ELABORAÇÃO DA APOSTILA - Henriqueta Teixeira · 2020. 8. 6. · 12. Sistema Nervoso ... O...

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ELABORAÇÃO DA APOSTILA * HENRIQUETA TEIXEIRA ALVARENGA, Fisioterapeuta (FCMMG 1985), Pós Graduada em Fisioterapia Esportiva/Terapia Manual (PUC 2000), Formação em Reeducation Postural Global (França 1987), Formação em Harmonização do Corpo Sensível (França 1988), Formação em Terapia Manual (Fundação Marcel Bienfait, Itália 1995), Formação em Osteopatia (Rio de Janeiro 1997), Formação Completa em Cadeias Musculares (Léopold Busquet 1999), Formação em Fisioterapia Dermato-Funcional (Belo Horizonte 2002), em formação Reeducação do movimento e GDS (Ivaldo Bertazzo). * GISSÉLLI MARTINS DE ALMEIDA. Fisioterapeuta (GAMA FILHO), Formação em RPG/SSRP, Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial (2002-2005). Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 8781-2404 * JERUSA SILVA EVANGELISTA, Fisioterapeuta (PUC 2004), Pós-graduada em Terapia Manual (PUC 2005), Pós-Graduada em Ginecologia e Obstetrícia (FCMMG 2006), Formação em RPG/SSRP (BH 2005), Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial. Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 8812-0296. * SÍLVIA MURTA, Fisioterapeuta (UFMG 2004), Pós-graduada Dermato-Funcional (Gama Filho, 2006), Formação em RPG/SSRP (BH 2004), Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial. Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 9239-0862

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  • ELABORAÇÃO DA APOSTILA

    * HENRIQUETA TEIXEIRA ALVARENGA, Fisioterapeuta (FCMMG 1985), Pós Graduada em Fisioterapia Esportiva/Terapia Manual (PUC 2000), Formação em Reeducation Postural Global (França 1987), Formação em Harmonização do Corpo Sensível (França 1988), Formação em Terapia Manual (Fundação Marcel Bienfait, Itália 1995), Formação em Osteopatia (Rio de Janeiro 1997), Formação Completa em Cadeias Musculares (Léopold Busquet 1999), Formação em Fisioterapia Dermato-Funcional (Belo Horizonte 2002), em formação Reeducação do movimento e GDS (Ivaldo Bertazzo). * GISSÉLLI MARTINS DE ALMEIDA. Fisioterapeuta (GAMA FILHO), Formação em RPG/SSRP, Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial (2002-2005). Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 8781-2404 * JERUSA SILVA EVANGELISTA, Fisioterapeuta (PUC 2004), Pós-graduada em Terapia Manual (PUC 2005), Pós-Graduada em Ginecologia e Obstetrícia (FCMMG 2006), Formação em RPG/SSRP (BH 2005), Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial. Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 8812-0296. * SÍLVIA MURTA, Fisioterapeuta (UFMG 2004), Pós-graduada Dermato-Funcional (Gama Filho, 2006), Formação em RPG/SSRP (BH 2004), Monitoria do Curso de Aprimoramento Profissional RPG/SSRP, Colaboração na revisão da Apostila do Curso RPG/SSRP. Fisioterapeuta membro da Equipe SSRP Clínico Ambulatorial. Supervisão para alunos RPG/SSRP – Fone: (31) 9239-0862

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    ÍNDICE 1. Introdução ............................................................................................................................................... 3 2. Princípios do SSRP ................................................................................................................................ 3 3. Histórico do SSRP. ................................................................................................................................. 4 3.1 Método Mézières ............................................................................................................................... 4 3.2 Antiginástica e a Consciência de Si ............................................................................................... 5 3.3 Eutonia .............................................................................................................................................. 7 3.4 Ginástica Holística ........................................................................................................................... 8 3.5 Osteopatia ......................................................................................................................................... 9 4. Classificação das Sensações Somáticas .......................................................................................... 10 5. Importância da Conquista da Consciência Corporal ........................................................................ 11 6. Técnica de Mapeamento do SSRP ...................................................................................................... 11 7. Trabalho Proprioceptivo de Vibração ................................................................................................ 14 8. Cadeias Musculares.............................................................................................................................15 9. Posturas em Carga e Postura em descarga ...................................................................................... 15 10. Função Estática .................................................................................................................................. 17 10.1 .Fisiologia da Estática .................................................................................................................. 17 10.2 Coluna Vertebral ........................................................................................................................... 17 11. Músculo Esquelético .......................................................................................................................... 20 12. Sistema Nervoso ................................................................................................................................ 22 12.1. Controle Neural ............................................................................................................................ 22 12.2. Unidade Motora ........................................................................................................................... 23 13. Anatomia ............................................................................................................................................. 24 13.1 Anatomia do Pé,Tornozelo e Perna ............................................................................................ 24 13.2 Anatomia da Região Glútea, Coxa e Articulação do Joelho .................................................... 26 13.3 Anatomia da Coluna Vertebral .................................................................................................... 28 13.4 Anatomia do Abdome .................................................................................................................. 30 13.5 Anatomia do Tórax ....................................................................................................................... 30 13 .6 Anatomia da Região Escapular .................................................................................................. 31 13.7 Anatomia do Braço e Antebraço ................................................................................................. 32 13.8 Anatomia do Punho e da Mão ..................................................................................................... 34 14. Avaliação Geral ................................................................................................................................... 35 15. Modelo da Ficha de Avaliação Geral ................................................................................................ 37 16. Avaliação Pélvica (Marcel Bienfait) .................................................................................................. 40 17. Avaliação específica da Reeducação Postural - Escolha de Postura .......................................... 42 17.1 Lesões da coluna cervical...........................................................................................................47 18. Modelo da Ficha de Avaliação RPG ................................................................................................. 50 19. Princípios para Instalação das Posturas ......................................................................................... 51 20. Postura de Ângulo Aberto em decúbito Dorsal (Rã no Chão) ....................................................... 54 21. Postura de Pé Contra a Parede ......................................................................................................... 58 22. Postura de Pé ao Meio ....................................................................................................................... 60 23. Postura de Ângulo Fechado em Decúbito Dorsal (Rã no Ar) ........................................................ 61 24. Asa Delta ............................................................................................................................................. 65 25. Postura Assentada ............................................................................................................................. 67 26. Postura Cruzada ................................................................................................................................69 27. Trabalhos Analíticos Preparatórios .................................................................................................. 71 28. Reeducação respiratória ................................................................................................................... 74 29. Manobras do Diafragma..................................................................................................................... 76 30. Trabalho de Sensações Somáticas e Reeducação Postural ......................................................... 79 SSRP para Membros Inferiores........................................................................................................79 SSRP para a Pelve ............................................................................................................................84 SSRP para Coluna e Tronco.............................................................................................................87 SSRP para Membros Superiores .....................................................................................................90 31. Estruturação das Sessões. ............................................................................................................... 93 32. Trigger Points ou Pontos Gatilhos - TRGS. ..................................................................................... 95 33. Dor Miofascial e Fibromialgia ........................................................................................................ 102 34. Escoliose ........................................................................................................................................... 105 34.1 Ângulo sacral............................................................................................................................112 34.2 CID..............................................................................................................................................122 35. Relaxamento da Coluna Cervical .................................................................................................... 124 36. Neurofibromatose.............................................................................................................................126 37. Relação Terapeuta / Paciente .......................................................................................................... 128 38. Bibliografia ....................................................................................................................................... 130 Anexos ..................................................................................................................................................... 131

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    1. INTRODUÇÃO

    O trabalho de SENSAÇÕES SOMÁTICAS E REEDUCAÇÃO POSTURAL - SSRP - é uma síntese de diversos métodos pelos quais a ministrante Henriqueta Teixeira Alvarenga teve contato em sua prática clínica desde 1985, que se complementam e se enriquecem, tais como: Método Mézières, Reeducação Postural Global (RPG), Antiginástica e consciência de si, Eutonia, Ginástica Holística, Osteopatia, Feldenkrais, Coordenação Motora e Cadeias Musculares.

    Eles foram acrescentados ou simplificados, aqui, conforme a necessidade e a finalidade de adaptá-los ao trabalho proprioceptivo na Reeducação Postural.

    O interesse desta apostila é orientar os alunos do curso SENSAÇÕES SOMÁTICAS E REEDUCAÇÃO POSTURAL dentro do contexto da aprendizagem do mesmo.

    A aplicação terapêutica desse trabalho envolve teoria, diagnóstico e tratamento global. “Nós merecemos todos os nossos encontros. Eles nos são oferecidos pelo destino e tem um significado que cabe a cada um de nós descobrirmos”. Homéopathie et langage du corps – Dr. Rolando Sananés – Éditions Robert Lafond – Paris/1982).

    2. PRINCÍPIOS DO SSRP

    1. O trabalho de SENSOPERCEPÇÃO (SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES SOMÁTICAS) é fundamental na mudança da postura e do esquema corporal. Esse hábito de se sentir e se perceber reintegram as correções conquistadas pela Reeducação Postural ao esquema corporal.

    2. Unidade corporal: Integração das partes do corpo.

    3. Apropriação do corpo através da participação ativa do indivíduo no sentido de se sentir responsável pelos seus sintomas e pela sua melhora.

    4. Valorização da qualidade e não da quantidade do trabalho.

    5. Respeito ao ritmo próprio de cada pessoa.

    6. Harmonização do tônus.

    O SSRP é uma busca na mudança de postura e no esquema corporal através do alongamento global, visando o relaxamento do corpo que é a condição básica para o bem estar e a saúde física e mental.

    Para isso, além das técnicas convencionais, desenvolveram as técnicas de mapeamento que propiciam a conquista da consciência corporal.

