EFEITO DO REISOLAMENTO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS SOBRE A DINÂMICA TEMPORAL DE ... · 2019-04-24 ·...

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR CLÁUDIA GEMAQUE GUALBERTO Manaus, Amazonas Agosto, 2015 EFEITO DO REISOLAMENTO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS SOBRE A DINÂMICA TEMPORAL DE ASSEMBLEIAS DE PEIXES DE IGARAPÉS NA AMAZÔNIA CENTRAL BRASILEIRA

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR

CLÁUDIA GEMAQUE GUALBERTO

Manaus, Amazonas

Agosto, 2015

EFEITO DO REISOLAMENTO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS

SOBRE A DINÂMICA TEMPORAL DE ASSEMBLEIAS DE PEIXES DE

IGARAPÉS NA AMAZÔNIA CENTRAL BRASILEIRA

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CLÁUDIA GEMAQUE GUALBERTO

Orientadora: Dra. Cláudia Pereira de Deus

Coorientador: Dr. Jansen Alfredo Sampaio Zuanon

.

Manaus, Amazonas

Agosto, 2015

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre

em Ciências Biológicas, área de concentração

em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

EFEITO DO REISOLAMENTO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS

SOBRE A DINÂMICA TEMPORAL DE ASSEMBLEIAS DE PEIXES DE

IGARAPÉS NA AMAZÔNIA CENTRAL BRASILEIRA

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i

Sinopse:

Buscando saber se o reisolamento de fragmentos florestais com derrubada de capoeiras e o

isolamento de fragmentos provocam mudanças nas características ambientais de igarapés,

na estrutura e estabilidade ecológica das assembleias de peixe amostramos 14 igarapés na

ARIE do PDBFF. As amostragens abrangeram igarapés em floresta contínua, capoeira

madura, fragmentos florestais e em capoeiras ao redor dos fragmentos reisolados. Estes

trechos foram amostrados em diferentes momentos do tempo: antes e após o reisolamento

(curto e médio prazos).

G899 Gualberto, Cláudia Gemaque

Efeito do reisolamento de fragmentos florestais sobre a dinâmica temporal de assembleias de peixes de igarapés na Amazônia Central brasileira/ Cláudia Gemaque Gualberto. --- Manaus: [s.n.], 2016.

52 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2016.

Orientadora: Cláudia Pereira de Deus.

Coorientador: Jansen Alfredo Sampaio Zuanon

Área de concentração: Biologia de água doce e pesca interior.

• Peixe de igarapé. 2. Fragmentação. 3. Estabilidade ecológica. I. Título.

CDD 597.0939

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Agradecimentos

Aos meus orientadores Cláudia Pereira de Deus e JansenZuanonmuito obrigada pela

acolhida ao longo de todo o mestrado, por acreditarem em mim propondo desafios, por

compartilharem conhecimentos, pelas conversas e conselhos não apenas em assuntos

relacionados ao trabalho, mas também relacionados à vida. Muito obrigada pela

paciência e por todo o carinho, vocês tornaram todo esse processo um momento da vida

prazeroso e apaixonante.

Ao grande e querido amigo Helder Mateus Viana Espirito-Santo obrigada pela ajuda

que mesmo longe esteve comigo durante vários momentos decisivos dessa caminhada

fazendo as perguntas certas e trazendo solução quando eu me sentia perdida.

Eprincipalmente porter me mostrado o caminho dos “pés molhados”.

Ao querido companheiro de campo José Lopes (Seu Zé) o meu muitíssimo obrigado por

não apenas ser um grande parceiro e guia na floresta, mas por ser um grande amigo, por

ter cuidado de mim, pela alegria e pela disposição contagiante.

Agradeço a todos aqueles que destinaram um pouco do seu tempo para encarar a

floresta comigo fazendo parte desses momentos inesquecíveis em campo: Alaércio

Marajó (Leo), Osmaildo, Aires Lopes (Seu Aires), José Neto, Barbara Mascarenhas,

Diego Pires, Lis Stegman, Suzanne Fernandes e Sandro Baroni. Um especial

agradecimento a Marina Pedrosa e Thiago Couto que foram os primeiros grandes

colaboradores e incentivadores deste trabalho.

Agradeço a todo o pessoal da logística e transporte do PDBFF pela força e alegria:

Roseli Hypolito, Ari, Luís Cabocão, Josemar e João de Deus. Todos aqueles que

encontraram na convivência dentro do PDBFF que se tornaram grandes parceiros de

conversa para salvar o mundo: Thaiane Sousa, Adrià Baucells, Ricardo Rocha e Iolanda

Guerra.

A amiga Nayana Estrela um especial obrigada pelos conselhos e incentivos, por respirar

do meu lado nos momentos mais tristes, confusos e sem inspiração. Aos amigos de

salinha do “hoje” Gilberto Fernandez (Gil) e GiullianaAppel (Giu) obrigada pelas

risadas e por me aceitarem com os meus defeitos.

A Luciana Vieira pelas conversas, amizade e acolhida de braços abertos. Muitas

letrinhas aqui não estariam sem sua capacidade de transmitir para mim toda sua sensatez

e leveza na reta final deste trabalho.

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A Monique Bremgartner, Jackeline Lyra e Ana Alice obrigada pela cumplicidade,

disponibilidade e carinho familiar que vem de longa data e que aumenta a cada dia.

Aos colegas do BADPI obrigada pela força sempre disposta: Jefferson Sodré, Cleber

Duarte, André Galuch, Leandro Cortez e Luciana Crema.

Aos meus colegas e amigos de turma da PG-BADPI: Alexandre Alves, Brendson Brito,

Bianca Weiss, Derek Campos, Diogo Souza, Fábio Cunha, Fernanda Freda,

LouzamiraBivaqua, Marinha Carmona, Otávio Peleja, Thalita Amorim, Isis Rafânia e

Talles Romeu Colaço muito obrigada por serem vocês o que são.

Ao amigo Felipe Vargas obrigada pela amizade inesperada epor me ensinar a refletir

sobre o mundo e o meu pequeno mundo. A Fabricio Almeida pelos conselhos

econômicos e puxões de orelha.

Obrigada especial a Rodolfo Carvalho por trazer tranquilidade, sorrisos e por mesmo

sem saber e sem intenção me mostrar eu mesma e a minha humanidade. Um

aprendizado que levarei para a vida.

A minha família, em especial meu pai Cláudio Coimbra, pelos incentivos de ontem, de

hoje e de sempre. Minhas queridas que amo demais:Angela Maria Gualberto (mãe),

Angerlane Gualberto e Charlene Gualberto (irmãs) pela torcida de sempre. E aos meus

sobrinhos Pedro e Thomás pelo abraço, sorriso e amor mais lindo que eu já conheci na

vida.

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Dedico aos meus sobrinhos Pedro e Thomás por me motivarem a ser

uma pessoa melhor a cada dia e a minha avó Francisca Coimbra por

ser uma das maiores incentivadoras da busca de conhecimentos e

novos horizontes.

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“[...] escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas

amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem

para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já

nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser

encorajado.”

Rubem Alves, em Gaiolas ou Asas

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RESUMO

Tanto o desmatamento quanto a fragmentação florestal são perturbações ambientais que

provocam numerosas consequências já registradas para comunidades de plantas e

animais terrestres. Entretanto, os efeitos desses fenômenos são pouco conhecidos em

sistemas aquáticos e especialmente para assembleias de peixes de igarapés. O Projeto

Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) vem estudando os efeitos da

fragmentação florestal há mais de três décadas. Para isso, fragmentos florestais isolados

experimentalmente têm que ser reisolados periodicamente, e esse evento de perturbação

ambiental previsível e controlado é a chave para este trabalho que visou avaliar os

efeitos do reisolamento de fragmentos florestais sobre a estrutura e composição de

assembleias de peixes em igarapés de terra firme na Amazônia Central brasileira.

Buscamos especificamente: i) avaliar os efeitos do reisolamento de fragmentos

florestais sobre as características ambientais de igarapés; ii) avaliar a estrutura das

assembleias de peixes de igarapés em diferentes matrizes ambientais antes e após o

reisolamento e iii) Verificar o grau de estabilidade ecológica das populações de peixes

de igarapés submetidas ao reisolamento. As coletas foram realizadas em igarapés de

quatro ambientes (floresta contínua, secundária madura, fragmento florestal e

capoeiras), antes e após o reisolamento dos fragmentos florestais (curto prazo – um mês

e médio prazo – seis meses). O reisolamento de fragmentos florestais afetou as

características ambientais dos igarapés, contudo, a estrutura das assembleias de peixes

(riqueza, diversidade e abundância) não apresentaram diferenças temporalmente e

espacialmente. Os resultados sugerem que as assembleias de peixes podem resistir

parcialmente às perturbações ambientais resultantes do reisolamento, sem que se

afastem de um ponto de equilíbrio (resiliência). Entretanto, não é possível descartar a

hipótese de que alterações nas assembleias de peixes venham a ocorrer em uma escala

de tempo maior, compatível com o tempo geracional desses organismos.

Palavras-chaves: 1. Peixes de igarapé, 2. Fragmentação, 3.Capoeiras, 4.EstabilidadeEcológica

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ABSTRACT

Both deforestation and forest fragmentation are environmental disruption caused

numerous consequences already registered for plants and terrestrial animal. However,

the effects of these phenomena in aquatic systems and specifically on fish assemblages

are scarcely known. The Biological Dynamics of Forest Fragments Project (PDBFF)

has been studying the effects of forest fragmentation for more than three decades. For

this isolated forest fragments experimentally must be reisolated periodically, and these

predictable environmental disturbance events and controlled is the key to this work

aimed to evaluate the re-isolation of the effects of forest fragments on the structure and

composition of fish assemblages in streams of land in the Brazilian Central Amazon.

We seek specifically: i) evaluate the re-isolation of the effects of forest fragments on the

environmental characteristics of streams; ii) to evaluate the structure of stream fish

assemblages in different environmental matrices before and after re-isolation and iii) To

assess the ecological stability of stream fish populations subject to re-isolation. Samples

were collected in streams four environments (continuous forest, mature secondary,

forest fragment and coops) before and after the re-isolation of forest fragments (short

term - a month and medium term - six months). The re-isolation of forest fragments

affected the environmental characteristics of the streams, however, the structure of fish

assemblages (richness, diversity and abundance) did not differ temporally and spatially.

