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Presidente da Câmara Municipal de Guimarães - 'peso emblemático do núcleo urbano da cidade "berço" da nacionalidade e o trabalho de recuperação arquitectónicaque tem vindo a ser desenvolvido, levam a autarquia a acreditar que no ano mítico de 2000, o Centro Histórico de Guimarãesseráconsiderado, pela Unesco, Património Mundial. António Magalhães,Presidente da auta~quia, reconhece a influência dos exemplos de Evora, Sintra e Porto, e mesmo alguns casos no estrangeiro,na candidatura apresentada, reconhecendo no entanto que a cidade alentejana,apesar de possuir um conjunto de monumentosque Guimarãesnão tem, "foi uma referência para a nossa candidatura". a excelente trabalho do GabineteTécnico Local, a mudançade comportamentos cívicos,o substancialaumento de turistas, particularmente estrangeiros e a vontade de organizar uma grandefesta popular para comemorar o acontecimento, sãoalguns dos - assuntosque o autarca refere com entusiasmo, na entrevista queconcedeu à Pedra & Cal.

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Presidente da Câmara Municipal de Guimarães

- 'peso emblemático do núcleo urbanoda cidade "berço" da nacionalidade e o trabalhode recuperação arquitectónica que tem vindo aser desenvolvido, levam a autarquia a acreditarque no ano mítico de 2000, o Centro Históricode Guimarães será considerado, pela Unesco,Património Mundial.António Magalhães, Presidente da auta~quia,reconhece a influência dos exemplos de Evora,Sintra e Porto, e mesmo alguns casos noestrangeiro, na candidatura apresentada,reconhecendo no entanto que a cidadealentejana, apesar de possuir um conjunto demonumentos que Guimarães não tem, "foi umareferência para a nossa candidatura".a excelente trabalho do Gabinete Técnico Local,a mudança de comportamentos cívicos, osubstancial aumento de turistas,particularmente estrangeiros e a vontade deorganizar uma grande festa popular paracomemorar o acontecimento, são alguns dos -

assuntos que o autarca refere com entusiasmo,na entrevista que concedeu à Pedra & Cal.

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Pedra & Cal- Corno define o CentroHistórico candidato a PatrimónioMundial?António Magalhães - Trata-se deurna zona que, embora tenha

património privado!habitadonal, registatambém urna gran-de presença depatrimónio histó-rico. Ou seja, temurna parte monu-mental com carac-

, . ,terIstlcas especI-ficas, mas conta igualmente comuma zona de habitações que, aocontrário de ouh"os locais do país, emGuimarães, está ainda habitado.Actualrnente, há cerca de duas milpessoas a viver neste centrohistórico, para além do comérciotradicional que tem vindo tambéma adaptar-se para que se verifiquenesta zona, urna ambiência ávica eurna vida própria que devem serrealçadas.P&C - Há portanto urna recuperaçãojá em CUISO ?AM - Não há comparação entre aactual zona histórica e a de há 10anos atrás.A intervenção tem sido bemsucedida e a actual grandepreocupação é a recuperação dealgum património privado, ondeternos sentido dificuldades emintervir. Um exemplo concreto é oedifício aqui mesmo ao lado daCâmara Municipal, onde énecessária e urgente urna

só não acontece

porque ainda não foi possível oentendimento com o proprietário.Apesar de tudo, devo referir queum dos trabalhos importantes jáfeitos foi conseguir que fossem aceitesintervenções algo complicadas emesmo financeiramente avultadas emorosas, ainda que sem as garantiasde conforto a nível habitacional queuma casa moderna pode dar.P&C - Como se processou essa

