Empreendedor 156

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Ano 13 Nº 156 Outubro 2007 – R$ 9,90 Empreendedor Ano 13 • Nº 156 • outubro 2007 O CLIQUE DE MIDAS ISSN 1414-0152 PRÊMIO ETHOS DE JORNALISMO 2007 www.empreendedor.com.br ARTESANATO: MULHERES DOMINAM SETOR DE R$ 28 BI GESTÃO: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO TRAZ MAIOR PRODUTIVIDADE OPORTUNIDADE: COMO MONTAR UMA PADARIA E DESTACÁ-LA NO MERCADO

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Edição n. 156 da revista Empreendedor, de outubro de 2007

Transcript of Empreendedor 156

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Ano 13 Nº 156

Outubro 2007 – R$ 9,90

Empreendedor

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2007

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PRÊMIO ETHOS DEJORNALISMO 2007

www.empreendedor.com.br

ARTESANATO: MULHERESDOMINAM SETOR DE R$ 28 BI

GESTÃO: ORGANIZAÇÃO DO TEMPOTRAZ MAIOR PRODUTIVIDADE

OPORTUNIDADE: COMO MONTAR UMAPADARIA E DESTACÁ-LA NO MERCADO

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4 – Empreendedor – Outubro 2007

Nesta Edição

Redação

Editor-Executivo: Alexsandro Vanin[[email protected]]Repórteres: Ana Carolina Dionísio, Débora Remor,Francis França e Natacha AmaralEdição de Arte: Gustavo Cabral VazFotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa daPhoto, Eliana Vieira, Index Open, Lio Simas e Rodrigo DiasFoto da capa: Index OpenRevisão: Renato Tapado

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Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna BorbaExecutivos de Contas: Érika Kaiser, Gesner C. Vieira eNassara KedmanRua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis01239-010 - São Paulo - SPFone: (11) 3214-1020[[email protected]]

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Diretor-EditorAcari Amorim [[email protected]]

A revista Empreendedor éuma publicação da Editora

Empreendedor

PG. 28 Mercado

Mulher rendeiraAs artesãs dominam um mercado que envolve 8,5milhões de pessoas e movimenta R$ 28 bilhões porano. Cada vez mais profissionalizado, esse ramo vêsuas exportações subirem ano a ano: de US$ 10mil, em 2002, para US$ 2,1 milhões, em 2006.

PG. 32 GestãoA imagem e o tempoQualquer reclamação de cliente representa umproblema. Confira como evitar isso e que providên-cias tomar para corrigir as falhas e contornar a si-tuação. A saída para não estar sempre correndoatrás do prejuízo está na organização pessoal e nagestão do tempo disponível para a realização detarefas conforme grau de relevância: importante,urgente e circunstancial. Melhore sua produtivi-dade e, de quebra, sua saúde.

PG. 38 Meio Ambiente

O mercado do carbonoPreservar, agora, ganha mais um significado: lu-crar. Cada tonelada de gás carbônico e de outrosgases do efeito estufa pode ser comercializada nomercado mundial de créditos de carbono, mecanis-mo instituído pelo Protocolo de Kyoto.

Acelerador de

produtividadeAs tecnologias de informação e comuni-cação estão cada vez mais avançadas e aoalcance de empresas de todos os tama-nhos. É possível fazer todo o controlefinanceiro de seu negócio, com agilidadee segurança, por apenas R$ 45, no casode microempresas. Com a convergênciadigital, é possível fazer interurbanoscomo se fosse um simples ramal, e reu-nir-se com pessoas de todo o mundo, viavideoconferência, sem que ninguém te-nha que sair do escritório. Conecte-se aesta nova era de produtividade.

PG. 20 Capa

INDEX OPEN

INDEX OPEN

INDEX OPEN

SAF/MDA

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Outubro 2007 – Empreendedor – 5

PG. 12 EntrevistaAlaor Silvério ChavesO presidente da Sociedade Brasileirade Física (SBF) alerta para a falta depesquisadores nas empresas – 90%estão em universidades e institutospúblicos – e aponta soluções parareverter esse quadro.

Outubro/2007

LEIA TAMBÉM

Cartas ................................................................. 7

Empreendedores .................................................. 8

Não Durma no Ponto ......................................... 16

Pequenas Notáveis ............................................ 52

Empreendedor na Internet ................................ 82

PG. 48 PerfilGerhard DannapelO alemão que, com um sócioirlandês, lançou no mercadobrasileiro um alimento de origemchinesa, mas difundido pelaculinária japonesa: o tofu. O segredodo sucesso deste empreendedor estána tropicalização do produto, maisconsistente e durável.

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 70

Produtos e Serviços.......................................... 72

Leitura ............................................................... 74

Análise Econômica ............................................ 76

Indicadores ....................................................... 77

Agenda .............................................................. 78

PG. 66 TISegurança na redeEntre para a era digital com segurançamáxima. A assinatura digital substitui amanuscrita convencional e permite a exe-cução de várias atividades burocráticas,antes realizadas apenas presencialmente,agora de maneira remota.

PG. 54 A voz da experiênciaBenedita Ricardo de OliveiraA chef Benê Ricardo, de 68 anos deidade e 45 de carreira, nem pareceuma mulher só. Ela preparareceitas em eventos, dá aulas epalestras, presta consultoria, cuidade uma linha de congelados eparticipa de programas de TV –além de escrever um livro.

PG. 42 Memória

Mão na massaO consumo de pães aumenta continuamenteno Brasil, e mesmo assim ainda os brasileirosconsomem metade da quantidade recomenda-da pela OMS. Na releitura de uma matériapublicada na primeira edição, saiba comoabrir uma padaria e se destacar.

PG. 46 Crédito

Fomento à inovaçãoEmpresas de qualquer tamanho podem solici-tar recursos à Finep e instituições estaduaisde apoio à pesquisa para o desenvolvimento eimplantação de projetos de inovação de pro-dutos e processos. Veja como proceder parasolicitar essas verbas.

PG. 58 Franquia

Sem pressaAntes de abrir uma franquia, é preciso conhe-cer o negócio tanto como consumidor quantocomo franqueado. O processo de degustação éimportante para desfazer possíveis ilusões queo empreendedor tenha a respeito do negócio.

CASA DA PHOTO

LIO SIMAS

RODRIGO DIAS

Page 6: Empreendedor 156

6 – Empreendedor – Outubro 2007

de Empreendedor

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Os artigos deverão conter nome completo,

assinatura, telefone e RG do autor, e estarão

sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes

que os editores julgarem necessários.

Editorial

rodutividade. Só pelo aumentodeste fator, o uso das tecnologi-

as de informação e comunicação já sejustificaria. Some à melhora da pro-dutividade a economia de tempo e di-nheiro, a simplificação de processos eo ganho de mobilidade, tudo com se-gurança e agilidade. Por que, então,não adotar essas novasferramentas? Existemsoluções para empresasde todos os tamanhos.

Nesta edição, a re-pórter Francis Françaapresenta algumas tec-nologias desse novoambiente corporativo.Uma delas automatizaa administração fi-nanceira (controle decontas bancárias, co-brança de clientes, pa-gamento de fornece-dores e emissão de notas fiscais), ge-rando uma economia de até 90% emrelação aos métodos tradicionais. Háainda a possibilidade de utilizar a in-ternet para conversas telefônicas (aum custo até 70% menor do que a te-lefonia comum) e para a realizaçãode videoconferências – o que evitadeslocamento de profissionais. É a erada convergência digital.

Mas nem só com tecnologia se me-lhora a produtividade – em alguns ca-sos, se mal usada, ela pode ter até efei-

Pto contrário. A repórter Natacha Ama-ral apresenta outro caminho: o geren-ciamento do tempo e a organizaçãopessoal, acompanhados de um ambi-ente de trabalho que desfavoreça dis-trações e bom senso na realização dereuniões. Bem, mesmo nesse caso, atecnologia dá uma mão: softwares de

organização pessoalpodem centralizar to-dos os dados, informa-ções e compromissosdo usuário, disponibi-lizando-os na redepara permitir acessoem outros lugares.

Enfim, não hácomo negar: todos osempreendedores po-dem se beneficiar comas novas tecnologiasde informação e co-municação. Até mes-

mo os artesãos, como pôde verificar arepórter Ana Carolina Dionísio. Aliás,eles em quase nada diferem de outrosempresários: o artesão está inserido emum mercado e precisa de estratégias.

Ainda nesta edição, inauguramosuma seção: Memória. Cada mês, seráfeita a releitura de uma reportagem pu-blicada em números anteriores da Re-vista Empreendedor, que em novembroentra em seu 14º ano de circulação.

Alexsandro Vanin

CedocO Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos

interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para

mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo

e-mail [email protected].

Cartas para a redação

Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreende-

dor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico coloca-

rem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos

e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do

Estado de onde estão escrevendo.

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Outubro 2007 – Empreendedor – 7

Cartas Crianças empreendedorasSou professora municipal e faço parte de um grupo que trabalha

com crianças empreendedoras. É um projeto que visa a criar desdecedo na criança o espírito empreendedor. Gostaria que vocês pudes-sem nos auxiliar com atividades, pois já trabalhamos a primeira etapa,na qual elas criaram o negócio delas, fizeram maquetes e colocaramem prática, e encerramos com uma feira onde elas próprias venderamseus produtos numa simulação. Agora, estamos com dificuldade debuscar novas idéias envolvendo todas as disciplinas. Será que vocêspodem me ajudar?

Roselia Lopes

Nota da Redação: Um bom ponto de partida é você ler a entrevista

com Luiz Fernando Garcia, consultor e especialista em manejo comporta-

mental, publicada na edição 152 (maio/2007) sob o título “Empreende-

dores desde criancinha”. Para mais informações, você pode entrar direta-

mente em contato com o Luiz Fernando pelo telefone (48) 3334-5585.

Investidor estrangeiroLi a matéria “Sotaque nos trópicos”

(Empreendedor 152, de Francis França)e preciso de algumas informações, se pos-sível. Por exemplo, se algum estrangeiroquiser abrir um empreendimento no Brasil,ele precisaria investir antes no país ou podetentar primeiro o visto de permanência?

Taciana Hania

A repórter: Pelas informações apuradas,para abrir um empreendimento no Brasil,o estrangeiro precisa primeiro realizar oinvestimento e só então solicitar o visto.Ele também precisa comprovar o inves-timento do capital externo, com um do-cumento que é fornecido pelo banco nomomento em que ele faz o câmbio. Paramais informações, você pode entrar emcontato com a dra. Ziara Abud pelo tele-fone (11) 3286-0655. Recomendo tam-bém o site www.vistobrasil.com.br paramais esclarecimentos.

Inovação no espaçoFicou ótima a matéria “O olho

que tudo vê” (Empreendedor153). A Orbisat pediu para agra-decer, todos adoraram.

Carla Dias, da Rossi

Comunicação

Exemplo empreendedorGostei muito da matéria “Criador

incansável” (Empreendedor 154, deNatacha Amaral). Parabéns pelo ex-celente trabalho.

Severino Felix da Silva, diretor-

presidente da Escol@ 24 Horas

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Empreendedores

8 – Empreendedor – Outubro 2007

Sidney Mônaco e Uirá Peixeiro

Camiseta on-lineOferecer uma camiseta completa-

mente única e com a cara do cliente semprecisar fazê-lo sair de casa para esco-lher ou pagar pelo produto. Essa é a pro-posta da nova loja virtual Camisettas, queacaba de chegar ao mercado on-line. Napágina www.camisettas.com.br, o usu-ário pode montar sua própria peça, es-colhendo modelagem, cores e estam-pas, além de explorar cada opção devisual disponível antes de concluir seupedido. Também é possível enviar umdesenho, imagem ou foto para a lojacaso haja interesse em um trabalho ain-da mais customizado.

O publicitário e idealizador do sis-tema, Sidney Mônaco, explica que sem-pre quis oferecer produtos inovadores

ao mercado. Assim, fez parceria comseu colega de profissão Uirá Peixeiro eapostou no desenvolvimento do proje-to. “Trabalhamos seis meses somentena programação do site, que foi muitocomplexa”, explica Mônaco. Mas a de-dicação valeu a pena. “A ferramenta per-mite o cruzamento de centenas de op-ções”, diz Peixeiro, atual diretor de mar-ca da empresa. A loja disponibiliza qua-tro modelos masculinos e dois femini-nos de camiseta, oito cores e oito te-mas de estampa gravados com a técni-ca silk-screen para dar maior longevi-dade às figuras. As peças são 100%de algodão e padrão fio 30.1 penteadopara oferecer maior conforto ao clien-te. (11) 3254-7627

Carise Pedralli

Paixão pernambucanaA grife pernambucana Gatos de Rua

abriu em setembro sua primeira fran-quia no Sul do país. A nova loja, locali-zada no Shopping Iguatemi de Floria-nópolis, está sob o comando de CarisePedralli. Farmacêutica por formação,Carise decidiu trocar a vida nos labo-ratórios pela profissão de empresáriadepois de uma viagem de férias paraRecife. Lá se apaixonou pelas peças doartista plástico, designer e criador damarca, Beto Kelner, e decidiu largar seuantigo emprego de oito anos. No Nor-deste mesmo, Carise começou a fazercontatos com a Gatos de Rua para umafutura parceria. “O trabalho do Beto,além de ter um componente socialmuito forte, é a cara da mulher brasi-leira”, explica sua escolha.

A grife chama a atenção pelas for-mas inusitadas e temática criativa dosacessórios, utilitários e objetos de de-coração inspirados na cultura pernam-bucana. Criada em 2000 por Kelner, aGatos de Rua começou como um pro-jeto social para adolescentes pobres.Hoje, é uma rede com nove lojas no Bra-sil, uma em Portugal e 150 colaborado-res – todos vindos de famílias de baixarenda. www.gatosderua.com.br

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Outubro 2007 – Empreendedor – 9

João Ferreira Dias Filho

Da árvore ao papelO médico-cirurgião paranaense João

Ferreira Dias Filho, de 67 anos, está hojeentre os cinco maiores produtores depapel sanitário do país, tendo como car-ro-chefe o papel higiênico Paloma. A his-tória da empresa Sepac começou nadécada de 1970, quando ele e o irmãotambém médico Amílcar começarama investir em reflorestamento. A áreade 500 hectares plantados com euca-lipto e pinus daquela época hoje ultra-passa os 8 mil hectares.

Depois de dez anos, Dias Filhoresolveu industrializar a madeira, pri-meiro com serraria, até chegar à fá-brica de celulose semiquímica. “Am-pliamos a fábrica de papel no final dadécada de 1980 e hoje nos dedica-mos exclusivamente a fazer papelsanitário”, disse ele, antes de infor-mar que em 2008 a Sepac fabricarátambém papel para a área hospitalar.

Atualmente, a empresa distribuipara as regiões Sul, Sudeste e Cen-tro-Oeste do Brasil, além de expor-tar para Uruguai, Argentina e Para-guai. “Estamos fazendo investimen-tos de R$ 100 milhões para moder-nizar a fábrica, adquirir máquinas detecnologia de ponta e melhorar a in-fra-estrutura. Até o ano que vem, nos-sa produção deve dobrar, alcançan-do um total de 180 toneladas por dia,e a distribuição será estendida a todoo território nacional.” (41) 3322-5606

Roberto Miglioli

Látex protetor

Kamal Soueid

Jeans para chinesesAcreditando na modelagem e cri-

atividade como diferencial do jeansbrasileiro, o empresário Kamal Soueidinveste agora no mercado chinês.Com apenas 24 anos, Soueid é donoda Dust, empresa brasileira de con-fecção em jeans para jovens com cli-entes de Portugal, Espanha, e paísesda África do Sul e Central. “O nossojeans é famoso pela modelagem, queé confortável e bonita. A criatividadeem trabalhar o denim também é ou-tro ponto forte que atrai o compra-dor estrangeiro.”

Em recente viagem para Espanha,Itália e China, Soueid fez pesquisasde tendências e aumentou os conta-tos para futura exportação para estespaíses. “Além de vestir os brasilei-ros, a Dust quer agora conquistar os

A idéia de criar uma capa 100% im-permeável para câmera fotográfica sur-giu do proprietário da Outex, RobertoMiglioli, que queria utilizar sua câmeradurante as trilhas de jipe sem se preocu-par em molhá-la ou deixá-la cair na lama.O produto foi feito para liberar o fotó-grafo para produzir fotos na chuva oumesmo de dentro do mar com um equi-pamento leve e de fácil manuseio, já queo Outex pesa apenas 150 gramas, em

comparação com as pesadas caixas deacrílico que existem no mercado.

“Depois de inúmeras tentativascom diversos materiais, eu concluí queo látex natural era o mais adequado,pois sua composição estica até dezvezes o seu comprimento inicial, semdeformação plástica e com alta resis-tência à propagação do rasgo e à abra-são”, explica o engenheiro mecânico.(11) 5181-9241/www.outex.com

fashionistas chineses”, aposta o mi-neiro, que comanda 40 funcionáriosem duas fábricas. (11) 6291-7623

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Empreendedores

10 – Empreendedor – Outubro 2007

Gustavo Palillo

Segurança nas estradasAté há pouco tempo, as estradas brasilei-

ras precisavam de equipamento importadopara verificar a qualidade da sinalização daspistas. A Easylux chegou para preencher esteespaço e pretende agora ganhar a AméricaLatina. O engenheiro Gustavo Palillo criou osistema de retrorrefletômetro nacional, já im-plantado por 15 clientes, em geral concessio-nárias e prefeituras. A empresa nasceu há seisanos e atualmente funciona na IncubadoraTecnológica de Santo André, em São Paulo.

A experiência de oito anos em mercadosinalizador, com foco no sistema viário, foifundamental para o sucesso do produto. “Osaparelhos utilizados na Europa não se adapta-vam bem no Brasil por causa da diferença detemperatura, dificuldade de manutenção e ca-libração. Desenvolvemos um retrorrefletôme-tro adequado à realidade brasileira que aindapor cima é 50% mais barato”, conta Palillo.Ele lembra que a segurança ainda não é umacultura das estradas latinas, por isso é preci-so muita dedicação para conseguir exportarpara os países vizinhos. (11) 3438-3448

Duda Simões e Júnior Simões

Nada óbvioHá dez anos no mercado, a agência de criação Tangerina.Ag

incorporou à sua rotina de trabalho o slogan “o inusitado é o nos-so óbvio”, desenvolvendo soluções sempre originais. A começarpor sua própria logomarca – um nada óbvio caju.

Dirigida pelos irmãos Júnior e Duda Simões, a agência atua emtrês áreas: design gráfico, web design e produção de eventos. En-tre os projetos recentes, está a concepção da logomarca da Cami-nhada Mundial de Controle do Diabetes realizada pelo laboratóriofarmacêutico Merck em 45 países em abril deste ano. ATangerina.Ag acumula um histórico de trabalhos variados que in-cluem a ambientação e sinalização da fábrica da Coca-Cola e aelaboração das festas de fim de ano da Globo.com e do InstitutoBrasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).

A empresa, criada pelos irmãos baianos que escolheram o Riode Janeiro para trabalhar, é um escritório colorido e irreverentena Barra da Tijuca que conta com uma ampla área externa ondea equipe se reúne para criar, muitas vezes noite afora, nos seusfamosos happy hours criativos. Há dez anos, eram apenas duaspessoas, um computador e muitas idéias na cabeça no home officeque foi crescendo. “A Tangerina.Ag nasceu de uma brincadeiraem casa, talvez quando ainda meu irmão e eu éramos crianças ebrincávamos despretensiosamente na prancheta do nosso pai, queera ilustrador. De lá para cá, a agência só cresceu, mas fazemosquestão de não deixar a brincadeira acabar. Inventar para divertiré o que nos faz levar a Tangerina.Ag a sério”, diz Júnior Simões.(21) 2512-0060

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Outubro 2007 – Empreendedor – 11

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12 – Empreendedor – Outubro 2007

O poderda inovaçãoO Brasil tem pesquisadores, mas ainda não

aprendeu a transformar conhecimento em riqueza

Entrevista Alaor Silvério Chaves

volvimento de tecnologia privado domundo, Chaves chama a atenção parao fato de que quase 90% dos doutoresno Brasil estão concentrados em uni-versidades e institutos governamentais.Nos países de Primeiro Mundo, são asempresas que mais absorvem esse tipode profissional qualificado.

Em 1984, Alaor Chaves integrou olaboratório de pesquisas da AT & T, agigante das telecomunicações AmericaTelephone Telegraph. Na época, a nor-te-americana contava com um quadrode 12 mil cientistas e dedicava cercade US$ 5 bilhões só para o desenvolvi-mento de novos produtos. Com umhistórico de investimento pesado nes-sa atividade, a AT & T lançou no mer-cado tecnologias inéditas e históricas,tais como o transistor, lasers, radares

por Natacha Amaral

O atual presidente da Sociedade Bra-sileira de Física (SBF) e professor doInstituto de Ciências Exatas da Univer-sidade Federal de Minas Gerais (UFMG),Alaor Silvério Chaves, afirma que o Bra-

sil tem um número expressivo de pes-quisadores, mas utiliza pouco seu po-tencial de inovação para alavancar com-petitividade das empresas e transfor-mar conhecimento em riqueza no país.Com a bagagem de quem já trabalhouem um dos maiores centros de desen-

RO

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IGO

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Outubro 2007 – Empreendedor – 13

Tecnologia de ponta

nunca está à venda,

apenas obsoleta.

Ninguém entrega

a galinha dos ovos

de ouro

gio Rezende, o título do documento foimudado para “Ciência para o Brasilcompetitivo: papel da Física”. Agora,queremos fazer um estudo com umacomissão multidisciplinar incluindooutras ciências. O objetivo é propor aogoverno medidas que levem essas ci-ências a também contribuir mais parao desenvolvimento econômico do país.

Empreendedor – Em 1981, o Bra-

sil produzia 0,44% dos artigos ci-

entíficos do mundo. Hoje, esse ín-

dice chegou a quase 2%, fazendo o

país assumir o 15º lugar na produ-

ção científica mundial. Como o se-

nhor avalia o desempenho?

Alaor Silvério Chaves – A ciênciado Brasil está se desenvolvendo muitorapidamente. Isso é resultado de umesforço, por parte do governo, na for-mação de programas de pós-graduação.Desde a década de 1970, esse sistemaé bastante eficiente no país. Hoje, o Bra-sil já tem 70 mil doutores e forma ou-tros 10 mil, de todas as áreas, a cadaano – número que aumenta 15%. Nãose sabe como essa situação vai sermantida por muito tempo, mas o fato éque logo formaremos 20 mil doutoresanualmente, o que vai criar uma capa-citação científica muito grande no país.

Empreendedor – O artigo 218 da

Constituição Federal assegura que

a pesquisa tecnológica deve se vol-

tar especialmente para a solução

dos problemas brasileiros e para o

desenvolvimento do sistema produ-

tivo. Isso tem ocorrido na prática?

Alaor Silvério Chaves – Emboratenhamos desenvolvido um programade pós-graduação muito bem-sucedi-do, não previmos a utilização dessepessoal qualificado no setor produtivo.O ponto que falta agora é esse. Do con-trário, vamos produzir boa ciência, massem gerar riqueza para o país. É comose o Brasil tivesse aprendido a transfor-mar dinheiro em conhecimento, mas ain-da não tenha aprendido a transformarconhecimento em dinheiro. Se a ciên-cia, que é mantida pelo povo, não gerarriqueza para o país, o povo vai patroci-ná-la para quê? Essa é a questão.

Empreendedor – Mas para onde vão

os pesquisadores e doutores forma-

dos no país?

Alaor Silvério Chaves – Os últi-mos dados revelam que 88% deles es-tão em universidades e institutos go-vernamentais, e só 11% em empresas– 1% está em outras áreas ainda. Essasituação é exatamente oposta nos Es-tados Unidos, por exemplo, onde 80%dos pesquisadores estão nas organiza-ções empresariais.

Empreendedor – A que o senhor

atribui o comportamento brasileiro?

Alaor Silvério Chaves – Tem vá-rias origens. Uma delas é a gênese danossa indústria. Depois da SegundaGuerra Mundial, tentamos criar uma in-dústria por meio de um processo bemrápido. Então, o que houve foi a inter-nalização de pacotes tecnológicos com-pletos. A indústria siderúrgica, porexemplo, veio com tecnologia impor-tada. O mesmo ocorreu com a auto-mobilística, que era formada por em-presas estrangeiras.

Empreendedor – Então, há uma

e ligações telefônicas com fibra ótica.Para o presidente da SBF, esse es-

forço de inovação precisa ser copiadopor empreendedores brasileiros, mes-mo que os recursos para tal área sedêem em menor escala. A iniciativa exi-giria adequações na atual legislação dopaís, maior incentivo governamental eaté mesmo mudanças culturais. Poroutro lado, a adoção de uma nova pos-tura em aplicação de ciência e tecnolo-gia agregaria maior competitividade esolidez às empresas, hoje num merca-do global cada vez mais aberto, e trans-formaria em riqueza o conhecimentoacadêmico desenvolvido no país.

Empreendedor – Quais são os obje-

tivos atuais da SBF?

Alaor Silvério Chaves – A nossameta mais importante neste momentoé conseguir uma maior inclusão da ciên-cia na vida do país. Pretendemos atémesmo criar uma organização multidis-ciplinar para empreender ações nessesentido. Para isso, estamos buscandoa aproximação com outras associaçõescientíficas, como Matemática, Quími-ca, Astronomia e Ciências Materiais.Outro grande objetivo nosso é lutar pelareforma do ensino superior de Física.

Empreendedor – Como o senhor

avalia a atuação do Estado na área

de C & T?

Alaor Silvério Chaves – O go-verno formulou uma política indus-trial, tecnológica e de comércio exte-rior cujo potencial é muito grande,mas que precisa ser complementadacom outras medidas.

Empreendedor – A SBF já fez algo

para ajudar nesse trabalho?

Alaor Silvério Chaves – Fizemosuma pesquisa por encomenda da Ca-pes intitulada “Física para um Brasilcompetitivo”, que teve receptividademuito grande e já foi considerada pelaSociedade Brasileira para o Progressoda Ciência (SBPC). A pedido do atualministro da Ciência e Tecnologia, Sér-

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14 – Empreendedor – Outubro 2007

questão cultural envolvida?

Alaor Silvério Chaves – Sim. Nonosso processo de desenvolvimentoindustrial, o capital foi visto como obem mais importante. Assim, a empre-sa brasileira sempre teve origem base-ada no capital. Já nas empresas norte-americanas, desde o século 19, o co-nhecimento e a inovação para gerar ocapital é que eram valorizados. Muitasorganizações norte-americanas até mes-mo foram criadas por inventores. A Ge-neral Eletric (GE) e a RCA, por exem-plo, foram fundadas por Thomas Ed-son. Essa cultura é a razão pela qual,até hoje, surgem empresas gigantes lácomo Microsoft e Google.

Empreendedor – Que outros fato-

res contribuíram para a falta de

pesquisadores nas empresas no

Brasil?

Alaor Silvério Chaves – Após o nas-cimento da nossa indústria, surgiramgovernos com políticas econômicas nasquais predominava a idéia de que tecno-logia era algo que poderia ser adquirido.Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda deFernando Henrique) afirmou certa vez:“Tecnologia é algo que se compra”. Issoé uma desinformação das maiores. Tec-nologia de ponta nunca está à venda,apenas tecnologia obsoleta. Ninguémentrega a galinha dos ovos de ouro. En-tão, todo país que quiser ter tecnologiaprecisa desenvolvê-la. Mas o nosso go-verno acordou para isso e fez algumastentativas para estimular a inovação den-tro das empresas. Depois do Lula, vie-ram medidas interessantes como a Leida Inovação e a Lei do Bem.

Empreendedor – Como o senhor

avalia a Lei de Inovação (nº 10.973

de 2004)? Facilita realmente a apro-

ximação entre universidade e em-

presariado?

Alaor Silvério Chaves – Sim, em-bora essa lei não esteja completa, já queainda precisa ser regulamentada. Masé claro que facilitará a aproximação dasacademias com o setor produtivo por-

Entrevista Alaor Silvério Chaves

que abre espaço, por exemplo, paraprofessores pesquisadores entraremmais em contato com empresas. Ante-riormente, isso era proibido, porque seacreditava que o procedimento violavao regime de dedicação exclusiva. NosEstados Unidos, já é diferente. Profes-sores universitários trabalham com de-dicação exclusiva, mas são obrigadosa estar presentes na instituição apenasquatro dias da semana – têm um dialivre para prestar assessoria a empre-sas. Isso promove um intercâmbiomuito importante entre pesquisadorese setor produtivo, porque, de um lado,eles repassam informações úteis de con-gressos científicos para as empresase, de outro, detectam as carências enecessidades do mercado, e trazem issopara dentro da universidade. E muitodesses cientistas são profissionais re-nomados, com prêmio Nobel.

Empreendedor – O senhor acredi-

ta existir um preconceito ideológi-

co por detrás do vácuo existente

entre universidade e setor produ-

tivo, já que, no senso comum, há

uma oposição entre setor público e

privado, lucro e gratuito?

Alaor Silvério Chaves – Existe umpouco desse fator, mas já está sendosuperado. Mesmo o empresário que éapenas “capitalista” já está percebendoque sem inovação ele morre.

Empreendedor – E quanto a obstá-

culos financeiros?

