Efeito do Feedback Visual e Informação Somatossensorial...

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO RAFAELA BARROSO DE SOUZA COSTA Efeito do Feedback Visual e Informação Somatossensorial Adicional na Postura Ereta Quieta SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

RAFAELA BARROSO DE SOUZA COSTA

Efeito do Feedback Visual e Informação

Somatossensorial Adicional na Postura Ereta Quieta

SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

RAFAELA BARROSO DE SOUZA COSTA

Efeito do Feedback Visual e Informação

Somatossensorial Adicional na Postura Ereta Quieta

Dissertação apresentada ao

Programa de Mestrado em

Fisioterapia, da Universidade Cidade

de São Paulo, como requisito para

obtenção do título de Mestre, sob

orientação da Profa. Dra. Sandra M.

S. F. Freitas e coorientação da Profa.

Dra. Sandra Regina Alouche.

SÃO PAULO 2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Data da defesa: ____/____/____.

Banca Examinadora:

______________________________________

Sandra Maria Sbeghen Ferreira de Freitas

Universidade Cidade de São Paulo

______________________________________

Paulo Barbosa de Freitas Junior

Universidade Cruzeiro do Sul

_____________________________________

Monica Rodrigues Perracini

Universidade Cidade de São Paulo

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais.

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ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à Deus por ter me conduzido até aqui.

Aos meus pais, Maria Aparecida de Souza Costa e José Barroso Costa

por terem me dado a vida, amor incondicional e o suporte necessário para a

realização de mais um sonho, amo vocês.

À minha querida orientadora Sandra Freitas por simplesmente, partilhar

todo seu conhecimento técnico, sua sabedoria e sua experiência para que eu

pudesse concluir esta etapa e me inserir na vida acadêmica. Mas sem todo seu

envolvimento com a minha história, por acreditar em mim e confiar no meu

trabalho nada disso seria concretizado. Te dizer obrigada é apenas um detalhe

por tudo que consegui realizar ao seu lado. Você é especial.

Sandra Regina Alouche, minha coorientadora, obrigada por tudo,

reuniões, risadas e dedicação à este projeto.

Caio César Nogueira Garbus... o meu amor... impossível concluir esta

etapa sem o seu incansável apoio, cuidado, suporte e infinita confiança em mim.

Agradeço a minha grande família por me dar força e incentivo durante

toda esta trajetória. Meus tios e padrinhos Maria Lucia de Souza Lourenço,

Anderson Lourenço e minha, mais irmã do que prima, Andressa de Souza

Lourenço, amo vocês. Julia Marques Garbus seu lindo e afetuoso olhar me traz

paz e inspiração para seguir.

Maíra F. Hadid e Agnes Tiemi Ohara Chaves são ‘apenas’ 18 anos de

amizade. Obrigada por me acompanharem por tanto tempo.

Sem suporte emocional o caminho seria muito mais conturbado, Lurdinha

obrigada pelo brilhante profissionalismo e carinho.

À Renata Morales Banjai por ter ajudado em meu processo de formação,

me apresentado o programa de Mestrado e a companhia nas ‘idas e vindas’...

A cada participante que gentilmente, se propôs a participar da pesquisa.

Aos meus pacientes, que nestes dois anos me permitiram maior dedicação ao

mestrado. Ao Grupo Lótus – Associação Parkinson da Baixada Santista por

simplesmente me acolher e dar espaço para desenvolver um trabalho com os

queridos parkinsonianos. Marcia Silveira Farah Reis, que além de Presidente da

Associação, é uma grande amiga.

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iii

RESUMO

Informações somatossensoriais adicionais fornecidas pelo contato da

ponta do dedo indicador em uma superfície externa (toque suave) e as

informações visuais adicionais fornecidas pelo feedback visual do centro de

pressão (CP) reduzem a amplitude das oscilações na postura ereta quieta. No

entanto, o efeito das duas informações adicionais oferecidas simultaneamente

ainda era desconhecido. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito

do uso concomitante dessas duas fontes de informações sensoriais adicionais

(toque suave e feedback visual do CP) no controle postural. Treze adultos

jovens sadios permaneceram em pé, o mais parado possível, sobre uma

plataforma de força em duas condições de toque (com ou sem toque suave na

barra) e três condições visuais (olhos abertos, olhos fechados ou com feedback

visual do CP). Na condição de toque, a força aplicada à barra pelo dedo

indicador deveria ser inferior a 1N. Na condição de olhos abertos, os

participantes mantiveram o olhar em alvo fixo (círculo preto) apresentado na tela

do monitor enquanto que na condição de feedback visual este alvo moveu de

acordo com o movimento do CP. Participantes realizaram três tentativas de 35

segundos em cada condição de toque e informação visual isolada ou

combinada. A amplitude e velocidade média do CP nas direções anteroposterior

e médio-lateral foram calculadas e comparadas entre condições. Para as duas

direções, os resultados confirmaram que a amplitude e velocidade média do CP

reduziram quando os participantes realizaram o toque suave de olhos abertos.

Por outro lado, apenas a amplitude do CP reduziu quando o feedback visual da

sua posição foi fornecido isoladamente. Ainda, amplitude e velocidade do CP

foram similares nas condições de olhos abertos e feedback visual quando os

participantes realizaram a condição de toque suave. Assim, os resultados

indicam que o fornecimento do feedback visual do CP não contribui para uma

maior redução da oscilação postural quando os participantes realizaram o toque

suave simultaneamente na barra externa. Estes achados sugerem que as

informações provenientes do sistema somatossensorial são mais importantes do

que as informações visuais para o controle postural.

Palavras-Chave: Equilíbrio postural, retroalimentação sensorial, informação

visual, controle postural, integração sensorial.

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iv

ABSTRACT

Additional somatosensory information provided by the contact of the index

fingertip in an external surface (light touch) and additional visual information

provided by the visual feedback of center of pressure (CP) decrease the postural

sway amplitude during upright quiet standing. However, the effect of visual and

somatosensory additional information provided simultaneously was unknown.

Therefore, the aim of this study was to evaluate the effect of the concomitant use

of these two additional sensory information sources (light touch and Feedback

visual of CP) on the postural control. Thirteen healthy young individuals stood,

“as still as possible”, on a force platform under two touch (with or without lightly

touching the bar) and three visual conditions (open eyes, closed eyes or with the

visual feedback of the CP). In the touch condition, the force applied to the bar by

the index finger should always be less than 1 N. In the open eyes condition,

participant maintained the gaze in a fixed target (black circle) presented on the

monitor screen while in the visual feedback condition this target moved according

to the CP movement. Participants performed three trials of 35 seconds in each

condition of touch and visual information isolated or combined. The mean

amplitude and velocity of CP in anteroposterior and mediolateral directions were

calculated and compared among conditions. For both CP directions, the results

confirmed that CP mean amplitude and velocity reduced when participants lightly

touched the bar with eyes open. On the other hand, only the amplitude of CP

decreased when its visual feedback was provided alone. In addition, the CP

amplitude and velocity were similar between visual feedback and eyes open

conditions when participants performed the light touch. Therefore, the results

indicate that providing visual feedback of CP does not contribute for a greater

reduction of postural sway when participants lightly touched the external bar.

These findings suggest that the information provided by the somatossensory

system is more important than that from visual system to postural control.

Keywords: Balance, sensory feedback, visual information, postural control,

sensory integration.

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v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação da posição do participante durante as condições

experimentais...................................................................................................... 29

Figura 2: Trajetória do CP nas direções AP e ML de um participante

representativo em cada condição experimental: sem toque (linha superior) e com

toque (linha inferior). Da esquerda para a direita, são apresentadas as condições

de olhos abertos, em seguida olhos fechados e por fim FV do CP. ................... 33

Figura 3: Valores médios da amplitude média de oscilação nas direções AP (em

A) e ML (em B) em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e FV do

CP) e de toque suave (sem toque, à esquerda e com toque, à direita). As barras

de erro representam o erro padrão. .................................................................... 36

Figura 4: Valores médios da variável velocidade nas duas direções, AP (em A) e

ML (em B) em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP)

e de toque suave (sem toque, à esquerda e com toque, à direita). As barras de

erro representam o erro padrão. ......................................................................... 37

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vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores da amplitude e velocidade do CP nas direções AP e ML de

cada condição experimental em relação à condição de olhos abertos sem toque.

Valores são apresentados em porcentagem. ..................................................... 39

Tabela 2: Amplitude e variabilidade (desvio padrão) da força aplicada à barra de

toque em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP).

