Empreendedor 150

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www.empreendedor.com.br Ano 13 • Nº 150 ISSN 1414-0152 Abril 2007 • R$ 9,90 RESTAURANTES FORA DO LUGAR COMUM MOTOS POPULARES ACELERAM SUNDOWN A RESISTÊNCIA DO SABÃO DE PEDRA

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Edição n. 150 da revista Empreendedor, de abril de 2007

Transcript of Empreendedor 150

www.empreendedor.com.br

Ano 13 • Nº 150

Empreendedor

Ano 1

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150 •

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l 2007

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Abril 2007 • R$ 9,90

RESTAURANTES FORA

DO LUGAR COMUM

MOTOS POPULARES

ACELERAM SUNDOWN

A RESISTÊNCIA DO

SABÃO DE PEDRA

2 – Empreendedor – Abril 2007

Abril 2007 – Empreendedor – 3

4 – Empreendedor – Abril 2007

Nesta Edição

Redação

Editor-Executivo: Nei Duclós

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Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling,

Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins

Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz

Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira,

Casa da Photo, Lio Simas, Index Open e Tomas May

Produção e Arquivo: Carol Herling

Foto da capa: Tomas May

Revisão: Renato Tapado

Sedes

São Paulo

Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba

Executivos de Contas: Gesner C. Vieira e Márcia Marafon

Projetos Especiais: José Lamônica (Lamônica Associados)

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Executiva de Atendimento: Luana Paula Lermen

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Diretora: Luzia Correa Weiss

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ANER

A revista Empreendedor éuma publicação da Editora

Empreendedor

PG. 28 Gastronomia Fora do lugar-comum

4 – Empreendedor – Abril 2007

PG. 36 Mercado Sabão sem desmancheSimplicidade e eficácia são características típicas do sabão em barra

(ou pedra), e o segredo de sua permanência no mercado de higie-

ne e limpeza. Consagrado por seu

maior rendimento na limpeza, o

produto se mantém há tempo

sem alterações significativas na

formulação e na apresentação ao

consumidor final. E continua

vendendo, com bons resultados:

a margem de lucro fica entre

30% a 40%, em média.

O mercado religioso no Brasil mo-

vimenta R$ 11 bilhões ao ano,

atraindo os empreendedores que

investem nos grandes eventos,

nos centros de peregrinação e em

lojas tradicionais que não depen-

dem mais da sazonalidade das

datas consideradas sagradas. A

visita do Papa em maio e a cano-

nização de frei Galvão estimulam

os que procuram fazer negócios

nesse nicho com aumento cons-

tante de vendas.

PG. 16 Capa O estímulo da fé

A receita pode ser até a mesma,

mas os pratos certamente não

saem iguais. Dependem da com-

binação de ingredientes extras

como conhecimento, prática e cri-

atividade na culinária. E o mais

importante: vocação para cozi-

nhar. Esse é o principal quesito

para atuar em um mercado que

corresponde a 2,4% do PIB brasi-

leiro e congrega cerca de um mi-

lhão de empresas, gerando seis

milhões de empregos diretos em

todo o país.

TO

MA

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Abril 2007 – Empreendedor – 5

PG. 10 Entrevista: Gilberto Bomeny

Pólo empresarial

Abril/2007

LEIA TAMBÉM

Cartas ................................................................. 7

Empreendedores .................................................. 8

Não Durma no Ponto ......................................... 14

Pequenas Notáveis ............................................ 50

Empreendedor na Internet ................................ 82

PG. 52 Perfil: Antônio Carlos Romanoski

O homem da moto popularO presidente da Brasil & Movimento S.A.

(B&M), líder na fabricação de bicicletas com

a marca Sundown, em 2002 ampliou a sua

participação no segmento de duas rodas com

a fabricação de motos de baixa cilindrada.

Em pouco mais de três anos de mercado, a

Sundown Motos tornou-se a terceira marca

mais vendida do país, com 4,9% de partici-

pação no mercado.

PG. 58 A voz da experiência: Aleksandar Mandic

O carteiro digitalEle é o pioneiro na internet no Brasil, cria-

dor do primeiro provedor do país. Hoje, está

à frente da Mandic, uma empresa que ofe-

rece serviços de e-mail para grandes negó-

cios. Foi um dos primeiros no mundo a vis-

lumbrar e-mails de grande capacidade, na

frente de companhias internacionais como

o Google. Trabalha como um carteiro na in-

ternet, garantindo a entrega de mensagens

grandes para os clientes.

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 67

Produtos e Serviços.......................................... 68

Lei ..................................................................... 70

Leitura ............................................................... 72

Análise Econômica ............................................ 76

Indicadores ....................................................... 77

Agenda .............................................................. 78

PG. 42 Franquia

Rede decomplementosProdutos para emagrecer, aumentar

massa muscular, performance e qua-

lidade de vida fazem da SNC uma rede

de franquias muito procurada por pes-

soas que se identificam com o assun-

to. Impulsionada por uma demanda

crescente, a explosão do mercado de

suplementos alimentares e vitaminas

atinge hoje 17,4 bilhões de dólares em

todo o mundo.

PG. 62 TI

NanoprodutosAgronegócio, engenharia e saúde

se beneficiam das aplicações em-

preendedoras da nanotecnologia

no Brasil, como a Língua Eletrô-

nica, um sensor gustativo para

avaliação de bebidas, entre elas,

água, vinho e café, desenvolvida

pela Embrapa Instrumentação

Agropecuária, em parceria com a

Escola Politécnica da Universida-

de de São Paulo.

IND

EX

O

PE

N

Desde o início da década de 1970, Gilberto

Bomeny, presidente do World Trade Center

(WTC) Brasil, já pretendia montar um cen-

tro de comércio no país, mais especificamen-

te na cidade de São Paulo. Acreditava ser

uma boa oportunidade, em uma época em

que pouco se falava sobre centros empresa-

riais no Brasil. Mas foi preciso persistir, ao longo de vinte anos,

até concretizar seu empreendimento.

6 – Empreendedor – Abril 2007

de Empreendedor

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Os artigos deverão conter nome completo,

assinatura, telefone e RG do autor, e estarão

sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes

que os editores julgarem necessários.

Editorial

idelizar os clientes é um lugar-comum no mundo dos negócios.

É a meta de todo empreendimento quese proponha a sobreviver e crescer. Maspossivelmente só dois setores tenham afé como insumo básico nas suas ativi-dades: o futebol e a religião. Assimcomo o torcedor que passa a vida vi-brando pelo seu time, e quando morreé enterrado enrolado na bandeira dasua predileção, da mesma forma o fielde uma igreja tem a con-vicção que jamais seapaga e a essa certezadedica sua passagempela terra.

Quem lida com pro-dutos e serviços do mer-cado religioso contacom essa vantagem daempatia dos seus clien-tes. Mas, como em qual-quer outro ramo, é pre-ciso oferecer o que há demelhor, pois o clientecom fé voltará sempre a consumir, e ohábito traz embutida a necessidade dedispor das soluções mais adequadas,dos artigos considerados à altura dadevoção ao sagrado.

Nossa matéria de capa traz a di-versidade dos empreendedores da fé,aqueles que, religiosos ou não, pro-curam atender clientes com as mes-

Fmas características encontradas nosoutros setores: exigentes e críticos,eles pressionam para que a imagem,a música, o livro, o terço, a fita, en-tre tantos outros itens, sejam o veí-culo ideal dos sentimentos e idéiasque levam pela vida afora.

Um evento poderoso como a visitado Papa em maio é apenas um detalhedessa atividade que está em ascensãoe já não depende mais da sazonalida-

de das festas e datas es-colhidas para as cele-brações. O que contaé ter disponível, no cen-tro de peregrinação, nopróprio bairro, na fei-ra temática, tudo o queé necessário para seidentificar com deter-minada religião.

Pois é disso que setrata: a fé faz parte daidentidade pessoal, emultidões acorrem às

lojas, tendas, fábricas e aos profissio-nais especializados para ter à mão oque falta para que essa identidade fi-que explícita e seja uma espécie decarta de apresentação da pessoa quetrafega tanto pela vida íntima quan-to a profissional.

Nei Duclós

CedocO Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos

interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais

informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo e-

mail [email protected].

Cartas para a redaçãoCorrespondências por e-mail devem ser enviadas para

[email protected]. Solicitamos aos leitores que utilizam cor-

reio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publi-

cação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescenta-

dos o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

Abril 2007 – Empreendedor – 7

Cartas

NCH

Vi minha entrevista na Empreendedor (edição número 149, de fevereiro),está legal, porém o nome da empresa é NCH, ao invés de NHC. Agradeceria sepudesse corrigir.

Mirian Zacareli

NCH Corporation

Jeito Moleque

Sobre a matéria publicada na Revista Empreendedor do mês de março como título “Shows Planejados”: o que acontece é que na mátéria o nome do em-presário do Jeito Moleque está errado, já que Alexandre Baptestini é apenas umparceiro da WFA Eventos, empresa responsável pela carreira do Jeito Molequee que tem como empresário Fabio Ponte.

Após a publicação, recebemos muitas ligações questionando se o JeitoMoleque havia trocado de empresário, só depois que tomamos conheci-mento da matéria em sua revista é que entendemos por que os questiona-mentos. Como assessora de imprensa do grupo, estou esclarecendo a vo-cês da Revista Empreendendor, e algumas pessoas que nos questionaram,que o empresário do Jeito Moleque é Fabio Ponte, que sempre respondeupela carreira do grupo. Desde já, agradeço sua atenção e coloco-me à dis-posição para esclarecimentos.

Dagmar Alba – WFA

Assessora de Imprensa (11) 3803-9979

Cultura

Estou com a Empreende-dor que traz a matéria sobre aNossa Cultura em mãos! Gos-taria de parabenizar o repórterWendel Martins pelo trabalhoe agradecer pela divulgação domeu cliente. Sempre que pre-cisar, é só chamar. Estarei aquià disposição.

Janaína Azzoni

Rosa Arrais Assessoria de

Comunicação

Tatuagens

Carol, parabéns pela maté-ria “As grifes da tatuagem”.Muito legal a pauta, e melhorainda o texto!

Eldi Willms

São Paulo – SP

Empreendedores

8 – Empreendedor – Abril 2007

Orlando Pavani Júnior

TransformaçãoempresarialA Gauss Consulting, empresa deconsultoria instrumental e assesso-ria especializada, nomeou OrlandoPavani Júnior como CEO da empre-sa. Pavani, que já atuava na compa-nhia como consultor e instrutor, as-sume o cargo com a responsabilida-de de adequar as áreas de atuaçãoda organização com a demanda atu-al de seu público e, conseqüente-mente, aprimorar os serviços daGauss junto ao mercado. Formadoem Administração de Empresas comespecialização em Administração In-dustrial e pós-graduado em Econo-mia Empresarial, Pavani acumula 27anos de experiência na área de ges-tão organizacional e estuda “ciênciado comportamento”, com mais de20 cursos específicos relacionadosao assunto. O objetivo é conciliar aavaliação das equipes com o cresci-mento das companhias. “Meu focode atuação será no desenvolvimentode nossa área comercial para pro-mover o crescimento sustentado denossas divisões e consolidar nossaimagem como especialistas emTransformação Empresarial, explo-rando nossa capacitação e creden-ciamento nas áreas de estatística em-presarial, desenvolvimento humanoe excelência da gestão organizacio-nal.” www.gaussconsulting.com.br

Edson Filho

Convívio erudito

Marcelle e Tamille de Souza Zanatta

Herdeiras da modaAs jovens Marcelle e Tamille de

Souza Zanatta, filhas de Tida Zanattae netas de Adelina Hess de Souza –matriarca do Grupo Dudalina –, es-tão herdando da família o prazer pelocomércio de roupas e planejam inves-tir no segmento de festa. Elas, que jáatuaram nas lojas da família, inaugu-raram seu próprio espaço, voltado ex-clusivamente para multimarcas de

luxo. Com conceito do renomado ar-quiteto Sig Bergamin, o espaço refle-te o gosto da dupla pela moda con-temporânea e também abriga a pri-meira franquia da Le Lis Blanc emFlorianópolis. Formadas em Adminis-tração de Empresas e também emmoda “pela convivência em família”,as irmãs prometem fazer um traba-lho diferenciado e cheio de estilo.

Em três anos de atividades, o Espa-ço Cultural É Realizações, em São Pau-lo, proporciona ao visitante música eru-dita, contato com os filósofos contem-porâneos mais controversos, uma char-mosa livraria, além de eventos cultu-rais exclusivos. “Nossa editora lançou,desde 2000, mais de 38 títulos, e em2004, com a abertura do Espaço Cul-tural, passamos a promover eventos,cursos e shows que são apresentadosde forma interdisciplinar, evidenciando

nossa vocação educacional”, diz EdsonFilho, diretor do espaço. Um dos cur-sos mais solicitados no ano passado foio de Degustação Musical, ministradopelo compositor Sérgio Molina, queengloba aulas de iniciação à audição decompositores eruditos, como Mozart,Rachmaninoff e Ligeti. Para o mês demaio, o espaço cultural prepara umcurso de história e evolução da MPB,que também será ministrado por Sér-gio Molina. www.erealizacoes.com.br

Abril 2007 – Empreendedor – 9

Caio Romano

Kit BixoDe olho em um público exigente, com poder

de consumo e potencial de opinião, o empresárioCaio Romano, através da sua agência Mundo Uni-versitário, criou o Kit Bixo. A inspiração vem doskits entregues tradicionalmente pelas faculdades

e suas entidades acadêmicas aos alunosnos primeiros dias de aula. Os “bixos”

– como são conhecidos os calou-ros universitários –, recebem brin-

des como camisetas, canecas,adesivos, bonés, entre outrossouvenires, patrocinados porempresas que desejam fixarsuas marcas junto a este pú-

blico. O projeto já teve a partici-pação de grandes empresas e este

ano conta com patrocínio total do Guaraná Schin.Atualmente, Romano faz a distribuição de seuskits em 18 universidades do Estado de São Pau-lo, e cada ação atinge em média 30.000 estudan-tes. www.mundouniversitario.com.br

Patricia Martinez

Arquiteta globalEm oito anos de profissão, a arquiteta Patricia Martinez

já desenvolveu mais de 250 projetos comerciais e residen-ciais de alto padrão, e agora vem ganhando prestígio e mui-to trabalho no mercado internacional, com a finalização deobras em Nova York, Estocolmo e Madri. Sócia do Núcleode Arte Contemporânea do MAM (Museu de Arte Moder-na), onde estreita sua relação com curadores, artistas, for-madores de opinião e pessoas relacionadas a este universo,Patricia trabalha a funcionalidade, e o rigor estético dos es-paços e ambientes que projeta. O comprometimento com odesign brasileiro original, mas com novas propostas que uti-lizam variadas opções de matéria-prima da terra, linhas finase modernas, e toques de leveza chama a atenção de norte-americanos e europeus. Recentemente, Patricia foi convida-da para participar da Casa Cor Estocolmo como representan-te da arquitetura brasileira. “Com os recursos da era digital ealgumas visitas ao espaço, consigo trabalhar a distância e ga-rantir que o projeto saia exatamente como planejei. Devido àintegração do mundo globalizado, meus projetos – mesmo osnacionais – contam com as melhores soluções que cada paísno mundo tem a oferecer.” (11) 3078-3815

10 – Empreendedor – Abril 2007

Um núcleode eventosCriar um centro empresarial no Brasil com

marca internacional, forte e conhecida, serviu

para gerar um pólo dinâmico de novos negócios

por Fábio Mayer

Entrevista Gilberto Bomeny

Desde o início da década de 1970,Gilberto Bomeny, presidente do WorldTrade Center (WTC) Brasil, já preten-dia montar um centro de comércio nopaís, mais especificamente na cidadede São Paulo. Acreditava ser uma boaoportunidade, em uma época em quepouco se falava sobre centros empre-sariais no país. Mas foi preciso per-sistir, ao longo de vinte anos, até con-cretizar seu empreendimento. Para ge-rar negócios em escala mundial, nãobastava oferecer apenas uma estruturade serviços e equipamentos. Era neces-sário começar com uma presença forteno mercado internacional, calcado emuma marca importante, de preferênciaconhecida em todo o mundo.

Encontrou no WTC sua oportuni-dade para pôr em prática seu projeto.É uma instituição internacional que, atu-almente, está presente em mais de 80países, possui mais de 500 mil empre-sas afiliadas e promove o intercâmbioeconômico. Ela exerce uma estratégiacompatível ao que vislumbrava. Em1972, entrou com o pedido para se fili-ar à WTC Association e conseguiu alicença da WTC para o Brasil. “Na épo-ca, o governo brasileiro se balizava pelobordão ‘Exportar é o que importa’, cri-ado pelo então responsável pela eco-nomia, Delfim Neto”, diz. Mas o iníciodas obras ocorreu somente duas déca-

das mais tarde.Com o apoio de 33 fundos de pen-

são e um investimento de US$ 200 mi-lhões, o empreendimento foi finalmen-te inaugurado em 1995. O WTC SãoPaulo é hoje um dos maiores e maismodernos complexos empresariais daAmérica Latina. “O complexo colocaà disposição tudo o que é necessáriopara a realização de negócios: escritó-rios e salas de reuniões, escritóriostemporários, espaço para feiras, ex-posições e eventos, videoconferência,clube de negócios, sofisticados res-taurantes, práticos fast-foods, acade-mia, lojas de decoração e design, ho-tel e uma infinidade de serviços.”

A unidade localizada na capital pau-lista compreende torre de escritórios(WTC Tower), hotel (Gran Meliá),Clube de Relacionamento (WTCClub), centro de convenções, e shop-ping de decoração e design (D&DShopping). Além de São Paulo, háuma unidade em Santos. “Nosso ob-jetivo, em longo prazo, é poder es-tender o WTC às diversas capitaisbrasileiras.” A nova aposta de Bo-meny é gerar oportunidades no mer-cado interno, oferecendo espaço e es-trutura para a realização de negócios.“O complexo tem condição de se es-palhar e ajudar até no próprio merca-do interno, que é muito grande. Pode

gerar relacionamentos internos comisso, não precisa ser externo.”

Dez anos depois da inauguração doWTC em São Paulo, ocorreu uma gran-de expansão imobiliária em torno da lo-calização do complexo. “É lógico queos negócios que estão ocorrendo aquiem volta não têm a assinatura do WTC,mas depois que trouxemos o empreen-dimento para cá, surgiu um novo cen-tro empresarial em São Paulo, gerandocentenas de milhares de empregos”, diz.

Empreendedor – Como o World Tra-

de Center São Paulo está inserido

no ambiente de negócios do Brasil

e do mundo?

Gilberto Bomeny – O World TradeCenter (WTC) é um centro de comér-cio internacional, uma central de negó-cios em escala mundial, uma estruturade serviços e equipamentos para os pro-fissionais das transações com o exte-rior. A marca WTC está inscrita hoje emcerca de 300 cidades membros, em maisde 80 países, com mais de 500 mil em-presas afiliadas. No Brasil, somos doisWTCs. Um em São Paulo e outro emSantos. Além da missão internacional darede WTC Association, temos a missãonacional de oferecer uma completa in-fra-estrutura e serviços para a geraçãode negócios como hotel, centro de con-venções, shopping, torre de escritórios,clube de negócios e relacionamento. Porexemplo, a Samsung realizou um even-to aqui, em que ela convidou todos osseus representantes na América Latinae durante dois ou três dias fez suas ven-das mundiais para essa região. Geramosa oportunidade pelos espaços que ofe-recemos à empresa para fazer isso.

Empreendedor – Existe alguma co-

operação ou interação entre os

WTCs espalhados pelo mundo para

o estímulo ao desenvolvimento de

negócios?

Bomeny – Essa é a missão da WTCAssociation, promover o intercâmbio deinformações e aproximar empresários domundo todo para geração de negócios.

Abril 2007 – Empreendedor – 11

O lema da WTC Association é Peace& Stability Through Trade (Paz e Es-tabilidade através do Comércio). Quan-to mais negócios houver entre os paí-ses, menos guerras acontecerão. Temum dado muito interessante, que 2005foi o único ano, na história do mundo,que não houve guerra entre nações.Ocorreram atos terroristas, mas nãoguerra. O motivo verificado pelo CatoInstitute (fundação sem fins lucrativosde pesquisa em política pública) é queesse ano houve maior intercâmbio decomércio entre as nações.

Empreendedor – O intercâmbio de

negócios promovido pelo WTC é uma

alternativa para buscar e consolidar

a participação em novos mercados?

Como o senhor avalia o mercado dos

espaços para os negócios na inser-

ção das pequenas empresas em

grandes estruturas como o WTC?

Bomeny – As grandes empresasmultinacionais têm representantes nasprincipais cidades do mundo, já têm comquem falar. Mas um empresário quequeira ir para a Rússia tentar fazer umdeterminado negócio vai gastar compassagem, ficar uma semana e, prova-velmente, se encontrar com pessoas er-radas, demandando uma nova viagem.Pelo fato de ter um WTC naquele país,o empreendedor pode, pelo menos, con-

Temos a missão

de oferecer uma

completa infra-

estrutura e serviços

para a geração

de negócios

maior e mais moderno complexo em-presarial da América Latina. A unidadeé composta pela torre de escritóriosWTC Tower, pelo WTC Hotel, peloClube de Relacionamento WTC Club epelo mais completo centro de decora-ção e design, o D&D Shopping. O com-plexo coloca à disposição tudo o que énecessário para a realização de negó-cios: escritórios e salas de reuniões, es-critórios temporários, espaço para fei-ras, exposições e eventos, videoconfe-rência, clube de negócios, sofisticadosrestaurantes, práticos fast-foods, aca-demia, lojas de decoração e design,

seguir informações prévias. Por exem-plo, contar com a ajuda de alguém paraprontamente marcar as entrevistas e fa-zer pesquisas de mercado. Tudo isso aum custo muito menor, sem precisargastar uma grande soma em viagem, equando precisar ir, ele vai muito consci-ente do que pode encontrar. Às vezes,isso é mais importante do que o próprionegócio, evitar gastos desnecessários efalar com as pessoas certas.

Empreendedor – O que o comple-

xo oferece?

Bomeny – O WTC São Paulo é o

12 – Empreendedor – Abril 2007

Entrevista Gilberto Bomeny

hotel e uma infinidade de serviços.

Empreendedor – Quem certifica e

como é o processo de certificação de

um WTC no mundo?

Bomeny – Temos um comitê(WTCA Board) e uma auditoria que vi-sita e avalia todos os WTCs que têmuma infra-estrutura. Este trabalho érealizado de quatro em quatro anos, eo WTC São Paulo foi reconhecido coma categoria Silver por atender a todosos requisitos: Trade Information Ser-vice, Trade Education Service, WTCClub Facilities, Conference Facilities,Exhibit Facilities, Group Trade Mission,Tenant Services e Trade TechnologyInnovations.

Empreendedor – Quais foram as

maiores dificuldades que enfrentou

para trazer o WTC para o Brasil?

Bomeny – Entrei com o pedido parase filiar à WTC Association em 1972 eestava com a licença da marca WTCpara o Brasil. Mas somente duas déca-das depois conseguimos dar início àsobras. Na época, o governo brasileirose balizava pelo bordão “Exportar é oque importa”, criado pelo então respon-sável pela economia, Delfim Neto.

Empreendedor – Qual era o cenário

nacional em relação às oportunida-

des de negócio quando obteve a li-

cença da marca WTC para o Brasil,

na década de 1970? A situação atu-

al da economia brasileira é propícia

à realização de novos negócios?

Bomeny – O cenário político e eco-nômico tão favorável na ocasião expe-rimentava turbulências, alterações, e sepassaram 20 anos até que as condiçõesvoltassem a ser favoráveis. Só ao tem-po da abertura da economia brasileira,iniciada no governo Collor, nos anos1990, apresentamos o projeto à Associa-ção Brasileira das Entidades Fechadasde Previdência Complementar (Abrapp).O conceito foi apresentado aos repre-sentantes de trinta fundos patrocinadospor empresas públicas e privadas de di-

ferentes setores. Aberto a pequenos,médios e grandes investidores, o proje-to oferecia a oportunidade de represen-tantes dos fundos acompanharem todasas etapas das obras, do início ao fim.

Empreendedor – Existia alguma

resistência, na época, por parte dos

empreendedores?

Bomeny – Não. A visibilidade quetemos vem dos espaços que oferece-mos e da infra-estrutura que criamos.Isso é imbatível, mesmo para quem nãoquer saber de nada lá fora.

Empreendedor – Desde aquela épo-

ca, quais as mudanças mais signifi-

cativas, na sua opinião?

Bomeny – Nesses dez anos, ocor-reu uma grande expansão imobiliária,e, hoje, não existe mais terreno. No iní-cio, tínhamos 300 quartos de hotel, querepresentavam 100% da oferta e, atu-almente, temos 2.800 e somos menosde 10% da oferta. É lógico que os ne-gócios que estão ocorrendo aqui emvolta não têm a assinatura do WTC,mas depois que trouxemos o empreen-dimento para cá, surgiu um novo cen-tro empresarial em São Paulo, gerandocentenas de milhares de empregos.

Empreendedor – O turismo de ne-

gócios é o terceiro item na lista de

Pode-se falar o que

quiser por telefone

e internet, mas os

grandes negócios

são realizados

olho no olho

Linha Direta

Gilberto Bomeny

[email protected]

gastos das empresas, atrás apenas

de despesas com insumos e folha

de pagamento, em geral. Esse é um

dado correto? Houve crescimento

nos últimos anos?

Bomeny – Sim, em São Paulo nota-se um crescimento. A cidade realiza umevento a cada seis minutos e cada vezmais vai sobreviver do turismo de ne-gócios. Não tem mar nem praia, é busi-ness puro. Até mesmo nos fins de se-mana um grande número de turistaschega à capital paulista, para fazer com-pras e também apreciar a gastronomia.

Empreendedor – A popularização

da telefonia (videofone, por exem-

plo) pode desencadear uma redu-

ção nos gastos com viagens?

Bomeny – Não acredito. Pode-sefalar o que quiser por telefone e inter-net, mas os grandes negócios são rea-lizados olho no olho. O acordo presen-cial nunca vai deixar de existir. É co-mum querer tocar no produto antes deconcretizar uma compra, por exemplo.O aumento das feiras e dos eventosespecializados comprova isso.

Empreendedor – Quais as pers-

pectivas de expansão do WTC no

Brasil?

Bomeny – Nosso objetivo, em longoprazo, é poder estender o WTC às diver-sas capitais brasileiras. Hoje, estamos,além de São Paulo, apenas na cidade deSantos, mas o complexo tem condiçãode se espalhar e ajudar até no próprio mer-cado interno, que é muito grande. Podegerar relacionamentos internos com isso,não precisa ser externo.

Empreendedor – Crescer cada vez

mais no mercado de eventos?

Bomeny – Exatamente. Esse é onosso foco. Hoje, temos um evento,semana que vem temos outro, e é issoque faz o complexo ter vida.

Abril 2007 – Empreendedor – 13

Não Durma no Ponto

14 – Empreendedor – Abril 2007

Síndrome da prosperidade tardiaSim! Há quem sabote o seu pró-

prio sucesso. Em geral, são as mes-mas pessoas que procuram explica-ções externas, fora de si e por isso desua responsabilidade, para justificar opróprio insucesso. E muitos são osculpados, claro: a economia, o mer-cado, a concorrência, a pressão dosfornecedores ou dos clientes. Sempreexiste um culpado, que mora ao lado.E age de maneira incontrolável, pre-datória. Não resta aos sabotadores desi mesmos senão sucumbir.

Parece que essa questão de identifi-car um culpado fora de si está na ori-gem da história da humanidade. É sódar uma olhada na Bíblia. Quando Deusperguntou a Adão quem foi que trans-grediu a lei e comeu a maçã da árvoreproibida, ele foi logo jogando a culpa emEva. Ela, por sua vez, também tratou detirar o corpo fora, quando interpelada:“foi a serpente”, justificou-se. Então...

É bem provável que esteja aí, nessaatitude descompromissada, a diferen-ça entre o ser humano que se conside-ra uma simples criatura e o que se as-sume criador. A criatura sempre está àmercê das circunstâncias, pois achaque a solução de seus problemas nãodepende dela. É uma vítima, sempre.Por isso, espera, aguarda e trabalhapara objetivos que, em geral, não sãoseus. O criador, por sua vez, escolhe omundo em que quer viver, constrói oseu futuro e se responsabiliza por ele,na certeza de que está dirigindo o leme,e dele, como condutor, dependem tan-to os bons como os maus resultados.