Alaor Silvério Chaves – O retor-no ao se investir em inovação é gigan-tesco e de longo prazo. Empresas quequerem ser inovadoras têm que criarlaboratório de pesquisas, fazer inves-timento nessa área, etc. Como no Bra-sil o custo do capital é muito alto por-que é um bem escasso, os investimen-tos com retorno mais tardios são de-sestimulados. Você quebra antes de tero retorno. Por isso, é importante queo governo forneça crédito a juro sub-sidiado. Recentemente, o BNDESabriu uma linha de crédito com juros

a 4,5% ao ano para empresas que quei-ram desenvolver tecnologia. Atual-mente, o banco está sendo dirigido peloLuciano Coutinho, que é um econo-mista consciente da importância datecnologia para a indústria.

Empreendedor – Quais são as pos-

síveis soluções para estimular a ino-

vação nas empresas?

Alaor Silvério Chaves – Vários pa-íses estão exigindo como condição paraque uma empresa estrangeira atue emseu território que esta internalize partede seu desenvolvimento tecnológico.Isso significa não trazer a tecnologia

toda pronta, mas desenvolver parte deladentro do país. O Brasil poderia exigirisso tanto das organizações estrangei-ras que querem vir ou que já estão es-tabelecidas aqui. É uma forma de bar-ganha que está nas mãos do governo.Nenhuma empresa vai sair do país porcausa desse requisito.

Outra medida é o governo criaruma entidade que ajude empresas demédio e grande portes a se tornareminovadoras, orientando no desenvol-vimento de laboratórios de pesquisa eoutros procedimentos. Muitas vezes,a organização quer fazer isso, mas nem

A empresa brasileira

sempre teve origem

no capital. Nos EUA,

o conhecimento e

a inovação é que

são valorizados

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Outubro 2007 – Empreendedor – 15

Linha Direta

Alaor Silvério Chaves: (31) 3499-5641

sabe como começar. Grandes empre-sas de tecnologia às vezes estão como mesmo grau de imaturidade e inex-periência que as pequenas. Estas têmo Sebrae como instrumento de orien-tação. Seria interessante criar uma as-sessoria semelhante para empresas quedesenvolvem tecnologia.

Empreendedor – Como seria o tra-

balho desse órgão orientador?

Alaor Silvério Chaves – A nossasituação de atraso tecnológico é tãograve, que o governo talvez tenha deatuar diretamente na produção de ino-vações, semelhantemente ao que fez na

área agrícola ao criar a Embrapa, quepassou a desenvolver tecnologia e dis-ponibilizá-la para uso de agricultores epecuaristas. Depois da sua criação, anossa tecnologia começou a avançar emum ritmo totalmente distinto. Se acom-panharmos a evolução da agropecuáriabrasileira cinco anos após a fundaçãoda Embrapa – quando começaram asurgir seus resultados –, percebemosque a nossa economia passou a se de-senvolver de forma muito mais rápida,de modo que hoje temos tecnologiaavançada em vários setores. Hoje, oBrasil é uma potência agrícola e, em

duas décadas, pode ser o maior produ-tor de alimento do mundo. Então, tal-vez o governo tenha que criar um equi-valente à Embrapa para a indústria. Porisso, estamos propondo a concepçãoda Empresa Brasileira de Ciência e Tec-nologia Industrial. Talvez a idéia venhaa ser aceita.

Empreendedor – Além da criação

do órgão e a aplicação de políticas

governamentais mais agressivas

nessa área, há outras medidas?

Alaor Silvério Chaves – Uma de-las é a renúncia fiscal, que poucos pa-íses fazem. A outra é o uso das chama-das encomendas tecnológicas, que fun-cionam da seguinte maneira: o gover-no encomenda um certo volume de tec-nologia para a empresa e banca seudesenvolvimento. Patrocina a inovaçãoadiantando e fornecendo o dinheiro parapagar integralmente suas despesas cominovação. Depois disso, deixa a tecno-logia para a empresa. Grande parte dodesenvolvimento tecnológico do setorprodutivo do Primeiro Mundo é ban-cado pelo governo, e não pelo empre-sário. Esse procedimento é realizadocom verdadeira maestria pelos norte-americanos, que têm programas espe-cíficos para isso. O homem na lua, porexemplo, foi resultado de um conjuntode encomendas tecnológicas, taiscomo para o desenvolvimento de com-bustíveis melhores, de computadoresespeciais para as naves e de turbinasmuito mais possantes para foguetes.

Empreendedor – E é possível ino-

var em pequenas e médias em-

presas?

Alaor Silvério Chaves – Sim. Écomum que empresas de médio portetenham laboratórios e dediquem gran-de parte desse faturamento para pes-quisa. Há vários exemplos, e, em al-guns, pequenas empresas até viraramgigantes. A Sony é uma delas. Foi cria-da em 1948, com capital de US$ 150mil, por dois empresários: um físico e

outro engenheiro eletrônico. Tudo o quea Sony fez na década de 1950 foi es-forço de inovação. Era uma empresapequena, mas que investia tudo em pes-quisa porque sabia que o importante eraa invenção. Em 1957, já tinha lançadoo primeiro radinho a pilha.

No Brasil, já existem empresas comesse espírito. A Opto, de São Carlos(SP), é um exemplo. Tem porte médioe está se expandindo muito rapidamen-te. Dedica parte do seu faturamento àpesquisa e, recentemente, ganhou con-corrência internacional para imagens desatélite. Agora, vai contratar 15 douto-res para desenvolver imageadores in-fravermelhos de satélite. Mas é o pri-meiro caso, que conheço, de encomen-da tecnológica no país.

Empreendedor – Qual é a vantagem

para o governo ao realizar investi-

mentos em C & T?

Alaor Silvério Chaves – Há estu-dos de alguns países ligados à Organi-zação para a Cooperação e Desenvol-vimento Econômico (OCDE) entre pa-íses em desenvolvimento mostrandoque o dinheiro que o governo colocaem empresas retorna rapidamente naforma de imposto, porque ele aumentaa competitividade das empresas do país,produção e exportações. As empresasganham dinheiro do governo e depoiscomeçam a gerar riqueza e impostos.

Empreendedor – Qual é a impor-

tância de inovar?

Alaor Silvério Chaves – Inovar évital. Significa mudança, que é desafioe oportunidade. Se você não inovar, ficapara trás, não sobrevive. Essa é a ra-zão pela qual o empresário brasileiro pre-cisa acordar pra isso. Com a aberturado mercado, a nossa empresa está per-dendo competitividade. Conseguiu resis-tir até hoje porque estava muito protegi-da, mas agora o mercado se abriu. En-tão, sem inovação não há futuro.

RODRIGO DIAS

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Não Durma no Ponto

16 – Empreendedor – Outubro 2007

A cunha e o ímãUma empresa pode ser movimen-

tada de duas maneiras. Por meio deum ímã ou por meio de uma cunha.Explico. Ambos são eficientes. Com-provadamente, conseguem fazer comque as pessoas se empenhem e pro-duzam resultados. Mas funcionam demaneira muito diferente. Não utilizarnenhum deles é complacência. E com-placência nos negócios é morte!

O poder da cunha

A cunha é objetiva e direta. Explí-cita e mensurável. Costuma ser re-presentada por números e é comu-mente reconhecida por alguns nomes:meta, indicador, índice, margem,taxa, nível etc. Esses nomes comu-mente vêm acompanhados de pala-vras como produtividade, qualidade,lucratividade, rentabilidade, desempe-nho, performance. Exemplo: meta dedesempenho, indicador de performan-ce, índice de produtividade, margemde lucratividade, taxa de rentabilida-de etc. A dinâmica no uso da cunhaconsiste no seguinte: esses númerossão fixados pelo líder com ou sem aparticipação de sua equipe, e, então,todos se empenham em conquistá-los.

Em muitas empresas, atingir os nú-meros é fundamental. Nada é mais im-portante. Todos se arvoram e se de-sarvoram nesse exercício. E não é semmotivo. São os parâmetros para quasetudo na empresa (os orçamentos devendas, de compras, de receitas, dedespesas etc.), e isso inclui a recom-pensa da equipe, ou seja, o que ela ga-nhará com isso. Quando a cunha é oprincipal meio para obter resultados,são considerados bons profissionaisaqueles que sempre “atingem seus nú-meros”. Não atingi-los pode, inclusi-

ve, causar problemas financeiros paraa empresa e para todos aqueles cujasremunerações estão atreladas a eles.

Como a cunha é mensurável e aspessoas fazem aquilo que é medido,parece não haver dúvidas de que elacria movimento e coloca a atenção detodos nos resultados a conquistar.

O poder do ímã

Aqui, a dinâmica é outra. Existeum propósito, algo pelo qual as pes-soas estão dispostas a dedicar os seus

esforços e muitas vezes o fazem, sempoupar-se. Diferentemente da cunha,o ímã é subjetivo e indireto. Nem sem-pre tão claro, em geral não é mensu-rável. É mais emocional do que racio-nal. Mais sistêmico do que analítico.Mais imagético do que preciso. Maiscriativo do que funcional.

Entenda por um propósito um ob-jetivo maior, uma missão, uma causa.

Algo mais qualitativo do que quantita-tivo, mas que tem o poder de seduziras pessoas, fazê-las se envolver e sedesenvolver por iniciativa própria.

O ímã é capaz de inspirar um com-promisso emocional que a cunha di-ficilmente conseguirá. Exemplos depropósitos que funcionam como ímã:“participar do projeto de vida de umacasa especial” (no caso de uma cons-trutora); “realizar sonhos de surfis-tas que gostam de baladas, novida-des e têm consciência ecológica”(para uma rede de lojas surfwear);“cuidamos da auto-estima das mulhe-res” (quando se trata de uma indús-tria de cosméticos); “fabricamos ale-gria” (mote de uma indústria de brin-quedos); “servir alimentos de quali-dade, com rapidez e simpatia, numambiente limpo e agradável” (meta deuma rede de fast-food).

Esses propósitos influenciam osprocessos de trabalho nas empresas.As tarefas precisam ser organizadasde tal maneira que as tornem exeqüí-veis. Uma vez compreendido o pro-pósito, cada um dos colaboradoresenvolvidos no processo tem a opor-tunidade de descobrir a melhor for-ma de oferecer sua contribuição paraque seja atingido.

O pior dos mundos

É quando, por ausência de uma vi-são sistêmica, a cunha cria uma for-ça contrária ao ímã. É quando o pro-pósito pretende levar a empresa parao sul, mas a cunha empurra para onorte. Diante disso, em vez do movi-mento, tem-se a estagnação.

Tome como exemplo uma rede delojas de surfwear que tenha aquele talpropósito de realizar sonhos de sur-

Quando a cunha é o

principal meio para

obter resultados,

são considerados

bons profissionais

aqueles que sempre

“atingem seus

números”

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Outubro 2007 – Empreendedor – 17

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial

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fistas. Mas, por conta das metas defaturamento, fica atirando a esmo, natentativa de vender para outros pú-blicos que não correspondem ao de-finido no propósito. Diante do impas-se, cunha e ímã perdem o seu poderde gerar ações e resultados.

Considere outro exemplo: a indús-tria que pretende fabricar alegria pormeio de brinquedos infantis, mas paraatingir seus índices de produtividadeotimiza sua capacidade ociosa paraproduzir itens que não têm nada a vercom o que foi definido.

Esses exemplos são muito comunse sempre acontecem quando a cunhase sobrepõe ao ímã. Melhor será utili-zar apenas um dos meios. Seu uso con-comitante anula o efeito de ambos.

O melhor dos mundos

É bom lembrar que movimento nem

sempre gera uma ação consistente. Osresultados não decorrem de movimen-tos a esmo, mas sim de ações consis-tentes. Ação consistente é aquela emque o ímã atrai e a cunha empurra, numexercício que flui com facilidade, por-que se obtém o máximo de resultadoscom o mínimo de esforços. A essemovimento coerente e consistente, dá-se o nome de efeito-sinergia.

Esse, sim, é o melhor dos mun-dos. O mundo dos resultados, almeja-do por todos os líderes, mas cuja di-nâmica nem sempre é compreendida.

Em resumo:

Não ter cunha nem ímã é comonadar a esmo, contra a maré e des-pendendo um esforço terrível, paramorrer na praia. Imperdoável no mun-do dos negócios!

Adotar ambos os meios em senti-dos contrários, na expectativa de ob-ter os melhores resultados, é comojogar fora a água da bacia do banhodo bebê junto com a criança. O piordos mundos, portanto.

Adotar apenas a cunha ou apenaso ímã para obter resultados é uma me-dida razoável, que até pode gerar bonsresultados. Talvez não o tempo todonem com o máximo potencial.

A maestria na obtenção dos resul-tados está em compatibilizar cunha eímã na medida certa. Trata-se de har-monizar o compromisso emocional,proporcionado pelo ímã, com a ca-pacidade racional, desafiada pela cu-nha, de tal forma que os númerosacrescentem informações e desafiosa um contexto mais amplo, inspiradoem um propósito.

É o alto desempenho.E essa conquista é a lição de casa!

Os resultados não

decorrem de

movimentos a esmo,

mas sim de ações

consistentes. Ação

consistente é aquela

em que o ímã atrai e

a cunha empurra

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Outubro 2007 – Empreendedor – 19

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Edson, da Nexxera:

“Quem desenvolve

a tecnologia são

pessoas, como as

que temos aqui”

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Outubro 2007 – Empreendedor – 21

Novas ferramentas permitem transações eletrônicas

e transmissão de dados, voz e imagens pela rede

por Francis França

Segurança e agilidade. Por trás des-sas duas palavras, está o desenvolvi-mento de ferramentas sofisticadas quevêm transformando o mundo corpora-tivo. São serviços de tecnologia da in-formação, um mercado que movimen-ta, por ano, mais de US$ 1 trilhão emtodo o mundo e agora se dedica à cria-ção de soluções que aumentam expres-sivamente a produtividade nas empre-sas. Uma das facetas desse mercado éconhecida como convergência digital,conceito de uma era em que o empresá-rio pode gerenciar seus negócios dequalquer ponto do planeta onde seja pos-sível conectar-se à internet, como seestivesse no próprio escritório.

Nesse novo ambiente, através deuma única rede, ele pode fazer transa-ções financeiras ou fiscais, reuniões adistância com clientes, transmitir da-dos ou falar por telefone com filiais emdiferentes cidades – e até mesmo paí-ses – utilizando um ramal interno. Comobenefício adicional, desfruta das solu-ções de mobilidade, em que ele temacesso a todos os processos de gestãoda empresa, via celular ou computadorportátil, tanto no escritório quanto emcasa ou no aeroporto.

De acordo com o Índice Brasil deConvergência Digital (IBCD), a con-vergência no país cresceu 13,05% en-tre 2005 e 2006. As vantagens ofere-cidas pelas ferramentas eletrônicas degestão têm atraído cada vez mais em-presas, pela possibilidade de, por meio

de uma senha em um portal digital, serpossível fazer a movimentação finan-ceira da conta, gerenciar a relação comclientes e fornecedores, realizar paga-mentos e recebimentos. A administra-ção on-line desses processos garanteeconomia de tempo e dinheiro, cominvestimentos acessíveis a empresasde qualquer porte.

Os altos custos eram, até hoje, oprincipal empecilho à adoção de solu-ções eletrônicas, mas, fazendo os cál-culos, os processos automatizados ofe-recem economia de 90% em relaçãoaos métodos tradicionais de adminis-tração financeira. A estimativa é da Nex-xera, empresa especializada em ambi-entes eletrônicos de negócios e respon-sável pela criação de recursos comcusto proporcional à necessidade dasempresas, podendo variar de R$ 45,00

Transferênciade ouro

por mês, para as microempresas, a R$5 mil, para as grandes corporações.“Uma pequena empresa gasta por mêsconosco o equivalente a menos de umdia de trabalho de um funcionário”, dizEdson Silva, presidente da Nexxera. Oscustos são calculados com base novolume de documentos bancários queas empresas trafegam via computador.

Diferente dos sistemas de gestãointerna das empresas (ERP), a Nexxe-ra funciona como um ERP de um con-junto de empresas, apresentando, emum único site, as informações comunsentre elas. Uma indústria consegue en-xergar todos os supermercados paraos quais fornece, por exemplo, e o su-permercado tem acesso a todos osseus fornecedores.

As empresas e suas redes de rela-cionamento são integradas através de

Índice Brasil para Convergência Digital e seus componentesDimensões 2005 2006 Variação

Ambiente da Conectividade 7,11 7,78 9,27 %convergência Telecomunicações 5,53 5,83 5,35 %(43% do Índice) Mídia 2,50 2,91 16,20 %

E-commerce 6,76 8,15 20,40 %

Plataforma Hardware 6,87 8,26 20,07 %tecnológica Software 4,48 4,96 10,71 %(28% do Índice) Serviços 4,50 5,16 14,62 %

Formação Inclusão digital 3,69 4,55 23,33 %e inclusão Formação superior em TI 4,68 5,07 8,33 %(29% do Índice) Educação em TI 5,15 5,34 3,57 %

Índice Brasil 5,13 5,80 13,05 %Fonte: Instituto Brasil para Convergência Digital / RCR Consultoria e Gestão

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Capa

22 – Empreendedor – Outubro 2007

sistemas de pagamento e cobrança ele-trônica de contas. Ao acessar o portalna internet, com uma senha que dire-ciona a uma área criptografada parti-cular, o empresário consegue adminis-trar contas bancárias, enviar boletos depagamento para clientes, pagar forne-cedores, emitir notas fiscais, sem gas-tar uma única folha de papel. “Imagineuma empresa com 10 mil fornecedo-res precisar usar o call center para che-car previsão de pagamentos. É um gas-to muito grande com telefone. Com osistema eletrônico, fica tudo publicadona web, a empresa sabe quanto tem apagar e a receber”, diz Silva.

A Danone tem um volume de 70 milcobranças por mês e, até implantar oambiente eletrônico, em maio deste ano,

precisava baixar cada cobrança manu-almente do sistema. Para dar conta dotrabalho, o funcionário precisava che-gar à empresa às 6 h, de segunda a sá-bado. Com o novo sistema, as opera-ções são feitas eletronicamente durantea madrugada, economizando diariamen-te três horas de trabalho. Além do au-mento da produtividade, a Danone re-duziu custos com horas extras, trans-porte e telefonia. “As atividades opera-cionais precisam funcionar, não podemser um empecilho para o negócio. Fre-qüentemente, tínhamos o problema deperder a conexão com a internet e nãoconseguir baixar um arquivo no site dosbancos. Hoje, como fazemos de ma-drugada pelo sistema da Nexxera, eunão corro mais o risco de comprome-ter as vendas do dia”, diz OriovaldoFilho, gerente financeiro da Danone.

A empresa implantou também o sis-tema de cobrança eletrônica, que en-caminha o boleto por e-mail para os cli-entes cinco dias antes do vencimento,com a possibilidade de, para quem nãoestá cadastrado, acessar o documentodiretamente no site da Nexxera. Segun-do o gerente financeiro, a solução re-duziu o custo de ligações recebidas via0800 para solicitação de segunda via.Quando o cliente visualiza o boleto, oacesso é registrado, para comprovar oconhecimento da dívida. Se o docu-mento não for acessado no site, o sis-tema encaminha para a gráfica, e a em-presa manda pelo correio. Caso o cli-ente não pague até a data de vencimen-to, o site oferece uma ferramenta querecalcula o valor da cobrança e emite asegunda via eletronicamente.

A Nexxera atende a uma demandade 500 empresas diariamente, e, para

implantar a tecnologia em todo o siste-ma, demora apenas um dia. Tanto a par-te financeira quanto a tecnológica sãoprojetadas pelos irmãos e sócios Ed-son e Edenir Silva.

Quando foi fundada, em 1992, aNexxera vendia softwares de terceiros,voltados à comunicação corporativa.Em 1996, decidiram investir em tec-nologia própria e viram o faturamentoda empresa cair para zero de um mêspara outro. Aos poucos, foram conquis-tando grandes contas, primeiro com sis-temas avançados de comunicação en-tre pontos distantes nas empresas e,mais tarde, começaram a agregar pro-cessos de gestão financeira. Hoje, alémda Danone, atendem também a outrasgrandes companhias como Bosch, Per-digão, Bradesco e Tramontina.

Tecnologia nacional

Com sede em Florianópolis, a Nex-xera compete no mercado com gigan-tes como IBM e Microsoft e, segun-do Edson Silva, não se intimida com oporte das concorrentes. “Quem desen-volve a tecnologia são pessoas, comoas que temos aqui”, diz ele, que já ven-ceu a General Eletric em concorrên-cias internacionais com a tecnologia100% brasileira.

Para atender aos padrões das mul-tinacionais, a Nexxera é auditada fre-qüentemente segundo padrões interna-cionais, como o Citibank, que realizaas auditorias baseado nas leis norte-americanas. “Chega ao ponto de nãopodermos ter quaisquer placas de indi-cação sobre onde estamos no prédio,porque, se alguém invadir a empresa,não saberá em que setor está”, diz.

Transações financeiras nas empresas

PORTE TED DINHEIRO CARTÃO CHEQUE

Micro 2% 67% 6% 22%

Pequena 7% 31% 5% 55%

Média 12% 19% 5% 63%

Fonte: Sebrae

Guerra: maior produtividade,processos simples e oportunidadesde ampliação de mercado

RC

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INDEX OPEN

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Outubro 2007 – Empreendedor – 23

A empresa tem um setor inteiro sópara análise de segurança, e os dadossão arquivados em dois data centers es-pelhados, um em Florianópolis e outrono Rio de Janeiro, que trabalham comprocessos idênticos e simultâneos.“Tudo o que acontece neste momentonum data center acontece no outro. Seum avião cair neste prédio, o outro as-sume na mesma hora”, explica. O pro-cesso é repetido dentro do próprio ban-co de dados, em que todas as máqui-nas são duplicadas, e algumas são es-pelhadas dentro delas mesmas.

Além da gestão eletrônica, as ferra-mentas desenvolvidas pela Nexxera per-mitiram uma revolução na vida finan-ceira das empresas. Por meio de con-vênios firmados com todos os bancos,tornou possível a antecipação de cré-ditos a receber com taxas de juros equi-valentes a operações de baixo risco. Umpequeno fornecedor que tenha paga-mentos a receber de um grande vare-jista, por exemplo, pode antecipar es-ses valores pagando ao banco taxas emtorno de 2,5% ao mês.

De acordo com dados do Sebrae,as transferências eletrônicas repre-sentam pouco mais do que 2% dastransações de microempresas, 7% nasde pequeno porte e 12% nas compa-nhias de médio porte. De acordo comAlexandre Guerra, consultor do Se-brae nacional, em médio e longo pra-zos elas tendem a perder mercadopara as empresas que adotam proces-sos automatizados, e, por isso, têmmelhor poder de negociação. “Essasempresas precisam entender os be-nefícios dos meios eletrônicos depagamento para o seu negócio, comoaumento de produtividade, simplifi-cação de processos e identificar asoportunidades de ampliação de mer-cado”, diz.

Segundo o consultor, para expan-dir o mercado junto às empresas de me-nor porte é necessário aumentar a es-cala de produção das soluções tecno-lógicas e conhecer as necessidades dospequenos negócios. Para Guerra, a im-plantação dessas ferramentas vai de-

Sem filasPara comemorar o aniversário de

15 anos, a Nexxera preparou um novosalto tecnológico marcado pelo lan-çamento do sistema “Sem Filas”, soft-ware de gerenciamento de contas.Mais eficiente do que o próprio in-ternet banking, o sistema envia os da-dos da conta para o celular do usuá-rio sem a necessidade de preenchercódigos. Na data do vencimento, apessoa precisa apenas autorizar o pa-gamento, e o crédito vai direto para

a conta do prestador de serviço.A segurança foi um aspecto impor-

tante no desenvolvimento da solução.O sistema usa redes seguras de cone-xão com criptografia e VPN (RedePrivada Virtual, na sigla em inglês),que garantem um ambiente estávelpara autorização. Em desenvolvimen-to há dois anos e com investimentode R$ 2,5 milhões, o “Sem Filas”pode ser aplicado a qualquer tipo deconta bancária.

ELIANA VIEIRA

Nexxera: dadosarquivados em dois datacenters espelhados, um

em Florianópolis e outrono Rio de Janeiro

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Capa

24 – Empreendedor – Outubro 2007

mandar, antes de tudo, investimento nacapacitação desses empresários.

A estratégia da Nexxera para con-quistar esse público é demonstrar asimplicidade e os baixos custos de im-plantação da tecnologia. Segundo Ed-son Silva, todo o sistema fica armaze-nado no data center, sem a necessida-de de instalar softwares na máquina docliente, que só precisa de um ponto deacesso à internet. Para chegar até es-ses empresários, a Nexxera conta comincentivadores, chamados “hubs”,como os grandes varejistas, que aca-bam estimulando a adoção de ferramen-tas eletrônicas pelas empresas com asquais se relacionam.

“Nós fizemos um estudo com milempresas de pequeno porte, e todas ade-riram ao modelo, porque não gastaramquase nada e passaram a ter gerencia-mento sobre o seu fluxo de caixa”, dizSilva, que trabalha atualmente com 300corporações que envolvem milhares deempresas. Em um dos casos, uma úni-ca indústria alimentícia tem 52 mil for-necedores e 102 mil clientes no varejo.

Com faturamento de R$ 28 milhõesem 2006, a Nexxera pretende crescer1.000% em cinco anos e chegar a 2012com R$ 280 milhões. A projeção é fei-ta com base em contratos já fechadossó no mercado nacional. A internacio-nalização da empresa também já estáem fase de negociação com investi-dores. A meta é, até o final do ano quevem, começar as operações nos Esta-dos Unidos e na China, além de umpaís na Europa e outro na Ásia queainda não foram definidos.

O maior desafio, segundo Silva, édesenvolver estrutura para atender àdemanda e manter o ritmo de inova-ção. “Temos que pensar num conceitode serviço, e não mais de venda de so-luções. Quando desenvolvemos tecno-logia e permitimos o acesso, as empre-sas se interessam mais, porque deixamde ter custo de aquisição, manutenção,upgrade. Com o conceito de licença,isso acaba. A tecnologia tende a virarcommodity, por mais sofisticada queseja”, diz Silva.

Serviços digitais reconfiguram a

comunicação e a maneira de fazer negócios

Três em um

Principal motor da convergênciadigital, a plataforma IP permitiu inte-grar transmissão de dados, voz e ví-deo, alterando definitivamente a ma-neira de fazer negócios. Com as no-vas ferramentas, é possível manter-se permanentemente on-line, em con-tato com clientes e colaboradores, aqualquer hora e em qualquer lugar. Osegmento de maior sucesso da plata-forma é o sistema VoIP (voz sobre IP),que deve gerar este ano receita supe-rior a US$ 6 bilhões no mundo inteiro,e, no Brasil, cresce a uma taxa de 22%ao ano. Segundo pesquisa do IDC, oVoIP deve ultrapassar a telefonia tra-dicional no país em 2010.

Além da eficiência, a comunica-ção via internet proporciona econo-mia de até 70% em relação ao servi-ço tradicional e se consagra como ten-dência mundial. As próprias operado-ras de telecomunicação começaram aoferecer os serviços de VoIP, e os fa-bricantes já lançam equipamentos quesuportam tanto o modelo antigo quan-to o digital.

A Intelbrás, líder no mercado bra-sileiro de centrais telefônicas, lançouno segundo semestre seu primeiro apa-relho telefônico com tecnologia IP, quedispensa o uso de roteador e permitea conexão com até três linhas de ope-radoras VoIP. De acordo com Álvaro

Videoconferênciaseconomizam tempo edinheiro gasto em viagens

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Outubro 2007 – Empreendedor – 25

dos Santos, da área de marketing deprodutos da Intelbrás, a tecnologiadeve se tornar mais barata e acessívelde acordo com o aumento da deman-da. “O mundo vai caminhar para oVoIP. Se compararmos com outrospaíses, as empresas já baratearam oscustos prometendo até 24 Mb ao usu-ário final, com transmissão, inclusi-ve, de TV pelo link”, diz.

Quando fala em custos, Santos re-fere-se ao preço da qualidade. Paragarantir o fluxo de transmissão dassoluções chamadas de triple play –dados, voz e vídeo –, é necessárioter uma linha exclusiva para internet,conhecida como link dedicado ou linkcorporativo, que é diferente da po-pular ADSL, de uso doméstico. A in-ternet dedicada tem velocidade e ban-da garantida pelas operadoras, masexige investimentos ainda inacessí-veis à maior parte das pequenas em-

presas. O custo de um link dedicadode 2 Mb, por exemplo, passa de R$ 1mil por mês.

Em pouco tempo, não só a deman-da pelos links corporativos vai impul-sionar o barateamento dos serviçoscomo o aumento no número de aces-sos vai levar à expansão da própria in-ternet no mundo todo. A partir de 2010,deve entrar em cena o IPv6, nova ver-são do IP que aumenta de 32 para 128bits o número possível de endereçosde internet. A ampliação tem propor-ções astronômicas. Para se ter umaidéia, o IPv4, que é o modelo atual de32 bits, suporta cerca de 4 bilhões deendereços. Com o IPv6, esse númeroseria de 340 bilhões, seguido por mais27 casas decimais. Na prática, cadacomputador voltará a ter o seu pró-prio número de identificação – comoera no início da internet.

Ampliação de banda

Para a transmissão de uma estru-tura maior de dados, como a TV di-gital, também conhecida como IPTV,será necessária ainda a ampliação debanda da internet. Essa tecnologia, en-tretanto, não tem data para começara ser utilizada no Brasil, pois aindadepende de regulamentação e investi-mento por parte das operadoras detelecomunicação. A IPTV será seme-lhante à TV a cabo, com a diferençade que os dados chegarão pela linhatelefônica e serão lidos por um mo-dem triple player, que vai converter ainformação e exibi-la no televisor.