Valores são apresentados em Newton. .............................................................. 39

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LISTA DE ABREVITURAS

ANOVA – Análise de Variância

AP – Anteroposterior

CM – Centro de Massa

cm – centímetro

CP – Centro de Pressão

CPAP – Centro de Pressão na direção anteroposterior

CPML - Centro de Pressão na direção médio-lateral

DP – Desvio Padrão

FV – Feedback Visual

Fx – Força na direção médio-lateral

Fy – Força na direção anteroposterior

Fz – Força na direção vertical

h - altura

Kg - quilograma

MANOVA – Análise de Multivariância

ML – Médio-lateral

Mx – Momento na direção médio-lateral

My – Momento na direção anteroposterior

N – Newton

OA – Olhos abertos

OF – Olhos fechados

SNC – Sistema Nervoso Central

UNICID – Universidade Cidade de São Paulo

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................. iii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9

2 OBJETIVOS ................................................................................................. 11

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 12

3.1 Controle da Postura Ereta Quieta .................................................................. 12

3.2 Importância dos sistemas sensoriais no controle postural ............................. 14

3.3 Sistema Visual ............................................................................................... 15

3.4 Sistema Somatossensorial ............................................................................. 19

3.5 Uso simultâneo das informações sensoriais adicionais .................................. 22

4 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................... 26

4.1 Participantes .................................................................................................. 26

4.2 Equipamentos ................................................................................................ 26

4.3 Procedimentos Experimentais ....................................................................... 27

4.4 Processamento e Análise dos Dados ............................................................ 30

4.5 Análise Estatística ......................................................................................... 31

5 RESULTADOS ............................................................................................. 33

6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 45

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 46

ANEXOS ............................................................................................................. 50

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1 INTRODUÇÃO

A manutenção da postura ereta bípede é de fundamental importância

para os indivíduos realizarem suas atividades de vida diária. Nessa postura,

oscilações do corpo ocorrem devido a uma série de processos fisiológicos (i.e.,

batimento cardíaco, frequência respiratória, retorno venoso, entre outros) e

propriedades biomecânicas do corpo, tal como a base de suporte formada pelas

bordas laterais dos pés ser relativamente pequena e a posição do centro de

massa (CM) do corpo ser alta1, 2. Estas oscilações podem ser mensuradas pelo

deslocamento do centro de pressão (CP) quando um indivíduo está na postura

bípede sobre uma plataforma de força, por exemplo. O CP representa o ponto

de aplicação do vetor da força vertical resultante agindo sobre a superfície de

suporte3.

Para controlar as oscilações posturais é necessário um adequado

funcionamento do sistema de controle postural, imprescindível para manter uma

postura estável para enfrentar qualquer perturbação aplicada externa ou

internamente ao corpo1, 4, 5. Assim, para o controle da postura ereta, informações

sensoriais provenientes, por exemplo, dos sistemas visual e somatossensorial,

são integradas pelo sistema nervoso central (SNC), o qual envia impulsos

nervosos aos músculos necessários para a manutenção do equilíbrio postural.

O sistema visual é importante para o fornecimento de informações da

posição do corpo no espaço e visualização de objetos1, 5. Na ausência dessa

informação, a amplitude das oscilações posturais aumenta1; enquanto que, por

outro lado, quando a informação visual adicional é fornecida, tal como

apresentação da posição do CP (feedback visual, FV) numa tela de monitor de

um computador, o indivíduo consegue usar essa informação para

voluntariamente realizar ajustes e reduzir, as oscilações posturais6.

O sistema somatossensorial composto por proprioceptores e receptores

cutâneos fornecem informações sobre a posição e movimento do corpo todo ou

de uma parte do corpo em relação a outra, bem como o contato do corpo com

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objetos externos, como exemplo os pés e a superfície de suporte5, 7, 8 ou a mão

em contato com uma superfície externa8. Uma redução da oscilação do corpo na

postura ereta tem sido observada quando indivíduos tocam suavemente a ponta

do dedo indicador (força inferior a 1N) em uma superfície fixa e rígida9. Tal

redução seria devido ao uso de informações somatossensoriais adicionais

fornecidas pelo toque suave nesta situação. Assim, parece que tanto a adição

de informações visuais como as somatossensoriais são importantes para o

controle postural.

No entanto, será que os efeitos do toque suave e do FV do CP são

aditivos? Isto é, há uma maior redução da oscilação postural quando as duas

informações adicionais são fornecidas simultaneamente? O presente estudo terá

como objetivo responder estas questões e contribuir no entendimento sobre a

importância das informações adicionais advindas do sistema visual e

somatossensorial no controle da postura ereta quieta.

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente estudo foi avaliar o efeito do uso

concomitante de informações adicionais dos sistemas visual (pelo fornecimento

do FV do CP) e somatossensorial (pelo toque suave) no controle postural.

2.1 Objetivos Específicos e Hipóteses

2.1.1. Comparar a oscilação postural de indivíduos jovens e sadios durante a

postura ereta quieta realizando ou não o toque suave da ponta do dedo

indicador direito em uma barra fixa e rígida com olhos abertos.

Hipótese: a oscilação postural dos indivíduos seria menor na condição de toque

suave quando comparada a condição sem toque.

2.1.2 Comparar a oscilação postural de indivíduos jovens e sadios durante a

postura ereta quieta com e sem FV do CP na condição sem toque suave.

Hipótese: a oscilação postural dos indivíduos seria menor na condição de FV do

CP quando comparada a condição sem FV do CP.

2.1.3. Avaliar a oscilação postural de indivíduos jovens e sadios durante a

postura ereta quieta quando informações sensoriais adicionais do sistema visual

pelo FV do CP e somatossensorial pelo toque suave são fornecidas

simultaneamente.

Hipótese: a oscilação postural dos indivíduos seria menor na condição em que

as duas fontes de informações sensoriais adicionais (i.e., FV do CP e toque

suave) foram fornecidas simultaneamente quando comparada as condições em

que foram fornecidas isoladamente.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Controle da Postura Ereta Quieta

O controle postural é definido como a capacidade do indivíduo em

controlar a posição do corpo no espaço para atender dois objetivos

comportamentais importantes: a orientação postural e o equilíbrio postural1. A

orientação postural refere-se à manutenção de uma relação harmônica entre os

segmentos corporais, ou entre o corpo todo e o ambiente. O equilíbrio postural

refere-se à condição na qual todas as forças agindo sobre o corpo estão

balanceadas e um indivíduo pode manter numa postura (equilíbrio semi-estático)

ou mover-se de maneira adequada (equilíbrio dinâmico)1.

Um indivíduo ao tentar manter-se o mais parado possível na postura ereta

bípede, com os pés paralelos e afastados, permanece em equilíbrio semi-

estático uma vez que pequenas oscilações do corpo sempre ocorrem (nesta

posição, cerca de 1 cm na direção anteroposterior e 0,5 cm na direção médio-

lateral10, 11). Para manter o equilíbrio nesta posição, a projeção vertical do centro

de massa (CM, definido como o ponto imaginário onde todas as massas de um

corpo estão distribuídas uniformemente3) do corpo deve estar dentro dos limites

da base de suporte delimitada pelas bordas externas dos pés1, 11. Além disso,

para manter a postura ereta, os segmentos corporais devem ser alinhados com

a posição da cabeça e da pelve. Assim, durante a execução de movimentos

voluntários na postura ereta, duas estratégias são necessárias: a primeira delas

responsável por suportar a cabeça e o corpo contra a ação da força da

gravidade e a segunda, por estabilizar os segmentos corporais para que outros

segmentos possam movimentar-se12.

Na tentativa de entender como o corpo humano se comporta na postura

ereta bípede, um modelo físico-matemático denominado de pêndulo invertido

tem sido proposto3. Segundo este modelo, o corpo de um indivíduo, na posição

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bípede, com os pés paralelos e fixos na superfície de suporte, se comporta

como um segmento rígido (pêndulo invertido), onde oscilações no plano sagital

ocorrem somente sobre as articulações do tornozelo, enquanto os possíveis

movimentos nas outras articulações seriam desprezados, por serem muito

pequenos3, 10, 11. Este modelo foi proposto como uma forma de explicar,

simplificadamente, as pequenas oscilações do corpo que ocorrem devido a) a

base de suporte formada pelas bordas laterais dos pés ser relativamente

pequena e a posição do CM ser alta e b) propriedades fisiológicas do corpo

(batimento cardíaco, frequência respiratória, retorno venoso, entre outros).

A posturografia é a técnica utilizada para avaliar a oscilação postural e é

comumente dividida em estática e dinâmica. A primeira é utilizada quando a

postura ereta quieta do indivíduo é avaliada13-15; já a posturografia dinâmica,

refere-se ao estudo das respostas a uma perturbação aplicada sobre o indivíduo

ou as ações voluntárias do corpo todo ou dos segmentos corporais1, 16. Nas

duas condições, a plataforma de força é o instrumento mais utilizado para os

registros das forças e momentos de força, a partir dos quais a posição do CP é

calculada e a oscilação postural avaliada. O CP representa o ponto de aplicação

do vetor da força vertical resultante agindo sobre a superfície de suporte3.

Diversas medidas por sua vez podem ser obtidas da análise da série temporal

do CP como indicativo das características da oscilação postural17, 18, tais como:

área total de oscilação do CP; amplitude média de oscilação do CP na direção

anteroposterior ou médio-lateral (respectivamente, CPAP e CPML) e a velocidade

média da oscilação do CPAP e CPML. Estas medidas se modificam em função das

características dos indivíduos que estão sendo avaliados19, da tarefa executada

(estática ou dinâmica)20-22 e do ambiente (luminosidade, sons, etc.)23-25.

Apesar do CP ser muito utilizado para avaliar as oscilações posturais,

existe uma diferença entre esta medida e a de oscilação corporal (i.e., CM). O

sinal do CM traduz a real oscilação do corpo, uma variável controlada pelo

sistema de controle postural enquanto o CP representa a resposta

neuromuscular a esta oscilação, sendo proporcional ao torque do tornozelo e

dependente da projeção vertical do CM3, 10. No presente estudo, apenas a

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posição do CP será investigada e, portanto, a maioria dos estudos que serão

citados à seguir também avaliaram a posição do CP como indicativo da

oscilação postural.

