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    Revista Intersaberes | ano3 n. 6, p. 155 - 165 | jul-dez 2008 | ISSN 1809-7286

    A influncia da empatia na relao tutor-aluno

    The empathys influence in the tutor-studentrelation

    Juliana Cereda Dale Vedove(a);Rosi Teresinha Munaretti de Camargo(b)

    (a)Graduada em Psicologia, com Ps-Graduao em Psicologia aplicada Educao e Tutoriaem EaD. Supervisora Pedaggica da Tutoria Central da Facinter.

    (b)

    Graduada em Letras, com Ps-Graduao em Psicomotricidade Relacional e Tutoria emEaD. Consultora Regional da Tutoria Central da Facinter.

    Resumo

    O presente trabalho visa analisar as funes e competncias dos tutores e ainfluncia da empatia na relao tutor-aluno. Como metodologia, optou-sepela pesquisa bibliogrfica e pela pesquisa quantitativa, de levantamento, jque um dos objetivos era analisar as opinies de diferentes pessoas sobre omesmo tema. Espera-se fazer uma relao entre o fato de ser tutor e passar

    pela experincia de ser aluno de um curso a distncia, analisando as relaescom seus alunos, se houveram ou no mudanas aps a experincia. No foipossvel identificar bem essa relao, visto que metade do grupo afirmou queno percebeu mudana na sua postura, sendo que os demais afirmaram quehouve mudana significativa, passando a se colocar mais no lugar dos alunos,compreendendo-os melhor, percebendo suas necessidades e mudando suarelao com eles. Estudos comprovam que a empatia facilita as relaes e quepara desenvolv-la preciso autoconhecimento e autocontrole, alm de sabertrabalhar as emoes.

    Palavras-chave: Tutor. Relao tutor-aluno. Empatia.

    Abstract

    This study aims to examine the roles and competences of tutors and theinfluence of empathy in mentor-student relationship. As methodology waschosen by the literature search and quantitative research, to lift, as one ofthe goals was to analyze the views of different people on the same subject.It is expected to make a link between being a coach and go through theexperience of being student in a course at a distance, examining therelationships with their students, whether or not there were changes afterthe experience. Unable to identify this relationship well, since half the groupsaid it saw no change in its posture, and the other said that there was

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    significant change is going to put in place for students, understanding thembetter, realizing their needs and changing their relationship with them.Studies show that the empathy that facilitates relations and to develop it isself-knowledge and self precise, and know how to work the emotions.

    Keywords : Tutor. Mentor-student relationship. Empathy.

    INTRODUO

    Com o crescimento das ofertas, por parte das faculdades e

    universidades, dos cursos a distncia, houve aumento do nmero de alunos

    dessa nova metodologia de educao. Assim, torna-se relevante o estudo

    sobre a relao tutor-aluno.

    A Educao a Distncia (EaD) pode ser definida como um processo

    educacional que acontece, principalmente, com professores e alunos

    fisicamente separados, mas que se comunicam por meio das tecnologias de

    informao e comunicao.

    Segundo Moran (2007), A educao a distncia pode ter ou no

    momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e

    alunos separados fisicamente no espao e/ou no tempo, mas podendo estar

    juntos atravs de tecnologias de comunicao.

    A EaD constituda por trs interaes fundamentais: entre aluno,

    material didtico e professor. Alm dessas interaes, independente da

    concepo de Educao que cada instituio de ensino adota e das

    ferramentas que utiliza, muitos estudos tm mostrado que as presenas da

    tutoria e do tutor so indispensveis, essenciais para o sucesso da EAD. Em

    muitos modelos, o tutor a pessoa que faz o contato presencial com o aluno,

    tornando-se fonte de apoio e segurana.

    na relao com o professor que o aluno recebe informaes e

    esclarece dvidas de contedo, porm, atravs da relao com o tutor ele

    poder receber o acolhimento e sentir-se protegido, e complementar suas

    informaes sobre os procedimentos acadmicos.

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    Busca-se, ento, a partir deste trabalho, discutir as funes do tutor,

    as competncias necessrias para exercer esse papel e ainda apontar a

    empatia como fator importante na interao entre o tutor e o aluno.

    O objetivo especfico verificar se a empatia atua como facilitadora

    dessa relao.

    Analisar at que ponto o tutor, ao se colocar no papel de aluno e ter

    vivenciado esse papel, modifica seu comportamento, ou seja, se ao atuar

    como aluno do ensino a distncia o tutor modifica sua percepo e sua forma

    de interagir.

