EMBAIXADA DA PALESTINA PE. GERAL … · • Embaixada da Palestina junto à Santa S ... pirituais:...

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Em EDIÇÃO 31 ANO 4 JAN/FEV 2017 INFORMATIVO DOS JESUÍTAS DO BRASIL EMBAIXADA DA PALESTINA NA SANTA SÉ pág. 11 PE. GERAL REENCONTRA JESUÍTAS DE ROMA pág. 19 PE. JARAMILLO, NOVO PRESIDENTE DA CPAL pág. 21 FORÇADOS A UM RECOMEÇO No mundo com milhões de migrantes, a Companhia de Jesus se faz presente na caminhada junto às populações mais vulneráveis especial pág. 12

Transcript of EMBAIXADA DA PALESTINA PE. GERAL … · • Embaixada da Palestina junto à Santa S ... pirituais:...

  • JESUTAS BRASIL

    Em EDIO 31ANO 4JAN/FEV 2017INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL

    EMBAIXADA DA PALESTINANA SANTA S

    pg. 11

    PE. GERAL REENCONTRA JESUTAS DE ROMA

    pg. 19

    PE. JARAMILLO, NOVO PRESIDENTE DA CPAL

    pg. 21

    FORADOS A UM RECOMEONo mundo com milhes de migrantes, a Companhia de Jesus se faz

    presente na caminhada junto s populaes mais vulnerveis

    especial pg. 12

  • 4 5Em Em

    SUMRIO EDIO 31 | ANO 4 | JANEIRO/FEVEREIRO 2017

    EDITORIAL Ajudar a ajudar

    Ir. Davidson Braga

    CALENDRIO LITRGICO

    ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO Escuta e respeito s instncias

    Pe. Claudio Paul

    O MINISTRIO DE UNIDADENA IGREJA SANTA S Papa pede respostas ao grito da terra e

    dos pobres

    Embaixada da Palestina junto Santa S Vaticano condena atentado em Quebec

    ESPECIAL O desafio das fronteiras

    MUNDO CRIA Padre Geral reencontra os jesutas de Roma 90 anos da presena jesuta em Hong Kong Estados Unidos: nova provncia Nomeao

    AMRICA LATINA CPAL O Caribe em busca de uma difcil unidade Pe. Roberto Jaramillo ser o novo presidente da CPAL Projeto de sistematizao de experincias

    SERVIO DA F Especializao pastoral numa Igreja em Sada

    DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO Obra completa de Pe. Antnio Vieira Economia e bem comum: temas do livro de Pe. lio

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    Segundo a ONU, h mais de 253 milhes de migrantes no mundo, dos quais 65,3 milhes so refugiados

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    JUVENTUDE E VOCAES Experincias MAGIS pelo Brasil Incio das aulas da 9 turma da Especializao em Juventude Novios professam os primeiros votos Novios professam os primeiros votos

    EDUCAO Colgio So Lus prepara-se para seus 150 anos Programa de Incluso Educacional e Acadmica

    JUBILEUS / AGENDA

    EmJESUTAS BRASIL

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    INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL

    EXPEDIENTE

    EM COMPANHIA uma publicao mensal dos

    Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de

    Comunicao BRA So Paulo.

    COMUNICAO [email protected]

    www.jesuitasbrasil.com

    DIRETOR EDITORIALPe. Anselmo Dias

    EDITORA E JORNALISTA RESPONSVELSilvia Lenzi (MTB: 16.021)

    REDAOJuliana Dias

    DIAGRAMAO E EDIO DE IMAGENSHanderson Silva

    rica Silva

    ANNCIOHanderson Silva

    COLABORADORES DA 31 EDIOBruno Alface, Dayane Silva, Rafael dos Anjos, Pe.

    Valrio Sartor e Ana Ziccardi (reviso). Um agra-

    decimento especial a todos que colaboraram

    com a matria especial dessa edio.

    FOTOSBanco de imagens / Divulgao

    Capa: UNICEF/Iraq 2013/Marshall Tuck

    TRADUO DAS NOTCIAS MUNDO + CRIA GERALPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez

  • 6 7Em Em

    EDITORIAL

    AJUDAR A AJUDAR

    Ir. Davidson Braga, SJCoordenador do SJM-Brasil (Servio Jesuta a Migrantes e Refugiados)

    Um novo ano comea e, com ele, renovam-se as espe-ranas. Para ns, Jesutas do Brasil, a virada de ano marcada,

    principalmente, pelos Exerccios Es-

    pirituais: tempo de rever a caminhada

    com Jesus e discernir quais passos dar

    no ano que se inicia.

    O discernimento exigncia para

    a misso e, no trabalho dos jesutas

    com migrantes e refugiados mundo

    afora, no diferente. Vamos apro-

    fundando a experincia de acompa-

    nhar, servir e defender quem vive em

    situao de vulnerabilidade, olhando

    a realidade, vendo as pessoas e o que

    fazem, escutando o que dizem e re-

    fletindo em ns sobre tudo isso para

    tirar maior proveito na misso.

    Os quatro ltimos anos foram

    marcados pelo drama dos refugiados

    e deslocados em todo o mundo e ns,

    brasileiros, tivemos a oportunidade

    de no ficar alheios. A acolhida de

    srios, haitianos, congoleses, gane-

    ses e senegaleses (para citar algumas

    nacionalidades) permitiu a alguns de

    ns acompanhar mais de perto essa

    dura realidade: convivendo com as

    pessoas, escutando suas histrias,

    vendo o que fazem para fugir da guer-

    ra ou da misria que assolam muitas

    regies do mundo.

    A escuta atenta levou-nos a am-

    pliar nossa misso com essa popula-

    o ao longo dos ltimos anos, nos

    quais tivemos atuao emergencial e

    significativa em Manaus (AM), com

    o Projeto Pr-Haiti, por iniciativa do

    irmo Paulo Welter; com a dedicao

    de anos de experincia e trabalho da

    Sra. Karin Wapechowski, no Programa

    de Reassentamento de Refugiados da

    Companhia de Jesus, por meio da ASAV

    (Associao Antnio Vieira), uma de

    suas mantenedoras, que continuou a

    prestar solidariedade a dezenas de fa-

    mlias; em 2013, com a solidariedade

    entre jesutas, irms Filhas de Jesus

    e voluntrios, que levou fundao

    do Centro Zanmi, em Belo Horizonte

    (MG), dando incio organizao do

    Servio Jesuta a Migrantes e Refugia-

    dos no Brasil.

    Passo a passo, vamos fortalecen-

    do nossa amizade e companhia aos

    migrantes e refugiados, nossa vin-

    culao e apoio s redes de proteo

    no Brasil e em toda a Amrica Latina,

    nossa luta por justia e pelo direito

    vida digna.

    Recomeamos mais um ano com

    a esperana de que o Senado Federal

    aprecie e vote, sem demora, o projeto

    que prope nova lei de migrao no

    Brasil (uma das causas que me trouxe

    a Braslia (DF) em 2016). Com a Rede Solidria para Migrantes e Refugia-

    dos (RedeMiR), alcanaremos mais

    essa conquista.

    Convido todos a acompanhar-nos

    nesta caminhada. Nesta edio do Em

    Companhia, vocs podero conhecer um

    pouco mais daquilo que vamos fazendo

    mundo afora e, principalmente, no Bra-

    sil. Desejo boa leitura dos textos que se-

    guem e peo que atentemos ao apelo do

    Papa Francisco em sua mensagem para o

    103 Dia Mundial do Migrante e do Refu-giado, em 15 janeiro de 2017, a vs que

    caminhais ao lado de crianas e adoles-

    centes pelas vias da emigrao: eles pre-

    cisam da vossa ajuda preciosa; e tambm

    a Igreja tem necessidade de vs e apoia-

    -vos no servio generoso que prestais.

    O drama das crianas migrantes e refu-

    giadas habita entre a invisibilidade e o

    escndalo. Por isso, no as esqueamos.

    Meu desejo profundo que nos ajude a

    ajudar: com a escuta, oraes, informa-

    o, ideias, com recursos humanos e fi-

    nanceiros, com tudo aquilo, enfim, que

    estiver ao seu alcance.

    Boa leitura!

    O DRAMA DAS CRIANAS MIGRANTES E REFUGIADAS HABITA ENTRE A INVISIBILIDADE E O ESCNDALO. POR ISSO, NO AS ESQUEAMOS.

  • 6 7Em Em

    Estevo Pongratz, Melchor Grodziecki,

    presbteros, e Marcos Krizevcanin,

    cnego de Esztergom.

    ^ Beatos Tiago Sals, presbtero e

    Guilherme Saultemouche, irmo.

    calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus

    JANEIROFEVEREIRO

    JANEIRO

    Beatos Carlos Spnola, Sebastio Kimura,

    presbteros, e companheiros mrtires.

    (Mrtires no Japo)

    So Cludio De La Colombire,

    presbtero.

    DIA 3

    DIA 4

    DIA 6 DIA 15

    DIA 19

    Beatos Rodolfo Acquaviva, presbtero, e

    companheiros mrtires.(Mrtires na ndia)

    FEVEREIRO

    Santssimo nome de Jesus - Titular da Companhia de Jesus.

    So Joo Ogilvie, presbtero.

    Santos Paulo Miki, estudante, e

    companheiros.

    (Mrtires no Japo)

    DIA 2

    Apresentao do Senhor. So Joo de Brito, presbtero.

    ^

  • 8 9Em Em

    ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO

    Pe. Claudio Paul, SJ

    Em outubro passado, durante a 36

    Congregao Geral, o Superior Geral da

    Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa,

    nomeou o padre Claudio Paul como assistente

    regional da Amrica Latina Meridional, que

    rene as provncias do Peru, Bolvia, Chile,

    Paraguai, Argentina-Uruguai e Brasil. Nos

    ltimos anos, o jesuta atuava como diretor

    do Centro de Espiritualidade Pedro Arrupe

    (CEPA), coordenador Nacional das Escolas de

    Perdo e Reconciliao (ESPERE) e superior da

    seco de Cuba da Provncia das Antilhas.

    Em sua nova misso, o jesuta atuar como

    ponte entre o Padre Geral e as Provncias.

    Dever assegurar tambm que o Superior

    Geral esteja bem informado sobre os fatos

    importantes das Provncias e assessor-lo

    nas decises a respeito delas. Diante desses

    desafios, o padre Claudio Paul acredita que,

    como assistente regional, ser essencial ter

    uma grande capacidade de escuta e muito

    respeito s distintas instncias de deciso.

    ver com um horizonte mais amplo do que o da minha vida

    (bastante boa) de professor de alemo. Em 1986, finalmen-te, tive que decidir se iria para a Alemanha, com uma bolsa

    de estudos, para continuar a minha formao profissional,

    ou se mudava radicalmente o rumo da minha vida. E essa

    foi a minha deciso. Claro que, no processo, conversei com

    pessoas de confiana - meus pais, meu padrinho de Crisma,

    que padre jesuta, e algumas pessoas amigas. A opo pela

    Companhia de Jesus foi natural, eu queria ser padre como

    Conte-nos um pouco da sua histria.

