Embalando Música

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Embalagens conceituais inspiradas em conteúdos musicais. Projeto de Adriano Almeida Gonçalves para conclusão do curso de pós-graduação em Design de Embalagens na Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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EMBALANDO MÚSICA:EMBALAGENS CONCEITUAIS INSPIRADAS EM CONTEÚDOS MUSICAIS

Rush 30 – The Complete Compilation

CURITIBA2004

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁCENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE DESIGN DE EMBALAGENS

ADRIANO ALMEIDA GONÇALVES

Trabalho de conclusão do curso de Design de Embalagens do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, da Pontifícia Universi-dade Católica do Pa-raná, como requisito parcial à obtenção do título de pós-graduado em Design de Emba-lagens.

Introdução....................................................................................................................{01}

Som na Caixa..............................................................................................................{02}

Música Gráfica.............................................................................................................{03}

Degustação Sonora.....................................................................................................{04}

Pirataria Musical..........................................................................................................{05}

Investindo em Música.................................................................................................{06}

A Arte de Embalar.......................................................................................................{07}

Experimentações Materiais.........................................................................................{09}

Embalando Conceitos...................................................................................................{12}

Biografia Rush..............................................................................................................{13}

The Complete Compilation...........................................................................................{16}

Embalagem Disco I - Baggage......................................................................................{18}

Embalagem Disco II - The Hard Glass...........................................................................{23}

Embalagem Disco III - Power Synthetic.......................................................................{27}

Embalagem Disco IV - Eruption....................................................................................{31}

Embalagem Disco V - On Stage...................................................................................{35}

Embalagem Caixa........................................................................................................{39}

Entrevista....................................................................................................................{43}

Conclusão....................................................................................................................{45}

Bibliografia...................................................................................................................{47}

Sumário

Introdução

Como descrever a sensação de ouvir uma boa música? Aquela

música que marca a gente, que nos trás lembranças, boas ou ruins. Que nos

deixam de bom humor ou mal-humorados. Que nos faz sorrir, chorar, dançar.

A música contagia as pessoas. É uma manifestação autenticamente

humana. É algo de gosto muito pessoal, capaz de agradar uns e irritar outros.

É uma das manifestações artísticas mais belas que o homem já criou. É uma

arte eterna.

Como representar de forma material algo que não se vê, não se toca;

apenas sente-se. Transportar a música para os outros sentidos. Representar os

conceitos artísticos musicais em mensagens visuais e materiais. Contemplar a

obra do artista antes mesmo de ouvi-la.

Este é objetivo do projeto Rush 30 – The Complete Compilation – dar

à embalagem outra função além de transporte e proteção do produto.

A embalagem como uma representação conceitual do produto, atua

como um atrativo a mais no despertar do interesse consumidor. E a proposta

consiste em embalar o disco com o conceito de sua mensagem.

Como exemplo prático utilizei um projeto para uma coletânea com as

músicas da banda canadense de rock Rush, que em 2004, completa 30 anos de

lançamento de seu primeiro disco. Optou-se em trabalhar com esta banda devido

à sua grande variação criativa em suas músicas.

zero um{ }

Som na Caixa

A música sempre esteve presente na vida do homem. Fonte de prazer ou

apenas uma forma de distração é muito difícil encontrar alguém que não goste

de pelo menos uma música dentro do leque dos inúmeros estilos musicais. A

música muda as pessoas, marcam suas vidas dando-lhes alegrias ou tristezas.

Mas o que é música? O que é este som que nos encanta? É algo que

sentimos, mas não vemos. É como se comprássemos uma sensação, mas não

pudéssemos toca-la até o início de sua manifestação.

Discos de vinil, fitas cassete, CDs. Estes são os meios de armazenar

música. Um disco é apenas um disco enquanto não está em um aparelho de som

ou vitrola tocando música. É um pedaço de plástico que não nos diz nada até

que o coloquemos em funcionamento. A satisfação em contemplar a obra criada

pelos artistas só é manifestada quando começamos a ouvir a música.

Será que não existe uma forma deste prazer em se ouvir uma boa

música manifestar-se antes mesmo de ouvir o disco?

O Pink Floyd sem-pre foi uma banda altamente conceitual, trazendo para suas capas, essências vitais de sua música.

{1969}Pink FloydUmmagumma

{1973}Pink FloydThe Dark Side of the Moon

Nesta edição especial de uma co-letânea de músicas do Led Zeppelin, o consumidor é presenteado com uma bela caixa em papel com um livro luxuoso, con-tando a história do grupo.

Música Gráfica

Na era dos discos de vinil eram grandes os vôos de imaginação permi-

tidos pelas 12 polegadas de superfície dos LPs. São desta época as mais belas

e expressivas capas de discos.

Quem consegue esquecer o excelente trabalho de Storm Thorgerson,

que imortalizou as capas dos discos do Pink Floyd e Led Zeppelin. A ousadia de

estampar apenas a foto de uma vaca na capa do disco “Atom Heart Mother”

do Pink Floyd surpreende até os dias de hoje.

O que falar de Roger Dean e as psicodélicas ilustrações para os discos

do Yes. Os cenários utópicos e surrealistas refletem bem a essência das músicas

progressivas desta banda.

Hugh Syme sempre traduziu em imagens os conceitos da música da

banda Rush, produzindo belas e enigmáticas capas para o grupo. São verdadeiras

obras de arte, que poderiam muito bem estar expostas em museus de arte.

Com o surgimento do CD, o espaço destinado à capa foi drasticamen-

te reduzido, além das embalagens terem sido padronizadas em rígidas caixas

plásticas transparentes.

Hoje para reduzir custos, na grande maioria, lançar um CD significa

coloca-lo numa caixa padrão plástica com um pedaço de papel couché identi-

ficando seu título. Alguns ainda criam um encarte em formato de livreto, em

sua maioria, com um número bastante reduzido de páginas.

Atom Heart Mother. A vaca mais famosa da histório do rock, que transformou uma pequena fazenda da Inglaterra em ponto turístico.

Roger Dean e as utópicas ilustrações das progressivas músicas do Yes.

zero três{ }

{1970}Pink FloydAtom Heart Mother

Degustação Sonora

Ir à uma loja de CDs escolher um disco, não é das tarefas mais fá-

ceis, e torna-se ainda mais difícil quando não se sabe o que procurar. Aquele

monte de caixinhas plásticas variando apenas em desenhos nas capas não nos

dá informações suficientes do que temos em mão.

Apreciar um bom CD não é necessariamente apenas ouvi-lo. Este

prazer pode começar antes da compra. O desejo em tê-lo, produzido por algum

estimulo visual, é uma forma de prazer que se completa ao ouvir o disco. A

ousadia de uma boa capa já altera em muito a expectativa em se ouvir o disco.