3.2 Importância dos sistemas sensoriais no controle postural

Embora o controle da postura ereta quieta pareça ser uma tarefa

relativamente simples para uma estrutura rígida, ela se torna difícil para um

corpo multiarticulado26. Para manter um equilíbrio postural adequado, o sistema

de controle postural necessita de informações sensoriais provenientes,

principalmente, dos sistemas visual, somatossensorial e vestibular1, 5, 7, 10, 18, 27.

Estes sistemas trabalham de forma paralela e integrada para que o SNC

obtenha informações coerentes sobre a posição do corpo no espaço e então,

envie impulsos nervosos aos músculos necessários para realização da resposta

motora12. Este processo ocorre em um nível involuntário e produz um ajuste

automático1.

Assim, múltiplos canais de informações sensoriais são necessários para

resolver as ambiguidades referentes à orientação postural e aos movimentos do

próprio corpo, como exemplo, o movimento de uma imagem sobre a retina nos

informa uma relação de movimento entre a cabeça e o ambiente. Ou ainda, o

sistema vestibular que detecta os movimentos da cabeça e não consegue

diferenciar entre a ação da gravidade atuando e uma aceleração linear

propriamente dita. Desta forma, conclui-se que, para a resolução destas

ambiguidades, é imprescindível a integração de todas as informações

provenientes de diferentes sistemas sensoriais1.

Embora três principais fontes de informação sensorial contribuam para o

controle postural, apenas duas delas, sistema visual e somatossensorial, serão

abordadas em maiores detalhes a seguir.

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3.3 Sistema Visual

O sistema visual é um dos sistemas que atua no controle postural

fornecendo informação da posição ou movimento de algum membro ou do corpo

todo em relação ao ambiente e da localização de objetos no espaço1, 5. Dessa

forma, a visão tem sido apresentada como um importante sistema para o

controle postural. Nas situações em que o indivíduo está na postura em pé com

a informação visual disponível (i.e., olhos abertos), a imagem do ambiente é

projetada na retina, de forma que se o participante oscilar para frente, ocorrerá

uma alteração desta projeção, sendo esta aumentada. Neste caso, é gerada

uma resposta dos músculos posteriores com o objetivo de reverter a direção

desta oscilação28. Por outro lado, se o indivíduo oscilar para trás a mesma

imagem projetada na retina é diminuída e os músculos anteriores são ativados

para reverter a direção dessa oscilação e o indivíduo oscilar para frente.

O efeito da visão tem sido observado, por exemplo, pelo aumento da

oscilação postural quando indivíduos permanecem em pé, na postura ereta

quieta, com olhos fechados, em relação à condição de olhos abertos1. Rougier25,

em seu estudo, avaliou a influência da visão sobre a oscilação postural de

indivíduos submetidos a três condições experimentais, sendo elas: olhos

abertos, olhos fechados e olhos abertos num ambiente totalmente escuro. O

autor observou menor oscilação postural quando os indivíduos permaneceram

com os olhos abertos em um ambiente iluminado e maior no momento em que

estes estavam de olhos fechados. Ainda, na condição em que os indivíduos

estavam com olhos abertos mas num ambiente totalmente escuro, as oscilações

posturais foram menores quando comparadas com as de olhos fechados.

Segundo o autor, na condição de olhos fechados, os participantes apresentaram

maior rigidez do corpo para suprir a ausência da visão. Já com relação a

condição de olhos abertos no ambiente escuro, o SNC ainda foi capaz de utilizar

as informações visuais para o controle postural, mesmo que elas não fossem tão

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eficientes (devido a ausência de luminosidade no ambiente). Este efeito da

redução da iluminação na oscilação postural já havia sido reportado antes por

Edwards23.

Outros estudos também têm utilizado para avaliar a importância da visão

no controle postural o paradigma da sala móvel29-31. Nestes estudos, o indivíduo

é instruído a permanecer na postura ereta quieta dentro de uma sala composta

por paredes e teto que se movimentam de forma independente do solo na

direção ou sentido oposto ao indivíduo. Quando pequenas translações dessa

sala são aplicadas por um motor, elas geram uma alteração no fluxo óptico dos

participantes que, consequentemente, geram oscilações compensatórias a este

movimento31. Estas oscilações ocorrem de forma acoplada ao movimento da

sala, por exemplo, se o movimento da sala ocorre na direção do indivíduo, o

mesmo terá a impressão que oscilou para frente, o que gera uma ação

compensatória dos músculos posteriores para que o corpo se mova no sentido

oposto, neste caso, para trás. Por outro lado, se a sala movimenta-se para

frente, ou seja, no sentido contrário ao participante, a imagem do ambiente

estará diminuída, e o indivíduo terá a impressão de que deslocou-se para trás,

então os músculos anteriores serão ativados para levar o corpo à frente31. Tais

achados mostram uma forte dependência dos indivíduos com a informação

visual quando dentro da sala em movimento.

Por fim, o uso da informação visual também tem sido investigado quando

o individuo é solicitado a controlar voluntariamente a posição do CP, seja em

tarefas de postura ereta semi-estática ou dinâmica6, 20, 32. Em estudos que

envolvem a postura ereta dinâmica (referem-se ao movimento dentro dos limites

de estabilidade), o participante permanece na postura vertical e deve executar

movimentos voluntários de transferência de peso na direção anteroposterior ou

médio-lateral ou ainda executar tarefas com o corpo segundo alvos exibidos na

tela de um computador6, 32, 33.

Por outro lado, nos estudos sobre postura ereta semi-estática o

participante é solicitado a reduzir o movimento do cursor que representa a

posição do CP apresentado na tela do monitor34, 35. Nestes estudos, um sistema

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computadorizado composto por uma ou duas plataformas de força fornece de

forma contínua na tela de um monitor a posição do CP, proporcionando uma

nova técnica de treinamento, o feedback visual (FV). Atualmente, muitos

profissionais da área clínica têm considerado a técnica de FV possível para

reabilitação de indivíduos com problemas de equilíbrio6, 36-38.

De acordo com Nichols6 o FV pode ser utilizado para treinamento e

avaliação da a) amplitude das oscilações posturais quando o indivíduo

permanece na postura ereta o mais parado possível; b) dos limites de

estabilidade e c) da simetria na distribuição de peso corporal entre os membros

inferiores. As oscilações posturais estão geralmente relacionadas à estabilidade

postural, ou seja, quanto maior a amplitude da oscilação, mais instável está o

indivíduo tal como observado em idosos e indivíduos com alterações na

manutenção do equilíbrio15, 39. Os limites de estabilidade são definidos como a

distância máxima que o indivíduo pode inclinar o corpo para cada direção sem

perder o equilíbrio, e por fim, a simetria na distribuição do peso corporal fornece

a informação da descarga adequada de peso em cada membro inferior. No

presente estudo, somente os achados de estudos sobre o uso do FV como fonte

de informação visual adicional no controle das oscilações na postura ereta

quieta serão apresentados.

Com o objetivo de avaliar o uso do FV do CP, Dault e colaboradores36

avaliaram a oscilação postural de indivíduos jovens, idosos e que sofreram

acidente vascular encefálico na postura ereta quieta. Em particular, os adultos

jovens apresentaram uma redução de 29,2% da amplitude de oscilação postural

comparada a condição sem FV do CP. Rougier35 avaliou doze indivíduos

saudáveis que foram submetidos a duas condições experimentais, sendo que na

primeira o participante fixava o olhar em um monitor desligado e na segunda era

projetada a oscilação real do CP na tela de um monitor do computador (FV do

CP). O autor concluiu que o FV reduziu em 50% as oscilações posturais.

Boudrahem e Rougier34 também realizaram um estudo com 65 adultos jovens

em duas condições experimentais: com (na tela do monitor) e sem (um ponto

fixo posicionado na tela do monitor) FV do CP. De acordo com os autores mais

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18

de 65% dos participantes tiraram proveito do uso do FV, i.e., reduziram a

oscilação do CP. Assim, os achados dos três estudos sugerem que fornecer

uma informação visual adicional através do FV do CP contribui para a redução

da oscilação postural. No entanto, uma característica comum dos dois últimos

estudos foi o uso de um ganho (ou amplificação) do deslocamento do CP

apresentado no monitor para o participante. Rougier35 utilizou um ganho de 2

enquanto Boudrahem e Rougier34 utilizaram um ganho de 4, i.e., os

deslocamentos do CP foram, respectivamente, 2 e 4 vezes maiores do que o

deslocamento real. No entanto, Danna-dos-Santos40 não observou tal redução

mesmo quando indivíduos jovens receberam FV do CP com um ganho de 2.

