e purificado) são apresentados em conjunto na

Figura 31. A Figura 31 demonstra a presença, nos três biopolímeros, dos seguintes

grupos funcionais: CH, CH2, C-O-C, C-O, H-O-H, OH e C=O assim como observado

por Sakata e Otsuka (2009).

As bandas na região de 2940-2840 cm-1 são atribuídas ao estiramento

vibracional simétrico e assimétrico de grupos CH2 e ao estiramento vibracional de

CH. Nota-se, também, uma absorção na região 1080 cm-1 que corresponde à

deformação axial simétrica de C-O-C e a ligação glicosídica, e em 1162 cm-1 que

corresponde à deformação axial assimétrica C-O-C (SILVERSTEIN et al., 1994;

SAKATA & OTSUKA, 2009). A banda de absorção em 1640 cm-1 corresponde à

banda de água (H-O-H) (SAKATA & OTSUKA, 2009).

Page 117: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

96

Oliveira, J. D.

A banda na região de 1790 - 1740 cm-1 está associada ao estiramento

vibracional de grupos carboxílicos (deformação axial de C=O de acetato) e em 1629

cm-1 a deformação assimétrica do grupamento C=O. Esses resultados indicam que

uma pequena quantidade de grupos carboxílicos pode ter sido formada a partir da

oxidação de grupos alcoólicos.

Na faixa espectral 3440 - 3300 cm-1, revelada em todas as amostras

analisadas, ocorre uma banda larga de absorção, característica do estiramento e

deformação axial de grupos hidroxila (O-H), participantes das interações tipo

ligações hidrogênio. Em 1020 cm-1, ocorre uma deformação axial de C-O de álcoois

primários.

Figura 31 – Espectros na região do infravermelho da pululana padrão (Sigma-Aldrich) e dos

biopolímeros recuperados dos mostos em 120 h de fermentação (biopolímero purificado e não

purificado), utilizando como fonte de nitrogênio a LRC na relação C/N 100.

Em 2004, Seo e colaboradores observaram um aumento da produção de

pululana pelo cultivo da linhagem A. pullulans HP-2001 em fontes alternativas de

Page 118: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

97

Oliveira, J. D.

nitrogênio (extrato de levedura e bagaço de feijão de soja). Os espectros de FTIR

das pululanas produzidas foram similares independentemente dos nutrientes usados

na formulação do meio (extrato de levedura, bagaço de feijão de soja, e a mistura).

Em todos os casos, os autores observaram uma forte absorção em 3380 cm-1

indicando que todas as pululanas apresentaram algumas unidades repetidas de OH,

como ocorre em açúcares. Os autores observaram também que todas as amostras,

apresentaram uma forte absorção a 2300 cm-1 indicativo de carbono sp3.

Segundo Freixo (2002), as ligações existentes entre o grupamento O-H são

muito fortes, o que leva a uma menor vibração das moléculas, e resulta em uma

banda larga quando as amostras são analisadas no infravermelho.

Por fim, é notória a similaridade entre as amostras de pululana sintetizadas

pela linhagem A. pullulans IOC 3011 (biopolímero não purificado e parcialmente

purificado) e a de referência, considerando os aspectos obtidos por espectroscopia

de infravermelho. Portanto, o exopolissacarídeo precipitado pode ser identificado

como pululana.

5.4.1. Viscosimetria das soluções de biopolímero em diferentes

concentrações em regime isotérmico

Para definir a aplicabilidade de um polímero, deve-se estabelecer, em

primeiro lugar, quais as propriedade físicas e sensoriais desejáveis. Em seguida,

devem ser definidas as condições de processamento e de armazenagem do produto

alimentício ao qual o polímero será aplicado.

Com o intuito de melhorar a qualidade dos produtos e reduzir os custos de

produção, as indústrias têm investido em pesquisas com finalidade de avaliar o

comportamento de diferentes polissacarídeos, individualmente, e, em misturas,

quando submetidos a diferentes condições de processo. Dentre os aspectos

estudados, o comportamento reológico de soluções de polissacarídeos é um dos

mais importantes, pois está fortemente associado à estrutura molecular e, portanto,

relacionada à qualidade do produto final (TONELI et al., 2005). Sabe-se, ainda, que

Page 119: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

98

Oliveira, J. D.

a viscosidade da solução aquosa de um polissacarídeo está diretamente relacionada

com a rigidez de sua molécula que, por sua vez, depende da sua estrutura,

principalmente primária e secundária, a qual está diretamente relacionada ao micro-

organismo utilizado e às condições operacionais do processo (BRADSHAW et al.,

1983 apud DIAZ, 2004).

Soluções de biopolímeros microbianos com propriedades reológicas

interessantes do ponto de vista industrial geralmente exibem propriedades

pseudoplásticas, viscoelásticas e tensão residual elevada, porém a viscosidade

aparente do caldo de fermentação tem sido o parâmetro utilizado para avaliar a

qualidade do biopolímero (SUTHERLAND, 2001, BUENO & GARCIA-CRUZ, 2000).

Entretanto, estudos mais recentes têm mostrado que este não é o melhor parâmetro

de avaliação. Antunes (2000) mostrou que a análise da viscosidade de soluções

aquosas de xantana revela, com maior precisão, a potencialidade de aplicação

industrial da goma, se comparado com o resultado de viscosidade do caldo de

fermentação. A tendência atual é de avaliar a qualidade de um biopolímero através

da determinação da viscosidade aparente, em solução aquosa de baixa

concentração (SILVA & RAO, 1999; DIAZ, 2002; FORESTI, 2003).

Neste estudo, as soluções aquosas dos biopolímeros (não purificado,

purificado e o de referência), em 4 diferentes concentrações (0,05; 0,1, 0,3 e 0,5

g/L), na temperatura de 25ºC, foram analisadas viscosimetricamente. A Figura 32

apresenta o comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (Figura

32A), purificado (Figura 32B) e pululana padrão (Figura 32C) utilizando como fonte

de nitrogênio levedura residual de cervejaria na relação C/N de 100.

Analisando a viscosidade das soluções aquosas do biopolímero não

purificado, na taxa de cisalhamento de referência, de aproximadamente 603 s-1,

nota-se que ao variar a concentração de 0,5 g/L para 0,3 g/L, ocorre uma queda de

1,14 x 10-3 Pa.s para 1,01 x 10-3 Pa.s (Figura 32 A). No entanto, viscosidades de

8,55 x 10-4 Pa.s e 9,74 x 10-4 Pa.s foram determinadas para as concentrações de

0,1 g/L e 0,05 g/L, respectivamente.

Page 120: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

99

Oliveira, J. D.

A

0,00E+002,00E-044,00E-046,00E-048,00E-041,00E-031,20E-031,40E-031,60E-031,80E-032,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

0,5 g/L 0,3 g/L 0,1 g/L 0,05 g/L

B

0,00E+002,00E-044,00E-046,00E-048,00E-041,00E-031,20E-031,40E-031,60E-031,80E-032,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

0,5 g/L 0,3 g/L 0,1 g/L 0,05 g/L

C

0,00E+002,00E-044,00E-046,00E-048,00E-041,00E-031,20E-031,40E-031,60E-031,80E-032,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

0,5 g/L 0,3 g/L 0,1 g/L 0,05 g/L

Figura 32 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A), biopolímero purificado

(B) produzido por Aureobasidium pullulans IOC 3011, utilizando como fonte de nitrogênio levedura

residual de cervejaria na relação C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-Aldrich – (C) a diferentes

concentrações em solução (Advanced Rheometer 2000, 25ºC).

Page 121: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

100

Oliveira, J. D.

Pela Figura 32B, pode-se observar também que a redução da concentração

do biopolímero purificado resulta diminuição da viscosidade. A redução da

concentração do biopolímero purificado em solução aquosa de 0,5 g/L para 0,3 g/L

resultou em variação da viscosidade de 1,04 x 10-3 Pa.s para 9,89 x 10-4 Pa.s, ou

seja, uma queda de 4,9%. Um decréscimo maior da viscosidade, de

aproximadamente 13,5%, foi determinado quando a concentração do biopolímero

passou de 0,1 para 0,05 g/L.