recuperação?AM - Em duas fases. Primeiro, comoé lógico, o levantamento, a que seseguiu a recuperação dos espaçospúblicos. Em seguida, a recuperaçãodo património privado onde, temosque reconhecer, as coisas estão maisatrasadas.P&C - Caracterize:-me o espaço deque estamos a falar, em termosterritoriais e humanos.AM - São 16 hectares com 2 milhabitantes, algumas dezenas deedifícios com monumentalidade ecerca de 300 estabelecimentos decomércio tradicional.P&C - Qual é o ponto da situaçãoda candidatura?AM - Até agora, está tudo a correrdentro da normalidade. Acandidatura foi apreciada numaAssembleia Geral da Unesco emKioto, no Japão, no final deDezembro passado e nessareunião, foi considerada na listaindicativa. Prevê-se que no final doano 2000 a decisão final possa estartomada.Pelo facto de a candidatura ser

na lista indicativa

Tenho a honra de comunicar que

o Júri dos "Prémios Real

Fundação de Toledo" na sua

convocatória correspondente ao

ano de 1995, decidiu por

unanimidade conceder um dos

prémios à Câmara Municipal deGuimarães (Portugal) e ao seu

Gabinete Técnico Local, pelo

êxito das suas experiências de

reabilitação urbana, exemplopromissor de como recuperar a

vitalidade social de uma cidade

histórica, desencadeando com as

suas actuações o sentido da

responsabilidade colectiva e

estimulando a iniciativa

privada(...).Com este prémio o Júri quer

também felicitar todos os

Gabinetes Técnicos Locais, cuja

gestão é de grande importância

para a renovação dos critérios dereabilitação e urbanismo das

cidades históricas, o que

converteu Portugal num modelo

a seguir neste campo.

( da Acta do Túri)

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delegações da Unesco deverãoagora visitar Guimarães. No finalde Fevereiro, deveremos saber quenoVos passos serão dados pelaUnesco para dar continuidade àcandidatura.P&C -Considerando um resultadopositivo desta candidatura, comoespera que venha a ser a reacção da

população?AM - Não tenho dúvidas de que se

sentirá honrada, eufórica e

orgulhosa.Há uns anos atrás, quem percorria asruas da zona histórica corria o risco deapanhar com sacos de lixo na cabeça.Hoje existe um comportamento cívicocompletamente diferente, embora se

regiStem pequenosproblemasrelacionados com oestacionamentoautomóvel já que,aqui, como em todoo lado, as pessoasgostam de ter ocarro praticamentedentro de casa,

mesmo sem garagem.Mas de uma forma geral as pessoas,porque conhecem o problema, estão amentalizar-se quanto ao benefícios dasituação e já não levantam tantos

problemas.Este, chamemos-lhe, "miolo" deGuimarães, estava abandonado,marginalizado, com degradação atodos os níveis e sem um comérciocuidado. Hoje; temos um centropor excelência onde os jovens, osestudantes universitários e asfamílias de um modo geral, gostamde estar.Simultaneamente, a actividadecom~ acompanhou a intervençãofeita a outros níveis, e acabou porcontribuir de forma muito activapara a não degradaç~o do centrohistórico.P&C - Está já a sentir benefícios da

recuperação que o levem a acreditarnum crescimento, logo queconseguida a classificação da Unesco?AM - Temos um óptimo exemplodessas vantagens.Houve um salto enorme em termosturísticos, desde que Guimarãesrecebeu das mãos do Rei de Espanhao Prémio Cidade de Toledo há doisanos, como recompensa pelarecuperação urbana tradicional de

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referia-se como se sabe, ao Porto. Queo nome de Portugal deriva doprimitivo nome da cidade do Porto,ninguém pode duvidar. Quanto àrealidade da Nação, o problema é bemmais complexo. Se, como tendem amostrar cada vez mais os estudosrecentes acerca da origem danacionalidade, esta deriva da criaçãodo Estado, temos de reconhecer que asua primeira forma, ainda muitoembrionária, se identifica com oprimitivo condado chamado dePortucale ( porque abrangia oterritório portucalense) mas que aresidência pessoal dos seus condes sesituava em Guimarães. Não podemosfalar de um condado de Guimarães,mas também não podemos separar ocondado do local que era sede daautoridade que governou o embrião docondado portucalense, enquantorepresentante do rei de Leão eAstúrias, Afonso III, a partir de 868.Ora o facto de Guimarães constituirprovavelmente o hono1; isto é odomínio patrimonial hereditário doscondes de Portucale, ligou-o parasempre às origens da nacionalidade(...)