    Nasci em Porto Alegre (RS), em 1962. Te-nho um irmo mais velho e duas irms de-

    pois de mim, que me deram dois sobrinhos

    e quatro sobrinhas. Todos eles e minha me

    vivem em Porto Alegre. Meu pai j faleceu.

    Fiz o que, ento, se chamava primeiro e se-

    gundo graus no Colgio Anchieta. Nessa

    poca, participei por muitos anos do Grupo

    Escoteiro Manoel da Nbrega. Terminado o

    Ensino Mdio, cursei a Licenciatura em Le-

    tras na UFRGS (Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul), ao final da qual me mudei

    para So Paulo (SP), em 1983, para continuar estudando. L fiz uma especializao para

    professores de alemo. Trabalhei por trs

    anos em um colgio perto de Campinas (SP).

    Em 1986, decidi mudar de vida e, em 1987, entrei no noviciado da antiga Provncia do

    Brasil Meridional, em Cascavel (PR).

    Como foi o processo vocacional? E a

    opo pela Companhia de Jesus?

    O processo teve seus passos. Talvez, o

    primeiro foi convencer-me de que, de fato,

    queria continuar sendo cristo e catlico.

    Isso foi nos anos de estudos universit-

    rios. Depois, foi nascendo no corao o

    desejo de algo mais, de colocar minha vida

    a servio das demais pessoas. Queria vi-

    ESCUTA E RESPEITO S INSTNCIAS

  • 8 9Em Em

    aqueles padres que tinha conhecido no colgio e no grupo

    escoteiro: gente simples, prxima, normal, com senso de

    humor, mas que levavam a vida a srio.

    Como jesuta, quais experincias o marcaram mais?

    Cada etapa da formao deixou suas marcas. No Novi-

    ciado, ir morar na periferia de Cascavel, numa casa pobre,

    convivendo com a gente pobre de um bairro marginal, foi

    uma mudana importante. Depois, a mudana para Joo

    Pessoa (PB), pois, para ns do Sul, era como entrar no s

    em outro Brasil, mas tambm quase em outro mundo. No

    perodo dos estudos de Filosofia, em Belo Horizonte (MG),

    o desafio da pastoral foi grande, mas a acolhida que rece-

    bi dos mineiros deixou amizades que continuam at hoje,

    graas a Deus. O Magistrio em Curitiba (PR) foi, novamen-

    te, um tempo forte de convivncia com a gente to boa e

    cheia de f da Irmandade do Servo Sofredor da Vila Pinto,

    bairro pobre e violento ao lado do Colgio Medianeira. J o

    perodo da Teologia foi um tempo de muita amizade com

    os demais jesutas da pequena comunidade da qual eu fa-

    zia parte, em um bairro de Belo Horizonte. Alm de que

    gostava muito de estudar Teologia.

    Depois da ordenao, em 1998, a ida a Roma (Itlia) para estudar no Instituto Bblico foi uma experincia exigente.

    Nesse tempo, colaborei pastoralmente no presdio de Rebib-

    bia, onde havia um bom nmero de latino-americanos cum-

    prindo pena. Outra vez, foi entrar em um mundo totalmente

    diferente do que eu conhecia. A Terceira Provao, no Chile,

    em 2002, foi uma bno, pois a tive a oportunidade de re-

    tomar todo o caminho feito at ento e encontrar ainda mais

    razes para dar graas a Deus, que me confirmava na minha

    vocao. Vieram depois os anos de trabalho intenso na FAJE

    (Faculdade Jesuta de Filosofia e Teologia), em Belo Horizon-

    te, dando aulas de bblia e lnguas bblicas, em uma experi-

    ncia muito bonita de comunidade e de trabalho em equipe.

    Mais recentemente, a experincia de quatro anos em Cuba:

    outra vez senti-me em outro planeta, mas encontrando mui-

    ta gente boa, com profunda experincia espiritual e identida-

    de crist comprovada na adversidade.

    Por que trabalhar em Cuba? Como foi essa experincia?

    Depois de 10 anos trabalhando na FAJE, eu brincava di-zendo que j era hora de buscar novos problemas. Na ver-

    dade, minha primeira ideia era oferecer-me para trabalhar

    com os brasileiros imigrados no Japo. Contudo, depois de

    ouvir o testemunho de alguns jesutas que tinham estado

    em Cuba, decidi oferecer-me para colaborar l, j que Cuba

    uma prioridade da Companhia de Jesus na Amrica Latina.

    Chegar a Cuba uma experincia mui-

    to forte. Se, por um lado, h muitas coisas

    parecidas com o Brasil (o tipo fsico das

    pessoas, a comida, o ritmo e a msica, a

    influncia africana na cultura, entre ou-

    tras), por outro lado, h coisas que fazem

    com que a gente se sinta em outro mundo,

    especialmente a ausncia de expresses

    religiosas, o isolamento miditico, a pres-

    so ideolgica, o controle do regime sobre

    tudo, o medo que se sente no ar.

    Graas a Deus, a restrio no mbito

    religioso j diminuiu bastante. As pessoas

    j no tm mais medo de ir s igrejas e

    pedir os sacramentos, como acontecia h

    uns quinze anos. H muitos exemplos de

    pessoas que fazem um bonito e sincero

    caminho de converso. A Igreja, contudo,

    ainda no tem liberdade para trabalhar

    na educao e abrir escolas. H apenas

    dois anos, foi finalmente possvel abrir

    a primeira livraria catlica do pas em

    Havana. Tanto o regime cubano quanto a

    Igreja ainda se olham com desconfiana e

    h vrias questes que ainda precisam ser

    trabalhadas.

    Agora, quais seus primeiros desafios

    como assistente regional dos Jesutas da

    Amrica Latina Meridional da Compa-

    nhia de Jesus?

    O meu primeiro desafio est sendo

    aprender como ser assistente, j que to-

    talmente novo para mim. Graas a Deus,

    meu predecessor e os demais assistentes

    esto dando-me muito apoio e orienta-

    o. Boa parte do trabalho consiste em

    acompanhar a correspondncia entre os

    governos provinciais e o governo geral,

    fazendo o meio de campo o que sig-

    nifica ler muitas cartas, detectar os temas

    mais importantes, apresentar sugestes

    ao Padre Geral sobre como trat-los. Mas,

    alm do que corresponde regio da qual

    sou assistente, h tambm outros temas

    que tm a ver com toda a Companhia de

    Jesus e que so discutidos e trabalhados

    no Conselho Geral.

  • 10 11Em Em

    O MINISTRIO DE UNIDADE NA IGREJA SANTA S

    PAPA PEDE RESPOSTAS AO GRITO DA TERRA E DOS POBRES

    O Papa Francisco lanou um ape-lo angustiado a fim de que as Igrejas locais respondam com determinao ao grito da terra e dos

    pobres, no final da audincia geral de

    quarta-feira, 1 de fevereiro. Ao saudar os grupos lingusticos presentes na

    Sala Paulo VI, o Pontfice dirigiu-se, em

    particular, delegao do Movimen-

    to Catlico Mundial pelo Clima Global

    (Catholic Climate Movement-GCCM),

    agradecendo o compromisso em cui-

    dar da casa comum nestes tempos de

    grave crise socioambiental. E acrescen-

    tou: Encorajo o Movimento a continu-

    ar a tecer redes a fim de que as Igrejas

    locais respondam com determinao ao

    grito da terra e ao grito dos pobres.

    O GCCM uma coalizo interna-

    cional de organizaes e indivduos

    catlicos que, em unio e colaborao

    com o Papa e os bispos, quer reforar

    a voz catlica nas discusses sobre as

    mudanas climticas globais. Entre

    os objetivos do Movimento, esto:

    Despertar conscincia no inte-

    rior da Igreja quanto urgncia de

    providncias em favor do clima, luz

    dos ensinamentos sociais e ambien-

    tais catlicos.

    Advogar em favor de nossos ir-

    mos e irms na pobreza, que so os

    mais suscetveis aos impactos da mu-

    dana do clima.

    Promover a relao estabeleci-

    da pelo catolicismo entre f e razo,

    especialmente no que concerne to-

    mada de decises polticas em face da

    mudana global do clima.

    Incentivar lderes polticos, em-

    presariais e sociais a assumir com-

    promissos ambiciosos para solucio-

    nar a crise climtica.

    Fontes: Rdio Vaticana / News.VA

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  • 10 11Em Em

    EMBAIXADA DA PALESTINA JUNTO SANTA S

    VATICANO CONDENA ATENTADO EM QUEBEC

    Em 14 de janeiro, o presidente da Autoridade Nacional Pa-lestina, Mahmud Abbas, inau-gurou oficialmente a Embaixada da

    Palestina junto Santa S. A nova re-

    presentao diplomtica fica em um

    prdio em frente ao Vaticano, onde

    esto tambm as embaixadas do Peru

    e Burkina Faso.

    Antes da inaugurao, o Papa

    recebeu o presidente palestino em

    audincia privada no Vaticano. De-

    pois do encontro, Abbas louvou o

    reconhecimento da independncia

    nacional palestina pelo Vaticano:

    Espero que outros Estados tomem o

    exemplo da Santa S. E, mais tarde,

    TV palestina, declarou ter conversa-

    do com Francisco sobre o processo de

    paz no Oriente Mdio, a iniciativa de

    paz da Frana e o combate ao terro-

    rismo. Abbas referiu-se a um sinal de

    que o Papa ama o povo palestino

    e a paz.

    Vale lembrar que, desde janei-

    ro de 2016, est em vigor um acor-

    Em 30 de janeiro, um atentado contra uma mesquita em Quebec (Canad) deixou seis mortos e oito feridos. A notcia foi recebida com

    tristeza e indignao pelo Papa Fran-

    cisco e pelo Pontifcio Conselho para o

    Dilogo Inter-religioso, que se pronun-

    ciaram a respeito.

    O Pontfice enviou um telegrama

    Arquidiocese de Quebec manifestan-

    do seu pesar. Sua Santidade confia

    misericrdia de Deus as pessoas que

    perderam a vida e se associa orao e

    dor de seus entes queridos. Expressa

    sua profunda solidariedade aos feridos

    e seus familiares, assim como a todas

    as pessoas que contriburam nas opera-

    es de socorro, pedindo ao Senhor que

    lhes conforte e console neste momen-

    to de provao. O Santo Padre condena

    firmemente a violncia que gera tanto

    sofrimento e implora de Deus o dom

    do respeito mtuo e da paz, invocando

    sobre as famlias e todas as pessoas to-

    cadas por este drama, assim como para

    todos os cidados da cidade, as bnos

    do Senhor, diz o texto. Alm disso, Fran-

    cisco ressaltou a importncia de, neste

    momento, permanecerem todos unidos

    na orao, cristos e muulmanos.

