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www.mundouniversitario.pt PUB JOÃO HENRIQUES Directora: Raquel Louçã Silva | Terça-feira, 9 de Dezembro de 2008 | N.º 130 | Semanal | Distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt Em vEz dA rua, oS liVrOs História de três jovens que quiseram quebrar o velho estig- ma de que quem vive em bairros pobres nunca consegue ser ‘ninguém’. Uma já é licenciada e os outros dois estão a meio caminho. P.08 PUB

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Em vEz dA rua, oS liVrOsHistória de três jovens que quiseram quebrar o velho estig-ma de que quem vive em bairros pobres nunca consegue ser ‘ninguém’. Uma já é licenciada e os outros dois estão a meio caminho. P.08

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Sumário

eDitoRiaL

Raquel Louçã Silva • [email protected]

ficHa TécNicA: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão; Francisco Pinto Barbosa; Gonçalo Sousa Uva | Directora: Raquel Louçã Silva | Redacção: Andreia Arenga; Pedro Quedas | Colaboradores: Geraldes Lino; Tiago Carrasco | Online: Laura Alves | Projecto Gráfico: Joana Túlio | Paginação: Joana Túlio | Revisão: Sílvia Lobo | Marketing: Rui Gonçalves; Vanda Filipe | Publicidade: Margarida Rego (Directora Comercial); Rui Tito Lopes (Account Director) | Distribuição: Henrique Sanchez | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 420 13 50 | Tiragem: 35 000 | Periodi-cidade: semanal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646-1649.

PaRa

íSoInf

eRno

» Cristiano ronaldo marCa mais um

» Portugal vê aumentar a ‘Pobreza envergonhada’

A conceituada revista ‘France Footbal’ atribuiu o seu prémio ‘Bola de Ouro’ a Cristiano Ronaldo, que acumula assim mais uma distinção pelos seus feitos na sua quase perfeita época passada. Com 77 votos de primeiro lugar dos jornalistas inquiridos – contra apenas seis para Messi, que terminou em segundo –, foi a terceira vitória mais robusta de sempre na história de sempre. Agora já só falta o prémio da FIFA para a nossa estrela cimentar o seu lugar no topo do planeta futebolístico.

O presidente da União das Misericórdias (UdM), Manuel Lemos, revelou que o número de pesso-as que, sob garantia de anonimato, procura as instituições a pedir comida tem vindo a aumentar. «As pessoas sabem que eu não vou dizer que é o senhor A ou o senhor B. Estamos perante a pobreza envergonhada», revelou Manuel Lemos durante a tertúlia Reacontece, na Figueira da Foz. Mas um triste exemplo de um país que teimosamente se recusa a aceitar que está em crise. Não devemos ser pessimista, mas onde traçamos a linha com o realismo.

» 1,5 milhões de Portugueses dediCa-se ao voluntariado

» algo está Podre no olimPo

Cerca de 1,5 milhões de portugueses dedica-se ao voluntariado, um número que não «surpreende» o presidente da Comissão Instaladora da Confederação Portuguesa do Voluntário, Eugénio da Fonseca. Citado pela agência católica Ecclesia, o responsável apela ainda assim à «criação de condições para que mais portugueses sintam o dever que têm neste capítulo», defendendo a formação dos voluntá-rios e das organizações que os acolhem.

A recandidatura, sem oposição, de Vicente Moura à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP) tem estado envolta em polémica, com vários atletas a apresentarem críticas duras ao seu trabalho, nomeadamente o seu apoio inconstante e o suposto comportamento pouco ético de membros do COP em Pequim. A magia dos Jogos Olímpicos está no impacto emocional e incon-dicional que consegue causar nos cidadãos de cada país. Pena que este ano essa magia esteja a ficar soterrada por baixo de sonhos falhados, desilusão e uma aura geral de incompetência.

pUrg

AtóR

io » Cura Para a sida Pode estar mais PertoCertas pessoas conseguem controlar o vírus da sida sem tomar medicamentos. Cientistas norte-americanos descobriram como. Um grupo de investigadores conseguiu localizar células que 0,2 por cento da população humana tem e que permite a uma pessoa ser seropositiva sem nunca vir a acusar os efeitos mais nocivos da infecção. As conclusões ainda são prelimi-nares, mas, explicou ao ‘Público’ Ana Espada de Sousa, do Instituto de Medicina Molecular, «uma vacina eficaz terá de passar por estas células».

» ex-Caloira indemnizada Por abusos em PraxesO Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros foi condenado a pagar uma indemnização superior de 38 mil euros a uma ex-caloira pelo Tribunal da Relação do Porto, que considerou a atitude da instituição «omissa e negligente» nas praxes de 2002. Por mais triste que seja que estas situações se passem num país supostamente civilizado, podemos ficar ao menos com a esperança de algo melhor, de um presente e futuro em que a violência simplesmente não é aceite.

Na sexta-feira da semana passada o Ensino Superior entrou nos noticiários televisivos por motivos menos dignos, digamos. O Tribu-nal da Relação do Porto decidiu que a ex-aluna do Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros, Ana Sofia Damião, tem direito a receber uma indemni-zação de 38 mil euros, por parte daquela institui-ção. Em causa está a atitude «omissa e negligente» nas praxes de 2002, onde a aluna terá sido vítima de actos «humilhantes». É certo que o Piaget ainda pode recorrer da decisão e a história não ficar por aqui. Mas este parece-me um bom exemplo contra actos absolutamente impensáveis praticados na recepção de alun@s que entram numa nova etapa das suas vidas. Percebo as pessoas que acham que andar com a cara pintada durante “aquela semana” é motivo de orgulho, já que serve para ostentar à so-ciedade que conseguiram entrar num novo patamar de formação e que antes de ali entrarem pararam para pensar que rumo dar ao seu futuro e, por isso, já são pessoas crescidas. A questão aqui é que há sempre outras pessoas que não fazem questão de mostrar essa nova etapa de maturidade a ninguém, nem de rastejar para mostrar que lá chegaram... o esforço foi interior e pessoal, ponto final.

Depois há casos de pessoas que frequentam o superior e que nós fazemos questão de apresentar à restante comunidade académi-ca. Elas chamam-se Whassysa Magalhães e Suely Moreno e ele é o António Nascimento [p.8]. Semelhanças? Tod@s vivem em bairros con-siderados problemáticos nas periferias de Lisboa e, tod@s, contrariando a tendência de abandono do ensino que se vive às suas portas, persistiram e en-traram na faculdade. Por acaso não lhes perguntá-mos se são ou não a favor das praxes e se passaram por esse processo quando entraram. Mas conhece-mos as suas histórias de sacrifício e persistência, au-tênticos exemplos. Ter a coragem de ser diferente e não ir atrás do que a maioria do meio envolvente de infância faz é de se tirar o chapéu. Ter a coragem de, regra geral, não fazer o que a maioria faz é sempre de se tirar o chapéu. Pensar pela própria cabeça e ouvir @s que nem sempre nos apontam o caminho mais fácil é a receita destas histórias de sucesso.

EfeMériDes

9 de dezembro1992: Lady diana e o Príncipe Charles separam-se

10 de dezembro1948: A declaração Universal dos direitos Humanos foi adoptada pela Assembleia-Geral da organização das Nações Unidas - oNU

11 de dezembrodia Internacional das montanhas (UNeSCo)

14 de dezembro 1950: Criação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados

12 de dezembro

1956: É fundado o Coro misto da Universidade

de Coimbra

13 de dezembro

2007: os líderes europeus assinam, em Lisboa,

o Tratado de Lisboa

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Campus DESTAQUE

04 [09 DEZ 2008]

» Ponto Por Ponto

Aborto«Não há nada mais indesejável do que matar uma vida, mas o Estado não tem o direito de dizer a uma mulher que não pode abortar e muito menos condenar uma mulher que decida fazer um aborto. Sou a favor da despenalização do aborto.»

Casamento e adopção homossexual«Não deve ser papel do Estado regular os sentimentos das pessoas. Devemos ter o direito de casar e viver com quem muito bem entendermos. O Estado tem coisas mais importantes que fazer. Na adopção, o que importa é a criança ter carinho. Se é criada por um homem, uma mulher, dois homens, duas mulheres, uma avó, por amor de Deus... Temos de parar de catalogar as pessoas dessa forma. Viver num ambiente de violência, física ou verbal, isso é que causa traumas.»

Drogas«Se me tivessem feito essa pergunta há 15 anos, eu diria que sou apologista da liberali-zação de todas as drogas, mas com informação. Hoje, como pai, cidadão e político, sou contra a liberalização da venda de droga, mas não o consumo. Embora reconheça o paradoxo que se pode formar.»

Referendos«No nosso modelo, o referendo é um instrumento de cobardia dos políticos. Só utilizam o referendo em matérias em que não se querem comprometer, por medo de perder votos. Se nós elegemos representantes para tomar decisões, estamos a dar-lhes essa responsabili-dade.»

Fundamentalismo religioso«O fanatismo religioso é apenas um instrumento, uma desculpa, uma capa. Não há nenhuma religião que promo-va, na sua essência, a violên-cia. Quem mexe os interesses do terrorismo tem motivações económicas.»

Barack Obama«É o novo Kennedy. Já afirmei várias vezes que, se fosse americano, votava nele. Oba-ma é um sinal deste mundo com menos fronteiras, menos preconceitos. Representa uma nova geração, uma geração de tolerância, de igualdade, de pacificação. Mas os EUA são um porta-aviões muito grande, não muda de direcção facilmente. Barack Obama tem uma missão difícil pela frente.»

Eduardo CorrEia. ProfEssor do isCtE Criou um novo Partido

FrUstrAdo coM A corrUpção do sistEMA pArtidário, EdUArdo corrEiA dEcidiU criAr UM novo pArtido: o MoviMEnto MÉrito E sociEdAdE. o proFEssor dE gEstão dA iBs – isctE BUsinEss school pArtilhoU coM o MU A sUA visão pArA tEMAs coMo A EdUcAção, o ABorto oU o cAsAMEnto E Adopção hoMossExUAl.

