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SUPLEMENTODE NATAL

17 DEZEMBRO 2015

Este suplemento fazparte integrante da

edição do EntreMargens n.º 551, de 17

de dezembro de 2015e não pode ser vendido

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entreMARGENS O Cantar os Reis em S. Miguel

das Aves descrito por Manuel daSilva Mendesnum texto publicadooriginalmente em 1929

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II | ENTRE MARGENS SUPLEMENTO DE NATAL | 17 DEZEMBRO 2015

SÍMBOLOSDO NATAL:A ÁRVORE DE NATAL||||| TEXTO: AMÉRICOAMÉRICOAMÉRICOAMÉRICOAMÉRICO LUÍSLUÍSLUÍSLUÍSLUÍS FERNANDESFERNANDESFERNANDESFERNANDESFERNANDES

Para além do presépio e do Pai Natal,a árvore de natal é o outro símboloda época natalícia utilizado em todoo mundo. Alguns historiadores reme-tem a sua origem para os tempos pré-

cristãos, visto que há referências à uti-lização de árvores nas celebrações dosolstício de inverno em civilizaçõesmuito antigas; mas também se fala decalendários celtas em que a espéciede abeto que é a autêntica árvore de

tuguesas de queimar um madeiro noadro da Igreja na noite de Natal…Isto parece ter tudo origens comuns…

Também há quem meta MartinhoLutero na história da árvore de Na-tal, já que os protestantes prefeririamo pinheiro às representações figura-tivas do presépio e há cidades comgrande influência protestante que secandidatam também a disputar o lu-gar do primeiro pinheiro de Natal napraça pública. Estrasburgo, cerca de1605, é um exemplo, havendo aíreferências da colocação de pinhei-ros dentro das casas, por essa altura.A grande divulgação do pinheiro deNatal pelo mundo ocorre no séculoXIX e a Rainha Vitória, de Inglaterra,pode ter tido influência nisso, aodeixar-se fotografar com a família, paraos jornais, junto da árvore de Nataldo seu palácio. Atualmente a árvorede Natal é usada como símbolo daépoca em todo o mundo e há rituaise tradições quanto às datas de inícioda sua decoração (os americanoscomeçam no dia de Ação de Gra-ças, no final de novembro).

As decorações dos pinheiros sãovariadas, mas as luzes, as bolas e aestrela parecem sempre presentes. Eas iniciativas para evitar o corte des-controlado de pinheiros ao redor dezonas muito habitadas são meritóri-as mas nem isso impede o crescentemercado das imitações de plásticoque são vendidas nos hipermercados.E também há as decorações que imi-tam grandes árvores cheias de luz ede cor e que enchem o olho aosturistas nas praças das grandes cida-des, para promover os mercados, noNatal. Consumir tornou-se, assim, ogrande desígnio da época natalícia,a pretexto de alcançarem as deseja-das boas festas. |||||

Natal estava associada a esta épocado ano por ser símbolo de cresci-mento e vida. Outros dizem que eraassociada à árvore do paraíso e quehavia um culto a Adão e Eva e porisso se decorava a árvore com maçãs…

Origens nórdicas ou gaulesas tam-bém são referidas mas parece que aprimeira instalação de uma árvore deNatal numa praça pública terá acon-tecido em 1510, em Riga, na Letónia.Não é coisa com que os seus vizi-nhos de Talin, capital da Estónia este-jam de acordo, porque acham que ofizeram primeiro e se acrescentarmosque nestes países nórdicos se deita-va fogo à árvore para fazer a festa,então também podemos relacionarcom isto as tradições populares por-

A GRANDE DIVULGAÇÃO DOPINHEIRO DE NATAL PELOMUNDO OCORRE NO SÉC. XIX

17 DEZEMBRO 2015 | SUPLEMENTO DE NATAL ENTRE MARGENS | III

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A ideia, diz a presidente da junta,Elisabete Roque Faria, é não só darvida à praça mas, “principalmente darvida aos avenses”. Mas não se ficapor aqui. A iniciativa é inédita na fre-guesia e a presidente garante que,difícil, foi mesmo escolher entre asvárias ideias. Depois foi pôr mãos àobra. “O grupo é impecável, incansá-vel, dedicado, todos eles voluntários.Ninguém imagina as horas que per-deram para fazer isto, mas está feito,com carinho. Quem olha vê que estáfeito com o coração e nós queríamoscriar aqui um sítio mágico”. Para ascrianças, magia pode bem ser a pala-vra que mais se adequa à forma comoo Pai Natal percorreu a freguesia, comoa neve começou, de repente, a cairdo céu, como lhes apresentaram ho-ras do conto, ou como as luzes se

