“EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA DIFERENTES PRESSÕES...

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XII Simposio Iberoamericano sobre planificación de sistemas de abastecimiento y drenaje “EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA DIFERENTES PRESSÕES DISPONÍVEIS NAS ENTRADAS DAS EDIFICAÇÕES” Heber Pimentel Gomes (1), Juan Marcos Roig (2), Pedro L. Iglesias Rey (3), Nicolle de Belmont Sabino Rocha (4), Moisés Menezes Salvino (5) (1) (4) (5) Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (LENHS), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Tecnologia (CT), Cidade Universitária, João Pessoa PB, Brasil. Telefone: +55 (83) 3216 7037. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]. (2) (3) Grupo Multidisciplinar de Modelación de Fluidos, Universidad Politécnica de Valencia (UPV), Camino de Vera, Valencia, España. Tel: 34 96 3879890 Fax: 34 96 3877981. E-mail: [email protected], [email protected]. RESUMO Este trabalho tem como objetivo o estudo comparativo da eficiência energética de sistemas de abastecimento de água para diferentes pressões disponíveis nos pontos de entrada das edificações. Basicamente, o estudo compara as concepções dos sistemas empregados no Brasil, com pressões mínimas nos pontos de consumo de 10 mca, e aquelas utilizadas na Espanha, onde as pressões mínimas requeridas são de 25 mca. Além da comparação das diferentes concepções, também apresenta-se a simulação de um sistema misto, com características de ambos os países, com a finalidade de se obter um sistema mais eficiente energeticamente, comparado aos existentes. Palavras chaves: Eficiência Energética, Abastecimento de Água, Epanet. ABSTRACT This paper aims a comparative study of the energetic efficiency of water supply systems for different pressures available at the entry points of the buildings. Basically, the study compares the conceptions of the systems used in Brazil, with a minimum pressure at the point of consumption at 10 mWC, and those used in Spain, where the minimum pressure required is 25 mWC. This paper also presents the simulation of a mixed system that features characteristics from both countries, in order to obtain a more energy efficient system, compared to existing ones. Key words: Energy Efficiency, Water Supply, Epanet. SOBRE O AUTOR PRINCIPAL Heber Pimentel Gomes: Engenheiro Civil e Mestre na área de Recursos Hídricos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Gestão de Recursos Hídricos pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP) e em Engenharia de Irrigação pelo Centro de Estudos Hidrográficos do Ministério de Obras Públicas da Espanha. Concluiu o seu Doutorado na Universidade Politécnica de Madrid, no ano de 1992. É, atualmente, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do Centro de Tecnologia da UFPB, em João Pessoa, Coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (LENHS) da mesma universidade.

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  • XII Simposio Iberoamericano sobre planificacin de sistemas de abastecimiento y drenaje

    EFICINCIA ENERGTICA DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE

    GUA PARA DIFERENTES PRESSES DISPONVEIS NAS ENTRADAS

    DAS EDIFICAES

    Heber Pimentel Gomes (1), Juan Marcos Roig (2), Pedro L. Iglesias Rey (3), Nicolle de Belmont

    Sabino Rocha (4), Moiss Menezes Salvino (5)

    (1) (4) (5) Laboratrio de Eficincia Energtica e Hidrulica em Saneamento (LENHS), Universidade

    Federal da Paraba (UFPB), Centro de Tecnologia (CT), Cidade Universitria, Joo Pessoa PB,

    Brasil. Telefone: +55 (83) 3216 7037. E-mail: [email protected], [email protected],

    [email protected].

    (2) (3) Grupo Multidisciplinar de Modelacin de Fluidos, Universidad Politcnica de Valencia (UPV),

    Camino de Vera, Valencia, Espaa. Tel: 34 96 3879890 Fax: 34 96 3877981. E-mail:

    [email protected], [email protected].

    RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo o estudo comparativo da eficincia energtica de sistemas de abastecimento

    de gua para diferentes presses disponveis nos pontos de entrada das edificaes. Basicamente, o estudo

    compara as concepes dos sistemas empregados no Brasil, com presses mnimas nos pontos de consumo

    de 10 mca, e aquelas utilizadas na Espanha, onde as presses mnimas requeridas so de 25 mca. Alm da

    comparao das diferentes concepes, tambm apresenta-se a simulao de um sistema misto, com

    caractersticas de ambos os pases, com a finalidade de se obter um sistema mais eficiente energeticamente,

    comparado aos existentes.

    Palavras chaves: Eficincia Energtica, Abastecimento de gua, Epanet.

    ABSTRACT

    This paper aims a comparative study of the energetic efficiency of water supply systems for different

    pressures available at the entry points of the buildings. Basically, the study compares the conceptions of the

    systems used in Brazil, with a minimum pressure at the point of consumption at 10 mWC, and those used in

    Spain, where the minimum pressure required is 25 mWC. This paper also presents the simulation of a mixed

    system that features characteristics from both countries, in order to obtain a more energy efficient system,

    compared to existing ones.

    Key words: Energy Efficiency, Water Supply, Epanet.

    SOBRE O AUTOR PRINCIPAL

    Heber Pimentel Gomes: Engenheiro Civil e Mestre na rea de Recursos Hdricos pela Universidade Federal

    da Paraba (UFPB). Especialista em Gesto de Recursos Hdricos pela Escola de Engenharia de So Carlos

    (EESC/USP) e em Engenharia de Irrigao pelo Centro de Estudos Hidrogrficos do Ministrio de Obras

    Pblicas da Espanha. Concluiu o seu Doutorado na Universidade Politcnica de Madrid, no ano de 1992. ,

    atualmente, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do Centro de Tecnologia da UFPB,

    em Joo Pessoa, Coordenador do Laboratrio de Eficincia Energtica e Hidrulica em Saneamento

    (LENHS) da mesma universidade.

  • INTRODUO

    O Brasil est sofrendo as consequncias da ocupao

    desordenada que vem ocorrendo nas ltimas

    dcadas. Vrios problemas surgiram por falta do

    planejamento de crescimento urbano, como o

    aumento de favelas, o trnsito catico, entre outros.

    O setor do saneamento tambm sofreu muito com

    esse crescimento. Num levantamento realizado em

    todo pas, coordenado pela Agncia Nacional de

    guas (ANA), verificou-se que 55% dos municpios

    brasileiros, que respondem por 73% da demanda por

    gua, precisam de investimentos prioritrios de

    aproximadamente 22 bilhes de reais. Esse dinheiro

    deve ser direcionado para evitar o dficit no

    fornecimento de gua nesses municpios, que, em

    2025, iro concentrar 72% da populao. A falta de

    planejamento no uso de insumos, como gua e

    energia, poder comprometer a populao brasileira

    num futuro no muito distante. Levando em conta

    essa problemtica, de extrema importncia a

    otimizao dos sistemas de abastecimento de gua,

    considerando melhorias nas etapas de implantao e

    operao.

    No Brasil, o sistema mais comum ocorre por

    armazenamento da gua, captada da rede de

    distribuio, em reservatrios domiciliares

    enterrados; posteriormente, essa gua bombeada,

    atravs de um sistema de impulso prprio, para um

    reservatrio elevado, chegando ao consumidor final

    por gravidade. Algo diferente pode ser verificado na

    Europa; na Espanha, por exemplo, utilizado um

    sistema de bombeamento direto da rede para as

    edificaes, sem passar por reservatrios

    domiciliares.

    Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo

    realizar um estudo comparativo da eficincia

    energtica de sistemas de abastecimento de gua

    para diferentes presses disponveis nos pontos de

    entrada das edificaes, tentando, assim, encontrar o

    sistema de abastecimento mais eficiente possvel.

    Basicamente, o estudo compara as concepes dos

    sistemas empregados no Brasil, com presses

    mnimas nos pontos de consumo de 10 mca, e

    aqueles utilizados na Espanha, onde as presses

    mnimas requeridas so de 25 mca. Alm da

    diferena de presses mnimas fornecidas no ponto

    de consumo, tambm consideram-se as diferenas

    nos sistemas de bombeamento das redes dos dois

    sistemas estudados. Quando a presso da rede

    insuficiente para atender a grandes edificaes,

    boosters so instalados para que todos sejam

    atendidos.