Por enquanto, as empresas têmdesfrutado ao máximo as possibilida-des oferecidas pela telefonia digital.

Quando um cliente telefona para aKatálysis, empresa de equipamentosde instrumentação científica, a pri-meira coisa que percebe é a inovaçãono sistema de ramais: em vez de digi-tar, é preciso falar a opção desejada.

E essa é só a parte audível das mu-danças. Com a adoção do sistemaVoIP nos três escritórios que a em-presa mantém em São Paulo, SantoAndré e Rio de Janeiro, os gastos comtelefone caíram pela metade. Os in-terurbanos entre os escritórios pas-saram a ser feitos via ramal, e o con-tato com as duas empresas que re-presenta, na Inglaterra e no Canadá,teve custo reduzido.

A empresa tem dois números ex-ternos de telefone, um no Rio de Ja-neiro e outro em São Paulo, mas to-das as ligações são processadas pelomesmo servidor, que repassa para oramal necessário, independente da ci-dade ou do país em que o responsá-vel pelo setor esteja. O ramal podeser levado para qualquer lugar em um

INDEX OPEN

Receita gerada peloserviços de IPem todo o mundo

2006 4,6 BILHÕES2007 6 BILHÕES

Número de usuáriosde telefonia IPno Brasil

2006 213 MIL2007 420 MIL

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Capa

26 – Empreendedor – Outubro 2007

notebook, então até os funcionáriosque trabalham a partir do home officeficam disponíveis pelo telefone geral.

O sistema VoIP foi instalado na Ka-tálysis há um ano e já apresenta resul-tados positivos. A empresa vai passar ausar um ramal portátil instalado no no-tebook inclusive nas viagens de negó-cios ao exterior, em vez de habilitaruma linha internacional de celular. “Naúltima viagem, dois funcionários pas-saram duas semanas nos Estados Uni-dos e gastaram com celular o equiva-lente ao consumo mensal de telefonedos três escritórios. Com o VoIP, nos-so gasto adicional é zero”, diz Hélio Mi-nei, diretor de TI da Katálysis.

A empresa investiu R$ 50 mil emferramentas de convergência e pagacerca de R$ 4,5 mil por mês pelos ser-viços. Além da telefonia, os escritóriostambém mantêm contato por videocon-ferência e têm sistema de compartilha-mento de vídeos para fazer semináriosa distância. Segundo Minei, o investi-mento compensa, e já existe projetopara implantar ramais VoIP nos escri-tórios no exterior. “Hoje, o tempo émuito escasso, e com essas soluçõeseconomizamos um tempo que gastaría-mos em viagens para fazer reuniões evisitas de suporte a clientes”, diz.

Soluções sofisticadas exigemequipamentos potentes que, por suavez, são caros e se tornavam umobstáculo à informatização das em-presas. Com o surgimento dos datacenters, essa barreira foi removidapela possibilidade de terceirizar agestão dos sistemas das empresas.Os bancos de dados apresentam po-tencial de crescimento expressivo

e têm mais a ver com os bancos tra-dicionais do que se imaginava.

“Cada vez mais, as empresas per-cebem que não é seguro guardar todaa informação da companhia em um dis-co magnético dentro da própria em-presa, é preciso colocar isso em umbanco de dados”, diz o consultor doSebrae Jorge Pereira. Segundo ele, osdata centers proporcionam tanta se-gurança para os dados das empresasquanto um banco para o dinheiro.

Mesmo com as garantias, antesde implantar sistemas de gestão e mi-grar todos os dados da empresa paraum local terceirizado, é importantechecar se a empresa se adapta a essepadrão. A NetMicro, integradora desoluções corporativas de TI, teleco-municação e internet, oferece um pe-ríodo de testes para o cliente se adap-tar às mudanças e entender melhoros benefícios mensuráveis da solu-ção. “Qualquer nova tecnologia, emqualquer tipo de ambiente, precisa deum plano piloto e testes de aderên-cia antes da sua efetiva adoção”, dizJoão Alfredo Pimentel, sócio-diretorda NetMicro.

Segundo ele, são feitas análises deimpacto e acompanhamento de todoo plano de capacitação. As possibili-

Pereira: guardar toda ainformação da companhia emum disco magnético não é seguro

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Outubro 2007 – Empreendedor – 27

O segmento de produtividade é oque mais cresce entre as tecnologiaspara a convergência. Aparelhos de ce-lular que funcionam como ferramen-tas de trabalho e parecem computa-dores em miniatura são cada vez maiscomuns entre os executivos que que-rem ter o escritório sempre na palmada mão. A tendência para a tecnolo-gia não é necessariamente tornar osequipamentos menores, mas ofere-cer cada vez mais funcionalidades nomesmo espaço.

É o que prometem os modelosQ GSM e A1200 da Motorola. O pri-meiro tem display maior, com te-clado igual ao do computador, parafacilitar a navegação na internet. Oaparelho roda o sistema operacionalWindows e permite não só abrircomo também editar arquivos doMicrosoft Office, além de abrir ar-quivos compactados.

O modelo A1200 vem com sis-tema Linux, com tela sensível atoque e flip transparente. O mo-delo não tem teclado, e, para es-crever uma mensagem, a pró-pria tela transforma-se em umteclado touchscreen, quepode ser digitado com os de-dos ou com a ajuda de umacanetinha que acompanhao aparelho. O A1200 tam-bém permite acesso aosdocumentos do Office,mas sem a função de edi-tar. Outra ferramentadisponível é o leitor decartão de visita, emque o usuário tira umafoto do cartão, e oaparelho é capaz deler e armazenar osdados na agenda,sem a necessidade dedigitar. “Todas essasferramentas dão agilida-de para um executivo quetrabalha fora do escritório, como um

executivo de vendas, que viaja mui-to”, diz Renato Citrini, gerente de pro-dutos da Motorola Brasil.

Segundo ele, com a chegada daterceira geração na telefonia móvel,será possível, com a conexão maisrápida, oferecer serviços de video-conferência e outras ferramentasmais complexas que os aparelhosainda não suportam. A terceira ge-ração dos celulares, popularmentechamada de 3G, já está consolidadana Europa, mas no Brasil ainda de-pende de regulamentação.

A Agência Nacional de Telecomu-nicações (Anatel) pretende realizar oleilão das faixas de freqüência até ofinal deste ano, e os serviços devemcomeçar a ser oferecidos ainda em2008. “Os serviços que eles já têm[na Europa] vão chegar aqui de umamaneira muito mais rápida, porque jáestão desenvolvidos”, diz Citrini.

Escritório de bolso

Linha Direta

Alexandre Guerra: (61) 3348-7238

Álvaro dos Santos: (48) 3281-9769

Edson Silva: (48) 2106-5698

Hélio Minei: (11) 2122-0206

João Alfredo Pimentel: (11) 4191 8233

Jorge Pereira: 0800 7280202

Oriovaldo Filho: (11) 2144-5170

Renato Citrini: (11) 3847-6686

dades de crescimento da empresatambém são estudadas. A NetMicromonitora as evoluções na infra-estru-tura que o negócio exige e adapta osserviços conforme a demanda.

Para o consultor Jorge Pereira, assoluções digitais de transmissão e ar-mazenamento de informações devemtransformar rapidamente o mundo cor-porativo, e o ganho com a convergên-cia será significativo para o mercado.A falta de conhecimento sobre as so-luções tecnológicas ainda é um empe-cilho para as empresas de pequenoporte, mas, segundo ele, a reduçãode custos vai acabar superando osfatores culturais. “As pessoas vão seacostumando e passam a confiar nainformação digital. Não tem como omundo empresarial não evoluir para100% de convergência.”

Pimentel, da Net Micro:qualquer nova tecnologiaprecisa de testes de aderência

Page 28: Empreendedor 156

Mercado

28 – Empreendedor – Outubro 2007

Mulheres dominam o

mercado de artesanato,

que movimenta mais de

R$ 28 bilhões ao ano

por Ana Carolina Dionísio

Cantando “Mulher rendeira” nasandanças pelo Nordeste no início doséculo XX, o bando de Lampião pro-punha uma troca para as moças doslugarejos por onde passava: “Tu meensina a fazer renda, que eu te ensino anamorar”. Quase 70 anos depois damorte do cangaceiro, o “fazer renda”continua sendo considerado uma prá-tica feminina. O mesmo ocorre com obordado, a cestaria, a tecelagem e ou-tras formas de artesanato. DurceliceMascêne, coordenadora do Programade Artesanato do Sebrae, afirma que nãohá um diagnóstico atual formalizado domercado de artesanato, mas estima quea participação feminina varia de 70% a80%. Na Superintendência do Traba-

Sucesso feito à mãolho Artesanal das Comunidades do Es-tado de São Paulo, 75% dos profissio-nais cadastrados são mulheres. Na Art-Mundi, uma das principais feiras inter-nacionais de artesanato do país, reali-zada em setembro, elas representavam70% dos expositores.

Durcelice destaca a habilidade manu-al e a capacidade criativa como fatoresdo predomínio feminino no ramo. ParaMalba Aguiar, consultora que em 30 anosjá atuou em projetos para o artesanatoem instituições governamentais e no Se-brae, a atividade possibilita que a mulhercomplemente a renda familiar sem pre-cisar sair de casa. “No Nordeste, isso émuito forte, principalmente entre as ren-deiras, tecelãs, bordadeiras. Estatistica-mente, não sei, mas a predominância damulher com certeza é maior.”

Com um papel tão relevante no ramo,as artesãs têm mexido com mais do quecorações de cantadores. No Brasil, acadeia produtiva do artesanato envolve8,5 milhões de pessoas e em 2000 jámovimentava R$ 28 bilhões por ano, deacordo com o Ministério do Desenvol-

vimento, Indústria e Comércio Exterior.E o volume de exportações cresce acada ano, segundo dados da Agênciade Promoção de Exportação e Investi-mentos (Apex-Brasil). Em 2002, omontante ficou em US$ 10 mil. Em2003, alcançou a cifra de US$ 203 mil.Em 2004, US$ 400 mil e, no ano pas-sado, as exportações saltaram para US$2,1 milhões, dos quais US$ 621 milgerados por Minas Gerais.

Seja como complemento de renda,seja como opção de independência fi-nanceira ou oportunidade de negócio,a atividade tem possibilitado a difusãode manifestações culturais tradicionaisatravés da inserção no mercado. Vailonge o tempo em que, para ser arte-são – ou artesã –, era preciso apenastalento. “Só duas coisas diferenciam oartesão de outro empresário: o produtodele é predominantemente manual e temuma base cultural. No mais, esse arte-são está voltado para o mercado e temque usar as estratégias de qualquer ou-tro empresário”, diz Malba.

Itens como design, marca, embala-

Mercado

Sucesso feito à mão

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Outubro 2007 – Empreendedor – 29

gem e preço devem ser planejados noproduto artesanal da mesma forma queos de outros setores. E, mesmo reguladopelas leis de oferta e procura, deve teruma referência cultural, estar ligado aoseu lugar de origem. A transmissão dastécnicas produtivas através de gerações,o uso de matérias-primas característicasda região e a representação de temáticasda cultura local são alguns itens que dife-renciam a peça artesanal da manual, queé simplesmente feita à mão.

A joalheira Adeguimar Arantes, 46anos, de Goiás, conseguiu aliar habili-dade artesanal com sucesso mercado-lógico. Foi ao “artesanar” suas jóias queela consolidou seu posicionamento nomercado. Filha de joalheiro, Adeguimarexerceu a atividade apenas manual en-tre 1985 e 2002. Neste tempo, aban-donou a carreira de funcionária públi-ca para abrir um ateliê em Caldas No-vas, a 160 quilômetros de Goiânia. Apósparticipar de um projeto do Sebrae-GO,decidiu fortalecer a identidade culturaldos produtos para lhes agregar valor.O lançamento da coleção Karajás, comjóias que buscam retratar aspectos cul-turais da tribo indígena do cerrado goi-ano, representou um marco na sua obra.“Foi depois que ela se tornou artesanatoque comecei a ganhar dinheiro. As pes-soas passaram a ter um olhar diferente.Antes, era só beleza”, afirma.

De lá pra cá, o reconhecimento sótem crescido: vencedora dos prêmiosTop 100 Artesanato e Mulher Empre-endedora, do Sebrae, Adeguimar parti-cipa todos os anos de exposições cole-tivas e já foi duas vezes mostrar seutrabalho em Milão, onde também temrepresentação comercial. Além de visi-bilidade, ela conseguiu segurança nonegócio. Abriu uma empresa, a Jazidasde Goiás, para comercializar os produ-tos feitos no ateliê. O marido deixou oemprego para trabalhar com ela e cui-da da parte administrativa da empresa,com o auxílio da filha. O filho gerenciaa comunicação eletrônica e a divulga-ção, fotografando as jóias e formulan-do folders. “E a gente estimulou e mos-trou o caminho para outras pessoas,

que também abriram negócios na áreade joalheria”, diz. Adeguimar ressaltaque a participação em cursos da áreade gestão, principalmente em cursos doSebrae, foi fundamental para a conso-lidação da Jazidas de Goiás. “Mas mui-ta coisa aprendi errando. Foi difícil so-breviver a todos os planos econômi-cos do país, até criar uma certa estabi-lidade”, afirma.

Com um público fidelizado, Adegui-mar afirma que a divulgação de seusprodutos é feita pelos próprios clien-tes. A estratégia de Jadires Aires Pimen-ta, artesã de 36 anos, é diferente. EmPonte Alta do Tocantis, a 200 quilôme-tros de Palmas, ela também produzbrincos, anéis e colares, mas não demetal. Sua matéria-prima é o capim-dourado, planta típica do cerrado doJalapão, no leste do Estado, que tem setornado a principal fonte de renda dapopulação local. Jadires aprendeu a te-cer a planta com sua mãe, mas demo-rou a deixar de lado o crochê e o bor-dado, que lhe rendiam cerca de R$ 200mensais. “No começo, não queria, por-que machuca as mãos. Fica igual dequem trabalha na roça”, diz.

Percebendo a demanda crescentepelos acessórios, bolsas e peças de de-coração feitos com a planta, resolveutrocar os novelos de linha pelos maçosde capim. “Quando comecei a traba-lhar com o capim-dourado, era umcomplemento de renda. Depois, vi que

era mais do que isso. Aí resolvi enca-rar mesmo, vi que valia a pena investirno negócio”, conta. Participou de cur-sos do Sebrae-TO e do Programa Co-munidade em Ação, resultado de par-ceria entre governos estadual e fede-ral. Conseguiu um microcrédito noBanco da Amazônia para compra dematéria-prima, e incentivou os filhos eo marido, que trabalhava como moto-rista, a participarem da produção. “De-pois, não quis mais fazer financiamen-to. Os juros são muito altos”, diz.

A falta de crédito para o artesanato éuma das principais dificuldades aponta-das por Jadires para exercer a atividade.Ela afirma que participar de feiras, porexemplo, ainda não é possível pela faltade recursos. Mas ela já conse-guiu comprar um compu-tador e instalar um pontode acesso à internet emcasa. A rede é seu principalmeio de divulgação. Expõeem dois portais voltados aomercado norte-americano ejá vendeu peças para a Su-íça, Alemanha e Canadá,mas a maior parte dos clien-tes estão no Brasil. “Passohoras colocando anúnciosem todos os classificadosgrátis que encontro. Voujuntando tudo, cuidar dacasa, costurar capim e fi-car na internet”, diz.

Outubro 2007 – Empreendedor – 29

Coleção Karajás, de Adeguimar:

jóias retratam aspectos culturais

da tribo indígena goiana

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Mercado

30 – Empreendedor – Outubro 2007

O que antes ia para o lixo hoje gerarenda e reconhecimento para mulhe-res de pescadores de Corumbá, Co-xim e Miranda, no Mato Grosso doSul. O couro de peixe tornou-se, nasmãos destas artesãs, matéria-primapara confecção de agendas, carteiras,brincos, colares, bolsas e roupas. Como apoio do Sebrae e do Programa Ta-lentos do Brasil, do Ministério do De-senvolvimento Agrário, elas se reuni-ram em associações para buscar maisespaço no mercado.

Marlene Mendonça, 43 anos, foi umadas fundadoras, em 2002, da Associa-ção Reciclando o Peixe, de Coxim, 240quilômetros ao norte de Campo Gran-de. Afirma que, além da complementa-ção de renda, a atividade mexe com aauto-estima das associadas. “A mulherdo pescador sofre muita discriminação.A maioria é semi-analfabeta. Tem difi-culdade de acesso ao mercado de tra-balho. Aqui elas se sentem empresárias.”Em 2006, a Arpeixe estava entre os ven-cedores do Top 100 Artesanato do Se-brae, que premia as 100 melhores uni-dades produtivas do país, e participa-ram da Rio Fashion Week.

Do outro lado do Pantanal, em Co-rumbá, a 420 quilômetros de CampoGrande, está a Associação Mulheres

Mulheres de pescadores fazem produtos a

partir do couro do peixe, antes jogado fora

Do lixo para o ateliê

Organizadas Reciclando o Peixe (Amor-Peixe), fundada em 2003. A ex-presi-dente, Wânia Alecrim de Lima, de 39anos, ganhou em 2005 o Prêmio Mu-lher Empreendedora do Sebrae e estavaentre as finalistas do Prêmio Cláudia2006, reconhecimentos pelo trabalhodela junto às mulheres de pescadores,que envolve não só a geração de renda,mas também educação ambiental. Mãede quatro filhos, Wânia não trabalhavafora de casa até participar de uma capa-citação do Senai sobre o couro de pei-xe. Além de aprimorar suas habilidadescom artesanato, buscou concluir seusestudos. Fez um supletivo para termi-nar o Ensino Médio e, com o dinheiroda venda dos móveis da sua copa, ma-triculou-se na faculdade de turismo.

Percebendo a inovação representa-da pelo couro de peixe, tentou organizaras mulheres da comunidade para pro-duzir artesanato com ele. Após tentati-vas frustradas, conseguiu uma doaçãoda WWF Brasil, onde já estava estagi-ando, para o capital de giro da associa-ção, que teve assessoria do Sebrae.“Muitos não acreditavam, achavam queera um sonho. Mas quando eu acreditoem algo, vou embora”, diz. Hoje, as dezintegrantes da associação têm uma ren-da de cerca de R$ 400 mensais. “A pele

do peixe se tornou melhor pra gente doque a carne. Com um quilo de piranha,ganha-se R$ 3,50 com a venda da car-ne e R$ 50 com o couro”, afirma Wâ-nia, que abandonou a faculdade de Tu-rismo, formou-se em Zootecnia no anopassado, e faz pós-graduação em Edu-cação e Gestão Ambiental. Desvinculou-se da associação, e agora dá palestras epresta consultorias para geração de ren-da em comunidades de pescadores, in-clusive fora do Brasil. E ela não está aco-modada: “Ainda quero fazer doutorado.Nem que seja com 45 anos.”

Trabalho de Wânia envolve não

só geração de renda, mas

também educação ambiental

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Outubro 2007 – Empreendedor – 31

Linha Direta

Adeguimar Arantes: [email protected]

Associação das Paneleiras de Goiabeiras:(27) 3327-0519

Amor-Peixe: (67) 3232-2325

Arpeixe: (67) 3291-3984

Jadires Pimenta:

[email protected]

Wânia Alecrim: [email protected]

No bairro de Goiabeiras, em Vitó-ria, fazer panelas de barro é um ofíciopassado de mãe para filha há gerações.Antes produzindo individualmente emcasa, há 18 anos as paneleiras de Goi-abeiras decidiram se juntar em uma as-sociação. Hoje, a Associação de Pane-leiras de Goiabeiras reúne 40 artesãs,que têm um galpão onde podem mol-dar e queimar as peças produzidas. Ogalpão também é o principal ponto-de-venda dos produtos. Cada associadapaga uma mensalidade de R$ 7, quecusteia as contas de água, luz e possí-veis reformas na instalação.

Lucilina Lucidato, 65 anos, é a atualpresidente da Associação. Conta que,“no começo, era muito difícil”, mas cadaano as paneleiras conseguiam mais in-centivos para continuarem trabalhando.Contrataram um rapaz para extrair eamassar o barro. A prefeitura cede umcarro para transportar o barro, colhidono Vale de Mulembá, também em Vitó-ria. Empresas de construção civil repas-sam a madeira utilizada nas obras paraelas queimarem as panelas. Em 2002, oofício de paneleira foi tombado comopatrimônio cultural pelo Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal (Iphan), que em agosto deste anolançou um catálogo sobre a atividade.

É possível comprar panelas a partirde R$ 3 na Associação. Lucilina nãocontabiliza quanto cada associada ar-recada com a venda dos produtos, masafirma que sua renda com a atividadevaria de R$ 300 a R$ 400. Ela reclama,contudo, que o acesso difícil ao bairroatrapalha as vendas e que um dos obje-tivos da associação é facilitá-lo.

O Sebrae capacitou as paneleiras

Ofício de paneleiras do ES

é tombado pelo Iphan, e

artesãs ganham catálogo

Patrimônionacional

para o associativismo, considerado, as-sim como o cooperativismo, uma for-ma de superar as dificuldades de mer-cado. “A participação em associaçõese cooperativas facilita a compra con-junta, a articulação de parceiros pracomprar matéria-prima, a construçãode infra-estrutura, além de aumentar acapacidade produtiva”, afirma Durce-lice Mascêne, coordenadora do Progra-ma de Artesanato do Sebrae.

É difícil contabilizar quantas associa-ções e cooperativas de artesãos existemno país, mas só o Sebrae ajudou a orga-nizar 200. Além da capacitação para ad-ministrar, associados e cooperados re-cebem também orientações sobre produ-ção em conjunto. “Como o artesão é in-dividualista, isso tem que ser muito tra-balhado; o associado não vai dividir oconhecimento, mas somar esforços praatingir o mercado”, diz Durcelice.

Para superar as dificuldades de

mercado, o Sebrae capacitou as

artesãs para o associativismo

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Gestão

32 – Empreendedor – Outubro 2007

ImagemmanchadaDesrespeito ao Código de Defesa do Consumidor

ainda é realidade em muitas empresas

por Francis França

Produto com defeito ou serviço

mal prestado, aliado a um atendimento

pós-venda precário, é a fórmula per-

feita para tirar o cliente do sério. Es-

ses são os erros mais comuns come-

tidos pelas empresas, que acabam fi-

gurando nas listas de reclamação dos

consumidores. Segundo Roberto

Pfeiffer, diretor-executivo do Procon/

SP, para preservar a imagem junto aos

clientes, é preciso se preocupar em

apresentar soluções rápidas para os

problemas. “Não adianta atender bem

o cliente na hora de vender e estar

despreparado quando surgem os pro-

blemas”, diz.

Os órgãos de proteção e defesa do

consumidor divulgam, regularmente,

rankings de reclamações fundamenta-

das, isto é, que geram processos ad-

ministrativos. Os setores campeões de

reclamação são as empresas de tele-

fonia fixa, seguidas dos fabricantes de

aparelhos celulares e das empresas de

cartão de crédito.

A inclusão na lista de reclamações

não é considerada uma punição, mas

arranha a credibilidade das empresas,

que perdem pontos na confiança dos

consumidores. O acesso à informação

permite que o consumidor escolha os

fornecedores com melhor reputação e,

nos segmentos onde haja pouca ofer-

ta, esteja ciente dos problemas que po-

dem ocorrer e decidir se vai ou não

contratar determinada empresa.

As punições previstas no Código

de Defesa do Consumidor incluem

desde multa – que pode variar de R$

200,00 a R$ 3 milhões – até veicula-

ção de contrapropaganda. O cadastro

no ranking de reclamação, segundo

Ricardo Morishita, diretor do Depar-

tamento de Proteção e Defesa do Con-

sumidor (DPDC), garante transparên-

cia aos consumidores com relação ao

comportamento das empresas diante

das reclamações dos clientes.

As penalidades impostas pelo Pro-

con são apenas administrativas, com

o objetivo de responsabilizar as em-

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Page 33: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 33

presas por desrespeito aos direitos do

consumidor. Entretanto, se o objetivo

for receber indenização pelo dano cau-

sado por uma empresa, o melhor ca-

minho é entrar com um processo na

Justiça comum. “O Procon pode noti-

ficar a empresa e dar subsídios para

provar responsabilidades, mas, em al-

guns casos, principalmente quando o

dano é subjetivo, é necessário entrar

na Justiça para garantir a reparação”,

explica a advogada Fabiana Bona.

Se conquistar um cliente é difícil,

reconquistá-lo, depois de uma recla-

mação, exige um esforço muito maior

dos empresários. A primeira providên-

cia que precisa ser tomada, diz Ro-

berto Pfeiffer, é descobrir o que levou

o consumidor a reclamar, aprender

com o erro e resolver o problema. Ele

recomenda que a empresa adote me-

canismos de resolução interna, como

os call centers. “Se a empresa tem

uma boa comunicação com o consu-

midor e consegue ter canais rápidos

de solução, sem precisar recorrer a

órgãos externos, o prejuízo é muito

menor”, diz.

Além de chamar a atenção dos con-

sumidores para as empresas com mai-

or número de reclamações, o ranking

orienta também as atividades de fisca-

lização do próprio Procon. “Damos pre-

ferência aos setores com maior impacto

para a sociedade, o que acaba redun-

dando em um maior número de multas

aos reincidentes”, diz Pfeiffer. Para

melhorar a relação com os consumi-

dores, o Procon/SP realiza reuniões

periódicas, chamadas de câmaras téc-

nicas, divididas por setores, para ori-

entar as empresas a se readequarem.

Os bancos passaram a obedecer às

normas do Código de Defesa do Con-

sumidor no final de 2006, depois de

uma decisão do Supremo Tribunal Fe-

deral, mas já ocupam a quarta posição

na lista de reclamações por causa da

resistência em aplicar o Código. Com

as empresas de telefonia fixa, o pro-

blema, segundo Pfeiffer, é a falta de

concorrência nas áreas de concessão.

“Infelizmente, as empresas tendem a

ser monopolistas em suas áreas de con-

cessão, e, obviamente, a falta de con-

corrência induz ao menor respeito aos

direitos do consumidor”, diz.

Presente em nove Estados e no Dis-

Linha Direta

Fabiana Bona: (48) 9153-0909

Ricardo Morishita: (61) 3429-3105

Roberto Pfeiffer: (11) 3824-0446

trito Federal, a empresa de telefonia

fixa Brasil Telecom se defende dizen-

do que o número de reclamações nos

órgãos de defesa do consumidor é

maior porque o número de clientes é

muito grande. De acordo com a as-

sessoria de imprensa, o número de re-

clamações atendidas entre fevereiro e

julho deste ano foi 53% menor do que

no mesmo período do ano passado, e

85% dos casos foram solucionados.

A empresa não divulga o número ab-

soluto de reclamações. Ainda segun-

do a assessoria de imprensa, a empre-

sa desenvolve um “constante trabalho

interno de redução das reclamações e

melhoria no índice de atendimento ao

consumidor, tanto no call center, feito

por empresa terceirizada, quanto nos

serviços diretamente fornecidos pela

empresa”, e alega que os índices de

reclamação estão abaixo do limite es-

tabelecido pela Anatel.

“O grande prejuízo para a empre-

sa é a perda da confiança do cliente.

Hoje, os produtos e serviços têm se

tornado cada vez mais commodities,

e a credibilidade é um diferencial na

hora de conquistar um cliente”, diz

Morishita. Esse fator precisa ser ava-

liado pelas empresas, segundo ele,

porque a quebra de confiança desen-

cadeia um descontentamento que pas-

sa de boca em boca.

Morishita: credibilidade é

um diferencial na hora de

conquistar um cliente

Campeões de reclamação

1. Telefonia fixa

2. Aparelhos de telefone

3. Cartões de crédito e lojas

4. Bancos

5. Telefonia celular

6. Móveis

7. Veículos

8. Computadores e acessórios

9. Financeiras

10. Planos de saúde

Punições previstas no Código

1. Multa

2. Apreensão do produto

3. Inutilização do produto

4. Cassação do registro do produto junto ao órgão competente

5. Proibição de fabricação do produto

6. Suspensão de fornecimento do produto ou serviço

7. Suspensão temporária de atividade

8. Revogação de concessão ou permissão de uso

9. Cassação de licença do estabelecimento ou de atividade

10. Interdição total ou parcial de estabelecimento, obra ou atividade

11. Intervenção administrativa

12. Imposição de contrapropaganda

O Cadastro Nacional

de Reclamações

Fundamentadas do

Departamento de

Proteção e Defesa do

Consumidor (DPDC)

está disponível no

endereço eletrônico:

www.mj.gov.br/dpdc

Page 34: Empreendedor 156

Gestão

34 – Empreendedor – Outubro 2007

Escravosda urgênciaEspecialista em gestão do tempo ensina a

auto-organização para aumentar a produtividade

por Natacha Amaral

Enquanto você executa as ativida-des rotineiras do trabalho, o telefonetoca. De repente, o chefe passa na suamesa e pede, para daqui a cinco minu-tos, aquele relatório com entrega pre-vista antes apenas para semana quevem. Tentando dar conta do pedido,você abre sua empanturrada caixa dee-mails para pegar algumas informa-ções e vê uma nova mensagem brotarna tela. É a convocação para uma reu-nião de última hora com a equipe. E apilha de tarefas pendentes se acumula.Se você já se viu em pelo menos umadessas situações, é muito provável quetenha se perguntado como fazer tantascoisas em tão pouco tempo.