A partir da análise da Figura 32C nota-se que as soluções de pululana padrão

também apresentaram um perfil viscosimétrico semelhante às soluções obtidas

através de soluções dos biopolímeros sintetizados nas condições previamente

determinadas (linhagem; fonte de nitrogênio, controle de pH e relação C/N).

Soluções mais concentradas geraram viscosidades maiores que soluções menos

concentradas. Quando analisada a solução com 0,5 g/L de pululana padrão, obteve-

se viscosidade igual a 1,01 x 10-3 Pa.s, caindo 3,56% quando sua concentração caiu

para 0,3 g/L (9,74 x 10-4 Pa.s). Houve uma redução de 10,37 e 9,16% quando as

concentrações caíram de 0,3 para 0,1 e 0,1 para 0,05 g/L (8,73 x 10-4 e 7,93 x 10-4

Pa.s, respectivamente).

Nota-se, portanto, que, para todas as amostras (Figura 32), o aumento das

concentrações do biopolímero nas soluções causou também o aumento da

viscosidade das soluções.

Lazaridou e colaboradores estudaram (2002a) a viscosidade (em 20°C) de

soluções contendo diferentes concentrações (94; 67; 48 e 28 g/L) de pululana

produzida a partir de melaço de beterraba. Demonstraram que a redução da

concentração de pululana nas soluções gera uma redução nos valores

viscosimétricos, apresentando, assim, o mesmo comportamento apresentado nesta

dissertação. Lazaridou e colaboradores obtiveram, para todas soluções estudadas

(94; 67; 48 e 28 g/L), um comportamento newtoniano e a viscosidade das soluções

caiu com a redução de sua concentração. Foi alcançada uma viscosidade de,

aproximadamente, 1,0 x 10-2 Pa.s, quando utilizada a concentração de 67 g/L, num

intervalo de taxa de cisalhamento de 100 a 1000 s-1. Isso mostra a qualidade do

biopolímero obtido nas condições selecionadas neste trabalho, já que em

Page 122: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

101

Oliveira, J. D.

concentrações bastante inferiores produziram viscosidades apenas uma ordem de

grandeza inferior. O biopolímero obtido neste trabalho na concentração igual a 0,5

g/L gerou viscosidade, na taxa de cisalhamento de aproximadamente 603 s-1, igual a

1,04 x 10-3 Pa.s. Comparando com a obtida por Larazidou e seus colaboradores

(2002a), a concentração reduziu em 99,3%, mas a viscosidade reduziu apenas

86,6%.

Em estudo realizado por Vijayendra, Bansal e Prasad (2001), as viscosidades

da pululana, na concentração de 1% em solução aquosa, determinadas na taxa de

cisalhamento de 1,6 s-1 variaram em função da matéria-prima usada para sua

produção. O maior valor de 0,1605 Pa.s foi obtido para açúcar mascavo e o menor

(0,032 Pa.s) para glicose. Estes autores também determinaram a massa molar e

viscosidade da pululana em solução (10 mg/mL) para diferentes tempos de

fermentação (72, 120 e 168 h). Em 72 h foram alcançados os maiores valores de

massa molar e de viscosidade. Os máximos de viscosidade foram 0,01526, 0,01741

e 0,01525 Pa.s, na taxa de cisalhamento igual a 264 s-1, para as linhagens BK4,

BK6 e NRM2. Porém, nos dias subsequentes ocorreu o decréscimo de todos esses

valores.

� Comportamento do biopolímero em solução perante a variação de

temperatura

Além de ser medida direta da qualidade do fluido, a viscosidade pode fornecer

importantes informações a respeito das mudanças fundamentais na estrutura do

fluido durante um determinado processo, como polimerização, emulsificação e

homogeneização (DIAZ, 2004).

A temperatura tem uma importante influência sobre o comportamento de

escoamento de soluções de hidrocolóides. Uma vez que diferentes temperaturas são

utilizadas durante o seu processamento, suas propriedades reológicas devem ser

estudadas em função da temperatura (TONELI et al., 2005).

Page 123: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

102

Oliveira, J. D.

A

0,00E+00

5,00E-04

1,00E-03

1,50E-03

2,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s -1)

Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

B

0,00E+00

5,00E-04

1,00E-03

1,50E-03

2,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s -1)

Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

C

0,00E+00

4,00E-04

8,00E-04

1,20E-03

1,60E-03

2,00E-03

300 400 500 600 700 800

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

Figura 33 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A), biopolímero purificado

(B) produzido por Aureobasidium pullulans IOC 3011, utilizando como fonte de nitrogênio levedura

residual de cervejaria na relação C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-Aldrich – (C) na

concentração de 0,5 g/L em solução (Advanced Rheometer 2000, 10, 25 e 35ºC).

Page 124: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

103

Oliveira, J. D.

Assim, com o intuito de comparar o comportamento viscosimétrico do

biopolímero em solução, foram analisadas, para uma mesma concentração (0,5 g/L),

a variação viscosimétrica em função do aumento da taxa de cisalhamento 300 a 800

s-1 por 6 minutos ida e volta das três amostras em estudo (biopolímero não

purificado, purificado e padrão), em 3 diferentes temperaturas: 10, 25 e 35ºC.

A partir da análise da Figura 33, nota-se que, para todas as amostras, a

redução da qualidade viscosimétrica ocorre com o aumento da temperatura.

A Figura 33A mostra que, numa taxa de cisalhamento igual a 603 s-1, a 10ºC

é obtida uma viscosidade igual a 1,63 x 10-3 Pa.s. Quando a temperatura aumenta

para 25ºC, a viscosidade é de 1,14 x 10-3 Pa.s e, por fim, quando elevada à 35ºC,

apresenta uma viscosidade de 9,6 x 10-4 Pa.s.

Na solução de biopolímero purificado (Figura 33B), a viscosidade alcançada,

à taxa de cisalhamento de 603 s-1, a uma temperatura de 10ºC, foi de 1,6 x 10-3

Pa.s. O aumento da temperatura (de 10°C para 25ºC) gerou uma redução da

viscosidade (1,04 x 10-3 Pa.s). O mesmo ocorreu quando a temperatura aumentou

para 35ºC, em que a viscosidade diminuiu para 9,09 x 10-4 Pa.s.

A Figura 33C exibe que, a uma taxa de cilhamento de 603 s-1, a 10ºC a

viscosidade obtida é igual a 1,47 x 10-3 Pa.s. Quando a temperatura aumenta para

25ºC, a viscosidade diminui para 1,01 x 10-3 Pa.s e, quando a temperatura é elevada

à 35ºC, a viscosidade apresentada é de 8,52 x 10-4 Pa.s.

A redução da viscosidade com o aumento de temperatura é, provavelmente,

causado pelo aumento do movimento browniano que favorece o rompimento das

interações entre as cadeias poliméricas. Esse efeito é mais acentuado à alta

concentração de polímero. Em regime concentrado, as cadeias de polímero se

encontram mais próximas umas das outras e, consequentemente, as interações

intermoleculares, que são responsáveis pelo aumento de viscosidade, tornam-se

mais significativas. Já em regime diluído, as cadeias estão mais afastadas umas das

outras, de modo que as interações intermoleculares praticamente não ocorrem. Por

esse motivo, a redução da viscosidade com o aumento de temperatura torna-se mais

evidente em regime concentrado (LIMA et al., 2007).

Page 125: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

104

Oliveira, J. D.

O aumento de viscosidade de soluções concentradas de polissacarídeos não-

gelificantes, em virtude do decréscimo da temperatura ocorre pela estabilização de

interações intermoleculares não específicas (TAKO & NAKAMURA, 1986 apud

LOPES 1989).