Para investigar melhor o efeito do ganho sobre o FV do CP, Cawsey e

colaboradores41 realizaram um estudo onde o FV do CP foi manipulado com um

ganho de 1, 4, 8, 16, 32, 48 e 64, enquanto os participantes permaneceram

sobre uma superfície de suporte rígida ou em uma espuma. Os autores

encontraram no estudo que o ganho contribuiu para a redução da oscilação do

CP de forma diferente de acordo com a superfície de suporte, ou seja, quando o

indivíduo permaneceu sobre uma superfície rígida, houve uma redução da

amplitude do CP até um ganho de 8. No entanto, nas condições em que foi

utilizada a espuma, ainda foi possível observar uma redução da amplitude do CP

quando o FV do CP foi aumentado em até 16 vezes. Segundo os autores,

quando o indivíduo permaneceu sobre uma espuma (i.e. superfície instável)

houve um aumento da oscilação postural devido ao fato da informação

somatossensorial ser menos confiável e, consequentemente, uma alteração na

repesagem das informações sensoriais atuantes no controle postural. Todos

estes fatos poderiam justificar a redução ocorrendo com ganhos maiores. Por

outro lado Vuillerme e colaboradores42, encontraram resultados contraditórios,

pois na condição em que o participante permaneceu sobre uma espuma, tanto o

ganho de 2 quanto o de 10 reduziram os deslocamentos do CP, enquanto que

em superfície estável, os autores observaram que apenas com um ganho de 10

os participantes reduziram os deslocamentos do CP. Juntos, esses estudos

demonstram um efeito positivo do FV do CP, uma vez que indivíduos

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conseguiram usar essa informação visual adicional para controlar as oscilações

posturais e reduzir suas amplitudes34-36, 41, no entanto este efeito depende da

amplificação do sinal do CP apresentado na tela do monitor.

3.4 Sistema Somatossensorial

O sistema somatossensorial fornece informações da posição e velocidade

dos segmentos corporais, da variação do comprimento e tensão muscular e do

contato do corpo com superfícies externas, por exemplo, o solo e objetos5. Estas

informações são fornecidas por diferentes estruturas do corpo humano tais como

os fusos neuromusculares, os órgãos neurotendíneos de Golgi, os

mecanoceptores, entre outros.

Os fusos neuromusculares são órgãos pequenos, sofisticados e envoltos

por uma cápsula conjuntiva e localizam-se nos músculos esqueléticos. Este

formato encapsulado os diferencia das fibras musculares comuns, chamadas de

fibras extrafusais. O fuso neuromuscular é composto por fibras intrafusais,

terminações nervosas sensoriais (do grupo Ia e II) e terminações dos

motoneurônios gama. A principal função desta estrutura é detectar a variação do

comprimento do músculo, tanto no relaxamento quanto na contração muscular.

Os órgãos neurotendíneos de Golgi estão localizados na junção

musculotendínea, possuem fibras do tipo Ib e são responsáveis por monitorar

constantemente a tensão muscular43-45.

Estudos realizados com a aplicação de uma vibração em um tendão

revelaram que este estímulo pode alterar a percepção da orientação corporal.

Por exemplo, quando um estímulo vibratório foi aplicado ao tendão da perna de

indivíduos na posição ortostática e de olhos fechados, promoveu um efeito

ilusório de uma inclinação do corpo para trás, levando os participantes a

realizarem inclinações do corpo46, 47. Dessa forma, estes ajustes posturais feitos

pelos indivíduos levaram a um aumento da amplitude de oscilação postural.

Hong e colaboradores48 também realizaram um estudo em que os

participantes eram submetidos a diferentes situações experimentais: a) os pés

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com distância de 5 cm entre os calcanhares e 10º de abdução ou posição de

tandem, um pé logo à frente do outro (posição tandem); b) com informação

visual presente ou ausente (i.e., olhos abertos e fechados) e c) sensação

cutânea (manipulada por imersão dos pés em recipiente com gelo durante 15

minutos). Como resultado os autores observaram maior área de oscilação

postural na condição em que o indivíduo permaneceu na posição tandem, com

olhos fechados e imersão dos pés no gelo. Tal resultado sugere uma maior

instabilidade do corpo quando as duas informações, visuais e

somatossensoriais, não estão disponíveis simultaneamente.

Grande parte da estabilidade e da orientação postural é favorecida pelo

contato dos pés na superfície de suporte e pela posição dos tornozelos. Nas

condições de uma superfície de suporte macia ou móvel, por exemplo,

pequenas deformações e alongamento da pele ocorrem levando a ativação de

receptores cutâneos superficiais e profundos1. A pele também contém diferentes

modalidades de receptores sensoriais, entre eles os termoceptores sensíveis a

temperatura, os nociceptores relacionados à dor e os mecanoceptores sensíveis

à pressão, especificamente no controle de movimentos que exigem

discriminação tátil.

Os mecanoceptores estão distribuídos por todo o corpo e são cruciais na

determinação da relação dos segmentos corporais com superfícies externas em

contato com a pele1, 49, 50. Os mecanoceptores são divididos em corpúsculos de

Meissner, discos de Merkel, terminações de Rufini e corpúsculos de Paccini. O

corpúsculo de Meissner e os discos de Merkel estão localizados na epiderme, ou

seja, na superfície da pele. Em uma camada mais profunda na derme estão as

terminações de Ruffini e no tecido subcutâneo os corpúsculos de Paccini. Os

discos de Merkel estão relacionados aos estímulos de pressão vertical,

enquanto os corpúsculos de Meissner respondem às rápidas mudanças de

pressão em áreas pequenas da pele e adaptam-se rapidamente ao estímulo, e

param de agir se a pressão for constante. As terminações de Ruffini são

estimuladas em áreas maiores da pele e adaptam-se lentamente às

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deformações desta estrutura. Por fim, os corpúsculos de Paccini reagem de

forma rápida às deformações da pele.

Muitos estudos têm reportado que as informações provenientes destes

mecanoceptores durante o contato da ponta do dedo indicador da mão com uma

superfície externa e rígida (toque suave) são utilizadas para o controle postural8,

9, 46, 47, 51-57. Jeka e Lackner47 realizaram o estudo comparando seis condições

experimentais, olhos abertos e fechados sem realizar o toque, toque suave

(força aplicada inferior a 100 gramas ou 1N) e toque com maior força desejada,

e observaram que com o toque suave, a oscilação postural reduziu. Em outro

estudo, Rabin e colaboradores9 também observaram que, em comparação às

situações em que os indivíduos permaneceram na postura ereta sem a condição

de toque, a oscilação postural reduziu aproximadamente 68% quando os

indivíduos realizaram o toque suave. A explicação para o efeito do toque suave

seria que ele serve como uma fonte de informação somatossensorial adicional

gerada pelos receptores cutâneos e as informações proprioceptivas do membro

superior para auxiliar no controle postural. Os mecanoceptores localizados na

ponta do dedo indicador podem fornecer informações sobre a oscilação postural

de três formas: pelas deformações que os receptores sofrem, pela intensidade

que cada receptor é estimulado e pelo momento em que são ativados9.

Estudos apontaram que, independente da condição visual, o uso das

informações provenientes do toque reduz cerca de 50 a 60% da oscilação

postural8, 52. Por outro lado, Holden e colaboradores51 observaram uma

diminuição da oscilação do CP com o toque suave somente na condição sem

visão. É importante ressaltar que, nestes estudos, a força aplicada na superfície

externa foi sempre insuficiente para fornecer um suporte mecânico (i.e., inferior

a 1 N). Assim, nas condições de toque suave, apenas as informações

somatossensoriais adicionais fornecidas pelo contato do segmento corporal com

a superfície externa provenientes dos mecanoceptores seriam utilizadas na

redução da oscilação postural8, 51. Além disso, no momento em que o indivíduo

realiza o toque à barra o membro superior fica rígido e permite que a ponta do

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dedo indicador mova-se em pequenas amplitudes pela superfície rígida e

forneça informações dos receptores sensoriais51, 56.

Em outros estudos reportados na literatura54, 55, 58 os participantes foram

solicitados a permanecer na postura ereta com os pés paralelos e tocarem ou

não uma superfície externa, com ou sem informação visual. Nesta postura, os

autores observaram que o toque suave teve um efeito maior sobre as oscilações

posturais na direção anteroposterior. Araujo e colaboradores54 sugeriram então

que as informações somatossensoriais teriam grande contribuição no controle

da oscilação postural na direção de maior instabilidade do corpo (i.e., no caso,

na direção anteroposterior).

Rabin e colaboradores53 avaliaram a oscilação postural dos indivíduos na

postura ereta quieta com um pé a frente do outro (posição tandem), inicialmente

sem toque e, então, durante a tentativa realizavam o toque suave. Antes do

contato do dedo indicador do membro superior direito na barra de toque a média

da oscilação postural dos participantes era de 0,77 cm, porém, após 500ms,

esta oscilação começou a reduzir, chegando a uma redução de 30% após 1

segundo e 50% após 3 segundos. Estes resultados sugerem que a informação

somatossensorial adicional fornecida pelo toque suave da ponta do dedo

indicador é de grande importância para o controle da oscilação postural. Ainda,

tal informação somatossensorial adicional é utilizada quase que ao mesmo

tempo que o indivíduo realiza o toque.