Para o especialista em gestão dotempo e produtividade Christian Bar-bosa, a resposta está diretamente li-gada à organização pessoal. “A falta deobjetivos claros, planejamento e de di-zer ‘não’ levam o ambiente corporativoa uma urgência constante. Tudo é paraontem, e não sobra tempo para as pes-soas se dedicarem às atividades impor-tantes, que trazem retorno pessoal e pro-fissional”, explica.

Antes de se organizar, porém, é pre-ciso primeiro identificar o modo comoseu tempo é gasto no dia-a-dia. Paraajudar na tarefa, Barbosa elaborou umateoria de sucesso que ficou conhecidacomo tríade do tempo. Segundo ele,nossas atividades podem ser classifi-cadas de três formas: importantes, ur-gentes e circunstanciais.

O princípio é fácil de entender. Im-

portante é tudo aquilo que tem tempopara ser feito. São ocupações que tra-zem sensação de realização, prazer ebem-estar, ou seja, qualidade de vida.A decisão do que entra nesse grupo émuito pessoal e pode incluir desde aexecução de metas profissionais até re-lacionamentos pessoais e lazer. Já o ur-gente são tarefas realizadas com pres-sa, porque o tempo é curto ou já es-tourou. Trazem muito estresse, pres-são ou preocupação. Entre os exem-plos típicos, estão acidentes, relató-rios de última hora, problemas impre-vistos com clientes, esquecimentos ereuniões emergenciais. A diferença doconceito de tempo da tríade para ou-tros métodos de classificação é quenão existe importante e urgente aomesmo tempo. “Se você precisa ir aocardiologista dentro de 15 dias paraum check-up, isso é importante, masse estiver enfartando nesse momento,a consulta passa a ser algo urgente”,exemplifica Barbosa.

Finalmente, o circunstancial incluiaquelas atividades que consomem tem-po à toa. Não passam de afazeres des-necessários e que não trazem resulta-do algum para a vida, como ir obriga-do a festas apenas para ser sociável,limpar caixa de e-mails cheia de spams(mensagem eletrônica não-solicitadaenviada em massa) ou levar meia horanum cafezinho que normalmente dura-ria cinco minutos.

Com essas três esferas de divisãodo tempo, a tríade serve como um in-dicador de produtividade pessoal. Ape-sar de não existir uma fórmula única,

as experiências com a ferramenta mos-tram que o segredo para fazer o temporender mais está em aumentar a quan-tidade de ocupações importantes e re-duzir ao máximo o que faz parte dasoutras duas categorias, já que é impos-sível eliminá-las completamente. “Pes-soas extremamente eficazes têm nívelde importante entre 55% a 70%, ur-gente de 15% a 25% e circunstancialabaixo de 5%”, diz o especialista. Bar-

Page 35: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 35

bosa explica também que a flexibilida-de dessa composição ocorre, porquecada pessoa tem conceitos particula-res sobre o que é qualidade de vida(para saber como é a sua tríade, aces-se o site www.empreendedor.com.bre clique no link teste_triade).

Uma vez identificada a composiçãode sua tríade, o próximo passo para sairda correria é aumentar a esfera de ati-vidades importantes por meio de orga-

nização pessoal. Isso pode ser feitocom o simples uso de uma agenda, quepode ser tanto um caderninho de bolsoaté um programa de computador. “Hápessoas que são mais high-tech, ou-tras, tradicionais, e tem gente ainda queé a mistura dos dois estilos”, diz Bar-bosa. Independentemente de sua pre-ferência, é indispensável escolher umtipo de ferramenta que melhor saibausar. A única ressalva é quanto a fazer

gestão de tempo por memória. “Muitagente pensa no que precisa fazer du-rante o dia e depois vai executando seusafazeres. Isso não funciona. É precisodescarregar as ansiedades e preocupa-ções em algo”, afirma.

Além disso, duas características sãonecessárias para uma boa ferramenta:unidade e distribuição. Em outras pala-vras, deve-se usar apenas um instru-mento de organização, mas, por outro

INDEX OPEN

Coloque a vida em diaSe você já tem uma agenda extrapolada de atividades e

com mais urgências do que tempo para realizá-las,

veja as dicas de como colocar a casa em ordem.

1 – QUAL O TAMANHO DO ESTRAGO?A primeira providência para resolver seu caos é listar todas as atividades pendentes,

verificar reuniões, e-mails e tarefas inacabadas. Ao lado de cada atividade, coloque a

duração prevista (em minutos ou horas) para executá-las.

2 – CLASSIFIQUE SUAS ATIVIDADESComo tudo está pendente mesmo, boa parte dessas tarefas não são verdadeiras

urgências. Uma parte pode aguardar para ser resolvida, outras podem até ser cancela-

das ou delegadas. Ao lado da duração das tarefas, classifique os itens como importan-

tes, circunstanciais ou urgentes, respectivamente.

3 – PRIORIZE E PLANEJE O QUE DEVE SER FEITOO próximo passo é priorizar as urgências. Coloque uma ordem numérica e seqüen-

cial das urgências que devem ser resolvidas primeiramente (priorize as coisas com

menor duração, que são mais rápidas e fáceis de serem resolvidas). Depois, continue

sua ordenação com as atividades importantes e, por último, as circunstanciais.

Depois, coloque suas prioridades no calendário da próxima semana, seguindo a

ordem dos itens ao longo dos dias. Neste período, o ideal é minimizar ou evitar

períodos de reuniões. Esteja pronto para dizer “não” para qualquer atividade cir-

cunstancial que aparecer. Priorize para cada dia apenas aquilo que será feito. Não

coloque coisas demais, pois este não é o momento de gerar mais atrasos. Seja bem

realista com você mesmo.

4 – PEÇA AJUDA E NEGOCIEVocê está em estado de calamidade pública, e não é a hora para querer ser um herói

solitário. Converse com a sua equipe ou com seu chefe, e mostre seu plano de ação

para resolver as pendências. Peça a colaboração para evitar ser interrompido, ajuda

para as novas atividades e o bom senso no uso de e-mails. Veja se algo pode ser

delegado e passe para a equipe.

5 – COMPROMISSO COM VOCÊ MESMOFinalmente, para sair do sufoco, é necessário estar bastante comprometido com

você mesmo. Nessa semana, provavelmente precisará trabalhar um pouco mais, can-

celar atividades pessoais e ter um foco mais ativo. Lembre-se de que momentos assim

devem ser raros. Se você está entrando nesse caos constantemente, algo pode estar

errado com a forma como você tem planejado sua vida.

Fonte: www.triadedotempo.com.br

Page 36: Empreendedor 156

Gestão

36 – Empreendedor – Outubro 2007

lado, mantê-lo disponível para ondequer que o usuário vá. No caso de ca-dernos, isso é fácil, mas se a pessoautiliza um gerenciador de e-mails comoo Microsoft Outlook como agenda emcasa, precisa tornar essas informaçõesacessíveis em qualquer lugar por meiode outras ferramentas como smartpho-ne e internet.

Agenda escolhida, agora está nahora de preenchê-la. A seqüência e aduração das tarefas devem levar emconta o ciclo natural de produtividadede cada pessoa, que é o ritmo de fun-cionamento do organismo, compostopor momentos de alto e baixo desem-penhos durante o dia. Há, por exem-plo, pessoas que se sentem mais pro-dutivas de manhã, outras, à tarde, ain-da outras, à noite. Assim, períodos dealto desempenho precisam ser usadospara execução de tarefas mais comple-xas, ao passo que os de menor rendi-mento devem ser reservados para ati-vidades mais simples e rotineiras. Comisso, evita-se a procrastinação, com-

portamento que gera estresse futuro.Afinal, o importante negligenciado hojeserá o urgente de amanhã, segundo oidealizador da tríade do tempo.

O ambiente de trabalho tambémpode exercer influência direta na pro-dutividade. Um local onde há poucaconversa paralela e interrupções desor-denadas propicia maior concentração.Segundo a Universidade de Yale, Esta-dos Unidos, um indivíduo leva até 11minutos para retomar o foco de umaatividade que interrompeu por conta deoutra. Nessa questão, o grande desafioé evitar que as tecnologias cada vezmais disponíveis em toda parte se tor-nem uma fonte de distração. Entre es-ses grandes vilões do tempo, estão te-lefones, aparelhos celulares, internet, e-mails e programas de bate-papo.

Uma pesquisa realizada em 2005pela equipe de Christian Barbosa comquase mil diretores e pesquisadoresde Tecnologia da Informação revelouque 30% dos entrevistados passavamde uma a duas horas lendo e envian-do e-mails – muitas vezes, eliminan-do spams –, e 22% gastavam mais detrês horas navegando na internet paravisitar especialmente websites técni-cos e noticiários. Noventa e dois porcento dos profissionais faziam isso emhorário comercial (veja o quadro“Como usar bem seu e-mail”).

Reuniões improdutivas e mal con-duzidas também são um grande pro-blema. “O mundo corporativo crioupéssimos hábitos. Não há cumprimen-to de horários, as pessoas são chama-das de última hora e muitas vezes des-conhecem o real propósito da reunião”,diz Barbosa. O especialista explica,porém, que isso é algo fácil de resolvercom a adoção de algumas medidas. Aprimeira delas é expor claramente oobjetivo da reunião para a equipe e lis-tar por tópicos os assuntos que serãodiscutidos. Os encontros também de-vem ser breves – nunca ultrapassarduas horas –, e usados para estabele-cer tarefas específicas e com data deconclusão para cada presente. Alémdisso, o ideal é que seus participantes

sejam avisados com pelo menos doisdias de antecedência para que tenhamtempo de se planejar para o encontro.

O uso equilibrado do tempo muitasvezes requer apenas colaboração daequipe como um todo. “Faça uma reu-nião toda sexta-feira de planejamento epergunte: ‘Pessoal, o que na próximasemana pode gerar urgências paranós?’. Discuta isso entre a equipe e ten-te criar estratégias para reduzir o volu-me de urgências do dia-a-dia”, acon-selha Barbosa.

Se focar em prioridades no dia-a-dia é uma grande proeza para funcio-nários, quem dirá para líderes que pre-cisam administrar negócio próprio. Di-vidido em tantos afazeres, esse tipo deprofissional é um forte candidato a seperder nas coisas pequenas da rotina edeixar de lado o que realmente é im-portante para a empresa, como o pla-nejamento, a estratégia, a criação demetas, o plano de negócios e o desen-volvimento de parceiros. “Isso é muitocomum entre empreendedores”, relataBarbosa, que também atua como ins-trutor do Empretec, seminário ofereci-do pelo Sebrae para o desenvolvimen-to de empreendedores no país. “Écomo se o dono de uma padaria qui-

Tríade do tempodos brasileiros

Brasileiro desperdiça 2/3 de seu tem-

po com atividades inúteis, sem senti-

do ou urgentes

30,09% 30,45%

39,47%

Importante

Urgente

Circunstancial

Barbosa: “Tudo é para ontem,

e não sobra tempo para

atividades importantes”

Page 37: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 37

Linha Direta

Christian Barbosa: (13) 3226-1580

sesse fazer o pão porque é um exce-lente padeiro, em vez de se concentrarem como melhorar a produtividade doseu negócio. Se ele fizer isso, a empre-sa só conseguirá crescer até onde elepuder abraçá-la. Mas como seu tempoé limitado, logo a empresa também oserá”, exemplifica. Por isso, delegartarefas é fundamental.

Métodos de gestão de tempo comoplanejamento e organização são muitoúteis, mas segundo Barbosa não há téc-nica eficiente o bastante que substituao passo inicial para qualquer aumentona produtividade: a conscientização. “Apessoa que acha estar sempre certa nãoconsegue fazer mudanças”, diz. O es-pecialista salienta que estar determina-do a melhorar comportamentos é umpré-requisito básico para qualquer pro-fissional moderno, uma vez que o es-pírito de urgência é bastante valoriza-do no ambiente corporativo atual. Con-forme explica, é muito comum a pre-sença de chefes que seguram tarefasem vez de repassá-las logo à equipeexatamente para criar urgências na ro-tina. Isso produz uma ilusão de efici-ência, capacidade e segurança. “A pes-soa se sente um super-herói, mas, naverdade, prejudica a equipe, fica depoisdo expediente, leva trabalho para casa,se afasta das pessoas importantes nasua vida e fica doente.”

Experiência própria

Idealizador da teoria da tríade dotempo e criador hoje da empresa queleva o mesmo nome, o especialista emprodutividade Christian Barbosa já es-teve nessa situação antes mesmo deimaginar o que era gestão do tempo. Ojovem que aos 14 anos já tinha seu pró-prio negócio, aos 18 desempenhavafunção de liderança na Blue Eagle, em-presa de tecnologia que passava porgrande expansão na época. “Eu traba-lhava de 16 a 18 horas por dia e fiqueimuito doente. Adquiri uma gastrite, quemais tarde se tornou uma úlcera e de-pois um tumor”, relata. Assustado como caso inédito para a idade do paciente,

o médico recomendou que o rapaz fi-zesse um curso de Gestão de Tempo.Desde então, Barbosa se interessou peloassunto, fez especializações e decidiuelaborar sua própria teoria atualizandoo método de divisão matricial do tem-po elaborado pelo ex-presidente norte-americano Dwight Eisenhower. Em2004, lançou suas idéias no formato deum livro, A tríade do tempo: a evolu-

ção da produtividade pessoal (EditoraCampos), que fez grande sucesso.

Hoje, a Tríade do Tempo é umaempresa que presta consultoria, trei-namento, e oferece produtos para ges-tão do tempo e produtividade. Desen-volveu softwares de organização pes-soal que centralizam todos os dados,informações, compromissos do usu-ário em uma só ferramenta, disponi-bilizando-os na rede para permitiracesso em outros lugares.

Um desses programas é o Neotriad(www.neotriad.com.br), que tambémfaz classificação automática de ativida-des inseridas na ferramenta e alimentao banco de pesquisas da Tríade do Tem-po, atualmente com 2 milhões de ativi-dades gerenciadas por meio do siste-ma. O Neotriad é usado como comple-mento das consultorias realizadas pelaempresa, já que fornece uma rica quan-tidade de dados. “Chegamos ao nívelde precisar qual é o pior dia de produ-tividade do funcionário xis para que seusupervisor delegue mais tarefas a eleexatamente nos seus picos de rendimen-to”, explica Barbosa. “Também pode-mos dizer se um profissional se dámelhor com tarefas de longa ou curtaduração a fim de adaptar a forma deexecução da atividade para seu perfil.”

Mais do que produtividade, Bar-bosa acredita que seus produtos eteoria ajudam os profissionais a ga-nharem mais qualidade de vida. “Avida passa rápido demais para quemvive de urgências e circunstâncias, enão de importâncias, coisas que real-mente nos realizam.”

Dicas para usarbem seu e-mail

A mensagem eletrônica é o maior

fator de interrupção e distração das

pessoas que trabalham em frente ao

computador. Quantas vezes você pa-

rou alguma atividade por causa do bip

ou do ícone que avisa a chegada de

novos e-mails?

1. Tenha dois endereços eletrôni-

cos – Quando precisar se registrar

em websites duvidosos ou em malas-

diretas, utilize sempre um e-mail op-

cional para evitar que seu e-mail prin-

cipal fique cheio de bobagens.

2. Crie horários – Feche seu progra-

ma de e-mail e crie horários específi-

cos para checar novas mensagens, que

devem ser verificadas, no máximo, até

cinco vezes durante o dia para evitar

interrupções constantes. Se precisar

muito, crie uma regra em seu software

para avisá-lo quando o e-mail de uma

pessoa realmente importante chegar.

3. Tome uma ação imediata – Se

o e-mail exigir alguma ação que vai

tomar até 3 minutos do seu tempo,

então faça logo. Se deixar para de-

pois, você terá que ler tudo de novo

e fazer o que já poderia ter feito an-

tes. Se exigir um tempo maior, dele-

gue ou crie uma tarefa na sua agenda

para atender a esse e-mail em um

horário mais apropriado.

4. Evite caixa de entrada cheia –

Muitas mensagens podem significar

muitas pendências. Se você precisa fa-

zer algo referente a um e-mail, defina

isso em sua agenda e apague-o da sua

caixa de entrada. E-mails acumulados

podem ser fontes de esquecimentos,

problemas e dificuldade em localizar

informações quando precisar.

Fonte: www.triadedotempo.com.br

IND

EX

O

PE

N

Page 38: Empreendedor 156

Meio Ambiente

38 – Empreendedor – Outubro 2007

Moeda verdeEmpresas brasileiras já lucram com a preservação

ambiental no mercado de créditos de carbono por Natacha Amaral

Além da preocupação com a natu-reza, empresas que realizam atividadescom algum impacto ambiental agoratêm motivo extra para combater o efeitoestufa: dinheiro. Isso mesmo. Atual-mente, é possível gerar receitas com aimplantação de projetos antipoluição nosnegócios. O benefício financeiro é pre-visto e garantido pelo Protocolo deKyoto, tratado internacional discutidoem 1997 no Japão, que obrigou paísesindustrializados signatários a diminuí-rem em 5,2% suas emissões de gasesdo efeito estufa até o ano de 2012. Parafacilitar o cumprimento da meta, vá-rias medidas foram propostas, entreelas a adoção dos chamados Mecanis-mos de Desenvolvimento Limpo(MDLs). O princípio é simples. Paí-ses ricos estão autorizados a atingirsuas cotas de redução literalmentecomprando o direito de poluir de na-ções menos industrializadas, ondeempresas locais, por sua vez, in-vestem em projetos de neutrali-zação de carbono. A recompen-sa pela medida é o ganho de bô-nus comercializáveis no mercadointernacional. É o chamado mer-cado de créditos de carbono.

Para cada tonelada de carbonoseqüestrada, a empresa anfitriã doprojeto ganha uma unidade de crédi-to representada pelo Certificado deRedução de Emissões (CER). Esses tí-tulos podem ser comprados ou vendi-dos diretamente entre as partes inte-ressadas ou então negociados nas cha-madas plataformas ou esquemas denegociação, que nada mais são do quebolsas ambientais. Atualmente, existem2.220 projetos em atividade no mun-do, sendo 250 pleiteados pelo Brasil.Do montante nacional, aproximada-

tralizadas e negociadas com a adoçãode MDLs. E os recursos previstospara essa finalidade até 2030 estão es-timados em 3% do PIB mundial.

Todo o processo de entrada nomercado de crédito de carbono envol-ve o cumprimento de regras claras erígidas. É acompanhado de perto pela

mente 120 obtiveram créditos, e cer-ca de 50 empresas do país já se bene-ficiaram com operações nesse merca-do. Entre os compradores de títulosbrasileiros, estão Alemanha, Holanda,Inglaterra e Japão. Calcula-se que, emtodo o globo, mais de 202 milhões detoneladas de carbono tenham sido neu-

38 – Empreendedor – Outubro 2007

Page 39: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 39

Organização das Nações Unidas (ONU)por meio de representações locais dis-tribuídas em diversas partes do globo.Os projetos de neutralização, por exem-plo, devem ser aprovados tanto pelo go-verno do país exportador de créditoscomo pelo governo do comprador. NoBrasil, a autoridade responsável desig-nada é a Comissão Interministerial deMudança Global do Clima, comitê exe-cutivo da ONU localizado no Ministé-rio da Ciência e Tecnologia, em Brasí-lia. É nesse órgão técnico que os pro-jetos são recebidos e analisados em pri-meira instância.

Segundo o especialista em merca-do de crédito e consultor da MAR As-sessoria Ambiental Roulien Vieira, o pri-meiro passo para a elaboração de umprojeto consistente é verificar qual ofluxo de carga ambiental da empresa,ou seja, a quantidade de poluentes porela gerados. Com os dados, é possíveldeterminar que procedimentos devemser modificados a fim de tornar sua pro-dução mais limpa. As melhorias podemincluir captura de gás metano em ater-ros sanitários, tratamento de dejetossuínos, geração de energia por fontesrenováveis, reflorestamento e substitui-ção de combustíveis utilizados em cal-deiras ou meios de transporte. “Umaindústria, por exemplo, pode instalarnovos filtros de chaminé que reduziamem 20% sua poluição. É sobre essepercentual que ela ganharia créditos”,explica Vieira. Todas essas informaçõesdevem ser descritas na chamada linhade base do projeto.

A grande novidade nesse mercadoagora é que projetos antipoluição de pe-quena escala também são aceitáveis.Anteriormente, a ONU exigia neutrali-zação mínima de 150 mil toneladas de

carbono. Hoje, o número caiu para 15 a30 mil toneladas, dependendo do polu-ente. “Isso, com certeza, está ao alcan-ce, por exemplo, de indústrias meno-res”, afirma Vieira. O especialista expli-ca que é possível prever não só a neu-tralização do carbono em si, mas tam-bém de outros gases parametrizados paracarbono no Protocolo de Kyoto. “Umaindústria plástica, por exemplo, emitegases com potencial poluidor 14 milvezes maior do que o dano gerado pelogás carbônico. Mitigando alguns gramasdaquele gás, é possível contemplar umprojeto de pequena escala, porque seuvalor pode ser multiplicado, neste caso,14 mil vezes”, exemplifica.

Certificação

Propostas as melhorias de reduçãode poluentes, a próxima medida é des-crever no projeto como se dará oacompanhamento, dentro da empresa,dos trabalhos de seqüestro de carbo-no. Certificadoras credenciadas pelaONU são encarregadas de verificar,posteriormente, o sistema de monito-ria proposto e emitir relatórios de ava-liação. Para cada tipo de atividade, exis-te uma entidade específica. “A certifi-cadora para uma central hidrelétrica édiferente daquela solicitada para averi-guar processos de filtragem industri-al”, diz Roulien Vieira.

Com linha de base e sistema demonitoria determinados, o documentojá pode ser enviado para a ComissãoInterministerial da ONU, onde será sub-

metido à análise por até dois meses.Segundo Vieira, esse período não é re-sultado de burocracia no processo, massim de uma análise profunda e séria.“Brasília é simplesmente um filtro paraque o projeto não chegue à ONU semos padrões necessários”, explica. Ain-da na representação brasileira do órgão,caso algum procedimento sugerido noprojeto necessite de mudanças peque-nas, sua aprovação se dará com res-salvas e prazo estipulado para cumpri-mento dos ajustes. Somente após suarealização é que o projeto será validadoe liberado para execução.

Prevendo o tempo que todo esseprocesso inicial leva, empresas têm sepreparado com até um ano de antece-dência para entrar no mercado de cré-dito de carbono. “A média de esperaentre envio do projeto e sua validação éde 8 a 12 meses”, diz Vieira. As causasmais comuns para a demora, porém,são despreparo da empresa na elabo-ração do documento e na implantaçãode atividades ambientais, além de atra-sos na chegada e instalação de novosequipamentos. Caso a empresa tenhainteresse em realizar melhorias antesmesmo da aprovação de seu projetona ONU, também poderá ter direitoaos créditos, mas somente após a ho-mologação dos títulos. “É necessário,porém, documentar tudo para mostrarque ela estava contando com os cré-ditos para fazer as mudanças”, acres-centa o especialista.

Assim que o projeto entra em ativi-dade, os créditos são emitidos e libera-

Sadia: dejetos de suínos são

fermentados por bactérias em

tanques cobertos, evitando a

emissão na atmosfera de gás

metano, substância 21 vezes

mais poluente que o CO2

Page 40: Empreendedor 156

Meio Ambiente

40 – Empreendedor – Outubro 2007

Linha Direta

Ricardo Audi Filho (Raudi Sais Químicos)

(11) 3089-9800

Roulien Vieira (MAR Assessoria Ambiental)

(48) 3028-2426

Sadia

(11) 3147-7900

dos para negociação. Daí podem ser

registrados na agência ambiental do

país onde há interesse em vendê-los.

Muitas vezes, essas instituições são as

próprias plataformas de negociação,

locadas nos países ricos que fazem

parte do grupo denominado Anexo-1

pelo Protocolo de Kyoto.

Segundo Vieira, ao registrar crédi-

tos é fundamental levar em conta as

bolsas que oferecem o melhor preço e

determinar qual das modalidades de re-

gistro será mais rentável à transcrição

dos títulos. “No mundo, há platafor-

mas que negociam não só carbono, mas

também metano, óxido nitroso, ener-

gia ou água. Posso registrar meu clien-

te na bolsa que compra os elementos

poluidores de sua empresa. Assim, ga-

ranto um melhor valor de venda para

ele”, explica o consultor da MAR As-

sessoria Ambiental. Nas bolsas ambi-

entais, a empresa operadora pode ven-

der lotes cuja quantidade mínima exi-

gida geralmente é de 150 mil certifica-

dos. Após o fim de cada transação, é

possível optar por outra bolsa ambien-

tal ou investidor.

Dejetos suínos

No Brasil, não existem plataformas

ambientais, apenas o banco de proje-

tos, mas várias empresas do país já

operam no mercado internacional de

títulos. Entre elas, a Sadia, indústria de

alimentos que instalou biodigestores em

90% das propriedades de seus forne-

cedores. Com o novo equipamento

implementado pelo Programa 3S da

empresa, os dejetos de suínos gerados

nas granjas são fermentados por bac-

térias em tanques cobertos, evitando a

emissão na atmosfera de gás metano

(CH4), substância 21 vezes mais polu-

ente que o dióxido de carbono (CO2).

Para realizar o investimento, a compa-

nhia contou com financiamento do

BNDES no valor de R$ 60,5 milhões e,

em maio de 2006, fechou contrato de

R$ 80 milhões com o European Car-

bon Fund (ECF) pela venda de 2,5 mi-

lhões toneladas de carbono em merca-

do futuro. Cada lote de crédito do 3S

(410 mil toneladas) será entregue anu-

almente até o final de 2013.

Pequenas e médias empresas tam-

bém já se preparam para operar no

mercado. Desde 2004, a paranaense

Raudi iniciou sua fabricação de sais

químicos utilizando CO2 renovável.

“Usamos fermentação alcoólica como

fonte geradora do gás”, explica o só-

cio-diretor da empresa, Ricardo Audi

Filho. A substância é uma das maté-

rias-primas do processo de obtenção

de sais, tal como o bicarbonato de só-

dio utilizado em bolos, antiácidos, pas-

tas de dente e extintores de incêndio.

Com o processo ambientalmente lim-

po, a empresa prevê a neutralização de

120 mil toneladas de CO2 até 2011.

Embora todos os procedimentos

para uso de MDL sejam públicos, é re-

comendada a contratação de uma con-

sultoria ambiental. O acompanhamen-

to dos processos por assessores quali-

ficados pode aumentar o potencial de

aprovação dos projetos, agilizar a ho-

mologação dos créditos e até mesmo

poupar as empresas de custos adicio-

nais, caso as exigências da ONU não

sejam rigorosamente seguidas.

Raudi: utilização de CO2 renovável neutralizará 120 mil toneladas de gás carbônico até 2011

Potencial poluidor dos gases do efeito estufa

CO2

Dióxido de carbono = 1

CH4

Metano = 21

N2O Óxido nitroso = 310

HFC Hidrofluorcarbono = 140 ~ 11.700

PFC Perfluorcarbono = 6.500 ~ 9.200

SF6

Hexofluor sulfuroso = 23.900

A mesma quantidade de diferentes substâncias tem potencial poluidor distinto. Opotencial de aquecimento global do gás metano, por exemplo, é 21 vezes maior doque a capacidade do dióxido de carbono. Isso significa que uma tonelada de metanoreduzida corresponde a 21 créditos de carbono.

Fonte: Wikipédia

Page 41: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 41

Page 42: Empreendedor 156

42 – Empreendedor – Outubro 2007

Memória

Na boca do povoNúmero de padarias não cresce há quase uma

década, mas consumo de pães está em ascensão

por Débora Remor

Você já tomou seu café com pão

hoje? Comprou na padaria ou no super-

mercado? Quantas padarias perto da sua

casa ou do seu trabalho você conhece?

Essas são perguntas simples que reve-

lam não só a importância do pão na so-

ciedade como seu significado econômi-

co. Atualmente, existem mais de 52 mil

estabelecimentos da área de panificação

no Brasil, e eles movimentaram R$ 35

bilhões no ano passado, respondendo

por 2% do PIB nacional.

Mesmo com cifras tão significati-

vas, o número de padarias não cresce

há quase uma década. “Diferente dos

anos 1990, quando tivemos mais de 10

mil padarias fechadas, há sete anos não

aumenta a quantidade de padarias, ocor-

re apenas troca de donos”, afirma Már-

cio Rodrigues, presidente do Instituto

Tecnológico de Panificação e Confei-

taria (ITPC) e um dos coordenadores

nacionais do Programa de Apoio à Pa-

nificação (Propan). Ele explica que

“hoje a abertura é mais ordenada, e o

pessoal, mais preparado”.

Mas se os vendedores não estão

aumentando em número, o consumo

do brasileiro está, sim, em forte ascen-

são. Em 1984, a média de consumo era

de 19 quilos de pão per capita ao ano,

em 1995 pulou para 27 quilos, e, se-

gundo a Associação Brasileira da Indús-

tria de Panificação (Abip), no ano pas-

sado os brasileiros chegaram a consu-

mir 30 quilos de pão per capita. A co-

memoração pela alta nos índices, po-

rém, não é completa, já que a cifra cor-

responde apenas à metade do que a

Organização Mundial de Saúde (OMS)

Perfil da panificação

� 52 mil empresas no país� 105 mil empresários atuando no setor� 35 milhões de clientes por dia� está entre os seis maiores segmentos

industriais do país� fatura cerca de R$ 35 bilhões por ano

(2% do PIB)

Consumo de pão per capita

Brasil ..................................... 30 kg/anoArgentina ............................... 73 kg/anoChile ...................................... 93 kg/anoAlemanha .............................. 80 kg/anoBulgária ............................... 110 kg/ano* A recomendação da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) é de 60 kg/ano

Fonte: ABIP e Propan (2007)

IND

EX

O

PE

N

Page 43: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 43

recomenda: 60 quilos per capita ao ano.