    A metodologia adotada neste trabalho foi pesquisa de campo

    juntamente com pesquisa bibliogrfica. Foram escolhidos, aleatoriamente,trinta tutores, sendo seis tutores de cada regio do pas. Foi enviado para os

    tutores, por e-mail, um questionrio fechado sobre o curso de ps-graduao

    em EAD ofertado pela Facinter. Os tutores tiveram cinco dias para responder

    e as questes eram todas objetivas.

    Para o desenvolvimento da pesquisa sero abordados os aspectos

    tericos referentes funo do tutor, as competncias necessrias para

    exercer essa funo e o conceito de empatia e sua relao com a educao.

    FUNDAMENTAO TERICA

    As competncias do tutor no Ensino a Distncia

    O tutor, segundo a etimologia da palavra, representa aquele que

    cuida, que protege, ou seja, aquele que defende uma pessoa menor ou

    necessitada. Na educao, o termo foi adaptado com o sentido de orientao

    pedaggica do aluno solitrio e isolado, que precisa do professor, mas est

    distante dele. O tutor teria a funo de mediar a relao do aluno com o

    conhecimento e com o professor conteudista.

    Na telessala, o tutor a pessoa que pode auxiliar esse aluno a

    construir seu conhecimento e a desenvolver sua autonomia. Ele deve

    acompanhar, motivar, orientar, estimular a aprendizagem autnoma do aluno,

    utilizando-se de metodologias e meios adequados para facilit-la. Ele tem

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    uma funo estratgica, j que pode usar diferentes meios e pontos de vista

    para trabalhar o conhecimento com o aluno (SOUZA et al., 2004).

    Para isso, ele precisa ter claro quais so suas funes, seu papel e

    qual formao deve ter para cumprir essa responsabilidade.

    Muito mais do que disponibilizar contedos especficos que a cinciaconstruiu e constri, compete aos professores o desenvolvimento daautonomia dos alunos e o desenvolvimento de seu senso crtico.Paulo Freire (1996) expressa esta idia dentro da competncia ticado ensinar, convocando-nos, enquanto professores, a pensar certo.E, portanto, dirigir a educao como a ao que leva tambm oseducandos a pensarem certo (WEIDUSCHAT, 2004).

    Ao receber o aluno em sala de aula, o tutor deve acolh-lo para evitarque se sinta sozinho; deve fazer o acompanhamento das atividades, da

    freqncia, da participao e do cumprimento de prazos, normas e regras

    estabelecidas. Ainda, deve estimular o aluno para a leitura; interagir com

    prazer com ele; mostrar-se interessado pelo que ele produz, pelas idias que

    apresenta; elogiar os trabalhos e a participao nos momentos de

    aprendizagem e participar junto desses momentos, agindo como motivador.

    Como docente, o tutor deve esclarecer as dvidas dos alunos, fazer a leiturado material didtico e indicar outras leituras. Como orientador pode

    apresentar estratgias de estudo, ajudar o aluno a organizar seu tempo para a

    realizao dos trabalhos e atividades, estimular a autonomia, a busca de

    novas fontes de pesquisa. E, como avaliador, o tutor deve dar feedback sobre

    o desempenho do aluno, apontar suas melhoras e indicar em que e como pode

    melhorar em certos aspectos (MOULIN et al., 2004).

    Essas funes, quando bem desempenhadas pelo tutor, so essenciaispara que o aluno tenha sua aprendizagem facilitada e eficiente. O tutor pode

    exercer esse papel porque est em contato direto e presencial com o aluno,

    pode escut-lo, perceber suas atitudes, reaes e sentimentos, pode perceber

    suas necessidades para, ento, motiv-lo.

    A afetividade est envolvida nessa relao e facilitadora do

    aprendizado.

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    Conforme La Taille (1992), apesar de Vygotsky no ter examinado emprofundidade a relao entre pensamento e afetividade, suaspesquisas indicam motivao, inclinaes, necessidades, interesses,impulsos, afeto e emoo como alicerce da cognio. A dimensoafetiva assume um aspecto mediador central, na formao da pessoa

    e no desenvolvimento cognitivo (ROMANOWSKI, 2006).

    Para realizar bem sua funo, o tutor precisa de formao adequada e

    de competncias e habilidades pontuais e especficas. Precisa reconhecer sua

    importncia e sua responsabilidade no processo de ensino e aprendizagem e

    na relao com os alunos.

