Em meio à caatinga e às onças, uma barraginha faz a diferença!

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Em meio à caatinga e às onças, uma barraginha faz a diferença! Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1972 Massapê Julho/2014 a comunidade Morro Vermelho, distante 12 Nquilômetros da cidade de Massapé (CE), vive o casal Antônio Cesário, de 63 anos, e Dona Maria Simone, de 48. Uma família típica do Semiárido, com uma história de superação das adversidades do meio e a peleja para criar seus nove filhos, quatro homens e cinco mulheres. Nessa localidade ainda se ouve o rugir de onças! Outros animais silvestres também vivem no lugar, revelando que parte da caatinga está preservada. Ali vivem cerca de 30 famílias. Povo simples e acolhedor. Quem chega lá, não sai sem um cafezinho ou uma espiga de milho bem verdinha cozida. A terra em que a família mora e produz foi conquistada com o custo de muito trabalho. Um dos membros da família dos antigos proprietários prometeu ainda em vida que a sua parte da terra seria dos agricultores, como de fato fez. O restante foi comprada aos demais herdeiros. Antônio e Maria não tiveram a oportunidade de freqüentar a escola formal, mas fazem questão de que os filhos estudem. Os mais velhos já terminaram o Ensino Médio e os mais novos estudam na escola de Morro de Cima, que também faz parte da comunidade Morro Vermelho. No terreiro da família uma cisterna de primeira água do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) garante o abastecimento para o consumo humano. No quintal uma barraginha adquirida através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que vem sendo utilizada para a produção Antônio Cesário, Maria Simone e os filhos

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Com a implantação de uma cisterna de primeira água pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e a construção de uma barraginha através do Programa Uma Terra Duas Águas (P1+2), a família de Antônio Cesário e Maria Simone agora tem água garantida para consumo e para o cultivo de frutas, legumes e hortaliças no quintal, além da criação de animais.

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Em meio à caatinga e às onças,uma barraginha faz a diferença!

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1972

Massapê

Julho/2014

a c o m u n i d a d e M o r r o Vermelho, d is tante 12 Nquilômetros da cidade de

Massapé (CE), vive o casal Antônio Cesário, de 63 anos, e Dona Maria Simone, de 48. Uma família típica do Semiárido, com uma história de superação das adversidades do meio e a peleja para criar seus nove filhos, quatro homens e cinco mulheres.

Nessa localidade ainda se ouve o rugir de onças! Outros animais silvestres também vivem no lugar, revelando que parte da caatinga está preservada. Ali vivem cerca de 30 famílias. Povo simples e acolhedor. Quem chega lá, não sai sem um cafezinho ou uma espiga de milho bem verdinha cozida.

A terra em que a família mora e produz foi conquistada com o custo de muito trabalho. Um dos membros da família dos antigos proprietários prometeu ainda em vida que a sua parte da terra seria dos agricultores, como de fato fez. O restante foi comprada aos demais herdeiros. Antônio e Maria não tiveram a oportunidade de freqüentar a escola formal, mas fazem questão de que os filhos estudem. Os mais velhos já terminaram o Ensino Médio e os mais novos estudam na escola de Morro de Cima, que também faz parte da comunidade Morro Vermelho.

No terreiro da família uma cisterna de primeira água do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) garante o abastecimento para o consumo humano. No quintal uma barraginha adquirida através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que vem sendo utilizada para a produção

Antônio Cesário, Maria Simone e os filhos

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

Realização Apoio

agrícola e a criação de pequenos animais. Ambos programas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Além das tecnologias de armazenamento d'água, a família foi contemplada pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).

Antes dona Maria Simone acordava cedo para ir buscar água em um açude, distante pouco mais de um quilometro de casa, em latas na cabeça. A construção da barraginha facilitou o acesso à água para uso doméstico. “Eu não vejo a hora do dia clarear para abrir a janela e olhar para a barraginha”, completa Dona Simone.

A barraginha é uma tecnologia que trouxe muita alegria para toda a família, possibilitando água para criação de porcos, galinhas e peixes. Na revença, abaixo da parede, são plantadas fruteiras: acerola, goiaba, melão, pepino; plantas medicinais: malva, manjericão e boldo; além de legumes. Com o sucesso da barraginha recebida pelo o P1+2, a família aproveitou uma grota na frente da casa e construiu outra de tamanho menor com recursos próprios.

A produção agrícola ainda não é suficiente para a sustentabilidade econômica da família. O complemento vem da aposentadoria de seu Antônio e por programa de assistência social do governo da qual Dona Simone está cadastrada. O filho José Alcione, de 22 anos, que trabalha em uma fábrica em Sobral, também ajuda.

Alcione enfrentou algumas dificuldades para concluir o Ensino Médio, pois tinha que se deslocar 12 quilômetros até a escola. Depois da conclusão conquistou o seu primeiro emprego em uma empresa de Sobral. Mesmo com o trabalho na cidade, ele não deixa suas origens. “O melhor é que aqui na comunidade não precisamos pagar muito para viver. Plantamos e criamos o que precisamos, então sempre que tenho oportunidade eu corro para cá para ajudar os meus pais”. Conta que tem a pretensão de fazer uma faculdade na área de agronomia, pois tem tudo a ver com o meio em que foi criado.

Segundo Alcione, na comunidade existem movimentos sociais, dentre eles um grupo de jovens que participa dos movimentos da igreja, do sindicato e da associação. Esse mesmo grupo é responsável pela a limpeza e manutenção da casa de sementes da comunidade.

Tanto seu Antônio quanto Dona Maria e os filhos se dizem felizes no lugar em que vivem. Principalmente depois da chegada das tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, que está possibilitando a melhoria da qualidade de vida da família.

Antônio Cesário

Maria Simone