Loret e colaboradores (2004) realizaram um estudo do efeito da concentração

e da temperatura sobre a gelatinização de soluções de maltodextrina, através de

medidas de viscosidade. Os autores observaram que, à temperatura de 60ºC, as

soluções apresentaram um comportamento newtoniano dentro da faixa de

concentrações estudada (1 a 40%).

Em 2001, Marcotte e colaboradores realizaram um estudo das propriedades

reológicas de diversos hidrocolóides (carragenana, pectina, gelatina, amido e

xantana) sob diferentes concentrações (1 a 6%, dependendo do tipo de hidrocolóide)

e de temperatura (20, 40, 60 e 80ºC). Os autores confirmaram a existência de uma

dependência das características reológicas com a concentração e a temperatura,

que variou de um hidrocolóide para o outro.

De acordo com observações dos autores, elevadas concentrações de gomas

resultam em um aumento nas viscosidades newtoniana e aparente, ao passo que

elevadas temperaturas provocam redução nelas.

� Concentração Crítica

A viscosidade em sistemas polímero-solvente aumenta rapidamente com o

massa molar do polímero, devido às interações intermoleculares e à formação de

entrelaçamentos. Acima de uma concentração crítica (em termos reológicos, é o

ponto divisor entre uma dispersão diluída e concentrada) ocorre uma mudança nas

propriedades de escoamento devido à formação de entrelaçamentos

intermoleculares. Em concentrações mais baixas do que c*, as cadeias estão livres

para se moverem individualmente, ou seja, as soluções estão em regime diluído

(DIAZ et al., 2004, MELLO et al., 2006).

Visando a análise da faixa da concentração crítica (c*) ou do regime diluído,

medidas de viscosidade foram efetuadas com soluções de biopolímeros não

Page 126: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

105

Oliveira, J. D.

purificado, purificado e padrão, a 10, 25 e 35ºC, em concentrações iguais a 0,05;

0,1; 0,3 e 0,5 g/L, com taxa de cisalhamento correspondente ao platô newtoniano

(613 s-1).

A Figura 34 apresenta os valores de viscosidade versus concentração das

amostras de biopolímero não purificado (Figura 34A), biopolímero purificado (Figura

34B) e pululana padrão (Figura 34C), em diferentes temperaturas.

Os resultados permitem concluir que há uma tendência linear para todas as

amostras nas temperaturas e concentrações estudadas. Esta conclusão é baseada

nos valores de índice de correlação (R2) próximos à unidade (0,924 a 0,999). Assim,

a partir da equação de reta obtida é possível a previsão da viscosidade na faixa de

0,05 a 0,5 g/L. Como esperado, o aumento da viscosidade é função do aumento da

concentração e do decréscimo da temperatura.

A partir dos estudos desenvolvidos nesse trabalho pode concluir que, nas

condições examinadas, não foi possível obter a concentração crítica da pululana.

Os valores das concentrações críticas variam muito entre os biopolímeros.

Para κ-carragenana (0,1M NaCl, pH 9), Croguennoc e colaboradores (2000)

observaram um valor de 4,5 g/L. Morris e colaboradores (1981) observaram os

valores de 2,2 g/L para goma guar, 10 g/L para o alginato (0,2M NaCl) e 80 g/L para

a dextrana. Loret e colaboradores (2004) observaram um valor de 170 g/L para

soluções aquosas de maltodextrina. Em 1989, Lopes observou concentração crítica

da goma guar produzida pela Hercules Inc. igual a 1,78 g/L. Na literatura podem ser

encontrados, para amostras de goma xantana de MW da ordem de grandeza de 2 x

106 dissolvida em água destilada, valores de concentração crítica na faixa entre 0,6

a 1 g/L (YING & CHU, 1987 apud LOPES, 1989).

Page 127: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

106

Oliveira, J. D.

A

0,00E+00

2,00E-04

4,00E-04

6,00E-04

8,00E-04

1,00E-03

1,20E-03

1,40E-03

1,60E-03

1,80E-03

2,00E-03

0,05 0,1 0,3 0,5

Concentração (g/L)Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

B

0,00E+00

2,00E-04

4,00E-04

6,00E-04

8,00E-04

1,00E-03

1,20E-03

1,40E-03

1,60E-03

1,80E-03

2,00E-03

0,05 0,1 0,3 0,5

Concentração (g/L)

Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

C

0,00E+00

2,00E-04

4,00E-04

6,00E-04

8,00E-04

1,00E-03

1,20E-03

1,40E-03

1,60E-03

1,80E-03

2,00E-03

0,05 0,1 0,3 0,5

Concentração (g/L)

Viscosidade (Pa.s)

10ºC 25ºC 35ºC

Figura 34 – Comportamento viscosimétrico do biopolímero não purificado (A), biopolímero

parcialmente purificado (B) produzido por Aureobasidium pullulans IOC 3011, utilizando como fonte

de nitrogênio levedura residual de cervejaria na relação C/N de 100, e pululana padrão – Sigma-

Aldrich – (C) a diferentes concentrações em solução à taxa de cisalhamento de 613 s-1 (Advanced

Rheometer 2000, 10, 25 e 35ºC).

Page 128: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

107

Oliveira, J. D.

Lazaridou e colaboradores (2003) analisaram o efeito da massa molar na

reologia da pululana. Para tanto foram analisadas quatro amostras deste

biopolímero: P100, P260, P360 e P560 com massas molares de 9,9 x 104, 2,63 x 105,

3,61 x 105 e 5,64 x 105 Da, respectivamente, para as quais foram determinados os

seguintes valores para c*: de 31 (P100), 21 (P260), 18 (P360) e 14 (P560) g/L. A c*

depende do volume ocupado por cada molécula. Portanto, as diferenças no valor da

c* para as diferentes amostras de pululana estudadas são relativas às diferenças de

tamanho molecular, ou seja o valor de c* progressivamente aumentou com a

diminuição da massa molar (Mw) do polissacarídeo. Izydorczyk e Biliaderis (1992a)

apud Lazaridou e colaboradores, 2003, relataram uma tendência semelhante para

os valores de c* estimados para as frações de trigo arabinoxilano que variaram na

faixa de 2,6-3,8 g/L. Kasapis e Morris (1994) apud Lazaridou e colaboradores, 2003,

constataram que não ocorre emaranhamento na cadeia de um polissacarídeo

microbiano capsular em soluções até uma concentração relativamente elevada (~2,0

p/v) por causa de seu baixo volume hidrodinâmico. Além disso, o valor c* depende

da estrutura do polímero, que pode afetar sua rigidez da cadeia e, portanto, as

características do fluxo.

5.4.3. Análise térmica

� Termogravimetria (TG) e Termogravimetria Derivada (DTG)

As Figuras 35, 36 e 37 apresentam os perfis de termogravimetria (TG) e

termogravimetria derivada (DTG) do biopolímero obtido em 120 h (não purificado e

parcialmente purificado) e da pululana padrão, respectivamente.

Page 129: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

108

Oliveira, J. D.

Figura 35 – Curvas de TG/DTG para amostra de biopolímero não purificado em atmosfera de

nitrogênio, TA (TGA Q500 V6.7).

A Figura 35, referente à amostra de biopolímero obtido não purificado,

apresenta as curvas de TG/DTG. Inicialmente observa-se uma perda de massa de

7,42% (0,9567 mg). Isto demonstra a presença de água na amostra. Observa-se a

temperatura inicial de 270,42°C (Tonset) e temperatura final de, aproximadamente,

325°C, com perda de massa de 77,48%, sugerindo decomposição do biopolímero.

Segundo a Figura, pode-se observar a presença de resíduo, tendo sido e,

aproximadamente, 15,1%.

O DTG permitiu observar que a amostra apresenta velocidade máxima de

decomposição em 299,99°C.

Page 130: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

109

Oliveira, J. D.

Figura 36 – Curvas de TG/DTG para amostra de biopolímero parcialmente purificado em atmosfera

de nitrogênio, TA (TGA Q500 V6.7).