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    3. HISTÓRICO DO SSRP

    3.1. MÉTODO MÉZIÈRES O método foi criado em 1947 pela francesa Françoise Mézières a partir da observação. Baseado no Reflexo Miotático inverso, levando em consideração as diferenças entre os músculos da dinâmica e da estática. Françoise Mézières desenvolveu um método de trabalho revolucionário, baseado na sua experiência com seus pacientes e em seu profundo conhecimento de anatomia, biomecânica e fisiologia. Esta busca de um novo caminho para o tratamento de “deformidades corporais” deu origem a vários métodos bastante utilizados atualmente. Mézières tinha como finalidade no seu trabalho, tornar o indivíduo autônomo, dono de seu corpo. Acreditava que, para isso, ele precisava tornar-se consciente da organização dos próprios movimentos, conhecer-se e aceitar a responsabilidade de cuidar de si. O essencial do método Mézières é a introdução da globalidade no trabalho do fisioterapeuta. Globalidade entendendo trabalhar o alongamento e o fortalecimento dos músculos do corpo todo, ao mesmo tempo. Em 1949 foi editada uma obra intitulada “Revolução em Ginástica Ortopédica” de autoria da Mézières que questionava as explicações dadas aos diferentes desvios vertebrais pelos profissionais da época, considerando-as insatisfatórias e conseqüentemente ineficazes os tratamentos feitos a partir delas. A partir do que ela denominou observação dos princípios criou-se as leis do método Mézières. O texto a seguir, retirado do livro “O Corpo tem suas razões”, de Thérese Bertherat, ilustra o início do trabalho de Madame Françoise Mézières: “Nesse momento foi-lhe enviada uma doente de 40 anos magra e longilínea apresentando uma enorme cifose e uma recente periartrite nos ombros, colete de couro e ferro ordenado dois anos antes, não tendo corrigido, mas tendo ferido sete vértebras e os pontos das escápulas em carne viva, equimoses nos ombros e nas ancas. Desde que tentou classicamente puxar em posição sentada seus ombros para trás, apoiando sobre a cifose, e não teve nenhum resultado, resolveu colocá-la em decúbito dorsal e apoiá-la sobre os ombros. Esta ação provocou imediatamente uma enorme hiperlordose lombar. Corrigida por uma flexão de joelhos, esta hiperlordose apareceu na cervical e a cabeça recuou para trás. Isso encorajou Madame Mézières a flexibilizar a musculatura paravertebral”. O sucesso de seu tratamento a leva a formular o princípio de base e suas leis:

    LEIS DO MÉTODO MÉZIÈRES 1ª Lei: Os numerosos músculos posteriores se comportam como um só músculo. 2ª Lei: Estes músculos são muito tônicos e muitos curtos. 3ª Lei: Toda ação localizada - tanto o alongamento quanto o encolhimento - causa o

    encurtamento do conjunto do sistema. 4ª Lei: Toda oposição a esse encurtamento provoca instantaneamente látero-flexões e rotações

    da coluna e dos membros. 5ª Lei: A rotação dos membros é sempre interna. 6ª Lei: Todo alongamento, distorção, dor, todo esforço implica instantaneamente um bloqueio

    respiratório em inspiração.

    PRINCÍPIOS DO MÉTODO 1. Dirige-se à elasticidade muscular. 2. Tem a visão do corpo como unidade. 3. Respeita a morfologia individual. 4. Valoriza a expiração. 5. Utiliza alongamentos globais. 6. Os trabalhos seguem o eixo raquidiano. 7. É uma terapia física. - Conclui então Mézières:

    “Não vamos mais fortificar nenhum músculo, mas vamos amaciá-lo, por um trabalho longitudinal”.

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    A técnica deve visar uma postura global do corpo. Global entendendo como trabalhar os músculos em conjunto da cabeça aos pés ao mesmo tempo. Desvios posturais devem ser tratados visando às abordagens das cadeias para se corrigir as compensações. A partir do sintoma investiga-se a sua origem. Do ponto de vista global do corpo, conhecendo-se as cadeias musculares, cria-se condições de encontrar o motivo primário ou causal da lesão que levou a uma série de compensações que comprometem a boa postura aparada pela musculatura estática. A idéia do método é proporcionar alongamento em todas as cadeias musculares retraídas para fortalecê-las e aumentar o seu comprimento modificando assim a atitude óssea deformada, para isso é importante fazer a diferenciação da musculatura do corpo entre músculos estáticos e músculos dinâmicos.

    MÚSCULOS ESTÁTICOS OU ANTIGRAVITÁRIOS: são responsáveis pelo equilíbrio ou postura do corpo, por isso são sempre muito requisitados, tem um funcionamento involuntário o que significa que não atendem prontamente a nossa vontade. Tem uma inervação reflexa automática. Como são músculos curtos e sobrecarregados de esforços, por serem muito solicitados, tendem a ficar fracos e hipertônicos, produzindo pouca sustentação e uma baixa eficácia no seu funcionamento. É então importante que seja feito um trabalho para criar flexibilidade e fortalecimento nesses músculos através da contração isotônica excêntrica, numa posição de máximo alongamento para produzir um aumento de força nos músculos, globalmente.

    MÚSCULOS DINÂMICOS OU GRAVITÁRIOS: são responsáveis pelo movimento do corpo e atendem ao comando voluntário, possui inervação fásica, ocasional. O trabalho que deve ser feito nesse tipo de musculatura é de contração isotônica concêntrica. Pode-se usar a seguinte analogia para clarear o funcionamento muscular no corpo humano: Imagine um grupo de pessoas no cabo de guerra. Se um dos atletas tropeça, todos os seus companheiros serão derrubados em direção de seu desequilíbrio. Na musculatura o mesmo acontece, quando um músculo se retrai ou se encurta, os outros músculos pertencentes ao sistema também se encurtarão, o que não é bom para a coluna que arcará com todas as sobrecargas da situação. É onde deparamos com o aparecimento dos desvios posturais.

    3.2. ANTIGINÁSTICA E A CONSCIÊNCIA DE SI Método criado por Thérèse Bertherat, que começou sua trajetória pela observação do trabalho de L. Ehrenfried. Bertherat escreveu muito bem sobre Mézières e também fez aplicações de Eutonia de Gerda Alexander. No livro “O Corpo tem Suas Razões” Thérèse Bertherat escreve: “Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo”. “Se as paredes ouvissem... Na casa que é o seu corpo, elas ouvem. As paredes que tudo ouviram e nada esqueceram são os músculos. Na rigidez, crispação, fraqueza e dores dos músculos das costas, pescoço, diafragma, coração e também do rosto e do sexo, está escrita toda sua história, do nascimento até hoje”. Baseado nesse conceito de corpo como morada Bertherat chama à atenção para os quesitos da vida e os articulam, revelando assim o que está oculto no corpo, mas nem por isso deixa de existir. Saúde, bem-estar, segurança e prazer são conquistas importantes de serem adquiridas e conservadas durante a vida. Muitas vezes não compreendemos bem o que está acontecendo com o nosso corpo que se queixa ou se mostra com desprazer. Procuramos explicações em nosso comportamento, perguntamos ao médico, vamos à academia numa tentativa de resolver rapidamente o problema e calar o corpo. Não despertamos para ver como encaramos esse corpo. Insistimos muito mais em uma postura de justificativas através das palavras do que admitimos que talvez seja esta justamente a questão:

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    O OLHAR SOBRE O CORPO. Uma mudança de postura é então fundamental para criar uma nova possibilidade de se relacionar com o corpo. Postura esta não de falar, mas de ouvir. Ouvir o corpo. Pode-se dizer que esta dificuldade é cultural, uma vez que, somos educados de uma maneira confusa, misturando tranqüilidade com repressão. E na tentativa de tranqüilizar uma criança, que precisa de paz e serenidade para desenvolve-se bem, o adulto a reprime, a aprisiona, porque sempre a define pelo social e não pelo seu corpo que é o seu limite. Ela passará a vida toda pedindo licença para vivê-la uma vez que não possui autonomia para ser ela mesma. Estará sempre a mercê de um controle externo que é de quem possui tal poder de controlá-la, pode ser os pais, os amigos... E possivelmente nunca crescerá psicologicamente sendo uma eterna criança ou uma eterna adolescente sem que possa assumir responsabilidade da vida adulta como trabalho, educação dos filhos, relacionamentos amorosos e o que seria prazer passam a ser sofrimento. Os rótulos são usados no cotidiano e aceitos com naturalidade na sociedade, Fulano é isso, Beltrano é aquilo. O comportamento de adestramento do corpo em academias também é encarado com naturalidade. Juntos comportamento e expressões verbais mostram o que a pessoa é. O que ela diz e o que faz é o que ela parece ser, mas o medo não a deixa olhar. Olhar para entender que este pensamento é de um funcionamento fracionado do corpo e não corresponde à verdade. Confundimos o visível com o superficial. Entender que somos o nosso corpo e que o nosso corpo somos nós e criar condições de uma nova postura que é a de sentir através das sensações e procurarmos assim as razões do próprio corpo. Partir da percepção para encontrar a verdade, isto é justo. Nosso corpo somos nós. É a nossa única realidade perceptível. Por isso tomar consciência do corpo é ter acesso ao ser inteiro. A Antiginástica é uma proposta de desenvolver a inteligência muscular e para isso são feitos movimentos que exigem a perspicácia de quem os pratica. Movimentos esses que nascem dentro do corpo, não são impostos de fora. Não tem nada de mistério ou misterioso. Tem por finalidade a idéia de que o corpo não continue a escarpa-lhe junto com a vida. A antiginástica é entendida pelo corpo através de movimentos que são as preliminares e o prepara para o estado de viver plenamente, e é, este, o trabalho feito por sensações somáticas e reeducação postural.

    FRASES DA THÉRÈSE BERTHERAT Manualidade “Vou pedir-lhes algo novo. Que observem. Que palpem com as mãos e não com instrumentos. E depois que, em vez de acreditar no que leram, acreditem no que perceberam”.

    Responsabilidade, posse, independência. “Nunca devemos querer dominar o corpo do outro, meus caros. Nosso único orgulho deveria ser o de libertá-lo”.

    Respeito ao ritmo “É tão inútil tentar acelerar o ritmo das estações ou apressar o amadurecimento das frutas. Quanto forçar o corpo a realizar-se”.

    Trabalho com a estrutura e a manualidade. “Faço escultura com o material humano”.

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    3.3. EUTONIA Gerda Alexander iniciou a formação de alunos em 1940, que fizeram da eutonia elemento fundamental de suas vidas. A eutonia se baseia na sensação tátil consciente, no desenvolvimento da sensibilidade superficial e profunda. A eutonia concerne tanto ao sadio quanto ao doente, tanto aos que lidam com o físico quanto aos que lidam com o psíquico. O relaxamento, um aspecto do domínio do tônus, representa apenas uma parte da eutonia. Evita, portanto, qualquer sugestão ou influência direta sobre a respiração: trabalha somente com influências indiretas sobre as funções vegetativas. Sua pedagogia se baseia na realização do ritmo pessoal de cada aluno através da apresentação de propostas que exigem soluções próprias, sem que haja um modelo a ser seguido. O objetivo é desenvolver, no decorrer do trabalho, a “presença” (é o estar consciente da presença do próprio corpo como organismo perceptivo e atento a tudo que nele ocorre) e o contato permanente com o ambiente. Para que a pessoa consiga um contato real consigo mesma, com o próximo e com o ambiente, é preciso que vivencie conscientemente o seu corpo, no movimento, no repouso e no contato com o ambiente. O tato e o contato das pessoas entre si pressupõem uma normalização e o domínio do tônus para que cada parceiro não prejudique o outro pela transferência do seu modo de atuar ou de suas próprias dificuldades. No trabalho eutônico, trata-se de estar aberto e receptivo aos outros, sem enfraquecer a própria personalidade. A base da eutonia é a verdadeira consciência das sensações. E, por isso, devemos considerar a pele como órgão, como invólucro vivo, como inúmeras inervações do organismo inteiro. Tudo o que tocamos também nos toca. Por causa da influência reguladora sobre as funções tônicas, essa dialética está na origem do sentimento de unidade e bem-estar que o trabalho de contato e tato da eutonia consegue proporcionar. A eutonia, baseando-se no contato permanente com o ambiente, não só permite ao indivíduo reencontrar a si mesmo como, ao mesmo tempo, ajuda-o a romper os limites do seu isolamento.