The results suggest that fish assemblages can partly withstand to the environmental

disturbances resulting from the re-isolation, without departing from an equilibrium

situation (resilience). However, we cannot discard the hypothesis that changes in fish

assemblages may occur on a larger time scale, compatible with the generational time of

stream fishes.

Key-Words: 1. Fish faunal stream, 2. Fragmentation, 3. Secondary forest, 4. StabilityEcology

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

OBJETIVOS ..................................................................................................................... 4

Objetivo geral ............................................................................................................................ 4

Objetivos específicos ................................................................................................................ 4

MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 5

Área de estudo ........................................................................................................................... 5

Delineamento experimental....................................................................................................... 8

Obtenção de dados e análise de dados .................................................................................... 12

Parâmetros ambientais ....................................................................................................... 12

Assembleias de peixes ......................................................................................................... 14

RESULTADOS .............................................................................................................. 15

Características ambientais ....................................................................................................... 15

Estrutura das assembleias de peixes ........................................................................................ 17

Estabilidade ecológica das assembleias de peixe de igarapés ................................................. 24

DISCUSSÃO .................................................................................................................. 26

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 33

ANEXOS ........................................................................................................................ 39

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Localização das áreas de estudo do PDBFF: Fazenda Dimona, Porto Alegre e

Esteio, onde os polígonos vermelhos representam os fragmentos florestais (Fonte:

PDBFF). ............................................................................................................................ 7

Figura 2. Delineamento experimental utilizado no presente estudo, onde (A) representa

o momento pré-reisolamento, o entorno dos fragmentos florestais é ocupado por

capoeiras (em verde claro); (B) representa o momento pós-reisolamento, amostrados

novamente um mês e seis meses após o fim do reisolamento; e (C) imagem área de um

dos fragmentos florestais de 10 ha presentes na ARIE PDBFF (Foto: PDBFF). Cada

ponto vermelho representa um trecho de 50 m de extensão, amostrado com esforço de

coleta padronizado. Foram amostrados também, como controle de eventuais variações

naturais, igarapés em floresta contínua e em capoeiras maduras. .................................. 11

Figura 3. Ordenamento dos trechos de igarapés em função de suas características

ambientais, a partir de uma Análise de Componentes Principais (PCA) para ambientes

de capoeira, fragmentos florestais, floresta contínua e floresta secundária madura. Os

símbolos representam cada momento do tempo (PRs= pré-reisolamento, POc= pós-

reisolamento (chuva) e POs = reisolamento (Estiagem). ............................................... 17

Figura 4. Número de indivíduos capturados em trechos de 50 m de igarapés de

capoeira, fragmento florestal, floresta contínua e capoeira madura, nos três momentos

de amostragem (PRs = pré-reisolamento, POc = pós-reisolamento (chuva) e POs=pós-

reisolamento (estiagem). ................................................................................................. 18

Figura 5. Riqueza média (a) e diversidade média (b) de espécies de peixes nos igarapés

de capoeira, em fragmentos florestais, na floresta contínua e capoeiramadura. Os

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símbolos representam cada momento do tempo em que PRs= pré-reisolamento, POc=

pós-reisolamento (Chuva) e POs= reisolamento (Estiagem). ......................................... 20

Figura 6. Resultados das análises de ordenamento (NMDS) para valores de abundância

de espécies de peixes em função do tipo de ambiente (floresta contínua, fragmento

florestal, capoeira e floresta secundária madura) e momento de amostragem (PRs= pré-

reisolamento (estiagem), POc= pós-reisolamento (chuva) e POs= pós-reisolamento

(estiagem). ...................................................................................................................... 22

Figura 7. Resultados das análises de ordenamento (NMDS) para dados de composição

(presença/ausência) de espécies de peixes nas assembleias de peixes em igarapés, em

função do tipo de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal, capoeira e floresta

secundária madura) e momento de amostragem (PRs= pré-reisolamento (estiagem),

POc= pós-reisolamento (chuva) e POs=pós-reisolamento (estiagem) ........................... 23

LISTA DE TABELA

Tabela 1. Quadro resumo do delineamento em escala espacial das amostragens nos

igarapés na ARIE PDBFF. ............................................................................................... 8

Tabela 2. Quadro resumo do delineamento em escala temporal das amostragens nos

igarapés na ARIE PDBFF. PR = pré-isolamento; PO = pós-isolamento; s = estiagem; c=

chuva. .............................................................................................................................. 10

Tabela 3. Resultados da PERMANOVA referentes às características ambientais dos

igarapés, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e floresta secundária madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e

seis meses. após o reisolamento). GL= graus de liberdade. ........................................... 16

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Tabela 4. Resultados da ANOVA bifatorial para dados de riqueza de espécies de

peixes, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e capoeira madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e seis meses

após o reisolamento). GL= graus de liberdade. .............................................................. 19

Tabela 5. Resultados da ANOVA bifatorial para dados de diversidade de espécies. de

peixes, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e capoeira madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e seis meses

após o reisolamento). GL= graus de liberdade. .............................................................. 19

Tabela 6. Resultados da ANOVA para a composição (abundância de espécies) nas

assembleias de peixes nos igarapés. GL= graus de liberdade. ....................................... 21

Tabela 7. Resultados da ANOVA para a composição (presença/ausência) de espécies

nas assembleias de peixes nos igarapés. GL= graus de liberdade. ................................. 23

Tabela 8. Lista das espécies de peixes utilizadas para a análise de resiliência nos

diferentes momentos do tempo e nos tipos de vegetação. .............................................. 25

Tabela 9. Resultados da ANOVA bifatorial para estabilidade ecológica das

comunidades de peixes ao longo do tempo nos diferentes ambientes (capoeira,

fragmento florestal e floresta continua). GL= grau de liberdade ................................... 26

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1

INTRODUÇÃO

Perturbações podem ser definidas como uma força física ou evento que altera a

estrutura física ou biológica de um sistema ecológico. Em escala temporal a dinâmica e

a persistência no ambiente perturbado pode apresentar processos ecológicos e

composição de espécies que diferem de condições pré-perturbação (Pickettet al. 1999).

O uso da terra para atividades humanas pode ser citada como uma perturbação de

origem antrópica que constitui uma séria ameaça para a diversidade

biológica(Collinge1996). Portanto, compreender as alterações nos processos ecológicos

e composição de comunidades têm implicações práticas para a gestão, conservação, uso

sustentável, ou restauração dos sistemas alterados por perturbações (Arnold 1995).

Uma ferramenta útil para medir a sensibilidade da comunidade frente a

perturbações ambientais é o estudo da estabilidade ecológica de comunidades. O termo

estabilidade ecológica possui um conceito mal definido, mas, geralmente, é usado

associado ao equilíbrio de comunidades. Uma comunidade está em equilíbrio quando a

abundância de espécies permanece constante com o passar do tempo (Peters1991).

Contudo, as comunidades reais são formadas ao longo de um “continuum” de equilíbrio

máximo para ausência total de equilíbrio. Orians (1975) identificou elementos que

podem ser enquadrados dentro do conceito geral de estabilidade: resiliência (velocidade

em que a comunidade retorna a seu estágio inicial antes da perturbação e remoção do

estágio anterior); resistência (capacidade de uma comunidade evitar o deslocamento de

um dado estado. Seria o equivalente a inercia em física); flexibilidade (aplica-se às

comunidades que são estáveis dentro de uma classe estreita de condições ambientais ou

por uma pequena amplitude de caraterísticas das espécies (Putman 1994))e robusteza

(refere-se às comunidades estáveis sob amplas condições ambientais). Uma comunidade

será dinamicamente robusta se for estável dentro de uma grande amplitude de condições

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e características. A resiliência em especifico também pode ser definida como a

magnitude da perturbação que pode ser absorvida pelo sistema antes que ele mude o

ponto de equilíbrio, está definição mais ampla tem sido denominada resiliência

ecológica (Gunderson 2000; Gunderson et al. 2002).

Na Amazônia está presente mais da metade das florestas tropicais remanescentes

no mundoe também alguns dos ecossistemas com maior diversidade biológica. Essa

região por muito tempo permaneceu pouco alterada devido à distância de grandes

centros urbanos e pouca fertilidade da terra (Fearnside 2003). Esse cenário começou a

mudar nas décadas de 80 e 90 quando as taxas de desmatamento anual na Amazônia

Legal foram as maiores já registradas (Kirbyet al. 2006). As causas desse aumento do

desmatamento neste período foram inúmeras, dentre elas estãoà expansão de áreas de

pecuária, de agricultura de corte e queima que passou a ser feita em grande escala, da

extração madeireira feita em sua maior proporção de forma ilegal e predatória e da

agricultura comercial(Fearnside2009; Lauranceet al. 2006).

O desmatamento tem um efeito forte na paisagem, pois provoca a fragmentação

florestal à medida que uma grande extensão de floresta é subdividida e diminui de

tamanho causando um aumento progressivo de áreas de florestas isoladas(Fearnside

2003). Em sistemas terrestres a fragmentação pode inviabilizar (Gilbert &Setz 2001),

diminuir (Stratford & Stouffer 1999) ou mesmo favorecer algumas populações

(Malcolm 1991; Tocheret al. 1997; Brown &Hutchings 1997) . Quando abandonadas

essas áreas desmatadas se regeneramdando lugar a uma floresta secundária. A matriz de

floresta secundária pode se tornar menos ameaçadorapodendo ser colonizada por

organismos, e utilizada como via de movimentação para animais entre os fragmentos

formados e a floresta contínua(Ferraz et al.2003; Stouffer & Bierregaard1995;Boyle &

Smith 2010).

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A complexidade da rede hídrica na Amazônia não está associada apenas aos

grandes rios e lagos, ela abrange também inúmeros pequenos riachos, chamados

regionalmente de igarapés (Junk 1983). As árvores que se fecham sobre os pequenos

igarapés possuem um papel fundamental na dinâmica dentro do canal, pois apesar de

impedirem que a luz atinja a superfície d’água limitando a produção primária (Walker

1995), atuam como fonte de matéria orgânica para o sistema aquático. Portanto, devido

a essa baixa produção biológica, a vegetação ripária, atua como principal elemento de

produção primária e consequentemente como base da cadeia trófica (Anjos 2014).Além

disso, os microhabitats e a composição da fauna de macroinvertebrados aquáticos estão

fortemente associados à vegetação (Walker1995).

