Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012 UNIVERSIDADE ...

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Elisângela Barros Dantas Junho de 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO REDUÇÃO IN SITU DE NIO DURANTE A SINTERIZAÇÃO DE MISTURAS NI/NIO PRODUZIDAS POR METALURGIA DO PÓ ELISÂNGELA BARROS DANTAS Junho de 2012 Natal RN

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

REDUÇÃO IN SITU DE NIO DURANTE A SINTERIZAÇÃO DE MISTURAS NI/NIO

PRODUZIDAS POR METALURGIA DO PÓ

ELISÂNGELA BARROS DANTAS

Junho de 2012

Natal – RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

REDUÇÃO IN SITU DE NIO DURANTE A SINTERIZAÇÃO DE MISTURAS NI/NIO

PRODUZIDAS POR METALURGIA DO PÓ

Dissertação de Mestrado submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

ELISÂNGELA BARROS DANTAS

ORIENTADOR: Prof. ANTONIO EDUARDO MARTINELLI

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE

MATERIAIS

REDUÇÃO IN SITU DE NIO DURANTE A SINTERIZAÇÃO DE MISTURAS NI/NIO

PRODUZIDAS POR METALURGIA DO PÓ

ELISÂNGELA BARROS DANTAS

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli

DEMat/UFRN - Depto Engª de Materiais

(Presidente/Orientador)

_________________________________ _________________________________

Prof. Dr. Aloísio Nelmo Klein Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento

UFSC – Depto Engª Mecânica UFRN – Depto Engª de Materiais

(Co Orientador) (Examinador Interno)

_________________________________ _________________________________

Prof. Dr. Cristiano Binder Prof. Dr. Maurício Mhirdaui Peres

USFC – Depto Engª Mecânica UFRN – Depto Engª de Materiais

(Examinador Externo) (Examinador Externo)

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"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”

(Albert Einstein)

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DEDICATÓRIA

Não apenas este trabalho, mas todas as minhas conquistas são dedicadas à minha mãe,

que sempre batalhou e me apoiou com sua força para que eu chegasse até aqui.

Aos meus avós, em especial ao meu avô materno Melcíades (in memoriam), que não está

mais aqui para assistir essa minha vitória.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos...

A minha família, pelo apoio e incentivo.

A DEUS pela vida, sobre tudo, a saúde que me possibilitou trabalhar com afinco e coragem,

por toda força interior para não desistir nas adversidades.

Ao Profº. Antonio Eduardo Martinelli, pelo privilégio da sua orientação, pelo apoio durante as

fases difíceis, e em especial, pela sua amizade.

Ao Profº. Aloísio Nelmo Klein, pelo privilégio da sua orientação, confiança no meu trabalho,

compreensão, apoio e acolhimento no LabMat durante a minha estada em Florianópolis

para realização dos testes e ensaios deste trabalho, e especialmente, pela sua amizade.

Aos meus colegas do LabMat da USFC pela ajuda e apoio nos testes, especialmente, Irene

Mocellin pela realização dos testes de dilatometria, todo o apoio e dicas para realização

desta dissertação e amiga Kétner Bendo pelo apoio e atenção durante minha estada em

Florianópolis, bem como a amizade sincera.

Aos meus amigos pelo incentivo, em especial, as amigas Telma e Bruna.

A Juliana Pivotto pelo apoio durante todo o desenvolvimento do trabalho.

Ao PPGCEM, a CAPES e o CNPq pela oportunidade e apoio financeiro oferecido.

Ao laboratório de metalografia da UFRN, na pessoa do engenheiro Hudson pela ajuda e

apoio e a Hugo e Raimison pela ajuda na realização das análises de MEV.

Aos amigos João José e José Flávio pelo apoio durante a preparação das amostras e

incentivo.

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Sumário

SUMÁRIO....................................................................................................................vi

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................viii

LISTA DE TABELAS....................................................................................................xi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS......................................................................xii

RESUMO....................................................................................................................xiii

ABSTRACT................................................................................................................xiv

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................18

2. OBJETIVOS...........................................................................................................22

2.1 – Objetivo Geral...................................................................................................22

2.2 – Objetivos Específicos.........................................................................................22

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................23

3.1 – O NÍQUEL.........................................................................................................23

3.1.1 – Obtenção e Produção...................................................................................23

3.1.2 – Aplicações...................................................................................................25

3.1.3 – Importância Econômica.................................................................................27

3.1.4 – Obtenção do Pó de Níquel.............................................................................29

3.2 – REDUÇÃO DE ÓXIDOS.....................................................................................31

3.3 – METALURGIA DO PÓ........................................................................................35

3.3.1 – Etapas da Metalurgia do Pó............................................................................37

3.3.2 – Mistura dos Pós.............................................................................................38

3.3.3 – Compactação................................................................................................39

3.3.4 – Sinterização..................................................................................................48

3.3.5.1 – Técnicas Alternativas de Sinterização.........................................................50

4. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................57

4.1 – Mistura dos Pós.................................................................................................58

4.2 – Compactação dos Pós.......................................................................................58

4.3 – Pré-Sinterização em Reator a Plasma.................................................................59

4.4 – Dilatometria.......................................................................................................60

4.5 – Medidas de Densidades a Verde e Sinterizadas...................................................64

4.6 – Retração Dimensional........................................................................................64

4.7 – Microdureza......................................................................................................64

4.8 – Caracterização Microestrutural por MEV..............................................................65

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................66

5.1 – Dilatometria.......................................................................................................66

5.2 – Medidas das Densidades..................................................................................73

5.3 – Retração Dimensional.......................................................................................77

5.4 – Microdureza.....................................................................................................78

5.5 – Caracterização Microestrutural por MEV.............................................................83

6. CONCLUSÕES......................................................................................................99

7. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS........................................................103

REFERÊNCIAS........................................................................................................104

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Lista de Figuras

Figura 3.1 - Etapas da metalurgia do pó por compactação unidirecional..................36

Figura 3.2 – Estágios da movimentação das partículas na cavidade de uma matriz

durante o processo de compactação.........................................................................37

Figura 3.3 – Comparação entre compressibilidade dos pós dúcteis e pós duros.....39

Figura 3.4 – Esquema dos estágios da sinterização por fase líquida........................41

Figura 3.5 – Representação dos estágios da sinterização por fase sólida................43

Figura 3.6 - Micrografia ilustrando o processo de sinterização no estágio inicial com

a formação do pescoço..............................................................................................44

Figura 3.7 - Tensões de Laplace trativas na interface entre as partículas (a), modos

de difusão na região próxima ao “neck” (b) e tensões de Laplace e fluxo de

vacâncias entre poros de diferentes dimensões (c)...................................................45

Figura 3.8 – Desenho esquemático do equipamento de sinterização ativada

PAS/SPS....................................................................................................................49

Figura 3.9 – Esquema do aparato de sinterização de Al2O3 utilizando microondas..51

Figura 3.10 – Desenho esquemático de um sistema de sinterização a laser............52

Figura 3.11 – Esquema básico de plasma.................................................................53

Figura 4.1 – Reator de sinterização assistida por plasma utilizado neste trabalho.

Laboratório de Materiais da UFSC.............................................................................56

Figura 4.2 – dilatômetro utilizado neste trabalho – Laboratório de Materiais da

UFSC..........................................................................................................................60

Figura 5.1- Curvas de dilatometria com todas as concentrações de NiO. Sinterizados

a 1200ºC com isoterma de 1 hora..............................................................................64

Figura 5.2 – Diagrama de Ellingham..........................................................................65

Figura 5.3 – Curvas de dilatometria para as amostras contendo Ni + 35%NiO

compactadas sob diferentes pressões......................................................................66

Figura 5.4 – Curvas de dilatometria para as amostras de Ni Metálico, Ni + 15%NiO e

Ni + 35%NiO compactadas sob pressão de 600 Mpa................................................67

Figura 5.5 – Curvas de dilatometria para as amostras de Ni + 15%NiO com

diferentes meios de sinterização...............................................................................68

Figura 5.6 – Curvas de dilatometria para amostras de Ni + 15%NiO com diferentes

ciclos de sinterização e taxas de aquecimento distintas. Para (a): taxas de

aquecimento 5ºC/min e isoterma de 500ºC por 1 hora e taxa de aquecimento

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10ºC/min com isoterma 1200ºC por 1 hora; (b): 5ºC/min e isoterma em 1200ºC

durante 1 hora............................................................................................................69

Figura 5.7 – Valores de densidade em função da concentração de Óxido de Níquel

nas misturas de Ni+ 15%NiO, Ni+ 25%NiO e Ni+ 35%NiO sinterizadas..................72

Figura 5.8 – Valores de densidade em função da pressão de compactação nas

amostras das misturas de Ni+ 35%NiO sinterizadas...............................................74

Figura 5.9 – Variação dimensional em função da concentração óxido de

níquel..........................................................................................................................75

Figura 5.10 – Microdureza Vickers das amostras contendo Ni metálico, Ni+ 15%NiO

e Ni+35%NiO. Compactadas a 600 MPa...................................................................76

Figura 5.11 – Microdureza Vickers das amostras com Ni+35% NiO compactadas a

diferentes pressões de compactação.........................................................................77

Figura 5.12 – Micrografias das microestruturas com aumento de 300x: (a) Ni

metálico; (b) Ni + 15%NiO; (c) Ni + 35%NiO..............................................................78

Figura 5.13 – Misturas contendo Ni+15%NiO em distintas condições de sinterização:

(a) Ni metálico sinterizado a 1200ºC com isoterma de 1 hora; (b) Ni+15%NiO

sinterizado a 1200ºC com isoterma de 1 hora; (c) Ni+15%NiO sinterizado a 950ºC

sem isoterma; (d) Ni+15%NiO sinterizado a 1080ºC sem isoterma; (e) Ni+15%NiO

sinterizado 1200ºC sem isoterma...............................................................................80

Figura 5.14 – Análise pontual por EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 950

ºC sem formação de isoterma....................................................................................82

Figura 5.15 – EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 1080 ºC sem formação

de isoterma. Região de aspecto mais claro...............................................................83

Figura 5.16 - EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 1080 ºC sem formação

de isoterma. Região de aspecto mais escuro............................................................84

Figura 5.17 - Micrografias das amostras de Ni+15%NiO sinterizadas em diferentes

taxas de aquecimento. (a) Níquel metálico e (b) Ni+15%NiO, ambas sinterizadas

com a taxa de aquecimento a 10 ºC/min; (c) Ni+15%NiO sinterizada com a taxa de

aquecimento a 5 ºC/min.............................................................................................85

Figura 5.18 – Micrografias de amostras de Ni + 35% NiO compactadas sob distintas

pressões de compactação: (a) Pressão de compactação 100 MPa; (b) Pressão de

compactação de 600 MPa..........................................................................................86

Figura 5.19 – Regiões analisadas pontualmente por EDS nas amostras de Ni + 35%

NiO compactadas a 100MPa : (a) ampliação figura 5.17a; (b) spectrum da região

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mais clara na micrografia; (c) spectrum da região mais escura na micrografia; (d)

spectrum da análise pontual no óxido de níquel residual..........................................88

Figura 5.20 – Regiões analisadas pontualmente por EDS nas amostras de Ni + 35%

NiO compactadas a 600MPa: (a) ampliação figura 5.17b; (b) análise pontual no

óxido de níquel residual.; (c) contaminação por carbono + óxido de níquel residual;

(d) spectrum da região mais clara na micrografia......................................................90

Figura 5.21 – Regiões analisadas pontualmente por EDS: (a) ampliação figura 5.17b;

(b) contaminação por carbono + óxido de níquel residual; (c) spectrum da

microestrutura de níquel metálico presente na região clara da micrografia...............92

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Lista de Tabelas

Tabela 4.1 - Amostras de Níquel metálico usadas para os ensaios de sinterização

no dilatômetro ............................................................................................................57

Tabela 4.2 - Composições de Ni + 15%NiO usadas nos distintos modos de

sinterização................................................................................................................58

Tabela 4.3 - Programação com ciclos e taxas de aquecimentos distintos para ligas

de Ni+15%NiO............................................................................................................59

Tabela 4.4 - Ensaios dilatométricos com diferentes ciclos para análise do

desenvolvimento microestrutural de ligas de Ni + NiO...............................................59

Tabela 4.5 – Amostras contendo Ni + 35% NiO para os ensaios de sinterização no

dilatômetro..................................................................................................................60

Tabela 5.1 - Medidas das densidades à verde e sinterizadas do Níquel

metálico......................................................................................................................71

Tabela 5.2 - Medidas das densidades à verde e sinterizadas das misturas de Ni +

15% NiO e Ni + 35%NiO............................................................................................71

Tabela 5.3 - Medidas das densidades à verde e sinterizadas das misturas de

Ni+35%NiO.................................................................................................................73

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Lista de Siglas e Abreviaturas

- a.C. : antes de Cristo.

- ASM: American Society Metallurgy

- ATR: Aluminothermic Reduction

- BSE: Backscattered Secondary Eletcrons

- ºC: grau Celsius ou Centígrados

- Cu: elemento cobre

- d.C.: depois de Cristo.

- EDS: Energy Dispersive Spectroscopy.