E quando esta ousadia ultrapassa as padronizadas caixas plásticas, o resultado

final e ainda mais prazeroso.

A sensação de se ouvir um disco com uma embalagem ruim é o mesmo

que ganhar um presente mal embalado. Todo o prazer que é gerado antes da

contemplação sonora, não se manifesta. Na verdade uma apresentação gráfica

ruim do disco pode até nos afastar dele.

Os aspectos visuais dos discos são as primeiras impressões que o con-

sumidor tem do produto. Esses sinais podem afasta-lo ou aproxima-lo da obra.

A expectativa de como serão as músicas começa com este contato.

O Yes sempre se destacou pela linha gráfica de seus dis-cos, principalmente em suas edições especiais.

Nevermind do Nir-vana representa bem toda a rebeldia pós-punk dos anos 90.

Pirataria MusicalAtualmente temos o problema da indústria da pirataria de discos. Hoje

com a estrutura e tecnologia que as máfias do contrabando possuem, fica difícil

para o consumidor evitar adquirir um CD no mercado paralelo por até 1/7 do

valor de um disco original nas lojas.

Para se combater a pirataria não basta apenas mecanismos que dificul-

tem a duplicação dos discos ou selos autenticadores de originalidade. É preciso

mudar a mentalidade de quem consome estes discos. Dar um estimulo a mais,

um diferencial que o faça comprar o disco original e não o falsificado.

Um exemplo de como uma embalagem bem elaborada desperta o

interesse no consumidor foi o lançamento de um disco da banda Angra. No

início de 2003 foi lançado um CD duplo contendo um show feito no Brasil.

Para o lançamento foi criada uma edição limitada com embalagens luxuosas

especiais em papel. Em seguida lançou-se o mesmo disco na tradicional caixa

plástica. As pessoas procuravam nas lojas o disco da edição especial, sem se

importar em pagar um pouco a mais pelo CD.

É preciso oferecer atrativos ao consumidor para que ele entenda a

diferença entre um CD pirata e um original. Esta é uma forma de tentar ex-

plicar a questão dos direito autorais, ignorada pela grande parte do público

consumidor sem instrução.

O Jethro Tull, outra grande banda de rock progressivo, também transforma a capa de seus discos em verda-deiras representações musicais gráficas.

{1971}Jethro TullAqualung

zero cinco{ }

Investindo em Música

O Brasil é sexto maior mercado fonográfico no mundo, com o dobro

do volume de vendas do italiano e três vezes o do México.

A maioria das pessoas que consomem discos compram em média 2 CDs

por mês. Compram geralmente novidades e modismos e levam muito em conta

os valores dos discos. Existe ainda um público seletivo, que consome produtos

mais elaborados, movidos por gosto pessoal. Este público geralmente coleciona

discos e discografias, investindo muito em CDs. Uma boa apresentação gráfica

de um disco, torna-o colecionável, aumentando as vendas.

Alguns artistas do meio musical começaram a lançar seus discos em

embalagens diferenciadas, como um elemento a mais na expressão física de

sua música ou mesmo como uma forma de atrair mais fãs. O resultado disso

são excelentes discos, que dão à quem o compra uma satisfação contemplativa,

antes mesmo de ouvi-lo. Aliás, esta forma de apresentação de um disco, torna-

se um fator determinante positivamente na hora da compra.

No disco Thick as Brick, do Jethro Tull, a capa e todo o encarte é representa-do como se fosse um jornal, com matérias, anúncios e fotos.

{1972}Jethro TullThick as a Brick

A Arte de Embalar

Adrian Shaughnessy, em seu livro Sampler: Contemporary Music

Graphics, disseca o trabalho de líderes do design de discos, que influenciam

até hoje o trabalho em capas de discos.

A arte de discos de Frank Sinatra, em especial “In the Wee Small

Hours of the Morning” (de 1955), o catálogo do selo de jazz “Blue Note”, criado

pelo artista Reid Miles, e os primeiros álbuns de Elvis Presley encontram-se

entre as manifestações de design que ainda influenciam o trabalho de criadores

gráficos e impressionam por sua qualidade.

O disco responsável por dar status de artista ao designer de capas foi

“Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, um dos álbuns mais

importantes para a cultura do século 20. Até o lançamento de Sgt. Pepper’s,

o design das capas era comissionado pelos departamentos de publicidade das

grandes gravadoras. Os Beatles foram os primeiros músicos a encomendar o

trabalho para artistas gráficos, no caso, o casal Blake e Haworth.

A noção de que artistas de renome poderiam assinar um produto tão

descartável quanto uma capa de disco, porém, não foi uma idéia dos Beatles. O

mestre Marcel Duchamp também criou capas - feitas à mão e individualmente

numeradas - para as gravações experimentais que ele e Josef Beuys desenvol-

viam na Europa. A estréia do grupo Velvet Underground, com a famosa “capa

da banana”, ocorreu dois meses antes de Sgt. Pepper’s por iniciativa de Andy

Warhol que patrocinava a banda.

Na era dos CDs, dificilmente aparecem obras com o tipo de densidade

ou poluição visual registrada em Sgt. Pepper’s. Mas a maior referência dos

tempos modernos ainda é um disco dos Beatles: aquele que representa o oposto

de Sgt. Pepper’s, o chamado “álbum branco”, The Beatles, de 1968. Foi a

segunda encomenda dos Beatles, feita ao artista pop Richard Hamilton, outro

maldito das artes plásticas da época. A famosa capa branca de Hamilton, que

trazia apenas o nome do grupo, incolor, em alto-relevo, trouxe o conceito de

minimalismo ao rock. Seu total desrespeito para com as convenções gráficas

fez de Hamilton uma das figuras mais radicais do design.

Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, o início de toda a arte por trás dos grandes discos.

Andy Warhol e a cultura POP imor-talizou umas das capas mais famosas de todos os tempos do grupo Velvet Underground.

zero sete{ }

Peter Saville é uma lenda do design inglês anos 80. Sua geração surgiu

quando as capas deixaram de ser uma representação criativa das bandas para

virar um chamariz de vendas.

Para Shaughnessy, o que distingue a geração da década de 80 de seus

antecessores era a paixão pelos princípios de modernismo no design e na tipo-

logia. Até então, as letras importavam pouco, pois a maioria das capas trazia

fotos. Peter Saville, Neville Brody e Vaughan Oliver mudaram esse conceito.

Vaughan Oliver encontrou seu lar na gravadora 4AD, onde desenvolveu

uma arte que combinava borrões e desfocagens nas capas de discos de Cocteau

Twins, Pixies. Ainda na ativa, ele projetou o fantasmagórico CD de estréia do

grupo islandês GusGus.