    O Pontifcio Conselho para o Dilogo

    Inter-religioso tambm emitiu uma nota

    em que ressalta: Com este gesto insen-

    sato, foram violados a sacralidade da vida

    humana e o respeito devido a uma comu-

    nidade em orao e ao lugar de culto que

    a acolhia. O Pontifcio Conselho para o

    Dilogo Inter-religioso condena firme-

    mente este ato de excepcional violncia

    e deseja que chegue aos muulmanos do

    Canad a sua plena solidariedade, asse-

    gurando sua fervorosa orao pelas vti-

    mas e suas famlias.

    Fonte: News.VA

    do diplomtico bilateral entre a Santa

    S e o Estado da Palestina.

    Fontes: News.VA / G1 / UOL

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    ESPECIAL

    os se levantou, tomou consigo

    o menino e sua me, de noite, e

    retirou-se em direo ao Egito

    (Mt 2,14). No Evangelho de Mateus, a pas-sagem bblica nos recorda que, h mais

    de dois mil anos, uma famlia atravessou

    as fronteiras para poder sobreviver. Jos,

    Maria e Jesus fugiam da ira de Herodes,

    rei da Judia, que os estava perseguindo.

    Hoje, milhes de pessoas, assim como a

    Sagrada Famlia, vivenciam esse mesmo

    drama. Porm, agora, o Herodes que os

    persegue tem outro nome, outro rosto.

    Ele no est personificado em uma pes-

    soa, mas sim nas violaes dos direitos

    humanos, na intolerncia poltica e reli-

    giosa, na misria e nos diversos conflitos

    armados, que so alimentados pela ga-

    nncia humana.

    Atualmente, segundo a ONU (Orga-

    nizao das Naes Unidas)*, h mais de

    253 milhes de migrantes no mundo, dos quais 65,3 milhes so refugiados. Para dimensionar a questo, basta considerar

    que esse nmero ultrapassa a populao

    da Frana, que de mais de 64 milhes de habitantes (IBGE 2016). So milhes de Joss, Marias e Jesus que atravessam as

    fronteiras em busca de sobrevivncia e de

    uma vida mais digna. O Ir. Davidson Braga

    Santos, coordenador do SJM-Brasil (Servi-

    o Jesuta a Migrantes e Refugiados), ex-

    plica que migrante um termo genrico

    para designar as pessoas que deixam o

    seu lugar de origem para estabelecer re-

    sidncia em outra regio, cidade ou pas.

    Dentro do conceito de migrantes, vamos

    encontrar: imigrantes, emigrantes, mi-

    grantes econmicos, migrantes climti-

    cos etc. Seguindo essa lgica, possvel

    considerar o refugiado como uma subca-

    tegoria de migrante, pois esse substanti-

    vo faz referncia pessoa que forada a

    deixar seu lugar de origem por motivos de

    guerra ou perseguio.

    Segundo o ACNUR (Alto Comissaria-

    do das Naes Unidas para Refugiados),

    conhecido tambm como a Agncia da

    ONU para Refugiados, estima-se que

    existam 24 novos refugiados por minuto no mundo. E, de acordo com o Relatrio

    O DESAFIODAS FRONTEIRASNA LUTA PELA SOBREVIVNCIA E COM A ESPERANA DE REENCONTRAR A

    PAZ, MILHES DE PESSOAS ATRAVESSAM AS MAIS DIVERSAS FRONTEIRAS

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    da Situao Mundial da Infncia de 2016, elaborado pela Unicef (Fundo das Naes

    Unidas para a Infncia), dados do ACNUR

    mostram que, at 2015, metade do nme-ro de refugiados eram crianas, ou seja,

    mais de 30 milhes. Os nmeros impres-

    sionam e, pelos jornais, acompanhamos

    atnitos essa triste realidade de pessoas

    que arriscam suas vidas para ir para outro

    pas em busca de paz e dignidade.

    Nessa travessia, cercada por inme-

    ros perigos, muitos no chegam ao desti-

    no desejado. Dados da Organizao Inter-

    nacional para Migraes (OIM) apontam

    que mais de 4,6 mil pessoas morreram tentando atravessar o mar Mediterrneo

    em 2016. Essa a principal rota dos mi-grantes que deixam o Oriente Mdio em

    direo Europa, tentando chegar Gr-

    cia e Itlia sem cruzar nenhum outro

    pas. Porm, essa travessia tem se mostra-

    do letal, pois realizada em situao pre-

    cria, por meio de embarcaes sem es-

    trutura alguma. Alm de todo esse drama,

    h ainda pessoas que tiram proveito des-

    sa situao ao oferecerem preos acess-

    veis pela travessia, mas que, na prtica,

    lotam as embarcaes de famlias, que

    depois so abandonadas prpria sorte

    no meio do mar. Quem no se lembra do

    caso do menino srio Aylan Kurdi, de trs

    anos, que foi encontrado sem vida na cos-

    ta de uma praia turca, aps a embarcao

    em que estava com sua famlia afundar?

    Assim como Aylan, mais de 420 crianas e adolescentes morreram tentando atra-

    vessar o mar Mediterrneo. Outra situa-

    o comum atuao de traficantes, que

    se aproveitam da vulnerabilidade dos

    migrantes, fazendo-os refns durante a

    viagem para comercializ-los como mo

    de obra escrava.

    Os fluxos migratrios sempre exis-

    tiram, fazem parte da histria da huma-

    nidade e foram importantes para a cons-

    truo do mundo como o conhecemos.

    Contudo, quando falamos dessa situao

    no mundo atual, a questo torna-se mais

    complexa, pois estamos tratando de mi-

    lhes de pessoas que esto abandonan-

    do sua terra natal para fugir de conflitos

    armados. Em vrios pases localizados

    entre o norte da frica e Oriente Mdio,

    a falta de controles institucionais alia-

    da a interesses geopolticos, com forte

    participao de atores externos, cria um

    ambiente frtil para a ecloso de lutas ar-

    madas pelo controle dos poderes locais,

    explica Alessandro Augusto Pereira, pro-

    fessor de Histria, Sociologia e Filosofia,

    em entrevista revista Histria em Foco

    (Ed. 1/2017). Essa a situao da Sria, que, desde 2011, vive a realidade da guer-ra civil. O conflito causou a destruio do

    pas, a morte de mais de 400 mil pessoas e a fuga de 5 milhes de civis.

    Nesse contexto, h tratados inter-

    nacionais que protegem os direitos do

    migrantes e refugiados. O principal de-

    les a Conveno das Naes Unidas de

    1951 e seu Protocolo de 1967, reconheci-dos como instrumentos fundamentais

    de direitos humanos. Os documentos

    estabelecem padres bsicos para o tra-

    tamento de refugiados pelas naes. No

    entanto, no impem aos Estados qual

    o padro mnimo de auxlio para essas

    pessoas. Para o Ir. Davidson, esses do-

    cumentos so marcos legais de grande

    importncia na proteo internacional

    de direitos humanos, principalmente de

    refugiados. Observem que a Conveno

    se d exatamente no ps-guerra que, at

    2014, vinha sendo considerado o perodo em que houve maior deslocamento de

    pessoas no mundo. Digo at aquele ano,

    pois os dados divulgados a partir de en-

    to vm indicando que o perodo atual

    deve superar consideravelmente aquele

    momento. Por isso, muito importante

    que mais e mais pases no sejam ape-

    nas signatrios da Conveno de 1951 e do Protocolo de 1967, mas estabeleam tambm polticas pblicas para a acolhi-

    da e insero dos refugiados e tambm

    de migrantes, afirma.

    Ignorando esses tratados, no ltimo

    27 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um de-

    creto proibindo cidados de sete pases

    de maioria muulmana (Imen, Iraque,

    Ir, Lbia, Sria, Somlia e Sudo) de entrar

    no territrio norte-americano. Alm dis-

    so, suspendeu por 120 dias o recebimen-

    to de qualquer refugiado. Caso seja srio,

    a situao ainda pior, pois o refugiado

    est banido por tempo indeterminado.

    Essa deciso est causando polmica na

    Justia dos Estados Unidos.

    Aps os decretos do presidente es-

    tadunidense, que tambm anunciou re-

    centemente a construo de um muro na

    fronteira com o Mxico, o Vaticano expres-

    sou sua preocupao. Em declarao ao

    canal catlico Tv2000, o arcebispo Angelo

    Becciu afirmou que a Igreja contra essas

    determinaes, pois mensageira de uma

    cultura de abertura. Somos construtores

    de pontes e todos os cristos devem rea-

    firmar fortemente esta mensagem, decla-

    rou. A fala de Becciu reflete a mensagem

    de acolhimento que o Papa Francisco vem

    reforando h algum tempo.

    O APELO DE FRANCISCO

    Quantas vezes, na Bblia, o Senhor

    nos pede para acolher os migrantes e os

    estrangeiros, recordando-nos que ns

    tambm somos estrangeiros, ressaltou

    o Papa Francisco, em mensagem pelo

    103 Dia Mundial do Migrante e do Re-fugiado, celebrado em 15 de janeiro pela Igreja. Com o tema Migrantes de menor

    idade, vulnerveis e sem voz, o Pontfice

    pediu a adoo de todas as medidas

    possveis para garantir proteo, defesa

    e integrao para as crianas migrantes.

    O Papa frisou que as migraes dei-

    xaram de ser um fenmeno limitado a

    alguns pases e que, hoje, atinge todos

    os continentes, assumindo cada vez

    mais as dimenses de um problema

    mundial. No se trata apenas de pes-

  • 14 15Em Em

    ESPECIAL

    soas procura de trabalho digno ou de

    melhores condies de vida, mas tam-

    bm de homens e mulheres, idosos e

    crianas, que so forados a abandonar

    as suas casas com a esperana de se sal-

    var e encontrar paz e segurana em ou-

    tro lugar, disse. O Santo Padre ressaltou

    que a Igreja nos encoraja a reconhecer

    o desgnio de Deus tambm nesse fen-

    meno, com a certeza de que ningum

    estrangeiro na comunidade crist.

    Cada um precioso as pessoas so

    mais importantes do que as coisas e o

    valor de cada instituio mede-se pelo

    modo como trata a vida e a dignidade do

    ser humano, sobretudo em condies

    de vulnerabilidade, como no caso dos

    migrantes de menor idade, afirmou.

    Em visita apostlica Ilha de Les-

    bos (Grcia), realizada em 16 de abril de 2016, o Papa Francisco assinou uma declarao conjunta com o patriarca

    de Constantinopla e lder espiritual da

    igreja ortodoxa mundial, Bartolomeu, e

    o arcebispo de Atenas e da Igreja Orto-

    doxa grega, Ieronymos. Na mensagem,

    os lderes pediram s comunidades reli-

    giosas que aumentem os seus esforos

    para receber, assistir e proteger os refu-

    giados de todas as crenas, e que os ser-

    vios religiosos e civis de assistncia se

    empenhem por coordenar os seus esfor-

    os. Enquanto perdurar a necessidade,

    pedimos a todos os pases que alarguem

    o asilo temporrio, ofeream o estatuto

    de refugiado a quantos se apresentarem

    idneos, ampliem os seus esforos de

    socorro e colaborem com todos os ho-

    mens e mulheres de boa vontade para

    um rpido fim dos conflitos em curso.