Iniciativa inéditamarca Natalem Vila das AvesPOR ESTES DIAS, O FRIO TROUXE O CHEIRO A NATAL, ASRUAS RECEBERAM DUENDES E O PAI NATAL TEVE, PELAPRIMEIRA VEZ UMA CASA NA VILA. “AVES EM NATAL” É ONOME DA INICIATIVA PROMOVIDA PELA JUNTA DE FREGUE-SIA QUE, A UM MERCADO DE NATAL, JUNTOU A CRIAÇÃO DEUM BOSQUE ENCANTADO NA PRAÇA DAS FONTAINHAS

acenderam, à noite e as músicas deNatal de perderam no ar.

Em frente à casa do Pai natal, bemno meio da praça o espaço que an-tes era vazio é agora uma manchaem tons de vermelho. O mercado deNatal abriu no dia 11, prolongou-sepor todo o fim de semana e juntou26 barracas. Dinamizar o comérciolocal é, garante a presidente, uma pre-ocupação desde o início e os comer-ciantes parecem ver com bons olhosiniciativas do género. “Ainda ontema maior parte deles dizia que istodevia acontecer mais vezes duranteo ano, não só para dinamizar mas paraas pessoas conhecerem o que há”.

A iniciativa foi pioneira e o ba-lanço parece ter sido francamente po-sitivo até porque, explica a presiden-te, “houve muita participação”. Masas atividades de Natal não termina-ram dia 13, com a parada de natal

que percorreu as ruas da freguesia eonde a própria presidente encarnoua pele da Branca de Neve. Dia 26 iráser levado a cabo um concerto, naIgreja Matriz de Vila das Aves quereverterá em favor do Tiago, um me-nino de quatro anos que luta contraum neuroblastoma e cuja família pre-

cisa de cerca de 300 mil euros paraum tratamento experimental nos Es-tados Unidos. Os bilhetes têm umcusto mínimo de 10 euros e podemser adquiridos na Junta de Fregue-sia. O Natal em Vila das Aves termi-na a 5 de janeiro com o Cantar deReis no Bosque Encantado. |||||

VILA DAS AVES // NATAL

NAS IMAGENS, A ILUMINAÇÃO DENATAL NAS FONTAINHAS E APRESIDENTE DE JUNTADISFARÇADA DE BRANCA DE NEVE,DURANTE A PARADA DE NATAL

IV | ENTRE MARGENS SUPLEMENTO DE NATAL | 17 DEZEMBRO 2015

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17 DEZEMBRO 2015 | SUPLEMENTO DE NATAL ENTRE MARGENS | V

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Santo Tirso e Vila das Aves voltam acelebrar o Natal com música. Na ci-dade, a iniciativa realiza-se esta sex-ta-feira, às 21h30, na Igreja Matriz.Em Vila das Aves, são as portas doCentro Cultural que se abrem paraque se oiça alguns do mais beloscânticos de Natal pelas vozes doGrupo Coral da freguesia e do Gru-po Coral Santa Cecília.

Integrado na Temperada de Mú-sica de Santo Tirso, o Concerto deNatal desta sexta-feira, promovido pelaCâmara Municipal em parceria com

Concertos de Natalem Santo Tirsoe Vila das AvesORQUESTRA DE SOPROS ARTAVE E CORO CCMAPRESENTAM-SE ESTA SEXTA-FEIRA, NA IGREJA MATRIZ DESANTO TIRSO. NO SÁBADO, É EM VILA DAS AVES QUE SE VÃOOUVIR ALGUNS DOS MAIS BELOS CÂNTICOS DE NATAL

a Escola Profissional Artística do Valedo Ave e o Centro de Cultura Musi-cal, junta na Igreja Matriz de SantoTirso a Orquestra de Sopros ARTAVEe o Coro CCM. Do programa, desta-que para a apresentação de “MissaBrevis” do maestro e compositor ho-landês Jacob de Haan (1959), mastambém para a apresentação de obrasde compositores como Percy Grainger(1882-1961), Gustav Holst (1874-1934) e do norte-americano AlfredReed (1921-2005).

