Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos...

1

Transcript of Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos...

Page 1: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos

Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção

Cristiano Antunes Gonçalves

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores:

Prof. Doutor Nuno Gonçalo Cordeiro Marques de Almeida

Eng.ª Sónia Cristina Simões Madeira Domingues

Júri

Presidente: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Prof. Doutor Nuno Gonçalo Cordeiro Marques de Almeida

Vogal: Prof. Doutor Vítor Faria e Sousa

Janeiro de 2015

Page 2: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 3: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

“Don’t let the noise of other’s opinions drown out your own inner voice. And most important, have the

courage to follow you heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become.

Everything else is secondary”

Steve Jobs

Page 4: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 5: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

I

Resumo

O sucesso dos empreendimentos de construção está associado aos desvios dos custos e prazos

previstos inicialmente. Estes desvios, verificados constantemente na indústria da construção, afectam

o bom desempenho económico das empresas do sector, comprometendo a sustentabilidade e

eficiência das mesmas. O problema destes desvios assume uma maior importância devido ao facto

do sector da construção ser um dos pilares da economia em muitos países.

Tendo em vista a satisfação das partes interessadas nos empreendimentos de construção, torna-se

essencial a percepção das causas destes desvios e a realização de análises detalhadas dos desvios

ocorridos no passado, com objectivo de que o conhecimento adquirido no passado possa ser utilizado

no planeamento e concepção de empreendimentos futuros.

Para o melhor controlo e antecipação destes desvios no futuro, entende-se que a gestão do risco

poderá ter um papel muito importante, principalmente se suportada por bases de dados com

informação sobre incertezas e ocorrências associadas aos desvios de custos e prazos ocorridos no

passado e no presente.

Assim, este trabalho visa contribuir para o desenvolvimento de uma base de dados históricos com os

desvios ocorridos num conjunto de 38 obras concluídas por uma empresa de construção nacional de

grande dimensão, mais concretamente os desvios verificados nos valores de obra, margem, prazos e

custos indirectos, com maior enfoque sobre os desvios de prazo e encargos de estaleiro.

Palavras-chave: Desvios de custos; desvios de prazo; gestão do risco; empreitadas de construção;

encargos de estaleiro

Page 6: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 7: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

III

Abstract

The success of construction projects is widely associated with the variation in costs and time originally

planned. As such, the deviations of deadlines and costs incurred in the construction industry

constantly affect the good performance of this sector, jeopardizing the sustainability and efficiency of

construction companies. The problem with these deviations assumes a greater importance because

the construction sector is one of the most important pillars in the economy of many countries.

In view of the satisfaction of stakeholders in construction projects, it is essential the perception of the

deviations causes and achievement a detailed analysis of these deviations in the past, with the

objective that the knowledge acquired in past can be used in planning and design of future projects.

For better control and anticipation of these deviations in the future, it is understood that risk

management can have a very important role, mainly supported on databases containing information of

uncertainties and occurrences associated with deviations of costs and deadlines in the past and

present.

Thus, this work aims contribute to develop a base of historical data with deviations occurring in 38

completed works by a large national construction company, more specifically the deviation of values of

work, scope, deadlines and indirect costs, with greater focus on the deviations of time and

construction site costs.

Keywords: Costs overruns; construction delay; risk management; construction works; construction

site costs overruns

Page 8: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 9: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

V

Agradecimentos

Finalizada mais uma etapa particularmente importante na minha vida, não poderia deixar de

expressar publicamente o meu enorme agradecimento a todos aqueles que me apoiaram nesta longa

caminhada e contribuíram para a realização deste trabalho.

Desde logo o meu profundo agradecimento e estima aos meus orientadores pela motivação,

conselhos, disponibilidade, críticas construtivas, ensinamentos, compreensão e todo o apoio

prestado. Ao Professor Nuno Marques de Almeida agradeço a confiança depositada desde o primeiro

dia desta longa etapa. À Engenheira Sónia Domingues a disponibilidade e apoio dispensados durante

o decorrer de toda a investigação.

À Andreína Andrade, que mais que uma grande namorada, revelou-se ser uma enorme amiga e

companheira, que me acompanhou desde o primeiro dia desta longa caminhada. Obrigado pela

enorme paciência, pela compreensão, pelo carinho e fundamentalmente por seres quem és e pela

motivação dada nos momentos em que tudo parecia perdido.

À minha família, em particular aos meus pais, por possibilitarem a realização desta etapa. Obrigada

pelo apoio, pela compreensão, confiança depositada e fundamentalmente por sempre acreditarem

nas minhas capacidades ao longo destes anos académicos. Obrigado por todos incentivos e por

tornarem a distância e a saudade mais pequenas do que são na realidade.

À minha irmã, Carlota, mesmo estando longe fisicamente, pela força e carinho transmitido que são

indispensáveis para continuar.

Ao Eng.º. João Vargas e ao Eng.º Carlos Silva da Somague, pela oportunidade dada na realização

dos estágios de verão ao longo destes anos académicos que muito contribuíram para a minha

evolução enquanto Engenheiro. Obrigado pelos ensinamentos, pela confiança depositada e pela

motivação.

À Tuna Académica da Universidade dos Açores, pela oportunidade de fazer parte desta grande

família, que contribuíram para a minha evolução enquanto pessoa.

Por fim, mas não menos importante, aos meus amigos, que, apesar das contingências da vida,

estiveram sempre comigo e partilharam comigo os melhores anos da minha vida até hoje.

A todos vós, um bem-haja!

Page 10: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 11: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

VII

Í NDÍCE GERAL

1 Introdução ............................................................................................................................................. 1

1.1 Enquadramento geral e âmbito do trabalho ................................................................................... 1

1.2 Justificação da importância do tema .............................................................................................. 1

1.3 Objectivos do trabalho .................................................................................................................... 3

1.4 Metodologia e organização da dissertação .................................................................................... 4

2 Revisão de Conhecimentos ................................................................................................................. 5

2.1 Desvios de custos nas empreitadas de construção ....................................................................... 5

2.1.1 O custo da construção ............................................................................................................ 5

2.1.2 A estimativa de custos inicial .................................................................................................. 5

2.1.3 Causas dos desvios de custos nas empreitadas de construção ............................................ 7

2.2 Desvios de prazo nas empreitadas de construção ....................................................................... 11

2.1.1 Prazo de construção ............................................................................................................. 11

2.1.2 Estimativa do prazo inicial .................................................................................................... 13

2.1.3 Atraso na construção ............................................................................................................ 14

2.1.2 Causas dos desvios de prazos nas empreitadas de construção ......................................... 15

2.3 Relação entre os desvios de prazos e custos .............................................................................. 21

2.4 Risco na variação dos custos e prazos de construção ................................................................ 23

2.4.1 Conceito do risco .................................................................................................................. 23

2.4.2 Percepção e atitude face ao risco ........................................................................................ 24

2.4.3 A gestão do risco em empresas de construção ................................................................... 25

2.4.4 Gestão do risco e a variação de custos e prazos ................................................................ 27

3 Estudo de casos: análise do desvio de custos indirectos e prazos em 38 obras .............................. 29

3.1 Metodologia do estudo .................................................................................................................. 29

3.2 Informação geral ........................................................................................................................... 37

3.3 Processo de concurso e controlo das empreitadas ...................................................................... 37

3.4 Apresentação da informação das empreitadas de construção .................................................... 39

3.4.1 Caracterização da amostra ................................................................................................... 39

3.4.2 Valor de obra, margem, prazos e custos indirectos ............................................................. 40

3.5 Análise da informação das empreitadas de construção ............................................................... 50

3.5.1 Variações do valor de obra contratualizado ......................................................................... 50

Page 12: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

VIII

3.5.2 Encargos de estaleiro e custo final ....................................................................................... 52

3.5.3 Desvios e correcções de prazo ............................................................................................ 53

3.5.4 Encargos de estaleiro (EE) e margem de obra (MB) ........................................................... 54

3.5.5 Análise das curvas de estaleiro (MO, EQ, OEE e EE) ......................................................... 55

3.5.6 Análise da variação dos encargos de estaleiro .................................................................... 70

4 Discussão de Resultados ................................................................................................................... 75

4.1 Variações do valor de obra, margem, prazos e custos indirectos ................................................ 75

4.1.1 Variação do valor de obra e da margem de obra ................................................................. 75

4.1.2 Variação do prazo das obras ................................................................................................ 78

4.1.3 Variação dos custos indirectos ............................................................................................. 80

4.2 Desvios do valor de obra contratualizado ..................................................................................... 81

4.3 Peso dos desvios de encargos de estaleiro no desempenho das obras ..................................... 82

4.4 Análise dos custos de estaleiro médios mensais previstos e reais .............................................. 83

4.4.1 Obras cujo prazo previsto é inferior a 50% do prazo real .................................................... 83

4.4.2 Obras cujo prazo previsto representa 50% do prazo real .................................................... 85

4.4.3 Obras cujo prazo previsto representa entre 50% a 70% do prazo real ............................... 86

4.4.4 Obras cujo prazo previsto representa entre 70% a 90 % do prazo real .............................. 88

5 Conclusões ......................................................................................................................................... 91

5.1 Apreciação global do trabalho realizado ....................................................................................... 91

5.2 Avaliação da realização dos objectivos da dissertação ............................................................... 92

5.3 Limitações da investigação ........................................................................................................... 92

5.4 Contribuição para o conhecimento da indústria da construção ................................................... 93

5.5 Propostas de desenvolvimento futuro .......................................................................................... 93

6 Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 95

ANEXOS ................................................................................................................................................ 99

a A Anexo - Folha de Fecho ..................................................................................................... A-100

B Anexo - Balancete de Obra ................................................................................................ B-100

C Anexo - Master de Códigos ............................................................................................... C-100

D Anexo - Balancete com códigos de Estaleiro .................................................................... D-100

E Anexo - Cronograma do processo de orçamentação e gestão das obras ......................... E-100

Page 13: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

IX

Í ndice de Figuras

Figura 1 – Constituição do custo de obra. Adaptado de Sousa (2012). ................................................. 5

Figura 2 - Composição do custo de um processo construtivo. Adaptado de Dias (2012). ..................... 6

Figura 3 - As duas posições centrais segundo Hillson. Adaptado de Domingues et al. (2012). .......... 23

Figura 4 - Consciência do risco e postura face ao risco. Adoptado de ISO GUIDE 73:2009. .............. 25

Figura 5 - Processo de investigação quantitativo. Adaptado de Neuman (2006). ................................ 29

Figura 6 – Periodos de tempo referentes às obras analisadas............................................................. 30

Figura 7 - Cronograma da empresa de construção nacional. ............................................................... 37

Figura 8 - Processo de concurso e gestão de cada empreitada (Anexo E) ......................................... 38

Figura 9 - Distribuição das obras por tipologia de obra e por tipo de cliente. ....................................... 39

Figura 10 - Distribuição das obras por tipo de cliente e regime de empreitada. ................................... 40

Figura 11 - Variação do valor de obra, prazo, custos indirectos e margem das obras. ....................... 40

Figura 12- Distribuição da percentagem do desvio de valor de obra por tipologia de obra. ................ 41

Figura 13 – Distribuição da variação positiva ou negativa do VO por tipologia de obra. ..................... 41

Figura 14 - Aumento do VO (%) por tipologia de obra. ......................................................................... 42

Figura 15 - Diminuição do VO (%) por tipologia de obra. ..................................................................... 42

Figura 16 – Análise da variação do VO (%) por tipologia de obra. ....................................................... 43

Figura 17 - Distribuição da percentagem dos desvios da MB por tipologia de obra............................. 43

Figura 18 – Distribuição da variação positiva ou negativa da MB por tipologia de obra. ..................... 44

Figura 19 – Variação negativa da MB por tipologia de obra. ................................................................ 44

Figura 20 – Variação positiva da MB por tipologia de obra. ................................................................. 45

Figura 21 - Análise da variação da MB (%) por tipologia de obra......................................................... 45

Figura 22 - Distribuição do aumento do prazo por tipologia de obra. ................................................... 46

Figura 23 – Distribuição da variação do prazo por tipologia de obra. ................................................... 46

Figura 24 - Aumento de prazo (%) por tipologia de obra. ..................................................................... 47

Figura 25 – Análise do desvio de prazo (%) por tipologia de obra. ...................................................... 47

Figura 26 - Distribuição dos desvios de custos indirectos pela tipologia de obra................................. 48

Figura 27 – Distribuição da variação dos CI por tipologia de obra. ...................................................... 48

Figura 28 – Diminuição dos CI (%) por tipologia de obra. .................................................................... 49

Figura 29 – Aumento dos CI (%) por tipologia de obra ......................................................................... 49

Figura 30 – Análise do desvio de CI (%) por tipologia de obra. ............................................................ 50

Figura 31 – Média dos TNC, RP e indemnizações no aumento do VO ................................................ 50

Figura 32 - Distribuição da variação do Valor de Obra. ........................................................................ 51

Figura 33 – Valor médio dos TNC no aumento do VO por tipologia de obra. ...................................... 51

Figura 34 – Valor médio da RP no aumento do VO por tipologia de obra. ........................................... 51

Figura 35 – Valor médio das Indemnizações no aumento do VO por tipologia de obra. ..................... 52

Figura 36 - Média dos custos directos e indirectos no custo final das obras. ....................................... 52

Figura 37 – Média dos CD e CI no custo final por tipologia de obra. ................................................... 53

Figura 38 - Média dos EE e OEI nos CI finais por tipologia de obra. ................................................... 53

Page 14: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

X

Figura 39 - Variação dos EE e variação da MB em obras de edifícios de habitação e serviços. ......... 54

Figura 40 - Variação dos EE e variação da MB em obras de reabilitação de edifícios. ....................... 54

Figura 41 - Variação dos EE e variação da MB em obras de vias de comunicação. ........................... 54

Figura 42 – Variação dos EE na variação da MB. ................................................................................ 55

Figura 43 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 8. .......................... 55

Figura 44 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 34. ........................ 55

Figura 45 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 25. ........................ 56

Figura 46 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 33. ........................ 56

Figura 47 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 21. ........................ 57

Figura 48 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 29. ........................ 57

Figura 49 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 24. ........................ 57

Figura 50 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 23. ........................ 57

Figura 51 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 27. ........................ 57

Figura 52 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 26. ........................ 57

Figura 53 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 28. ........................ 58

Figura 54 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 31. ........................ 58

Figura 55 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 30. ........................ 58

Figura 56 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 32. ........................ 58

Figura 57 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 9. .......................... 58

Figura 58 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 7. .......................... 58

Figura 59 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 6. .......................... 59

Figura 60 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 37. ........................ 59

Figura 61 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 38. ........................ 59

Figura 62 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 25. ........................ 59

Figura 63 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 33. ........................ 59

Figura 64 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 21. ........................ 60

Figura 65 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 29. ........................ 60

Figura 66 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 24. ........................ 60

Figura 67 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 23. ........................ 60

Figura 68 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 27. ........................ 60

Figura 69 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 26. ........................ 60

Figura 70 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 28. ........................ 61

Figura 71 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 31. ........................ 61

Figura 72 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 30. ........................ 61

Figura 73 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 32. ........................ 61

Figura 74 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 9. .......................... 61

Figura 75 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 7. .......................... 61

Figura 76 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 6. .......................... 62

Figura 77 - Custos médios mensais previstos e finais de EQ no decorrer da obra 37. ........................ 62

Figura 78 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 38. ........................ 62

Page 15: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

XI

Figura 79 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 8. .......................... 62

Figura 80 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 34. ........................ 62

Figura 81 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 25. ...................... 63

Figura 82 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 33. ..................... 63

Figura 83 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 29. ...................... 63

Figura 84 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 21. ...................... 63

Figura 85 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 24. ...................... 63

Figura 86 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 23. ...................... 63

Figura 87 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 27. ...................... 64

Figura 88 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 26. ...................... 64

Figura 89 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 28. ...................... 64

Figura 90 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 31. ...................... 64

Figura 91 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 30. ...................... 64

Figura 92 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 32. ...................... 64

Figura 93 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 9. ........................ 65

Figura 94 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 7. ........................ 65

Figura 95 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 6. ........................ 65

Figura 96 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 37. ...................... 65

Figura 97 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 38. ...................... 65

Figura 98 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 8. ........................ 66

Figura 99 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 34. ...................... 66

Figura 100 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 8. ......................... 66

Figura 101 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 34. ....................... 66

Figura 102 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 25. ....................... 67

Figura 103 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 33. ....................... 67

Figura 104 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 21. ....................... 67

Figura 105 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 29. ....................... 67

Figura 106 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 24. ....................... 67

Figura 107 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 23. ....................... 67

Figura 108 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 27. ....................... 68

Figura 109 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 26. ....................... 68

Figura 110 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 28. ....................... 68

Figura 111 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 31. ....................... 68

Figura 112 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 30. ....................... 68

Figura 113 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 32. ....................... 68

Figura 114 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 9. ......................... 69

Figura 115 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 7. ......................... 69

Figura 116 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 6. ......................... 69

Figura 117 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 37. ....................... 69

Figura 118 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 38. ....................... 69

Page 16: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

XII

Figura 119 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 6. .................................... 70

Figura 120 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 7. .................................... 70

Figura 121 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 8. .................................... 71

Figura 122 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 9. .................................... 71

Figura 123 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 21. .................................. 71

Figura 124 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 23. .................................. 71

Figura 125 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 24. .................................. 71

Figura 126 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 25. .................................. 71

Figura 127 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 26. .................................. 72

Figura 128 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 27. .................................. 72

Figura 129 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 28. .................................. 72

Figura 130 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 29. .................................. 72

Figura 131 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 30. .................................. 72

Figura 132 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 31. .................................. 72

Figura 133 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 32. .................................. 73

Figura 134 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 33. .................................. 73

Figura 135 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 34. .................................. 73

Figura 136 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 37. .................................. 73

Figura 137 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 38. .................................. 73

Figura 138 - Médias da variação do valor de obra e da magem de obra. ............................................ 77

Figura 139 - Variação do prazo (%) nas obras em que o prazo aumentou. ......................................... 78

Figura 140 - Relação da variação do VO e MB com o desvio de prazo. .............................................. 79

Figura 141 – Média dos TNC, RP e Ind. na ΔVO em obras que o VO diminuiu. .................................. 82

Figura 142 - Curvas de variação dos EE das obras 8 e 33. ................................................................. 84

Figura 143 - Curvas da MO e EE da obra 21 ........................................................................................ 85

Figura 144 - Curva da variação dos custos médios mensais do EE da obra 29. ................................. 86

Figura 145 – Semelhança do andamento da curva de EE com a curva de MO (Obra 28). ................. 86

Figura 146 - Curvas de variação dos EE das obras 27 e 6. ................................................................. 87

Figura 147 - Andamento da curva de EE, EQ e MO (Obra 37). ........................................................... 88

Figura 148 - Custos médios mensais previstos e finais dos EE durante a obra 38.............................. 89

Page 17: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

XIII

Í ndice de Tabelas

Tabela 1 – Factores responsáveis pelo desvio de custos. Adaptado de Shane et al. (2009). ............. 10

Tabela 2 - Principais causas do desvio de custos em empreitadas de construção. ............................. 12

Tabela 3 - Causas do desvio de custos em obras públicas portuguesas. Adaptado Antunes (2012).. 13

Tabela 4 – Causas dos desvios de prazos de obras na Malásia. Adaptado de Sambasivan & Soon

(2007). ................................................................................................................................................... 15

Tabela 5 – Factores responsáveis pelo desvio de prazos no Egipto. Adaptado de Aziz (2013b). ....... 17

Tabela 6 - Principais causa do desvio de prazos em empreitadas de construção ............................... 20

Tabela 7 – Causas dos desvios de custos e prazos em obras publicas portuguesas. Adaptado de

Ordem dos Engenheiros (2006). ........................................................................................................... 22

Tabela 8 - Riscos e incertezas em empreendimentos. Adaptado de Domingues et al. (2012). ........... 26

Tabela 9 - Exemplo de algumas classes de custo ................................................................................ 31

Tabela 10 - Excerto exemplificativo da tabela com os dados iniciais e finais de todas as obras. ........ 31

Tabela 11 - Adimensionalização dos prazos das obras ........................................................................ 33

Tabela 12 - Adimensionalização dos custos de estaleiro reais (obra com 21 meses) ......................... 34

Tabela 13 - Custos médios mensais reais (obra com 21 meses) ......................................................... 34

Tabela 14 – Custos médios mensais reais (% custos reais) (obra com 21 meses) ............................. 35

Tabela 15 - Adimensionalização dos custos de estaleiro previstos (prazo previsto de 15 meses) ...... 35

Tabela 16 - Custos médios mensais previstos (prazo previsto de 15 meses) ...................................... 36

Tabela 17 – Custos médios mensais de estaleiro previstos (% custos previstos) ............................... 36

Tabela 18 - Distribuição das Obras por tipologia de obra e regime de empreitada.............................. 39

Tabela 19 - Distribuição do número de obras estudadas por tipologia ................................................. 48

Tabela 20 - Algumas das causas responsáveis pelo desvio de custos encontradas na literatura ....... 81

Page 18: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

XIV

Lista de Abreviaturas

CD – Custos Directos

CI – Custos Indirectos

FF – Folha de Fecho

CM – Custos mensais

EE – Encargos de Estaleiro

MO – Mão-de-obra

EQ – Equipamentos

TE – Total de Estaleiro

MB – Margem Bruta

VO – Valor de Obra

OEI – Outros Encargos Indirectos

OEE – Outros Encargos de Estaleiro

MTEE – Materiais de Estaleiro

TNC – Trabalhos Não Contratualizados

RP – Revisão de Preços

CII – Construction Industry Institute

CMM real – Custo médio mensal real

CMM previsto – Custo médio mensal previsto

Page 19: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

1

1 Introdução

1.1 Enquadramento geral e âmbito do trabalho

A presente dissertação foi elaborada em ambiente empresarial, encontrando-se enquadrada

num tema de investigação mais alargado de uma tese de doutoramento em curso no Instituto

Superior Técnico (IST), tendo sido realizada em paralelo com outro trabalho com incidência nos

custos directos.

Sendo o sector da construção um dos pilares do desenvolvimento da economia dos países, em

particular de Portugal, o âmbito do presente trabalho foca-se no estudo de dados históricos de obras

concluídas por uma empresa de construção nacional, centrando-se no desvio de custos indirectos e

prazos de 38 empreitadas de construção realizadas durante os últimos 10 anos.

1.2 Justificação da importância do tema

A competitividade entre as empresas de construção civil implica um aumento de preocupação

em questões relacionadas com a eficácia, eficiência e produtividade, o que releva a importância de

controlar os cinco principais objectivos da construção: construir de forma sustentável e

ambientalmente aceite; dentro dos adequados níveis de saúde, higiene e segurança; com bons níveis

de qualidade; dentro dos prazos inicialmente estipulados; e com a maior minimização de custos

possível (Dias, 2012).

O sucesso de um empreendimento pode ser traduzido por o mesmo manter os prazos

previstos, ter sido desenvolvido com rigor técnico e não ter sofrido desvios orçamentais. Assim,

podemos dizer que o sucesso de um empreendimento define-se pelo cumprimento dos objectivos e

metas que estavam inseridos no plano inicial do empreendimento (Frimpong, Oluwoye, & Crawford,

2003). Pesko, Trivunic, Cirovic, & Mucenski (2013) defendem igualmente que o sucesso das

empresas de construção depende do cumprimento de prazos e custos. Aziz (2013b) também referiu

que um empreendimento de sucesso deve terminar no prazo estipulado e dentro no orçamento

definido. Ainda, para Frimpong et al. (2003) os empreendimentos poderão ser geridos de forma eficaz

e eficiente, ou por outro lado poderão ser mal geridos originando desvios de prazos e custos de

construção

Os desvios de custos nas empreitadas de construção são um problema que se tem verificado

ao longo dos anos, sendo por isso um aspecto de grande importância. Este problema ganha ainda

mais importância nos dias de hoje, pois o aumento da internacionalização das empresas de

engenharia civil proporcionaram mercados cada vez mais competitivos, o que faz com que o desvio

de custos nas empreitadas de construção possam traduzir-se em graves problemas para a

contabilidade das empresas, podendo afectar a própria sustentabilidade das mesmas.

Existem muitos autores na literatura que nomeiam as causas de desvios de prazos como o

factor responsável pelo sucesso de empreendimentos que por sua vez afectam a sustentabilidade

das empresas e a economia do país (Aziz, 2013b).

De acordo com um estudo realizado sobre projectos de perfuração de água completados entre

1970 e 1999, no Gana, verificou-se que 33 empreendimentos de um total de 47 foram concluídos com

Page 20: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

2

atraso, ao passo que 38 sofrerem desvios de custos. Estes dados indicam que apenas 25% dos

projectos estudados foram concluídos dentro do prazo e orçamento previsto, ao mesmo tempo

verificou-se que 75% deles excederam os custos e o prazo inicial de projecto (Frimpong et al., 2003).

Em Portugal, Domingues, Almeida, & Sousa (2012) conduziram um estudo sobre 67 empreitadas,

tendo concluído que em 76% das mesmas ocorreram aumentos do valor de obra esperado, e

observado desvios de prazo em 96% das mesmas.

A experiência tem revelado frequentes desvios às estimativas iniciais dos custos e prazos dos

empreendimentos de construção. Estas ocorrências mostram que é de extrema importância para as

empresas de construção a formação de bases de dados com o objectivo de as mesmas poderem ser

utilizadas mais tarde na estimativa de custos e prazos de novos empreendimentos (Pesko et al.,

2013).

Segundo Stumpf (2000, citado por Sweis, Sweis, Abu Hammad, & Shboul, 2008) os atrasos

nas obras tornaram-se uma parte integrante do ciclo de vida dos empreendimentos construtivos. Este

autor refere ainda que apesar da evolução do conhecimento da gestão de empreendimentos e dos

avanços tecnológicos, continuam a existir atrasos nos empreendimentos construtivos e os prazos

finais de execução das obras continuam a desviar-se do prazo inicial.

A existência de desvio de preços e prazos em empreitadas de construção em Portugal é um

problema que não é novo, e que ganha maior relevância devido ao facto destes desvios ocorrerem

frequentemente em empreitadas de obras públicas. Este problema tem originado inúmeras auditorias

por parte dos órgãos de fiscalização das contas públicas, que por sua vez são noticiadas e

contribuem para a desconfiança no sector das obras públicas. Para acentuar ainda mais a

deterioração da imagem deste sector, de tempos a tempos, surgem noticiais na comunicação social

sobre alegados casos de corrupção sem conhecimento da conclusão de tais processos, originando a

perda de reputação não só das entidades, mas também das empresas e profissionais do sector. A

resolução destes desvios aparenta não possuir resolução simples, afectando a imagem da

engenharia portuguesa que muitas provas tem dado em contrário ao longo destes anos. Mas, a

realidade é que estes desvios têm resolução (Ordem dos Engenheiros, 2006).

A indústria da construção possui uma enorme influência sobre a economia de todos os países

(Leibing, 2001, citado por Mahamid, 2013) e é considerada pela sociedade o instrumento através do

qual a mesma alcança os seus objectivos relacionados com o desenvolvimento rural ou urbano

(Enshassi et al., 2006, citado por Mahamid, 2013). No entanto, é uma das indústrias em que mais

empresas abrem falência e suas respectivas consequências resultantes quando comparada com

outras indústrias (Chapman, 2001, citado por Mahamid, 2013). A razão apontada para a ocorrência

deste facto é a elevada quantidade de partes intervenientes na construção (e.g. donos de obra,

consultores, projectistas, subempreiteiros, entre outros) e à própria complexidade técnica do processo

de construção. Assim, devido a factores como a natureza da própria actividade do sector da

construção, os processos envolvidos nesta actividade, a organização ou ambiente que rodeia a

mesma, potenciam a existência de elevados riscos para a indústria da construção e as partes

envolvidas. Risco esse que têm sido alvo de variados estudos devido à existência de desvios de

Page 21: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

3

prazos e de custos em empreendimentos de construção (Kartam & Kartam,2001, citados por

Mahamid, 2013)

Com a evolução dos sistemas de informação da construção, tornou-se mais fácil o

armazenamento de dados históricos sobre os custos de empreendimentos anteriormente executados.

Assim, o desenvolvimento destas bases de dados, permitem às empresas efectuarem decisões mais

objectivas (Moon et al., 2000, citados por Moon, Kim, & Kwon, 2007).

Um estudo realizado por Spedding & Rose (2008, citados por Sousa, 2012) avalia a indústria

da construção como sendo uma actividade com um nível de risco médio, ocupando um 16º lugar de

um ranking do qual fazem parte 39 sectores de actividade.

Em Portugal, as constantes notícias que surgem sobre a falência de empresas do sector da

construção, casos de empreendimentos em que ocorreram grandes desvios do valor de obra, em

relação ao que estava previsto inicialmente, e ocorrência de grandes atrasos nas obras têm gerado

um aumento da desconfiança sobre a actividade deste sector.