Neville Brody chegou a levar as lições de suas capas do Cabaret

Voltaire e 23 Skidoo para o mercado editorial, transformando a revista The

Face num marco do design.

Mas foi Peter Saville, autor de capas de Joy Division e New Order,

quem estabeleceu que um design composto apenas por letras e cores poderia

ser uma obra-prima. Num meio cada vez mais dominado por fotógrafos de

moda, o trabalho de Saville e seu discípulo Mark Farrow ainda impressionam

com o poder da tipologia e desenho limpos. Sua inspiração pode ser conferida

nas capas dos recentes álbum e singles do Massive Attack, desenhados por Tom

Hingston com letras blocadas.

O coletivo The Designers Republic, que assina os discos de techno da

gravadora Warp, é outro exemplo da permanência deste mestre. Nada mais

sério que a capa do CD Autechre, do grupo inglês homônimo, toda em preto,

com o título em baixo-relevo feito negativo de The Beatles. Mas o próprio

Saville ainda pode ser visto, firme na pesquisa tipográfica, em discos recentes

de Goldie, Pulp ou Suede.

A escola do minimalismo continua influenciando. Em seus momentos

mais radicais chega a ponto de sugerir a própria ausência da arte de capa.

O design de Jean Touitou para o projeto The APC Experience vai ao limite

de dispensar totalmente a embalagem, mostrando, numa caixa transparente,

um CD-padrão, que só ganha individualidade por marcas à caneta vermelha,

identificando o autor e o nome do disco.

Peter Saville e as composições de letras e números para as capas dos discos do New Order.

A parceria entre o grupo Sonic Youth e o designer Christophe Habib

para a gravadora independente Sonic Youth Records busca sugerir embalagens

de CDRs virgens (CDs graváveis). Mas é a simpática capa do álbum TNT, da

banda americana Tortoise, a que melhor capta a renúncia do design em re-

presentar uma capa convencional. A capa de TNT, lançada em 1998, traz um

desenho comum, rabiscado à mão com uma caneta preta, sobre uma folha de

CDR virgem.

Algumas experimentações têm levado ao abandono da embalagem de

plástico transparente. No espírito do trabalho pioneiro de Duchamp e Beuys,

o designer Russell Mills ficou conhecido por desenvolver texturas diferencia-

das para os discos do grupo industrial Nine Inch Nails, explorando fotos de

esculturas neo-expressionistas sobre papel em relevo. Uma edição promocional

do disco TruPak, do grupo eletrônico Orbital, chegou a circular num pacote

embalado a vácuo. E a versão em vinil do álbum Psyence Fiction, do também

eletrônico Unkle, vinha numa caixa de pizza.

O DJ e empresário James Lavelle, líder do grupo Unkle, é também

dono da gravadora Mo’ Wax e, desde que a fundou tem-se destacado por

recusar-se a lançar discos em caixas de plástico. Todos os CDs da Mo’ Wax

saem em embalagens de papel reciclável. O design do Unkle e de outros con-

tratados da gravadora foi criado por um grafiteiro, Futura 2000, veterano do

hip-hop americano.

O grafite feito com spray, giz ou nanquim é outra presença criativa nas

capas contemporâneas. A série de coletâneas Hip-Hop Don’t Stop são exemplos

marcantes de como o grafite rabiscado e adaptado de imagens de quadrinhos

da década de 90 estabeleceu-se como uma versão atualizada da pop art.

O radicalismo não é exclusividade de selos eletrônicos ou indepen-

dentes. A conceituada gravadora de jazz Verve surpreendeu o mercado com a

embalagem em metal da caixa The Complete Bill Evans, assinada por Patricia

Lie.

TNT da banda Tortoise renuncia totalmente o design, rabiscando um dese-nho sobre uma folha de CD-R virgem.

Todos os discos do grupo U.N.K.L.E. circulam em em-balagens de papel reciclado.

O Nine Inch Nails usa e abusa do experimentalismo nas capas de seus discos.

zero nove{ }

Experimentações Materiais

A banda de rock norte-americana Pearl Jam desde 1993 só lança

seus discos em embalagens de papel. Variando nos formatos, e tipos de papeis,

o resultado é um excelente trabalho. Tal procedimento é justificado como uma

redução de custos no valor final para o consumidor. Mesmo que esta redução

fique apenas no país de origem, o resultado final é bastante agradável.

No disco “Pink Sunshine” do Fuzzbox a tradicional caixa plástica foi

substituída por um caixa em papelão no mesmo formato, com as faces externas

revestida por um tipo de pelúcia sintética, imitando a pele de um carneiro.

Uma edição promocional do disco “Automatic for the people” da

banda R.E.M. substituía a caixa plástica por um estojo de madeira. O encarte

vinha como folhas soltas, no formato de postais.

Billy Idol foi um pouco mais além. Em seu disco “Charmed Life”

descartou a embalagem normal do CD e apresentou o disco numa espécie de

display em papel, no formato de um oratório católico.

“Woodface” da banda Crowded House utiliza um material parecido

com fitas cassete para reproduzir o aspecto de um gramado, na capa do disco.

Um recurso bastante usado hoje em dia e a utilização de capas nas

tradicionais embalagens plásticas. Estas capas, em papel, plástico ou outros

materiais, além de proteger a embalagem, valorizam o disco. Este recurso

foi utilizado no relançamento dos CDs do Deep Purple e no disco “Live in

Rok in Rio” do Iron Maiden, este último tinha sobre a capa, uma ilustração

holográfica.

No disco “Pulse” da banda inglesa Pink Floyd, Storm Thorgerson

criou uma nova embalagem toda em papel rígido. A peça é uma caixa com um

livreto. Os CDs (dois discos) são colocados em bolsos, atrás da capa e contra

capa do livreto.

Uma edição especial com a discografia da cantora Janis Joplin, traz

seus 5 discos condicionados em uma luxuosa caixa em papel. Mas a coleção

destaca-se apenas pela caixa externa, já que as embalagens individuais não

sofreram nenhum aditivo diferencial, nem mesmo nos encartes.

O Pearl Jam, desde 1993 lança seus dis-cos em embalagens de papel, como uma forma de baratear o custo de seus discos.

Algumas re-edições comemorativas de discos do Deep Pur-ple trazem capas em papel com criações diferenciadas.

dez{ }

No Brasil a gravadora Trama investe muito em design como forma de

criar discos bastante diferenciados. Seus discos sempre tem uma comunicação

visual bem elaborada e algumas vezes, embalagens criativas, quase sempre em

papel ou materiais não convencionais.

A banda de rock AC/DC recentemente relançou todos os seus discos

em embalagens de papel, valorizando os aspectos gráficos dos discos.