Voltemos ao início. Dizia que háquem sabote o seu próprio sucesso. Eisso requer esforço. É como nadar con-tra a maré. Qualquer pessoa sabe que édesgastante (e improdutivo) contrariara natureza. Ainda mais porque a nossanatureza é de evolução, de expansão,tem como fermento uma promessa deprogresso. Assim, o sucesso é ineren-

O criador escolhe

o mundo em

que quer viver,

constrói o seu futuro

e se responsabiliza

por ele

te à existência. Por que, então, nem to-dos prosperam?

Uma das razões pelas quais issoocorre é porque muitos sofrem da sín-drome da prosperidade tardia. E do quese trata? Simplesmente, postergar aprosperidade para um futuro indefini-do e sempre longínquo, enquanto cor-remos atrás dela. Um horizonte que seafasta, a cada passo que a pessoa dá.

Está na sua frente, mas inatingívelcomo uma miragem no deserto. Tra-ta-se de um paradoxo, mas é a puraverdade. Vejamos como funciona.

Sabotagem 1: É preciso lutarpela sobrevivência e garantir osustento.

Cada um de nós pula bem cedo dacama, sai para o trabalho a que se de-dica, devotadamente, não raro maisque oito horas por jornada, e nem sem-pre apenas nos chamados dias úteis.É o desafio de assegurar o “leite dascrianças”, como diz o jargão popular.Significa lutar pela sobrevivência, ga-rantir o sustento próprio e da família.Pelas dificuldades que sempre apare-cem no caminho, esse dia-a-dia é uma

luta constante, nada menos que umaguerra, com sucessivas batalhas nosnegócios. Parece que há poderososinimigos a combater: a ganância dofornecedor, a voracidade do concor-rente, o oportunismo do cliente, o mer-cenarismo do funcionário. Um triste edevastador cenário.

Daí, surge a primeira sabotagemcomum: o tempo despendido na arti-lharia e as habilidades adquiridas paraesse fim impedem que se direcionemas atenções para ampliar os conheci-mentos e habilidades fundamentais àconquista da prosperidade. Ou seja,quem luta pela sobrevivência não pen-sa em outra coisa. E a prosperidade estána “outra coisa”, e não em perpetuar abusca da sobrevivência. Uma armadi-lha mortal.

Enquanto se luta pela sobrevivên-cia com sofreguidão, perde-se a opor-tunidade de encontrar a prosperidade,que, por incrível que pareça, mora aolado, de tão próxima, ou mora dentrode cada um de nós, de tão íntima. Tre-mendo paradoxo! Por vivê-lo (e essa éuma escolha nossa), adiamos a pros-peridade, na eterna espera de chegar aela por um passe de mágica e sempreno futuro. Somos vítimas da síndromeda prosperidade tardia, que se tornaquase tão real como uma criatura. Ela,de fato, existe. Mas nós mesmos a cri-amos e fortalecemos. Dia após dia,construímos a armadilha que nos suga.

Sabotagem 2: Os mais fortes devo-ram os mais fracos.

A luta pela sobrevivência costumase transformar numa arena de guerra,em que os mais fracos são abatidospelos mais fortes. Daí, a necessidadede combater ou, como se diz nos ne-gócios, competir. Mas competir im-plica focalizar a atenção no adversá-rio, em vez de mantê-la apontada parao que, de fato, traz a prosperidade. Faz

Abril 2007 – Empreendedor – 15

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial

(11) 3873-1953 – www.cempre.net – [email protected]

Não é no pódio

que está a

prosperidade, nem

nas competências

aprendidas para

chegar lá

parte das estratégias e táticas lançarmão de recursos suicidas, como co-brir as ofertas dos concorrentes, ain-da que às custas de prejuízos. Tal pro-cedimento acontece mais pelo instin-to de competição ou pela ânsia de eli-minar o concorrente do jogo do quede sair em busca de resultados quelevem à prosperidade.

Competir para preservar mercadosconquistados ou tomar mercados dosconcorrentes é uma das facetas dessaterrível e desgastante arena de guerra.Ocorre que, muitas vezes, essa arenade guerra se instala no interior da pró-pria empresa, representada pela descon-fiança que o líder tem de seus lidera-dos. É quando ele vê os próprios fun-cionários como uma ameaça, porqueacha que podem se transformar emfuturos concorrentes ou de aliar-se aestes, levando informações vitais ao“inimigo”. Com isso, a sabotagemacontece em grau elevado: esconder ouomitir dos colaboradores, que fazem osresultados, informações importantessobre o mercado, os clientes, as estra-tégias, o futuro e mesmo os própriosresultados. Informações fundamentaisque facilitariam aos funcionários atin-gir os melhores desempenhos. É comodar um tiro no próprio pé.

Esse tiro no pé é mais um dos sin-tomas da síndrome da prosperidadetardia.

Sabotagem 3: O lucro como umaconta de soma zero.

Quando se vive nesse espaço de so-brevivência e competição, pensa-se nolucro como um somatório de aquisi-ções obtidas, quando se consegue ex-trair o máximo do mundo ao redor. Olucro é compreendido como matéria,algo escasso que muda de mãos comoresultado da dinâmica do próprio mer-cado. E como é escasso e muda demãos, faz-se um esforço gigantesco

para que ele fique, de preferência nasua totalidade, nas próprias mãos. Comisso, toda a luta pela sobrevivência,bem como a competição que beira opredatório, tem como principal objeti-vo extrair o máximo dos agentes en-volvidos no negócio: fornecedores, cli-entes, funcionários, governo.

É quando pensamentos e intençõesestão voltados a extrair o máximo des-

ses agentes, que, ao contrário, o máxi-mo que se consegue é o mínimo ao lon-go do tempo. Aqui está outra triste fa-ceta da síndrome da prosperidade tar-dia, embora num primeiro estágio exis-tam sinais enganosos de prosperidade.

Sabotagem 4: A profecia que serealiza.

As três sabotagens que acabamos dedefinir partem de uma única premissa: ade que os negócios são escassos. O mer-cado é visto como um lugar precário, e,portanto, cada um para si, e Deus paratodos. Só existe um primeiro lugar, e opódio é de quem for capaz de ser o maisforte, o mais ligeiro e o mais competiti-vo. Daí que, nessa maratona, se desen-volvem competências que têm como pro-

pósito superar os outros, e isso implicaforça, velocidade e competição. Mas nãoé no pódio que está a prosperidade, mui-to menos no conjunto de competênciasque foram aprendidas para chegar lá.Quando o que existe é apenas a solidãode ocupar o primeiro lugar no pódio, esse“vencedor” tem uma única certeza: deque a escassez realmente existe, tais sãoo distanciamento e o isolamento provo-cados por esse tipo de sucesso. É quan-do o sucesso traz como saldo a própriaruína. É uma corrosiva e tacanha vitóriade Pirro, em que as perdas são maioresdo que os ganhos. Ao final, acentua-seainda mais a crença na escassez, ao in-vés da fé na abundância, que é onde moraa verdadeira prosperidade.

Bebendo do próprio venenoFoi Nietzsche quem disse que o “vos-

so mau amor de vós mesmos vos fazdo isolamento um cativeiro”. A síndro-me da prosperidade tardia está relacio-nada ao mau amor que temos por nósmesmos. E de não conseguirmos ver osoutros como parte de nós. Extraímosdos outros e nos sabotamos. Adiamosnossa própria prosperidade, ad eternum.Nesse caso, os outros são meios atra-vés dos quais obtemos o nosso êxito,ao invés de um fim em si. Uma guerrade perde-perde. Sem vencedores. Umaverdadeira indústria de fabricar miséria.

Prosperidade significa zelar por to-dos os que nos acompanham nessa jor-nada. Preservar essa comunidade. Paratanto, precisamos colocar a coopera-ção no lugar da competição e a contri-buição no lugar da extração. Isso im-plica outro conjunto de competências,que tem de ser aprendido e incorpora-do. E tudo começa quando tiramos osóculos que só enxergam a escassez.

A boa mágica é trocá-los, definiti-vamente, por óculos que enxergam arealidade como ela é, feita de abundân-cia e prosperidade.

Capa

16 – Empreendedor – Abril 2007

Fiéis ou não, pequenos

e grandes empresários

disputam o agitado

mercado religioso no

Brasil e no exterior

por Alexsandro Vanin

EmpreendedoresNo Brasil, apenas 7,4% da popula-

ção declara não ter religião, de acordocom o Censo 2000 do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE).Os teístas, segundo a mesma pesqui-sa, formam um grupo de 157,3 milhõesde pessoas, e 73,6% dos brasileirosdesignam-se católicos, 15,4%, evangé-licos, e 1,34%, espíritas. Para atenderesses fiéis e aqueles de países de todosos continentes, existem milhares de

pequenos negócios – e também gran-des empresas – iniciados por inspira-ção religiosa ou mercadológica. Essemercado, que gira R$ 11 bilhões porano, conforme dados da PromocatMarketing de Serviços, se encontraagora em polvorosa com a visita do lí-der espiritual do conjunto mais nume-roso, o Papa Bento XVI, e a canoniza-ção do primeiro santo de origem brasi-leira, frei Galvão.

Capa

Abril 2007 – Empreendedor – 17

refugiou nas catacumbas, realizandorituais junto a restos mortais de márti-res. Surgiu aí o costume de que cadaigreja deveria ter uma relíquia de ummártir, depois santo. “Tudo servia comorelíquia: dentes, falanges, caveira, pe-daços de roupa, qualquer coisa.” Tor-nou-se um vasto campo para a falsifi-cação desses itens, principalmente naIdade Média, época em que até mesmoum lugar no céu passou a ser vendido.

Católicos fervorosos, os portugue-ses instalaram no Brasil o mesmo mo-delo. Cada igreja fabricava e vendia ima-gens de santos, relíquias, terços, estam-pas e orações para ajudar na construçãoou manutenção do templo, conta Flo-res. Para o sociólogo Gamaliel Carreiro,esse comércio sempre foi intenso, so-bretudo dentro do catolicismo populare, mais recentemente, entre alguns mo-vimentos neopentecostais, porque a so-ciedade brasileira é muito ligada à ma-gia. E, nos últimos anos, o Brasil se tor-nou um país onde outras tradições reli-giosas passaram a ser consumidas, emgeral fruto de modismos, tais como al-gumas religiões orientais (budismo, ta-oísmo e new age, entre outras), o quedinamizou consideravelmente este mer-cado. “Soma-se a isso o processo definanceirização e empresarização pelaqual passaram algumas instituições reli-giosas e a necessidade de trabalharemcada vez mais com recursos financei-ros”, diz Carreiro, que desenvolve umatese na Universidade de Brasília sobreas teorias econômicas e administrativasaplicadas às instituições religiosas.

Peregrinações

As religiões mais antigas têm as pe-regrinações como fundamento de fé.Segundo o antropólogo Paulo Gabriel Hiluda Rocha Pinto, um visitante a Lourdes,na França, Jerusalém, em Israel, Mashad,no Irã, ou Benares, na Índia, se impres-sionará com a multidão de peregrinos etambém com a incessante atividade nosmercados que existem perto – ou mes-mo dentro – dos santuários, onde os de-votos se transformam em ávidos consu-

A comercialização de artigos religio-sos existe há quase tanto tempo quan-to a própria religião. Uma das históriasmais antigas de que se tem conheci-mento é a revolta de Jesus Cristo porcausa da venda de animais para sacri-fício e câmbio de moedas no templode Jerusalém. Mas, segundo o doutorem história Moacyr Flores, esse mer-cado começou a ganhar maiores pro-porções quando a Igreja Católica se

midores. O fato é que o turismo religiosomovimenta a economia de cidades e re-giões, gerando receita não só no comér-cio, mas também na área de serviços,como alimentação e hospedagem. NoBrasil, conforme dados do InstitutoBrasileiro de Turismo (Embratur), osprincipais roteiros do gênero são Apa-recida do Norte (SP), Nova Trento (SC)e Nova Jerusalém (PE). A religião foiapontada como razão para viagens em2006 por 3,2% dos turistas internos e0,4% dos estrangeiros.

Aparecida do Norte, localizada a160 quilômetros de São Paulo, atrai 8milhões de turistas por ano – 10% des-se contingente visita a cidade em outu-bro, mês comemorativo a Nossa Se-nhora Aparecida –, que em média dei-xam na localidade R$ 50 cada. O San-tuário Nacional, a Basílica Velha e oMorro do Cruzeiro são os principaisatrativos do município, e alimentam deconsumidores as 1,2 mil lojas e 3 milbarracas de ambulantes – sem contaraqueles que atuam na informalidade.Somente em Aparecida, mais de 150indústrias fornecem artigos para essegrande mercado.

O anúncio da glorificação de freiGalvão, em dezembro, modificou avida de uma cidade vizinha, Guaratin-guetá (SP), fundada em 1630. A terranatal do beato recebia em média 80 a90 ônibus por final de semana, mas apartir deste ano o número subiu para180. E a expectativa é de que a pere-grinação aumente após a cerimônia decanonização, marcada para 11 de maio,durante a missa que Bento XVI cele-brará no Campo de Marte, em São Pau-lo. Os principais pontos turísticos sãoa Catedral de Santo Antônio, o museue a Casa de Frei Galvão, além da grutade Nossa Senhora de Lourdes.

Estima-se que o visitante que se hos-peda gasta quase três vezes mais do queo romeiro que passa apenas o dia emAparecida, onde existem cerca de 27 milleitos disponíveis em mais de 150 esta-belecimentos. Devido à proximidade comGuaratinguetá e Cachoeira Paulista (ci-dade-sede da comunidade católica Can-

TOMAS MAY

da fé

Capa

18 – Empreendedor – Abril 2007

ção Nova, cujo objetivo é a evangeliza-ção através dos meios de comunicação),e a perspectiva de uma visitação anual de10 milhões de pessoas, o Sebrae e enti-dades públicas e privadas desenvolveramo projeto Circuito da Fé para aumentar apermanência dos turistas na região – cal-cula-se um incremento de pelo menos5%. O Sebrae está promovendo cursosgerenciais para proprietários e funcioná-rios de hotéis, pousadas, restaurantes elojas, e um guia dessas casas será distri-buído antes da visita do Papa. Em cadamunicípio, placas informarão os demaisatrativos do circuito.

Nova Trento, pequena cidade decolonização italiana distante 80 quilôme-tros de Florianópolis, tornou-se famosaapós a canonização de madre Paulina, aprimeira santa do Brasil, em 2002. Maisde 30 mil devotos por mês dirigem-seao município para rezar e agradecer gra-ças alcançadas no Santuário Santa Pau-lina – inaugurada há um ano – e visitar aréplica da casa onde ela morou, a Coli-na da Madre, antigo local dos seus reti-ros espirituais, o Museu da Colonização,os Marcos do Milênio, da Beatificação eda Canonização, e o Santuário de NossaSenhora de Lourdes, antigamente cui-dado pela religiosa. Nova Trento aindaconta com o Santuário de Nossa Senho-ra do Bom Socorro, construído entre1899 e 1912, a 525 metros de altitude, emais de 40 oratórios de capelinhas es-palhados pelos bairros. Segundo a pre-

Com a melhoria da infra-estruturae o aumento da divulgação, a prefeitaSandra espera atrair investimentos pri-vados, especialmente na área de hos-pedagem. “É preciso que o devoto per-maneça na cidade, o que aumentariaseus gastos, hoje concentrados apenasna alimentação durante o dia de visita.”Mas não faltam restaurantes na cida-de, onde se encontram a comida típicados imigrantes italianos e um bom vi-nho, normalmente produzido na cida-de, de maneira artesanal. Outro atrati-vo da região são as belezas naturais,como a vegetação exuberante que mol-da os caminhos que levam a NovaTrento, e as trilhas que levam a belascachoeiras, córregos e cascatas.

Paixão

Nova Jerusalém é uma cidade-teatroconstruída em Fazenda Nova, a 180 qui-lômetros do Recife, para a encenação daPaixão de Cristo durante a Semana San-ta. O espetáculo, que já atraiu cerca de 2milhões de espectadores e conta com umaequipe de produção de 400 profissionais,reúne a cada noite dos oito dias de apre-sentação uma média de 8 mil pessoas.Elas se transformam em figurantes eacompanham por pouco mais de duashoras a movimentação de atores de re-nome nacional por nove palcos. O in-gresso varia de R$ 30 a R$ 40, depen-dendo do dia, mas um pacote de turismo

feita Sandra Regina Eccel, nos últimostrês anos o governo do Estado inves-tiu R$ 3 milhões em obras de infra-estrutura na cidade, como a melhoriado acesso viário à cidade e ao Santuá-rio, o que beneficia toda a população:“Existe a Nova Trento de ontem, quesofreu décadas com falta de investi-mento, e a de hoje, em que é possívelvislumbrar um futuro.”

O documentário “Cammino”, de 30minutos de duração, conta a trajetóriada Santa Paulina de Vigolo Vattaro, naItália, sua terra natal, a Nova Trento,onde cresceu e passou quase toda a suavida. A obra traz ainda a história da re-cuperação da cruz comemorativa à vi-sita do Papa João Paulo II a Florianó-polis, em 1991, encontrada parcialmen-te destruída em um lixão, e que atual-mente se encontra em Nova Trento.Segundo a produtora Sandra Coelho,os objetivos são divulgar os carismasde Santa Paulina e estabelecer um ro-teiro na região, a exemplo de Santiagode Compostela. “Esperamos fomentaro turismo religioso e com isso trazermelhorias para a população regional.”A rota liga Florianópolis a Nova Tren-to, passando por Antônio Carlos e Ma-jor Gercino, em dois dias de trilhas en-tre matas e cachoeiras da Serra do Mar.“Cammino”, que possui versões emportuguês, inglês, italiano, alemão e es-panhol, tem uma extensa agenda de lan-çamentos no Brasil e no exterior.

TOMAS MAY

Nova Jerusalém (acima), Basílica de Aparecida e catedral

de Santo Antônio, em Guaratinguetá: núcleos dinâmicos

Abril 2007 – Empreendedor – 19

interativo na Pousada da Paixão – ondeartistas e técnicos do evento ficam hos-pedados – vai de R$ 450 a R$ 800, con-forme o tipo de acomodação. O valorinclui participação nos coquetéis oficiaise a oportunidade de figurar próximo aoelenco e com figurino da época.

A Paixão de Cristo de Nova Jerusa-lém começou a ser montada em FazendaNova em 1951, graças à iniciativa do pa-triarca Epaminondas Mendonça. De-pois de ter lido em uma revista como osalemães da cidade de Oberammergauencenavam a Paixão de Cristo, Mendon-ça teve a idéia de realizar um evento se-melhante para atrair turistas e movimen-tar o comércio da vila. As primeiras apre-sentações aconteceram nas ruas, e con-tavam com a participação de familiares eamigos. A cidade-teatro, idealizada pelogenro e jornalista Plínio Pacheco, come-çou a ser construída em 1963. Com 100mil metros quadrados, a área total da NovaJerusalém corresponde a um terço da áreamurada da Jerusalém dos tempos de Je-sus, e a paisagem em seu entorno é mui-to semelhante à da Judéia.

A arte, o artesanato, a música e adramaturgia unem-se, assim, à gestãodos negócios, num movimento cres-cente e cada vez mais amplo, que pro-cura atender à grande diversidade declientes. E que não depende mais dasazonalidade dos eventos religiosos, jáque todo dia é dia de fé e também deatender às necessidades dos fiéis.

Um bom espelho do mercado religio-so no Brasil são as duas principais feirasdo setor, a ExpoCristã e a ExpoCatóli-ca, ambas realizadas em São Paulo. Aprimeira atrai um público de cerca de100 mil pessoas e conta com 300 expo-sitores, em média, que no último anoobtiveram uma receita de mais de R$50 milhões, conforme levantamento daEBF Eventos, promotora do evento. Asegunda registra uma média de 25 milvisitantes e 200 expositores, de acordocom dados da Promocat Marketing deServiços, organizadora da feira.

Nas feiras, instituições religiosas, lo-jistas e empreendedores encontramtoda a gama de produtos necessáriosao seu funcionamento: vestes e paramen-tos, bíblias, livros, CDs, DVDs, roupaspara fiéis e artigos populares, como ter-ços, velas, chaveiros, relicários e ima-gens, entre muitos outros. Eventos pa-ralelos ajudam a atrair o público espe-cializado. Na ExpoCristã, temas atuais,que visam à qualificação, atualização eaperfeiçoamento dos livreiros, lojistas,pastores e líderes, são discutidos porgrandes nomes do setor. Na edição daExpoCatólica deste ano, está prevista a

Feiras dinamizam mercado cada vez mais atraente

Exposição permanente

realização do Salão Peregrinus, eventointernacional de turismo religioso, alémda ExpoVocacional, exposição de tra-balhos de ordens religiosas, e do Cona-ge, seminário sobre administração deparóquias e casas religiosas. “As novasatrações devem atrair um público 25%maior do que o registrado na edição de2006”, diz Fábio Castro, diretor daExpoCatólica.

Os visitantes da ExpoCristã se divi-dem em líderes e pastores (35% dopúblico), jovens e crianças (21%), mú-sicos e técnicos de sonorização (21%),e produtores e distribuidores de arti-gos para lojistas (10%). “A feira se tor-nou mais do que um referencial para osegmento, transformou-se em uma vi-trine de oportunidades de negócios e,por isso, atrai cada vez mais interessa-dos”, diz Eduardo Berzin Filho, coor-denador da ExpoCristã. Participam doevento até a indústria do mobiliário, fa-bricantes de instrumentos musicais, ins-tituições de responsabilidade social,bancos e administradoras de cartão decrédito, como o Bradesco Visa, que ofe-rece cartões de fidelidade para entida-des religiosas.

EXPOCRISTÃ 2007 – 6ª EDIÇÃODe 11 e 16 de setembro

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TOMAS MAY

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20 – Empreendedor – Abril 2007

A diversidade de religiões no Brasil– apesar de católicos e evangélicos re-presentarem quase 90% da população– é por si só um grande leque de opor-tunidades para fabricantes e comer-ciantes de artigos religiosos. Juntam-se a isso as diferenças de poder aqui-sitivo, faixa etária, grau de instrução,datas comemorativas, costumes regio-nais e gostos pessoais, entre outrosfatores de influência na hora da com-pra. Existe ainda o vasto mercado in-ternacional, que algumas empresasvêm conquistando com a qualidade ecriatividade de seus trabalhos, apesarde prejudicadas nos últimos anos pelavalorização do real.

Há quem vislumbrou esse mercado

Fabricantes e lojas de artigos para fiéis ganham pelo

grande volume de vendas de pequeno valor

Vitrines da diversidade

na primeira metade do século passado.Gaspar Ferreira Dias abriu a Casa deVelas Santa Rita em 1934. Localizadona Praça da Liberdade, ao lado da Igre-ja das Almas, o estabelecimento atraíaum grande número de fiéis interessa-dos em velas para pedir e agradecergraças. Seu filho, Nelson Ferreira DiasRodrigues, atento às características deseus clientes, passou a diversificar aoferta de artigos religiosos, até que em1956 abriu a Imagens Bahia. Hoje, aempresa vende produtos para diversascrenças, como catolicismo, umbanda,candomblé e até mesmo esoterismo,além de velas decorativas. “As pesso-as chegam a se perder na loja, pelo seutamanho e variedade de oferta: são mais

de 15 mil itens em exposição”, diz Nel-son Ferreira Dias, neto do fundador.

Além da tradição e do ponto bemlocalizado, os preços competitivos aju-dam a Casa de Velas e Imagens a man-ter sua clientela e enfrentar a concor-rência. Existem artigos de R$ 0,30 amais de R$ 1 mil, mas a grande maio-ria é coisa barata. “O povo está semdinheiro, temos que ganhar no volumede vendas”, diz Dias. Mas, segundo ele,

Gaspar e Nelson: Casa de Velas Santa Rita, fundada em 1934, vende produtos para diversas crenças

Abril 2007 – Empreendedor – 21

os ambulantes informais incomodam osnegócios. Uma das saídas é o mercadoexterno, onde procura se firmar pelaqualidade dos produtos. A equipe demais de 80 profissionais se atualizaconstantemente para oferecer novastécnicas de escultura e pintura em ges-so, madeira, resina e outros materiais.A empresa exporta velas e imagens paraoito países da América do Sul, Améri-ca do Norte e Europa.

O casal Paulo e Ana Mauerberg ini-ciou uma pequena confecção, há 15anos, em São Paulo, com o objetivo dedesenvolver um produto de qualidadee moderno que levasse a mensagem deJesus Cristo. “Procuramos atender auma demanda do mercado cristão, quecresce e se estrutura a cada dia”, dizMauerberg. A Hpice conta com 20 fun-cionários e produz por ano 10 mil pe-ças, entre camisetas, baby looks, ca-misetas infantis e moletons, semprecom estampas e dizeres cristãos, deforma descontraída. “São roupas paraas pessoas usarem não somente emmarchas e acampamentos, mas no dia-a-dia, para transmitir Jesus de formabonita.” Elas podem ser encontradas emlojas próprias, multimarcas e de pro-dutos cristãos, além de serem vendi-das por telefone e internet.

“Temos clientes fiéis à nossa marca,mas sabemos que a cada dia temos odesafio de atendê-los bem, já que a con-corrência em nosso setor é grande”, dizMauerberg. Segundo ele, para conquis-tar mercado é preciso ter um produtomuito bom, uma boa estrutura de distri-

buição e divulgação. Todo ano, a Hpiceparticipa da ExpoCristã (principal feirabrasileira de artigos para a comunidadecristã) e investe em propagandas em re-vistas dirigidas aos seus clientes em po-tencial. Para 2007, a expectativa é de umaumento de 10% nas vendas.

A Aramon Fabricação e Comercia-lização de Artigos Religiosos, de SantoAntônio da Platina (PR), foi criada em1992 por dois ex-seminaristas, Adilsonde Araújo Silva e Francisco Monteiro.Durante o seminário, onde passaramnove anos, os dois faziam terços e ven-diam para a comunidade. Depois quesaíram da instituição, trabalharam emum banco, já com a intenção de juntarreservas para montar um negócio apartir da experiência anterior. “O mer-cado era pouco explorado, poucasempresas se dedicavam ao nicho comuma produção em grande escala”, dizMerly Paula Baroni, secretária-adminis-trativa. “Hoje, há bastante concorrên-cia, por isso procuramos sempre ino-var, sem ferir as tradições religiosas.”Outra estratégia é o atendimento de en-comendas personalizadas, com a pro-dução de peças exclusivas.

Tino mercadológico

O aquecimento do mercado levou adupla empreendedora a criar mais umaempresa, a Jacarandá, em 1999, exclu-sivamente para a fabricação de capeli-nhas e bolinhas de madeira (utilizadasna confecção dos terços). Juntas, elasempregam 70 pessoas. A Aramon ainda

fabrica medalhas, chaveiros, crucifixose bijuterias em geral, num total de maisde 6 mil itens. A produção é vendida paradistribuidores de todo o Brasil, por meiode representantes e internet, e há cincoanos também começou a ser exportada,atualmente para dez países.

A percepção de um mercado emfranca expansão fez a Gladys Religio-sos ajustar o seu foco. Há quatro anos,a empresa deixou de produzir bijuteri-as e acessórios da moda, e passou afabricar artigos de inspiração religiosa.São mais de 3 mil itens, entre 500 tiposde escapulário, medalhas de aproxima-damente 300 santos, fitas, imagens emcobre, mantos de santos, relicários,terços, anjos e bijuterias, como pulsei-ras, colares, broches e pingentes emforma de cruz, e muito mais. Os pro-dutos personalizados, segundo a geren-te Tatiana Castro Dias, também têmbastante saída.

A Gladys atende a todo o Brasil, a par-tir da venda pela internet, por um repre-sentante no Rio de Janeiro e na loja pró-pria, na Ladeira Porto Geral, no centrode São Paulo, próximo à Rua 25 de Mar-ço. “Nosso ponto é chamativo e possuitradição no comércio da cidade”, diz Ta-tiana. O estabelecimento foi ampliadoneste ano, e abriga também os setores debijuterias e acessórios, além do escritó-rio de comércio exterior. Há três anos, aempresa entrou no mercado internacio-nal, e agora 30% da produção é exporta-da para a Europa. “A mudança para omercado de artigos religiosos foi umaexcelente decisão, pois é um nicho que

FOTOS CASA DA PHOTO

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22 – Empreendedor – Abril 2007

Empresas que atendem às necessidades dos clérigos

ganham destaque com visita do Papa Bento XVI

Moda eclesiástica

Um grupo de empreendimentos domercado religioso dedica-se ao forneci-mento de artigos essenciais para o fun-cionamento das igrejas e execução deseus ritos. Elas produzem desde vestese paramentos até softwares, como oSafig – sistema composto por módulosinterligados que atendem às necessida-des administrativas das instituições, comversão exclusiva para cada denomina-ção religiosa. “É um ramo em francaexpansão, e há nichos para todos: pro-dutos customizados ou personalizados,baratos ou caros, e de diferente qualida-de, mas sempre de acordo com a tradi-ção e simbologia”, diz Mozzart Souza,gerente comercial da Arte Sacro.