Tah & Carr (2001, citados por Domingues et al., 2012) refere a debilidade dos softwares de

gestão do risco não permitirem a apreensão e reutilização dos problemas, dos riscos, de medidas

correctivas e lições aprendidas de empreendimentos anteriores no processo de elaboração de novos

empreendimentos.

Desta forma torna-se importante o desenvolvimento de um processo de gestão do risco

combinado com uma base de dados que englobe não apenas as incertezas e eventos responsáveis

pelo desvio de prazos e custos (estaleiro e indirectos) no presente, mas também os eventos e

incertezas responsáveis por desvios em empreitadas no passado. Isto contribuirá para as empresas

atingiam maior sucesso no desenvolvimento de empreendimentos de construção, permitindo uma

maior rentabilidade e sustentabilidade das mesmas.

1.3 Objectivos do trabalho

O objectivo geral da dissertação consiste na análise dos efeitos dos desvios de prazos e de

custos indirectos de obras concluídas, tendo em vista um contributo para a gestão do risco

económico nas empresas de construção.

Para uma melhor percepção destes factores de desvio, apresentam-se de seguida os

objectivos específicos do trabalho:

Verificar a Existência de desvios de Valor de Obra (VO) e Margem Bruta da Obra (MB);

Verificar a ocorrência de desvios de Prazo e Custos Indirectos (CI) nas obras de

construção;

Analisar os factores de desvio do Valor de Obra contratualizado;

Verificar o peso dos Encargos de Estaleiro nos custos das obras;

Analisar o efeito dos desvios de Encargos de Estaleiro na variação da Margem de

Obra;

Verificar o efeito dos desvios de Prazo na variação dos Encargos de Estaleiro;

Analisar os Encargos de Estaleiro durante o decorrer do prazo de execução da obra.

Page 22: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

4

1.4 Metodologia e organização da dissertação

O presente trabalho iniciou-se com a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre estudos

realizados sobre o tema escolhido. Após alguma pesquisa bibliográfica e apresentação do estudo de

doutoramento em desenvolvimento no IST em que se enquadra a presente dissertação, definiram-se

os objectivos da investigação.

De seguida foi iniciada a recolha de dados e o desenvolvimento do estudo na sede de uma

empresa de construção nacional.

Assim sendo, a presente dissertação de mestrado encontra-se organizada em 6 Capítulos que

reflectem os passos sequenciais da metodologia geral da dissertação, apresentando-se de seguida

um breve resumo de cada um dos capítulos que constituem o documento:

Capitulo 1: Introdução – neste capítulo é apresentado o âmbito da presente

investigação e seus objectivos; a justificação da importância do tema e as etapas do

estudo.

Capitulo 2: Revisão de Conhecimentos – é composta por 4 subcapítulos nos quais se

apresenta a contextualização dos desvios de custos e prazos na construção e também

do risco existente na variação dos custos e dos prazos. Assim, optou-se por se expor

primeiramente as principais causas, encontradas na literatura nacional e internacional,

para a ocorrência dos desvios de prazos e custos, a sua relação e por fim o risco

existente na ocorrência da variação dos desvios mencionados.

Capítulo 3: Estudo de Casos – este capítulo engloba a metodologia de estudo

adoptada, as informações gerais da empresa de construção nacional onde foi realizada

a investigação, o processo utilizado pela mesma na orçamentação e gestão financeira

das empreitadas, terminando com a exposição dos resultados obtidos.

Capítulo 4: Discussão de Resultados – neste capítulo são analisados os resultados

obtidos e retiradas as respectivas conclusões do estudo.

Capítulo 5: Conclusões – incluem a avaliação dos objectivos da dissertação, as

limitações do estudo, a contribuição da investigação para a indústria da construção e

as propostas de desenvolvimentos futuros.

Capítulo 6: Referências Bibliográficas

Page 23: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

5

Custo de Produção

Custos Directos

Custos Indirectos

2 Revisão de Conhecimentos

2.1 Desvios de custos nas empreitadas de construção

2.1.1 O custo da construção

Os custos de construção são uma das componentes a ter em consideração na indústria da

construção, assumindo por vezes um papel condicionante nas obras, particularmente, na fase de

execução (Dias, 2012).

O custo total de uma obra, na perspectiva da entidade executante, poderá ser definido através

de duas parcelas: custos directos e custos indirectos (Figura 1).

Segundo Sousa (2012) os custos directos são usualmente subdivididos em três grandes

parcelas: mão-de-obra (MO); equipamentos (EQ); e materiais (MT). Ou seja, englobam os custos

necessários para a execução dos trabalhos de construção. Por outro lado, este autor classifica os

custos indirectos como as despesas que suportam a actividade da organização. Contudo, para além

das parcelas referentes aos custos directos mencionadas anteriormente, podem ainda ser

adicionados os custos relativos a subempreitadas e a encargos de estaleiro (Dias, 2012). Os custos

indirectos resultam dos encargos com a sede da empresa de construção, materiais de escritório,

gastos financeiros, jurídicos, entre outros (Dias, 2012). Os encargos de estaleiro são custos que

advêm de despesas geradas no estaleiro devido à operação de tarefas na fase de execução,

despesas estas que são muitas vezes difíceis de serem imputadas apenas a uma operação de

construção (Sousa, 2012).

Os encargos indirectos podem ser definidos como custos de gestão que surgem durante o

processo de implementação do empreendimento (Ahuja, 1984, citado por Lo & Kuo, 2013). Em geral,

a gestão de empreendimentos classifica os custos indirectos como custos por período de tempo.

Estes encargos abrangem as despesas da gestão durante a realização do empreendimento e

dependem fortemente da duração do empreendimento (Mungle, Benyoucef, Son, & Tiwari, 2013).

Assim pode-se afirmar que os custos indirectos têm uma relação directa com a duração do

empreendimento, isto é, quanto mais elevada for a duração do empreendimento maiores serão os

custos indirectos (Xiong & Kuang, 2008, citado por Lo & Kuo, 2013).

2.1.2 A estimativa de custos inicial

O cálculo de custos na fase inicial de um projecto de construção tem um papel muito

importante para o empreiteiro e para o dono de obra (DO), uma vez que essa estimativa inicial é a

base da avaliação de alternativas ao projecto e também do estudo de viabilidade do mesmo (Kim et

Figura 1 – Constituição do custo de obra. Adaptado de Sousa (2012).

Page 24: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

6

al., 2009b; Kim et al., 2009c; Kim, 2011; Kim and Kim, 2010, citados por Oh, Park, & Kim, 2013). Em

geral, a estimativa de custos torna-se muitas vezes imprecisa devido à falta de informação disponível

(Bell & Kaminsky, 1987; Carr, 1989; Flyvbjerg et al., 2002; Trost & Oberlender, 2003; Kim et al.,

2009c, citados por Oh et al., 2013). Também Lu, Luo, & Zhang (2011), a respeito da construção de

obras rodoviárias defenderam a importância da estimativa de custos inicial, uma vez que a previsão

destes custos terá uma influência directa sobre a determinação do investimento necessário, a

definição do projecto de engenharia, a tomada de decisão e o planeamento do empreendimento.

Segundo Alfred LE. (1988, citado por Skitmore & Ng, 2003) os custos de construção poderão ser

calculados através de uma estudo detalhado do trabalho a executar com os recursos disponíveis,

estimando para isso o tempo e custo necessário para cada actividade específica.

Mais recentemente Moon, Kim, & Kwon (2007) concluíram que o uso de dados históricos sobre

os custos de obras anteriores em conjunto com métodos de estimativas de custos permitia um cálculo

de custos de construção mais preciso.

O Método de Composição de Custos é um método a partir do qual se podem calcular os custos

de uma obra tendo por base a medição dos trabalhos a efectuar em cada empreendimento de

construção específico. Este método tem por base a identificação, quantificação e valorização dos

meios envolvidos em cada actividade construtiva a executar. A medição dos trabalhos a realizar pode

ser obtida através de uma das duas formas: medição por operações de construção; e medição por

grupos de operações de construção. A medição por grupos de operações de construção caracteriza-

se pela junção de várias actividades que constituem uma operação de construção, ao passo que a

medição por operações de construção caracteriza-se pela medição de cada actividade de forma mais

pormenorizada, obtendo-se desta forma um cálculo mais preciso dos custos de construção. O método

utilizado com maior frequência pelos empreiteiros na preparação das suas propostas a apresentar a

concurso é o método baseado na medição por operações de construção (Figura 2) (Dias, 2012).

Figura 2 - Composição do custo de um processo construtivo. Adaptado de Dias (2012).

Page 25: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

7

2.1.3 Causas dos desvios de custos nas empreitadas de construção

Um estudo realizado sobre 258 projectos de construção de estradas em 20 países de 5

continentes (Flyvbjerg et al., 2003, citados por Paraskevopoulou & Benardos, 2013) permitiu concluir

que o problema do desvio de custos em empreitadas de construção é um fenómeno mundial. Este

estudo conclui que praticamente 90% dos empreendimentos construtivos estudados sofreram um

aumento de custos de aproximadamente 28% do seu custo inicialmente estimado.

Para Lu et al., (2011) existem diversos factores que poderão influenciar os custos da

construção, sendo que em muitos desses factores existe uma grande incerteza, o que leva a que a

sua previsão seja um processo complexo e não linear.

Apesar das variações constantes das condições económicas e das técnicas construtivas cada

vez mais complexas, o ambiente da indústria de construção continua a ser caracterizado pela

existência de constantes pressões para que se mantenham os prazos e os custos o mais reduzido

possível. Assim, e sendo as estimativas de custo influenciadas por esta pressão, acabam por ser

imprecisas, o que leva à diminuição dos lucros previstos dos empreendimentos (Cheng, Hoang, Roy,

& Wu, 2012, citados por Cheng, Hoang, & Wu, 2013).

Segundo Shane et al. (2009) o tempo percorrido entre a fase de planeamento e a fase de

construção de grandes projectos de engenharia poderá facilmente estender-se por vários anos. No

entanto, é necessário ter atenção para o facto de que no decorrer desse período, em geral, ocorrem

alterações em relação ao projecto inicial. Assim, a fase inicial de empreendimentos possui uma

elevada importância, pois durante esse período, existem diversos factores que poderão influenciar os

custos do empreendimento.

Os empreendimentos de construção são constituídos essencialmente por duas fases: a fase de

concepção do projecto; e a fase de construção, que é constituída pelo período posterior à

adjudicação. Os desvios de custos e de prazos podem estar associados a ambas as fases, no

entanto, as principais causas de atrasos em empreendimentos ocorrem geralmente na fase de

construção (Frimpong et al., 2003). Para Anderson et al. (2006, citado por Shane et al., 2009) a

variação de custos ocorre geralmente, não apenas na fase de planeamento e de projecto, mas

também na fase de construção. O mesmo refere que o aumento de custo na fase da proposta e na

fase construtiva pode ser reduzido através de uma maior controlo prévio sobre os factores internos.

Molenaar (2005, citado por Aziz, 2013a) afirmou que a variação dos custos é um problema

global na indústria construtiva e é geralmente uma fonte de atrito entre donos de obra, consultores e

empreiteiros. No entanto, apesar do desvios de custos serem responsáveis pela criação de riscos

financeiros significativos, continuam-se a finalizar projectos de construção com elevadas derrapagens

financeiras. Segundo Avots (1983, citado por Aziz, 2013a) a variação de custos resulta de diferentes

factores, alguns dos quais estão relacionados entre si, estando todos eles associados a determinadas

formas de risco.

A gestão financeira de projectos de construção é uma actividade que exige uma elevada

coordenação de recursos a nível organizacional, humano, técnico e também naturais. Contudo, a

elevada complexidade construtiva e técnica de determinados empreendimentos é em diversas

ocasiões remetida para segundo plano em virtude de desafios económicos, sociais e políticos. Este

Page 26: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

8

problema ganha uma maior importância devido ao facto de tais condicionalismos influenciarem os

custos da construção e para os quais os engenheiros nem sempre se encontram convenientemente

preparados para os apreciar da melhor forma (Shane et al., 2009).

Tipicamente, um empreendimento construtivo é executado durante um longo período de tempo.

Adicionalmente, no decorrer deste período, o preço dos recursos necessários pode sofrer flutuações

importantes que afectam o custo do empreendimento (Cheng et al., 2013). Assim, para quantificar a

variação destes custos existem muitas empresas que recorrem ao “construction cost index (CCI)

(Nam, Han, & Kim, 2007, citado por Cheng et al., 2013).O “construction cost índex” é um indicador

que mostra a tendência dos custos envolvidos na construção por parte dos empreiteiros (Eurostat,

2014). O CCI fornece a informação sobre a alteração dos custos na construção causada devido à

combinação da variação dos preços dos equipamentos, materiais e mão-de-obra (Cheng et al., 2013).

Em Portugal, o CCI tem um paralelismo a que denominamos de índices utilizados na revisão de

preços. Assim, esta revisão ocorre em empreitadas de obras públicas sempre que que existam

flutuações dos custos de mão-de-obra, equipamentos e materiais, relativamente aos preços

correspondentes ao mês anterior ao da data limite da entrega das propostas (Ministério das Obras

Públicas, 2004). Este regime de revisão considera três diferentes métodos para a revisão de preços,

sendo um deles o método de revisão através da fórmula polinomial. Este método tem por base

índices que traduzem o conhecimento da evolução dos custos dos materiais, mão-de-obra e

equipamentos (Dias, 2012).

No estudo realizado por Frimpong et al. (2003) sobre as causas do desvio de custos e prazos

na construção de empreendimentos de água subterrâneas em países em desenvolvimento, os

autores concluíram que a própria natureza deste tipo de empreendimentos e as condições nas quais

estes são desenvolvidos constituem por si só uma causa para a probabilidade de estes poderem

sofrer variações de custos e prazos. O questionário realizado por estes autores a donos de obra,

empreiteiros e consultores permitiu concluir que os principais factores responsáveis pelo desvio de

custos da construção em países em desenvolvimento são: a variação do preço dos materiais; o

inadequado desempenho técnico; a aquisição de materiais; as dificuldades de pagamento por parte

dos donos de obra e a má gestão por parte dos empreiteiros.

Um inquérito realizado sobre empreendimentos de construção na Índia revelou que os factores

que afectam o desempenho dos custos de construção nesse país são: as condições climáticas, a

situação sócio económica adversa do país, o desacordo entre as partes interessadas, a forte

concorrência entre concorrentes na fase de concurso e a falta de conhecimento técnico adequado

das partes intervenientes (Iyer & Jha, 2005).

Alguns autores (CII, 2001; Hwang et al., 2009; Love et al., 2009a, citado por Love & Sing, 2013)

apontam como uma das causas prováveis para o aumento de custos dos empreendimentos, o facto

de uma actividade constritiva ter de voltar a ser realizada devido a erros de projecto, planeamento

desajustado, falta de comunicação entre partes interessadas ou erros construtivos (Hwang et al.,

2009, citado por Love & Sing, 2013). Este acontecimento é referido na literatura como “retrabalho”.

Ainda, Hwang et al. (2009, citado Love & Sing, 2013) refere a existência de um inadequado

conhecimento disponível sobre os custos associados ao “retrabalho”, em particular, os que afectam

Page 27: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

9

os custos indirectos. Segundo estes mesmos autores, este facto deve-se à ausência de sistemas

dentro do empreendimento que permitam o controlo e monitoramento do “retrabalho”.

O estudo realizado, na perspectiva das empresas de construção, por Aziz (2013a) sobre os

factores responsáveis pelo desvio de custos na construção de projectos de águas residuais no Egipto

conclui que os dez factores mais condicionantes da variação de custos são:

o método de selecção da menor proposta;

os trabalhos a mais;

o método de concurso e a burocracia envolvida no mesmo;

o uso de métodos incorrectos na estimativa dos custos;

problemas de financiamento;

estimativas de custos imprecisas;

o modelo de financiamento e pagamento do trabalho realizado;

condições de solo inesperadas;

as taxas de inflação;

a flutuação dos preços.

Os empreendimentos construtivos são desenvolvidos através de um processo que abrange um

conjunto de etapas que poderão ser influenciadas por diferentes factores de origem interna ou

externa (Shane et al., 2009). Shane et al. (2009) classifica como factores externos os factores

responsáveis pelo aumento de custos, não sendo os mesmos da responsabilidade directa das

empresas. Os factores internos são factores igualmente responsáveis pelo aumento de custo, no

entanto estes factores são da responsabilidade da empresa e como tal controláveis pela mesma. A

Tabela 1 (página 10) resume quais os factores internos e externos responsáveis pelo desvio de

custos.

De acordo com Shane et al. (2009), a gestão desajustada de empreendimentos e a indefinição

dos projectos de execução originam uma subestimativa dos custos do empreendimento durante a

fase de execução do mesmo. Cada um dos factores da responsabilidade dos empreiteiros

enumerados na Tabela 1 poderão causar separadamente ou combinados com outros factores um

aumento significativo dos custos de empreendimentos construtivos.

Os factores externos podem surgir em diferentes fases do empreendimento, nomeadamente,

durante a fase de projecto; durante a fase de planeamento do empreendimento e durante a fase de

construção. Por esse motivo, estes factores deverão ser considerados na estimativa dos custos dos

empreendimentos de construção. Durante a fase de planeamento e de projecto existem factores que

são frequentemente responsáveis pelo aumento de custos, designadamente: preocupações e

requisitos governamentais; variações da taxa de inflação; condições de mercado e alterações do

âmbito do empreendimento. No decorrer da fase de concepção são apontados como factores

responsáveis pelo desvio de custos: as preocupações e requisitos dos governos locais; as situações

de mercado; a ocorrência de incidentes e o surgimento de condições imprevistas. É importante

salientar mais uma vez que cada um dos factores externos precedentemente referidos na Tabela 1

pode originar de forma separada ou combinada um aumento considerável dos custos finais do

empreendimento (Shane et al., 2009).

Page 28: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

10

Shane et al. (2009) conclui que o conhecimento dos factores responsáveis pelas variações de

custos de empreendimentos e a consciencialização dos mesmos são o primeiro passo para a

atenuarmos consequências futuras. Para estes autores, a gestão e antevisão de factores externos

responsáveis pelo desvio de custos em empreendimentos pode ser conseguida através da educação,

compromisso e comunicação com as fontes externas, ao passo que as consequências geradas pelos

factores internos podem ser resolvidas através de acções tomadas internamente na empresa.

Tabela 1 – Factores responsáveis pelo desvio de custos. Adaptado de Shane et al. (2009).

Origem do Factor Factores de Desvios de Custos

Interna

(Factores que podem ser

controlados pelos donos de

obra)

Optimismo exagerado sobre parâmetros chave do empreendimento

Entrega / Aquisição da Proposta

Alterações da duração do empreendimento

Complexidades Construtivas e Técnicas

Alterações do Âmbito do empreendimento

Aumento do Âmbito do empreendimento

Inadequada Estimativa de Custo

Inconsistências na aplicação de contingências

Má Gestão

Clausulas contratuais dúbias

Inadequadas definições de projecto

Externa

(Factores que dificilmente

podem ser controlados pelos

donos de obra)

Requisitos e Preocupações Locais

Efeitos da inflação

Alterações do Âmbito do empreendimento (exemplo: alteração de

leis aplicáveis ao empreendimento)

Aumento do Âmbito do empreendimento

Situação do Mercado

Ocorrência de acontecimentos imprevistos (exemplo: catástrofes

ambientais)

Ocorrência de condições imprevistas (exemplo: contaminação de

solos)

Segundo Mahamid (2011, citado por Mahamid, 2013), os custos de diversos empreendimentos

de construção realizados na Palestina foram afectados pelos seguintes factores: experiência dos

empreiteiros; erros de projecto; variação do preço dos materiais; problemas políticos; e tempo

reduzido para a realização da estimativa de custos.

Odeck (2004, citado por Mahamid, 2013) concluiu, num estudo realizado sobre a relação

estatística entre diferentes métodos de estimativas de custos de empreendimentos de construção de

Page 29: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

11

estradas, que os desvios de custos dos empreendimentos poderão ser influenciados pela região onde

os mesmos são executados e também pela pressão de completar o mesmo no prazo estipulado.

Um estudo realizado por Mahamid (2013), tendo por base a perspectiva de donos de obra,

consultores e empreiteiros, conclui que os factores responsáveis pelo desvio de custos em

empreendimentos de construção de estradas são: a subestimativa de custos neste tipo de

empreendimentos; as características do solo; as condições do terreno; e o tamanho do

empreendimento de construção.

Fugar & Agyakwah-Baah (2010, citados por Aziz, 2013b) realizarão uma investigação sobre

empreendimentos de construção no Gana e concluíram que algumas das causas com maior

influência sobre o desvio de custos são a subestimação inicial dos custos; as dificuldades no acesso

a créditos junto das entidades financeiras e a variação do preço dos materiais.

Existem diversos factores que originam o desvio de custos na construção, nomeadamente: a

dimensão do empreendimento; o aumento do âmbito do empreendimento; as incertezas técnicas de

engenharia; as complexidades das infra-estruturas administrativas; e a inexperiência do técnicos de

gestão de empreendimentos (Merewitz, 1973, citado por Kaliba, Muya, & Mumba, 2009).

Em empreendimentos de construção, o controlo de custos assume frequentemente um papel

central na preocupação das empresas. Para as empresas é necessário um conhecimento

aprofundado dos custos construtivos para que as mesmas possam realizar orçamentos de forma a

concluírem o empreendimento com sucesso. O conhecimento da possibilidade dos empreendimentos

de construção poderem ter uma variação de custos permite a identificação de empreendimentos que

requerem uma maior averiguação durante a execução da obra, permitindo um controlo de custos

mais eficaz (Williams & Gong, 2014).

Após uma análise à bibliografia científica internacional existente conclui-se que as principais

causas do desvio de custos na construção apontadas pelos autores são as que se seguem (Tabela

2).

Antunes (2012) desenvolveu um estudo sobre o desvio de prazos e de custos na execução de

empreitadas de obras públicas no qual foram identificadas as 38 causas responsáveis pelo desvio de

custos que se apresentam na Tabela 3.

2.2 Desvios de prazo nas empreitadas de construção

2.1.1 Prazo de construção

O desvio de prazos em empreitadas de construção é um problema que afecta

significativamente o sucesso de um empreendimento.

O prazo de execução de uma obra de construção assume muitas vezes um papel principal num

projecto de engenharia devido a existência de datas fixadas pelo dono de obra. Um bom exemplo do

que acabou de ser referido é o caso da construção de um hotel que terá maior taxa de ocupação num

determinado período e, como tal, o dono de obra espera que o seu empreendimento entre em

funcionamento no início desse período (Dias, 2012).

Page 30: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

12

Tabela 2 - Principais causas do desvio de custos em empreitadas de construção.

Causas

Me

rew

itz (

197

3)

Frim

pon

g e

t a

l. (

20

03)

Od

eck (

20

04

)

Iye

r &

Jha

(20

05

)

Sh

an

e e

t a

l. (

20

09

)

Hw

an

g e

t a

l. (

20

09

)

Fu

gar

& A

gyakw

ah

-Ba

ah

(20

10

)

Ma

ha

mid

(2

01

1)

Ch

en

g e

t a

l. (

20

12)

Ch

en

g e

t a

l. (

20

13)

Aziz

(2

013

a)

Ma

ha

mid

(2

01

3)

Flutuações de preços de materiais, equipamentos ou mão-de-obra

X D X X X E

Inadequada Estimativa de Custos

D X X E X

Natureza, Complexidade ou Dimensão do empreendimento

X X D X

Conhecimento técnico ou experiência insuficiente, por uma ou mais das partes intervenientes no empreendimento

X X X X

Condições do solo ou condições do local de obra

X D E X

Problemas Financeiros

X X E

Inadequada Gestão de Obra X X D

Conflitos entre partes interessadas

X D X

Erros ou indefinições de projecto

D X X

Pressão na manutenção dos prazos

X X

Condições climatéricas ou ocorrência factores naturais inesperados

X D

Problemas relacionados com a fase de proposta

D E

Taxas de Inflação

D E

Alterações de Âmbito do empreendimento

X D

Restantes causas indicadas

Erros Construtivos

X

Alterações de Projecto

D

Aquisição de Materiais

X

Condições Económicas, Sociais ou Culturais do Local da Obra

X

Forte Concorrência

X

Problemas de Planeamento

X

Trabalhos a Mais

E

Método de Concurso

E

Inconsciente Aplicação de Contingências

D

Clausulas Contratuais Dúbias

D

Problemas Políticos

X

X – Perspectiva global D – Perspectiva dono de obra E – Perspectiva empreiteiro

Page 31: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

13

Tabela 3 - Causas do desvio de custos em obras públicas portuguesas. Adaptado Antunes (2012).

2.1.2 Estimativa do prazo inicial

O planeamento de prazos inclui a definição da duração e relação das actividades do projecto e

a respectiva organização e sequenciação das mesmas para a determinação do prazo total necessário

para concluir o empreendimento de construção (Mubarak, 2010).

Em cada empreendimento construtivo, para a determinação de prazos de construção e

planeamento de actividades, começa por definir-se as actividades do empreendimento e, calculam-se

os respectivos tempos de início e de fim. Em seguida todas as actividades são definidas numa

sequência lógica na qual se identificam as suas durações, pontos de controlo e interdependências, de

forma a gerar um diagrama de rede e se determinar um caminho crítico (ISO 21500:2012). O caminho

crítico corresponde ao caminho mais longo através do empreendimento, isto é, representa a

sequência de actividades (críticas) que determinam a duração mínima de um empreendimento.

Assim, podemos definir dois tipos de actividades num projecto, as actividades críticas, actividades

que pertencem ao caminho crítico, e as actividades não críticas, que são actividades que não

pertencem ao caminho crítico e que possuem folgas que representam o intervalo de tempo que as

Causas do desvio de custos

Medições mal efectuadas Inexistência ou inadequada elaboração da revisão do projecto

Trabalhos resultantes da revisão de preços

Erros e Omissões do projecto Rescisão contratual Multas

Execução da revisão do projecto durante a fase de execução

Impossibilidade de execução do projecto

Suspensão de trabalhos

Execução simultânea da obra e do projecto

Erros originados pelo levantamento topográfico

Gestão de empreendimento ineficiente

Alterações de Projecto Pagamento de prémios Suspensão de trabalhos

Trabalhos a mais Existência de lacunas no Caderno de Encargos

Exigências por parte de entidades externas

Prorrogações de prazo Existência de condições geológicas adversas

Alterações de projectos de especialidade

Alterações impostas pelo dono de obra

Alteração dos métodos construtivos

Problemas na identificação de elementos patenteados a concurso

Indemnizações Custos de gestão Expropriações de propriedades

Inexistência ou inadequada execução do estudo geotécnico e geológico do local de obra

Insuficiências de projecto Ausência de estudos prévios

Ocorrência de situações imprevistas

Falta de comunicação entre as partes envolvidas

Deficiente gestão temporal dos processos de negociação

Sobrecustos de estaleiro Atrasos na execução dos trabalhos

Mudanças na Legislação

Page 32: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

14

mesmas poderão atrasar sem que a duração total do empreendimento permaneça inalterada

(PMBOK, 2008, citado por Almeida, 2012a).

O objectivo da estimativa da duração das actividades é a obtenção do tempo necessário para a

conclusão de cada actividade pertencente ao empreendimento de construção. A duração de cada

actividade é dependente da relação entre actividades, o tipo e a quantidade de recursos disponíveis,

processos administrativos, entre outros. A duração das actividades representa frequentemente um

compromisso entre os recursos disponíveis e restrições de prazo. Após a definição do caminho

crítico, caso este dê origem a um tempo de conclusão do empreendimento superior ao prazo

solicitado, as actividades pertencentes a esse caminho poderão ser ajustadas (ISO 21500:2012).

2.1.3 Atraso na construção

Segundo Stumpf (2000, citado por Sweis, Sweis, Abu Hammad, & Shboul, 2008) o atraso de

uma obra poderá ser definido como um evento que excedeu o tempo necessário para desenvolver

um conjunto de actividades estabelecidas no contracto inicial. Para Assaf & Al-Hejji (2006), o atraso

de um empreendimento pode ser definido como o desvio de tempo face ao tempo estipulado em

contracto ou acordado entre as partes interessadas. Para Couto (2007) o atraso de um

empreendimento construtivo pode ser definido como a realização tardia de uma actividade que

provoca um desvio do prazo programado para a conclusão do empreendimento ou o desvio do prazo

planeado na sequenciação das actividades.