Seth Rothstein, diretor de projetos especiais do selo Legacy, da Sony,

idealizou duas caixas retrospectivas das carreiras de Charlie Christian e Her-

bie Hancock auxiliado pelos produtores Michael Brooks & Michael Cuscuna

(Christian) e Bob Belden & David Rubinson (Hancock). As luxuosas embalagens

são um caso à parte: a caixa de Christian reproduz um antigo amplificador de

guitarra da marca Gibson, enquanto a de Hancock mais parece uma escultura

transparente feita em acrílico, espécie de obra de arte contemporânea que dá

até pena de ser violada.

Estes são apenas alguns exemplos do que já foi feito em termos de

embalagens para discos.

Live in Rock in Rio do Iron Maiden inovou ao utilizar uma capa em papel com um aplique holográfico.

P.U.L.S.E. do Pink Floyd. A transfor-mação da embala-gem de um disco em livro.

Ao se lançar disco-grafias é comum a criação de caixas diferenciadas, como nesta, da cantora Janis Joplin.

A gravadora Trama é uma das empre-

sas brasileiras que investe no design de capa

de discos como diferencial de venda. Os discos

lançados por ela trazem sempre uma carga con-

ceitual expressa em sua embalagem.

Embalando Conceitos

Este projeto propõe que os CDs tenham embalagens diferenciadas

e criativas baseadas em cada disco. Usar conceitos musicais para embalar

discos. Cada música, disco, banda, estilo musical são diferentes entre si. São

expressões artísticas individuais. Por isso cada disco deveria ter sua embalagem

criada com base em seu conceito. A mensagem musical deve ultrapassar as

barreiras do CD e chegar até o consumidor através de representações gráficas,

visuais ou táteis.

Para exemplificar esta idéia, desenvolveu-se o projeto Rush 30 –

The Compete Compilation. Trata-se de uma coletânea de músicas da banda

canadense Rush, dividida em 5 CDs. Cada CD possui uma embalagem própria,

conceitual, individualmente criada com base em seu conteúdo musical.

Os formatos criados e materiais utilizados expressam o conceito mu-

sical contido em cada disco, dando ao consumidor do produto, uma noção do

que irá ouvir comprando determinado disco.

Para se entender cada embalagem é preciso antes conhecer o artista

e seus conceitos. Como faz suas músicas e o que elas representam.

Neste disco do Pulp, podemos ver o traba-lho de Peter Saville na composição do logo.

Biografia Rush

A banda canadense Rush teve sua primeira formação em 1969. Em

seus mais de 30 anos de história produziu não apenas álbuns de hard-rock, mas

verdadeiras obras primas de lirismo e música, que chegaram a fazer com que

a banda fosse caracterizada por muitos como rock progressivo.

A primeira formação da banda contava com o baixista e vocalista Ge-

ddy Lee (Gary Lee Weinrib), o guitarrista Alex Lifeson (Alex Zivojinovich) e o

baterista John Rutsey, companheiros de escola. Em 1974, não tendo conseguido

apoio de gravadoras, lançaram de forma independente seu primeiro disco, auto-

intitulado. Apesar da excelente qualidade do disco não se tratava ainda do tipo

de música elaborada que iria projetar a banda. “Rush” é um excelente álbum

de hard rock, com bons instrumentistas e bastante energia e trata-se também do

álbum mais expontâneo e mais simples da banda. Logo após a gravação deste

primeiro disco o baterista John Rutsey abandonou a banda, sendo substituído

pelo lendário Neil Peart (considerado até hoje um dos melhores, senão o melhor,

baterista de rock do mundo). Mais do que um baterista haviam conseguido um

excelente letrista cujos trabalhos casavam perfeitamente com as composições

de Geddy Lee e Alex Lifesson. Desde então a formação da banda não mudou.

No segundo álbum, “Fly By Night” (1975), já contando com Neil Peart,

a banda finalmente começou a definir o estilo que a acompanharia, afastando-se

do hard-rock-blues zepelliniano e passando a fletar com o progressivo em arranjos

e principalmente letras mais complexas. A banda chegaria ainda mais próxima

do progressivo a partir do terceiro álbum, “Caress of Steel” (1975), conceitual,

com grandes suítes como em The Necromancer e The Fountain of Lamneth.

O sucesso comercial só viria realmente em 1976 com a gravação de

“2112” (também conceitual) que tornou a banda mundialmente conhecida. “2112”

mostra ainda um grande salto da banda no quesito letras, com o conceito mais bem

explorado até então (abordando o domínio do sistema sobre uma pessoa). No mesmo

ano saiu o seu primeiro registro ao vivo, “All The World is a Stage”.

{Alex Lifeson} GuitarraViolão

treze{ }

A “Farewell to Kings” (1977) refletiu uma mudança semelhante de

maturidade na parte musical da banda. Curiosamente um dos temas abordados,

“Cygnus X-1”, seria citado posteriormente em vários outros álbuns, principal-

mente em “Hemispheres” de 1978 (considerado por muitos seu melhor trabalho

e seu último grande trabalho conceitual).

A partir de então a banda estranhamente mudou seu som, se aproxi-

mando do que agradava às rádios, diminuindo o tamanho das músicas e evitando

as suítes intermináveis. Conquistam obviamente um público muito maior às

custas do desgosto de boa parte dos fãs antigos. O álbum “Permanent Waves”

(1980) traz seu primeiro grande hit, “Spirit of Radio”. “Moving Pictures”

(1981) vem confirmar esta fase com a música “Tom Sawyer”. Apesar da maior

acessibilidade do som da banda, a sua qualidade continuava indiscutível. Esta

fase de ótima aceitação do grupo por parte do grande público foi fechada com

mais um excelente registro ao vivo, “Exit Stage Left”.

O Rush trabalha com fases em sua discografia. Cada fase é composta por

4 discos de estúdio e um ao vivo, com sonoridades e experimentações diferentes.

Os próximos álbuns, “Signals” (1982) e “Grace Under Pressure”

(1983) trazem uma tentativa da banda em modernizar seu som, incluindo sin-

tetizadores nos arranjos (deixando um pouco de lado as guitarras) e abordando

temas futuristas. “Power Windows” (1985) e “Hold Your Fire” (1987) mantém

este caminho. Em 1988 foi lançado o álbum ao vivo “A Show Of Hands”.

Nos álbuns a seguir a banda tentou resgatar um pouco de sua sonori-

dade antiga, optando por reduzir o uso de equipamentos eletrônicos. A tenta-

tiva de simplificar o som resultou em uma produção aparentemente ruim e os

álbuns “Presto” (1990), “Roll The Bones” (1991) e “Counterparts” (1993)

não tiveram uma recepção calorosa por parte dos fãs antigos.