    BASE CIENTFICA TERICA

    Fundamentao Terica

    O problema de dimensionamento hidrulico de redes

    pressurizadas de distribuio de gua consiste em

    solucionar a Equao da Continuidade e a Equao

    da Perda de Carga.

    Equao da Continuidade

    A equao da continuidade se baseia no princpio de

    conservao de massa, onde as vazes que entram

    no n devem ser iguais s vazes que saem do

    mesmo n, como apresentado na Equao 1.

    (1)

    Onde,

    Qentra: vazo do trecho que entra no n; Qsai: vazo do trecho que sai do n; Dn: demanda concentrada no n.

    A vazo (Equao 2) representada pelo produto da

    rea da seo transversal (Equao 3) pela

    velocidade mdia nessa seo.

    (2)

    (3)

    Equao da perda de carga

    A equao da perda de carga se baseia no princpio

    de conservao de energia nos anis da rede, onde a

    soma das perdas de carga dos trechos de cada anel

    deve ser nula, como apresentado na Equao 4.

    (4)

    Onde,

    hf: perda de carga no trecho;

    Ep: energia de impulso aplicada no anel.

    Essas perdas de carga (hf) so parte da energia

    dissipada pelos fluidos e podem ser ocasionadas pela

    sua viscosidade, pelo atrito entre suas partculas,

    pelo atrito com as paredes internas da tubulao e

    pelo tipo de escoamento.

    Foram desenvolvidas diversas equaes empricas

    para representar as perdas de carga, devendo ser

    escolhida aquela que mais se assemelha com as

    condies hidrulicas do dimensionamento em

    questo. Segundo Gomes (2009), as duas frmulas

  • mais utilizadas pelos projetistas so as de Darcy-

    Weisbach (Equao 5) e a de Hazen-Williams

    (Equao 6).

    Pode-se considerar que a frmula de Darcy-

    Weisbach a mais aconselhvel para a determinao

    de perdas ao longo dos condutos, j que pode ser

    empregada para qualquer tipo de lquido, materiais e

    estado das tubulaes, desde que seja determinado

    corretamente o valor do fator de atrito (GOMES,

    2009).

    (5) Onde:

    f: fator de atrito;

    L: comprimento da tubulao;

    V: velocidade;

    D: dimetro interno da tubulao;

    G: acelerao da gravidade, igual a 9,8 m/s2.

    (6)

    Onde:

    L: comprimento da tubulao;

    D: dimetro interno da tubulao;

    Q: vazo;

    C:coeficiente de rugosidade que depende da

    natureza das paredes do tubo.

    Para a determinao da equao da continuidade e

    da equao de perda de carga, existem mais

    incgnitas do que equaes, admitindo, assim,

    inmeras solues. Para solucionar esse problema,

    alguns mtodos utilizam valores tabelados de

    velocidade para trechos da rede. Porm, essa no a

    soluo mais adequada, pois os valores de

    velocidade devem ser em funo da soluo que

    minimiza o custo total de investimento e operao

    do sistema, sendo necessrio, portanto, mtodos de

    otimizao (GOUVEIA, 2012).

    Sabe-se que os custos de implantao e de operao

    so inversamente proporcionais. Para se garantir um

    bom dimensionamento, deve-se determinar a cota

    piezomtrica de alimentao tima.

    Estado da Arte

    Apesar do aumento de consumo de gua encanada

    em todo mundo, muitas cidades em desenvolvimento

    possuem sistemas de abastecimento antigos e com

    manutenes precrias (YAZDNI, 2011). Segundo o

    Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento

    (SNIS) (2011), as perdas de gua no sistema de

    abastecimento brasileiro chegam at 41, 6%, e de

    acordo com o Programa Nacional de Conservao de

    Energia Eltrica para o Saneamento (PROCEL

    SANEAR), o setor de saneamento no Brasil

    consome entre 2 e 3% do consumo total de energia

    eltrica do Brasil.