    Nessa mesma viagem, em ato sim-

    blico de acolhida, Francisco levou para

    o Vaticano trs famlias de refugiados

    srios. Para Ir. Davidson Braga Santos, co-

    ordenador do Servio Jesuta a Migrantes

    e Refugiados, com esses gestos, o Papa

    torna-se um exemplo de pastor. Ele tem

    dado sua ateno s ovelhas perdidas

    e mais frgeis. Todos ns temos visto o

    quanto ele se preocupa com o tema dos

    No mundo, existem mais de

    Estima-se que existam

    Metade do nmero de refugiados

    so crianas, ou seja, mais de

    A guerra na Sria causou a

    morte de mais de

    pessoas e a fuga de

    de civis.

    de migrantes, dos quais

    por minuto no mundo.

    so refugiados.

    253 milhes

    24 novos refugiados

    30 milhes

    400 mil

    5 milhes

    65,3 milhes

    mais que a populao

    da Frana.

    refugiados. Mas essa no exclusivida-

    de de sua atuao pastoral, apenas mais

    um exemplo do cuidado com o rebanho.

    Assim, migrantes e refugiados podem

    sentir-se acolhidos como outras ovelhas

    tambm. Entre suas atitudes de acolhida

    e ateno, destacam-se os gestos simples

    e de grande simbolismo como visitar

    campos de refugiados, convid-los para o

    caf da manh e para a celebrao de lava-

    -ps, diz o jesuta. Esses gestos simples

    so acompanhados de atos de grande en-

    vergadura como o Dicastrio para o Ser-

    vio do Desenvolvimento Humano Inte-

    gral, dentro do qual h um setor exclusivo

    para os refugiados, a cargo do prprio

    Pontfice, explica Ir. Davidson.

    Francisco instituiu, em agosto do

    ano passado, o Dicastrio citado, que

    tem como competncia atuar nas reas

    relacionadas com as migraes, com os

    necessitados, os enfermos e excludos,

    os marginalizados e as vtimas dos con-

    flitos armados e desastres naturais, os

    encarcerados, os desempregados e as

    vtimas de qualquer forma de escravi-

    do e de tortura. Nesse Dicastrio, o Papa

    ocupa diretamente o departamento de-

    dicado aos migrantes e refugiados. Com

    essas atitudes, ele nos d exemplos de

    como devemos agir em favor de migran-

    tes e refugiados: desde a simplicidade e

    o convvio com eles at a criao de es-

    truturas mais durveis a favor de seus

    direitos, ressalta Ir. Davidson.

    EM COMPANHIA COM OS MIGRANTES

    Os jesutas vm atuando com os mi-

    grantes desde 1980, quando o ento Supe-rior Geral da Companhia de Jesus, padre

    Pedro Arrupe, criou o Servio Jesuta aos

    Refugiados JRS (sigla em ingls). A partir

    do pontificado de Francisco, a Companhia

    de Jesus empreende esforos mais consis-

    tentes nos cinco continentes, atendendo

    aos apelos do Papa em favor dos migrantes.

    Alm do JRS, hoje presente em mais

    de 50 pases, mais recentemente, nasceu o Servio Jesuta a Migrantes e Refugia-

  • 14 15Em Em

    dos SJM, que tem como foco de atua-

    o a Amrica Latina e o Caribe. Com

    os processos de ver a realidade, refletir

    sobre ela, atuar e avaliar, muito prprios

    de nosso discernimento, fizemos adap-

    taes nas provncias do nosso conti-

    nente que deram origem ao SJM. Em

    nossa regio, apenas a Colmbia vinha

    provocando situaes de refgio, mas

    a migrao cresce continuamente com

    situaes dramticas como a fronteira

    entre Mxico e Estados Unidos e a di-

    spora haitiana. Avaliando o perfil das

    pessoas que passam por nossos centros

    de ateno, decidimos oferecer o servio

    a migrantes em situao de vulnerabi-

    lidade, pois, muitas vezes, tais pessoas

    encontravam-se to expostas, ou mais,

    que os refugiados, alm de representar

    maior contingente. Assim, aos poucos,

    foram surgindo os escritrios do SJM em

    vrios pases, esclarece Ir. Davidson.

    Segundo ele, o SJM atua no acompa-

    nhamento, no servio e na defesa de pes-

    soas vtimas da injustia. Acompanhar,

    servir e defender tm sido o lema do SJR e,

    por extenso, do SJM. Para isso, atuamos

    diretamente nos campos de refugiados,

    nas fronteiras, nos grandes centros ur-

    banos, enfim, nos lugares onde h maior

    concentrao e possibilidades de acom-

    panhar as pessoas em mobilidade. Mas

    nossa atuao tambm ocorre junto aos

    governantes, s lideranas e sociedade

    em geral, desenvolvendo polticas migra-

    trias e culturas de maior acolhimento ao

    estrangeiro. Olhamos sempre os efeitos

    e as causas dos fenmenos migratrios,

    tentando encontrar solues de vida e

    prosperidade para as pessoas e a socieda-

    de em geral, ressalta o jesuta.

    Alm do Servio Jesuta aos Refugiados

    (SJR) e o Servio Jesuta a Migrantes e Refu-

    giados (SJM), a Companhia de Jesus conta

    tambm com a Rede Jesuta com Migrantes

    na Amrica Latina e Caribe (RJM-LAC), que

    integra os servios citados anteriormente,

    tornando-se uma nica rede na Amrica

    Latina e no Caribe.

    O padre Mauricio Garca Durn, co-

    ordenador da RJM-LAC, explica que, nos

    ltimos anos, as crises no Oriente Mdio

    e na frica evidenciaram ainda mais a pro-

    blemtica dos migrantes nesses lugares.

    Contudo, ele ressalta que esse fenmeno

    tambm muito presente na Amrica

    Latina e no Caribe. Os anos de conflito na

    Colmbia, por exemplo, obrigaram milha-

    res de pessoas a deixar o pas. Conforme

    indicam os recentes dados do ACNUR e da

    OIM e como temos observado e documen-

    tado, em nosso continente, os migrantes

    so o resultado de situaes de violncia

    que aqui se vive, das polticas de segurana

    restritiva e das difceis situaes econmi-

    cas e de sustentabilidade que enfrentam

    em seus pases de origem. Os fluxos mi-

    gratrios tm-se modificado e, com eles,

    tem aumentado o nmero de migrantes e

    refugiados na regio, garante.

    A RJM-LAC utiliza como estratgia de

    ao e ponto de partida o acompanha-

    mento scio pastoral direto aos imigran-

    tes, os deslocados, os refugiados e suas

    famlias. Com base nesse contato, so

    identificados os temas e as problemticas

    prioritrias de interesse que requerem

    estudo. Assim, leva-se a cabo a pesquisa

    e/ou a sistematizao dos

    temas selecionados, de

    preferncia median-

    te uma investigao

    aplicada. Os resul-

    tados obtidos ser-

    vem como funda-

    mento para incidncia poltica, incluindo

    a defesa dos direitos humanos de pessoas

    vulnerveis que se ancoram diretamente

    na estratgia da Campanha pela Hospita-

    lidade, reunindo todas as sub-regies do

    continente, afirma padre Mauricio.

    Nessa atuao com migrantes e refu-

    giados, muitos so os desafios enfrenta-

    dos. Segundo o coordenador da RJM-LAC,

    os principais deles esto nas constantes

    mudanas nos fluxos migratrios, que so

    muito dinmicos. As rotas de circulao

    no se mantm por muito tempo e o acom-

    panhamento s pessoas torna-se muito

    difcil, porque as rotas de hoje no so as

    mesmas de amanh, que podem nem exis-

    tir mais. E as equipes com que contamos

    para atender a essa problemtica no tm

    a mesma flexibilidade e facilidade de des-

    locamento, conta padre Mauricio. Alm

    disso, ele ressalta que costuma ser muito

    difcil acompanhar, servir e defender essas

    pessoas quando as denncias e as propos-

    tas no fazem eco nos governos nacionais

    ou, em muitos casos, o tema no est nem

    dentro de suas prioridades de governana.

    O descaso ou a falta de interesse de

    muitos governos com relao s questes

    dos migrantes e refugiados apenas uma

    das barreiras enfrentadas por essas pes-

    soas. J de conhecimento que um dos

    primeiros desafios a viagem ao pas

    de destino, que, geralmente, inclui a

    ilegalidade e o risco iminente de

    perda da prpria vida. Depois, na

    chegada ao novo pas, o migrante

    enfrenta as barreiras impostas

    pelas polticas pblicas,

  • 16 17Em Em

    ESPECIAL

    que costumam violentar a sua condio de

    ser humano e a sua dignidade. Logo mais,

    sabe-se que, no aspecto econmico, o mi-

    grante est em desvantagem e v-se obriga-

    do a empregar-se em condies inferiores

    s das pessoas cidads, sem nenhum tipo

    de segurana ou benefcio, e ganhando

    salrios significativamente inferiores, sa-

    lienta padre Mauricio.

    O Ir. Davidson ressalta que, apesar dos

    importantes avanos conquistados em al-

    guns pases, ainda h muito trabalho pela

    frente. Nos seminrios e congressos na-

    cionais e internacionais dos quais eu te-

    nho participado, o abuso de autoridade e a

    violao de direitos so temas recorrentes.

    Agentes de proteo em regies frontei-

    rias, pesquisadores e, quase sempre, os

    prprios migrantes e refugiados fazem de-

    nncias graves nesses espaos e em outros

    veculos. H muitas pessoas empenhadas

    na proteo e garantia de direitos, mas ain-

    da no o suficiente, afirma. O jesuta des-

    taca que a questo do respeito aos direitos

    no exclusividade de migrantes e refu-

    giados, mas que esse tema provoca muito

    mal-estar em grupos sociais xenfobos.

    comum as pessoas reagirem dizendo:

    nem os nossos direitos so garantidos e

    voc fica lutando pelo direito dos estran-

    geiros?. H fundamento nos argumentos

    dessas pessoas. Mas no d para hierarqui-

    zar entre cidados nacionais ou no, quan-

    do estamos diante da misria, da violncia,

    da priso injusta, do racismo e de outras

    violaes de direitos. Muitas vezes, eu pen-

    so que o cerceamento de meus prprios

    direitos que me torna ainda mais sensvel

    causa do outro, diz.

    Alm dessas barreiras, existem as que

    esto presentes no dia a dia dessas pessoas,

    como o idioma e a cultura local, determi-

    nantes na integrao em sociedade. Final-

    mente, e no menos importante, um dos

    problemas enfrentados pelos migrantes

    faz referncia ao crescente sentimento de

    rechao por parte dos habitantes dos pases

    receptores, dado o imaginrio discrimina-

    trio e excludente construdo em torno da

    figura do migrante, avalia padre Mauricio.