    HISTÓRIA DE GERDA ALEXANDER Existia um grande parentesco entre a eutonia e as formulações pedagógicas desenvolvidas na Europa e na América depois da 1ª Guerra Mundial, dirigidas no sentido de uma nova pedagogia, e cujos representantes estão reunidos na Organização Internacional New Education Fellowship. Sua formação foi na escola de Otto e Charlotte Blensdorf. Foi uma das primeiras alunas de Jacques Dalcroze, entrou em contato com representantes dessas novas idéias. Recebeu influências marcantes das experiências do Instituto Científico Pedagógico da Universidade de Iena, sob direção do professor Peter Peterson, e da Primeira Escola Livre e Jardim de Infância da Dinamarca. Não queria se tornar seguidora rígida de nenhuma regra. Sua necessidade íntima era de encontrar novos caminhos e meios de expressão. “É preciso estar imbuído de uma motivação irresistível para escapar da força de costumes adquiridos e da coerção que visa ao enquadramento no sistema social”. Dizia ela. Sua motivação veio no início de sua vida profissional por seu estado de saúde. Desde os primeiros anos de vida teve uma saúde precária. Tinha dificuldades na digestão do leite e sofria de crises hepáticas. Aos 17 anos sofreu várias crises graves de febre reumática seguidas de crises cardíacas. O conhecimento das limitações de suas forças talvez a tenha levado a evitar qualquer filiação a correntes intelectuais da época. Somente assim conseguiu, no decorrer dos anos, elaborar e aperfeiçoar um método novo sem ser desviada pelas idéias e influência dos métodos que a haviam inspirado. A eutonia é uma técnica voltada para o desenvolvimento da personalidade integral; corpo, imagem e esquema corporal. Pela cuidadosa atenção que se presta às sensações corporais o aluno adquire consciência da influência das emoções e das atividades intelectuais sobre todo o organismo e, portanto, sobre as possibilidades de expressão artística em matéria de movimento, modelagem, pintura, e música. Inclui não somente o controle da postura, a distribuição do peso, o controle do tônus e das funções musculares como também a consciência e o controle de

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    processos semiconscientes e inconscientes como a circulação e a regularização do sistema neurovegetativo autônomo. O equilíbrio do tônus muscular é alcançado por meio do treinamento da percepção e do controle consciente do tônus do músculo em movimento. Durante este trabalho EUTÔNICO reduz-se gradualmente a energia bloqueada que poderá ser canalizada pela atividade criativa.

    3.4. GINÁSTICA HOLÍSTICA Método criado pela Dra. L. Ehrenfried enfocando o uso do sistema sensorial e a consciência para fazer funcionar simultaneamente a respiração, o equilíbrio e o tônus, contribuindo assim para uma melhora de todas as funções do indivíduo em seu todo psicossomático. Foi também pioneira no que diz respeito ao global no sentido de interligar o psíquico e o somático. Como médica se preocupava com os sintomas, mas também privilegiou a pesquisa das causas das desarmonias e disfunções que bloqueiam o indivíduo em suas ações cotidianas. Como respira uma pessoa angustiada, estressada? Como se posiciona alguém a quem a vida oprime? Como ajudar uma adolescente que, recusando a puberdade, tende a dobrar-se física e psicologicamente sobre si mesma? Queremos falar de subconsciente? Escrevia ela. Sua prática visa então reencontrar um conforto físico cada vez maior, e, sobretudo um estado de calma que nos permita estar melhor e afrontar as dificuldades diárias, um reencontro que possibilite ao indivíduo funcionar com mais eficácia gerando mais confiança em si. Trabalhar com eficácia significa saber poupar emoções inúteis, não desperdiçar nosso capital de forças ativas, que deverão ser usadas quando precisarmos delas. No que diz respeito ao comportamento e respiração, a teoria da ginástica Holística ressalta a importância da qualidade da respiração: isso é, não o que é feito, mas o que se deixa fazer, ao que se submete. Não existe o pedido de um acréscimo de atividade, mas uma diminuição; não uma tensão aumentada, mas um relaxamento. Isso é tudo o que é necessário para inaugurar um novo estado das coisas. Será válido para uma série de atividades físicas e mentais de um indivíduo. Porque então estresse se a respiração se mantém regular? O estresse é causado por um excesso de medidas mal escolhidas, ou ainda, pelo resultado de um mau entendimento de quem o produz. O indivíduo estressado não tem o controle do ritmo respiratório, pois este é feito pelo organismo, mas o ritmo é alterado pela mudança do meio ambiente, que é o próprio corpo, local das sensações. É então que se deve aprender a regularizar o trabalho muscular de acordo com o ritmo natural, que é um saber do organismo, e não respirar segundo um ritmo imposto pelo trabalho ou o seu excesso que é o estresse. O equilíbrio é uma outra meta da Ginástica Holística, trata-se da antiga luta contra a gravidade. A ação da atração terrestre: o ser humano procura endireitar-se e a terra o atrai sem que ele saiba apoiar-se sobre ela. O corpo humano como um todo está em equilíbrio instável. O quadrilátero de sustentação é ínfimo em relação à altura, e o centro de gravidade encontra-se longe da base. Esse problema complica-se ainda mais por tratar-se de um corpo cujas diferentes partes são móveis umas em relação às outras através das articulações: seria mais simples se o corpo fosse rígido, como um bastão. A partir desses fatos, poderíamos deduzir que o ser humano, não podendo encontrar o equilíbrio correspondente à sua estrutura, procura reduzir suas dificuldades enrijecendo-se, diminuindo dessa forma as possibilidades de desvio e, em conseqüência, de mobilidade. A Ginástica Holística procura pelo sentido do equilíbrio, que não está perdido, mas apenas atrofiado, e não pela atitude “correta” rígida, mas pela extrema elasticidade. Para isso é feito então um trabalho de reeducar a sensibilidade muscular profunda através de experimentos que vivenciam as sensações de bem estar e leveza, as quais serão levadas à consciência e solicitadas pelo próprio corpo que as registrou na memória e já não quer abrir mão dessa forma de prazer.

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    A tonicidade é mais um ponto importante da Ginástica Holística que tem a ver com o ponto médio de tensão muscular. Ela será aqui tratada por distonia para se referir ao distúrbio de tonicidade. Que fazer então para regularizar os “altos” e “baixos”? Podemos modificar esse desequilíbrio de outra forma que não seja a utilização de medicamentos? A idéia é análoga à da reeducação respiratória. O corpo precisa sensibilizar-se para aquilo que ocorre nele próprio. A estratégia de “descanso” e “relaxamento” é utilizada para esse fim, mas chamando a atenção para a tonicidade muscular, que mesmo com o tecido muscular em repouso, ainda existe uma tonicidade residual que só acaba com a própria vida, mostrando assim o estado imediato para a realização de trabalho muscular. O interessante é também notar que mesmo em repouso existem músculos em contração permanente, consumindo assim energia em pura perda. É porque muitas pessoas não sabem repousar! No entanto, é a condição prévia para um trabalho de reeducação; como poderíamos mudar o que ignoramos completamente ou que conhecemos mal? O estado de relaxamento é importante para que a circulação sangüínea se faça mais ativa contribuindo para o desaparecimento do cansaço físico e psíquico, além de fazer com que o oxigênio chegue até as células num tempo bastante curto. As contribuições da Ginástica Holística são fundamentais para a saúde do corpo e a qualidade de vida. “Lançar mão” desse recurso é uma demonstração do nível de consciência que se tem da vida.

    3.5. OSTEOPATIA Etimologicamente a palavra osteopatia origina-se do grego Osteos (osso) e Pathos (efeitos vindo do interior). Ela é um conceito que indica a influência da doença, suas causas e seus tratamentos manuais, e não uma afecção no osso. É baseada na fisiologia, na anatomia e na semiologia. Foi criada pelo doutor Andrew Taylor Still nascido em 16 de agosto de 1829, em Jonesborough na Virgínia. Para ele os quatro grandes princípios sobre os quais repousam a medicina osteopática são: 1) A estrutura determina a função 2) A unidade do corpo 3) A autocura 4) A lei da artéria. I. Korr é um fisiologista e osteopata que cita a definição de Downing de osteopatia. A osteopatia é uma filosofia da medicina (curativa) que possui um sistema completo de terapias. O tratamento se baseia nas condições anormais do corpo, nas leis naturais e nos princípios vitais que regem a vida, ou seja, o ajuste de todas as forças vitais, físicas, químicas ou mentais. Assim fica aqui a fundamentação da incorporação da osteopatia no conceito de sensações somáticas e reeducação postural.

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    4. CLASSIFICAÇÃO DAS SENSAÇÕES SOMÁTICAS

    1. Os sentidos somáticos mecanorreceptivos: estimulados pelo deslocamento mecânico de algum tecido do organismo. Inclui o tato, a pressão, a vibração.

    - O sentido da posição, que determina as posições relativas e as velocidades do movimento das diferentes partes do corpo. - A cinestesia, ou seja, o reconhecimento consciente das freqüências dos movimentos das diferentes partes do corpo.

    2. Os sentidos termorreceptivos: que detectam o calor e o frio. 3. O sentido da dor: ativado por qualquer fator que lese o tecido.