- Fe: elemento ferro

- GHz: Giga Hertz

- GPa : Giga Pascal

- HSO: Hydrogen Spill- Over

- HV: Hardness Vickers

- MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura.

- MG: Minas Gerais

- MHz: Mega Hertz

- MO: Microscopia Ótica

- MP: Metalurgia do Pó.

- MPI: Moldagem Por Injeção.

- Ni : Níquel

- NiO : Óxido de Níquel

- Pa: Pascal

- SCCM: Standard Cubic Centimeter/minute.

- SE: Secondary Eletcrons

- Séc. XX: século 20

- Séc. XIX : século 19

- Séc. IV: século 04

- t/ano: tonelada por ano

- µm: microns

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RESUMO

As ligas de níquel são largamente utilizadas na produção de diversos materiais,

sobretudo, aqueles que necessitam de resistência mecânica associada à resistência

à corrosão, como por exemplo, os aços inoxidáveis. Outro uso do níquel é a

produção de ligas sinterizadas a partir de pó de níquel metálico. Uma alternativa

promissora à produção de componentes sinterizados de níquel com importante

redução de custos do material de partida é o emprego de misturas de pós do tipo Ni-

NiO. Este trabalho teve por objetivo o estudo da redução in situ de NiO durante a

sinterização de misturas Ni/NiO produzidas por metalurgia do pó. As misturas foram

processadas pela técnica de metalurgia do pó e pré-sinterizadas em atmosfera

redutora de hidrogênio. As amostras Ni+15%NiO, Ni+25%NiO e Ni+35%NiO foram

estudadas e comparadas com amostras sinterizadas apenas a partir de Ni metálico.

Foram realizados ensaios dilatométricos para estudo das condições de sinterização

das misturas. O material consolidado foi analisado quanto à sua microestrutura e

microdureza. As curvas de dilatometria mostraram que a adição de óxido de níquel

em todas as composições ativa a sinterização das misturas estudadas. Nos testes

de microdureza foram realizadas indentações em pontos distintos da superfície das

amostras. Todas as composições apresentaram valores de microdureza próximos ao

do material consolidado a partir de níquel metálico. Contudo, as amostras contendo

Ni+35%NiO, apresentaram grande dispersão desses valores. A análise

microestrutural do material mostrou uma maior concentração de vazios e presença

de óxidos residuais nas misturas da composição Ni+35%NiO. As amostras contendo

Ni+15%NiO apresentaram características microestruturais e propriedades

mecânicas semelhantes ao níquel metálico consolidado sob as mesmas condições

das composições estudadas neste trabalho e, portanto, apresentaram grande

potencial para produção de ligas sinterizadas de níquel.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

ABSTRACT

The nickel alloys are widely used in the production of various materials, especially

those that require mechanical strength characteristics associated with resistance to

corrosion, for example, the stainless steel. Another use is the production of

nickel alloy sintered from powder of metallic nickel. A promising alternative for the

production of sintered components of nickel with an important reduction in costs of

starting material is the use of mixtures of powders of Ni-NiO. This work aimed to

study in situ reduction of NiO during sintering mixtures of Ni / NiO produced by

powder metallurgy. The nickel mixtures have been processed by the technique of

powder metallurgy and were pre-sintered in an oven under plasma reducing

atmosphere of hydrogen. Mixtures Ni +15%NiO, Ni +25%NiO and Ni +35%NiO were

studied and compared with samples consisting only of metallic Ni. Dilatometric tests

were performed to study the sintering conditions of the mixtures. The consolidated

material was analyzed for their microstructure and microhardness. Dilatometry

graphs showed that the addition of nickel oxide in all compositions the active

sintering the mixtures studied. In tests of microhardness indentations were made at

different points of the sample surface. All compositions showed microhardness

values close to the consolidated material from metallic nickel. However, sample

containing Ni+35% NiO, showed a large dispersion of the values of microhardness

tests performed at different points of the sample surface. Microstructural analysis of

the material showed a higher concentration of voids and the presence of oxides in

the waste composition of the mixtures Ni 35% NiO. The samples containing

Ni+15%NiO showed microstructural characteristics and mechanical properties similar

to metallic nickel consolidated under the same conditions of the compositions studied

in this work and therefore had great potential for production of sintered nickel alloys.

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1. INTRODUÇÃO

O metal níquel é muito usado sob a forma pura, para fazer a proteção de

peças metálicas, pois oferece grande resistência à oxidação. Suas principais

aplicações são em ligas ferrosas e não ferrosas para consumo no setor industrial,

em material militar, em moedas, em transporte/aeronaves, em aplicações voltadas

para a construção civil e em diversos tipos de aços especiais, altamente resistentes

à oxidação, como os aços inoxidáveis, bem como em ligas para o fabrico de imãs

(metal Alnico), em ligas elétricas, magnéticas, ligas de cobre-níquel, tipo níquel-45, e

em outras ligas não ferrosas. A niquelagem de peças é feita por eletrodeposição de

níquel, usando banhos de sais de níquel.

As propriedades físico-químicas do níquel permitem que ele conceda

características muito importantes às suas ligas em variadas aplicações, sendo

utilizado principalmente como elemento de liga em aços inoxidáveis.

Atualmente, mais da metade de todo níquel consumido mundialmente é

empregado na fabricação de aço inoxidável, principalmente por conferir resistência à

corrosão (SILVA, 2009).

Dentre as várias características possíveis do níquel metálico destacamos as

seguintes: resistência a quente, devido ao seu alto ponto de fusão; resistência à

corrosão, dureza e tenacidade, reduzida variação dimensional, elevada resistência

elétrica, eletronegatividade baixa, que garante um grande aquecimento durante a

condução elétrica (ANDRADE et all, 2000).

Há também uma variedade de ligas de níquel chamadas superligas de

níquel. Elas são desenvolvidas para aplicações especiais onde se exige grande

resistência mecânica a temperaturas elevadas, ou seja, elevada resistência à

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fluência, sendo amplamente utilizada na indústria aeronáutica e aeroespacial, que

exigem muito dos materiais utilizados em seus processos.

Pode-se afirmar que o níquel é um dos metais industriais de grande

importância, pois se mostra evidente a sua necessidade em termos econômicos e

tecnológicos. Como meio econômico, sua produção e transformação em catodos de

níquel é responsável por grande parte da produção mineral brasileira (ANDRADE et

all, 2000).

A nível mundial, com a sua utilização industrial em forma de ligas,

principalmente associado ao ferro, para a produção de aço inoxidável. Material que

possui uma grande alta em consumo no mundo, especialmente em eletrodomésticos

e em maquinas com grande exposição a mudanças climáticas (ANDRADE et all,

2000).

Ligas de níquel podem ser sinterizadas a partir de níquel metálico produzido

a partir de pós de níquel. Uma alternativa promissora à produção de componentes

sinterizados de níquel com importante redução de custos do material de partida é o

emprego de misturas de pós do tipo Ni-NiO, pois o óxido de níquel é muito mais

barato do que o níquel em sua forma metálica. Mesmo adicionado em pequenas

proporções ao pó de níquel metálico, a liga gera uma economia na obtenção das

ligas de níquel quando empregado a alta produção industrial.

A obtenção de ligas metálicas a partir da redução de óxidos é de grande

interesse à indústria siderúrgica por se adequar aos atuais padrões econômicos,

tecnológicos e sustentáveis.

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Contudo, é necessário desenvolver o conhecimento científico básico do

comportamento de tais misturas durante o processo de sinterização bem como

estabelecer o comportamento mecânico/químico dos componentes sinterizados em

função da composição química de partida e condições de sinterização.

O estudo a que se propõe este trabalho visa à produção de níquel metálico

utilizando-se a sinterização assistida por plasma com atmosfera redutora de

hidrogênio.

O processo de sinterização assistida por plasma oferece vantagens sobre o

processo convencional, principalmente por ser um processo com baixa emissão de

poluentes, ou seja, sem a produção de resíduos provenientes das fundições

(PARUCKER, 2008).

Redução ou tentativas de evitar impactos ambientais com a produção de

materiais por meios alternativos agregados a prospectos financeiros torna a

proposta deste trabalho ainda mais relevante.

Visando acompanhar o desenvolvimento tecnológico e suas exigências,

pesquisadores buscam não apenas novas técnicas, mas também o aperfeiçoamento

e união de técnicas para processamentos, tanto ao desenvolvimento de novos

materiais, bem como, a elevação do desempenho de materiais já utilizados

(PARUCKER, 2008).

A metalurgia do pó é um processo empregado para transformar pós

metálicos e não metálicos, em peças ou componentes acabados. Alguns fatores

econômicos contribuem para que atualmente a metalurgia do pó venha sendo

utilizada em larga escala, tais como, o número reduzido de operações na produção

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da peça acabada, em relação a outros processos, e o aproveitamento quase total da

matéria prima (TORRES, 2009).

Com o avanço tecnológico constante e a inserção cada vez maior do Brasil

no cenário mundial econômico e de pesquisas científicas, novas técnicas como a

proposta deste trabalho fortalecem a presença brasileira nestes campos, bem como

contribui para com o setor industrial do país.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos Gerais

Este trabalho tem por objetivo o estudo da obtenção de ligas metálicas de

níquel a partir da redução de óxido de níquel, através de estudos da sinterabilidade

com o uso de dilatômetro, microestrutural e mecânica.

2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho experimental são:

- Fazer o estudo das condições de sinterização do óxido de níquel através

dos ensaios de dilatometria;

- Pré-sinterizar amostras compactadas da mistura de níquel carbonila e

óxido de níquel em diferentes porcentagens, sob atmosfera redutora de

hidrogênio em reator a plasma;

- Caracterização das amostras pré-sinterizadas através das técnicas de

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e microdureza;

- Analisar os resultados e identificar qual composição (porcentagem de óxido

de níquel) apresenta melhores resultados e possibilidade de produção de

ligas de níquel a partir da redução desses óxidos.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. O Níquel

3.1.1. Obtenção e produção

O metal níquel é obtido através da exploração dos minérios sulfetados e

lateríticos, ambos com reservas e depósitos conhecidos, suficientes a nível mundial,

com previsão de exploração por mais de 100 anos. Este metal possui larga

utilização na produção de aços inoxidáveis, juntamente com o cromo e o molibdênio,

e na produção de ligas especiais, dentre outras aplicações (ANDRADE et all, 2000).

Os minérios de níquel podem ser sulfetados (primários) ou lateríticos

(oxidados). Os minérios lateríticos constituem a principal fonte de Ni desde o final do

Séc. XIX, quando foram descobertos os primeiros depósitos na Nova Calcedônia. Os

sulfetados passaram a dominar o mercado a partir do século XX com a descoberta

dos depósitos de Sudbury, Canadá. Possuem em sua composição, além do níquel,

sulfetos de cobre, cobalto e ferro, assim como alguns metais valiosos (platina, prata

e ouro). No Brasil, apesar de em Fortaleza de Minas – MG produzir-se níquel de

minério sulfetado, a maior parte da produção atual, e a quase totalidade dos projetos

em implantação no Brasil, são desenvolvidos sobre minério laterítico (ANDRADE et

all, 2000).

Minérios de níquel de importância econômica incluem sulfetos e depósitos

aluviais de silicatos e óxidos/hidróxidos. Muitas vezes a extração do níquel de seus

minérios é dificultada pela presença de outros metais; geralmente encontram-se

misturados com sulfetos de Fe ou Cu.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

O minério mais importante é a pentlandita, (Fe,Ni)9S8. Depósitos aluviais

importantes incluem a garnierita, um silicato de magnésio e níquel de composição

variável (Mg,Ni)6Si4O10(OH)8 , e a limonita niquelífera (Fe,Ni)O(OH)(H2O)n.

Minérios do grupo dos sulfetos são hoje a principal fonte do níquel

produzido. O minério é concentrado por flotação e por métodos magnéticos, e a

seguir aquecido com SiO2 (FERREIRA, 2012).

O Brasil é o décimo produtor de níquel (contido no minério) com 67.116 toneladas

em 2008. A Rússia é a maior produtora com 17,3% do volume total, seguido por

Canadá com 15,6%, Indonésia com 13,2% e a Austrália com 11,3%. As principais

empresas produtoras no mundo são: MMC Norilsk Nickel Group (Rússia), Inco-Vale

(Canadá) BHP Billiton Plc (UK), Eramet Group (France), Falconbridge Limited

(Xstrata) (Canadá), e WMC Resources Ltd. (Austrália). Com a aquisição da Inco, no

Canadá, a “Vale” (Cia. Vale do Rio Doce) se tornou a maior produtora mundial de

níquel, com uma produção de 248 mil t/ano (SILVA, 2009).

No Brasil os principais estados produtores são: Goiás (83,5%) e Minas

Gerais (16,5%), sendo as principais empresas produtoras: Companhia Níquel

Tocantins (Votorantim) 69,0%, Anglo American Brasil 19,0%, Mineração Serra da

Fortaleza (Votorantim) 7,5%, Prometálica Mineração Centro Oeste S.A. 4,5% e Cia

Nickel do Brasil 0,05%.