3.5 Uso simultâneo das informações sensoriais adicionais

Apesar do grande número de estudos sobre a importância de cada um

dos sistemas sensoriais, pouco se sabe sobre como as informações

somatossensoriais e visuais adicionais são processadas e combinadas para

gerar respostas apropriadas para a manutenção da postura ereta. Oie e

colaboradores59 descreveram que as oscilações posturais que ocorrem durante

a postura vertical refletem um processo complexo que envolve a integração das

informações sensoriais de fontes variadas. Os autores definem a integração

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multissensorial como a constante ponderação das aferências sensoriais de

acordo com a condição sensorial oferecida ao indivíduo. Desta forma, para

manter o equilíbrio em uma situação com mudanças bruscas no cenário visual, o

sistema nervoso deve minimizar o uso da informação visual e utilizar mais as

outras fontes de informação sensorial (i.e. somatossensorial e vestibular). Assim,

o sistema de controle postural deve ser flexível, de forma que dê maior peso a

um canal sensorial e simultaneamente minimize a ação de outros, dependendo

da tarefa.

Peterka60 também descreveu que cada sistema sensorial capta um “erro”

que indica o desvio postural mediante uma determinada posição de referência,

como exemplo, a visão busca a orientação da posição da cabeça no cenário

visual e os proprioceptores, a orientação do membro inferior em relação a

superfície de suporte. Estes erros individuais seriam somados e gerariam uma

correção postural apropriada60. Por outro lado, segundo Horak1 esta soma das

informações sensoriais individuais para gerar uma resposta motora não ocorre.

Para a autora o sistema nervoso utiliza a informação sensorial mais relevante

para interpretar e determinar uma resposta coerente para a manutenção da

orientação e equilíbrio postural. Assim, ainda não é totalmente conhecido como

as informações de diferentes fontes sensoriais são integradas e usadas no

controle postural.

Estudos sobre repeso das informações sensoriais utilizadas pelo sistema

de controle postural tem sido feito com manipulação de uma ou mais fontes

sensoriais24, 27, 59, 60. Por exemplo, para investigar os efeitos das informações

sensoriais provenientes do sistema visual e somatossensorial sobre a oscilação

postural, Bonfim e colaboradores27 avaliaram a oscilação postural de indivíduos

adultos jovens que permaneceram na postura ereta em uma sala móvel

realizando ou não o toque suave. Os resultados deste estudo apontaram uma

significante influência do toque suave sobre a oscilação postural nas duas

possibilidades de manipulação da visão, com e sem movimento da sala. Similar

aos estudos sobre a sala móvel, os autores também observaram um

acoplamento entre a movimentação da sala e a oscilação postural na condição

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em que o participante não tocou a barra. No entanto, o uso das informações

somatossensoriais fornecidas pelo toque suave simultâneo ao movimento da

sala diminuiu a influência dessa movimentação sobre a oscilação postural27. De

acordo com os autores, nestas condições, a informação somatossensorial

adicional se sobrepôs a informação visual que estava sendo manipulada.

Num estudo realizado por Jeka e colaboradores24 o peso de cada uma

das informações sensoriais foi avaliado durante o controle postural em diferentes

condições experimentais: com ou sem movimento de um cenário visual e com

ou sem toque em uma barra estacionária ou móvel. Um dos achados

importantes desse estudo foi que, quando juntos, os sistemas sensoriais (visual

e somatossensorial) reduziram ainda mais a oscilação postural devido a um

efeito aditivo comparado às condições de apenas uma fonte sensorial disponível

(somente movimento da sala ou somente toque suave). Todos estes resultados

destacam a importância do uso das diferentes fontes de informações sensoriais

adicionais no controle das oscilações posturais24.

No estudo de Lord e colaboradores61 o peso de cada informação sensorial

foi avaliado por meio de quatro condições experimentais: olhos abertos em

superfície rígida ou instável (com uma espuma); e olhos fechados com as

mesmas variações da superfície. A partir do experimento os autores

identificaram a contribuição de cada sistema sensorial envolvido no controle

postural, sendo que a visão contribui 22% e a informação somatossensorial

58%. Peterka60 em um estudo mais recente encontrou um peso ainda maior da

informação somatossensorial no controle da postura, sendo este valor de 76%.

No entanto os dois estudos mostraram que as informações visuais, em

comparação as fornecidas pelo sistema vestibular e somatossensorial, são as

que tem menor contribuição para o controle postural.

Como descrito anteriormente, cada sistema sensorial fornece diferentes

informações sobre a orientação e oscilação corporal partindo de uma posição de

referência. A ausência ou alteração de um ou mais destes sistemas poderia

levar a um aumento das oscilações posturais1. Por outro lado, a adição isolada

de uma fonte de informação sensorial, seja somatossensorial pelo toque suave8

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ou visual através do FV do CP35, leva a uma redução das oscilações posturais.

O efeito do contato da ponta do dedo indicador pode ser maior quando

comparado ao efeito da visão54. No entanto, o efeito da informação adicional do

toque suave e FV do CP fornecidos simultaneamente ainda não foi investigado.

Tais achados poderiam contribuir no entendimento sobre a importância das

informações adicionais advindas dos sistemas visual e somatossensorial no

controle da postura ereta quieta, sejam elas investigadas separadamente ou em

conjunto.

Este estudo mostrará achados indicam importantes sobre como o uso das

informações sensoriais advindas do sistema visual e somatossensorial podem

ser utilizadas no treinamento do equilíbrio de indivíduos jovens.

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4 MATERIAL E MÉTODO

4.1 Participantes

Participaram do estudo 13 adultos jovens (25 ± 2,8 anos, 1,65 ± 0,09 cm e

67 ± 14,1 kg, respectivamente, a média ± desvio padrão da idade, estatura e

massa corporal dos participantes), destros, sendo 5 do gênero masculino e 8 do

feminino. Segundo o cálculo amostral realizado utilizando os dados de um

estudo piloto o tamanho da amostra era de 10 participantes. Para o cálculo

amostral, a amplitude de oscilação postural foi comparada entre as condições de

toque ou FV do CP isoladas ou simultâneas por meio de um teste de poder

(power) estatístico definido em 0,8 e com significância de 0,05. Foram elegíveis

para este estudo indivíduos sadios que reportaram não apresentar qualquer

comprometimento sensorial (visual, vestibular ou somatossensorial), neurológico

e musculoesquelético, tontura, ou alterações na pressão arterial e diabetes.

4.2 Equipamentos

Uma plataforma de força (Modelo OR6-7, AMTI com dimensões de 46,4 x

50,8 x 8,25 cm) que permitiu os registros das componentes das forças nas

direções x (referente a direção médio-lateral, Fx), y (direção anteroposterior, Fy)

e z (vertical, Fz) e das três componentes do momento de força (Mx, My e Mz) foi

utilizada para avaliação da oscilação postural. Uma barra de toque, construída

especificamente para o estudo, também foi utilizada para registro da força

vertical. Ela foi composta por um transdutor de força tridimensional (Nano 17

marca ATI) sobre uma base rígida presa a um tripé que permitiu o ajuste de

altura necessário para cada participante. O diâmetro do sensor foi de 1,7 cm.

Os sinais das forças e momentos provenientes da plataforma de força e do

transdutor de força da barra de toque foram registrados a uma frequência de 100

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Hz por uma rotina escrita em linguagem LabView 2010 (National Instruments).

Os dados da plataforma de força foram utilizados para o cálculo do CP em

tempo real para apresentação na forma de FV aos participantes (ver item 4.4

abaixo para mais detalhes sobre o cálculo do CP).

4.3 Procedimentos Experimentais

O estudo foi realizado no Laboratório de Análise do Movimento I da

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). Inicialmente, o avaliador explicou

brevemente os procedimentos executados ao voluntário e, caso este

concordasse em participar do estudo, era solicitado a assinar um termo de

consentimento livre e esclarecido (ANEXO 1). Todos os procedimentos foram

aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICID (Protocolo 13651597,

ANEXO 2).

Após esta primeira etapa o pesquisador iniciou os testes sendo que os

três primeiros descritos abaixo foram utilizados para possível exclusão dos

participantes:

Sensibilidade cutânea do dedo indicador : Foi utilizado um estesiômetro

composto por seis monofilamentos (Semmes-Weinstein62) da marca Sorri

(Bauru-SP). Com o objetivo de avaliar a sensibilidade do dedo indicador

da mão direita, os participantes permaneceram de olhos fechados e

receberam a instrução de relatar se sentiram o estímulo e o local em que

foi tocado pelo monofilamento. A sequência adotada foi do monofilamento

menos para o mais espesso.

Acuidade visual: Foi avaliada somente nos casos em que o participante

relatou queixa. Quando houve queixa de problemas visuais ou o indivíduo

usava óculos foi realizado o teste de Snellen, que é composto por uma

tabela com imagens da letra E em diferentes tamanhos e orientações. A

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tabela permaneceu posicionada a uma distância de três metros do

participante. O pesquisador apontou três letras em cada linha da tabela a

partir da linha de número 0,5 e evoluiu para as linhas com letras de

tamanho menor diante de duas respostas corretas ou para as linhas com

letras de tamanho maior no caso de duas respostas erradas. O avaliador

anotou o valor da linha que o indivíduo acertar pelo menos duas das três

indicações. O olho direito e o esquerdo foram avaliados individualmente.

Os participantes que utilizavam óculos ou lentes corretivas no dia-a-dia

realizaram as tarefas experimentais com os mesmos.