    Nesse cenrio, os jesutas so chama-

    dos a ir s fronteiras, ao encontro dessas

    populaes. O Superior Geral da Com-

    panhia de Jesus, padre Arturo Sosa, em

    sua mensagem pelo Dia Mundial do Mi-

    grante e do Refugiado, ressaltou o papel

    da Ordem religiosa nesse contexto. Este

    momento um importante sinal de com-

    promisso que a Companhia de Jesus to-

    mou para acompanhar, com os modestos

    recursos de que dispe, as ansiedades e as

    esperanas dos refugiados, que vivem na

    Itlia e em todo o mundo, afirmou.

    ATUAO NO BRASIL

    No Brasil, a Companhia de Jesus

    atua com migrantes e refugiados, prin-

    cipalmente por meio de duas inicia-

    tivas: o Centro Zanmi, em Belo Hori-

    zonte (MG), e o Programa Brasileiro de

    Reassentamento Solidrio de Refugia-

    dos, em Porto Alegre (RS). Alm dessas

    duas frentes, a Companhia est pre-

    sente em Assis Brasil (AC), ponto de

    passagem dos haitianos que chegam ao

    territrio brasileiro (saiba mais na 11 Edio Em Companhia/Janeiro 2015).

    No Sul do pas, essa atuao exclu-

    siva para refugiados e suas famlias que j

    tiveram esse status reconhecido em outro

    pas. O programa responsvel pela aco-

    lhida dessas pessoas, o que envolve desde

    moradia at estudos e trabalho. O reas-

    sentamento representa um papel impor-

    tante e um complemento ao sistema de

    proteo internacional ao refugiado, pois

    possibilita tanto a proteo legal e fsica,

    como a soluo duradoura, oferecendo

    as condies necessrias locais para que

    eles possam reiniciar sua vida, explica

    Karin Kaid Wapechowski, coordenadora

    do Programa Brasileiro de Reassentamen-

    to Solidrio de Refugiados.

    Segundo ela, essas condies dizem

    respeito a uma gama de possibilidades

    e intervenes que a Companhia de Je-

    sus busca construir a fim de aumentar

    as chances de incluso e participao

    dos refugiados nas suas comunidades

    de acolhida. Isso acontece por meio

    de parcerias com a iniciativa privada,

    com rgos e servios pblicos, com

    as universidades e com a sociedade em

    geral. O objetivo maior garantir que os

    refugiados e suas famlias desfrutem do

    acesso aos meios de subsistncia em

    igualdade de condies que os brasilei-

    ros, gerando renda e autossuficincia

    enquanto ainda esto no perodo de

    assistncia regular pelo programa, que

    dura cerca de doze meses a partir da

    chegada ao Brasil, conta Wapechowski.

    O Programa executado em trs par-

    tes: pelo Estado Brasileiro - por meio do

    Ministrio da Justia/CONARE (Comi-

    Aline Magalhes, colaboradora do Centro Zanmi (camiseta preta), e imigrantes na Entrega dos Certificados do Curso de Capacitao para o Trabalho

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  • 16 17Em Em

    t Nacional para os Refugiados)-, pelo

    ACNUR (Alto Comissariado das Naes

    Unidas para Refugiados) e pelas Organi-

    zaes da Sociedade Civil, neste caso, a

    Companhia de Jesus. O financiamento

    tambm rateado nessas organizaes,

    que tm suas competncias bem defini-

    das e que se complementam.

    Por ser um programa solidrio, a es-

    trutura tripartite responsvel pela im-

    plementao no se delimita por aten-

    der a determinados perfis de pessoas

    ou famlias refugiadas, segundo explica

    a coordenadora da iniciativa. Quando

    acontece a misso de entrevista dos ca-

    sos identificados pelo ACNUR no pri-

    meiro pas asilo, a Companhia de Jesus,

    que tambm participa desse primeiro

    contato com os candidatos ao Programa,

    avalia as condies de trabalho, prefe-

    rncia por clima, grau de instruo e,

    principalmente, a capacidade local das

    cidades prospectadas para a absoro

    das famlias. Ou seja, procuramos expor

    as condies locais de integrao para

    que os refugiados possam se enxergar

    no novo ambiente da cidade solidria e,

    finalmente, aderirem voluntariamente

    ao programa, ressalta Wapechowski.

    O Centro Zanmi, concebido inicial-

    mente para dar assistncia a haitianos que

    chegavam Regio Metropolitana de Belo

    Horizonte, tornou-se a sede do Servio Je-

    suta a Migrantes e Refugiados no Brasil.

    Hoje, oferece servios em cinco reas de

    ateno direta ao migrante e refugiado:

    social; documental; jurdica; lnguas e

    cultura; e trabalho. Alm disso, h quatros

    reas de gesto e atuao indireta, sobre-

    tudo com a populao brasileira: Projetos;

    Comunicao; Incidncia e Voluntariado.

    A rotina no Centro Zanmi agitada

    e complexa, pois muitos atendimentos

    tm a ver com a vida corriqueira de cada

    um. As pessoas que a equipe atende vm

    para aliviar e solucionar as suas dores

    e feridas, os seus problemas, em vrios

    mbitos da sua vida, desde elaborar um

    currculo, na busca por um emprego, at

    resolver litgios, seja no trabalho ou na

    famlia, explica Pascal Peuz**, coorde-

    nador do Centro Zanmi. Segundo ele, al-

    gumas situaes os levam alm do corri-

    queiro. O atendimento abrange a pessoa

    como um todo. Do nascimento, quando

    se trata de acompanhar at a sala do parto

    uma me com possveis complicaes,

    at a morte, quando se trata de acompa-

    nhar a famlia no luto, ou mesmo organi-

    zar o sepultamento de um falecido sem

    famlia no Brasil, complementa.

    Atualmente, acontecem 250 atendi-mentos, em mdia, por ms. Porm, Peu-

    z ressalta que, alm dos atendimentos

    registrados e contabilizados, h tambm

    os feitos por telefone e pessoalmente, que

    acontecem informalmente, seja por meio

    da soluo de dvidas, seja pela trans-

    misso de informaes. O atendimento

    acontece de tera a sbado, no perodo da

    tarde. Toda e qualquer pessoa que se apre-

    sentar recebida. Iniciamos com uma

    fala geral de acolhimento, pontuando al-

    gumas informaes importantes para os

    imigrantes. Ressaltamos tambm princ-

    pios nossos, como a luta contra o ass-

    dio, em todos os mbitos. Depois, h um

    processo de triagem que avalia a situao

    da pessoa. Aps essa etapa, ela encami-

    nhada para o as reas social, documental,

    jurdica, etc., explica.

    Alm do atendimento no escrit-

    rio, h atividades realizadas em outros

    locais, como as aulas de portugus, que

    acontecem no Centro de Belo Horizonte

    e em bairros perifricos, e os encontros

    do projeto Mulheres, que atua em prol da

    conscientizao das imigrantes em ques-

    tes de gnero. Nossa atuao estende-

    -se tambm a situaes delicadas e/ou

    graves, que exigem uma ao imediata, in

    loco, conta Peuz.

    Em relao acolhida dos migran-

    tes e refugiados, a atuao nacional

    avaliada positivamente sob o aspecto da

    garantia de direitos. Para refugiados, h

    a Lei Federal 9.474/97, que garante a pro-teo legal e fsica da pessoa. Ao lado da

    Constituio Federal de 1988, essa lei o principal ordenamento jurdico nacional

    na proteo de direitos dos refugiados.

    Ela resultado de uma srie de aes de

    abertura que o Brasil adotou ao longo dos

    anos, ultrapassando os limites e defini-

    es dos documentos da ONU (Conven-

    o de 1951 e o Protocolo de 1967). Com isso, podemos ser considerados um dos

    pases com maior amparo legal para refu-

    giado, afirma Ir. Davidson.

    O jesuta destaca tambm o Decreto

    Presidencial publicado no Dirio Oficial

    da Unio (DOU), em 19 de agosto de 2015, por meio do qual se conclui a ratificao

    da Conveno das Naes Unidas para a

    Reduo dos Casos de Apatridia (1961).

    Embora seja tema raramente divulgado,

    a apatridia est associada aos temas a que

    fazemos referncia aqui. A falta de nacio-

    nalidade leva muitas pessoas a migrar de

    um lado a outro, solicitando refgio ou

    qualquer outra possibilidade de existn-

    cia civil. Com esse Decreto, a nacionalida-

    de brasileira pode se dar por territrio ou

    consanguinidade e o pas deixa de gerar

    aptridas, explica.

    No final de 2016, precisamente no dia 6 de dezembro, foi dado mais um impor-

    tante passo rumo substituio do anti-

    go Estatuto do Estrangeiro, promulgado

    na poca da Ditadura Militar. Na ocasio,

    o Projeto de Lei 2516/2015 foi aprovado pelo plenrio da Cmara dos Deputados

    e agora aguarda avaliao e votao no

    Senado. Esse projeto fruto de muito

    trabalho de diferentes atores do Legislati-

    vo, Executivo, Judicirio, sociedade civil,

    pesquisadores, coletivos de migrantes,

    etc., e promete ser um marco importante

    na proteo dos direitos de migrantes no

  • 18 19Em Em

    ESPECIAL

    Brasil, pois prope a mudana de paradig-

    ma da seguridade nacional para a garan-

    tia de direitos, acredita Ir. Davidson.

    O Brasil conta tambm com impor-

    tantes rgos que atuam na questo de

    refgio e imigrao. O Comit Nacional

    para Refugiados (CONARE), que est alo-

    cado dentro do Ministrio da Justia, o

    responsvel por julgar as solicitaes de

    refgio e gerir a poltica de acolhimento

    e integrao dos refugiados. um r-

    go tripartite em que governo, ACNUR e

    sociedade civil colaboram para dirimir a

    problemtica do refgio no pas, esclare-

    ce o jesuta. J os migrantes contam com

    o Conselho Nacional de Imigrao (CNIg),

    que est dentro do Ministrio do Trabalho

    e, por sua vez, tambm tem uma compo-

    sio tripartite: Governo, Empregadores e

    Empregados. Desse rgo, saem as polti-

    cas e resolues para a migrao em geral,

    sobretudo no mundo do trabalho e da aca-

    demia, alm de julgar as solicitaes de al-

    terao de visto e casos omissos, explica.

    Ir. Davidson ressalta que existem

    ainda dois outros rgos importantes

    para a migrao dentro do Ministrio

    da Justia: o Departamento de Polcia de

    Imigrao (Polcia Federal), responsvel

    pelo controle migratrio; e o Departa-

    mento de Migraes (Secretaria Nacio-

    nal de Justia), que desenvolve, alm de

    outras funes importantes, estratgias

    e solues para as migraes.