A coexistência de um elevado número de espécies em igarapés na Amazônia

Central (Lowe-McConnell 1999; Bührnheim2002; Mendonça et al.2005) só é possível

devido a heterogeneidade estrutural e a disponibilidade destesmicrohábitats (Araújo-

Lima et al. (1999).A história de vida de algumas espécies de peixes de igarapés tem

uma forte relação entre o ambiente terrestre e o aquático (Mortati 2004; Pazin et al.

2004; Espírito-Santo et al. 2013).

Embora inúmeros fatores já tenham sido reportados como importantes agentes

causadores de degradação dos igarapés na Amazônia abordando a expansão

desordenada das cidades (Silva & Silva 1993; Anjos & Zuanon 2007; Guarido 2014),

atividade madeireira(Dias et al. 2010), a criação de pastagens e uso de agrotóxicos em

plantações (Bleichet al. 2014), nenhum estudo avaliou o potencial impacto da

fragmentação florestal ao longo do tempo em ambiente aquático. Os estudos dos efeitos

da fragmentação e isolamento dos fragmentos após a derrubada de floresta secundária

abordam em sua totalidade os componentes da fauna e flora terrestres, e esses efeitos

não foram ainda documentados para peixes de igarapés. Considerando a alta

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complexidade na rede hídrica na Amazônia e as constantes taxas de desmatamento e de

regeneração florestal nos diferentes ecossistemas da região torna-se essencial o

entendimento das consequências de perturbações em um ambiente de elevada riqueza de

espéciespara que seja possível a formulação de políticas públicas que de fato visem

promover a conservação desse recurso.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Avaliar os efeitos do reisolamento de fragmentos florestais sobre a estrutura e

composição da ictiofauna de igarapés.

Objetivos específicos

� Avaliar o efeito do reisolamento de fragmentos florestais sobre as características

ambientais de igarapés de floresta;

� Avaliar a estrutura da assembleia de peixes de igarapés em ambientes de floresta

contínua, fragmentos florestais e áreas cobertas por vegetação secundária

(capoeiras) em três momentos diferentes do tempo: antes do reisolamento, logo

após o reisolamento (decorrido cerca de um mês) e após seis meses;

Verificar o grau de estabilidade ecológica das populações de peixes

submetidasao reisolamento dos fragmentos florestais, em dois momentos após

este processo: curto prazo (logo após um mês) e médio prazo (depois de seis

meses).

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MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) é resultado de

um convênio entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o

SmithsonianInstitution (PDBFF – INPA/SI). Trata-se de uma Área de Relevante

Interesse Ecológico (ARIE) que compreende áreas de floresta primária (incluindo

fragmentos de 1, 10, 100 ha e floresta contínua), capoeiras de diferentes idades, e

pastagens ativas (Figura 1).

O projeto foi originalmente criado com o objetivo de estudar os efeitos da

fragmentação florestal sobre a diversidade biológica, e responder a questões importantes

de conservação, como: “Qual o tamanho de reserva ideal para a preservação da

biodiversidade?” ou “O que é mais vantajoso: muitas reservas de tamanhos pequenos ou

poucas reservas de maior extensão?”. Com o passar dos anos, o desenvolvimento de

florestas secundárias (chamadas regionalmente de capoeiras) nas áreas desmatadas ao

redor dos fragmentos passou a ser um foco importante de estudos, visando o

entendimento da sucessão secundária e seus efeitos sobre a biota nos fragmentos

florestais.

O mosaico de paisagens abrangidas pela ARIE PDBFF têm um histórico

conhecido de manejo, isolamento e reisolamento que permite o acompanhamento do

efeito da fragmentação e da sucessão secundária para diversas táxons. Desde a criação

do projeto em 1979, os processos de isolamento e reisolamento dos fragmentos por

meio de corte (e, eventualmente, queima) da vegetação ocorreram em diferentes

momentos. O último reisolamento dos fragmentos florestais havia ocorrido em 2001, e

havia a necessidade de reconduzir esse processo para que o experimento continuasse a

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ser possível. Assim, um novo processo de reisolamento ocorreu entre novembro de

2013 e abril de 2014, quando foi realizado apenas o corte das capoeiras (sem queima).

A oportunidade de acompanhar e avaliar os efeitos das alterações ambientais sobre a

biota após eventos de reisolamento é, portanto, rara, e representa uma chance de

entender os processos de reestruturação ecológica em áreas sujeitas à fragmentação

florestal.

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7

Figura 1. Localização das áreas de estudo do PDBFF: Fazenda Dimona, Porto Alegre e Esteio, onde os polígonos vermelhos representam os

fragmentos florestais (Fonte: PDBFF).

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8

Delineamento experimental

Os fragmentos florestais incluídos neste estudo tiveram os seus reisolamentos

diferenciados, dependendo da Fazenda em que se encontravam. Para maiores

informações da descrição e detalhes, ver Anexo 1.

Os dados foram obtidos nas estações de estiagem e chuvoso em dois momentos:

pré-reisolamento (estiagem de 2013) e pós-reisolamento dos fragmentos florestais

(chuvoso e estiagem de 2014). Para atingir nossos objetivos, elaboramos um desenho

experimental que envolveu tanto a escala espacial quanto a temporal (Figura 2).

Para avaliar os efeitos do processo de reisolamento dos fragmentos sobre os

diferentes tipos de ambientes disponíveis, realizamos amostragens em 14 igarapés

presentes em áreas de floresta contínua (n=3), em áreas de capoeira madura com mais

de 20 anos de idade (n=4), em fragmentos florestais (n=3) e nas capoeiras no entorno

dos fragmentos florestais que foram afetadas diretamente pelo corte da vegetação (n=4).

As amostragens em igarapés em áreas de floresta contínua e de capoeiras maduras (não

afetadas pelo processo de reisolamento), pertencentes às mesmas bacias hidrográficas

dos demais pontos de amostragem, foram consideradas áreas controle dos efeitos de

eventuais mudanças naturais na composição de espécies de peixes (Tabela 1). Para mais

detalhes de distribuição dos pontos de amostragens ver Anexo 2.

Tabela 1. Quadro resumo do delineamento em escala espacial das amostragens nos

igarapés na ARIE PDBFF.

Ambiente Descrição do Local N

Floresta

contínua

- Dimona contínua

- Florestal

- Gavião

3

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9

Fragmento

Florestal

- Faz. Dimona - Fragmento de 10 ha

- Faz. Dimona -Fragmento de 100 ha

- Faz. Porto Alegre - Fragmento de 100 ha

3

Capoeira

- Faz. Dimona - Montante do Fragmento de 10 ha

- Faz. Dimona - Jusante do Fragmento de 10 ha

- Faz. Dimona - Jusante do Fragmento de 100 ha

- Faz. Porto Alegre - Montante do Fragmento de 100 ha

4

Capoeira

madura

- Cidade de Powell

- Vereda na Fazenda Porto Alegre

- Faz. Porto Alegre-Jusante do Fragmento de 100 ha

- Colosso

4

Para avaliar os efeitos do reisolamento sobre as comunidades de peixes,

avaliamos os mesmos pontos em duas escalas temporais, a primeira mais curta (um mês

após o reisolamento dos fragmentos florestais) e outra em médio prazo (seis meses após

o reisolamento). Para isso, realizamos amostragens em três momentos: antes do

processo de reisolamento (estiagem de 2013), um mês após esse processo (estação

chuvosa de 2014), e cerca de seis meses após o reisolamento (estiagem de 2014). Este

desenho experimental visou a detecção de impactos (e possível resiliência)na estrutura e

composição das assembleias de peixes e nas características limnológicas e estruturais

dos igarapés, causadas pelos reisolamento (Tabela 2). Para ilustrar um igarapé em área

afetada pelo reisolamento de fragmento florestal ver Anexo 3.

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10

Tabela 2. Quadro resumo do delineamento em escala temporal das amostragens nos

igarapés na ARIE PDBFF. PR = pré-isolamento; PO = pós-isolamento; s = estiagem; c=

chuva.

Abreviatura Ano Estação Descrição

PRs 2013 Estiagem

Antes de um novo reisolamento dos fragmentos

florestais, os pontos foram visitados e

amostrados em agosto de 2013. As capoeiras

com cerca de 12 anos já estavam estabelecidas

ao redor dos fragmentos florestais.

POc 2014 Chuvosa Os pontos amostrados foram revisitados após o

último reisolamento ocorrido em final de 2013

em dois momentos: curto prazo (POC), no

período de chuva e médio prazo (POS), no

período de estiagem.

POs 2014 Estiagem

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11

A) B)

C)

Figura 2.Delineamento experimental utilizado no presente estudo, onde (A) representa o momento pré-reisolamento, o entorno dos fragmentos florestais é ocupado por capoeiras (em verde claro); (B) representa o momento pós-reisolamento, amostrados novamente um mês e seis meses após o fim do reisolamento; e (C) imagem área de um dos fragmentos florestais de 10 ha presentes na ARIE PDBFF (Foto: PDBFF). Cada ponto vermelho representa um trecho de 50 m de extensão, amostrado com esforço de coleta padronizado. Foram amostrados também, como controle de eventuais variações naturais, igarapés em floresta contínua e em capoeiras maduras.

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12

Obtenção de dados e análise de dados

Parâmetros ambientais

Seguindo um protocolo padrão (Mendonça et al. 2005) em todas as amostragens

foram mensurados parâmetros estruturais em um trecho de 50 m de extensão do canal

dos igarapés: composição do substrato, cobertura do dossel, largura, profundidade,

velocidade da correnteza e vazão.

Os tipos de substrato foram categorizados em: areia, seixo, liteira grossa, liteira

fina, raiz grossa, raiz fina, tronco, e herbáceas aquáticas ou semiaquáticas (Mendonça et

al.2005; Espírito-Santo et al 2009). A cobertura do dossel (%) foi estimada por meio de

fotos da vegetação sobre o canal, tiradas com abertura e velocidade do obturador da

câmera padronizados. Com uso de um programa computacional de edição de imagens

(Image J – Versão 1.44), convertemos as fotos em imagens monocromáticas e

calculamos a proporção entre as áreas escuras (com vegetação) e as áreas claras (luz

incidente), determinando, assim, a porcentagem de cobertura do dossel.