Couto et al. (2005) classifica os atrasos da construção em três subcategorias:

atrasos não desculpáveis;

atrasos concorrentes;

atrasos desculpáveis

Estes autores classificam os atrasos não desculpáveis como os atrasos que são da

responsabilidade do empreiteiro e como tal não poderá haver qualquer compensação para o

empreiteiro, podendo no entanto existir compensações para o dono de obra. Alguns exemplos das

causas relacionadas com este tipo de atrasos são: a mão-de-obra não qualificada; as greves dos

trabalhadores por práticas improprias do empreiteiro; o retardamento na entrega de componentes e

materiais; o mau desempenho na coordenação dos diversos subempreiteiros.

Os atrasos concorrentes são definidos pelo surgimento de mais do que um atraso a acontecer

em simultâneo, que por si só já causaria um atraso. Assim, este tipo de atrasos poderá ser favorável

ao empreiteiro ou não, consoante se trata de uma associação de atrasos desculpáveis ou não

desculpáveis (Couto et al., 2005).

Por fim temos os atrasos desculpáveis, que se classificam como não sendo da

responsabilidade do empreiteiro. Este tipo de atrasos poderá ter duas subcategorias, os atrasos

compensáveis e os atrasos não compensáveis. Os primeiros são atrasos que têm origem em actos

cometidos pelos donos de obra ou seus responsáveis, dando ao empreiteiro o direito a um aumento

do prazo de execução da obra e uma compensação dos custos criados devidos a esse atraso. Por

sua vez, os atrasos não compensáveis não são da responsabilidade de nenhumas das partes

Page 33: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

15

intervenientes no empreendimento, no entanto possibilitam a prorrogação do prazo ao empreiteiro,

mas não a compensação monetária (Couto et al., 2005).

2.1.2 Causas dos desvios de prazos nas empreitadas de construção

Um estudo realizado, com base num questionário aplicado a donos de obra, consultores e

empreiteiros, sobre empreendimentos de construção de águas subterrâneas em países em

desenvolvimento determinou que alguns factores responsáveis pelo desvio de prazo são: o

desempenho técnico inadequado durante a fase de planeamento do empreendimento; a ineficácia e

ineficiência na aquisição de materiais e equipamentos; e o uso de técnicas de planeamento ineficazes

na coordenação das várias actividades constituintes deste tipo de empreendimentos (Frimpong et al.,

2003).

Os prazos planeados inicialmente são afectados muitas vezes por atrasos inesperados

originados pela dinâmica e incerteza dos empreendimentos de construção (Lo & Kuo, 2013).

Segundo Sweis et al. (2008), na perspectiva de consultores de engenharia, donos de obra e

empreiteiros, os constantes pedidos de alterações de Projecto pelos donos de obra e as dificuldades

financeiras por parte dos empreiteiros são apontados como os principais factores responsáveis pelo

desvio de prazos em empreendimentos. Estes autores referem igualmente que factores como

condições climatéricas adversas, leis e regulamentações governamentais as causas com menor

importância para o desvio de prazos.

Um estudo realizado, numa perspectiva global, por Sambasivan & Soon (2007) sobre as

principais causas responsáveis pelos desvios de prazos na indústria da construção da Malásia foram

encontradas as 10 causas com maior influência sobre os atrasos da construção (Tabela 4).

Tabela 4 – Causas dos desvios de prazos de obras na Malásia. Adaptado de Sambasivan & Soon (2007).

Ranking Principais causas apontadas

1 Planeamento inadequado por parte dos empreiteiros

2 Gestão ineficaz do estaleiro de obra

3 Experiencia desadequada dos empreiteiros

4 Problemas financeiros dos donos de obra e atrasos no pagamento de trabalhos concluídos

5 Problemas com subempreiteiros

6 Escassez de materiais

7 Carência da oferta de mão-de-obra

8 Avarias e problemas no fornecimento de equipamentos

9 Problemas de comunicação entre as partes integrantes

10 Erros durante a fase de execução

Para Ubaid (1991, citado por Aziz, 2013b) o principal factor responsável pelo atraso de

empreendimentos construtivos é o desempenho dos empreiteiros. Este autor identificou 13 factores

responsáveis pelo desvio de prazos relacionados com a capacidade e recursos dos empreiteiros.

Page 34: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

16

Um estudo realizado mais recentemente por Fugar & Agyakwah-Baah (2010, citados por Aziz,

2013b) sobre empreendimentos de construção no Gana mostrou a visão sobre os factores

responsáveis pelo desvio de prazos, por parte dos empreiteiros, donos de obra e consultores. Este

estudo permitiu identificar os 7 factores, de um total de 32, que maior influencia têm sobre os desvios

de prazos, sendo estes os factores que se seguem:

atrasos relacionados com questões contratuais e legais;

complexidade dos projectos subestimada;

inexistência de uma adequada supervisão;

prazos subestimados, por parte dos empreiteiros, para a conclusão do

empreendimento;

falta de materiais;

gestão profissional deficitária;

inadequada gestão de obra;

Uma investigação realizada sobre os problemas que afectam os desvios de prazos em

empreendimentos no Paquistão permitiu concluir que os atrasos em empreendimentos construtivos

devem-se geralmente a desastres naturais (terramotos e inundações), no entanto foram identificados

outros factores importantes que condicionam igualmente os prazos de empreendimentos de

construção, nomeadamente: problemas financeiros e falta de pagamentos; inadequada gestão de

obra; planeamento desajustado do empreendimento; falta de experiencia por parte das partes

envolvidas; carência de equipamentos e materiais (Haseeb et al., 2011, citados por Aziz, 2013b).

Soliman (2010, citado por Aziz, 2013b) também refere, como os autores anteriormente referenciados,

os problemas financeiros como uma das principais causas de desvios de prazos em

empreendimentos realizados no Kuwait, acrescentado as incoerências de projectos como outras das

causas principais dos atrasos nesse país.

Alkass, Mazzerolle & Harris (1996, citados por Sweis et al., 2008) referiram a existência de

diversas causas geradoras dos atrasos na construção. Tais causas poderão ter a sua origem devido

a greves, ao “retrabalho”, à carência de materiais, às alterações de Projecto e a desastres naturais.

Estes autores referem ainda que um problema adicional é o facto de muitos destes factores estarem

frequentemente interligados, tornando as situações mais complexas e difíceis de avaliar.

Estudos realizados sobre as causas de atrasos na construção de obras no Líbano permitiram

identificar os problemas financeiros, as relações contratuais entre partes interessadas e a gestão de

empreendimentos como as causas com maior contributo no desvio de prazos (Mezher et al., 1998,

citados por Sweis et al., 2008).

Segundo Al-Momani (2000), o tempo necessário para concluir empreendimentos de obras

públicas é frequentemente excedido, devendo-se tal extensão a factores como alterações de

Projecto, erros de projecto, condições climáticas, alterações de âmbito do empreendimento,

condições relacionadas com o local da obra e condições económicas.

Faridi & El-Sayegh (2006, citados por Sweis et al., 2008) concluíram num estudo realizado

sobre os factores que afectam o prazo das empreitadas nos Emirados Árabes Unidos, que as

principais causa desses atrasos devem-se a:

Page 35: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

17

desajustado planeamento inicial do empreendimento;

escassez de mão-de-obra;

reduzida produtividade da mão-de-obra;

prolongada preparação do projecto e retardada aprovação do mesmo;

decisões tardias por parte dos donos de obra;

supervisão e Gestão Obra deficitária.

Aziz (2013b) realizou um estudo sobre os factores responsáveis pelo desvio de prazos em

empreendimentos construtivos no Egipto, do qual resultaram 99 causas que afectam o prazo de

empreendimentos. Este autor relacionou todos estes factores com 9 grupos diferentes: causas

relacionadas com o dono de obra; causas externas; causas relacionadas com equipamentos; causas

relacionadas com os empreiteiros; causas relacionadas com o empreendimento de construção;

causas relacionadas com a mão-de-obra; causas relacionadas com o projecto de engenharia; causas

relacionadas com os consultores. A Tabela 5 mostra os 20 factores com maior influência nos desvios

de prazos na indústria construtiva do Egipto.

Tabela 5 – Factores responsáveis pelo desvio de prazos no Egipto. Adaptado de Aziz (2013b).

# Factores Ocorrência Responsabilidade

DO CE EQ E Em MO

1 Atrasos no processo de pagamentos

(problemas financeiros) 85,880% √

2 Diferentes padrões de suborno 85,688% √

3 Carência de equipamentos 84,256% √

4 Planeamento ineficiente 83,912% √

5 Gestão e supervisão desadequada 83,896% √

6 Controlo financeiro local desapropriado 82,304% √

7 "Retrabalho" devido a erros 82,122% √

8 Selecção de empreiteiro inapropriada 82,120% √

9 Falhas inesperadas 82,112% √

10 Planeamento inadequado 79,792% √

11 Equipas de projecto incapazes 79,632% √

12 Inexperiência dos empreiteiros 79,616% √

13 Avarias frequentes dos equipamentos 79,264% √

14 Crise financeira mundial 78,744% √

15 Complexidade dos empreendimentos 78,368% √

16 Disputas legais entre partes interessadas do

empreendimento 78,200% √

17 Alterações de Projecto 77,856% √

18 Uso de técnicas construtivas inadequadas 77,496% √

19 Mão-de-obra não qualificada / desapropriada 77,480% √

20 Conflitos entre direitos de propriedades

(entre donos de obra) 77,472% √

DO – Dono de obra CE – Causas externas EQ - Equipamentos E – Empreiteiros Em – Empreendimento MO – Mão-de-obra

Assaf & Al-Hejji (2006) concluíram com a sua investigação que os principais factores

responsáveis pelo desvio de prazos em empreitadas de construção na Arábia Saudita são:

falta de mão-de-obra;

Page 36: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

18

dificuldades de financiamento dos empreiteiros;

atrasos no pagamento de trabalhos concluídos;

alterações de Projecto durante a fase de execução;

planeamento ineficiente.

A investigação sobre a construção de auto-estradas na Tailândia realizada por Noulmanne et

al. (1999, citados por Assaf & Al-Hejji, 2006) permitiu concluir que as principais causas que estão na

origem do desvio de prazos são: a utilização de subempreiteiros desadequados; a falta de recursos; e

as definições de projecto incompletas e pouco perceptíveis.

Segundo a literatura, a evolução da economia em países em desenvolvimento depende de

diversas áreas, nomeadamente da indústria da construção, sendo que esta desempenha um papel

fundamental no desenvolvimento da economia nestes países (Aibinu & Jagboro, 2002; Al-Momani,

2000; Assaf & Al-Hejji, 2006; Aziz, 2013b; Doloi, Sawhney, Iyer, & Rentala, 2012; Frimpong et al.,

2003; Luu, Kim, Nguyen, & Ogunlana, 2009; Marzouk & El-Rasas, 2014; Odeh & Battaineh, 2002;

Sambasivan & Soon, 2007; Sweis et al., 2008). Ogunlana et al. (1996, citado por Odeh & Battaineh,

2002) investigou as causas que influenciam o desvio de prazos em países em desenvolvimento,

tomando como exemplo desses países o caso da Tailândia. O seu trabalho permitiu concluir que os

factores que originam o atraso de empreendimentos nestes países são essencialmente de três

naturezas:

1. problemas relacionados com a obtenção dos recursos necessários à realização da

obra;

2. problemas originados pelos donos de obra e empresas de consulta;

3. inexperiência e incompatibilidade técnica dos empreiteiros.

Mansfiel et al. (1994, citados por Odeh & Battaineh, 2002) apontou os problemas nos

pagamentos; as dificuldades financeiras; o planeamento inadequado; a escassez de materiais; as

alterações das condições do local de trabalho e os problemas de gestão do contracto como sendo as

principais causas do desvio de prazos em empreitadas de construção na Nigéria.

No estudo realizado por Odeh & Battaineh (2002) com o objectivo de identificarem as principais

causas de atrasos na indústria da construção foram identificados na perspectiva do empreiteiro os

seguintes factores:

inexperiência dos empreiteiros;

interposições e alterações dos donos de obra;

financiamento dos trabalhos;

atrasos causados pelos subempreiteiros;

decisões tardias dos donos de obra;

produtividade da mão-de-obra;

planeamento inadequado

Na India, Iyer & Jha (2005, citados por Doloi et al., 2012) identificaram factores como a falta de

conhecimento, a inexistência de cooperação entre as partes, a incompatibilidade de projectos, os

conflitos entre participantes, o reduzido tempo para a elaboração de propostas na fase de concurso, a

Page 37: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

19

hostilidade do clima socioeconómico e as alterações climáticas, as causas com maior influência sobre

o atraso de empreendimentos construtivos.

A investigação levada a cabo por Doloi et al. (2012) conclui que as causas chave com maior

efeito sobre o desvio de prazos de empreendimentos realizados na India são: a falta de compromisso;

a gestão ineficiente do estaleiro, a carência de materiais disponíveis; as decisões tardias por parte

dos donos de obra; e o “retrabalho” devido a erros construtivos.

A construção em Portugal apresenta desafios de competitividade que, para o bem das

empresas, têm de ser resolvido o mais rapidamente possível para que as mesmas possam competir

com empresas internacionais, em mercados quer nacionais quer internacionais cada vez mais

competitivos. Uma das causas apontadas para a competitividade das empresas portuguesa é o

incumprimento de prazos, sendo as consequências de tal causa difíceis de resolver (Couto et al.,

2005).

Algumas das causas apontadas para os atrasos da responsabilidade do dono de obra são: a

indisponibilidade do terreno para a execução da obra; o retardamento da ordem para prosseguir com

os trabalhos; a falta de financiamento adequado; os problemas no abastecimento de materiais e

componentes; e as interferências com os trabalhos realizados na obra. Por outro lado, algumas das

causas responsáveis pelos atrasos desculpáveis não compensáveis são: os desastres naturais;

epidemias; greves e condições climáticas anómalas (Couto et al., 2005).

O estudo realizado por Couto et al. (2005) revelou alguns factores responsáveis pelo

surgimento de atrasos bastante interessantes que são de extrema importância para a melhoria da

construção em Portugal:

Na óptica dos donos de obra a legislação actual não esclarece com clareza o

comprimento de prazos;

A desresponsabilização por parte dos projectistas;

A espera constante por parte dos empreiteiros de erros provenientes das outras partes

integrantes do empreendimento (isto assume ainda maior importância devido ao facto

dos empreiteiros nos dias de hoje possuírem quadros jurídicos extremamente

especializados e motivados na resolução de conflitos).

Erros e omissões existentes em diversos projectos;

Indefinições e constantes alterações por parte dos donos de obra;

Uso de mão-de-obra desqualificada;

Supervisão ineficiente por parte das empresas de fiscalização;

Problemas de gestão dos empreiteiros.

Em suma, após uma análise à bibliografia científica internacional resume-se de seguida

algumas das causas mais importantes apontadas pelos diversos autores (Tabela 6)

Page 38: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

20

Tabela 6 - Principais causa do desvio de prazos em empreitadas de construção

Causas

Uba

id (

19

91)

Ma

nsfie

l e

t a

l. (

199

4)

Og

un

lan

a e

t a

l.

(199

6)

Alk

ass e

t a

l. (

19

96

)

Me

zhe

r et

al. (

199

8)

Nou

lma

nn

e e

t a

l.

(199

9)

Al-M

om

an

i (2

00

0)

Od

eh

& B

att

ain

eh

(200

2)

Frim

pon

g e

t a

l.

(200

3)

Iye

r &

Jh

a (

200

5)

Fa

ridi &

El-

Saye

gh

(200

6)

Assaf

& A

l-H

ejji

(200

6)

Sam

basia

n &

Soo

n

(200

7)

Sw

eis

et

al. (

20

08

)

Solim

an

(20

10)

Fu

ga

r &

Ag

yakw

ah

-

Baa

h (

20

10

)

Hasse

b e

t a

l. (

201

1)

Dolo

i e

t a

l. (

20

12)

Aziz

(2

01

3b)

Dificuldades financeiras e atrasos no pagamento de trabalhos concluídos

X

X

X E

X X X X

X

X

Execução do planeamento de obras ineficaz e ineficiente

X

E X

X X X

X

X

Conhecimento técnico ou experiência insuficiente, por uma ou mais das partes intervenientes no empreendim.

X

X

E X X

X

X

X

Problemas relacionados com a Gestão de Obra ou Gestão do empreendimento

X

X

X

X

X X X X

Falta de materiais

X X X

X

X X X

Constantes alterações de Projecto

X

X E

X X

X

X

Erros de projectos e erros de construção

X X

X

X

X

X X

Escassez de mão-de-obra qualificada

X

E

X X X

X

Falta ou avaria de equipamentos

X

X

X

X

Problemas contratuais ou com questão legais

X

X

X

X

Problemas com os subempreiteiros

X

E

X

Natureza, Complexidade ou Dimensão do empreendimento

X

X

X

Ausência de Supervisão adequada

X

X

X

"Retrabalho"

X

X X

Decisões tardias do Dono de Obra

E

X

X

Falta de comunicação entre partes interressadas

X

X

Desastres Naturais

X

X

Condições Climátéricas

X

X

Restantes Causas Indicadas

Problemas na aquisição de materiais ou equipamentos

X

Inadequada Estimativa de Prazos

X

Diferentes Padrões de Suborno

X

Falhas Inesperadas

X

Equipas de Projecto Ineficazes

X

Crise Financeira Mundial

X

Conflitos de direitos de propriedade entre Donos de Obra

X

Greves

X

Alterações do Âmbito do empreendimento

X

Condições do loca da obra

X

X – perspectiva global D – perspectiva dono de obra E – perspectiva empreiteiro

Page 39: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

21

2.3 Relação entre os desvios de prazos e custos

Os desvios de prazos e de custos são indissociáveis, pois frequentemente o desvio de prazos

surge acoplado a um custo. Isto é, por vezes a recuperação dos desvios de prazos poderão ser

recuperados de forma a entregarem-se as obras dentro do prazo inicialmente estipulado, mas em

norma este encurtamento do prazo tem associado um aumento dos custos, que na maioria dos casos

não é reembolsável, originando um desvio de custos do empreendimento.

Uma importante causa dos desvios de custos muitas vezes poderá ser o atraso das actividades

do projecto. Segundo Garza et al. (1991, cirtado por Lo & Kuo, 2013) o atraso de determinadas

actividades, que não pertencem ao caminho crítico, poderão não afectar o prazo estipulado para o

empreendimento de construção. No entanto, o desvio de prazo destas actividades poderá provocar

uma incapacidade de controlar tais desvios, provocando desta forma um aumento de custos. Dias

(2012) refere que ao ocorrer um atraso num determinado empreendimento, o mesmo poderá não ter

influência no prazo final inicialmente estipulado. Contudo, para que tal se concretize é necessário

procede-se a um aumento de produtividade, ou por outro lado, podermos recorrer ao trabalho com

horas extraordinárias, sendo que a segunda hipótese traduzir-se-á num aumento de custos.

O estudo elaborado por Lo & Kuo (2013) conclui que a perda de folgas das actividades é

responsável pela perda de flexibilidade dos projectos de construção e influencia claramente os custo

de construção devido à incapacidade de se usarem os recursos disponíveis num espaço de tempo

muito limitado. O estudo desenvolvido por estes autores possibilitou o desenvolvimento de um

método que permite aos gestores de empreendimento poderem planear uma perda de folga e avaliar

a utilização de recursos, facilitando desta forma a análise do impacto sobre os custos.

Os prazos e os custos de diversos tipos de projectos de engenharia podem variar devido a uma

vasta gama de diferentes causas. Estes desvios provocam muitas vezes conflitos de interesse entre

os donos de obra e os empreiteiros (Kaliba et al., 2009).

Segundo Ahmed et al. (2002, citados por Kaliba et al., 2009), os desvios de prazos são um

fenómeno mundial nos empreendimentos de construção e são frequentemente acompanhados de um

aumento de custos. Existem diversos factores responsáveis pelo desvio de custos associados a

aumentos ou desvios de prazos, nomeadamente: o encurtamento do prazo para que o

empreendimento seja entrega antes do prazo inicialmente estipulado e o surgimento de atrasos com

origem externa (Merewitz, 1973, citado por Kaliba et al., 2009).

Uma das causas encontradas no estudo realizado por Kaliba et al. (2009) sobre o surgimento

do aumento de custos está relacionada com o atraso no pagamento de trabalhos concluídos, sendo

que este atraso no pagamento conduz a um aumento do prazo e consequentemente a um desvio de

custos (Kaliba et al., 2009).

Kaliba et al. (2009) realizou uma investigação na Zâmbia sobre o desvio de custos e prazos em

obras de estradas e conclui que uma das principais causas para o desvio de custos são os desvios

de prazos. Nesta investigação, os autores concluíram também que os principais efeitos do desvio de

prazos e custos são respectivamente o aumento de custos e o prolongamento excessivo do prazo

estipulado inicialmente. Aibinu & Jagboro (2002) chegou à mesma conclusão num estudo realizado

sobre os efeitos dos atrasos da construção em empreendimentos realizados na Nigéria, referindo que

Page 40: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

22

os principais efeitos do desvio de prazos são o aumento do prazo final e o aumento de custos.

Sambasivan & Soon (2007) concluíram igualmente na sua investigação que um dos principais efeitos

do desvio de prazos é o aumento de custos da construção.

Graves (1989, citado por Eden, Williams, & Ackermann, 2005) referiu que o aumento de custos

de empreendimentos deve-se geralmente a atrasos na evolução dos projectos. Segundo este autor, o

surgimento de interrupções provoca atrasos na evolução do empreendimento e um aumento de

trabalhos. Assim, para que os trabalhos sejam concluídos dentro do mesmo horizonte de tempo

estipulado inicialmente é necessário um acréscimo de trabalho extra que provoca o aumento de

custos.

Segundo Manavazhia & Adhikarib (2002, citados por Sambasivan & Soon, 2007) uma das

causas relacionadas com aumento de custos da construção em países em desenvolvimento é o

atraso na entrega de materiais, que como foi referido no capítulo anterior é uma das principais causas

dos desvios de prazos na construção.

O problema do desvios de prazos e desvio de custos é igualmente um problema verificado

nas obras portuguesas. Este problema é referido no estudo realizado por Domingues et al. (2012), na

óptica do empreiteiro, no qual foi concluído que 65 obras, de um total de 67, obtiveram aumentos de

prazo contratual, sendo que em 73% dessas obras ocorreu uma variação negativa da margem bruta

das obras, indicadora de ter ocorrido um desvio de custos nestas obras.

Os desvios de prazo e custos em Portugal, em especial nas obras públicas, é uma questão que

se tem vindo a verificar ao longo dos últimos anos. Nesse âmbito, a Ordem dos Engenheiros

Portuguesa redigiu um documento no qual são identificados as principais causas dos desvios de

custos e prazos em empreitadas de obras públicas e os seus respectivos efeitos (Tabela 7) (Ordem

dos Engenheiros, 2006).

Tabela 7 – Causas dos desvios de custos e prazos em obras publicas portuguesas. Adaptado de Ordem dos Engenheiros (2006).

Causas Impacto no Custo

Impacto no Prazo

A A definição do âmbito dos empreendimentos e dos planos preliminares é realizada com imperfeições.

√ √

B Incompatibilidade entre prazos legais de contratação de projectos e empreitadas e prazos políticos desejados.

√ √

C A informação concedida pelos donos de obra sobre as condições do terreno aos projectistas é geralmente deficiente

√ √

D

Os donos de obra não possuem quadros técnicos devidamente qualificados para a realização dos programas preliminares, projectos, definição do âmbito do empreendimento, contratação dos projectos, lançamento de concursos e acompanhamento dos empreendimentos.

√ √

E Falta de investimento no empreendimento e no acompanhamento das diversas fases contidas na sua elaboração.

√ √

F Empresas apresentam-se a concurso com o mesmo tipo de alvará, mas com capacidades diferentes.

√ √

G Existência de muitas empresas com a mesma capacidade definida pelos seus alvarás origina uma elevada concorrência no sector, que têm como consequência a apresentação de preços muito baixos na fase de concurso.

√ √

H Inexistência por parte da administração pública de gestores de empreendimento (salvo algumas excepções).

I Realização de concursos concepção-construção lançados simplesmente com um estudo prévio.

√ √

Page 41: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

23

Conceito Central

Risco

Oportunidades

Riscos com efeitos

positivos

Perigos

Riscos com efeitos

negativos

Incerteza

Oportunidades

Incertezas com efeitos

positivos

Riscos

Incertezas com efeitos negativos

2.4 Risco na variação dos custos e prazos de construção

2.4.1 Conceito do risco

Domingues et al. (2012) referiram que todos os empreendimentos construtivos são alvos de

determinados graus de incerteza. Assim, na óptica destes autores as consequências destas

incertezas podem originar riscos que poderão afectar o alcance dos objectivos dos empreendimentos

de construção, fazendo com que a gestão do risco seja uma actividade crítica para o sucesso dos

empreendimentos construtivos.

Akintoye & Macleod (2003, citados por Domingues et al., 2012) realizaram um estudo sobre a

percepção do risco na construção por parte dos empreiteiros. Com esse estudo concluíram que os

empreiteiros entendem o risco como a possibilidade de poderem ocorrer eventos não previstos com

um caracter adverso ao empreendimento, afectando o sucesso da sua conclusão em termos de

qualidade, custos e prazos. No entanto, um dos empreiteiros inquiridos entendeu o risco, não apenas

como um aspecto negativo para o empreendimento, mas também como a possível oportunidade de

ampliar o lucro esperado.

Hillson (2002, citado por Domingues et al., 2012) defende a existência de duas posições

principais: (i) o risco como conceito central; (ii) a incerteza como conceito central (Figura 3).

Ao longo dos anos o risco tem sido definido de diferentes formas, por diversos autores, todavia

segundo Baloi & Price (2003, citados por Domingues et al., 2012), podem encontra-se alguns pontos

comuns:

1. O risco é um acontecimento futuro com a probabilidade de ocorrer ou não;

2. O risco é um acontecimento de caracter incerto com impacto no mínimo num dos

objectivos do empreendimento, caso este ocorra.

Figura 3 - As duas posições centrais segundo Hillson. Adaptado de Domingues et al. (2012).

Page 42: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

24

3. A probabilidade do acontecimento futuro ocorrer está balizada ente 0 e 100% (não se

considera risco, um acontecimento com a probabilidade de ocorrer de 100%).

4. O resultado de um evento futuro deve ser imprevisível ou não ter sido alvo de

planeamento.

A primeira norma internacional responsável pela estabilização da vocabularização do conceito

de gestão do risco foi a ISO/IEC Guide 73:2002, na qual o risco foi definido como “a combinação da

probabilidade de um acontecimento e a sua consequência” (“combination of the probability of na

event and its consequence”). A particularidade desta definição surge com o facto de mesma englobar

não só os acontecimentos com impactos positivos, designados correctamente por oportunidades

pelos diferentes autores, como os acontecimentos com impactos negativos, designados usualmente

na literatura técnica por perigos ou ameaças (Sousa, 2012).

Segundo a NP ISO 31000:2009 (2013) o risco pode ser definido como o “efeito da incerteza na

consecução dos objectivos”, em que o efeito é visto como um desvio em relação ao que era previsto

(este desvio poderá ser de natureza negativa ou positiva) e os objectivos podem englobar diversas

circunstâncias, nomeadamente, aspectos ambientes, financeiros, de segurança e saúde, e serem

aplicados a variados níveis (e.g., produto, processo, projecto de engenharia, empreendimento). A

mesma norma define ainda a incerteza como um estado em que não se possui uma informação clara

sobre o conhecimento de um determinado acontecimento, quais as suas possíveis consequências ou

a probabilidade de o mesmo ocorrer.

2.4.2 Percepção e atitude face ao risco

O conceito de percepção do risco é uma contribuição essencial para o entendimento do risco

como um todo, tendo tido a sua origem nas ciências sociais (Sousa, 2012). Drottz-Sjöberg (1991,

citado por Domingues et al., 2012) refere que a percepção do risco se traduz na forma como cada

indivíduo experiencia e compreende um determinado fenómeno. Assim, mesmo em casos em que é

possível determinar a probabilidade de um evento ocorrer e a extensão das suas consequências,

quantificando desta forma o risco, a percepção do risco poderá ser claramente diferente desde logo

caso cada individuo tenha o seu enfoco sobre as probabilidades de ocorrência ou sobre as

consequências do evento ocorrer. Esta diferença de percepção pode ser explicada pela diferença

entre as crenças, experiencias sociais, culturais e individuais de cada individuo.

Para Aven & Renn(2010, citados por Domingues et al., 2012) a percepção do risco poderá

ser diferenciada por dois aspectos, nomeadamente:

1. Relevância ou a importância de perceber o risco;

2. Tolerância ou aceitabilidade do risco.

Os dois aspectos referidos anteriormente poderão ser afectados por várias causas, tais como:

a qualidade dramática distinta dos acontecimentos (Lichtenstein et al., 1978, citados por Domingues

et al., 2012); o à-vontade com a proveniência do risco (Ittelson, 1978, citado por Domingues et al.,

2012); ou o domínio sobre as situações (Rachman, 1990, citado por Domingues et al., 2012).