    Se perceber que no est apto para exercer tal funo, ou se lhe falta

    informao tcnica suficiente, deve busc-la para continuar seu trabalho com

    xito.

    As competncias necessrias para a funo de tutor, segundo o Guia

    do Tutor da Facinter, so: Pedaggica, Tecnolgica, Didtica, Pessoal,

    Lingstica e o Trabalho Colaborativo em Equipe. O tutor deve ter

    competncias pedaggicas, didticas e lingsticas para explicar e orientar as

    atividades, de tal forma que o aluno entenda e fique claro o que deve ser

    feito, que deve ler o material com antecedncia, indicar novas leituras e

    contextualizar as questes trabalhadas pelo professor em aula. necessrio

    ter competncia tecnolgica, j que o ensino a distncia pressupe o uso de

    tecnologias, uso de e-mails, internet e sistemas de aprendizagem, o tutor

    deve saber usar essa tecnologia e tambm deve ensinar seu aluno a us-la.

    Ainda, o tutor precisa ter competncias pessoais e de trabalho em equipe

    para criar um ambiente de criatividade, confiana, solidariedade e senso de

    humor; o tutor deve valorizar, tambm, as iniciativas dos alunos, ser assduo e

    participativo nas teleaulas, ter empatia e desenvolver a interao entre os

    alunos, compartilhar experincias e mediar conflitos (MOULIN et al., 2004).

    Essa relao entre o tutor e o aluno se torna cada vez mais

    consolidada e uma fonte de apoio e segurana, visto que o tutor a nica

    pessoa fsica que ele pode contar nesse processo de ensino-aprendizagem a

    distncia. O aluno enxerga no tutor a confiana, a possibilidade do encontro,

    do contato, como uma pessoa que pode estimul-lo para o estudo, que pode

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    anim-lo ao enfrentar alguma dificuldade nesse modelo de educao e que

    representa tambm a autoridade.

    A empatia como facilitadora na Educao a Distncia

    A afetividade parte inerente do ser humano e se apresenta desde o

    nascimento. A existncia de relaes emocionais com os outros, baseadas no

    vnculo, uma das primeiras evidncias que o ser humano apresenta. A

    empatia uma habilidade, segundo conceito utilizado na Psicologia, que

    significa perceber o outro e identificar suas necessidades. Est diretamente

    relacionada com essa afetividade que se desenvolve e que precisa ser

    trabalhada para poder ser manifestada (OLIVEIRA, 2005).

    Segundo Goleman (1995), psiclogos desenvolvimentistas descobriram

    que os bebs so capazes de perceber a angstia de outros, mesmo antes de

    se perceberem como indivduos, ou seja, eles reagem de alguma forma s

    perturbaes sentidas pelas pessoas que esto ao seu redor, como se esse

    incmodo que o outro est sentindo estivesse acontecendo neles prprios. Isso

    j demonstra um comportamento emptico do ser humano.

    A empatia precisa ser constantemente aplicada nas relaes

    interpessoais, pois somente possvel ser emptico se trabalhar a afetividade

    e as emoes, especialmente o autoconhecimento, j que para saber o que o

    outro est sentido e para compreend-lo preciso saber o que representa

    esse sentimento em si. A empatia a capacidade de se colocar no lugar do

    outro e ser despertado por emoes que a prpria pessoa sentiria se estivesse

    nesse lugar.

    Por exemplo, imagine um aluno precisando de informaes para fazer

    um trabalho sem saber onde procurar. O tutor, ao perceber essa angstia que

    o aluno est vivendo e se imaginar na mesma situao, poder sentir a mesma

    angstia do aluno e ajud-lo na busca de informaes, agindo de maneira

    mais humana, afetiva, sem desvalorizar o sentimento do aluno. Esse

    comportamento expressaria a afetividade, o respeito ao aluno, criando um

    clima de cumplicidade e confiana. No entanto, vale lembrar que essa no

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    uma habilidade que se manifesta naturalmente, embora j se apresente desde

    criana, preciso pratic-la para que continue existindo e sendo aprimorada.

    A empatia faz parte das competncias pessoais e de trabalho

    colaborativo em equipe que o tutor deve apresentar para desenvolver um bom

    trabalho com os alunos. No entanto, antes de desenvolver a empatia,

    preciso trabalhar as prprias emoes. fundamental o autoconhecimento, o

    autocontrole e a automotivao.