Dirigidos pelo maestro Hugo Ribei-

ro, orquestra e coro vão apresentar,deste modo, obras que, de certa for-ma, refletem o espírito natalício e as-sumem o carácter quase de celebra-ção do Natal e os comuns significa-dos a ele associados.

Será igualmente esse o espíritoque se viverá no sábado no CentroCultural de Vila das Aves, onde atua-

rá, para além do Grupo Coral de Viladas Aves, os alunos da Oficina deMúsica e do Grupo Coral Santa Ce-cília, de S. Martinho do Campo.

Com direção artística de Luís Amé-rico Fernandes, o Grupo Coral de Viladas Aves apresentará quatro canções.Entre elas, “Dorme Menino Jesus”, deJosé Firmino e “Canto de Natal”, deMário Sampaio Ribeiro. Por sua vez, aOficina de Música do Grupo Coralinterpretará mais de dez temas. Fazemparte do repertório os famosos “Joyto the World”, de Haendel, “JingleBells”, de Lord Piepont, “Let it snow”,de Jule Styne e “Santa Claus is comingto town”, de Fred Coots.

Sob a orientação de Filipa Rocha,o Grupo Coral Infantil e Juvenil deVila das Aves é, desde 2001, inte-grante dos programas dos concertosde Natal. Este ano, apresenta “LindaNoite” e “É Natal”.

De S. Martinho do Campo e sobdireção artística da maestrina MariaElisa Gonçalves, o Grupo Coral San-ta Cecília apresentará seis canções.Entre as escolhidas estão “Ave Ma-ria”, de Giulio Caccini, “Oh que noitetão serena”, de Manuel Alegre e oespiritual tradicional “Hush Some-body’s call’in my name”.

Ambos os concertos, com inícioàs 21h30, têm entrada livre. |||||

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Nos meus tempos de rapaz um dosdias do ano mais festivos para a ra-paziada era o dia de Reis. Por mea-dos de dezembro formavam-se gru-pos mistos de rapazes e raparigas paraos ir cantar pela freguesia à porta dosmoradores mais abastados.

No entanto, havia nos serões en-saios da cantoria e da orquestra. Com-punha-se esta de uma harmónica,uma flauta de cana (agreste avena),ferrinhos e um pandeiro ou tambor.Anos atrás, era mais rico o instru-mental: rabeca, cavaquinho, violachuleira e berimbau; mas recordo-memuito bem de ter visto a viola chuleirae o berimbau.

Não fui já do tempo do berimbau;mas recordo-me muito bem de tervisto a viola muito empregada no Vira,na Chula-da-Maia e no Malhão:

Ó Malhão, Malhão,Desonra da grei,

Ó Malhão, Malhão,Te arrenego a ti!Ó Malhão, Malhão,Se matar, matei;Ó Malhão, Malhão,Se morrer, morri.

A letra da cantoria era de uma poe-sia de quadras de redondilha maior,transmitida oralmente de geração emgeração, na qual figuravam os Ma-gos, S. José, Nossa Senhoria, o Meni-no, o boi e a jumentinha.

Na véspera do dia seis, aí pelassete horas da noite, começava a can-toria, botada em hemistíquios por umaprima-dona:

Santos Reis, Santos c’roadosVinde ver quem vos c’roou.

E o coro repetia, cantando um rapazde baixo e uma rapariga por cima.

Nem sempre a letra era entendi-da pelos cantadores, sendo por ve-zes engraçadamente estropeada. As-sim: “Que o Menino já é nado”, saía:“Que o Menino não é nada”.