Estatísticas da Abip mostram que

existe uma padaria para cada 3 mil ha-

bitantes. Mas apenas o cheiro de pão

quentinho não é suficiente para manter

a casa cheia, o empreendedor precisa

de criatividade para se destacar no

meio. José Marcos Andrade de Souza,

dono da Delicatessen São José, em Je-

quié (BA), achou uma maneira inusita-

da de chamar a atenção e deixar muita

gente com vontade de participar. Ele

fez um convite às crianças para deco-

rarem a torta para presentear no Dia

dos Pais, com divulgação em outdoor,

nas rádios e em murais das escolas.

Este foi o mais marcante, mas Souza

aposta nos eventos que realiza para di-

vulgar a marca, como o Festival do

Rocambole, com 22 variedades, e o

Festival do Dia das Crianças. A estraté-

gia lhe valeu o Prêmio Bunge de Em-

preendedorismo em Panificação, na

categoria Marketing.

Para Souza, que abriu a São José

em 1993, o pulo do gato veio mesmo

quando começou a fazer pesquisas de

mercado há quatro anos. As pesqui-

sas são feitas a cada quatro meses

numa determinada área, com variação

de dois a seis quilômetros de raio, e

uma vez por ano abrange toda a cida-

de, que fica a 368 quilômetros da ca-

pital, Salvador. “Desde o início, a São

Jose deu um salto de qualidade, pois

fazemos reuniões por setor depois do

resultado e melhoramos em tudo.” O

empresário construiu um auditório

com capacidade para 40 pessoas, onde

realiza as reuniões e os treinamentos.

A modernização dos processos e

mudanças na vida social também influ-

enciaram transformações na área de pa-

nificação. Atualmente, padaria é sinôni-

mo de loja de alimentos prontos, e vários

estabelecimentos estão se consolidando

na venda de refeições. Implantar essas

combinações, entretanto, requer profis-

sionalismo baseado em informação e trei-

namento. “O conceito de padaria hoje está

relacionado com refeição rápida e ambi-

ente aconchegante, para manter as pes-

soas no local”, acredita Suzane Taube,

proprietária da DonaBella Casa de Delí-

cias, de Taubaté (SP). Ela, o pai e mais

três irmãos abriram a matriz em abril de

2002 e hoje têm outros três pontos-de-

venda, sendo um deles uma cafeteria.

A empresária conta que a panifica-

dora nasceu com a idéia de agregar ino-

vação, a começar pela localização. “Es-

tamos na praça, que tinha decaído mui-

to desde o tempo que era centro indus-

trial da cidade até chegar a ponto de pros-

Na primeira edição da Revista Em-preendedor, foi publicada a matéria“Mão na massa”, escrita pelo repór-ter João Lombardo para a seção“Como fazer”. Hoje, 14 anos depois,a jornalista Débora Remor faz umareleitura da reportagem.

De lá para cá, muita coisa mudou. OBrasil já não é mais “tão instável eco-nomicamente quanto um avião em tur-bulência”, como se referiu Lombardona época, ano em que entrou em circu-lação o real e década em que mais de10 mil padarias foram fechadas. Cria-tividade, capacitação, eficiência admi-nistrativa e produtiva, planejamento efortalecimento da produção própriaajudaram a mudar esse quadro.

Muitas outras coisas, no entanto,continuam iguais. A afinidade com oramo escolhido ainda é requisito paraabrir um negócio, assim como reuniro máximo de informações possíveispara obter uma visão realista do em-preendimento. Dedicação à empre-sa, controle financeiro, e qualidade deprodutos e serviços são essenciaispara o bom andamento dos negócios.

Algumas tendências se consolida-ram. As lanchonetes no interior daspadarias, por exemplo, já são comuns.E novas ondas surgiram, como a ofer-ta de refeições no estabelecimento,delivery e a produção própria de sor-vete – o que não deixa de ser umavolta às origens desse mercado.

Há 14 anos...

Delicatessen São José recebeu Prêmio Bunge por ações de marketing

Page 44: Empreendedor 156

44 – Empreendedor – Outubro 2007

tituição. Aos poucos, conseguimos res-

gatar a história e revitalizar a praça”, re-

lembra. A DonaBella nasceu para “trans-

mitir uma certa magia, e não apenas para

vender o produto”, explica Suzane. Se-

gundo ela, foi implantado um modelo

europeu de apresentar os itens, os pro-

dutos ficam expostos numa mesa, e atra-

vés do self-service os clientes escolhem

os bolos e tortas que querem levar.

Mas o diferencial da DonaBella é

mesmo a equipe que trabalha lá. A pa-

daria é uma das poucas que estabele-

ceu um setor de recursos humanos

(RH). “Desde o começo, esta filosofia

de gestão estratégica estava presente,

mas a política foi sendo moldada até

amadurecer a este ponto.” Hoje, os 50

funcionários da matriz e outros 40

espalhados pelas filiais contam com psi-

cólogo, responsável pela análise de per-

fil do colaborador e contratação de pes-

soal, e um plano de carreira que estimu-

la a permanência na empresa. “A rotati-

vidade sempre existe, mas conseguimos

diminuir em 60% criando um vínculo

com o empregado. Hoje, os funcioná-

rios da empresa sabem que podem cres-

cer aqui, eles começam como atenden-

te e podem chegar a coordenador de

loja”, exemplifica Suzane, que recebeu

o Prêmio Bunge na categoria RH.

Antes de investir aquela herança ou

a economia de anos na abertura de uma

padaria, é preciso prestar atenção às

dicas e buscar uma entidade com ex-

periência em orientação deste segmen-

to. “Sem suporte e conhecimento, as

chances de dar certo são muito peque-

nas. A competição está muito acirra-

da”, aponta Rodrigues, do ITPC. De

acordo com o diretor, para começar o

negócio, são três os principais pilares:

a localização – que vai determinar o pú-

blico freqüentador –, as questões le-

gais específicas da região e um plano

para definir o perfil, o porte e a produ-

ção do estabelecimento. Para uma pa-

daria de porte médio, o investimento

inicial gira em torno de R$ 250 mil, sem

contar a parte física do empreendimen-

to, e o retorno leva em média quatro

Curiosidades

� Foram os egípcios, há mais de 6 mil anos, que descobriram a fermentação dotrigo, sem querer, e desta forma o pão. Desde a sua descoberta até hoje, o pãosempre esteve ligado à vida do homem, tanto como alimento quanto comosímbolo econômico, político, religioso, artístico e cultural.

� Hoje em dia, o valor do pão está em ser umalimento barato, nutritivo e muito sau-dável. O bom é que hoje, dife-rente do que acontecia noMundo Antigo e naIdade Média, a gen-te sempre podeencontrar umpão quentinhobem perto decasa.

� Santa Isabel é apadroeira dospadeiros e panifi-cadores, e seu diaé 8 de julho.

Memória

anos. Para grande porte, são pelo me-

nos R$ 800 mil. O constante treinamen-

to do pessoal e cursos de atualização

dos administradores também deve ser

observado. Três entidades são lembra-

das pelo apoio dado aos empreendedo-

res da área de panificação. A Abip for-

nece informações básicas, enquanto a

Propan oferece suporte para montar o

negócio. Já o Sebrae ajuda na moderni-

zação dos equipamentos.

Quem sabe explicar bem como é esta

preparação antes de abrir a própria pa-

daria é Cláudio Henrique de Faria. Ele

administrava um motel às margens da

BR-020, que liga Brasília à cidade saté-

lite Sobradinho. “Quando eu chamava o

pessoal para abrir uma padaria aqui, eles

não aceitavam, porque o local fica longe

de residências, entre quatro e cinco qui-

lômetros, e apesar de ficar numa região

com muitos condomínios, os consumi-

dores precisam ir de carro”, conta. Como

ninguém aceitou a sugestão, Faria entrou

de cabeça nos cursos de apresentação de

produtos e ferramentas de administração,

consultorias e treinamentos, e em 2002

abriu a Via dos Pães.

Tanta capacitação rendeu a Faria o

Prêmio Bunge na categoria Administra-

ção Financeira Eficiente este ano, e ele

logo solta a língua: “se o preço da fari-

nha sobe, eu sei exatamente quanto devo

aumentar no preço do pão”. Na padaria

dele, o pão é vendido a peso, as pessoas

se servem no balcão, e a casa já nasceu

com atendimento 24 horas, “por isso não

temos nem porta para fechar”, afirma

Faria. Com um espaço de venda de 120

metros quadrados, a circulação no ho-

rário de pico, entre 17 h e 20 h, chega a

1,1 mil pessoas. Mas ele não se dá por

satisfeito, agora está finalizando a seg-

mentação do processo produtivo, o que

vai dobrar a produtividade dos funcio-

nários. Um padeiro que faz 30 quilos por

dia vai fazer 60 quilos de pão.

Para ajudar quem quer abrir uma

padaria, programa Negócio Certo do

Sebrae chama a atenção para alguns

itens. O empreendedor precisa fazer

registro do estabelecimento na Junta

Page 45: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 45

Linha Direta

ABIP: www.abip.org.br/(61) 3327-3332

DonaBella: (12) 3633-3616

Padaria Delicatessen : (73) 3525-6461

Propan e ITPC: www.propan.com.br

Santa Efigênia Pão&Cia: (11) 3311-6632

Via dos Pães: (61) 3302-3210

Comercial, na Secretaria da Receita

Federal, na Secretaria da Fazenda, na

prefeitura do município, no INSS e no

sindicato patronal. Antes dessa mara-

tona, é interessante obter informações

junto à prefeitura sobre as instalações

físicas e o alvará de funcionamento. O

Procon também é fonte para o admi-

nistrador conhecer as especificações do

Código de Defesa do Consumidor. O

Sebrae ainda sugere o conhecimento da

Legislação Sanitária Federal (nº 6.437/

77) e das Normas Básicas sobre Ali-

mentos (Decreto-Lei nº 986/69).

Universidade do pão

Se você quer mesmo abrir uma pa-

daria, prepare-se, pois “o negócio fi-

cou tão complexo, que a gente precisa

de muita informação técnica”, declara

Rodrigues, do ITPC. Ele sugere que,

antes mesmo de abrir seu negócio, é

necessário procurar orientação. A Pro-

pan ministra cursos nas áreas de admi-

nistração, gestão de pessoas, de ambi-

ente e de processo, atendimento ao cli-

ente, e marketing e vendas. A entidade

também oferece consultoria e treina-

mento para panificadoras de diversos

portes. Alguns cursos são denomina-

dos, entre os alunos, de “Universidade

da Panificação”. Segundo dados da as-

sessoria de imprensa, no ano passado

468 empresas foram atendidas pela

Propan, e este ano, até setembro, esta-

vam em curso 532 atendimentos.

Feitos os cursos, os investimentos

e a escolha do ponto, começam a mon-

tagem e a gestão da panificadora. Como

o custo fixo sobre o lucro líquido varia

de 52% a 68%, e o salário de um fun-

cionário da indústria representa entre

25% a 35% do que ele produziu, é pre-

ciso eficiência no processo, seja padro-

nizando as etapas, seja modernizando

o maquinário. Foi através da melhoria

no controle da produtividade, do esto-

que de matéria-prima e implantação de

novas tecnologias que Marcelo Bacelo

Amorim conseguiu modernizar e au-

mentar o faturamento da Santa Efigê-

nia Pão & Cia., de São Paulo, e de que-

bra ainda ganhou o Prêmio Bunge na

categoria Processo Produtivo.

O estabelecimento conta com 67

funcionários e média de 1.550 vendas

por dia, entre panificação, confeitaria,

restaurante e telentrega para empresas.

Depois do investimento feito no ano

passado para modernizar o processo, o

faturamento com a produção própria

alcançou 90%, dividido entre a padaria

e confeitaria, que gera 26%, o restau-

rante, com outros 26%, a lanchonete,

em 17%, e os salgados e café, 15%.

“Com tanta diversificação do mix de pro-

dutos, é preciso ter muita estrutura para

conseguir administrar o que acaba sen-

do um negócio complexo: comércio,

indústria e serviço”, explica Amorim.

As padarias brasileiras são freqüen-

tadas por 35 milhões de pessoas diaria-

mente, e cada cliente gasta, em média,

entre R$ 1,50 e R$ 9,00, mas a maioria

não passa dos R$ 4,00. Por isso, os

estabelecimentos têm diversificado os

itens de produção própria, que geram

mais lucro. “A produção artesanal ga-

rante a credibilidade junto ao público,

mas a venda de alimentos prontos nas

padarias cresce muito. Os pequenos

estão se reinventando, fazendo a diver-

sificação dos produtos, profissionalizan-

do o atendimento e atendendo também

a empresas”, afirma Rodrigues, da

ITPC. Foi neste filão que Amorim apos-

tou sua criatividade. A Santa Efigênia

se localiza numa área estritamente co-

mercial, então não fazia sentido abrir

aos domingos. Em contrapartida, fe-

chou parceria para entregar almoços,

lanche e servir coffee break para even-

tos corporativos, além do delivery por

telefone e pela internet.

Não esqueça�Custo fixo sobre o lucro líquido: 52% a 68%.

�A matéria-prima representa em média 22% a 35% do preço de venda dos

produtos produzidos.

�A venda do pão francês sobre a venda total da padaria varia entre 14% a

32%, com uma média de 21%.

�O salário de um funcionário de indústria deve representar entre 25% a 35%

do que ele produziu.

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Page 46: Empreendedor 156

46 – Empreendedor – Outubro 2007

Crédito

A culturada mudançaCapacitação em gestão da inovação auxilia empresas

na obtenção de financiamentos para P & D

por Débora Remor

Vencer os preconceitos da adminis-

tração e incluir a cultura de inovação

na gestão das empresas ainda parece

uma tarefa difícil, mas aos poucos as

áreas de pesquisa e desenvolvimento,

marketing e produção estão conseguin-

do ultrapassar estes obstáculos. Depois

da quebra de paradigma, os resultados

aparecem rapidamente e com engorda

nos números de faturamento. Foi o que

aconteceu com a Karsten, fabricante

de tecidos de cama, mesa e banho, com

sede em Blumenau (SC).

A empresa começou a formar nú-

cleos de inovação em 2004, e em três

anos o faturamento com produtos ino-

vadores passou de 3% para 9% do to-

tal. “Os núcleos vieram da necessida-

de de se organizar para transformar as

idéias em produtos e projetos para o

mercado. Os funcionários, clientes, a

chefia e o pessoal externo davam mui-

tas idéias, mas poucas eram levadas

adiante, sobrava muita idéia”, conta

Leoni Pasold, coordenador de pesqui-

sa e desenvolvimento da Karsten.

A organização e a estruturação da

empresa para pensar a inovação como

princípio e inseri-la na gestão deman-

dam passos importantes de capacita-

ção e no investimento. Recursos dis-

poníveis para a inovação tecnológica

existem, principalmente de financiado-

ras públicas e bancos como o BNDES,

mas para isso é preciso amadurecer os

projetos, e criar a cultura entre direto-

ria e funcionários. “Ainda existe difi-

culdade de elaborar e apresentar os pro-

jetos. Em geral, as empresas não sa-

bem apontar os resultados e a maneira

de implantar esses projetos”, observa

Rodrigo Coelho, representante da Fi-

nep para Santa Catarina e Paraná.

Algumas entidades, entre elas Uni-

camp, Anpei (Associação Nacional de

Pesquisa, Desenvolvimento e Enge-

nharia das Empresas Inovadoras) e IEL

(Instituto Euvaldo Lodi), oferecem

cursos de capacitação em Gestão da

Inovação para empresas. O IEL-SC

promove Núcleos de Gestão da Ino-

vação (Nugin) desde 2005 e, dos sete

implantados no ano passado, seis con-

seguiram obter financiamentos do go-

verno. “Fazemos, primeiro, o diagnós-

tico da inovação para identificar os

pontos fortes, a cultura da inovação e

as barreiras para este desenvolvimen-

to. Depois, apresentamos um projeto

para implementar o processo de ino-

vação indicando um grupo de pessoas

de várias áreas para integrar e otimi-

zar o trabalho”, explica Eliza Coral, co-

ordenadora de Inovação e Transferên-

cia Tecnológica do IEL-SC.

Para a Karsten, a maior dificuldade

no início deste processo foi a aceita-

ção da inovação como peça-chave para

o desenvolvimento. “A administração

via a necessidade, mas não dava tanta

importância. A inovação era uma ativi-

dade isolada e paralela. Foi preciso mu-

A Finep opera através de Programas,abrangendo quatro grandes linhas de ação:

I. Apoio à inovação em empresas

(a) Financiamento às empresasPRÓ-INOVAÇÃO – Financiamentocom encargos reduzidos para a reali-zação de projetos de P & D e inova-ção. As operações de crédito nestamodalidade são praticadas com en-cargos financeiros que dependem dascaracterísticas dos projetos.APGEFOR – Financiamento com encar-gos reduzidos para a realização de es-tudos e projetos de pré-investimentoque visem à implementação de obrasde geração de energia elétrica a partir

de fontes renováveis, sejam elas alternati-vas, sejam convencionais, a serem realiza-dos por empresas brasileiras de engenha-ria consultiva.JURO ZERO – Financiamento ágil, sem exi-gência de garantias reais, burocracia re-duzida para atividades inovadoras de pro-dução e comercialização em pequenasempresas atuantes em setores priorizadospela Política Industrial, Tecnológica e deComércio Exterior (PITCE).(b) Programas de capital de risco(c) Apoio financeiro não-reembolsável eoutras formas de atuaçãoPAPPE – Apoio a projetos de pesquisa edesenvolvimento de produtos e proces-sos, elaboração de planos de negócios e

Modelos de financiamento da Finep

Page 47: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 47

Linha Direta

Eliza Coral (IEL-SC): (48) 3231-4608

Leoni Pasold (Karsten): (47) 3331-4000

Rodrigo Coelho (Finep): (48) 3231-4393

dar a cultura dentro da empresa, e hoje

ela já é bem difundida e vista como fun-

damental”, explica Pasold. Ele acres-

centa que, depois da organização para

a inovação, houve também a implanta-

ção de metodologias para aproveitar as

idéias e planejar os produtos inovado-

res. “Já conseguimos obter recursos

do governo, com dois financiamentos.

Quando engrena, depois da mudança,

a coisa anda por si só. E vemos que os

benefícios que estamos colhendo são

muito melhores do que a expectativa”,

completa Pasold.

Ainda para este ano, financiamen-

tos na base dos R$ 2 bilhões devem

ser anunciados pelo governo federal

através da Financiadora de Estudos e

estudo de mercado, prioritariamente emempresas de base tecnológica, sob aresponsabilidade de pesquisadores queatuem diretamente ou em cooperaçãocom elas.

II. Apoio às Instituições Científicas

e Tecnológicas (ICTs)

III. Apoio à Cooperação

Empresas e ICTs

(a) Financiamento reembolsável paraempresas e apoio não-reembolsávelpara ICTsCOOPERA – Apoio financeiro a projetoscooperativos de P & D e inovação entre

empresas brasileiras e ICTs.PPI-APLs – Apoio financeiro a ativida-des desenvolvidas por ICTs, voltadaspara assistência tecnológica, prestaçãode serviços e solução de problemas tec-nológicos de empresas formando aglo-merados característicos de ArranjosProdutivos Locais.ASSISTEC – Assistência e consultoria tec-nológica (extensionismo) por Institutos dePesquisa Tecnológica (IPTs) a micro e pe-quenas empresas para solução de proble-mas tecnológicos variados.PROGEX – Apoio à assistência tecnológicapor Institutos de Pesquisa Tecnológica (IPTs)para melhoria do desempenho exportadorde pequenas empresas. Inclui adequação tec-

nológica de produtos.PRUMO – Apoio à assistência e pres-tação de serviços tecnológicos por Ins-titutos de Pesquisa Tecnológica (IPTs)a micro e pequenas empresas pormeio de unidades móveis dotadas deequipamentos laboratoriais.RBT – Apoio a projetos entre empre-sas fornecedoras e ICTs, para a substi-tuição competitiva de importações emsetores selecionados (atualmente, pe-tróleo, gás e energia).

IV. Apoio a Ações de C&T para o

Desenvolvimento Social

Fonte: Finep (www.finep.gov.br)

Projetos (Finep). O segundo edital para

subvenção econômica para inovação foi

anunciado no final de agosto. Os re-

cursos não-reembolsáveis, no valor de

R$ 450 milhões, são destinados a em-

presas inovadoras, e seus projetos não

precisam estar ligados a universidades.

Os projetos devem estar voltados para

a inovação tecnológica, visando a agre-

gar valor aos produtos. Outros R$ 26

milhões foram lançados pela Finep com

objetivo de apoiar exclusivamente mi-

cro e pequenas empresas inovadoras.

As linhas dos financiamentos são

divididas em reembolsáveis e não-re-

embolsáveis, que necessitam da publi-

cação de edital. “Buscamos coopera-

ção entre universidades e empresas para

inovação aberta. As empresas recorrem

ao ambiente externo para solução de

idéias e inovação de produtos. Univer-

sidades e centros de pesquisa são par-

ceiros naturais, mas não os únicos”,

salienta Coelho. Desde o ano passado,

a Finep contratou R$ 171 milhões em

projetos de cooperação entre empresas

e universidades, R$ 480 milhões em

subvenção econômica e outros R$ 19

milhões em financiamentos reembolsá-

veis a juro zero.

Karsten, Eliza Coral e Rodrigo Coelho: Núcleo de Gestão da Inovação aumentou faturamento da empresa

Page 48: Empreendedor 156

48 – Empreendedor – Outubro 2007

Perfil Gerhard DannapelL

IO SIM

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Page 49: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 49

Samurai alemãoFabricante aumenta validade de tofu orgânico

e conquista grandes redes do Brasil

por Francis França

O alemão Gerhard Dannapel sem-

pre gostou de cozinhar. A paixão sur-

giu na infância, quando ajudava a mãe

a preparar doces e confeitos. Ele já in-

vestiu em confeitarias, conheceu e ex-

perimentou a culinária de diversos paí-

ses, mas foi com a produção de tofu

orgânico, conhecido como “queijo de

soja”, que Dannapel conquistou as mai-

ores redes de supermercado do Brasil.

A Samurai Tofu foi criada em 2005,

em Florianópolis, com a proposta de dar

cara nova a um alimento milenar. Con-

sumido há 2 mil anos pelos chineses, o

tofu é feito a partir da coagulação do

leite de soja, método parecido com o do

leite de vaca, mas, apesar do nome po-

pular, o tofu é bem diferente do queijo.

Dannapel acrescentou temperos e sabo-

res ocidentais à receita tradicional e de-

senvolveu uma linha de produtos res-

ponsável por um crescimento médio de

400% ao ano na empresa.

Instalada em uma casa alugada e

com 16 funcionários, a Samurai Tofu

cresceu mais rápido do que Danna-

pel esperava e deve mudar de ende-

reço em breve para dar conta da pro-

dução. São fabricadas mensalmente

12 toneladas de alimento, com previ-

são de faturamento de R$ 1,2 milhão

em 2007. Com menos de dois anos

de fundação, a empresa passou a for-

necer para redes como Pão de Açú-

car, Wal-Mart e Casa Santa Luzia.

A receita para o sucesso combina

três ingredientes principais: a variedade

de sabores, que desfaz o mito de que

alimentos à base de soja não agradam

ao paladar; a utilização de soja orgânica

com certificação internacional; e o se-

gredo do chef – a tecnologia de pasteu-

rização garante um prazo de validade de

70 dias para o produto. Até então, o tofu

produzido no Brasil durava no máximo

cinco dias. “A validade longa permite a

venda em mercados que não têm um

giro muito grande e que o pessoal não

conseguia comprar, porque estragava

tudo. Para quem vende dois ou três pe-

daços por semana, não valia a pena, ain-

da mais a longas distâncias, em que o

produto levava um dia só para chegar

ao mercado”, diz Dannapel.

O tofu produzido pela Samurai tem

consistência mais sólida e o dobro de

soja dos tradicionais. Justamente por

isso, segundo Dannapel, não chega a

concorrer com o produto clássico ja-

ponês, que é mais macio. “O nosso é

mais firme, se adapta melhor à cozinha

ocidental, para aqueles que querem fa-

zer outras coisas, moer, processar,

marinar, refogar.”

A fórmula ocidental e a técnica de

pasteurização foram trazidas da Alema-

nha, onde Dannapel trabalhou durante

seis anos na Taifun, maior fabricante

de tofu da Europa. Depois de três anos

no Brasil produzindo guloseimas em sua

confeitaria, com o nascimento do pri-

meiro filho, ele voltou para a terra natal

em busca de segurança, estrutura e um

estilo de vida mais saudável em 1996.

O emprego na Taifun veio a calhar e

apresentou a Dannapel uma parte do

Brasil que ele não conhecia – os pro-

dutores de soja orgânica do interior do

Paraná. Todos os meses, a empresa

comprava cinco contêineres de soja

orgânica brasileira. O produto certifi-

cado e proveniente da agricultura fa-

miliar tem alto valor para os alemães,

em função do caráter socioambiental.

Quando voltou ao Brasil em 2003,

Dannapel já começava a estudar o mer-

cado para investir em uma nova confei-

taria, mas a falta de tofu nas gôndolas

dos mercados lhe chamou a atenção. Ele

entrou em contato com os donos da

Taifun e sugeriu que a empresa fizesse

uma avaliação para investir aqui, então

passou a desenvolver o projeto para a

empresa, mapeando o mercado e ne-

gociando com fornecedores de soja or-

gânica como a Agro Orgânica (PR), que

hoje produz toda a soja da Samurai

Tofu. Os sócios vieram ao Brasil para

estudar os mercados e trouxeram

amostras da Alemanha, mas, no último

momento, um deles desistiu.

Produção artesanal

Dannapel ficou com um plano de

negócios pronto para a produção de

tofu, entre outras possibilidades de

emprego e investimento. Foi então que

ele conheceu o irlandês James Kelly,

veterinário e entusiasta dos alimentos

orgânicos. Em janeiro de 2005, os dois

começaram a produzir as primeiras

unidades de forma artesanal, com pe-

quenos equipamentos instalados na ga-

ragem da casa de Dannapel, em Floria-

nópolis. Em junho daquele ano, a em-

presa foi oficializada.

Do tofu natural, surgiram a versão

com ervas finas e o tofu defumado. A

GERHARD DANNAPEL

Idade: 39 anos

Local de Nascimento: Köln,

Alemanha

Formação: técnico industrial

Nome da empresa: Samurai Tofu

Ano de fundação: 2005

Cidade-sede: Florianópolis

Page 50: Empreendedor 156

50 – Empreendedor – Outubro 2007

Perfil Gerhard Dannapel

LINHA DO TEMPOlinha de hambúrgueres à base de soja e

tofu também foi ganhando novos tem-

peros, assim como a linha de patês de

tofu, direcionados aos adeptos de uma

alimentação saudável. Apesar de peque-

na, a clientela fiel e engajada garantiu o

crescimento da empresa. Por ser um

alimento 100% vegetal, com poucas

calorias, isento de colesterol, lactose ou

glúten e considerado pela medicina um

inibidor natural do câncer, o tofu con-

quistou um público que busca alterna-

tivas saudáveis à alimentação.

Dannapel não é vegetariano, mas

procura manter uma dieta coerente com

os alimentos que produz. “Minha ali-

mentação particular é mista, e isso é

um dos segredos para manter a saúde,

bastantes vegetais e, de vez em quan-

do, carne.” Ele pratica cooper, natação

e procura comer muita salada, mas não

dispensa uma caipirinha – eleita a bebi-

da predileta dos alemães – com os ami-

gos, e, às vezes, encara uma churras-

caria. “Privar-se de uma vida de praze-

res também não faz sentido, provar uma

bela torta, de vez em quando, também

faz parte, com certeza.”

A paixão pelas tortas – e confeitari-

as – ainda não passou. A primeira con-

feitaria de sua vida foi aberta no Brasil,

em 1994, dentro do conceito: “se você

quer alguma coisa bem-feita, faça você

Nasce Gerhard Dannapel.

Cursa escola técnica em Köln.

Forma-se técnico de indústria.

Muda-se para Berlim para terminar os estudos.

Vai morar na Itália, onde trabalha na indústria,mas aproveita para aprender mais sobre culinária.

Casa-se com uma brasileira e vai morar em Florianópolis.

Abre sua primeira confeitaria.

Com o nascimento do primeiro filho, Dannapel volta para aAlemanha, onde julga ter melhor estrutura para crianças.

Entra na empresa Taifun, onde passa seis anostrabalhando com a produção de tofu orgânico.

Viaja seguidamente ao Brasil para avaliarpossibilidades de investimento.

Funda a Samurai Tofu, junto com seu sócio irlandês James LawsonKelly. Começa a fornecer para grandes redes de supermercados emSanta Catarina, como Imperatriz e Angeloni.

A Samurai Tofu torna-se fornecedora do Grupo Pão de Açúcar,atendendo a toda a rede de supermercados e também a outrasbandeiras do grupo, como Extra, Comprebem e Sendas.