» Pedro Quedas [email protected]

Fotos | Mónica Moitas

O que o motivou a criar um novo partido?

o Movimento Mérito e sociedade [MMs] nasce de uma frustração pessoal, enquanto português. os partidos políticos beneficiam--se a si próprios, há claramente um entendi-mento entre todos eles nesse aspecto. Nos ‘jobs for the boys’, nas ‘houses for the boys’, há claramente um entendimento. São estes comportamentos, completamente inad-missíveis, que urge modificar. Quase sem dar por isso, acabei por avançar com este projecto, porque há muito para fazer, ques-tões que passam por uma reformulação do modo como o país é gerido.

Quando se fala desta rejeição do ultrapartidarismo é uma questão de rejeitar um posicionamento ideo-lógico ou de escolher ideologias que tanto vão à esquerda como à direita?

Somos um movimento ideológico, fun-damo-nos nos valores de mérito, transpa-rência, responsabilização e rigor. Agora, não acredito que o tema da esquerda e da direita hoje em dia nos ajude a entender a forma como a sociedade funciona. O que

é que qualquer um destes valores tem a ver com a esquerda ou direita? Estas ideo-logias tiveram um papel fundamental em alisar as diferenças entre classes sociais. Mas estamos num momento na história em que é necessário dar um passo em frente e cortar com esse modelo.

Quais são os problemas prioritários?claro que mudar portugal, numa revo-

lução inteligente, não é algo que se possa fazer em 24 horas. Mas a direcção será no sentido de emagrecer o estado que não acrescenta valor. Os políticos eleitos olham para esse facto como um prémio que o cidadão lhes entrega, quando é exactamente o contrário. É uma enorme responsabilidade. É incrível que tenha-mos tantos políticos bastante longe da idade da reforma com direito a reformas vitalícias. Outra questão passa por apro-veitarmos as riquezas do mar. Temos uma zona económica exclusiva muito extensa e não fazemos nada com ela. E também não podemos admitir que tantos dos nos-sos jovens abandonem a escola aos 15 anos, muitos sem o 9.º ano completo se-quer. Aumentar as habilitações através de provas mais fáceis é uma calamidade, um crime contra os portugueses. A educação é o alicerce primeiro do desenvolvimento

sustentado da sociedade a prazo.

E como abordar a questão da educa-ção?

Sou absolutamente defensor dos prin-cípios básicos da igualdade de oportuni-dades, especificamente no acesso ao en-sino. como tal, defendo o ensino gratuito até ao final da universidade. Mas também defendo que se deve premiar o mérito, conceder bolsas de estudo aos melhores e punir os que falham por razões injustifica-das. Na questão da avaliação dos profes-sores, acho que temos uma boa dose de teimosia de ambas as partes e quem sai prejudicado é o nosso sistema de ensino. É importante que os professores sejam avaliados, mas tem de se estar aberto à conversa. Não podemos é politizar esta luta, como se viu no recinto do protesto.

Que preocupações sente que afectam mais os seus alunos?

Vê-se muitas vezes uma intenção de sair do país, o que não tem problema nenhum. É saudável podermos circular no mundo e escolher onde queremos trabalhar com toda a liberdade. O problema são as moti-vações que os levam a querer sair, que são a ausência de atractivos e segurança em portugal. E isso é preocupante.

«Aumentar as habilitações através de provas mais fáceis é um crime contra os portugueses»

BIOGRAFIA» Eduardo Baptista Macdonald Correia

» nascido em lisboa a 20 de Fevereiro de 1964» licenciado em gestão no isctE (1988)

» MBA em Marketing – Universidade de glasgow (1990)

» Doutorado em Finanças pela Universidade de strathclyde (1993)

» curso para executivos em gestão de coragem, conflito e caos – Univer-sidade de harvard – John F. Kennedy School of government (2008)

» É professor de gestão da iBs – isctE Business School

» director do MBA internacional da Escola de gestão do isctE

» consultor de empresas com mais de 15 anos de experiência. Foi director do indEg projectos entre 2000 e o final de 2007, coordenando estudos e projectos de consultoria para empresas e institui-ções públicas

» Desenvolveu e coorde-nou as pós-graduações em gestão.com, gestão do desporto profissional, tv Media e comunicação, Marketing relacional

» Foi, entre 1994 e 2000, docente de finanças no MBA da Universidade de Macau e desde 2002 que é docente do MBA do ispU em Moçambique

» Foi voluntário em Timor em 2000

» Fundador e presidente do MMs Movimento Mérito e sociedade

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Campus ACTUALIDADE

» Xavier Malcata distinguido novaMenteXavier Malcata, professor cate-drático da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, acaba de ser distinguido com o Scientist of the Year Award, o mais importante galardão atribuído pela European Federation of Food Science and Technology (EFFoST), durante o First Euro-pean Food Congress, realizado em Ljubljana (Eslovénia). Este prémio pretende reconhecer publicamente um cientista europeu pelo seu trabalho de elevado mérito científico e pelo contributo extraordinário para o conjunto das compe-tências europeias em ciência e tecnologia alimentar. Xavier Malcata recebeu ainda este ano o Samuel Cate Prescott Award pelo Institute of Food Technologists e foi o primeiro português a receber o Prémio International Leadership Award pela International Association of Food Protection, em Ohio.

AS UnIvErSIdAdES dO PAíS ESTãO CAdA vEz MAIS vErdES. ALgUMAS dELAS TêM vIndO A dESEnvOLvEr UMA SérIE dE PrOjECTOS nA árEA dO rEAPrOvEITAMEnTO dOS rECUrSOS nATUrAIS E dA AdOPçãO dE POLíTICAS qUE rESPEITEM O ECOSSISTEMA ATrAvéS dE MEdIdAS dE rECICLAgEM. é O EXEMPLO dA UnIvErSIdAdE dO POrTO qUE SE ALIOU à qUErCUS nA PASSAdA SEXTA-FEIrA E ESTá A TOrnAr-SE AMIgA dO AMBIEnTE.

» Andreia Arenga

[email protected]

A Universidade do Porto e toda a sua comunidade acadé-mica vão ser alvo de uma sen-sibilização ambiental e efici-ência energética. A ideia está a ser levada a cabo em parce-ria com a quercus – Associa-ção nacional de Conservação da natureza e o objectivo é a racionalização dos consumos de água e electricidade. Estas intervenções passam também pela gestão mais eficaz de re-síduos em todos os edíficios da universidade como as nove re-

sidências universitárias e as 17 cantinas e bares dos Serviços de Acção Social da UP. A ini-ciativa é uma forma de chegar aos estudantes que usufruem daqueles espaços.

técnico aposta em agricultura sustentável

Também o Instituto Superior Técnico opta pela cor verde. Uma equipa de investigado-res desenvolveu um projecto inovador no campo da agri-cultura sustentável através da criação de sistemas de pasta-gens biodiversas que podem contribuir para compensar as

emissões de gases e tornar o solo mais fértil. O sistema de pastagens biodiversas é de-senvolvido inteiramente em Portugal e é a primeira aplica-ção de “Engenharia da Biodi-versidade”. Esta investigação foi merecedora da Menção Honrosa atribuída pela Ordem dos Engenheiros – região Sul, no âmbito do Prémio Inova-ção jovem Engenheiro 2007, e este ano recebeu o “Prémio Progresso dos Pastos” da Co-missão Organizadora da XXIX reunião de Primavera da So-ciedade Portuguesa de Pasta-gens e Forragens.

aMbiente. universidade do Porto alia-se à Quercus e técnico aPosta eM agricultura sustentável

» técnica de lisboa, coimbra e santander atribuem bolsas Estão abertas as candidaturas às Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Técnica de Lisboa/Santan-der Totta nas diferentes áreas de estudo da univer-sidade, até 15 de dezembro. no âmbito dos Prémios Científicos, as bolsas são dirigidas a estudantes do 2.º ciclo de Bolonha e atribuídas durante um período de seis a oito meses no valor de 410 euros, a partir de Fevereiro de 2009. Também a Universidade de Coimbra, em parceria com a instituição bancária, vai entregar 32 bolsas de estudo, no valor total de 44 000 euros. Uma iniciativa que pretende fomentar a cooperação e a mobilidade entre estudantes, do-centes e investigadores da Universidade e de diversas congéneres da América Latina e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Os bolseiros são, na sua maioria, estudantes da Universidade de Coimbra ou de universidades parceiras no Brasil que estão a realizar períodos de intercâmbio.

» instituto de ciências nucleares aplicadas à saúde abre em 2009 O Instituto de Ciências nucleares Aplicadas à Saúde (ICnAS), unidade orgânica multidisciplinar da Universidade de Coimbra, será o primeiro centro do País com esta estrutura abrangente e deverá estar a funcionar em pleno em Fevereiro. dirigido à investigação e à prestação de serviços especializados na área das ciências da saúde e da vida, o ICnAS representa um investimento de 15 milhões de euros e vai apostar na utilização de equipamentos de ponta. O instituto é o primeiro em Portugal a utilizar um ciclotrão público, uma unidade de radioquímica, um tomógrafo PET (Tomografia por Emissão de Positrões) e equipamento de medicina nuclear.

» coimbra publica estudo na evolution Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciên-cias e Tecnologias da Universidade de Coimbra revela como se formam novas espécies de pintassilgos. O estudo acaba de ser publicado na Evolution, a revista mais importante do mundo no campo da evolução. As conclu-sões desta investigação põem em causa as últimas teses publicadas sobre o assunto, que defendiam a importância da selecção sexual como aspecto determinante na formação de novas espécies.

» investigadores de coiMbra criaM robô dentistaUma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra está a desenvolver um «robô dentis-ta», com o objectivo de tornar os implantes dentários mais baratos, mais resistentes e com maior conforto para os pacientes. O projecto encontra-se em fase de conclusão e foi trabalhado durante três anos por cientistas daquela instituição e do Instituto Biomédico de Investi-gação da Luz e da Imagem - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

» vila real na linha da frente eM investigaçãoO gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial da Universidade de Trás-os-Montes e Alto douro existe há apenas dois anos e já registou cerca de 27 patentes nas mais diversas áreas da investigação. A grande maioria das patentes registadas quer a nível nacional quer internacional tem sido desenvolvida por investigadores da instituição, como é exemplo o ‘Smart Con-tainers’, projecto desenvolvido por quatro alunos e premiado no ‘Imagine Cup’ internacional do ano passado.