O Estado do Pará conta com projetos de grande viabilidade econômica para

produção de níquel laterítico como o Vermelho e Onça Puma da Cia. Vale do Rio

Doce, que a tornará o Brasil potencialmente o quarto maior produtor do metal no

mercado mundial, outro de grande relevância é o Projeto Jacaré do grupo Anglo

American sediado no Estado do Piauí (SILVA, 2009).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.1.2. Aplicações

Os primeiros registros de uso do níquel pelo homem foram observados na

composição de moedas japonesas de 800 anos a. C., nas gregas de 300 anos a. C.,

e em armamentos de 300 ou 400 anos a. C.. Remonta aproximadamente ao século

IV a. C., manuscritos chineses sugerem que o “cobre branco” era utilizado no

Oriente desde 1400-1700 a. C., entretanto a facilidade de confundir as minas de

níquel com as de prata induzem a pensar que, o uso do níquel foi posterior, a partir

do século IV a. C. (SILVA, 2009).

A sua aplicação industrial em larga escala aconteceu no fim do século XIX,

quando foram descobertos relevantes depósitos minerais de níquel no Canadá. O

níquel se destaca na melhora das propriedades da maioria dos metais e ligas a que

se associa. São mais de três mil ligas oferecidas pelo níquel e que são utilizadas na

indústria ou de forma doméstica. Metade dessa produção é utilizada em ligas de

ferro (SILVA, 2009).

Atualmente, aproximadamente 65% do níquel consumido mundialmente são

empregados na fabricação de aço inoxidável e outros 12% em superligas de níquel.

Os 23% restantes são repartidos na produção de outras ligas metálicas, baterias

recarregáveis, reações de catálise, cunhagens de moedas, revestimentos metálicos

e fundição. As principais aplicações deste metal na indústria são para fabricação de

aços de resistência mecânica, nas ligas contendo: níquel/cobre, níquel/molibdênio,

níquel/cromo/molibdênio/vanádio e níquel/cromo/molibdênio; ligas elétricas –

ferro/níquel (circuitos magnéticos); fabricação de moedas em vários países;

fabricação de material bélico; dividido é usado como catalizador para a

hidrogenação de óleos vegetais; produção de aço inoxidável; baterias (níquel-

cádmio) e ligas anti-corrosivas e refratárias (SILVA, 2009).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

O níquel tem seu ponto de fusão em aproximadamente 1.453ºC, possuindo

uma grande resistência a corrosão e oxidação, deste modo o níquel é utilizado, tanto

puro como em ligas, em aproximadamente 300 mil produtos para consumo,

indústria, material militar, moedas, transporte/aeronaves e em aplicações voltadas

para a construção civil (SILVA, 2009).

Nos países industrializados o níquel tem aproximadamente 70% de

utilização na siderurgia destinadas à fabricação de aço-inoxidável que são

absorvidas na engenharia em geral, e os 30% restantes, divididos em ligas não–

ferrosas, galvanoplastia, ligas de aço; fundição; laminação e em outras aplicações.

Esta utilização se dá seguindo uma categorização definida como:

- Classe I: derivados com grande pureza, com no mínimo 99% de níquel

contido (níquel eletrolítico 99,9% e “carbonyl pellets” 99,7%), tendo assim larga

utilização em qualquer aplicação metalúrgica e,

- Classe II: derivados com conteúdo entre 20% e 96% de níquel (ferro-

níquel, matte, óxidos e sinterizado de níquel) com grande utilização na fabricação de

aço inoxidável e ligas de aço (SILVA, 2009).

Além da utilização em forma primária, pode-se mencionar a forma reciclada,

largamente utilizada na siderurgia, dando origem ao níquel secundário ou sucata de

níquel.

Os compostos de níquel são úteis na proteção de materiais, em forma de

niquelados, e na fabricação de polos elétricos em cubas eletrolíticas, catalisadores,

esmaltes e recipientes de armazenamento dos derivados de petróleo. É também

utilizado na melhoria de resistência mecânica a altas temperaturas, resistência à

corrosão e outras propriedades, para uma ampla faixa de ligas ferrosas e não-

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

ferrosas. Outras propriedades que se destacam são: as condutividades térmicas e

elétricas, como também uma excelente propriedade magnética que fazem do níquel

e suas ligas, metais bastante valiosos (SILVA, 2009).

O níquel é utilizado em diversas ligas, como aço inoxidável ou aços

especiais, em ligas metálicas como Mumetal, em galvanização, em fundições, em

baterias, eletrodos e moedas (FERREIRA, 2012).

Após a eletrólise, o óxido de níquel é usado como catalisador em diversos

processos industriais (SILVA, 2009).

Como catalisador, é muito eficiente, particularmente em reações de

hidrogenação (FERREIRA, 2012).

3.1.3. Importância Econômica

Na metade da década de 90, os elevados preços do níquel e do cobalto

levaram a indústria do níquel a buscar alternativas de processos que pudessem

reduzir os custos operacionais, para manter a rentabilidade do negócio em níveis de

preços mais baixos para o níquel e o cobalto. A queda brusca no preço do metal

durante 97/98 não reduziu o interesse no desenvolvimento de novos projetos de

níquel (ANDRADE et all, 2000).

A partir de 2000, o crescimento do consumo do níquel, pela indústria de aço

inoxidável e a consequente alta de preços no mercado internacional levaram as

empresas Anglo American, Rio Tinto (RTZ) e Votorantim a acelerarem os estudos de

viabilidade para exploração de novas minas no país.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

O processo de industrialização da China, o aumento de suas importações,

sendo o Brasil seu principal mercado consumidor e a recuperação da economia

mundial a partir de 2003, influenciou no contínuo crescimento da demanda pelo

metal e do significativo aumento (250%) nos preços, acima da média internacional

até 2007.

Nos países da América Latina, o México, tem um elevado índice de

competição com a China, devido principalmente às exportações de manufaturas

para o mercado norte americano. Em outro extremo, temos países como Paraguai,

Venezuela, Bolívia, Paraguai e Chile, cujas pautas de exportação são mais

fortemente concentradas em commodities agrícolas ou minerais, como o cobre e o

estanho, e que, portanto, apresentam padrões de especializações bastante distintas

em relação à China.

De modo Geral, a situação da maioria dos países da América Latina é

bastante favorável, sugerindo que a expansão chinesa tende a trazer mais

benefícios do que custos para a região como um todo.

Na Alemanha, principal economia europeia e um dos nossos principais

mercados consumidores de liga ferro-níquel a recuperação foi fortalecida tanto pelos

efeitos econômicos trazidos pela Copa do Mundo, em junho de 2006, quanto pela

significativa antecipação do consumo ao final do ano, em função da elevação do

imposto sobre o valor agregado em janeiro de 2007(SILVA, 2009).

Commodities: Significa mercadoria, é utilizado nas transações comerciais de produtos de origem

primária nas bolsas de mercadorias.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.1.4. Obtenção do pó de Níquel

Existem várias técnicas para produção de pós que podem ser classificadas

como: mecânicos, físicos, químicos e eletrólitos. A escolha do processo de

fabricação do pó está diretamente relacionada com características importantes

como: forma das partículas, tamanho de partículas, distribuição de tamanho de

partículas, área de superfície específica, escoabilidade, densidade aparente e

compressibilidade. Portanto, a produção de pós é uma das etapas de importância

significativa para a metalurgia do pó (LENEL, 1980 ; KLEIN, 2000).

Pós de níquel podem ser classificados em três grupos: pós produzidos pela

decomposição de carbonila de níquel, em pó produzido pela redução de uma

solução aquosa de um sal de níquel com hidrogênio sob pressão (do processo

Sherritt), e em pó produzido por gás inerte ou atomização de água. Destes,

decomposição de carbonila de níquel e o processo Sherritt, que produzem níquel

metálico a partir do minério, são os mais importantes comercialmente (ASM

Handbook Powder Metallurgy, 1993).

A produção de pó de níquel pela decomposição de carbonila de níquel foi

desenvolvida pela primeira vez em 1889 por Ludwig Mond e seus colaboradores

Carl Langer e Friedrich Quincke. Motivado pela descoberta, Mond estendeu o

experimento a outros metais. Mas foi em 1891 que Berthelot anunciou a formação

de um composto volátil de monóxido de carbono e ferro, o pentacarbonila de ferro,

muito usado na produção do pó de ferro atualmente. Subsequentemente outros

compostos foram descobertos, incluindo carbonilas de cobalto, molibdênio e rutênio

(ASM Handbook Powder Metallurgy, 1993).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Carbonilas são compostos gasosos do tipo metal carbonilas (Me(CO)x),

obtidos sob controle da temperatura e pressão de monóxido de carbono (CO). Uma

das mais importantes técnicas de produção do pó de níquel é a decomposição do

tetracarbonila de níquel. O composto tetracarbonila de níquel (Ni(CO)4) é um líquido

com ponto de ebulição de 50ºC.

50ºC

Ni + 4CO Ni(CO)4 (01)

Este composto é formado pela passagem de CO em níquel à temperatura de

aproximadamente 200ºC e pressões que variam entre 70 x 105 a 200 x 105 Pa. O

(Ni(CO)4) é decomposto em pó de níquel, na fase gasosa, em um tratamento

realizado em torno de 250ºC à pressão atmosférica.(ASM Handbook Powder

Metallurgy, 1993 ; THUMMELER , OBERACKER, 1993; KLEIN, 2000).

250ºC

Ni + 4CO Ni(CO)4 (02)

O níquel produzido por decomposição térmica alcança um elevado grau de

pureza, da ordem de 99,99% e, dependendo das condições do processo, pode ser

extremamente fino, da ordem de 5 a 10µm (DOWSON, 1990).

As partículas de níquel obtidas por esse processo são em geral finas e

regulares, porém apresentam uma superfície rugosa, devido ao processo de

decomposição do monóxido de carbono (ASM Handbook Powder Metallurgy. 1993;

DOWSON, 1990).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.2. Redução de Óxidos

Redução de óxidos é um dos métodos mais comuns de fabrico de pós

metálicos. Pós produzidos por esta técnica são relativamente baratos e

podem facilmente ser prensados e sinterizados. No entanto, os processos de

redução devem geralmente ser intensificados, por exemplo, pela adição

de catalisadores de heterofases. Os efeitos de várias adições sobre a cinética de

redução de óxidos tem sido investigados por vários autores (SAMSONOV,

OSIPOVA, 1973).

Redução em Atmosfera Redutora de Hidrogênio

Segundo Vladimir Dembosky o hidrogênio apesar de não ser o redutor mais

eficiente oferece tantas vantagens técnicas que o torna uma proposta bastante

atrativa. Espécies de hidrogênio ativas no plasma são capazes de reduzir muitos

óxidos metálicos com uma incomum alta reatividade. (DEMBOVSKY,1985).

O crescente interesse industrial na redução direta de minérios hematita por

gases redutores contendo hidrogênio se origina a partir de várias vantagens técnicas

que este método oferece, melhores que o processo de alto-forno convencional

(SASTRI, VISWANATH, VISWANATHAN, 1982).

Interesse em estabelecer as condições ótimas aos reatores de redução

direta tem estimulado fundamentais estudos sobre a cinética de óxidos de ferro e

minérios, os quais são complicados devido à natureza complexa e do processo

heterogêneo de redução que compreende várias reações simultâneas (SASTRI,

VISWANATH, VISWANATHAN, 1982).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Outro aspecto interessante de redução de óxido de metal em geral,

relaciona-se com o papel do mecanismo chamado de spill-over hidrogênio (HSO)

(SASTRI, VISWANATH, VISWANATHAN, 1982).

Redução de óxidos de metais por carbono é um processo complexo e a taxa

do processo depende dos parâmetros do processo. Algumas reações requerem

grandes quantidades de calor e tempo para a formação dos produtos da reação

(ATASOY, 2010).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.3 Metalurgia do Pó

Segundo German (1994), o processo de materiais a partir do pó é conhecido

há milhares de anos. Historicamente, os primeiros produtos processados dessa

maneira foram tijolos compactados e aquecidos com o objetivo de melhorar suas

propriedades mecânicas. Podem-se citar como outros exemplos, as bijuterias

sinterizadas pelos incas a partir de metais nobres; o processamento de metais ou

cerâmicos sinterizados pelos egípcios há 3000 anos a. C. e a coluna Delli –

localizada na Índia, pesando 6,5 toneladas de ferro, datando 300 d. C. Outro uso

histórico de produtos sinterizados são as moedas produzidas a partir de pós

metálicos de cobre, prata e chumbo, usadas no comércio antigo para comercializar

os produtos da época.

Dois materiais obtidos a partir da metalurgia do pó (MP) marcam a história

do desenvolvimento moderno da metalurgia do pó: primeiro, o filamento de

lâmpadas elétricas que utiliza o tungstênio e o molibdênio na forma de arames e

fitas; e, o segundo, o metal duro que utiliza pó de carboneto de tungstênio

aglomerado com pó de cobalto, obtendo-se por sinterização uma liga com alta

tenacidade. (ZAPATA, 1987).

Outra característica que a torna bastante atraente, sob o ponto de vista

tecnológico, é a capacidade de controle microestrutural da peça processada,

sobressaindo-se em relação a outras técnicas como, por exemplo, materiais obtidos

por fundição (UPADHYAYA, 2000).