As medidas de largura foram feitas com trena em três pontos (início, meio e

final) nos trechos de 50m. Em cada um desses locais foram realizadas sondagens da

profundidade em nove pontos equidistantes entre as duas margens do igarapé, com uso

de um bastão graduado em centímetros. Em cada um dos pontos de medida da

profundidade foi anotada a categoria de substrato em que o bastão tocou no fundo do

igarapé. A velocidade média da correnteza foi obtida por meio da média de tempo em

que um objeto flutuante levava para percorrer uma distância de 1m. A vazão média do

trecho foi calculada por meio da relação da velocidade média, da largura e da

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13

profundidade de cada transecto transversal, pela fórmula: Q = A x Vm, onde Q = vazão;

Vm = velocidade média; A = área média dos três transectos transversais.

As seguintes características limnológicas também foram mensuradas:

concentração de oxigênio dissolvido (mg/l), temperatura da água (ºC), com um

oxigenômetro/termômetro portátil (Yellow Springs Ints., modelo 58); o potencial

hidrogeniônico (pH) e a condutividade elétrica (µS/cm) foram mensuradas com um

potenciômetro/condutivímetro portátil (Aqua-CheckTMWaterAnalyzerOperator, O.I.

Analytical).

Inicialmente aplicamos a correlação de Pearson entre as variáveis mensuradas e

quando duas ou mais delas apresentavam alta correlação entre si (r > 0,5), uma era

escolhida para representar o grupo correlacionado. Em seguida essas variáveis foram

submetidas a uma Análise de Componentes Principais (PCA, na sigla em inglês). A

PCA é uma técnica de ordenação multivariada que reduz as informações de um número

grande de variáveis a um pequeno número de eixos multivariados (McCune& Grace

2002). Para testar se o reisolamento e a derrubada das capoeiras tiveram efeito sobre as

características ambientais dos igarapés, utilizamos os dois primeiros eixos da PCA em

uma Análise de Variância Permutacional (PERMANOVA) (Anderson 2001), com 999

permutações, utilizando a função ADONIS do pacote VEGAN do programa

computacional R (R Development Core Team 2014). Nessa análise foi avaliado se a

estrutura e as características limnológicas dos igarapés variaram entre os tipos de

ambiente, antes e após o processo de reisolamento. Para isso, utilizamos os dados

obtidos nos três momentos de amostragem, para os quatro conjuntos de igarapés

(floresta contínua + capoeira + floresta secundária madura + fragmentos florestais), sem

considerar o tamanho dos fragmentos (10 ou 100 ha).

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14

Assembleias de peixes

Logo após o registro das características estruturais e limnológicas dos igarapés,

aplicamos o protocolo de amostragem de peixes do Projeto Igarapés. Consiste no

bloqueio de um trecho de 50m de igarapé nas duas extremidades por redes de cerco

(redes com malha de 5 mm entre nós opostos) para evitar a fuga de peixes durante a

coleta. Outras duas redes foram utilizadas para subdividir o trecho de riacho e facilitar a

captura.

Os peixes foram coletados utilizando puçás de malha fina e rede de cerco de 2 m

de comprimento, manejada no sentido foz-cabeceira. Os peixes coletados ao longo do

trecho foram mantidos vivos numa caixa plástica com água do riacho e equipada com

um pequeno aerador. Ao final da coleta, os peixes capturados foram identificados até o

nível de espécie, contados e devolvidos vivos ao riacho. Exemplares das espécies de

mais difícil identificação foramsacrificados com uma dose letal do anestésico Eugenol e

preservados em formalina 10% para uma identificação acurada em laboratório, com

auxílio de lupas, chaves dicotômicas e especialistas. Nesse caso, os peixes serão antes

de serem preservados em formalina.

As assembleias de peixes foram representadas por valores de riqueza de espécies

e diversidade de Shannon, e a composição das assembleias foi representada por valores

de abundância relativa e presença/ausência das espécies por trecho amostrado. Para

verificar se riqueza de espécies e diversidade de espécies de peixes variaram

temporalmente e espacialmente aplicamos uma Análise de Variância bifatorial

(ANOVA two-way) (Zar1999).

Para analisar possíveis diferenças na composição de espécies, realizamos

primeiramente análises de Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) para

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dados de abundância e presença/ausência das espécies. Realizamos inicialmente o

NMDS com um único eixo (uma dimensão) e esses valores foram utilizados na Análise

de Variância bifatorial (ANOVA two-way), considerando os quatro tipos de ambiente e

os três momentos de amostragem. Para criar os gráficos realizamos um novo NMDS

este com dois eixos (duas dimensões). Em todos os testes foi utilizado um nível de

significância de 5% (p < 0,05) (Zar, 1999).

Para testar se as assembleias de peixes de igarapés afetados diretamente pelo

reisolamento apresentam variações na estabilidade ecológica derivadas da perturbação,

utilizamos os dados de abundância das espécies mais comuns e frequentes em igarapés

diretamente afetados (igarapés de capoeiras e fragmentos florestais) e não afetado

(igarapés controle de floresta contínua). Submetemos os dados a uma ANOVA

bifatorial (Anova two-way) (Zar 1999), tendo as espécies como réplicas e os três

momentos de amostragem e os três tipos de ambientes como categorias.

RESULTADOS

Características ambientais

Foram amostrados 14 igarapés de 1ª a 3ª ordem no momento anterior ao

reisolamento na estiagem (PRs), e após o reisolamento durante os períodos chuvoso e

de estiagem (POc e POs, respectivamente).

Quanto às características estruturais do canal dos igarapés, a largura mínima

(0,76m) foi registrada em igarapé de floresta secundária madura, e a máxima (3,87m)

em igarapé de floresta contínua. A profundidade mínima encontrada foi de 0,11m em

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igarapé de capoeira madura, e máxima foi de 0,61m em floresta contínua. Quanto aos

parâmetros limnológicos, a menor temperatura foi de 23,8°C e a máxima 26,4°C, ambas

as medidas registradas em igarapé na floresta secundária madura. Em relação ao O2

dissolvido o máximo foi de 8,4 em floresta contínua e o mínimo de 3,02 em área de

capoeira. A condutividade variou de 6µS/cmem igarapés de capoeiras a 59 µS/cm em

floresta contínua (Tabela completa no Anexo 4).

A Análise de Componentes Principais para as características ambientais

capturou cerca de 49% da variação dos dados nos dois primeiros eixos. A formação do

primeiro eixo foi mais influenciada pelos valores de velocidade média da correnteza e

vazão, enquanto que a maior contribuição para a formação do segundo eixo foi a

cobertura de dossel (Figura 3), para mais ver Anexo 5. Utilizando os dois eixos

naPERMANOVA, detectamos variações nas características ambientais dos igarapés

tanto em relação à escala temporal quanto à escala espacial e também em relação à

interação entre os dois fatores (Tabela 3). Os igarapés presentes nas capoeiras

derrubadas mostraram-se diferentes dos demais ambientes em seus momentos pré e pós-

reisolamento e não apresentaram diferenças entre curto e médio prazo(Figura 3).

Tabela 3. Resultados da PERMANOVA referentes às características ambientais dos

igarapés, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e floresta secundária madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e

seis meses. após o reisolamento). GL= graus de liberdade.

Origem da variação GL SQ F p

Tempo 2 20,75 3,79 0,009**

Ambiente 3 30,15 3,67 0,003**

Tempo x ambiente 6 31,64 1,92 0,048*

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17

Figura 3. Ordenamento dos trechos de igarapés em função de suas características

ambientais, a partir de uma Análise de Componentes Principais (PCA) para ambientes

de capoeira, fragmentos florestais, floresta contínua e floresta secundária madura. Os

símbolos representam cada momento do tempo (PRs= pré-reisolamento, POc= pós-

reisolamento (chuva) e POs = reisolamento (Estiagem).

Estrutura das assembleias de peixes

Foram capturados um total de 2624 indivíduos de 57 espécies, 19 famílias e seis

ordens. Das espécies coletadas 22 pertencem a ordem Characiformes, 21 a Siluriformes,

oito a Gymnotiformes, três a Perciformes e duas a Cyprinodontiformes.

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Do total de indivíduos capturados, 926 foram coletados antes do reisolamento

(PRs), 857 m mês após o reisolamento (POc) e 841 seis meses após (POs). Em relação

à amostras obtidas nos igarapés em diferentes tipos de ambiente, nas áreas de capoeira

coletamos 712 indivíduos (PRs= 215, POc= 285, POs=212); 498 em fragmentos

florestais (PRs=140, POc=191, POs=167); 832 em floresta contínua (PRs=388, POc=

174,POs= 270) e 582 em florestas secundárias maduras (PRs=183, POc= 207, POs=

192) (Figura 4).

Figura 4. Número de indivíduos capturados em trechos de 50 m de igarapés

capoeira= ●, fragmento florestal

momentos de amostragem (PRs = pré

POs=pós-reisolamento (estiagem).

No geral, a riqueza variou de 7 a 13 espécies por trecho de igarapé na capoeira,

de 6 a 11 nos fragmentos, de 6 a 23 nos igara

floresta secundária madura.

Do total de indivíduos capturados, 926 foram coletados antes do reisolamento

(PRs), 857 m mês após o reisolamento (POc) e 841 seis meses após (POs). Em relação

mostras obtidas nos igarapés em diferentes tipos de ambiente, nas áreas de capoeira

coletamos 712 indivíduos (PRs= 215, POc= 285, POs=212); 498 em fragmentos

florestais (PRs=140, POc=191, POs=167); 832 em floresta contínua (PRs=388, POc=

2 em florestas secundárias maduras (PRs=183, POc= 207, POs=

Número de indivíduos capturados em trechos de 50 m de igarapés

, fragmento florestal= ■, floresta contínua=e capoeira madura

momentos de amostragem (PRs = pré-reisolamento, POc = pós-reisolamento (chuva) e

reisolamento (estiagem).