    OUTRA CLASSIFICAÇÃO a. As sensações exteroceptivas: oriundas da superfície do corpo. b. As sensações proprioceptivas: relacionadas com o estado físico do corpo – sensação de posição dos tendões e músculos, as sensações de pressão da planta do pé, cinestesia. O equilíbrio ás vezes considerada sensação especial e não somática. c. As sensações viscerais: sensação dos órgãos internos. d. As sensações profundas: vem dos tecidos profundos (ossos, fáscias). Essas incluem principalmente pressão, dor e vibrações “profundas”. - As sensações constituem matéria prima para a construção do esquema corporal. Também para a coordenação (sensação x força). - O trabalho de sensopercepção é básico para que haja uma verdadeira mudança postural, ou seja, mudança do esquema corporal. - O trabalho de sensopercepção reintegra ao nível do esquema corporal as correções conquistadas. - As atitudes defensivas se fixam e se integram caso não sejam tratadas. - Integração é a assimilação, ao nível do esquema corporal como normal de uma situação morfologicamente anormal. - O trabalho manual é um encontro corporal e pessoal muito próximo entre duas pessoas. - O ser humano é capaz de dar sentido ao encontro, à perda, à doença, assim podendo se modificar e crescer. - A doença tem um sentido. O doente necessita encontrá-lo dentro dele mesmo, para que possa curar-se.

    Não se adoece por acaso. - A doença é um sinal que algo não vai bem, é preciso mudar. - O fisioterapeuta deve tentar, junto ao cliente, fazê-lo entender o significado da sua doença. Por que ele adoeceu?

    Responsabilidade pela sua própria cura.

    Só o doente poderá verdadeiramente curar-se, efetuando mudanças nos planos corporal, sensorial, emocional.

    - O corpo não é entregue para alguém curar, para alguém “dar jeito”, para alguém tratar, mas é um corpo que você mesmo cuida.

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    5. IMPORTÂNCIA DA CONQUISTA DA CONSCIÊNCIA CORPORAL A consciência-de-si é a condição necessária para o processo de crescimento e processo terapêutico.

    A consciência corporal tem por finalidade a reformulação do esquema corporal, ou seja, a situação em que se encontra o corpo através da imagem corporal, ou ainda, o que o indivíduo imagina sobre ele mesmo. Esse pensar sobre si permite a reconstrução da imagem de si mesmo que a tem sua origem na harmonia entre o que se percebe de si e o que se é.

    A consciência-de-si é estar consciente dos pré-requisitos e quesitos que necessitamos em nossas relações na vida. Isto seria dizer que cada indivíduo possui uma estrutura de acordo com suas necessidades e como se isso não bastasse é preciso saber quais são elas. É condição para o processo da consciência-de-si, se conhecer.

    O conhecimento tem um outro lado da moeda que é o saber. Saber de si propicia a consciência-de-si, daí a importância da “presença” através das sensações e percepções corporais. A conquista da consciência corporal é o objetivo das técnicas de mapeamento.

    - A consciência de si é diferente de estar consciente. Posso estar consciente de fatos externos a mim, sem estar consciente de mim. Consciente de si pressupõe a presença simultânea, integrada de todas as partes que compõe a estrutura e ainda a clara hierarquia que rege a estrutura em cada momento. A consciência de si, condição primeira para qualquer terapia ou processo de crescimento. Tem por finalidade a reformulação do esquema corporal através da imagem corporal. A reconstrução da imagem de si mesmo tem sua origem na harmonia entre o que se percebe de si e o que se é.

    ESQUEMA CORPORAL X IMAGEM CORPORAL

    Esquema corporal se refere ao corpo na sua relação com o espaço e o tempo e identifica o indivíduo à sua espécie; Imagem corporal é a síntese viva da história emocional; O esquema corporal é o intérprete da imagem corporal; A construção do esquema e da imagem de si segundo o modelo do outro.

    6. TÉCNICA DE MAPEAMENTO DO SSRP O mapeamento é uma técnica de auto-observação das sensações corporais e/ou em contato do corpo com algum objeto ou superfície, em estado de passividade voluntária. A técnica deve ser utilizada para iniciar e finalizar qualquer trabalho, seja em grupo ou individual. O profissional deve chamar a atenção do paciente para a correlação de lateralidade: percepção e consciência do hemi-corpo direito em relação ao esquerdo e relacionar a metade superior do corpo (cabeça, tronco, MMSS) com a metade inferior (abdome, pelve, MMII).

    Pode-se trabalhar com uma sensação ou várias ao mesmo tempo: sensações de forma, volume, temperatura, comprimento, densidade, cor, peso, tensão, relaxamento e dor.

    Observar a respiração, a percepção do corpo, à qualidade vibratória, às relações entre as partes, a pele, os músculos, os ossos, as articulações, as vísceras com seus movimentos próprios, etc...

    OBJETIVOS

    Criar referências às sensações através da comparação entre as percepções iniciais e finais de cada trabalho.

    Iniciar o processo de conquista da consciência corporal. Registrar as mudanças posturais. Centrar a atenção nas sensações para propiciar maior presença, maior contato consigo mesmo e com o

    espaço ao seu redor. Perceber-se para melhor perceber as pessoas e objetos. Utilizar os materiais proprioceptivos do SSRP para induzir as sensações corporais. Exercitar as noções de entrega e de troca. Diferenciar a referência: corpo/superfície. O tato é o que você toca e o contato é o que te toca. Perceber as sensações como volume, forma, densidade, simetria, lateralidade, comprimento, vibração

    interna, limites do corpo e delimitação do espaço interno e externo. Perceber os ossos, músculos e articulações. Normalizar o tônus muscular.

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    MAPEAMENTO DOS PÉS E DE TODO CORPO EM ORTOSTATISMO

    REFERÊNCIAS PARA O MAPEAMENTO DOS PÉS: Existem três pontos de apoio no pé: cabeça do 1º metatarso (hálux), cabeça do 5º metatarso (mínimo) e meio do calcanhar. Procure unir esses três pontos e eles formarão um triângulo: é o triângulo de apoio do pé. Procure distribuir o peso do corpo nos dois pés simultaneamente, no seu triângulo de apoio e alinhar os maléolos, trazendo o peso para o centro do calcanhar.

    MAPEAMENTO DOS PÉS O fisioterapeuta orienta: Em posição ereta, com os pés paralelos observe: - A sensação dos pés, cada parte e o todo. A forma, o dorso, a planta, as articulações, os ossos, as articulações que existem, os artelhos, as unhas, o calcanhar, a borda interna e a borda externa. - A sensação de equilíbrio, de estar ou não firme no chão, com pouco ou muito contato e a sensação de desequilíbrio. - Os pontos de maior pressão e contato com o chão: Calcanhar, base do hálux, base do mínimo, borda interna, borda externa, artelhos. - A posição dos maléolos internos: estão mais baixos ou mais altos, ou seja, mais para dentro ou para fora.

    MAPEAMENTO DE TODO O CORPO NA POSIÇÃO ERETA Em seguida ao mapeamento dos pés, observe se as panturrilhas se tocam ou se existe um espaço entre elas, quando os pés estão juntos (muitos ou poucos locais de contato, avaliação do espaço entre as panturrilhas). Perceba se os joelhos e coxas estão em contato, perceba os pontos de contato ou os espaços entre eles. Pesquise as sensações gerais das pernas. Separe os pés e encontre a justa distribuição de peso nos dois membros e no triângulo de apoio. Siga o mapeamento do corpo seguindo o esquema abaixo. PELVE - Relacione osso ilíaco e o fêmur. - Perceba o sacro, o cóccix, o ilíaco e suas divisões: púbis, ílio e ísquios. - É importante sentir o volume e os órgãos que estão alojados no espaço interno. - Pesquise as sensações gerais.

    COLUNA - Inicie com o cóccix, em seguida sacro, lombar, dorsal e cervical. - Conscientize-se das curvas vertebrais. - Considere a cabeça como prolongamento da coluna. - Perceba a coluna como eixo central e a quantidade de vértebras existentes em cada segmento. - Observar se o tronco está anteriorizado e se a posição da cabeça está protrusa ou recuada. - Imagine as funções da coluna, a forma das vértebras e as articulações vertebrais. - Pesquise as sensações gerais. - É importante perceber a relação com as costelas, a pelve e a cabeça.

    COSTELAS - Localize o contato das costelas com o esterno e com a coluna dorsal. - Descubra a quantidade de costelas existentes, o espaço entre elas, a forma das mesmas e a forma da caixa torácica. - Sinta o volume interno: a distância entre o esterno e a coluna, e a distância entre uma costela e a outra. - Observe a respiração: o movimento das costelas superiores e inferiores, e os movimentos do diafragma. - Localize o músculo do diafragma, os intercostais e os inspiratórios acessórios. - Tente perceber os órgãos alojados no espaço da caixa torácica. - Observe a entrada de ar pelas fossas nasais até os pulmões e o retorno do ar. Veja se uma narina recebe mais ar que a outra.

    OMBRO - Procure perceber a altura dos ombros, a distância dos ombros às orelhas e se estão rodados internamente. - Observe a posição dos braços em relação ao corpo e os pontos de contato. - Perceba a tensão nos trapézios, rombóides, etc. - Tente localizar as escápulas e relacione-as com a coluna e MS.

    Pontos de Contato do MMII Fonte: As Estações do corpo – Thérèse Bertherat

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    CABEÇA - Observe com a forma do rosto. - Relacione os lado D e E. - Perceba os orifícios localizados na sua cabeça. Tente imaginar a função dos mesmos. - Observe as sensações do couro cabeludo, o peso e o tamanho da cabeça e a forma das orelhas. - Escute os ruídos internos e externos. - Perceba os cheiros e os gostos. MAPEAMENTO E SIMETRIA MAPEAMENTO DAS PRINCIPAIS DIVISÕES DO CORPO E SUAS RELAÇÕES

    LINHA MÉDIA É uma linha imaginária longitudinal que passa pelo nariz, esterno, umbigo e prolonga-se além da cabeça e dos pés infinitamente. Ela divide e une as duas metades do corpo. Essa linha é primordial na simetria, podendo ser encontrada em qualquer posição: de pé, assentado e deitado. Facilita a comparação das sensações entre os dois lados do corpo.

    LINHAS PARALELAS São linhas de alinhamento dos segmentos. São duas linhas imaginárias horizontais que passam pelo meio do calcanhar, segundo artelho, meio do joelho e mamilos.

    LINHA DE ALONGAMENTO DA COLUNA Linha imaginária vertical que sai do ápice do crânio e que alonga suavemente em direção ao teto.