    Segundo Castro (2004), a utilizao de ferramentas

    computacionais na engenharia economiza tempo

    com a automatizao de tarefas rotineiras,

    possibilitando anlises mais detalhadas do problema,

    encontrando, assim, solues mais apropriadas ao

    estudo.

    Os simuladores hidrulicos so ferramentas

    computacionais utilizadas para resolver as equaes

    hidrulicas que definem o fenmeno do escoamento

    do fluxo dgua (GOUVEIA, 2012). Entre algumas

    tarefas que os simuladores hidrulicos de sistemas

    de abastecimento de gua executam esto: anlises

    hidrulicas para identificao de problemas de

    presses insuficientes ou excedentes na rede,

    identificao de perdas nos sistemas, anlises

    hidrulicas para identificao de problemas da

    qualidade da gua, estudos dos sistemas de

    bombeamento com finalidade de otimizao

    energtica e o diagnstico dos efeitos da operao de

    vlvulas para intervenes de rotina (GOUVEIA,

    2012 apud COSTA, 2010).

    O software EPANET um simulador hidrulico,

    desenvolvido pela agncia de proteo ambiental

    dos Estados Unidos (U.S. Environmental Protection

    Agency EPA), que permite executar simulaes

    estticas e dinmicas do comportamento hidrulico e

    de qualidade de gua em redes de distribuio

    pressurizada. Uma rede constituda por ns,

    tubulaes, bombas, vlvulas, reservatrios de nvel

    fixo e/ou reservatrios de nvel varivel. O EPANET

    permite obter os valores da vazo em cada

    tubulao, da presso em cada n, da altura de gua

    em cada reservatrio de nvel varivel e da

    concentrao de espcies qumicas atravs da rede,

    durante o perodo de simulao, subdividido em

    mltiplos intervalos de clculo. Adicionalmente,

    alm de espcies qumicas, o modelo simula o

    clculo da idade da gua e o rastreio da origem de

    gua em qualquer ponto da rede (ROSSMAN,

    2000). Segundo Silva (2008), trata-se de um dos

    mais confiveis softwares para simulao de redes

    de abastecimento de gua, pois permite um melhor

    planeamento e funcionamento das redes, j que

    capaz de apresentar resultados para variadas

    situaes.

    Os mtodos de otimizao podem ser divididos em

    dois grupos: mtodos determinsticos, como a

    programao linear (PL), a programao no linear

    (PNL) e a programao dinmica (PD); mtodos

  • heursticos, como algoritmos genticos e a lgica

    Fuzzy. A diferena principal entre esses dois

    mtodos que o heurstico tem mais chance de

    encontrar uma soluo tima global, porm, ela

    utiliza mais avaliaes da funo objetivo do que a

    determinstica para chegar soluo tima

    (GOUVEIA, 2012).

    O mtodo Lenhsnet, desenvolvido por Bezerra

    (2005), Carvalho (2007), Salvino (2009) e Gomes

    (2009), um exemplo do mtodo determinstico. No

    mtodo LenhsNet, o processo de otimizao inicia-

    se pela condio de contorno, que a soluo inicial

    e cujos trechos possuem o dimetro comercial

    mnimo, sendo, assim, a soluo que possui um

    custo mnimo de implantao. Porm, na maioria das

    vezes no a soluo para o sistema, pois

    proporciona perdas de carga excessivas nos trechos,

    ocasionando nveis insuficientes de presso

    disponveis no n da rede. A partir dessa soluo de

    dimetros mnimos, o processo de clculo se

    desenvolve, iterativamente, de maneira que cada

    soluo subsequente depender da soluo anterior.

    Em cada iterao, sero calculados n gradientes de

    presso, correspondentes s mudanas de dimetros

    dos n trechos da rede.