No geral, a riqueza variou de 7 a 13 espécies por trecho de igarapé na capoeira,

de 6 a 11 nos fragmentos, de 6 a 23 nos igarapés de floresta contínua e entre 3 a 20 em

floresta secundária madura. A riqueza de espécies não apresentou variações entre as

18

Do total de indivíduos capturados, 926 foram coletados antes do reisolamento

(PRs), 857 m mês após o reisolamento (POc) e 841 seis meses após (POs). Em relação

mostras obtidas nos igarapés em diferentes tipos de ambiente, nas áreas de capoeira

coletamos 712 indivíduos (PRs= 215, POc= 285, POs=212); 498 em fragmentos

florestais (PRs=140, POc=191, POs=167); 832 em floresta contínua (PRs=388, POc=

2 em florestas secundárias maduras (PRs=183, POc= 207, POs=

Número de indivíduos capturados em trechos de 50 m de igarapés onde:

e capoeira madura = □, nos três

reisolamento (chuva) e

No geral, a riqueza variou de 7 a 13 espécies por trecho de igarapé na capoeira,

pés de floresta contínua e entre 3 a 20 em

A riqueza de espécies não apresentou variações entre as

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escalas temporais, espaciais e nem em relação à interação desses fatoresindicando que o

reisolamento não afetou a riqueza de espécies nos ambientes alterados durante o período

avaliado (Tabela 4, Figura 5a).

Tabela 4. Resultados da ANOVA bifatorial para dados de riqueza de espécies de

peixes, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e capoeira madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e seis meses

após o reisolamento). GL= graus de liberdade.

Origem da variação GL F p

Tempo 2 1,58 0,22

Ambiente 3 1,00 0,40

Tempo x ambiente 6 0,92 0,48

A diversidade de espécies variou de 0,23 a 0,14 nos igarapés presentes em

capoeiras, de 0,14 a 0,20 nos fragmentos, de 0,10 a 0,23 nos igarapés de floresta

contínua e entre 0,10 a 0,26 em capoeiras maduras. A diversidade de espécies

apresentou alta variabilidade temporalmente, essa variação não foi consistente

espacialmente e não apresentou variações na interação desses fatores (Tabela 5, Figura

5b).

Tabela 5.Resultados da ANOVA bifatorial para dados de diversidade de espécies. de

peixes, em função dos tipos de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal,

capoeira e capoeira madura) e momentos no tempo (antes, um mês após, e seis meses

após o reisolamento). GL= graus de liberdade.

Origem da variação GL F p

Tempo 2 0,44 0,64

Ambiente 3 0, 19 0,90

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Tempo x ambiente

a)

b)

Figura 5. Riqueza média (a) e diversidade média (b) de espécies de peixes nos igarapés

de capoeira, em fragmentos florestais, na floresta contínua e capoeira

OndePRs= ●;POc= ▲e POs

Tempo x ambiente 6 0,24 0,95

Riqueza média (a) e diversidade média (b) de espécies de peixes nos igarapés

de capoeira, em fragmentos florestais, na floresta contínua e capoeira

e POs = ■

20

0,95

Riqueza média (a) e diversidade média (b) de espécies de peixes nos igarapés

de capoeira, em fragmentos florestais, na floresta contínua e capoeiramadura.

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21

Espéies como Acestridiumdiscus, Bariosteindachneri,

Bunocephaluscoracoideus, Carnegiellastrigata, Farlowellacf. smithi, Hemigrammuscf.

geisleri, Imparfinispristos, Melanocharacidiumaff. pectorale, Poptela compressa,

Stauroglanisgouldingi e Synbranchussp. “pintado” foram espécies encontradas somente

em áreas de floresta contínua. Brachyhypopomusbeebei, Bryconopsgiacopinii,

Gymnotuspedanopterus, Rhamdiaquelene Symbranchusmarmoratus foram encontradas

exclusivamente em áreas de capoeiras. Apenas Rivuluskirovskyi foi exclusiva em

ambientes de fragmentos florestais, e Ancistrussp. “malhado”, Eigenmanniacf.

trilineatae Microcharacidiumweitzmanniforam encontras somente em igarapés

presentes em capoeiras maduras.

Quanto à composição das assembleias de peixes nos igarapés ao longo da

sequência temporal de amostragens (antes, um mês após, e seis meses após o

reisolamento), para dados de abundância o stress foi de 0,30 e para dados de

presença/ausência das espécies stress foi igual a 0,35. A composição das assembleias

baseada em abundância das espécies não apresentou variações temporais, espaciais e

nem na interação dos dois fatores ambiente (Tabela 6, Figura 6).

Tabela 6. Resultados da ANOVA para a composição (abundância de espécies) nas

assembleias de peixes nos igarapés. GL= graus de liberdade.

Origem da variação GL F p

Tempo 2 0,14 0,86

Ambiente 3 0,24 0,86

Tempo x ambiente 4 0.34 0,90

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22

Figura 6. Resultados das análises de ordenamento (NMDS) para valores de abundância

de espécies de peixes em função do tipo de ambiente (floresta contínua, fragmento

florestal, capoeira e floresta secundária madura) e momento de amostragem (PRs= pré-

reisolamento (estiagem), POc= pós-reisolamento (chuva) e POs= pós-reisolamento

(estiagem).

Utilizando dados de presença ou ausência das espécies, não encontramos

variações temporais e nem em relação a interação entre os fatores tempo e espaço, mas

encontramos variações espaciais. A composição de espécies de peixes nos igarapés de

floresta contínua diferiu das demais e a capoeira madura diferiram dos demais

ambientes (t=2,470; p= 0,01) (Tabela 7, Figura 7).

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23

Tabela 7. Resultados da ANOVA para a composição (presença/ausência) de espécies

nas assembleias de peixes nos igarapés. GL= graus de liberdade.

Origem da variação GL F P

Tempo 2 0,18 0,94

Ambiente 3 2,54 0,029*

Tempo x ambiente 6 0,22 0,99

Figura 7. Resultados das análises de ordenamento (NMDS) para dados de composição

(presença/ausência) de espécies de peixes nas assembleias de peixes em igarapés, em

função do tipo de ambiente (floresta contínua, fragmento florestal, capoeira e floresta

secundária madura) e momento de amostragem(PRs= pré-reisolamento (estiagem),

POc= pós-reisolamento (chuva) e POs=pós-reisolamento (estiagem)

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24

Estabilidade ecológica das assembleias de peixe de igarapés

Dentre as espécies de peixes que ocorreram em todos os tipos de ambientes

amostrados selecionamos as mais representativas (que ocorreram em todos os

momentos do tempo e nos diferentes ambientes)para avaliar a resiliência da comunidade

após o processo do reisolamento dos fragmentos florestais. Essas espécies foram

também as mais abundantesPyrrhulina cf. brevis(642), Hemigrammus cf.

pretoensis(513),Hyphessobrycon agulha (231), Nannostomusmarginatus(152),

Apistogramahippolytae (128), Hyphessobryconaff. melazonatus(100),

Copellanigrofasciata(63), Rivulusmicropus(93), Helogenesmarmoratus(58),

Crenuchusspilurus (53), Aequidenspalidus (39), Erythrinuserytrinus (26),

Gymnotuscuropinae (26) foram as espécies mais representativas em todos os ambientes

(Tabela 8).

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Tabela 8.Lista das espécies de peixes utilizadas para a análise de resiliência nos diferentes momentos do tempo e nos tipos de vegetação.

Capoeira Floresta Contínua Fragmento Florestal

Espécies PRs Poc Pos Total PRs Poc Pos Total PRs Poc Pos Total

Aequidenspallidus 6 14 4 24 2 1 0 3 4 5 3 12 Apistogrammahippolytae 5 23 21 49 16 7 6 29 5 43 2 50

Copellanigrofasciata 13 17 6 36 6 1 4 11 2 10 5 17 Crenuchusspilurus 19 1 3 23 9 2 2 13 8 1 8 17

Erythrinuserythrinus 8 5 1 14 2 0 0 2 1 7 2 10 Gymnotuscoropinae 1 4 8 13 5 0 0 5 4 3 1 8

Helogenesmarmoratus 11 10 1 22 8 4 5 17 6 6 7 19 Hemigrammus cf. pretoensis 40 66 67 173 23 50 47 120 74 63 83 220

Hyphessobryconaff.

melazonatus 26 0 5 31 14 4 35 53 7 0 9 16

Hyphessobrycon agulha 6 12 2 20 75 21 51 147 23 29 12 64 Nannostomusmarginatus 17 24 35 76 16 6 8 30 20 21 5 46

Pyrrhulina cf. brevis 53 93 51 197 97 52 58 207 69 96 76 241 Rivulusmicropus 5 8 4 17 13 0 5 18 7 10 11 28

Total 210 277 208 695 286 148 221 655 230 294 224 748

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Não encontramos variações em relação à abundância das espécies mais

representativas em escala temporal, espacial e nem em relação à interação desses dois

fatores indicando que o reisolamento não causou variações nas populações de peixes

nos ambientes alterados. Portanto, as alterações das características ambientais nos

trechos de igarapés presentes no fragmento florestal e na capoeira derrubada não

afetaram a estabilidade ecológica das assembleias de peixes durante o período do estudo

(Tabela 9).

Tabela 9.Resultados da ANOVA bifatorial para estabilidade ecológica das

comunidades de peixes ao longo do tempo nos diferentes ambientes (capoeira,

fragmento florestal e floresta continua). GL= grau de liberdade

Origem da variação GL F p

Tempo 2 0.069 0.93

Ambiente 3 0.093 0.91

Tempo x ambiente 4 0.469 0.75

DISCUSSÃO

A vegetação ripária ao longo do canal de igarapés funciona como base da cadeia

trófica nesses sistemas que são fortemente dependentes da entrada de nutrientes e

material orgânico de origem alóctone (Walker 1995), e isso é especialmente evidente

para os pequenos igarapés de 1ª a 3ª ordem (Anjos 2014). Nossos resultados mostram

que os distúrbios provocados pelo reisolamento de fragmentos florestais afetaram as

características ambientais dos igarapés; contudo, a estrutura das assembleias de peixes

(riqueza, diversidade e abundância das espécies) não apresenta variação temporalmente

e nem espacialmente. Apenas espécies raras (pouco frequentes e pouco abundantes nas

amostras) apresentaram diferenças quanto à presença e ausência nos diferentes

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ambientes avaliados (fragmentos florestais, capoeiras jovens e maduras, e floresta

contínua).