    PRINCIPAIS DIVISÕES DO CORPO Frente e costas; Lado D e lado E; (Fig 1) Metade superior e metade inferior; (Fig 2) Tronco e membros. ( Fig 3)

    Fig 1 Fig 2 Fig 3 Fonte: CORPOMENTE, Dychtwald MAPEAMENTO ASSENTADO - Inicia-se pesquisando as sensações da pelve, coluna e escápula, essencialmente a lordose lombar e o encaixe das escápulas. - Observe:

    - O contato com os ísquios, a consciência dos ísquios apoiados, o contato com o chão, a forma, e a distância entre um ísquio e outro. - A distribuição de peso nos ísquios e a sua relação com cóccix e púbis. - A posição da pelve. Se ela se encontra em ante ou retroversão. - A presença ou não de lordose lombar. - O posicionamento da cifose dorsal e lordose cervical. Perceba se há esforço na tentativa de obter o autocrescimento nessa posição.

    MAPEAMENTO EM DECÚBITO DORSAL - Repetir as observações feitas na posição ereta. - O essencial neste mapeamento são os pontos de contato com o chão, como os pontos que tocam e os que não tocam, as sensações de peso e leveza, tensão ou relaxamento, entrega ou não entrega, simetria ou assimetria. - Pode-se fazer o mapeamento com uma sensação particular ou algumas ao mesmo tempo. - Durante o mapeamento é muito importante a imobilidade que pode ser difícil no início, mas o resultado compensará. É o principal trabalho de entrega. - Observe os pontos de apoio do corpo com o chão. Calcanhares, panturrilhas, parte interna dos joelhos, coxas, nádegas, sacro, pelve, lombar, costelas, dorsal, escápulas, ombros, braços, cervical, cabeça. Relacione um lado com o outro, a parte superior com a inferior do corpo. A comparação é sempre um bom caminho, ela facilita a conquista da consciência corporal.

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    7. TRABALHO PROPRIOCEPTIVO DE VIBRAÇÃO

    POSIÇÃO ERETA Através de discretas pressões e relaxamento dos pés ao solo com ritmo, faça vibrar toda a estrutura óssea. Observe as partes que não vibram. Tente fazê-las vibrar.

    VIBRAÇÃO SOBRE O TROCANTER MAIOR DO FÊMUR Em posição ereta, faça uma discreta flexão do quadril e incline lateralmente o tronco para tornar saliente o trocânter maior.

    Com punhos fechados, faça vibrar essa área deixando cair os punhos sobre o trocânter. Tente perceber a repercussão da vibração até os ossos do pé. Mude de lado ritmicamente.

    VIBRAÇÃO DAS ESCÁPULAS Em decúbito dorsal, com joelhos flexionados, pés apoiados no chão e braços ao longo do corpo, flexione os braços estendidos até a amplitude de 90º. A palma de uma mão deve estar olhando para palma da outra mão, e a ponta dos dedos olhando para o teto.

    Pressione as escápulas no chão e depois de alguns segundos procure elevá-las lentamente. As pontas dos dedos devem esticar como se fossem tocar o teto. É o movimento de alcance.

    Não bloqueie os cotovelos. Expire abaixando o esterno. Durante a expiração, deixe cair às escápulas no chão. Repita algumas vezes soltando cada vez mais as escápulas. Pode-se fazer o trabalho alternando as escápulas.

    VIBRAÇÃO DA PELVE Em decúbito dorsal, com joelhos flexionados, pés apoiados no chão e braços ao longo do corpo, eleve somente a pelve do chão e depois solte. Encontre um ritmo e faça vibrar cada vez mais a pelve.

    PALMEAR Na posição decúbito dorsal, palmear todo o corpo a partir do peito. Na posição assentada, palmear todo o corpo a partir dos pés. Este trabalho também é chamado de “esculpir o corpo”, “dar forma”. Seu objetivo é a percepção do limite corporal, a consciência da forma, do volume. Pode ser feito utilizando uma forma dinâmica, ou seja, mudando de posição do decúbito ou assentado até a posição de pé.

    VIBRAÇÃO EM DUPLA Em posição de Buda faça a anteflexão do tronco até a dobradiça do ilíaco, com ou sem apoio do antebraço sobre um suporte (barra etc).

    SEQUÊNCIA ESQUEMATIZADA Posicionamento

    Dobradiça completa

    Dobradiça até o ilíaco

    Integração: percepção da área a ser trabalhada

    Vibração: trocânter, ísquios, ilíaco, sacro, coluna, escápulas, ombro, braço – (utiliza-se a vibração com a mão fechada e o palmear)

    Integração final

    Dobradiça completa final

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    8. CADEIAS MUSCULARES A CADEIA ANTERIOR - A cadeia inspiratória: correção por intermédio da expiração. Compreende o músculo inspiratório, o diafragma e seu tendão, os músculos inspiratórios acessórios.

    - A cadeia ântero-interna do quadril: correção por intermédio da abertura do ângulo coxofemoral. Compreende os músculos psoas ilíaco e adutores pubianos.

    A CADEIA POSTERIOR - Correção por intermédio do fechamento do ângulo coxofemoral. Compreende os músculos transversos-espinhais, glúteo máximo, isquiotibiais, poplíteo, tríceps sural, principalmente sóleo, e os músculos da planta do pé, principalmente o curto flexor plantar.

    A CADEIA SUPERIOR DO OMBRO - Correção por intermédio do fechamento do ângulo escapuloumeral. Compreende os músculos trapézio superior, deltóide médio.

    A CADEIA ÂNTERO-INTERNA DO OMBRO - Correção por intermédio da rotação externa do ombro e abertura do ângulo escapuloumeral. Compreende os músculos subescapular, coracobraquial, peitoral maior e menor e subclávio.

    A CADEIA ANTERIOR DO BRAÇO -Correção por intermédio da extensão do braço, alinhamento, abaixamento e rotação externa da cintura escapular. Compreende os músculos bíceps braquial, córaco braquial, longo supinador, pronador redondo, palmares, flexores dos dedos e todos os músculos da loja tenar e hipotenar.

    9. POSTURAS EM CARGA E POSTURAS EM DESCARGA

    POSTURAS – ABERTURA E FECHAMENTO DE ÂNGULO COXOFEMORAL

    A ABERTURA DE ÂNGULO COXOFEMORAL

    O FECHAMENTO DE ÂNGULO COXOFEMORAL.

    Trabalha a cadeia inspiratória e a cadeia ântero-interna do quadril

    Trabalha a cadeia inspiratória e a cadeia posterior

    Associada ao fechamento de braço trabalha também a cadeia superior do ombro e a cadeia anterior do braço. Postura utilizada: rã no chão com fechamento dos braços, em pé na parede e em pé no meio.

    Associado ao fechamento de braço trabalha também a cadeia superior do ombro e a cadeia anterior do braço. Posturas utilizadas: rã no ar, asa delta e postura sentada.

    Associada a abertura de braço trabalha também a cadeia ântero-interna do ombro que são os músculos rotadores internos e adutores e a cadeia anterior do braço. Posturas utilizadas: rã no chão com abdução de braços e em pé na parede (até 90º).

    Associado a abertura de braço trabalha também a cadeia ântero-interna do ombro e a cadeia anterior do braço. Postura utilizada: rã no ar com abertura de braços.

    POSTURAS DE ABERTURA DO ÂNGULO COXOFEMORAL

    Rã no chão Em pé na parede Em pé no meio

    POSTURAS DE FECHAMENTO DO ÂNGULO COXOFEMORAL

    Rã no ar Asa delta Sentado

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    POSTURAS RPG

    POSTURAS EM CARGA E DESCARGA DE PESO

    - Em carga: são as posturas em pé. - Em descarga: são as posturas em decúbito dorsal. - Mista: a postura assentada é considerada mista em relação à carga. Há certamente uma variação do tônus nas posturas em decúbito e em pé. - Posturas em carga: posturas preferenciais para pessoas hipotônicas e/ou com frouxidão ligamentar. - Posturas sem carga: favorecem a decoaptação articular. São indicadas para problemas articulares, preferencialmente para idosos e principalmente pacientes que apresentam problemas na cervical e ombros.

    - Durante as posturas será necessário: Correção das compensações; Trabalho em contração isotônica concêntrica dos músculos dinâmicos; Trabalho em contração isotônica excêntrica dos músculos estáticos e Expiração eficiente para promover o

    desbloqueio respiratório.

    10. FUNÇÃO ESTÁTICA

    Nosso corpo é um sólido articulado, um empilhamento de segmentos em que cada peça se equilibra na subjacente.

    TRATAMENTO

    CADEIA ANTEIOR CADEIA POSTERIOR

    ABERTURA ÂNGULO COXOFEMORAL

    FECHANDO BRAÇOS

    ABERTURA ÂNGULO COXOFEMORAL

    ABRINDO BRAÇOS

    FECHAMENTO ÂNGULO COXOFEMORAL

    FECHANDO BRAÇOS

    FECHAMENTO ÂNGULO COXOFEMORAL

    ABRINDO BRAÇOS

    RÃ NO CHÃO EM PÉ NA PAREDE

    EM PÉ NO MEIO

    RÃ NO CHÃO EM PÉ NA PAREDE

    (ATÉ 90º)

    RÃ NO AR ASA DELTA SENTADO

    RÃ NO AR

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    * Se cada segmento deve equilibrar-se, este equilíbrio será também condicionado pelo equilíbrio do segmento subjacente. * O equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrios controlados pela musculatura tônica. * Deve-se evitar os desequilíbrios quando possível. * Controlar os desequilíbrios necessários e inevitáveis.

    10.1. FISIOLOGIA DA ESTÁTICA - Como todos os sólidos, o corpo humano está submetido às leis da gravidade. - Um corpo está em equilíbrio, quando a vertical traçada a partir de seu centro de gravidade cai na base de sustentação. - Se a vertical cair bem no centro da base de sustentação o corpo está em equilíbrio estático estável. - Se cair de um lado ou outro equilíbrio instável, que poderá evoluir em dois sentidos: agravando-se, se o bom equilíbrio for impossível, e estabilizando-se no caso contrário. - Em um sólido constituído de um só bloco o centro de gravidade tem uma posição fixa. - Em um sólido articulado o centro de gravidade geral é a resultante de todas as posições no espaço dos centros de gravidade específicos de cada peça que o compõe. - Corpo humano: centro de gravidade que se desloca em função das diferentes posições segmentares.

    1ª LEI DA ESTÁTICA: LEI DAS COMPENSAÇÕES Para que nosso corpo fique em condição de equilíbrio, qualquer desequilíbrio deverá ser compensado por um desequilíbrio inverso, de mesmo valor e no mesmo plano.

    2ª LEI DA ESTÁTICA Em posição ortostática não há desequilíbrio segmentar sem compensação.

    3ª LEI DA ESTÁTICA As posições humanas não são fixas. São equilíbrios controlados feitos de desequilíbrios permanentes que: ou se corrigem ou se compensam.