Assina contrato com a Wal-Mart Brasil, para fornecer produtos àbandeira “Mercadorama”, em Curitiba. Passa a fornecer tambémpara grandes redes do Rio Grande do Sul, como Nacional e BIG.

1967

1972

1982

1986

1990

1993

1994

1996

1997

2003

2005

2006

2007

50 – Empreendedor – Outubro 2007

Page 51: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 51

mesmo”. Dannapel era convidado para

as festas de aniversário dos amigos e

não ficava satisfeito com o padrão das

tortas comercializadas aqui. Com o es-

pírito empreendedor e o incentivo dos

amigos, decidiu começar a produzir

quitutes para fornecer aos bares da re-

gião. Chegou a abrir um ponto de aten-

dimento com café, mas o foco do ne-

gócio sempre foi abastecer as pratelei-

ras dos outros estabelecimentos. Dan-

napel era o confeiteiro-chefe e coorde-

nava uma equipe de seis pessoas.

Quando foi para a Alemanha, ven-

deu a confeitaria, mas até hoje os filhos

o aconselham a não desistir do sonho.

Com a experiência na produção de ali-

mentos naturais, ele já pensa em uma

confeitaria diferente, com ingredientes

orgânicos e igualmente gostosos.

Em casa, gosta de cozinhar macar-

ronada, com as receitas de molho que

aprendeu no tempo em que morou na

Itália, antes de vir para o Brasil. Apesar

de ter talento especial para a cozinha

italiana, segundo diz, as receitas são

feitas por prazer, sem pretensões de

abrir uma trattoria.

O tempero das massas serve de

inspiração para os produtos da Samu-

rai Tofu. Este mês, será lançada na

Biofach América Latina – maior feira

de produtos orgânicos do mundo – a

LIO

SIM

AS

nova linha Tofu Premium, desenvol-

vida especialmente para acompanhar

saladas e lanches, nos sabores “shii-

take”, “shiitake defumado”, “al pes-

to” e “tomate seco”.

Vendas no varejo

Apesar de jovem, a Samurai Tofu

serve de exemplo para muitas empre-

sas produtoras de alimentos orgânicos,

pelo sucesso de comercialização não

só em feiras alternativas, mas no va-

rejo tradicional. Quando perguntam

como Dannapel conseguiu entrar em

redes como Pão de Açúcar e Wal-

Mart, ele responde: “é só ir”. Ele foi,

pessoalmente, em cada rede, bateu na

porta e apresentou os produtos. Se-

gundo diz, foi relativamente fácil tor-

nar-se fornecedor, embora o tempo

entre a aceitação e a efetiva comer-

cialização demorasse alguns meses.

Levar a Samurai Tofu para todo o país

tem sido um aprendizado para Danna-

pel. “O Brasil é um país muito grande,

geográfica e culturalmente, e a estru-

tura comercial e logística requer de-

safios bem diferentes dos que eu es-

tava acostumado na Europa.”

A abertura de filiais que funcionem

como pontos de distribuição está nos pla-

nos de expansão da empresa. Os altos

investimentos na produção, segundo ele,

não justificam ainda a abertura de fran-

quias. “Fazer tofu dá muito trabalho.

Apesar de ter poucos ingredientes – soja,

água e alguns coagulantes –, o processo

é muito demorado e complexo.” A idéia é

criar pontos de fabricação do tofu natu-

ral, que não precisa de muitos equipa-

mentos, e, para as linhas que requerem

investimentos maiores, servir apenas

como ponto de distribuição.

Exportar não está nos planos da

Samurai Tofu. Há possibilidade de ex-

pandir a distribuição para Montevidéu

e Buenos Aires, mas a intenção é cres-

cer no Brasil. “Temos que expandir para

um raio de abrangência que faça senti-

do para nós, porque é um produto re-

frigerado, e a validade, apesar de longa

para o nosso nicho, ainda é curta para

a exportação.”

Padrão cosmopolita, a empresa tem,

afinal, é formada por um alemão e um

irlandês, que produzem, no Brasil, um

produto tradicional da culinária japone-

sa, mas de origem chinesa. Dannapel

diz que multiculturalidade não atrapa-

lha a identidade do produto. “O impor-

tante é tentar fazer a coisa certa em

qualquer lugar onde se esteja.”

Linha Direta

Gerhard Dannapel: (48) 3226-7321

Page 52: Empreendedor 156

Pequenas Notáveis

52 – Empreendedor – Outubro 2007

O espaço da micro e pequena empresa

Dentro dos próximos cinco anos,

os governos federal, estadual e muni-

cipal devem aumentar em, aproxima-

damente, R$ 39 bilhões anuais o volu-

me de compras de bens, serviços e

obras de microempresas e empresas de

pequeno porte. Isso significa que esse

montante de aquisições feitas do seg-

mento passará dos cerca de R$ 52 bi-

lhões atuais para aproximados R$ 90

bilhões. A boa previsão de novos tem-

pos para os pequenos negócios nesse

mercado das compras públicas veio

com a publicação, no Diário Oficial da

União, do Decreto nº. 6.204. O decre-

Poder Público deve comprar R$ 90bilhões por ano de pequena empresa

to regulamenta, no âmbito federal, o

capítulo V da Lei Complementar 123/

06, conhecida como Lei Geral da Mi-

cro e Pequena Empresa.

“Atualmente, cerca de 150 mil mi-

cro e pequenas empresas vendem para

os governos. Com essa política, esse

número pode crescer muito, conside-

rando a grande quantidade de empresas

do segmento existentes no país”, desta-

ca o gerente de Políticas Públicas do

Sebrae nacional, Bruno Quick. A avalia-

ção é que os R$ 39 bilhões a serem ad-

quiridos dessas empresas possam

gerar 971 mil postos de trabalho diretos

e superar dois milhões indiretos.

Bruno Quick explica ainda, com

base em números do Ministério do Pla-

nejamento, Orçamento e Gestão, e da

Secretaria de Política Econômica do

Ministério da Fazenda, que dos cerca

de R$ 300 bilhões comprados pelo Po-

der Público atualmente, apenas 17% são

adquiridos de micro e pequenas empre-

sas. A meta é aumentar em 13% o vo-

lume de compras desse segmento, atin-

gindo 30% no período de cinco anos.

O decreto federal nº. 6.204 foi pu-

blicado no Diário Oficial da União no

dia 6 de setembro, com data de 5 de

Lei Geral garante diferenciação das MPEs nos processos de compras

governamentais, medida que pode gerar até 3 milhões de empregos

Micro e pequenas empresas têm exclusividade nas contratações públicas no valor de até R$ 80 mil

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RD

A

Page 53: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 53

setembro. A norma facilita a partici-

pação dos pequenos negócios nas

compras governamentais. Entre os be-

nefícios previstos no decreto, o seg-

mento de micro e pequenas empresas

tem exclusividade nas contratações

públicas de bens, serviços e obras no

valor de até R$ 80 mil, além de prefe-

rência em caso de empate com em-

presas de maior porte.

Nas licitações do tipo menor preço,

é considerado empate valor igual ou até

10% superior ao menor preço apresen-

tado por uma empresa de maior porte.

Nas modalidades tipo pregão, esse va-

lor é igual ou até 5% superior à menor

proposta. Nos dois casos, a microem-

presa ou a pequena empresa mais bem

classificada pode apresentar proposta

com valor mais baixo.

O decreto também prevê a possibi-

lidade de subcontratação de micro e

pequenas empresas por aquelas de

maior porte vencedoras de licitações

públicas em até 30% ou mais do valor

total do contrato. Possibilita também

que esse percentual atinja limite supe-

rior a 30%, desde que fixado em edital.

A medida ainda impede que, na de-

finição dos bens a serem adquiridos,

sejam utilizadas especificações que res-

trinjam a participação dessas empresas

no processo e institui outros mecanis-

mos destinados a ampliar a participa-

ção do segmento nas licitações.

Decreto e benefícios

“O decreto traduz com clareza que

o uso do poder de compra do Estado

brasileiro assume seu papel de promo-

ver desenvolvimento econômico, gera-

ção de oportunidades e inovação tec-

nológica pela preferência à contratação

das micro e pequenas empresas”, ava-

lia Bruno Quick. Para ele, com o de-

creto federal, agora Estados e municí-

pios dispõem de parâmetros para as

regulamentações locais ou podem utili-

zar diretamente o decreto, “como acon-

teceu com a Lei de Licitações, a 8.666,

quando os municípios seguiram a re-

O QUE MUDA COM A LEI GERAL DAS MPEs

As MEs e EPPs concorrem nas mesmascondições impostas às grandesempresas. As exigências burocráticas eos grandes lotes são impeditivos daparticipação das pequenas empresas nascompras públicas.

Fixa o limite preferencial de R$80.000,00 para compras de MEs eEPPs, sempre que houver empresasdesse porte em condições de fornecera preços competitivos. Prevê, ainda, asimplificação na participação emlicitações e o fornecimento parcial degrandes lotes, ressalvada a exigênciade lei local para que se utilizem taismecanismos. Por fim, prevê anegociação do empenho com bancos.

1 - Compras governamentais

Item Como é hoje O que muda com a Lei

2 - Volume de compras públicas R$ 52 bilhões (2006) R$ 90 bilhões (previsão para 2012)de bens, serviços e obras de MPEs

gra federal”. O decreto entra em vigor

no dia 7 de outubro, contados 30 dias

após a data de sua publicação, e vale

para órgãos da administração pública

federal direta, fundos especiais, autar-

quias, fundações e empresas públicas,

além de sociedades de economia mista

e entidades controladas pela União.

Bruno Quick alerta que o decreto

deve ser amplamente divulgado para

que a informação chegue aos empre-

sários. O Sebrae e o Ministério do Pla-

nejamento vão oferecer treinamento

para órgãos públicos envolvidos no

processo, e empresários de micro e

pequenas empresas. O Ministério vai

treinar os compradores, que são os

gestores públicos, e o Sebrae ficará

encarregado dos fornecedores, ou

seja, os empresários de micro e pe-

quenas empresas. “A expectativa é

chegar em 2008 com 50 mil empresas

orientadas”, adianta Bruno Quick. O

trabalho será desenvolvido em parce-

ria com o setor contábil e entidades

empresariais e municipais.

Fonte: Sebrae

Compras públicasVolume total 2006 Participação atual de MPEs Participação de MPEs dentro de 5 anos

R$ 300 bilhões 17% 30%

Os efeitos da medida na geração de empregosAcréscimo no volume de compras públicas de MPEs Postos de trabalho direto Postos de trabalho indireto

R$ 39 bilhões 971 mil Mais de 2 milhões

Page 54: Empreendedor 156

54 – Empreendedor – Outubro 2007

A voz da experiência Benedita Ricardo de Oliveira

Com a almana cozinhaAliar simplicidade a qualidade, uma receita de sua avó,

é o segredo do sucesso da incansável chef por Ana Carolina Dionísio

Page 55: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 55

Benê Ricardo de Oliveira

Cidade de Nascimento:

Ouro Fino (MG)

Idade: 68

Formação: 1.º Cozinheiro, Grande

Hotel de São Pedro – Senac.

Empresa: Buffet e Eventos Benê

Ramo de atuação: Gastronomia

Ano de fundação: 1986

Cidade-sede: São Paulo

Número de funcionários: variável

meses na Alemanha em 1974. De vol-ta ao Brasil, venceu um concurso dereceitas da Editora Abril e foi convi-dada para trabalhar na cozinha experi-mental da empresa, onde ficou três me-ses. Reprovada no exame psicotécni-co, não pôde ser contratada.

Frustração? Não, estímulo. Sem-pre convidada, Benê assumiu uma co-zinha industrial. Ao mesmo tempo,começou a investir na carreira autô-noma, preparando banquetes em do-micílio. Mexendo no caldeirão étnicodas famílias paulistanas, ela aprendeupratos de cozinhas internacionais: is-raelense, árabe, italiana, francesa, alémda germânica, treinada com os Buck.Num destes eventos, o ex-presidenteGeisel e José Papa Júnior, então pre-sidente da Fiesp, quiseram conhecera autora do chucrute feito com sumode batatas servido no jantar. Encanta-do com Benê, Papa Júnior a indicoupara a Escola de Hotelaria do Senacem Águas de São Pedro, no interiorde São Paulo. “O diretor do Senac eraalemão, e o chef de lá não sabia fazera comida germânica. E ele me deixouir, porque eu sabia”, conta.

O ingresso de Benê é um marco nainstituição: ela foi a primeira mulher aestudar lá. A presença feminina era umtabu não só na Escola de Hotelaria doSenac, mas no meio dos chefs em ge-ral, em que os homens ainda predo-minam entre os profissionais. Benê,contudo, não se vitimiza e diz que sem-pre buscou ter uma atitude que não dámargem a preconceitos. “Geralmen-te, quando o homem percebe que amulher não pede, que ela faz e sabe,ele passa a respeitá-la. Eu nunca cha-mei homem pra desossar um boi nemum porco pra mim. Nem pra carregarum saco de feijão. Eu que faço. Porisso, meus colegas me respeitam.”

Diplomada em 1981, logo assumiua supervisão da cozinha do hotel Mak-soud Plaza, na capital paulista, ondetrabalhou durante quatro anos. Bus-cando aperfeiçoamento, fez cursos noSesc, Senai, Instituto Brasileiro de Ali-

mentos Supergelados, Academia Bra-sileira de Cozinha e Nestlé Food Ser-vices. Mas destaca que não adiantaapostar somente na qualidade do cur-so. “Quem faz a escola é o aluno, queprimeiro tem que confiar nele mesmo.”Passou por restaurantes e grandescompanhias, até abrir sua própria em-presa em 1986, a Buffet e EventosBenê, em São Paulo.

Parceiros confiáveis

Foi cozinhando para eventos queBenê cometeu um dos grandes errosde sua trajetória. Confiando em cli-entes nem sempre dignos de credibi-lidade, não assinava contratos nemexigia pagamento adiantado. Diversasvezes, deixou de receber pagamentopelos serviços prestados. “Muitagente ganhou dinheiro às minhascustas”, afirma. Ao invés de desistirda carreira, ela aprendeu com os er-ros e foi atrás de parceiros confiá-veis. “Assim, conheci muita genteboa, conheci o Brasil”, conta. Umadas parcerias mais felizes da chef écom a Casa Santa Luzia, empóriogastronômico paulistano, para quemela desenvolve, desde 2001, uma li-nha de congelados, a By Benê, compratos como Bobó de Frango, FeijãoTropeiro, Vatapá e Bacalhau Desfia-do com Purê de Feijão Branco.

A chef afirma que nunca houve re-

Moqueca capixaba de robalo, fet-tuccine aos quatro queijos com salmãodefumado, filé de pescada à jangadeirocom molho de camarão. Para quem nãogosta de peixe, galinhada com frangocaipira. Aos ouvidos da maior parte dosmortais que diariamente enfrentam fi-las para almoçar em buffets a quilo,essas palavras podem representar umaorgia gastronômica. Mas, para Benedi-ta Ricardo de Oliveira, elas significamtrabalho, admiração e sucesso. A chef,de 68 anos, além de preparar estas eoutras receitas em banquetes e even-tos, também dá aulas e palestras emcursos de Gastronomia e presta con-sultorias para restaurantes em todo opaís – isso quando não está gravandoparticipações em programas de televi-são ou cuidando da linha de congela-dos que ela faz para um empório pau-listano. Entre tantos compromissos, elaainda conseguiu tempo para escreverum livro, Culinária da Benê – Dicas e

Segredinhos, lançado em 2005.Em todas estas ocasiões, ela de-

monstra a maestria com que domina aculinária brasileira e internacional,construída ao longo de 45 anos de car-reira. Mas Benê, como é carinhosamen-te conhecida, afirma que cozinhar pra-tos elaborados não é o maior desafiode sua profissão. “A comida mais difí-cil de fazer é a mais simples. Fazer pra-tos sofisticados é fácil. O difícil é fa-zer o simples ficar sofisticado.” A ha-bilidade para aliar simplicidade e quali-dade, ela aprendeu com a avó, donaEugênia Ponciana da Costa, quituteiraconhecida em São José do Mato Den-tro, distrito do município de Ouro Fino,no sul de Minas Gerais: “Minha avó,de um simples feijão com arroz, faziaum banquete”, lembra.

Benê perdeu a mãe e a avó aindamenina. Aos 17 anos, mudou-se paraSão Paulo para trabalhar na casa deuma família. De lá, foi contratada poroutra família, os Buck, de origem ale-mã. Deles, recebeu incentivo para con-tinuar aprimorando os dotes culinários,inclusive numa temporada de sete

CA

SA

D

A P

HO

TO

Page 56: Empreendedor 156

56 – Empreendedor – Outubro 2007

A voz da experiência Benedita Ricardo de Oliveira

BÚSSOLA EMPRESARIAL

ACERTOS

�Buscar parceiros confiáveis

�Apostar em pratos simples

feitos com qualidade

�Exigir pagamento de metade

do serviço antes de um evento

�Investir constantemente

na capacitação

�Participar de feiras e eventos

para divulgar seu trabalho

ERROS

�Confiar demais nas

pessoas erradas

�Não firmar contratos

�Não pedir pagamento

adiantado pelos serviços

Linha Direta

Benedita Ricardo de Oliveira

(11) 6221-0630

clamações sobre sua comida. Mas ela

não se contenta só com o reconheci-

mento dos consumidores. Também bus-

ca consolidar sua carreira participando

de concursos. Em 1999, teve uma im-

portante consagração, vencendo o Con-

curso Chef Talento Sadia São Paulo,

seletiva para o Nestlé Toque d’Or, em

que ela também foi a primeira mulher a

participar. Na final, realizada no Copa-

cabana Palace Hotel em agosto de 2000,

Benê recebeu uma menção honrosa de

melhor prato de carne do concurso.

Atestando sua versatilidade, foi premia-

da por suas criações com camarão, ri-

soto e comida hebraica em outros even-

tos. Na terra natal, ela também não foi

esquecida: ganhou, em 2004, o troféu

Menino da Porteira, concedido pela Pre-

feitura de Ouro Fino.

Tanto sucesso só trouxe mais tra-

balho para a chef, que foi chamada para

lecionar em cursos de Gastronomia de

três faculdades e dois cursos de hote-

laria – inclusive no Senac de São Pe-

dro, onde ela se formou. Também pas-

sou a ser requisitada para participar de

feiras gastronômicas, que constituem

outro espaço de divulgação do seu tra-

balho. Estas duas atividades constitu-

em a principal parcela do faturamento

da chef. “Só não gosto muito de dar

consultoria em restaurantes”, diz. Mes-

mo assim, já deu dicas para profissio-

nais de pelo menos 15 casas de São

Paulo e Minas Gerais.

Trabalho duro

O glamour, contudo, não ilude a mi-

neira. “Eu vejo que o povo está muito

preocupado com o tanto de dinheiro que

vai ganhar. E não é fácil essa profissão,

tem que pôr a mão na massa também.”

E Benê põe mesmo. Diz que trabalha

muito mais agora do que quando come-

çou a carreira, ainda na casa dos Buck.

“Quando você entra num evento, não

tem hora pra terminar.” Só que, como

em toda sua trajetória, a rotina pesada

não é motivo para reclamações: “Sem-

pre digo que uma experiência não su-

pera um diploma. E um diploma não

supera uma experiência. A gente tem

que ter os dois. Eu agora estou usando

muito a minha experiência”. Mesmo

aposentada há quatro anos, ela diz que

pretende “morrer trabalhando”.

Com quase meio século de forno e

fogão – e agora congelador –, ela conti-

nua tendo prazer em criar pratos, servi-

ço que já prestou para a Nestlé, Ajino-

moto, Marfrig, Ateliê Gourmand, Lati-

cínios Catupiry e Javalix. Sobre seus

segredos culinários, ela não faz misté-

rio. Revela-os para quem quiser ouvir.

“Quem segura os outros esquece de

crescer. Se você fica preocupado em

segurar os outros, os outros crescem,

e você fica.” Foi centrando nos seus ob-

jetivos sem levar em conta os obstácu-

los que ela conseguiu o reconhecimen-

to atual. “Quando você quer entrar

numa profissão, não pode ficar olhando

muito para os lados, tem que seguir o

seu caminho. Sem dar muita importân-

cia para o que os outros fazem ou di-

zem. Ser você mesmo.” Pensando as-

sim, talvez Benê nunca tenha deixado

de ser aquela menina simples de São José

do Mato Dentro. Temperando singeleza

com dedicação, no estilo da avó Eugê-

nia, ela encontrou uma receita infalível:

“Nunca imaginei que um simples feijão

com arroz bem-feito pudesse mudar tan-

to minha vida como mudou”.

CASA DA PHOTO

Page 57: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 57

Page 58: Empreendedor 156

Franquia

58 – Empreendedor – Outubro 2007

por Francis França

O momento de abrir o próprio ne-

gócio é sempre cheio de entusiasmo.

Quando se trata de franquia, a segu-

rança é ainda maior, porque o empre-

sário conta com o suporte do franque-

ador e com as estatísticas favoráveis

ao sucesso – segundo o Sebrae, ape-

nas 15% das franqueadas fecham as

portas antes de completar cinco anos,

contra 80% nas empresas tradicionais.

Mas, em alguns casos, a despeito dos

números, depois de alguns meses, vem

a decepção – a franquia escolhida não

rende dinheiro suficiente, exige dedi-

cação demais ou simplesmente não

combina com o perfil do empresário.

O que falta é intimidade com o negó-

cio. Especialistas em franquia procuram

orientar os empreendedores a buscarem

negócios com os quais eles se identifi-

quem, antes de investirem um capital, que,

muitas vezes, é a economia de uma vida

toda. De acordo com Daniel Guedes, di-

retor-executivo de operações da rede de

franquias Microlins, é comum empresári-

os resolverem mudar de ramo quando pes-

quisam a fundo um segmento.

Uma maneira de ter certeza sobre a

afinidade com o negócio é fazer o que

os especialistas chamam de degusta-

ção de franquias, que nada mais é do

que um teste de diferentes situações

sobre a empresa. A degustação deve ser

feita em dois momentos: como consu-

midor e como potencial comprador.

“A maior parte dos franqueados co-

meçam a se interessar pelo negócio na

condição de consumidores. Eles gostam

do produto, da forma como são atendi-

dos e, então, buscam informações so-

bre essa franquia”, diz Guedes. Nessa

fase de análise, o empresário deve ir à

loja na condição de cliente e observar a

forma como é atendido, a qualidade dos

produtos ou serviços e os diferenciais

em relação aos concorrentes. O ideal,

segundo Guedes, é que ele evite a opi-

nião do franqueador nesse primeiro mo-

mento e tire as próprias conclusões.

Foi o que fez Mirian Funabashi, pro-

prietária de duas franquias do Instituto

Embelleze. Ela estudava a possibilida-

de de abrir um salão de beleza em 2006,

quando fez os cursos de cabeleireiro,

maquiagem profissional e penteado do

Instituto. Ela começou a praticar em

casa o que aprendeu no curso, e ficou

satisfeita com os resultados e com a

proposta pedagógica. No final do ano,

comprou uma unidade em Sumaré, in-

terior de São Paulo.

Mirian e o marido receberam o pla-

no de negócios da franqueadora e co-

meçaram a avaliar as potencialidades,

até que decidiram concretizar a com-

pra. Hoje, o marido cuida do setor fi-

nanceiro, enquanto ela toma conta da

parte pedagógica da unidade, acompa-

nhamento dos alunos, preparação das

aulas. “Foi muito válido eu ter feito o

curso antes, principalmente para poder

avaliar melhor os profissionais na hora

de fazer a contratação, de direcionar

as aulas. Se eu não tivesse o conheci-

mento técnico de quando fiz o curso,

teria que contratar alguém para cuidar

disso”, diz Mirian.

Com o conhecimento detalhado da

franquia, o negócio decolou, e Mirian

adquiriu a segunda unidade do Instituto

Embelleze em junho deste ano, em Hor-

tolândia (SP). As duas franquias já so-

mam cerca de 400 alunos, e a projeção é

chegar a 600 em curto prazo.

Algumas das principais motivações

dos empreendedores – liberdade, auto-

nomia, fim da pressão imposta pelo che-

fe – podem ser traiçoeiras e trazer re-

sultados negativos para o negócio. Se-

gundo Daniel Guedes, o maior erro dos

Degustação de franquiasAntes de assinar contrato,

é preciso conhecer o

negócio sob a ótica do

cliente e do proprietário

Antes de abrir uma empresa, Marta trabalhou dois anos com a metodologia da Number One na garagem de casa

Page 59: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 59

candidatos a franqueados é achar que,

ao comprar uma franquia, basta abrir

as portas e pagar as taxas que o suces-

so vem, sem esforço. “Franquia não é

um título de capitalização, o empresá-

rio vai ter que trabalhar e se identificar

com aquele trabalho.”

A franquia é um modelo de negócio

mais seguro, mas não significa que o

franqueado não precise investir, além do

dinheiro, tempo, trabalho e dedicação. O

processo de degustação é importante jus-

tamente para desfazer possíveis ilusões

que o empreendedor tenha a respeito do

negócio. “O setor que mais recebe inte-

ressados é o de alimentação, mas o can-

didato não sabe o que é o trabalho em

um restaurante, ele está acostumado em

ir como cliente, mas não conhece os bas-

tidores. Aí, depois de um mês tendo que

ficar até 22h30 num shopping, por exem-

plo, é que ele percebe que não tem iden-

tificação com o negócio”, diz.

O segundo passo da degustação é

conhecer o negócio pela ótica de ou-

tras pessoas que trabalham no ramo,

de preferência na mesma franquia que

ele pretende adquirir. Segundo Guedes,

o ideal é conhecer o trabalho antes de

se apaixonar por um negócio apenas

como consumidor. Algumas perguntas

devem ser feitas sem receio a outros

franqueados, a respeito de rentabilida-

de e rotina de trabalho.

A fase de acompanhamento junto ao

franqueado pode variar de rede para

rede. Alguns franqueadores têm progra-

mas específicos para colocar os candi-

datos em contato com o negócio. De-

terminadas franquias têm sistemas de

observação, em que o candidato faz ape-

nas um pré-contrato, que lhe dá a chan-

ce – de maneira formal e com o próprio

apoio do franqueador – de verificar se

ele se identifica com o trabalho, antes de

se começar a falar de investimento. Caso

a franqueadora não ofereça um progra-

ma formal de avaliação do negócio, o

candidato deve solicitar a indicação de ou-

tros franqueados para conversar.

A professora de inglês Marta Cunha

decidiu voltar a trabalhar aos 40 anos de

idade, depois de ter se afastado da pro-

fissão para se dedicar à casa e aos filhos.

Ao estudar a possibilidade de abrir o pró-

prio negócio, ela conheceu a franquia

de idiomas Number One, em Belo Hori-

zonte, por intermédio de uma amiga

norte-americana que dava aulas na rede.

Antes de abrir a empresa, ela passou dois

anos trabalhando com a metodologia da

Number One na garagem de casa, dan-

do aulas para filhos de amigos, familia-

res, para testar o método de ensino. “Eu

queria conhecer porque gostava dos

cursos que tinha lecionado, mas, como

mineira, desconfiada, queria saber o que

eles tinham a oferecer”, diz.

Ela passou por uma avaliação do ní-

vel de conhecimento de idiomas, foi trei-

nada para ser professora, foi auxiliada

na parte de coordenação e administra-

ção. A experiência deu certo, e, hoje,

Marta representa a marca na condição

de máster franqueadora, responsável pela

expansão e movimento mensal nas uni-

dades da região do Triângulo Mineiro.

O treinamento é uma das etapas mais

importantes durante o processo de aqui-

sição da franquia, pois é geralmente

quando o candidato identifica as incom-

patibilidades com o negócio. O pré-con-

trato vai até essa fase, em que o candi-

dato tem a chance de desistir da com-

pra, ou o franqueador, da venda.

Se mesmo com todas as precauções

o franqueado perceber no meio do cami-

nho que tomou a decisão errada, a me-

lhor atitude é entrar em um acordo e bus-

car uma saída amigável com o franquea-

dor, que pode recomprar a franquia ou

achar um outro comprador, mas nunca

abandonar o negócio, o que, segundo

Guedes, acontece muito quando o em-

presário desanima.

Para evitar quebra de contrato e pre-

juízos, o melhor caminho é experimentar

e conhecer bem o ramo em que se pre-

tende atuar. “O investimento em uma

franquia geralmente é alto, então o em-

preendedor precisa entrar muito consci-

ente. Se constatar que não é bem o que

ele imaginava, é melhor que perceba isso

antes de comprar”, diz.

Daniel Guedes: (17) 3216-8700

Marta Rodrigues: (31) 3291-9525

Mirian Funabashi: (11) 5094-6660

Linha Direta

Mirian e o

marido: segunda

unidade em menos

de um ano

Page 60: Empreendedor 156

Franquia

60 – Empreendedor – Outubro 2007

Expansão sob medidaHá 49 anos no mercado gaúcho, a

Tevah, especializada em confecçãomasculina, busca parceiros para am-pliar sua rede de franquias em outrosEstados, principalmente Paraná. Paralevantar recursos – o investimentomédio inicial é de R$ 120 mil –, o fran-queado pode contar com a linha de fi-nanciamento BB Franquias, do Bancodo Brasil. “As taxas são inferiores a 1%ao mês. O franqueado tem até quatroanos para pagar e conta com um anode carência”, explica Valdimir Portes,da Top Marcas e Franquias, que ge-rencia a abertura de unidades Tevah.

