Apresentação

EMOÇÕES SAUDÁVEIS – Cuidando da alma ferida e semesperança – faz parte da série Saúde Emocional elaborada visandoo discipulado de líderes, no contexto da igreja local.

Quando falamos de discipulado, não estamos pensando emum curso de semana ou meses para novos convertidos, e, sim, emuma profunda formação espiritual da liderança da igreja, para quese reproduzam nas vidas de outros, assim como Jesus fez com o dis-cipulado dos doze.

Nosso objetivo é, basicamente, refletir sobre as emoções dolíder e suas implicações em seus relacionamentos. Aqui você iden-tificará sintomas psicológicos como estresse, ansiedade, depressão,emoções suscetíveis a todo líder.

Serão oito estudos sérios extraídos da Palavra de Deus,visando ajudá-lo a encontrar caminhos, para administrar suasemoções e alcançar o equilíbrio emocional. Certamente vocêexperimentará mudanças significativas em seu mundo interiordurante e depois de estudar este tema.

Que por meio deste, você possa descobrir a importância demanter suas emoções sob controle, para ser saudável em seus pen-samentos, sentimentos e relacionamentos. Um referencial e uma ins-piração para a vida de outros

Que Deus nos abençoe e inspire nesta aventura. Que Ele nosajude no crescimento e aprofundamento de emoções saudáveis.

Pastor Josadak Lima

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Índice

Visão Panorâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1. A Alma humana e sua dimensão emocional . . . . . . . . . . . . . 5

2. As doenças da alma e a cura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3. Saiba como controlar suas emoções . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4. Mantendo o temperamento sob controle . . . . . . . . . . . . . . 29

5. Problemas gerados pelo desequilíbrio emocional . . . . . . . . 37

6. Administrando seus pensamentos e sentimentos . . . . . . . . 43

7. Lidando com as emoções dos outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

8. Cuidando da alma ferida e sem esperança . . . . . . . . . . . . . 55

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vi.

Visão Panorâmica

O Poder das Emoções

O ser humano é:

– BIOLÓGICO, um ser vivo, cujas leis naturais mantêm asua vida.

– SOCIAL, relaciona-se com outros seres de sua espécie.

– RELIGIOSO, inclinado à adoração – busca de um ser supe-rior a ele, capaz de venerar e professar fé em alguém ou algo.

– EMOCIONAL, tem uma alma – intelecto, vontade e senti-mentos (parte principal do nosso ser).

Para que servem as emoções? Vejamos cinco aspectos aponta-dos pelos especialistas da área:1

1) Preparam nosso organismo para criar um impulso à açãodiante de situações vitais relevantes para a sobrevivência indivi-dual e da espécie.

2) Energizam e ampliam outras funções psicológicas, como opensamento, a vontade, a imaginação, o sonho e até mesmo outrasemoções.

3) Mantêm a saúde física. A sua expressão plena permite aoorganismo regular-se automaticamente.

4) Provocam mudanças psicológicas e impulsionam o desen-volvimento da personalidade individual e da espécie.

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1 Fonte: A lógica das emoções (Editora Vozes).

5) Permitem a comunicação interpessoal, a manutenção dasemoções íntimas e a interação social, pilares da vida em comuni-dade.

Como somos formados emocionalmente, tudo depende dealguns aspectos genéticos e outros emocionais. No contexto dolar, da escola e da igreja somos formados para sermos equilibradosemocionalmente. É necessária uma formação mental normal, umlar com pai e mãe equilibrados, educação coerente, carinho, afei-ção, respeito e determinação de limites.2

Portanto, a chave é a infância. Os especialistas dizem que amaioria dos problemas de expressão emocional começa na tenraidade, pela dificuldade dos pais em conversar com os filhos. Crian-ças que não tiveram uma boa abordagem emocional em casa ten-dem a se tornar adultos de pouca sensibilidade. Como evitar essesdanos? Vejamos três dicas básicas:3

1ª) Falar sobre as emoções que regem a sociedade. Isto ajuda acriança compreender as regras culturais da expressão emocionalda sociedade em que está inserida e aprender com as experiênciasdos outros.

2ª) Abordar as emoções vivenciadas pelos adultos. A partir dostrês anos quando os pais falam sobre sentimentos com os filhos,eles aprendem identificar sozinhos as emoções alheias e se tornammais compreensivos.

3ª) Mostrar os efeitos emocionais de uma ação. Quando os paisfalam sobre a emoção que os levou a uma atitude, a criança podeentender as origens e as consequências de uma emoção.

Hoje, fala-se muito em inteligência emocional, todaviaentende-se muito pouco do seu significado. À luz das EscriturasSagradas, a “inteligência emocional” não implica em adestra-

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EMOÇÕES SAUDÁVEIS

2 FERREIRA, Israel Alves. As Emoções de um Líder. Rio Janeiro: CPAD, 2009, p. 253 Fonte: Compreender as emoções (Instituto Piaget).

mento de comportamento, nem em suprimir os impulsos para atin-gir certos objetivos. A Bíblia tem a ver com maturidade; ematuridade não é uma posição a qual chegar, mas um processo queleva a vida toda.