    10.2. COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é o principal segmento do equilíbrio estático. Situa-se entre o bloco dos MMII (polígono de sustentação), e o sistema céfalo-cervical que adapta toda estática.

    A coluna é o lugar de todas as compensações estáticas, tanto ascendentes como descendentes.

    AS CURVAS A coluna apresenta 4 curvas: cervical, dorsal, lombar e sacra. 1. Curvas primárias: dorsal e sacral: por terem conservado sua forma embrionária de enrolamento anterior. São sólidas e menos móveis.

    A curvatura dorsal: é reforçada e limitada pelas costelas.

    A curva sacral forma apenas um único osso. Os corpos vertebrados são cuneiformes para frente criando a concavidade anterior.

    2. Curvas secundárias: cervical e lombar. Cervical: 1ª curva secundária a se formar no momento da passagem da cabeça pela pelve

    menor. Permite a visão horizontal e a fonação, pois é convexa para frente.

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    Lombar: mais tarde, ao iniciar o processo de ficar de pé, aparece a curva da lordose lombar. As curvas cervical e lombar são as únicas que tem músculos anteriores inseridos nos corpos vertebrais: longo do pescoço e o psoas. As apófises articulares superiores de T1 são tipo cervical, as inferiores de T12 são tipo lombar, e as inferiores L5 tipo sacro.

    FISIOLOGIA VERTEBRAL A coluna destina-se a 3 funções aparentemente opostas, o que parece mecanicamente impossível.

    É tutor do tronco, que permite ao homem a posição ereta permanente - deve ser rígida.

    É o sistema articular dos movimentos do tronco - deve ser flexível e móvel.

    É o canal protetor da medula espinhal, órgão vital e frágil - movimentos só podem ser mínimos e nunca angulares.

    1ª) Conjunto multiarticulado: constituída de 26 peças que se movem umas sobre as outras, cada qual com uma pequena ADM. Micromovimentos: média de 2O para cada vértebra. É a soma dos micromovimentos que dá a amplitude raquidiana. 2º) Quando a coluna é o tutor do tronco ela é controlada pela musculatura tônica reflexa. O tônus postural é um estado permanente. O menor desequilíbrio é imediatamente corrigido por ela ou é controlado com aumento de tensão (contrações tônicas). A musculatura tônica da coluna lombar e dorsal é essencialmente constituída pela sucessão dos músculos transversos espinhais.

    Ação unilateral: puxam a vértebra de seu lado e ao mesmo tempo levam-na em rotação para o lado oposto. Nessa situação de equilíbrio estático - assim que uma vértebra se inclina para um lado, ela gira do outro.

    3ª) Quando a coluna é a articulação dos movimentos do tronco ela é mobilizada pela musculatura dinâmica. Musculatura que corresponde aos nossos desejos voluntários e ocasionais. Exemplo: toda a musculatura dinâmica das goteiras vertebrais: o dorsal longo, o iliocostal e o espinhal do tórax agindo de um só lado, podendo apenas provocar látero-flexão e rotação para o mesmo lado. Nessa situação de movimento dinâmico - assim que uma vértebra é levada em látero-flexão de um lado, ela faz ao mesmo tempo uma rotação do mesmo lado.

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    GLOBALIDADE MUSCULATURA DINÂMICA: Responsável por todos os nossos gestos voluntários, conscientes, fásica e ocasional. MUSCULATURA ESTÁTICA: Responsável pelo equilíbrio humano, reage de maneira reflexa para controlar todos os desequilíbrios segmentares e manutenção da postura. * As 2 funções, dinâmica e estática, são totalmente globais. Em todas as circunstâncias elas fazem intervir todo o conjunto músculo - aponeurótico. Todos os nossos gestos são globais, recrutando o conjunto do sistema locomotor. RESUME-SE EM GRANDES FUNÇÕES: - DEAMBULAÇÃO: função ascendente que parte da cintura pélvica e dos MMII. Na deambulação: a cintura escapular equilibra a cintura pélvica que projeta o MI. - PREENSÃO: função descendente que parte da cintura escapular e dos MMSS. Em cada função os movimentos das duas cinturas são ligados por 2 sistemas cruzados. Na preensão: a cintura pélvica serve de apoio para os movimentos do tronco e da cintura escapular que dirige o MS. Apesar da evolução bípede continuamos quadrúpedes em todos os nossos gestos. Sistemas cruzados - equilibrando entre si.

    4ª) Apesar de articulada, a coluna é a proteção da medula espinhal. O movimento das vértebras não é uma alavanca de 1ª grau, todos os movimentos de uma vértebra são movimentos de báscula sobre a bola sólida do núcleo pulposo. As verdadeiras articulações das vértebras entre si são essencialmente as articulações núcleo-face inferior do corpo vertebral. As articulações posteriores são apenas guias e freios dos movimentos.

    RESUMINDO Os movimentos de uma vértebra sobre a outra são considerados micromovimentos. Os movimentos vertebrais são de báscula sobre as rótulas dos núcleos pulposo. Todos os eixos de movimentos passam pelos núcleos. A ação da gravidade sobre a coluna incide no pilar anterior. As vértebras podem estar em 2 situações fisiológicas distintas: uma permanente, de equilíbrio estático controlada pela musculatura tônica, e outra ocasional, de movimentos dinâmicos devidos à musculatura fásica.

    DINÂMICA VERTEBRAL

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    Nos movimentos de tronco, as vértebras não se movem todas ao mesmo tempo. É a soma dos micromovimentos de cada vértebra que se desenvolvem sucessivamente, cada microamplitude soma-se à microamplitude precedente.

    Na anteflexão todas as vértebras vão para desabitação uma após a outra, descendo cada vértebra. Levando a debaixo em desabitação conforme a necessidade do gesto.

    Na póstero-flexão que é mecanicamente o movimento inverso, no retorno da anteflexão todas as vértebras vão para a imbricação uma após a outra, subindo o movimento. Começando em L5, e cada vértebra provoca a imbricação da vértebra de cima.

    Os movimentos de látero-flexão são acompanhados por uma rotação, e os de rotação são acompanhados por uma látero-flexão.

    11. MÚSCULO ESQUELÉTICO O músculo esquelético é constituído por fibras que apresentam sempre a mesma estrutura molecular básica e diferenciam-se pelas propriedades elétricas e pelo tipo de inervação realizada pelos motoneurônios. Assim como as fibras musculares se diferenciam quanto à velocidade de contração, os motoneurônios diferenciam-se quanto à velocidade de excitabilidade. Os músculos esqueléticos realizam três funções que se relacionam especificamente com o movimento humano: a) Contribuir para a produção do movimento esquelético: O movimento é criado à medida que as ações musculares geram tensão, que é transferida para o osso. Ele é realizado pelos músculos dinâmicos ou fásicos que possuem uma inervação fásica ou não contínua e ocasional, isto é, voluntária e consciente. b) Estabilizar as articulações: As tensões musculares são aplicadas nas articulações por meio dos tendões, promovendo estabilidade às partes por onde eles cruzam. c) Manutenção da postura e posicionamento corporal: É uma atividade muscular contínua e resulta em pequenos ajustes na medida que a cabeça é mantida na posição ou o peso corporal é equilibrado sobre os pés. A manutenção da postura é realizada pelos músculos estáticos ou tônicos, que impedem um desequilíbrio quando possível, e controla-o quando necessário. Eles possuem uma inervação reflexa e automática. O sarcômero é a unidade contrátil propriamente dita. É onde ocorre o encurtamento muscular quando os miofilamentos dentro dele, a actina e a miosina, deslizam um em direção ao outro. O encurtamento muscular pode ser explicado pela teoria do deslizamento dos filamentos. O fuso muscular é um receptor que informará ao sistema nervoso central sobre o comprimento muscular. De acordo com sua posição as fibras musculares denominam-se INTRAFUSAIS ou EXTRAFUSAIS.

    TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES FIBRAS DE CONTRAÇÃO LENTA (TIPO I)

    - Possuem muita mioglobina e por isso são vermelhas. - São fibras oxidativas, encontradas em maiores quantidades nos músculos estáticos ou posturais do corpo, principalmente no sóleo e no transverso-espinhal.

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    - Possuem baixos tempos de contração e são adequadas para trabalho prolongado de baixa intensidade. Elas transmitem o impulso lentamente (80 m/s) gerando baixas freqüências de contração no músculo (> 70 m/s) e geram pouca tensão podendo sustentar a tensão por um longo período. - Adequadas para manter posturas, estabilizar articulação e atividades repetitivas.

    FIBRAS DE CONTRAÇÃO RÁPIDA (TIPO II) - subdivididas em: TIPO II A: São oxidativas-glicolíticas. É vermelha conhecida como fibra de contração rápida intermediária porque pode sustentar atividade por longos períodos ou pode contrair-se com disparo de força. Possui rápidas freqüências de contração (30 a 50 m/s). São resistentes à fadiga e suportam tensões moderadas por tempo maior. TIPO II B: glicolíticas de contração rápida e inervada pelos grandes motoneurônios alfa. Proporcionam rápida produção de força e fadiga-se rápido. Conduzem impulsos de alta velocidade (> 100m/s). Corredores de velocidade e saltadores geralmente têm maiores concentrações de fibras de contração rápida.

    - Todos os músculos do nosso corpo contêm os dois tipos de fibras. - O tipo de fibra influi em como o músculo será trabalhado. - Como ele pode ser treinado e desenvolvido, assim como quais técnicas serão mais adequadas para indivíduos com tipos de fibras específicos.

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    12. SISTEMA NERVOSO

    Sistema Nervoso Central: É constituído de cérebro e medula espinhal. É o meio pelo qual o movimento humano é iniciado, controlado e monitorado.

    Sistema Nervoso Periférico: Formado por todos os nervos que ficam fora da medula espinhal. Sendo que os nervos periféricos são responsáveis pela ação muscular. São denominados motoneurônios ou neurônios motores e neurônios sensoriais.

    Neurônios motores: São fibras nervosas eferentes que saem da medula espinhal. A informação motora deixa a medula pela raiz anterior ou ventral. São os motoneurônios que transmitem as informações motoras para os músculos.

    Neurônios sensoriais: São as fibras nervosas aferentes que entram na medula espinhal.

    A informação sensorial entra na medula pela raiz posterior ou dorsal e transmitem informações sensoriais dos músculos. O corpo requer um sistema de aferências que dê feedback sobre as condições e características do sistema músculo-esquelético e outros tecidos do corpo como a pele. Os sensores enviam informações para a medula espinhal, que são processadas e utilizadas pelo sistema nervoso central no ajuste ou iniciação da resposta motora dos músculos.