Universidadesmais verdes

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Campus DESTAQUE

06 [09 DEZ 2008]

» AssociAção AcAdémicA de coimbrA prevê resultAdos de eleições A projecção de resultados feita pela tvAAC até à hora de fecho deste jornal deu empate técnico entre as duas listas candidatas à Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra. A tendência de vitória é para o projecto A, liderado por Jorge Serrote, estudante de Direito. A projecção baseou-se numa sondagem à boca das urnas, tendo sido recolhida uma amostra de 1448 votos.

» cAtólicA entre As 50 melhores dA europA A Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universi-dade Católica Portuguesa foi classificada pelo ‘Financial Times’ como a 47.ª melhor Business School da Europa, surgindo neste ‘ranking’ global de prestígio à frente de entidades de referência norueguesas e holandesas. Aquela instituição é a única escola portuguesa a constar do ‘ranking’ do qual fazem parte 65 Busi-ness Schools europeias.

» empresA dA universidAde do porto premiAdA

A ‘Planeta Vivo’, empresa incubada no UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universi-dade do Porto venceu o Prémio da EDP destinado ao desenvolvimento de um projecto de conser-vação de duas espécies de lampreias em elevado risco de extinção. O projecto define um plano de gestão para assegu-rar a sobrevivência dos dois tipos de lampreia e tem a duração de dois anos em parceria com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental do Instituto de Oceanografia da Fun-dação da Faculdade de Ci-ências da Universidade de Lisboa, da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, da Universidade de Évora e do Fluviário de Mora.

polÍticA educAtivA. instituições de ensino superior negoceiAm com ministério estAtuto de fundAção

Universidades passam a fundação

» Andreia [email protected]

Com 12 votos a favor e seis con-tra, a Assembleia Estatuária da Universidade do Porto (UP) apro-vou no início deste ano a intenção de avançar com a transformação da instituição pública de ensino em fundação tal como protocola-do pelo Processo de Bolonha. A UP reuniu durante a semana passada com o Ministério da Ciência, Tecno-logia e Ensino Superior (MCTES) e espera pela decisão a partir do dia 15 de Dezembro.

universidade do porto em vias de facto

Em causa está um regime espe-cial de IVA, a candidatura a fundos europeus na qualidade de entidade pública e privada sem fins lucrati-vos e a possibilidade de regressar ao actual regime. Estas foram as condições apresentadas pela UP ao MCTES durante o processo de nego-ciação que vai alterar o estatuto da universidade enquanto instituição

pública de ensino. Em resposta, o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) não dá grandes esclarecimentos sobre a questão, mas estabelece que a transformação das instituições em fundações públicas de direito privado permite uma gestão mais flexível e a celebração de contratos plurianuais até três das instituições com o Estado.

iscte quer qualificação no ensinoTambém a Universidade de

Aveiro e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empre-sa (ISCTE) esperam formalizar a passagem a fundação ainda este ano. O ISCTE e o governo acorda-ram com o ministério de Mariano Gago o financiamento na ordem dos 20 milhões de euros para um programa de desenvolvimento por objectivos. A internacionaliza-ção, o desenvolvimento do ensi-no pós-graduado e a qualificação do corpo docente bem como das infra-estruturas de estudo ao dis-por dos alunos aparecem no topo

da lista de metas a alcançar pelo ISCTE se passar a fundação pública de direito privado. Rui Pena Pires, da direcção, acredita que as novas alterações do RJIES não vão com-prometer o papel das instituições e trarão benefícios. «A passagem do ISCTE a fundação pública com regime de direito privado não põe em causa a sua missão como insti-tuição de ensino público. Ela per-mite introduzir procedimentos de flexibilidade na gestão orçamen-tal, patrimonial e pessoal.»

novos estatutos da universidade do minho aprovados

Na passada sexta-feira, a publi-cação dos novos Estatutos da Uni-versidade do Minho no ‘Diário da República’ também deixa transpa-recer o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. Os novos Estatutos definem um novo enquadramento jurídico adequado aos desafios do espaço europeu de ensino superior e de investigação também para a Universidade do Minho.

DESDE O ínICIO DO AnO qUE VáRIAS UnIVERSIDADES DO PAíS EnTRARAM EM nEgOCIAçõES COM O MInISTéRIO DA CIênCIA, TECnOlOgIA E EnSInO SUPERIOR nO SEnTIDO DE TRAnSFORMAREM O SEU ESTATUTO DE InSTITUIçõES PúBlICAS DE EnSInO PARA FUnDAçõES. O ISCTE, A UnIVERSIDADE DO PORTO E DO MInhO ACERTAM AgORA OS úlTIMOS DETAlhES E ESPERAM OFICIAlIzAR A DECISãO A PARTIR DO PRóxIMO DIA 15 DE DEzEMBRO.

» investigAdor com filiAção portuguesA publicA nA ‘mAteriAls todAy’Andrei Kholkin, investigador no Laboratório Associado CICECO e no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vi-dro da UA, publicou um artigo na revista ‘Materials Today’ sobre a aplicação de técnica de Microscopia da Força Atómica na iniciação de novas fases lo-cais por tensão eléctrica. Esta é a primeira vez que um artigo científico com filiação portu-guesa é publicado na revista com um dos maiores impactos na área de Ciência de Mate-riais. O artigo tem co-autoria da equipa do Laboratório de Oak Ridge (EUA) e a empresa americana Asylum Research.

» bolsA de voluntAriAdo registA oito mil inscritosNo Dia Internacional do Voluntariado, na passada sexta-feira, a Bolsa de Volun-tariado registou quase oito mil inscritos. O balanço dos dois primeiros anos de actividade da Bolsa do Voluntariado é positivo: 7.748 voluntários registados, 558 instituições inscritas, 319 instituições com necessidades em termos de produtos colocadas, através da Bolsa de Produtos. Projecto inovador de âmbito nacional, a Bolsa veio potenciar um “mer-cado” virtual de voluntariado, dinamizando o encontro de necessidades e vontades das empresas e instituições.

» minho desenvolve projec-to de nAnotecnologiAO projecto NANOFOL coor-denado pelo professor Artur Cavaco-Paulo, da Universidade do Minho, vai ser financiado em cerca de sete milhões de euros, no âmbito do 7.º Programa-Quadro para a In-vestigação e Desenvolvimento na União Europeia. O projecto consiste numa estratégia inovadora em nanotecnologia para o diagnóstico e tratamen-to da artrite reumatóide, uma doença inflamatória crónica que afecta, só na Europa, dois milhões de pessoas.

BREVES

Universidade do Minho

Universidade do Porto

Universidade de Aveiro

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Emprego & Formação

07[09 DEZ 2008]

» EmprEgo virtual garantE mil ofErtasEspírito de liderança, dinamismo e resistência são as característi-cas que os candidatos à Bolsa Virtual de Emprego devem possuir para agarrar as cerca de mil vagas disponíveis até ao próximo dia 16 de Dezembro em www.universia.pt. A Universia Portugal, organizadora do evento, afirmou que as vagas, disponíveis em ambiente virtual, são sobretudo destinadas a candidatos recém- -licenciados e candidatos ao primeiro emprego.

» marca dE qualidadE EuropEia carimba Ensino nacional A Ordem dos Engenheiros atribuiu os diplomas de Qualidade Europeia EUR-ACE (European Accredited Engineering Master) aos mestrados em Engenharia Biológica, do Instituto Superior Técnico; Engenharia Mecâni-ca, da Faculdade de Engenharia do Porto; e Engenharia Electrónica e de Telecomunicações, da Universidade de Aveiro. Os cursos juntam-se assim à lista dos cerca de 200 a nível europeu já reconhecidos internacional-mente.

» técnicoofErEcE formação na futurália

O Instituto Superior Técnico (IST) vai estar presente na feira de emprego Futurália, entre os dias 10 e 13 na FIL. O objectivo é combater a actual crise através de uma vasta oferta nas áreas de Engenharia de Redes e Comunicações, Engenharia Electrotéc-nica e de Computadores, Engenharia Informática e de Computadores e Engenharia e Gestão Industrial. O IST aposta na formação universitária para o futuro e apresenta o melhor para a inserção dos jovens na vida activa na Futurália. A instituição aproveita também a sua presença na feira para dar a conhecer alguns dos seus projectos de in-vestigação como o SUBA, minicarro de rally com avanços nos sistemas electrónicos e mecânicos, ou o iCat, um robô com-panheiro inteligente.

Júnior EmprEsas. amanhã formaliza-sE a criação dE uma fEdEração nacional digital

A empresa nasce na Universidade

» Andreia [email protected]

Nos últimos anos, têm surgido nas universidades de todo o país iniciativas de empreendedorismo que se reves-tem sob a forma de Júnior Empresas. São associações sem fins lucrativos, formadas e geridas por jovens estu-dantes que desenvolvem trabalho na sua área de formação adaptada à re-alidade empresarial dentro da sua fa-culdade. Como? «Ao trabalhar numa Júnior Empresa os estudantes univer-sitários têm a possibilidade de apli-

car os conhecimentos adquiridos nas aulas e assim promover um autode-senvolvimento profissional e pessoal, de se integrarem de forma efectiva no mundo empresarial e, acima de tudo, aprendem a dominar um con-junto de ferramentas e práticas que serão muito úteis no futuro», explica Inês Santos Silva, um dos membros do Movimento Júnior Empresa.

promover o profissionalismoO objectivo é unir esforços e aproxi-

mar a universidade ao tecido empre-sarial através da criação de uma Fede-

ração de âmbito nacional que integra sete júnior empresas. A Junior Consul-ting da Faculdade de Economia do Por-to (FEP), a Smart Business da Universi-dade de Aveiro, a Solutions Consulting da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Junior Business Consulting do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) são apenas algumas das júnior empresas que vão integrar a federação já amanhã, dia 10. «São projectos que promovem o dina-mismo da comunidade universitária e estimulam a adopção de uma postura de profissionalismo precoce.»