Para ele, o grande chamariz do ne-gócio é o Sob Medida Por Computa-dor, serviço que personaliza trajes atra-vés de um software, que pode ser uti-lizado tanto na loja quanto na casa docliente. “Ele escolhe o tipo de roupa quenecessita, o modelo que mais se adap-

ta a seu físico, os tecidos e cores quemais agradam. Em seguida, o consul-tor de moda tira as medidas, insere opeso e a altura do cliente, e registra osdados no programa. As informações são

enviadas automaticamente para a indús-tria, que já inicia a produção das peças.O cliente recebe seu traje num períodode quatro a sete dias úteis”, diz Portes.(51) 3024-3366/www.tevah.com.br

Pequenos empreendedoresA base para o empreendedorismo

trabalhada desde a pré-escola, este éo conceito de ensino da Peixinho Fe-liz, rede de franquia em que as crian-ças aprendem habilidades como inici-ativa, diálogo, negociação, determina-ção e liderança. Desde 2006 no mer-cado de franquias, a Peixinho Feliz é a

primeira pré-escola neste sistema epretende lançar mais dez unidades emum ano. “A Peixinho Feliz é uma pro-posta alegre, atraente e efetiva de edu-cação infantil, e ótima opção de negó-cio destinada a educandários, empre-sários e novos empreendedores, compossibilidades reais de ganho financei-ro e retorno significativo”, explicaDamir Forner, proprietária da franquia.

O franqueado adquire uma consul-toria nas áreas administrativa, de co-municação e marketing, jurídica, ar-quitetônica e sanitária. A Peixinho Fe-liz fornece o material didático e peda-gógico, e faz a capacitação e o treina-mento de pessoal. A supervisão da rede,e o auxílio na análise e escolha do pon-to também estão incluídos. O investi-mento inicial exigido é de R$ 78 mil,com prazo de retorno por volta dos 24meses. Os royalties (10%) e a taxa depropaganda (2%) são cobrados após oprimeiro ano, e cinco é o número mí-nimo de funcionários na etapa inicial.www.peixinhofeliz.com.br

Fast bistrôA rede gaúcha de alimentação

Bella Gula, que mistura oferta de fast-food com bistrô, pretende conquis-tar mercados no Sudeste e Nordesteaté 2010. Com 14 anos de mercado,a Bella Gula conta com três franqui-as em São Paulo e uma em Florianó-polis, e deve abrir uma nova loja emMaceió. A meta agora é chegar aoParaná, Rio de Janeiro e Brasília. NoEstado natal, a empresa acredita nopotencial de ampliação nas cidadesde Caxias, Gramado, Canela, NovoHamburgo e Santa Maria.

O investimento inicial médio giraem torno de R$ 300 mil, com fatu-ramento que varia de R$ 75 mil aR$ 150 mil, e o prazo de retorno éde 24 a 30 meses. O franqueadopaga R$ 50 mil de taxa de franquiae tem oferta de abastecimento de50% do mix de produtos, auxílio naescolha do ponto, seleção e treina-mento de equipe, suporte, acompa-nhamento e pesquisas mercadoló-gicas constantes. (51) 3361-6161/[email protected]

Page 61: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 61

Demanda por metro quadradoOs espaços são pequenos, mas os indicado-

res são vultosos. Com áreas variando de dois a15 metros quadrados, cada um dos 130 Quios-ques Chopp Brahma espalhados em oito Estadosbrasileiros vendem, em média, todos os meses,4,5 mil litros de chope. “Esse formato de fran-quia foi especialmente desenvolvido para corre-dores de shoppings, aeroportos, rodoviárias e ga-lerias. Trata-se de uma oportunidade para essesestabelecimentos atraírem novos e diferenciadosnegócios”, explica João Paulo Badaró, gerente dedesenvolvimento de mercado da Ambev.

Os quiosques têm design diferenciado, combalcões e banquetas estilizados. Segundo Bada-ró, a intenção é que o consumidor se identifiquecom a comodidade e praticidade da marca. O in-vestimento inicial para abrir um varia de R$ 30mil a R$ 120 mil, já incluindo taxa de franquia,quiosque, equipamentos e capital de giro. O va-rejista tem o retorno entre 18 e 24 meses.(11) 3709-3709

Logística inteligenteDe olho no grande filão que des-

ponta dos setores da construção civil eimobiliário, e com um plano de expan-são bastante agressivo, a PortobelloShop, rede de franquias de revestimentocerâmico, apóia-se num modelo de lo-gística estrategicamente planejado parasustentar o crescimento no volume deitens comercializados, que chegou a30% no primeiro semestre de 2007, emcomparação a 2006.

Grande parte desse sucesso estáatrelada à logística praticada pela em-presa, que, desde sua implantação em1998, optou por um centro único de dis-tribuição. “Na prática, como se trata deum produto pesado e de uma venda di-

ferenciada, para clientes que estão cons-truindo ou reformando, sempre é pos-sível combinar o melhor período para aentrega, conciliando com o cronogra-ma da obra. Como todas as lojas, dePorto Alegre até Manaus, estão conec-tadas ao estoque da empresa, em tempointegral, assim que o pedido é emitido, acentral já inicia o processo de separação

e expedição”, explica o gerente de Lo-gística, Sérgio Marques.

É esse modelo estratégico que isentaas lojas e os franqueados da gestão deestoque da responsabilidade sobre oproduto final, e da separação, manu-seio e distribuição dos itens. Outra van-tagem é a parceria com oito empresastransportadoras, operadas pela indús-tria Portobello através do FOB Dirigi-do (Free on Board). Dessa forma, alogística determina o transportador eelimina das lojas os custos que elas te-riam para manter um sistema de trans-porte adequado às suas cargas pulveri-zadas. (48) 3279-2222www.portobello.com.br

Page 62: Empreendedor 156

Franquia

Cinqüentona a milPrestes a comemorar 50 anos de fundação, a rede

de ensino de idiomas Fisk espera alcançar a meta demil escolas abertas até o final de 2008. Hoje, a empresapossui 930 unidades espalhadas por todo o territórionacional, com a maioria (70%) no Estado de São Pau-lo. A rede também agrega 105 escolas na Argentina,Angola, Estados Unidos, Japão e Paraguai.

Segundo o executivo de marketing da empresa,Christian Ambros, a meta de expansão inclui um au-mento de 50 unidades na Região Sudeste e a ampliaçãoda atuação nos Estados de Pernambuco e Rio Grandedo Sul, e no Distrito Federal. “Atingir a marca de milescolas até dezembro de 2008 é o mínimo que a Fiskdeseja”, afirma. [email protected]

62 – Empreendedor – Outubro 2007

Mix de serviçosmuito simples: é onde nosso cliente prefe-re nos encontrar, devido a uma série defatores, como segurança, acessibilidade,estacionamento e o mix de prestação deserviços do local”, explica Mauro BastosPinhel, master-franqueado no Estado.

Tantas vantagens, contudo, estão re-lacionadas a maiores gastos com manu-tenção. Em alguns shoppings, este custochega a representar até 26% do fatura-mento, sendo a média de 14,69%. Esteíndice passa para 10,82% nas lojas de ruase para 9,7% em centros comerciais, gale-rias e hipermercados. O ideal, afirma oempresário, é que estes custos sejam in-feriores a 10%. www.bobs.com.br

Estudo divulgado pela AssociaçãoBrasileira de Franchising (ABF) com-prova que as redes de fast-food real-mente preferem instalar suas lojas den-tro de shopping centers. Atualmente,48% dessas lojas estão localizadas emshoppings; 34%, em ruas; 13%, em ou-tros locais; 4%, em hipermercados; e1%, em galerias ou centros comerciais.

Um exemplo dessa preferência é aRede Bob’s de Minas Gerais: todas as seislojas do grupo em Belo Horizonte e Con-tagem estão localizadas em shoppings. Edos oito quiosques, apenas um não estáem centro de compras. “Estamos commaior ênfase nos shoppings por um fator

Mãos de ceraA Mãos de Cera anunciou duas

novas unidades da rede de franquia,uma em Campinas (SP) e outra emMaringá (PR). Iniciada em 1999 ecom sede em São Paulo, a empresajá conta com franquias em Brasília,Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Piauí.

O sócio-fundador Marcelo Morettiacredita que a expansão da rede atra-vés de franquias mostra que o merca-do tem espaço para entretenimentoinovador, como a Mãos de Cera, quefabrica moldes de cera de pés e mãospara festas infantis e eventos corpo-rativos. As unidades podem ser insta-ladas em quiosques em shoppings, e avenda do equipamento também é ofe-recida para buffets infantis. (11) 3083-1100/www.maosdecera.com.br

Page 63: Empreendedor 156

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

Page 64: Empreendedor 156

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

AlpsNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucessoRede em ampla expansão

Lançada em maio de 2001, a Alps faz

parte do grupo ProAcademix, também

detentor das marcas Wizard e

Worktek. Atualmente, ela é a rede de

franquias de idiomas que mais cresce

no Brasil, com 101 unidades espalha-

das por todo o país.

O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvi-

da nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolin-

güística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro

habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa:

conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o

aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente.

A Alps conta com know-how administrativo e comercial,

através de um siste-

ma exclusivo de en-

sino, e dá assessoria

na seleção do ponto

comercial, na adequa-

ção do imóvel e na

implantação e opera-

ção da escola.

Nº de unidades próp. e franq.: 101Áreas de interesse: América Latina, EstadosUnidos, Japão, EuropaApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PNTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 porkit (publicidade)Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 milCapital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 12 a 18 mesesContato: Ivan Cardoso

WorktekNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.worktek.com.br

A Worktek Formação Profis-

sional faz parte do ProAcade-

mix, maior grupo educacional

do Brasil detentor das marcas

Wizard, Alps e Proativo. Trata-

se de uma nova modalidade de

franquias com o objetivo de

preparar o jovem para o pri-

meiro emprego ou adultos que

buscam uma recolocação no mercado de trabalho.

São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer,

Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e

Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Te-

lemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista,

Marketing e Atendimento ao

Cliente.

Entre os diferenciais da

Worktek está a qualidade do

material e do método de en-

sino, além do comprometi-

mento com a recolocação que

vai além das salas de aula atra-

vés do POP, Programa de

Orientação Profissional.

Conquiste sua independência financeira!

Nº de unidades próprias e franqueadas:70Áreas de interesse:: BrasilApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF,FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mile R$ 25 milInstalação da empresa: a partir deR$ 30 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 36 meses

Page 65: Empreendedor 156

A Wizard Idiomas é a

maior rede de franquias no

segmento de ensino de idiomas* do país.

Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que

geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio mi-

lhão de alunos por ano.

A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente

didático com proposta pedagógica para atender alunos da educa-

ção infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira ida-

de. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e

português para estran-

geiros. A Wizard é

também pioneira no

ensino de inglês em

Braille.

* Fonte: Associação

Brasileira de Franchi-

sing e Instituto Fran-

chising.

WizardNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.wizard.com.br

Sucessoeducacional eempresarial

Nº de unidades: 1.221 franqueadasÁreas de interesse: América Latina, EUA eEuropaApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI,PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 milInstalação da empresa: a partir de R$ 50 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 24 a 36 meses

ZetsNegócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos

Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) [email protected]

www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mãoA Ezconet S.A. detentora da

marca Zets é uma empresa de tec-nologia e distribuição de telefoniacelular e aparelhos eletrônicos que,através de um sistema revolucioná-rio denominado “BBC” (business tobusiness to consummer) agrega novosserviços e valores a cadeia de distri-buição. Realiza a integração entre ocomércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções com-pletas de e-commerce e logística para seus parceiros.

Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizarpara pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negóciopróprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, semriscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. ComoFunciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtualZets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, cata-logo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. QuaisProdutos são comercializados: Celulares e acessórios para

celulares, calculadoras, telefo-nes fixos, centrais telefônicas,acessórios para informática, ba-terias para filmadoras, bateriaspara note-book e câmeras digi-tais, pilhas, lanternas, filmespara maquina fotográfica, car-tuchos para impressoras, etc.A franquia estuda a inclusão denovos produtos.

Nº de unidades próp. e franq.: 20Áreas de interesse: BrasilApoio: PP, TR, OM, FI, MPTaxa de Franquia: R$ 5 milInstalação da empresa: R$1.500,00Capital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 6 a 12 mesesContato: Shlomo Revi

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

Page 66: Empreendedor 156

TI

66 – Empreendedor – Outubro 2007

Assinatura eletrônica diminui burocracia e

garante segurança nas operações pela internet

Identidade digital

Imagine firmar contratos, realizartransações bancárias e entregar suadeclaração de imposto de renda semnem mesmo levantar da cadeira, en-frentar fila, guichês ou correr atrás depapelada – tudo com segurança má-xima. Pois são essas facilidades quea assinatura digital proporciona hoje.Ferramenta cujo uso já se transfor-mou em procedimento de rotina paramilhares de empresas brasileiras, orecurso tecnológico substitui a assi-natura manuscrita convencional epermite agora a execução de váriasatividades burocráticas, antes reali-zadas apenas presencialmente, ago-ra de maneira remota. A solução re-presenta ganho de agilidade e trans-parência nos processos, otimizaçãode prazos e até mesmo redução degastos, especialmente para pesso-as jurídicas. Além disso, impossibi-lita a aplicação de fraudes e asse-gura maior sigilo das informações.

Para fazer uso dessa nova moda-lidade de assinatura, é necessário ad-

quirir um certificado digital, docu-mento eletrônico que confere identi-dade a uma pessoa no mundo on-line, assim como uma certidão denascimento comprova sua existênciadentro de um país. O documento ele-trônico é emitido por AutoridadesCertificadoras (ACs) e validado poruma Autoridade de Registro (AR),ambas sob a supervisão e padrõesde um órgão regulador denomina-do ICP (Infra-Estrutura de Chaves Pú-blicas). No Brasil, o sistema de cer-tificação oficial mais robusto tecno-logicamente é o ICP-Brasil, que di-tas as regras para emissão de e-CPFs, e-CNPJs (versões eletrônicasdesses documentos físicos), bemcomo outros certificados válidos emtodo o território nacional.

Documentos e assinaturas digitaissão amplamente utilizados por gran-des empresas, como a Serasa, e ins-tituições governamentais, como aReceita Federal. Ao acessar a pági-na eletrônica do Fisco para realizaroperações digitalmente, por exem-plo, o órgão pede a inserção do cer-tificado do usuário no sistema pormeio de seu computador pessoal.Em seguida, solicita a digitação deuma senha para comprovação do do-cumento eletrônico. Trata-se da as-sinatura digital. Com o reconheci-mento dos dados cruzados, as infor-mações são liberadas.

O nível de segurança de docu-mentos eletrônicos é determinadopor seu modo de armazenamento.Certificados gravados em computa-dores pessoais ou notebooks estãomais sujeitos a serem danificadospor softwares da própria máquina,vírus ou cavalos de tróia. Além dis-so, podem ser roubados mais facil-mente. Já mídias portáteis que utili-

Nunes: “As pessoas não deviam

olhar o custo, mas sim o valor

que o certificado digital traz”

Page 67: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 67

zam o sistema de embaralhamentode informações conhecido comocriptografia proporcionam nível desegurança ideal. É o caso dos smart-cards ou cartões inteligentes. “A di-ferença desses dispositivos é quetodo o procedimento realizado como certificado, como as assinaturas,ocorre dentro do chip, ou seja, nãovai para a memória do computador.Isso impede qualquer clonagem”,explica o diretor de Produtos e Mar-keting da certificadora digital Certi-Sign, Márcio Nunes.

Segurança adicional é garantidapelo mecanismo de funcionamentodos certificados, que utilizam siste-ma de chaves intrinsecamente vincu-ladas entre si (a pública e a privada– o que uma faz, somente a outraverifica, e vice-versa). Ao assinar di-gitalmente algum documento, a cha-ve pública é conhecida e pode ser“vista” por outros sistemas, já a pri-vada, não, uma vez que é protegidapor senha. “O segredo não é com-partilhado com ninguém, nem mes-mo conosco que emitimos certifica-dos, diferente do que ocorre comsenhas convencionais de internetbanking, por exemplo, que ficam ar-mazenadas em algum banco de da-dos sobre o qual o usuário não temdomínio”, explica.

O uso de certificados como as-sinatura também proporciona agili-dade e economia de tempo espe-cialmente para órgãos públicos, ins-tituições financeiras e setores de con-tabilidade de empresas. Sem a tro-ca de papel físico, carimbos e assi-natura manuscrita de documentos,há otimização de prazos na troca ouentrega de informações burocráti-cas. Tendo em vista esses benefícios,diversos bancos já adotaram a assi-natura digital para fechamento decontratos de câmbio, procedimen-to autorizado pelo Banco Centraldesde 2004. A Receita Federal tam-bém é um dos grandes usuários dosistema eletrônico. Até mesmo criouo Centro de Atendimento ao Contri-buinte Eletrônico (e-CAC) via inter-

net, onde contribuintes físicos e ju-rídicos podem acessar dados sobresua vida fiscal e realizar uma sériede operações usando seu e-CPF oue-CNPJ. É possível acompanhardeclarações de imposto de renda,realizar retificações, saber se está namalha fina ou fazer escrituração di-gital – tudo sem a necessidade deir pessoalmente a um posto de aten-dimento do órgão.

A redução de custos é outro be-nefício da ferramenta digital. Segun-do dados da Câmara E-Net, o pro-cesso de emissão, impressão, guar-da de via, escrituração e contabili-zação de uma nota fiscal custa cer-ca de R$ 1,9 mil por ano para a em-presa. “Proporcionalmente, o certi-ficado digital sai mais barato. Ume-CPF com leitora e validade de trêsanos sai em torno de R$ 350, e ume-CNPJ, por R$ 450”, diz Nunes.“Muitos dizem que é um investimen-to caro, mas trata-se de um docu-mento que vai permitir fazer milhõesde notas fiscais por ano. As pesso-as não deviam olhar o custo, massim o valor que o certificado digitaltraz”, defende.

No Brasil, há cerca de 15 Autori-dades Certificadoras ligadas ao ICP-Brasil até o momento, entre elas aCertiSign. Para adquirir uma assina-tura digital, é necessário recorrer auma dessas entidades responsáveispela emissão do documento. Logoapós, é preciso validá-lo em umaAutoridade de Registro (AR), ligadaa uma AC. Há 11 anos no mercado,a CertiSign tem 150 pontos de aten-dimento no Brasil e diversas parce-rias com ACs não usuárias do siste-ma ICP-Brasil. “No total, já emitimoscerca de um milhão de certificadosdigitais, mas o número ainda é pe-queno, tendo visto o potencial des-se mercado aqui”, avalia o diretorde Produtos e Marketing da empre-sa. (Natacha Amaral)

Márcio Nunes (CertiSign)

(11) 4501-1880

Linha Direta

IND

EX

O

PE

N

Page 68: Empreendedor 156

TI

68 – Empreendedor – Outubro 2007

Terceirização da administração de banco de

dados é solução com boa relação custo-benefício

Controle remoto

Empresas interessadas em me-lhorar o desempenho e a disponibi-lidade de seus bancos de dadossem a necessidade de criar ou man-ter uma equipe interna para execu-tar essa tarefa agora podem tercei-rizá-la por meio do serviço de DBA(Data Base Administrator) remoto.Bastante utilizada nos Estados Uni-dos, a solução tem conquistadoespaço também no Brasil mais re-

centemente por apresentar uma sé-rie de vantagens. Entre elas, o aten-dimento e a monitoração do siste-ma de dados 24 horas por dia, setedias por semana, a rápida detecçãoe correção de problemas, e uma boarelação custo-benefício.

Prestadora de serviços em TI, aTriscal (em inglês, amuleto associa-do ao sol, e à idéia de continuida-de e de permanente evolução) éuma das empresas que vêm aumen-tando seu foco na oferta de DBA re-moto. De acordo com o sócio-dire-tor da empresa André Portella, o pro-cedimento é uma excelente opçãopara pequenas e médias empresas,que não têm demanda suficientepara criar equipes internas de DBA,porém necessitam de pessoal naadministração de seus bancos dedados. “A manutenção desses sis-temas exige conhecimento e expe-riência, além de flexibilidade na so-lução de problemas”, explica Por-tella. O trabalho é fundamental, es-pecialmente para quem mexe comgrande volume de informação, comoinstituições financeiras e sites devarejo. A indisponibilidade de ban-cos de dados nesses locais, mes-mo que por uma hora, por exemplo,pode acarretar graves prejuízos.

Grandes empresas com equipede DBA já formada também podemse beneficiar da administração re-mota. Com a contratação do servi-ço, seus profissionais são liberadospara outras atividades não opera-cionais e igualmente importantespara o negócio, tais como o pla-nejamento e a execução de novosprojetos. Além disso, o banco dedados passa a ser monitorado inin-terruptamente. “Mesmo empresascom DBA próprio não conseguemdedicar tanto tempo a essa tarefa”,

explica Cláudia Ramos, consultorada Triscal. Com esse acesso remo-to permanente às máquinas dosclientes, a equipe da Triscal conse-gue detectar e corrigir rapidamen-te as possíveis falhas do sistema.“Pegamos o problema bem antesde o próprio usuário perceber”, diza consultora. Assim, os serviços degerenciamento de informações naempresa se tornam eficientes e es-tão sempre disponíveis.

O trabalho é executado comacompanhamento periódico do cli-ente, que recebe relatórios mensaise tem acesso a um histórico com-pleto de seu banco de dados. “Tudoo que executamos é documenta-do”, explica Cláudia. A segurançados procedimentos é garant idapelo uso da VPN (Virtual PrivateNetwork), conexão virtual que per-mite transferência de dados comprivacidade. “A ferramenta que uti-lizamos para trocar arquivos como cliente também é criptografada”,acrescenta. Além da monitoração,o serviço de DBA remoto incluitransporte de dados para outros si-tes e recomendações para imple-mentação da política de segurança.

Segundo Cláudia Ramos, outravantagem da contratação do DBAremoto é seu custo-benefício. Como compartilhamento de profissionaisentre vários clientes, a Triscal con-segue oferecer seus serviços por va-lores mais reduzidos. Além disso, aequipe terceirizada conta com pes-soal certificado e experiente, o quetorna possível que empresas meno-res, por exemplo, tenham acesso aprofissionais com elevado nível dequalificação. (NA)

Triscal: (21) 2507- 2010

Linha Direta

Cláudia Ramos: “Pegamos o

problema bem antes de o

próprio usuário perceber”

Page 69: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 69

Voz na redeServiços de voz e dados so-

bre IP ganham gerenciamentoque aumenta a disponibilidadee o desempenho através de mo-nitoramento, alerta, diagnósticoe relatórios. Os softwares lança-dos pela EMC Smarts VoIP rea-lizam o gerenciamento da infra-estrutura de TI, e analisam da-dos automaticamente e em tem-po real para resolver os proble-mas críticos destes recursos. Assoluções EMC Smarts VoIP Per-formance Manager e EMCSmarts VoIP Performance Repor-ter fornecem informações sobreextensões telefônicas, chama-das telefônicas, qualidade devoz, disponibilidade do serviçotelefônico e interconexões comfornecedores de telecomunica-ções. A partir destes dados,constrói relatórios completossobre a performance dos servi-ços de VoIP e IP, oferecendo aosclientes a simplificação do ge-renciamento de ambientes híbri-dos e geograficamente disper-sos. www.emc2.com.br

0800-55-3622

Baixo consumo, alto desempenho

A VIA Technologies e aASI Corporation, líder nomercado mexicano de dis-tribuição de TI, lançam oAlaska Wolf PC. Com pro-cessador VIA C7-D, monitorLCD de 17” e Windows VistaStarter Edition, a máquinacombina baixo consumo deenergia com sistema econômi-co de desempenho das aplica-ções multimídias. O Alaska temfoco nos clientes corporativos eresidenciais, e está sendo comer-cializado por US$ 485 (por en-quanto, apenas na rede Wal-Martdo México). www.via.com.tw

Terceirização do e-commercePequenas e médias empresas

que querem entrar no comércio vir-tual, mas não dispõemde estrutura e conhe-cimento, podem ter-ceirizar o serviço degestão de e-commer-ce, ganhando profis-sionalismo e agilida-de. É isto que a ferra-menta de e-commercedo iBuscas oferece: administrar oambiente on-line da empresa, assu-

mindo o dia-a-dia da gestão do ne-gócio virtual com serviço espe-

cializado, novos investi-mentos no site e servi-dor de internet. Com oiBuscas E-commerce Ter-ceirizado, a corporaçãopaga o licenciamento deuso e um percentual deremuneração baseadono resultado das vendas

on-line. (11) 3251-3355

www.ibuscas.com.br/ecommerce

Dados criptografadosContent Encryption é a solução

da SafeBoot que protege dados con-fidenciais de arquivos e pastas mes-mo quando as informações são en-viadas por e-mail ou salvas em mí-dias removíveis. O programa é total-mente integrado ao Windows e sópermite a visualização do conteúdoaos usuários autorizados, mas pos-sibilita ao administrador determinarquais usuários, departamentos ougrupos de funcionários terão acessoa pastas específicas da rede.

Outra opção é o Pointsec PC 6.2,

um programa de criptografia para no-tebooks e PCs para proteger dadosde empresas que já utilizam o sistemaoperacional Windows Vista. Anuncia-da pela Check Point Software Techno-logies em setembro, a solução incluisuporte para proteção de dados nasplataformas Windows 2000, WindowsXP, Microsoft Server 2003 e o popularTablet. A criptografia completa ofere-cida pelo Pointsec vem acompanha-da de um controle de acesso inteli-gente. www.safebootbrasil.com.br

www.checkpoint.com

Page 70: Empreendedor 156

Guia do Empreendedor

70 – Empreendedor – Outubro 2007

Empresas de diversos portes estãodescobrindo a facilidade de alugar sa-las comerciais mobiliadas em locais deprestígio, com alta qualidade nos ser-viços corporativos e sem a burocra-cia de uma imobiliária. A flexibilidadedos pacotes também chama a atençãodos clientes, sejam eles multinacionais,sejam profissionais liberais, que optampor algumas horas numa única salacom gestão de agenda ou a personali-zação de um andar ou prédio inteiro.É ideal para quem quer começar ime-diatamente, seja matriz, seja filial, per-manente ou temporário.

Os serviços de flat comercial,como estão sendo chamados, supremtodas as necessidades corporativas:número telefônico e atendente, agen-damento de compromissos, serviçospostais de correio, Sedex, UPS, re-cebimento e envio de fax, motoboy eoffice-boy, e locação de equipamen-tos como projetor multimídia e note-book. “Uma vez, meu cliente estavachegando a São Paulo de avião e dis-se que precisava de uma cadeira derodas, pois teve um acidente. Eu pro-videnciei o serviço e resolvi o pro-blema dele”, conta Otávio Ventura, di-retor da Your Office.

Os escritórios são oferecidos emdiversos tamanhos e localidades. AYour Office atua em São Paulo e emAlphaville, com mais de 8 mil metrosquadrados de área, sendo 100 salasexecutivas, auditórios e salas de reu-nião. “A maioria das empresas usa assalas em tempo integral, apenas au-mentando ou diminuindo a quantidadede salas”, afirma Ventura, que atendea mais de 100 clientes.

Já a pioneira Infinity, com opera-ções desde 1991, oferta escritórios em

Flat comercial

São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, BeloHorizonte, Brasília, Campinas, PortoAlegre, Salvador e Recife. Os mais de600 clientes têm acesso aos serviçosde recepção, copeira e faxineira, cy-bercafé e suporte diário com alto nívelde infra-estrutura, qualificação profis-sional e tecnologia de informação. Ou-tros serviços são a construção de iden-tidade corporativa (com ou sem estru-tura física), cartão com endereço parareceber correspondências, números detelefone e telefonista, além de planejar,organizar e monitorar eventos corpo-rativos sob medida.

A economia com condomínio,IPTU e custos operacionais agradagrandes empresas como Nokia, Natu-ra, Johnson & Johnson, White Mar-tins e C&A. Mas as pequenas e atéprofissionais liberais também aderemao serviço, que flexibiliza a ocupaçãodos espaços. A Your Office aluga sa-las comerciais com pacotes a partir

de 20 horas mensais, ou seja, o clien-te pode passar apenas uma hora pordia no escritório.