Page 43: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

25

CONSCIÊNCIA DO RISCO

Define a extensão e profundidade com que uma organização avalia o risco a que as suas actividades estão sujeitas e a forma como realiza essa avaliação, ou seja, traduz a forma como a organização aborda a presença do risco. A consciência do risco é também um indicador da qualidade e da quantidade da informação relativamente ao risco que a organização deseja e investiga

POSTURA FACE AO RISCO

Define a estratégia preferencial adoptada pela organização a realizar perante os riscos.

A norma NP ISO 31000:2009 (2013) utiliza a nomenclatura de atitude face ao risco para definir

a “abordagem da organização para apreciar e, segundo o caso, perseguir, reter, aceitar ou rejeitar o

risco”. Esta norma compreende ainda dois aspectos distintos: a consciência do risco; e a postura face

ao risco (Figura 4).

2.4.3 A gestão do risco em empresas de construção

A investigação realizada por Akintoye & Macleod (1997, citados por Domingues et al., 2012)

sobre a gestão e análise do risco na construção, permitiu concluir através de entrevistas a gestores

diversas empresas de construção que, segundo a maioria dos inquiridos, a indústria da construção é

constituída por empreendimentos de construção de elevado risco e que a gestão do risco é vista

como fundamental para maximizar a redução das perdas na actividade.

Como foi referido anteriormente, a norma NP ISO 31000:2009 (2013) define o risco como o

“efeito da incerteza na consecução dos objectivos”. Segundo Domingues et al. (2012), os objectivos

podem ser de diferentes naturezas, designadamente, ambientais, de segurança e saúde ou

financeiros, podendo os mesmos ser aplicados a diferentes níveis (processo ou produto, projecto,

organização e estratégia). Caracteristicamente, os empreiteiros possuem objectivos bem definidos na

execução de empreendimentos construtivos que se apresentam de seguida:

Alcançar boas relações custo / beneficio, que são reflectidas nas margens de lucro;

Cumprimento ou antecipação dos prazos inicialmente estipulados;

Manutenção de uma boa consideração por parte dos seus parceiros e do público, que

se traduz num objectivo essencial para a sustentabilidade das empresas.

Todavia, para Domingues et al. (2012) é desejável que a definição dos objectivos seja mais

específica e se estenda pelas diferentes partes interessadas e pelos diferentes períodos do

empreendimento. Por exemplo, no caso de se considerar a gestão do risco, ao nível estratégico, na

execução orçamental obter-se-á a garantia da sustentabilidade da organização e os objectivos

estarão focalizados sobre a margem e no balanço anual da empresa. Caso o enfoco da gestão do

Figura 4 - Consciência do risco e postura face ao risco. Adoptado de ISO GUIDE 73:2009.

Page 44: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

26

risco seja sobre um projecto de construção, os objectivos estarão mais focados na margem

pretendida, na qualidade da execução e no cumprimento dos prazos definidos.

Considerando as definições de risco e incerteza dadas pela norma NP ISO 31000:2009 (2013),

e assumindo que todos os empreiteiros possuem sempre objectivos na execução de empreitadas de

construção, listam-se de seguida algumas das incertezas e riscos as que os projectos de construção

estão sujeitos (Tabela 8). Salienta-se que não existe uma diferença entre o risco e a incerteza, uma

vez que Ward & Chapman (2003, citados por Domingues et al., 2012) referem-se às incertezas como

riscos, pois estes autores defendem que a gestão do risco deveria ser chamada de gestão das

incertezas.

Tabela 8 - Riscos e incertezas em empreendimentos. Adaptado de Domingues et al. (2012).

Riscos1 Incertezas

2

Específicos da Organização:

Riscos internos

Riscos relacionados com a gestão das empresas

Englobam os factores controláveis pelos empreiteiros

Incerteza relacionada com as relações entre as partes partícipes do empreendimento:

Incerteza gerada pelo problema na definição: o Instrumentos de coordenação e controlo o Consciência dos papéis e

responsabilidades o Capacidade dos intervenientes

Riscos Globais:

Riscos que ultrapassam o universo das empresas

Devem ser considerados porque podem originar graves desvios

Fazem parte destes riscos: o A Orçamentação o O empreendimento (complexidade,

âmbito, tipo e dimensão) o Nível de competição o Outras práticas (corrupção, etc.) o Construção (condições inesperadas,

atmosféricas, geológicas, etc.) o Economia o Política

Incerteza sobre as bases da orçamentação:

É uma área de incerteza importante, devido à inexistência ou existência de poucos dados

Incerteza associada ao projecto e à sua execução:

As fases iniciais de um empreendimento são frequentemente susceptíveis de grandes incertezas, devido à incerteza de como o empreendimento será desenvolvido e qual será p seu resultado

Esta incerteza pode ser atenuada nas fases preparatórias através de uma definição de quem faz o quê

Incerteza relacionada com o planeamento e orçamentação inicial:

Incerteza de Prazos e Custos

“Actos de Deus”:

Probabilidade de ocorrência reduzida, mas com grandes impactos sobre os empreendimentos;

Por exemplo: o Inundações o Furacões o Terramotos

Incerteza sobre as prioridades e objectivos:

Uma indevida definição das incertezas sobre os objectivos e prioridades gera uma maior incerteza sobre o empreendimento.

1 (Baloi & Price, 2003, citados por Domingues et al., 2012)

2 (Ward & Chapman, 2003, citados por Domingues et al., 2012)

Page 45: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

27

2.4.4 Gestão do risco e a variação de custos e prazos

A obtenção de boas margens e o cumprimento de prazos são dois dos objectivos primordiais

para os empreiteiros. Uma vez que a margem é obtida pelo resultado líquido entre custos do

empreendimento e proveitos do empreendimento, podemos afirmar que os factores que influenciam a

margem de cada empreendimento são os mesmos que influenciam os custos e proveitos (Domingues

et al., 2012). Assim, a constante existência de desvios relacionados com os custos e prazos dos

empreendimentos construtivos levou a que a gestão do risco na construção seja motivo de constante

análise (Akintoye & Macleod, 1997, citados por Domingues et al., 2012). Para Baloi & Price (2003,

citados por Domingues et al., 2012) o desvio de custos é uma causa muito recorrente em

empreendimentos construtivos, de tal forma que levou a que estes autores elaborassem uma

investigação com o objectivo de definirem uma metodologia de auxílio às empresas de construção

com o intuito destas poderem realizar a gestão dos riscos das causas responsáveis pelo desvio de

custos da construção.

Em Portugal, estas variações também têm ocorrido com muita frequência (Couto et al., 2005;

Domingues et al., 2012; Ordem dos Engenheiros, 2006). Nesse âmbito, Domingues et al. (2012)

desenvolveram um estudo sobre as empreitadas realizadas na última década por uma empresa de

construção nacional. Até à data, este estudo permitiu concluir que o 76% obras analisadas sofreu um

aumento do valor da receita e que 96% das obras sofreu um aumento do prazo em relação ao inicial,

sendo que 73% dessas obras sofreram desvios negativos da margem bruta esperada. O estudo

mencionado tem por objectivo o desenvolvimento dum processo de gestão do risco, que tendo por

base o registo e conhecimento dos factores responsáveis pela variação dos custos e prazos, permita

alcançar uma gestão mais eficiente. O modelo que está a ser estabelecido tem com objectivo auxiliar

as empresas de construção na tomada de decisões, com um conhecimento mais alargado, nas

diferentes fases dos empreendimentos construtivos. Com isto, os autores defendem a gestão do risco

como um processo mais global das empresas, permitindo a sustentabilidade das mesmas, e que a

fase comercial de angariação de novos clientes seja realizada de forma criteriosa e considere os

riscos que estão associados à fase de execução e das propostas, agrupando a gestão do risco às

restantes ferramentas de controlo de gestão (Domingues et al., 2012).

Page 46: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

28

Page 47: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

29

3 Estudo de casos: análise do desvio de custos indirectos e prazos

em 38 obras

3.1 Metodologia do estudo

Tendo como objectivo geral a análise dos efeitos dos desvios de custos indirectos e prazos nas

empreitadas de construção, a necessidade de um estudo de obras em que tais desvios ocorreram é

pertinente. Assim, para a análise dos desvios referidos foi adoptada uma abordagem quantitativa com

base em dados históricos de obras concluídas. A Figura 5 que se apresenta em seguida, expressa

um resumo dos passos da abordagem adoptada.

No presente capítulo serão abordados apenas os passos 1 a 5, uma vez que o passo 6 sobre a

discussão de dados está presente no capítulo 4 do presente documento e o passo 7 passa pela

apresentação da presente dissertação e outras publicações previstas.

O tópico seleccionado para a presente investigação foi a variação das margens brutas nas

obras de construção, tendo como questão central o estudo dos desvios de prazo e custos indirectos

registados em obras concluídas.

Definida a questão central do estudo, iniciou-se a estruturação do estudo, onde se tomaram

decisões acerca do tipo de amostra a seleccionar, o tipo de pesquisa a efectuar e a forma de medir

os factores mais importantes.

Nesse âmbito, o propósito da presente investigação assume um “carácter explicativo”, isto é,

uma vez que é conhecida a existência dos desvios de custos e prazos, procura-se o estudo mais

aprofundado da ocorrência destes desvios e explicar a ocorrência dos desvios das margem brutas da

obras (Neuman, 2006).

O problema dos desvios de custos e prazos, como referido no capítulo da revisão de

conhecimentos, não é actual, mas sim um problema que se vem verificando ao longo dos anos. Nesta

perspectiva, optou-se por um estudo que não abrangesse apenas obras concluídas recentemente,

mas também obras concluídas num período de 10 anos passados. Segundo Neuman (2006), o tipo

Figura 5 - Processo de investigação quantitativo. Adaptado de Neuman (2006).

Page 48: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

30

investigação realizada é designada por “investigação longitudinal”, mais especificamente

“investigação por períodos de tempo”, pois a amostra a recolhida é referente a várias obras (38

obras), cada uma desenvolvendo-se ao longo de diferentes períodos de tempo como se pode

observar na Figura 6.

Na recolha de dados referentes aos custos de obra, foi utilizada a técnica “investigação não

reactiva”, mais especificamente a “análise de conteúdo” (Neuman, 2006), uma vez que a recolha de

dados efectuada foi alvo de uma primeira análise às folhas de fecho (Anexo A) e aos movimentos

contabilísticos vindos do sistema SAP, determinando-se desta forma apenas a informação específica

e necessária recolher para a elaboração do estudo.

Para a obtenção dos dados relativos ao prazo previsto e real de cada obra, efectuou-se uma

pesquisa para se obter a data de consignação referente a cada empreendimento e respectiva data de

recepção provisória, permitindo-se desta forma a comparação entre a duração real da empreitada e a

duração inicialmente prevista presente na folha de fecho.

Nas diferentes análises de dados efectuadas foi necessário ter em conta os dados recolhidos

referentes a cada obra. Desta forma, os estudos realizados englobaram 3 grupos de amostras:

1. análises realizadas com 38 obras (desvios de valor de obra (VO), margem bruta (MB) e

prazo; peso dos custos indirectos nos custos finais);

2. estudos efectuados com 25 obras (desvios dos custos indirectos (CI); relação entre

correcções de estaleiro decorrentes de reduções de prazo e desvios de prazo

verificados);

3. análises concretizadas com 19 obras (peso da variação dos encargos de estaleiro (EE)

na variação da MB; curvas de estaleiro).

O estudo dos desvios de custos indirectos e de prazos das obras prossupõem a necessidade

do acesso aos dados iniciais (contratualizados com o dono de obra) e aos dados reais (valores com

2004 2006 2008 2010 2012 2014

4 5

10 14

1 15

16 11

2 17

35 18

12 3

19 13

20 22

21 34

6 7

8 23

24 25

9 26

27 28

36 37

29 30

31 32

38 33

Figura 6 – Periodos de tempo referentes às obras analisadas.

Page 49: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

31

que a obra foi concluída) de cada empreendimento. Assim, a análise dos dados iniciou-se com a

informatização das folhas de fecho (Anexo A) que resumiam os dados iniciais previstos de cada obra.

Posteriormente foram analisadas as classes de custo (Tabela 9) presentes no sistema de

contabilidade SAP onde são debitados os custos referentes a cada natureza de custo durante a fase

de execução da obra. O somatório de cada classe de custos debitados às obras está resumido numa

folha de fim de obra denominada de balancete (Anexo B).

Tabela 9 - Exemplo de algumas classes de custo

Denominação Classe de Custo

Fundações Especiais 62120003

Trabalhos Facturados a Outros 71210005

Ferramentas e Utensílios 62310000

Aluguer de Viaturas 62610003

Ordenados e Salários 63210000

Materiais – Serrelharias 61217035 … …

A estrutura dos balancetes de contabilidade analítica da empresa é a seguinte: mão-de-obra;

materiais; equipamentos; gastos gerais e subempreitadas.

Na codificação dos custos e sua distinção entre custos directos e custos indirectos, assumiram-

se os seguintes pressupostos:

1. As classes de custos correspondentes a mão-de-obra, equipamentos e gastos gerais

constituem custos indirectos;

2. Desprezam-se eventuais custos de equipamentos que tenham servido para operações

directas de construção. Desprezou-se o custo relativo a subempreitadas de estaleiro

por ser difícil de separa-las das restantes subempreitadas.

Desta forma, para que se tornasse possível comparar os custos finais com os custos estimados

inicialmente foi necessário a criação de uma estrutura de codificação universal (Anexo C).

Definida a estrutura de códigos, procedeu-se à atribuição dos códigos às respectivas

operações de construção presentes na folha de fecho e no balancete, o que permitiu a análise dos

valores previstos e reais de cada actividade.

Concluída a codificação das folhas de fecho e balancetes de todas as obras, procedeu-se à

realização de uma tabela de cálculo em excel com toda a informação inicial e final de todas as obras

estudadas e calcularam-se os desvios ocorridos e as respectivas percentagens de desvio (e.g.

Tabela 10).

Tabela 10 - Excerto exemplificativo da tabela com os dados iniciais e finais de todas as obras.

Obra VO inicial VO final Prazo

previsto Prazo real

Δ VO Δ Prazo %ΔVO %Δ Prazo …

1 5.047.015€ 6.000.000€ 12 15 952.985€ 3 18,9% 25,0% …

2 4.154.156€ 6.261.161€ 12 23 2.107.005€ 16 50,7% 91,7% …

Em empresas de construção, um dos objectivos primordiais na execução de empreendimentos,

para além da conclusão dos mesmos dentro dos prazos e custos inicialmente previstos, é a obtenção

de lucros, que podem ser traduzidos pela manutenção ou aumento da margem bruta prevista.

Page 50: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

32

Deste modo, no estudo relativo à margem bruta da obra, desvio de prazos e custos indirectos,

uma vez que a presente dissertação tem como objectivo geral o estudo do desvio de prazos e custos

que possam ser traduzidos em factores que contribuam para a gestão do risco económico,

estudaram-se dois cenários:

Cenário ameaça – Os desvios verificados são vistos como um efeito negativo da

incerteza na consecução dos objectivos da empresa. Deste cenário fazem parte as

obras em que ocorreram: aumento de prazos; variações negativas da margem bruta;

ou aumento de custos indirectos.

Cenário oportunidade – Neste caso os desvios são vistos como um efeito positivo da

incerteza na consecução dos objectivos da empresa. Fazem parte deste cenário as

obras em que ocorreram: variações positivas da margem bruta; redução de prazos; ou

diminuição dos custos indirectos.

Por outro lado, na análise da variação do valor de obra não se pode considerar o cenário de

ameaça ou oportunidade, pois um aumento do valor de obra pode significar uma oportunidade para o

empreiteiro, ao passo que uma redução do VO pode significar uma ameaça. Todavia, salienta-se o

facto da variação do valor de obra estar ligada à variação da margem bruta da obra. Assim, no caso

em que ocorre um aumento do VO estaríamos na presença de uma oportunidade para o empreiteiro,

no entanto, isto só se concretizaria numa oportunidade para o empreiteiro caso a variação da

margem bruta fosse positiva, isto é, se um aumento do VO se traduzisse num aumento da MB, o que

se verificou que nem sempre ocorria, e como tal este aumento do VO não poderia ser considerado

uma oportunidade mas sim uma ameaça na óptica do empreiteiro.

Nesse âmbito, no estudo da variação do valor de obra foram considerados dois cenários:

aumento do VO; e diminuição do VO.

A análise da variação dos encargos de estaleiro e variação da margem das obras foi realizada

tendo por base as expressões que se seguem:

A margem bruta das obras, MB, é determinada através da equação (1).

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 (𝑀𝐵) = 𝑃𝑟𝑜𝑣𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠 (𝑃) − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 (𝐶) (1)

Desta forma, a determinação da variação da margem bruta de cada obra pode ser calculada

pela expressão (2).

∆𝑀𝐵 = ∆𝑃 − ∆𝐶 (2)

Os custos referentes a cada obra e respectiva variação dos mesmos, são determinados pelas

equações (3) e (4)

𝐶 = 𝐶𝐷 + 𝐶𝐼 (3)

∆𝐶 = ∆𝐶𝐷 + ∆𝐶𝐼 (4)

em que CD representa os custos directos da obra e CI os custos indirectos.

No que se refere aos custos indirectos, os mesmos podem ser calculados pela expressão (5) e

a respectiva variação pode ser determinada pela expressão (6)

𝐶𝐼 = 𝐸𝐸 + 𝑂𝐸𝐼 (5)

∆𝐶𝐼 = ∆𝐸𝐸 + ∆𝑂𝐸𝐼 (6)

em que EE representa os encargos de estaleiro e OEI os outros encargos de estaleiro.

Page 51: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

33

Assim, através da associação das equações anteriores, a relação entre a variação da margem

bruta da obra e a variação dos encargos de estaleiro pode ser obtida pelas equações (7) a (9)

∆𝑀𝐵 = ∆𝑃 − ∆𝐶 (7)

∆𝑀𝐵 = ∆𝑃 − ∆𝐶𝐷 − ∆𝑂𝐸𝐼 − ∆𝐸𝐸 (8)

∆𝑀𝐵 = ∆𝑂𝐹 − ∆𝐸𝐸 (9)

em que ΔOF representa a variação dos outros factores responsáveis pela variação da margem

de obra, para além dos EE que são o objecto central do presente estudo.

Sendo um dos objectivos específicos o estudo dos encargos de estaleiro (EE) ao longo do

prazo de execução da obra, tornou-se necessário conhecer os custos mensais de mão-de-obra (MO),

equipamentos (EQ), materiais (MTEE), subempreiteiros (SUBEE) e outros encargos de estaleiro

(OEE) previstos (tendo em conta o prazo inicial) e reais (tendo em conta o prazo final de cada obra).

A análise dos encargos de estaleiro mensais previstos e verificados no final baseou-se na construção

de gráficos que se designaram por curvas de estaleiro. Para esta análise apenas foram utilizadas as

obras em que foi possível obterem-se os dados iniciais e finais das variáveis relevantes para o

estudo.

Os custos mensais de estaleiro iniciais foram obtidos através da divisão do custo total de cada

actividade pelo número de meses previsto para o prazo inicial. É importante salientar que, a

distribuição prevista para o estaleiro, em fase de concurso é, na generalidade das obras,

praticamente constante ao longo do tempo.

A obtenção dos custos mensais de estaleiro reais foi conseguida através dos movimentos

contabilísticos (MC) de cada obra, tendo-se para tal efectuado uma nova estrutura de codificação

entre os balancetes e os MC (Anexo D), uma vez que os primeiros resultam dos segundos. Realizada

a codificação dos MC obtiveram-se os custos mensais através da elaboração de uma tabela

dinâmica, tendo como filtros de linha os anos e meses da duração final da empreitada, e as

actividades de estaleiro (MO, EQ, MTEE, OEE e EE) como filtros de coluna.

Após a obtenção dos custos de estaleiro previstos e reais, realizou-se uma análise da variação

dos encargos de estaleiro para cada obra. Todavia, a comparação entre obras não era possível, pois

todas as obras possuem custos de estaleiro e prazos distintos. Desta forma foi necessário proceder-

se a uma adimensionalização dos custos e prazos, com o objectivo de se tornar possível a

comparação entre as diferentes obras.

Deste modo, começou-se por adimensionalizar os prazos através de percentagens de prazo

real, com intervalos de 10%, considerando que o prazo final equivalia a 100%, e calculou-se a relação

entre o prazo inicial previsto e o prazo final. Por exemplo, se observarmos a Tabela 11, no caso de

uma obra com 21 meses, a cada período de 10% irão corresponder 2,1 meses, e aos 100% irão

corresponder os 21 meses de prazo real da obra. Neste caso o prazo inicial previsto foi de 15 meses

e como tal, este corresponde a 71,4% do prazo final de obra

Tabela 11 - Adimensionalização dos prazos das obras

Prazo previsto (m)

Prazo real (m) 𝑷𝒓𝒂𝒛𝒐 𝒑𝒓𝒆𝒗𝒊𝒔𝒕𝒐

𝑷𝒓𝒂𝒛𝒐 𝒓𝒆𝒂𝒍 Período (%) Período (m)

6 12 50,0% 10% 1,2 15 21 71,4% 10% 2,1 23 37 62,2% 10% 3,7

Page 52: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

34

Tendo em vista em vista a análise de todas as obras conjuntamente, adimensionalizaram-se os

custos de estaleiro mensais reais.

Nesse âmbito, começou-se por determinar o total de custos em cada período do prazo

decorrido da obra (Tabela 12).

Tabela 12 - Adimensionalização dos custos de estaleiro reais (obra com 21 meses)

Período (%) Período (m) MO EQ MTEE OEE EE

0% 0 - € - € - € - € - €

10% 2,1 101.687,16 € 56.467,29 € 666,03€ 35.606,14 € 194.426,62 €

20% 4,2 134.321,32 € 85.888,02 € 73,31€ 26.853,72 € 247.136,35 €

30% 6,3 111.556,97 € 56.886,35 € - € 22.727,94 € 191.171,26 €

40% 8,4 126.237,30 € 60.685,79 € 58,88€ 23.285,70 € 210.267,66 €

50% 10,5 135.728,77 € 71.867,76 € - € 24.033,64 € 231.630,17 €

60% 12,6 107.850,56 € 58.658,69 € - € 19.496,16 € 186.005,41 €

70% 14,7 113.063,57 € 58.062,77 € - € 18.510,65 € 189.636,99 €

80% 16,8 132.058,04 € 50.299,26 € 2.349,81 € 18.459,90 € 203.167,00 €

90% 18,9 85.041,09 € 11.479,32 € - € 11.472,77 € 107.993,18 €

100% 21 55.637,28 € 17.900,69 € - € 5.688,72 € 79.226,69 €

Se observarmos a Tabela 12, a 10% do prazo real corresponde um período decorrido de 2,1

meses, isto é, neste período iremos considerar os custos do mês 1, mais os custos do mês 2, mais

10% dos custos do mês 3. Aos 20%, termos um período decorrido correspondente a 4,2 meses.

Neste caso os custos a considerar serão 90% dos custos do mês 3, mais os custos relativos ao mês

4, mais 20% dos custos referentes ao mês 5, e assim sucessivamente.

O custo médio mensal real (CMM real) dos encargos de estaleiro (Tabela 13) foi obtido através

do cálculo de uma média ponderada para cada período através do recurso a uma chave (k). Por

exemplo, no caso de uma obra com o prazo real de 21 meses, a chave utilizada na média ponderada

terá o valor de 2,1, que equivale a 10% de 21 meses. Após o cálculo da chave, foram obtidos os

custos médios mensais reais, tal como exemplifica a expressão (10).

𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑀𝑂 (10%) =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 𝑟𝑒𝑎𝑙 (10%)

𝑘=

101.687.16 €

2,1= 48.422,46€ (10)

Tabela 13 - Custos médios mensais reais (obra com 21 meses)

Período (%) Período

(m)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝑄 𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑇𝐸𝐸 𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑂𝐸𝐸 𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝐸 𝑟𝑒𝑎𝑙

𝑘

0% 0 - € - € - € - € - €

10% 2,1 48.422,46 € 26.889,18 € 317,16€ 16.955,30 € 92.584,10 €

20% 4,2 63.962,53 € 40.899,05 € 34,91€ 12.787,48 € 117.683,98 €

30% 6,3 53.122,37 € 27.088,74 € - € 10.822,83 € 91.033,93 €

40% 8,4 60.113,00 € 28.897,99 € 28,04€ 11.088,43 € 100.127,46 €

50% 10,5 64.632,75 € 34.222,74 € - € 11.444,59 € 110.300,08 €

60% 12,6 51.357,41 € 27.932,71 € - € 9.283,89 € 88.574,01 €

70% 14,7 53.839,80 € 27.648,94 € - € 8.814,59 € 90.303,33 €

80% 16,8 62.884,78 € 23.952,03 € 1.118,96 € 8.790,43 € 96.746,19 €

90% 18,9 40.495,76 € 5.466,34 € - € 5.463,23 € 51.425,32 €

100% 21 26.493,94 € 8.524,14 € - € 2.708,92 € 37.727,00 €

Page 53: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

35

O último passo na adimensionalização dos custos de estaleiro reais foi o cálculo dos custos

médios mensais em função do total de custos, em cada intervalo de 10% do prazo decorrido, tal

como exemplifica a expressão (11).

𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐸𝐸 (10%)

∑ 𝐸𝐸 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙=

92.584,10 €

1.840.661,34 €= 5,0% (11)

Para os cálculos dos custos de mão-de-obra, equipamentos e outros encargos de estaleiro, foi

utilizada a mesma expressão (Tabela 14).

Tabela 14 – Custos médios mensais reais (% custos reais) (obra com 21 meses)

Período (%) 𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑀𝑂

∑ 𝑀𝑂 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐸𝑄

∑ 𝐸𝑄 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑂𝐸𝐸

∑ 𝑂𝐸𝐸 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

𝐶𝑀𝑀 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝐸𝐸

∑ 𝐸𝐸 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

10% 4,4% 5,1% 8,2% 5,0%

20% 5,8% 7,7% 6,2% 6,4%

30% 4,8% 5,1% 5,3% 4,9%

40% 5,4% 5,5% 5,4% 5,4%

50% 5,9% 6,5% 5,6% 6,0%

60% 4,7% 5,3% 4,5% 4,8%

70% 4,9% 5,2% 4,3% 4,9%

80% 5,7% 4,5% 4,3% 5,3%

90% 3,7% 1,0% 2,7% 2,8%

100% 2,4% 1,6% 1,3% 2,0%

Na adimensionalização dos custos de estaleiro iniciais previstos, o procedimento realizado foi

semelhante. Desta forma, começou-se por determinar o total de custos em cada período do prazo

decorrido previsto inicialmente (Tabela 15).

Tabela 15 - Adimensionalização dos custos de estaleiro previstos (prazo previsto de 15 meses)

Período (%) Período (m) MO EQ MTEE OEE EE

0,0% 0 - € -€ -€ -€ -€

10,0% 2,1 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

20,0% 4,2 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

30,0% 6,3 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

40,0% 8,4 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

50,0% 10,5 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

60,0% 12,6 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

70,0% 14,7 117.844,80 € 36.822,55 € 13.386,44 € 15.990,63 € 206.174,77 €

71,4% 15 16.834,97 € 5.260,36 € 1.912,35 € 2.284,38 € 29.453,54 €

No exemplo da obra da Tabela 15, o prazo real foi de 21 meses e o prazo inicial previsto foi de

15 meses. Assim, assumindo os 100% como os 21 meses de duração da obra, o prazo previsto de 15

meses corresponde a 71,4% do prazo real. O cálculo dos custos referentes a cada intervalo de 10% é

semelhante ao referido na adimensionalização dos custos de estaleiro reais, sendo que no caso dos

71,4% apenas são considerados os custos referentes a 30% dos custos do mês 15.

No seguimento do procedimento realizado na adimensionalização dos custos reais de estaleiro,

procedeu-se ao cálculo dos custos médios mensais previstos (CMM previsto) dos encargos de

Page 54: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

36

estaleiro (Tabela 16). Neste cálculo foi novamente utilizada uma média ponderada para cada período

com recurso à utilização de uma chave (k). Por exemplo, no caso da obra com um prazo inicial

previsto de 15 meses e prazo final de 21 meses, a chave utilizada para calcular os custos médios

mensais em cada período é 2,1, à excepção do ultimo período como mostram as expressões (12) e

(13).