A visita do Papa Bento XVI colo-cou esse dinâmico mercado em evidên-cia, e as cerimônias celebradas peloSumo Pontífice serão uma grandiosavitrine para os fornecedores de vestese paramentos, entre outros. Durante osquatro dias em que permanecerá no Bra-

sil, exclusivamente no Estado de SãoPaulo, Bento XVI se encontrará com30 mil jovens católicos latino-america-nos no Estádio do Pacaembu – eventoque deve ser presenciado por 300 mildevotos a partir de telões instalados nasredondezas –, rezará uma grande mis-sa no Campo de Marte, quando sãoesperadas cerca de 2 milhões de pes-soas, e comandará a missa de aberturada V Conferência Geral do Episcopadoda América Latina e do Caribe, no San-tuário de Aparecida, para um públicosuperior a meio milhão de fiéis.

O ateliê catarinense Arte Sacro em-penha-se na confecção de 2 mil estolas,500 casulas e 500 mitras a serem utili-zadas pelos padres e bispos presentesna missa no Campo de Marte, quandofrei Galvão será canonizado. Bento XVItambém terá à sua disposição vestesproduzidas pela Arte Sacro, mas não háconfirmação se ele utilizará estas ou pe-ças trazidas do Vaticano. Segundo Sou-

vem crescendo ao longo dos anos.”Remy de Andrade Filho iniciou em

1988 um pequeno negócio de fabrica-ção de bijuterias na sua própria resi-dência, em Campinas (SP), para vendapara pequenas lojas ou diretamente aamigas. No ano seguinte, mudou-separa Itajubá (MG) e regularizou a em-presa. Devido à proximidade geográfi-ca com Aparecida do Norte (SP), An-drade Filho percebeu a oportunidade deinserir bijuterias temáticas no mercadoreligioso. “Os artigos tiveram boa acei-tação, e atualmente a Vilma Artigos Re-ligiosos atende a todo o Brasil, e ex-porta para cerca de 20 países 30% desua receita.” Hoje, a empresa gera quase100 empregos e tem um faturamentomédio de R$ 300 mil por mês.

Os principais produtos são as pul-seiras e os colares com motivações ca-tólicas. A linha tradicional de terços emedalhas também apresenta grande acei-tação, e a possibilidade de personaliza-ção atrai clientes mais exigentes. “Nos-so foco é criar produtos que permitamaos católicos portarem produtos boni-tos e de moda”, diz Andrade Filho. Se-gundo ele, muitos clientes fazem com-pras mensais há mais de cinco anos, e amédia de crescimento das vendas é de20% ao ano. Os artigos são comerciali-zados, predominantemente, com lojis-tas especializados, casas de presentes,paróquias e santuários. O atendimentoao consumidor final responde por me-nos de 5% da vendagem e é desenvolvi-do através da internet.

Segundo Andrade Filho, o mercadoreligioso é muito sensível aos fatoreseconômicos, e isto causa dificuldadesem épocas de baixo aquecimento. Oslojistas deste nicho usualmente têm perfilpequeno e sentem rapidamente as épo-cas de crise. Para driblar a fragilidadedo ramo e a concorrência, além da qua-lidade de impressão de imagens, a em-presa investe na divulgação por meio dowebsite, catálogos e feiras. Todo ano, aVilma Artigos Religiosos está presentena ExpoCatólica, e em abril deste anoparticipa da Koiné, na Itália, o principalevento do mercado católico mundial. Madalena Benchaya: peças de qualidade conquistaram sacerdotes

Abril 2007 – Empreendedor – 23

za, a empresa vai intensificar o foco nomercado paulista para aproveitar a visi-bilidade obtida pela marca com a visitado Papa. Hoje, as vendas são fortes noCentro-Oeste, no Amazonas e no Rio deJaneiro. No exterior, sacerdotes da Itá-lia, Espanha, Estados Unidos, Japão eÁfrica do Sul trajam vestes da Arte Sa-cro, que planeja aumentar as exporta-ções com a instalação de uma revendana Europa, provavelmente na Itália, nosegundo semestre deste ano.

Vestes para padres

Uma grande evolução para quemteve um início modesto: Madalena Ben-chaya de Moraes costurava para fora.Em 1998, confeccionou uma pequenaquantidade de vestes para padres deCampinas (SP), no próprio apartamentoonde morava, e percebeu que este eraum mercado carente de peças de quali-dade. Dois anos depois, já com doisfuncionários e instalada em uma salacomercial, surgiu uma encomenda deum grande número de peças para o cle-ro presente no ano do jubileu da dioce-se de Campinas. O aumento do núme-ro de pedidos exigiu a transferência doateliê inicialmente para um sobrado edepois para um prédio de 500 metrosquadrados, em 2006, quando a Arte

Sacro foi convidada a produzir todosos paramentos utilizados pelos religio-sos participantes do Congresso Nacio-nal Eucarístico. O imóvel, que tambémé utilizado como showroom, está loca-lizado às margens da BR-101, em Bal-neário Camboriú, próximo ao Santuá-rio de Santa Paulina.

A divulgação da empresa tambémevoluiu com o tempo. O modesto – po-rém eficiente – boca-a-boca foi substi-tuído pela elaboração de catálogos efôlderes com a linha de paramentos de2004. Outra medida foi participar dasfeiras ExpoCatólica, no Brasil, desde2003, e da Koiné, na Itália, a partir de2005, além de anunciar seus produtosem catálogos europeus. Segundo Sou-za, o número de pedidos vem crescen-do ano a ano, mas a produção ainda épequena devido à personalização dosprodutos. “Somos um ateliê, tudo é fei-to sob medida e com materiais de altaqualidade, buscando o conforto, e é jus-tamente esse o motivo do aumento daprocura”, diz Souza. Para atender à en-comenda das vestes para a missa decanonização de frei Galvão, a equipe de33 costureiras e bordadeiras foi amplia-da para quase 50, e as perspectivas sãode manter a ampliação da equipe.

A D&A – Decorações e Artesa-nato Litúrgico, de São Paulo, está con-

feccionando os paramentos para o usodo Papa Bento XVI e de aproximada-mente 300 bispos durante a V Confe-rência Geral do Episcopado da Améri-ca Latina e do Caribe. O projeto foi ela-borado de forma que desenhos, gregase outros elementos mantenham uma uni-dade de cor e temática entre todos ospresentes nas cerimônias do evento,que se estende até 31 de maio. Segun-do Maria Laura Faria dos Santos Cor-reia, diretora-executiva e responsávelpela criação e produção das peças, emtodas as vestes litúrgicas aparecerãoconchas douradas com uma pérola,simbolizando a presença de Jesus Cristono íntimo da Virgem Maria.

Maria Laura veio de Portugal parao Brasil em 1960, trazendo consigo ogosto pelos bordados e pela arte sacra.Incentivada por alguns padres, e semdeixar suas atividades profissionais,logo passou a criar paramentos e alfai-as que se destacavam pela originalida-de e beleza dos bordados, e pelo equilí-brio estético. Por quase 40 anos, emque procurou se aprimorar na Itália eno Peru, continuou a desenvolver pe-ças personalizadas para o clero, che-gando a elaborar os elementos litúrgi-cos usados por João Paulo II na cele-bração das missas em Curitiba e no Riode Janeiro, durante sua passagem pelo

Ateliê catarinense Arte Sacro: com a visita do Papa, há produção intensificada de estolas, casulas e mitras

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24 – Empreendedor – Abril 2007

país, em 1980, assim como as toalhase alfaias que o pontífice utilizou, em1997, na cerimônia de inauguração danova Catedral do Rio de Janeiro. Noano seguinte, decidiu se dedicar plena-mente ao ramo e fundou a D&A.

A empresa produz e comercializaparamentos, imagens, quadros, palas,cálices e estandartes, além de manter àvenda livros religiosos. Há produtosprontos para uso, mas o forte são asvendas personalizadas, com desenhosespeciais e exclusivos, e com materiaisdiversos, elaborados por Maria e pro-duzidos por uma equipe de 17 artesãsde costura e bordado. “Há competiçãonesse mercado, mas nossos clientes sãoatraídos pela criatividade de nosso tra-balho verdadeiramente artístico, semdescuidar dos simbolismos e da tradi-ção religiosa”, diz Maria.

O trabalho artesanal da D&A con-quistou clérigos de vários países apósuma participação na feira italiana Koiné.Surgiram compradores da Austrália,Congo, Índia, Japão, Costa Rica, Esta-dos Unidos, Polônia, Espanha e Portu-gal. No Brasil, a empresa participa daExpoCatólica, mas, segundo Maria, aprincipal propaganda são a satisfação ea fidelidade dos clientes, que se encar-regam de divulgar as obras da artista.

O mercado brasileiro de músicamovimentou R$ 615,2 milhões em2005, uma queda de 12,9% em rela-ção ao ano anterior, conforme pesqui-sa da Associação Brasileira dos Pro-dutores de Discos (ABPD). Foramvendidas 52,9 milhões de unidades(CDs, DVDs e VHSs musicais), umvolume 20% menor do que em 2004.O gênero religioso disputa normalmen-te a segunda ou terceira posição noranking de vendas – liderado por poprock – com sertanejo e pagode ousamba. Em 2005, segundo dados daABPD, as músicas religiosas tiveramuma participação de 10% no mercadototal, abaixo da média do gênero – emtorno de 13% – e bem inferior ao re-corde registrado em 2003, 19%, quan-do esteve a apenas nove pontos per-centuais da liderança.

Uma das pioneiras do ramo é aBompastor Produções Artísticas e Pho-nográficas. Ela surgiu há 37 anos, quan-do praticamente nada se produzia nonicho evangélico. “A maior motivaçãoem desenvolver o negócio foi justamen-te oferecer ao público uma alternativapara a prática cristã por meio da músi-ca”, diz José Donizetti Morbidelli, di-retor de marketing. A empresa iniciousua produção musical com o cantor

Indústria fonográfica

ressente-se da pirataria,

e religiosos desaceleram

Música cristãLuiz de Carvalho, responsável pelo lan-çamento do primeiro LP evangélico nopaís. Até hoje, ele continua na grava-dora e, ao lado de Armando Filho, éum dos artistas que mais vendem. Jálançaram trabalhos pelo selo CristinaMel, Jeanne Mascarenhas, Nelson Ned,Eduardo & Silvana e Paulo César Ba-ruk. “Muitos ganharam projeção namúsica cristã pelo trabalho sério desen-volvido pela gravadora.”

A concorrência entre gravadorasnão chega a incomodar a Bompastor.Segundo Morbidelli, é comum surgi-rem novas empresas, em razão do au-mento do número de evangélicos, masque não duram muito tempo por faltade conhecimento de mercado e cau-tela. O problema está na pirataria físi-ca e virtual, que possibilita a aquisiçãode músicas sem que as gravadoras re-cebam um centavo por isso. “O mer-cado está um pouco enfraquecido, eas gravadoras maiores e mais antigas,como a Bompastor, estão ainda seadequando a essas mudanças.” Deacordo com informações da ABPD,o Brasil, assim como outros paísesemergentes, não consegue compen-sar a queda nas vendas de formatosfísicos com a comercialização legíti-ma de música através da internet eda telefonia móvel.

A Bompastor sempre procura teruma relação bem próxima com as rá-dios evangélicas, usando todas as fer-ramentas de comunicação disponíveis.Com isso, muitas emissoras espalha-das pelo país divulgam suas músicas,além de receber os artistas em suassedes para entrevistas. “É uma rela-ção de fidelidade e cumplicidade, poistodos estão envolvidos num objetivocomum.” O número de programas detelevisão é pequeno em relação àsemissoras de rádio, mas encontra-seem expansão. Sites, jornais, revistas efeiras, como a ExpoCristã, também fa-zem parte da estratégia de divulgaçãoda gravadora.

Armando Filho:

aceitação popular

Abril 2007 – Empreendedor – 25

As publicações religiosas crescem,

enquanto o mercado editorial diminui

Bíblias lideram vendas

SBB, que no ano passado atingiu o picode 5,5 milhões de exemplares distri-buídos somente no país. “O númerode 2006 surpreendeu até mesmo a ins-tituição, que credita o crescimento aum aumento do uso da Bíblia nos pro-jetos sociais e de evangelização dasigrejas”, diz Seibert.

A Bíblia é o livro mais vendido e tra-duzido do mundo. Existem 2,4 mil tra-duções totais ou parciais, mais de umterço de um total estimado de 6,5 millínguas faladas. Em 2005, somente associedades bíblicas distribuíram 24,3milhões de exemplares ao redor do pla-neta. No ano passado, a SBB encami-nhou para o exterior 2,7 milhões deexemplares, principalmente para enti-dades irmãs de países da América Lati-na, Egito, África do Sul e Nigéria (eminglês e duas línguas locais). “A Gráfi-ca da Bíblia, da SBB, é uma das maio-res gráficas especializadas em Bíbliasno mundo”, afirma Endo.

Cresce também, a cada ano, a ex-

Toda doutrina possui um livro-base,outros para disseminar seus valores,alguns para informar seus fiéis, e todaa sorte de tipos. No Brasil, 20% do nú-mero de exemplares vendidos em 2005tinham como tema principal a religião,conforme pesquisa da Câmara Brasi-leira do Livro (CBL). No tocante aofaturamento, o nicho responde por umafatia de 12% do total do mercado edi-torial, atingindo R$ 231,3 milhões, va-lor 2,85% menor do que o de 2004.No entanto, a quantidade de exempla-res produzidos e vendidos aumentou21,85% e 24,05%, respectivamente, nomesmo período. Em relação a essesdois indicadores, o gênero religiosocresceu acima da média de mercado,que registrou uma queda de 4,26% naprodução e acréscimo de 18,89% navenda de exemplares.

Segundo Whaner Endo, diretor daAssociação dos Editores Cristãos(Asec), um dos fatores que faz o mer-cado editorial religioso crescer conti-nuamente – o pico foi 26%, entre 2003e 2004 – é o aumento constante do nú-mero de evangélicos no país. De acor-do com o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), eles repre-sentavam 9% da população em 1991, eem 2000 já eram 15,4%, um contin-gente de 26,2 milhões de pessoas. Oaumento da qualidade dos livros pro-duzidos e o incremento da distribuiçãode Bíblias, além da melhoria do níveleducacional dos brasileiros, ajudam aexplicar o bom desempenho.

O grande responsável pela boa ven-dagem do setor é a Bíblia. SegundoErni Walter Seibert, diretor da Socie-dade Bíblica Brasileira (SBB), estima-se que seja distribuída uma média de8 milhões a 9 milhões de Bíblias porano no Brasil. Normalmente, 50% a60% desse volume é produzido pela

portação de livros evangélicos paraPortugal e demais países lusófonos afri-canos. Segundo Endo, a Asec tem umprojeto de envio de livros subsidiadospara Angola e Moçambique, com o ob-jetivo de aumentar o acesso ao livrocristão nesses países. Conforme pes-quisa da entidade entre seus 65 associa-dos, os temas publicados mais recor-rentes são vida cristã, teologia e dou-trina, estudos bíblicos, liderança e acon-selhamento.

Mas o Brasil é ainda um grande im-portador de autores. Dentro do nichoevangélico, uma dos livros mais vendi-dos nos últimos anos foi Uma Vida com

Propósito, de Rick Warren, publicadopela Editora Vida, com mais de 350 milexemplares desde seu lançamento em2003. Também são consideradas best-sellers obras de autores como MaxLucado, Stormie Omartian e Philip Yan-cey, publicadas no país pelas editorasMundo Cristão, CPAD e Thomas Nel-son. “A quantidade de títulos traduzidaainda é muito grande, embora nos últi-mos anos a Asec tenha se esforçadopara aumentar a presença de autoresnacionais nos catálogos das editorasevangélicas brasileiras”, diz Endo. Apesquisa da CBL apontou um aumentode 35,5% no número de títulos tradu-

Erni Seibert: média de

8 milhões a 9 milhões de

exemplares por ano no Brasil

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26 – Empreendedor – Abril 2007

zidos em 2005, enquanto a quantidadede obras publicadas por autores brasi-leiros cresceu 27%.

Revistas evangelizadoras

Já os personagens da Editora Luz eVida levam a mensagem do evangelhoa cerca de 20 países dos cinco conti-nentes por meio de gibis, filmes e di-versos produtos licencia-dos. O mais famoso deles éo Smilingüido, uma criaçãode Márcia D’Haese e Car-los Tadeu Grzybowsk em1980. É uma turma das For-migamigas, com histórias eaventuras que trabalhamvalores universais, comoamor, amizade, perdão,compreensão e preservaçãoda natureza. Mais de 30empresas estampam emseus produtos o Smilingüi-do, sempre acompanhadode mensagens bíblicas. Sãocentenas de itens, comoagendas, cartões, marcado-res de página, jogos, cho-colates e material escolar.

A Turminha Querubim foi lançadapela Editora Luz e Vida, em parceriacom a Cartoon Pro, de Londrina (PR),em maio de 2001, voltada para um pú-blico de até sete anos de idade. Sãocrianças que, embora tenham caracte-rísticas angelicais, não têm como pro-pósito representar os anjos. Elas encon-tram nestes a inspiração para trabalhara favor das pessoas e ser mensageirosde Deus para elas. Mais de 100 itens,entre cartões, minilivros, livros de ati-vidades com jogos e desafios, mochi-las e cadernos, já foram licenciados.Segundo o superintendente SamuelEberle, a Turminha teve uma ótima in-serção no mercado norte-americano, eo lançamento de um desenho animadoem 3D, neste ano, deve intensificar aaceitação dos personagens.

A Editora Luz e Vida foi fundada,em 1954, por um grupo de missioná-rios evangelistas do movimento pietis-

ta, com o objetivo de facilitar o acessoao conteúdo do Evangelho. Durante osprimeiros 30 anos, a editora era cus-teada por uma fundação alemã, e osprodutos eram distribuídos gratuita-mente. Com o fim dos subsídios, em1984, Eberle foi contratado para bus-car iniciativas que gerassem receita esustentassem a empresa, sem que fos-se necessário deixar de lado seus ob-

jetivos iniciais. É o casodo Smilingüido, editadopela Luz e Vida desde1989. “O Smilingüido tor-nou-se meio e fim, susten-ta a editora e ainda cum-pre sua finalidade.”

No campo do jornalis-mo, a Eclésia foi uma dasprimeiras revistas evangé-licas a surgir no Brasil, em1995. A iniciativa pioneirado Grupo Bompastor, queatua no ramo musical há 37anos, segundo José Doni-zetti Morbidelli, diretor demarketing, partiu da carên-cia de um periódico de qua-lidade que levasse informa-ção isenta de corporativis-

mo religioso para o grupo crescente deevangélicos. “Com o tempo, ela se tor-nou a mais respeitada publicação cristãdo país, provendo informação e cultu-ra por meio de matérias, entrevistas eartigos.” São apurados com rigor te-mas como sociedade, comportamen-to, política, conjuntura internacional,igreja, espiritualidade, educação, cultu-ra, gente e liderança, entre muitos ou-tros fatos que influenciam e repercu-tem na vida dos evangélicos.

A Eclésia tem uma tiragem mensalde mais de 50 mil exemplares e contacom uma carteira de 15 mil assinantes.A revista é distribuída em todo o terri-tório nacional pela Dinap, e é vendidatambém em Portugal e na Espanha.“Apesar dos mais diversos meios deacesso à informação, a distribuição deuma revista de qualidade como a Eclé-sia só tende a crescer, acompanhandoo aumento da população evangélica e a

necessidade, também cada vez maior,do público em se manter bem informa-do”, diz Morbidelli. A publicação já re-cebeu vários prêmios, entre eles o Are-té 2005, concedido pela Asec.

Segundo Armando Antongini, dire-tor-executivo da CBL, o mercado edi-torial religioso sempre se mostra cres-cente, com mais ênfase nos últimosanos, e isso não ocorre só no Brasil, éum fenômeno mundial. “As pessoasestão cansadas da violência e de suabanalização. Elas querem resgatar a paz,procurar estilos de vida que não asmassacrem. Veja o caso de Paulo Coe-lho, sucesso em vários países”, co-menta Antongini: mais do que tratar detemas espirituais, ele diz em suas obraspara as pessoas viverem suas lendaspessoais, para elas terem seus objeti-vos e correr atrás deles.

Linha Direta

Aramon e Jacarandá(43) 3534-3139

Arte Sacro(47) 3366-2946

Casa de Velas Santa Rita e Imagens Bahia(11) 3208-7022

D&A – Decorações e Artesanato Litúrgico(11) 3361-8815

Editora Luz e Vida(41) 2169-2244

Gamaliel [email protected]

Gladys Religiosos(11) 3312-0325

Grupo Bompastor(11) 3346-2000

Hpice(11) 3112-3004

Moacyr [email protected]

Paulo Gabriel Hilu da Rocha [email protected]

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém(81) 3228-7326

Sandra Coelho(48) 9102-8094

Vilma Artigos Religiosos(35) 3623-7477

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Gastronomia

28 – Empreendedor – Abril 2007

A diferença entre fazer sucesso com restaurante

ou cair no lugar-comum está no detalhe

O toque sutil

por Fábio Mayer

A receita pode ser até a mesma, masos pratos certamente não saem iguais.Dependem da combinação de ingredi-entes extras como conhecimento, prá-tica e criatividade na culinária. E o maisimportante: vocação para cozinhar. Esseé o principal quesito para atuar em ummercado que corresponde a 2,4% doPIB brasileiro e congrega cerca de ummilhão de empresas, gerando seis mi-lhões de empregos diretos em todo opaís. A gastronomia é um ramo que nãocomporta mais aventureiros. Cresce demaneiras diferentes dependendo da lo-

investir na elaboração de cardápios atra-entes, com impressão em outras línguascomo inglês e espanhol, na diversifica-ção para atender a uma gama nova declientes que chegam ao mercado, comoidosos, diabéticos e pessoas com res-trições ao glúten, e outras particularida-des, por exemplo, oferecer a possibili-dade de um alimento mais natural, comprodutos orgânicos”, diz Paulo SolmucciJúnior, presidente da Abrasel nacional.

Para se destacar nesse mercado,empreendedores põem em ação estra-tégias que tenham o consumidor comoalvo. Um bom atendimento é essencialpara o sucesso do negócio. A qualida-de dos alimentos servidos é consensu-al e indiscutível, sob risco de fechar asportas do bar ou restaurante. Tambémé importante elevar o padrão da apre-sentação dos pratos e sempre que pos-

calidade, mas em todas elas a busca épor aperfeiçoamento contínuo, profis-sionalizar-se para sobreviver. Somenteassim é possível alcançar resultados efidelizar os clientes.

O consumidor é o responsável pelaárdua disputa nesse mercado. O hábitoda alimentação fora de casa já represen-ta 26% dos gastos dos brasileiros comalimentos, conforme dados da Associa-ção Brasileira de Bares e Restaurantes(Abrasel), entidade presente em 24 Es-tados, que tem como missão promoveressa área no país. A exigência, para agrande maioria, é ser bem atendido e co-mer bem. “Os empreendedores devem

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sível oferecer novidades gastronômi-cas. Atualmente, há maior facilidade emencontrar fornecedores especializadospara adquirir ingredientes e criar novasreceitas, simples ou sofisticadas. Nascapitais, mais do que em outros luga-res, existe muita variedade dos itens emalimentação disponíveis nas gôndolasde supermercados, por exemplo. “Épreciso investir cada vez mais na ca-pacitação de sua equipe para oferecerserviços de qualidade a seus clientes,sem esquecer também dos investimen-tos na qualificação para o alimento se-guro (que não oferece perigos à saúdee à integridade do consumidor).”

Sabor Brasil

O cliente se ganha nos detalhes, ena valorização e promoção da gastro-nomia. Esse é o objetivo da Abrasel,Ministério do Turismo e Sebrae, quese uniram em torno do programa Mo-vimento Brasil Sabor. O programa pos-sui uma série de iniciativas que têmcomo foco a profissionalização do se-tor de alimentação fora do lar, come-çando pela qualificação para o alimentoseguro, gestão e excelência em atendi-mento. Uma delas, o Programa Quali-dade na Mesa (PQNM), realiza cursosde boas práticas e de Multiplicador noLocal de Trabalho (MLT), uma meto-dologia nova para impulsionar o aten-dimento. “Esse programa qualifica osprofissionais e contribui de forma sig-nificativa para que os empreendimen-tos que passam pelos treinamentos pos-sam ocupar um lugar diferenciado nomercado”, diz Solmucci.

Mas o carro-chefe do programa é ofestival Brasil Sabor, que cria oportuni-dade para empreendedores apresentaremtoda a qualidade de seus serviços aosclientes. “É, sem dúvida, uma grandeação de promoção da gastronomia, dosetor e dos restaurantes participantes,pela visibilidade e projeção que ele pro-porciona. O sucesso do festival é tãogrande, que muitos restaurantes incor-poram o prato do evento em seus car-dápios”, diz o presidente da Abrasel. O

evento contribui para divulgar a culiná-ria regional e promover a imagem da gas-tronomia brasileira no exterior. Para oBrasil Sabor 2007, que será no períodode 17 de abril a 20 de maio, a meta édobrar o número de participantes e decidades envolvidas. “O Brasil Sabor éuma ação de extrema importância parademonstrar que, além de seus belos ro-teiros turísticos e de sua valiosa cultu-ra, o Brasil possui uma riqueza de darágua na boca: a gastronomia.”

O mercado de gastronomia é umprato cheio para outros nichos como ode eventos e o do turismo. “A gastro-nomia brasileira é muito rica e diversi-ficada e é, sem dúvida, um forte ins-trumento para estimular estas áreas nopaís.” O estudo “Economia do Turis-mo: Análise das Atividades Caracterís-ticas de Turismo”, do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE),comprova essa vocação para fomentaro empreendedorismo. Das 81 presta-doras de serviço no turismo, 49% sãoempresas de alimentação. Esse nichotambém é responsável por 31,18% dareceita operacional líquida do turismo.“França, Espanha, Itália e, mais recen-temente, Japão e México já estão apos-tando de forma consistente no setor dealimentação fora do lar como instru-mento para impulsionar as áreas de tu-rismo e economia, com resultados ex-celentes.” Diante dessa realidade, nãohá nenhum ingrediente exótico e de di-fícil acesso para aprimorar ainda maisa gastronomia brasileira. O cliente estána mesa, à espera, e com muita fome.

Paulo Solmucci, da Abrasel:

diversificação de cardápios e clientes

Gastronomia

30 – Empreendedor – Abril 2007

A melhor receita de Sergio Arno écombinar gastronomia e negócios. Fi-lho de Ana Maria Ferraz de OliveiraDias e Carlos Arno, empreendedorbem-sucedido no ramo de eletrodo-mésticos, ele encontrou na culináriaa sua vocação. Nunca precisou de ummotivo, de uma razão específica,sempre teve prazer em cozinhar. Porgostar e ter aptidão na arte de prepa-rar alimentos, é considerado um doscinco melhores chefs do mundo emculinária italiana. Em 2001, abriu arede de restaurantes La Pasta Gialla,franquia com nove unidades em SãoPaulo e outras três no Paraná, Per-nambuco e Alagoas.

Começou a cozinhar com seteanos, ajudando sua mãe em casa. Aos12, ele já fazia sozinho os primeirospratos, receitas mais simples comomolhos para saladas e arroz. Na ado-lescência, tinha muita dificuldade deconcentração e acabava tirando no-tas baixas na escola. Por não ser umbom aluno, conforme os padrões edu-cacionais da época, o pai propôs queele fosse trabalhar na fábrica, mon-

Gostar de cozinhar passou de divertimento para uma rede de restaurantes

Sergio ArnoIdade: 46 anos

Local de nascimento: São Paulo (SP)

Empresa: La Pasta Gialla

Ramo de atuação: Alimentação

Ano de fundação da empresa: 2001

Cidade-sede: São Paulo (SP)

Site: www.lapastagialla.com.br

Panelas com amor

tando enceradeira e outros eletrodo-mésticos. Mas nunca sofreu pressãoda família para seguir carreira na em-presa. “A pressão era justamente aocontrário, para não ficar. Era paracada um se virar sozinho na vida enão depender de ninguém”, diz Arno.Cozinhar sempre foi o que melhor sa-bia e gostava de fazer.

Mais tarde, conheceu a italianaMaria Graça, que se tornou sua na-morada e depois sua esposa. Foi coma mãe dela que começou a se inte-ressar pela gastronomia daquele país.Foi morar na Itália e, para se man-ter, trabalhou numa subsidiária da Pi-relli; sua função era carregador depneus, ajudava a transportá-los atéos caminhões. O tempo que passouno país, aproveitou para aprimorarsua técnica e conhecimento na gas-tronomia. Foi estagiário de um res-taurante e lá começou a cozinhar pro-fissionalmente. “Tive que aprenderna prática e ler muito. São mais de15 mil livros lidos.”