A Associação Industrial Portuguesa organiza um Fórum sobre emprego no mercado internacional. O ‘Fórum Missão Exportar 2008’ vai contar com a presença de várias empresas e associações no próximo dia 11 de De-zembro no Pavilhão do Rio do Centro de Congressos de Lisboa para uma série de debates e ‘workshops’ sobre os mercados de trabalho internacio-nais. O encontro é dirigido a finalistas das áreas da Gestão, Marketing, Rela-ções Internacionais, entre outras, que queiram trabalhar no estrangeiro,

e muni-los de ferramentas que lhes permitam conhecer o mercado de trabalho internacional. Mas o fórum também é dirigido a jovens empresá-rios que queiram expandir os seus ne-gócios fora de Portugal. A formação vai incidir sobre os novos mercados emergentes, como é o caso da China, Angola ou Venezuela, mas também noutros já bastante sedimentados como é o caso dos Estados Unidos da América e alguns países europeus. As inscrições estão abertas em www.missaoexportar.aip.pt

» googlE dEsafia univErsitáriosOs estudantes univer-sitários portugueses já podem concorrer à 2.ª edição do Google Online Marketing Chal-lenge, cujas inscrições estão abertas. Esta competição global desafia os estudantes a desenvolverem a melhor estratégia de marketing on-line para um negócio local. Os estudantes das equipas recebem o equivalente a 200 dólares para gastar em publicidade no Google AdwordsTM e para trabalhar uma campanha de marke-ting on-line para uma empresa local. Têm de delinear uma estra-tégia, executar uma campanha, avaliar os resultados e fornecer à empresa recomen-dações para continuar a desenvolver o seu marketing on-line.

» EstudantE prEmia-do cria EmprEsa Postes de iluminação e electricidade mais le-ves, mais resistentes e recicláveis, sem perigo de electrocussão. Esta é a inovação mundial do projecto “Polight”, cujo Plano de Negócios e Inovação acaba de valer a um estudante de mestrado da Facul-dade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) a vitória, na categoria “Processo In-dustrial”, da IV edição do Concurso Nacional de Inovação BES. Criado por José Carlos Ferreira, no âmbito de uma disciplina do Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (MIETE) da FEUP, este Plano de Negócios e Inovação do “Polight” vai ser premiado com 60 mil euros.

Missão: trabalhar no estrangeiro

NãO SãO Só AS EMPRESAS QUE TêM UM PAPEL IMPORTANTE NA COLOCAçãO DE LICENCIA-DOS NO MERCADO DE TRABALhO. O PRIMEIRO PASSO DEVE PARTIR DAS UNIVERSIDADES. POR ISSO, UM GRUPO DE JúNIOR EMPRESAS QUE AJUDAM OS ESTUDANTES A ADAPTAREM- -SE AO MUNDO EMPRESARIAL ESTá A CRIAR UMA FEDERAçãO QUE VISA GERAR SINERGIAS E ExPANDIR O MOVIMENTO JúNIOR EM PORTUGAL.

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20 Valores

Na escola da vida, o alfabeto é mais difícil de apreNder: a, está para armas, b, para brigas, c para cocaíNa. tudo pelo d, de diNheiro, o mais fácil possí-vel para resolver misérias aNtigas. por trás desta rea-lidade Nos bairros degradados, apa-recem joveNs que saltam todas as barreiras em busca de um curso uNiver-sitário. Whassysa, suely e papaíto até podem NuNca triuNfar No muN-do académico, mas pelos estatutos da rua já são douto-rados em ciêNcias da coragem e da persistêNcia.

Tiago [email protected]

«deixem passar a sr.ª doutora», diziam os amigos de Whassysa quan-do ela atravessava o bairro da cova da moura em traje académico. ela passou, continuou a passar, sempre com um sorriso na cara, e com-pletou o curso de professora do 1.º ciclo do ensino básico no instituto politécnico de setúbal. hoje, Whassysa magalhães, 25 anos, dá aulas na escola primária da cova da moura e é professora de dança na asso-ciação moinho da juventude, onde põe as Wonderfull Kova m a vibrar ao ritmo do kizomba, do funaná e do batuque. «foi muito duro estudar em setúbal. levantava-me às 6h da manhã para apanhar o autocarro, voltava a meio da tarde para trabalhar na associação e, às vezes, ainda ia dar aulas de dança para mirasintra. Não tinha tempo para estudar», diz a professora são-tomense.

No alto da cova da moura, bairro com mais de 6000 moradores, cerca de metade com menos de 20 anos, Whassysa não teve muita companhia nas suas aventuras universitárias. «que eu conheça, só há mais um ou dois jovens na universidade aqui no bairro», diz. porquê? «o principal motivo é o apelo da boa vida. os colegas começam a aban-donar porque não gostam de estudar ou têm problemas a mais para isso e vão fazendo companhia uns aos outros. pensam sempre que não conseguirão chegar à universidade e que isso é coisa para betinhos», responde.

Da Cova da Moura ao 6 de Maioa suja tentação do dinheiro fácil e da vida marginal está logo ali,

na porta ao lado. a licenciatura está a muitos anos e a muitos euros, inexistentes, de distância. a decisão costuma ser precoce: «eu posso escolher entre trabalhar honestamente e vender droga. mas eu tenho

Ver O BairrO PoR Um CanudOViDas Duplas. uniVersitários De bairros pobres

NOme: papaíto

Residência: bairro da quinta da fonte

Formação: a frequentar estudos africanos,

na faculdade de letras da universidade de lisboa

(onde tirou a fotografia com um colega)

NOme: suely moreno, 18 anos

Residência: bairro 6 de maio

Formação: a estudar gestão hoteleira

no isla

tia

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20 Valores

Roberto Saviano (1979-actualidade)o autor de ‘gomorra’ cresceu num bairro portuário de Nápoles onde os tentáculos da camorra dominavam o quotidiano. a convi-vência com esta realidade foi fundamental para a pesquisa do seu aclamado livro. savia-no vive hoje escondido, sob ameaça de morte de grupos mafiosos. Licenciou-se em Filosofia na universidade federico ii, de Nápoles.

Milton Friedman(1912-2006)um dos mais destacados economistas do sé-culo XX, nasceu no seio de uma família judia pobre no bairro de brooklin, em Nova iorque. como os seus pais eram imigrantes da actual ucrânia, friedman cresceu na zona contur-bada do bairro. doutorou-se em economia na universidade de chicago e recebeu o prémio Nobel em 1976.

Oprah Winfrey (1954-actualidade)Nasceu num bairro problemático da cidade de Kosciuko, mississípi, nos estados unidos. foi abusada sexualmente por familiares e passou por bastantes dificuldades económi-cas. hoje é considerada como a mulher mais influente do mundo e é bilionária. Tirou um bacharelato em representação e artes per-formativas na tennessee state university.Do

gueto

para

a fa

maVer O BairrO PoR Um CanudO

essa opção. um jovem que cresce num bairro destes não tem alternativa. e não ter alternativas é dramático», diz antónio ponces de carvalho, presidente da associação de jardins-escola joão de deus. esta associação faz trabalho de campo num bair-ro vizinho da cova da moura, o 6 de maio.

desce-se do morro, passa-se por baixo de um viaduto e avis-ta-se um aglomerado de casas cor de tijolo e escavacadas. estão tão amontoadas que parecem formar uma pequena aldeia for-tificada, com fronteira bloqueada. As ruas não têm mais do que um metro de largura, nos postes de electricidade multiplicam- -se as puxadas, há uma média de sete pessoas por agregado fa-miliar, há falta de saneamento, abundam o lixo e as ratazanas. Na verdade, quando comparada ao 6 de maio, a cova da moura é um condomínio de luxo. é rodeada por este cimento ignóbil onde suely moreno, 18 anos, estuda para os primeiros exames do seu curso de gestão hoteleira, no isla. vive com os pais e com a irmã e consegue ter as condições domésticas que muitos dos seus vizinhos não possuem. ambiciona trabalhar em cabo verde, onde tem origens, a decorar e a organizar eventos em hotéis. suely gosta de estudar, mas só os 200 euros disponibili-zados pelo centro social do bairro lhe permitiram concretizar o sonho académico. «aqui no bairro muitos perguntam se estou em advocacia para os ajudar com os problemas legais», conta a adolescente. já arranjou vários amigos na universidade e nunca se sentiu descriminada: «Às vezes dizem que sou das barracas ou chamam-me black, mas é sempre na brincadeira. fez-me bem conhecer outras pessoas, mas continuo muito ligada aos amigos do bairro.»

tanto no caso de Whassysa como no de suely, as famílias ti-veram um papel fundamental. o avô da são-tomense era chefe

da polícia e a mãe auxiliar de enfermagem. sempre a motiva-ram para estudar. «a minha mãe é mãe solteira, mas sempre me deu muito incentivo. depois, depende de cada um. eu sou muito curiosa e atrevida. acabei de inscrever-me em mais um curso de um ano de relações públicas», explica a professora. a irmã de suely também já tinha acabado o 12.º ano e serviu-lhe de exemplo. modelos que elas próprias passaram a representar para os restantes jovens. «são autênticos heróis. diferenciam- -se pela sua capacidade de resiliência e de manter a concentra-ção num clima de violência e de agressividade. são uma minoria que mostra que é possível triunfar e que consegue ultrapassar tudo», diz félix bolaños, director do agrupamento de escolas da apelação.

e ainda a Quinta da Fontedentro deste núcleo de escolas, está a básica do bairro

da quinta da fonte, lamentavelmente mediático este ano pelo episódio do tiroteio, em julho. é lá que antónio Nascimento, papaíto para o mundo, trabalha como monitor quando não está na faculdade de letras a cursar as matérias do 2.º ano de estu-dos africanos. o objectivo é que os miúdos do bairro olhem para ele como modelo a seguir. «ainda estou muito ligado ao bairro e quero ajudar no seu desenvolvimento. acho que, apesar das dificuldades, nunca há motivos para deixar de estudar. Eu tam-bém chumbei, também me envolvi em brigas, mas toda a gente sabe que nunca me desviei do meu caminho. e é essa mensagem que quero passar», diz papaíto, de 23 anos. sentado numa mesa do bar da universidade, com os colegas de turma, livro de pauli-na Chiziane na mão, o universitário da Quinta da Fonte reflecte sobre o seu futuro: «quero licenciar-me e ir para angola, onde

nasci, ajudar o país a desenvolver-se.» o regresso a áfrica está presente nos projectos dos três jovens entrevistados.