Outros serviços são a recepção emaeroporto, prospecção de clientes emSão Paulo e até reserva de passagensaéreas. O aluguel de salas de reunião eauditórios com os equipamentos neces-sários está entre as opções, que podemser locados por horas, dias ou meses.A construção e a manutenção da estru-tura física, e o gerenciamento de equi-pes e serviços para empresas ficam acargo da prestadora do serviço. Segun-do Mauro Koraicho, presidente da In-finity Officing, este tipo de serviço nãoé novo em países desenvolvidos, maspoucas empresas aqui no Brasil conhe-cem o atendimento corporativo com-pleto. (Débora Remor)

Aluguel de escritórios inclui mobília e

serviços, com menos burocracia e custos

Infinity: (11) 2111-4111

Your Office: 0800 11 665

Linha Direta

Flexibilidade dos pacotes agrada de profissionais liberais a multinacionais

Page 71: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 71

Page 72: Empreendedor 156

Guia do Empreendedor

72 – Empreendedor – Outubro 2007

Grandes impressõesA Akad lança a impressora de gran-

de formato Infiniti Fina 250. À base desolvente, a impressora é ideal para gran-des formatos, imagens de alta qualida-de e ótima relação custo-benefício. AInfiniti possui calibração automática dascabeças de impressão, controlador deaquecimento de substratos, secador de

Executivo voluntárioO projeto Executivo Voluntá-

rio tem o objetivo de comparti-lhar a experiência de grandes em-presários para contribuir com ocrescimento dos negócios do se-tor de tecnologia da informação.Lançado pela Associação das Em-presas Brasileiras de Tecnologiada Informação, Software e Inter-net, Regional de Santa Catarina(Assespro-SC), o projeto propõeque um gestor de sucesso, atra-vés da sua vivência e conheci-mento, ajude micro e pequenasempresas a elaborarem e execu-tarem um planejamento estratégi-co. As empresas interessadas emparticipar podem se inscrever nasecretaria da associação, que ela-bora uma lista de executivos in-teressados em compartilhar o seuconhecimento. O programa é gra-tuito, e envolve apenas os custosde transporte e hospedagem doempresário. (48) 3223-3358/www.assespro-sc.org.br

Informações corporativas

impressão, e os modos especiais de im-pressão chegam a 720 dpi até 1.140dpi de qualidade, com velocidade de29 m²/h. Ideal para impressão de ban-ners, faixas, adesivos e ampliações, aInfiniti Fina 250 é oferecida pela Akadcom suporte técnico e demonstrações.(11) 3829-7713/www.akad.com.br

O Podcast VoIT é um site especializado em informações corporativas ecomemorou seus dois anos no ar com o aporte de R$ 2 milhões da empresanacional Adrenax Capital. O veículo de comunicação migrará para o am-biente Web 2.0 e, segundo o jornalista Guido Orlando Jr., idealizador do

VoIT, será disponibilizado o queexiste de mais moderno parainteração dos usuários.

Voltado para o mercadocorporativo, o Podcast VoITfoge dos padrões normais ejá alcançou a marca de 500mil visitas por mês. O sitetem foco também na criação,produção, publicação, distri-buição e gerenciamento deconteúdos para empresas,nos formatos de áudio, vídeo,texto e imagem. Já o PodcastInformativo é alimentado porcomentários e análise do mer-cado. www.voit.com.br

IND

EX

O

PE

N

Page 73: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 73

Produtos e Serviços

Empresário do futuroO Instituto Brasileiro do Futuro Empresário (Ibra-

fem) oferece assessoria empresarial e de comunica-ção, e consultoria jurídica por apenas R$ 50 por mês.Com sede em Campinas (SP), a entidade tem o ob-jetivo de oferecer apoio ao empresário desde suaformação e auxílio através de assessorias adminis-trativas. O site oferece aos filiados um Guia de Ne-gócios com dicas sobre diversas áreas e um Guiado Empreendedor, mostrando as ferramentas paraauxiliar. O Ibrafem apresenta ainda faculdades deadministração de empresas e colégios técnicos paraaprimorar o aprendizado dos filiados.(19) 3756-2100/www.ibrafem.com.br

Transporte na redeO portal Multitransportes mudou de nome e

agora chama-se Transpo On-line. Ele oferece co-bertura dos principais movimentos do setor detransporte rodoviário de cargas e passageiros, e édestinado a transportadores, embarcadores, redesde distribuição de veículos e componentes, execu-tivos e técnicos de montadoras, e outros fabrican-tes de insumos e implementos do setor de trans-portes. O espaço dá destaque ainda a reportagens,novidades sobre legislação, treinamentos e o anuá-rio Caminhões. www.transpoonline.com.brCO

2 Global

A Handcase lançou um programa gratuito para controle de emis-sões e gerenciamento de créditos de carbono. Com o CO

2 Global,

é possível gerenciar a compra e venda de créditos de carbono,fazer o planejamento das ações sustentáveis e de controle de emis-são, organizar os certificados comprados ou vendidos, estabeleceríndices de adicionalidade, emissão, redução e muito mais.

A ferramenta é exclusiva e roda em todos os sistemas daplataforma Palm, com download grátis pelo site da Handcase.O CO

2 Global ainda apresenta uma tabela de índices para cál-

culo de créditos de carbono e traz uma relação de links impor-tantes sobre créditos de carbono e desenvolvimento sustentá-vel. www.handycase.com

Para todos os bolsosA Sociale Comunicação, agência paulistana dos sócios Franco

Rosário e Flávio Demarchi, criou uma ferramenta para auxiliar nadivulgação das pequenas e médias empresas do Brasil. Através dosite www.sociale.com.br, empresas, profissionais liberais e entida-des podem solicitar a criação de qualquer peça de comunicaçãoatravés do preenchimento de um simples formulário passo a pas-so. São criados desde folhetos até sites de internet, passando poroutdoors, malas-diretas e logomarcas. Tudo é feito através da in-ternet, e o cliente ainda escolhe o valor do seu investimento, ouseja, quanto vai pagar pelo trabalho. Isto é possível, porque a agên-

cia trabalha com uma equi-pe de profissionais free-lance de diversas áreas.São eles os responsáveispela criação das peças, sobsupervisão da agência, quegarante a qualidade do tra-balho e o prazo de entre-ga. www.sociale.com.br

INDEX OPEN

Outubro 2007 – Empreendedor – 73

Page 74: Empreendedor 156

Guia do Empreendedor

74 – Empreendedor – Outubro 2007

No ano em que se celebra o 30ºaniversário do desaparecimento doeconomista Ernst Friedrich Schuma-cher, os brasileiros Messias Merca-dante de Castro e Lúcia Maria Alvesde Oliveira lançam A gestão ética,

competente e consciente, inspirado noclássico escrito por ele Small is beau-

tiful: economics as if people matte-

red (O negócio é ser pequeno, na tra-dução brasileira). Os autores, segun-do o embaixador Rubens Ricupero,que assina o prefácio, “fazem umaampla reflexão acerca dos efeitos per-niciosos de um gênero de capitalismodistorcido, pensado e praticado aindana base do laissez-faire absoluto e dabusca imoderada da acumulação ili-mitada e concentradora da riqueza”.

Castro e Lúcia Maria propõem ummodelo empresarial que eles denomi-naram “empresa consciente”: insti-tuição voltada não apenas à busca dolucro, mas também à promoção dobem-estar, da redução das desigual-dades, da responsabilidade social edo equilíbrio ambiental, segundo Ri-cupero. A peça-chave neste modelosão as pessoas que, no exercício desuas funções, moldam a personali-dade dos negócios, constroem suahistória, criam sua cultura e imagem.São elas que estabelecem relaciona-mentos com clientes, fornecedores,prestadores de serviço, instituiçõesfinanceiras e outros agentes exter-nos. Elas não são meros recursos,são parte vital de um organismo vivo,cujo criador é o empreendedor.

Um empreendimento surgido einstalado a partir da concretização deuma boa idéia necessita de uma boaadministração para torná-lo viável –não necessariamente seu criador. Épreciso uma liderança ética, compe-

A gestão ética,

competente e conscienteAutores: Messias Mercadantede Castro e Lúcia Maria Alvesde OliveiraEditora: M.BooksPreço: R$ 35,00

Autores questionam modelos de gestão que reduzem

as pessoas a um simples fator de produção

tente e consciente de suas responsa-bilidades, capaz de disseminar paratoda a organização essa nova cultu-ra, gerando um movimento sinérgi-co em busca do lucro e do cumpri-mento de seu papel social, o que,segundo os autores, garantirá seufuturo no mercado. Em suma, é pre-ciso substituir o individualismo exa-cerbado, que corrói a sociedade, pelacooperação, compaixão e solidarie-dade em todas as instâncias da vida,até mesmo – e principalmente – nosnegócios. Um sonho? É possível quenão. Consumidores e acionistas cadavez mais valorizam o bom compor-tamento das empresas.

Empresas humanas Frases

Os números econômico-sociais dos quais ele

(Schumacher) se valeu para tecer comentários

perspicazes há 30 anos, uma vez atualizados,

comprovariam que os temas abordados e criti-

cados em suas linhas não apresentaram me-

lhorias evolutivas; pelo contrário, alguns deles

atingiram níveis mais assustadores.

A edificação empresarial sobre alicerces pou-

co confiáveis gera problemas que se tornam

visíveis na acentuada ampliação de desequi-

líbrio social, no aumento acelerado do de-

semprego e em desastres ambientais que, fu-

turamente, comprometerão seus próprios in-

teresses, desvinculados que estão de valores

éticos e consistentes.

Boas idéias e projetos inovadores são intimi-

dados por essa agressividade predatória que

veda as oportunidades de quem almeja se

estabelecer, crescer e vencer com legitimida-

de no universo empresarial.

Ao tornar-se consciente, a empresa se trans-

forma em unidade produtiva vigorosa, apta

a inibir com maior facilidade os riscos de

fracasso.

Atitudes, esquemas de comando, finalidades

e comprometimentos corporativos precisam

ser urgentemente revistos.

O grande erro é que a economia, não se cons-

tituindo uma religião, passou a atribuir-se tal

qualificação, ditando normas comportamen-

tais e apregoando dogmas.

Principais obras

de Schumacher

Em português:

O negócio é ser pequeno

(Editora Zahar, 1983)

Em inglês:

Small is beautiful: economics

as if people mattered (1973)

A guide for perplexed (1977)

Good work (1979)

Nascimento: 16/8/1911

Morte: 4/9/1977

Page 75: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 75

Leitura

Ernst Friedrich Schumacher pregava

antes da metade do século passado con-

ceitos que hoje são base do desenvolvi-

mento sustentável. A economia proposta

pelo intelectual alemão, que desenvolveu

carreira na Inglaterra, é oposta ao consu-

mo excessivo de materiais (especialmente

não-renováveis), crescimento sem senti-

do, dominação pelas grandes empresas e

sistemas de escala mundial, com tecnolo-

gias centralizadas e de capital intensivo.

Ainda em 1958, ele alertou para os peri-

gos da dependência máxima do petróleo

do Oriente Médio e as implicações políti-

cas desta situação, além de se tornar um

opositor da energia nuclear, devido à acu-

mulação de grandes quantidades de resí-

duos tóxicos.

Observador atento da natureza e inte-

ressado em ensinamentos de sábios bu-

distas e taoístas, Schumacher desenvol-

veu uma compreensão diferenciada da

complexa relação entre sistemas vivos. Na

segunda metade da década de 1950, du-

rante sua permanência em Myanmar

como consultor econômico da ONU, ela-

borou os princípios da chamada “econo-

mia budista”, baseado nas crenças de que

bom trabalho é essencial para o desen-

volvimento humano e de que a produção

a partir de recursos locais para a solução

de necessidades locais é o sistema eco-

nômico mais racional.

Sua obra Small is beautiful: economics

as if people mattered, de 1973 (lançada no

Brasil dez anos depois com o título O ne-

gócio é ser pequeno), é considerada um

dos 100 livros mais influentes publicados

após a Segunda Guerra Mundial. Tiveram

grande influência no trabalho de Schuma-

cher os pensamentos do economista aus-

tríaco Leopold Kohr sobre a grandeza de

escala: “Se uma sociedade cresce acima

do seu tamanho ótimo, os problemas vão

eventualmente acabar por ultrapassar o

crescimento das faculdades humanas que

são necessárias para lidar com eles”.

Fonte: E. F. Schumacher Society e Wikipédia

A Meta na Prática:

Livro de Exercícios da TOC

Editora: NobelAutor: Eliyahu M. GoldrattPreço: R$ 95,00

Criador da Teoria das Restrições, Goldratt

lança agora um livro prático para a solução

de problemas logísticos. A Meta na Prática

vem acompanhado de um CD-ROM que con-

tém um simulador de produção de empre-

sas, permitindo apreciar a situação, os gargalos e repensar o méto-

do de avaliar a produção. Como um videogame que diverte e ensina

ao mesmo tempo, o simulador de produção possui várias fábricas

diferentes. A ênfase do livro recai sobre como conduzir a empresa

às mudanças e identificar os problemas, como chegar rapidamente

às soluções e ao desempenho otimizado da produção.

Conceitos atuais

Gestão de Marcas

em Mercados – B2B

Editora: BookmanAutor: Philip KotlerPreço: R$ 41,00

Neste livro, o guru do marketing aborda com

profundidade a metodologia da construção de

marcas de produtos, seus conceitos e teo-

rias, e oferece cases que ilustram o sucesso

do branding bem-sucedido. Ele defende que construir, promover,

apoiar e proteger marcas sólidas é compromisso de todos os profis-

sionais da empresa para fazer frente à grande semelhança entre os

produtos. Os resultados mostram que marcas fortes se recuperam

mais rapidamente após as tragédias e proporcionam retornos mais

sólidos às respectivas companhias.

O Antídoto

Editora: Pearson EducationAutores: Anand Sharma e Gary HourseltPreço: R$ 55,00

O guia completo para executivos enfrenta-

rem os desafios corporativos propõe a

substituição do antiquado sistema de ne-

gócios de comando e controle pela fórmu-

la de um modelo transformacional de ne-

gócios. Os autores apresentam um roteiro

para as companhias conquistarem e manterem a vantagem com-

petitiva sobre a concorrência com foco na eliminação do desper-

dício. A inovação pelo valor e a relação direta com o cliente ainda

são os marcos essenciais para transformações positivas, mas os

autores mostram também como criar uma cultura de resposta

rápida e de melhoria contínua.

Page 76: Empreendedor 156

Guia do Empreendedor

76 – Empreendedor – Outubro 2007

Elevação da inflaçãoe política monetária

A recente turbulência nos mercados

financeiros internacionais coincidiu

com a elevação das taxas de inflação

no Brasil, o que obviamente gerou dis-

cussões sobre a condução da política

monetária em reação a esses aconteci-

mentos. Com dois anos de redução dos

juros básicos da economia, é natural

que haja questionamentos sobre a pos-

sibilidade de continuidade da diminui-

ção das taxas. A redução da taxa de

19,75% ao ano para os atuais 11,25%

ao ano ocorreu com um cenário exter-

no e interno amplamente favorável, que

auxiliou na unanimidade em torno do

processo, sendo discutida somente a

velocidade da queda.

Um elemento fundamental para o

controle da inflação nesse período foi

a apreciação da moeda brasileira. Se o

real valorizado gerou reclamações por

parte dos exportadores, por outro lado

permitiu a importação de insumos e

produtos acabados mais baratos, o que

dificultou a elevação dos preços, ou

seja, ajuda a controlar a inflação.

A volatilidade e preocupações com

o crescimento da economia internacio-

nal afetaram a economia brasileira com

intensidade muito mais baixa agora do

que em situações anteriores, o que foi

possível com a menor vulnerabilidade

externa do país. Isto foi obtido com

aumento das reservas internacionais,

redução da dívida externa e manuten-

ção dos superávits em transações cor-

rentes, o que quer dizer uma maior

capacidade de o país atender a seus

A expansão do investimento no primeiro semestre

e a observação de que não há setores no limite da

capacidade permitem a continuidade da redução de juros

pagamentos internacionais. Isto foi

possível, apesar da apreciação da

moeda brasileira, e para isto foi im-

portante a elevação dos preços dos

produtos básicos no mercado exter-

no, que são a maior parte da pauta de

exportação brasileira. Com isso, o

preço mais alto em moeda estrangei-

ra compensava a queda do preço do

dólar no mercado brasileiro.

A elevação do preço das commodi-

ties é influenciada pelo crescimento da

economia internacional, e este pode ser

um problema para a inflação brasileira.

Como o preço desses produtos é esta-

belecido no mercado internacional, o

preço dentro do país tende a se aproxi-

mar do preço externo e, com a inter-

rupção da valorização da moeda brasi-

leira, isto pode gerar pressão inflacio-

nária. Um exemplo é o preço do petró-

leo, que, quando aumenta no exterior e

não tem o aumento correspondente em

seus derivados no mercado interno, sig-

nifica uma perda para a Petrobrás. Da

mesma forma, produtos minerais e

commodities agrícolas acompanham

no mercado interno o preço no exte-

rior, o que acaba por pressionar os pre-

ços em várias cadeias produtivas.

Também ocorrem aumentos de pre-

ços e localizados, associados a com-

portamentos de oferta sazonais e de

mercados específicos, como o caso

do leite e da carne bovina nos meses

de julho e agosto. Estes casos e os

fatores discutidos acima não são in-

fluenciados pela política monetária,

cujo efeito é basicamente sobre a de-

manda no mercado interno. Só ocor-

rerá expansão da produção e da renda

na economia caso haja aumento da de-

manda, e o risco de elevação da infla-

ção aparece quando a expansão da de-

manda é superior à expansão da ofer-

ta. A dificuldade tradicional para a de-

cisão dos juros é permitir que a de-

manda seja suficiente para estimular a

produção e não excessiva a ponto de

gerar inflação. A situação atual da eco-

nomia brasileira é de uma taxa real de

juros mais baixa do que a do Banco

Central, e os analistas da economia

conhecem os seus efeitos. Mesmo

quando há esse conhecimento, ele é

limitado, o que tende a tornar os mo-

vimentos da taxa de juros mais lentos.

O Banco Central está seguindo, por-

tanto, o que diz a teoria. O ponto defi-

nidor para o controle da inflação será

a capacidade produtiva para atender à

demanda. Neste sentido, a expansão do

investimento observada no primeiro se-

mestre é uma ótima notícia que, quan-

do complementada com a observação

de que ainda não há setores que este-

jam no limite da capacidade, permite a

continuidade por algum tempo da re-

dução de juros.

Roberto Meurer

Consultor da Leme Investimentos e

professor do Departamento

de Economia da UFSC

Page 77: Empreendedor 156

Outubro 2007 – Empreendedor – 77

N O M E T I P O PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO % ANOA Ç Ã O A Ç Ã O I B OV E S PA (ATÉ 21/9/2007)

Acesita PN 0,17 43,30ALL Amér Lat UNT N2 2,02 16,60Ambev PN 1,19 29,90Aracruz PNB 0,94 1,10B2W Global ON 1,36Bradesco PN 3,82 16,50Bradespar PN 1,58 92,50Brasil T Par ON 0,43 44,20Brasil T Par PN 0,67 57,90Brasil Telec PN 0,93 65,40Brasil ON 1,65 33,80Braskem PNA 1,22 14,20CCR Rodovias ON 1,10 25,00Celesc PNB 0,31 10,10Cemig PN 1,70 16,20Cesp PNB 1,06 35,60Comgás PNA 0,25 30,50Copel PNB 0,92 18,40Cosan ON 2,04 -43,60CPFL Energia ON 0,80 27,50Cyre Com-CCP ON 0,14Cyrela Realty ON 1,26 22,80Duratex PN 0,67 59,20Eletrobrás ON 1,27 3,20Eletrobrás PNB 1,44 12,00Eletropaulo PNB 0,84 17,90Embraer ON 0,88 -5,20Gafisa ON 0,73 -12,10Gerdau Met PN 0,85 39,30Gerdau PN 2,30 37,00Gol PN 1,50 -31,30Ibovespa 100,00 30,00Ipiranga Pet PN 0,33 43,20Itaubanco PN 2,71 13,10Itausa PN 1,98 19,70Klabin S.A. PN 0,66 32,10Light S.A. ON 0,46 30,40Lojas Americ PN 0,73 46,40Lojas Renner ON 0,89 18,50Natura ON 1,33 -20,60Net PN 1,60 18,00P.Açúcar-CBD PN 0,71 -25,10Perdigão S.A. ON 1,05 25,00Petrobras ON 2,57 28,90Petrobras PN 14,37 20,80Sabesp ON 0,63 28,90Sadia S.A. PN 0,87 35,10Sid Nacional ON 2,33 90,20Souza Cruz ON 0,51 23,30TAM S.A. PN 1,77 -26,70Telemar N L PNA 0,33 35,60Telemar ON 1,07 16,70Telemar PN 2,03 30,40Telemig Part PN 0,29 36,80Telesp PN 0,31 17,60Tim Part S.A. ON 0,60 -11,50Tim Part S.A. PN 1,33 4,80Tran Paulist PN 0,40 43,10Unibanco UnN1 2,26 16,00Usiminas PNA 3,28 55,90V C P PN 0,84 24,00Vale R Doce ON 2,99 79,50Vale R Doce PNA 11,59 76,40Vivo PN 1,17 0,80

Juros/Aplicação (%)

Agosto AnoCDI 0,99 8,09Selic 0,99 8,12Poupança 0,65 5,36Ouro BM&F 2,42 -2,53

Indicadores imobiliários (%)

Agosto AnoCUB SP 0,50 5,05TR 0,15 1,17

Juros/Crédito

Setembro Setembro

21/Setembro 20/Setembro

Desconto 1,94 2,00Factoring 3,97 3,98Hot Money 3,40 3,38Giro Pré * 2,15 2,22

Câmbio

CotaçãoDólar Comercial Ptax R$ 1,8618Euro US$ 1,4084Iene US$ 0,0087

Mercados futuros(em 21/9/2007)

Outubro Novembro Dezembro

Dólar R$ 1,869 R$ 1,876 1,882,04

Juros DI 11,13% 11,09% 11,06%

Inflação (%)

Índice Agosto AnoIGP-M 0,98 2,75IGP-DI 1,39 3,24IPCA 0,47 2,80IPC - Fipe 0,07 2,72

Carteira teórica Ibovespa

Outubro

IbovespaFuturo 57.920

(em 21/9/2007)

(em 21/9/2007)

(em % mês)

* taxa mês

Análise Econômica

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Guia do Empreendedor

78 – Empreendedor – Outubro 2007

Para mais informações sobre feiras e outros eventoscomerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor

www.empreendedor.com.br

Em destaque16 a 18/10/2007

BIOFACH E EXPOSUSTENTATTransamérica Expo Center – SP

www.biofach-americalatina.com.br/www.exposustentat.com.br

A BioFach é a versão latino-americana da maior feira mundial de produtos

orgânicos e encontra-se na quinta edição no Brasil. O evento conta com roda-

das de negócios, apoiadas pela Apex, com compradores internacionais e ativi-

dades focadas na ponta do varejo para o aumento do consumo interno dos

orgânicos. Já a Feira Internacional de Bens e Serviços Sustentáveis acontece

pela terceira vez, e conta com diversas empresas e organizações comprometi-

das com a responsabilidade social e ambiental, que já trabalham de forma

sustentável, trazendo para o mercado produtos e serviços que não esgotam as

reservas naturais. Palestrantes brasileiros e internacionais estarão na Expo

Sustentat para falar de pagamentos de serviços ambientais, cosméticos, biodi-

versidade, mercado justo, construção sustentável, entre outros.

Agenda

23 a 26/10/2007

WSC – CONGRESSO INTERNACIONAL DE SEGURANÇAPestano Bahia Hotel – BA

(47) 3338-4850/(11) 5548-9651/www.worldsecuritycongress.com

A quarta edição da feira e do congresso sobre segurança terá cerca de 40

expositores de armamento, consultoria em segurança empresarial, ban-

cária, do transporte, da informação e eletrônica, segurança contra incên-

dio, contra roubo e seqüestro, e sistemas de controle e acesso. Os orga-

nizadores esperam um público estimado em 1,5 mil pessoas para os três

dias de evento, que apresenta também painéis de trabalhos científicos

sobre a área de segurança.

23 a 26/10/2007

2º SALÃO DO JEANSParque de Exposições Maraponga, Fortaleza – CE

(85) 3495-2122/www.marapongamartmoda.com.br

A exposição nasceu da idéia de aproximar a indústria de jeans de potenciais

compradores nacionais e internacionais, de forma rápida, direta e eficiente. O

evento concentra os melhores fabricantes de jeans do Norte e Nordeste, bene-

ficiando diretamente lojistas, representantes comerciais e fornecedores.

15 a 18/10/2007

XL CONGRESSO INTERNACIONALDE CELULOSE E PAPELTransamérica Expo Center – SP

(11) 3874-2708

abtcp@ abtcp.org.br

www.abtcp-zellcheming2007.org.br

O evento oferece a oportunidade de encon-

tro entre técnicos nacionais e estrangeiros,

além de promover o intercâmbio de conhe-

cimentos nas diversas áreas do setor de

celulose e papel. Possibilita, ainda, o reco-

nhecimento de novas tecnologias e solu-

ções avançadas para inúmeros problemas.

A organização da quadragésima edição do

Congresso espera receber 1,2 mil congres-

sistas e 250 expositores de máquinas,

equipamentos, instrumentação e controle

de processo, produtos químicos, engenha-

ria, projetos e montagem.

15 a 19/10/2007

FENATRANPavilhão de Exposições do

Parque Anhembi – São Paulo – SP

(11) 6283-5011

www.fenatran.com.br

O 16º Salão Internacional do Transporte

abre este ano com expectativa de recorde

de público. Os mais de 270 expositores

trazem as novidades de transporte de car-

ga, montadoras de veículos, fabricantes de

implementos, autopeças, motores e

pneus, distribuidores de petróleo e deri-

vados, equipamentos para oficinas e ter-

minais de carga.

23 a 25/10/2007

4ª FEIRA CORTE &CONFORMAÇÃO DE METAISExpo Center Norte, Pavilhão Azul – SP

(11) 3824-5300

www.arandanet.com.br

O evento da área de processamento de cha-

pas metálicas atrai profissionais, especia-

listas e fornecedores de máquinas, ferra-

mentas, acessórios, sistemas de apoio, sof-

tware, metal-mecânica e tubos metálicos.

No congresso paralelo, serão discutidas no-

vas técnicas de conformação que permitem

reduzir o ciclo e custos de fabricação, além

de garantir economia de matéria-prima com

menos descarte e menos refugo.

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Outubro 2007 – Empreendedor – 79

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80 – Empreendedor – Outubro 2007

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Outubro 2007 – Empreendedor – 81

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82 – Empreendedor – Outubro 2007

www.empreendedor.com.brO conteúdo que faz toda a diferença

FORMATO RSS – Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.

Página inicial

Cobertura on-lineAtualize-se no site Empreendedor

sobre as maiores novidades merca-

dológicas e empresariais, divulgadas

entre os dias 1º e 4 de outubro, du-

rante o principal evento do setor de

Telecomunicação da Informação da

América Latina, o Futurecom.

Criado em 1999 e realizado anu-

almente em Florianópolis, Santa Ca-

tarina, no Centro de Convenções –

Centro Sul, o Futurecom possui dois

segmentos principais: o Seminário

Internacional e o Business Trade

Show. Nesta edição, o seminário foi

realizado com apresentações simul-

tâneas em seis auditórios, onde fo-

Teste seu grau empreendedor

ram debatidos os te-

mas mais atuais e as

tendências dos setores

de telecomunicações e de tecnologia da

informação. Mais de 200 painelistas e

palestrantes, do Brasil e do exterior,

discutiram as tendências tecnológicas,

empresariais e de mercado. E o Busi-

ness Trade Show, a mais qualificada

exposição realizada na América Latina

e a única no Brasil, contou com a par-

ticipação de aproximadamente 150

empresas, nacionais e internacionais.

Além de discutir e apresentar novos

produtos e tendências, a Futurecom teve

como principal objetivo criar oportuni-

dades para fe-

char novos ne-

gócios, aprovei-

tando a participação de operadoras,

distribuidores de bens e serviços, cli-

entes corporativos e pesquisadores.

Para ter acesso à cobertura on-

line, realizada nos períodos da ma-

nhã, tarde e noite durante os quatro

dias de evento, entre no www.em-

preendedor.com.br, vá até a área

“Categorias”, na coluna à esquerda,

e clique em “todas”. Lá você vai en-

contrar a opção “Futurecom”, com

todas as matérias sobre as principais

novidades do evento.

“Acabo de ter contato com o teste proposto por Luiz

Fernando Garcia, baseado na concepção original de T.

Venkateswara Rao e publicado no site www.empreen-

dedor.com.br, que tem sido uma das minhas mais ricas

fontes de estudo, pesquisa e atualização na minha fun-

ção de professor universitário de Empreendedorismo.

A razão deste contato se prende ao fato de estar escre-

vendo um livro sobre empreendedorismo e ser um defen-

sor da introdução do ensino deste tema como disciplina

regular de nossas faculdades. Uma idéia que sempre me

acompanhou foi a de criar algum teste que pudesse ser

aplicado no início e no final de qualquer curso, superior

ou não, e que pudesse servir para aferir o eventual au-

mento do nível de empreendedorismo do alu-

no durante seu período discente.

Gostaria de poder obter dos responsáveis

pela divulgação do teste uma autorização

para a divulgação do endereço eletrônico,

onde o leitor de nossa modesta contribuição

literária pudesse se auto-avaliar e, desta for-

ma, cumprir um dos mais perseguidos obje-

tivos da obra que pretendo estar lançando

nos próximos meses. Agradecendo desde já

a atenção de sua resposta.”

Um dos destaques de maior repercussão do site Em-

preendedor no mês de setembro foi o teste desenvolvido

por Luiz Fernando Garcia – consultor e especialista em

manejo comportamental, empreendedorismo e negócios

– com base na concepção original de T. Venkateswara

Rao, especialista sobre o tema.

Com o nome “Teste seu grau empreendedor”, o obje-

tivo foi ajudar a identificar se o internauta testado é um

empreendedor franco, possui conduta empreendedora,

aceita feedbacks ou impõe a sua própria verdade.

Editado de maneira criativa pelo editor de multimí-

dia do site, Fábio Mayer, o teste foi motivo de muitos

e-mails, como este ao lado, do professor Cezar Maga-

lhães, diretor presidente da Co-

opecia–Cooperativa de Consul-

tores, Instrutores e Auditores e

professor da Faculdade Novo

Milênio – Vila Velha – ES.

Para ter acesso ao teste, vá

até a área de busca do site Em-

preendedor, do lado direito do

cabeçalho, e digite, entre as-

pas, a frase: “Teste o seu grau

empreendedor”.

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