El Fado- Em Portugues

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 1. Há pelo menos um facto que parece ser unânime. O fado deverá ter surgido no século XIX. São várias as teorias. Uma refere que o fado é de origem árabe. Outra aponta a música brasileira, nomeadamente as chamadas modinhas, como a base do fado. Uma terceira teoria refere que a primeira vez que se ouviu fado foi na voz dos marinheiros que cantavam na proa dos barcos. Há ainda quem defenda que o fado surgiu na voz do povo, nas ruas da cidade de Lisboa, como uma forma de expressão de sentimentos. Durante a primeira metade do século XIX, o fado esteve ass ociado às classes mais baixas da pop ulação de Lisboa. Era cantado nas tabernas e reflectia o estado de espírito e as preocupações desta gente: o desalento, a tristeza, o ciúme e o medo. Como chega então o fado às restantes classes sociais? Até meados do século eram poucos os espaços de divertimento da noite lisboeta. Atraídos pelo mistério e p elo 'pecado', os membros da aristocracia começaram a frequentar os bairros pobres da cidade tal como Alfama ou a Mouraria . É desta forma que as classes mais elevadas começam a ouvir o fado e a apreciar este género musical. 3. A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, “destino”. De origem obscura, terá surgido provavelmente na primeira metade do século XIX. O Fado é cantado de Pé e a media- luz: Alfredo Marceneiro foi o responsável por, a partir de determinada altura, os fadistas passarem a cantar o fado à média- luz. Na iluminação da altura - anos 20 - era usado o acetileno, que não permitia a diminuição progressiva da luz, razão pela qual sugeriu a ideia de acender umas velas para se cantar o Fado. Na sequência das suas actuações no Chiado Terrasse, Alfredo Marceneiro* tem um dos seus repentes de criatividade e levanta-se para cantar o Fado. Todos os fadistas cantavam sentados, os espectadores mais distantes tinham a tendência de se levantar, afim de poderem ver quem estava a actuar. Isto provocava um certo burburinho que prejudicava as actuações, com a atitude de Alfredo Marceneiro, o Fado ganhou outro respeito. A partir desse dia, os tocadores e os fadistas  passaram a ter um lugar de destaque nas salas onde actuavam e o Fado começou a ser cantado em pé. *dos fadistas mais importantes protagonizou alguns dos episodios mais importantes da historia do fado. Nasceu em 1891 e moreu em 1982. 2. A palavra fado é uma coisa e FADO, co mo expressão musical, é outra. Primeiro nasceu o fadista e depois o FADO. Mas o primeiro fadista não cantava. A ele eram encomendados, por ser destro no manejo da navalha, o fado de muita gente. Esta personagem aparece com toda a lógica com a instabilidade do país, aquando da fuga da família real para o Brasil. Napoleão Bonaperte decreta o Bloqueio Continental e Portugal vê-se evadido e saqueado pelas tropas Napoleónicas. As ruas mal iluminadas e as casas, de gente endinheirada, abandonadas aguçam o apetite à mão do alheio. As vinganças e os ajustes de contas fazem aparecer no nosso país esta personagem de melenas compridas que encobriam a sua face, o juiz de todas as discórdias. O fadista era temido por tudo e por todos, gabando-se, nas tascas mal iluminadas, dos seus feitos heróicos. É bem provável que nas sua visitas a casas de pessoas endinheiradas, que acompanharam a fuga da família real para o Brasil, ele tenha descoberto a Guitarra P ortuguesa e na sua companhia comece por cantar as suas proezas.  4. Segundo Carlos Saura, o fado na verdade surgiu no Brasil, apesar de ser um gênero de atavismo português, numa mistura de modinha européia com lundu africano (ritmo musical criado a partir dos batuques dos escravos africanos trazidos ao Brasil). O nome do filme vem no plural, de acordo com Saura, por causa dos vários tipos de fado.

