E_fólio A Geologia

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UNIVERSIDADE AbERTA E-fólio A de Geologia Geral I Luís Correia Turma 1 Nº 1000485 1 1º Ano 1º Semestre Sobreda, 28-Nov-2010 Ciclo bioquimiogénico do granito 1. Introdução O granito, muito abundante na crosta terrestre, é uma rocha intrusiva ou ígnea, de cor clara ou leucocrata, devido ao predomínio de minerais félsicos, fundamentalmente quartzo e feldspatos. Apresenta textura fanerítica ou granular, dado que o desenvolvimento dos seus cristais é macroscópico e é uma rocha ácida, devido á elevada percentagem de sílica que ostenta. De acordo com a sua composição química trata-se de um silicato. O granito é muito usado em construção, como rocha ornamental, em estatuária ou até em calçada na forma paralelepipédica. 2. Minerais constituintes do granito apresentado O granito apresentado é constituído, maioritariamente, por quartzo e feldspatos, contendo também moscovite, zircão e ilmenite. 2.1. Classificação dos minerais Os minerais são classificados segundo a sua composição química, devido à semelhança das suas propriedades dentro da mesma classe. Assim, tendo em conta o anião ou grupo aniónico predominante, constituem-se em: sulfuretos, óxidos e hidróxidos, halogenetos, carbonatos, sulfatos, carbonatos e silicatos. O quadro seguinte mostra algumas propriedades dos minerais constituintes do granito apresentado: Feldspato Potássico (Ortoclase) Quartzo Moscovite Zircão Ilmenite Classe tectossilicato tectossilicato Filicato Nesossilicato Óxido simples Elemento constituinte KAlSi 3 O 8 SiO 2 KAl 2 (Si 3 Al) O 10 (OH,F) 2 ZrSiO 4 Fe 2+ TiO 3 Densidade 2,56 2,62 2,82 4,65 4,72 Génese Magmática Magmática Magmática Magmática Magmática Cor Cinzento e outras Incolor e outras Incolor e outras Castanha e outras Preto Brilho Vítreo Vítreo Vítreo Adamantino Submetálico Clivagem Perfeita Imperfeita Perfeita Indistinta Ausente Fractura Desigual Concoidal Lamelas Desigual Concoidal Tipo Principal Principal Acessório Acessório Acessório

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UNIVERSIDADE AbERTA

E-fólio A de Geologia Geral I Luís Correia – Turma 1 Nº 1000485

1 1º Ano – 1º Semestre Sobreda, 28-Nov-2010

Ciclo bioquimiogénico do granito

1. Introdução

O granito, muito abundante na crosta terrestre, é uma rocha intrusiva ou ígnea, de cor

clara ou leucocrata, devido ao predomínio de minerais félsicos, fundamentalmente

quartzo e feldspatos. Apresenta textura fanerítica ou granular, dado que o

desenvolvimento dos seus cristais é macroscópico e é uma rocha ácida, devido á elevada

percentagem de sílica que ostenta. De acordo com a sua composição química trata-se de

um silicato. O granito é muito usado em construção, como rocha ornamental, em

estatuária ou até em calçada na forma paralelepipédica.

2. Minerais constituintes do granito apresentado

O granito apresentado é constituído, maioritariamente, por quartzo e feldspatos,

contendo também moscovite, zircão e ilmenite.

2.1. Classificação dos minerais

Os minerais são classificados segundo a sua composição química, devido à semelhança

das suas propriedades dentro da mesma classe. Assim, tendo em conta o anião ou grupo

aniónico predominante, constituem-se em: sulfuretos, óxidos e hidróxidos, halogenetos,

carbonatos, sulfatos, carbonatos e silicatos. O quadro seguinte mostra algumas

propriedades dos minerais constituintes do granito apresentado:

Feldspato

Potássico

(Ortoclase)

Quartzo Moscovite Zircão Ilmenite

Classe tectossilicato tectossilicato Filicato Nesossilicato Óxido

simples

Elemento

constituinte KAlSi3O8 SiO2

KAl2(Si3Al)

O10(OH,F)2 ZrSiO4 Fe

2+TiO3

Densidade 2,56 2,62 2,82 4,65 4,72

Génese Magmática Magmática Magmática Magmática Magmática

Cor Cinzento e

outras

Incolor e

outras

Incolor e

outras

Castanha e

outras Preto

Brilho Vítreo Vítreo Vítreo Adamantino Submetálico

Clivagem Perfeita Imperfeita Perfeita Indistinta Ausente

Fractura Desigual Concoidal Lamelas Desigual Concoidal

Tipo Principal Principal Acessório Acessório Acessório

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2.2. Descrição das características

Eis algumas características importantes de simetria e sistema cristalográfico dos

minerais em estudo:

Feldspato

Potássico

(Ortoclase)

Quartzo Moscovite Zircão Ilmenite

Sistema

cristalográfico Monoclínico Hexagonal Monoclínico Tetragonal Hexagonal

Classe

Cristalográfica 2/m 32 2/m 4/m2/m2/m 3

Elementos

simetria 1E2⊥1m, i 1E3, 3E2 1E2⊥1m, i

1E4⊥1m,

4E2⊥4m, i

1E 3

(= 1E3, i)