Finda a cantoria, fazia-se silêncio;

Manuel da Silva Mendes nasceu emRomão em 1867 e faleceu em Macauem 1931. Nesta cidade portuguesado oriente, Silva Mendes colaborouregularmente em vários jornais, escre-vendo sobre assuntos diversos rela-tivos à filosofia e arte chinesas, à po-lítica de Macau e de Portugal em Ma-cau, à China e aos chineses. De vezem quando punha também no papel

NAQUELE TEMPO

lembranças sobre a sua terra natal, S.Miguel das Aves. Já em tempos trans-creveu o Entre Margens “O Lourenço”,um conto baseado em factos reais queo próprio acompanhou, publicadonum jornal de Macau. Agora que es-tamos em época natalícia e começama ensaiar-se os cantares de reis, aquifica a transcrição de um texto publi-cado em Macau em 1929. ||||||

As Tradições deCantar os Reis

IN ILLOTEMPORE

O Cantar os Reis em S. Miguel das Avesdescrito por Manuel da Silva Mendesnum texto publicado originalmente em 1929

||||| TEXTO: AMÉRICOAMÉRICOAMÉRICOAMÉRICOAMÉRICO LUÍSLUÍSLUÍSLUÍSLUÍS FERNANDESFERNANDESFERNANDESFERNANDESFERNANDES

A Confraria do Caco e a CâmaraMunicipal de Santo Tirso procede-ram, no dia 27 do passado mês denovembro, à abertura da Exposiçãode Presépios, que já vai na décimaedição e que continua patente noátrio da sede do município.

Muita gente esteve presente, atéporque durante o fim de semana deabertura da exposição, tal como foianunciado, também foi possível con-tactar com artesãos de presépiosque aí expunham as suas peças. Etodos ouviram Delfim Manuel, o pre-sidente da Confraria do Caco, a agra-decer aos seus consócios a disponi-bilidade para permitir a apresenta-ção pública de um valioso conjuntode peças de artesãos renomados eà Câmara o apoio concedido. E so-licitando mais: para que o concelhocontinue a ser precursor neste do-mínio da arte popular, já que foi pre-cursor na realização de exposições,pretende alargar a iniciativa com aexposição de presépios criados nasescolas e com a montagem de pre-sépios em todas as igrejas paroqui-

SANTO TIRSO // EXPOSIÇÃO DE PRESÉPIOS

Confraria do Cacoquer ir além daexposição de presépios

“Há Natal na Vila”, ou, para ser maispreciso, em Vila Nova do Campo.No próximo domingo, 20 de De-zembro, a partir das 14h30, o Sa-lão Paroquial de São Martinho doCampo faz a festa de Natal com aprestação das crianças do Prolon-gamento de São Mamede de Ne-grelos e dos participantes do Des-porto Sénior dos pólos de São Mar-tinho do Campo e de São Mamedede Negrelos.

Mas a iniciativa de Natal ficarátambém marcada pela atuação dojovem ilusionista e mágico Gusta-vo Sereno (1987). Aos 8 anos Se-reno recebeu a sua primeira caixade magia. Foi o seu primeiro con-tacto com o ilusionismo, emborasem grande sucesso. Mais tarde,já com 20 anos, teve o seu pri-meiro convívio com um mágico, on-de este o orientou e lhe deu asbases. Apaixonado pela arte, de-dicou-se e trabalhou arduamentee em pouco tempo tornou-se nummágico profissional. No seu currí-culo conta com várias presençasem eventos empresariais, privados,casamentos, entre outros.

Para além da atuação de Gusta-vo Sereno, a festa de Natal orga-nizada pela Junta de Freguesia deVila Nova do Campo inclui aindaa apresentação de “Pirilampo”; peçaestreada no início de dezembro,no âmbito do Festival de TeatroAmador de Santo Tirso, levada àcena pelo Grupo de Teatro deSanto Tirso. É, de resto, a mais re-cente produção do grupo, ence-nada por Sérgio Macedo. ||||||

ais do concelho, acrescentando atudo isto um mercado de Natal comprodutos artesanais e agrícolas re-lacionados com a quadra natalícia.

Joaquim Couto referiu a quanti-dade de eventos realizados sob aalçada da Câmara e a importânciade exposições como esta e referiuque a exposição, como todas asoutras iniciativas, não se destina sóà população do concelho, de quemespera boa adesão, mas que se pre-tende também criar uma boa ima-gem de Santo Tirso para quem ovisita. O autarca deu relevo à escul-tura e nomeadamente ao Museude Escultura Contemporânea que écaso quase único na Europa, preco-nizando a importância da utilizaçãoda “marca Porto” na sua divulgação.Quanto ao desafio concreto do pre-sidente da Confraria do Caco, sobreum Mercado de Natal, o presiden-te da Câmara Municipal referiu queé assunto a considerar e que podevir a ser relacionado com a requalifi-cação do mercado municipal.