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  • 1. H pelo menos um facto que parece ser unnime. O fado dever ter surgido no sculo XIX. So vrias as teorias. Uma refere que o fado de origem rabe. Outra aponta a msica brasileira, nomeadamente as chamadas modinhas, como a base do fado. Uma terceira teoria refere que a primeira vez que se ouviu fado foi na voz dos marinheiros que cantavam na proa dos barcos. H ainda quem defenda que o fado surgiu na voz do povo, nas ruas da cidade de Lisboa, como uma forma de expresso de sentimentos. Durante a primeira metade do sculo XIX, o fado esteve associado s classes mais baixas da populao de Lisboa. Era cantado nas tabernas e reflectia o estado de esprito e as preocupaes desta gente: o desalento, a tristeza, o cime e o medo. Como chega ento o fado s restantes classes sociais? At meados do sculo eram poucos os espaos de divertimento da noite lisboeta. Atrados pelo mistrio e pelo 'pecado', os membros da aristocracia comearam a frequentar os bairros pobres da cidade tal como Alfama ou a Mouraria . desta forma que as classes mais elevadas comeam a ouvir o fado e a apreciar este gnero musical.

    3. A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, destino. De origem obscura, ter surgido provavelmente na primeira metade do sculo XIX.

    O Fado cantado de P e a media-luz: Alfredo Marceneiro foi o responsvel por, a partir de determinada altura, os fadistas passarem a cantar o fado mdia-luz. Na iluminao da altura - anos 20 - era usado o acetileno, que no permitia a diminuio progressiva da luz, razo pela qual sugeriu a ideia de acender umas velas para se cantar o Fado. Na sequncia das suas actuaes no Chiado Terrasse, Alfredo Marceneiro* tem um dos seus repentes de criatividade e levanta-se para cantar o Fado. Todos os fadistas cantavam sentados, os espectadores mais distantes tinham a tendncia de se levantar, afim de poderem ver quem estava a actuar. Isto provocava um certo burburinho que prejudicava as actuaes, com a atitude de Alfredo Marceneiro, o Fado ganhou outro respeito. A partir desse dia, os tocadores e os fadistas passaram a ter um lugar de destaque nas salas onde actuavam e o Fado comeou a ser cantado em p.

    *dos fadistas mais importantes protagonizou alguns dos episodios mais importantes da historia do fado. Nasceu em 1891 e moreu em 1982.

    2. A palavra fado uma coisa e FADO, como expresso musical, outra. Primeiro nasceu o fadista e depois o FADO. Mas o primeiro fadista no cantava. A ele eram encomendados, por ser destro no manejo da navalha, o fado de muita gente. Esta personagem aparece com toda a lgica com a instabilidade do pas, aquando da fuga da famlia real para o Brasil. Napoleo Bonaperte decreta o Bloqueio Continental e Portugal v-se evadido e saqueado pelas tropas Napolenicas. As ruas mal iluminadas e as casas, de gente endinheirada, abandonadas aguam o apetite mo do alheio. As vinganas e os ajustes de contas fazem aparecer no nosso pas esta personagem de melenas compridas que encobriam a sua face, o juiz de todas as discrdias. O fadista era temido por tudo e por todos, gabando-se, nas tascas mal iluminadas, dos seus feitos hericos. bem provvel que nas sua visitas a casas de pessoas endinheiradas, que acompanharam a fuga da famlia real para o Brasil, ele tenha descoberto a Guitarra Portuguesa e na sua companhia comece por cantar as suas proezas.

    4. Segundo Carlos Saura, o fado na verdade surgiu no Brasil, apesar de ser um gnero de atavismo portugus, numa mistura de modinha europia com lundu africano (ritmo musical criado a partir dos batuques dos escravos africanos trazidos ao Brasil). O nome do filme vem no plural, de acordo com Saura, por causa dos vrios tipos de fado.

  • 5. O fado parece ter surgido primeiramente em Lisboa e Porto, sendo depois levado para Coimbra atravs dos estudantes Universitrios (j que Coimbra foi, durante muitos anos, a cidade Universitria por excelncia), e tendo a adquirido caractersticas diferentes. Mas de onde vem a palavra Fado de? Ele veio do latim fatum, que significa destino, o destino inexorvel e que nada pode mudar. por isso que o fado normalmente to melanclico, to triste: porque canta a parte do destino que foi contra os desejos do seu dono.