Atualmente, os carros europeus e asiáticos possuem cerca de 7 Kg por

veículo de componentes sinterizados, enquanto que os americanos possuem 14 Kg.

Indicadores mostram que esses componentes irão aumentar para 25 kg nos

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

mercados europeus e asiáticos; e 35 Kg nos Estados Unidos, nos próximos anos

(MINETT, 2000).

Nos dias atuais, a indústria automobilística da América do Norte consome

75% dos produtos obtidos através do processo de sinterização, enquanto que a

Europa e o Japão consomem, respectivamente, 80 e 70% (WHITTAKER, 2000).

Deve-se ressaltar, ainda, que os componentes produzidos por PM para

veículos, especialmente para o sistema de força (motor e transmissão), são peças

sujeitas às condições severas de desgaste. Podem-se citar algumas, como: anéis

sincronizadores, suportes de disco em sistemas de freio, insertos de assento e guias

de válvulas, tuchos, braços de balancins, chavetas, pinos, componentes em

mecanismo cremalheira-pinhão, bielas, rodas dentadas para eixo de comando de

válvulas, engrenagens de distribuição, engrenagens de transmissão, engrenagens

de diferenciais, entre outros (BRUNATO, 2000).

Outros usuários importantes são os fabricantes de eletrodomésticos,

equipamentos de escritório, armas leves, indústria aeronáutica, etc.(THÜMMLER et

al., 1993).

Dessa forma, a tecnologia da MP tem sido largamente usada pela indústria,

objetivando a redução de custo de produção pela capacidade de diminuição de

processamento mecânico, pois tem um produto na forma final pela compactação ou

injeção em uma matriz. Podem-se enumerar três fatores que evidenciam e mantêm

a técnica da MP em constante crescimento, são eles: necessidade tecnológica,

opção econômica e perda mínima de material (JANG, et al., 2000; GERMAN, et al.,

2000).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.3.1. Etapas da Metalurgia do Pó

Tradicionalmente, o processo de metalurgia do pó é desenvolvido em quatro

etapas básicas, que são: produção dos pós, mistura de pós e aditivos,

compactação/moldagem (conformação/obtenção da forma) e sinterização

(THÜMMLER, OBERACKER, 1993) apud (BINDER, 2009). A microestrutura obtida

no material depende de todas estas etapas. A produção de pós é a etapa inicial da

MP, e diversos processos têm-se consolidado com tecnologias bem desenvolvidas.

Após a produção e mistura dos pós, inclusive com lubrificante adequado, tem-se a

compactação unidirecional, podendo ser aplicado com matriz de efeito simples

(apenas um punção móvel) ou matriz de efeito duplo (dois punções móveis ou matriz

flutuante). A utilização da matriz de efeito duplo minimiza o gradiente de densidades

no corpo verde causado pela perda de carga por atrito entre partículas e a parede da

matriz. Na etapa de compactação ou moldagem é estabelecida a geometria do

componente quando da produção de peças. Na etapa de sinterização estabelece-se

a microestrutura e consequentemente, as propriedades mecânicas. A sinterização é

considerada a etapa mais importante da MP por ser um processo complexo,

principalmente pelas transformações que ocorrem no material. Estes fenômenos

acontecem tanto no estado sólido como na presença de fase líquida (transiente ou

permanente) (UPADHYAYA, FUJIKI, 2000; LENEL, 1980; THÜMMLER,

OBERACKER, 1993; GERMAN, 1994). Outras operações complementares, como a

calibração, podem ser necessárias, em função das características do pó e do

material em questão, bem como de sua aplicação (BINDER, C. 2006).

A figura 3.1 apresenta um esquema das etapas da técnica da metalurgia do

pó.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Metalurgia do pó por compactação uniaxial.

Figura 3.1 - Etapas da metalurgia do pó por compactação unidirecional.

3.3.2 Mistura dos Pós

Nesta etapa são adicionados os elementos de liga e também um lubrificante

sólido, que tem como função diminuir o atrito das partículas com a parede da matriz

e das partículas entre si, durante a compactação. Além disso, o lubrificante possui

também a função de diminuir a carga de extração, uma vez que o compactado verde

possui resistência muito baixa, o que o torna susceptível ao trincamento quando a

extração é dificultada. O lubrificante é removido por volatilização durante uma etapa

anterior a de sinterização (LENEL, 1980; THÜMMLER, OBERACKER, 1993).

A mistura adequada dos pós, na proporção desejada, é essencial para

finalizar uma peça após a sinterização, dentro das propriedades mecânicas

planejadas (KLEIN, 2001).

Obtenção/ Produção dos pós

Mistura dos pós

Conformação/Compactação dos

pós

Sinterização

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

3.3.3. Compactação

A etapa de compactação é responsável por dar forma ao volume de pó.

Nesta etapa o componente é obtido nas dimensões próximo as das finais e com

resistência mecânica suficiente para que este não perca sua identidade durante o

manuseio. A etapa de moldagem, para pós metálicos, é de fundamental importância

dentro do processo como um todo, pois nela se obtém praticamente toda a

densificação do componente. (THÜMMLER, OBERACKER, 1993).

O comportamento dos pós, quando submetidos à compressão é mostrado

na Figura 3.2. No estágio inicial com a introdução de força mecânica, ocorre um

rearranjo das partículas soltas para um denso empacotamento. Subsequentemente,

os pontos de contatos se deformam com o aumento da força mecânica. Finalmente,

as partículas sofrem ampla deformação plástica (CHIAVERINI, 2001).

Figura 3.2 – Estágios da movimentação das partículas na cavidade de uma matriz durante o processo

de compactação (GERMAN, 1984).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Após a compactação é obtido um compactado denominado de corpo verde,

que possui densidade chamada de densidade verde, cujo valor obtido depende da

pressão aplicada e da compressibilidade dos pós (GUTIÉRREZ, 2002).

A principal variável que afeta a compactação é a compressibilidade do pó,

que pode ser definida como a extensão segundo a qual uma massa de pó pode ser

densificada pela aplicação de pressão. A compressibilidade é uma característica

importante, pois determina a pressão a ser exercida pelo ferramental para se

conseguir uma determinada densidade da peça.

A compressibilidade do pó é uma propriedade inerente a cada material, sendo

um método bem usado no controle de qualidade e no controle de produção do pó

metálico, por meio de construção de curvas de compressibilidade (SMITH, MIDHA, e

GRAHAM, 1998).

Enquanto nos pós dúcteis a principal etapa de densificação é a compactação,

nos materiais duros (cerâmica, tungstênio e ligas, compósitos particulados) a

principal etapa de densificação é a sinterização. Assim, é necessário maior

sinterabilidade dos materiais duros, devendo-se adaptar com as elevadas variações

dimensionais que ocorrem durante a sinterização (GALIOTTO, 2005). A Figura 3.3

mostra esquematicamente, a diferença de comportamento, entre pós dúcteis e

duros, durante a compactação.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 3.3 – Comparação entre compressibilidade dos pós dúcteis e pós duros. Adaptado de

(GALIOTTO, 2005).

Esta etapa é realizada com a aplicação de carga mecânica em matrizes

rígidas. Os processos usualmente empregados são: compactação unidirecional (de

simples ou dupla ação), compactação isostática, laminação de pós, extrusão e

moldagem por injeção (THÜMMLER, OBERACKER, 1993).

A compactação unidirecional em matriz é usada com maior frequência. O

emprego de matriz de ação dupla visa minimizar os gradientes de densidade

reduzindo assim a heterogeneidade da retração do componente durante a etapa de

sinterização. Entretanto, no processo de compactação a frio sempre haverá

gradientes de densidades. Este problema pode ser minimizado utilizando-se o

processo de moldagem por injeção (MPI). Neste processo os pós metálicos são

misturados aos ligantes e lubrificantes obtendo-se uma massa viscosa passível de

ser injetada num molde produzindo-se, desta forma, um componente densificado

com maior homogeneidade (GERMAN, 1994).

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3.3.4 Sinterização

Segundo Thümmler e Oberacker (1993, p. 181) "... a sinterização é

entendida como sendo o transporte de matéria, ativado termicamente, em uma

massa de pós ou um compactado poroso, resultando na diminuição da superfície

específica livre pelo crescimento de contatos entre as partículas, redução do volume

e alteração da geometria dos poros".

Nesta etapa do processo, o compactado verde adquire as propriedades

mecânicas características do componente sinterizado, fortemente influenciadas pela

porosidade residual, inerente aos produtos obtidos por metalurgia do pó (BINDER,

2006).

No entanto, antes da sinterização dos pós propriamente dita, é necessário

remover o lubrificante (ou ligante) a eles adicionado no estágio anterior ao de

compactação. O processamento de remoção utilizado mais frequentemente é por via

térmica executado, geralmente, no mesmo ciclo de sinterização, num patamar de

temperatura em torno de 500ºC durante 30 min, para o caso do estearato de zinco

(HWANG, LIN, 1992).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Sinterização por fase líquida

Na sinterização por presença de fase líquida, o transporte de matéria ocorrerá

por um mecanismo adicional que é o fluxo viscoso, que acelera o processo de

densificação do material sinterizado. A fase líquida intensifica a cinética do processo

de sinterização quando apresenta alta molhabilidade, pois facilita o rearranjo das

partículas (KLEIN, 2001).

A teoria sobre a sinterização por fase líquida divide o processo de

densificação em três estágios que se desenvolvem ao mesmo tempo, com cada um

dos estágios descritos em relação ao mecanismo dominante naquele estágio. Os

mecanismos são: rearranjo, solução - reprecipitação e estado sólido (GERMAN,

1985). A Figura 3.4 ilustra esquematicamente as etapas da sinterização assistida por

fase líquida.

Figura 3.4 – Esquema dos estágios da sinterização por fase líquida (GERMAN, 1985).

Durante o primeiro estágio, rearranjo de partículas, o compactado comporta-

se como um sólido viscoso devido à ação de forças capilares e a fração de

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

densificação que é dependente da quantidade de líquido, tamanho de partícula e

solubilidade do sólido no líquido (GERMAN, 1985).

O segundo estágio da sinterização por fase líquida é o de solução-

precipitação, que é caracterizado pela dissolução de partículas sólidas pequenas no

líquido e precipitação nas superfícies sólidas de partículas grandes. Este estágio é

caracterizado por densificação, acomodação de forma dos grãos, achatamento de

contatos, eliminação de poros e coalescimento de pescoços (GERMAN, 1985).

O último estágio característico de sinterização via fase líquida é marcado pela

diminuição da taxa de densificação ou completa cessação da mesma, causada pelas

maiores distâncias de difusão. Normalmente é o estágio mais demorado e é

acompanhado por mudanças na forma das partículas, que favorece a uma melhor

densificação (GERMAN, 1985).

Sinterização por fase sólida

No estado sólido, a sinterização tem a difusão atômica como mecanismo

principal de transporte de matéria. A difusão pode ocorrer de forma superficial,

volumétrica, contorno de grão, evaporação e recondensação, dependendo da

temperatura e pressão de vapor do material. Termodinamicamente, a sinterização

pode ser associada ao transporte de matéria ativada pelo aquecimento de uma

massa de pós ou compactado, fazendo diminuir sua superfície livre pelo crescimento

de contato entre as partículas, gerando uma diminuição dos poros, alterando a

geometria do material e diminuindo alguns dos defeitos da rede cristalina quando

fora do equilíbrio termodinâmico (LEE,; RAINFORTH, 1994).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Durante a sinterização por fase sólida ocorrem várias mudanças na

microestrutura, que permitem a divisão deste processo em estágios. Os estágios de

sinterização são observados a partir de mudanças geométricas onde os poros têm

sua forma totalmente definida enquanto diminuem de tamanho (LEE,; RAINFORTH,

1994). A Figura 3.5 exemplifica os estágios da sinterização por fase sólida.

Figura 3.5 – Representação dos estágios da sinterização por fase sólida (LEE,; RAINFORTH, 1994).

No primeiro estágio ocorre a sinterização inicial, onde as partículas de pó são

rearranjadas e ocorre a formação de uma ligação forte ou pescoço, nos pontos de

contato entre as partículas, a Figura 3.6 mostra uma micrografia, onde pode-se

observar a formação deste pescoço. Com o avanço do processo os poros diminuem,

reduzindo muito a taxa de sinterização e tornando-a muito sensível à morfologia do

contorno de grão/poro. A densidade relativa aumenta em aproximadamente 10%,

com uma redução da área superficial superior a 50% do valor original. Neste estágio

a cinética é dominada pelo gradiente de curvatura próximo ao pescoço. Os poros

são abertos e totalmente interconectados, porém sua forma não é suave(LEE,;

RAINFORTH, 1994).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 3.6 - Micrografia ilustrando o processo de sinterização no estágio inicial com a formação do pescoço (VAN VLACK L.H. 1973).

No estágio intermediário o tamanho dos contatos aumenta enquanto ocorre

uma diminuição da porosidade. As propriedades do sinterizado se desenvolvem

predominantemente neste estágio. As partículas se aproximam levando a retração

da peça, quando então os contornos de grão são formados, crescendo lentamente.

A rede de poros cilíndricos interconectados se transforma em poros esféricos

isolados, a densidade atinge cerca de 90% da densidade teórica.