As curvas de TG e DTG para a amostra de biopolímero obtido purificado

podem ser visualizadas na Figura 36. A termogravimetria mostrou o estágio principal

de degradação com a temperatura inicial (Tonset) de 265,69ºC e temperatura final de

aproximadamente, 310°C, referente a uma perda de massa de 86,142%, com

resíduo de 5,97%. É possível também observar a presença de água na amostra,

com perda de massa de 7,888%. A curva de DTG apresentou velocidade máxima de

decomposição em 294,36°C.

Page 131: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

110

Oliveira, J. D.

Figura 37 – Curvas de TG/DTG para amostra de pululana padrão em atmosfera de nitrogênio, TA

(TGA Q500 V6.7).

A Figura 37 mostra as curvas de TG e DTG da amostra da pululana padrão.

Na curva de TG foi exibido um estágio principal de degradação na temperatura de

310°C (Tonset) e com temperatura final de decomposição de 351,85ºC, com perda de

massa de 77,48%. É possível observar a presença de água, com massa de 12,85%.

O resíduo obtido foi de 5,89%. A velocidade máxima de decomposição da DTG

ocorreu em 332,28ºC.

A Tabela 8 apresenta um resumo dos resultados das curvas de análise

térmica (TG/DTG) das amostras obtidas.

Page 132: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

111

Oliveira, J. D.

Tabela 8 – Resumo dos resultados das análises de TG/DTG das amostras de

biopolímero não purificado, biopolímero purificado e pululana padrão.

Amostra Tonset (ºC)

Perda de massa do estágio

principal (%)

Temp. máx. decomposição

(ºC)

Resíduos a 700ºC (%)

TG TG DTG TG

BONP* 270,42 77,48 299,99 15,1

BOP** 265,69 86,142 294,36 5,97

PP*** 310 77,48 332,28 5,89

*Biopolímero obtido não purificado; **Biopolímero obtido parcialmente purificado, ***Pululana padrão

Comparando as curvas de TG das três amostras pode-se observar que todas

exibiram dois estágios, o primeiro sugerindo a presença de água e o segundo a

decomposição de um material orgânico, sendo todos os estágios de decomposição

bastante similares.

As curvas de DTG também apresentaram seus estágios de decomposição

semelhantes.

A presença de grande quantidade, se comparado às outras duas amostras,

de resíduo na amostra de biopolímero não purificado sugere a presença de

contaminantes que foram eliminados no processo de purificação, uma vez que a

redução de resíduos foi de 60,46%, tendo reduzido de 15,1% para 5,97%.

Teramoto e Shibata (2006) estudaram algumas propriedades térmicas de

pululanas acetiladas (com diferentes quantidades de acetato) e comparou com uma

pululana pura. A pululana pura apresentou temperatura de decomposição igual a

295ºC, enquanto as amostras estudadas (pululana com acetato) apresentaram

temperaturas de decomposição iguais a 306, 327, 353 e 363°C. Em seu estudo não

foi possível comparar a Tonset uma vez que não apresentou resultado claro para a

pululana pura, mas obteve, para as pululanas acetiladas, valores iguais a 193, 189,

153 e 163ºC.

Page 133: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

112

Oliveira, J. D.

Capítulo 6

_________________________

Conclusões

Page 134: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

113

Oliveira, J. D.

6. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nesse trabalho permitem concluir que:

• As duas linhagens de Aureobasidium pullulans foram capazes de produzir

biopolímero a partir de açúcar cristal e diferentes fontes de nitrogênio inorgânico

(sulfato de amônio, nitrato de sódio e nitrato de amônio) ou orgânico (uréia e

levedura residual cervejeira), embora de modo distinto.

• Dentre as fontes de nitrogênio, a levedura residual cervejeira (LRC) foi a mais

favorável para a síntese de biopolímero para as linhagens estudadas.

• Não só a fonte de nitrogênio, mas a sua concentração teve efeito marcante na

biossíntese do polímero.

• A linhagem IOC 3011 foi a que propiciou maiores valores do fator de

conversão YP/S (0,55 g/g), bem como viscosidade do mosto fermentado – 0,06 Pa.s

e 0,008 Pa.s., respectivamente na menor (15,6 s-1) e maior (415 s-1) taxas de

cisalhamento –, quando cultivada em meio constituído de açúcar cristal e levedura

residual cervejeira na relação C/N de 150, respectivamente, fontes de carbono e

nitrogênio de baixo custo.

• Durante o processo fermentativo ocorreu variação do pH de acordo com a

fonte de nitrogênio e a sua concentração.

• O processo fermentativo conduzido com controle do pH (6,0) permitiu obter

11,65 g/L de biopolímero com menor grau de pigmentação, 20,5 g/L de consumo de

substrato, correspondendo a um valor de YP/S de 0,56 g/g, em 72 h.

• A relação C/N de 100 foi eleita como a ideal para este estudo, com produção

de 18,2 g/L do biopolímero em 120 h de fermentação.

• Estudos viscosimétricos dos mostos fermentados, produzidos pelas linhagens

de Aureobasidium pullulans, revelaram seu comportamento pseudoplástico.

• Análises de espectroscopia de absorção na região do infravermelho com

Transformada de Fourier (FTIR) permitiram evidenciar a similaridade das estruturas

Page 135: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

114

Oliveira, J. D.

do biopolímero recuperado (não purificado e purificado), entre si e com a pululana

padrão (Sigma-Aldrich).

• Elevadas concentrações do biopolímero resultaram em um aumento nas

viscosidades newtoniana e aparente, ao passo que elevadas temperaturas

provocam a sua redução.

• As curvas de TG mostraram a presença de dois estágios, o primeiro

sugerindo a presença de água e o segundo, a decomposição de material orgânico,

todos bastante parecidos entre si.

Page 136: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

115

Oliveira, J. D.

Capítulo 7

_________________________

Perspectivas Futuras

Page 137: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

116

Oliveira, J. D.

7. PERSPECTIVAS FUTURAS

� Analisar o biopolímero obtido através de outras técnicas com o intuito de

melhor caracterizá-lo;

� Avaliar a interação das variáveis de processo agitação, aeração e pH,

através do desenvolvimento de um planejamento de experimentos com o fim de

maximizar a viscosidade e a produção do biopolímero;

� Melhor analisar o comportamento viscosimétrico dos biopolímeros

produzidos, a fim de melhor caracterizar o material e suas propriedades em solução.

Page 138: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

117

Oliveira, J. D.

ANEXO I

A

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

15,5

65,9

116

166

216

266

315

366

415

466

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

24 h 48 h 72 h

B

0

0,02

0,04

0,06

0,08

15,5

65,9

116

166

216

266

315

366

415

466

Taxa de Cisalhamento (s -1)

Viscosidade (Pa.s)

96 h 120 h 144 h

C

0

0,02

0,04

0,06

0,08

15,5

165

,92

115,

516

5,9

215,

526

5,9

315,

436

5,8

415,

446

5,8

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Viscosidade (Pa.s)

168 h 192 h 216 h 240 h

Análise viscosimétrica de mosto, constituído de açúcar cristal e levedura residual cervejeira, em

diferentes tempos de fermentação pela linhagem Aureobasidium pullulans IOC 3011 sem a adição de

tampão (Advanced Rheometer 2000, 25°C).

Page 139: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

118

Oliveira, J. D.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDEL-FATTAH, Y. R & OLAMA, Z. A. Setembro 2002. L-Asparaginase production by Pseudomonas aeruginosa in solid-state culture: evaluation and optimization of culture conditions using factorial designs. Process Biochemistry. 38: 115-122.

ALLAN, G. G., BIKALES, N., BROWN, J., CAMPBELL, R., CLEMENTS, D., DOI, Y., EYRING, G., BARRINGTON, T., HIRSCHORN, J., JENSEN, D. & KAPLAN, D. 1993. Biopolymers: Making Materials Nature’s Way-Background Paper, OTA-BP-E-102 (Washington, DC: U.S. Government Printing Office).