Dominância Manual: Foi avaliada pelo inventário de Edinburgh63 (ANEXO

3) que contém 10 itens diretamente relacionados com a mão que o

indivíduo mais utiliza para realizar as tarefas do dia-a-dia. Foram incluídos

no estudo apenas os indivíduos que responderam mais que 80% das

respostas para o membro superior “direito”.

Ao término destas avaliações, foi realizado o procedimento experimental.

O indivíduo foi instruído a ficar descalço e a permanecer em pé sobre a

plataforma de força. Os pés foram mantidos afastados desde que a distância

entre eles não ultrapassasse a largura dos ombros. A posição dos pés do

participante foi marcada com um giz para reprodução da mesma entre as

tentativas. Um monitor, cujo centro posicionava-se na altura dos olhos do

indivíduo, estava a uma distância de 1 m do participante. A barra de toque

permaneceu à frente e ao lado do voluntário de modo que o participante

mantivesse o cotovelo em extensão e com a ponta do dedo indicador direito

sempre em contato com o centro do transdutor de força (Figura 1).

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Figura 1: Representação da posição do participante durante as condições

experimentais.

Cada participante realizou 3 tentativas para cada uma das condições:

1 - Sem toque e olhos abertos;

2 - Sem toque e olhos fechados;

3 - Sem toque e FV do CP;

4 - Com toque e olhos abertos;

5 - Com toque e olhos fechados;

6 - Com toque e FV do CP;

Nas condições sem toque, o participante manteve os membros superiores

soltos ao longo do corpo. Nas condições de toque, o indivíduo recebeu a

instrução para aplicar um toque suave com uma força inferior a 1 N na barra. Se

o participante excedesse este nível de força, o computador emitia um sinal

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sonoro para que a força aplicada à barra de toque fosse reduzida. Nas

condições de olhos abertos, o participante foi instruído a manter o foco visual em

um alvo fixo (círculo preto de 1 cm de diâmetro) apresentado no centro da tela

do monitor. Para as condições com FV do CP, um cursor (também como um

círculo preto de 1 cm de diâmetro) apresentado na tela de um monitor movia-se

para cima ou para baixo de acordo com os movimentos do CP. Nenhum ganho

foi adicionado ao FV do CP, i.e. a real oscilação do CP foi apresentada na tela

do monitor do computador. Nesta condição, somente FV do CP na direção

anteroposterior foi apresentado sendo que o cursor moveu-se para cima se o

indivíduo oscilou à frente (CP deslocou à frente) e para baixo se ele oscilou para

trás (CP deslocou para trás). Em todas as condições, o participante foi orientado

a permanecer o mais parado possível. Ainda, na condição de FV do CP, o

participante foi informado de que o alvo representava o movimento da posição

do corpo no espaço.

Foram realizados três blocos de seis tentativas, uma para cada condição,

randomizadas dentro de cada bloco. Cada participante realizou 18 tentativas

com 35 segundos de duração. Um intervalo de 60 segundos entre tentativas e 5

minutos entre blocos foram permitidos para descanso. Um período maior de

descanso também foi permitido sempre que o participante solicitasse ou o

avaliador achasse necessário.

4.4 Processamento e Análise dos Dados

Os sinais adquiridos da plataforma de força e do transdutor de força da

barra de toque foram analisados por uma rotina escrita em linguagem Matlab

R2011. Os dados da plataforma de força foram utilizados para calcular a posição

do CP anteroposterior [CPAP = (-h*Fx−My)/Fz] e médio-lateral [CPML = (-

h*Fy−Mx)/Fz], onde h é a altura da base de apoio acima da plataforma de força.

Para a análise do CP e da força vertical aplicada à barra de toque, inicialmente o

sinal foi filtrado com um filtro passa-baixa Butterworth de 4ª ordem e frequência

de 10Hz e em seguida, a média da trajetória do CP foi removida de todo o sinal

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antes do cálculo das variáveis. Os primeiros e últimos 2,5 segundos das

tentativas foram então descartados da análise após a filtragem do sinal as

seguintes variáveis utilizadas para análise do CP18 foram calculadas:

Amplitude média de oscilação do CP: desvio padrão da trajetória do CP em

função do tempo para cada direção (CPAP e CPML).

Velocidade média de oscilação do CP: somatória das diferenças entre cada par

de dados da série temporal do CP dividido pelo tempo total da tentativa (no

presente estudo, 30 segundos, já que os primeiros e últimos 2,5 segundos foram

descartados da análise).

A amplitude média e variabilidade (desvio padrão) da força aplicada à

barra de toque também foram calculadas.

4.5 Análise Estatística

A análise estatística foi realizada por meio do programa SPSS 16. A

média entre as três tentativas foram utilizadas para análise estatística. Para

verificar o efeito do FV isolado foram utilizadas duas análises de variância

(ANOVA) tendo como fator visão (olhos abertos e FV do CP) na condição sem

toque, sendo uma para a variável amplitude e outra para a velocidade do CPAP.

Duas análises de multivariância (MANOVA) de medidas repetidas com fator

toque (com e sem toque) foram realizadas para verificar o efeito do toque

isolado utilizando a amplitude ou a velocidade do CPAP e CPML como medidas

dependentes.

Para verificar o efeito simultâneo do toque e FV do CP foram realizados

dois conjuntos de análises diferentes. No primeiro conjunto, os valores obtidos

da amplitude e velocidade do CP nas direções AP e ML foram utilizados para as

análises, enquanto que no segundo os dados da amplitude e velocidade foram

normalizados pela condição de olhos abertos sem toque antes da realização das

análises. Para cada conjunto, foram realizadas duas MANOVA com os fatores

toque (com e sem toque) e visão (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP)

utilizando a amplitude ou a velocidade do CPAP e CPML como medidas

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dependentes. Por fim, uma MANOVA com o fator visão (olhos abertos, olhos

fechados e FV do CP) foi realizada para análise da magnitude da força média e

variabilidade (desvio padrão) da força vertical aplicada à barra de toque (ambas

consideradas como medidas dependentes). O valor de significância foi mantido

em 0,05 e ajustes de Bonferroni foram aplicados quando necessário.

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33

5 RESULTADOS

Todos os participantes conseguiram executar as tarefas com sucesso. Na

figura 2 são apresentadas as trajetórias do CP nas direções AP e ML de um

participante representativo em cada condição de toque e visão. Observe que a

trajetória do CP foi maior na condição de olhos fechados sem realizar o toque

suave e menor quando o indivíduo realizou o toque suave e recebeu FV. Em

todas as condições em que o participante tocou a barra a trajetória do CP foi

menor quando comparada com as condições sem toque. Para a análise

estatística foram verificados os efeitos de toque e FV isoladamente e então a

combinação entre os efeitos de toque e FV.

Figura 2: Trajetória do CP nas direções AP e ML de um participante representativo

em cada condição experimental: sem toque (linha superior) e com toque (linha

inferior). Da esquerda para a direita, são apresentadas as condições de olhos

abertos, em seguida olhos fechados e por fim FV do CP.

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Efeito do toque isolado

Para verificar o efeito do toque isolado foram realizadas duas MANOVA

tendo como variáveis dependentes amplitude (Figura 3) ou velocidade (Figura 4)

do CP nas direções AP (em A) e ML (em B). Nesta análise apenas os resultados

das condições de olhos abertos (barras brancas nas figuras) foram comparados

nas condições sem (barras da esquerda das figuras) e com (barras da direita) o

toque suave. O efeito de toque suave foi observado tanto para a amplitude

[Wilks’ Lambda = 0,281; F(2,11)= 14,043; p = 0,001] como para a velocidade

[Wilks’ Lambda = 0,286; F(2,11)= 13,727; p = 0,001] do CP. As análises

univariadas demonstraram que na condição de toque suave as duas variáveis

(amplitude e velocidade) do CP na direção AP [F(1,12) = 26,343; p < 0,001 e

F(1,12) = 18,592; p = 0,001, respectivamente] e ML [F(1,12) = 14,729; p = 0,002

e F(1,12) = 25,440; p < 0,001, respectivamente] foram menores comparadas as

mesmas variáveis na condição sem toque.

Efeito do feedback visual isolado

Com objetivo de verificar o efeito do FV do CP foram realizadas duas

ANOVA, uma para a variável amplitude e outra para a velocidade do CP ambas

na direção AP, pois o FV foi fornecido apenas nesta direção. Para esta análise,

os valores da condição de FV do CP foram comparados aos da condição de

olhos abertos (compare as barras preta e branca no conjunto de barras à

esquerda nas Figuras 3A para a amplitude média de oscilação e 4A para a

velocidade média), ambas realizadas sem toque. As análises indicaram um

efeito do FV do CP para amplitude [F(1,12) = 5,532; p = 0,037], mas não para a

velocidade [F(1,12) = 0,548; p = 0,473]. A amplitude média do CP reduziu

quando foi oferecido o FV do CP na direção AP comparada a condição de olhos

abertos (Figura 3A).

