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Elaboração do projeto de pesquisa Pesquisa em educação Profa. Isabel C. M. Carvalho PPGEDU/PUCRS

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Elaboração do projeto de pesquisa

Pesquisa em educação Profa. Isabel C. M. Carvalho

PPGEDU/PUCRS

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Parte I

O conhecimento do mundo e o mundo do conhecimento

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Sujeito da prática e sujeito epistêmico

A resolução de problemas práticos é diferente do desenvolvimento de problemas conceituais

A Pesquisa é diferente de serviço e de intervenção

Diferença aqui não significa incompatibilidade, oposição ou antagonismo mas indica mudança de nível de abstração e de modelo cognitivo

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O pensamento pragmático/explicativo e o pensamento compreensivo O pensar pragmático geralmente parte de um

problema até encontrar uma resposta. Ao encontrar a resposta, explica/desvenda o problema e cessa o movimento da pergunta

O pensar compreensivo é um exercício permanente que parte da pergunta mas não cessa com a resposta. É um pensamento que se articula em torno de problemas conceituais que não se resolvem de forma direta, imediata e definitiva.

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O autor da pesquisa e sua audiência

O pesquisador

seu diálogo com a comunidade científica: a produção acadêmica de sua grande área, área e sub área

seu diálogo com a sociedade (aplicação, divulgação cientifica, formação/ensino etc)

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A construção do objeto

O objeto de pesquisa tem sua origem no plano infinito das inquietações do mundo e se constrói na finitude do território regulado da produção de conhecimento sobre o mundo

(o campo cientifico/Bourdieu).

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De que matéria é feita o objeto?

O objeto da pesquisa é um constructo. Sua ‘substância’ é imaterial, ideativa ou conceitual

O objeto é tecido de: Rede de conceitos, idéias, reflexões, intuições, percepções, inquietações.

O objeto interpela, produz e refrata a realidade mas não a “reflete”.

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Isto é um objeto

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A pesquisa não é a realidade

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Como a arte, a religião e outros saberes a ciência é uma representação particular da

realidade

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Parte II

A construção do objeto de pesquisa

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Como fazer uma tese segundo Humberto Eco ou uma crônica do dilema anunciado p.1

Há algum tempo, procurou-me um estudante que queria fazer sua tese sobre O símbolo no Pensamento Contemporâneo. Era uma tese impossível. Eu, pelo menos, não sabia o que poderia ser “símbolo”: esse termo muda de significado conforme autor, e às vezes, em dois autores diferentes, pode querer dizer duas coisas absolutamente opostas. Não se esqueça que, por símbolo, os lógicos formais ou os matemáticos entendem expressões privadas de significado, a ocupar um lugar definido, uma função precisa, num dado cálculo formalizado (como os a e b ou x e y das fórmulas algébricas); enquanto outros autores entendem uma forma cheia de significados ambíguos, como ocorre nos sonhos, que podem referir-se a uma árvore, a um órgão sexual, ao desejo de prosperar, etc. Como, pois, fazer uma tese com semelhante título? Seria preciso analisar todas as acepções do símbolo na cultura contemporânea, fazer uma lista que pusesse em evidência as afinidades e discrepâncias dessas acepções, esmiuçar se sob as discrepâncias não existe um conceito unitário fundamental, recorrente em cada autor e cada teoria, e se as diferenças não tornam incompatíveis entre si as teorias em questão.

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Como fazer uma tese segundo Humberto Eco ou uma crônica do dilema anunciado p.2

Pois bem, nenhum filósofo, lingüista ou psicanalista contemporâneo conseguiu ainda fazer uma obra dessa envergadura de modo satisfatório. Como poderá se sair melhor um estudante que mal começa a terçar armas e que, por precoce que seja, não tem mais de seis ou sete anos de leitura adulta nas costas? Poderia ele, ainda, fazer um discurso parcialmente inteligente, mas estaríamos de novo no mesmo caso da literatura italiana de Contini. Ou poderia propor uma teoria pessoal do símbolo, deixando de lado tudo quanto haviam dito os demais autores, diremos quão discutível é essa escolha. Conversamos com o estudante em questão. Seria o caso de elaborar uma tese sobre o símbolo em Freud e Jung.

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Como fazer uma tese segundo Humberto Eco ou uma crônica do dilema anunciado p.3

A tese examinaria as diferenças entre três conceitos homônimos em outros tantos autores, um filósofo, um crítico e um psicólogo; mostraria como, em muitas análises sobre estes três autores, se cometem inúmeros equívocos, pois se atribui a um significado usado por outro. Só no final, a título de conclusão hipotética, o candidato procuraria extrair um resultado para mostrar se e quais analogias existiam entre aqueles três conceitos homônimos, aludindo também a outros autores de seu conhecimento, dos quais, por explícita limitação do tema, não queria e não podia ocupar-se. Ninguém poderia dizer-lhe que não levara em conta o autor K, porque a tese era sobre X, Y e Z, nem que citara o autor J apenas em tradução, pois se tratara de simples menção, para concluir, ao passo que a tese pretendia estudar amplamente e no original unicamente os três autores citados no título.

Eis aí, como uma tese panorâmica, sem se tornar rigorosamente monográfica, se reduzia a um meio termo, aceitável por todos.

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Tema e objeto da pesquisa

O tema é o assunto, o campo de interesse do pesquisador. É onde reside sua inquietação, seu desejo de saber mais.