    O gradiente de presso timo ser o menor entre os

    gradientes calculados. O trecho correspondente ao

    gradiente de presso timo chamado de trecho

    timo, ou seja, o trecho que, de fato, ser

    substitudo pelo seu dimetro subsequente. Definido

    o gradiente de presso timo, a rede assumir uma

    nova configurao, onde o trecho timo passar a ser

    ocupado pelo dimetro imediatamente superior. Esta

    ltima configurao ser a configurao de partida

    para a iterao seguinte. Esse processo termina

    quando so encontrados os dimetros que atendem

    s restries hidrulicas do projeto, com o menor

    custo possvel.

    METODOLOGIA

    O mtodo a ser utilizado para comparao do

    dimensionamento dos modelos de abastecimento

    ser o mtodo Lenhsnet, um algoritmo iterativo de

    dimensionamento otimizado para sistemas de

    distribuio de gua, que est associado ao modelo

    de simulao hidrulica EPANET. Esse mtodo

    opera redes por gravidade ou redes pressurizadas e,

    tambm, permite o dimensionamento da energia

    otimizada do sistema de bombeamento para

    pressurizao da rede de abastecimento.

    Para contabilizar o custo energtico de ambos os

    sistemas estudados, deve-se considerar o sistema de

    abastecimento como um todo, assim como o custo

    dos sistemas individuais (edificaes), ou seja, ser

    contabilizado o custo energtico para que a gua seja

    fornecida com a presso devida, a todos os

    consumidores.

    Para realizar este estudo, ser utilizada uma rede

    hipottica, com edificaes de 2, 5 e 20 andares,

    distribudos na rede de forma aleatria, com uma

    distribuio final especfica:

    52 das edificaes tem 2 andares; 38 das edificaes tem 5 andares; 42 das edificaes tem 20 andares.

    O consumo per capta admitido ser de 200

    L/hab.dia, 5 apartamentos por andar e 5 habitantes

    por apartamento. A ilustrao da rede hipottica e

    seu modelo hidrulico no Epanet podem ser

    observados na Figura 1. Para fins de

    dimensionamento, sero considerados os

    coeficientes de maior consumo dirio no ano (k1 =

    1,2) e o maior consumo horrio no dia (k2 = 1,5);

  • Figura 1. Ilustrao da rede hipottica e sua modelagem hidrulica no Epanet

    As edificaes sero modeladas para que seus

    consumos energticos, que so representativos,

    possam integrar ao consumo total de energia de cada

    sistema em anlise.

    Para fins comparativos, ser realizada uma primeira

    simulao com bombeamento direto na rede de

    distribuio com edificaes de 2, 5 e 20 andares,

    sendo que a de 20 andares possui sistema de

    impulso e, portanto, essa parcela energtica ser

    contabilizada.

    No segundo sistema a ser simulado, a rede de

    distribuio, com as edificaes de 2, 5 e 20 andares,

    alimentada por gravidade de um reservatrio que

    recebe a gua atravs de bombeamento.

    A presso mnima requerida na rede de 10 mca e

    as edificaes de 5 e 20 andares possuem um

    reservatrio enterrado para armazenar a gua para

    posteriormente ser bombeada para outro reservatrio

    elevado. Deste ltimo, a agua conduzida por

    gravidade a cada um dos consumidores. A

    modelagem hidrulica desse tipo de edificao pode

    ser observada na Figura 2. Para que a bomba possa

    trabalhar de forma constante com bombeamento

    para a parte superior do reservatrio elevado, foi

    necessria, para fins de modelagem, a instalao de

    uma vlvula sustentadora de presso (V1), conforme

    apresentado na Figura 2. Todo esse arranjo de

    bombeamento adaptado, realizado aps o

    dimensionamento das tubulaes prediais utilizando

    o Lenhsnet.

    No caso do sistema que tem como presso mnima

    admissvel de 25 mca, as edificaes de 2 e 5

    andares so alimentadas diretamente da rede de

    distribuio, sem a necessidade de acoplar qualquer

    sistema de impulso.

    Entretanto, nas edificaes de 20 andares, boosters

    so instalados na tubulao de recalque, para que a

    gua possa chegar at o ltimo andar com presso

    suficiente, conforme pode ser observado na Figura 3.