A fragmentação florestal provoca diferentes efeitos nas populações e

dependendo do organismo a ser considerado pode haver aumento ou redução na riqueza

e diversidade de espécies. A matriz que circunda os fragmentos florestais possui forte

importância na dinâmica populacional das comunidades em seu interior por várias

razões. Para vários organismos terrestres a capoeira pode agir como filtro seletivo (e não

uma barreira absoluta) para a movimentação dos animais por toda a paisagem (Malcolm

1991; Tocher 1998). Albaneseet al. (2009) avaliando o efeito da defaunação em riachos

temperados definiram que a estabilidade da composição das assembleias de peixes

frente a mudanças ambientais está relacionada aos diferentes tipos de respostas das

espécies e aos atributos da paisagem. A manutenção da ligação de trechos alterados pela

derrubada com segmentos de igarapés em áreas de floresta contínua pode propiciar um

habitat de refúgio durante o distúrbio. Pode também permitir a reposição populacional

da maioria das espécies devido à movimentação dos peixes ao longo do canal. Tais

fatores podem estar associados à ausência de diferenças na riqueza e diversidade de

espécies de peixes nos igarapés estudados, tanto em termos temporais quanto espaciais.

Áreas de capoeiras derrubadas não parecem funcionar como barreiras para a

movimentação dos peixes, e a ocorrência eventual de mortalidade de peixes durante o

processo de derrubada das áreas de capoeiras para o reisolamento pode ser rapidamente

compensada por processos de reocupação a partir de outros trechos da microbacia.

Apesar dessa ausência de diferença na estrutura das assembleias de peixes nos

igarapés, espécies raras (pouco frequentes e pouco abundantes nas amostras)

apresentaram diferenças quanto à presença e ausência nos diferentes ambientes

avaliados (fragmentos florestais, capoeiras jovens e maduras, e floresta contínua),

sugerindo que essas espécies são mais sensíveis ao processo de desmatamento

provocado pelo isolamento dos fragmentos florestais. Esse conjunto de resultados

provavelmente decorre de três condições: i) a qualidade do habitat que circunda as áreas

perturbadas (= matriz ambiental), atenuando os efeitos diretos das perturbações; ii) a

curta escala temporal utilizada para avaliar os efeitos dessas perturbações; e iii) a

possível resistência (ao menos parcial) das assembleias de peixes às perturbações

ambientais resultantes do reisolamento, sem que se afastem de um ponto de equilíbrio

(constância e/ou inércia ecológica). Alternativamente, neste último caso, é possível que

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esse ponto de equilíbrio tenha sido alterado no primeiro evento de isolamento dos

fragmentos florestais (ou seja, há cerca de 30 anos), sem ter retornado à condição

originalmente presente quando os igarapés se encontravam em um ambiente de floresta

contínua.

Segundo Araújo-Lima et al. (1999), a heterogeneidade ambiental parece ser o

principal fator que determina o número de espécies em comunidades de peixes de água

doce. Além disso, as características reprodutivas, tróficas e morfológicas das espécies

também explicam a estrutura das assembleias de peixes (Ibanezet al. 2007). Peixes

podem apresentar complexos padrões de ciclo de vida, que podem ser mediados por

migrações ou outras formas de uso diferenciado de habitats, que se inicia no local de

desova/reprodução, seguindo pelo mosaico de habitats utilizados para forrageio e

crescimento inicial, e habitats de refúgio (Schlosser 1991; Schlosser &Angermeier

1995). Neste sentido, poderia ser esperado que as perturbações à floresta ripária

causadas pelo processo de reisolamento dos fragmentos florestais afetariam

negativamente (e imediatamente) as assembleias locais de peixes.

A cobertura do dossel, a vazão média e a condutividade da água foram as

principais características que variaram entre os momentos anterior e posterior à

derrubada das áreas de capoeira no entorno dos fragmentos florestais. As alterações

ambientais decorrentes desse processo podem ter efeitos diretos e indiretos sobre as

assembleias locais de peixes, cujas estratégias de vida incluem adaptações às condições

abióticas do meio onde vivem (Winemiller& Rose 1992). Entretanto, apesar dos

impactos decorrentes dessas alterações ambientais locais, os trechos impactados

apresentam continuidade com porções das microbacias de drenagem localizadas dentro

de floresta primária. Essas áreas íntegras podem constituir áreas de refugio importantes,

e também servir como fonte de propágulos para os trechos afetados, atenuando os

efeitos das perturbações ambientais locais. De fato, experimentos realizados em trechos

(50 m de extensão) de igarapés amazônicos de terra firme, nos quais a fauna de peixes

foi subtraída, não mostraram impactos significativos de curto prazo (meses) na estrutura

das assembleias e populações locais (Espírito-Santo 2009). Entretanto, áreas de

capoeiras podem ter efeitos ecológicos muito diferentes de acordo com o tipo de

organismo considerado.

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Para vários organismos terrestres, as capoeiras que se formam ao redor dos

fragmentos possuem forte importância na dinâmica populacional das assembleias de

espécies em seu interior, por várias razões. Para algumas dessas espécies a capoeira

pode agir como filtro seletivo (e não uma barreira absoluta) para a movimentação dos

animais por toda a paisagem (Malcolm 1991; Tocher 1998). Segundo essa hipótese, se

há exclusão de espécies após o isolamento, habitats fragmentados e mais distantes da

floresta contínua possuiriam riqueza e diversidade menores. No caso dos peixes, a

manutenção da continuidade de habitat propiciada pelo canal dos igarapés pode permitir

a reposição populacional da maioria das espécies, devido à movimentação dos peixes ao

longo do canal. Isso sugere que as áreas de capoeiras (ao menos nas condições deste

estudo) não parecem funcionar como barreiras para a movimentação dos peixes, e a

ocorrência eventual de mortalidade de peixes durante o processo de derrubada das áreas

de capoeiras pode ser rapidamente compensada por processos de reocupação a partir de

outros trechos das microbacias. Esses processos (resiliência a partir derecolonização)

poderiam explicar a ausência de diferenças na riqueza, diversidade e abundância de

espécies de peixes nos igarapés estudados, tanto em termos temporais quanto espaciais.

Estudos ecológicos em riachos ambientalmente alterados mostram que a

abundância das espécies geralmente diminui com a perturbação (Jones et al. 1999),

porém, resultados opostos também foram registrados (Lenat& Crawford 1994). Em

nosso estudo não encontramos alterações nas assembleias quanto às abundâncias das

espécies, mas detectamos diferenças significativas quanto à presença ou ausência de

algumas espécies em relação ao tipo de ambiente no qual os igarapés estão inseridos.

Igarapés em floresta contínua apresentaram maior número de espécies exclusivas:

Acestridiumdiscus, Bariosteindachneri, Bunocephaluscoracoideus, Carnegiellastrigata,

Farlowellacf.smithi, Hemigrammuscf.geisleri, Imparfinispristos,

Melanocharacidiumaff.pectorale, Poptela compressa, Stauroglanisgouldingi e

Synbranchussp. “pintado”. Algumas dessas espécies parecem ser bastante exigentes em

relação às características do substrato de fundo dos igarapés, como é o caso de I. pristos

e S. gouldingi (Zuanon&Sazima 2004; Zuanonet al. 2006), e podem ter sido extirpadas

dos trechos submetidos ao processo de desmatamento para (re)isolamento dos

fragmentos florestais, em algum momento do passado. Outras dessas espécies, como C.

strigata e B. steindachneri, apresentam dieta fortemente baseada no consumo de insetos

terrestres, oriundos da floresta ripária (nossas observações, dados não publicados), o

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que pode explicar a aparente ausência nos trechos alterados. Na análise temporal, não

encontramos diferenças na composição de espécies, o que reforça a hipótese de que

essas espécies (raras) provavelmente não estavam presentes nos ambientes de capoeira

ou fragmento florestal antes do reisolamento. Assim, a ausência dessas espécies pode

estar ligada às perturbações ambientais geradas durante o processo de isolamento inicial

dos fragmentos florestais, ocorrido há mais de três décadas, e que pode ter causado a

extirpação local dessas espécies. Apesar dessas evidências, não é possível, no momento,

descartar a hipótese de que uma detecção imperfeita de espécies raras tenha gerado a

diferença observada na composição de espécies entre os tipos de ambientes.

Em estudos realizados em igarapés de floresta primária na Amazônia Central,

foram encontradas diferenças sazonais significativas no número de peixes presentes no

canal entre os períodos de estiagem e chuvoso (Espirito Santo et al. 2009), que foi

menor no período chuvoso. Segundo esses autores, tais diferenças seriam resultantes de

uma saída de parte dos peixes do canal, que ocupariam as poças marginais temporárias

disponíveis nesse período, o que foi posteriormente corroborado (Espírito Santo et al.

2013). Este padrão condiz com o que encontramos para igarapés em floresta contínua,

porém, em ambientes de capoeira jovem, fragmento florestal e de capoeira madura

observamos o inverso. Os igarapés de capoeira madura não sofreram qualquer tipo de

alteração ambiental (como as decorrentes do processo de reisolamento periódico) há

mais de 30 anos, e apresentam um padrão de número de indivíduos parecido com os de

ambientes afetados diretamente pelo reisolamento dos fragmentos. Esta observação

reforça a hipótese de que a alteração inicial na paisagem (ou seja, o primeiro processo

de desmatamento, que propiciou o isolamento dos fragmentos florestais) causou

modificações nos processos de uso de habitats pelos peixes que podem (ainda) não ter

retornado à condição original de igarapés íntegros de floresta contínua.

Bojsen e Barriga (2002) avaliaram os efeitos do desmatamento em assembleias

de peixes na Amazônia Equatoriana e observaram um aumento do número de espécies e

de abundância de peixes perifitívoros (Siluriformes, Loricariidae). Os autores

relacionaram esse efeito à maior intensidade de luz sobre o canal dos riachos (e,

consequentemente, maior desenvolvimento de algas perifíticas) nesses ambientes. Em

nosso estudo não observamos uma alteração semelhante, e peixes Characiformes

continuaram sendo os mais abundantes nos igarapés, mesmo naqueles afetados

diretamente pelo reisolamento. É possível que uma alteração semelhante venha a

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ocorrer nos igarapés do presente estudo, já que as alterações ambientais sofridas pelos

riachos nos dois estudos foram semelhantes (resultantes do desmatamento da vegetação

ripária, e a ausência de outros distúrbios ambientais, como poluição da água), e que a

diferença seja resultante da curta escala temporal de análise do presente estudo (menor

do que o tempo geracional das espécies de peixes estudadas). A fragmentação florestal

de origem antrópica é um fenômeno recente no tempo evolutivo, o que sugere que as

respostas “finais” aos impactos, a longo prazo, pode ainda não ter sido detectadas

(Gasconet al. 1999; Ferraz et al. 2003). Por isso, os efeitos do desmatamento e

fragmentação podem ser fortemente influenciados pela escala temporal da investigação,

com efeitos de aglomeração (aumento do número de indivíduos de uma espécie em uma

área mais favorável), de curta duração, eventualmente dando lugar a eventos de extinção

local a médio ou longo prazo (Lauranceet al. 2011).