    O jesuta destaca a ao conjunta dos

    Ministrios da Justia e do Trabalho, que

    concederam o visto humanitrio a hai-

    tianos e srios nos ltimos anos, criando

    situaes de acolhida documental, que

    muito valiosa para essas pessoas. Claro

    que a acolhida de fato, que inclui estu-

    dos, trabalho, cultura, etc., ainda um

    longo caminho, mas os estrangeiros e o

    governo brasileiro tm contado com a

    intensa atuao de instituies da socie-

    dade civil, principalmente da Igreja Cat-

    lica, para dar acolhida e proteo a essas

    pessoas, afirma Ir. Davidson.

    A conscientizao da populao so-

    bre como funciona esse complexo siste-

    ma de acolhida essencial para acabar

    com os preconceitos. A sociedade, como

    um todo, precisa ser, permanentemente,

    esclarecida e informada sobre os direitos

    de migrantes e refugiados por meio de

    atividades de formao, palestras, cam-

    panhas de mdia e de educao para os

    Direitos Humanos em todas as instn-

    cias, defende Wapechowski. Segundo

    ela, a xenofobia e a discriminao so

    produtos, em grande parte, da ignorn-

    cia sobre o tema e pelo temor ao diferen-

    te. Uma coisa leva a outra. Se no sabe,

    tambm no se preocupa ou se preocupa

    mal. Alm disso, a insuficincia ou a total

    ausncia de polticas pblicas de direitos

    especficos pode causar o afastamento

    dessas populaes aos direitos humanos

    essenciais, que, na sua maioria, dever

    do Estado. Os prprios operadores dos

    servios no reconhecem migrantes e re-

    fugiados como sujeitos de direitos e, por

    isso, so barrados em escolas, em postos

    de sade e nos Centros de Referncia da

    Assistncia Social, alerta.

    Os apelos do Papa Francisco, a atu-

    ao da Companhia de Jesus e de tantas

    outras instituies so um convite para

    que cada um de ns possa refletir sobre

    como estamos acolhendo os migrantes

    e os refugiados. Como ser que lidamos

    com o outro? Ir. Davidson nos faz uma

    interessante provocao: O brasileiro

    costuma dizer de si mesmo ser um povo

    acolhedor. E, de fato, o muitas vezes.

    Contudo, muitos migrantes e refugiados

    tm experimentado rejeio, racismo,

    xenofobia. Os servios pblicos esto

    totalmente despreparados para acolher

    a pessoa migrante. Porm, a migrao de

    intelectuais, brancos, mo de obra espe-

    cializada sempre bem-vinda, ao passo

    que a de pobres, negros, mo de obra ba-

    rata tida como produto indesejado. No

    Brasil, por exemplo, no vemos pessoas

    demonstrando xenofobia a estaduniden-

    ses, canadenses, franceses, e sim a haitia-

    nos e africanos em geral, finaliza.

    Despir-se de preconceitos, abrir o co-

    rao e acolher um primeiro passo na

    busca por uma sociedade mais humana

    e justa, pois, antes de sermos brasileiros,

    haitianos, srios, somos todos humanos

    e merecemos sempre uma nova chan-

    ce para recomear. Uma das minhas

    maiores alegrias ouvir as histrias bem-

    -sucedidas de integrao na sociedade

    brasileira. Existe melhor sinal de integra-

    o do que ouvir as crianas chegadas h

    poucos meses falar num perfeito minei-

    rs: esperum tiquim?, diverte-se Peuz,

    do Centro Zanmi.

    *Informaes acessadas em https://refugeesmigrants.un.org/infographics.

    ** As informaes fornecidas por Pascal Peuz foram elaboradas em conjunto com toda a equipe do Centro Zanmi.

    Imigrantes haitianos recomeam a vida no Brasil

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  • 18 19Em Em

    A COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO CRIA GERAL

    PADRE GERAL REENCONTRA JESUTAS DE ROMA

    90 ANOS DA PRESENA JESUTA EM HONG KONG

    NOMEAO

    ESTADOS UNIDOS: NOVA PROVNCIA

    Mais de 200 jesutas das comunidades de Roma (Itlia) e arredores enfrentaram o frio do dia 7 de janeiro para se encontrarem com o Padre Geral, Arturo Sosa, na Cria Geral. No comeo de cada ano, o Superior Geral da Compa-

    nhia de Jesus acolhe os jesutas residentes na capital italiana para

    lhes desejar um feliz ano novo. Este ano foi ainda especial, por-

    Em 3 de dezembro de 2016, a comunidade Matteo Ric-ci, da provncia jesuta da China, celebrou o 90 ani-versrio da chegada dos jesutas a Hong Kong. Mais de 800 pessoas assistiram Eucaristia na Capela de Santo

    Incio, no Colgio Wah Yan (em Kowloon), que foi presidida

    pelo Cardeal John Tong Hon, bispo de Hong Kong.

    Vindos de Dublin (Irlanda), os padres George Byrne e John

    O Padre Geral, Arturo Sosa, nomeou o padre Arun de Souza (BOM) como Provincial de Bombaim (ndia). Nascido em 1962, o Pe. de Souza entrou na Companhia de Jesus em 1984, sendo ordenado sacerdote em 1955. Foi pro-

    Neary foram os primeiros jesutas que, convidados pelo Bispo

    Henry Valtorta (vigrio Apostlico de Hong Kong), chegaram

    regio, em 2 de dezembro de 1926. No dia seguinte, festa de So Francisco Xavier, celebraram sua primeira missa na ilha. Passa-

    do um ano, juntaram-se a eles outros trs jesutas irlandeses,

    os padres Richard Gallagher, Patrick Joy e Daniel MacDonald, e

    o jesuta australiano padre Daniel Finn.

    fessor de Sociologia e Antropologia no Colgio S. Francisco Xa-

    vier, de Bombaim. O jesuta sucede no cargo ao padre Vernon

    DCunha, que foi destinado para Roma, como Assistente ad pro-

    videntiam e Assistente Regional da sia Meridional.

    que, para alguns jesutas, tratava-se do primeiro encontro pessoal

    com o padre Sosa. Com seu modo habitual, o Padre Geral passou

    alguns momentos com cada um dos convidados.

    Atualmente, so mais de 400 jesutas residentes em Roma,

    distribudos nas Casas romanas internacionais e nas comunida-

    des da Provncia da Itlia.

    A partir de 5 de junho de 2017, a Provncia USA Mi-dwest (UMI) passar a existir, unificando as atuais provncias de Chicago-Detroit e Wisconsin (Esta-dos Unidos), que, ento, sero suprimidas. A mudana foi

    autorizada pelo Padre Geral, Arturo Sosa, em decreto assi-

    nado em 13 de dezembro de 2016.O atual provincial de Chicado-Detroit, padre Brian

    Paulson (CDT), ser o provincial da Provncia (UMI). O pa-

    dre Arturo Sosa nomeou tambm, para a funo de scio

    provincial, o padre Glen Chun (CDT).

    Fonte: Boletim da Cria dos Jesutas (N 1, janeiro 2017)

  • 20 21Em Em

    A COMPANHIA DE JESUS NA AMRICA LATINA CPAL

    O CARIBE EM BUSCA DE UMA DIFCIL UNIDADE

    Pe. Jorge Cela, SJPresidente da CPAL

    O Caribe conhecido como um destino turstico. As praias e suas culturas so sua atra-o. A palavra Caribe nos faz imagi-

    nar uma praia paradisaca e o fundo

    musical do calipso ou do reggae. Mas,

    tambm, a diversidade uma nota

    caracterstica sua. O mar do Caribe

    banha as costas de cerca de 40 na-

    es distintas, includa a Frana, pois

    Martinica e Guadalupe so territrios

    franceses. Nelas fala-se espanhol,

    ingls, francs, holands e vrias ln-

    guas caribenhas, como o papiamento

    e o crioulo. No existe acordo sobre

    quais as naes que compem a co-

    munidade do Caribe. Para alguns, so

    apenas as ilhas, excluindo os terri-

    trios continentais. Para outros, so

    todos os territrios banhados pelas

    guas do Caribe, excluindo assim

    as Bahamas, Turcos e Caicos, e as

    Guianas; para outros, so apenas os

    de lngua inglesa. Mas, em qualquer

    hiptese, representam uma grande

    diversidade de histrias, lnguas, cul-

    turas, sistemas polticos e religies.

    Economicamente, no Caribe, esto

    presentes o primeiro mundo (Estados

    Unidos e Frana). Do sistema socialis-

    ta (Cuba) e a nao mais pobre do ter-

    ceiro mundo latino-americano: Haiti.

    Existem naes em franca deteriorao

    econmica, como Cuba, Haiti, Jamaica

    e Porto Rico. E outras em momento de

    crescimento, como Repblica Domini-

    cana, Guiana ou Barbados.

    Essa grande diversidade, devido

    sua histria, criou fortes identidades

    marcadas pela instabilidade, como re-

    fletem os versos dominicanos:

    Mas, no caso das ilhas, essa diversi-

    dade se d em territrios to pequenos,

    que para muitos resultam inviveis.

    O Caribe tem, ento, diante de si,

    o ineludvel desafio de uma unidade

    to necessria quanto difcil. E de en-

    contrar a frmula para uma unidade

    na diversidade que, respeitando as

    diferenas histricas e culturais, per-

    mitir-lhes negociar sua sobrevivncia

    com dignidade.

    Nesse Caribe, est inserida a Com-

    panhia de Jesus, em uma diversidade

    de pases e obras que refletem a dis-

    perso do Caribe: em algum momen-

    to, os jesutas do Caribe pertence-

    ram a quatro Assistncias diferentes

    (duas da Europa e duas da Amrica).

    Hoje, ainda pertencem a oito provn-

    cias distintas.

    Essa disperso geopoltica e cultu-

    ral se d tambm no nvel eclesial. Os

    bispos do Caribe ingls conformam

    uma s Conferncia Episcopal. Mas os

    demais tm pouca relao. A presena

    de congregaes religiosas est geral-

    ONTEM EU NASCI ESPANHOL, TARDE FUI FRANCS, NOITE ETOPE FUI,HOJE DIZEM QUE SOU INGLS.NO SEI O QUE SER DE MIM!

    mente ligada a uma grande diversi-

    dade de origens: Amrica do Norte,

    Amrica Latina, Europa, ndia e, ulti-

    mamente, vai crescendo a presena de

    religiosos da frica.

    No meio dessa diversidade, como

    podemos pensar nossa misso no Ca-

    ribe como uma contribuio difcil

    unidade na diversidade da sociedade e

    na Igreja? Como converter a riqueza da

    diversidade em um elemento de unifi-

    cao e fortaleza?

    Como faz-lo desde nossa decres-

    cente presena no Caribe? No sculo

    passado, Jamaica chegou a ter mais de

    100 jesutas. Hoje, so apenas sete. H pouco mais de meio sculo, Antilhas

    tinha quase o dobro de jesutas, mais

    territrio e menos obras.