  • Figura 2. Modelo da Edificao com 5

    andares para sistema de 10 mca

    Figura 3. Modelo da Edificao com 20

    andares para sistema de 25 mca

    Em sntese, a anlise energtica levar em

    considerao, para fins quantitativos, uma tarifa de

    energia de 0,31782 R$/kWh e uma variao horria

    de consumo conforme padro ilustrado na Figura 4.

    Figura 4. Padro de Consumo

    Para realizar o dimensionamento de cota varivel

    atravs do Lenhsnet, para ambos os sistemas em

    estudo, foram adotados os seguintes parmetros:

    Vazo de projeto de 115,86 L/s. Rendimento do conjunto motor bomba de

    75%.

    Tempo de projeto de 20 anos Tarifa de energia de 0,31782 R$/kWh Taxa de juros anual de 12% Taxa de juros de energia de 6%.

    O que diferencia os sistemas ser o nmero de horas

    de bombeamento, onde, no sistema de bombeamento

    direto, deve ser de 24 horas por dia e, no sistema

    alimentado por reservatrio, ser de 21 horas. Isso

    porque o sistema de bombeamento ser desligado no

    perodo de horrio de ponta.

    RESULTADOS

    Com base nas simulaes obtidas com o Epanet e

    com o dimensionamento utilizando o Lenhsnet, para

    a condio de cota varivel, com os valores

    especificados na metodologia, a rede de distribuio

    do sistema com presses mnimas de 25 mca

    resultou nos seguintes valores:

    Presso Mnima de 25 mca Presso Mxima de 26,28 mca Velocidade Mxima de 0,95 m/s Altura Manomtrica do Bombeamento de

    29,52 m

    Custo de Implantao: R$ 1.383.147,60 Custo Energtico: R$ 1.386.219,52

  • Custo Total de R$ 2.769.367,12

    J para a rede em que o sistema tem por base a

    presso mnima de 10 mca e onde a gua fornecida

    por gravidade, com desligamento do sistema de

    bombeamento no horrio de ponta, foram obtidos os

    resultados:

    Presso Mnima de 10 mca Presso Mxima de 11,28 mca Velocidade Mxima de 1,09 m/s Altura Manomtrica do Bombeamento de

    17,09 m

    Custo de Implantao: R$ 1.099.753,50 Custo Energtico: R$ 702.302,62 Custo Total de R$ 1.802.056,12

    Na anlise da composio energtica das

    edificaes, foram simuladas as edificaes de 5 e

    20 andares para o sistema de abastecimento que

    admite a presso de servio de 10 mca e a edificao

    de 20 andares para o sistema que admite presso

    mnima de 25 mca.

    A simulao da edificao de 5 andares, com parada

    de bombeamento no horrio de pico e atendendo a

    curva de demanda, resultou na curva ilustrada na

    Figura 5. Pode-se observar que foi produzida uma

    vazo mdia de 0,35 L/s ao longo de 21 horas, o que

    resulta em um volume bombeado dirio de 26,46 m.

    Tambm foi encontrado o consumo mdio de 0,11

    kWh/m, o que traduz em um custo de 0,757 R$/dia,

    ou seja, um custo de 276,25 R$/ano de energia por

    edificao de 5 andares. Utilizando as mesmas taxas

    de juros e energia aplicadas rede de distribuio, o

    fator de atualizao para os prximos 20 anos de

    11,13. Finalmente, o custo energtico atualizado de

    todas as edificaes de 5 andares do modelo de R$

    116.837,18.

    A edificao de 20 andares, com parada de

    bombeamento no horrio de pico e atendendo a

    curva de demanda, resultou no balano de vazo

    ilustrado na Figura 6. Pode-se observar que foi

    produzida uma vazo mdia de 1,6 L/s ao longo de

    21 horas, o que resulta em um volume bombeado

    dirio de 120,96 m. Tambm foi encontrado o

    consumo de 0,31 kWh/m, o que traduz um custo de

    11,6243 R$/dia, ou seja, um custo de 4.242,85

    R$/ano de energia por edificao de 20 andares.