{Neil Peart} Bateria

{Geddy Lee} VocalBaixoTeclados

quinze{ }

Em 1996 o Rush lançou o álbum “Test For Echo”, bastante aplaudido

pela crítica e público. “Different Stages Live” foi o novo álbum ao vivo lançado

pela banda, desta vez triplo. Em 2002, quase seis anos depois de lançar seu

último trabalho de estúdio, o trio canadense volta à cena com “Vapor Trails”.

São treze canções que mostram o Rush do novo milênio, revigorado e repleto de

entusiasmo, deixando de lado sua veia mais progressiva para apostar no peso do

grupo. Nada de sintetizadores ou teclados, apenas guitarra, baixo e bateria em

sua forma mais pura. No mesmo ano, depois de mais de três décadas de banda,

o Brasil teve finalmente a oportunidade de vê-los ao vivo. O Rush se apresentou

em novembro nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. E estas

apresentações resultaram em mais um disco triplo ao vivo, o Rush in Rio.

The Complete Compilation

Esta coletânea é composta por cinco discos. Quatro deles com material

de estúdio e um com o registro das melhores performances ao vivo.

Cada disco possui uma embalagem própria, em material e formato

diferenciado, baseado em seu conteúdo musical. Há ainda uma sexta embalagem

em formato caixa desmontável, que contém as demais embalagens.

Cada embalagem dos discos tem uma forma diferente de embalar e

proteger o CD. Todas elas possuem uma segunda embalagem que as protegem.

Esta embalagem externa possui o mesmo formato em quatro das cinco cria-

ções, porém todas se aproximando das medidas 125mm X 142mm X 20mm

(LXAXC).

Todas as embalagens utilizam papel e um outro material diferencia-

do, variando entre o metal, vidro, tecido, papel, plástico, borracha, espumas e

outros materiais sintéticos.

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Yy Ww Zz 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Yy Ww Zz 0 1 2 3 4 5 6

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Yy Ww Zz 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Yy Ww Zz 0 1 2 3 4 5 6

Tipologia:

Para textos Bell Gothic BT.

Para números, títu-los e topicos especiais a família City D.

Bold

Medium

Light

Logotipos para a marca Rush 30. Acima para a frente das embalagens e abaixo para as laterais.

{1974} Rush

BAGGAGE

Este disco é composto por 10 músicas. “Working Man”, “Before and

Afther”, “Finding my Way”, “By-Tor and the Snow Dog”, “Fly By Night”,

“Benneth, Between and Behind” apresentam um Rush bem descontraído, com

um hard rock trabalhado baseado na simplicidade de arranjos, como as canções

de estrada ou raízes. “Tears” é uma balada bem calma e relaxante. E para fi-

nalizar “The Necromancer” e “2112” dão o tom obscuro do disco. Duas longas

suítes conceituais e com uma atmosfera pesada, que dão uma introdução para

o clima do segundo disco.

Conceito:As músicas desta fase da banda, presentes neste disco, são em sua maioria

canções mais simples que o restante da coletânea. São músicas que retratam bem a

década de 70 e despertam no ouvinte, um sentimento de nostalgia.

A sensação de ambiente rústico está sempre presente nas composições.

Além disso, esta fase representa a “bagagem” criativa da banda, uma

vez que todos os discos posteriores a esta fase, levam consigo referências desta

época. É como se toda a bagagem de que o grupo precisaria pra criar os discos

seguintes estivesse presente nas músicas desta fase.

Embalagem:

Partindo-se do nome do disco “Baggage” e da ideia de que as músicas

desta fase representam a bagagem criativa da banda, criou-se uma embalagem

no formato de uma mala de viagem. Além disso a embalagem é feita em material

rústico, (papel kraft) e impressão de apenas uma cor (preto) referenciando o

carater de simplicidade e improvisação desta fase.

O encarte, reforça ainda mais esta idéia, pois além de ter o formato

de “embrulho” e feito em tecido (algodão crú), dá a ideia de simplicidade e ao

mesmo tempo referencia o conteúdo da bagagem.

Para isso utilizou-se um pedaço de tecido rústico e barato (algodão

cru). O próprio tecido funciona como embalagem e ao mesmo tempo o encarte

do disco, já que em sua face foram impressas informações sobre a obra.

A embalagem é constituída por duas peças. O tecido com uma espé-

cie de bolso que contém o disco e uma embalagem externa em papel Kraft que

contém a peça em tecido. O papel Kraft e o tecido são materiais bem rústicos

que refletem bem a maioria das músicas do disco caracterizadas por um som

bastante cru. A utilização de apenas uma cor (preto) para impressão de infor-

mações e imagens dão o caráter duplo de simplicidade e improvisação.

{1975} Fly by Night

Embalagem interna e externa.

dezenove{ }

Estrutura:

Materiais:

Embalagem Interna: Tipo de tecido: Algodão cru

Medidas: 420 mm X 297 mmImpressão:Serigrafia em uma cor (preto)

Embalagem Externa:Tipo de Papel: Kraft 180 g/m²

Medidas (embalagem montada): 125 mm X 142 mm X 20 mm (LXAXC)Impressão: Off-set (02 cores)

Embalagem externa em papel kraft.

CD I

Encarte interno em tecido algodão crú.

{1975} Caress of Steel

Embalagem fechada com cinta em papel kraft.

vinte{ }

{1976}2112

Encarte interno com bolso onde contém o CD.

THE HARD GLASSO segundo disco é marcado pelas grandes suítes de clima pesado e

complexo. “Xanadu”, “Cygnus X1” e “Cygnus X1 Book II” dão a atmosfera

pesada do disco. Segue-se com “La Villa Strangiato”, num clima mais alegre,

mas logo volta ao clima sombrio com “Jacob´s Ladder”, entrando com a pe-

sada “Natural Science” e logo caindo na complexidade de “The Camera Eye”.

Para fechar o disco “Tom Sawer” e “The Spirit of Radio”, tiram o ouvinte do

clima depressivo.

Este disco é bastante frio e pesado, já que sete de suas nove músicas

são grandes composições complexas e depressivas.

Tão complexo quanto suas músicas é a embalagem deste disco. Seu

desenho tem um mecanismo de revelação. Por meio de uma capa em papel é

possível revelar ou esconder o disco. Este mecanismo referencia o caráter das

músicas que usam de sua complexidade para uma revelação. As composições

tem melodias que são reveladas de forma inesperada pelo ouvinte.

Este disco é caracterizado pelo experimentalismo, pela surpresa e

pelo inesperado.