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35

Efeito do toque e FV do CP fornecidos simultaneamente

Os resultados da amplitude e velocidade do CP obtidos na condição de

toque e FV fornecidos simultaneamente são apresentados como as barras

pretas à direita nas Figuras 3 e 4 tanto para a direção AP (em A) como ML (em

B). Para a amplitude média de oscilação como variável dependente, a MANOVA

revelou um efeito de toque [Wilks’ Lambda = 0,118; F(2,11) = 41,099; p < 0,001],

visão [Wilks’ Lambda = 0,337; F(4,46) = 8,323; p < 0,001] e interação toque vs.

visão [Wilks’ Lambda = 0,404; F(4,46) = 6,591; p < 0,001], As análises

univariadas demonstraram um efeito de toque e visão para as direções AP

[F(1,12) = 75,068; p < 0,001; e F(2,24) = 22,082; p < 0,001, respectivamente] e

ML [F(1,12) = 38,049; p < 0,001; e F(2,24) = 9,001; p = 0,001]. No entanto a

interação toque vs. visão foi observada na direção AP [F(2,24) = 16,662; p <

0,001], mas não na direção ML [F(2,24) =0,506; p = 0,609].

O efeito do toque (i.e., uma redução da amplitude do CP) foi observado

nas três condições visuais: olhos abertos, olhos fechados e FV para as direções

AP e ML. No entanto, a interação toque vs. visão na direção AP foi encontrada

devido a uma maior redução da amplitude média do CP quando os participantes

permaneceram de olhos fechados em comparação à redução nas condições de

olhos abertos e FV do CP todas em condições de toque.

Para a variável velocidade do CP nas direções AP e ML, a MANOVA

também revelou um efeito de toque [Wilks’ Lambda = 0,136; F(2,11) = 34,834; p

< 0,001], visão [Wilks’ Lambda = 0,230; F(4,46)= 12,480; p < 0,001] e interação

toque vs. visão [Wilks’ Lambda = 0,414; F(4,46)= 6,364; p < 0,001]. Novamente,

as análises univariadas indicaram efeito de toque e visão na direção AP

([F(1,12) = 42,468; p < 0,001] e [F(2,24) = 39,439; p < 0,001], respectivamente) e

ML ([F(1,12) = 66,796; p < 0,001] e [F(2,24) = 12,741; p < 0,001],

respectivamente) enquanto a interação toque vs. visão foi significante na direção

AP [F(2,24) =11,895; p < 0,001] mas não na direção ML [F(2,24) = 0,708; p =

0,503]. Na direção AP, a velocidade do CP reduziu nas condições de toque para

as três variações da visão, porém assim como na variável amplitude, esta

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redução foi maior na condição de olhos fechados comparada às condições olhos

abertos e FV do CP.

Figura 3: Valores médios da amplitude média de oscilação nas direções AP (em A)

e ML (em B) em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP)

e de toque suave (sem toque, à esquerda e com toque, à direita). As barras de

erro representam o erro padrão.

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37

Figura 4: Valores médios da variável velocidade nas duas direções, AP (em A) e

ML (em B) em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP) e

de toque suave (sem toque, à esquerda e com toque, à direita). As barras de erro

representam o erro padrão.

Uma segunda análise foi feita com os dados normalizados em relação a

condição de olhos abertos sem toque (tabela 1). Para a amplitude média de

oscilação, a MANOVA revelou um efeito de toque [Wilks’ Lambda = 0,112;

F(2,11) = 43,78; p < 0,001], visão [Wilks’ Lambda = 0,307; F(4,46) = 9,24; p <

0,001] e interação toque vs. visão [Wilks’ Lambda = 0,408; F(4,46) = 6,49; p <

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0,001]. As análises univariadas revelaram um efeito de toque tanto na direção

AP quanto ML [F(1,12) =95,37; p < 0,001; e F(1,12) =209,19; p < 0,001,

respectivamente] e um efeito de visão também nas duas direções [F(2,24)

=25,23; p < 0,001 para AP e F(2,24) =10,75; p = 0,001 para ML]. No entanto, a

interação toque vs. visão foi observada na direção AP [F(2,24) =15,11; p <

0,001] mas não para direção ML [F(2,24) =0,495; p =0,616]. Esta interação foi

observada devido a redução da amplitude do CP na condição de olhos fechados

ter sido menor do que na condição de FV do CP quando os participantes

realizaram o toque suave.

Para a análise da variável dependente velocidade do CP, a MANOVA

também revelou efeito de toque [Wilks’ Lambda = 0,119; F(2,11) = 40,78; p <

0,001], visão [Wilks’ Lambda = 0,185; F(4,46) = 15,26; p < 0,001] e interação

toque vs. visão [Wilks’ Lambda = 0,409; F(4,46) = 6,47; p < 0,001]. As análises

univariadas demonstraram efeito de toque e visão para as direções AP [F(1,12)

=67,11; p < 0,001 e F(2,24) =52,86; p < 0,001, respectivamente] e ML [F(1,12)

=84,23; p < 0,001 e F(2,24) =13,34; p < 0,001, respectivamente, para os efeitos

de toque e visão]. Para a interação toque vs. visão também foi observado um

efeito na direção AP [F(2,24) =9,88; p = 0,001], mas não na ML [F(2,24) =0,919;

p = 0,412]. A interação foi observada novamente devido a redução da velocidade

do CP com o toque suave ter sido menor na condição de olhos fechados

comparada a condição de olhos abertos e FV do CP.

Força aplicada à barra de toque

Nas condições de toque, os participantes foram capazes de aplicar uma

força à barra sempre inferior a 1N seguindo as instruções dadas pelo avaliador

(Tabela 2). A MANOVA, tendo como variáveis dependentes a amplitude e a

variabilidade (desvio padrão) da força aplicada à barra de toque indicou nenhum

efeito de visão [Wilks’ Lambda = 0,983; F(4,46)= 0,098; p = 0,983].

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Tabela 1: Valores da amplitude e velocidade do CP nas direções AP e ML de cada condição experimental em relação à condição de olhos abertos sem toque. Valores são apresentados em porcentagem.

CONDIÇÕES VISUAIS

OA OF FV

Amplitude

AP Sem toque - 33,5 ± 5 -10,7 ± 5,7

Com toque -32,0 ± 6,1 -24,0 ± 4,8 -37,8 ± 2,9

ML Sem toque - 17,8 ± 4,9 0,8 ± 5,6

Com toque -17,3 ± 4,9 -4,9 ± 5,6 -23,4 ± 3,9

Velocidade

AP Sem toque - 41,2 ± 4,3 -2,3 ± 4,6

Com toque -19,6 ± 5,0 2,3 ± 3,8 -20,0 ± 3,7

ML Sem toque - 19,9 ± 3,1 3,2 ± 5,7

Com toque -20,1 ± 4,0 -6,8 ± 3,8 -23,9 ± 3,1

*Valores positivos indicam um aumento na amplitude ou velocidade em relação

à condição de olhos abertos sem toque. Valores negativos representam uma

redução nas mesmas variáveis. Valores em destaque representam o efeito

isolado (cinza claro) ou simultâneo (cinza escuro) do toque e FV do CP somente

para a direção AP.

Tabela 2: Amplitude e variabilidade (desvio padrão) da força aplicada à

barra de toque em cada condição visual (olhos abertos, olhos fechados e

FV do CP). Valores são apresentados em Newton.

Condição Visual Força aplicada à barra de toque

Amplitude Variabilidade

Olhos abertos 0,53 ± 0,04 0,13 ± 0,01

Olhos fechados 0,51 ± 0,04 0,12 ± 0,01

Feedback visual 0,52 ± 0,04 0,12 ± 0,01

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6 DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi verificar o efeito da informação

somatossensorial e visual quando fornecidos de forma isolada ou simultânea

sobre a oscilação postural. Era esperado observar uma redução da oscilação

postural nas condições em que o FV do CP e o toque suave foram oferecidos de

forma isolada e uma redução ainda maior na condição em que estas

informações sensoriais adicionais (visual e somatossensorial) foram oferecidas

simultaneamente. Os resultados do presente estudo revelaram um efeito de

toque isolado para a amplitude média de oscilação e velocidade do CP, i.e.,

quando informações somatossensoriais adicionais foram fornecidas, houve uma

redução da oscilação postural, principalmente na condição de olhos fechados.

Já o efeito do FV do CP foi observado somente na variável amplitude média de

oscilação na direção AP. No entanto, o possível efeito aditivo das duas fontes de

informações sobre a oscilação postural não foi observado, apesar de na

condição combinada ter havido uma redução de 13,8% da amplitude média de

oscilação quando comparada a condição de toque isolado (i.e. sem FV do CP,

Tabela 1). Todos os achados encontrados no presente estudo não podem ser

explicados por uma possível diferença na magnitude da força aplicada a barra

em cada condição (olhos abertos, olhos fechados e FV do CP), pois tanto a

amplitude como a variabilidade da força foram similares entre as condições

visuais.