    Em Lisboa e no Porto encontramos o fado cantado na parte mais antiga da cidade. O homem que canta o fado normalmente o faz em um conjunto preto. Ele canta seus amores, sua cidade, as misrias da vida, critica a sociedade e os polticos. Fala muitas vezes a tourada, os cavalos, os velhos tempos e as pessoas j morto, e fala, quase sempre, de saudade. A mulher canta sempre de negro, com uma voz triste, e geralmente com um xale sobre os ombros. Ela canta o amor e a morte: a morte, a perda do amor, o amor perdido para a morte ...

    Em Coimbra temos o mesmo estilo triste, mas com motivaes diferentes. Como j foi dito, o ex-libris de Coimbra so os seus alunos. Pouco a pouco, os jovens que chegavam de Lisboa e Porto, tomando as suas guitarras e aquele estilo novo de tocar, foi muito apreciada pelos alunos. O fado tradicional de Coimbra, est muito ligado s tradies acadmicas da Universidade de Coimbra. exclusivamente cantado por homens. Tanto os cantores como os msicos vestem de negro. Os temas respeitam os amores estudantis e o amor pela cidade. E assim, ela se tornou a msica oficial das msicas despedidas de cada ano, e para os alunos. Em Portugal costume os estudantes trajarem com um fato preto e uma capa grossa, e assim que se canta o fado em Coimbra.

    6. "A Origem do Fado" de Jos Alberto Sardinha abandona as teorias que fixam a gnese do gnero entre frica, Brasil e terras rabes e fixa-a no Portugal medieval. "O romanceiro o herdeiro das canes de gesta, que celebrizavam os heris de guerra. Depois das epopeias, os cantos comearam a focar-se na histria dos amantes e dos nobres. Os romances eram interpretados por cantores ambulantes, guitarra, acordeo ou violino. Vm das aldeias para as cidades, concentram-se em Lisboa "porque onde h mais gente e recantos para tocar as canes" e gera-se um hbito. A nobreza gosta, cria a moda e leva o fado das tabernas - "onde os cegos cantavam a troco de um prato de sopa ou um copo" - para os sales. Aqui chegamos ao conde Vimioso, que se apaixona por Maria Severa, lendria fadista*, e tudo o resto fama e glria. Jos Alberto Sardinha explica que a palavra fado, mais que destino, quer dizer "vida, desenlace, acontecimentos, vivncias". E que antes de ser a msica, "a histria, o poema, a narrativa" e que o original est na "tragdia de faca e alguidar".

    *A Severa (1820-1846), uma joven cantadeira e prostituta com uma vida turbulenta. Ela mantiu uma relaao com o 13 Conde de Vimioso D. Francisco de Paula Portugal e Castro. Severa mureu com 26 anos, como dizen por o seu amor pelo Conde.

    7. Nas Casas de Fado, sejam elas mais formais ou informais, h certas tradies que sempre se cumprem. A meia-luz indispensvel e d o mote para que o espectculo comece. Quem assiste, j sabe que altura de ficar calado. O silncio obrigatrio. Se no houver silncio, no h fado. As fadistas cumprem a tradio de usar saia e xaile. Os Padrinhos de Fado so outra tradio ainda viva. O ritual do baptismo cumpre-se no palco. O fadista profissional chama algum para a sua primeira actuao em pblico. No caso das senhoras, a madrinha oferece o seu xaile afilhada em sinal de homenagem. Este um orgulho para muitos fadistas chegando alguns a identificar-se pelo nome do seu padrinho de Fado.

  • L os textos e responde as perguntas:

    1. O que significa a palavra fado? (textos 3, 5, 6) 2. O que era o fadista no principio? Cuando surgiu a sua imagem? (texto 2) 3. Quais so as possiveis origens do fado? (textos 1, 2, 4, 5, 6) 4. Onde e quando comecou a ser popular o fado? (textos 1, 5) 5. Como o fado deixou de ser uma expreso das clases baixas para ser uma cano

    popular em todas as classes sociais? (texto 1) 6. Segundo o Carlos Saura, h varios tipos de fado. Podem dar exemplos? Quais

    so as diferenas? (textos 4, 5) 7. Porque o fado se canta de p? (texto 3) 8. Quem comeou com o costume de cantar na penumbra? (texto 3) 9. O que padrinho dum fadista? (texto 7)

    A. Ouve as duas canes: Fado da Severa e Fado tropical. Pode dizer a diferenas?