O terceiro estágio é a sinterização final. Os poros se fecham e são eliminados

lentamente com pouca densificação e aumento do tamanho de grão. O estágio final

corresponde aos poros isolados e fechados que se contraem lentamente através da

difusão de lacunas para o contorno de grão. A densificação torna-se mais sensível

em relação ao tamanho de grão relativo e a atmosfera dos poros. Qualquer gás

aprisionado nos poros inibirá a densificação (ASM METALS HANDBOOK. 1991).

A equação de Laplace descreve a tensão (σ) associada com a curvatura das

superfícies (Eq. 3.1). Para o caso particular de duas esferas com raios positivo

(partículas) têm-se tensões trativas na região dos contatos entre as partículas (Eq.

3.2) ou no caso das superfícies côncavas dos poros (Eq. 3.3):

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

σ = γ [ (x)-1 - (p)-1 ] Eq. (3.1)

σT = γ (p)-1 (para x >> p) Eq. (3.2)

σC = 2.γ (r)-1 Eq. (3.3)

Onde σT e σC são as tensões de Laplace trativas (para partículas) e

compressivas (para poros), respectivamente, γ é a energia da superfície, x é o raio

do “neck”, p é o raio do perfil circular do “neck” e r o raio do poro.

Superfícies côncavas nos contatos entre as partículas (com raio p) são

submetidas a tensões de tração (σT) sofrendo escoamento plástico ao atingir a

tensão crítica do material, produzindo o crescimento do contato. Os poros são

submetidos à compressão (σC) tendendo a promover o fechamento dos mesmos.

Estes efeitos são sumarizados na Figura 3.7a e 3.7c.

Figura 3.7 - Tensões de Laplace trativas na interface entre as partículas (a), modos de

difusão na região próxima ao “neck” (b) e tensões de Laplace e fluxo de vacâncias entre poros de

diferentes dimensões (c), adaptado de GERMAN, 1996.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A quantidade de vacâncias em equilíbrio próximo às superfícies varia

conforme a curvatura da mesma. O material próximo à superfície com maior

curvatura possui densidade de vacâncias menor que aquele com menor curvatura.

Se, por exemplo, uma mesma superfície apresentar curvatura positiva (convexa) e

negativa (côncava) existirá então um gradiente de densidades de vacâncias

(THÜMMLER; OBERACKER, 1993). Este gradiente faz com que as vacâncias se

difundam da região mais concentrada para a menos concentrada. Como a

autodifusão de átomos ocorre, com maior probabilidade, através da movimentação

por vacâncias, os átomos fluem no sentido inverso das mesmas. Desta forma é

observada a difusão de átomos da superfície com maior curvatura para aquela com

curvatura menor. O mesmo efeito é observado para as pressões de vapor próximo a

superfície, sendo esta pressão maior quanto maior a curvatura da mesma.

Assim tem-se maior probabilidade de evaporação em curvaturas maiores e de

recompensação para curvaturas menores (GERMAN, 1996). Este mecanismo é

ilustrado na Figura 3.7b, no processo de crescimento dos contatos entre as

partículas e na Figura 3.7c, no coalescimento dos poros maiores (com menor

curvatura) em detrimento dos menores (maior curvatura).

Outro fator de primordial importância na sinterização é a atmosfera na qual

estão submetidos os componentes durante o processo. As atmosferas comumente

utilizadas são: ar atmosférico, gás inerte, hidrogênio, amônia dissociada, nitrogênio,

gás natural (metano), e vácuo. Para todas estas atmosferas observa-se um ponto

fundamental que é a pressão parcial dos reagentes e os produtos em equilíbrio na

temperatura de sinterização (GERMAN, 1996). Atenção especial deve ser tomada

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

com relação às pressões parciais dos componentes do sistema na sinterização, pois

estas estão diretamente relacionadas com os potenciais químicos destes

componentes. Se o potencial químico de um componente sai do equilíbrio este

tenderá a se ajustar provocando, desta maneira, alteração nas propriedades

químicas dos componentes do sistema, como por exemplo, oxidação, redução,

carbonetação ou descarbonetação. Pode-se prever este tipo de comportamento

(oxidação-redução / carbonetação - descarbonetação / nitretação - não nitretação)

através do diagrama de Ellingham, controlando-se assim a pressão parcial dos

componentes em questão, obtendo-se o estado final desejado do sinterizado

(SWALIN, 1962).

Para providenciar dados da cinética de sinterização é necessário medir a

densidade ou a retração linear em tempos ou temperaturas distintos, obtendo um

gráfico da densidade ou retração linear versus o tempo ou temperatura de

sinterização (KUPCHAK et al., 2005). Para experimentos em laboratório, a técnica

de dilatometria providencia um monitoramento contínuo da retração linear do

compactado ao longo de toda a sinterização (RAHAMAN, 2003).

3.3.5.1. Técnicas Alternativas de Sinterização

Diversas técnicas de sinterização estão sendo desenvolvidas com a finalidade

de promover a otimização do processo, ou até mesmo, possibilitar o processamento

de materiais de difícil consolidação, como Al, WC, e outros. Dentre as mais

importantes podemos citar a sinterização em forno resistivo (sinterização

convencional), a sinterização ativada (plasma activated sintering - PAS e spark

plasma system - SPS), sinterização em microondas (MS), sinterização com laser

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

seletivo e sinterização por plasma em descarga CD. Esta última técnica será

utilizada no presente estudo e por este motivo será descrita em detalhes na seção

seguinte. Estes novos métodos de sinterização promovem mais rápido e

uniformemente o aquecimento da amostra e, em consequência, uma rápida

diminuição da área de superfície específica do compactado (PAVANATI, 2005).

Sinterização convencional

Em se tratando de sinterização em escala industrial e de laboratório, tanto

para materiais cerâmicos quanto metálicos, o tratamento é realizado em forno

resistivo. Os componentes são aquecidos na superfície por radiação, convecção e

através da condução térmica o calor é transferido até o núcleo. Em tais processos,

tanto a carga do forno quanto as paredes recebem esse calor, ocasionando desta

forma, taxas lentas de aquecimento e resfriamento, além do desperdício de energia,

onerando, em muitos casos, o processo. A técnica de sinterização descrita é

comumente chamada de sinterização em forno resistivo ou, simplesmente,

sinterização convencional. O processo pode ser controlado por meio de atmosferas

redutoras (H2), carbonetantes (CO), neutras (vácuo ou Ar), oxidantes (O2), entre

outras (KLEIN, 2001; DA SILVA,; JUNIOR, 1998).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Sinterização ativada PAS/SPS

Uma técnica de sinterização bastante utilizada nos EUA e países do oriente é

a sinterização ativada (PAS e SPS). Este processo foi desenvolvido no início dos

anos 60 e pouco estudado até que sua patente fosse expirada, nos anos 80

(OMORI, 2000). Neste tipo de processamento a massa de pós é compactada numa

matriz de grafite a uma determinada pressão, conforme a Figura 3.8.

Figura 3.8 – Desenho esquemático do equipamento de sinterização ativada PAS/SPS (adaptado de FUJIKI, 2001).

A sinterização é então produzida por uma corrente elétrica aplicada às

paredes da matriz e também transmitida à peça a ser produzida. O aquecimento da

matriz é gerado por efeito joule devido ao fluxo desta corrente. O calor gerado é

então transmitido à massa de pós compactados em seu interior. Paralelamente, a

corrente elétrica que flui através do pó, produz descargas elétricas nas regiões de

contato e nos espaços vazios (YAMAMOTO et al., 2001). Estas descargas,

juntamente com o calor proveniente da matriz e a pressão mecânica fazem com que

ocorra a rápida consolidação dos pós produzindo a peça acabada. Além disso, a

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

sinterização ativada é extremamente eficiente na dissociação de óxidos e impurezas

da superfície dos pós (UPADHYAYA , 2000).

Entretanto, os efetivos mecanismos de sinterização deste processo ainda não

estão claros, necessitando de estudos mais aprofundados no intuito de elucidá-los

(WANG, at al., 2000).

Sinterização em microondas (MS)

A energia da microonda é uma forma de energia electromagnética com o

gama de frequências de 300 MHz a 300 GHz. Aquecimento por microondas é um

processo no qual o par de materiais com microondas, absorvem a energia

eletromagnética volumetricamente, e se transforma em calor. Isto é diferente de

métodos convencionais, onde o calor é transferido entre objetos pelos

mecanismos de radiação de condução, e de convecção (OGHBAEI, MIRZAEE,

2010).

A utilização da energia proveniente das microondas foi desenvolvida

primeiramente para as comunicações e algumas áreas de processamento tais como

preparo de alimentos, descongelamento e cura de produtos derivados da madeira e

borracha (CLARK et al., 2000). Nas últimas duas décadas o aquecimento por micro-

ondas tem sido empregado como uma técnica em potencial para a sinterização de

uma variedade de materiais cerâmicos e compósitos (CHENG, et al., 2000).

Os componentes a serem fabricados são posicionados num campo com

microondas, absorvendo energia eletromagnética e convertendo-a em calor

promovendo aquecimento volumétrico, conforme Figura 3.9 (CHENG, et al., 2002).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 3.9 – Esquema do aparato de sinterização de Al2O3 utilizando microondas (modificado de CHENG et. al., 2002).

Como resultado, este processamento oferece diversas vantagens: o

aquecimento rápido, uniforme e precisamente controlado, tempo de processamento

mais curto, utilização da energia com maior eficiência e melhoria das propriedades

dos materiais e suas performances (UPADHYAYA, 2001; CHENG, et al., 2002;

UPADHYAYA , 2001; RÖDIGER, et al., 1998). Segundo Cheng et al. a principal

limitação deste processo é a dificuldade de implementação na indústria para

operação em escala. A utilização de uma cavidade de micro-ondas relativamente

grande causaria uma distribuição não homogênea de energia, levando ao

aquecimento não uniforme e, consequentemente, a prováveis falhas nos

componentes sinterizados.

Sinterização a laser

Outra técnica alternativa de sinterização utiliza laser como fonte de

aquecimento e vem sendo implementada desde 1995 na indústria de prototipagem

rápida (KHAING, et al. 2001).

A sinterização é realizada atingindo-se temperaturas acima do ponto de fusão

do material. A peça é produzida diretamente a partir de dados provenientes de um

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

desenho tridimensional, produzido em CAD (computer aided design). A construção

da peça é realizada em um tanque contendo o pó sobre uma base móvel onde um

feixe de laser varre a superfície do pó conforme o projeto desenvolvido em CAD,

conforme a Figura 3.10(KHAING, et al. 2001).

Figura 3.10 – Desenho esquemático de um sistema de sinterização a laser (KHAING, et al.

2001).

Sinterização por plasma em descarga DC

A técnica de sinterização por plasma, utilizando uma descarga elétrica DC

em regime anormal como fonte de aquecimento, vem sendo desenvolvida e

pesquisada desde os meados dos anos 90 pelos pesquisadores do Laboratório de

Materiais (LabMat), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (MUZART,

et al. 1997 Desde então, alguns processos metalúrgicos, via plasma DC, vêm sendo

utilizados como técnicas alternativas na MPF (Metalurgia do Pó Ferrosa), tais como:

remoção de lubrificante (delubing), remoção de ligante (debinding), retirada de óleo

e deposição de elementos de liga simultâneo a sinterização (SANTOS, et al., 2001;

ESCOBAR, 2001; PAVANATI, 2002).

Nestes processos, uma descarga elétrica luminescente anormal de Ar e H2

produzem íons e átomos neutros rápidos que, ao se chocarem com a amostra

provocam seu aquecimento – este pode ocorrer pelo bombardeamento iônico,

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

eletrônico, radiação térmica ou combinação deles, dependendo da montagem de

eletrodos. As montagens de eletrodos para processamento das amostras

(geralmente metálica pela alta condutibilidade térmica) são: a amostra sinterizada no

ânodo (configurações ânodo-cátodo confinado e forno-plasma) e no cátodo

(configurações cátodo e cátodo oco). (LOURENÇO, et al., 2002; LOURENÇO, et. al.,

2003; BRUNATTO, et al.,2003).

A sinterização por plasma ativa a difusão por evaporação e recondensação

devido à pulverização atômica que ocorre no catodo; desta forma, tem-se uma

mobilidade maior dos átomos na superfície que aumenta a formação de necks pela

difusão superficial (MUZART, et al., 1997). A figura 3.11 representa o sistema básico

de sinterização por plasma.

Figura 3.11 – Esquema básico de plasma (COBOS, 2003).

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4. Materiais e Métodos

Neste capítulo estão descritos os procedimentos experimentais realizados

na pesquisa. Trata-se da obtenção e caracterização de ligas de níquel a partir da

redução do óxido de níquel, através de pós misturados e compactados em matriz

uniaxial de duplo efeito e processados por pré-sinterização em reator de plasma e

em dilatômetro sob atmosfera de H2, para estudo das condições de sinterização e

redução do óxido de níquel em várias composições.