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 (10%) =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 (10%)

𝑘=

117.884,80 €

2,1= 56.116,57€ (12)

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 (71,4%) =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 (71,4%)

𝑘=

16.834,97 €

15 − 14,7= 56.116,57€ (13)

Tabela 16 - Custos médios mensais previstos (prazo previsto de 15 meses)

Período (%)

Período (m)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝑄 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑇𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑂𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝑘

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝑘

0,0% 0 -€ -€ -€ -€ -€

10,0% 2,1 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

20,0% 4,2 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

30,0% 6,3 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

40,0% 8,4 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

50,0% 10,5 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

60,0% 12,6 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

70,0% 14,7 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

71,4% 15 56.116,57 € 17.534,55 € 6.374,49 € 7.614,58 € 98.178,46 €

Para concluir a adimensionalização dos custos de estaleiro previstos, foram calculados os

custos médios mensais em função do total de custos, em cada intervalo do prazo inicial previsto

decorrido, tal como exemplifica a expressão (14).

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝐸𝐸 (40%)

∑ 𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜=

98.178,46 €

1.472.676,90 €= 6,7% (14)

Para os cálculos dos custos da MO, EQ e OEE, foi utilizada a mesma expressão (Tabela 17).

Tabela 17 – Custos médios mensais de estaleiro previstos (% custos previstos)

Período (%) 𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑂

∑ 𝑀𝑂 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝐸𝑄

∑ 𝐸𝑄 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑂𝐸𝐸

∑ 𝑂𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

𝐶𝑀𝑀 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝐸𝐸

∑ 𝐸𝐸 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

10,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

20,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

30,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

40,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

50,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

60,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

70,0% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

71,4% 6,7% 6,7% 6,7% 6,7%

Concluída a adimensionalização dos custos e prazos para todas as obras efectuaram-se dois

tipos de gráficos para análise, um com os custos previstos e custos reais das componentes

pertencentes aos encargos de estaleiro (MO, EQ, OEE) e respectivo total de encargos de estaleiro

(EE), e outro com a diferença entre os custos médios mensais previstos e os custos médios mensais

reais referentes aos EE de cada obra.

Page 55: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

37

Conselho de Administração

CFO Financeiro

Direcção

Contractos Financeiros

Gestão de Auditoria de

Controlo de Gestão

Gestão

Sistemas de Informação

CEO Executivo

Direcção

Recursos Humanos

Gabinete Jurídico

Direcção

Segurança , Qualidade e Ambiente

COO Operações

Direcção

Técnico-Comercial

Direcção

Produção

Direcção

Planeamento e Desenvolvimento /

Operacionais

3.2 Informação geral

A presente investigação tem por base um estudo que está a ser conduzido numa empresa de

construção nacional, no qual foram analisados os resultados obtidos em 38 obras nos últimos 10

anos.

A empresa de construção é constituída por 3 departamentos principais, Financeiro, Executivo e

Operacional, que englobam os restantes departamentos que se apresentam na Figura 7.

3.3 Processo de concurso e controlo das empreitadas

Na óptica dos empreiteiros de construção civil o objectivo da orçamentação constitui a

elaboração de uma proposta, com base na medição dos trabalhos previstos, que expresse as

condições que o empreiteiro propõe em termos técnicos, de custos e prazos para a execução de uma

obra (Dias, 2012).

Na empresa de construção em estudo, a orçamentação das propostas é realizada pela

direcção técnico-comercial e pode ser dividida em 4 fases:

orçamentação dos custos directos

orçamentação dos custos indirectos

o encargos de estaleiro

o outros encargos indirectos

optimização dos custos

riscos / lucros

A orçamentação dos custos directos (CD) é realizada através do software de sistema integrado

de gestão de projectos (CCS), desenvolvido integralmente para a indústria da construção, que

engloba um módulo destinado à orçamentação de custos directos e indirectos (Timelink, 2014).

Figura 7 - Cronograma da empresa de construção nacional.

Page 56: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

38

Através do CCS obtêm-se os custos unitários (CU) de cada operação de construção. Após se

obterem todos os custos unitários, a informação destes custos é transposta para a folha de fecho

(FF), obtendo-se o total de custos directos.

De seguida procede-se à orçamentação dos custos indirectos (CI), iniciando-se essa operação

pela determinação dos encargos de estaleiro (EE) que são conseguidos através de folhas de cálculo

de excel onde são estimados os custos mensais de mão-de-obra, equipamentos, materiais,

subempreitadas e outros encargos de estaleiro (e.g. contas de água, luz, telefones, etc.). De seguida

estimam-se os recursos de estaleiro necessários para cada mês do prazo da obra e obtêm-se os

preços finais de estaleiro remetendo-os para a folha de fecho. Em seguida são orçamentados os

outros encargos indirectos (e.g. encargos financeiros, selos e garantias).

Após a orçamentação dos custos referidos anteriormente é efectuada uma optimização de

custos directos, baseada na adopção de coeficientes de praça, e de custos indirectos, como por

exemplo, correcções de estaleiro.

Concluídas as optimizações, a empresa assume os riscos / lucros para a obra que está a ser

orçamentada e é obtido o valor de venda.

Por fim a folha de fecho (Anexo A) é entregue para concurso e caso a empresa seja a

seleccionada para realizar a obra, o processo da obra é entregue pelo departamento técnico-

comercial ao departamento de produção que passa a ser responsável pelo controlo e gestão do

empreendimento.

O departamento financeiro começa por fazer a abertura de uma conta no sistema SAP, na qual

serão lançados todos os movimentos contabilísticos relativos à obra durante a fase de execução do

empreendimento.

Após a conclusão e a recepção provisória da obra, esta volta a ser da responsabilidade do

departamento técnico-comercial, nomeadamente do seu serviço pós-venda, que após finalizar o

período de garantia solicita o fecho da conta da obra no sistema SAP. Salienta-se o facto de se

verificar que após a data de recepção provisória da obra continuam a ser debitados custos na conta

da obra referentes a actividades realizadas durante o período de garantia.

A Figura 8 mostra o resumo do processo acima descrito.

Figura 8 - Processo de concurso e gestão de cada empreitada (Anexo E)

Page 57: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

39

3.4 Apresentação da informação das empreitadas de construção

3.4.1 Caracterização da amostra

O universo da investigação realizada engloba um total de 38 empreitadas concluídas pela

empresa. Apesar de o estudo inicialmente albergar obras concluídas através de consórcios e ACE’s,

optou-se por utilizar apenas as obras próprias devido ao facto de só neste tipo de obras ser possível

ter acesso aos dados finais de cada empreitada, obtidos através do SAP, com todo o detalhe

necessário para a análise desenvolvida.

As 38 empreitadas que foram alvo de estudo estão distribuídas por dois tipos de cliente,

público (50%) e privado (50%), cujas distribuições por tipologia de obra e regime de empreitada são

apresentadas na Tabela 18, Figura 9 e Figura 10. Salienta-se o facto das obras pertencentes à

tipologia de reabilitação de edifícios, serem obras onde não ocorreu apenas reabilitação, mas

também demolições e construção nova.

Tabela 18 - Distribuição das Obras por tipologia de obra e regime de empreitada.

Tipologia de Obra Número de Obras Privado (%) Público (%)

Reabilitação de Edifícios 6 0,0% 31,6%

Edifícios Habitação e Serviços 17 79,0% 10,5%

Vias de Comunicação 10 10,5% 42,1%

Redes de Rega 3 0,0% 15,8%

Edifícios Industriais 2 10,5% 0,0%

Regime de Empreitada Número de Obras Privado (%) Público (%)

Preço Global 26 84,2% 52,6%

Série de Preços 8 5,3% 36,9%

Misto 4 10,5% 10,5%

78,9%

0,0%

10,5% 0,0%

10,5%

10,5%

31,6%

42,1% 15,8%

0,0% 0%

20%

40%

60%

80%

100%

EdifíciosHabitação e

Serviços

Reabilitação deEdifícios

Vias deComunicação

Redes de Rega

EdifíciosIndustriais

Privado Público

Figura 9 - Distribuição das obras por tipologia de obra e por tipo de cliente.

Page 58: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

40

0%

25%

50%

75%

100%

Valor de Obra Prazo de Obra Custos Indirectos Margem da Obra

71,1%

97,4% 88,0%

42,1%

28,9%

2,6%

12,0%

57,9%

Obras em que se verificou um aumento Obras em que se verificou uma diminuição

3.4.2 Valor de obra, margem, prazos e custos indirectos

Nas 38 obras estudadas, verificou-se que 71,1% sofreram um aumento do valor de obra

(proveitos) inicial. Observou-se igualmente que ocorreu um aumento do prazo em relação ao previsto

inicialmente em 97,4% das obras, que 88,0% foram concluídas com custos indirectos finais

superiores aos previstos e que 57,9% das obras sofreram uma diminuição do valor da margem bruta

(Figura 11).

3%

6%

13%

25%

50%

100%Série de Preços

Preço GlobalMisto

Privado Público

Figura 10 - Distribuição das obras por tipo de cliente e regime de empreitada.

Figura 11 - Variação do valor de obra, prazo, custos indirectos e margem das obras.

Page 59: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

41

36,8%

5,3%

0,0% 5,3%

23,7%

7,9%

0,0%

15,8% 2,6%

2,6% 0%

10%

20%

30%

40%Edif. Habitação e Serviços

Edifícios Industriais

Reabilitação de EdifíciosRedes de Rega

Vias de Comunicação

Obras com VO superior ao contratual Obras com VO inferior ao contratual

0%

20%

40%

60%

80%

100%

EdifíciosHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

17,6%

100,0%

33,3%

10,0%

82,4%

100,0%

66,7%

90,0%

me

ro d

e o

bra

s (

%)

Obras com variação negativa do VO Obras com variação positiva do VO

Variação do Valor de Obra

As obras em que se verificou um aumento do valor de obra (71,1% do total das obras) estão

distribuídas por 4 categorias: 36,8% são obras de edifícios de habitação e serviços, 10,6% são

edifícios industriais e redes de rega, 23,7% pertencem à tipologia de vias de comunicação. Em

relação às obras em que o valor de obra diminui (28,9% do total das obras), constatou-se que 15,8%

são obras referentes à tipologia de reabilitação de edifícios, 5,2% pertencem às tipologias de redes

de rega e vias de comunicação, e 7,9% pertencente à categoria de edifícios de habitação e serviços

(Figura 12).

No estudo da variação do valor de obra por tipologia de obra, verificou-se, por exemplo, que

todas as obras de reabilitação de edifícios terminaram com um valor de obra menor do que o previsto

inicialmente. Em obras de edifícios de habitação e serviços, e vias de comunicação, a tendência foi

inversa, verificando-se nestas duas tipologias que mais 80% das obras foram concluídas com um

valor de obra superior ao previsto (Figura 13).

Figura 12- Distribuição da percentagem do desvio de valor de obra por tipologia de obra.

Figura 13 – Distribuição da variação positiva ou negativa do VO por tipologia de obra.

Page 60: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

42

79,0%

7,2%

32,2%

83,3%

31,6%

57,4%

27,4%

4,7%

16,0%

35,2%

4,3%

17,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0%

Valo

r d

o a

um

en

to d

o V

O (

%)

Aumento máximo do VO

Edifícios Habitação e Serviços

Edifícios Industriais Redes de Rega Vias de Comunicação

Aumento mínimo do VO Aumento médio do VO

-12,5%

-4,1%

-6,9%

-12,9%

-2,0%

-6,4%

-14,0%

-12,0%

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

0,0% 20,0% 40,0%

Valo

r d

a d

imin

uiç

ão

do

VO

(%

)

Edifícios Habitação e Serviços Reabilitação de Edifícios

Diminuição máxima do VO Diminuição mínima do VO Diminuição média do VO

No estudo das obras em que o valor de obra aumentou, verificou-se que a média, o valor

máximo e o valor mínimo do aumento do VO ocorrido em obras de vias de comunicação, foi de

17,8%, 35,2% e 4,3% respectivamente. Estes e os restantes resultados obtidos em função da

tipologia de obra apresentam-se na Figura 14. Nas obras de reabilitação de edifícios não se

verificaram aumentos do VO.

Os valores máximos, médios e mínimos da diminuição do VO obtidos para as obras

pertencentes à categoria de edifícios de habitação e serviços e reabilitação de edifícios são os que se

apresentam na Figura 15. A diminuição do valor de obra foi verificado igualmente numa obra de redes

de rega (-0,6%) e numa obra de vias de comunicação (-10,7%). Nas obras da tipologia de edifícos

industriais não se verificaram reduções do valor de obra.

No estudo realizado sobre a variação do valor de obra por tipologia de obra observou-se que

em média as obras foram concluídas com um valor de obra superior ao previsto, como é o exemplo

das obras de edifícios de habitação e serviços que apresentaram em média um aumento do VO de

Figura 14 - Aumento do VO (%) por tipologia de obra.

Figura 15 - Diminuição do VO (%) por tipologia de obra.

Page 61: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

43

25,3%

57,4%

-6,4%

10,5% 14,9%

16,0%

-0,6%

32,2%

-6,9%

57,4%

-6,4%

17,8%

-10,7%

-20%

0%

20%

40%

60%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

dia

ΔV

O

Todas as obras Obras em que o VO diminuiu Obras em que o VO aumentou

Edifícios Hab. e Serviços

Edifícios Industriais

Reabilitação de Edifícios

Redes de Rega

Vias de Comunicação

25,3%. No entanto, verificou-se que no caso das empreitadas de reabilitação todas as obras

terminaram com uma diminuição média do VO de 6,4%. Estes e os restantes resultados encontram-

se expostos na Figura 16.

Variação da Margem de Obra

As obras em que se observou uma diminuição da margem bruta (57,9% do total das obras)

estão divididas por 4 categorias: 18,4% pertencem à tipologia de edifícios de habitação e serviços,

5,3% à tipologia de edifícios industriais, 13,2% são obras de vias de comunicação e 5,3% são

referentes a obras de reabilitação e edifícios. Esta distribuição e a distribuição das obras em que

ocorreu um aumento da margem bruta (42,1% do total das obras) encontra-se exposta na Figura 17.

26,3%

0,0%

10,5% 7,9%

13,2%

18,4%

5,3%

5,3% 0,0%

13,2%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Edif. Habitação eServiços

Edifícios Industriais

Reabilitação deEdifícios

Redes de Rega

Vias de Comunicação

Empreitadas com MB final inferior à inicial

Empreitadas com MB final superior à inicial

Figura 17 - Distribuição da percentagem dos desvios da MB por tipologia de obra.

Figura 16 – Análise da variação do VO (%) por tipologia de obra.

Page 62: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

44

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

EdifíciosHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

58,8% 66,7%

100,0%

50,0%

41,2%

100,0%

33,3% 50,0%

me

ro d

o O

bra

s (%

)

Obras com variação negativa da MB Obras com variação positiva da MB

-46,8%

-9,1%

-17,9%

-7,5%

-1,4%

-5,4%

-36,1%

-4,1%

-17,9%

-38,2%

-0,8%

-14,1%

-50%

-45%

-40%

-35%

-30%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0%

Valo

r d

a d

imin

uiç

ão

da M

B (

%)

Edifícios Habitação e

Reabilitação de Edifícios

Redes de Rega Vias de

Comunicação

Diminuição máxima da MB Diminuição mínima da MB Diminuição média da MB

Os resultados referentes à variação da margem bruta por tipologia de obra são os

apresentados na Figura 18. Nesta figura pode-se observar, por exemplo, que em 66,7% das obras de

reabilitação de edifícios ocorreu uma variação negativa da margem bruta.

No estudo da variação da margem bruta das obras, como referido no capítulo da metodologia

da investigação, exploram-se dois cenários: ameaça; e oportunidade. Deste modo, os resultados

obtidos no cenário ameaça, caso em que a variação da margem bruta é negativa, mostram que em

média ocorreu uma variação negativa da MB superior a 12% nas obras de edifícios de habitação e

serviços (-17,9%), redes de rega (-17,9%) e vias de comunicação (-14,1%). Em obras de reabilitação

de edifícios em média a variação negativa da MB foi de -5,4%. (Figura 19).

Figura 18 – Distribuição da variação positiva ou negativa da MB por tipologia de obra.

Figura 19 – Variação negativa da MB por tipologia de obra.

Page 63: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

45

7,2%

0,0%

3,5% 1,8%

0,5% 1,1%

13,9%

0,3%

7,1%

19,7%

0,3%

9,3%

0%

3%

5%

8%

10%

13%

15%

18%

20%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0%

Valo

r d

o a

um

en

to d

a M

B (

%)

Edifícios Habitação e

Reabilitação de Edifícios

Edifícios Industriais

Vias de Comunicação

Aumento máximo da MB Aumento mínimo da MB Aumento médio da MB

A Figura 20 traduz os resultados obtidos no cenário oportunidade, caso em que o efeito da

variação da margem bruta é positivo. Neste cenário, verificou-se que, por exemplo, em obras de vias

de comunicação, o valor médio da variação positiva da MB foi de 9,3%, tendo neste tipo de obras se

verificado um valor máximo da variação positiva da MB de 19,7% e mínimo de 0,3%.

Os resultados da variação da margem bruta das obras por tipologia de obra obtidos na

presente investigação encontram-se explanados na Figura 21. Ao observarmos a Figura 21 verifica-

se que apenas as duas obras de edifícios industriais possuem uma média positiva da variação da

MB, constatando-se que as obras pertencentes às restantes tipologias apresentam uma média

negativa da variação da MB.

Figura 20 – Variação positiva da MB por tipologia de obra.

Figura 21 - Análise da variação da MB (%) por tipologia de obra.

-9,1%

7,1%

-3,2%

-17,9%

-2,4%

3,5%

-17,9%

7,1%

1,1%

-5,4%

9,3%

-14,1%

-17,9%

-20%

-10%

0%

10%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Méd

ia Δ

MB

Todas as obras Obras em que a MB diminuiu Obras em que a MB aumentou

Edifícios Hab. e Serviços

Edifícios Industriais

Reabilitação de Edifícios

Redes de Rega

Vias de Comunicação

Page 64: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

46

42,1%

5,3%

15,8% 7,9%

26,3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Edifícios Habitação eServiços

Edifícios Industriais

Reabilitação de EdifíciosRedes de Rega

Vias de Comunicação

Empreitadas com prazo final superior ao contratual

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

EdifíciosHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

5,9%

94,1% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

me

ro d

e O

bra

s (%

)

Obras com prazo final inferior ao contratual Obras com prazo final superior ao contratual

Variação do Prazo de Obra

As obras estudadas em que se verificou um aumento do prazo em relação ao previsto (97,4%

do total das obras) estão distribuídas por 5 categorias: 42,1% das obras são edifícios de habitação e

serviços, 26,3% são obras de vias de comunicação, 15,8% obras de reabilitação de edifícios, e 13,2%

são referentes a obras das tipologias de edifícios industriais e redes de rega. (Figura 22). Das 38

obras analisadas, apenas uma obra foi concluída com um prazo real inferior ao prazo previsto inicial.

No estudo do desvio de prazo por tipologia de obra verifica-se que apenas na tipologia de

edifícios de habitação e serviço existiu a ocorrência de uma obra (5,9%) em que não foi verificado o

aumento de prazo em relação ao prazo contratual, sendo que em todas as restantes tipologias

ocorreram aumentos do prazo relativos ao prazo inicialmente previsto (Figura 23).

Figura 22 - Distribuição do aumento do prazo por tipologia de obra.

Figura 23 – Distribuição da variação do prazo por tipologia de obra.

Page 65: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

47

266,7%

31,3%

100,3%

200,0%

135,3%

167,6%

83,3%

33,3%

56,1%

158,3%

61,5%

106,6%

61,9%

10,5%

43,6%

0%

40%

80%

120%

160%

200%

240%

280%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Valo

r d

o a

um

en

to d

o P

razo

(%

)

Edifícios Habitação e

Serviços

Reabilitação de Edifícios

Edifícios Industriais

Vias de Comunicação

Aumento máximo do prazo Aumento mínimo do prazo Aumento médio do prazo

Redes de Rega

92,8%

167,6%

56,1%

106,6%

43,6%

100,3%

-26,7%

167,6%

43,6%

106,6%

56,1%

-30%

0%

30%

60%

90%

120%

150%

180%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Méd

ia Δ

Pra

zo

Todas as obras Obras em que o prazo diminuiu Obras em que o prazo aumentou

Edifícios Hab. e Serviços

Edifícios Industriais

Reabilitação de Edifícios

Redes de Rega

Vias de Comunicação

Apenas 2,6% das 38 obras estudadas foram concluídas com um prazo final inferior ao inicial,

desta forma, o cenário de oportunidade englobou apenas uma obra pertencente à tipologia de

edifícios de habitação e serviços. Nesta obra a redução do prazo foi de 26,7% aquando da sua

conclusão. Relativamente ao cenário de ameaça, os resultados obtidos estão presentes na Figura 24.

Esta figura mostra que a média do aumento de prazo verificado foi entre 43,6% em obras de vias de

comunicação e 167,6% em obras de edifícios industriais.

O estudo do desvio de prazo por tipologia de obra mostra que em média o desvio verificado

teve um valor igual ao obtido para o cenário de ameaça, à excepção das obras de edifícios de

habitação e serviços em que se verificou um desvio médio do prazo de 92,8% (Figura 25).

Figura 24 - Aumento de prazo (%) por tipologia de obra.

Figura 25 – Análise do desvio de prazo (%) por tipologia de obra.

Page 66: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

48

44,0%

4,0%

16,0% 4,0%

20,0%

0,0%

0,0%

8,0% 0,0%

4,0%

Edifícios Habitação eServiços

Edifícios Industriais

Reabilitação de EdifíciosRedes de Rega

Vias de Comunicação

Obras com CI final superior ao contratual Obras com CI final inferior ao contratual

0%

20%

40%

60%

80%

100%

EdifíciosHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

33,3% 16,7%

100,0% 100,0%

66,7%

100,0% 83,3%

me

ro d

e o

bra

s (%

)

Obras com CI finais inferiores aos contratuais Obras com CI finais superiores aos contratuais

Variação dos Custos Indirectos

No estudo da variação dos custos indirectos foram obras analisadas 25 obras, uma vez que era

necessário ter-se acesso aos custos indirectos inicialmente previstos e aos custos indirectos reais

(Tabela 19).

Tabela 19 - Distribuição do número de obras estudadas por tipologia

Tipologia de

Obra

Edifícios Habitação

e Serviços

Edifícios

Industriais

Reabilitação

de Edifícios

Redes

de Rega

Vias de

Comunicação

Número de

Elementos 11 1 6 1 6

As obras em que se verificou um aumento de custos indirectos (88,0% do total de obras) estão

distribuídas por 5 categorias: 44% são obras de edifícios de habitação e serviços, 8% são obras de

edifícios industriais e redes de rega, 16% são obras referentes à tipologia de reabilitação de edifícios

e 20% são obras de vias de comunicação. Por outro lado, as obras em que se observou uma

diminuição dos custos indirectos (12,0% do total das obras) estão distribuídas por 2 categorias: 4,0 %

pertencem à tipologia de vias de comunicação e 8,0% são obras de reabilitação de edifícios (Figura

26).

.

Ao avaliarmos o desvio de custos indirectos por tipologia de obra constatou-se que em todas

as tipologias este desvio foi verificado em mais de 60% das obras (Figura 27).

Figura 27 – Distribuição da variação dos CI por tipologia de obra.

Figura 26 - Distribuição dos desvios de custos indirectos pela tipologia de obra.

Page 67: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

49

-29,3%

-18,6%

-8,7%

-13,6%

-35,0%

-30,0%

-25,0%

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

0,0% 20,0% 40,0%

Valo

r d

a d

imin

uiç

ão

do

s C

I (%

)

Vias de Comunicação

Diminuição máxima dos CI Diminuição mínima dos CI Diminuição média dos CI

Reabilitação de Edifícios

146,6%

1,4%

49,0%

15,6%

52,4%

6,6%

28,5%

116,0% 89,6%

13,0%

52,4%

0%

40%

80%

120%

160%

200%

240%

280%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Valo

r d

o a

um

en

to d

os C

I (%

)

Edifícios Habitação e

Reabilitação de Edifícios

Edifícios Industriais

Vias de Comunicação

Aumento máximo dos CI Aumento mínimo dos CI Aumento médio dos CI

Redes de Rega

O cenário de oportunidade, caso em que o efeito do desvio de CI é positivo, englobou 2 obras

de reabilitação de edifícios e 1 obra de vias de comunicação, uma vez que apenas nestas obras se

verificou uma diminuição dos custos indirectos em relação aos que foram previstos inicialmente.

Assim, o desvio médio de CI obtido para as obras de reabilitação de edifícios foi -13,6% (Figura 28).

Em relação à obra de vias de comunicação foi verificada uma diminuição dos custos indirectos de

29,3%.

Os resultados obtidos para o cenário de ameaça, caso em que o efeito do desvio de CI é

negativo, são os expostos na Figura 29. Por exemplo, se observarmos a Figura 29 verifica-se que no

caso das obras de edifícios de habitação e serviços, o valor máximo do aumento dos CI verificado foi

de 146,6%, o valor mínimo foi 1,4% e a média do aumento de CI neste tipo de obras foi de 49,0%.

Figura 28 – Diminuição dos CI (%) por tipologia de obra.

Figura 29 – Aumento dos CI (%) por tipologia de obra

Page 68: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

50

Trabalhos Não Contratualizados

Revisão de Preços

Indemnizações79,9%

9,0%

11,1%

49,0%

15,6% 14,5%

116,0%

38,7%

49,0%

15,6%

52,4%

-29,3%

116,0%

28,5%

-13,6%

-30%

0%

30%

60%

90%

120%

150%

180%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

dia

ΔC

I

Todas as obras Obras em que o CI diminuiu Obras em que o CI aumentou

Edifícios Hab. e Serviços

Edifícios Industriais

Reabilitação de Edifícios

Redes de Rega

Vias de Comunicação

Os dados obtidos para o desvio de custos indirectos por tipologia de obra são os que se

observam na Figura 30. Nesta figura pode-se constar que a média do desvio de CI verificado em

todas as tipologias de obra é positiva, com um valor superior a 14%.

3.5 Análise da informação das empreitadas de construção

3.5.1 Variações do valor de obra contratualizado

No decorrer da presente investigação verificou-se a ocorrência de desvios do valor de obra

(VO) contratualizado em todas as obras estudadas. Foram investigados os factores responsáveis por

esse aumento. Nas obras concluídas com um VO final superior ao previsto, verificou-se que os

desvios decorrem de indemnizações, revisão de preços (RP) e trabalhos não contratualizados (TNC).

Na Figura 31 pode-se observar o peso médio que estes factores têm no aumento do VO. Por

exemplo, em média, 79,9% do aumento do valor de obra deve-se aos trabalhos não contratualizados.

Figura 30 – Análise do desvio de CI (%) por tipologia de obra.

Figura 31 – Média dos TNC, RP e indemnizações no aumento do VO

Page 69: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

51

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

VO aumenta até 25% VO aumenta entre 25%a 50%

VO aumenta mais de50%

96,8

%

100,0

%

100,0

%

100,0

%

100,0

%

41,9

%

48,7

%

51,9

%

50,3

%

Edifícios de Habitação e Serviços Edifícios Industriais Redes de Rega Vias de Comunicação

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

VO aumenta até 25% VO aumenta entre25% a 50%

VO aumenta mais de50%

75,1% 78,5%

100,0%

14,4% 10,7% 10,5% 10,8%

Trabalhos Não Contratualizados Revisão de Preços Indemnizações

Na óptica de se obter uma maior informação sobre a influência dos TNC, RP e indemnizações

no aumento do VO, distribuiu-se o aumento do VO por 3 níveis, e verificou-se que, por exemplo, nas

obras em que o VO aumentou mais de 50%, esse aumento deveu-se inteiramente a TNC (Figura 32).

As contribuições médias de trabalhos não contratuais, revisão de preços e indemnizações no

aumento do valor de obra por tipologia de obra são apresentados na Figura 33, Figura 34 e Figura 35.

Figura 32 - Distribuição da variação do Valor de Obra.

Figura 34 – Valor médio da RP no aumento do VO por tipologia de obra.

Figura 33 – Valor médio dos TNC no aumento do VO por tipologia de obra.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

VO aumenta até 25% VO aumenta entre 25%a 50%

VO aumenta mais de50%

3,2%

58,1

%

26,3

%

21,9

%

24,3

%

Edifícios de Habitação e Serviços Edifícios Industriais Redes de Rega Vias de Comunicação

Page 70: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

52

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Custos Finais Custos Indirectos

85,0%

14,0%

15,0%

1,0%

C. Indirectos C. Directos O. Encargos Indirectos Encargos Estaleiro

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

VO aumenta até 25% VO aumenta entre 25%a 50%

VO aumenta mais de50%

25,0

%

26,2

%

25,4

%

Edifícios de Habitação e Serviços Edifícios Industriais Redes de Rega Vias de Comunicação

3.5.2 Encargos de estaleiro e custo final

A investigação realizada tem como objectivo a análise dos desvios de custos indirectos e

prazos sobre as obras de construção. Deste modo, realizou-se um estudo para perceber a influência

dos custos indirectos nos custos finais das empreitadas. Através desta análise verificou-se que em

média os custos indirectos representam 15% dos custos finais de uma obra, dos quais 14% são

referentes a encargos de estaleiro (Figura 36).