ALMEIDA, C. C. 2009. Materiais poliméricos restauradores utilizados na odontologia, com ênfase em caracterização de compósitos. Tese de Doutorado. Escola de Quimica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ANTUNES, A. E. C. 2000. Produção, viscosidade e composição de xantana por Xanthomonas campestris pv pruni em meios convencionais e alternativos. 2000. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas.

BARBOSA, A. M., CUNHA, P. D., MAGRINI, M. & CORRADI DA SILVA, M. L. C. 2004. Produção e aplicações de exopolissacarídeos fúngicos. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, 25 (1): 29-42.

BARNETT, C., SMITH, A., SCANLON, B. & ISRAILIDES, C. J. 1999. Pullulan production by Aureobasidium pullulans growing on hydrolysed potato starch waste. Carbohydrate Polymers. 38: 203–209.

BENDER, H., LEHMANN, J., WALLENFELS, K. 1959. Pullulan, an extracellular glucan from Pullularia pullulans. Biochim Biophys Acta. 36:309–316

BENITES, E. S., MENDONÇA, C. E. , SCHAEFER, G. R. , MANTIN-NETO L., 1999. Caracterização dos ácidos húmicos extraídos de um Latossolo Vermelho-Amarelo e de um Podzol por análise termodiferencial e pela espectroscopia de absorção no Infravermelho., R. Bras. Ci. Solo 23, pp. 543–551.

BERWANGER, A. N. S. 2005. Produção e Caracterização de biopolímero sintetizado por Sphingomonas capsulata. Tese de Mestrado em Engenharia de Alimentos. Universidade Regional Integrada do Alto do Uruguai e das Missões, URI – Campus de Erichim, RS.

Page 140: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

119

Oliveira, J. D.

BOBBIO, F. O. & BOBBIO, P. A. 1992a. Introdução à Química de Alimento. 2ª ed., São Paulo, Livraria Varela.

BOBBIO, P. A. e BOBBIO, F. O. 1992b. Química do Processamento de Alimentos à Química de Alimentos. Livraria Varela, São Paulo.

BORGES, C. D., MOREIRA, A. N., MOREIRA, A. S., DEL PINO, F. A. B. & VENDRUSCOLO, C. T. 2004. Caracterização de biopolímeros produzidos por Beijerinckia sp. 7070 em diferentes tempos de cultivo. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 24 (3): 327-332.

BRETAS, R. S. 1987. A reologia dos polímeros para leigos e iniciados. Plástico Moderno, 176, p. 28-35.

BUENO, S. M.; GARCIA-CRUZ, C. H. 2000. Influência do tempo de fermentação e presença de sais na reologia do caldo de fermentação de uma bactéria do gênero Pseudomonas isolada do solo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 17, 2000, Fortaleza. Livro de Resumos. Fortaleza, p.9-47.

CACIK, F.; DONDO, R. G.; MARQUES, D. 2001. Optimal control of a batch bioreactor for the production of xanthan gum. Computers and Chemical Engineering, [S.l.], v. 25, p. 409-418.

CAMPBELL, B. S., SIDDIQUE, A-B. M., MCDOUGALL, B.M. & SEVIOUR, R.J. 2004. Which morphological forms of the fungus Aureobasidium pullulans are responsible for pullulan production? FEMS Microbiology Letters, 232: 225-228.

CAMPOS, D. M., 2009. Produção e caracterização de colágeno tipo i e de compósitos hidroxiapatita-colágeno para regeneração óssea. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE.

CANEVAROLO JUNIOR, S. V. 2004. Técnicas de caracterização de polímeros. São Paulo: Artliber.

CANILHA, L., SILVA, D. D. V., CARVALHO, W. & MANCILHA, I. M. 2006. Aditivos alimentares produzidos por via fermentativa, Parte 3: Polissacarídeos e Enzimas. Revista Analítica, São Paulo, 20: 32-41.

CERETTA, C.A. et al. Métodos espectroscópicos. 1999. In: SANTOS, G.A; CAMARGO, F. A.O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo.

Page 141: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

120

Oliveira, J. D.

CHAVES, N. A. 2000. Produção e Caracterização do exopolissacarídeo sintetizado por Rhizobium tropici CIAT 899. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCS.

CHENG, K. C., DEMIRCI, A., CATCHMARK, J. M., PURI, V. M. 2010. Modeling of pullulan fermentation by using a color variant strain of Aureobasidium pullulans Journal of Food Engineering. Volume 98, Issue 3, Pages 353-359

CHEREMISINOFF, N. P. 1992. An Introduction to Polymer rheology and Processing. USA C Press, v. 280.

CHI, Z., & ZHAO, S. 2003. Optimization of medium and cultivation conditions for pullulan production by a new pullulan-producing yeast strain. Enzyme and Microbial Technology, 33: 206–211.

CHI Z. 2009. Bioproducts from Aureobasidium pullulans, a biotechnologically important yeast. Applied Microbiology and Biotechnology 82:793.

CINQUINI-DANTAS, L. A. 1992. Estudes structurales et proprietes en solution d`un exopolysaccharides secrete par une souche mutee de Rhizobium meliloti. These D.Sc., Centre de Recherches sur les Macromolécules Végétales (CNRS).

CORRADI DA SILVA, M. L., MARTINEZ, P. F., IZELI, N. L., SILVA, I. R., VASCONCELOS, A. F. D., CARDOSO, M. S., STELUTTI, R. M., GIESE, E. C. & BARBOSA, A. M. 2006. Caracterização química de glucanas fúngicas e suas aplicações biotecnológicas. Química Nova, 29 (1): 85-92.

CROGUENNOC, P.; MEUNIER, V.; DURAND, D.; NICOLAI, T. 2000. Characterization of semi-dilute kappa-carrageena solutions. Macromolecules. v. 33, n.20, p.7471-7474.

DEA, I. C. M.; McKINNON, A. A.; REES, D. A. 1972. Trtiary and quartenary structure in aqueous polysaccharides systems wich model cell wall cohesion: reversible changes in conformation and association of agarose, carrageenan and galactomannas. Journal of Molecular Biology, 68: 153-172.

DE VUYST, L., DEGEEST, B. 1999. Heteropolysaccharides from lactic acid bacteria. FEMS Microbiol Rev. 23 (2):153-77.

DIAZ, P. S. 2002. Influência de parâmetros físicos e químicos e da adição de íons no comportamento reológico de gomas xantana. 2002. Dissertação (Mestrado em

Page 142: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

121

Oliveira, J. D.

Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

DIAZ, P. S., VENDRUSCOLO, C. T. & VENDRUSCOLO, J. L. S. 2004. Reologia de Xantana: uma Revisão sobre a Influência de Eletrólitos na Viscosidade de Soluções Aquosas de Gomas Xantana. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, 25 (1): 15-28.

EL-TAYEB, T.S. & KHODAIR, T.A. 2006. Enhanced Production of Some Microbial Exopolysaccharides by Various Stimulating Agents in Batch Culture. Research Journal of Agriculture and Biological Sciences, 2 (6): 483-492.

FORABOSCO, A., BRUNO, G., SPARAPANO, L., LIUT, G., MARINO, D. & DELBEN, F. 2006. Pullulans produced by strains of Cryphonectria parasitica—I. Production and characterisation of the exopolysaccharides. Carbohydrate Polymers 63: 535–544.

FORESTI, A. P. 2003. Produção e qualidade reológica da xantana sintetizada por diferentes linhagens de Xhantomonas campestris em meios modificados.2003. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

FREIXO, A. A.; MACHADO, P. L. O. A.; SANTOS, H. P.; SILVA, C. A.; FADIGAS, F. P. 2002. Soil organic carbon and fractions of a Rhodic Ferralsol under the influence of tillage and crop rotation systems in southern Brazil. Soil Tillage And Research, 64: 221-230.

FURUSE, H. AMARI, T, MIYAWAKI, O., ASAKURA, T. & TODA, K. 2002. Characteristic Behaviour of Viscosity and Viscoelasticity of Aureobasidium pullulans Culture Fluid. Journal of Biocience and Bioengeneering. 93 (4): 411-415.