    - São 31 pares de nervos espinhais que entram e saem da medula espinhal em diferentes níveis vertebrais (8 cervicais; 12 torácicos; 5 lombares - plexo lombar; 5 sacrais - plexo sacral e 1 coccígeo).

    - São 9 nervos para os membros superiores, 12 para os membros inferiores e 10 para o tórax.

    MOTONEURÔNIOS: O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso que leva informações para dentro e para fora dele.

    O NEURÔNIO E A JUNÇÃO NEUROMUSCULAR A) Corpo celular ou soma: contém o núcleo do neurônio e localiza-se dentro ou próximo à medula espinhal. Fica geralmente dentro da substância cinzenta da medula espinhal, ou pode ficar fora da medula em feixes de corpos celulares denominados gânglios. Dendritos: são projeções no corpo das células que servem como receptores e trazem informações provenientes de outros neurônios para dentro do neurônio. Facilitam a comunicação entre neurônios.

    B - Axônio: fibra nervosa larga que se ramifica do corpo celular e deixa a medula espinhal pela raiz ventral, onde se une com outros nervos periféricos. O motoneurônio largo é chamado de motoneurônio alfa e possibilita uma transmissão rápida.

    C – Células de Schuwan: Consiste em um isolamento e encapsulamento que mieliniza o axônio.

    D – Nodo de Ranvier: São os espaços entre as células de Schuwan.

    12.1.CONTROLE NEURAL Quando a informação sensorial proveniente dos receptores traz informações para a medula espinhal, desencadeando uma resposta motora previsível, dando o nome de reflexo (ou seja, resposta motora previsível através da informação sensorial).

    A informação sensorial proveniente dos receptores é trazida para dentro da medula iniciando uma resposta motora de volta para os membros (Ex: reflexo de estiramento ou reflexo miotático)

    O arco reflexo simples é estimulado pelos neurônios sensoriais que respondem ao alongamento do músculo e que iniciam um aumento nos impulsos motores para o mesmo músculo (Ex: Reflexo flexor, reflexo cutâneo, etc..)

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    Os principais receptores sensoriais para o sistema músculo-esquelético são os mecanoreceptores que transformam a distorção mecânica provocada no músculo ou na articulação, sendo importantíssimo no processo de regulação da estabilidade articular.

    TIPOS DE NEURÔNIOS SENSORIAIS DAS FIBRAS DO FUSONEUROMUSCULAR Tipo Ia: Neurônio sensorial aferente primário destinado ao fuso muscular. No final do alongamento ocorre uma pausa na qual o nível de disparo dos impulsos sensoriais diminuem, mantendo estes disparos numa freqüência constante. É a resposta estática do alongamento muscular Reflexo de estiramento ou facilitação autogênica ou reflexo miotático direto: contração muscular rápida após um alongamento rápido. O alongamento vigoroso gera impulso de volta para o mesmo músculo iniciando uma contração. (motoneurônios alfa). O reflexo de estiramento recruta primeiramente as fibras musculares de contração lenta.

    Tipo Ib: destinadas aos órgãos tendinosos de Golgi. Tipo II: Neurônio aferente secundário. Produz um impulso sensorial em resposta ao alongamento ou mudança no comprimento do músculo, seus impulsos sensoriais não diminuem quando o músculo é mantido em posição estacionária = reduz a excitabilidade do músculo = relaxamento. Bom indicador de feedback sobre o comprimento real do músculo.

    12.2. UNIDADE MOTORA É composta pela união de neurônio e fibras musculares.

    RESTRIÇÕES NEUROLÓGICAS AO ALONGAMENTO

    1 - O neurônio sensorial aferente primário tipo Ia: inicia o reflexo de estiramento que é um aumento na atividade muscular pelos motoneurônios alfa. Quanto mais rápido o alongamento, maior é a contração.

    2 - O impulso do neurônio sensorial aferente secundário tipo II: esse impulso é facilitado pela mudança no comprimento do músculo, produzindo relaxamento do músculo que está sendo alongado.

    ORGÃO TENDINOSO DE GOLGI (OTG): Mecanoreceptor que informa ao SNC o grau de tensão muscular decorrente da contração. Localiza-se na região do tendão muscular, ou mais exatamente na junção músculo-tendínea. O órgão tendinoso de Golgi é responsável pelo reflexo de estiramento inverso ou reflexo miotático inverso, ou seja, o relaxamento do músculo que está sendo alongado, e a contração de seu antagonista, respectivamente. Sendo no alongamento ativo esta resposta maior. Se um músculo é alongado seus tendões são tensionados. Envoltos nestes tendões, os OTGs detectam esta tensão e enviam uma mensagem de inibição deste músculo para o cérebro. Há o relaxamento do músculo em questão e o estímulo de seu antagonista em contração.

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    13. ANATOMIA

    13.1. ANATOMIA DO PÉ, TORNOZELO E PERNA

    Para fins didáticos, a anatomia do pé pode ser dividida em antepé, mediopé e retropé. Ou ainda em pé medial e pé lateral. Sendo observados:

    - Arco longitudinal medial: consiste em calcâneo, tálus, navicular, 3 cuneiformes, e 3 primeiros metatarsos. Onde o pilar é a cabeça do tálus - Arco longitudinal lateral: consiste em calcâneo, cubóide, e 4º e 5º metatarsos. Onde o pilar é o cubóide - Arco transversal: bases dos metatarsos, cubóide, e os 3 cuneiformes.

    Ossos do pé: O pé pode ser dividido em tarso, metatarso e falanges.

    Ossos do Tarso: Calcâneo (maior osso do pé. Articula-se superiormente com o tálus e anteriormente com o cubóide); Tálus (articula-se acima com tíbia, abaixo com o calcâneo e na frente com o navicular); Navicular (inserção de grande parte do tendão do tibial posterior); Cubóide (inserção do tendão do fibular longo); Cuneiformes (3 ossos pequenos em forma de cunha. Articulam-se com o navicular e distalmente com os primeiros 3 metatarsos. Contribuem para a formação e manutenção do arco transverso do pé)

    Ossos do Metatarso: são 5 ossos numerados de medial para lateral. Possuem cabeça, diáfise e base. O 1º metatarso participa na propulsão do peso durante a marcha. Possui dois ossos sesamóides lateral e medialmente na cabeça. E o 5º metatarso serve como inserção do tendão do fibular curto. Falanges: 14 falanges (2 no hálux e 3 nos outros 4 artelhos).

    Movimentos Globais do pé: Dorsoflexão e Flexão Plantar, Inversão e Eversão, Supinação e Pronação.

    Ossos da Perna:

    Tíbia: maior suporte de peso medial da perna. A extremidade superior articula-se com os côndilos femorais e a cabeça da fíbula e a extremidade distal articula-se com o tálus e extremidade distal da fíbula. O maléolo medial articula-se com o tálus.

    Fíbula: osso lateral da perna que não faz parte da articulação do joelho e da transmissão de peso corporal. Local de inserção muscular. A extremidade superior, superfície de articulação com o côndilo lateral da tíbia, e a extremidade distal através do maléolo lateral articula-se com o tálus.

    Membrana interóssea: membrana fina, mas forte, que conecta as bordas interóssea da tíbia e fíbula. A maioria das fibras corre obliquamente em direção ínfero-lateral. Abertura grande na parte superior para passagem de vasos. Possui uma abertura pequena na parte inferior para o ramo perfurante da artéria peroneal. Continua abaixo com o ligamento interósseo da articulação tíbio-fibular distal.

    Articulação Tíbio-társica ou Tornozelo: Articulação sinovial em gínglimo entre a extremidade distal da tíbia, os maléolos e o corpo do tálus. Superfícies articulares revestidas com cartilagem hialina. Possui cápsula completa, membrana sinovial que reveste a cápsula. Movimentos: Dorsoflexão e flexão plantar.

    - Ligamentos: Colateral medial (deltóide): muito forte, preso ao maléolo medial acima e abaixo do tálus, tuberosidade do navicular, sustentáculo do tálus e calcâneo.

    - Ligamentos laterais: mais fracos, compõem-se de 3 faixas: a) Calcâneofibular: do maléolo lateral para o calcâneo; b) Fibular anterior; c) Fibular posterior: do maléolo lateral para o tubérculo posterior do tálus. Articulação Subtalar: articulação sinovial plana entre o tálus e o calcâneo. Superfícies articulares revestidas com cartilagem hialina. Possui cápsula completa e membrana sinovial. Movimentos: inversão / eversão. Ligamentos: Ligamento interósseo (talocalcanhar): união principal entre os ossos.

    Articulação Talocalcaneonavicular: sinovial plana entre a cabeça do tálus, sustentáculo do tálus e navicular. Possui cápsula incompleta e membrana sinovial que reveste a cápsula. Movimentos: deslizamento e rotatório (inversão / eversão). Ligamentos: Ligamento calcaneonavicular plantar (muito forte, do sustentáculo do tálus à tuberosidade do navicular, inferiormente. É o ligamento plantar mais importante. A cabeça do tálus repousa sobre ele.).

  • 25

    Articulação calcaneocubóidea: sinovial plana entre o calcâneo e o cubóide. Possui cápsula completa e membrana sinovial que reveste a cápsula. Movimentos: inversão / eversão. Ligamentos: Bifurcado (forte, em forma de Y, na superfície superior); Plantar longo (forte, preso às superfícies inferiores do calcâneo, cubóide, e bases dos 3º, 4º e 5º metatarsos); Plantar curto (largo, forte, preso às superfícies inferiores do calcâneo e cubóide).