Em 1987, voltou ao Brasil commuita vontade de abrir o próprio ne-gócio na área. Como andava sem di-nheiro, pediu emprestado ao pai parapoder se tornar sócio de um restau-rante. Mas seu pai lhe fez uma pro-posta: fazer dois jantares; caso apro-vasse o seu desempenho, ele em-prestaria, era essa a condição. Mes-mo achando apenas regular, finan-ciou o filho, mas com uma quantiaque mal deu para adquirir as pane-las. O empreendimento recém-inau-gurado começou a fazer sucesso,mas também dava bastante trabalho.De início, tinha que fazer tudo, ma-nobrar carros, recepcionar os clien-tes e atendê-los nas mesas, cozinhare fechar as contas. Após uma sema-na, já esgotado e sem dormir direi-to, pensou em fechar o restaurante.Sergio: “O objetivo é fazer o cliente feliz e valorizar a culinária”

Abril 2007 – Empreendedor – 31

Porém, a paixão pelo empreendi-mento fez com que continuasse a co-locar em prática sua aptidão. Depoisdesse restaurante, montou ainda maistrês empresas na área, a mais recen-te, La Pasta Gialla, tem no cardápiomassas e bruschettas como pratosprincipais. “Existe muita concorrên-cia em todo o ramo de alimentação, eem cada segmento é necessário atuarde maneira diferente, dependendo dopúblico, mas todos os meus empre-endimentos têm algo em comum, queé a paixão pelo negócio”, diz. Na suaavaliação, é preciso saber cozinhar egerenciar, não uma ou outra, mas ali-ar as duas coisas. “Não tratar o ne-gócio como se fosse um investimen-to qualquer ou, como muitas pessoasfazem, sobrou um dinheiro, abrem umrestaurante porque acham legal, issonão cabe mais hoje em dia.”

A rede tem crescimento de 9% aoano, e o plano de expansão para 2007é abrir cinco novos restaurantes. “Afilosofia é igual para todas as unida-des, e o cardápio é exatamente o mes-mo, exceto alguns pratos mais regio-nais nos quais não interferimos”, diz.“A receita é essa, tem dado certo, etemos feito bons negócios.” Eleita aMelhor Cantina da Cidade de SãoPaulo por dois anos consecutivos,2003 e 2004, na Revista Gula, tam-bém recebeu o prêmio de Melhor dosMelhores Gula 2005. “O prêmio émaravilhoso, mas não cozinho paraganhar, gosto de cozinhar e acho queas pessoas têm que comer bem. Oobjetivo é fazer o cliente feliz e va-lorizar a culinária.” Para despertar avocação de cozinhar em outras pes-soas, Arno escreveu dois livros deculinária. O primeiro em 1990, La

Vecchia Cucina, A Cozinha Renova-

da, e, em 1999, A Cozinha do Amor

e da Paixão. “Esse é um dos pou-cos ramos que se tem de fazer comamor, senão é melhor desistir e fa-zer outra coisa.” Tem que ter dom.

Japão é logo ali perto da Itália, pelomenos quando se trata da culináriaservida no mesmo restaurante. Pala-vras japonesas como Gohan, Kantene Ebi (arroz cozido, gelatina de algasmarinhas, camarão) estão presentesno cardápio do I Piatti Sushi Bar, queserve tradicionais pratos da culináriaoriental. No mesmo local, só que noandar de baixo de um casarão emBotafogo, no Rio de Janeiro, funcio-na o I Piatti Ristorante, especializadoem cozinha italiana. A sócia proprie-tária Suzi Clementino Niv, aprendeua não misturar sushi e sashimi comlasagna e spaghetti. Combinar os pra-tos não faz parte da sua estratégia. Oobjetivo é oferecer dois tipos de culi-nária para satisfazer todos os gostosdos clientes.

A diversidade tem dado destaquepara a casa. São três andares, no qualfuncionam o restaurante e o Sushi Bar,que alternam a forma de servir, de-pendendo do horário. Para atender àclientela durante o dia, por exemplo,o primeiro piso serve comida italianaà la carte, no segundo tem um buffeta quilo de pratos variados, e no ter-ceiro, também por peso, comida ja-ponesa. “À noite, a diferença é queservimos rodízio no segundo andar eno terceiro piso alugamos o salão paraeventos, festas e banquetes”, diz.

Pratos típicos de países

diferentes podem conviver

no mesmo restaurante

Itália com JapãoSuzi optou pelas duas cozinhas de-

pois de observar o mercado. Tanto aculinária italiana quanto a japonesa fa-zem sucesso aqui no Brasil há algumtempo. Com decoração temática,apostou na variedade e riqueza gas-tronômicas de cada cultura para cri-ar uma novidade inusitada, mas quefoi bem recebida e deu certo. “Sem-pre ficava de olho no que tinha denovo no mercado, mas não tinha re-cursos para abrir o negócio.”

A infância pobre trouxe a respon-sabilidade cedo. Ainda quando crian-ça, ela era encarregada de tirar o leitedas vacas para vender na vizinhança,em Piabetá, distrito de Magé, muni-cípio localizado a 50 km da cidadedo Rio de Janeiro. Com muita deter-minação e sempre em busca de supe-ração a cada novo dia, graduou-se emDireito. E não parou de estudar. “Fizvários cursos sobre gestão em res-taurante e culinária no Sebrae e noSenac, e depois, quando tive a opor-tunidade, me formei em Gastronomia,pela Estácio de Sá.”

Foi uma árdua batalha, mas con-seguiu montar o empreendimento quepretendia. Antes, teve que virar em-preendedora do ramo têxtil. Conseguiudinheiro emprestado com o tio e se tor-nou sócia de uma confecção de rou-pas. Mais tarde, com a clientela for-mada e o negócio consolidado, seguin-do de vento em popa, aproveitou omomento para tomar uma decisão ra-dical. Vendeu sua parte na empresa, eusou o dinheiro para quitar sua dívi-da com o tio e montar o tão sonhadorestaurante, em 1985. “Já gostava degastronomia, fui me envolvendo cadavez mais, troquei e deu certo.” Gra-dativamente, foi fazendo investimen-tos. “Quando abrimos o restaurante,convidei um sócio que tinha experi-ência fora do Brasil na área, tínha-mos apenas quatro funcionários. Ocrescimento foi aos poucos, mas foibem sólido”, diz Suzi.

Suzi Clementino NivIdade: 43 anos

Local de nascimento: Piabetá (RJ)

Formação: Direito e Gastronomia

Empresa: I Piatti

Ano de fundação da empresa: 1988

Cidade-sede: Rio de Janeiro (RJ)

Número de funcionários: 70

Abril 2007 – Empreendedor – 31

Negócios Criativos

32 – Empreendedor – Abril 2007

por Wendel Martins

A falta de tempo para fazer cursosregulares, em turmas e com dias e ho-rários definidos, está fazendo com queprofissionais procurem cada vez maisescolas com métodos de ensino perso-nalizados. Este é o caso do Wall StreetInstitute, que em 2006, em suas unida-des da Haddock Lobo (São Paulo-SP)e Salvador (BA), teve aumento de 40%de alunos comparado com o ano ante-rior. Sérgio Giaxa, diretor-geral da em-presa e com duas décadas de experi-ência no ensino da língua inglesa, ex-plica que a franquia pensa em expan-são para aumentar o faturamento de R$4,8 milhões do ano passado. São cincocentros espalhados por todo o Brasil, eo crescimento vai começar pela cidadede São Paulo. “Combinamos o melhorda tecnologia multimídia com aulas pre-senciais por meio de uma linha de ensi-no única, tanto que o aluno pode teraula em qualquer centro do mundo.”Há mais de 30 anos no mercado, o WallStreet Institute é o líder mundial noensino de inglês para profissionais. Pre-sente em 26 países, tem 450 unidadesespalhadas pelo mundo e já formou maisde 1 milhão de alunos.

No Wall Street Institute, o curso é100% flexível. Isto porque as aulas po-dem ter no máximo quatro alunos, e éo estudante que agenda os dias e horá-rios de sua preferência. O aproveita-mento pedagógico é total, já que nãohá faltas, e se estuda no ritmo deseja-

Wall Street Institute oferece aulas personalizadas

de inglês para profissionais em busca de ascensão

O senhordo tempo

do, além de poder definir, no início docurso, qual seu objetivo, como prepa-rar-se para um exame de proficiência,aperfeiçoar a escrita ou adquirir fluên-cia verbal. Na escola, inclusive, não hámensalidades, o aluno paga por seuobjetivo, como cursar um número de-finido de unidades. “Alinhamos a parti-cipação nas aulas virtuais com as pre-senciais, trabalhamos com conceitos deavaliação contínua, feita pelo próprioaluno, que pode solicitar a recuperaçãode conteúdo se assim desejar.” Ele ex-plica que as aulas virtuais são pré-re-quisitos para as aulas em sala.

Para Sérgio Giaxa, outros fatoresalém do tempo escasso vêm fazendoos profissionais se interessarem maispor cursos personalizados. “Muitosnos procuram porque desejam com-plementar sua formação curricular,fazendo MBA ou cursos no exterior,o que exige deles um domínio da lín-gua inglesa. E, com aulas individu-ais, o resultado é alcançado mais fa-cilmente, até porque elaboramos umprojeto personalizado para esse alu-no, com base nos objetivos estabele-cidos por ele, definindo metas e ha-bilidades a serem trabalhadas dentroda disponibilidade de tempo do alu-no. O custo-benefício é excelente.”

O perfil do público do Wall StreetInstitute é de profissionais na faixa de25 a 50 anos, sendo 55% homens e45% mulheres. “São pessoas em as-censão na carreira, que buscam umamaior empregabilidade ou que já fize-

ram cursos normais, em turmas, e nãoalcançaram o resultado esperado.” NoWall Street Institute, os cursos pos-suem 17 níveis, do básico à proficiên-cia, e seis módulos de fluência e o rit-mo de estudos ficam a critério do alu-no. Há também o curso de Business,que possui sete especialidades: Gerên-cia Geral, Secretária Executiva, Recur-sos Humanos, Finanças, Marketing,Vendas e Informática.

Segredo

Um dos segredos do Wall Street Ins-titute é um software que gerencia o agen-damentos da aulas. Ele garante que osalunos que vão cursar as aulas têm omesmo nível de aprendizado. “Não exis-te heterogeneidade, e assim o ensino émais fácil.” Cálculos estatísticos deter-minam quais são os horários de pico,para a escola ter o maior número de pro-fessores disponíveis. “Muitos imaginamque o horário flexível é uma jogada demarketing. Mas, graças ao software, po-demos firmar um contrato de aprendi-zagem de língua inglesa com nossos alu-nos. Tanto que entregamos um certifi-cado de garantia para que os objetivosdos alunos sejam alcançados.” Giaxa dizque, no atendimento de novos estudan-tes, a escola faz uma entrevista de 40minutos com os interessados para po-der traçar objetivos, planejamento detempo de estudo e carga horária.

Os avançados recursos multimídiade estudo são outro destaque do Wall

Abril 2007 – Empreendedor – 33

Street Institute. Eles encontram-se àdisposição on-line, 24 horas por dia,sete dias por semana, com uso ilimita-do de horas. Os programas possibili-tam resultados rápidos, situações reais,simulação de diversos sotaques, exer-cícios de fixação, livro de apoio e con-sulta e prática de pronúncia, além daflexibilidade total, já que é possível es-tudar quando, onde e quantas vezes se

quiser. Um dos softwares é o The Vi-llage, uma cidade virtual que nunca ter-mina a construção. “Entregamos umlogin e senha para o aluno tirar suasdúvidas através de salas de bate-papo,manual de business, games e artigos.Aprende como se fosse um jogo, e nos-so foco é o conteúdo.”

Entre as vantagens que Giaxa apon-tar em ter fluência em inglês, estão o

aumento da empregabilidade, melhordesenvolvimento profissional, aumen-to salarial, integração cultural e possi-bilidade de cursar pós-graduação, mes-trado e MBA. A empresa também ofe-rece aulas de conversação para a con-solidação do aprendizado. “O usuárioestá usando o que está aprendendo, e oaluno não é passivo, tem que trabalhartanto quanto o professor.”

Sérgio Giaxa: metodologia flexível adaptada às

necessidades dos alunos faz empresa crescer

Negócios Criativos

34 – Empreendedor – Abril 2007

Brasileiros descobrem

uma solução original de

grande impacto no

mercado internacional

de papel para cigarros

por Alexsandro Vanin

Eucaliptocom glicerina

Primeiro, existiam as artesanais pa-lhas de milho. Depois, surgiram no Bra-sil os papéis industrializados para ci-garro. A partir dos anos 1990, o mer-cado brasileiro foi invadido pelas cen-tenárias fábricas européias, como a es-panhola Miquel Y Costas & Miquel eas francesas Rizla, Abadie e Zig-Zag.Agora, é a vez da brasileira aLeda, que

está conquistando consumidores detodo o mundo com o papel transpa-rente. “Recebemos centenas de men-sagens de apoio e congratulação pornosso sucesso, acabamos descobrin-do um patriotismo que desconhecía-mos”, diz Fernando Amaral.

A fagulha que deu início a essa re-volução foi um sonho de Amaral e seu

Amaral e Vologhi: papel tinha

patente expirada e era utilizado

na embalagem de doces

Abril 2007 – Empreendedor – 35

amigo Renato Vologhi: lançar um papelpara cigarros original e com qualidadesuficiente para concorrer com a indús-tria européia. Vologhi havia visto emalgum lugar, mas não lembrava onde,um papel transparente, característicaque viria a viabilizar o negócio – os tra-dicionais, fabricados a partir do arroz,são geralmente brancos.

Os dois iniciaram uma busca porfabricantes e distribuidores e, depois deum ano e meio, e muitos reais gastosem telefonemas e estacionamento, quan-do estavam prestes a desistir, eles rece-beram em casa uma amostra do mate-rial procurado. Originalmente, esse pa-pel, cuja patente expirou há décadas, erautilizado na embalagem de doces. Ele éfeito a partir de celulose regenerada, pro-veniente da polpa da madeira de euca-lipto, tratada com glicerina, emoliente queproporciona maciez e brilho.

Com R$ 1,5 mil, a dupla produziu 6mil livretos (caixas que embalam o pro-duto) e, no dia 5 de maio de 2006, co-locou a pequena quantidade em lojasespecializadas da Avenida Paulista, emSão Paulo. A novidade despertou o in-teresse de consumidores, que passa-ram a indicar para outros e a levar para

o exterior. Em agosto, a marca estevepresente no Boom Festival, tradicionalevento de arte, cultura e música eletrô-nica de Portugal, e no mesmo mês oscontratos internacionais começaram aser fechados.

Hoje, aLeda pode ser encontrada emtodo o Brasil e mais 40 países. “Expor-tamos para países que nunca imagina-mos, como Afeganistão e Uganda; ali-ás, nunca imaginamos um sucesso tãogrande, apesar de acreditarmos na via-bilidade do produto”, diz Amaral. Nes-te ano, aLeda foi eleita melhor produtode 2007 pela High Life Barcelona Faire se tornou o primeiro papel para ci-garro a ganhar um prêmio na High Ti-mes Cannabis Cup, simplesmente asduas principais feiras de um mercadoque movimenta US$ 300 milhões porano no mundo.

Concorrência opaca

Como no mundo dos negócios umcria, e todos copiam, logo vieram asimitações. No início, a qualidade e o pio-neirismo – como a expressão “the origi-nal one” atesta em sua embalagem – pa-reciam ser suficientes para suportar a

competição, mas com o tempo algunsdos mais de 20 concorrentes passarama utilizar expedientes pouco honestos,como links falsos na internet, e aLedasofreu uma pequena retração nas ven-das. “Queremos trabalhar a marca, dei-xá-la mais visível e conhecida, e não serlembrado apenas por ser o papel trans-parente”, diz Amaral. Os esforços estãoconcentrados no exterior, que absorve99% da produção de mais de 4 milhõesde livretos por mês.

Uma das ações será o lançamento deum anúncio mundial para a seleção deobras de artistas gráficos independen-tes. As embalagens de aLeda já trazemem seu verso desenhos de GuilhermeKramer, e no site (www.aleda.com.br)há uma galeria de outros desenhos, fo-tos, músicas, poemas, vídeos e histó-rias em quadrinhos, entre outros traba-lhos. A empresa também apóia shows efestas alternativas na Europa e no Bra-sil, como a Freak Eletronic Rendez-Vousem Paris e a turnê brasileira de ZionTrain, um dos principais astros do gê-nero musical dub.

Na área de esportes, o apoio é dire-cionado a eventos independentes,como o campeonato de estreantes eanônimos promovido pelo ex-pugilistaNilson Garrido – que criou uma acade-mia de boxe embaixo do viaduto do Caféno bairro paulistano da Bela Vista –, eesportistas radicais, como o pára-que-dista Ipiranga no campeonato mundialde pouso de alta performance e o sur-fista Simão Romão no circuito WQS.

“Vamos aos pontos-de-venda con-versar com nossos consumidores, des-cobrir diretamente o que eles estão que-rendo, para continuar inovando e nãodecepcionar nosso público”, diz Ama-ral. Segundo ele, a semente plantada nosonho dos amigos cresceu rapidamen-te nessa terra – o Brasil – e deu frutos,como a EtcTrade, distribuidora e ex-portadora dos livretos de papel aLeda,que juntas empregam diretamente 40pessoas, além de aproximadamente 200terceirizados para a produção (corte dasfolhas de papel transparente e monta-gem dos livretos).

FOTOS CASA DA PHOTO

Mercado

36 – Empreendedor – Abril 2007

A indústria saboeira não produz apenas bolhas,

e surpreende mercado de higiene e limpeza

A barra dosabão em pedra

por Fábio Mayer

Simplicidade e eficácia são carac-terísticas típicas do sabão em barra(ou pedra), e o segredo de sua per-manência no mercado de higiene elimpeza. Consagrado por seu maiorrendimento na limpeza, o produto semantém há tempo sem alterações sig-nificativas na formulação e na apre-sentação ao consumidor final. E con-

tinua vendendo, com bons resultados:a margem de lucro fica entre 30% a40%, em média. Mas é mesmo emépocas de crise que o sabão em bar-ra ganha fama e é o preferido na com-pra, fazendo parte dos lares brasilei-ros, escolas, hospitais e diversos es-tabelecimentos comerciais. “Certa-mente, o sabão em barra já está in-corporado aos hábitos do consumi-dor brasileiro e vai ter sempre seu

espaço”, diz Maria Eugenia ProençaSaldanha, diretora-executiva da As-sociação Brasileira das Indústrias deProdutos de Limpeza e Afins (Abipla)e do Sindicato Nacional das Indús-trias de Produtos de Limpeza (Sipla).

Em relação ao consumo do sabão,algumas regiões se destacam mais doque outras. O Nordeste, por exem-plo, aumentou em 43%, de 1994 a2003, segundo dados da ACNielsen,empresa especializada em fazer pes-quisas e análises de mercado. Mas oacréscimo é menor na produção dosabão em barra. Em 2006, foram fa-bricadas 301 mil toneladas, de acor-

Mercado

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do com informação da Abipla. Issomostra que a produção permaneceupraticamente estável em relação a2005, quando foram fabricadas 299mil toneladas.

O volume total de consumo só nãoé maior, porque os números dos ne-gócios informais acabam sendo dei-xados de lado nas estatísticas. A ver-dade é que não há como contabilizar.As fábricas de fundo de quintal proli-feram rapidamente no país, como al-ternativa de geração de renda, e issoimplica mais produtos à venda. Massão poucas que sobrevivem. Empre-ender nesse mercado se tornou umdesafio: de um lado, as empresas le-galizadas, atualmente, são mais de150, comandadas por gigantes mul-tinacionais, e de outro, um batalhãode informais a cada dia.

A produção altamente pulverizadagera uma grande concorrência nesseramo. Esse é um dos principais en-traves ao crescimento dos próprios

negócios informais e do mercado deprodutos de limpeza, em geral. “O au-mento da eficiência da inspeção sani-tária, seu fortalecimento e aparelha-mento certamente contribuirão para aredução do índice de clandestinidadeno setor e, conseqüentemente, parasua expansão”, diz Maria Eugenia.

Uma das ações da Abipla é mos-trar ao público consumidor e ao go-verno que produtos de limpeza estãorelacionados à saúde pública. Com aremoção de sujeiras e de microorga-nismos, o índice de transmissão dedoenças diminui. “É desta forma queacreditamos que estes produtos de-vam ser tratados. Portanto, é neces-sário que tenhamos uma VigilânciaSanitária firme, com regulamentosclaros, que possam ser cumpridospelos grandes e pequenos fabrican-tes, mas que, sobretudo, garantam asegurança do consumidor e a eficá-cia do produto.”

Qualidade é assunto indiscutível

LOCALIZAÇÃOA posição geográfica deve ser analisadaantes da implantação da empresa, como objetivo de avaliar se existe mercadopara o produto. Um ponto estratégicocontribui para diminuir gastos com lo-gística na distribuição, aquisição de má-quinas e equipamentos e de matérias-primas, e no destino adequado dos re-jeitos industriais.

PRINCIPAIS DIFICULDADES�Competição acirrada nesse mercado

pelo grande número de empresas.�Informalidade dos pequenos negócios

de fundo de quintal ajuda a pulverizara produção.

�Fidelização: os consumidores tendema trocar facilmente o produto por umde outra marca ou mesmo o sabão embarra pelo detergente em pó.

MAIORES ÁREAS DE CONSUMO34% Nordeste18% Minas Gerais, Espírito Santo

e interior do Rio de Janeiro15% interior de São Paulo

PLANEJAMENTO�O empreendedor precisa ter pleno

conhecimento do processo produtivoou, então, deve contratar um profissio-nal experiente para assessorá-lo.

�Mercado consumidor: residências,hospitais, colégios, empresas públicase privadas, e lavanderias.

�A distribuição é feita por supermer-cados, atacadistas de produtos delimpeza, pequenos comércios, mer-cearias. SAZONALIDADE

No verão, as vendas da indústria sabo-eira aumentam. Na avaliação de AfonsoCelso, gerente de vendas da Force News,é o período em que as crianças brincammais fora de casa, as pessoas saem commaior freqüência e realizam uma sériede atividades que se refletem em sujar elavar roupa. “A sazonalidade existe, sim,e as vendas ficam 30% acima do restodo ano”, diz.

Fonte: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

(SBRT) e Instituto de Desenvolvimento

Integrado de Minas Gerias (Indi).

TENDÊNCIAS�Inovação entra na lista de prioridades.�Aliar investimentos em tecnologia,

para diminuir impactos ambientais, eem marketing.

�Princípios ativos naturais, como óleose essências, ajudam a complementar oproduto final.

�Matérias-primas menos poluentes sãoa nova ordem mundial na produção.

Cartilha

NORMAS�As exigências legais e as normas esta-

belecidas pelos órgãos competentesdevem ser seguidas à risca. É impor-tante também observar as exigênciasdo código de defesa do consumidorjunto ao Procon.

�Para iniciar as operações, a empresatem que obter o registro na Junta Co-mercial, registro da marca, no Institu-to Nacional da Propriedade Industri-al (Inpi), e do produto, na Divisão deProdutos Domissanitários do Minis-tério da Saúde (Diprod).

Maria Eugenia: clandestinidademenor, mais expansão

CASA DA PHOTO

Mercado

38 – Empreendedor – Abril 2007

meros e ajudam a fazer da indústriasaboeira uma das mais competitivasdo país. A inovação tem que estar nalista de prioridades de empreendedo-res que querem se destacar e perma-necer no mercado. Os fabricantes in-vestem pouco em inovação de pro-dutos já consagrados. Em alguns ca-sos, são aprimoramentos pontuais,mas que já surtem resultados.

A substituição total ou parcial dasmatérias-primas é um exemplo. Paraa saponificação (reação na qual se pro-duz o sabão), o principal ingredientepode ser de origem animal, o popularsebo, em geral de gado, ou vegetal,óleo extraído de sementes de baba-çu. Também podem ser combinados.“Sempre que um fabricante troca dematéria-prima, deve olhar para um oumais dos seguintes fatores: custo,qualidade e segurança, disponibilida-de, eficácia, produção e posiciona-mento de seu produto no mercadocomo um todo”, diz Maria Eugenia.

Outro exemplo dado pela direto-ra-executiva da Abipla é a utilizaçãode princípios ativos naturais, quecomplementam o produto final, comoóleos e essências. “Recentemente,apesar das dificuldades, algumas em-presas conseguiram inovar adicionan-do ao produto substâncias que lheagregaram valor, tais como aloe veraou glicerina. Esta é uma tentativa dereaquecer um mercado que vem semantendo estável ao longo do tem-po”, diz Maria Eugenia. Essa é a es-tratégia da Ypê, localizada em Ampa-ro, interior paulista.

Conforme informações do Depar-tamento de Marketing da Ypê, a em-presa investiu no ano passado no de-senvolvimento de duas novas versõesde sabão em barra: Flores e Frutas, eAloe Vera. Também relançou as ver-sões Multiativo, Fresh e o tradicionalNeutro. Para atrair o cliente em ummercado tão acirrado, a empresa sem-pre apostou na divulgação e manu-tenção da marca. A idéia é passar uma

também para aumentar as exportaçõesdo ramo, que vêm crescendo subs-tancialmente nos últimos anos. Em2004, foram comercializadas 8.700toneladas. No ano seguinte, mais queduplicou, chegando às 19.000 tone-ladas, mas o salto se deu em 2006,alcançando 41.500 toneladas. O con-sórcio formado por fabricantes bra-sileiros fomentou grande parte dessecrescimento, na análise da diretora-

executiva da Abipla. As vendas se con-centraram em países do sul do conti-nente africano, em especial a Áfricado Sul. O aumento do consumo dosabão na América do Sul contribuiupara elevar as exportações.

Lapidar arestas

Existem outros aspectos que im-pedem uma maior evolução dos nú-

Celso: o sabão é para tratar as roupas e preservar o meio ambiente

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relação de confiança do consu-midor com o sabão. A imagemde um produto tradicional, noqual o seu uso passa de mãepara filha, foi construídabaseada no tempo de mer-cado: a Ypê produz sabãoem barra desde 1950. Aempresa possui unida-des nas cidades de Sal-to (SP) e de SimõesFilho (BA).

Mas as maioresmudanças são emrelação à divulga-ção e ao marketing do produto. Sãoos consumidores que tornam os ne-gócios sustentáveis economicamen-te ou não. Facilmente, trocam o pro-duto por um de outra marca ou mes-mo o sabão em barra pelo detergenteem pó. A Force News, há dois anosno mercado de limpeza e cosméticos,lançou uma nova linha de produtoscom esse objetivo, conquistar e fide-lizar os consumidores. A tática da em-presa foi adotar conceitos baseadosna conscientização ecológica, bastan-te difundida em todo o mundo. Osprodutos são biodegradáveis, fazen-do a ação de decomposição em dezdias, segundo testes realizados pelaempresa. “O sabão não é para lavar,mas tratar as roupas e preservar omeio ambiente”, diz Afonso Celso, ge-rente de vendas da empresa.

Trazem também novidades na em-balagem. O objetivo é se destacar, nãoser mais um no ramo, pois isso im-plica ter maior dificuldade de intro-dução do produto no mercado e terque virar um vendedor de preço, bri-gar para diminuir o custo final. Nocaso do sabão de coco, fabricadopela Force News e vendido em cai-xas com cinco barras de 100 gramas,a estratégia foi desenvolver uma em-balagem diferente das já conhecidaspelo público consumidor. “No super-mercado, as embalagens são um marde mesmice”, diz Celso.

Mas nem sempre é possível mo-dificar todo um conceito de marke-ting de uma só vez. Sem solução, foipreciso manter o foco principal na lo-gomarca, que precisa estar bem visí-vel e em destaque, como fazem to-dos os concorrentes. Apesar de utili-zar um recurso antigo, mas ainda efi-ciente para chamar a atenção, a em-

presa conseguiu apresentar novida-des. Com base na proposta de ino-var, foram utilizadas imagens fotográ-ficas da Amazônia como fundo.

O que parecia ser uma saída me-morável, fora do senso comum mer-cadológico, quase vira dor de cabe-ça para os executivos. A decisão deusar fotos em vez de desenhos, cos-

Restrição vigenteNo momento, o conceito de produto ecológico é inadequado

ao sabão em barra e não deve ser utilizado em quaisquer tiposde artifícios para atrair consumidores, muito menos estar pre-sente nas embalagens. O motivo é a presença, na composição doproduto, de elementos como o ácido sulfônico, colocado paraproduzir espuma. Segundo Carlos Augusto Moura, assessor deimprensa da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há naregulamentação da entidade a previsão de produto de limpezaecológico. “Por isso, essa afirmação não é permitida no rótulodo produto”, diz Moura.