GARCIA-OCHOA, F.; SANTOS, V. E.; CASA, A.; GÓMEZ, E. 2000. Xanthan gum: production, recovery and properties. Biotechnology Advances, New York, v.18, p.549-579.

GARGALLO, L. G.; RADIC, D. F.; ABUIN, E. S.; LISSI, E. G. 1987. Propriedades Hidrodinâmicas - Macromoléculas en solución. Santiago, PNUD-UNESCO (CHI-84/006), cap. IV, p. 92-106.

GIBBS, P. A. & SEVIOR, R. J. 1996. Does the agitation rate and/or oxygen saturation influence of polysaccharide production by Aureobasidium pullulans in batch culture? Appl Microbiol Biotechnol. 46: 503-510.

Page 143: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

122

Oliveira, J. D.

GORIN, P. A. J. 1981. Advances in Carbohydrate Chemistry and Biochemistry; Whistler, R. L.; Be Miller, J. N., eds.; Academic Press: New York, 1981, 38, p. 12.

GRAESSLEY, W. W. 1984. Viscoelasticity and flow in polymer melts and concentrated solutions. Physical properties of polymers. American Chemical Society, Washington, p. 97-163.

HAWKES, M., RENNIE, R., SAND, C. & VAUDRY, W. 2005. Aureobasidium pullulans infection: Fungemia in an infant and a review of human cases. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, 51: 209–213.

HOLZWARTH, G. & PRESTRIDGE, E. B. 1997. Multistranded helix in xanthan polysaccharide. Science, 197: 757-759.

HORNER, W. E., WORTHAN, A. G. & MOREY, P. R. 2004. Air- and Dustborne Mycoflora in Houses Free of Water Damage and Fungal Growth. Applied and Environmental Microbiology.70 (11): 6394–6400.

JELINEK, M., CRISTESCU, R., AXENTE, E., KOCOUREK, T., DYBAL, J., REMSA, J., PLESTIL, J., MIHAIESCU, D., ALBULESCU, M., BURUIANA, T., STAMATIN, I., MIHAILESCU, I. N. & CHRISEY, D.B. 2007. Matrix Assisted Pulsed Laser Evaporation of Cinnamate-Pullulan and Tosylate-pullulan Polysaccharide Derivative Thin Films for Pharmaceutical Applications. Applied Surface Science. doi:10.1016/j.apsusc.2007.02.085.

KACHHAWA, D. K., BHATTACHARJEE, P. & SINGHAL, R. S. 2003. Studies on downstream processing of pullulan. Carbohydrate Polymers. 52: 25–28.

KIM, J-H., KIM, M-R, LEE, J-H., LEE, J-W. & KIM, S-K. 2000. Production of high molecular weight pullulan by Aureobasidium pullulans using glucosamine. Biotechnology Letters, 22: 987–990.

KLINGEBERG, M., VORLOP, K.D. & ANTRAKINIAN, G. 1990. Immobilization of anaerobic thermophilic bacteria for the production of cell-free thermostable α-amylases and pullulanases. Applied Microbiology and Biotechnology. 33 (5): 494-500.

KODYM, A.; ZAPATA-ARIAS, F.J. 2001. Low-cost alternatives for the micropropagation of banana. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, Dordrecht, 66: 67-71.

Page 144: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

123

Oliveira, J. D.

KONCZOS, G., BÁRSONY, I. & DEÁK, P. 1998. Textbook of the technical University of Budapest for PH.D. students in physics - Introduction to materials science and technology. TEMPUS SJEP 09614-95.

ISRAILIDES, C. J., SMITH, A., HARTHILL, J. E., BARNETT, C., BAMBALOV, G, SCANLON., B. 1998. Pullulan content of the ethanol precipitate from fermented agro-industrial wastes. Appl Microbiol Biotechnol 49: 613-617.

LANKAPUTHRA, W.E.V., SHAH, N.P. 1995. Survival of Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium spp. in the presence of acid and bile - Cult. Dairy Prod. J. 30: 2-7.

LAUNAY, B.; CUVELIER, G. & MARTINEZ-REYES, S. 1984. Xanthan gum in various solvent conditions: intrinsic viscosity and flow properties. In: Phillips, G. O.; Wedlock, D. J.; Williams, P. A. Gums and Stabilisers for the Food Industry 2, Chapter, 2, Oxford, Pergamon Press.

LAZARIDOU, A., ROUKAS, T., BILIADERIS, C. G. & VAIKOUSI, H. 2002a. Characterization of pullulan produced from beet molasses by Aureobasidium pullulans in a stirred tank reactor under varying agitation. Enzyme and Microbial Technology. 31: 122–132.

LAZARIDOU, A., BILIADERIS, C.G., ROUKAS, T. & IZYDORCZYK, M. 2002b. Production and characterization of pullulan from beet molasses using a nonpigmented strain of Aureobasidium pullulans in batch culture. Applied Biochemistry and Biotechnology. 97 (1): 1-22.

LAZARIDOU, A., BILIADERIS, C. G. & KONTOGIORGOS, V. 2003. Molecular weight effects on solution rheology of pullulan and mechanical properties of its films. Carbohydrate Polymers 52: 151–166.

LEATHERS, T. D. 2003. Biotechnological production and applications of pullulan. Applied Microbiology and Biotechnology, 62: 468-473.

LEDUY, A., MARSAN, A. A. & COUPAL, B. 1974. A study of the rheological properties of a non-Newtonian Fermentation broth. Biotechnology and Bioengineering. 16 (1): 61 – 76.

LEE, J. H., KIM, J. H., ZHU, I. H., ZHAN. X. B., LEE, J. W., SHIN, D. H., KIM, S. K. 2001. Optimization of conditions for the production of pullulan and high molecular weight pullulan by Aureobasidium pullulans. Biotechnology Letters, 23: 817–820.

Page 145: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

124

Oliveira, J. D.

LEE, J. W., YEOMANS, W. G., ALLEN, A. L., DENG, F., GROSS, R. A. & KAPLAN, D. L. 1999. Biosynthesis of novel exopolymers by Aureobasidium pullulans. Applied And Environmental Microbiology, 65 (12): 5265–5271.

LEE, J-H., KIM, J-H., ZHU, I-H., ZHAN, X-B., LEE, J-W., SHIN, D-H. & KIM, S-K. 2001. Optimization of conditions for the production of pullulan and high molecular weight pullulan by Aureobasidium pullulans. Biotechnology Letters. 23 : 817–820.

LENK, R. S. 1978. The characterization of viscous flow. Viscosity, shear rate and shear stress. Polymer Rheology, London, Applied Science Publishers Ltd.

LEUNG, S. -H., LEONE, R. S., KUMAR, L. D., KULKARNI, N., & SORG, A. F. 2006. Fast dissolving orally consumable films. US Patent Office, Pat. No. 7 025 983.

LI, G.-Q., QIU, H.-W., ZHENG, Z.-M., CAI, Z.-L. & YANG, S.-Z. 1995. Effect of fluid rheological properties on mass transfer in a bioreactor. Journal of Chemical Technology & Biotechnology. 62: 385 – 391.

LI, H. F., Chi, Z. M., Wang, X. H., Ma, C, L. 2007. Amylase production by the marine yeast Aureobasidium pullulans N13d. J Ocean Univ Chin 6: 61–66

LIMA, M. A. G. A. 1999. Obtenção e Caracterização de xanthanas produzidas por diferentes linhagens de Xanthomonas campestris pv. Campestris. Tese de Doutorado - Escola de Química – Universidade Federal do Rio de Janeiro 163 p.