Os procedimentos experimentais foram realizados na seguinte sequência:

Obtenção e mistura dos pós;

Compactação dos pós em matriz uniaxial de duplo efeito;

Pré-sinterização das amostras em reator assistido por plasma em

atmosfera de H2;

Análise dilatométrica para estudo das condições de sinterização e

redução do óxido de níquel. Análises realizadas com aplicação de fluxo

contínuo da mistura de 95% Ar + 5% H2;

Caracterização microestrutural e mecânica das amostras.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4.1. Mistura de pós

Nesta etapa foram produzidas misturas dos pós de níquel carbonila e óxido

de níquel em diferentes porcentagens em massa (% m/m). Misturas contendo Ni +

15%NiO, Ni + 25%NiO, Ni + 35%NiO, e apenas Ni carbonila para efeito comparativo

das propriedades mecânicas e microestruturais. Em algumas amostras foi

adicionado 0,8% m/m de amida como agente lubrificante para promover a remoção

das amostras durante a compactação. As misturas foram realizadas em misturador

em “Y”, a 30 RPM durante 45 minutos. Para auxiliar na mistura, foram adicionadas

microesferas de WC (resistente ao desgaste) com diâmetro de aproximadamente

300 µm. Foi utilizado Ni carbonila com granulometria de 10 µm doado pela

Comercial Cometa Ferro-Ligas e Metais e o Óxido de Níquel com granulometria 45

µm e 99% de pureza, fornecido pela Sigma–Aldrich.

4.2. Compactação dos Pós

A mistura de pós foi compactada em matriz de aço cilíndrica, uniaxial de

duplo efeito, com diâmetro de 9,5 mm, controlando-se a altura de enchimento para

obtenção de amostras com comprimentos de aproximadamente 12 mm. Inicialmente

foi aplicada a carga de 100 MPa. Mas a pressão de compactação relevante ao

estudo foi fixada em 600 MPa. Nas amostras contendo Ni + 35%NiO foram aplicadas

também pressões de compactação 100, 200 e 400 MPa para verificação da

influência da pressão de compactação na densidade das amostras, uma vez que

essas amostras possuem maior teor de óxido de níquel entre as amostras estudas.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4.3. Pré-sinterização em reator a plasma

Esta etapa teve o objetivo de remoção do agente lubrificante das amostras e

foi realizada em reator a plasma com aquecimento resistivo (reator patenteado pelo

grupo de pesquisadores do Laboratório de Materiais da UFSC), sob atmosfera

redutora (100% H2) utilizando tensão de 400 V, com tempo de pulso ligado (ton) de

50 µs, pressão de 1 ton e fluxo total de 200 SCCM (Standard Cubic

Centimeter/minute). A taxa de aquecimento utilizado foi de 3ºC/minuto e mantida a

500 ºC por 60 minutos.

Figura 4.1 – Reator de sinterização assistida por plasma utilizado neste trabalho.

Laboratório de Materiais da UFSC.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4.4. Dilatometria

Os ensaios de análise dilatométrica foram realizados em um dilatômetro com

módulo informatizado acoplado modelo NETZSCH DIL 402C. Para realização dos

ensaios utilizaram-se amostras cilíndricas com dimensões aproximadamente 9 x

12mm (diâmetro e comprimento). Empregou-se atmosfera de 95% Ar + 5% H2 para

todas as análises. O ciclo utilizado para uma parte das amostras se consistiu na taxa

de aquecimento constante de 10 ºC/minuto até temperatura de 1200 ºC com

patamar isotérmico de 1 hora. Em algumas outras foram realizados ciclos distintos

com taxas de aquecimento 5 ºC/minuto, para estudos comparativos das condições

de sinterização dessas amostras. Nas tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 estão contidas as

informações sobre os ciclos empregados nas amostras.

Ensaios dilatométricos foram realizados em amostras de níquel metálico

compactadas com pressões de compactação diferentes para avaliação da influência

dessas forças no processo de sinterização das ligas. Na tabela 4.1 contem as

informações para realização dessas análises.

Tabela 4.1- Amostras de Níquel metálico usadas para os ensaios de sinterização no dilatômetro

Código da Liga

Composição Condição de sinterização

(dilatometria)

Pressão de compactação (MPa)

Ni – A 100% Ni 1200ºC isoterma de t = 1h 100

Ni – C 100% Ni 1200ºC isoterma de t = 1 h 600

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Foram realizados também ensaios dilatométricos variando-se as taxas de

aquecimento em algumas amostras da liga de Ni + 15%NiO sem a realização da

etapa de pré-sinterização no reator a plasma visando comparar distintos modos de

sinterização. Todas as amostras foram compactadas com pressão de 600 MPa. Na

tabela 4.2 estão expostas as informações relevantes a essas análises.

Tabela 4.2- Composições de Ni + 15%NiO usadas para os distintos modos de sinterização.

Código

da Liga

Composição Ciclo de sinterização

(dilatometria)

Pré-sinterização no reator a

plasma

15 – M Ni +15%NiO 10ºC/min.; 1200ºC; t = 1h 500º C e isoterma a 60min.

15 – G Ni +15%NiO 10ºC/min.; 1200ºC; t = 1h -

15 – T Ni +15%NiO 5ºC/min.; 1200ºC; t = 1h -

Em uma das amostras com composição Ni + 15%NiO, foram realizados 2

ciclos distintos com diferentes taxas de aquecimento. Esta análise foi comparada a

análise feita com o ciclo de taxa de aquecimento mais lenta (amostra 15 – T).

Foi programado um ciclo com taxa de aquecimento inicial de 5ºC/min até

500ºC e isoterma na mesma temperatura por 60 minutos. Após esse ciclo a taxa de

aquecimento foi elevada para 10ºC/min e isoterma na temperatura 1200ºC por 60

minutos, para observar possíveis mudanças no comportamento em relação à

energia de ativação da sinterização. A programação para esta análise encontra-se

na tabela 4.3.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Tabela 4.3- Programação com ciclos e taxas de aquecimentos distintos para misturas de Ni + 15%NiO.

Código

da

amostra

Composição Ciclo de sinterização

(dilatometria)

Pré-sinterização no reator a

plasma

15 – U Ni +15%NiO 5ºC/min: 500ºC: t=1h

10ºC/min.; 1200ºC; t = 1h

-

15 – T Ni +15%NiO 5ºC/min.; 1200ºC; t = 1h

-

Em três amostras da liga de composição Ni +15%NiO, foram realizados

ensaios dilatométricos com as seguintes programações de ciclos: 1200ºC, t = 0h;

1080ºC, t = 0h e 950ºC, t = 0h (tabela 4.4). A taxa de aquecimento aplicada foi 10

ºC/min. Estes testes foram realizados com o objetivo de analisar o desenvolvimento

microestrutural da liga. Estas amostras não foram pré-sinterizadas no reator, pois

não continham componente lubrificante. Todas foram compactadas a 600 MPa.

Tabela 4.4 – Ensaios dilatométricos com diferentes ciclos para análise do desenvolvimento microestrutural de misturas de Ni+ NiO.

Código da Amostra Composição Condição de sinterização (dilatometria)

15 – G Ni + 15NiO 1200ºC, isoterma de 1h

15 – H Ni + 15NiO 950ºC sem isoterma (t = 0h)

15 – I Ni + 15NiO 1080ºC sem isoterma (t = 0h)

15 – J Ni + 15 NiO 1200ºC sem isoterma (t = 0h)

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Foram realizadas análises de dilatometria nas ligas de Ni + 35%NiO para

avaliar a influência do teor de óxido de níquel em função de suas propriedades de

compressibilidade e sinterabilidade variando-se a pressão de compactação. A taxa

de aquecimento utilizada foi 10 ºC/min com isoterma de 1200 ºC durante 1 hora

nesta temperatura. As pressões de compactação para essas análises estão na

tabela 4.5.

Tabela 4.5- Misturas de Ni + 35% NiO para os ensaios de sinterização no dilatômetro

Código da

Amostra

Composição Pressão de compactação (MPa)

35 – A Ni+35%NiO 100

35 - G Ni +35%NiO 200

35 – F Ni +35%NiO 400

35 – C Ni +35%NiO 600

Figura 4.2 – dilatômetro utilizado neste trabalho – Laboratório de Materiais da UFSC

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4.5. Medidas das Densidades a verde e sinterizado

O valor da densidade a verde (ρv) e sinterizado (ρs), foi obtido por

densidade geométrica, por tratar-se de amostras com forma geométrica bem

definida (cilíndrica). Utilizou-se um micrômetro com resolução de 0,001 mm para

medições do diâmetro e comprimento. Efetuaram-se três medidas nas amostras.

Dessa forma foi analisada também a retração dimensional sofrida pelas amostras

após o processo de sinterização. Para medição da massa foi utilizada uma balança

digital com resolução de 0,0001 g.

4.6. Retração dimensional

A retração dimensional foi avaliada a partir da diferença entre as dimensões

dos corpos de prova nas condições a verde e sinterizado, utilizando-se o

instrumento citado no item 4.5. As dimensões avaliadas foram: comprimento e

diâmetro. O diâmetro foi medido ao longo do comprimento do corpo de prova. Foram

realizadas três medidas em cada uma das amostras analisadas.

4.7. Microdureza

Foi analisada através de ensaios de microdureza Vickers. Realizaram-se 10

medidas em pontos distintos por toda a superfície, de modo a fazer uma varredura,

uma vez que existe a possibilidade da existência de óxidos residuais nas mesmas.

Assim foi possível avaliar a influência desses óxidos residuais nesta propriedade

mecânica das amostras. Utilizou-se o aparelho Shimadzu HMV Micro Hardness

Tester, aplicando-se cargas de 500gf por 15 segundos. A norma utilizada para este

ensaio foi a ASTM E384.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

4.8. Microscopia Eletrônica de Varredura

Todas as amostras obtidas foram submetidas à caracterização da

microestrutura resultante dos processos de compactação e sinterização. Para a

observação microestrutural foi realizada a preparação metalográfica através de

embutimento, lixamento e polimento com solução líquida de alumina em suspensão

de granulometria 1µm. O ataque químico das amostras foi realizado com reagente

tipo Marble (4g CuSO4, 20 mL HCL e 20 mL H20 destilada) para revelar a

microestrutura. Para caracterização microestrutural da superfície, porosidades

presentes e óxidos nas amostras, foi utilizado um microscópio eletrônico de

varredura, modelo TM 3000 Tabletop Microscope Hitachi e para análise de

composição química dos elementos presentes na amostra o EDS Swift ED 3000

acoplado ao aparelho de MEV. As imagens foram obtidas utilizando-se o detector

de elétrons secundários (SE) e retroespalhados (BSE). Os elétrons secundários

fornecem principalmente a informação de relevo da amostra, isto é, de morfologia.

Os elétrons retroespalhados apresentam as diferenças de composição química na

região de observação da amostra.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

5. Resultados e Discussão

Nesta seção do trabalho estão apresentados os resultados das ligas de

níquel pré-sinterizadas em reator a plasma e sinterizadas no dilatômetro. Serão

apresentadas e discutidas as curvas de dilatometria, caracterização mecânica com

ensaios de microdureza, análises microestruturais das condições de processamento,

sinterização e composição das ligas de níquel.

5.1. Dilatometria

Com a obtenção das curvas de dilatometria foi possível analisar as

condições de sinterização das ligas, bem como a ativação de sinterização devido à

adição do óxido de níquel de acordo com sua quantidade em cada composição.

Verificaram-se também as retrações sofridas pelas mesmas.

A seguir estão representados os gráficos com as curvas de sinterização

obtidas nos ensaios dilatométricos.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.1 - Curvas de dilatometria com todas as concentrações de NiO. Sinterizados a 1200ºC com isoterma de 1 hora.

De acordo com o diagrama de Ellingham (figura 5.2) o óxido de níquel é

pouco estável, portanto a redução se dará a baixas temperaturas e em menores

tempos de reação. Segundo Meerson e colaboradores (1972), quando estudando a

redução da Cr2O3 por hidrogênio com adições de Ni em pó, demonstraram que o

níquel ativa o processo de redução mais eficaz do que o ferro apud (SAMSONOV;

OSIPOVA, 1973).

_Ni Metálico

_ Ni + 15%NiO

_ Ni + 25%NiO

_ Ni + 35%NiO

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.2 - Diagrama de Ellingham.

A figura 5.1 mostra que o óxido de níquel ativou a sinterização das misturas

em todas as composições. Contudo, para a composição Ni+15% NiO a curva de

sinterização é mais acentuada. As misturas com composição Ni+25% NiO e Ni+35%

NiO, praticamente apresentaram a mesma condição de sinterização. Desta maneira,

os estudos e comparações serão concentrados entre as misturas contendo Ni+15%

NiO e Ni+35% NiO. Todas as composições contendo óxido de níquel sofreram

retração dimensional devido à eliminação da porosidade e redução do óxido.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Na figura 5.3 estão representadas as curvas dos ensaios dilatométricos

realizados nas amostras contendo Ni +35%NiO compactadas com as cargas

descritas na tabela 4.5.

Figura 5.3 – Curvas de dilatometria para as amostras contendo Ni + 35%NiO compactadas sob

diferentes pressões.

A curva da mistura compactada sob pressão de 100 MPa demonstrou maior

retração da amostra em relação as outras. Isso pode ser ter sido causado pela baixa

densificação da amostra durante o processo de compactação. A força mecânica

introduzida no processo de compactação provoca o rearranjo das partículas de pó e

subsequentemente a deformação das mesmas com o aumento da pressão.