    Utilizando as mesmas taxas de juros e energia

    aplicadas rede de distribuio, o fator de

    atualizao encontrado foi de 11,13. Finalmente, o

    custo energtico atualizado de todas as edificaes

    de 20 andares do modelo de R$ 1.983.362,66.

    A edificao de 20 andares, com bombeamento

    direto e atendendo a curva de demanda, resultou na

    produo de vazo ilustrada na Figura 7. Foi

    produzida uma vazo mdia de 0,75 L/s ao longo de

    24 horas, o que resulta em um volume bombeado

    dirio de 64,8 m. Tambm foi encontrado o

    consumo de 0,18 kWh/m, o que traduz em um custo

    dirio de 3,707 R$/dia, ou seja, um custo de

    1.353,07 R$/ano de energia por edificao de 20

    andares. Utilizando as mesmas taxas de juros e

    energia aplicadas rede de distribuio, obtm-se o

    custo energtico atualizado de todas as edificaes

    de 20 andares do modelo de R$ 632.508,04.

    Figura 5. Balano de Vazo da Edificao

    com 5 andares.

    Figura 6. Balano de Vazo da Edificao

    com 20 andares.

    Figura 7.Vazo da Edificao com 20

    andares atravs do bombeamento direto.

    A soma das parcelas energticas referente ao sistema

    que requer 10 mca e alimentada por reservatrios,

  • sistema semelhante ao adotado no Brasil, totalizou

    em um custo energtico de R$ 2.802.502,46,

    enquanto que o outro sistema, que adota a presso de

    servio de 25 mca com bombeamento direto,,

    semelhante ao espanhol, teve um custo energtico de

    R$ 2.018.727,56. Portanto, podemos concluir que o

    sistema espanhol mais econmico,

    energeticamente, que o brasileiro.

    Para fins comparativos, se utilizarmos o sistema com

    presses de 10 mca e reservao para a rede de

    distribuio e bombeamento direto para as

    edificaes, a parcela energtica, com a mesma

    metodologia de clculo, referente s edificaes de 5

    andares, ser de 21.612,23, e as de 20 andares ser

    de 2.545.693,00, totalizando em um custo energtico

    de R$ 2.567.305,23

    Caso seja optado utilizar o sistema de bombeamento

    direto com presses de servio de 25 mca e as

    edificaes com reservao, ento, a parcela

    energtica total ser de R$ 3.369.582,18.

    A diferena entre o custo de implantao do sistema

    espanhol e do sistema brasileiro foi de R$

    283.394,10 sendo o sistema espanhol o mais caro,

    tendo em vista a presso de servio de 25 mca e

    consequente aumento dos dimetros em fase de

    dimensionamento para diminuir as perdas de carga.

    CONCLUSES

    Para a rede hipottica mostrada neste trabalho, o

    modelo de abastecimento espanhol obteve o menor

    custo energtico.

    Qualquer outra combinao dos sistemas

    apresentados resultou em custos superiores ao

    sistema espanhol, mesmo se descontado o custo de

    implantao.

    perceptvel que o sistema espanhol aproveita a

    presso fornecida pela rede, diferente do sistema

    brasileiro, que armazena em reservatrios enterrados

    para, posteriormente, bombe-los ao reservatrio

    superior.

    Vale ressaltar que cada um dos sistemas possuem

    vantagens e desvantagens, as principais so: o

    sistema brasileiro, principalmente nos edifcios,

    pode comprometer a qualidade da gua se armazen-

    la por muito tempo. J o espanhol, por trabalhar com

    presses superiores a 25 mca, aumenta

    significativamente as perdas reais.

    Com este estudo, foi possvel perceber que, se todas

    as edificaes fossem de 2 andares, o sistema

    brasileiro seria melhor e, portanto, dependendo da

    rede em estudo, o melhor sistema, energeticamente,

    pode mudar. Sendo assim, recomenda-se, para

    trabalhos futuros, uma variao tanto da topografia

    da rede como, tambm, do nmero de edificaes,

    ou, ainda, aplicar essa anlise em redes reais.

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