Ao analisar-se a influência dos custos indirectos nos custos finais das obras em função da

tipologia de obra, verificou-se que os custos indirectos representam, em média, entre 10,9% dos

custos finais em obras de edifícios industriais e 18,3% dos custos finais nas obras de redes de rega.

Relativamente à parcela dos encargos de estaleiro nos custos indirectos, observou-se que, em

média, a mesma variou entre 17,6 % nas redes de rega e 9,8% nos edifícios industriais (Figura 37 e

Figura 38)

Figura 35 – Valor médio das Indemnizações no aumento do VO por tipologia de obra.

Figura 36 - Média dos custos directos e indirectos no custo final das obras.

Page 71: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

53

3.5.3 Desvios e correcções de prazo

No decorrer do estudo, verificou-se a existência de diversas obras em que foram introduzidas

correcções de estaleiro na fase da proposta, mais especificamente, correcções relativas a reduções

de prazo. Do universo de 25 obras em que foi possível ter acesso às folhas de fecho com os dados

de estaleiro iniciais, verificou-se que em 72% das mesmas ocorreram correcções de estaleiro

relacionadas com reduções de prazo.

Contudo, constatou-se que nas obras em que foram efectuadas correcções relacionadas com a

redução de prazos, todas as obras foram concluídas com um prazo final superior ao inicialmente

previsto.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Edifícios deHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

84,1% 89,1% 85,0% 81,7% 86,9%

15,9% 10,9% 15,0% 18,3% 13,1%

% Custos Directos % Custos Indirectos

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

Edifícios deHabitação e

Serviços

EdifíciosIndustriais

Reabilitaçãode Edifícios

Redes deRega

Vias deComunicação

15,0%

9,8%

14,2% 17,6%

11,8%

0,9%

1,1%

0,9%

0,7%

1,3%

Encargos de Estaleiro Outros Encargos Indirectos

Figura 38 - Média dos EE e OEI nos CI finais por tipologia de obra.

Figura 37 – Média dos CD e CI no custo final por tipologia de obra.

Page 72: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

54

18,9%

87,4

%

60,6

% 1

60

,9%

135

,2%

150

,7%

34,0

%

1,7%

139

,3%

56,7

% 1

57

,8%

81,1

% 12,6%

39,4

%

-60,9

%

-35,2

%

-50,7

%

66,0

%

98,3

%

-39,3

%

43,3

%

-57,8

%

-100,0%

-50,0%

0,0%

50,0%

100,0%

150,0%

200,0%

15 16 17 18 19 21 23 24 25 29 33

∆𝐸𝐸

∆𝑀𝐵

∆𝑂𝐹

∆𝑀𝐵

67,7%

150,2%

75,4%

205,6%

72,2%

32,3%

-50,2%

24,6%

-105,6%

27,8%

-150,0%

-100,0%

-50,0%

0,0%

50,0%

100,0%

150,0%

200,0%

250,0%

26 27 28 30 31

∆𝐸𝐸

∆𝑀𝐵

∆𝑂𝐹

∆𝑀𝐵

∆𝐸𝐸

∆𝑀𝐵

∆𝑂𝐹

∆𝑀𝐵

15,7%

192,5%

41,7% 21,1% 6,7%

84,3%

-92,5%

58,3% 78,9% 93,3%

-150,0%

-100,0%

-50,0%

0,0%

50,0%

100,0%

150,0%

200,0%

250,0%

6 7 9 37 38

∆𝐸𝐸

∆𝑀𝐵

∆𝑂𝐹

∆𝑀𝐵

3.5.4 Encargos de estaleiro (EE) e margem de obra (MB)

Efectuou-se uma análise da variação dos encargos de estaleiro (ΔEE), variação dos outros

factores responsáveis pela variação da MB (ΔOF) e variação da margem bruta (ΔMB) por tipologia

das obras na qual se obtiveram os resultados que se podem observar nos gráficos da Figura 39 à

Figura 41. Por exemplo, se observarmos a Figura 40, constatamos que na obra 28 a variação dos

encargos de estaleiro representa 75,4% da variação da margem bruta da obra.

Figura 39 - Variação dos EE e variação da MB em obras de edifícios de habitação e serviços.

Figura 40 - Variação dos EE e variação da MB em obras de reabilitação de edifícios.

Figura 41 - Variação dos EE e variação da MB em obras de vias de comunicação.

Page 73: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

55

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

22,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sia

s M

O

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=1,5

160

,9%

91,2

%

1,7%

205

,6%

114

,2%

72,2

% 192

,5%

55,5

%

6,7%

-60

,9%

8,8%

98,3

%

-105

,6%

-14,2%

27,8%

-92,5

%

44,5

%

93,3

%

-150,0%

-100,0%

-50,0%

0,0%

50,0%

100,0%

150,0%

200,0%

250,0%

Máximo Média Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo Média Mínimo

Edif. Habitação e Serviços Reabilitação de Edifícios Vias de Comunicação

∆𝐸𝐸

∆𝑀𝐵

∆𝑂𝐹

∆𝑀𝐵

Nesta análise verificou-se que a média da variação dos encargos de estaleiro na variação da

margem bruta das obras em edifícios de habitação e serviços, reabilitação de edifícios e vias de

comunicação foi de 91,2%, 114,2% e 95,3% respectivamente (Figura 42)

3.5.5 Análise das curvas de estaleiro (MO, EQ, OEE e EE)

Um dos objectivos específicos da investigação prende-se com o estudo dos encargos de

estaleiro no decorrer do período de execução da obra. Para isso foram analisados os custos médios

mensais previstos e reais da mão-de-obra (MO), equipamentos (EQ), outros encargos de estaleiro

(OEE) e o total de encargos de estaleiro (EE) decorrentes no prazo de cada obra.

Curvas de estaleiro da mão-de-obra (MO)

Os custos médios mensais de mão-de-obra verificados nas obras de edifícios industriais (obra

8) e redes de rega (obra 34) são os que se apresentam na Figura 43 e Figura 44 respectivamente.

Figura 42 – Variação dos EE na variação da MB.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

MO

(%

do

to

tal

de

MO

)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previsto

k=3,1

Figura 43 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 8.

Figura 44 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 34.

Page 74: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

56

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,6

Tomando de exemplo a obra 34 (Figura 44), a análise dos gráficos referentes às curvas de

estaleiro deve ser feita tendo por base a leitura dos eixos da seguinte forma:

o eixo das abcissas representa o prazo real de obra decorrido, em que 0% identifica a

data de consignação da obra e os 100% a data da recepção provisória da obra;

o eixo das ordenadas representa os custos médios mensais de MO em percentagem

do respectivo (previsto ou real) total de MO.

Em todos os gráficos das curvas de estaleiro surge uma recta vertical a traço interrompido que

representa o momento em que terminou o prazo inicialmente previsto para a obra.

Assim, temos no caso da obra 34 (Figura 44) a verde a curva de estaleiro referente aos custos

médios mensais de mão-de-obra inicialmente previstos em função do custo total de mão-de-obra

previsto. Isto é, durante o decorrer do prazo inicialmente previsto foi estimado ter em média um custo

de mão-de-obra mensal de 8,3% do custo total de mão-de-obra previsto.

A azul, temos representado a curva de estaleiro alusiva aos custos médios mensais de mão-

de-obra reais em função do custo total de mão-de-obra real. Por exemplo, se olharmos para o ponto

referente aos 10% do prazo final, constatamos que o custo médio mensal verificado foi 2,0% do custo

total de mão-de-obra final. Por outro lado, se olharmos para o ponto referente aos 60% do prazo real,

observamos que o custo médio mensal verificado foi de 3,9% do custo total de mão-de-obra real.

As curvas de estaleiro referentes aos custos médios mensais previstos terminam em cada

gráfico no ponto em que terminou o prazo inicial previsto.

A interpretação dos gráficos de curvas de estaleiro referentes a equipamentos, outros encargos

de estaleiro e encargos de estaleiro é feita da mesma forma.

Nas obras de edifícios de habitação e serviços (obra 25, 33, 21, 29, 24 e 23) foram observados

os custos médios mensais de mão-de-obra que se explanam na Figura 45 a Figura 50.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=4,2

Figura 45 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 25.

Figura 46 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 33.

Page 75: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

57

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=1,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=3,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,2

As curvas de estaleiro alusivas à mão-de-obra obtidas para as obras de reabilitação de

edifícios (obra 27, 26, 28, 31, 30 e 32) apresentam-se na Figura 51 a Figura 56.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

MO

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=1,8

Figura 47 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 21.

Figura 48 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 29.

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=4,5

Figura 49 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 24.

Figura 50 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 23.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,6

Figura 51 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 27.

Figura 52 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 26.

Page 76: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

58

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,0

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=3,4

Relativamente às obras de vias de comunicação (obra 9, 7, 6, 37 e 38), os custos médios

mensais obtidos são os que se observam na Figura 57 a Figura 61.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

MO

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,1

Figura 53 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 28.

Figura 54 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 31.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,0

Figura 55 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 30.

Figura 56 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 32.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,4

Figura 57 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 9.

Figura 58 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 7.

Page 77: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

59

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

MO

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=2,3

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

MO

(%

do

to

tal d

e M

O)

Prazo MO realMO previstaPrazo inicial previsto

k=2,1

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(%

do

to

tal d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,6

Curvas de estaleiro de equipamentos (EQ)

As curvas de estaleiro referentes a equipamentos obtidas para as obras de edifícios de

habitação e serviços (obra 25, 33, 21, 29, 24 e 23) são as que se observam na Figura 62 a Figura 67.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

MO

(% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo MO real

MO prevista

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 59 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 6.

Figura 60 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 37.

Figura 61 - Custos médios mensais previstos e reais de MO no decorrer da obra 38.

Figura 62 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 25.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(%

do

to

tal d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=4,2

Figura 63 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 33.

Page 78: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

60

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=1,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=3,2

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(%

do

to

tal

de E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,2

Nas obras de reabilitação de edifícios (obra 27, 26, 28, 31, 30 e 32) as curvas de estaleiro

alusivas a equipamentos obtidas são as que se explanam na Figura 68 a Figura 73.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=1,8

Figura 64 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 21.

Figura 65 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 29.

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=4,5

Figura 66 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 24.

Figura 67 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 23.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,6

Figura 68 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 27.

Figura 69 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 26.

Page 79: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

61

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,0

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(%

do

to

tal

de E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=3,4

Nas obras de vias de comunicação (obra 9, 7, 6, 37 e 38) foram observados os custos médios

mensais de equipamentos que se apresentam na Figura 74 a Figura 78.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,1

Figura 70 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 28.

Figura 71 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 31.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,0

Figura 72 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 30.

Figura 73 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 32.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,4

Figura 74 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 9.

Figura 75 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 7.

Page 80: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

62

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,3

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=2,1

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

22,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(%

do

to

tal

de E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=1,5

As curvas de estaleiro de equipamentos referentes às obras de edifícios indústrias (obra 8) e

redes de rega (obra 34) são as que se observam na Figura 79 e Figura 80 respectivamente.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 76 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 6.

Figura 77 - Custos médios mensais previstos e finais de EQ no decorrer da obra 37.

Figura 78 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 38.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EQ

(% d

o t

ota

l d

e E

Q)

Prazo EQ real

EQ inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 79 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 8.

Figura 80 - Custos médios mensais previstos e reais de EQ no decorrer da obra 34.

Page 81: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

63

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=1,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=3,2

Curvas de estaleiro dos outros encargos de estaleiro (OEE)

Os custos médios mensais de outros encargos de estaleiro nas obras de edifícios de habitação

e serviços (obra 25, 33, 21, 29, 24 e 23) são os que se apresentam na Figura 81 a Figura 86.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=4,2

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=1,8

Figura 81 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 25.

Figura 82 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 33.

Figura 84 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 21.

Figura 83 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 29.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=4,5

Figura 85 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 24.

Figura 86 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 23.

Page 82: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

64

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,2

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(%

do

tta

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,0

As curvas de estaleiro das obras de reabilitação de edifícios (obra 27, 26, 28, 31, 30 e 32)

referentes a outros encargos de estaleiro são as que se explanam na Figura 87 a Figura 92.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

Figura 87 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 27.

Figura 88 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 26.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,1

Figura 89 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 28.

Figura 90 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 31.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,0

Figura 91 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 30.

Figura 92 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 32.

Page 83: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

65

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=3,4

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,3

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,1

Nas obras de vias de comunicação (obra 9, 7, 6, 37 3 38), os resultados obtidos para os custos

médios mensais de outros encargos de estaleiro são os que se apresentam na Figura 93 a Figura 97.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=2,4

Figura 93 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 9.

Figura 94 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 7.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 95 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 6.

Figura 96 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 37.

Figura 97 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 38.

Page 84: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

66

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

22,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=1,5

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

22,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=1,5

No que diz respeito às curvas de estaleiro de outros encargos de estaleiro das obras de

edifícios industriais (obra 8) e redes de rega (obra 34), obtiveram-se os resultados expostos na Figura

98 e Figura 99 respectivamente.

Curvas de estaleiro dos encargos de estaleiro (EE)

Os custos médios mensais previstos e reais dos encargos de estaleiro obtidos para as obras

de edifícios industriais (obra 8) e redes de rega (obra 34) são os que se apresentam nos gráficos das

curvas de estaleiro dos EE da Figura 100 e Figura 101 respectivamente.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

OE

E

(% d

o t

ota

l d

e O

EE

)

Prazo OEE real

OEE inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 98 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 8.

Figura 99 - Custos médios mensais previstos e reais de OEE no decorrer da obra 34.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 100 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 8.

Figura 101 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 34.

Page 85: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

67

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=1,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(%

do

to

tal

de E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=3,2

As curvas de estaleiro dos encargos de estaleiro relativas a obras de edifícios de habitação e

serviços (obra 25, 33, 21, 29, 24 e 23) são as que se observam na Figura 102 a Figura 107.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=4,2

Figura 102 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 25.

Figura 103 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 33.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=1,8

Figura 104 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 21.

Figura 105 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 29.

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

4,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=4,5

Figura 106 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 24.

Figura 107 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 23.

Page 86: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

68

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,2

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(%

do

to

tal

de E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,0

Nas obras de reabilitação de edifícios (obra 27, 26, 28, 31, 30 e 32), as curvas de estaleiro dos

encargos de estaleiro obtidas são as que se apresentam na Figura 108 a Figura 113.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,6

Figura 108 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 27.

Figura 109 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 26.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,1

Figura 110 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 28.

Figura 111 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 31.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,0

Figura 112 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 30.

Figura 113 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 32.

Page 87: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

69

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

me

ns

ais

EE

(%

do

to

tal

de

EE

)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=3,4

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,3

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,1

Em relação às obras de vias de comunicação (obra 9, 7, 6, 37 e 38) foram obtidos os custos

médios mensais previstos e reais de encargos de estaleiro que se explanam na Figura 114 a Figura

118.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=2,4

Figura 114 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 9.

Figura 115 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 7.

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Cu

sto

s m

éd

ios m

en

sais

EE

(% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo EE real

EE inicial

Prazo inicial previstok=3,1

Figura 116 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 6.

Figura 117 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 37.

Figura 118 - Custos médios mensais previstos e reais de EE no decorrer da obra 38.

Page 88: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

70

-5,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

0,0

%

10

,0%

20

,0%

30

,0%

40

,0%

50

,0%

60

,0%

70

,0%

80

,0%

90

,0%

10

0,0

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

3.5.6 Análise da variação dos encargos de estaleiro

Foi realizada uma análise entre a diferença dos custos médios mensais previstos (CMM

previstos) e os custos médios mensais reais (CMM reais) de encargos de estaleiro (EE) que

ocorreram durante o período de execução de cada uma das obras estudas, tendo sido obtidos os

resultados que se apresentam nos gráficos da Figura 119 à Figura 137.

Se tomarmos de exemplo a obra 6 (Figura 119), observamos tal como nos gráficos das curvas

de estaleiro, o prazo decorrido no eixo das abcissas, em que 0% corresponde à data de consignação

e os 100% representam a data de recepção provisória das obras. No eixo das ordenadas

apresentam-se os valores da diferença entre os custos médios mensais reais e previstos.

Se observarmos a Figura 119, verificamos que, por exemplo, aos 10% a diferença entre os

custos médios mensais reais dos EE (CMM reais EE) e os custos médios mensais previstos dos EE

(CMM previstos EE) foi de -4,3%. Isto significa que estava previsto inicialmente um custo médio

mensal de 6,2% (Figura 116) do total de encargos de estaleiro previsto e no decorrer da obra o custo

médio mensal verificado foi de 1,9% (Figura 116) do total de encargos de estaleiro real.

Todos os gráficos relativos à variação dos encargos de estaleiro possuem igualmente, à

semelhança dos gráficos das curvas de estaleiro, o ponto em que terminou o prazo inicial previsto,

representado pela recta vertical a traço interrompido.

Uma vez que os custos médios mensais dos EE previstos apenas foram estimados para o

prazo inicial previsto, a diferença entre os custos médios mensais só é possível até ao ponto que

marca o fim do prazo inicial, sendo que a partir desse ponto os valores lidos dos gráfios são os

mesmos que se lêem nos gráficos das curvas de estaleiro dos EE. Isto é, se olharmos para obra 6

(Figura 119) a partir do ponto em que terminou o prazo inicial previsto (69,9%) verifica-se um salto

para o ponto dos 70%, sendo o valor lido a partir deste ponto igual ao que se lê no gráfico da Figura

116.

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0,0

%

10

,0%

20

,0%

30

,0%

40

,0%

50

,0%

60

,0%

70

,0%

80

,0%

90

,0%

10

0,0

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

Figura 119 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 6.

Figura 120 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 7.

Page 89: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

71

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

0,0

%

10

,0%

20

,0%

30

,0%

40

,0%

50

,0%

60

,0%

70

,0%

80

,0%

90

,0%

10

0,0

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

0,0

%

10

,0%

20

,0%

30

,0%

40

,0%

50

,0%

60

,0%

70

,0%

80

,0%

90

,0%

10

0,0

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-5,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0,0

%

10

,0%

20

,0%

30

,0%

40

,0%

50

,0%

60

,0%

70

,0%

80

,0%

90

,0%

10

0,0

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

Figura 121 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 8.

Figura 122 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 9.

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

100

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

Prazo previsto inicial

Figura 123 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 21.

Figura 124 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 23.

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 125 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 24.

Figura 126 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 25.

Page 90: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

72

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-5,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 127 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 26.

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 128 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 27.

Figura 129 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 28.

Figura 130 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 29.

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 131 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 30.

Figura 132 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 31.

Page 91: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

73

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

100

%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo Prazo previsto inicial

CMM reais EE

CMM reais EE - CMM previstos EE

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

-5,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 133 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 32.

Figura 134 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 33.

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

0,0

%

10,0

%

20,0

%

30,0

%

40,0

%

50,0

%

60,0

%

70,0

%

80,0

%

90,0

%

100

,0%

Val

or

da

dif

ere

nça

en

tre

os

CM

M r

eai

s e

os

CM

M p

revi

sto

s d

os

EE

Prazo CMM reais EECMM reais EE - CMM previstos EEPrazo previsto inicial

Figura 135 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 34.

Figura 136 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 37.

Figura 137 - Variação dos encargos de estaleiro (EE) no decorrer da obra 38.

Page 92: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

74

Page 93: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

75

4 Discussão de Resultados

Apresentada a revisão de conhecimentos, onde foram expostos os estudos anteriormente

realizados sobre esta temática, nomeadamente quais as conclusões a que os mesmos chegaram,

explanaram-se os resultados obtidos na presente investigação. Neste capítulo, pretende-se uma

integração dos capítulos anteriormente mencionadas, isto é, discutir os resultados obtidos neste

estudo tendo por base as investigações já existentes.

4.1 Variações do valor de obra, margem, prazos e custos indirectos

Após o término da recolha e codificação dos dados históricos referentes às empreitadas alvo

de análise, iniciou-se a investigação pela avaliação das variações verificadas no valor de obra, na

margem, nos prazos e nos custos indirectos das obras.

4.1.1 Variação do valor de obra e da margem de obra

Os resultados obtidos permitiram concluir que o valor de obra aumentou em relação ao

estipulado inicialmente em 71,1% dos casos estudados com as obras de edifícios de habitação e

serviços e as obras referentes a vias de comunicação a contribuírem com maior parcela deste

aumento (36,8% e 23,7% dos casos estudados, respectivamente). É importante salientar que as duas

tipologias de obras referidas possuíam um número de amostra superior às restantes categorias em

que se verificou um aumento do VO, nomeadamente, redes de rega e edifícios industriais, como pode

ser visto na Tabela 18. Em relação às obras em que o valor de obra diminui (28,9% dos casos

estudos), a maior parcela deve-se a obras de reabilitação e edifícios (15,8% dos casos estudados).

Ao analisarmos estes dados verificamos que em todas as obras ocorreu um desvio orçamental

das obras que pode ser traduzido em prejuízos e em lucros para o empreiteiro, o que poderá

influenciar o sucesso do empreendimento. O estudo realizado por Frimpong et al. (2003) está em

consonância com a presente investigação, pois para estes autores o sucesso dos empreendimentos

depende, entre outros factores, do cumprimento do orçamento inicial. Pesko et al. (2013) também

defenderam o mesmo, referindo que o sucesso dos empreiteiros é dependente do cumprimento dos

custos do empreendimento. Segundo Aziz (2013b), a experiência e literatura de diversos países

revelaram que um empreendimento de sucesso deverá ser concluído dentro do orçamento previsto

inicialmente e, como tal, o desvio desse orçamento poderá representar o insucesso do

empreendimento, o que vai ao encontro dos resultados obtidos.

Objectivando a compreensão da variação do valor de obra dentro de cada tipologia de obra

analisada, encontraram-se resultados interessantes, nomeadamente nas obras de reabilitação de

edifícios. Nas 6 obras deste tipo analisadas ocorreu uma diminuição do valor de obra, o que poderia

ser visto como uma oportunidade por parte do dono de obra, contudo na óptica do empreiteiro esta

diminuição poderá representar também um risco que deve ser analisado com cuidado, pois as

margens da obra dependem do valor da obra. Neste caso verificou-se que a diminuição do valor de

obra não constitui um efeito positivo mas sim um efeito negativo para o empreiteiro, uma vez que em

Page 94: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

76

mais de metade das obras (66,7% das obras de reabilitação de edifícios) a margem final da obra foi

menor do que o que estava inicialmente previsto, o que se traduz num prejuízo para o empreiteiro.

Em relação ao aumento do valor de obra por tipologia de obra, verificou-se que em obras de

edifícios de habitação e serviços, este aumento ocorreu em 82,4% das obras deste tipo. No entanto,

apesar deste aumento poder significar um aumento da margem, verificou-se o contrário, pois 58,8%

destas obras forma concluídas com margens industriais negativas. Nas obras pertencentes à

categoria de vias de comunicação, a percentagem do número de obras em que o valor de obra foi

superior ao inicial foi de 90%, mas apesar deste aumento, verificou-se que apenas 50% das obras

sofreram um aumento da margem da obra, ao passo que 50% das mesmas viram a sua margem

bruta sofrer uma redução (Figura 13 e Figura 18).

Com o objectivo de se verificar a percentagem média do desvio do valor de obra por tipologia

de obra, realizaram-se dois tipos de estudo, um para o aumento e outro para a diminuição do VO,

como referido no capítulo 3 do presente trabalho.

No caso de ocorrência de um aumento do valor de obra, verificou-se que nos edifícios de

habitação e serviços este aumento foi em média de 32,2% em relação ao valor inicial. No entanto, é

importante salientar que o máximo verificado para o aumento do VO neste tipo de obras foi de 79%, o

que representa quase o dobro do valor inicial previsto para essa obra. No caso das obras de vias de

comunicação esta variação é menos acentuada, tendo no caso das obras com um aumento do VO,

um valor médio de aumento de 17,8% e máximo de 35,2%. Em obras referentes a edifícios de

habitação e serviços, embora o valor médio de aumento obtido seja de 32%, devido à variabilidade do

mesmo (79% de máximo e 7,2% de mínimo) não é possível concluir que neste tipo de obras o valor

médio de aumento do valor de obra é de 32%. Por sua vez, em obras de vias de comunicação, o

valor médio obtido foi de 17,8%, no entanto a variabilidade neste tipo de obras foi inferior (35,2% de

máximo e 4,3% de mínimo), o que permite concluir que o valor médio do aumento de valor de obra

neste tipo de obras é menos variável que o verificado nas obras de edifícios de habitação e serviços.

Na existência da diminuição do valor de obra, a categoria de obras com mais relevância é a

que engloba as obras de reabilitação de edifícios, tendo estas obras sofrido em média uma redução

de 6,4%, redução essa que foi pouco variável, entre 12,9% de máxima e 2,0% de mínima.

Em relação à variação da margem bruta das obras (MB), como referido no capítulo 3,

analisaram-se dois cenários. No caso do cenário oportunidade, verificamos que para as obras de

edifícios de habitação e serviços a percentagem média de ocorrência do aumento da MB é de 3,5%,

ao passo que no caso de obras de vias de comunicação o valor médio foi de 9,3%. Verificou-se uma

maior variação na margem das obras no segundo caso.

No que diz respeito ao cenário de ameaça (que corresponde à variação da MB com um efeito

negativo para as obras) os resultados obtidos (Figura 19) mostram que no caso dos edifícios de

habitação e serviços, apesar de existir uma obra em que ocorreu uma variação negativa da MB de

46,8%, obteve-se uma redução da margem média de 17,9%. O mesmo se verifica nas obras de

reabilitação de edifícios, que obtiveram um valor médio de redução de 5,4%. No caso das obras de

vias de comunicação, o valor médio foi de 14,1%, mas neste caso a variação foi maior, como pode

ser observado pelo valor mínimo (0,8%) e máximo (38,2%).

Page 95: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

77

25,3%

57,4%

-6,4%

10,5%

14,9%

-9,1%

7,1%

-3,2%

-17,9%

-2,4%

32,2%

57,4%

16,0% 17,8%

-17,9%

-5,4%

-17,9% -14,1%

-6,9% -6,4%

-0,6%

-10,7%

3,5%

7,1%

1,1%

9,3%

-20,0%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

0,0

%

20,0

%

40,0

%

60,0

%

80,0

%

100,0

%

120,0

%

140,0

%

160,0

%

180,0

%

200,0

%

Todas as obras (ΔVO) Todas as obras (ΔMB)

Obras em que o VO aumentou (ΔVO) Obras em que o VO diminuiu (ΔMB)

Obras em que o VO diminuiu (ΔVO) Obras em que o VO aumentou (ΔMB)

E.

Habitação

e S

erv

iços

Edifíc

ios

Industr

iais

Reabili

tação

E

difíc

ios

Redes

de

Re

ga

Via

s d

e

.

C

om

unic

ação

E.

Habitação

e S

erv

iços

Edifíc

ios

Industr

iais

Reabili

tação

E

difíc

ios

Redes

de

Re

ga

Via

s d

e

.

C

om

unic

ação

Com o objectivo de se ilustrar a tendência da variação do valor de obra e da margem bruta,

efectuaram-se análises entre a média global e as médias de aumento/redução para o caso da

variação do VO e médias ameaça/oportunidade no caso da variação da margem (Figura 138).

Se analisarmos a Figura 138 podemos concluir que, para as tipologias de obras com menor

número de amostras, a média global é igual à média do aumento do VO no caso das obras de

edifícios industriais, ao passo que nas obras de redes e rega, existe uma diferença entre a média

global e as médias de redução e aumento do VO. Todavia, pode verificar-se que a média global é

positiva, o que indica que neste tipo de obras existe uma maior probabilidade de ocorrerem aumentos

do VO em relação ao inicial. No que diz respeito à variação da margem, verifica-se que no caso dos

edifícios industriais, nas duas obras analisadas ocorreu, um aumento da margem bruta que poderá

estar associado ao facto de nestas obras ter ocorrido um aumento do VO. Contudo, no caso das

obras de redes de rega, apesar de apresentarem globalmente um aumento do VO, verifica-se que em

todas as empreitadas desta categoria ocorreu uma diminuição da MB, como se pode verificar pelo

facto da média global da MB ser igual à média de ameaça da MB.

Na análise das obras de reabilitação de edifícios conclui-se, como referido anteriormente, que

todas as obras (6 obras) sofreram uma diminuição do valor de obra como se comprova pela

igualdade entre a média global do VO e a média de redução do VO. Esta redução ganha maior

importância pelo facto de a média global da variação da margem das obras deste tipo ser negativa,

isto é, grande parte destas obras é concluída com margens brutas inferiores às iniciais.

Figura 138 - Médias da variação do valor de obra e da magem de obra.