Nome

Classe Prismática

Trapezoédrica

trigonal Prismática

Bipiramidal

ditetragonal Romboédrica

Hábito Prismático Prismático Lamelar Prismático Lamelar

3. Alteração do granito

O granito é uma rocha pouco resistente aos agentes de alteração. A sua alteração física e

química aumenta, significativamente, com a humidade, com a temperatura e com a

quantidade de matéria orgânica em contacto. É nas zonas quentes e húmidas, como a

floresta tropical e equatorial, que se verifica a intensificação da alteração do granito. A

água, em termos químicos, desenvolve reacções de hidrólise com minerais como o sódio

e o potássio e participa em inúmeras reacções químicas desenvolvidas por

microrganismos ou ao nível das raízes das plantas. O ar em movimento, sobretudo os

gases que o compõem, permite a actividade fotossintética, através do dióxido de

carbono e do papel deste componente na génese dos calcários bem como a oxidação de

alguns minerais, como a ilmenite, por acção do óxido livre.

3.1. Alteração bioquímica

Entre os principais processos intervenientes, no conjunto das alterações bioquímicas,

apresentam extraordinária importância a hidrólise, a oxidação, a hidratação, a

carbonatação e certas reacções químicas realizadas por produtos orgânicos de origem

biológica. A hidrólise – decomposição iónica pela água – é, sem dúvida, o agente mais

importante na alteração das rochas.

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3.2. Reacções diferenciadas à alteração bioquímica

A água participa na hidratação, na dissolução e na hidrólise dos minerais. O oxigénio do

ar concorre para a oxidação dos minerais ferrosos. O dióxido de carbono entra no ciclo

dos calcários. Os seres vivos produzem oxigénio, elaboram substâncias orgânicas ao

nível do solo, contribuindo para a alteração das rochas.

Os minerais têm ligações covalentes e iónicas. A ligação covalente, considerada a

ligação química mais forte, confere uma grande insolubilidade e estabilidade aos

minerais que a possuem. O quartzo, a moscovite e o zircão, por apresentarem ligações,

essencialmente covalentes, não se decompõem. Contudo, por desagregação, apresentam

como produto final, grãos de areia, placas de mica e cristais de zircão, respectivamente.

A Ortoclase, com ligações iónicas, por isso fracas, é solúvel originando argilas e sais de

potássio. A ilmenite é um mineral muito estável, podendo oxidar por acção dos catiões

ferrosos, bivalentes (em solução perdem um electrão Fe2+

+ e- Fe

3+, para formar ferro

férrico), que facilitam a meteorização e as alterações bioquímicas, por possuírem fraco

potencial de ionização (energia necessária a um dado elemento para que se transforme

no correspondente ião, num determinado estado de valência).

3.3. Identificação e classificação dos minerais secundários

Minerais secundários ou de neoformação são minerais de formação supergénica tais

como oxidatos, hidrolisatos, precipitatos e evaporatos.

A ortoclase, por exemplo, apresenta a seguinte reacção de hidrólise:

2KAlSi3O8+2H++H2O Al2Si2O5(OH)4+4SiO2+2K

+

Com produção de caulinite (Al2Si2O5(OH)4), pelo que se deu a caulinização da

ortoclase (feldspato potássico). A bissialitização produz a alteração dos feldspatos em

ilites e minerais ferromagnesianos em clorites que continuam a alterar para argilas de

transformação (esmectites) em termos intermédios como argilas interstratificadas, ou

mistas, e vermiculite. A dissolução dos feldspatos, também, pode originar um mineral

secundário de neoformação como a gibbsita. Por transformação, com preservação da

respectiva estrutura e modificação da composição química, pode originar-se, da mica,

um mineral secundário como um argilomineral.

3.3.1. Minerais primários de origem

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4 1º Ano – 1º Semestre Sobreda, 28-Nov-2010

Mineral primário é um mineral gerado quando da formação da rocha, e mantém a sua

forma e composição originais. Os minerais primários manifestam uma grande

estabilidade física e química, que lhes permite resistir ao ataque dos agentes externos,

sendo designados por resistatos.

4. Referências bibliográficas

GALOPIM DE CARVALHO, A. M. (1996). Geologia morfogénese e sedimentogénese.

Universidade Aberta, Lisboa, 189 pp.

GALOPIM DE CARVALHO, A. M. (1997). Cristalografia e mineralogia. Universidade

Aberta, Lisboa, 155 pp.

Textos de apoio disponibilizados na plataforma modlle.

Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Unicelular; acesso em: 22Out2010

Disponível em http://www.infoescola.com/rochas-e-minerais/granito/; acesso em:

22Nov2010

Disponível em http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/T3.pdf; acesso em:

22Nov2010

Disponível em http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/elearn.html; acesso em:

23Nov2010

Disponível em http://e-geo.ineti.pt/bds/geobases/mineralogia/pesquisas.aspx; acesso em:

23Nov2010

Disponível em http://www.slideshare.net/genesis30/mineralogiageneral; acesso em:

23Nov2010

Disponível em http://www.slideshare.net/sandranascimento/ii-critrios-de-classificao-das-

rochas-magmticas?src=related_normal&rel=3766655; acesso em: 24Nov2010

Disponível em http://www.slideshare.net/mariosilvaf/rochas-

magmticas?src=related_normal&rel=379696; acesso em: 24Nov2010

Disponível em http://www.slideshare.net/nunocorreia/geo-16-magmatismo-minerais-e-

magma; acesso em: 25Nov2010