Conforme definição do Ministério do Meio Ambiente (MMA),produto ecoeficiente (ecológico) é todo artigo que, artesanal, ma-nufaturado ou industrializado, de uso pessoal, alimentar, residen-cial, comercial, agrícola e industrial, seja não-poluente, não-tóxi-co, reciclável, notadamente benéfico ao meio ambiente e à saúde,contribuindo para o desenvolvimento de um modelo econômico esocial sustentável. O conceito surgiu durante a Conferência daONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Riode Janeiro, em 1992, e adotado pelo programa Agenda 21, com oaval de 170 nações.

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40 – Empreendedor – Abril 2007

Linha Direta

Maria Eugenia Proença Saldanha

(11) 3816-2762

Afonso Celso

(11) 5051-2400

Barro, gordurae cinzas

O sabão teria sua origem no ano 2.800a.C., na antiga Babilônia. Inscrições gra-vadas em cilindros de barro encontra-dos durante escavações arqueológicascontam que os habitantes tinham o há-bito de ferver gordura juntamente comcinzas, fazendo uma espécie de sabão,não se sabe para qual finalidade. Mas oproduto se tornou conhecido, sendobatizado com esse nome, muito tempodepois e por outra civilização.

Os primeiros romanos costumavamsacrificar animais em uma montanha cha-mada Sapo. Quando chovia, a água quedescia pela montanha levava barro mis-turado com gordura e cinzas dos animaismortos para as margens do Rio Tiber. Asmulheres que lavavam as roupas no rioperceberam que, ao utilizar essa combi-nação resultante da reação de saponifi-cação, precisavam esfregar menos paradeixar as peças mais limpas, pois a sujei-ra acabava saindo mais fácil.

Com a queda do Império Romano doOcidente, o sabão ficou esquecido porum bom tempo. Ressurgiu apenas noséculo IX em Savona, na Itália, cidadeque perpetuou o nome do produto, masera de uso exclusivo dos nobres. So-mente no século XVIII, se tornou maisdifundido e começou a ser produzidoem larga escala. A primeira patente dafabricação é de 1791, mas só depoisda década de 1920 surgiram novos há-bitos e tendências do mercado. Umdeles era o uso do sabão esfarelado,quando a barra era cortada e dissolvi-da em água quente. Em 1946, passou aser vendido também na forma líquida.

tumeiro em outras marcas, dificul-tou a impressão das embalagens. Foinecessário realizar muitos testes, econstantes aprimoramentos e ajus-tes para chegar ao resultado consi-derado ideal, mostrar com maior ri-queza de detalhes e melhor de-finição as imagens de fundo.Resolvido o contratem-po, surtiu o efeito de-sejado: a embalagematrai o consumidor, querapidamente se identifi-ca com o forte apeloecológico.

A missão de conquistar e fidelizaro consumidor com uma embalagematrativa não poderia ser feita apenasnas gôndolas. O sabão também pre-cisava oferecer alguma novidade e,principalmente, ser condizente coma imagem de produto que a embala-gem mostrava. Foi desenvolvida umanova composição com a substituiçãoparcial e a adição de alguns ingredi-entes. Passaram a utilizar uma com-binação de óleo de coco de babaçu esebo (gordura animal). Dessa mistu-ra, de acordo com Celso, consegui-ram minimizar os impactos ao meioambiente, principalmente economi-zando água. O grande produtor debabaçu, espécie de palmeira, é o Es-tado do Maranhão. A Force News temparceiros na região, dos quais com-pra o óleo utilizado como matéria-pri-ma na produção do sabão de coco.

Nova ordem

Atualmente, é consenso mundialque o mercado aceita menos a polui-ção. Com esse objetivo, a Force Newsdiminuiu a quantidade de ácido sulfô-nico no produto, que gera a espumaproduzida pelo sabão durante o seuuso. Mas isso significou mexer como imaginário dos consumidores. “Nãoadianta ter um excelente produto quenão tenha espuma, porque criou-se nacabeça da dona-de-casa que espuma

limpa, mas é a principal causa polui-dora”, diz Celso. “Conseguimos umproduto que limpa melhor, atende àsnecessidades de ser ecológico, não éagressivo, e que tem espuma.”

Também foram implantadas me-didas no processo de fabri-cação, tornando-o menos

poluente. A empresautiliza equipamentosque permitem redu-zir os resíduos. Sãoduas torres, uma desecagem e outra detratamento, nas quais

foram investidos cerca de US$ 12,5milhões. “A primeira torre faz um pro-duto de qualidade, põe a receita, elafaz. Na segunda, é possível misturarduas receitas ou agregar ingredientes,ou seja, fazer um produto mais bemacabado”, diz.

Com a segunda torre, a de trata-mento, é possível utilizar corantes efragrâncias originários da Amazôniapara perfumar o sabão, por exemplo.Para a dona-de-casa, o perfume émuito importante e tem muito pesona decisão de comprar ou não. “Omercado recebeu muito bem o pro-duto. Esperávamos sucesso, mas nãotão rápido assim como está aconte-cendo”, diz Celso. Mesmo com alte-rações mínimas e pouca inovação noproduto, o sabão em barra atingiu ma-turidade no mercado brasileiro hámuito tempo. No decorrer dos anos,o povo o elegeu como bem de pri-meira necessidade. A oportunidade,agora, é aliar investimentos em tec-nologia, matérias-primas menos po-luentes e marketing.

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Abril 2007 – Empreendedor – 41

Franquia

42 – Empreendedor – Abril 2007

Sozinha no mercado, a franquia de alimentos

complementares planejou sua expansão com cuidado

e passou a oferecer produtos com marca própria

por Sara Caprario

Pioneiro comsuplementos

Produtos para emagrecer, aumentarmassa muscular, performance e qualida-de de vida fazem da SNC uma rede defranquias muito procurada por pessoasque se identificam com o assunto. Im-pulsionada por uma demanda crescente,a explosão do mercado de suplementosalimentares e vitaminas atinge hoje 17,4bilhões de dólares em todo o mundo.

Quando iniciou o negócio de vendade suplementos nutricionais, no Rio deJaneiro em 1991, Fábio Ramos encon-trou um mercado ainda pouco explo-rado. Durante oito anos, ele manteve-se com foco no varejo, importando pro-dutos que não eram encontrados no paíse ampliando as filiais da SNC (SportsNutrition Center), chegando ao núme-ro de oito lojas. O aumento do consu-mo deste tipo de alimento possibilitouesta expansão, e cada vez mais apare-ciam interessados em ter uma revendadaquele tipo. “Fizemos duas cessões demarca, mas havia o receio de entregaro negócio e não ter mais a exclusivida-de. Foi aí que começamos a pesquisaro sistema de franchising”, diz Fábio.

Entre 2000 e 2001, houve uma gran-de reestruturação da SNC. Para con-cretizar as mudanças, foram realizadaspesquisas e iniciado um outro proces-so, o lançamento de uma marca pró-pria com produtos sob encomenda fei-tos por empresas terceirizadas. “Atra-vessamos nesta época uma mudançana economia, a desvalorização do dó-

muita gente se alimente com escassezde proteína, por exemplo. Por isso, ossuplementos já são vistos como essen-ciais”, diz Fábio. A grande explosão nademanda pelos produtos também estáligada ao clima tropical e à vaidade doshomens e mulheres no país, o que co-locou o Brasil na lista dos “Top 10” noconsumo desses produtos, segundo in-formações da SNC.

Sobre metas, o presidente diz que“esse ano quer entrar em todos os Esta-dos do Brasil, sem exceção, e internacio-nalizar a marca para países da Europa,África, América do Sul e Central, quesão excelentes mercados para suplemen-tos nutricionais”. A empresa tem a mai-or média de compradores do segmento.Na unidade da Barra, Zona Oeste do Riode Janeiro, são 15 mil clientes cadastra-dos por ano, que compram cerca de R$120,00 por mês cada um. Quatro novaslojas já estão em processo de abertura.No Rio, os bairros são Ilha do Gover-nador e Barra. Em São Paulo, o municí-pio escolhido foi São José do Rio Pretoe, na Europa, Lisboa receberá a primei-ra franquia internacional.

lar, o que nos permitiu oferecer produ-tos nacionais mais baratos”, diz o pre-sidente da rede. As três fábricas tercei-rizadas, duas em São Paulo e uma emSanta Catarina, utilizam insumos impor-tados, sendo a embalagem e o layoutpadronizados pela SNC.

Com a implantação da franquia, ofoco no varejo foi sendo aos poucoscomplementado pela prestação de ser-viços necessária aos franqueados quecomeçaram a montar a rede.

A empresa, que conta hoje com 38unidades – três próprias e 35 franque-adas – nos Estados do Rio de Janeiro,São Paulo, Espírito Santo, Minas Ge-rais, Brasília, Alagoas, Pernambuco, RioGrande do Norte e Pará, investirá até ofinal deste ano R$ 2 milhões em ex-pansão e marketing. A meta é chegar adezembro com mais 25 lojas abertas,praticamente dobrando esse número emmenos de um ano.

Segundo dados da empresa, cerca de10% das pessoas utilizam algum tipo desuplemento alimentar. Destes, os jovenssão a maioria. Mas o trabalho de expan-são já vem ajudando a incluir estes pro-dutos no dia-a-dia de mais pessoas. Oque antes era visto como alimento ape-nas de atletas ou como fonte alternativade dietas especiais hoje já é usado comocomplemento importante para garantira ingestão de nutrientes fundamentaispara uma vida mais saudável.

“A rotina de trabalho faz com que

Abril 2007 – Empreendedor – 43

Perfil do franqueadoPara ser um franqueado nessa

área, é importante realmente seidentificar com o conceito donegócio. A SNC diz que outrascaracterísticas são essenciais para odinamismo da nova função, comodedicação, espírito empreendedor ecomprometimento. “Os novosfranqueados não precisam terqualificações especiais na área, masquem nos procura geralmente sãoentusiastas, utilizam os produtos,querem difundir os benefícios egostam do tema. Damos todo umsuporte, que vai desde a central decompras e negociações passandopela seleção de ponto comercial,software padronizado de controle,treinamentos para franqueados efuncionários, entre outros tipos deserviço. Para maior comodidade econveniência, a loja é entregue aofranqueado montada e pronta paraoperar”, explica Fábio Ramos.

Números da redeCrescimento em 2006: 20%

Previsão de crescimento em

2007: 50%

Investimento inicial para abrir a

loja: R$ 75 a 148 mil

Taxa de franquia: R$ 25 a 28 mil

Royalties: 1,95% por mês sobre ofaturamento

Marketing: 1% por mês sobre ofaturamento

Retorno financeiro do capital

investido: 12 a 20 meses

Linha Direta

SNC

www.sncshop.com.br

(21) 2421-7544

Fábio Ramos: o que antes era

visto como alternativa de dietas

especiais hoje é usado para

manter uma vida mais saudável

Franquia

44 – Empreendedor – Abril 2007

Franquias Made in Brazil“O Brasil já é considerado um grande

exportador desse modelo de negócio,

prova disso é que já existem 30 marcas

nacionais presentes no exterior, com cerca

de 500 lojas em vários países,

principalmente, Portugal, Espanha, Estados

Unidos e México. O modelo brasileiro de

franchising é bem formatado e tem

excelentes condições de se adaptar aos

países de destino. O setor de franchising

tem contribuído muito para a economia

nacional, e a expectativa para os próximos anos é de um crescimento

contínuo tanto em faturamento como em número de redes e unidades.”

Artur Noêmio Grynbaum, presidente da Associação Brasileira de

Franchising e vice-presidente do Boticário

empresa é com a identidade visual

dos pontos-de-venda. “O layout dos

quiosques Parallèle são planejados

para oferecer conforto, praticidade

e bem-estar ao consumidor”, diz Vi-

anna. No ano passado, o faturamen-

to foi de, aproximadamente, R$ 4,5

milhões. Mas com o crescimento

rápido, há muita expectativa por par-

te dos criadores da Parallèle. A rede

lançará novos produtos, almeja atin-

gir 35 pontos-de-venda e encerrar o

ano com um faturamento na casa de

R$ 7 milhões. (11) 3362-2122

A Parallèle é uma empresa nacio-

nal, apesar do nome, e se dedica à

produção e venda de cosméticos e

perfumes. Em 2006, a marca atingiu

20 pontos-de-venda, sendo 17 no

modelo de franquia. O negócio nas-

ceu da união dos amigos João Vian-

na e Simon Levi. Os perfumes Pa-

rallèle são desenvolvidos pelo perfu-

mista Fabio, e as matérias-primas,

importadas da França. No total, são

240 itens divididos em perfumes, hi-

dratantes, desodorantes, sabonetes e

shower gel. Uma outra prioridade da

Mais perfumes

Pan movimenta redesCom a expectativa de receber em torno

de 500 mil visitantes durante os 16 dias

de competições dos Jogos Pan-

Americanos, as redes de franquias

também se preparam para o aquecimento

nas vendas. A Jani-King, de serviços de

limpeza comercial, é uma delas e projeta

crescimento de 40% na atuação do Rio

de Janeiro. Um dos objetivos é aumentar

a participação no setor de condomínios.

Com 80 franqueados brasileiros que

atendem 1.200 clientes em 13

Estados, a empresa atua ainda nos

segmentos de escolas e escritórios,

entre outros. (11) 3709-5111

Três em umO ensino integrado de curso pro-

fissionalizante, informática e idio-

mas está repercutindo bem entre os

alunos da rede de capacitação pro-

fissional Data Byte.

Batizado de E3i, o

método agradou os

franqueados, que

afirmaram terem

aumentado a pro-

cura pelos cursos.

“Vemos um inte-

resse por parte das

pessoas, muitos

perguntam sobre o

novo método, e

quando explicamos

o que é, eles acham

super vantajoso”,

diz Andréia Azeve-

do, da unidade Data Byte Repúbli-

ca (SP). Ao escolher o método, o

aluno pode optar pelos cursos de

sua preferência, nas áreas profissio-

nalizante e informática, e uni-los ao

aprendizado do inglês, com vanta-

gens no custo. As aulas acontecem

em dias alternados, sob a supervi-

são de professores especializados,

que têm um plano de aula previamen-

te elaborado para cada aluno. (11)3168-7149 www.databyte.com.br

Abril 2007 – Empreendedor – 45

Momento favorávelNão é de hoje que as redes de en-

sino de idiomas anunciam números

de expansão e destacam como mo-

mentos favoráveis cada início de ano,

quando muitas pessoas decidem ini-

ciar um curso. Apesar de o grande

boom deste mercado já ter ocorrido,

ainda há potencial para crescimento.

A Skill começou este ano com sete

novas unidades, e o diretor de expan-

são, Fábio Müller, diz que planeja um

crescimento de 45% em 2007, abrin-

do 50 novas escolas, passando para

400 no país e em 2008 expandir a

bandeira para outros países.

Outra rede, a Uptime, inaugurou

cinco novas franquias neste começo

do ano em dois Estados brasileiros,

São Paulo e Minas Gerais. O fran-

queado da unidade de Patos de Mi-

nas (MG), Robert Levy, está otimis-

ta. “Estou na cidade-pólo da região

do Alto Paranaíba, que vem se desta-

cando cada vez mais com atividades

de agronegócio”, diz. (31) 3261-0737

Cuidados animaisA rede de clínicas veterinárias Pet

Life abre a segunda unidade própria,

no bairro Campo Belo, na zona sul da

capital paulista. A meta é abrir outras

cinco unidades até o final deste ano,

apostando no crescimento do merca-

do. Além de outros três pontos na Gran-

de São Paulo, a rede também negocia

com interessados no Rio de Janeiro e

no Paraná. Entre os serviços ofereci-

dos, estão o hotel e creche ca-

nina, cursos de adestramen-

to e etiqueta animais, aten-

dimento clínico com di-

versas especialidades,

piscina para recreação,

condicionamento físi-

co e fisioterapia, além

de veterinária especi-

alizada em comporta-

mento animal. “Nos-

so conceito é ser um

verdadeiro centro de

bem-estar animal, onde o cão pode

encontrar tudo o que precisa para ser

alegre e saudável em um único ambi-

ente”, diz Rodrigo Tchakerian, fran-

queador da rede, que investiu R$ 180

mil na nova unidade, de 400 metros

quadrados. Os dados de 2006 da Asso-

ciação Nacional dos Fabricantes de Ali-

mentos para Animais de Companhia (An-

fal Pet) revelam que o Brasil possui 28,8

milhões de cães e ocupa o

segundo posto no

ranking mundial. Os

Estados Unidos estão

em primeiro. O negó-

cio deste setor mo-

vimenta em torno de

R$ 16 bilhões por

ano no país, com

crescimento anual

de cerca de 20%,

segundo a entida-

de. (11) 3758-1366

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46 – Empreendedor – Abril 2007

Franquia

Abril 2007 – Empreendedor – 47

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

AlpsNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucessoRede em ampla expansão

Lançada em maio de 2001, a Alps faz

parte do grupo ProAcademix, também

detentor das marcas Wizard e

Worktek. Atualmente, ela é a rede de

franquias de idiomas que mais cresce

no Brasil, com 101 unidades espalha-

das por todo o país.

O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvi-

da nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolin-

güística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro

habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa:

conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o

aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente.

A Alps conta com know-how administrativo e comercial,

através de um siste-

ma exclusivo de en-

sino, e dá assessoria

na seleção do ponto

comercial, na adequa-

ção do imóvel e na

implantação e opera-

ção da escola.

Nº de unidades próp. e franq.: 101Áreas de interesse: América Latina, EstadosUnidos, Japão, EuropaApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PNTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 porkit (publicidade)Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 milCapital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 12 a 18 mesesContato: Ivan Cardoso

WorktekNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.worktek.com.br

A Worktek Formação Profis-

sional faz parte do ProAcade-

mix, maior grupo educacional

do Brasil detentor das marcas

Wizard, Alps e Proativo. Trata-

se de uma nova modalidade de

franquias com o objetivo de

preparar o jovem para o pri-

meiro emprego ou adultos que

buscam uma recolocação no mercado de trabalho.

São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer,

Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e

Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Te-

lemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista,

Marketing e Atendimento ao

Cliente.

Entre os diferenciais da

Worktek está a qualidade do

material e do método de en-

sino, além do comprometi-

mento com a recolocação que

vai além das salas de aula atra-

vés do POP, Programa de

Orientação Profissional.

Conquiste sua independência financeira!

Nº de unidades próprias e franqueadas:70Áreas de interesse:: BrasilApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF,FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mile R$ 25 milInstalação da empresa: a partir deR$ 30 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 36 meses

A Wizard Idiomas é a

maior rede de franquias no

segmento de ensino de idiomas* do país.

Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que

geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio mi-

lhão de alunos por ano.

A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente

didático com proposta pedagógica para atender alunos da educa-

ção infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira ida-

de. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e

português para estran-

geiros. A Wizard é

também pioneira no

ensino de inglês em

Braille.

* Fonte: Associação

Brasileira de Franchi-

sing e Instituto Fran-

chising.

WizardNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.wizard.com.br

Sucessoeducacional eempresarial

Nº de unidades: 1.221 franqueadasÁreas de interesse: América Latina, EUA eEuropaApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI,PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 milInstalação da empresa: a partir de R$ 50 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 24 a 36 meses

ZetsNegócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos

Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) [email protected]

www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mãoA Ezconet S.A. detentora da

marca Zets é uma empresa de tec-nologia e distribuição de telefoniacelular e aparelhos eletrônicos que,através de um sistema revolucioná-rio denominado “BBC” (business tobusiness to consummer) agrega novosserviços e valores a cadeia de distri-buição. Realiza a integração entre ocomércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções com-pletas de e-commerce e logística para seus parceiros.

Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizarpara pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negóciopróprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, semriscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. ComoFunciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtualZets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, cata-logo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. QuaisProdutos são comercializados: Celulares e acessórios para

celulares, calculadoras, telefo-nes fixos, centrais telefônicas,acessórios para informática, ba-terias para filmadoras, bateriaspara note-book e câmeras digi-tais, pilhas, lanternas, filmespara maquina fotográfica, car-tuchos para impressoras, etc.A franquia estuda a inclusão denovos produtos.

Nº de unidades próp. e franq.: 20Áreas de interesse: BrasilApoio: PP, TR, OM, FI, MPTaxa de Franquia: R$ 5 milInstalação da empresa: R$1.500,00Capital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 6 a 12 mesesContato: Shlomo Revi

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

Pequenas Notáveis

50 – Empreendedor – Abril 2007

Editado por Alexandre Gonçalves

A Lei Geral das Micro e PequenasEmpresas ganhou mais um aliado im-portante para que possa representarrealmente um novo tempo para os em-preendedores de pequeno porte, coma criação da Frente Parlamentar Mistadas Micro e Pequenas Empresas noCongresso Nacional. Integrada por200 deputados e 30 senadores, a Frenteserá presidida pelo deputado José Pi-mentel (PT-CE) e vai acompanhar aregulamentação e implementação daLei Geral. “Sempre soube que são asmicro e pequenas empresas que maisgeram empregos no país”, avalia opresidente da Câmara, Arlindo China-glia, para quem a Lei Geral será im-portante para a distribuição de renda ea geração de empregos.

Para o presidente do Sebrae, Pau-lo Okamotto, a Frente será funda-mental para assegurar a efetivação doconceito de tratamento simplificado

CONJUNTURA

Frente Parlamentar quer dinamizarimplementação da Lei Geral das MPEs

e diferenciado para o segmento. “Per-deríamos muito esforço, se esse tra-tamento simplificado e diferenciadonão fosse implementado", disse o di-rigente durante a solenidade de lan-çamento da Frente, no último dia 14.

Já para o presidente da Confedera-ção Nacional das Entidades de Microe Pequenas Empresas do Comércio eServiços (Conempec), José Tarcísioda Silva, o envolvimento do Congres-so reforça as negociações com os go-vernos, já que muitos dispositivos dalei precisam ser regulamentados pelosgovernos federal, estaduais e munici-pais. “Isso contribui para que os be-nefícios da lei cheguem à ponta, àsmicro e pequenas empresas.”

Segundo José Pimentel, entre asações da Frente Parlamentar, estão aestruturação da subcomissão de mi-cro e pequenas empresas e várias ini-ciativas de interesse do segmento,

como contatos com o Tribunal deContas da União para discutir a siste-mática de prestação de contas, e lici-tações das micro e pequenas empre-sas e facilitar o acesso do segmentoàs compras governamentais. Os inte-grantes da Frente também se reunirãocom o Comitê Gestor da parte tribu-tária da Lei Geral para debater sobre aGuia Única de recolhimento de tribu-tos, e o cadastro único de micro e pe-quenas empresas previsto na Lei. Eledisse que também será definida umaagenda de reuniões com integrantes daUnião, Estados e municípios, para tra-tar de assuntos relativos à regulamen-tação da Lei Geral. A idéia é que tam-bém sejam instaladas frentes parlamen-tares estaduais para acompanhamen-to da regulamentação da Lei Geral.

(Com informações de

Dilma Tavares/Agência Sebrae)

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Presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (à frente), destaca geração

de emprego e distribuição de renda como benefícios da Lei Geral

Livro conta batalhapela Lei Geral

O processo de mobilizaçãoempresarial e política em torno daLei Geral é contado no livro Lei

Geral das Micro e Pequenas

Empresas: uma História que Veio

fazer História. O livro é de autoriado jornalista Márcio Metzker e foiescrito a partir de depoimentos dequem esteve diretamenteenvolvido com a construção eaprovação da lei. Além disso, olivro também reúne artigos depersonalidades do mundo políticoe empresarial que participaram doprocesso de mobilização pelaaprovação e sanção da lei.

Abril 2007 – Empreendedor – 51

O espaço da micro e pequena empresa

por Franco Rosário

e Flávio Demarchi

Dificilmente um brasileiro nuncaentrou em contato com uma micro oupequena empresa. Em todo o país, sãomais de 5 milhões de pequenos esta-belecimentos que lutam diariamentepor clientes, mercado e espaço. Mi-lhares de brasileiros também trabalhamou já trabalharam em uma pequenafábrica de autopeças ou agência de tu-rismo, enquanto outros tantos são pro-prietários de um pequeno negócio.

Além de ser cliente e ter trabalhadoem pequenas empresas, atualmente sousócio de uma pequena agência de pu-

blicidade. Unindo minhas experiências,quero compartilhar três lições que acredi-to importantíssimas para um marketingeficiente para pequenas empresas.

1) Não deixe ninguém sem resposta:mapeie todos os canais de contato deseus públicos com sua empresa e ga-ranta resposta a todos. Nada é pior paraa reputação de um negócio, principal-mente pequeno, do que ser contactadoe não dar retorno. E você ainda podereceber uma boa proposta de negócioou conhecer um funcionário incrível.

2) Compartilhe informações com seus

OPINIÃO

Três lições para um marketing eficientefuncionários: trabalhei em um site deinternet no qual, pelo menos, uma vezpor mês, os funcionários tomavam caféda manhã juntos, e o presidente da em-presa falava sobre seus planos e resul-tados. Isso deixava todos muito maisligados à empresa e engajados em fazê-la crescer, criando um clima de confi-ança mútua e cooperação.

3) Mãos à obra: planejar é impor-tantíssimo, mas só se aprende real-mente com o dia-a-dia. Faça planos,mas coloque suas ações em prática,sempre verificando os resultados.

Franco Rosário e Flávio Demarchi são consultores da Social e Comunicação e escrevem o

blog Comunicação Democrática (www.comunicacaodemocratica.wordpress.com)

OPORTUNIDADES

Definido calendário do circuito Feira do EmpreendedorPromovido pelo Sebrae desde 1994, o Circuito Feira do Em-

preendedor já tem data para começar em 2007: 9 a 13 de maio,em Brasília (DF). No ano passado, o circuito recebeu maisde 247 mil visitantes, reuniu 1.821 expositores e contou com1.556 turmas de cursos e palestras, nos quais se capacita-ram mais de 72 mil pessoas. Segundo a gestora nacional docircuito, Andrea Faria, daUnidade de AtendimentoIndividual do Sebrae Na-cional, 80% do público-alvo do evento compõe-se de potenciais empre-endedores e de candida-tos a empresários. Nasfeiras, o visitante encontrainformações sobre comoabrir e gerenciar a própriaempresa, além de conferirde perto oportunidades de negócios e novas tendências de mer-cado. “Levamos aos participantes capacitações que permi-tem pensar na melhor forma de começar o empreendimentoe que contribuem para que suas empresas não acabem nasestatísticas de mortalidade precoce, que atingem micro epequenas empresas em seus dois primeiros anos de funcio-namento”, diz Andrea.

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Anote na agenda

Confira a seguir o calendário completo do Circuito

Feira do Empreendedor 2007 (maiores informações

podem ser obtidas nas unidades locais do Sebrae).

Brasília (DF): 9 a 13 de maio

Petrópolis (RJ): 31 de maio a 3 de junho

Palmas (TO): 28 de junho a 1º de julho

Itaperuna (RJ): 19 a 22 de julho

Cuiabá (MT): 15 a 19 de agosto

Maceió (AL): 15 a 19 de agosto

Goiânia (GO): 23 a 26 de agosto

João Pessoa (PB): 4 a 7 de outubro

Macapá (AP): 19 a 28 de outubro

São Luís (MA): 1º a 4 de novembro

Salvador (BA): 8 a 11 de novembro

Volta Redonda (RJ): 8 a 11 de novembro

52 – Empreendedor – Abril 2007

Perfil Antônio Carlos Romanoski

Abril 2007 – Empreendedor – 53

Em buscade equilíbrioO presidente da Sundown faz a empresa crescer com motos

populares e parcerias estratégicas dentro e fora do país

por Wendel Martins

Casar um crescimento vertiginosocom qualidade de produto, explorar no-vos segmentos e, ao mesmo tempo, aten-der à fatia mais popular do mercado, ven-der em regiões consideradas pouco lu-crativas e emplacar uma parceria ao in-vés de comprar tecnologia. Esses são ossegredos do sucesso da Brasil & Movi-mento S.A. (B&M), líder na fabricaçãode bicicletas com a marca Sundown, queem 2002 ampliou a sua participação nosegmento de duas rodas com a fabrica-ção de motos de baixa cilindrada. Empouco mais de três anos de mercado, aSundown Motos tornou-se a terceiramarca mais vendida do país, com 4,9%de participação no mercado.