Page 96: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

78

266,7%

31,3%

100,3% 83,3%

33,3% 56,1%

61,9%

10,5%

43,6%

0%

40%

80%

120%

160%

200%

240%

280%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0%

Valo

r d

o a

um

en

to d

o P

razo

(%

)

Edifícios Habitação e Reabilitação de Edifícios

Vias de Comunicação

Aumento máximo do prazo Aumento mínimo do prazo Aumento médio do prazo

Em relação às obras de edifícios de habitação e serviços, como mencionado previamente no

que diz respeito à variação do valor de obra, estas tendem a ser concluídas com um aumento do

valor de obra em média de 25,3%, em que apesar desta média global da variação do VO ser positiva,

a média global referente à variação da margem é de -9,1%, o que significa que em geral estes tipo de

obras tem uma diminuição do valor da margem bruta à data da conclusão da mesma. O mesmo

ocorre para as obras de vias de comunicação, sendo que neste caso a variação em geral é negativa,

assumindo geralmente um valor mais reduzido, mais especificamente de 2,4%.

Em suma, se não se levarem em conta as duas obras de edifícios industriais, poder-se-á dizer

que, globalmente, as obras tenderam a sofrer diminuições do valor da margem de obra no período de

análise, o que se traduziu em prejuízos para o empreiteiro e consequentemente o insucesso dos

empreendimentos de construção. Esta conclusão vai ao encontro do que foi referido por Baloi & Price

(2003), que apontaram as variações dos custos das obras como uma das causas responsáveis pelo

pior desempenho dos empreendimentos de construção.

4.1.2 Variação do prazo das obras

Na análise dos desvios de prazo verificados nas obras estudadas, apurou-se que 97,4% das

obras foram concluídas com um prazo final superior ao inicial. Por sua vez, no estudo do desvio de

prazos nas obras pertencentes à categoria de edifícios industriais, reabilitação de edifícios, redes de

rega e vias de comunicação, constatou-se que todas as obras terminaram com um prazo superior ao

inicial (Figura 23). Na investigação deste desvio verificou-se igualmente que nas obras de edifícios de

habitação e serviços o aumento de prazo surgiu em 94,1% dos casos, tendo ocorrido uma redução do

prazo final em relação ao inicial em apenas uma das obras desta categoria (5,9%).

A média relativa à variação do prazo (Figura 25), nas tipologias com maior número de obras,

variou entre 43,6% nas empreitadas de vias de comunicação e os 92,8% nas obras de edifícios de

habitação e serviços.

Em relação à variação do prazo das obras em que o prazo aumentou (Figura 139), conclui-se

que em obras de reabilitação de edifícios ocorreu em média um aumento de 56,1%, ao passo que em

obras de vias de comunicação o aumento médio verificado foi de 43,6%.

Figura 139 - Variação do prazo (%) nas obras em que o prazo aumentou.

Page 97: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

79

Os valores máximos e mínimos referentes ao aumento de prazo nas obras de reabilitação de

edifícios e vias de comunicação não variou muito como se pode ver na Figura 139, o que permite

concluir que futuramente, quando o empreiteiro orçamentar este tipo de obras, deverá ter em atenção

que estas obras poderão ter um risco associado ao desvio de prazo que deve ser tido em conta.

O mesmo pode ser referido para as obras de edifícios de habitação e serviços. No entanto,

este tipo de obras obteve uma média de aumento do prazo superior às obras referidas anteriormente

(100,3%). No entanto, é necessário ter algum cuidado na leitura deste valor médio, pois o valor

máximo verificado foi de 266,7%, ao passo que o valor mínimo assumiu o valor de 31,3%, o que

revela que este tipo de obras teve um grande intervalo de variação ao contrário do que ocorreu nas

obras de reabilitação de edifícios e vias de comunicação.

A Figura 140 ilustra a relação entre o desvio de prazo e as variações dos valores de obra e

margens brutas.

O gráfico da Figura 140 permite verificar que, nas 38 obras alvo de análise, a variação do VO é

superior nos casos em que ocorre um desvio de prazo entre os 50% e os 75% e para quando esse

desvio é superior a 100%. Apesar de não ser possível verificar directamente uma relação entre o

aumento de prazo com o aumento do valor de obra, constatou-se que em todos os intervalos se

obteve uma variação do VO superior a 15%, excepto no intervalo de desvio de prazo de 75% a 100%.

Em relação á variação da margem, apenas no caso em que o desvio de prazo é inferior a 25%, se

verificou um aumento da margem de obra, contudo salienta-se o facto de pertencerem a este

intervalo apenas 3 obras, sendo uma delas a única obra estudada em que ocorreu uma redução de

prazo. Nos restantes intervalos observa-se que a variação da margem das obras foi em média

negativa o que permite constatar que o aumento de prazos poderá traduzir-se numa causa da

variação negativa das margens das obras, que por conseguinte é uma causa que afecta o sucesso

dos empreendimentos de construção.

Vários autores (Aziz, 2013b; Frimpong et al., 2003; Pesko et al., 2013) referem os desvios de

prazos como causadores do insucesso dos empreendimentos construtivos. Esta causa é apontada

igualmente pelo relatório elaborado pela Ordem dos Engenheiros (2006) como problema corrente nas

Figura 140 - Relação da variação do VO e MB com o desvio de prazo.

17,1

%

15,1

%

19,3

%

7,7

%

18,4

% 13,2%

-11,6%

-5,1%

-21,3%

-6,2%

-25,0%

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

-25,0%

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

até 25% entre 25% e50%

entre 50% e75%

entre 75% e100%

superior a 100%

Valo

r m

éd

io d

a v

ari

ação

do

VO

(%

)

Valo

r m

éd

io d

a v

ari

ação

da

M

B (

%)

Desvio de prazo [-] VO MB

Page 98: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

80

empreitadas públicas portuguesas, indo ao encontro deste estudo, pois todas as obras de carácter

público sofreram aumentos de prazo em relação ao inicial.

Ahmed et al. (2002, citados por Kaliba et al., 2009) referiram que os aumentos de custos das

obras surgiam constantemente associados aos desvios de prazos. Esta relação ficou presente neste

estudo, pois como pôde ser observado, em todas as obras em que o desvio de prazo foi superior a

25% (35 obras) verificou-se que em média a variação da margem foi negativa, e uma vez que esta

resulta da diferença entre proveitos e custos, conclui-se que os custos finais em média foram

superiores aos proveitos. Esta relação entre aumento de custos devido ao desvio de prazo foi referia

igualmente por Aibinu & Jagboro, 2002; Kaliba et al., 2009 e Sambasivan & Soon, 2007.

4.1.3 Variação dos custos indirectos

Na análise da variação dos custos indirectos (CI), como referido no capítulo referente à

metodologia da investigação, o número de obras analisadas foi de 25 com a distribuição por tipologia

presente na Tabela 19. Nesta análise, as obras com maior amostra foram as referentes a edifícios de

habitação e serviços, reabilitação de edifícios e vias de comunicação, tendo sido constatado que

apenas nas duas últimas ocorreram reduções dos custos indirectos finais em relação aos iniciais.

No caso das obras pertencentes à categoria de edifícios de habitação e serviços, em todas as

obras obtiveram-se custos indirectos finais superiores aos iniciais, tendo os mesmos sofrido um

aumento médio de 49,0%, no entanto, existe uma grande variação entre o valor máximo (146,6%) e o

valor mínimo (1,4%). No caso das obras de reabilitação de edifícios e vias de comunicação o valor

médio global obtido foi de 14,5% e 38,7%. Porém, no caso das vias de comunicação, apenas uma

das obras obteve uma redução dos CI (Figura 28). Nesta caso se considerarmos apenas o aumento

dos custos directos, a média obtida sobe para 52,4%.

Se analisarmos o gráfico da Figura 30 observamos que todas as obras estudadas obtiveram

uma média global positiva, o que significa que em geral as obras estudadas tendem a sofrer

aumentos de custos indirectos. Uma vez que estes custos estão directamente relacionados com a

duração dos empreendimentos como referido por Xiong & Kuang (2008, citados por Lo & Kuo, 2013),

a variação destes depende do desvio de prazos, ao mesmo tempo que influencia os custos totais.

O estudo realizado tentou perceber esta influência sobre os custos finais e concluiu que em

média 15% dos custos finais ficam a dever-se a custos indirectos, que se dividem em encargos de

estaleiro (14%) e outros encargos indirectos (1%). Assim, se analisarmos as obras de edifícios de

habitação e serviços (Figura 29), concluímos que o aumento médio de 49% dos CI neste tipo de

obras terá em média um peso de 15,9% (Figura 37) para a variação dos custos finais das obras. O

mesmo se verifica nas obras de reabilitação de edifícios e vias de comunicação.

Os custos indirectos são indissociáveis dos prazos das obras. Os dados recolhidos permitem

concluir que um desvio do prazo provoca um desvio dos custos indirectos, que por sua vez irá

influenciar os custos totais da obra. Isto leva mais uma vez a que o empreiteiro durante a fase de

orçamentação de empreendimentos futuros deva ter em conta os dados relativos às obras ocorridas,

para que possa obter um bom desempenho nos novos empreendimentos, tal como foi referido por

Pesko et al. (2013). A medição dos resultados obtidos nos objectivos de um empreendimento de

Page 99: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

81

construção poderá indicar o desempenho conseguido no mesmo. Portanto, ao considerarmos que o

risco associado ao desvio dos custos indirectos é avaliado pelo potencial efeito deste desvio nos

objectivos previstos para o empreendimento, podemos concluir que a gestão do risco torna-se num

factor com influência importante no desempenho de empreendimentos, como referido por Baloi &

Price (2003). Assim, a variação destes custos poderá apresentar-se como uma incerteza que, tendo

em conta os resultados obtidos, traduzir-se-á com uma maior probabilidade num risco com efeito

negativo devido ao facto de 88% (Figura 11) das obras estudas apresentarem um aumento deste tipo

de custos.

4.2 Desvios do valor de obra contratualizado

Identificam-se algumas das causas responsáveis pelo desvio de custos na Tabela 20.

Tabela 20 - Algumas das causas responsáveis pelo desvio de custos encontradas na literatura

Causas

Sh

an

e e

t a

l. (

20

09

)

Hw

an

g e

t a

l. (

20

09

)

Ma

ha

mid

(2

01

3)

Me

rew

itz (

197

3)

Aziz

(2

013

a)

An

tun

es (

2012

)

Ord

em

dos

En

ge

nhe

iro

(2

00

6)

Co

uto

et a

l. (

20

05

)

Da

do

s o

btid

os n

o

pre

se

nte

estu

do

Erros, indefinições e alterações do projecto

X X X X X

79,9% Alterações do âmbito do empreendimento X X X X

Trabalhos a mais X

Revisão de preços X 11,1%

Indemnizações X 9,0%

No presente estudo verificaram-se directamente ou indirectamente as causas acima

enunciadas, pois como pode ser observado na Figura 31, 11,1% da variação do aumento do valor de

obra devem-se a revisão de preços ao passo qua as indemnizações têm um peso de 9% sobre essa

variação.

Todavia, a maior parcela responsável pela variação do aumento do valor de obra é a dos

trabalhos não contratualizados (79,9%), o que engloba causas como os erros e omissões do projecto,

as indefinições e alterações de projecto, as alterações do âmbito do empreendimento e os trabalhos a

mais, entre outras. Assim, pode-se concluir que existe uma grande probabilidade de ocorrência de

aumentos do valor de obra devido a constantes alterações dos Projectos que poderão traduzir-se em

aumentos de lucro para o empreiteiro, uma vez que estes trabalhos são orçamentados com valores

superiores ao que se verificariam no período de concurso. No entanto, como já foi visto

anteriormente, é necessário ter sempre em atenção a variação dos custos, pois na maioria das

ocasiões o aumento do valor de obra não se traduz num aumento da margem, mas sim na diminuição

da mesma.

Page 100: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

82

75%

23%

2%

Trabalhos NãoContratualizadosRevisão de Preços

Indemnizações

Na análise realizada aos desvios do aumento do valor de obra contratualizado verificou-se

ainda que para as obras em que o aumento do valor de obra ocorrido foi entre 50% a 100% do valor

inicial a única causa responsável foi a relativa a trabalhos não contratualizados.

Se analisarmos os desvios do valor de obra nas obras em que ocorreu uma diminuição do VO,

verifica-se que mesmo nestas obras ocorrem trabalhos que não estavam inicialmente

contratualizados, revisão de preços e indemnizações. Os valores médios de TNC, RP e

indemnizações obtidos para as obras concluídas com um valor de obra inferior ao previsto são os que

se apresentam Figura 141.

No que diz respeito às obras de vias de comunicação e de edifícios de habitação e serviços

(Figura 33, Figura 34 e Figura 35) verificou-se nas primeiras que a variação do aumento do valor de

obra depende em parte da revisão de preços e dos trabalhos não contratualizados no caso das obras

em que o aumento foi até 25%, e de trabalhos não contratualizados (48,7%), revisão de preços

(26,3%) e indemnizações (25,%) no caso em que as obras aumentaram 25% a 50%. Por outro lado,

nas obras de edifícios e serviços, o desvio do aumento do valor de obra observado deveu-se

praticamente a trabalhos não contratualizados, o que parece indicar que neste tipo de obras existe

uma grande probabilidade de ocorrerem trabalhos que não estavam previstos inicialmente e que tal

acontecimento deverá ser levado em conta na orçamentação de obras futuras pois, como visto

anteriormente, nem sempre o aumento do valor de obra se traduz em aumento da margem bruta.

4.3 Peso dos desvios de encargos de estaleiro no desempenho das obras

No ponto 4.1.3 da presente discussão conclui-se que em média 15% dos custos finais das

obras devem-se a custos indirectos. Contudo, 14 % destes custos devem-se a encargos de estaleiro

e os restantes a outros encargos indirectos. Assim, procurou-se estudar qual o impacto que a

variação destes encargos tem sobre a variação da margem das obras e consequentemente sobre o

sucesso dos empreendimentos de construção.

Na análise da Figura 39, em que se observa o peso dos encargos de estaleiro sobre a variação

da margem de obra, verifica-se que o peso dos encargos de estaleiro em obras de edifícios de

habitação e serviços é extremamente importante pois se não considerarmos a obra 15, 23 e 24 a

tendência é para que o peso seja superior a 50%, atingindo mesmo valores acima de 100% nas obras

Figura 141 – Média dos TNC, RP e Ind. na ΔVO em obras que o VO diminuiu.

Page 101: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

83

18, 19, 21, 25 e 33. Verificou-se igualmente nas obras de reabilitação de edifícios (Figura 40) que a

percentagem de encargos de estaleiro sobre a margem da obra é claramente superior a 65%, ao

passo que nas vias de comunicação (Figura 41) observou-se em geral um peso inferior a 50%,

exceptuando a obra 7 em que os encargos de estaleiro influenciaram claramente a percentagem da

variação da margem.

Também na Figura 42 onde se analisa o peso do valor médio dos encargos de estaleiro sobre

a variação da margem das obras conclui-se que para edifícios de habitação e serviços o valor médio

é de 91,1%, valor este que apresenta-se ligeiramente superior nas obras de reabilitação de edifícios

onde assume em média 114,2% de peso sobre a variação da margem da obra. Por último, observa-

se que em média os encargos de estaleiro das obras de vias de comunicação possuem um peso de

55,5% sobre a variação da margem deste tipo de obras.

Em suma, sendo os encargos de estaleiro claramente dependentes do prazo, ao ocorrer um

desvio de prazo, estes encargos irão aumentar, aumento esse que terá um impacto sobre a margem

das obras que segundo os resultados obtidos poderá ser significativo.

Conclui-se ainda, com os dados referidos no subcapítulo 3.5.3, que as estimativas erráticas

realizadas na orçamentação das obras, mais concretamente nos custos de estaleiro, levaram a

reduções do valor de estaleiro inicial devido a previsões de redução de prazo, o que não se veio a

verificar, pois todas as obras, em que esta redução foi feita, terminaram com um prazo final superior

ao previsto. Este problema das estimativas iniciais é referido na literatura como inadequada

estimativa dos custos e prazos (Fugar & Agyakwah-Baah, 2010, citados por Aziz, 2013b; Shane et al.,

2009; Aziz 2013a; Mahamid, 2011, citado por Mahamid, 2013; Mahamid, 2013).

4.4 Análise dos custos de estaleiro médios mensais previstos e reais

4.4.1 Obras cujo prazo previsto é inferior a 50% do prazo real

Deste universo fazem parte as obras 8, 25, 33 e 34. Na análise dos custos médios mensais

previstos e reais da empreitada 8, referentes à mão-de-obra (Figura 43), equipamentos (Figura 79) e

outros encargos de estaleiro (Figura 98), verificou-se que em todos estes encargos os custos reais

foram inferiores a metade dos custos que estavam previstos, o que se repercutiu no total dos custos

de estaleiro (Figura 100). Em relação às obras 25, 34 e 33 também se verifica que os custos médios

mensais dos encargos de estaleiro seguiram a mesma tendência, tendo neste caso sido obtido, a

partir de metade do prazo inicial, valores reais de MO, EQ e OEE com percentagens de metade do

que estava previsto. Com esta análise constatou-se que estes custos estão fortemente interligados

com o prazo, pois enquanto no caso da obra 8 o prazo inicial foi 33,3% do prazo final verificou-se,

como referido, que os custos médios mensais reais ocorridos neste período foram inferiores a metade

dos que estavam previstos, no caso das obras 25, 33 e 34, observou-se que os custos médios

mensais finais dos EE (Figura 102, Figura 103 e Figura 101 respectivamente) estão mais próximos da

metade dos valores previstos, o que se traduz no facto de nestas obras o prazo inicial ser próximo

dos 40% do prazo final.

Page 102: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

84

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

0,0

%

100

,0%

ΔEE da obra 8 no periodo de dilatação do prazo

ΔEE da obra 8 no periodo do prazo previsto

ΔEE da obra 33 no periodo de dilatação do prazo

ΔEE da obra 33 no periodo do prazo previsto

A

Conclusão do prazo previsto da obra 8 (33,3%)

B

Conclusão do prazo previsto da obra 33 (42,9%)

Esta conclusão é verificada igualmente através das curvas de variação do total de encargos de

estaleiro, uma vez que a relação entre o prazo previsto e real é tanto maior quanto mais próximas as

curvas estejam do eixo horizontal do lado negativo do eixo vertical. Por outro lado, caso as curvas de

variação do total de encargos de estaleiro estejam acima do eixo horizontal, significa que os custos

de estaleiro reais são superiores aos previstos, o que se traduzirá numa maior relação entre o prazo

previsto e o prazo real. A Figura 142 traduz isso mesmo, pois como podemos observa no caso da

obra 8 a área A está mais afastada da origem que a área B da obra 33, o que indica que no caso da

segunda a variação foi mais próxima de zero, e como verificado, esta obra obteve uma relação entre

o prazo inicial e final melhor que a obra 8 (42,9% na obra 33 contra 33,3% na obra 8).

Outra conclusão interessante que podemos tirar destas curvas é o facto de se analisarmos a

curva de encargos de estaleiro das obras 25, 33 e 8 (Figura 102, Figura 103 e Figura 100) juntamente

com as curvas de mão-de-obra destas obras (Figura 45, Figura 46 e Figura 43) observamos que em

ambas as obras as curvas têm um andamento semelhante. Isto permite concluir que neste tipo de

obras (edifícios) a parcela com maior peso sobre os encargos de estaleiro é a da mão-de-obra. O

mesmo pode ser constatado com a obra 34. Contudo, neste caso a curva do total de estaleiro (Figura

101) tem um andamento semelhante com a curva de equipamento (Figura 80), o que revela que

nesta obra a parcela com maior peso sobre os custos de estaleiro foram os equipamentos. Este

resultado torna-se ainda mais interessante pelo facto de a obra 34 não pertencer à categoria de

edifícios mas sim à tipologia de redes de rega, que é um tipo de obra onde são utilizados mais

equipamentos ditos pesados e com maiores custos do que os equipamentos utilizados nas obras de

edifícios.

Atente-se que foi admitido um pressuposto de que a classe de custos de equipamentos

correspondia aos custos indirectos, desprezando-se os equipamentos que eventualmente possam

estar afectos a produção directa. Neste caso teria de ser feita uma análise mais profunda para se

Figura 142 - Curvas de variação dos EE das obras 8 e 33.

Page 103: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

85

perceber se o maior peso dos equipamentos nos encargos de estaleiro são realmente devidos a

equipamentos de apoio ao estaleiro mais “pesados”.

4.4.2 Obras cujo prazo previsto representa 50% do prazo real

As obras pertencentes a este grupo são a obra 21 e 29, uma vez que no caso destas obra o

prazo inicialmente previsto para a conclusão dos trabalhos foi exactamente metade do prazo que na

realidade ocorreu. No seguimento da análise realizada no ponto anterior, pode-se observar que

nestas duas obras o andamento das curvas de encargos de estaleiro (Figura 104 e Figura 105) é

muito semelhante ao andamento das curvas de mão-de-obra (Figura 47 e Figura 48), o que vai ao

encontro do que foi dito anteriormente, pois estas duas obras pertencem à tipologia de edifícios e

como tal a fracção dos custos de estaleiro com maior peso é da mão-de-obra.

No que diz respeito ao facto destas duas obras possuírem um prazo final com o dobro do prazo

inicial, se observarmos as curvas do total de estaleiro e de mão-de-obra, em ambos os casos

verificamos que a curva dos custos reais tem um andamento próximo dos 50% dos gastos de

estaleiro previstos, como se pode observar na Figura 143.

Em relação às curvas de variação verificou-se que apesar de andarem um pouco afastadas da

origem, verificamos que neste caso a área A é semelhante à área B, que parece indicar que a

tentativa de poupar nos custos médios mensais verificados no decorrer do prazo inicial acabou por

ser gasto durante o restante prazo de obra, com a agravante da área B ser um pouco superior à área

A, que indica que os custos médios mensais finais foram um pouco superiores aos verificados

inicialmente (Figura 144).

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

CM

M M

O / k

(%

do

to

tal

de M

O)

CM

M E

E /

k (

% d

o t

ota

l d

e E

E)

Prazo

k= 1,2

EE real Prazo inicial previsto MO real

MO e EE previtos 50% dos (CMM / k)

Figura 143 - Curvas da MO e EE da obra 21

Page 104: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

86

4.4.3 Obras cujo prazo previsto representa entre 50% a 70% do prazo real

Este intervalo é constituído pelas obras 6, 7, 9, 23, 24, 26, 27 e 28, pois foi verificado nas

mesmas que a relação entre o prazo previsto inicial e final andava no intervalo entre 50% a 70% do

prazo real.

A primeira conclusão relativa às obras pertencentes a este intervalo prende-se com o

andamento das curvas de e encargos de estaleiro. Assim, verifica-se novamente que no caso das

obras 23 e 24 as curvas de encargos de estaleiro (Figura 107 e Figura 106) seguem um andamento

semelhante ao das curvas de mão-de-obra (Figura 50 e Figura 49), e sendo estas obras pertencentes

à categoria de edifícios, mais uma vez verifica-se como esperado que a parcela com maior peso no

total de estaleiro é a da mão-de-obra. Este fenómeno ocorre igualmente nas obras 26,27 e 28, como

pode ser observado no exemplo da Figura 145, pois apesar destas obras pertencerem à categoria de

reabilitação, essa reabilitação é referente a edifícios.

Figura 144 - Curva da variação dos custos médios mensais do EE da obra 29.

Figura 145 – Semelhança do andamento da curva de EE com a curva de MO (Obra 28).

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

CM

M M

O /

k (

% d

o t

ota

l de

MO

) C

MM

EE

/ k

(% d

o t

ota

l de

EE)

Prazo EE real MO real MO e EE previstos Prazo inicial previsto

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

0,0

%

100

,0%

ΔEE da obra 29 no periodo do prazo previsto

ΔEE da obra 29 no periodo de dilatação do prazo

Conclusão do prazo previsto da obra 29 (50%)

A

B

Page 105: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

87

No caso das obras 6,7 e 9, o andamento das curvas referentes ao total de estaleiro, apesar de

terem algumas semelhanças com o andamento das curvas de mão-obra, verifica-se que as mesmas

possuem influências das curvas referentes aos equipamentos, sugerindo tal como referido para as

redes de rega o, no ponto 4.4.1 da presente discussão, que por pertencerem à categoria de vias de

comunicação, os encargos com equipamentos assumam um maior peso sobre os custos de estaleiro.

No que diz respeito à relação entre os custos médios mensais dos encargos de estaleiro

previstos e reais, observou-se mais uma vez que nos casos das obras 24, 26 e 28 o andamento das

curvas de encargos de estaleiro reais (Figura 106, Figura 109 e Figura 110) aproximam-se mais do

que estava previsto inicialmente, pelo que isso se traduz no facto da relação entre o prazo inicial ser

mais perto dos 60%. No caso da obra 27 (Figura 108) verifica-se, quando comparada com as obras

24, 26 e 28, que a curva dos encargos de estaleiro tem um andamento mais afastado da curva

referente aos custos previstos inicialmente, o que se reflecte na relação entre o prazo inicial e final

que, neste caso, é mais próximo dos 50%.

Em relação às obras 6, 7, 9 e 23, verifica-se que o andamento das curvas dos encargos de

estaleiro da obra 9 e 23 (Figura 114 e Figura 107) é ligeiramente superior a metade da percentagem

referente aos gastos do total estaleiro que estavam previstos, o que se traduz numa relação, entre

prazo inicial e final, ligeiramente superior aos 60%. Por outro lado ao analisarmos as curvas das

obras 6 e 7 (Figura 116 e Figura 115), verificamos que em ambas o andamento da curva de total de

estaleiro é bastante mais próximo da curva referente ao total médio mensal previsto, ocorrendo

mesmo intervalos em que a curva de gastos reais estava acima da curva de gastos previstos, embora

mais acentuado na obra 6, o que se traduziu numa relação prazo inicial / final mais próxima dos 70%

(69,9% no caso da obra 6, e 66,7% no caso da obra 7).

No que concerne às curvas de variação dos custos médios mensais de total de estaleiro

podemos concluir através da Figura 146 que, no caso da área a verde da obra 27, esta encontra-se

mais afastada do eixo horizontal que indica que a diferença entre os custos médios previstos e reais

Figura 146 - Curvas de variação dos EE das obras 27 e 6.

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

0,0

%

100

,0%

ΔEE da obra 27 no periodo do prazo previsto

ΔEE da obra 6 no periodo do prazo previsto

ΔEE da obra 27 no periodo de dilatação do prazo

ΔEE da obra 6 no periodo de dilatação do prazo

Conclusão do prazo previstoda obra 27 (54,5%)

Conclusão do prazo previsto da obra 6 (69,9%)

Page 106: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

88

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

CM

M E

E (

% d

o t

ota

l d

e E

E)

CM

M E

Q (

% d

o t

oal

de E

Q)

CM

M M

O (

% d

o t

ota

l d

e M

O)

Prazo

EE real EQ real MO real Prazo inicial previsto

foi maior do que no caso da obra 6. Verificou-se igualmente que em ambas as curvas existe um

inflexão para o lado positivo do eixo vertical indicadora de que ocorreu um período em que os custos

médios mensais reais foram superiores aos previstos, no entanto, esta inflexão é bastante superior no

caso da obra 6 e como tal nesta obra o prazo inicial ficou mais próximo do prazo final (69,9%), do que

no caso da obra 27 (54,5%).

4.4.4 Obras cujo prazo previsto representa entre 70% a 90 % do prazo real

Deste universo fazem parte as obras 30, 31, 32, 37 e 38, e as conclusões são idênticas às

referidas nos pontos anteriores. Como tal, mais uma vez verificou-se que no caso das obras 30, 31 e

32 o andamento das curvas de total de estaleiro (Figura 112, Figura 111 e Figura 113) foi semelhante

ao das curvas relativas à mão-de-obra (Figura 55, Figura 54 e Figura 56), e pertencendo estas obras

à categoria de reabilitação de edifícios, vai ao encontro do que já foi mencionado anteriormente na

presente discussão. Em relação às obras 37 e 38, o andamento das curvas de total de estaleiro

(Figura 117 e Figura 118) assemelha-se às curvas de mão-de-obra (Figura 77 e Figura 78). No

entanto, nota-se que o efeito dos equipamentos nestas curvas se faz sentir novamente, o que vai ao

encontro do que foi mencionado anteriormente, uma vez que estas obras pertencem à tipologia de

vias de comunicação. As curvas relativas a mão-de-obra, equipamentos e encargos de estaleiro da

obra 37 são as que se podem observar na Figura 147.