«só o facto de terem projectos é uma enorme satisfação. muitos jovens estão divorciados das escolas e temos de recon-ciliá-los. mas são as próprias escolas que têm de apoiar estes jovens, percebendo as suas especificidades e moldando-se às comunidades em que estão inseridas. a prova é que uma vez anunciámos no 6 de maio um curso de costura e metade das miúdas começaram a chorar porque não tinham o 8.º ano que era necessário para o ingresso. elas querem uma vida nova, mas são necessários apoios», defende ponces de carvalho. «há escolas que rejeitam o papel de integração. só teremos mais jovens universitários nestes bairros com o apoio das escolas, de instituições públicas e privadas», defende félix bolaños.

Nas ruas do bairro, os inimigos da educação espreitam em cada esquina. «eu lido com os miúdos e acho que a frase-chave é ‘quero orientar-me’. quando um puto diz isto não está a falar em trabalhar, tirar um curso. Não. ele quer orientar-se é de coisas materiais – o carro que viu na televisão, o dinheiro que o amigo tem, a roupa da moda», diz papaíto. félix bolaños também acha que a publicidade e o consumismo estão na origem da obsessão destes jovens pobres pelo dinheiro. «um aluno de 14 ou 15 anos disse-me que ganhava 200 euros por dia só por passar algo a um homem na amadora. 4000 euros por mês e só tinha de se deslocar de manhã. o que temos de lhes mostrar é que acabam por ir presos.»

Whassysa, suely e papaíto têm a satisfação de viver em liber-dade. por muitos anos que passem, o bom espírito de bairro es-tará sempre dentro deles, mas o tráfico, o crime e os remorsos, esses, preferem vê-los ao longe, por um canudo.

NOme: Whassy magalhães, 25 anos

Residência: bairro da cova da moura

Formação: professora do 1.º ciclo do ensino

básico no instituto politécnico de setúbal

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Jukebox

10 [09 DEZ 2008]

AgendA ConCertosLisboA9/12 – Duval @ Teatro Mu-nicipal Maria Matos10/12 – Gogol Bordello @ Praça de Touros do Campo Pequeno11/12 – Minta (Groovebox) @ MusicBox11/12 – (Queer Cabaret) @ Maxime11/12 – Mariza + Camané + Ana Moura + Carminho + Ricardo Pereira + Celeste Rodrigues (tributo Amália Rodrigues) @ Praça de Tou-ros do Campo Pequeno14/12 – Divino Suspiro @ Centro Cultural de Belém17/12 – Gala de Natal [AE’s ISCAL, ISEL, ESTC, ESELx] @ Discoteca kapital

LindA-A-VeLhA13/12 – Devil In Me + The Wrongs + Mordaça + Re-aching Hand + Raised By Wolves (Black Mask Benefit RockFest) @ Academia

Porto10/12 – High Places + Cava-lheiro @ Passos Manuel13/12 – Cool Hipnoise @ Ci-nema Batalha14/12 – Jonathan Ayerst @ Casa da Música

brAgA13/12 – La La La Ressonan-ce @ Museu Nogueira da Silva

guimArãesDe 12/12 a 13/12 – Festival One Man Band @ Centro Cultural Vila Flor

AVeiro10/12 – Space Ensemble @ Teatro Aveirense11/12 – The Partisan Seed @ Mercado Negro

ÉVorA13/12 – Azevedo Silva @ Sociedade Harmonia Ebo-rense

Pos Artista Álbum Moves W.O.c

1 Jason Mraz I’m Yours S 10

2 Jay Sean Stay = 20

3 Carlos Silva ft. Nelson Freitas Cre Sabe 2008 D 7

4 Ne-Yo Miss Independent S 10

5 Yves Larock Say Yeah! D 20

6 Keyshia Cole Heaven Sent S 18

7 Rihanna Disturbia D 15

8 Taio Cruz feat Estelle She’s Like A Star S 18

9 F.E.D.O. e Camurri After The Rain D 13

10 David Archuleta Crush S 12

11 Flow 212 feat Dj Overule Ritmo do meu Flow S 4

12 Estelle feat. Sean Paul Come Over S 8

13 R.I.O Shine On D 18

14 Angélico Bailarina D 8

15 Ne-Yo Mad S 6

16 C&C Music Fact. ft. Kulcha Don Work That Body! D 10

17 Taio Cruz Can Be = 14

18 Kat Deluna In The End D 12

19 Ne-yo Closer D 22

20 Beyoncé If I Were a Boy = 7

21 Chris Brown Forever D 30

22 Brick & Lace Love Is Wicked = 5

23 Shontelle T-Shirt S 5

24 Lady Gaga feat. Colby O’Donis Just Dance D 11

25 Artists Stand Up To Cancer Just Stand Up S 8

26 TT Faz Acontecer S 4

27 Dj Assad vs Maradja Summer Lovin D 25

28 T-Pain feat. Lil Wayne Can’t Believe It S 4

29 R.I.O. When The Sun Comes Down S 3

30 Jay Sean Tonight D 2

31 DJ Overule vs Big Ali Burn It Up! D 21

32 Pussycat Dolls I Hate This Part S 3

33 Enur feat. Bennie Man Whine S 2

34 Jay Sean Maybe D 25

35 Pitbull feat. Lil Jon Krazy S 3

36 Jonas Brothers Burnin’ up N 1

37 Diana Desculpa Lá = 2

38 Chris Brown Take You Down D 15

39 Demi Lovato ft. Joe Jonas This Is Me R 1

40 Jordin Sparks ft. Chris Brown No Air D 43

Tabela votada por ti em cidadefm.clix.pt e apresentada aos sábados entre as nove e a uma da tarde

MELHOR PORTUGUêS

SUBIDA DA SEMANA

NOVA

DESCIDA DA SEMANA

REENTRADA

S – Subiu D – Desceu N – Nova R – Reentrada

Grande Lisboa – 91,6 FMGrande Porto – 107,2 FM

Alentejo – 97,2 FMRibatejo – 99,3 FM

Algarve – 99,7 FMBraga – 104,4 FM

Coimbra – 99,7 FM

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Pedro [email protected]

Que emoções sentiram quando voltaram a ver o concerto em DVD?Jay | Não foi propriamente uma surpresa, mas foi com muita satisfação que vimos as primeiras imagens. Estava lá tudo o que realmente tínha-mos vivido. Vê-se na nossa cara que estamos a desfrutar o momento. Tocar no Atlântico foi um sonho de criança realizado.Com todo o sucesso que já alcançaram, torna-se difícil continuar a traçar novas metas?Quaresma | Tenho dito que o passo a seguir é o Estádio da Luz (risos). Mas não, as coisas têm acontecido gradualmente. Nada tem sido plane-ado com muita antecedência.Jay | Nós levamos a vida com a maior das calmas possível. O que eu disse há pouco não era uma meta, era um sonho. Não colocamos pressões nos nossos ombros, se as coisas acontecerem, aconteceram. Há tanta coisa que ainda falta ex-perimentar, falta fazer. Reinventamo-nos cons-tantemente. Quando essa motivação desapare-cer já não estamos aqui a fazer nada. Temos a felicidade de gostar do que fazemos e isso não tem preço.

ao longo da carreira já exploraram vários estilos diferentes.Jay | Desde a nossa formação que nós somos músicos com ‘backgrounds’ diferentes e é isso que faz a nossa sonoridade. Temos pessoas com passado no hardcore e no punk, outros no funk e na pop e temos ainda quem beba do reggae. Sempre quisemos tocar com uma orquestra clássica, mas penso que isso é um sonho comum desde o metal à pop.Quaresma | Também conforme o tempo passa vais sendo influenciado por outras coisas. A nos-

sa cultura musical vai enriquecendo e é natural que isso se reflicta na música que fazemos.

Como foi a experiência de tocar com o maestro Rui Massena?Jay | A maior surpresa foi que foi o próprio ma-estro a sugerir e a insistir para tocarmos músicas como o ‘Tás Na Boa’ ou a ‘Bomboca’. Não queria fazer o óbvio, mas sim ir para caminhos de que as pessoas não estivessem à espera. Ir ao limite das suas expectativas.

Com o vosso currículo de experimentação, como se sentem quando vos dizem que já não fazem verdadeiro hip-hop?Jay | Já não ligamos, porque os tempos também são outros. Agora finalmente faz-se uma leitura clara do que é o hip-hop. Quando surgimos, há quase 15 anos, fomos logo rotulados como hip- -hop porque não havia rigorosamente nada.Quaresma | O que não faz grande sentido, por-que mais ninguém no hip-hop fazia as coisas que nós andávamos a fazer. Mas também faz parte da puberdade...Jay | Mas uma coisa é explicar em 94 que ‘isto não é bem hip-hop, tem guitarras e baixos com distorção’. Agora, que cinco, seis anos depois se continue com a mesma conversa... ‘Os Da Weasel não são hip-hop!’ Ya, mas nós nunca dissemos que éramos.

Conseguem traçar momentos altos e baixos quando fazem o balanço da vossa carreira?Jay | Não, porque o nosso crescimento foi sus-tentado, procurámos nunca dar um passo maior do que as pernas. Se tivéssemos tido um grande ‘hit’ no primeiro ou no segundo álbum já não es-távamos cá há muito tempo. Não íamos aguen-tar a pressão.

Da Weasel. O DVD DO COnCeRtO nO PaVilhãO atlântiCO funCiOna COMO uM balançO De CaRReiRa

COM QUASE 15 ANOS DE CARREIRA, OS DA WEASEL LANçAM AGORA O DVD QUE REGISTA OS MOMENTOS VIVIDOS NUM MEMORÁVEL CONCERTO NO PAVILHãO ATLâNTICO. JAY E QUARESMA FALAM SOBRE SONHOS, ExPERIMENTAçãO MUSICAL E COMO GERIR UMA CARREIRA DE FORMA SUSTENTADA.