Conceito:{1977}A Farewell to Kings

{1978}Hemispheres

Embalagem:O metal e o vidro são materiais bastante pesados e frios, por isso sua

utilização como aparadores do disco. Duas placas de vidro e uma de metal no

mesmo formato do CD são colocadas uma sobre a outra, como se fosse um

sanduíche, juntamente com o disco. Entre elas, maslhas de espuma sintética,

no mesmo formato dos discos, evitam o atrito entre as peças.

As peças de metal e vidro representam as músicas de clima pesado e

frio dando o aspecto obscuro do disco, enquanto a espuma representa as com-

posições mais alegres, equilibrando a obra.

A complexa embalagem externa é feita em papel revestido por uma

camada metálica. A impressão de apenas uma cor (variação de azul) deixa mais

nebuloso o clima do disco, que de toda a coletânea contém as músicas mais

complexas e conceituais.

Nas peças de vidro e metal estão impressos informações sobre o disco,

desempenhando a função de encarte.

O grande peso físico de embalagem é mais um ponto que reforça

aproposta do conceito.

{1980}Permanent Weaves

Materiais:

Embalagem Interna:02 placas de vidro, 04 mm de espessu-ra, recortadas em formato circular, com 116 mm de diâmetro.01 placa de aço escovado, 01 mm de espessura, recortada em formato circular com 116 mm de diâmetro.03 recortes cir-culares em malha sintética, na cor branca, com 116 mm de diâmetro.Impressão:Serigrafia de uma cor (branco)Embalagem Externa:Em papel cartão duplex 240 g/m² revestido por folha metalizada prata 90 g/m²Impressão: Off-set (02 cores)

Embalagem externa parte superior.

Embalagem externa parte inferior com me-canismo de revelação.

Embalagem interna.

vinte e quatro{ }

{1981}Moving Pictures

Detalhe das peças in-ternas, em metal, vi-dro, espuma sintética e o disco.

Estrutura interna com o mecanismo de revelação das peças.

Verso da embalagem externa.

Embalagem fechada, frontal.

Discos metálicos e de vidro, impressos como encartes.

Conceito:

Estamos nos anos 80. O terceiro disco engloba a fase mais comercial

da banda. O estilo musical dos anos 80 está bastante presente nas músicas. Não

há muitas diferenças nas músicas, que possuem um caráter bastante sintético.

“Digital Man”, “Losing It”, “New World Man”, “Emotion Detector”, “The

Big Money”, “Middletow Dreams”, “Red Lenses”, “Distant Early Warning”,

“The Enemy Withen”, “Turn the Page”, “Mission”, “Opem Secrets”, “The

Pass”, “Presto”e “Chain Lightng” compoem este disco.

Este disco engloba toda a década de 80. A sonoridade de suas músicas

refletem bem as músicas desta época. O uso de sintetizadores e teclados e a

redução no tamanho das melodias caracterizam as composições.

Em termos musicais, os anos 80 possuem uma sonoridade bem carac-

terística. A música de caráter sintético, com simplicidade em arranjos e melodia

e com duração bastante reduzida, caracteriza a década.

Esta também é a década dos novos materiais, ditos plásticos. O vinil,

a borracha e mesmo o plástico caracterizam esses anos. A explosão de cores

fortes também estão bem presentes.

POWER SYNTHETIC

{1982}Signals

{1984}Grace Under Pressure

Embalagem:A embalagem, como as outras demais, é composta por duas peças.

Uma caixa em material misto (papel e borracha) e um livreto em papel, folha

plástica, borracha e espuma sintética.

O papel nesta embalagem serve apenas de suporte para as peças em

borracha. É feito uma colagem da borracha (E.V.A.) sobre o papel para dar

resistência à peça, principalmente nas dobras e vincos.

A idéia para a embalagem deste disco é retratar esta década através

dos materiais utilizados, neste caso, borracha, plástico e espumas sintéticas

compõem a peça.

A cor predominante nesta embalagem é o vermelho. Este, além de

referenciar um disco desta fase (Hold Your Fire, que tem toda a sua capa

vermelha) e duas de suas melhores músicas neste período (“Red Sector A”, e

“Red Lensons”), o vermelho referencia as cores extravagantes características

dos anos 80.

Embalagem em papel e borracha E.V.A.

O “3” recortado na embalagem tem triplo significado. Referencia o número de integran-tes (3), o número do disco (III) e a fase pertencente (terceira).

O livreto interno pos-sui folhas plásticas transparentes. Sua leitura é feita apoian-do estas folhas sobre a espuma branca da embalagem.

Detalhe do terceiro disco.

vinte e oito{ }

Parte superior da embalagem externa em papel e parte in-ferior da embalagem externa em E.V.A.

Vista da embalagem III fechada com a união das duas peças.

Livreto interno. A parte em espuma branca envolve o disco.

{1985}Power Windows

{1987}Hold Your Fire

Materiais:Embalagem Interna: Papel revestido com borracha (E.V.A.). Interior com aplique de folhas plásticas com informações do disco e espuma sin-tética para proteger o CD. Além disso a capa do livreto não possui impressões, apenas um recorte com o número 3.Embalagem Interna: Papel: Off-set policromia.Plásticos: Rotogravura poli-cromia.Embalagem Externa: Uma caixa em papel revestido com borracha (E.V.A.) nas medias 125 mm X 142 mm X 20 mm (LXAXC). Impressão: Off-set (lado papel).

ERUPTION

Conceito:

*Expressão que referencia as músicas Cygnus X1, 2112 e The Necromancer, que são de grande com-plexidade e conceito.

{1989}Presto

{1991}Roll the Bones

{1993}Counterparts

{1996}Test for Echo

Este disco é uma compilação de músicas dos discos “Roll the Bones”,

“Counterparts”, “Test for Echo” e “Vapor Trails”, ou seja, são os últimos tra-

balhos da banda e representam o renascimento do grupo.

Nesta embalagem (toda em papel) o diferencial está mais no formato

que no material. Em forma de uma porca hexagonal, ao mesmo tempo em que

referencia o mais importante e enigmático disco desta fase (Counterparts tem

um parafuso com uma porca na capa), ela representa uma peça que vai se en-

caixar em algum lugar.

Como nas demais embalagens esta peça possui um caráter conceitual

duplo, representando também o resurgimento do grupo. A volta da banda após

um longo período de incertezas, é comparada à uma erupção vulcânica. É como

se algo estivesse adormercido e de repente surge com toda a força.

Aqui temos o renascimento do Rush. Esta fase pode não ter agradado

os fãs acostumados com um “Cygnus de 2112 necromanciado”*, mas aqui temos

o renascimento da banda. É o grupo mostrando que não morreu, que continua

criativo como nunca. Um novo som, como uma nova fase, mas sem deixar de ser

Rush. Fazem parte deste disco baladas, instrumentais e composições de gran-

de peso. São elas: “Dreamline”, “Where is my Thing”, “Ghost of a Change”,

“Double Agent”, “Animate”, “Cut to the Chase”, “Time and Motion”, “Test

for Echo”, “Limbo”, “Earthshine”, “Peaceable Kingdon” e “Secret Touch”.