“Entre janeiro e outubro de 2006,houve um aumento de 80% nas ven-das. O número é importante, mas é ne-cessário explicar que a nossa base nãoera tão grande. O crescimento veio emfunção dos lançamentos de algumas no-vidades como a motoclicleta de 90 ci-lindradas. Estamos lançando uma linhaoff-road de 200 cilindradas. E temosuma scooter também”, diz o persona-gem à frente dessa revolução, AntônioCarlos Romanoski, curitibano de 62anos, que se tornou presidente da com-panhia em 2003.

O neto de imigrantes de origem po-lonesa e alemã começou sua carreiraaos 14 anos como contínuo de banco.Aos 20, ingressou na Companhia de

Energia Elétrica do Paraná, onde ascen-deu da área burocrática para coman-dar uma Usina em Salto Osório, a 445km de Curitiba, e teve a experiência deadministrar um acampamento para5.000 pessoas, com toda a infra-estru-tura de uma cidade, como escola, hos-pital, segurança. Formado em Direitocom pós-graduação em Economia, quisse tornar advogado, mas a vida acaboulevando-o para outros caminhos. Gos-ta de ser chefe e tem como caracterís-tica a capacidade de gerir crises comdiplomacia. Ao sair da Copel, ingres-sou na Prosdócimo, que tinha acabadode comprar a Clímax, a Sanyo e a Wap.Transformou cinco empresas em uma,

a Refrigerações Paraná (Refripar). Fezcarreira na empresa e em 1996, quan-do a Eletrolux comprou o controle acio-nário da companhia, foi alçado à con-dição de presidente.

Foi chamado para dirigir a Sundownno momento em que a companhia – queemprega 1.200 funcionários diretos e4.000 indiretos – queria entrar no mer-cado de motocicletas. “Para mim, umasituação desafiadora, e foi difícil resis-tir. Era preciso encontrar um caminhoalternativo neste segmento que tem noBrasil a hegemonia de duas grandesempresas, a Honda, com 80% de mer-cado, e a Yamaha, com 16%.” O cami-nho para vencer essa concorrência erase aliar a indianos, coreanos ou chine-ses. Optou pela China, onde se fabricam30 milhões de motos por ano, trinta ve-zes o tamanho do mercado brasileiro. ASundown Motos formou uma joint-ven-ture com a Jinan Qingqi Motorcycle,empresa estatal e a quarta maior produ-tora de motos da China, com mais deum milhão de unidades vendidas. O ob-jetivo é fabricar as motos no Brasil, comtecnologia e preços chineses.

“Há cinco anos, nós temos essa par-ceria com eles, que hoje é bem sólida.Temos na China um escritório e umabase avançada de engenharia justamentepara desenvolver produtos para o Bra-sil.” A parceria começou com a produ-ção de duas linhas de baixa cilindrada(50 cc e 100 cc). No final de 2003, aSundown lançou outros três modelos

ANTÔNIO CARLOS ROMANOSKI

Idade: 62

Local de nascimento: Curitiba (PR)

Formação: graduação em Direito

e pós-graduação em Economia

Empresa: Brasil & Movimento S.A.

Ramo de atuação: Bicicletas,

motocicletas e fitness

Cidade-sede: São Paulo

Número de funcionários:1.200 (São

Paulo, Manaus e China)

Faturamento em 2005:

R$ 287 milhões e 789 mil

Faturamento no 1º semestre

de 2006: 164 milhões e 977 mil

54 – Empreendedor – Abril 2007

Perfil Antônio Carlos Romanoski

e entrou na briga por uma fatia do com-petitivo mercado de 125 cilindradas,com preços 20% menores que os daconcorrência, em média. Com os chi-neses, ele aprendeu que existe um pa-drão de quantidade e que a qualidade édesejável. Para isso, mantém em terri-tório chinês uma área de 8 mil metrosquadrados e doze engenheiros que va-lidam qualquer produto que venha parao Brasil para ajustá-lo aos padrões e pro-cedimentos técnicos da Sundown.“Não é que a gente pega o produto chi-nês e traz para cá. Porque a referênciado produto no Brasil com qualidade edesempenho foi estabelecida pelos queestão aqui. Então, não podia ser um pro-duto que se diferenciasse muito disso.Por isso, contratamos técnicos alta-mente especializados capazes de fazerum produto competitivo.”

Além do desenvolvimento dos pro-dutos, o segundo grande desafio eramontar uma rede de concessionáriasqualificadas. Era um processo duro, jáque a marca era conhecida no merca-do pelas bicicletas e vinculada a bron-zeadores e medicamentos. Dois cami-nhos se abriram à sua frente: atacar omercado de São Paulo, responsável por60% do mercado brasileiro, ou entrarem praças menores, no interior do país.Romanoski preferia a capital paulista,mas foi voto vencido na diretoria, queoptou pela regionalização. “Essa deci-são se mostrou a opção correta, por-que indo para o interior você tem umaavaliação do produto em regiões dife-rentes como Norte, Nordeste e Sul, enesse período todo pudemos avaliarcomo o produto se comportava.” En-tão, a Sundown Motos abriu conces-sionárias em Macapá (AP), Belém (PA),

Bagé (RS) e Pato Branco (PR).Outro motivo para lançar produtos

em cidades menores é que a mídia émais barata. À medida que a empresafoi crescendo, os próprios concessio-nários, boa parte vendendo também au-tomóveis, divulgaram nas suas conven-ções que era um bom negócio a Sun-down Motos. “E, com isso, a empresaconseguiu formar uma rede bem quali-ficada, já com experiência nessa rela-ção com o consumidor, e essa rede éuma das razões do sucesso do cresci-mento da Sundown.” Romanoski acre-dita em três pilares para vender e tersucesso: o primeiro é o produto, o se-gundo foi a rede de distribuição, e oterceiro é uma comunicação eficiente.

As ações de marketing para divulgara marca incluem, pelo terceiro ano con-secutivo, assumir o papel de moto ofi-cial da Fórmula I – GP Brasil e pelo se-gundo ano a moto oficial da Stock Car.“Nós linkamos a nosso moto com even-tos como a Stock Car, nós somos pa-trocinadores exclusivos da banda Calyp-so, estamos presentes também em even-tos da área náutica, como o raly náuticoe o Boat Show. Sempre estivemos jun-tos nesses eventos, porque esse públicotambém compra moto.” Outro fator decompras é o Consórcio Nacional Sun-down, que corresponde a 10% das ven-das. “O nosso consórcio não é muitoforte ainda, porque estamos começan-do. Estamos trabalhando esse quesitopara ter um crescimento mais sólido.”

Nos três anos em que a empresaatua no segmento, já produziu cerca de100 mil motos, uma média 5 a 6 milunidades por mês. Mas a empresa temuma salvaguarda, que é uma capacida-de fabril de produzir cerca de 120 mil

1945 - Nasce Antônio

Carlos Romanoski

1959 - Primeiro emprego

como contínuo no Banco

Comercial

1965 - Ingressa como executivo

na Companhia de Energia

Elétrica do Paraná (Copel)

1979 - Torna-se o diretor mais

jovem da Copel, aos 29 anos

de idade

1982 - Ingressa na Prosdócimo

1996 - Torna-se diretor-

presidente da Eletrolux no

Brasil

2003 - Ingressa na Sundown

como presidente

LIN

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Abril 2007 – Empreendedor – 55

motos por ano, e ainda estão investin-do para dobrar a atual capacidade deprodução. “Agora, a nossa ação é do-brar o tamanho da fábrica e depois ex-pandir a rede. Uma praça importantecomo Porto Alegre só foi inauguradaem janeiro deste ano. Nós temos muitocuidado nesse quesito, já que no anopassado criamos uma média de 11 con-cessionárias por mês até chegar a du-zentas. Agora, vamos ampliar a rede, agente deve crescer mais umas 40 con-cessionárias este ano.”

Ele não revela quais são os merca-dos que a companhia pretende atacar,mas informa que vai estendê-la a algu-mas cidades em que a companhia ain-da não tem presença. “Então, a rede jáestá em todo o Brasil, mas existe muitoespaço no Nordeste, Centro-Oeste etambém no Norte do Brasil.” Ele dizque a Sundown Motos é uma empresadirecionada para o consumidor de bai-xa renda, que não tem motocicleta ecomprava uma moto usada, e agorapode comprar uma nova, com assis-tência e garantia. O perfil do públicoda empresa é aquele que prefere umproduto e não quer pagar muito. “Lan-çamos essa moto de 90 cc, que é po-pular e custa R$ 2.990. A prestação éde R$ 120, R$ 4 por dia. Você pode terum motocicleta em vez de pagarum ônibus.” Romanoski informa,ainda, que a moto Scooter de 100cilindradas é destinadapara mulheres: cercade 60% das vendas sãopara o público femini-no. “Tem muita mu-lher usando a moto decasa para trabalho,profissionais que preci-

sam se deslocar. Então, nós estamosfocando o consumidor que precisa demotocicleta para transporte, lazer etrabalho.” O produto pode ser testa-do e avaliado, esse tipo de consumi-dor conhece mecânica, motor e con-sumo de combustível.

A concorrente Honda acabou de lan-çar um modelo Pop, mas a entrada dalíder de mercado nesse segmento nãoassusta o executivo. “Eu acho que omercado tem espaço para todo mun-do. A Honda justamente lançou essemodelo, porque nós lançamos a 90 ci-lindradas, e eles viram que estávamosavançando muito nesse modelo.” Eleexplica que moto de baixa cilindradaroda há cerca de 30 anos na Ásia e comsucesso. A Honda viu que esse espaçoestava aberto e fez um downgrade nasua linha lançando uma 100 cilindra-das, ou seja, quando a Sundown lan-çou o modelo de 125 cc, a Honda tinhatirado esse moto de linha e colocado ade 150 cc no lugar. “Nós nem nos po-sicionamos como concorrentes da Hon-da. Ela tem outro potencial, outro ta-manho, nós somos uma opção de mer-cado que está entrando para atender aosespaços e indo diretamente ao interes-se do consumidor, basicamente o con-sumidor típico brasileiro mesmo.”

Em 2002, quando a em-presa lançou motos, a de-cisão de entrar num mer-

cado que já era domina-do pelos japoneses foi

difícil. “Em nenhumoutro lugar domundo, uma em-presa vai ter 80%do mercado,como é o caso

da Honda. No mundo, isso já não existemais.” A empresa lançou modelos quenão tinham algo como uma Scooter de90 cilindradas. Ele argumenta que o bomdesempenho da empresa vai permitir queoutros produtores da Ásia se estimulempara vir ao Brasil, que é um mercado de1 milhão de motos por ano. “Provavel-mente, virão mais chineses, indianos,tem muita gente estudando o mercadobrasileiro. Porque a hegemonia de umalinha de produto não funciona.” Ele lem-bra que o mercado do automóvel, origi-nalmente, era restrito aos norte-ameri-canos e europeus, e que pouco tempodepois os japoneses entraram, seguidospelos coreanos. “O consumidor estácada vez mais globalizado, querendomais opções. Essa linha de moto é queestava parada, e a gente conquistoumercado quando viu uma oportunida-de. Tinha alguns espaços que estavamsendo deixados pelos líderes.”

Uma das novidades da empresa é umquadriciclo, um produto que no mundointeiro tem crescimento. Em algumas ci-dades da Europa, a tendência tem sidomuito forte para o quadriciclo. Na Espa-nha, por exemplo, se verifica um signifi-cativo aumento de vendas. “Já tem gentetrazendo quadriciclo, mas é um merca-do que vai ter que ser desenvolvido. Ébasicamente usado em hotéis. Mas essesegmento ainda será secundário.” Roma-noski acredita que os detalhes são im-portantes na hora de conquistar o con-sumidor. “Um fator que diferencia nos-sos produtos é a partida elétrica.” Outroacessório que faz sucesso é o sensor decelular. “Quando toca o aparelho e o mo-toqueiro está com capacete no painel, umsensor indica que o celular está sendochamado. No painel, ele aciona, visualiza

56 – Empreendedor – Abril 2007

Perfil Antônio Carlos Romanoski

sociação, não se sabe o tamanho dasvendas de bicicleta. Mas é um merca-do que cresceu muito com essa diver-sificação de produção.”

Linha Top

A expectativa da empresa é levar osconsumidores de bicicletas médias paraum mercado mais top, para produtos demaior valor agregado. “Nós estamos in-vestindo muito nas bicicletas mais so-fisticadas, nós temos as melhores bici-cletas da linha alta. Oferecendo uma li-nha Top e trabalhando muito nessa área,tem menos volume e uma rentabilidademaior que o mercado de acesso.” Masnessa linha de bicicletas voltadas paracompetição, a Sundown tem que enfren-tar uma concorrência com os produtosimportados. Entre os diferenciais dacompanhia, estão a assistência técnicalocal e a reposição de peças em territó-rio nacional. “Sabemos que não é ummercado grande, e nós já adquirimos umbom conceito de marca nos produtosaltos. A gente tem estrutura de fazer pro-dutos de alta competição. Outra linha querende frutos é a linha infantil, que é sem-pre um mercado grande.”

Em 2004, a empresa criou uma novaunidade de negócios, Fitness, que com-pleta o seu leque de atuação no Brasil.Para esta nova linha de produtos, foi lan-

uma nova linha de bicicletas Top, vol-tada para o público especializado debicicleta. Com um parque fabril totali-zando 54 mil metros que abrigam duasfábricas, a empresa foi uma das pri-meiras indústrias a receber a Certifica-ção de Qualidade ISO 9001/2000, aversão mais moderna do certificado dequalidade ISO.

Os grandes fabricantes de bicicle-ta, segundo dados da Associação Bra-sileira dos Fabricantes de Motocicle-tas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicle-tas e Similares (Abraciclo), em 1991tinham 93,4% e hoje 52%. Mesmo as-sim, Romanoski acredita que essa é umárea de atividade que tende a crescer.“O mercado de bicicleta não vai pararnunca. Todo mundo vai ter uma bici-cleta. E hoje está sendo usada tambémpara lazer, esporte e saúde.” Ele de-monstra que pequenos fabricantes re-gionais conseguem comprar todos oscomponentes e montam as bikes commenor custo, porque não têm uma es-trutura tão grande. “O consumidor fi-nal que não é especializado compra porpreço, já que são produtos parecidos.”Entre as líderes de mercado, estão aSundown, Caloi, Monark, Houston e aFischer, no Sul do país. “Os grandesfabricantes concorrem com uma cen-tena de pequenos no Brasil todo. Ecomo eles não estão registrados em as-

e pode decidir atender ou não.”A empresa ataca pelas beiradas e fe-

chou uma parceria com a Confedera-ção Nacional das Revendas Ambev e dasEmpresas de Logística da Distribuição(Confenar). A proposta é oferecer às re-vendas associadas preços especiais paraa compra das motos Hunter 90 e 125cilindradas, e Max SE, padronizadasconforme cor e adesivagem dos pro-dutos Ambev, ambas com motor dequatro tempos e cinco marchas, idealpara o uso urbano. A parceria contem-pla também a realização de testes pilo-to nos quais as revendas podem identi-ficar o modelo mais adequado para asua necessidade e avaliá-lo por um pe-ríodo de 15 a 30 dias antes de decidirsua aquisição. Para os revendedores Am-bev, as motos terão um desconto bas-tante significativo e poderão ser adqui-ridas à vista ou financiadas pelo cartãoBNDES. A expectativa de adesão é gran-de. Em todo o país, as revendas associ-adas possuem uma frota de seis mil, sen-do a motocicleta uma alternativa muitoutilizada na sua força de vendas.

Se a empresa é pequena no merca-do de motos, no segmento de bicicle-tas é líder, com uma linha completa paraconsumidores de todas as idades. Osmodelos da Sundown Bikes vão de in-fantil a adulto, específicos para a práti-ca de esportes como mountain bike e

Abril 2007 – Empreendedor – 57

çada a marca INOfit. Mas Romanoskidiz que está revendo essa posição de fit-ness, porque é um mercado que tam-bém tem bastantes produtores pequenos.“É uma área de atividade na linha de altaperformance. Tem que ter muita quali-dade, pois são produtos usados em aca-demias. Então, na área de fitness esta-mos revendo para conseguir uma posi-ção realmente rentável. Hoje, ele meio quecomplementa a linha, mas achamos quedevemos melhorar muito nessa área.”

Entre os programas sociais que aempresa oferece aos funcionários, estáo Casa do Trabalhador. A companhiacomprou uma máquina de fazer tijolosde concreto, e nas horas em que os ope-rários não estão trabalhando, fazem umaespécie de mutirão. Depois, escolhemqual o empregado vai ser o sorteado parafazer a arrumação na sua casa. O Pro-grama Casa do Trabalhador, da Brasil& Movimento, foi o grande vencedorda 3ª edição do Prêmio Vida Profissio-nal Sodexho Pass 2006. Os cases fo-ram analisados e julgados pela Escolade Administração de Empresas da FGVde SP. É voluntário e tem tido uma boarepercussão porque dá ao trabalhador aoportunidade de ter uma casa nova, ecom isso o empregado se dedica mais.E na comunidade de Manaus, muitas ve-zes a casa não é legalizada, às vezes apopulação é ribeirinha, e o próprio mu-

nicípio está fazendo benefícios para queo trabalhador tenha uma residência le-galizada. “Hoje, o trabalho de responsa-bilidade social é quase uma exigência domercado. A empresa tem que ter umcomportamento social adequado. E nósnão exploramos muito isso, não usamosna nossa mídia, é um tarefa que faze-mos com convicção mesmo.”

Esse projeto contou pontos para aempresa receber prêmios como Top deMarketing, Oscar de Varejo e Personali-dade de Vendas da ADVB. “Nós temosmantido em toda a empresa uma postu-ra muito ética em relação ao consumi-dor, às obrigações fiscais e sociais. Por-que o consumidor pensa o produto, elepensa a empresa, e vice-versa, pois nãopode ter um produto bom se a empresafor ruim. Nem uma empresa ruim fazum produto bom.” A Revista Exame, naedição Melhores e Maiores 2006, elegeua Sundonwn como a segunda melhorempresa no ano de 2005. A companhiatambém conquistou outra importanteavaliação do mercado, um segundo lu-gar na classificação geral do setor de“Veículos e Peças” no Ranking Valor1000, do jornal Valor Econômico. Alémdisso, a Sundown foi considerada amelhor em desempenho por setor nasregiões Norte e Centro-Oeste. A Sun-down Motos recebeu duas homenagensdurante o 7º Prêmio da Associação Bra-

sileira dos Motociclistas (Abram) como“Empresa Parceira do Motociclista” epela “Difusão da Motocicleta em Gran-des Eventos”, como a Stock Car, con-firmando sua trajetória como importan-te empresa do segmento.

E com o case “Audaciosa estraté-gia de marketing desafia marcas pode-rosas e conquista valioso espaço nomercado”, a Brasil & Movimento foiuma das premiadas no Top de Marke-ting 2006 da Associação dos Dirigen-tes de Vendas e Marketing do Brasil(ADVB), sendo a única do segmentode Duas Rodas. Por conta do expres-sivo crescimento da marca SundownMotos em 2005, a empresa conquis-tou o Top de Vendas 2006, também daADVB. Pelo 3º ano consecutivo, a Sun-down Bikes recebeu o Prêmio MéritoLojista, o Oscar do Varejo, promovidopela Confederação Nacional dos Diri-gentes Lojistas (CNDL). Já a SundownMotos repete o sucesso do ano passa-do e ganha o troféu pela segunda vezconsecutiva. “Ser a personalidade devendas é uma honra para mim, pois sounovo em São Paulo, e a nossa empresanão é tão grande para receber essa dis-tinção. Esse nosso jeito de levar as coi-sas tem a cara do Brasil. A bicicleta éum bom símbolo para o país, pois pre-cisa de equilíbrio e de energia para an-dar, e se você não pedalar, cai.”

Com 54 mil metros que abriga

duas fábricas, a empresa foi uma

das primeiras indústrias a

receber a Certificação de

Qualidade ISO 9001/2000

58 – Empreendedor – Abril 2007

A voz da experiência Aleksandar Mandic

As liçõesdo carteiroPioneiro na internet,

Mandic aposta em

e-mails de grande

capacidade para

mercado corporativo

por Wendel Martins

Aleksandar Mandic foi o pioneiro na

internet no Brasil, criador do primeiro

provedor do país. Hoje, está à frente

da Mandic, uma empresa que oferece

serviços de e-mail para grandes empre-

sas. Foi um dos primeiros no mundo a

vislumbrar e-mails de grande capaci-

dade, antes de companhias internacio-

nais como o Google. Trabalha como

um carteiro na internet, garantindo a

entrega de mensagens grandes para os

clientes. Tem missão de fornecer bons

serviços e acredita que o Mandic Mail

tem um atendimento de classe. “O con-

fronto com o cliente é derrota certa,

mesmo em caso de vitória. Se um em-

preendedor entender bem essa frase,

está feito”, diz.

A idéia de montar o Mandic Mail

surgiu, porque ele notou que os e-

mails eram a ovelha negra dos pro-

vedores. “O provedor que investir no

e-mail está jogando dinheiro fora.

Então, eu pensei que, se eu só inves-

tisse em e-mail, eu achei que podia

dar certo, porque vou ser especialis-

ta.” Aos 53 anos, comenta a sua tra-

jetória de acertos e erros. “A Mandic

é uma grife, e eu sempre quis ser a

Ferrari da internet, o Safra da web.

Abril 2007 – Empreendedor – 59

Eu não queria ser o supermercado.”

Formado em Eletrônica, ele se con-

sidera um péssimo aluno. Acredita que

a formação acadêmica não é tão im-

portante, salvo exceções como médi-

co ou mesmo um engenheiro de tele-

comunicações. Diz que o conceito das

escolas de hoje tem de mudar, mas não

acredita em revoluções do dia para a

noite. Gosta de pensar em evoluções

diárias e que o conhecimento acumu-

lado pela prática pode ser mais útil que

as lições acadêmicas. De vez em quan-

do, imagina o quão importante seria para

o país se as escolas tivessem aulas de

empreendedorismo. Pensa que a for-

mação empresarial é mais ou menos

como um cavalo de corrida. “Tem duas

condições para um cavalo de corrida

competir num páreo. A primeira condi-

ção é que seja da raça de corrida, e a

segunda é que tenha treino. Se não trei-

nar, não ganha páreo. Então, tem que

ter classe de empreendedorismo.”

Acredita que o primeiro passo no

sentido de corrigir um erro é reconhe-

cê-lo, o que considera uma caracterís-

tica do empreendedor nato. “O sucesso

na carreira não é o quanto você sabe

fazer o trabalho, mas sim o quanto você

é criativo.” Costuma falar que ser é po-

der fazer e acha ideal quando o empre-

sário consegue e tem vontade de fazer

as coisas acontecerem. Não gosta de

citar clientes, porque a “urucubaca é

grande, e o concorrente pode vir atrás.”

Mandic trabalhou na Siemens de

1976 a 1992, sempre mantendo inte-

resse por computadores. Acredita que

trabalhar numa empresa de grande por-

te traz mais vantagens do que desvan-

tagens. Divaga sobre como deve ser o

comportamento de um funcionário

numa multinacional, onde sabe que a

estrutura é mais engessada. “Você não

tem que ser tão criativo, mas tem que

executar as coisas, porque tem gente

criativa lá dentro que faz as coisas acon-

tecerem.” Na época, a Siemens tinha

500 mil funcionários, e ele imagina a

dificuldade de fazer meio milhão de pes-

soas em 128 países marcharem igual.

“Se tem um cara que fica ultrapassan-

do pela direita, ele está errado, embora

em nível pessoal possa estar certo.”

Em 1989, descobriu a maravilhosa

possibilidade de transmitir dados de uma

máquina para outra por modem. En-

tão, estudou todas as possibilidades e

sugeriu para a Siemens implementar

um BBS, sigla que significa Bulletin

Board System, um sistema que ofere-

ce serviços de correio eletrônico, re-

positório de arquivos e outros serviços

como conversação on-line. Seus assi-

nantes tinham acesso através de linhas

telefônicas utilizadas via computador

pessoal e modem. Era a pré-história da

internet. A primeira dificuldade foi lhe

dizerem que a idéia era boa, mas que

não teria dinheiro, mesa e computador

para implementá-la. Decidiu fazer ele

mesmo, que nem o Ferdinand Porsche,

que falou “não encontrei o carro dos

meus sonhos, então resolvi fazer o meu

próprio”. Uma linha telefônica custava

quatro mil dólares naquele tempo, mas

ele tinha uma sobrando em casa e tam-

bém os equipamentos. Depois de três

meses, descobriu que ninguém tinha

acessado o sistema. “A maior dificul-

dade foi fazer o mercado entender.”

Qualquer um teria desistido, mas

ele resolveu contornar esse bloqueio.

Como? Insistindo. “A internet está aí,

é uma coisa milhões de vezes mais do

que eu fazia, mas emplacou.” Consi-

dera a persistência uma característica

do empreendedorismo. “Nunca se

pode desistir.” A migração dos siste-

mas BBS para a internet aconteceu de

maneira natural, quase no automático.

“A gente usava linhas telefônicas, e foi

uma evolução de tecnologia. Esse

momento não foi de dificuldades, mas

sim de vantagem competitiva.” Em

1995, no primeiro dia que a internet

começou a funcionar no Brasil, ele já

estava no ar. Com um porém: come-

çaram a surgir vários portais, com

muito dinheiro, e a Mandic não tinha

recursos suficientes para investir e

crescer no mesmo ritmo do mercado.

A solução foi procurar um fundo de

investimento. Existe um senso comum,

quase uma caricatura do investidor fi-

nanceiro, que está mais preocupado

com os balanços e o seu retorno finan-

ceiros do que propriamente com a qua-

lidade do serviço prestado. Para ele,

essa imagem é real. “Quem manda você

nascer inteligente e pobre?” Faz uma

analogia com um carro de Fórmula 1

que tem o melhor pneu, o melhor pilo-

to e a melhor aerodinâmica. “Mas não

adianta, você tem que ter dinheiro, al-

guém tem que colocar o combustível.”

Em 1999, o El Sitio fez uma boa

proposta, vendeu o provedor Mandic,

e a parte de infra-estrutura foi vendida

para a Impsat. Diz que se desfez da

empresa porque tinha visão. “Ou me-

lhor, porque eu não enxergava mais

nada, já não fazia mais sentido para

mim.” Tomou a decisão na hora certa.

Pouco tempo depois, “a bolha” estou-

rou. “Era uma ciranda financeira, não

era mais a tecnologia.”

Depois, foi um dos fundadores do

IG, que começou com um modelo de

internet grátis que não se mostrou sus-

tentável em longo prazo. No começo,

ele não vislumbrou que a companhia

teria de mudar a estratégia da empre-

sa em pouco tempo. “Fomos evoluin-

do. Sempre me interessei por saber por

que uma empresa prospera ou não.

Acho que ela evolui como o corpo

humano. Se o corpo não renovar as

células, ele morre. O modelo de negó-

cios do IG era um, depois foi outro, e

hoje é um terceiro.” Ficou dois anos e

um dia no IG, o tempo em que não

poderia usar a marca Mandic por con-

trato. “O lobo perde o pêlo, mas não

perde o vício. Eu acabei montando a

empresa sem saber direito o que eu ia

fazer. E deu certo.”

Aleksandar Mandic

Idade: 53Local de nascimento: São PauloFormação: Técnico em EletrônicaEmpresa: MandicRamo de atuação: InternetCidade-sede: São PauloFaturamento: R$ 5 milhõesNúmero de funcionários: 30

60 – Empreendedor – Abril 2007

A voz da experiência Aleksandar Mandic

UM FRASISTAIMPECÁVEL

Alguns insights de Mandic quepodem servir de orientação paraquem se arrisca nos negócios:O confronto com o cliente é derrota certa, mesmo em caso de vitória.Não cito clientes, porque a urucubaca é grande, e o concorrente pode vir atrás.Somos uma grife, e eu sempre quis ser a Ferrari da Internet.O conhecimento acumulado pela prática pode ser mais útil que as liçõesacadêmicas.O sucesso na carreira não é o quanto você sabe fazer o trabalho, mas sim quantovocê é criativo.A maior dificuldade é fazer o mercado entender.É como Fórmula 1. Não adianta ter o melhor pneu, o melhor piloto e a melhoraerodinâmica. Você tem que ter dinheiro, alguém tem que colocar o combustível.Por que uma empresa prospera ou não? Acho que ela evolui como o corpohumano. Se o corpo não renovar as células, ele morre.A melhor coisa é entender daquilo que você faz.Quando você resolve desistir, o teu concorrente fala: “um a menos”.A escolha errada geralmente parece mais razoável.Não fale em estatísticas em casa de morto por raio.Se mentir, seja breve.Planejamento é a mãe do sucesso, porém a audácia é o pai.Coisa boa, ninguém precisa explicar.