    O autoconhecimento presume que a pessoa saiba reconhecer seus

    sentimentos e emoes, bem como gostos e valores. O autocontrole, ou

    autogesto, representa a capacidade de controlar essas emoes e seus

    impulsos. E a automotivao, a capacidade de direcionar essas emoes paraatividades importantes e a determinao em alcan-las.

    Depois de se perceber e reconhecer seus sentimentos, o tutor poder

    entender o sentimento do outro e trabalhar sobre isso. Muitas vezes ir

    enfrentar situaes na telessala, onde os alunos podero manifestar sua

    revolta ou ira contra qualquer dificuldade que estiverem enfrentando e

    descontaro essa emoo no prprio tutor. Se o tutor tiver a habilidade

    emptica desenvolvida, entender as atitudes dos alunos e reagir de formamais adequada.

    Para desenvolver essa habilidade so necessrias algumas

    competncias. A primeira delas a capacidade de detectar nas pessoas as

    pistas emocionais, essa a capacidade de ouvir, mostrando que est

    entendendo o que o outro est dizendo e sentindo. No caso do tutor, preciso

    treinar a escuta, para ouvir o aluno alm das suas reclamaes e dificuldades,

    interagindo de forma positiva, demonstrando interesse e compreenso.A segunda competncia diz respeito capacidade de ajudar o outro a

    se desenvolver, por meio de sugestes e feedback sobre seus comportamentos

    e atitudes. O tutor precisa aprender a elogiar os alunos em pequenas atitudes

    positivas que os mesmos apresentem, valorizando seu desempenho e

    iniciativa, bem como orient-los na melhor forma de enfrentar as suas

    dificuldades pessoais.

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    E, por fim, a terceira competncia necessria para desenvolver a

    empatia a capacidade de perceber as lideranas polticas no seu ambiente

    de trabalho e detectar quem so as pessoas de maior influncia nas tomadas

    de decises. Nesse caso, o tutor precisa perceber onde conseguir as

    informaes de que precisa para ajudar os alunos e que meios ele pode

    utilizar para conseguir o que deseja junto a outros setores superiores

    (GOLEMAN, 1995).

    Ao mudar sua atitude perante o aluno, ajudando-o com suas emoes,

    o tutor poder ampar-lo, conduzi-lo e encaminh-lo, facilitando a

    aprendizagem e estreitando os laos afetivos, tornando a relao permevel e

    uma prtica voltada para a discusso de valores, tomada de decises e,consequentemente, ajudando no desenvolvimento da autonomia do aluno.

    Segundo Souza (2004), ao atuar como mediador e conhecedor da realidade do

    aluno nos aspectos pessoal, familiar, escolar e social, o tutor deve permitir o

    dilogo, sabendo ouvir, sendo emptico e mostrando uma atitude

    colaborativa, participativa, propiciando melhoria na qualidade de vida dos

    alunos.

    Dentre as vrias habilidades de um bom tutor, a empatia que resultada capacidade de se colocar no lugar do outro, propiciando umasintonia afetiva e a capacidade de comunicao, expressa naconduta atenta e respeitosa, so elementos vitais no exerccio datutoria sedutora. A arte da pacincia e tolerncia deve fazer parteda prxis pedaggica, uma vez que importante a tolerncia slimitaes dos membros do grupo, assim como a compreenso daseventuais inibies e ritmo de cada um deles (SOUZA, 2004).

    Se o tutor tem a possibilidade de ser tambm, em algum momento,

    um aluno de um curso a distncia, ficar mais fcil entender as dificuldades e

    sentimentos dos seus alunos, j que vivenciou o processo na prpria condio

    de aluno, e, assim, detectar as possveis dificuldades que os seus alunos vo

    enfrentar e j ir se prevenir para ajuda-los.

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    O ideal e a realidade

    Ao relacionar a teoria e a pesquisa realizada, um ponto importante

    nos resultados encontrados na pesquisa a dificuldade que os tutoresenfrentaram com relao ao uso das tecnologias. Muitos tiveram dificuldade

    com o Chat, com o Claroline e em postar os trabalhos, tudo relacionado com a

    tecnologia, j que estudar, assistir aula e os contedos dos trabalhos e

    provas no apresentaram muita dificuldade. Percebe-se que muitos tutores

    ainda no tm o domnio completo da tecnologia, ferramenta fundamental no

    ensino a distncia.