O efeito isolado do toque suave realizado pela ponta do dedo indicador

sobre a oscilação postural observado no presente estudo corrobora aos achados

de outros estudos8, 47, 51, 53-55, 57. Ainda, o fato da informação somatossensorial

adicional fornecida pelo contato da ponta do dedo indicador com a superfície da

barra ter uma influência maior sobre a oscilação postural na condição de olhos

fechados também é consistente com a literatura8, 51. Para direção AP, conforme

esperado, os participantes aumentaram a amplitude da oscilação postural com a

ausência da informação visual (33,5%), porém com o uso da informação

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somatossensorial adicional (toque suave), eles foram capazes de reduzir,

mesmo com os olhos fechados, em aproximadamente 24% a amplitude de

oscilação comparada a condição de toque e olhos abertos. Dessa forma, é

possível sugerir que o uso da informação somatossensorial adicional foi capaz

de suprir o efeito da ausência da visão e ainda tirar proveito do toque suave para

reduzir ainda mais a oscilação postural comparada a condição de toque com

visão. Estes achados sugerem que a informação somatossensorial adicional se

torna ainda mais importante quando a informação visual é retirada. Uma

possível explicação seria que com a ausência da visão, uma das fontes de

informação sensorial para o controle principal, há uma redução na capacidade

de estimar a posição do corpo em relação ao ambiente e, portanto, menor

precisão no controle da oscilação postural64 que deve ser executado pelos

outros dois sistemas de informação sensorial, o somatossensorial e o vestibular.

Os resultados do presente estudo sugerem então que na ausência da

informação visual, as informações adicionais provenientes dos mecanoceptores

da ponta do dedo indicador da mão com uma superfície externa e rígida têm

uma contribuição ainda maior para o controle postural8, 9, 46, 47, 51-57.

No entanto, um efeito do FV do CP isolado também foi observado sobre a

amplitude média de oscilação postural na direção AP indicando que os

participantes foram capazes de utilizar essa informação visual adicional no

controle da oscilação postural. Tal efeito do FV do CP não foi observado na

velocidade do CP, similar aos achados de Dault e colaboradores36. A

apresentação do FV do CP apenas na direção AP foi escolhida, pois na posição

ortostática com os pés paralelos os indivíduos oscilam mais na direção AP

comparada a direção ML10; portanto, um efeito apenas nessa direção era

esperado. Com a apresentação do FV do CP, houve uma redução da oscilação

postural de cerca de 10,7% comparada a condição sem esta informação

adicional (Tabela 1). Esta redução da oscilação postural com o uso isolado de

FV do CP na direção AP observada corrobora aos achados de outros estudos6,

35, 36, 65. É importante destacar que no presente estudo, o efeito do toque suave

isolado também foi maior na direção AP (aproximadamente 31,8 %) comparado

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ao efeito na direção ML (inferior a 20%) uma vez que os participantes

permaneceram sobre a plataforma de força de olhos fechados com os pés

paralelos e afastados.

Estes valores de redução apresentados em função do toque suave

isolado foram similares aos observados no estudo de Tremblay e

colaboradores58, no qual indivíduos jovens e idosos permaneceram com os pés

afastados paralelos (posição similar a adotada no presente estudo). Assim como

no presente estudo, os autores reportaram que os participantes reduziram em

até 40% a amplitude de oscilação postural na direção AP e 25% na direção ML

quando realizaram a condição de toque suave. Ao contrário, em outros estudos

realizados com o toque suave em que a posição tandem era adotada pelos

participantes, um efeito da informação somatossensorial adicional sobre a

oscilação postural foi observado principalmente na direção ML47. Assim, tanto o

FV como o toque suave no presente estudo como fontes de informação

sensorial adicionais fornecidas isoladamente parecem ser mais importantes no

controle da oscilação postural na direção de maior instabilidade do corpo (i.e.,

AP na posição com os pés paralelos e ML na posição de tandem).

Se houvesse um efeito simplesmente aditivo quando as duas informações

sensoriais adicionais (FV do CP e toque suave) foram fornecidas, uma redução

da oscilação postural de 42,7% deveria ter sido observada, sendo que a redução

de 32% da oscilação postural pelo toque quando de olhos abertos seria

aumentada em 10,7% pelo efeito do FV isolado. No entanto a redução foi de

apenas 37,8% (não significante comparada à condição de olhos abertos e toque

suave), embora esta tenha sido maior do que os efeitos nas duas condições

isoladas (toque suave ou FV do CP). Uma das possíveis razões para a ausência

de um efeito aditivo pode estar relacionada ao tipo de FV do CP utilizado no

presente estudo, tal como apresentação em apenas uma direção e a ausência

de amplificação (ganho) na apresentação do FV do CP na tela do monitor. Em

particular, o FV do CP representou a oscilação real da oscilação postural, ou

seja, à medida que o indivíduo oscilou para frente, o cursor moveu-se para cima

numa amplitude real. Estudos têm sugerido que41, 42 o efeito do FV depende da

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escala em que o mesmo é fornecido e ainda, da condição somatossensorial

utilizada na superfície de suporte. Para Vuillerme e colaboradores42 quando a

informação somatossensorial é alterada, por exemplo, permanecer na posição

ortostática sobre uma espuma o ganho de 2 do FV do CP já é suficiente para ser

utilizado na redução da oscilação postural, enquanto que em condições em que

o indivíduo permanece sobre uma superfície estável um ganho de 10 seria

necessário para reduzir a amplitude média de oscilação. Desta forma, pode-se

sugerir que em condições onde o toque suave, ou seja, uma informação

somatossensorial adicional é oferecida ao participante enquanto este permanece

sobre uma superfície estável seria necessário um ganho ainda maior do FV do

CP, uma vez que este já estaria reduzido com o toque suave. No entanto, outros

estudos deveriam investigar esta questão.

A ausência de um efeito aditivo também pode ser devido as propriedades

neurais e biomecânicas do corpo que limitam que a amplitude de oscilação

postural seja reduzida ainda mais nas condições investigadas no presente

estudo. A primeira hipótese poderia ser devido ao fato de o indivíduo já estar em

um nível de oscilação postural mínimo devido ao toque suave e não conseguir

reduzir ainda mais quando o FV do CP é fornecido simultaneamente. No estudo

de Danna dos Santos e colaboradores40 onde foi oferecido o FV do CP os

participantes não conseguiram reduzir os deslocamentos do CP e, segundo os

autores, oferecer o FV do CP ou de outra variável relacionada à oscilação do

corpo pode não ser a melhor forma de redução da oscilação postural, pelo

menos para indivíduos jovens e sadios.

Uma outra possível explicação para a ausência de um efeito maior do FV

do CP combinado ao toque suave sobre a oscilação postural é que não há uma

soma das informações sensoriais individuais para gerar uma resposta motora1.

Embora, o sistema nervoso receba informações de todos os sistemas sensoriais,

ele precisa interpretar a informação sensorial mais relevante e determinar uma

resposta coerente para a manutenção da orientação e equilíbrio do corpo no

espaço1, 24. Assim, é possível que o sistema nervoso dê um peso maior para a

informação somatossensorial na condição em que o indivíduo permanece na

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superfície estável60, 61como descrito anteriormente em outros estudos58, 59. De

acordo com Peterka60, o sistema somatossensorial é o que tem uma

contribuição maior no controle postural de indivíduos sadios em ambiente

estável, enquanto o sistema visual seria o menos utilizado. Esse peso de cada

fonte de informação sensorial no controle também foi descrito por Lord61 para

indivíduos idosos. Para os autores dos dois estudos, as informações

provenientes do sistema somatossensorial são as mais utilizadas, seguida pelas

informações fornecidas pelo sistema vestibular e por fim o visual. Outros estudos

também têm encontrado um efeito maior da informação somatossensorial

adicional comparada a visual. Bonfim e colaboradores27 verificaram um efeito do

toque suave em todas as condições visuais definidas pelo paradigma da sala

móvel. No estudo, os autores observaram que o efeito da sala móvel sobre a

oscilação postural que é bem reportado na literatura24, 29 foi menor quando os

indivíduos mantiveram contato com a barra de toque. No entanto, segundo Oie e

colaboradores não é possível sugerir que há uma predominância de

determinado canal sensorial, pois esta preferência depende da tarefa,

objetivando sempre o funcionamento adequado do sistema de controle postural.

Por exemplo, quando há uma mudança brusca no campo visual, para manter o

equilíbrio de forma adequada, o sistema nervoso dará menos importância para a

informação visual quando comparado às informações somatossensorial e

vestibular, este é o fenômeno do repeso das informações59. No presente estudo,

também é possível que a informação visual adicional tenha sido ignorada pelo

sistema de controle postural e então um peso maior tenha sido atribuído ao

sistema somatossensorial quando o toque suave foi realizado simultaneamente

ao FV do CP.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os achados do presente estudo sugerem que não houve o efeito aditivo

das informações somatossensorial e visual sobre a oscilação postural quando

fornecidas simultaneamente. Ainda, com base nos resultados é possível concluir

que as informações somatossensoriais adicionais têm maior peso na repesagem

das informações advindas dos sistemas sistemas sensoriais para o controle

postural comparada as informações do sistema visual adicionais. Tais achados

podem contribuir no entendimento sobre a importância das informações

adicionais advindas dos sistemas visual e somatossensorial no controle da

postura ereta quieta, sejam elas investigadas separadamente ou em conjunto.

Futuros estudos devem ser feitos com o intuito de verificar se informações

somatossensoriais adicionais teriam contribuição maior que as informações

visuais no controle postural de indivíduos com alterações de equilíbrio, tais como

idosos, com doença de Parkinson, entre outros, ou ainda jovens sadios sobre

uma superfície instável.

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ANEXOS

Anexo 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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Anexo 2: Aceite do Comitê de Ética

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Anexo 3: Inventário de Edinburgh