Portanto, o primeiro passo é identificar e aceitar a manifesta-ção das emoções mais primárias, inclusive as desconfortáveis. Estácomprovado que aquele que reprime frustrações tem três vezesmais chance de se tornar vulnerável.

3.

SÉRIE SAÚDE EMOCIONAL

4.

EMOÇÕES SAUDÁVEIS

“E formou Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o

fôlego da vida; e o homem foi feio alma vivente.”

Gênesis 2.7

�

À luz de Gênesis 2.7, o sentido básico de alma (hebraiconephesh e grego psychê), cuja origem está em Deus, significa “vida”,bem como outras formas de vida (Gênesis 1.20-21 e 24; Levítico17.11). O termo hebraico normalmente se refere à pessoa humanacomo um todo, o ser vivente. É só ver que em Gênesis 1.21 tanto ohomem como os animais foram chamados de “alma vivente”.

O homem foi feito corpo (sua relação física), alma (o centrode suas emoções e reações com o mundo externo), e espírito(o sopro de Deus, a parte divina). A alma e o espírito compõem ohomem interior com suas emoções, sentimentos, volição, conheci-mento, intelecto e outros atributos espirituais. Quando a Bíbliautiliza o termo psychê, em 1 Tessalonicenses 5.23, junto compneuma (espírito), está meramente descrevendo a mesma substân-cia imaterial do homem: o homem interior.

5.

A Alma Humanae sua Dimensão

Emocional

A Alma não Existe à Parte do Corpo

A união da alma com o corpo foi feita pelo próprio Deus nacriação do homem. Tal união só será desfeita com a morte, quandoa alma continua sua existência, na dimensão espiritual, enquantoque o corpo se desfaz. Essa união estabelece contato com o mundopor meio do corpo (o sentir, o pensar, o exercer vontade e outrosatos inerentes à alma). O corpo se torna instrumento da alma, poisela exerce diversas funções através do corpo, tais como: visão,audição, paladar, olfato e tato.

Portanto, “a alma pode significar a pessoa por inteiro, viva oudepois da morte; pode designar a parte imaterial de uma pessoacom seus diversos sentimentos e emoções; e é um importanteenfoque da redenção e do crescimento espiritual”.4 E mais:“A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado deexistência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que aalma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personali-dade; ela é denominada a parte da ‘autoconsciência’”.5

O fato é que alma é a vida do corpo. Ela representa a nossapersonalidade, nossa individualidade, nosso “verdadeiro Eu” – eumesmo. Portanto, cada alma distingue-se uma da outra. Mas, comodiz o escritor Silas Daniel: “A alma, em sua essência é ambígua,cheia de contradições e conflitos. Podemos encontrar outro exem-plo disso na questão das preferências da alma. Notadamente, aalma varia nas suas atitudes. Ela gosta de fazer ‘altares’ para seusídolos e desfazê-los com a mesma rapidez que os produziu. A almatem seus amores e inimigos, mas, pode, de repente, promover umde seus inimigos como o novo amor e um de seus amores como seunovo inimigo. Ela se apaixona facilmente por coisas e seres com a

6.

EMOÇÕES SAUDÁVEIS

4 RYRIE, Charles. Teologia Básica. São Paulo: Mundo Cristão, 2003, 2275 SILVA Severino Pedro. O Homem: corpo alma e espírito. Rio e Janeiro; CPAD, 1998, p. 67

mesma intensidade com que os trai. A alma normalmente é vaci-lante, indefinida”.6

A Inteligência Emocional Humana

Como vimos, o primeiro sentido da palavra alma é a pessoafísica, ou corpo. No ato da criação, a Bíblia diz, o homem foi feito“alma vivente” (Gênesis 2.7). Isto é, a alma como personalidade, serpensante, racional.

Mas “do ponto de vista psicológico, a alma significa mente,que é o conjunto das funções psíquicas e dos estados de consciên-cia do ser humano. Embora não tenha realidade física ou material,todavia, é a sede dos processos mentais que determinam o com-portamento, que são manifestos diante do meio social através dasações, atitudes, gestos, expressões e linguagem”.7 Como afirmaSeverino Pedro: “Mente, indica-se o centro de nossas atividades epassividades mentais. Existe, portanto, diferença na ‘mente’ (literal-mente, entendimento) de um santo e a ‘mente’ de um pecador.Mas uma boa mente é o pré-requisito para um bom coração”.8

A “alma vivente” a que se refere Gênesis 2.7, consiste na ima-gem e semelhança de Deus no homem, com suas característicasracionais e morais. É a nossa inteligência emocional, expressa pormeio do corpo, e que abriga três faculdades: vontade, intelecto eemoções:

1) Vontade (Salmo 27.12; Jó 7.15; Jeremias 44.14; Ezequiel) –instrumento para nossas decisões e revela o poder de escolha.É a aptidão para fazer escolhas e dirigir atividades. Estes textosque às vezes aparecem como “coração” falam da vontade humana,que tem a alma. A vontade é a faculdade de representar mental-

7.