    Musculatura do Pé Musculatura intrínseca: 1ª camada: 3 músculos

    Músculos Origem Inserção Inervação Ação Abdutor do hálux Retináculo flexor calcâneo

    (borda medial) Falange proximal do hálux

    Plantar medial Flexão + abdução do hálux

    Flexor curto dos artelhos

    Tubérculo medial do calcâneo

    Falanges médias do 2º ao 5º artelhos

    Plantar medial Flexão dos artelhos

    Abdutor do 5º artelho

    Calcâneo (tubérculos medial e lateral)

    Falange proximal do 5º artelho

    Plantar lateral Flexão + abdução do 5º artelho

    2ª camada: 5 músculos + 2 tendões Músculos Origem Inserção Inervação Ação

    Quadrado Plantar Calcâneo (bordas medial e lateral)

    Tendões do flexor longo dos artelhos

    Plantar lateral Ajuda na flexão dos artelhos

    Lumbricais (4) Tendões do flexor longo dos artelhos

    Falanges proximais dos artelhos

    1º: plantar medial 2º, 3º e 4º: plantar lateral

    Evita a flexão dos artelhos durante a marcha

    Tendão do flexor longo dos artelhos Tendão do flexor longo do hálux

    3ª camada: 3 músculos Músculos Origem Inserção Inervação Ação

    Flexor curto do hálux

    Cubóide e cuneiforme lateral

    2 porções: Medial: une-se ao abdutor Lateral: une-se ao adutor do hálux

    Plantar medial Flexão do hálux

    Adutor do hálux P.oblíqua

    p.transversa

    Cubóide. 5º, 4º, 3º e 2 art

    metatarsofalangeana

    Base da falange proximal do hálux Plantar lateral Adução e rotação interna do hálux

    Flexor curto do 5º

    artelho 5º metatarso (base) 5º artelho (falange proximal) Plantar lateral Flexão do 5º artelho

    4ª camada: 7 músculos + 2 tendões Músculos Origem Inserção Inervação Ação

    Interósseos plantares (3)

    3º, 4º e 5º metatarsos Falanges proximais e expansão dorsal

    Plantar lateral Adução dos artelhos Flexão MTF e extensão das IF

    Interósseos dorsais (4)

    Metatarsos (lados adjacentes)

    1º: lado medial do 2º artelho Outros: lados laterais dos

    2º, 3º e 4º artelhos

    Plantar lateral Abdução dos artelhos Flexão MTF e extensão das IF

    Tendão do fibular longo Tendão do tibial posterior

    Musculatura da Perna Compartimento Anterior: 4 músculos extensores supridos pelo nervo fibular profundo e artéria tibial anterior. Os tendões passam anteriormente à articulação do tornozelo.

    Músculos Origem Inserção Ação Tibial anterior Superfície súpero-lateral da

    tíbia - cuneiforme medial Membrana interóssea - base

    do 1º metatarso Dorsoflexão e Inversão.

    Sustentação do arco longitudinal medial Extensor longo do

    hálux Superfície anterior da fíbula

    + membrana interóssea Base da falange distal do

    hálux Extensão do hálux

    Dorsoflexão do tornozelo. Auxílio na inversão

    Extensor longo dos dedos

    2/3 superiores da fíbula + membrana interóssea

    Tendões na base das falanges distais dos artelhos

    Extensão dos artelhos Dorsoflexão de tornozelo

    Fibular terceiro 1/3 distal da fíbula + membrana interóssea

    Base do 5º metatarso Dorsoflexão Eversão do tornozelo

    Compartimento Lateral: 2 músculos eversores supridos pelo nervo fibular superficial e por ramos da artéria fibular. Tendões posteriores ao maléolo lateral.

    Músculos Origem Inserção Ação Fibular longo

    2/3 súpero-lateral da fíbula Cuneiforme medial + 1º

    metatarso Eversão, Flexão plantar do tornozelo.

    Manutenção do arco longitudinal lateral Fibular curto

    2/3 ínfero-lateral da fíbula Tubérculo na base do 5º

    metatarso Eversão, Flexão plantar do tornozelo.

    Manutenção do arco longitudinal lateral

    Compartimento posterior: Dividido em superficial e profundo. Músculos Origem Inserção Ação

    Grupo Superficial: 3 músculos Fortes flexores plantares, supridos pelo nervo tibial e arterial. Tendão (calcâneo): posterior à articulação do tornozelo. Gastrocnêmio Côndilos femoral lateral e medial Calcâneo Flexão plantar do tornozelo, flexão do joelho

    Plantar Crista supracondilar lateral Calcâneo, medialmente ajuda na flexão plantar do tornozelo Sóleo Linha solear Calcâneo Flexão plantar do tornozelo

    Grupo profundo: músculos flexores, supridos pelo nervo e artéria tibial. Tendões posteriores ao maléolo medial. Tibiais Superfície posterior da tíbia Navicular, cubóide, Inversão, flexão plantar do tornozelo.

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    posteriores cuneiforme, membrana interóssea e base do 2º,

    3º e 4º metatarso

    Manutenção do arco longitudinal medial, Mantém juntos os ossos do pé

    Flexor longo dos dedos

    Superfície posterior da tíbia, abaixo da linha solear

    4 tendões nas bases das falanges distais dos

    artelhos

    Flexão das falanges distais dos artelhos, ajuda na flexão plantar do tornozelo, Manutenção dos

    arcos longitudinais medial e lateral Flexor longo

    do hálux Distais da superfície posterior da

    fíbula 2/3 - base da falange

    distal do hálux Flexão da falange distal do hálux, ajuda na

    flexão plantar. Manutenção do arco longitudinal medial.

    Poplíteo

    Côndilo femoral lateral Superfície posterior da tíbia, acima da linha

    solear

    Rotação medial da tíbia, destrava a articulação do joelho, puxando o menisco lateral para trás

    no início da flexão do joelho.

    Fossa Poplítea: Espaço intermuscular em forma de losango. Mais proeminente com o joelho fletido. Limites: Lateral: bíceps + gastrocnêmio (cabeça lateral) + plantar; Medial: semimembranoso + semitendinoso + gastrocnêmio; Base: superfície poplítea do fêmur + ligamento posterior + poplíteo; Superior: pele + fáscia superficial + fáscia profunda da coxa. Conteúdos: vasos poplíteos, veia safena menor, nervos tibial e fibular comum, nervo cutâneo posterior da coxa, ramo genicular do nervo obturador, tecido conjuntivo e linfonodos.

    13.2. ANATOMIA DA REGIÃO GLÚTEA, COXA E ARTICULAÇÃO DO JOELHO Ossos do quadril: dividido em três ossos isolados (ílio, ísquio e púbis). E tem como funções: a de movimento, defesa dos órgãos pélvicos e sustentação.

    Articulação do Quadril: Articulação sinovial esferóide entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Compromete a sua mobilidade para proporcionar mais estabilidade. Cavidade acetabular é aprofundada pelo lábio acetabular. Superfícies articulares cobertas com cartilagem. Cápsula inclui a articulação, presa medialmente ao lábio acetabular, lateralmente à linha intertrocantérica e posteriormente, ao colo. Movimentos globais do quadril: Flexão, Extensão, Abdução, Adução, Rotação lateral e medial.

    Ligamentos: Iliofemoral: forte, em forma de Y invertido, inserido na EIAI e linha intertrocantérica. Limita hiperextensão na posição ortostática. Pubofemoral: forma triangular, preso ao ramo do púbis e linha intertrocantérica. Limita extensão e abdução. Isquiofemoral: em forma de espiral, inserido no corpo do ísquio e trocânter maior. Limita a extensão. Transverso acetabular: converte a abertura acetabular em um túnel pelo qual vasos e nervos entram na articulação. Ligamento da cabeça do fêmur: intra-articular, preso à fóvea e ao ligamento transverso.

    Articulações: Sacroilíacas: articulações sinoviais fortes entre o sacro e o ilíaco. Quantidade limitada de movimentos. Função de transmitir o peso do corpo. Sínfise púbica: articulação cartilaginosa entre os ossos púbicos. Mínimo movimento. Sacrococcígea: articulação cartilaginosa entre S5 e C1. Nenhum grau de movimento.

    Ligamentos: Sacrotuberoso: do sacro, cóccix e EIPS à tuberosidade isquiática. Sacroespinhoso: forma triangular com a base presa ao sacro e cóccix e o ápice na espinha isquiática. Estes ligamentos previnem rotação superior da extremidade distal do sacro e do cóccix na articulação de sacroilíaca pelo peso do corpo.

    Diafragma pélvico: formado pelos músculos e fáscias do assoalho pélvico, elevador do ânus e coccígeo. Proporciona suporte as vísceras pélvicas e a continência urinária e fecal.

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    Osso da Coxa:

    Fêmur: maior osso do esqueleto e apresenta duas epífises, proximal e distal, e uma diástase. Extremidade proximal: Articula-se superiormente com o osso do quadril,: 2/3 da cabeça femoral que junto com ao acetábulo forma a articulação do quadril. Extremidade distal: Articula-se inferiormente com a tíbia.

    Articulação do Joelho: Articulação condilar sinovial entre os côndilos femorais, medial e lateral, e os côndilos tibiais correspondentes. Movimentos: Flexão e Extensão, e rotação medial ou lateral, quando o membro em flexão.

    Articulação patelofemoral: Articulação plana sinovial entre a patela e a superfície patelar do fêmur. Superfícies articulares da tíbia, fêmur e patela revestidos com cartilagem hialina.

    Cápsula: nos aspectos laterais e posteriores da articulação, ausentes anteriormente. Fortalecidas em cada lado por expansões dos tendões dos vastos medial e lateral, e posteriormente por uma expansão do semimembranoso. Membrana sinovial: reveste a cápsula, presa às superfícies articulares e periferia dos meniscos. Anteriormente, forma a bursa suprapatelar. Posteriormente, forma a bursa poplítea.

    Ligamentos extracapsulares: Patelar: continuação do tendão comum do quadríceps. Insere-se na borda distal da patela e tuberosidade da tíbia. Colateral lateral: cordão preso ao côndilo femoral lateral e cabeça da fíbula. Separado do menisco lateral pelo tendão do poplíteo. Colateral medial: faixa larga e plana. Preso ao côndilo femoral medial e superfície medial da tíbia. Firmemente preso ao menisco medial. Poplíteo oblíquo: expansão do tendão do semimembranoso.

    Ligamentos intracapsulares: Cruzado anterior: da área intercondilar anterior, passa para cima, para trás e lateralmente para inserir-se no côndilo femoral lateral, medialmente. Relaxado na flexão do joelho, mas tenso em extensão. Evita o deslocamento anterior da tíbia. Cruzado posterior: da área intercondilar posterior, passa para cima, para frente e medialmente para inserir-se no côndilo femoral medial, lateralmente. Fibras anteriores frouxas em extensão de joelho, mas tensas em flexão. Fibras posteriores tensas em extensão. Evita o deslocamento posterior da tíbia.

    Meniscos: lamelas de fribocartilagem em formato de C. Aprofundam as superfícies articulares da tíbia para receber os convexos côndilos femorais. Atuam como amortecedores entre os dois ossos. Menisco medial: forma semicircular, mais larga na parte posterior. O corno anterior, preso a área intercondilar anterior, é conectado ao menisco lateral pelo ligamento transverso. O corno posterior é preso à área intercondilar posterior relativamente fixo, devido às conexões com a cápsula e o ligamento medial. Menisco lateral: forma circular de diâmetro uniforme. Cornos são presos às áreas intercondilares anterior e posterior. Me