Embalagem:

{2002}Vapor Trails

Estrutura da caixa externa em formato hexagonal.

Frente do encarte interno

Verso do encarte interno

A embalagem é composta por duas

partes. A caixa hexagonal e uma estrutura

desdobrável em 5 partes, ambas em papel.

O contraste de cores entre a peça ex-

terna e a interna reforça o conceito do renas-

cimento de algo que estava parado, esquecido,

(embalagem externa hexa-

gonal com aspecto de ferru-

gem) e a explosão ou erupção

(embalagem interna com

aspecto de lava vulcânica). A

estrutura interna quando des-

dobrada, unindo-se algumas

extremidades, transforma-se

numa estrutura de 3 lados,

que referencia a forma de um

vulcão em erupção.

trinta e dois{ }

Detalhe do disco IV.

Embalagem fechada, frontal.

O contraste entre o externo e o interno

O encarte desdobrado com o bolso onde contém o disco.

Materiais:

Embalagem Interna: Estrutura formada por uniões laterais de hexágonos em papel. Impressão: Off-set policromia.

Embalagem Externa: Caixa em for-mato exagonal, aproximando-se do tamanho das demais embalagens (125 mm X 142 mm X 20 mm), em papel. Impressão: Off-set policromia

ON STAGE

Conceito:

Este disco contém as melhores performances ao vivo da banda em dife-

rentes épocas de toda a sua carreira. O interessante é que nenhuma das músicas

ao vivo está nos demais discos de estúdio. São estas as composições: “What are

you Doing”, “Anthen”, “Bastille Day”, “A Passage to Bangkok”, “Closer to the

Heart”, “The Trees”, “Freewill”, “YYZ”, “Subdivicions”, “Marathon”, “Red

Sector A”, “Force Ten”, “Show Don´t Tell”, “Bravado”, “Leave that Think

Alone”, “Driven” e “One Little Victory”

Nesta embalagem, além de seu formato inusitado, a utilização de

vários materiais soma-se a beleza da peça. Neste disco temos músicas ao vivo

de toda a carreira da banda. Por este motivo optou-se em utilizar todos os

materiais característicos das outras embalagens. Materiais que referenciam,

músicas, fases e estilos.

Cada material utilizado representa um dos discos de estúdio e sua

respectiva carga de referências. A embalagem externa é uma caixa em plásti-

co transparente (referência ao terceiro disco que utiliza materiais plásticos e

sintéticos), com impressão translúcida.

{1976}All the World´s a Stage

{1981}Exit...Stage Left

A estrutura interna em papel (referência ao quarto disco que tem sua

embalagem toda em papel), tem cortes irregulares com dobras voltadas para o

centro da peça. Esta quando aberta reproduz um palco de shows.

No centro da embalagem em papel um pedaço de tecido (referência

ao primeiro disco que utiliza o tecido como material diferencial) no formato

do CD, protege o disco de eventuais riscos. A embalagem em papel e o tecido

possuem um furo central como nos CDs. Por estes furos, alinhados, passa um

parafuso metálico (referência ao segundo disco que utiliza materiais frios como

o metal e o vidro), prendendo o disco e a embalagem.

Embalagem:

Embalagem externa em plástico acetato transparente.

Estrutura interna em papel com cortes irregulares que se voltam para dentro da peça, envolvendo o disco.

Recorte em tecido no formato do disco.

Embalagem Interna: Formas irregu-lares em papel, com extremidades dobráveis, voltadas para o centro da peça. No interior um pedaço de tecido (algodão cru) recortado no mesmo formato de um CD.Impressões:Papel em off-set (policromia)Tecido em serigrafia (policromia) Embalagem Externa: Caixa em material plástico transparente. Impressão:Rotogravura (policromia)

Materiais:

{1988}A Show of Hands

{1998}Different Stages

trinta e seis{ }

Detalhe da estrutura inter-na, com o disco e o parafuso metálico que prende as abas da peça no disco.

Embalagem externa em plástico transparente. A estrutura interna em branco serve de fundo para reforçar as cores da capa externa.

Embalagem externa

Detalhe do disco V.

{2003}Rush in Rio

EMBALAGEM CAIXA

Para guardar e transportar as cinco embalagens criou-se uma emba-

lagem caixa em formato retangular, desdobrável.

Conceito:Como esta embalagem não funciona apenas como uma proteção para

as embalagens individuais, ela não poderia ser colada, pois seria por diversas

vezes montada e desmontada pelo usuário.

Por isso seu desenho é baseado num embrulho, cujos encaixes envolvem

e dão estrutura ao seu corpo.

Embalagem caixa frente.

Embalagem caixa verso.

quarenta{ }

Embalagem em papel kraft com impressão nos dois lados.

Materiais:

Esta caixa não utiliza nenhum tipo de cola ou adesivo para sua mon-

tagem e fechamento. Por meio de encaixes é feito a montagem da peça, isso

porque quando desmontada a embalagem transforma-se numa espécie de cartaz

explicativo, onde consta todas as informações de um encarte, como biografia,

discografia completa além de explicar o conceito da embalagem.

Embalagem:

{a} Por que colecionar discos?As pessoas colecionam discos primeiro porque gostam de determinada banda, cantor, ar-tista, porque gosta da música. É também uma forma de reconhecimento e contribuição ao artista.

{b} O que torna um disco colecionável?Quando de alguma forma este disco tem ligação com a banda. Mas também uma embalagem diferenciada ou uma capa chamativa também o torna um produto colecionável.

{c} Que elementos você observa e leva em consideração quando analisa um disco?Primeiramente a música, o conteúdo. Agora, se um disco possui uma embalagem diferenciada, é claro que chama a atenção. E se você entra numa loja de discos e não sabe o que comprar é claro que uma boa embalagem determina sua compra.

{d} Qual sua opinião sobre a padronização dos CD´s em caixas plásticas?Ruim, primeiro por que são frágeis e se quebram com facilidade, depois porque perde-se muito quando transforma-se um a capa de um vinil em CD.

{e} Você já conhecia a banda Rush?Sim, sou um grande admirador desta banda a 15 anos.

{f} O que você mais admira na banda?O virtuosismo dos integrantes, a técnica. A composição das músicas, a grande variação sonora.

{g} Qual a primeira impressão que se tem quando se vê a caixa Rush 30 - The Complete Compilation? Sem manusear a embalagem, não se sabe muito bem o que é. Mas logo se percebe os conceitos do grupo aplicados na embalagem.