LIMA, B. V.; VIDAL, R.R.L.; REIS, J. H. C.; BALABAN, R. 2007 Avaliação do comportamento reológico de soluções aquosas de poliacrilamida utilizada para controle da produção de água em poços de petróleo. XLVII Congresso Brasileiro de Química

LIN, Y., ZHANG, Z. & THIBAULT, J. 2007. Aureobasidium pullulans batch cultivations based on a factorial design for improving the production and molecular weight of exopolysaccharides, Process Biochemistry, doi:10.1016/j.procbio.2007.01.013

LOPES, L. M. A. 1989. Caracterização viscosimétrica de misturas das gomas xantana e guar. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, IMA/UFRJ.

LOPES, L. M. A. 1996. Influência de Agregados sobre propriedades em solução de welana. Dissertação de Doutorado. Rio de Janeiro, IMA/UFRJ.

Page 146: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

125

Oliveira, J. D.

LORET, C.; MEUNIER, V.; FRITH, W. J.; FRYER, P. J. 2004. Rheological characterization of the gelation behaviour of maltodextrin aqueous solution. Carbohydrate Polymers. v.57, n.2, p. 153- 163.

LUCAS, E. F., SOARES, B. G. & MONTEIRO, E. E. C. 2001. Caracterização de polímeros – Determinação de massa molar e análise térmica. Rio de Janeiro: Ed. E-papers.

MADIGAN, M. T., MARTINKO, J. P. & PARKER, J. 2004. Microbiologia de Brock. 10ª ed., São Paulo: Prentice Hall.

MANO, E. B. 1985. Introdução a polímeros. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda.

MARCOTTE, M., TAHERIAN HOSHAHILI, A. R.; RAMASWAMY, H. S. 2001. Rheological properties of selected hydrocolloids as function of concentration and temperature. Food Research International. v.34, n.8, p.695- 703.

MARGARITIS, A. & PACE, G. W. 1985. Microbial polysaccharides. Comprehensive Biotechnology. Canada: University of Waterloo, 1985. cap.49, p.1005-1044.

MCNEIL, B. & KISTIANSEN, B. 1987. Influence of impeller speed upon the pullulan fermentation. Biotechnology Letters. 9 (2): 101-104.

MELLO, I. L., COUTINHO, F. M. B., DELPECH, M. C., ALBINO, F. F. M., SANTOS, S. M. 2006. Polibutadieno Alto-cis: Estudo Viscosimétrico em Tolueno e Ciclo-hexano. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 16, n° 1, p. 53-60.

MITCHELL, J. R. 1979. Rheology of polysaccharides solutions and gels. In: Blanshard, J. M. V. and Mitchell, J. R. (EDS), Polysaccharides in Food, Part 1, Chapter, 4 London, Butterworths.

MOREIRA, A. N., MOREIRA, A. S., DIA, P. S. & VENDRUSCOLO, C. T. 2005. Comportamento reológico e composição química do biopolímero da bactéria Beijerinckia sp. 7070 produzido por via enzimática. Brazilian Journal. Food Technology, 8 (2): 135-142.

MORRIS, V. J. & BELTON, P. S. 1982. The Influence of cations sodium, potassium and calcium on the gelation of iota-carregeenan, Prog. Fd. Nutr. Schi., 6: 55-66.

Page 147: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

126

Oliveira, J. D.

MORITA, T, ASSUMPÇÃO, R.M.V. 1968. Manual de soluções, reagentes e solventes: padronização, preparação, purificação. São Paulo: Editora Edgard Blücher LTDA.

MORRIS, E. R.; CUTLER, A. N.; ROSS-MURPHY, S. B.; REES, A. 1981 Concentration and shear rate dependence of viscosity in random coilpolysaccharide solutions. Carbohydrate Polymers. v.1, n.1, p. 5-21.

MOTHÉ, C. G.; AZEVEDO, A. D. 2002. Análise Térmica de Materiais. São Paulo: I@editora.

NAMPOOTHIRI, K.M., SINGHANIA, R. R., SABARINATH, C., PANDEY, A. 2003. Fermentative production of gellan using Sphingomonas paucimobilis. Process Biochemistry, 38 (11): 1513-1519.

NAVARINI, L., BELLA, J., FLAIBANI A., GILLI, R. & RIZZA, V. 1996. Structural characterization and solution properties of an acidic branched (1�3)-β-D-glucan from Aureobasidium pullulans. International Journal of Biological Macromolecules. 19: 157 163.

NAVARRO, R. F. 1997. Fundamentos de reologia de polímeros, 1ª ed EDUCS, 265 p.

NELSON, D. L. & COX, M. M. 2002. Lehninger, Princípios de Bioquímica. 3ª ed., São Paulo: SARVIER.

NORTON, I. T.; GOODALL, D. M.; FRANGOU, S.A.; MORRIS, E. R. & REES, D. A. 1984. Mechanism and dynamics of conformacional ordering in xanthan polysaccharides. Journal of the Molecular Biology, 175: 371-394.

PACE, N.R. 1991. Origin of life--Facing up to the physical setting. Cell. 65: 531-533.

PADILHA, F. F. Produção de biopolímeros sintetizados por microorganismos. 2003. 99 f. Tese (Doutorado em Ciência dos Alimentos) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

PANDA, A. K., SINGH, R.K., MISHRA, D.K. 2010. Thermolysis of waste plastics to liquid fuel: A suitable method for plastic waste management and manufacture of value added products—A world prospective. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Volume 14, Issue 1, Pages 233-248.

Page 148: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

127

Oliveira, J. D.

PELCZAR, M. 1993. Microbiology: concepts and applications. Ed. McGraw Hill.

PETRONELLA, J., LOOIJESTEIJN, L. T., VRIESA, E., ABEE, T. & HUGENHOLTZ, J. 2001. Physiological function of exopolysaccharides produced by Lactococcus lactis. International Journal of Food Microbiology. 64 (1-2): 71-80.

POMIN, V. H. & MOURÃO, P. A. S. 2006. Carboidratos. Ciência Hoje, 39 (233): 24-31.

PRADELLA, J. G. C. 2006. Biopolímeros e Intermediários Químicos. São Paulo.

PRASONGSUK, S., SULLIVAN. R.F., KUHIRUN, M., EVELEIGH. D. E. & PUNNAPAYAK, H. 2005. Thailand habitats as sources of pullulan-producing strains of Aureobasidium pullulans. World Journal of Microbiology & Biotechnology, 21: 393–398.

PRASONGSUK, S., BERHOW, M. A., DUNLAP C. A., WEISLEDER D., LEATHERS, T. D., EVELEIGH, D. E. & PUNNAPAYAK, H. 2007. Pullulan production by tropical isolates of Aureobasidium pullulans. J Ind Microbiol Biotechnol, 34: 55–61.

PUNNAPAYAK, H., SUDHADHAM, M., PRASONGSUK, S. & PICHAYANGKURA, S. 2003. Characterization of Aureobasidium pullulans isolated from airborne spores in Thailand. J Ind Microbiol Biotechnol, 30: 89–94.

RAO, M. A. 1999. Rheology of Fluid and Semisolid Foods: principles and applications. New York: Ed. Aspen Publishers, p.433.

RAO, Y. M.; SURESH, A. K.; SURAISHKUMAR, G. K. 2003. Free radical aspects of Xanthomonas campestris cultivation with liquid phase oxygen supply strategy. Process Biochemistry, New York, v. 38, p. 1301-1310.

REKHA, M.R. & SHARMA, C. P. 2007. Pullulan as a Promising Biomaterial for Biomedical Applications: A Perspective. Trends Biomater. Artif. Organs, 20 (2): 116-121.

RINAUDO, M. 2001. Relation between the molecular structure of some polysaccharides and original properties in sol and gel states. Food Hydrocolloids. 15 (4): 433-440.

RODRIGUES, S. 2003. Estudo da síntese enzimática de dextrana na presença de maltose como aceptor. Tese de Doutorado (FEQ/DPQ/UNICAMP).

Page 149: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

128

Oliveira, J. D.

ROUKAS, T. & BILIADERIS, C. G. 1995. Evaluation of carob pod as a substrate for pullulan production by Aureobasidium pullulans. Appl Biochem Biotechnol, 55: 27–44.