Portanto, esta pressão de compactação não foi suficiente para densificar o material

satisfatoriamente.

_ Compactação a 100 MPa

_ Compactação a 200 MPa

_ Compactação a 400 MPa

_ Compactação a 600 MPa

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A figura 5.4 apresenta as curvas de dilatometria para as composições de

Níquel metálico, Ni + 15%NiO e Ni + 35%NiO. Compactadas com pressão de 600

MPa, pré-sinterizadas em reator a plasma até 500 ºC e isoterma na mesma

temperatura por 60 minutos e sinterizadas no dilatômetro a 1200ºC com isoterma de

1 hora.

Figura 5.4 – Curvas de dilatometria para amostras de Ni Metálico, Ni + 15%NiO e Ni + 35%NiO compactadas sob pressão de 600 MPa.

No gráfico da figura 5.4, verificou-se que o aumento do teor de óxido de

níquel, a mistura necessitou de mais tempo para iniciar o processo de sinterização.

O óxido influência tanto na compactabilidade quanto na sinterabilidade das

composições.

As curvas de dilatometria obtidas a partir de diferentes meios de sinterização

realizadas nas composições Ni + 15%NiO estão representadas na figura 5.5.

_ Ni Metálico

_ Ni + 15%NiO

_ Ni + 35%NiO

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.5 – Curvas de dilatometria para amostras de Ni + 15%NiO com diferentes meios de

sinterização.

De acordo com a figura 5.5, a curva da composição com a taxa de

aquecimento 5ºC/min apresentou maior retração dimensional da amostra, diferente

das composições com taxa de aquecimento igual a 10ºC/min que obtiveram

praticamente mesmo comportamento independente da etapa de pré-sinterização no

reator a plasma. Durante a sinterização a porosidade da estrutura é fechada, total ou

parcialmente. Para isto, o material deve ser deslocado para preencher os espaços

vazios (BRITO, MEDEIROS, LOURENÇO, 2007). Provavelmente, a taxa de

aquecimento mais lenta associado à alta temperatura, favoreceu o mecanismo de

sinterização, ou seja, maior transferência de massa para região de contato entre as

partículas vizinhas e, consequentemente, fechamento dos vazios.

_ 5ºC/min; 1200ºC; t =1h. S/ pré-sinterização

_ 10ºC/min; 1200ºC; t =1h. Pré-sinterizada

_ 10ºC/min; 1200ºC; t =1h. S/ pré-sinterização

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

No gráfico da figura 5.6 tem-se as curvas dilatométricas com diferentes

ciclos de sinterização e taxas de aquecimento distintas nas ligas Ni + 15%NiO.

Figura 5.6 – Curvas de dilatometria para amostras de Ni + 15%NiO com diferentes ciclos de

sinterização e taxas de aquecimento distintas. Para (a): taxas de aquecimento 5ºC/min e isoterma de

500ºC por 1 hora e taxa de aquecimento 10ºC/min com isoterma 1200ºC por 1 hora; (b): 5ºC/min e

isoterma em 1200ºC durante 1 hora.

No gráfico da figura 5.6 é possível perceber a sobreposição das curvas de

sinterização a temperatura de 500ºC. A esta temperatura, esperava se a redução do

óxido de níquel, totalmente ou em grande parte, uma vez que se trata de um óxido

pouco estável, mas as imagens de MEV na amostra sinterizada a 1080ºC verificou

se a presença de óxidos residuais. Nesta temperatura deve ter se iniciado também,

o processo de difusão superficial das amostras. As amostras apresentaram

comportamento similar até a temperatura de 800ºC aproximadamente. Percebe-se

que amostra da curva (a) sofreu menor retração dimensional, esse fato pode estar

associado ao aumento da taxa de aquecimento para 10ºC/min. Quando se aumenta

(a)

(b)

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

a velocidade de aquecimento da amostra, o mecanismo de sinterização é acelerado,

o que não significa qualidade do processo em relação ao favorecimento dos

contatos entre as partículas vizinhas. Devem ser levados em consideração os

tamanhos de partícula dos materiais presentes na amostra. O níquel metálico e o

NiO possuem tamanhos de partículas de 10µm e 45µm, respectivamente. Sejam

quais forem os mecanismos atuantes, rigidez e densificação são conseguidas pelo

aumento da área de contato entre as partículas e o melhor empacotamento de

matéria (SILVA, ALVES JUNIOR, 1998) apud (BRITO, MEDEIROS, LOURENÇO,

2007).

5.2. Medidas de Densidade

As propriedades avaliadas neste tópico relacionam-se com a

densificação, fator importante na produção de materiais obtidos via metalurgia do

pó.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Os resultados com as medidas das densidades medidas nas amostras à

verde e sinterizadas estão demonstrados nas tabelas 5.1 e 5.2.

Tabela 5.1- Medidas das densidades à verde e sinterizadas das amostras de misturas de Níquel

metálico.

Código da

Liga Composição

Pressão de compactação (MPa)

Densidade à verde (g/cm3)

Densidade Sinterizada

(g/cm3)

Ni – A Ni metálico 100

4,50

7,98

Ni – C Ni metálico 600

6,46

8,18

Na tabela 5.2 estão as medidas de densidades das misturas de Ni+ 15%NiO

e Ni+ 35%NiO no dilatômetro com taxa de aquecimento de 10ºC/min a 1200ºC com

isoterma nesta temperatura e pré-sinterizadas no reator a plasma.

Tabela 5.2 - Medidas das densidades à verde e sinterizadas das misturas de Ni + 15% NiO e Ni+

35%NiO.

Código da Liga

Composição

Pressão de compactação (MPa)

Densidade à verde (g/cm3)

Densidade Sinterizada

(g/cm3)

15 – M Ni+15%NiO 600 6,22

7,99

25 – A Ni+25%NiO

600 5,86

7,69

35 – C Ni+35%NiO 600 5,71

7,51

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

De acordo com os resultados da tabela 5.2 observar-se que a densidade à

verde e a densidade sinterizada das amostras de Ni + 15% NiO possuem valores

aproximados aos das misturas de Níquel metálico. Isso pode ser justificado pela

menor concentração de óxido de níquel desta composição, uma vez que o óxido

possui menor densidade. Confirmando, dessa forma a influência do óxido na

compactabilidade das misturas. O gráfico da figura 5.7 ilustra a queda da

densificação em função da concentração de óxido de níquel.

15 20 25 30 35

7,5

7,6

7,7

7,8

7,9

8,0

De

nsi

da

de

ap

os

Sin

teri

zaça

o (

g/c

m3)

Concentraçao de Oxido de Niquel(%)

Figura 5.7 – Valores de densidade em função da concentração de Óxido de Níquel nas misturas de

Ni+ 15%NiO, Ni+ 25%NiO e Ni+ 35%NiO sinterizadas.

Na tabela 5.3 constam as medidas das densidades das misturas de

Ni+35%NiO compactadas a distintas pressões de compactação.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Tabela 5.3 - Medidas das densidades à verde e sinterizadas das misturas de Ni+ 35%NiO.

Código da

Liga Composição

Pressão de compactação (MPa)

Densidade à verde (g/cm3)

Densidade Sinterizada

(g/cm3)

35 – A Ni+35%NiO 100 4,44

7,05

35 – G Ni+35%NiO 200 4,87 7,19

35 – F Ni+35%NiO 400 5,39 7,45

35 – C Ni+35%NiO 600 5,71

7,51

A tabela acima mostra maior densificação das misturas à medida que

aumenta a pressão de compactação. Provavelmente, as tensões mecânicas

impostas às mesmas promoveram maior deformação e o rearranjo das partículas,

dessa forma, melhor empacotamento das mesmas.

É possível observar o efeito positivo do aumento da carga de compactação

no gráfico da figura 5.8.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.8 – Valores de densidade em função da pressão de compactação nas amostras

das misturas de Ni+ 35%NiO sinterizadas.

5.3. Retração Dimensional

O gráfico da figura 5.9 mostra que a amostra com Ni+15% NiO praticamente

não sofreu retração dimensional da amostra em relação a amostra com Ni+35% NiO.

A maior retração da mistura Ni+35% NiO pode ter sido provocada por uma maior

concentração de óxido de níquel que promoveu baixa densificação da amostra.

0 100 200 300 400 500 600

7,0

7,1

7,2

7,3

7,4

7,5

De

nsid

ad

e a

po

s s

inte

riza

ça

o (

g/m

3 )

Pressao de Compactaçao (MPa)

Ni + 35% NiO

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.9 – Variação dimensional em função da concentração óxido de níquel.

5.4. Microdureza

A figura 5.10 apresenta o gráfico com os valores das microdurezas Vickers

obtidas no ensaio de dureza para as misturas de Ni metálico, Ni+15% NiO e Ni+

35% NiO compactadas com pressão de compactação de 600 MPa.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.10 – Microdureza Vickers das amostras contendo Ni metálico, Ni+ 15%NiO e Ni+35%NiO

Compactadas a 600 MPa.

Pode-se observar que as amostras contendo óxido de níquel apresentaram

valores semelhantes ao da amostra de níquel metálico. Contudo, as misturas de Ni+

15%NiO e Ni+ 35%NiO demonstraram dispersão dos valores obtidos no ensaio,

uma vez que este foi realizado com indentações em pontos distintos por sobre toda

a superfície das amostras. Essas irregularidades podem ser explicadas pela

presença de óxidos residuais e/ou porosidades na amostra. Mas a mistura de Ni+

15%NiO apresentou desvio padrão menor que o da liga Ni+ 35%NiO.

Na figura 5.11 estão representadas as curvas com valores de microdureza

para as misturas de Ni+35%NiO compactadas com 100 MPa, 200 MPa, 400 MPa e

600 MPa.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.11 – Microdureza Vickers das amostras com Ni+35% NiO compactadas a diferentes

pressões de compactação.

Percebe-se que à medida que aumenta a pressão de compactação os

valores de microdureza tornam-se melhor distribuídos. A mistura de Ni + 35% NiO

compactada a 100 MPa apresentou valor médio de dureza muito abaixo do valor

médio encontrado na amostra de Níquel metálico, representada na figura 5.10. O

mesmo comportamento apresentado pelas as amostras de Ni + 35% NiO

compactadas a 400MPa e 600MPa. O baixo carregamento (100MPa e 200MPa)

durante a compressão para essas amostras resultaram em densificação

insuficiente do material durante o processo de compactação, provocando, dessa

forma, um gradiente de dureza nas mesmas. As amostras compactadas a 200 MPa,

400 MPa e 600 MPa, apresentaram valores médios de microdureza próximos ao da

amostra de Ni metálico, contudo os valores das indentações encontram-se

altamente dispersos, resultando, portanto, em altos valores de desvio padrão.

Além da porosidade, deve se associar à dispersão destes valores à

presença de óxidos residuais no material consolidado.

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78

Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

5.5. Caracterização Microestrutural

A seguir estão expostas as imagens obtidas por microscopia eletrônica de

varredura (MEV) e análises de EDS das amostras de Ni metálico, Ni+15%NiO e

Ni+35%NiO.

Nas micrografias da figura 5.12a, 5.12b e 5.12c é possível fazer a

comparação da microestrutura das misturas de Ni metálico, Ni+15%NiO e

Ni+35%NiO respectivamente, todas compactadas com pressão de 600MPa e

sinterizadas em dilatômetro à uma taxa de aquecimento de 10 ºC/min até 1200 ºC

com isoterma nesta temperatura por 1 hora.

Figura 5.12 – Micrografias das microestruturas com aumento de 300x: (a) Ni metálico; (b) Ni +

15%NiO; (c) Ni + 35%NiO.

Níquel Metálico

Óxidos de níquel residuais Níquel Metálico

Contaminação por Carbono

(a)

(b) (c)

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Percebe-se na micrografia 5.12b da amostra de Ni + 15% NiO

contaminações por carbono que podem ter sido adquiridas durante o manuseio das

amostras no momento das análises. A amostra apresentou características

microestruturais semelhantes à amostra do níquel metálico (a). Ambas consolidadas

sob as mesmas condições de sinterização.

A mistura contendo Ni + 35% NiO representada na micrografia 5.12c

apresentou duas regiões distintas: uma de coloração mais escura e situada ao

centro da amostra com características que podem ser explicadas pela concentração

de poros e óxidos residuais presentes. Na figura 5.18 estão representadas análises

pontuais de EDS para essa amostra. Outra região mais clara situada mais as bordas

da amostra com características semelhantes à microestrutura apresentada pelo

níquel metálico da micrografia 5.12a.

As figuras 5.13 e 5.14 mostram as micrografias das microestruturas para

amostras de Ni+15%NiO sinterizadas a temperaturas diferentes e as micrografias

com as microestruturas das amostras de Ni+ 35%NiO compactadas a distintas

pressões de compactação, respectivamente.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.13 – Misturas contendo Ni+15%NiO em distintas condições de sinterização: (a) Ni metálico

sinterizado a 1200ºC com isoterma de 1 hora; (b) Ni+15%NiO sinterizado a 1200ºC com isoterma de

1 hora; (c) Ni+15%NiO sinterizado a 950ºC sem isoterma; (d) Ni+15%NiO sinterizado a 1080ºC sem

isoterma; (e) Ni+15%NiO sinterizado 1200ºC sem isoterma.