O objeto é o tema recolocado desde uma perspectiva determinada, i.é, desde uma pergunta. É o tema problematizado.

A formulação do objeto desencadeia a/s hipótese/s (tese/s) a serem desenvolvidas durante o trabalho.

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A construção de uma problemática

O objeto de pesquisa deve necessariamente ser apresentado tendo como horizonte um campo problemático.

O objeto de uma pesquisa ganha inteligibilidade a partir de uma contextualização que o situe num espaço e tempo históricos, seja uma história de longa ou curta duração.

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Objeto e Objetivos

Objeto teórico (hipótese/s) e objeto empírico

(ex: Geertz: “O antropólogo não estuda a aldeia ele estuda na aldeia”)

Objetivos da pesquisa (relevância): contribuir para...chamar a atenção para.... esclarecer..... compreender... elucidar.....

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Para Severino (2002) são três as fases de amadurecimento de uma pesquisa científica

1) Momento da invenção, descoberta, pensamento provocador, formulação de perguntas.

2) Pesquisa sistemática (experimental, de campo, bibliográfica etc.) quando o objeto é expostos às evidências do campo, às outras ideias da literatura investigada, à avaliação de outros pesquisadores. Destes confrontos nascem as primeiras reformulações, o abandono e a inclusão de novas idéias.

3) Amadurecida uma posição se parte para a composição do trabalho já de posse de uma formulação mais estabilizada que poderá confirmar, refutar ou modificar a primeira formulação.Estas fases não são necessariamente sucessivas mas concomitantes nas várias etapas do trabalho científico

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De onde nascem os objetos de pesquisa? O objeto é uma construção que envolve

leitura, reflexão e imersão no campo. As etapas da delimitação do tema e da

formulação do objeto partem das inquietações profissionais-existenciais, mas só avançam com base na experiência intelectual, na leitura, na discussão e na reflexão com o campo intelectual.

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Parte III

Exercício de aplicação: oficina de elaboração

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O exemplo Todorov Título: A conquista da América; a questão do

outro Inquietação: quero falar da descoberta que o eu

faz do outro. O assunto é imenso. Delimitação do tema: “entre os vários relatos que

temos à disposição escolhi um que relata um encontro exemplar, um encontro que funda nossa identidade: a descoberta e conquista da América.

Formulação inicial do problema: Por conveniência estabeleci uma unidade de tempo – os cem anos que se seguem à primeira viagem de Colombo, isto é, basicamente o século XVI. Estabeleci também uma unidade de espaço: A região do Caribe e do México. E finalmente uma unidade de ação: a percepção que os espanhóis tem dos índios será meu único assunto.

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Todorov e suas perguntas de pesquisa

O que levou Colombo a partir? Será que foi a mera ambição que levou Colombo a

viajar? O quanto sentia-se encarregado de uma missão

divina, a de fazer triunfar o cristianismo como valor universal?

A Necessidade de dinheiro e o desejo de impor o verdadeiro Deus seriam necessariamente excludentes?

Dir-se-ia que Colombo fez tudo para escrever relatos inauditos como Ulisses. Ora, o relato de viagem não [e, em si mesmo, o ponto de partida, e não somente o ponto de chegada, de uma nova viagem?

O próprio Colombo não tinha partido porque tinha lido o relato de Marco Pólo?

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Um objeto para chamar de seuPrimeiro Exercício de formulação de uma proposta

(provisória) de pesquisa

Busque identificar em suas intenções de pesquisa:

1. Principais inquietações (sonhos, desejos, provocações, motivações pessoais )

2. Tema/assunto/campo de interesses3. Pergunta/s de pesquisa4. Formulação inicial de um objeto e hipótese/s de

pesquisa derivada/s do objeto:5. Dois ou três títulos possíveis para sua proposta

de pesquisa

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Manuais: oráculos que respondem (quase) tudo ... desde que se tenha uma boa pergunta

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez Editora. 22ed. 2003

LUNA, Sergio Vasconcelos. Planejamento de Pesquisa; uma introdução. São Paulo, Educ, 2002

DENZIN, N.K. e LINCOLN, Y.S. e colaboradores . o planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens, Porto Alegre: ARTMED, 2006.

ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 10ª.ed.1993. [Coleção Estudos, n. 85]

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Chek List do trabalho acadêmico

1.Título: é adequado (claro, conciso e objetivo)? Expressa o conteúdo do trabalho? 

2.Resumo: apresenta sucintamente o objeto, os objetivos, a metodologia, as referencias teóricas e os principais resultados do estudo? 

3.Introdução: está clara? Explicita o objeto e os objetivos do estudo? Esclarece o referencial teórico? Este é pertinente aos objetivos propostos? 

4.Método/Metodologia: O delineamento do estudo é adequado aos objetivos? A metodologia aplicada é adequada? Os procedimentos adotados estão claramente explicitados? O estudo teve aprovação por um comitê de ética (consentimento informado)? 

5.Discussão: está redigida de maneira clara e contempla os objetivos propostos? Enfoca as principais questões indicadas pelos resultados e critica as possíveis limitações do estudo? Articula os dados obtidos ao referencial teórico do estudo? 

5.Resultados: estão descritos com clareza? Estão coerentes com os objetivos? Respondem à questões do estudo? 

7.Referências: a revisão bibliográfica é atualizada e suficientemente ampla?