A Exposição de Presépios estarápatente até ao dia 3 de janeiro, noátrio da Câmara Municipal. ||||||

Magia chega aoNatal de VilaNova do Campo

VI | ENTRE MARGENS SUPLEMENTO DE NATAL | 17 DEZEMBRO 2015

17 DEZEMBRO 2015 | SUPLEMENTO DE NATAL ENTRE MARGENS | VII

e, passados instantes, entregava aobolseiro alguém da casa um pataco,um tostão ou, raramente, uma c’roa.

Seguiam-se as cantigas, deixadasà inspiração do momento:

Viva lá senhor João,Mais a sua companheira;Vivam todos os meninos,Bem quentinhos à lareira.

Vinha então uma peça executada pelaorquestra a dar tempo à imaginaçãode outra cantiga; e, se na casa haviaalguma solteirona, era ela mimoseadatambém com uma quadra:

Andam por aqui rondantes,Mas não levam as galinhas,Pilhariam, se pudessem,A senhora Mariquinhas.

Nova peça de orquestra; e, em segui-da:

Vamos dar as espedidasAté ao ano que vem;Por tudo muito obrigados,Passem todos muito bem.

Às vezes acontecia que, dentro dacasa, acabada a cantoria, faziam ouvi-dos de mercador. Então, os cantado-res, perdida a esperança de recebi-mento de qualquer espórtula, rompi-am o silêncio com alguma quadracomo esta:

Esta casa cheira a unto,Aqui mora algum defunto;Esta casa cheira a breu,Aqui mora algum judeu.

E retirava-se o grupo.Se o dono da casa era generoso,

mandava entrar os cantores e mimosea-va-os com uma panela de castanhasaloiradas pelo fogo da lareira e umacaneca de vinho que passava de mãoem mão.

Geralmente as raparigas eram acom-panhadas pelas mães. Mas às vezes,muito raramente, eram estas ludibria-das; e, meses depois, tudo eram lamú-rias e ralhos: quem foi, quem não foie o erro era sanado ao pé do altarcom um “Ego vos conjungo in nominePatris et Filii et Spiritus Sancti. Amen”. |||||

In illo tempore

Não há luar como o de JaneiroPara ir cantar de porta em portaComer castanhas e beber vinho novoPelos carreirinhos de neve do inverno antigoLuar branco branco sobre os telhados fulgindoSobre as ramadas podadas em rendas de prataVozes em uníssono que na noite se erguem de mansinhoAo som da viola, do cavaquinho, dos tambores e dos ferrinhos…E nós à porta a escutar o silêncio de dentro que falaO silêncio dos nossos passos na terra enluaradaDa água que corre e do vento que passa

“Sobreirinho ramalhudoAo pé lhe cai a bolotaSe nos quer dar os reisVenha-nos abrir a porta”

…/…

E abrem-se portas, portões, cancelas antigasQue se abrem só uma vez por anoA névoa que nos cobre os passosÉ como um suave manto de linhoCaminhamos caminhamos por carreirinhos de farinhaPor caminhos frios de fria geadaNa casa acende-se uma luz pequeninaLevanta-se um rumor de gente sobressaltadaE ergue-se no ar uma voz cristalina:

“Viva lá o senhor FranciscoRaminho de bem quererSe tem vinho na infusaVenha-nos dar de beber”

…/…

Depois sentados à lareira de borralhos acesosJunto a presépios de barro iluminadosPela noite fora até à alvoradaEntre uma panela de castanhas aloiradasE uma caneca de vinho novo que passa de mão em mãoCelebramos a vida, o ano que começaO ontem, o hoje, a amizade e o futuro…Atravessamos com cantigas a noite do mundoPara de novo chegarmos ao aconchego da casa.

OS DIAS DOS REIS

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Feliz Ano NovoFeliz Ano NovoFeliz Ano NovoFeliz Ano NovoFeliz Ano Novo

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POR: JOÃO FILIPE

VII | ENTRE MARGENS SUPLEMENTO DE NATAL | 17 DEZEMBRO 2015

A direção da Associação Humanitáris dos BombeirosVoluntários de Vila das Aves deseja a todosFestas Felizes e um Próspero Ano Novo.

Deseja Boas Festas a todos os seus clientes e amigos

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