    Desde 2008, sete unidades da Com-panhia esto estudando as possibili-

    dades de colaborao e dando passos

    para torn-la efetiva. A diversidade

    obriga a caminhar por sendeiros di-

    versos e a ritmos distintos. Para al-

    guns, passa pela unificao em novas

    unidades. J Antilhas e Cuba junta-

    ram-se, configurando a Provncia das

    Antilhas; Porto Rico decidiu unir-se

    Provncia do Sul dos Estados Unidos

    (USC). Agora, Guiana e Jamaica esto

  • 20 21Em Em

    PE. ROBERTO JARAMILLO SER O NOVO PRESIDENTE DA CPAL

    PROJETO DE SISTEMATIZAO DE EXPERINCIAS

    O padre Roberto Jaramillo, da Provncia da Colmbia, tomar posse como novo presidente da CPAL, em 20 de maro. A nomeao foi

    feita pelo Superior Geral da Companhia

    de Jesus, padre Arturo Sosa. Antes da

    MISEREOR, instituio catlica alem, aprovou um projeto para o ano de 2017, solicitado pelo PAM SJ (Projeto Pan-amaznico da CPAL).

    O objetivo da iniciativa sistematizar

    algumas experincias socioeconmicas

    Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal (n 33 Dezembro 2016) - Acesse o link (http://bit.ly/2ki26uJ) do Portal Jesutas Brasil e leia a ntegra desta edio.

    comeando o caminho de unificao

    no qual sero a seco inglesa de uma

    nova Provncia do Caribe com Anti-

    lhas. Mas esse no o nico caminho.

    Sete territrios (Cuba, Guiana, Hai-

    ti, Jamaica, Miami (EUA), Porto Rico,

    Repblica Dominicana, Venezuela)

    esto criando laos de colaborao

    e uma nova conscincia sobre a re-

    alidade e os desafios do Caribe e as

    possveis formas de responder desde

    o apostolado da Companhia de Jesus.

    Para isso, continuaro reunindo-se

    e planejando formas de colaborao

    ocasional ou permanente, novas estru-

    turas e redes de cooperao, e a cons-

    truo do imaginrio do Caribe como

    desafio pastoral e projeto comum.

    Como um passo nesse caminhar,

    houve em Santo Domingo, na Repbli-

    ca Dominicana, um seminrio sobre o

    Caribe, com participao de jesutas dos

    sete territrios e, ao terminar, uma reu-

    nio dos superiores com membros do

    Projeto Caribe, com a participao do

    assistente Gabriel Ignacio Rodriguez, SJ,

    do presidente da CPAL (Conferncia dos

    Provinciais Jesutas da Amrica Latina),

    Jorge Cela, SJ, e do coordenador do Proje-

    to Caribe, Mario Serrano, SJ.

    Dois dos pases implicados (Haiti e

    Cuba) so territrios prioritrios da CPAL

    (prioridade 4). Esto implicadas duas das

    12 provncias da CPAL. O processo nos relaciona com a Conferncia de Canad

    e Estados Unidos e com a Conferncia

    da sia Meridional e, tambm, com a

    Provncia do Reino Unido. Supe uma

    aventura em novas formas de governo e

    colaborao na linha da audcia pelo im-

    provvel da qual falamos na 36 Congre-

    gao Geral. Isso trar novos desafios para

    todos. A entrada da Jamaica e da Guiana

    representa o ingls como terceira lngua

    da CPAL, alm do espanhol e do portu-

    gus. , portanto, um desafio de primeira

    importncia para todos ns que acolhe-

    mos com alegria e com entusiasmo.

    nova misso, padre Jaramillo foi superior

    da Regio da Amaznia brasileira e, nos

    ltimos anos, exercia a funo de delega-

    do do Setor Social da CPAL.

    Fonte: www.cpalsj.org

    produtivas alternativas e com maior sig-

    nificncia, que foram desenvolvidas na

    trplice fronteira Peru-Brasil-Colmbia.

    Busca-se, com essas experincias, obter

    aprendizagem tanto com os projetos exi-

    tosos como com os que no deram certo

    e que desenvolveram-se na regio. Por

    outro lado, pretende-se tambm estabe-

    lecer algumas estratgias de articulao

    com os diferentes atores pblicos e pri-

    vados que atuam na rea, explica padre

    Valrio Sartor.

  • 22 23Em Em

    COMPANHIA DE JESUS SERVIO DA F

    Em 10 de janeiro, a Faculdade Jesuta de Filosofia e Teologia (FAJE) iniciou a primeira turma da Especializao Pastoral numa Igre-

    ja em Sada. O curso uma parceria

    com o Centro Loyola de Belo Horizon-

    te (MG) e ser realizado no campus da

    FAJE, localizado na capital mineira.

    Alm de propor novos horizontes

    para ao evangelizadora da Igreja, a

    Especializao proporcionar acesso

    a reflexes e contedos fundamentais

    para a pastoral no mundo contempo-

    ESPECIALIZAO PASTORAL NUMA IGREJA EM SADA

    rneo. Destacar ainda experincias

    pastorais significativas que j apontam

    novos caminhos para a Igreja hoje. O

    curso vem em resposta a uma deman-

    da, cada vez mais crescente, de agentes

    que assumem cargos de coordenao

    nos mais diversos mbitos da pasto-

    ral de nossas comunidades, ressalta o

    padre Manoel Godoy, coordenador da

    Especializao, acrescentando: Perce-

    be-se que a misso de coordenador de

    pastoral diocesano tem sido um grande

    desafio nos dias atuais. Procuramos co-

    locar nossos agentes em sintonia com

    a proposta do Papa Francisco de voltar

    a Jesus e ao frescor do Evangelho, para

    colocar bases slidas a uma Igreja em

    sada. Sada, sobretudo, para todas as

    periferias, geogrficas e existenciais,

    onde esto os preferidos de Jesus, se-

    dentos pela Boa-nova do Reino.

    O curso est organizado em trs

    mdulos, sendo: o primeiro e o se-

    gundo realizados, respectivamente,

    em janeiro e julho de 2017; o terceiro, em janeiro de 2018.

    Av. Dr. Cristiano Guimares, 2127Planalto - Belo Horizonte - MG | CEP31720 300

    Tel (31) 3115 7000 - Fax (31) 3115 7015

    \FaculdadeJesuitaBH

    \FajeJesuita

  • 22 23Em Em

    COMPANHIA DE JESUS DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO

    O padre lio Estanislau Gasda, professor no Departamento de Teologia da FAJE (Faculdade Jesuta de Filosofia e Teologia), lanou

    recentemente o livro Economia e bem

    comum. O cristianismo e uma tica da

    empresa no capitalismo, pela editora

    Paulus. A obra aponta o contedo ti-

    co inerente atividade empresarial e

    reflete sobre seu significado luz do

    OBRA COMPLETA DE PE. ANTNIO VIEIRA

    ECONOMIA E BEM COMUM: TEMAS DO LIVRO DE PE. LIO

    Edies Loyola lanou a Obra Completa Padre Antnio Vieira, em 9 de fevereiro, na Acade-mia Paulista de Letras, em So Paulo

    (SP). Com 30 volumes e 15 mil pginas, a coleo, comentada e atualizada, traz

    cartas, sermes e escritos profticos,

    poltico-sociais, sobre judeus e ndios,

    alm de poesia e teatro, textos inditos,

    entre outras novidades.

    Sonhada h mais de 150 anos por dife-

    PesquisaminuciosaObra Completa Padre Antnio Viei-

    ra resultado de investigaes em

    arquivos de Portugal, do Brasil, da Es-

    panha, da Frana, da Itlia, do Mxico

    e da Inglaterra. Alm disso, o trabalho

    da equipe de investigadores luso-bra-

    sileiros contou com a participao de

    especialistas em Literatura, Filologia

    Clssica, Lingustica, Histria, Paleo-

    grafia, Filosofia, Teologia e Direito.

    rentes geraes de estudiosos da lngua

    e da cultura portuguesas, a obra contou

    com a direo de Jos Eduardo Franco e

    Pedro Calafate, com a colaborao dos

    mais renomados especialistas de Por-

    tugal e do Brasil, demandando uma d-

    cada de intensa investigao cientfica. A coleo, coroada ainda por rigoroso

    trabalho editorial e apresentao grfica

    primorosa, oferece contedo acessvel

    ao grande pblico no especializado.

    Padre Antnio Vieira nasceu em Lisboa

    (Portugal), em 1608. Mudou-se com a fam-lia para Salvador (Bahia) em 1616. Estudou em colgio jesuta e entrou na Companhia

    de Jesus, em 1623. Ao longo da vida, exer-ceu vrios papis, como o de diplomata,

    reformador social, apstolo e protetor dos

    ndios, pregador e literato, entre outros. Foi

    tambm um rduo defensor da liberdade

    dos ndios e dos cristos novos.

    O jesuta foi uma das maiores figuras

    do pensamento luso-brasileiro do scu-

    lo XVII. Pregava com a mesma facilidade,

    compreenso, elevao e beleza formal a

    escravos de um engenho de acar e n-

    dios de catequese nas ribeiras do Ama-

    zonas, assim como se sentia vontade

    nos plpitos da Bahia, da capela real de

    Lisboa e da corte pontifcia de Roma.

    cristianismo. O objetivo discutir

    como integrar a espiritualidade

    com o exerccio do papel de lder

    dentro do mundo corporativo.

    O livro do padre jesuta j foi ci-

    tado como um dos destaques da co-

    luna Cifras & Letras, publicado pela

    Folha de S. Paulo, que semanalmente

    seleciona os melhores lanamentos

    na rea de Negcios e Economia.

  • 24 25Em Em

    COMPANHIA DE JESUS JUVENTUDE E VOCAES

    EXPERINCIAS MAGIS PELO BRASIL

    uma experincia que eu vou levar para toda a minha vida, ir para onde outros no vo e estar sempre disponvel para o que acontecer [...], saio com meu corao muito grato e feliz por essa oportunidade [...], esses

    so alguns dos relatos dos mais de 400 jovens que estiveram

    envolvidos com as Experincias MAGIS, pelo Brasil.

    Promovidas pelo Programa MAGIS Brasil e realizadas en-

    tre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, no total, aconteceram 11 experincias que contemplaram desde aes de voluntaria-

    do at peregrinao. Cada uma delas contou com momentos

    de orao (pessoal e comunitria) e de formao, que tiveram

    como objetivo aprofundar temas importantes aos jovens, que

    os ajudassem a se prepararem melhor.

    Confira quais e onde aconteceram as experincias:

    SOA BahiaOs participantes da SOA foram introduzidos espiritualidade inaciana utilizando os mtodos de orao de meditao e/ou contemplao que os Exerccio Espirituais propem.

    Misso Vocacional Esprito SantoFoi uma semana de intensa atividade com crianas, adolescentes, jovens, adultos e idosos e celebraes em diversas comunidades.

    Parahyba: contemplativos na ao Paraba A experincia props aos jovens inserir-se no contexto perifrico da cidade de Joo Pessoa e a vivenciarem e partilharem, junto a uma entidade social, um olhar mais sensvel e de servio aos mais necessitados.