ROUKAS, T. 1999. Pullulan production from brewery wastes by Aureobasidium pullulans. World Journal of Microbiology & Biotechnology 15: 447-450.

SAKATA, Y., OTSUKA, W. 2009. Evaluation of relationship between molecular behaviour and mechanical strength of pullulan films. International Journal of Pharmaceutics 374: 33–38.

SCHARAMM, G. 1994. A Practical Approach to Rheology and Rheometry. Haake: Germany.

SENA, R. F., COSTELLI1 M. C, GIBSON, L. H. & COUGHLIN, R. W. 2006. Enhanced production of pullulan by two strains of A. pullulans with different concentrations of soybean oil in sucrose solution in batch fermentations. Brazilian Journal of Chemical Engineering. 23 (04): 507 – 515.

SEO, H. P., SON C. W., CHENG, C. H. JUNG, D. I., KIM, S. K., GROSS, R. A., KAPLAN, D. L., LEE & J. W. 2004. Production of high molecular weight pullulan by Aureobasidium pullulans HP-2001 with soybean pomace as a nitrogen source. Bioresource Technology. 95: 293–299.

SEVERS, E. T. 1962. Introdution to rheology. Rheology of Polymers, Chapter 1 New York, Reinhold Publishing Corporation.

SEVIOUR, R. J., STASINOPOULOS, S. J., AUER, D. P. F. & GIBBS, P. A. 1992. Production of pullulan and other exopolysaccharides by filamentous fungi. Crit. Rev. Biotechnol., 12 (3): 279-298.

SHATWELL, K. P.; SUTHERLAND, I. W.; DEA, I. C. M.; ROSS- MURPHY, S. B. 1990. The influence of acetyl and piruvate substituents on the helix-coil transition behavior of xanthan. Carbohydrate Research, Amsterdam. 206: 87-103.

SHINGEL, K. I. 2004. Current knowledge on biosynthesis, biological activity, and chemical modification of the exopolysaccharide, pullulan. Carbohydrate Research, 339: 447–460.

SILVA, J. A.; RAO, M. A. 1992. Viscoelastic properties of food hydrocolloids dispersions. Viscoelastic properties of foods. Elsevier Applied Science Publishers, London, cap. 11, 285 p.

Page 150: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

129

Oliveira, J. D.

SILVA, J. A. L.; RAO, M. A. 1999. Role of rheological behavior in sensory assessment of fluid foods. In: RAO, A. Rheology of Fluid and Semisolid Foods: principles and applications. New York: Aspen, p.443.

SILVERSTEIN, R.M., BASSLER, G. C. and MORRILL, T. C. 1994. Identificação Espectrométrica de Compostos Orgânicos, 5nd ed., Rio de Janeiro, Guanabara & Koogan. 387p.

SIMON, L., CAYE-VAUGIEN, C. & BOUCHONNEAU, M. 1993. Relation between pullulan production, morphological state and growth conditions in Aureobasidium pullulans: new observations. Journal of General Microbiology. 139: 979-985.

SIMON, L., BOUCHET, B., BREMOND, K., GALLANT, D. J. & BOUCHONNEAU, M. 1998. Studies on pullulan extracellular production and glycogen intracellular content in Aureobasidium pullulans. Canadian Journal of Microbiology, 44: 1193-1199.

SINGH, R. S., SAINI, G. K., KENNEDY, J. F., 2008. Pullulan: Microbial sources, production and applications. Carbohydrate Polymers, 73. 515-531.

SOMOGYI, M. 1945. A new reagent for the determination of sugar. Journal Biological Chemistry. 160: 61-68.

SOUZA, D. M. & GARCIA-CRUZ, C. H. 2004. Produção fermentativa de polissacarídeos extracelulares por bactérias. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, 25 (4): 331-340.

STEFFE, J. F. 1996. Rheological Methods in Food Process Engineering, second edition (second printing).Freeman Press, East Lansing, MI, USA.

STEINBUCHEL, A. 2003. Biopolymers, General Aspects and Special Applications, edited by A. Steinbuchel.Weinheim, Germany: Wiley, v. 10, 516 pp., ISBN 3527302298.

STEVENSON. F. J. 1982. Humus chemistry: genesis, composition, reactions. New York: J. Wiley & Sons, 443p.

SUGINOSHITA, Y., TABATA, Y., MORIYASU, F., IKADA, Y. & CHIBA, T. 2001. Liver targeting of interferon-b with a liver-Affinity polysaccharide based on metal coordination in mice. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. 298 (2): 805 – 811.

Page 151: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

130

Oliveira, J. D.

SUTHERLAND, I.W. 1982. Biosynthesis of microbial exopolysaccharides. Advances in Microbial Physiology. Edinburgh. 23: 79-106.

SUTHERLAND, I. W. 1998. Novel and established applications of microbial polysaccharides. Trends in Biotechnology, Limerick. 16: 41-46.

SUTHERLAND, I. W. 2001. Microbial polysaccharides from Gram-negative bacteria. International Dairy Journal, Kidlington, v.11, p.663-674.

TERAMOTO, N., SHIBATA, M. 2006. Synthesis and properties of pullulan acetate. Thermal properties, biodegradability, and a semi-clear gel formation in organic solvents. Carbohydrate Polymers 63, 476–481.

THIRUMAVALAVAN, K., T.R. MANIKKANDAN AND R. DHANASEKAR, 2008. Batch fermentation kinetics of pullulan from Aureobasidium pullulans Using Low Cost Substrates. Biotechnology, 7: 317-322.

TOMÉ, L. G. A., SOARES, J. B., LIMA, C. S. 2005. ESTUDO DO CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO MODIFICADO PELO TERPOLÍMERO DE ETILENO-BUTILACRILATOGLICIDILMETACRILATO. 3° Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás.

TONELI, J. T. C. L.; MURR, F. E. X.; PARK, K. J. 2005. Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. 7 (2): 181-204.

TREICHEL, H. Estudo da otimização da produção de inulinase por Kluyveromyces marxianus NRRL Y-7571 em meios industriais pré-tratados. 2004. Tese de Doutorado em Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

VAN HAMME, J. D., SINGH, A. & WARD, O. P. 2003. Recent Advances in Petroleum Microbiology. Microbiology And Molecular Biology Reviews. 67 (4): 503–549.

VIEIRA, M. M., LIU UN RIGO, L. U., MARAgCHAL, L. R. & VEIGA L. A. 1979. Induction and catabolite repression of l-rhamnose dehydrogenase in pullularia pullulans. Journal of Bacteriology. 38 (1): 55-59.

VIJAYENDRA, S. V. N., BANSAL, D. M. S. & PRASAD, K. N. 2001. Jaggery: a novel substrate for pullulan production by Aureobasidium pullulans CFR-77. Process Biochemistry, 37: 359–364

Page 152: EFEITO DA FONTE E CONCENTRAÇÃO DE NITROGÊNIO NA …epqb.eq.ufrj.br/download/producao-de-biopolimero-por-aureobasidium.pdf · The LRC was even better than the ammonium sulfate,

131

Oliveira, J. D.

WOICIECHOWSKI, A. L. 2001. Desenvolvimento de bioprocesso para a produção de xantana a partir de resíduos agroindustriais de café e de mandioca. Tese de Doutorado em Processos biotecnológicos - Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

YOUSSEF, F. ROUKAS, T. & BILIADERIS, C. G. 1999. Pullulan production by a non-pigmented strain of Aureobasidium pullulans using a batch and fed-batch culture. Process Biochemistry, 34: 355-362.

YURLOVA, N. A. & HOOG, G.S. 1997. A new variety of Aureobasidium pullulans characterized by exopolysaccharide structure, nutritional physiology and molecular features. Antonie van Leeuwenhoek. 72: 141–147.

ZHAO, S. & CHI, Z. 2006. A new pullulan-producing yeast and medium optimization for its exopolysaccharide production. Journal of Ocean University of Qingdao. 2 (1): 53-57.