(a)

(b) (c)

(d) (e)

Contaminação

por Carbono

Níquel

Metálico

Níquel Metálico

Óxido de Níquel

residual

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

As microestruturas das amostras representadas nas micrografias 5.13c e

5.13d sinterizadas a 950 ºC e 1080 ºC respectivamente, ambas sem formação de

patamar com isoterma nestas temperaturas, apresentaram microestruturas com

características distintas. Em 5.13c, a micrografia apresentou uma microestrutura

com característica heterogênea e presença de óxidos residuais de níquel (melhor

descrito na análise de EDS mais adiante). É possível que essa temperatura não

tenha permitido a completa difusão das partículas no material. Na sinterização em

estado sólido a homogeneização é, normalmente, incompleta (NEVES, 2005). A

micrografia 5.13d apresentou uma região de coloração escura situada ao centro da

amostra, característica semelhante a da amostra da micrografia 5.13c, igualmente a

esta última, o mecanismo de difusão das partículas para a amostra da micrografia

5.13d pode ter ocorrido de maneira incompleta. Durante a sinterização por fase

sólida ocorrem várias mudanças na microestrutura, que permitem a divisão deste

processo em estágios (LEE,; RAINFORTH, 1994). Provavelmente a temperatura de

1080ºC não foi suficiente para completar o processo de sinterização desta amostra.

Deve ser levado em consideração também o fato de não ter sido formado patamar

isotérmico na temperatura aplicada para esta amostra. Tempo e temperatura são

fatores de primordial importância ao processo de sinterização.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A figura 5.14 mostra a micrografia ampliada e o gráfico com a análise por

EDS para investigação microestrutural da amostra representada na micrografia

5.13c.

Contaminação orgânica

Figura 5.14 – Análise pontual por EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 950 ºC sem

formação de isoterma.

O gráfico da análise pontual por EDS acima, mostra contaminação orgânica,

provavelmente, proveniente do manuseio da amostra ou durante a análise ou

durante a preparação metalográfica da amostra.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A figura 5.15 mostra a análise de EDS realizada na região que apresentou

aspecto mais claro para a amostra sinterizada a 1080 ºC sem formação de patamar

de isoterma, microestrutura 5.13d representada na figura 5.13. Foram realizadas

análises nas regiões distintas da amostra.

Figura 5.15 - EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 1080 ºC sem formação de isoterma.

Região de aspecto mais claro.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A figura 5.16 mostra a análise de EDS realizada na região com aspecto mais

escuro para a amostra sinterizada a 1080 ºC sem formação de patamar de isoterma,

microestrutura 5.13d representada na figura 5.13. Foram realizadas análises nas

regiões distintas da amostra.

Figura 5.16 - EDS da amostra de Ni +15%NiO sinterizada a 1080 ºC sem formação de isoterma.

Região de aspecto mais escuro.

De acordo com os resultados de EDS realizados nas duas regiões distintas

apresentadas pela amostra de Ni + 15%NiO sinterizada a 1080ºC sem patamar

isotérmica (5.12d), foram encontrados apenas níquel e carbono e provavelmente

oxigênio na composição da mesma. O carbono referente se a contaminação que

pode ter sido adquirida durante a preparação da amostra. A região de coloração

mais clara apresentou caracterísiticas microestruturais similares a da amostra de

Níquel metálico.

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A coloração de aspecto mais escuro demonstra estágio de sinterização

incompleto.

Na figura 5.17 é possível fazer a comparação entre as microestruturas das

amostras de Ni + 15%NiO sinterizadas a 1200 ºC com formação de patamar em

isoterma desta temperatura, mas com taxas de aquecimento distintas. Amostras de

Níquel metálico e Ni + 15%NiO com taxa de aquecimento em 10 ºC/min e uma outra

de Ni + 15%NiO com taxa de aquecimento de 5 ºC/min.

Figura 5.17 – Micrografias das amostras de Ni+15%NiO sinterizadas em diferentes taxas de

aquecimento. (a) Níquel metálico e (b) Ni+15%NiO, ambas sinterizadas com a taxa de aquecimento a

10 ºC/min; (c) Ni+15%NiO sinterizada com a taxa de aquecimento a 5 ºC/min.

(a)

(c) (b)

Níquel Metálico

Poros

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

A figura 5.16 mostra que a diminuição na taxa de aquecimento não teve

influência na formação da microestrutura da amostra para esta condição de

sinterização.

As Micrografias da figura 5.18 mostram as microestruturas para misturas de

Ni+ 35%NiO sinterizadas a 1200 ºC com formação de isoterma nessa temperatura e

compactadas a distintas pressões de compactação, a 100 MPa (a) e 600MPa (b).

Figura 5.18 – Micrografias de amostras de Ni + 35% NiO compactadas sob distintas pressões de

compactação: (a) Pressão de compactação 100 MPa; (b) Pressão de compactação de 600 MPa.

Em ambas as amostras verificou-se a formação de regiões distintas e

localizadas no centro das amostras. Mas na micrografia (5.19b) da amostra

compactada a 600 MPa a região mas clara tem aspecto próximo do apresentado

pela amostra de níquel metálico consolidado sob as mesmas condições de tempo e

temperatura que estas misturas. A micrografia (5.19a) da amostra compactada a 100

Níquel Metálico Concentração de óxidos

de Níquel residuais

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

MPa mostra na região de coloração escura aspecto mais concentrado em relação a

região escura da micrografia 5.18b. Provavelmente isso se deve a menor

densificação sofrida pela amostra compactada a 100 MPa e, portanto maior

concentração de porosidades. Uma vez que essas misturas contêm maior

percentual de óxido de níquel. É relevante lembrar que estes influenciam tanto na

compactabilidade quanto na sinterabilidade das ligas, como já foi citado antes.

Análises de EDS foram realizadas em cada uma das regiões distintas das duas

amostras. Os resultados encontram-se nas figuras 5.19, 5.20, e 5.21.

Na figura 5.20 estão representados a micrografia 5.18a ampliada e os

gráficos com os spectruns de EDS realizados nas distintas regiões apresentados

pela amostra.

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88

Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.19 – Regiões analisadas pontualmente por EDS nas amostras de Ni + 35% NiO

compactadas a 100MPa : (a) ampliação figura 5.17a; (b) spectrum da região mais clara na

micrografia; (c) spectrum da região mais escura na micrografia; (d) spectrum da análise puntual no

óxido de níquel residual.

Óxido de níquel residual

Ni metálico + Óxido de níquel

residual (região mais clara)

Ni metálico + Óxido de níquel

residual (região mais escura) (a)

(b)

(c)

(d)

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

As análises de EDS realizadas nas regiões indicadas na figura 5.19a

mostram que no ponto analisado e representado pelo spetrum 2 na figura 5.19b, o

óxido de níquel encontra-se em maior quantidade. O spectrum 2 na figura 5.19c

mostra a análise do ponto na região mais clara e indica que o níquel aparece em

maior concentração. Na análise demosntrada no spectrum 3 da figura 5.19d

percebe-se que o oxigênio apresenta-se em maior concentração em relação as

outras regiões analisadas, o que justifica o aspecto quebradiço e fissuras presentes

naquela região, caracterizando, dessa forma, óxido de níquel residual.

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90

Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

Figura 5.20 – Regiões analisadas pontualmente por EDS nas amostras de Ni + 35% NiO

compactadas a 600MPa: (a) ampliação figura 5.17b; (b) análise pontual no óxido de níquel residual.;

(c) contaminação por carbono + óxido de níquel residual; (d) spectrum da região mais clara na

micrografia .

[Digite uma citação do documento

ou o resumo de uma questão

interessante. Você pode posicionar a

caixa de texto em qualquer lugar do

documento. Use a guia Ferramentas

de Caixa de Texto para alterar a

formatação da caixa de texto da

citação.]

(a)

(b)

(c)

(d)

Óxido de níquel residual + contaminação orgânica

Contaminação por carbono

Ni metálico + Óxido de níquel

residual

Contaminação por carbono

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Elisângela Barros Dantas – Junho de 2012

O spectrum 1 da figura 5.20b mostra a microestrutura com presença de

óxidos de níquel residuais e níquel metálico. O spectrum 2 da figura 5.20c mostra

óxidos residuais e contaminação orgânica. No spectrum 3 da figura 5.20d, é possível

ver que o níquel encontra-se em maior concentração. As quantidades de Cl e C

presentes configuram contaminação, possivelmente até mesmo do ambiente de

análise.

A seguir, a figura 5.21 mostra as análises pontuais de EDS realizadas na

região clara presente na amostra Ni +35%NiO compactadas a 600 MPa (ampliação

da figura 5.18b).

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Figura 5.21 – Regiões analisadas pontualmente por EDS : (a) ampliação figura 5.17b; (b)

contaminação por carbono + óxido de níquel residual; (c) spectrum da microestrutura de níquel

metálico presente na região clara da micrografia.

(a)

(b)

(c)

Ni Metálico Óxido de níquel residual + contaminação orgânica

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Conforme mostrado na figura 5.21, o spectrum 1 figura 5.21a demonstra na

microestrutura presença de óxido de níquel residual e contaminação, que pode ter

ocorrido durante a preparação da amostra ou no próprio ambiente de análise. O

spectrum 2 da figura 5.21b mostra apenas níquel metálico na região analisada. Esta

micrografia apresenta uma região que caracteriza a microestrutura da liga já

consolidada, semelhante a da amostra de níquel metálico sinterizado e compactado

nas mesmas condições da liga em questão.

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6. Conclusões

De acordo com resultados obtidos a partir das análises e testes realizados

neste trabalho pode se concluir que:

- O óxido de níquel ativou a sinterização das misturas em todas as composições.

Porém, a composição contendo Ni+15% NiO apresentou sinterização consolidada

em menor tempo e a temperatura mais baixa que a amostra de níquel metálico

estudado nesse trabalho.

- As misturas de composição Ni+25% NiO e Ni+35% NiO, praticamente

apresentaram a mesma condição de sinterização.

- A sinterização das amostras contendo óxido de níquel compactadas a 100MPa

apresentou resultados de retração dimensional maiores que os apresentado para

pela amostra de níquel metálico. As misturas contendo Ni+ 15% NiO praticamente

não sofreram variação dimensional quando compactadas a 600MPa.

- A taxa de aquecimento 5ºC/min provocou maior retração da amostra, diferente das

amostras sinterizadas a taxa de aquecimento igual a 10ºC/min que obtiveram

praticamente mesmo comportamento, independente da etapa de pré-sinterização no

reator a plasma. A amostra da composição Ni + 15% NiO sinterizada com a taxa de

aquecimento 5ºC/min apresentou retração maior quando comparada a amostra Ni +

15% NiO sinterizada com taxa de aquecimento igual a 10ºC/min com e sem

isoterma.

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- As composições de Ni + 15% NiO apresentaram valores de densidade igual a 7,99

g/cm3, que são valores bem próximos aos das amostras de Níquel metálico

(8,18g/cm3). Valores obtidos através da sinterização com taxa de aquecimento em

10ºC/min. a 1200ºC com isoterma nesta temperatura.

- As amostras de Ni+ 35%NiO apresentaram maior densificação das amostras à

medida que se aumentou a pressão de compactação.

- As misturas contendo óxido de níquel apresentaram valores de microdureza

semelhantes ao da amostra de níquel metálico. Contudo, a composição de Ni+

35%NiO apresentou gradiente de microdureza sobre toda a superfície analisada da

amostra. Mas à medida que se aumentou a pressão de compactação os valores de

microdureza tornaram-se melhor distribuídos.

- Nas análises por microscopia eletrônica, as micrografias da amostra contendo 15%

de óxido de níquel não mostraram alterações consideráveis em sua microestrutura

para estas condições de sinterização. As mesmas revelaram características

semelhantes as da amostra de níquel metálico. Uma microestrutura uniforme e com

pouca porosidade.

De modo geral, pode-se concluir que a composição contendo Ni + 15%NiO

apresentou melhores resultados e grande potencial de produção de ligas

sinterizadas de níquel.

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7. Sugestões para trabalhos futuros

A partir dos resultados obtidos neste trabalho é possível sugerir estudos que

podem aperfeiçoar tanto a técnica quanto o material obtido, bem como estender a

obtenção de ligas contendo Ni-NiO. As sugestões são:

- Estudar o efeito da pressão de compactação nas ligas de níquel obtidas a partir de

misturas de Ni-NiO em várias concentrações de óxido de níquel e pressões de

compactação distintas.

- Estudar o efeito da adição de elementos de liga nas misturas de Ni-NiO.

- Estudar a obtenção de níquel a partir da sinterização do Carbonato de Níquel. Pois

o carbonato de níquel é ainda mais barato que óxido níquel e, portanto, de grande

interesse econômico a indústria siderúrgica.

- Fazer estudo comparativo das propriedades mecânicas, térmicas e físico-químicas

obtidas nas ligas sinterizadas a partir de misturas de óxido de níquel e carbonato de

níquel.

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