    Ao analisarmos esse fato pensando na questo da empatia, ou seja,em colocar-se no lugar do outro, chegamos concluso que se o tutor no

    domina plenamente o uso das ferramentas e apresenta dificuldade deve saber

    como o aluno se sente ao ter que usar a tecnologia sem conhec-la. O ideal

    nesse caso que o tutor, ao saber que o aluno pode enfrentar essa mesma

    dificuldade que ele enfrentou, aprenda como usar as tecnologias e oriente os

    alunos j no incio do curso. Assim, ele atender melhor seu aluno,

    compreendendo o que est sentindo.Outra questo que se pode observar que s metade dos tutores

    tornaram-se mais empticos com seus alunos aps a experincia de um curso

    a distncia. Talvez isso se deva ao fato de que para alguns no foi novidade

    estudar a distncia e por isso j poderiam estar usando a empatia para

    melhorar a relao, ou at mesmo porque j tinham essa habilidade

    desenvolvida. Esta era a questo principal do artigo: fazer a relao entre o

    fato de vivenciar a experincia de ser aluno de um curso a distncia e depois

    trabalhar como orientadores desses alunos.

    A idia primeira era de que, ao passar pela experincia, tornariam-se

    mais empticos na relao com seus alunos, por terem sentido algumas das

    dificuldades que eles sentem. No entanto, isso no pode ser comprovado, j

    que metade mudou sua atitude tornando-se mais emptica, mas a outra

    metade dos tutores no sofreu influncia direta nesse aspecto.

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    CONSIDERAES FINAIS

    No ensino a distncia ocorre uma transformao no modelo tradicional

    de educao, que era caracterizado principalmente pela figura do professor

    em sala de aula junto com os alunos. Na EaD, outra figura ilustra essas

    relaes: a presena do tutor.

    Frente a essas mudanas, o vnculo entre professor e aluno no

    acontece mais da forma como acontecia e o professor precisa usar outros

    mtodos de motivao e ensino.

    A interao presencial passa a ocorrer mais com o tutor, que deve ter

    competncias especficas, como pedaggica, didtica, tecnolgica, entre

    outras. O importante que a motivao e a afetividade no so perdidas com

    essas mudanas.

    vlido lembrar que a relao do aluno com o tutor fundamental no

    processo de ensino-aprendizagem a distncia, j que esse tutor pode e deve

    acolher, acompanhar e orientar o aluno nas diversas situaes que ocorrem.

    No entanto, o tutor tem que conhecer suas obrigaes e ter conhecimentos e

    habilidades especficas para desempenhar bem sua funo, reavaliando seu

    trabalho e buscando novos conhecimentos.

    evidente que o contato fsico importante para o desenvolvimento

    humano, mas o tutor pode criar meios de comunicao, utilizando as

    tecnologias, a afetividade e a empatia entre ele e os alunos, tornando o

    aprendizado mais efetivo.

    O tutor precisa aprender a lidar com suas emoes para usar mais a

    empatia, a fim de fortalecer os laos com os alunos e atend-los melhor. A

    empatia favorece as relaes, j que, ao saber e entender o que o outro est

    sentindo, possvel dar uma ateno maior e mais completa, considerando o

    aluno em todos os seus aspectos como ser integral.

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    REFERNCIAS

    GOLEMAN, D. Inteligncia emocional: a teoria revolucionria que redefine oque ser inteligente. 55. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

    MORAN, J. M. O que educao a distncia. Disponvel em:. Acesso em: 28 jul. 2007.

    MOULIN, N et al. Formao do tutor para as funes de acompanhamento eavaliao da aprendizagem a distancia. Disponvel em:. Acessoem: 28 jul. 2007.

    OLIVEIRA, E. Z. de. Psicologia das habilidades sociais na infncia: teoria eprtica. Disponvel em: . Acesso em: 08 dez. 2008.

    ROMANOWSKI, J. P. Aprender: indicaes da prtica docente. In: EncontroNacional de Didtica e Prtica de Ensino Endipe, 13. 2006, Recife. Anais.Recife, 2006.

    SANTOS, G. do R. C. M. et al. Orientaes e dicas prticas para trabalhosacadmicos. Curitiba: IBPEX, 2007.

    SOUZA, C. A. de et al. Tutoria na educao a distncia. Disponvel em:. Acessoem: 28 jul. 2007.

    WEIDUSCHAT, I. O papel da tutoria na EaD: organizar e dirigir situaes deaprendizagem. Disponvel em:. Acesso em: 28jul. 2007.