«Se tivéssemos tido um grande hit no primeiro álbum já não estávamos cá»

JOSé RAPOSO

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Belas Artes

11[09 dez 2008]

Andreia [email protected]

Não se sabe muito bem se são as palavras que dão origem às coi-sas ou se é ao contrário. Sabemos apenas que em ‘Fragmentos do Discurso’ não há narrativa, ape-nas gestos mais ou menos despo-letados pela força que as palavras têm. A representação é livre dos constrangimentos do tempo. Um discurso incompleto que é possível encontrar no trabalho do drama-turgo Jean Genet e que serve aqui de apoio aos criadores Francisco Salgado e Nuno Ricou Salgado. «Através destes textos procurá-

mos trabalhar a separação em dois planos entre a palavra dita e ouvi-da pelo espectador e a imagem ou acção criada em cena.» O resto faz a imaginação do espectador que ouve as palavras de Genet, vê as situações criadas em palco pelos artistas e faz a sua própria leitura da obra do dramaturgo.

Gean Genet, o escolhido‘Fragmentos de um discurso’ é a

décima criação encenada e produ-zida pela dupla Francisco Salgado e Nuno Ricou Salgado. O trabalho dos criadores tem incidido sobre uma leitura bastante contempo-rânea de textos de vários autores

marcantes na história do teatro, como é o caso de ‘O Cerejal’ de An-ton Tchékov e ‘Uma Noite de Verão’ a partir de William Shakespeare. Agora, é Jean Genet o escolhido. Escritor maldito do século XX, as suas peças são um retrato pessoal das suas experiências vividas nos reformatórios e prisões. Os textos de Genet abordam temas como a prostituição, a marginalidade e a homossexualidade. O dramaturgo tornou-se uma voz importante do teatro do absurdo e foi um crítico assumido da fragilidade do sistema de valores da sociedade burguesa, tendo abalado a consciência social sempre que pôde.

TeaTro. a parTir de ‘infernos’ de Jean GeneT

Das palavrasnascem fragmentos

TeaTro09/12 – ‘Anos 90 e Agora, Uma antologia da Nova Poesia Portuguesa - Val-ter Hugo Mãe’ @ Theatro Circo (Braga)10/12 – ‘A Velha Ava-renta’ @ Teatro Carlos Alberto (Porto)10/12 – ‘Entertainers Lado B’ @ Teatro Aveiren-se (Aveiro)de 11 a 12/12 – ‘Salles Fetes’ @ Teatro Nacional São João (Porto)aTé 14/12 – ‘Canção do Vale’ @ Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa)

exposição10/12 – ‘C Photo Maga-zine’ - Exposição colecti-dade fotografia @ Fnac Colombo (Lisboa) 12/12 – Colectiva de Alunos e Professores da Faculdade de Belas-Artes @ Reitoria da Universida-de de LisboaaTé 13/12 – ‘National Monument - trabalhos de Guillaume Leblon’ @ Culturgest PortoaTé 13/12 – ‘Queda’ de Marta Caldas @ ARTA-DENTRO - Galeria de Arte Contemporânea (Faro)aTé 14/12 – ‘O Rio que eu piso (a arte das calçadas portuguesas no Rio de Janeiro)’ - Bruno Veiga @ Cordoaria Nacional (Lisboa)

Dança09/12 – ‘Coro, Ballet e Or-questra do Exército Russo de São Petersburgo’ @ Casa da Musica (Porto)10/12 – ‘Pulos na rua com os pés na Lua’ pela Companhia de Dança de Almada @ Teatro Munici-pal de Faro (Faro)12/12 – ‘Coup d’ Etad’ de Francisco Camacho @ Companhia de Dança Contemporânea de Évora 13/12 – ‘Um solo’ de Tia-go Guedes @ Companhia de Dança Contemporânea de ÉvoraaTé 13/12 – ‘O Quebra--Nozes’ pela Companhia Nacional de Bailado @ Teatro Nacional São Car-los (Lisboa)

DESENHAR RETRATOS ATRAVÉS DAS PALAVRAS. ‘FRAGMENTOS DE UM DISCURSO’ É ISSO. A PEçA É A DÉCIMA PRODUçãO DA DUPLA CRIATIVA FRANCISCO SALGADO E NUNO RICOU SALGADO E VAI ESTAR EM CENA ATÉ DIA 14 NO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUêS, EM LISBOA.

agenDa CulTural

Lançamentos Livros

os raToneiros UMa reMinisCÊnCia» WiLLiaM faULKnerQuando se muda com a família para a Beirute, o agente da CIA Tom Rogers encontra um ambiente político de uma tensão sem prece-dentes. Com a missão de penetrar no cada vez mais poderoso movi-mento palestiniano, estabelece um entendimento com o chefe dos serviços secretos da OLP, Jamal Ramlawi. Ao retratar uma relação marcada pela forte ambiguidade das intenções de ambos, o livro explora o dúbio envolvimento dos EUA na política do Médio Oriente.

Ficha Editora: Dom Quixote; Preço: 20 euros

a MULa » JUan esLaVa GaLÁnPara o cabo Juan Castro, ganhar a guerra não é tão importante quanto a sorte da sua mula. Por isso, quando ela desaparece parte à sua procura e, ao atravessar a linha da frente, vê-se enredado num episódio perigo-so, mas hilariante, que muito contra a sua vontade o torna um herói de guerra. Através da figura de Juan Castro, mais preocupado com a sua vida amorosa do que com o inimigo, é-nos oferecida uma visão insólita da guerra civil espanhola: anti-heróica, pícara e terna ao mesmo tempo.

Ficha Editora: O Quinto Selo; Preço: 15 euros

o seGredo de CiBeLe» JULieT MariLLierUm objecto antigo, uma missão peri-gosa, um rasto de sinais mágicos e um triângulo amoroso surpreendente são alguns dos ingredientes do romance de Juliet Marillier. O livro conta a história de uma rapariga que se aventura pelas esquinas proibidas de uma cidade mis-teriosa e entra no Outro Reino encan-tado. Uma história de fantasia bem ao estilo da autora.

Ficha Editora: Bertrand; Preço: 18,86 euros

» pessoa dança no feMinino » Minho proMoVe ‘WorKshop’ de TeaTro Depois de ‘Masculine’, o coreógrafo Paulo Ribeiro

volta ao universo pessoano, desta vez visto pelo olhar das mulheres. Os excertos do ‘Livro do Desas-sossego’, entre outros textos de Fernando Pessoa, dão origem aos movimentos das cinco bailarinas que dançam em ‘Feminine’. Depois de ter estado em cena na Culturgest em Lisboa e no Teatro Muni-cipal de Almada, o espectáculo da companhia Paulo Ribeiro roda agora em Guimarães no Centro Cultu-ral Vila Flor no próximo dia 13. A energia masculina e pujante do primeiro espectáculo é substituída pelos saltos altos e pelo belo neste. Os movimentos são contidos e os corpos transpiram sensualidade, explorando dessa forma nos gestos o universo pessoano.

O Teatro Universitário do Minho – TUM promove um curso de teatro e abre as inscrições até ao próximo dia 12 de Dezembro a todos os que qui-serem integrar a equipa. A formação estará a cargo do encenador João Negreiros. Integração e dinâmica de grupo, corpo e movimento, expressão e improviso, voz e respiração, drama-turgia, interpretação, construção de personagem e humor são alguns dos conteúdos do curso. As inscrições po-dem ser efectuadas através do e-mail [email protected].

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7.ª Arte

Também estreia

Workshop

IN OUT» Oliveira cumpre 100 anOs quinta-feira » pOlanski tenta perdãO de crime

O realizador português Manoel de Oliveira, o mais antigo cineasta a manter-se em actividade, cumpre no próximo dia 11, quinta-feira, um século de vida. Oliveira irá passar esse dia a fazer o que o celebrizou ao longo de décadas: nas

filmagens de mais um filme, desta feita, uma adaptação do livro de Eça de Queiroz ‘Singularidades de uma Rapariga Loura’.

O realizador polaco Roman Polanski não entra nos Estados Unidos há 30 anos para evitar ser preso depois de ter sido alvo de queixas por abuso sexual infantil. Agora, três décadas depois, o cineasta colocou num tribunal de Los Angeles um pedido para que as acusações sejam retiradas e ele possa voltar ao país.

estreia da semana. crepúsculO

João Tomé

[email protected]

Os vampiros têm poderes especiais. Os vampiros não morrem por causas naturais (são imortais). Os vampiros precisam de sangue para se alimentar. Os vampiros têm instintos selvagens muito apurados que os afectam. É neste contexto, que preencheu já inú-meros livros e filmes, que se desenro-la esta história de amor proibida entre uma jovem humana e um vampiro.

Depois da série de contos (o primei-ro data de 2005) da autora Stephenie Meyer se ter tornado no ‘best-seller’ do ano do ‘New York Times’ – mais de cinco milhões de livros foram vendi-dos –, chega agora o filme para sa-ciar a sede dos fãs e conquistar mais adeptos deste fenómeno que se espa-lhou pela Internet.

A história, bem ao estilo de um Ro-meu e Julieta, versão vampírica, co-

lecciona recordes de vendas em vá-rios países do mundo e em Portugal tem já dois ‘sites’ dedicados ao assun-to: um do livro (www.crepusculo.blo-gs.sapo.pt) e outro do próprio filme (www.crepusculo-ofilme.com.pt).

Bella & edwardA jovem Bella Swan (Kristen

Stewart) foi sempre um pouco di-ferente. Quando a sua mãe volta a casar, Bella vai viver com o pai na chuvosa pequena cidade de Forks, Washington. É nesse marasmo que conhece o misterioso e fascinante Edward Cullen (Robert Pattinson), um rapaz diferente de todos os que já conhecera. Inteligente e divertido, ele vê a beleza interior de Bella. De-pressa nasce uma paixão muito forte e ortodoxa.

Edward consegue correr mais rápi-do do que um leão, parar um carro em andamento com as próprias mãos

e não envelhece desde 1918. Como todos os vampiros, ele é imortal. Mas não tem presas e não bebe sangue humano. Edward e a sua família são únicos entre os vampiros na sua op-ção de vida.

Bella é a alma gémea de Edward, mas quanto mais próximo o casal fica mais ele tem de lutar para resistir ao apelo animal e delírio incontrolável que o inunda. O cenário piora quan-do os Nómadas, inimigos mortais dos Cullens, chegam à cidade à procura de Bella, não olhando a meios para atingir esse fim.