Não sabe dizer se a Mandic Mail jáatingiu o ponto de equilíbrio. Acreditaque empresa que cresce não dá lucro.“Quadruplicamos de tamanho no anopassado. Não posso ascender dessejeito e dar lucro, porque todo o dinhei-ro que vem tem que ser investido. Ain-da bem que é assim.” O faturamentoda empresa no ano passado foi de R$ 5milhões, e ela tem hoje 30 colaborado-res. A empresa poderia ser maior, se ocrédito fosse abundante. “O dinheirode banco é dinheiro barato, o do inves-tidor custa caro. Mas quando você épequeno, os bancos não querem te dardinheiro.” Ele explica que os executi-vos das empresas de capital de riscodão dinheiro para um empreendimentocrescer, mas para isso ficam com ametade da companhia. “Porque a tuaempresa um dia fica grande. Se o em-preendedor conseguir pegar dinheiroem banco, é uma vantagem. O MandicMail foi criado através de empréstimos.Porque um dia você consegue pagartoda a dívida, e a empresa é tua.”

Entre as características de um em-preendedor que quer fazer sucesso,está conhecer o mercado. “Dizem queárvores transplantadas raramenteprosperam. Então, a melhor coisa éentender daquilo que você faz.” Selhe falassem para montar uma cons-trutora, como não entende nada deferro, cimento, iria demorar anos parachegar ao nível da concorrência. Asegunda dica é não desistir, pois umahora o empreendedor pensa que émelhor fazer outra coisa. “Quandovocê resolve desistir, o teu concor-rente fala: um a menos.”

Entre as áreas que considera pro-missoras na internet, hoje, estão a bus-ca e a pesquisa. Mas acredita que essemercado é para “gente grande”. Tam-bém sabe que o fio está desaparecendoe que o hábitat da web no futuro vaiser o ar. Acha que o multiprocessamentoé uma área que prospera. Explica quecada vez mais se tem máquinas maispoderosas, mas pensa que tudo tem umlimite. “São milhões de computadoresligados na internet, e imagina que se

roube um pouco de processamento decada uma delas. Se distribuísse uma ta-refa com centenas de milhares de com-putadores na rede, eu teria um compu-tador cem mil vezes mais rápido. Énesse mercado que eu daria o foco.”Quando perguntado se isso tem a vercom redes peer-to-peer, diz que nãoentende da área técnica e prefere ficarno conceito. “Eu não sei programar.”

Aleksandar achou “legal” a expe-riência de escrever Mandicas, livrocomposto por 167 frases que represen-tam a maneira de pensar e agir de umdos principais empreendedores do Bra-sil. Ele mesmo selecionou algumas fra-ses ditas por empresários e pessoas re-nomadas da história, que lhe serviramcomo filosofia de vida e o ajudaram aalcançar o sucesso. O livro emplacou,em uma semana vendeu quatro milexemplares. O projeto de negócio co-meçou com uma mania de colocar di-

tados no ar. Então, lhe perguntaram“por que você não compila isso tudo ejoga num livro?”. Ele respondeu que erauma boa idéia. “O livro nasceu de tráspara frente, devia nascer do papel e irpara a web, mas foi o inverso.” Seulivro da cabeceira é o O mundo de

aventuras, da família Schürmann, que,apesar de ser um relato de viagens, eletoma como parte do universo do em-preendedorismo. “O livro tem um di-tado que diz que melhor que sonhar érealizar o sonho. Isso é muito forte eficou na minha cabeça.”

BÚSSOLA EMPRESARIAL

Abril 2007 – Empreendedor – 61

TI

62 – Empreendedor – Abril 2007

TI

Agronegócio, engenharia

e saúde se beneficiam

das aplicações

empreendedoras da

nanotecnologia no Brasil

Uma das aplicações no Brasil paraa nanotecnologia é o agronegócio.A Língua Eletrônica, por exemplo, umsensor gustativo para avaliação debebidas, entre elas, água, vinho ecafé, foi desenvolvida pela EmbrapaInstrumentação Agropecuária, emparceria com a Escola Politécnicada Universidade de São Paulo, e re-presenta um avanço no controle dequalidade para a indústria alimentí-cia, vinícolas, estações de tratamen-to de água e, possivelmente, a in-dústria farmacêutica. O sensor per-mite com rapidez, precisão, simpli-cidade e a um custo baixo verificar aqualidade da água, se existem con-taminantes, pesticidas, substânciashúmicas e metais pesados.

A Língua Eletrônica diferencia semdificuldade os padrões básicos depaladar, doce, salgado, azedo e amar-go, em concentrações abaixo do limi-te de detecção do ser humano. O sis-tema também apresenta excelentes re-sultados na diferenciação de bebidascom o mesmo paladar, sendo possí-vel distinguir diferentes tipos de vinho,café, chá e água mineral.

No café, a Língua é capaz de ava-liar e classificar, segundo o seu pala-

Pequeno grande mundoPequeno grande mundodar, qualidade, regiões e, possivel-mente, produtores, detectar adulte-rações nos produtos comercializa-dos, e monitorar a consistência de pa-ladar e qualidade dos produtos pro-duzidos no país. Os resultados obti-dos até o momento são bastante ani-madores. Já se conseguiu, por exem-plo, diferenciar e classificar todos oscafés analisados, como blends dearábica e robusta, cafés comerciaistradicionais, superior e gourmet, so-lúvel e descafeinado.

A próxima fase de análise prevê o

estudo do efeito da temperatura detorra no paladar da bebida; a classifi-cação do café quanto aos padrõesde paladar (estritamente mole, mole,duro, riado, rio, rio zona); a classifi-cação dos cafés e correlação com asua acidez, amargor, sabor e, possi-velmente, outras características dabebida; estudo da evolução do pala-dar dos cafés em função do tempode estocagem para avaliar as condi-ções adequadas para a bebida docafé; desenvolvimento de um “narizeletrônico” para avaliação de aromade café, conjuntamente com paladarda bebida; e verificação da presençade adulterantes e contaminantes.

“Ela serve para avaliar a qualida-de de líquidos como cafés e sucos.Comparada com a língua humana, elaé dez mil vezes mais sensível. São dezsensores com microeletrodos envol-vidos com uma camada nanométricade polímetro condutor, o que aumen-ta a área de contato. Ela dá nota aocafé como os degustadores. O equi-pamento é uma ferramenta para auxi-liar o homem, permitindo medidascontínuas e de maior precisão”, dizJoão de Mendonça Naime, pesqui-sador à frente do projeto. Hoje, os

IND

EX

O

PE

N

Língua eletrônica: mais capacitada

do que os melhores enólogos

Abril 2007 – Empreendedor – 63

testes para avaliação do paladar debebidas são feitos por degustadores,enquanto a avaliação de água é feitapor análise química em laboratório,e são bastante demorados. Com aLíngua Eletrônica, é possível fazer tes-tes contínuos na linha de produçãoem tempo real e em segundos.

Nano-saúde

O professor Petrus Santa-Cruz, doDepartamento de Química Fundamen-tal da Universidade Federal de Per-nambuco (UFPE), destaca o n-Domo-led, produto pioneiro no mundo ausar diodos emissores de luz orgâni-cos (oleds, sigla em inglês), comunsem displays e em iluminação, para do-simetria – no caso, para indicar o ní-vel de exposição de trabalhadores àradiação ultravioleta (UV), vinda doSol ou de fontes artificiais. O dosíme-tro é uma das principais apostas daempresa Ponto Quântico Nanodispo-sitivos, que tem como estratégia de-senvolver e licenciar produtos paraprodução em larga escala por outrascompanhias. A Ponto Quântico foi aprimeira empresa de nanotecnologiaa ser criada no Brasil, em 2000, e ain-

O QUE É NANOTECNOLOGIAA nanotecnologia pode ser consi-

derada como um conjunto de ativida-

des ou mecanismos que ocorrem em

uma escala extremamente pequena,

mas que têm implicações no mundo

real. Esses mecanismos estão além

da percepção dos olhos humanos e

operam em uma escala chamada na-

nométrica. Um nanômetro é a bilioné-

sima parte de um metro, ou seja, se

dividirmos o diâmetro de um fio de

cabelo humano em 80 mil partes, te-

remos um nanômetro = uma parte. A

Figura 1 apresenta uma escala de ta-

manhos até a escala nanométrica.

Esse ramo da ciência foi previs-

to em 1959 pelo físico norte-ameri-

cano Richard Feynman, que discor-

ria sobre a possibilidade de, em um

futuro não distante, investigar a

construção de dispositivos pela ma-

nipulação átomo a átomo. Feynman

propôs, entre outras coisas, escre-

ver os 24 volumes da Enciclopédia

Britânica na cabeça de um alfinete.

“A cabeça de um alfinete tem uma

dimensão linear de 1/16 de polega-

da. Se você ampliá-la em 25 mil diâ-

metros, a área da cabeça do alfinete

será equivalente às páginas da En-

ciclopédia Britânica. Então, tudo o

que é preciso fazer é reduzir o ta-

manho de tudo o que está na enci-

clopédia 25 mil vezes.”

A possibilidade de manipular áto-

mos e moléculas é hoje uma reali-

dade e abre um novo mundo de pos-

sibilidades. A chamada “ciência dos

materiais” é o conceito fundamental

neste contexto. Além dos já larga-

da está incubada na Positiva, a incu-badora da UFPE.

Pesquisador responsável pela em-presa, Petrus conta que ela funcionacomo um “braço tecnológico” do La-boratório Associado de Nanodisposi-tivos Fotônicos (Land-Foton), que elemontou há dez anos no Centro de Ci-ências Exatas e da Natureza da uni-versidade, e do qual é coordenador.“Criou-se no Brasil uma cultura perver-sa de comprar a tecnologia de fora. Ananotecnologia muda os paradigmase os processos em todas as indústri-as. É uma janela para entrarmos emoutro patamar de tecnologia. Comprarsoluções nacionais é ótimo para o país,para sua independência tecnológicae desenvolvimento social, e tambémpode ser ótimo para o empresário, eco-nômica e moralmente.”

Segundo ele, muitas das teses depós-graduação em Química e em Ci-ência de Materiais que orienta no Land-Foton têm potencial para gerar um pro-duto inovador, e algumas delas até jácomeçam com esse objetivo. A ídéiaé despertar o interesse de companhi-as maiores pelo licenciamento dos pro-dutos, mantendo a marca da PontoQuântico. A Ponto Quântico tem seis

produtos nanotecnológicos nas áreasde meio ambiente e saúde em fase dedesenvolvimento de protótipo, orga-nizados em um ranking de priorida-des de lançamento.

Quem ocupa o topo da lista é on-Domo, dosímetro anterior ao n-Do-moled. Segundo Petrus, trata-se doprimeiro equipamento pessoal paramedir a exposição à radiação UV. Adosagem é feita por uma moléculainstalada em uma pequena área docrachá de identificação dos operári-os de uma fábrica, por exemplo. Ter-minado o expediente, os trabalhado-res passam seus crachás por um lei-tor, que identifica a quantidade deradiação UV que incidiu sobre cadaum. As informações são analisadaspor um software, que alerta quandoo nível de exposição for superior aorecomendado pela Organização Mun-dial da Saúde (OMS) para o períodoem questão. Se isso ocorrer, torna-se necessário o uso de equipamen-tos de proteção individuais.

O n-Domoled é o segundo produ-to no ranking de prioridades da Pon-to Quântico. O diferencial do n-Domo-led em relação ao dispositivo anterioré o fato de ele permitir que o próprio

mente empregados semicondutores

e circuitos integrados (chips), dis-

positivos como polímeros conduto-

res, filmes finos, membranas perme-

áveis de alta seletividade, sínteses

de compósitos pela combinação de

porções orgânicas e inorgânicas,

mecânicas e biológicas, ou biológi-

cas e eletrônicas, entre muitas pos-

síveis combinações, estes serão os

materiais responsáveis por novas

especificações e aplicações.

A biologia, integrada com tec-

nologia eletrônica e mecânica, será

o maior mercado para a nanotec-

nologia, criando a possibilidade de

ferramentas analíticas e implantes

que interliguem computadores e

dispositivos avançados com cone-

xões neurais.

TI

64 – Empreendedor – Abril 2007

ROBÔS ANTIENFARTE

trabalhador confira, a qualquer mo-mento, a quantidade de radiação UVque está recebendo. Essa caracterís-tica faz com que o dosímetro seja maisindicado para quem trabalha ao ar li-vre, como os guardas de trânsito. Jáo n-Domo é mais recomendado parao uso na indústria, pois a verificação éfeita só no fim do expediente e, por-tanto, não desvia os trabalhadores desuas atividades. “Temos um tripé depesquisa que inclui desenvolver sen-sores e dosímetros, filtros solares debaixo custo e biochips com objetivode diagnóstico do câncer de pele.”

O SPA-Foton é um sensor para de-tectar poluentes metálicos em águapotável, que tem origem na tese dedoutorado de Israel Costa, defendidaem 2004. O equipamento absorve umacerta quantidade de água e faz aumen-tar a concentração do poluente, parafacilitar sua detecção. Para cada tipode metal encontrado, emite luz comum espectro diferente. Esse espectropassa por um leitor e é analisado porum software, que indica qual poluenteestá presente na água. A vantagem doSPA-Foton é que ele usa um único pro-tocolo para detectar vários tipos demetais, o que não acontece em ou-tros equipamentos. O protótipo finaldo sensor já está pronto; para o leitor

� Com a nanotecnologia, “robôs” menores do que uma célula pode-

rão mover-se livremente por nossos corpos eliminando bactérias,

desentupindo artérias, liberando medicamentos em pontos especí-

ficos ou atacando enfermidades em suas exatas localizações.

� Portadores biológicos que localizam pragas na lavoura poderão

liberar agrotóxicos na medida e em posições exatas, sem desper-

dício ou danos secundários ao meio ambiente.

� Sensores que indicam o melhor momento de colheita ou de con-

sumo de um alimento serão usuais.

� Baterias solares minúsculas, de baixo custo e com alta eficiência,

substituindo com vantagem a eletricidade, a combustão ou a ener-

gia nuclear, serão acessíveis a produtores rurais.

� Fábricas limpas, com manufaturas que não gerem nenhum refugo

ou poluição, serão possíveis.

� Materiais altamente resistentes, mas extremamente leves, que as-

sociam fibras naturais com metais e plásticos, ao serem transfor-

mados em implementos, vão permitir maior eficiência operacional

com reduzido consumo de combustível.

� Telas e teclados de computadores dobráveis, que podem ser do-

brados e desdobrados no momento do trabalho, já estão para

serem lançados.

visual aberto e exclusivo, e foi proje-tado para gerar esforços de corte mui-to baixos. Em breve, para os aços ino-xidáveis teremos a nova linha TM2000e TM4000 junto com o novo quebra-cavacos MF4, combinado com a tec-nologia DurAtomic.”

A Polimate apresenta dois produ-tos da empresa alemã Thermo FischerScientific tendo como destaque a na-notecnologia. A miniinjetora HaakeMini Jet prepara corpos de prova deforma fácil e rápida, com gasto míni-mo de tempo, esforço e material, econdições reprodutíveis igualmentemínimas. A miniextrusora Haake MiniLab, por sua vez, foi desenhada paratrabalhos com pequenos volumes deamostras, ideal para uso de materi-ais de alto custo como nanocompos-tos, biopolímeros ou farmacêuticos.A extrusora custa em torno de R$ 70mil, e a injetora, cerca de R$ 25 mil.“Nosso mercado são a indústria e oscentros de pesquisa. A nanotecnolo-gia parece uma febre, todos os pes-quisadores seguem nessa direção”,diz Eduardo Sovierio, gerente de ne-gócios da companhia.

e o software, por enquanto, existemapenas protótipos para pesquisa.

Na linha de torneamento, a Secooferece uma nova tecnologia de co-bertura, graças à manipulação da es-trutura atômica, que tornou possívelproporcionar tanto elevados níveis detenacidade quanto resistência ao des-gaste. “Através da nanotecnologia epela engenharia, alteramos a forma-ção dos cristais de uma maneira nun-ca feita anteriormente e, ao mesmotempo, mudamos as característicasda superfície para também reduzir atendência à formação de aresta pos-tiça”, diz Cristiano Jorge, coordena-dor de marketing da companhia. Asmelhorias resultantes nas proprieda-des mecânicas, químicas e térmicassão dez vezes mais resistentes ao des-gaste quando comparadas com aspastilhas tradicionais.

A TP2500 da Seco, a primeira clas-se a usar o DurAtomic, fornece de-sempenho imbatível em uma amplagama de operações de torneamentode aços. “Nós também projetamosum novo quebra-cavacos, o MF5, di-ferente de tudo o que você já viu, comMinijet: gasto mínimo de tempo

Abril 2007 – Empreendedor – 65

Treinamento na Sun

Expansão nas consultas

ISO 20.000 para a Asyst

A VeriSign anunciou a implantaçãodo Project Titan, que vai expandir ediversificar em dez vezes a capacida-de de sua infra-estrutura global deinternet até 2010. O objetivo do pro-jeto é monitorar o crescimento explo-sivo de interações à medida que ocomércio eletrônico, o social net-working e dispositivos wireless habi-litados para internet impõem novas egrandes demandas à internet e, aomesmo tempo, proteger contra ata-ques cibernéticos cada vez maiorestanto em escala quanto em sofistica-ção. Nos próximos três anos, a Veri-Sign estenderá a capacidade de con-

sultas diárias ao Sistema de Nomesde Domínios (DNS) de 400 bilhõespara mais de 4 trilhões de consultas.Também ampliará o leque proprietá-rio de sistemas de resolução para au-mentar a largura de banda de maisde 20 gigabits por segundo (Gbps)para acima de 200 Gbps. Além disso,ao distribuir sua infra-estrutura para umnúmero diversificado de locais ao re-dor do globo, os sistemas de ponto-com e pontonet terão maior redundân-cia e menor latência, o que aprimora-rá a experiência para usuários ao re-duzir os gargalos e aumentar a veloci-dade. www.verisign.com.br

A Asyst Sudamérica, empresa es-pecializada em Gestão e Operaçãode TI, conquistou a certificação ISO20.000, focada em gerenciamentode serviços em Tecnologia da Infor-mação, e passa a ter seus proces-sos baseados nesse padrão interna-cional. A companhia, que já detinhaoutros 43 certificados ISO 9001/2000, é a primeira na América Lati-na, especializada em service desk,a ter o ISO 20.000. Para obter o cer-

tificado inédito, a empresa contoucom o trabalho integral de dois co-laboradores, num período de qua-tro meses, e todos os processosforam realizados internamente. Acompanhia foi auditada pela DQS(Deutsche Gesellschaft zur Zertifizie-rung von Managementsystemen) doBrasil. A meta da Asyst Sudaméricaé conquistar selos de qualidade paratodos os seus 48 projetos até 2008.www.asystsudamerica.com

Dando continuidade ao programade capacitação de sua equipe de ven-das, lançado em 2006, a Sun Microsys-tems realizou mais dois primeiros trei-namentos este ano. A iniciativa acon-teceu em São Paulo e no Rio de Ja-neiro, e reuniu cerca de 250 partici-pantes, entre parceiros e colaborado-res diretos. O objetivo da Sun Acade-my é manter os profissionais capaci-tados para identificar novas oportuni-dades de negócios, e conhecer emdetalhes a linha de produtos e solu-ções da empresa. O treinamento, quedurou dois dias, incluiu palestras deespecialistas focadas nas atualizaçõesdas práticas de Storage, Sistemas,

Software e Serviços da companhia, enos diferenciais de cada linha. Alémdisso, os participantes tiveram a opor-tunidade de testar os conhecimentosapreendidos. Os próximos cursos daSun Academy estão previstos para estemês e, em função da demanda, devemocorrer novamente em São Paulo e noRio de Janeiro. Para consultar datas elocais, acesse www.sun.com.

Antivírus sem falhasA Internet Security Systems,

empresa do grupo IBM, desco-briu por meio de sua equipe depesquisa e desenvolvimento umafalha no principal mecanismo deantivírus da Microsoft, componen-te básicos das soluções de segu-rança Live OneCare e Defender,incluindo o Defender para o novoWindows Vista. Esta vulnerabilida-de permite que um hacker envieum arquivo no formato PDF paraos usuários que vai desencadearum heap overflow no mecanismode antivírus, resultando na execu-ção remota do código maliciosoe controle do sistema ao hacker.Os clientes da Internet SecuritySystems, no entanto, estão pro-tegidos contra esta falha desdejaneiro. A ISS também ofereceproteção para outras três vulne-rabilidades do Internet Explorer,divulgadas no boletim MS07-016da Microsoft. “A mais importantedelas é uma falha no FTP quepode ser explorada por uma máformação de resposta a um servi-dor malicioso. Como é relativa-mente fácil direcionar um webbrowser para um FTP URL, refor-çamos a atenção para este assun-to”, diz Marcelo Bezerra, gerenteTécnico da ISS para a AméricaLatina. www.iss.net

Abril 2007 – Empreendedor – 65

66 – Empreendedor – Abril 2007

Guia do Empreendedor

68 – Empreendedor – Abril 2007

A Microsoft Brasil iniciou em mar-ço a terceira edição do Pé na Estrada,road show direcionado aos parceirosque percorrerá 20 cidades do Brasilaté o início de junho. O conteúdo, quevaria de acordo com o local visitado,inclui informações técnicas e comer-ciais para preparar os parceiros Mi-crosoft que desejam conquistar novosnegócios e aumentar suas vendas. Oevento também visa a atrair novas em-presas interessadas em conhecer oprograma de parceiros da Microsoft

Orientações às MPEsNo Brasil, cerca de 30% das em-

presas não completam o primeiroaniversário, e um dos fatores quelevam à mortalidade é a falta de umplano de trabalho que mapeie cor-retamente os processos para aabertura do negócio. De olho nestaestatística alarmante, o Portal Uni-versia (www.universia.com.br)preparou em seu canal de Empre-endedorismo um tutorial que orien-ta as pequenas e médias empresassobre como abrir um negócio, li-dar com investimentos e arcar comos impostos. As cartilhas apresen-tam passo a passo os procedimen-tos corretos para abertura da em-presa e também as informaçõesnecessárias sobre a documentaçãoexigida, registro em órgãos fede-rais, estaduais e municipais. Sobreos investimentos, o tutorial mos-tra um planejamento para investirna empresa, quais são as priorida-des e o foco, as modalidades, in-cluindo comentários de especialis-tas sobre educação financeira. Alémdisso, a Universia procura orientarquais são os principais impostosexistentes em um negócio, o que épreciso para que os empreendedo-res possam se planejar para reali-zar os pagamentos dos tributos edescreve todos os tributos relacio-nados a quatro diferentes segmen-tos: serviço, comércio, indústria etributos financeiros.

AgrogibiPara otimizar o canal de rela-

cionamento com seu público, a In-terchange Indústria Veterinária lan-çou o gibi Sulfomec, que mostra pro-dutos para suinocultura, bovinocultu-ra e avicultura em histórias de lingua-gem simples e acessível. Com oito pági-nas e tiragem inicial de dez mil exempla-res, a revista é distribuída gratuitamenteem todo o Brasil e conta com textos escri-tos por Ermete Antonio Wegher, veterinárioe presidente da empresa. “A história conta asdificuldades enfrentadas por dois fazendeiros,suas experiências no dia-a-dia e a ajuda mútuapara a conquista de um melhor desempenho de seus rebanhos, pois sóquem vivencia o trabalho dos pecuaristas pode ter noção do trabalho que éjuntar centenas, milhares de cabeças de gado para vermifugar”, diz Erme-te. www.interchange-vet.com.br

Parceiros da Microsoft(Microsoft Partner Program – MSP),além das já cadastradas. A agenda doseventos é composta por sessões so-bre novidades em benefícios do MSP,certificações Microsoft, ferramentasde engajamento, obtenção de descon-tos em licenciamentos, diferenciaisMicrosoft, processo de vendas e trei-namentos técnicos da plataforma Mi-crosoft. Informações sobre as cidadesvisitadas, datas e valores das inscriçõesestão no site www.microsoft.com/bra-sil/parceiros.

Produtos & Serviços

Abril 2007 – Empreendedor – 69

Novos mercadosA eCentry, especializada em gestão de

relacionamento via web, abriu seu primeiroescritório no exterior e escolheu a Argentina paraa empreitada internacional. Com clientes de pesonos quatro continentes – como Lufthansa, Bosch,Intel, Roche, TIM Sul, Ipiranga, Johnson &Johnson e McDonald’s – a eCentry visualiza nomercado argentino possibilidades para ganharparticipação na América Latina. Com base em umapesquisa que revelou aspectos favoráveis comocustos baixos, fácil acesso (já que Buenos Airesfica a apenas três horas de avião), grande ofertade mão-de-obra qualificada e possibilidades reaisde crescimento do setor –, a empresa esperafaturar US$ 1 milhão no segundo ano defuncionamento e atuará como uma unidade denegócios para explorar o mercado local,prospectando clientes nos países latinos de línguaespanhola. www.ecentry.com.br

Text-to-speechO EasyCall Message Studio, desenvolvido pela

Dígitro Tecnologia, ajuda a criar mensagens de áudiocom interface web dispensando a gravação, edição eprodução realizadas em estúdio. Direcionado asistemas de vocalização como URA e atendimentomecanizado de ramais, o EasyCall conta com aavançada tecnologia Text-to-Speech (TTS) queconverte texto em fala, o que facilita a alteração demenus tanto em call centers como em empresas comatendimento automático. “O principal diferencial datecnologia Dígitro é a humanização da voz, querespeita os padrões fonéticos do português brasileiro,propiciando ao ouvinte uma experiência natural deinteração por voz”, diz Sandro Alberton, gerente desoluções e integrações da Dígitro. O produto tambémgera arquivos de áudio via TTS no padrão WAV (A-LAW e ADPCM), que podem ser acessados pelaInterface Web, e pode ser adquirido em uma versãocustomizada. www.digitro.com.br

sensibilidade, entrada para fone deouvido, quatro portas USB paramúltiplas aplicações e dispositivosexternos de áudio e vídeo. Para osaficionados por jogos, os dois lança-mentos proporcionam um tempo deresposta de 5 milésimos de segundo,o que garante um alto desempenhocom imagens nítidas, sem borrões etotalmente livre de “fantasmas” –condições ideais também para a vi-sualização de DVDs no formato detela 16:9. www.viewsonic.com/br

Para quem aproveita todas as fun-cionalidades do iPod, a Viewsoniccriou dois monitores com tela LCDem formato widescreen, com telas de19 polegadas (modelo VX1945 wm)e 22 polegadas (modelo VX2245wm). O principal destaque dos no-vos integrantes da linha Viewsonic éa base multimídia – a primeira espe-cífica para iPod –, que permite a aco-plagem de qualquer modelo paradownloads diretos de músicas, alémde um microfone embutido de alta

Monitores para iPod

Do Lado da LeiGuia do Empreendedor

70 – Empreendedor – Abril 2007

Marcos Sant’Anna Bitelli

Advogado

(11) 3871-0269

Entrou em vigor, em meados de fe-vereiro de 2007, a Lei nº 11.417/2006,que regulamentou o art. 103-A da Cons-tituição Federal e alterou a Lei nº 9.784/1999. Portanto, agora vale a Súmulavinculante. Com esta ferramenta, o Su-premo Tribunal Federal poderá, de ofí-cio ou por provocação, após reitera-das decisões sobre uma matéria cons-titucional, editar um enunciado que échamado de Súmula.

A Súmula diz o que é certo ou erra-do a respeito de um tema em discus-são em diversos processos semelhan-tes. A partir de sua publicação, a Sú-mula terá efeito obrigatório em relaçãoaos demais órgãos do Poder Judiciárioe à administração pública direta e indi-reta, nas esferas federal, estadual emunicipal. Com isso, há uma grandepossibilidade de o Judiciário se desato-lar e, finalmente, prestar uma Justiçamais rápida e, portanto, efetiva.

O fator positivo é que uma Justiçalenta é elemento de custo e de incerte-za, principalmente para os agentes eco-nômicos privados, os empreendedores,que necessitam ter previsibilidade emseus negócios. Como ter certeza doretorno do investimento se, por exem-plo, uma disputa sobre um determina-do imposto pode levar décadas e serdecidida de forma diferente para em-presas do mesmo setor, como ocorriaaté então?

De outro lado, esta guinada de agi-lidade poderá ter outros efeitos aindamais benéficos, que é fazer a União,os Estados e os Municípios não conti-

Rapidez na Justiça

A chamada Súmula vinculante vai desatolar

o Judiciário, e gerar velocidade e eficiência

na tramitação dos processos

nuarem entulhando a Justiça com re-cursos e mais recursos, porque os pro-curadores destes entes são obrigadosa recorrer, recorrer até a última instân-cia. A última instância, agora, vai sefazer presente mais rápido e para to-dos, uniformemente.