No que diz respeito à relação entre os custos médios mensais dos encargos de estaleiro

previstos e reais com a relação entre o prazo inicial e final, verificou-se mais uma vez que quanto

mais as curvas relativas aos gastos médios mensais reais se aproximavam das curvas relativas aos

custos médios mensais previstos, melhor era a relação entre o prazo inicial e o prazo final, exemplo

disso é o caso da obra 38, em que esta relação do prazo foi de 90,5%, e como podemos observar na

Figura 148 apesar de a curva de gastos reais ter variado positivamente e negativamente em relação à

curva de gastos previstos, verificamos que a área a verde é semelhante à área vermelho, o que nos

Figura 147 - Andamento da curva de EE, EQ e MO (Obra 37).

Page 107: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

89

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

0%

10

%

20

%

30

%

40

%

50

%

60

%

70

%

80

%

90

%

10

0%

Cu

sto

s m

éd

ios

men

sais

EE

/ k

(%

do

to

tal d

e E

E)

Prazo

EE real EE previsto Prazo inicial previsto

indica que uma compensou a outra e que neste caso o problema para o atraso da obra parece ter

existido na fase inicial da obra.

Outra conclusão que se pode tirar da Figura 148 prende-se com o facto de no início, os custos

médios mensais reais serem inferiores aos previstos, o que sugere que a mobilização dos meios para

a obra foi realizada com algum atraso, o que se reflectiu no final da obra.

Figura 148 - Custos médios mensais previstos e finais dos EE durante a obra 38.

Page 108: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

90

Page 109: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

91

5 Conclusões

5.1 Apreciação global do trabalho realizado

O problema do desvio de custos e de prazos na indústria da construção não é um problema

actual, mas sim um problema que se tem vindo a verificar ao longo dos anos neste sector. Prova

disso é o facto de Avots já em 1983 (citado por Aziz, 2013a) ter referido a existência de vários

factores que poderiam afectar a variação de custos das obras. O mesmo acontece com o desvio de

prazos, pois em 1991, Ubai (citado por Aziz, 2013b) reportou que o principal factor responsável pelos

atrasos era o desempenho dos empreiteiros.

Assim sendo, o desvio de prazos e custos é um problema que continua a afectar a construção

de empreendimentos e consequentemente as empresas de construção nacionais. Realizou-se o

presente estudo com o objectivo de tentar perceber melhor os desvios que se verificam na realidade

e as possíveis causas desses desvios com o intuito de criar uma base de dados, com a informação

dos efeitos e causas de desvios ocorridos no passado, que possa ser utilizada no processo de gestão

do risco de obras futuras.

O estudo realizado revelou dados importantes, que importam realçar, nomeadamente que

ocorrem constantemente aumentos do valor de obra em relação ao que estava previsto inicialmente.

Este factor poderá induzir-nos a pensar que isso poderá ser uma oportunidade para o empreiteiro,

possibilitando o aumento da sua margem da obra e consequentemente os seus lucros, contudo, isto

não é verificado pois constatou-se que, em várias obras, apesar de ter ocorrido um aumento do valor

de obra, a margem não aumentou, mas sim diminuiu.

Outra das conclusões a que se chegou prende-se com o facto de que existe uma clara relação

entre os custos indirectos e o prazo das obras, pois na grande maioria das obras ocorreram

aumentos de prazo, e os custos indirectos seguiram esta tendência. Outra conclusão retirada prende-

se com o facto dos encargos de estaleiro representarem em média 93,3% dos custos indirectos.

Posto isto verificou-se que a variação dos prazos de obra afecta claramente a variação dos encargos

de estaleiro que por sua vez têm um impacto bastante considerável sobre a margem da obra.

A relação entre os encargos médios mensais de estaleiro previstos com os encargos médios

mensais de estaleiro reais e a correspondente relação com o desvio de prazo também ficou bem

patente, pois verificou-se que quanto mais os encargos médios mensais de estaleiro se aproximavam

dos previstos menor era o desvio do prazo final em relação ao inicial.

Na análise das curvas de estaleiro verificou-se igualmente que, consoante a tipologia de obra,

existem semelhanças entre o andamento da curva relativa ao total de encargos de estaleiro e a

parcela dos encargos de estaleiro com maior peso sobre esse total. Como verificado no caso de

obras de edifícios a parcela mais importante do estaleiro era a da mão-de-obra, enquanto nas obras

de vias e redes de rega a parcela com maior peso era igualmente a referente à mão-de-obra, todavia,

nestas duas tipologias de obra, existe uma maior influência da parcela relativa a equipamentos. Esta

conclusão torna-se importante pelo facto de, por exemplo, em obras futuras de edifícios, na

estimativa e controlo dos custos de estaleiro, ser dada uma maior atenção aos encargos referentes à

mão-de-obra.

Page 110: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

92

Com o presente estudo constatou-se que a variação dos encargos de estaleiro tem influência

sobre a variação da margem da obra, e uma vez que a variação dos encargos de estaleiro poderá ser

devia a: atrasos da obra; maior carga de estaleiro; ou ambas as situações. A leitura dos gráficos das

curvas de estaleiro aponta para que a essa variação seja devida aos atrasos verificados nas obras.

5.2 Avaliação da realização dos objectivos da dissertação

No início da presente dissertação foram apresentados diversos objectivos específicos com

vista à obtenção do objectivo geral de analisar os desvios de prazos e custos indirectos em obras

concluídas. Os objectivos então estabelecidos foram:

1. Verificar a Existência de desvios de Valor de Obra (VO) e Margem Bruta da Obra (MB);

2. Verificar a ocorrência de desvios de Prazo e Custos Indirectos (CI) nas obras de

construção;

3. Analisar os factores de desvio do Valor de Obra contratualizado;

4. Verificar o peso dos Encargos de Estaleiro nos custos das obras;

5. Analisar o efeito dos desvios de Encargos de Estaleiro na variação da Margem de Obra;

6. Analisar os Encargos de Estaleiro durante o decorrer do prazo de execução da obra e a

sua relação com os desvios de prazo.

Relativamente ao primeiro e segundo objectivo, considera-se que ambos foram atingidos, uma

vez que se verificou que existiram desvios de prazo, valor de obra, margem e custos indirectos em

todas as obras analisas.

No que diz respeito aos factores responsáveis pelo desvio do valor de obra contratualizado,

objectivo terceiro, conclui-se que as causas encontradas iam ao encontro de alguns factores referidos

na literatura. Porém para uma melhor percepção das causas responsáveis pela parcela referente a

trabalhos não contratualizados, verificou-se a necessidade de estudar um pouco mais sobre eles,

como se aconselha no capítulo referente a estudos futuros.

O objectivo 4 foi igualmente atingido, tendo-se verificado que de facto os encargos possuem

um peso sobre os custos totais de obra que não deve ser desprezado.

Em relação ao quinto objectivo, considera-se que o mesmo foi obtido, no entanto salienta-se

que o efeito da variação dos encargos de estaleiro sobre a variação da margem deverá ser alvo de

um estudo mais aprofundado.

Por último, considera-se que o sexto objectivo foi concluído. Na análise dos encargos de

estaleiro no decorrer do prazo real da obra e sua comparação com os previstos obtiveram-se

conclusões importantes, nomeadamente, o facto do prazo e os encargos de estaleiro possuíram uma

ligação muito relevante que deve ser levada em conta pelos empreiteiros.

5.3 Limitações da investigação

O estudo realizado teve por base uma amostra de 38 obras, no entanto as obras analisadas

tiveram uma grande parcela relativamente a obras de edifícios de habitação e serviços, e uma

Page 111: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

93

parcela considerável em relação a obras de reabilitação de edifícios e vias de comunicação. Como tal

aconselha-se prudência na leitura dos dados relativos a obras pertencentes às categorias de edifícios

industriais e de redes de rega, nos quais o número de obras analisadas foi de apenas 2 no caso de

edifícios industriais e 3 no caso de redes de rega.

Os dados relativos à influência da variação dos encargos de estaleiro sobre a variação da

margem das obras devem igualmente ter uma interpretação cuidada, pois como referido, deverá ser

feita uma investigação mais detalhada sobre este efeito.

Em relação ao estudo realizado sobre a evolução dos encargos médios mensais de estaleiro

ao longo do prazo da obra destaca-se o facto de não ter sido possível realizar curvas referentes a

materiais e subempreitadas de estaleiro, devido ao facto de não ser possível saber os dados finais

referentes a estas actividades de estaleiro.

5.4 Contribuição para o conhecimento da indústria da construção

Na investigação realizada obtiveram-se dados históricos importantes sobre os desempenhos

das obras analisadas, mais concretamente no que diz respeito ao desvio de prazos, valor de obra,

margens e encargos de estaleiro, o que permite às empresas disporem de informação mais detalhada

e específica na hora de tomarem decisões sobre empreendimentos futuros.

Constatou-se igualmente o potencial que os dados históricos poderão representar nas

estimativas de custos e prazos durante a fase da orçamentação dos empreendimentos de

construção.

Conclui-se assim que, uma vez que a indústria da construção possui uma grande influência

sobre a economia de todos os países (Leibing, 2001, citado por Mahamid, 2013), é necessário

controlar com maior eficiência os desvios de custos e prazos, para que os empreendimentos de

construção sejam cada vez mais concluídos com sucesso. Entende-se por isso, que a gestão do risco

associada ao uso de dados históricos apresenta-se como uma mais-valia para as empresas de

construção na óptica destas garantirem a sua sustentabilidade, executarem empreendimentos

construtivos de sucesso e aumentarem desta forma os seus lucros.

O estudo realizado aponta também a necessidade da existência de uma maior

homogeneização, no que se refere à definição das actividades construtivas, entre os departamentos

responsáveis pela orçamentação, os responsáveis pela gestão das obras e os responsáveis pelos

registos dos dados financeiros (custos reais) (e.g. melhor definição do que são actividades de

estaleiro ou não, nomeadamente materiais, equipamentos, subempreitadas).

5.5 Propostas de desenvolvimento futuro

Do conhecimento adquirido no decorrer do trabalho realizado, do curso, de estágios

profissionais realizados e, da análise das conclusões obtidas na presente dissertação, fica o

sentimento da importância da investigação e a necessidade da mesma ser continuada com a

perspectiva de se tornar o sector da construção mais sustentável e eficiente. Apresentam-se em

seguida algumas propostas de estudos a desenvolver no futuro:

Page 112: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

94

Na óptica do desenvolvimento da base de dados:

Análise de desvios de custos e prazos em grandes obras de arte;

Análise de desvios de custos e prazos em obras marítimas;

Estudo mais detalhado das causas responsáveis pelos desvios de prazo e custos na

construção;

Análise estatística da influência dos encargos de estaleiro sobre as margens brutas

das obras;

Desenvolvimento de uma estrutura de registo que permita uma homogeneização no

controlo e gestão das actividades de construção, para todos os departamentos da

empresa.

Na perspectiva do desenvolvimento da gestão do risco:

Desenvolvimento de uma base de dados dos eventos, incertezas e riscos de desvios

ocorridos em empreendimentos anteriores;

Desenvolvimento de uma base de dados com medidas de correcção e soluções

aprendidas com empreendimentos anteriores;

Desenvolvimento de um software de gestão do risco que permita a incorporação uma

base de dados históricos;

Page 113: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

95

6 Referências Bibliográficas

Publicações

Aibinu, A. A., & Jagboro, G. O. (2002). The effects of construction delays on project delivery in Nigerian construction industry. International Journal of Project Management, 20(8), 593–599.

Almeida, N. M. (2012). Calendarização de empreendimentos e obras - Aulas de Economia e Planeamento na Construção.

Al-Momani, A. H. (2000). Construction delay: a quantitative analysis. International Journal of Project Management.

Antunes, P. A. L. D. (2012). DESVIOS DE PRAZOS E DE CUSTOS NA EXECUÇÃO DE EMPREITADASDE OBRAS PÚBLICAS. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Assaf, S. A., & Al-Hejji, S. (2006). Causes of delay in large construction projects. International Journal of Project Management, 24(4), 349–357.

Aziz, R. F. (2013a). Factors causing cost variation for constructing wastewater projects in Egypt. Alexandria Engineering Journal, 52(1), 51–66.

Aziz, R. F. (2013b). Ranking of delay factors in construction projects after Egyptian revolution. Alexandria Engineering Journal, 52(3), 387–406.

Baloi, D., & Price, A. D. F. (2003). Modelling global risk factors affecting construction cost performance. International Journal of Project Management.

Cheng, M.-Y., Hoang, N.-D., & Wu, Y.-W. (2013). Hybrid intelligence approach based on LS-SVM and Differential Evolution for construction cost index estimation: A Taiwan case study. Automation in Construction, 35, 306–313.

Couto, J. P., Manuel, J., & Teixeira, C. (2005). As Consequências do Incumprimento dos Prazos para a Competitividade da Indústria de Construção – Razões para os Atrasos. In 3

a Conferência

ENGENHARIA`2005.

Dias, L. A. (2012). Organização e Gestão de Obras. Lisboa: Instituto Superior Técnico.

Doloi, H., Sawhney, A., Iyer, K. C., & Rentala, S. (2012). Analysing factors affecting delays in Indian construction projects. International Journal of Project Management, 30(4), 479–489.

Domingues, S., Almeida, N. M. De, & Sousa, V. (2012). GESTÃO DO RISCO - A PERSPECTIVA DA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO. Congresso Construção 2012, 1–12.

Eden, C., Williams, T., & Ackermann, F. (2005). Analysing project cost overruns: Comparing the “measured mile”; analysis and system dynamics modelling. International Journal of Project Management, 23(2), 135–139.

Eurostat. (2014). Construction cost index overview, (June), 1–4.

Frimpong, Y., Oluwoye, J., & Crawford, L. (2003). Causes of delay and cost overruns in construction of groundwater projects in a developing countries; Ghana as a case study. International Journal of Project Management, 21(5), 321–326.

Page 114: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

96

ISO 21500:2012. (2012). Guidance on project management. International Organization for Standardization (ISO), 1–36.

ISO GUIDE 73:2009. (2009). GUIDE 73 Risk management — Vocabulary. International Organization for Standardization (ISO), 1–24.

Iyer, K. C., & Jha, K. N. (2005). Factors affecting cost performance: evidence from Indian construction projects. International Journal of Project Management.

João Pedro Cou. (2007). Incumprimento dos prazos na construção. areopagum.site11.com. Universidade do Minho.

Kaliba, C., Muya, M., & Mumba, K. (2009). Cost escalation and schedule delays in road construction projects in Zambia. International Journal of Project Management, 27(5), 522–531.

Lo, W., & Kuo, M.-E. (2013). Cost impact of float loss on a project with adjustable activity durations. Journal of the Operational Research Society, 64(8), 1147–1156.

Love, P. E. D., & Sing, C.-P. (2013). Determining the probability distribution of rework costs in construction and engineering projects. Structure and Infrastructure Engineering, 9(11), 1136–1148.

Lu, Y., Luo, X., & Zhang, H. (2011). A Gene Expression Programming Algorithm for Highway Construction Cost Prediction Problems. Journal of Transportation Systems Engineering and Information Technology, 11(6), 85–92.

Luu, V. T., Kim, S. Y., Nguyen, V. T., & Ogunlana, S. O. (2009). Quantifying schedule risk in construction projects using Bayesian belief networks. International Journal of Project Management, 27(1), 39–50.

Mahamid, I. (2013). Effects of project’s physical characteristics on cost deviation in road construction. Journal of King Saud University - Engineering Sciences, 25(1), 81–88.

Marzouk, M. M., & El-Rasas, T. I. (2014). Analyzing delay causes in Egyptian construction projects. Journal of Advanced Research, 5(1), 49–55.

Ministério das Obras Públicas, T. e H. (2004). Decreto-Lei no6/2004. Diário Da República, I Série, 62–

67.

Moon, S. W., Kim, J. S., & Kwon, K. N. (2007). Effectiveness of OLAP-based cost data management in construction cost estimate. Automation in Construction, 16(3), 336–344.

Mubarak, S. (2010). Construction project scheduling and control (Second Edi., p. 460). New Jersey: John Wiley & Sons,Inc.

Mungle, S., Benyoucef, L., Son, Y.-J., & Tiwari, M. K. (2013). A fuzzy clustering-based genetic algorithm approach for time–cost–quality trade-off problems: A case study of highway construction project. Engineering Applications of Artificial Intelligence, 26(8), 1953–1966.

Neuman, W. L. (2006). Social Research Methods: Qualitative and Quantitative Approaches (6o

Edição., pp. 1–47). Pearson International Edition.

NP ISO 31000:2009. (2013). Gestão de Risco: Princípios e linhas de orientação. International Organization for Standardization (ISO), 1–30.

Odeh, A. M., & Battaineh, H. T. (2002). Causes of construction delay: traditional contracts. International Journal of Project Management, 20(1), 67–73.

Page 115: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

97

Oh, C. D., Park, C., & Kim, K. J. (2013). An approximate cost estimation model based on standard quantities of steel box girder bridge substructure. KSCE Journal of Civil Engineering, 17(5), 877–885.

Ordem dos Engenheiros. (2006). Recomendações da Ordem dos Engenheiros para a redução dos desvios de custos e de prazos em empreitadas de Obras Públicas.

Paraskevopoulou, C., & Benardos, A. (2013). Assessing the construction cost of Greek transportation tunnel projects. Tunnelling and Underground Space Technology, 38, 497–505.

Pesko, I., Trivunic, M., Cirovic, G., & Mucenski, V. (2013). A PRELIMINARY ESTIMATE OF TIME AND COST IN URBAN ROAD CONSTRUCTION USING NEURAL NETWORKS. TEHNICKI VJESNIK-TECHNICAL GAZETTE, 20(3), 563–570.

Sambasivan, M., & Soon, Y. W. (2007). Causes and effects of delays in Malaysian construction industry. International Journal of Project Management, 25(5), 517–526.

Shane, J. S., Molenaar, K. R., Anderson, S., & Schexnayder, C. (2009). Construction Project Cost Escalation Factors. Journal of Management in Engineering.

Skitmore, R. M., & Ng, S. T. (2003). Forecast models for actual construction time and cost. Building and Environment, 38(8), 1075–1083.

Sousa, V. F. e. (2012). Gestão do Risco na Construção - Aplicação a Sistemas de Drenagem Urbana. Instituto Superior Técnico.

Sweis, G., Sweis, R., Abu Hammad, A., & Shboul, A. (2008). Delays in construction projects: The case of Jordan. International Journal of Project Management, 26(6), 665–674.

Timelink. (2014). Sistema Candy CCS. Retrieved September 24, 2014, from http://timelink.pt/sistema-candy-2/?lang=pt-pt

Williams, T. P., & Gong, J. (2014). Predicting construction cost overruns using text mining, numerical data and ensemble classifiers. Automation in Construction, 43(0), 23–29.

Documentos Normativos

ISO 21500:2012. (2012). Guidance on project management. International Organization for Standardization (ISO), 1–36.

ISO GUIDE 73:2009. (2009). GUIDE 73 Risk management — Vocabulary. International Organization for Standardization (ISO), 1–24.

Ministério das Obras Públicas, T. e H. (2004). Decreto-Lei no6/2004. Diário Da República, I

Série, 62–67.

NP ISO 31000:2009. (2013). Gestão de Risco: Princípios e linhas de orientação. International Organization for Standardization (ISO), 1–30.

Page 116: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

98

Page 117: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

99

ANEXOS

Page 118: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 119: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

A-1

A Anexo – Folha de Fecho

FOLHA DE FECHO Designação da Obra: Construção do Empreendimento Atlândia Resort & SPA

Cliente: Grupo Antunes & Gonçalves

Localização: Açores

Tipo de Obra: Hoteis e SPA's

Tipologia de Obra: Edifícios de Habitação e Serviços Prazo inicial: 16

Descrição Fecho Comercial

Codigos sem CP sem CP com CP

CUSTOS

CUSTO DIRECTO

Custos Directos

Mão de Obra

Aplicação betão 4,00% 45.735,50 43.906,08 MOBET

Moldagem aço 6,50% 75.015,50 70.139,49 MOARM

Subtotal Mão de Obra 120.751,00 114.045,57

Materiais

Betão 15,00% 877.676,30 746.024,86 MATBET

Aço 5,00% 443.803,20 421.613,04 MATARM

Pré-Fabricação de Betão 11,00% 22.475,00 20.002,75 MATPREFRABET

Madeiras para acabamentos 0,00% 6.000,00 6.000,00 MATMAD

Isolamento e Impermeabilização 2,50% 8.000,00 7.800,00 MATIMP

Subtotal Materiais 1.357.954,50 1.201.440,65

Subempreitadas

Movimentos de terras 15,00% 584.500,00 496.825,00 SUBMOVTER

Fundações 12,50% 685.000,00 599.375,00 SUBPAVGERAL

Caixilharia, fachada e vidro 12,50% 500.000,00 437.500,00 SUBACUS

Carpintarias 20,00% 450.000,00 360.000,00 SUBSEGSIN

Tectos e Divisórias 20,00% 400.000,00 320.000,00 SUBELET

Pinturas 15,00% 548.100,00 465.885,00 SUBPREBET

Estrutura Metálica 12,50% 450.000,00 393.750,00 SUBCOF

Revest. Linóleo "FORBO" 12,50% 120.000,00 105.000,00 SUBESCO

Subtotal Subempreitadas 3.737.600,00 3.178.335,00

Subtotal Custos Directos [1] 5.216.305,50 4.493.821,22

Optimizações

Coef. de praça -722.484,28 CPRAÇA

Subtotal Optimizações [2] -905.564,28 -905.564,28

Total Custos Directos [3]=[1]+[2] 4.310.741,22

A Anexo - Folha de Fecho

Page 120: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

A-2

Custos Indirectos

Encargos Estaleiro

Mão de obra 500.000,00 MO

Equipamento 300.000,00 EQ

Materiais 35.000,00 MTEE

Outros Encargos 70.000,00 OEE

Subempreitadas 10.300,00 SUBEE

Subtotal Encargos Estaleiro 915.300,00

Optimizações Estaleiro

Correcções de Estaleiro 70.000,00

Subtotal Optimizações Estaleiro 70.000,00

Subtotal Custos Estaleiro [4] 985.300,00

Outros Encargos Indirectos

Encargos Estrutura 5,00% 258.618,00

Seguros 0,50% 37.295,00 SEGUROS

Montagem de Negócios MN

S.A.V. 0,50% 37.295,00 SAV

Selos e Garantias 0,32% 23.869,00 SG

Encargos Financeiros EF

Contrato 0,10% 7.459,00 NOTARIADO

Subtotal Outros Encargos Indirectos [5] 364.536,00

Total Custos Indirectos [6]=[4]+[5] 1.349.836,00

TOTAL CUSTOS 5.660.577,22

VALOR DE VENDA 5.390.700 €

Page 121: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

B-1

B Anexo – Balancete de Obra

Exemplo ilustrativo dos balancetes de obra analisados

Classes de custo Acumulado à Data Códigos

63250000 Ordenados e Salários 540.000,00-

63460000 Horas Extra 3.500,00-

63510200 Ajudas de Custo 120.000,00-

63325000 Deslocações 14.000,00-

63026000 Prémios -16800

63517000 Sub. Refeição 5.000,00-

Mão de Obra 699.300,00- MO

61217000 MP – Betão 15.000,00- MATBET

61217003 MP – Aço 12.000,00- MATARM

61217013 MP - Pré-Fabrico Betão 450.000,00- MATPREFRABET

61217020 MP – Madeira 8.450,00- MATMAD

Materiais 485.450,00-

62148002 Aluguer de Viaturas 24.000,00- VMISTAS

62610003 Aluguer Gruas 51.200,00- GRUAS

62610006 Ar Comprimido 31.000,00- ARCOMPRIM

62610009 Aluguer Viaturas Pesadas 380.150,00- VPESADAS

62610011 Trabalhos Oficinais 15.740,00- OUTROSEQ

Equipamentos 502.090,00-

62210001 Vigilância 5.000,00- VIGILANCIA

62210002 Deslocações 800,00- DESLOCACOES

62210003 Comunicações Correio 250,00- CORREIO

62230000 Seguros Obras 145.000,00- SEGUROS

62230040 Garantias Bancárias 150.000,00- IMPUTCPROJE

Gastos Gerais 301.050,00-

62110009 Cofragem 20.000,00- SUBCOF

62110010 Coberturas 46.000,00- SUBCOB

62120000 Corte Betão 14.000,00- SUBBET

62120001 Instalações Eléctricas 875.000,00- SUBELET

Subempreiteiros 955.000,00-

TOTAL CUSTOS 2.942.890,00-

71210005 Trabalhos Contratuais 1.800.000,00 TC

71210010 Revisões de Preços 150.000,00 RP

71210002 Trabalhos a Mais 500.000,00 TM

71210042 Periodos de Garantia 250.000,00 SAV

TOTAL FACTURAÇÃO 2.700.000,00

MARGEM 242.890,00-

B Anexo - Balancete de Obra

Page 122: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 123: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

C-1

C Anexo – Master de Códigos

Exemplo ilustrativo do master criado para a comparação da informação presente nas folhas de

fecho (custos previstos) e no balancete (custos reais).

Classes de custo Código Actividade

63250000 MOESTALEIRO Ordenados e Salários

63460000 MOESTALEIRO Horas Extra

63510200 MOESTALEIRO Ajudas de Custo

63325000 MOESTALEIRO Deslocações

63026000 MOESTALEIRO Prémios

63517000 MOESTALEIRO Sub. Refeição

61217000 MATBET MP - Betão

61217003 MATARM MP - Aço

61217013 MATPREFRABET MP - Pré-Fabrico Betão

61217020 MATMAD MP - Madeira

62148002 VMISTAS Aluguer de Viaturas

62610003 GRUAS Aluguer Gruas

62610006 ARCOMPRIM Ar Comprimido

62610009 VPESADAS Aluguer Viaturas Pesadas

62610011 OUTROSEQ Trabalhos Oficinais

62210001 VIGILANCIA Vigilância

62210002 DESLOCACOES Deslocações

62210003 CORREIO Comunicações Correio

62230000 SEGUROS Seguros Obras

62230040 IMPUTCPROJE Garantias Bancárias

62110009 SUBCOF Cofragem

62110010 SUBCOB Coberturas

62120000 SUBBET Corte Betão

62120001 SUBELET Instalações Eléctricas

71210005 TC Trabalhos Contratuais

71210010 RP Revisões de Preços

71210002 TM Trabalhos a Mais

71210042 SAV Periodos de Garantia

C Anexo - Master de Códigos

Page 124: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 125: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

D-1

D Anexo – Balancete com códigos de Estaleiro

Classes de custo Acumulado à Data Códigos Estaleiro Código

63250000 Ordenados e Salários 540.000,00- MOESTALEIRO Estaleiro

63460000 Horas Extra 3.500,00- MOESTALEIRO Estaleiro

63510200 Ajudas de Custo 120.000,00- MOESTALEIRO Estaleiro

63325000 Deslocações 14.000,00- MOESTALEIRO Estaleiro

63026000 Prémios -16800 MOESTALEIRO Estaleiro

63517000 Sub. Refeição 5.000,00- MOESTALEIRO Estaleiro

Mão de Obra 699.300,00-

61217000 MP – Betão 15.000,00-

61217003 MP – Aço 12.000,00-

61217013 MP - Pré-Fabrico Betão 450.000,00-

61217020 MP – Madeira 8.450,00-

Materiais 485.450,00-

62148002 Aluguer de Viaturas 24.000,00- EQ Estaleiro

62610003 Aluguer Gruas 51.200,00- EQ Estaleiro

62610006 Ar Comprimido 31.000,00- EQ Estaleiro

62610009 Aluguer Viaturas Pesadas 380.150,00- EQ Estaleiro

62610011 Trabalhos Oficinais 15.740,00- EQ Estaleiro

Equipamentos 502.090,00-

62210001 Vigilância 5.000,00- OEE Estaleiro

62210002 Deslocações 800,00- OEE Estaleiro

62210003 Comunicações Correio 250,00- OEE Estaleiro

62230000 Seguros Obras 145.000,00-

62230040 Garantias Bancárias 150.000,00- OEE Estaleiro

Gastos Gerais 301.050,00-

62110009 Cofragem 20.000,00-

62110010 Coberturas 46.000,00-

62120000 Corte Betão 14.000,00-

62120001 Instalações Eléctricas 875.000,00-

Subempreiteiros 955.000,00-

TOTAL CUSTOS 2.942.890,00-

71210005 Trabalhos Contratuais 1.800.000,00

71210010 Revisões de Preços 150.000,00

71210002 Trabalhos a Mais 500.000,00

71210042 Periodos de Garantia 250.000,00

TOTAL FACTURAÇÃO 2.700.000,00

MARGEM 242.890,00-

D Anexo - Balancete com códigos de Estaleiro

Page 126: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano
Page 127: Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos ... · Efeitos dos Desvios de Custos Indirectos e de Prazos nos Objectivos Económicos das Empreitadas de Construção Cristiano

E-1

E Anexo – Cronograma do processo de orçamentação e gestão das obras

E Anexo - Cronograma do processo de orçamentação e gestão das obras