SÉRIE SAÚDE EMOCIONAL

6 Reflexões sobre a alma e o tempo. Rio de Janeiro: CPAD, p. 397 COSTA, Samuel. Psicologia Pastoral. Rio de Janeiro: Silva Costa, 2005, p. 228 O homem: corpo, alma e espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 1988, p.75

mente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a umimpulso ou a motivos ditados pela razão. Todavia, a vontadehumana não é absoluta. Não age de forma autônoma. Existe umpoder superior sobre ela. Em Romanos 7.19, a “carne” age comoum poder de persuasão contrapondo-se aos motivos da justa von-tade. Associada à vontade está o livre arbítrio, que nos permitedecidir segundo a nossa consciência.

2) Intelecto (Provérbios 19.2; Salmo 13.2; Ezequiel 24.25) –está relacionado à nossa mente, a parte que pensa, raciocina,decide, julga e conhece, de onde surge a sabedoria, o conheci-mento e o raciocínio. O intelecto não pode ser confundido com océrebro, que consiste num órgão físico. Fala da faculdade que nospossibilita perceber a realidade por meio da compreensão e adap-tação a novas situações que a vida nos impõe, mediante a reestru-turação dos dados apreendidos no mundo real. Estão ligadas aointelecto humano, a imaginação, a memória e a razão. Com a ima-ginação idealizamos e projetamos as coisas. Com a memória, arma-zenamos no cérebro os fatos do passado e presente. Com a razão,pensamos, compreendemos e julgamos, fazendo distinção entre ocerto e o errado, o falso e o verdadeiro.

3) Emoções (1 Samuel 18.1; Lucas 1.46) – implicam em nos-sos gostos, simpatias, antipatias. As várias emoções do homem,tais como: “odiar”, “amar”, “desejar” coisas boas ou más, são sem-pre reações exercidas por meio da alma e conhecidas por meio docorpo. Aliás, é pelas emoções que expressamos amor ou ódio, ale-grias ou tristezas, ira ou felicidade. Essas emoções falam da nossadisposição ativa em relação às coisas de ordem moral ou intelec-tual. O pecado deturpou os sentimentos humanos.

A alma humana, como centro das emoções e da personali-dade, precisa estar em equilíbrio com o espírito e o corpo. Por vez,o corpo só terá saúde se estiver em plena harmonia com o espírito e

8.

EMOÇÕES SAUDÁVEIS

a alma. A medicina, por exemplo, tem comprovado que a maioriadas doenças (cerca de 80%) é causada por problemas de ordememocional, como ansiedade, mágoas, ódio, ira e ressentimentos.Entre as doenças causadas por tensão emocional, estão: úlceras,colite, perda de apetite, hipertensão, arteriosclerose, trombose,impotência, frigidez, etc. Além disto, há as doenças psicossomáti-cas.

Refletindo Sobre a Dimensão Emocional da Alma

Agora vejamos as quatro necessidades básicas do ser humanono campo sócio-emocional.

� Primeira necessidade: ser conhecido. Toda pessoa nor-mal quer conhecer e dar-se a conhecer aos outros, pois ninguémconsegue amar e se relacionar de fato, com segurança, quando nãoconhece e não é conhecido do outro.

� Segunda necessidade: ser integrado. É inerente ao serhumano o sentimento de pertencer e integrar-se. Aliás, o serhumano normal só se realiza em grupo, pois ele, por natureza, é umser gregário.

� Terceira necessidade: ser compreendido. Toda pessoasente necessidade de ser compreendida quanto ao seu modo de sere de agir. O ser humano suporta mais facilmente as pressões e con-flitos, quando sabe que pelo menos uma pessoa o compreende.

� Quarta necessidade: ser amado. Todos nós carecemosreceber e retribuir amor. O amor de uns para com os outros é fun-damental para as relações interpessoais.

Concordo com Richardson quando diz: “Fomos feitos parater Deus no centro de nossa vida e para, através d’Ele, sabermosque somos Seus filhos. Quando Ele ocupa a posição central em

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SÉRIE SAÚDE EMOCIONAL

nossa vida, temos o relacionamento correto conosco mesmos ecom tudo que encontramos à nossa volta”.9

Somos seres inconstantes: um dia anelamos imensamentepela presença de Deus; em outro sequer reservamos um momentoa sós com o Senhor. Alegrias e tristezas, abatimento e vigor, certe-zas e incertezas frequentemente, se intercalam em nossa vida.“Quantos já não foram enganados pelos seus próprios sentimentose impulsos? Quantas pessoas já não foram enganadas com elasmesmas? Muitos pensavam que se conheciam muito bem, e suasalmas revelavam características nunca antes percebidas”.10

Aplicação Pessoal

1. Por que o cuidar da alma é importante para a sobrevivência?

2. Quais as consequências para as outras esferas da vida quando aalma não é bem cuidada?

10.

EMOÇÕES SAUDÁVEIS

9 RICHARDSON, Rick, Encontrei Meu Lugar: São Paulo: Textus, 200210 Reflexões sobre a alma e o tempo. Rio de Janeiro: CPAD, p. 49