» amália - O filmeDurante várias décadas Portugal era conhecido no estrangeiro por Eusébio e Amália Rodrigues. A diva do fado português viajou pelo mundo espalhando a sua voz incrível e fez fãs um pouco por todo o lado, incluindo nos Estados Unidos. A semana passada chegou às salas o filme sobre a vida de Amália. Do mesmo realizador do filme ‘O Crime do Padre Amaro’, Carlos Coelho da Silva, acompanhamos o talento natural de Amália para cantar, as crises com a família, os namorados e os problemas por ter sido um ícone do Estado Novo. A desconhecida actriz Sandra Barata Belo (com certas parecenças com a “canta-deira”) faz de Amália.

» uns sOgrOs de fugirEsta comédia romântica de Natal chega na altura certa a Portugal. Ninguém apro-veita melhor o Natal do que Brad (Vince Vaughn) e Kate (Reese Witherspoon). Todos os anos, este feliz casal parte numa viagem para um local exótico, de modo a fugirem das famílias de ambos. Mas este ano não têm hipó-teses, depois de ficarem retidos no aeroporto de San Francisco.

» Foi já anunciado pela produtora do primeiro filme, tendo por base o segundo livro da série, ‘Lua Nova’, cujo livro está à venda em Portugal.» Mais de cinco mil actores fizeram audição para o papel de Edward.

Vampiros e humanos também se apaixonam

FICHA Realização: Catherine Hardwicke | Com: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke | Género: Acção/Romance/Terror/Thriller | EUA, 2008 | 120 min.

» ed HOOks ensina cOmO actuar em animaçãO

Chama-se Ed Hooks, tem experiência como actor de três décadas e já treinou actrizes como Heather Lo-cklear e Teri Hatcher. Este pioneiro na concepção de ‘workshops’ específicos para o sector da Animação estará no Porto (Campus Foz) dia 15 e 16 de Dezem-bro, para dar a conhecer o seu guia completo para melhorar a performance dos personagens de filmes animados. «Representar é um processo de mostrar, mais do que de esconder.» Esta é uma das máximas do experiente formador cujo Workshop Acting for Animators se destina essencialmente a estu-dantes e profissionais. Ed Hooks não procurará descobrir novos talentos para a representação, mas sim ajudar os interessa-dos a dar vida às suas personagens de um modo mais eficaz, dotando-os de conhecimentos e compe-tências para pensar/criar animações de personagens mais expressivas. Gratuito para os alunos de Som e Imagem da Universidade Católica Portuguesa, esta formação especializada terá o custo de 350 euros para pessoas externas ao departamento e realiza-se entre as 10 e as 17 horas, no Campus Foz.

12 [09 DEZ 2008]

BASEADO NUMA SéRIE DE CONTOS SOBRE O AMOR PROIBIDO ENTRE UMA JOVEM HUMANA E UM VAMPIRO, ‘CREPúSCULO’ CHEgA AgORA A FILME E PROMETE ENCHER AS MEDIDAS AOS MILHõES DE FãS E CONQUISTAR MAIS UNS QUANTOS. PAIxãO AO ESTILO ROMEU E JULIETA E INSTINTOS SELVAgENS NãO FALTAM.

CURIOSIDADES

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EM SÉRIE(S)

13[09 DEZ 2008]

» Título Original: ‘Heroes’» Género: Drama / Sci-fi» Episódios: 23 episódios

de aproximadamente 45 minutos

» Autor: Tim Kring» Elenco: Jack Coleman, Noah

Gray-Cabey, Greg Grunberg, Ali Larter, James Kyson Lee, Masi Oka, Hayden Panettie-re, Adrian Pasdar, Zachary Quinto, Sendhil Ramamur-thy, Dania Ramirez e Milo Ventimiglia

» Produtores Executivos: Tim Kring, Dennis Hammer, Allan Arkush e Greg Beeman

» Produção: Universal Media Studios em associação com Tailwind Productions

» Prémios: Vencedor de 2 Gol-den Globes, outras 18 vitórias e 44 nomeações

» Emissão: Terças-feiras, às 22h20

» Repetição: Sábados, às 17h35 e segundas-feiras, às 00h40

FOX é o canal de entretenimento generalista que oferece as melhores séries internacionais de ficção do momento. Distribuído pela FOX International Channels (FIC), empresa multimédia subsidiária da News Corporation Company, o canal está disponível em Portugal, em oito operadores: AR Telecom, Bragatel, Cabovisão, Clix SmarTV, MEO, Pluricanal, TV Tel e ZON TVCabo.

FOX. 3.ª série de super-heróis estreia hOje, dia 9 de dezembrO, às 22h20

‘Heroes’ promete continuar a surpreender: os bons serão confrontados com uma sedu-ção do lado negro e os que jul-gávamos maus poderão sentir o gosto de se tornarem mais humanos. A nova temporada vai explorar a natureza do bem e do mal em todas as persona-gens, enquanto uma nova “for-nada” de vilões é libertada no planeta.

Quando um eclipse total envolve todo o planeta na sua sombra, um grupo de homens e de mulheres com poderes especiais sobressaem entre os comuns mortais. Para evitar a concretização de previsões cru-éis, alguns deles reúnem-se em Nova Iorque para salvar a cheer-leader – Claire Bennet (Hayden Panettiere, ‘Ally McBeal’) – e o mundo. Agora, novos sinais de catástrofe começam a surgir, assim como novos e alguns já familiares vilões começam a reunir-se.

Com os seus poderes de vol-ta, o assassino em série Sylar (Zachary Quinto, ‘24’) continua a acumular, sem piedade, as capacidades de outras perso-nagens, o que o leva à Bennet House. Ligado a uma entida-de secreta com um particular interesse por pessoas como a sua filha, Noah Bennet (Jack Coleman, ‘Kingdom Hospital’) encontra um novo propósito quando o seu mais perigoso e fantástico inimigo foge da pri-são, sendo a sua captura fun-damental.

a indestrutível cheerleader Recuperando dos recentes

eventos e revelações, Claire Bennet, a indestrutível cheer-leader de liceu, luta para rede-finir a sua identidade e marcar o seu lugar no palco do mundo. Um acto de heroísmo desvenda um incrível segredo sobre Niki Sanders (Ali Larter, ‘Crazy’), uma mãe solteira de Las Vegas

com uma força incomparável e uma família desconhecida. No Japão, Hiro Nakamura (Masi Oka, ‘Get Smart’), o herdeiro da indústria Yamagato, conti-nua a utilizar o seu poder para romper a continuidade do es-paço temporal e a manipular o tempo para criar aventuras internacionais e selvagens com o seu melhor amigo, Ando Ma-sahashi (James Kyson Lee, ‘The Darkness’).

A tentativa de assassinato de Nathan Petrelli (Adrian Pasdar, ‘Donas de Casa Desesperadas’) leva vários “heróis” a uma im-pressionante busca espiritual para explicar a sua capacidade de voar. Para o seu irmão mais novo, Peter Petrelli (Milo Ven-timiglia, ‘Tal Mãe, Tal Filha’), o futuro e o presente colidem en-quanto os seus poderes o levam a descobrir que a única maneira de terminar o catastrófico mo-mento que o mundo enfrenta, é fazer algo inimaginável. Entre-

tanto a sua mãe, a implacável Angela (Cristine Rose, ‘Foi As-sim que Aconteceu’), e os seus associados, continuam os seus complexos planos para mudar o mundo.

Já o agente Matt Parkman (Greg Grunberg, ‘A Vingadora’) aprende novas maneiras de apli-car a sua melhorada capacidade de ouvir e manipular os pensa-mentos dos que o rodeiam. O Dr. Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy, ‘Ultimate Force’), o professor de genética indiano, dá um perigoso passo em direc-ção às trevas enquanto o seu estudo sobre o grupo de pessoas com capacidades extraordiná-rias continua. Longe da sua terra natal – República Dominicana – Maya Herrera (Dania Ramirez, ‘Os Sopranos’), que causa a mor-te quando experiencia o medo ou a raiva, implora a Suresh que a cure. O seu último destino é nada mais que salvar o mundo ...T3: © 2004 NBC, Inc. All rights reserved.

FiChaTécNiCa

FOX:

‘EMOçõES EM SéRIE’ é O TAGLINE DO CANAL FOX E A EXPRESSãO CORRECTA PARA RESUMIR A CHE-gADA DA 3.ª TEMPORADA DE ‘HE-ROES’, A SéRIE NORTE-AMERICANA CUJAS PERSONAGENS, APAREN-TEMENTE ‘NORMAIS’, AFINAL TêM PODERES ESPECIAIS.

Heroes: a luta do bemcontra o mal está de volta

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5.ª Dimensão

Luís Magalhãesluis.magalhã[email protected]

A imaginação infantil não tem limites e Little Big Planet vem capitalizar essas fantasias. Assumidamente um jogo de plataformas passado em mundos criados totalmente com bricolage e objectos do dia-a-dia, LBP é muito mais do que isso. O jogo base é sólido e divertido, com pro-tagonismo do carismático e altamente personalizável Sackboy (ou da Sack Girl, já que podemos mudar o aspecto a qual-quer altura com as centenas de itens que encontramos ao longo do jogo) e narração de Nuno Markl, que nos acompanham ao longo de um generoso número de mundos temáticos e desafios de bónus.

EssencialMas a verdadeira magia dá-se na capa-

cidade de criação e partilha de conteú-dos. Qualquer objecto que encontremos no modo ‘história’ dá para usar, alterar e combinar mais tarde com vista a fazer

o nosso próprio nível. As ferramentas de criação são simples e altamente intuiti-vas, mas as possibilidades são vastas: um nível simples pode-se criar num par de horas, mas mais tarde podem ser perdi-das para construir uma aventura verda-deiramente épica, desde a música e efei-tos sonoros até gigantescos monstros de múltiplas partes. Aliás, todo o jogo foi fei-to recorrendo a estas ferramentas. Mas não é necessário criar um nível para tirar total proveito da genialidade de LBP - já estão on-line milhares de níveis criados por jogadores de todo o mundo, sendo possível descarregar coisas tão díspares como tributos a outros jogos, simples es-pectáculos musicais, ou até jogos de na-ves - um testamento à versatilidade do editor e à criatividade e ingenuidade dos utilizadores. Tudo isto pode ser jogado até quatro jogadores, tornando Little Big Planet não só um jogo impar, como um dos melhores brinquedos deste Natal. Essencial.