{h} Qual sua opinião sobre a proposta de se transformar a embalagem de CD´s em representações gráficas de seus conceitos?Perfeito. É a continuação da música no papel. A arte do músico está gravada no disco e a embalagem funciona como uma complementação da música.

{i} Que “leituras” pode-se fazer ao manusear as embalagens? Poderia comentar alguma embalagem?A característica principal das embalagens é a surpresa. Elas sempre surpreendem mostran-do algo que você não esperava ver. A primeira embalagem passa uma idéia de algo antigo e rústico. A embalagem do disco 2 representa bem a fase conceitual. A idéia de utilizar o

ENTREVISTACom base em toda a pesquisa, conceitos e propostas, um protótipo foi

produzido. Esta peça foi apresentada à algumas pessoas, a fim de se avaliar a

proposta e comprovar algumas teorias.

Para exemplificar este experimento, tomemos como base uma entre-

vista com um colecionador de discos. Thiago de Araújo Baruffi tem 26 anos e

é publicitário. Coleciona discos a vários anos e é um profundo conhecedor da

história da banda Rush. Segue algumas comentários sobre o projeto Rush 30 -

The Complete Compilation.

metal como referência não apenas na sensação tátil, mas como o seu peso foi perfeito na representação. A terceira embalagem utilizando material sintético para representa anos 80 também. A quarta embalagem em formato hexagonal e com uma idéia de vulcão no interior dá uma idéia de libertação. A quinta embalagem é mais difícil de se perceber os conceitos musicais, porque ela é mais baseada na solução das outras embalagens.

{j} Conhecendo bem a banda, as embalagens refletem os conceitos dos discos?Sim. Totalmente.

{k} Se tivesse que escolher apenas uma entre as cinco embalagens qual seria a melhor? Por que?A embalagem 4. Porque reflete exatamente a atitude da banda. A parte desdobrável é muito interessante, formando a idéia de um vulcão.

{l} Se tivesse que escolher apenas uma entre as cinco embalagens qual seria pior? Por que?É muito difícil eleger uma “pior” porque são todas muito boas, mas se tivesse que coloca-las numa ordem de 1 a 5, a embalagem que ficaria com a quinta colocação seria a terceira porque seu formato é o que mais se aproxima de algumas embalagens que temos aqui, como alguns de discos do Pearl Jam.

{m} Aponte pontos positivos nas embalagens.São inúmeros. É uma excelente forma de representar e mostrar a banda a quem não a conhece. É uma peça muito original e diferente para colecionadores. É uma forma de va-lorização da embalagem.

{n} Aponte pontos negativos na embalagem.Na minha opinião apenas um: o seu preço que acredito eu seria muito elevado.

{o} Se estivesse exposta numa loja de discos, esta embalagem venderia?Com certeza. As pessoas comprariam, ou por ser fan do grupo ou por um impulso pro-duzido pela embalagem.

{p} Quanto você pagaria por ela?Levando em consideração alguns box-set e edições limitadas que tem no mercados, acho que algo em torno de uns R$ 300,00

{q} Você faria alguma modificação em alguma das embalagens?Colocaria duas cintas na primeira embalagem para reforçar a idéia de bagagem.

{r} Os materiais utilizados estão de acordo com sua representividade? Totalmente. Percebe-se o envelhecido, o pop, o peso. Tudo através dos materiais

{s} Suas considerações finais sobre esta peça.Considero um trabalho muito qualificado, coerente e fruto de uma grande pesquisa, onde a obra da banda é enriquecida. È como se formasse uma unidade, tornando a embalagem e CD um produto casado, como se um dependesse do outro. O CD não é o único produto.O principal ponto do Rush 30 The Complete Compilation é a valorização da capa, muito esquecida em tempos onde a pirataria vem ganhando o mercado musical, porém aqui a música tem um agregado especial: a arte.

Como podemos confirmar, Rush 30 - The Complete Compilation -

reproduz com fidelidade os conceitos musicais da banda Rush e os transforma

em elementos gráficos visuais e táteis, como uma forma de valorização da

embalagem dos CD´s.

quarenta e quatro{ }

Hoje em dia com o domínio dos CDs, a criativa fase das grandes capas

dos LPs foi reduzida à simples fotografias das mesmas, reduzidas à ¼ de seu

tamanho original, perdendo-se totalmente seu atrativo apelo visual.

A formatação em se embalar CD´s em caixas plásticas padronizadas

e encartes pouco criativos, tem facilitado o crescimento do mercado paralelo da

pirataria de CD´s. Isso porque o valor de um disco numa loja de CD´s é muito

maior que uma cópia pirata do mesmo disco, nas ruas das grandes cidades. E

esta diferença muitas vezes não é percebida pela grande maioria da população

leiga, de baixa renda.

O prazer de apreciação de um bom disco não se resume apenas em

coloca-lo num aparelho de som e deleitar sua melodia. Os estímulos visuais ou

táteis que sua embalagem pode ter aumentam em muito o prazer de contem-

plação da música.

A proposta de se criar uma edição especial de uma coletânea das

músicas da banda Rush é apenas um exemplo do que pode ser feito com emba-

lagens de discos. Ao se embalar um disco onde sua proposta e conceito musical

são expressos por meio de sensações visuais e táteis de materiais diferenciados,

cria-se um forte argumento para justificar sua compra, além de ser um atrativo

a mais para combater a pirataria.

Diversificar formatos, materiais, formas, com uma proposta de con-

ceito da música é uma forma, ao mesmo tempo, de dar ao consumidor carac-

terísticas da obra, bem como uma forma de valorizar o disco, combatendo a

pirataria, e um atrativo a mais para que se desperte o interesse em se conhecer

aquele disco.

Rush 30 – The Complete Compilation – por meio de materiais e forma-

tos, tenta passar ao consumidor a essência de cada disco que esta comprando,

além de seu apelo visual e diferenciado despertar interesse no consumidor. É

também uma forma de justificar um valor mais elevado, dando outros argumentos

para não se comprar CD´s piratas.

Conclusão

O que foi feito com a banda Rush é apenas um exemplo. Imaginemos

o que se poderia fazer com outros discos, outras bandas, outros artistas. Se

todos os discos começassem a ser lançados em embalagens diferenciadas. As

lojas de discos pareceriam prateleiras de supermercados, com mercadorias em

diversas formas, tamanhos. As pessoas comprariam um CD não apenas pelo

seu conteúdo musical. Seria como comprar obras de arte. Seriam peças de

arte, cuja contemplação começaria antes mesmo da compra, numa vitrine de

loja de discos.

quarenta e seis{ }

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Bibliografia

Projeto Gráfico:Adriano Almeida Gonçalves

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