O debate sobre diversidade-estabilidade de comunidades biológicas tem uma

longa história de interesse teórico e representa um papel principal no desenvolvimento

da Ecologia moderna. Desde a sua formulação inicial por Elton (1927), muitas

explicações têm sido propostas (Pimm 1984; Tilmanet al. 1997), entretanto, um número

relativamente pequeno de estudos de campo têm sido realizados. Nossos resultados

mostraram que as características estruturais dos igarapés foram alteradas pelo processo

de reisolamento dos fragmentos florestais, mas que essas perturbações não explicam boa

parte das diferenças na estrutura das assembleias de peixes nos igarapés afetados pelo

reisolamento. As espécies de peixes mais frequentes e abundantes antes da perturbação

continuaram predominando nas assembleias após o evento do reisolamento, e não houve

diferenças entre os tipos de ambientes amostrados, o que sugere uma resistência das

assembleias a essas perturbações. Essas espécies têm em comum uma ampla

distribuição geográfica na Amazônia, o que deve implicar em uma amplitude de nicho

que possibilita a elas sobreviver em ambientes diversos. A resiliência ecológica é

entendida como o tempo de retorno de uma comunidade ao estado pré-perturbação ou

próximo deste estado (Peters 1991), ou como a magnitude da perturbação que pode ser

absorvida pelo sistema antes que ele mude o ponto de equilíbrio (Gunderson

2000,Gundersonet al. 2002). Neste sentido, o efeito de resiliência das assembleias de

peixes de igarapés na ARIE do PDBFF não pode ser observado no presente estudo. É

possível que o conjunto de espécies presentes nos locais alterados pelo processo de

fragmentação florestal (e pela substituição da floresta primária por capoeiras de idades

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variadas) tenha atingido uma nova estruturação ou ponto de equilíbrio, capaz de ser

mantida mesmo com a ocorrência esporádica de eventos de reisolamento dos

fragmentos florestais, apresentando, assim, uma inércia frente às perturbações. Além

disso, a excelente qualidade do ambiente ao redor das áreas afetadas pelo reisolamento

pode servir de refúgio para as espécies durante o momento da perturbação, atenuando

efeitos negativos locais e imediatos.

Este estudo reforça a importância da manutenção da conectividade com áreas de

floresta primária contínua para a manutenção das assembleias de peixes em igarapés.

Além disso, nossos resultados indicam que as assembleias de peixes de igarapés são

capazes de se manter ao longo do tempo, apesar das perturbações causadas pelo

reisolamento de fragmentos florestais com a retirada da floresta secundária (capoeira)

circundante. Vários autores demonstraram a importância da paisagem circundante para

a integridade ecológica de fragmentos florestais (Aberget al. 1995; Flather&Sauer,

1996). Esses estudos apontam para a necessidade de um manejo ecológico realizado em

escala de paisagem para a conservação de populações em áreas fragmentadas na

Amazônia, o que inclui a intrincada rede de igarapés de floresta de terra firme e sua

enorme diversidade de peixes.

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossos resultados corroboram a hipótese de que o processo de reisolamento dos

fragmentos florestais da ARIE do PDBFF quando realizado apenas a derrubada da

floresta afeta as características ambientais dos igarapés. Contudo, essas alterações não

foram suficientes para provocar mudanças na estrutura das assembleias de peixes

(riqueza, diversidade e abundância). Espécies raras (pouco frequentes e pouco

abundantes) apresentaram alterações quanto à presença ou ausência nos ambientes,

sendo as mais afetadas pelas perturbações ambientais. Os resultados sugerem que as

assembleias de peixes podem resistir parcialmente às perturbações ambientais

resultantes do reisolamento sem que se afastem de um ponto de equilíbrio. Entretanto,

não é possível descartar a hipótese de que alterações nas assembleias de peixes venham

a ocorrer em uma escala de tempo maior, compatível com o tempo geracional desses

organismos. Finalmente, é de suma importância que seja mantida a conectividade dos

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fragmentos florestais e da floresta secundária com ambientes com trechos de igarapés

em áreas de floresta contínua e prístina, como forma de assegurar a possibilidade de

recolonização de áreas impactadas pelo desmatamento.

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39

ANEXOS

Anexo1.Descrição de como ocorreu o reisolamento (tipo de corte) nos fragmentos florestais do PDBFF.

Local Ambiente Tipo de

corte Descrição

FazendaDimona

Fragmento de 10ha

Total A capoeira ao redor do fragmento

florestal de 10ha foi totalmente derrubada

Fragmento de 100ha

Total A capoeira ao redor do fragmento florestal de 100ha foi totalmente

derrubada

Capoeira F10 (jusante)

Total Capoeira encontrada a jusante do fragmento florestal de 10ha foi

totalmente derrubada.

Capoeira F10

(montante) Total

Capoeira encontrada a montante do fragmento florestal de 10ha foi

totalmente derrubada.

Capoeira F100

(jusante) Total

Capoeira encontrada a jusante do fragmento florestal de 100ha foi

totalmente derrubada.

FazendaPorto

Alegre

Fragmento Parcial

As capoeiras ao redor do fragmento florestal de 100ha foram derrubadas,

contudo o fragmento permaneceu conectado com a floresta primária.

Capoeira (jusante)

Não alterada

Neste ponto do igarapé, a jusante do fragmento de 100ha, a capoeira não foi

alterada.

Capoeira (montante)

Parcial

Neste ponto do igarapé, a montante do fragmento de 100ha, uma faixa de 15m de capoeira foi mantida ao longo das

margens do canal.

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Anexo 2.Imagem LANDSAT (1986) da ARIE

representa um ponto de amostragem

ARIE PDBFF, onde os polígonos azuis representam os fragmentos floresais

40

os polígonos azuis representam os fragmentos floresaiscada número

.

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41

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42

Anexo3. Fotos do trecho de igarapé presente em ambiente de capoeira derrubada durante o processo de reisolamento dos fragmentos

florestais na ARIE PDBFF, onde representam o momento pós-reisolamneto (a) um mês após o fim do reisolamento dos fragmentos

florestais na estação de chuva – POc e (b) seis meses após na estação de estiagem - POs.

a)

b)

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43

Anexo4. Dados físico-químicos dos igarapés amostrados.

Ambiente pH Temperatura Condutividade

Tempo Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP

FlorestaContínua 2.91 5.4 4.56667 0.88009 24.14 25.9 24.8078 0.648 6 17 8.844444 3.289039

PRs 2.91 5.4 4.37333 1.30117 24.4 25.9 24.98 0.806 6.6 10 7.866667 1.858315 POc 4.86 5.14 5.01667 0.14295 24.3 25.65 24.8933 0.69 8 9 8.333333 0.57735 POs 3.2 4.91 4.31 0.96234 24.14 25.28 24.55 0.634 6 17 10.33333 5.859465

Fragmento Florestal 4.03 5.02 4.56778 0.38428 24.07 26.38 24.9033 0.699 9 15 10.88889 1.964971

PRs 4.72 4.8 4.77333 0.04619 24.07 24.69 24.4167 0.316 12 15 13 1.732051 POc 4.03 5.02 4.59333 0.50895 24.27 25.24 24.89 0.538 9 11 10.33333 1.154701 POs 4.04 4.83 4.33667 0.43016 24.57 26.38 25.4033 0.913 9 10 9.333333 0.57735

Capoeira 3.32 4.99 4.43333 0.48003 24.01 25.76 24.7367 0.54 6 59 15.58333 14.3239

PRs 4.67 4.99 4.79 0.14445 24.01 24.78 24.345 0.357 11 59 26.75 22.09638 POc 4.06 4.75 4.5125 0.31468 24.83 25.76 25.3375 0.384 9 13 11.25 2.061553 POs 3.32 4.45 3.9975 0.54199 24.29 24.72 24.5275 0.225 6 12 8.75 2.5

Capoeira madura 3.77 6.23 4.84833 0.73208 23.77 26.37 24.9875 0.882 7 19 10.5 3.343923

PRs 4.94 6.23 5.5725 0.73063 23.77 26.37 24.7325 1.135 9 19 11.75 4.856267 POc 3.77 4.9 4.525 0.5327 24.3 25.82 25.1575 0.728 8 14 10 2.708013

POs 4.05 4.8 4.4475 0.30772 24.03 26.13 25.0725 0.948 7 12 9.75 2.629956

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44

Continuação:

Ambiente O2 Cobertura média de dossel Largura média do canal (m)

Tempo Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP

Floresta Contínua 4.62 8.4 6.72 1.136904 59.18 94.54 83.84111 11.43939 1.087 3.87 2.019333 1.025782

PRs 6 6.85 6.52 0.455741 59.18 83.85 71.68667 12.33858 1.087 3.87 2.185667 1.481056

POc 4.62 7.6 6.19 1.496429 84.08 94.54 89.13 5.239284 1.14 2.967 1.88 0.96166

POs 6.1 8.4 7.45 1.201041 87.82 93.95 90.70667 3.080525 1.14 3.107 1.992333 1.009399

Fragmento Florestal 3.17 7.1 5.274444 1.157315 86.37 94.21 91.41778 2.757625 1.353 1.733 1.552778 0.151762

PRs 4.71 4.84 4.766667 0.066583 93.11 94.21 93.52333 0.598777 1.563 1.717 1.653333 0.080389

POc 3.17 6.47 5.246667 1.807936 86.37 90.74 88.8 2.225826 1.353 1.733 1.579667 0.200333

POs 5.03 7.1 5.81 1.1253 88.73 93.85 91.93 2.789695 1.353 1.493 1.425333 0.070117

Capoeira 3.02 7.56 5.1725 1.346606 0 90.89 36.29 41.45887 0.817 2.17 1.50375 0.418894

PRs 3.02 4.8 4.1375 0.796173 73.14 90.89 84.145 8.494102 1.217 2.17 1.5735 0.423269

POc 3.91 6.6 5.185 1.134622 0 74.77 18.6925 37.385 0.867 2.037 1.5735 0.513065

POs 4.88 7.56 6.195 1.380278 0 24.13 6.0325 12.065 0.817 1.763 1.36425 0.402598

Capoeira madura 4 8.21 5.766667 1.279427 74.35 93.05 87.24083 6.701294 0.762 2.533 1.516 0.533198