    Caminhada Missioneira Rio Grande do SulA Caminhada Missioneira tem uma proposta cultural, espiritual e de aventura, pois os peregrinos percorrem as Misses Jesuticas do Rio Grande do Sul.

    Um fogo nas periferias Minas Gerais A Parquia Santssima Trindade est localizada em uma regio urbana na cidade de Santa Luzia (MG) e rene, em sua rea territorial, aproximadamente 70 mil pessoas. A experincia foi um convite aos jovens para saborear e vivenciar o encontro em ambientes marcados pelo vazio do dilogo, da presena e do cuidado.

    SerTO Bahia A experincia MAGIS de Capim Grosso foi dividida em duas etapas, so elas: Amar e Servir e Misso SerTo.

    Voluntariado Jovem Piau Com o tema O Magis abraando geraes, o Voluntariado Jovem foi dividido em dois momentos: aes de voluntariado em si e os Exerccios Espirituais para jovens, em etapas.

    Mochilao Esprito SantoExperincia que nasceu do itinerrio espiritual de Santo Incio (Exerccios Espirituais). No caminho, o peregrino sentiu-se convidado a fazer uma jornada pessoal de converso.

    Jornada Inaciana CearProfunda vivncia dos passos de Santo Incio de Loyola e do seu processo de converso. A experincia possibilitou aos jovens momentos de integrao, formao e autoconhecimento: peregrinao; misso; insero sociocultural e Exerccios Espirituais.

    Voluntariado Jovem So Paulo Experincia de insero sociocultural na cidade de So Paulo, que estimulou o desao convivncia de modo simples, comunitrio e despojado, por meio da realizao de trabalhos nas fronteiras da cidade (populao de rua, imigrantes, refugiados etc.).

    Voluntariado Jovem ParanTempo de convivncia e de trabalho junto s entidades que so sinais de esperana e transformao, na cidade de Cascavel (PR).

    Um fogo nas periferias, realizada na cidade de Santa Luzia (MG), foi uma das Experincias MAGIS

  • 24 25Em Em

    NOVIOS PROFESSAM OS PRIMEIROS VOTOS

    INCIO DAS AULAS DA 9 TURMA DA ESPECIALIZAO EM JUVENTUDE

    Em janeiro, a ps-graduao Juventude no Mundo Con-temporneo deu incio s aulas de sua 9 turma. O cur-so, promovido pela FAJE (Faculdade Jesuta de Filosofia e Teologia) e pela Rede Brasileira de Centros e Institutos de

    Juventude, dividido em trs mdulos: o primeiro, ocorrer

    em janeiro de 2017; o segundo, em julho de 2017; e o terceiro, em janeiro de 2018.

    A especializao tem como objetivo construir referen-

    ciais que ajudem na compreenso sobre o fenmeno juve-

    nil no mundo contemporneo, capacitando profissionais

    e militantes que atuam com os jovens nas mais diferentes

    organizaes. Em 15 anos de existncia, o curso j formou centenas de especialistas que contribuem para as reflexes

    sobre a juventude.

    Em 28 de janeiro, os jovens Fran-cisco Alan Martins, Klebson Dantas, Mrcio Danilo Santos e Thiago Coelho professaram os votos

    de Pobreza, Castidade e Obedincia

    na Companhia de Jesus. Inspirados

    pela Palavra de Deus, esses novos je-

    sutas desejam doar suas vidas ao ser-

    vio do Reino, afirmou padre Jonas

    Caprini, secretrio para Juventude e

    Vocaes da Provncia dos Jesutas do

    Brasil BRA.

    Ingresso

    No dia 4 de fevereiro, oito jovens in-

    gressaram no Noviciado da Companhia

    de Jesus. So eles: Aldemn Neto, de

    Barreiros (PE), Dimas Oliveira, de Santa

    Rita do Sapuca (MG), Fabrcio Vassoler,

    de Iconha (ES), Gabriel Vilardi, de So

    Jos do Rio Preto (SP), Judson Oliveira,

    de Jardim do Serid (RN), Ozires Vieira

    de Sousa, de Xambio (TO), Paulo Sr-

    gio de Souza, de Salto (SP), e Paulo Ve-

    rssimo Filho, de Parelhas (RN).

    Da esq. p/ dir., os novios Danilo, Thiago, Klebson e Alan

  • 26 27Em Em

    COMPANHIA DE JESUS EDUCAO

    PROGRAMA DE INCLUSO EDUCACIONAL E ACADMICA

    Entre os dias 4 e 6 de janeiro, a Companhia de Jesus reuniu co-ordenadores e representantes de mantenedoras e de unidades de

    educao vinculadas Rede Jesuta

    de Educao PIEA (Programa de In-

    cluso Educacional e Acadmica), em

    Porto Alegre (RS), para avaliar as ativi-

    dades realizadas em 2016 e planejar as

    aes previstas para 2017.

    O encontro contou tambm com

    a presena do diretor de Assistncia

    Social da ASAV (Associao Antnio

    Vieira) e secretrio para a Justia Socio-

    ambiental da Provncia dos Jesutas do

    Brasil (BRA), padre Jos Ivo Follmann, e

    da coordenadora do Programa de Prti-

    cas Sociojurdicas (PRASJUR) da Unisi-

    nos, Maria Alice Rodrigues.

    A integrao entre pessoas, pro-

    cessos e prticas foi um dos elementos

    mais destacados pelos participantes

    do evento. As reunies so extrema-

    mente importantes para alinhamento

    e unidade dos processos tcnicos a

    partir da troca de experincias, afir-

    mou a analista de Ao Social da ANI

    (Associao Nacional de Instruo),

    Cristiana Pires.

    Nesses encontros, percebemos a

    relevncia da permanente construo

    da unidade tcnica, por meio do dilogo

    em rede, ressaltou a coordenadora de

    Assistncia Social da ANEAS (Associa-

    o Nbrega de Educao e Assistncia

    Social), Tatiane Almeida S. de SantAna.

    Para Carlos Magno Nunes, assis-

    tente social do Colgio Catarinense

    (Florianpolis/SC), o encontro foi

    uma excelente oportunidade de parti-

    lha entre o grupo. As reunies da rede

    se caracterizam por serem um impor-

    tante momento de reflexo, aprofun-

    damento das prticas e aprendizado,

    salientou Nunes.

    Em 2017, o Colgio So Lus completa 150 anos de histria. Fundado por jesutas, ele nasceu na cidade de Itu, interior de So Paulo, em 1867. Meio sculo depois, em 1918, foi transferido para a capital paulista, passando a ocupar

    um quarteiro da Avenida Paulista, onde

    est at hoje.

    Com mais de 2.500 alunos atualmente, o Colgio So Lus reconhecido como

    um dos mais tradicionais e respeitados do

    pas. A instituio integra a Rede Jesuta

    de Educao, composta por mais de 2 mil instituies de ensino no mundo e, des-

    de 1943, oferece Ensino Mdio Noturno a quase 500 jovens vindos de escolas pbli-

    cas, por meio de bolsas de estudo.

    So muitas as histrias constru-

    das ao longo desses 150 anos. Algumas delas esto registradas no livro Experi-

    mentar para aprender Cincias no Co-

    lgio So Lus, que rene relatos sobre o

    estudo de cincias no So Lus desde a

    COLGIO SO LUS PREPARA-SE PARA SEUS 150 ANOS

    sua fundao, em 1867, at 2016. A obra faz parte da coletnea de publicaes da

    escola, que busca resgatar a memria e

    registrar as realizaes do Colgio nas

    diversas reas do conhecimento. A edi-

    o anterior foi o livro Pontap Inicial

    para o futebol no Brasil, que abordou os

    esportes no So Lus de 1880 a 2014.Ao longo de 2017 e incio de 2018,

    acontecero vrias aes pelos 150 anos do Colgio. O calendrio de eventos co-

    memorativos est disponvel no link:

    www.saoluis.org/150-anos-do-colegi0 -sao-luis

  • 26 27Em Em

    AGENDA

    AnchietanumLocal | So Paulo (SP)Site | www.anchietanum.com.br

    Centro Loyola de F e Cultura PUC-RioLocal | Rio de Janeiro (RJ)Professora | Silvana VenncioSite | www.centroloyola.puc-rio.br

    Casa MAGIS Rio de JaneiroLocal | Rio de Janeiro (RJ)Contato | www.facebook.com/redeinacianadejovensrio

    Casa MAGIS ManresaLocal | Cascavel (PR)Site | casamanresa.wixsite.com/site

    MARO

    Casa de Retiros Vila Kostka Itaici Tema | Experimentemos o Deus misericordioso revelado por Jesus!Local | Indaiatuba (SP)Orientador | Pe. Raniri de Arajo Gonalves, SJSite | www.itaici.org.br

    Casa de Retiro Santo Afonso RodriguezLocal | Teresina (PI)Contato | [email protected] ou Tel.: (86) 3234-4423

    3 A 5

    11 E 12

    RETIRO TEMTICO

    EXERCCIOS ESPIRITUAIS COM EQUIPES DE LITURGIA

    11

    13, 20 E 27

    24 A 26

    26

    CATEQUESE NARRATIVA

    CURSO MITO E VERDADE NA BBLIA

    EXERCCIOS ESPIRITUAIS PARA JOVENS

    TARDE MAGIS

    JUBILEUS80 ANOS DE COMPANHIA Em 10 de fevereiroPe. Hber Salvador C. de Lima

    75 ANOS DE COMPANHIAEm 28 de fevereiroPe. Francisco de P. A. Xavier Barbieri

    Pe. Lino Stahl

    70 ANOS DE COMPANHIAEm 1 de fevereiroPe. Pedro Alberto Campos

    Pe. Pedro Cansio Melchert

    Em 28 de fevereiroPe. Pedro Norberto Link

    60 ANOS DE COMPANHIAEm 23 de fevereiroPe. Paulo de Arruda DElboux

    Em 28 de fevereiroPe. Francisco de Assis Costa Taborda

    Pe. Hilrio Henrique Dick

    Pe. Joo Sebaldo Schuck

    25 ANOS DE COMPANHIA Em 28 de janeiroPe. Adilson de Almeida Santos

    Pe. Carmo Henrique Mocellin

    Ir. Luis Edilberto de Castro Feitosa

    Em 1 de fevereiroPe. Plutarco de Souza Almeida

    Em 10 de fevereiroPe. Chang Son Yu

    Em 13 de fevereiroPe. Cledinei Clvis de Melo Cavalheiro

    Pe. Srgio Eduardo Mariucci

    50 ANOS DE COMPANHIAEm 1 de fevereiroPe. Arcides De Bastiani

    Pe. Cludio Werner Pires

    Pe. Nelson Lopes da Silva

    Pe. Roberto A. Santos Albuquerque

    Em 12 de fevereiroPe. Bahige Schahim

  • 28 ATEm Em