qualidade ao nível da PenínsulaIbérica.Trata-se de um prémio com umsignificativo impacto ao nível doturismo de qualidade, ou de índolecultural.No ano passado, procuraram ospostos de turismo mais estrangeirosque portugueses, sobretudoprovenientes de Espanha e daEuropa Central e do Norte.Quando Guimarães constar doroteiro das cidades património dahumanidade, não tenho dúvidas deque haverá um ainda maissignificativo acréscimo de visitantes.P&C - Tem existido fiscalizaçãoquanto ao rigor técnico dasintervenções?AM - Há de facto intervenções quenão foram muito bem feitas, masque foram herdadas de outrostempos. A Câmara vai agora tentarintervir melhorando esses espaços,como por exemplo, as dezenas dejanelas e portas de alumínio queforam retiradas assumindo aautarquia os respectivos custos.P&C - Mas esses são problemaspontuais, ou não?AM - Sim. De facto, nas questões defundo não se coloca esse problema.Temos um Gabinete Técnico Localdesde 1985, que só trabalha para ocentro histórico. Temos umprojectista para os espaços públicosmais indicativos, que é o ArquitectoFernando Távüra, um profissionalque conhece a filosofia destesespaços.Todas as intervenções sãoacompanhadas pelo referidoGabinete que, para além dearquitectos que acompanham aobra a par e passo, conta com umconjunto de pequenos empreiteirosque dominam perfeitamente asmetodologias de trabalho e osmateriais utilizados. Refira-setambém um grande número deobras no âmbito do RECRIA, quetambém são acompanhadas portécnicos.P&C - E quanto ao comportamentodos privados?AM - O importante é a efectiva

fiscalização de todas as obras. Agrande dificuldade está no facto dese pensar sempre que é possívelalterar os projectos iniciais,nomeadamente construindo mais

(in Guimarães Cidade Rztrim6nio Mundial-Um Objectivo Estratégico. Edição da Câmara

Municipal de Guimarães- GTL)

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..,~ Câmara está

disponível para ajudar(...) por forma a que ascaracterísticas dos

edifícios sejamperfeitamentesalvaguardadas."

. .

necessários mais umas centenas demilhar.Tudo tem que ser feito com prazosalargados, para não transformar acidade num estaleiro permanente. OCentro Histórico tem sempre umamédia de 15 a 20 intervençõessucessivas.P&C - E o suporte financeiro ?AM - É garantido por fundoscomunitários... enquanto for possível.P&C- Como vai ser, quando receber aespetada notícia da classificação deGuimarães como PatrimónioMundial?AM - Vai haver uma grande festapopular, com os sinos a repicar,foguetes;a população nas ruas e,claro, uma forte componentegastronómica. .

em 1983 e deve prolongar-se duranteo actual e o próximo mandato.A autarquia ad~u o Edifício Nobrepara instalar o 'llibunal de Relação doMinha, bem como um edifício ondedurante muito tempo esteve instaladoo Centro de Saúde. Para já, foramgastos 600 míl contos, mas serão

Fotos do Centro Histórico da autoria de LuisFerreira Alves, gentilmente cedidas pela Câmara

Municipal de Guimarães.

um andar ou alterando as fachadas.Mas as pessoas começam aperceber que a Câmara estádisponível para ajudar, desde que nosmoldes definidos, por forma a que ascaracterísticas dos edifícios sejamperfeitamente salvaguardadas.P&C - Em que ponto está o processodas interven\óes?AM - A fase das interven\óes teve início