PRs 4.54 7 5.4 1.091665 74.35 93.05 83.575 9.577061 0.762 2.17 1.473 0.57487

POc 4.51 6.1 5.5075 0.719508 78.36 91.63 87.4925 6.137271 0.917 2.533 1.7525 0.672203

POs 4 8.21 6.3925 1.871263 89.04 92.11 90.655 1.315206 0.91 1.76 1.3225 0.36488

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45

Continuação:

Ambiente Velocidade média da correnteza (m/s) Profundidade média do canal (m) Diversidade de substrato (Simpson)

Tempo Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo Média DP

Floresta Contínua 13.886 50.364 26.3514 11.1669 0.056 0.381 0.211 0.105 0.320988 0.751715 0.602957 0.170106

PRs 13.886 29.843 19.4513 9.00703 0.056 0.291 0.18 0.118 0.320988 0.751715 0.585277 0.231436 POc 24.819 50.364 34.018 14.1932 0.129 0.329 0.217 0.102 0.320988 0.737997 0.573388 0.221934 POs 18.53 33.406 25.585 7.46752 0.129 0.381 0.236 0.13 0.556927 0.73251 0.650206 0.088304

Fragmento Florestal 4.861 35.807 16.5184 10.2427 0.114 0.189 0.15133 0.027 0.5 0.759945 0.675354 0.080404

PRs 17.632 27.32 22.4213 4.84493 0.131 0.176 0.152 0.023 0.694102 0.759945 0.734339 0.035276 POc 8.046 35.807 18.959 14.8016 0.118 0.177 0.14967 0.03 0.5 0.72428 0.623 0.113706 POs 4.861 11.631 8.175 3.38723 0.114 0.189 0.15233 0.038 0.623457 0.718793 0.668724 0.047849

Capoeira 2.733 28.126 13.8773 8.21832 0.058 0.207 0.14608 0.053 0.252401 0.766272 0.57999 0.155

PRs 6.207 25.929 15.8485 9.87946 0.058 0.198 0.13625 0.068 0.475309 0.748971 0.611968 0.139109 POc 4.322 13.263 10.5478 4.21089 0.115 0.207 0.16075 0.047 0.5 0.766272 0.586115 0.122133 POs 2.733 28.126 15.2358 10.4829 0.065 0.194 0.14125 0.055 0.252401 0.757396 0.541887 0.224665

Capoeira madura 8.033 30.474 18.7223 7.61373 0.032 0.351 0.15983 0.096 0.423077 0.743484 0.648416 0.10405

PRs 11.122 20.444 15.8155 4.24579 0.074 0.171 0.1425 0.046 0.423077 0.740741 0.635262 0.14696 POc 11.861 29.604 23.2243 7.92617 0.032 0.351 0.17225 0.137 0.4992 0.721536 0.598051 0.09221

POs 8.033 30.474 17.1273 9.48788 0.044 0.264 0.16475 0.111 0.688615 0.743484 0.711934 0.02459

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46

Anexo5.Biplot dos eixos de PCA para os dados de características ambientais e autovalores de cada eixo utilizado.

Número Tempo Vegetação Local

1 POc Secundária madura Cidade Powell

2 POc Secundária madura Colosso secundária

3 POc Floresta Contínua Dimona

4 POc Fragmento florestal Dimona F10

5 POc Capoeira Dimona F10 ( jusante)

6 POc Capoeira Dimona F10 (montante)

7 POc Fragmento florestal Dimona F100

8 POc Capoeira Dimona F100 (jusante)

9 POc Floresta Contínua Florestal

10 POc Floresta Contínua Gavião

11 POc Secundária madura Porto Alegre (vereda)

12 POc Fragmento florestal Porto Alegre F100

13 POc Secundária madura Porto Alegre F100 (jusante)

14 POc Capoeira Porto Alegre F100 (montante)

15 POs Secundária madura Cidade Powell

16 POs Secundária madura Colosso secundária

17 POs Floresta Contínua Dimona

18 POs Fragmento florestal Dimona F10

19 POs Capoeira Dimona F10 ( jusante)

20 POs Capoeira Dimona F10 (montante)

21 POs Fragmento florestal Dimona F100

22 POs Capoeira Dimona F100 (jusante)

23 POs Floresta Contínua Florestal

24 POs Floresta Contínua Gavião

25 POs Secundária madura Porto Alegre (vereda)

26 POs Fragmento florestal Porto Alegre F100

27 POs Secundária madura Porto Alegre F100 (jusante)

28 POs Capoeira Porto Alegre F100 (montante)

29 PRs Secundária madura Cidade Powell

30 PRs Secundária madura Colosso secundária

31 PRs Floresta Contínua Dimona

32 PRs Fragmento florestal Dimona F10

33 PRs Capoeira Dimona F10 ( jusante)

34 PRs Capoeira Dimona F10 (montante)

35 PRs Fragmento florestal Dimona F100

36 PRs Capoeira Dimona F100 (jusante)

37 PRs Floresta Contínua Florestal

38 PRs Floresta Contínua Gavião

39 PRs Secundária madura Porto Alegre (vereda)

40 PRs Fragmento florestal Porto Alegre F100

41 PRs Secundária madura Porto Alegre F100 (jusante)

42 PRs Capoeira Porto Alegre F100 (montante)

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47

(continuação): Autovalores dos eixos de PCA utilizando os dados de características ambientais dos igarapés da ARIE PDBFF.

Variável Eixos

PC1 PC2 pH -0.321 -0.276

Temperatura -0.229 0.474 Condutividade -0.328 0.403

Oxigênio dissolvido (O2) 0.485 0.18 Cobertura de dossel 0.006 -0.584 Velocidade Média 0.501 -0.284

Vazão Média 0.495 -0.096 Diversidade de substrato 0.049 -0.266

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Ordem Família Espécie

Capoeira Floresta Contínua Fragmento Florestal Secundária madura Total Geral

PRs POc POs PRs POc POs PRs POc POs PRs POc POs

Characiformes

Characidae Bariosteindachneri 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Bryconopsgiacopinii 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Bryconopsinpai 0 0 0 1 3 0 0 0 0 1 0 0 5 Hemigrammus cf. geisleri 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Hemigrammus cf. pretoensis 40 66 67 23 50 47 43 34 60 34 31 18 513 Hyphessobryconaff.

melazonatus 26 0 5 14 4 35 7 0 9 0 0 10 110 Hyphessobrycon agulha 6 12 2 75 21 51 23 29 12 11 3 6 251 Iguanodectesvariatus 1 0 0 0 0 0 3 7 17 9 4 4 45 Poptela compresso 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 Crenuchidae Ammocryptocharaxelegans 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 2 Characidium cf. pteroides 0 0 0 16 0 7 0 0 0 4 16 0 43 Crenuchusspilurus 19 1 3 9 2 2 8 1 8 0 0 0 53 Melanocharacidiumaff.

pectorale 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Microcharacidiumeletrioides 0 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 4 Microcharacidiumweitzmanni 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 0 36 47

Anexo6. Tabela de composição e abundância de peixes ao longo dos períodos de amostragem nos igarapés nos diferentes ambientes (floresta contínua, fragmento florestal, capoeira e floresta secundária madura) emomento de amostragem (PRs= pré-reisolamento (estiagem), POc= pós-reisolamento (chuva) e POs-reisolamento (estiagem).

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49

Erythrinidae Erythrinuserythrinus 8 5 1 2 0 0 0 5 1 4 3 1 30 Hopliasmalabaricus 0 0 0 0 0 1 0 0 3 2 0 2 8

Gasteropelecidae Carnegiellastrigata 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2

Lebiasinidae Copellanigrofasciata 13 17 6 6 1 4 2 10 5 6 10 13 93 Nannostomusmarginatus 17 24 35 16 6 8 13 18 4 4 18 18 181 Pyrrhulina cf. brevis 53 93 51 97 52 58 26 36 34 51 74 37 662

Cyprinodontiformes

Rivulidae Rivuluskirovskyi 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Rivulusmicropus 5 8 4 13 0 5 2 4 3 3 23 23 93

Gymnotiformes

Gymnotidae Gymnotuscoropinae 1 4 8 5 0 0 0 1 1 2 0 2 24 Gymnotuspedanopterus 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

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50

Hypopomidae Brachyhypopomusbeebei 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Hypopyguslepturus 1 0 0 0 0 0 0 0 0 5 1 0 7 Steatogenysduidae 0 0 0 1 0 0 0 0 0 4 0 0 5

Rhamphichthyidae Gymnorhamphichthysrondoni 0 0 0 3 1 2 0 0 0 1 0 2 9

Sternopygiidae Eigenmannia cf. trilineata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 1 4

Perciformes

Cichlidae Aequidenspallidus 6 14 4 2 1 0 2 2 1 8 1 2 43 Apistogrammahippolytae 5 23 21 16 7 6 4 38 1 2 8 8 139 Crenicichla alta 0 0 1 3 5 1 0 0 1 1 0 1 13

Siluriformes

Aspredinidae Bunocephaluscoracoideus 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Cetopsidae Helogenesmarmoratus 11 10 1 8 4 5 5 5 5 7 10 4 75

Heptapteridae

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51

Imparfinispristos 0 0 0 28 4 28 0 0 0 0 0 0 60 Mastiglanisasopos 0 0 0 4 1 0 0 0 0 1 0 0 6 Myoglaniskoepkeei 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 1 1 5 Nemuroglanispauciradiatus 0 5 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 10 Nemuroglanissp. zua 0 0 0 19 2 7 0 1 0 1 0 0 30 Rhamdiaquelen 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Loricariidae Acestridiumdiscus 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Ammocryptocharaxelegans 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 Ancistrussp. malhado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 4 Ancistrussp. pintado 0 0 0 3 1 0 0 0 0 1 0 0 5 Farlowella cf. smithi 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 3 Rineloricariaheteroptera 0 0 0 2 1 0 0 0 0 1 0 0 4

Trichomycteridae Ituglanisamazonicus 0 0 1 2 4 0 0 0 1 1 1 0 10 Stauroglanisgouldingi 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 6

Synbranchiformes

Synbranchidae Symbranchusmarmoratus 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Synbranchussp. pintado 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 3

Total geral 215 285 212 388 174 270 140 191 167 183 207 192 2624

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