Emergimos de um abrigo subterrâneo para ver a luz do sol da tarde a ser reflecti-da na água das docas de São Francisco. O cenário impõe respeito. O céu da metrópole norte-americana está co-berto de naves alienígenas, gigantescas ilhas voadoras de ferro e fogo. A mensagem é clara, a América está a ser invadida. Resistance 2 está no seu melhor quando nos pinta vivos quadros desta invasão - uma fuga sobre fogo por entre trincheiras da Islândia, com um tanque alienígena do tamanho de uma montanha como pano de fundo; uma travessia por uma pacata cidade norte-americana, pejada de casulos do parasita invasor - o ambiente criado nunca é menos do que arrepiante. Os inimigos são variados e implacáveis, desde aranhas a soldados, passando por humanos infectados, uma aproximação menos cuida-dosa do herói Nathan Hale dita uma rápida derrota. Rapidamente se estabe-lece um ritmo de avanço cuidadoso, intercalado com tiroteios cerrados que nos levam a ziguezaguear entre cobertura, disparando entre elas e depois repousando para recuperar vida. Muito do divertimento do combate assenta no original arsenal que está há nossa disposi-ção - coisas como a Bullseye, uma arma que permite “marcar” um inimigo, a partir de qual momento todas as balas se dirigem para ele, ou uma arma cujos tiros, lentamente, perfuram cobertura. Muitas outras vão surgindo ao longo da cam-panha, o jogo privilegiando sempre o jogador que faz uma boa escolha entre elas e as usa de forma inventiva. Uma banda sonora de luxo é rematada por um visual grá-fico que está entre o melhor que já se viu numa consola, tornando Resistance 2 um ‘blockbuster’ imperdível para os possuidores de uma Playstation 3.

» SabiaS quE:» Resistance 2 passa-se numa história alternativa, onde, depois da primeira guerra mundial, surgiram da Rússia os terríveis Quime-rianos?» A série Resistance é criada pela Insomniac, equipa que fez os excelentes Ratchet & Clank?

LittLE big PLanEt:jogo artESanaL

» Podes tirar fotos com a câmara Eye Toy e colocá-las nos teus níveis?» O Sackboy é completamente personalizável com os autocolantes e tipos de tecido que vais encontrando ao longo dos níveis?

Sabias Que:

QUANdO ERA PEQUENO TUdO SERvIA PARA BRINCAdEIRA - CAIxAS dE FóSFOROS E PALITOS dE GELAdOS FAzIAM CASTELOS PARA OS BONECOS dA PRAxE HABITAREM, BOTAS E LáPIS ERAM OBSTáCULOS MORTAIS E O QUINTAL ERA UMA FLORESTA TROPICAL.

Resistance 2Os conteúdos desta secção são da respon-sabilidade do blogue português de videojo-gos ene3. Em www.ene3.com encontras in-formação mais alargada sobre tudo o que precisas de saber.Equipa ENE3 ([email protected])

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Desporto

15[09 DEZ 2008]

Pedro [email protected]

Depois de todo o vosso esforço, como se sentiram com a nomeação para os prémios da Confederação do Desporto de Portugal?Orlando Duarte | Acho que é o trajecto normal de uma equipa que foi campeã do mundo, um prémio mais que mere-cido, essencialmente para os jogadores que lá estiveram.Bruno Cardoso | Embora os meios de comunicação, na altura da competição, não tenham estado tão presentes como deveriam estar, é sempre importante sermos reconhecidos 'a posteriori' pelo trabalho que fizemos, principalmente considerando que somos atletas univer-sitários.

Ficaram surpreendidos quando ga-nharam ou foi sempre um objectivo de início sagrarem-se campeões?OD | Seja onde for e com quem for, não gosto de entrar em campo para perder. Treinador que se preze quer sempre ganhar, mesmo tendo em con-ta as limitações que possa ter. Temos

de enfrentar quem é melhor, quem é mais forte, quem tem mais qualidade, com as nossas armas. Se formos inteli-gentes, não temos de dominar o jogo, podemos jogar de uma forma mais re-alista.BC | Com o decorrer do estágio, que foi só de um mês, fomos sentindo que está-vamos a construir um nível de confiança tal que podíamos pensar em ganhar. Muitas vezes o que falta em participa-ções portuguesas lá fora é ter essa men-talidade vencedora.

Um dos vossos trunfos foi estarem bem preparados defensivamente.OD | A palavra-chave é organização. Te-mos de estar preparados, antecipar as coisas. Jogar em bloco mais alto, mais baixo, tudo isso muda em função do jogo. Os jogadores é que tomam essas decisões em campo. As coisas tornam-se simples quando se trabalha com jogado-res inteligentes. Também fazíamos sempre uma análise dos jogos em antecipação, muitas vezes pela noite dentro, para depois os joga-dores acordarem com a papinha toda feita.

O que teve esta campanha de diferen-te para nos fazer chegar à vitória?OD | Isto é só um jogo. Já fomos elimi-nados duas vezes, nos oitavos-de-final e nas meias-finais, nos penáltis. É só um jogo. Por um golo se ganha, por um golo se passa. Temos andado ali nos primei-ros lugares, alguma vez tinha de ser.BC | Num jogo, num momento, num se-gundo, podemos deitar tudo a perder. Nós demonstrámos uma grande união e qualidade na assimilação dos processos, mas nem sempre a qualidade chega.OD | O único segredo foi que criámos uma equipa, com um objectivo comum. E isso deixa-nos mais perto de poder ga-nhar. Quem pudesse lá estar connosco durante aquele mês podia ter aprendido muito, até a nível de relações humanas.

O que temos de fazer no futuro para manter este sucesso?OD | Isso é fácil. É podermos ter os me-lhores jogadores disponíveis na selec-ção universitária de dois em dois anos. Precisamos que os clubes não coloquem entraves ao orgulho que é poder repre-sentar a selecção. Mas, felizmente, cada vez menos isso tem acontecido.

» ÚltimOs segUn-DOs intensOs nO POrtUgal X BrasilUm dos momentos mais marcantes de toda a competição deu-se nos quartos-de-final, com o choque de titãs com os poderosos brasileiros. Depois de ver-se a ganhar por 1-0, a selecção nacional viu-se forçada a suster a pressão do Brasil. «Foi um jogo muito emocional, principalmente na segunda parte», lembra o seleccio-nador, Orlando Duarte. «Eles jogaram cerca de 70% do jogo com guarda-redes avançado, um guarda-redes com uma qualidade tremen-da nos pés, quem dera a muitos jogadores ter aquela qualidade. Eles criaram-nos muitas dificuldades, mas soubemos manter o critério nos movimentos defensi-vos.»Já nos últimos segundos, deu-se um momento de polémica, quando, apro-veitando os festejos dos portugueses, convencidos de que o jogo estava terminado, os brasileiros re-puseram a bola em campo e marcaram golo, em tento que lhes daria um empate. «Já estávamos a festejar, a buzina já tinha tocado, quando de repente eles pegaram na bola e marca-ram golo. Daí a confusão. Foi o caos total», explica Orlando Duarte. «O jogo tinha ou não acabado? A bola era ou não era nossa? Quando o terceiro árbitro confirmou que o jogo tinha acabado, isso passou a ser indiferente.» Ficou o susto, ainda assim não o suficiente para diminuir a motivação que eventualmente levou os seus pupilos à vitória final.

» CaminhaDa vitOriOsa

O caminho para o título não foi sem acidentes, tendo a selecção das qui-nas aberto a competição com uma derrota perante a Ucrânia por 2-4. Seguiu--se uma vitória fácil por 4-0 ao Quirguistão, que deixou as decisões para o último jogo do grupo. Um empate por 1-1 frente à anfitriã Eslovénia foi o suficiente para carimbar a passagem à fase seguinte da competição.Foi aí que encontrámos, nos quartos-de-final, os poderosos (e favoritos) brasileiros. Um golo de Diogo Santos deu a van-tagem aos portugueses, que depois tiveram de suster a pressão intensa da selecção canarinha, que jogou grande parte do jogo com guarda-redes avançado. Um bloco defensivo organizado con-seguiu aguentar a magra vantagem, que até criou alguma polémica, com os brasileiros a verem um golo ser (bem) anulado nos últimos segundos do jogo.Motivados pela vitória frente ao Brasil, os pupi-los de Orlando Duarte ar-rasaram a Sérvia por 7x1, liderados por um hat-trick de Vítor Luís. Já a final foi um momento de desforra, dado que nos esperava a Ucrânia, carrasco da selecção na única derrota que sofremos na prova. Desta feita, Portugal não deu qualquer hipótese e um hat-trick de Diogo Santos dava-nos uma vantagem de 4-0 ao in-tervalo. O resultado final fixou-se em 5-1. Portugal tinha-se sagrado campeão mundial.

DEPOIs DE sE sAgrArEM cAMPEõEs MunDIAIs DE fuTsAL unIVErsITárIO nA EsLOVÉnIA, EM AgOsTO, Os PuPILOs DE OrLAnDO DuArTE VIrAM Os sEus EsfOrçOs rEcOMPEnsADOs cOM uMA nOMEAçãO PArA O PrÉMIO DE ‘MELhOr EquIPA’ (quE A sELEcçãO DE râguEbI DE sEVEns AcAbOu POr gAnhAr) nOs PrÉMIOs ‘DEsPOrTIsTAs DO AnO’, DA cOnfEDErAçãO DO DEsPOrTO DE POrTugAL. O sELEccIOnADOr, TAMbÉM ELE nOMEADO PArA ‘MELhOr TrEInADOr’ (OnDE gAnhOu O TrEInADOr DE nÉLsOn ÉVOrA, JOãO gAnçO), E O cAPITãO brunO cArDOsO rEVELAM Os sEgrEDOs DO sEu sucEssO.

Memóriasdos campeões

Momento-chave

FUtsal. a seleCçãO De FUtsal UniversitáriO CamPeã mUnDial FOi reCOnheCiDa Pela COnFeDeraçãO DO DesPOrtO De POrtUgal

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