O enunciado da Súmula terá porobjetos a validade, a interpretação e aeficácia de normas determinadas, acer-ca das quais haja, entre órgãos judiciá-rios ou entre esses e a administraçãopública, controvérsia atual que acarre-te grave insegurança jurídica e relevantemultiplicação de processos sobre idên-tica questão. As Súmulas serão, por-tanto, determinantes norteadores parajuízes, tribunais inferiores e superiores,e órgãos da administração, e não pelopróprio STF. O Supremo pode editartais Súmulas ou determinar sua revi-são e cancelamento, bem como garan-tir sua aplicação.

Não há dúvida de que há um reco-nhecimento nacional de que a Justiçanão é apenas lenta, mas também acabase transformando num dos componen-tes do custo do país, juntamente coma elevada carga de impostos e a com-plexidade tributária. Imediatamente aoinício da vigência da nova lei, a comis-são de jurisprudência do Supremo jáelaborou sete propostas de enunciados,a serem debatidos pelos ministros doSTF e analisados pelo procurador-ge-ral da República.

O conteúdo das primeiras iniciati-vas de Súmulas se relacionam a: FGTSe desconsideração do acordo firmado

pelo trabalhador; competência da Uniãopara legislar sobre loterias e bingos;competência da Justiça do Trabalhopara julgar ação de indenização por da-nos morais e materiais em acidente detrabalho; observância ao contraditórioe à ampla defesa em processos no TCU;progressão de regime em crime hedi-ondo; Cofins – conceito de receita bru-ta; Cofins – majoração da alíquota.

Vários Estados estão criando mé-todos alternativos de distribuição e pres-tação de serviços de Justiça, para daragilidade e rapidez. São Paulo, porexemplo, é um Estado que está em si-tuação crítica há vários anos. Os pro-cessos demoram muito para serem jul-gados e anos para terem seus recursosapreciados. O Estado continua a rece-ber quase 400 mil processos novos emais de 30 mil recursos por mês, e temum estoque de mais de 17 milhões deprocessos para serem sentenciados e600 mil recursos para serem julgados.Lembre-se que somente após o julga-mento final dos recursos é que as de-cisões começam a ser executadas.

Portanto, uma importante iniciativapara a redução dos custos das empre-sas e incentivo aos investimentos no-vos ou ampliação dos existentes é umaJustiça rápida tanto em questões de in-teresse nacional e coletivo, quando deinteresses individuais. Portanto, Justi-ça! Rápida e rápido!

Abril 2007 – Empreendedor – 71

Guia do Empreendedor

72 – Empreendedor – Abril 2007

por Alexsandro Vanin

A frase “colocar o Brasil nos trilhospara voltar a crescer”, que já virou bor-dão, soa vazia após quase três décadasde tentativas e de resultados pífios.Cabe aos governantes a tarefa de criarum ambiente favorável aos negócios, eaos empresários, gerir seus empreen-dimentos de forma que eles obtenhamos melhores resultados, com respon-sabilidade social, ambiental e fiscal. Ine-ficiências à parte, existe uma lacuna en-tre os atores. “Quem perde com isso éa sociedade, e também o Estado, umavez que este deveria àquela servir, e nãodela servir-se, como acontece com fre-qüência”, diz Rodrigo Costa da RochaLoures, presidente da Federação das In-dústrias do Estado do Paraná (FIEP).Segundo ele, os empresários precisamser protagonistas na mudança desse ce-nário. “Faltam lideranças esclarecidas,com capacidade de mobilizar as forçasdo país na direção do crescimento.”

Juntar os empresários e os pensa-dores foi a forma encontrada pela enti-dade para tentar solucionar a deficiên-cia. “Os empresários sentem na pele osproblemas da economia, às vezes semcompreendê-los na plenitude, e não con-seguem se mobilizar para mudar a situ-ação. É preciso agir, não há como viverem sociedade sem exercer as funçõespolíticas”, diz Marcos Mueller Schlemm,diretor da Universidade da Indústria(Unindus), co-organizadora do projeto.A série de palestras com economistas,cientistas políticos, advogados e admi-nistradores públicos promovida em Cu-ritiba no ano passado deu origem ao li-vro Para o Brasil voltar a crescer: evi-

dências, reflexões e caminhos, lançadoem março pela Editora Ibpex.

Na rota do crescimentoIdéias para mobilizar os empresários e acabar

com o fosso entre Estado e iniciativa privada

A falta de mobilização política é umproblema central, de acordo com o ci-entista político Bolívar Lamounier. Se-gundo ele, o fato de o Brasil ter setransformado em uma sociedade indus-trial de massa antes de ter amadureci-do suas instituições político-partidáriasdesabilitou o brasileiro para a discus-são de assuntos cívicos. E as caracte-rísticas do regime representativo ado-tado em nosso país levam a um pro-fundo distanciamento entre represen-tantes e representados, inibindo a mo-bilização. O economista John HenrySchulz lembra que as esferas da eco-nomia privada e da ação política doEstado estão em permanente interação,e que os atores de cada uma deveminteragir pelo bem de toda a sociedade.“Não se trata de uma manobra egoísta;quanto melhor a economia, mais em-pregos as empresas podem gerar emelhores salários pagar”, diz Loures.

Oportunidades

O embaixador Rubens Antonio Bar-bosa aponta o Brasil como uma das na-ções que podem emergir como um dospaíses desenvolvidos até 2020, junta-mente com Rússia, Índia e China, des-de que haja condições internas paraisso. O Programa de Aceleração doCrescimento (PAC, posterior às con-ferências), nesse sentido, gera expec-tativas enormes, pois infra-estrutura éum dos tópicos mais necessários paraa retomada de um crescimento forte.“A grande interrogação é saber se o go-verno vai conseguir desembolsar osrecursos, pois cerca de três quartos dosinvestimentos necessários são desem-bolso do governo, e nos últimos qua-tro anos houve muita dificuldade em

Para o Brasil Voltar a Crescer -

Evidências, Reflexões e Caminhos

Autores: John

Henry Schulz,

Bolívar Lamounier,

Cláudio de Moura

e Castro, Rubens

Antonio Barbosa,

Paulo Roberto

Haddad, Sebastião

Toledo Cunha,

Belmiro Valverde

Jobim Castor

Prefácio: Rodrigo

Costa da Rocha

Loures, presidente

da FIEP

Editora Ibpex – 200 páginas

liberar verbas”, diz Barbosa. Segundoo advogado Sebastião Toledo Cunha, adívida pública, apesar de equacionada,representa uma sangria permanente dacapacidade de investimento público eafeta o nível de competitividade inter-nacional do país pelo agravamento docusto-Brasil.

O Ph.D. em Administração PúblicaBelmiro Valverde Jobim Castor apro-funda a questão e destrinça dois fato-res: o Brasil tem sido penalizado pelarigidez das estruturas político-adminis-trativas do setor público, e a falta dedistinção entre as estruturas orçamen-tárias e programáticas do setor públicoe as estruturas de financiamento da dí-vida pública. Segundo ele, é preciso umareforma institucional que diminua osníveis de rigidez estrutural e funcionaldo setor público e permita a ampliaçãoda eficácia dos gastos governamentais.Medida que deveria ser acompanhadade uma reforma dos mecanismos decontrole externo para assegurar maioracesso dos cidadãos e das organizaçõesintermediárias que os representam aosatos praticados pelos governantes.

“O Brasil possui graves problemasinstitucionais”, diz Schulz. Ele dá comoexemplo a hipoteca, fundamento medi-eval que não é respeitado adequadamenteno Brasil. Outra deficiência preocupante,na sua opinião, é o sistema tributário.“É urgente uma reforma, o sistema atu-al é extremamente perverso, obriga as

Leitura

Abril 2007 – Empreendedor – 73

pessoas a buscarem a informalidade.” Schulz aindacritica a manutenção da taxa primária de juros em pa-tamares excessivamente elevados, gerando sobreva-lorização da moeda local e desestimulando as ativida-des de produção voltadas à exportação.

A tarefa não exige apenas reformas nos sistemasfiscal e tributário, político e eleitoral, e na adminis-tração pública. As modificações que ocorreram nosprocessos econômicos e produtivos demandam umacrescente capacitação educacional dos operários edos agentes de produção em geral, lembra o econo-mista Cláudio de Moura Castro. Além disso, acres-centa o ex-ministro do Planejamento e da Fazenda,Paulo Roberto Haddad, a nova equação produtivadeve estar ancorada em uma nova filosofia de pro-dução, consumo e exploração de recursos naturaisque leve em consideração aspectos como a capaci-dade de gerar riqueza e de distribuí-la com respeitoao ecossistema.

Do século XIX a 1980, segundo Haddad, o Bra-sil estava entre as economias de maior crescimen-to, principalmente entre as décadas de 1930 e 1980,quando viveu seus dois maiores momentos: o de-senvolvimentismo de JK e o chamado milagre eco-nômico durante o governo militar. Desde que o Bra-sil venceu a inflação, em 1994, após 12 tentativas,existe a expectativa de voltar a crescer. “No entan-to, o que se viu foi um crescimento pífio, com au-mento da população e do desemprego, enquanto omundo entrou em crescimento acelerado”, diz Had-dad. O livro apresenta causas da estagnação da eco-nomia, e sugestões para sanar as deficiências e em-barcar nessa nova onda de crescimento da econo-mia mundial. Falta organização e mobilização da so-ciedade para pressionar e cobrar as reformas dospolíticos, e orientar os governantes a este caminho.

“O Brasil vive hoje uma entressafra de

lideranças.”

Bolívar Lamounier, pg. 47

“Não existe câmbio livre com taxas de juros a

16,5%. Seria livre se as taxas fossem

normais, entre 9 ou 10%”.

John Henry Schulz, pg. 39

“Vivemos hoje a ressaca de uma turbulência,

onde houve erros,equívocos e preguiças

institucionais. Recebemos uma herança de

problemas não resolvidos.”

Cláudio de Moura Castro, pg. 68

“Não basta ter infra-estrutura econômica

adequada, nem ter capacidade física de

produção, o que determina o desenvolvimento

é o grau de mobilização local.”

Paulo Roberto Haddad, pg. 140

DES

TAQ

UES

74 – Empreendedor – Abril 2007

A Serasa, a SAP, a

Sun Microsystems

e a Neoris

formalizaram

parceria para

oferecer ao

mercado o Bureau

de Serviço de

Gestão de Notas

Fiscais Eletrônicas

INFORMAÇÃO E CRÉDITO

A gestão de notas fiscais eletrônicas

Uma solução simples eacessível para a adminis-tração do processo de usoda Nota Fiscal Eletrônica

(NF-e) será possível com a operaçãoconjunta entre Serasa, SAP, Sun Mi-crosystems e Neoris.

O uso do meio eletrônico ganhouespecial relevância para os negócios de

todos os segmentos e portes com a in-formatização do controle de recolhi-mento tributário. Mas as empresas,sobretudo as de médio e pequeno por-tes, teriam que arcar com investimen-tos em máquinas, sistemas e proces-sos para administrarem o uso da NotaFiscal Eletrônica.

A parceria entre SAP, Serasa, Sun

Presidentes da

Serasa, Elcio

Anibal de Lucca, e

da SAP, José Ruy

Antunes, sentados,

e em pé, Ton

Nogueira, diretor

de indústria e

soluções da Neoris,

e Cleber Morais,

presidente da Sun

Microsystems, no

ato de assinatura

da parceria

Abril 2007 – Empreendedor – 75

Microsystems e Neoris viabiliza àscompanhias o acesso a uma soluçãocompleta que envolve toda a infra-es-trutura, hardware, aplicativos e cer-tificação digital para o processo deuso da NF-e, sem que as empresasprecisem se preocupar em criar essaestrutura internamente.

O diretor de Operações de Tele-mática da Serasa, Dorival Dourado,explica que a emissão da Nota FiscalEletrônica envolve, em várias etapas,a certificação digital. “Como a Sera-sa já possui experiência em certifica-ção digital, o desenvolvimento de umasolução para o processo de Nota Fis-cal Eletrônica foi uma decorrêncianatural. Entendendo o modelo, emparceria equacionamos os demais as-pectos que permitiram oferecermosuma solução completa ao mercado.”

Inovação

Para o presidente da Serasa, El-cio Anibal de Lucca, “a inovação querepresenta o Bureau de Serviço deGestão de Notas Fiscais Eletrônicasé mais uma prova de que a certifi-cação digital esta aí para simplifi-car processos, reduzir custos, e au-mentar a segurança e a eficiêncianos negócios”.

As estimativas divulgadas pela Se-cretaria da Fazenda do Estado de SãoPaulo apontam cerca de 60 milhõesde notas fiscais por mês e 900 milempresas no Estado, e a expectativaé de que 50% desse volume de notasseja emitido eletronicamente até o fi-nal de 2007 só em São Paulo.

“A solução que essa parceria via-biliza representará uma economia emtorno de 20% dos custos envolvidosno processo de faturamento”, estimaDorival Dourado. A Serasa foi a pri-meira empresa privada homologadapelo governo federal como Autorida-

O que permite o novo serviço:

� enviar e reenviar NF-e ou lotes de NF-e;

� verificar a situação de uma NF-e na Secretaria de Fazenda;

� cancelar ou inutilizar uma NF-e;

� gerar e imprimir um Danfe – Documento Auxiliar de NF-e;

� consultar transmissões de um período;

� realizar o download de NF-es e Danfes;

� emitir relatórios e arquivar Nf-es.

de e Certificadora integrante da In-fra-Estrutura de Chaves Públicas Bra-sileira (ICP-Brasil).

O Bureau de Serviço de Gestão deNotas Fiscais Eletrônicas é baseadona solução de Nota Fiscal Eletrônica,desenhada pela SAP Brasil em con-junto com a Neoris, e buscou aten-der às necessidades de demanda docliente e do governo.

Fácil e ágil

A solução da SAP inclui, além deum sistema de faturamento ou “billing”,um sistema de gerenciamento da notafiscal que agora é eletrônica e precisaser guardada não em uma caixa de pa-pelão ou num diretório da rede, masem uma solução integrada que ofereçafacilidade e agilidade para atender àsauditorias internas e à fiscalização daSecretaria da Fazenda.

“A SAP acredita que pode dispo-nibilizar uma solução robusta, com-pleta e de alto valor agregado que sejaacessível a todos os tamanhos de em-presas e assim ajudar as companhiasa atenderem à regulamentação e tam-bém ao governo na adesão da NFe”,

afirmou José Ruy Antunes, presiden-te da SAP Brasil.

A Sun Microsystems participa doacordo fornecendo toda a infra-estru-tura do sistema, o que inclui servido-res, sistema operacional Solaris 10,softwares de segurança e gestão deidentidade, unidades de disco e arma-zenamento de dados, além de todosos serviços também relacionados àinfra-estrutura como suporte, manu-tenção e monitoramento.

“Participar dessa iniciativa é umaexcelente oportunidade para a SunMicrosystems. Estamos atendendo auma demanda de mercado aliando tec-nologia de ponta, infra-estrutura efi-ciente e serviços de qualidade”, afir-ma Cleber Morais, presidente da SunMicrosystems no Brasil.

Ton Nogueira, diretor de indústriae soluções da Neoris, desenvolvedorado software que será utilizado na so-lução em conjunto com a SAP e co-implementadora do projeto, afirma que“essa iniciativa visa a apoiar as em-presas do país na adesão crescente aomodelo de Nota Fiscal Eletrônica e im-pulsionar a massificação dos recursostecnológicos de gestão fiscal”.

Guia do Empreendedor

76 – Empreendedor – Abril 2007

Dicas para

administrar

o seu dinheiro

A gestão de recursos de terceirosdeve ser encarada hoje como uma ati-vidade extremamente especializada. Umprofissional que se diz gestor de recur-sos deve ter em mente algumas fun-ções que jamais podem ser colocadasde lado, como:

� Independência e Alinhamento deInteresse: Ao contrário do que ocor-re no Brasil, nos países consideradosdesenvolvidos, a atividade de gestão derecursos de terceiros é feita, na grandemaioria, por empresas independentes.O gestor nunca pode esquecer que seufoco é o cliente, deve sempre tomarsua decisão com base em fatos, nuncaguiada por emoções. Por este motivo,não pode estar envolvido com outrasatividades financeiras que não estejamobrigatoriamente alinhadas aos interes-ses do cliente.

� Foco e Transparência: A disper-são pode ocasionar perda de oportuni-dades e desatenção com relação aos ris-cos assumidos. Bons relatórios deta-lhados e didáticos, com periodicidadenão superior a um mês, são imprescin-díveis para que o cliente acompanhe asestratégias de investimentos adotadas.

� Perfil: Conservador, moderado ouarrojado. Qual o perfil do cliente? Estequestionamento é o primeiro a ser am-plamente discutido. Qual sua expecta-tiva de retorno? Em que prazo? Qual o

Um profissional que se diz gestor de recursos

deve ter em mente algumas funções que

jamais podem ser colocadas de lado

grau de risco que está disposto a cor-rer? Somente depois de resolvidas eentendidas estas questões é que o tra-balho deve começar.

� Realização dos Lucros: Deve-setomar bastante cuidado com relaçãoa este item. É natural, e temos obser-vado isto com freqüência, que o cli-ente tem a tendência de realizar oslucros, em muitas situações, antes domomento ideal. O contrário ocorrenos momentos de perda, o clienteacaba carregando uma posição que,às vezes, não vale mais a pena. Nestasituação, cortar o prejuízo o mais rá-pido possível é a solução. Trabalhecom limites de perda. O contágio e aemoção podem ser fundamentais parao fracasso. Quem está de fora – merefiro ao gestor – não deve se envol-ver emocionalmente, pois somenteassim terá discernimento para tomarou sugerir a decisão mais correta.

� Diversificação: Regra número umdo mercado: “nunca coloque todos osovos numa mesma cesta”. É verdade,mas o excesso de diversificação podeconduzi-lo a investir em áreas, setores,empresas onde você detém pouco co-nhecimento. Portanto, pulverize seusinvestimentos, mas não faça disso umasalada de frutas com legumes.

Além destas informações, que jul-gamos extremamente importantes

para você tomar suas decisões nomomento de investir, você deve ain-da avaliar bem quem lhe dará supor-te. A experiência mais óbvia que po-demos relatar é aquela que se aplica àpessoa que deseja construir umacasa, não adianta economizar no pro-jeto com o arquiteto, um projeto bemelaborado com profissional especia-lizado com certeza lhe proporcionaráuma redução de custos e maximiza-ção do resultado.

Finalmente, gostaríamos de refor-çar: 1) a única maneira de proteger ovalor dos investimentos é aplicando emalternativas que superem a taxa infla-cionária; 2) o mercado sempre ofere-ce oportunidades de ganho, seja nosmomentos de crise, seja mesmo naseuforias e; 3) mantenha-se, na medi-da do possível, atualizado com rela-ção aos seus investimentos: faça reu-niões rotineiras com seu gestor, exijatransparência. As aplicações devem serfeitas sempre em seu nome, da suaconta-corrente para o investimento, evice-versa, e, por último, verifique seseu consultor está habilitado perante aCVM para o exercício da atividade, ebons negócios.

Roberto Meurer

Consultor da Leme Investimentos e

professor do Departamento

de Economia da UFSC

Análise Econômica

Abril 2007 – Empreendedor – 77

N O M E T I P O PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO % ANOA Ç Ã O A Ç Ã O I B OV E S PA (ATÉ 19/3/2007)

Acesita PN 0,339 27,9ALL América Latina UNT N2 1,31 7,50Ambev PN 1,41 2,50Aracruz PNB 0,77 -17,50Arcelor BR ON 1,87 11,90Bco Itaú Hold Finan PN 3,18 -5,30Bradesco PN 4,22 -8,10Bradespar PN 1,68 19,50Brasil T Par ON 0,54 13,10Brasil T Par PN 0,71 4,50Brasil Telecom PN 1,16 4,60Brasil ON 1,70 5,80Braskem PNA 1,69 5,70CCR Rodovias ON 1,11 -8,30Celesc PNB 0,48 -9,4Cemig PN 2,06 -6,10Cesp PNB 0,69 8,60Comgas PNA 0,324 4,8Copel PNB 1,27 -4,20Cosan ON 1,51 -18,60Cyrela Realty ON 0,65 -9,30Eletrobras ON 1,25 -11,90Eletrobras PNB 1,73 -10,60Eletropaulo Metropo PNB 0,47 -10,1Embraer ON 1,25 6,30Gerdau Met PN 1,15 5,00Gerdau PN 2,75 2,20Gol PN 0,95 -10,50Ibovespa 100,00 -1,70Ipiranga Pet PN 0,53 16,30Itausa PN 1,78 2,50Klabin PN 0,59 4,90Light ON 0,72 -4,20Natura ON 0,80 -22,00Net PN 2,04 4,70Pao de Açúcar PN 0,67 -19,30Perdigão ON 0,98 -9,40Petrobras ON 2,19 -15,70Petrobras ON 3,56 -10,00Petrobras PN 11,99 -16,70Sabesp ON 0,74 -4,40Sadia PN 1,18 8,70Sid Nacional ON 3,04 23,90Souza Cruz ON 0,58 8,80Submarino ON 1,03 13,90TAM PN 1,16 -12,90Telemar Norte Leste PNA 0,60 -15,00Telemar-Tele NL Par ON 1,75 0,90Telemar-Tele NL Par PN 3,28 -9,30Telemig Celul Part PN 0,46 -5,2Telesp PN 0,352 -9,7Tim Participações ON 0,394 -26Tim Participações PN 1,12 -13,30Transmissão Paulist PN 0,42 -4,3Unibanco UnN1 1,77 -11,50Usiminas PNA 4,67 10,00Vale Rio Doce ON 2,87 19,20Vale Rio Doce PNA 11,67 18,40Vivo Part PN 1,66 -17,00Votorantim C P PN 0,78 -10,70

Juros/Aplicação (%)

Fevereiro AnoCDI 0,87 1,96Selic 0,87 1,96Poupança 0,57 1,30Ouro BM&F 1,34 4,60

Indicadores imobiliários (%)

Fevereiro AnoCUB SP 0,16 0,37TR 0,07 0,29

Juros/Crédito

Março Março

19/Março 16/Março

Desconto 2,05 2,05Factoring 4,01 3,99Hot Money 0,85 0,90Giro Pré * 2,25 2,25

Câmbio

CotaçãoDólar Comercial Ptax R$ 2,0792Euro US$ 1,3304Iene US$ 0,0085

Mercados futuros(em 19/3/2007)

Abril Maio Junho

Dólar R$ 2,082 R$ 2,090 R$ 2,101

Juros DI 12,65% 12,59% N/D

Inflação (%)

Índice Fevereiro AnoIGP-M 0,27 0,77IGP-DI 0,23 0,66IPCA 0,44 0,88IPC - Fipe 0,33 1,00

Carteira teórica Ibovespa

Abril

IbovespaFuturo 43.820

(em 19/3/2007)

(em 19/3/2007)

(em % mês)

* taxa mês

Guia do Empreendedor Agenda

78 – Empreendedor – Abril 2007

Para mais informações sobre feiras e outros eventoscomerciais, acesse a seção Agenda do siteEmpreendedor (www.empreendedor.com.br)

Em destaque

21/5 a 26/5/2007

QUALIDADE 2007Pavilhão de Exposições do Anhembi

São Paulo/SP

(11) 4191-4324

www.feiradaqualidade.com.br

A qualidade dos produtos não é apenas

uma preocupação do consumidor, mas

também das empresas que os fabricam.

A Feira Internacional do Controle da

Qualidade, realizada desde 1991, é a

vitrine dos produtos desse setor. Esta

edição contará com a presença de mais

de 100 empresas do Brasil e do exte-

rior, que vão expor máquinas, equipa-

mentos e instrumentos para ensaios

(destrutivos ou não destrutivos), medi-

ções, calibração, inspeção, controle e

regulagem de grandezas como pressão,

temperatura, umidade, vazão, peso, du-

reza e superfície.

23/5 a 25/5/2007

BRASEG 2007Minascentro

Belo Horizonte/MG

(11) 5585-4355

www.cipanet.com.br

28 a 30/5/2007

NETCOM 2007Expo Center Norte

São Paulo/SP

(11) 3824-5300

www.arandanet.com.br

29 a 31/5/2007

EXPOSEC 2007Centro de Exposições Imigrantes

São Paulo/SP

(11) 5585-4355

www.cipanet.com.br

6/5 a 8/5/2007

COMMUNICATIONS BRASILExpo Center Norte

São Paulo/SP

(11) 3170-7000

www.questex.com.br

7/5 a 11/5/2007

BRASILPLAST 2007Pavilhão de Exposições do

Anhembi

São Paulo/SP

(11) 4191-4324

www.brasilplast.com.br

13/5 a 17/5/2007

FEINCO 2007Centro de Exposições Imigrantes

São Paulo/SP

(11) 5073-7799

www.feinco.com.br

13/5 e 14/5/2007

HIDROPELE 2007Centro de Convenções Rebouças

São Paulo/SP

(11) 3392-2584

www.hidropele2007.com.br

15/5 e 16/5/2007

TELA VIVA MÓVEL 2007Centro de Convenções Frei Caneca

São Paulo/SP

(11) 5511-2351

www.convergeeventos.com.br

15/5 a 17/5/2007

FCE PHARMA 2007Transamérica Expo Center

São Paulo/SP

(11) 4613-2000

www.fcepharma.com.br

19/5 a 23/5/2007

LXXXVIII CCMAHotel Inter-Continental Rio

Rio de Janeiro/RJ

(11) 5505-7272

www.reedexpo.com.br

21/5 a 26/5/2007

FEIMAFE 2007Pavilhão de Exposições do Anhembi

São Paulo/SP

(11) 4191-4324

www.feimafe.com.br

22 a 24/5/2007

LINUXWORLD CONFERENCE& EXPOGran Meliá WTC São Paulo

São Paulo/SP

(11) 5505-7272

www.reedexpo.com.br

Abril 2007 – Empreendedor – 79

80 – Empreendedor – Abril 2007

Abril 2007 – Empreendedor – 81

82 – Empreendedor – Abril 2007

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conteúdo publicado.

Página inicial

Os empreendedores quetêm história para contar

A loja de um homem sóConheça a história de Alexandre Moraes, o jovem

empresário criador da Social Web, uma loja virtual que

vende produtos relacionados ao terceiro setor e só no último

mês de dezembro faturou cerca de R$ 30 mil operando em

casa e sem funcionários.

A vendedora assumidaLuiza Helena Trajano, diretora-superintendente do

Magazine Luiza, soube descentralizar o poder sem medo

de perdê-lo e transformou gerentes em empreendedores.

O poder da imaginaçãoPioneiro da internet no Brasil e criador de várias empresas,

Marcos Wettreich prefere enriquecer seu conhecimento

do que perseguir a riqueza.

Teoria na práticaAlém de administrar com competência uma das mais

tradicionais redes de vestuário gaúchas, Eduardo Tevahainda encontra tempo para viajar pelo país e lotar auditórios

com suas palestras sobre gestão varejista.

O gigante do varejoDepois de sobreviver a um campo de concentração na-

zista, Samuel Klein encontrou no Brasil sua verdadeira vo-

cação ao fundar a Casas Bahia, maior rede varejista do país.

A estratégia da inteligênciaA vocação do visionário Laércio Consentino, da Totvs,

que fundamenta sua ação no acerto das equipes e nas duras

decisões orientadas para a competência.

O visionário do ganha-ganhaTer sucesso na vida e nas empresas é importante, mas não

é tudo. O sonho de Miguel Abuhab, chairman da Datasul,

é contribuir decisivamente para que o Brasil também atinja

a auto-superação.

De olho no futuro da fotografiaNo comando das lojas De Plá, o empresário Daniel Pláconta como transformou a rede fundada pelos pais em

uma franquia de sucesso, em sintonia com as novas

tecnologias.

A vocação da vitóriaDescubra por que para Carlos Wizard o ensino das línguas

é um instrumento poderoso para exercer a liderança e

promover o bem comum.

A cartilha pessoal do sucessoNo comando da rede de salões de beleza Soho Hair

Internacional, Hideaki Iijima faz gerente limpar

banheiro, investe em teoria oriental, varre a rua de sua

casa e sobe na vida.

A seção Perfil, onde são publicadas as trajetórias de gran-

des empreendedores brasileiros, é uma das mais visitidas no

site Empreendedor. E a razão para o alto grau de interesse

neste tipo de reportagem é simples: conhecer a história de gran-

des empresários, dos que já acertaram o “alvo”, serve de apren-

dizado e de inspiração para quem recém ingressou no mundo

dos negócios ou para quem pensa em ingressar. Sendo assim,

preparamos uma lista com dez histórias de empreendedores que

estão disponíveis na seção Perfil do site Empreendedor. Visite,

aprenda e inspire-se à vontade.

IND

EX

O

PE

N

Abril 2007 – Empreendedor – 83

84 – Empreendedor – Abril 2007