Empreendedor 177

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ANO 15 N o 177 JULHO 2009 R$ 9,90 AN AN O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O 1 1 15 15 15 15 15 15 15 1 1 1 15 15 15 15 15 15 1 1 15 15 1 1 1 15 1 1 1 15 5 15 1 15 15 15 15 1 5 5 1 1 1 N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 7 77 7 7 77 7 77 77 77 77 77 77 77 7 77 77 7 77 77 7 7 7 77 77 77 7 7 7 7 7 7 77 7 7 7 77 7 7 7 7 7 7 JU JU JU U JU JU JU U JU JU JU JU JU U JU JU JU JU JU JU JU JU JU J JU U JU U JU U U J U U J J U J JU U U J LH LH LH LH LH LH LH LH LH LH LH LH LH L L LH LH LH H LH LH LH LH LH LH H LH L LH H L O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 R R $ $ 9 , 9 0 www.empreendedor.com.br Shopping centers investem em novos conceitos, Shopping centers investem em novos conceitos, formatos e cidades do interior para manter formatos e cidades do interior para manter o crescimento de público e vendas o crescimento de público e vendas Templos do Templos do consumo consumo EMPREENDEDOR – TEMPLOS DO CONSUMO – ANO 15 N o 177 JULHO 2009 ISSN 1414-0152 ROBERTO MENNA BARRETO E OS INGREDIENTES DA CRIATIVIDADE: BOM HUMOR, IRREVERÊNCIA E PRESSÃO TI VERDE: REDUÇÃO DE CUSTOS E IMPACTOS PERFIL: ROMANO, DA CENTENÁRIA CASA GODINHO

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Edição n. 177 da revista Empreendedor, de julho de 2009

Transcript of Empreendedor 177

ANO 15 No 177 JULHO 2009 R$ 9,90 ANANNO OOOOOOOOOOOO OO O OOOO OOO OOOOOOOOOOOOOOOOOOO 11151515151515151111515151515151115151111511115515115151515155111 N N NNNNNN NNNNN NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNooooooooooooooooooooooooo 11 11 1 1111 11 111111 1 1 1 111 1111111 1111111177777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777777 JUJUJUUJUJUJUUJUJUJUJUJUUJUJUJUJUJUJUJUJUJUJJUUJUUJUUUJUUJJUJJUUUJ LHLHLHLHLHLHLHLHLHLHLHLHLHLLLHLHLHHLHLHLHLHLHLHHLHLLHHL OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO 222 2 22 22 22 22 2 2 22 2222222220000000000000000000000 9999999999999999999999999999999 99 999999999 9999999999999999 9 9999 9999999 99999 99 9 99 RR$$ 9,90

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Shopping centers investem em novos conceitos, Shopping centers investem em novos conceitos, formatos e cidades do interior para manter formatos e cidades do interior para manter o crescimento de público e vendas o crescimento de público e vendas

Templos doTemplos doconsumoconsumo

EMPREENDEDOR – TEM

PLOS DO CONSUMO – ANO 15 N o 177 JULHO 2009

ISSN

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ROBERTO MENNA BARRETO E OS INGREDIENTES DA CRIATIVIDADE: BOM HUMOR, IRREVERÊNCIA E PRESSÃO

TI VERDE: REDUÇÃO DE CUSTOS E IMPACTOS PERFIL: ROMANO, DA CENTENÁRIA CASA GODINHO

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N E S T A E D I Ç Ã O

SHOPPINGSEM EXPANSÃO

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L E I A T A M B É M

EMPREENDEDORESNÃO DURMA NO PONTOPRODUTOS E SERVIÇOSLEITURA DINÂMICA EMPREENDEDORAAGENDAANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR

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A crise adiou alguns lançamentos, mas os shoppings continuam em franca expansão. Somente neste ano 26

unidades serão inauguradas, e até 2010 o número de shoppings deve chegar a

737, um crescimento de quase 40% em uma década. O fôlego vem de cidades do interior e de novos conceitos de

empreendimento, como os shoppings de desconto (outlet center) e os shoppings

de vizinhança (strip center).

32 | PERFIL

Miguel RomanoO comerciante soube conciliar a atmos-

fera centenária do estabelecimento, a Casa Godinho – instalada desde 1924 no térreo do edifício Sampaio Moreira, o primeiro arranha-céu de São Paulo –, a inovações em serviços para ter casa e caixa cheios.

46 | FRANQUIA

BiorrevoluçãoCriada a partir da parceria da SuperBac,

soluções biotecnológicas para o varejo, agro-negócio, saneamento, energia e biorremedia-ção, e a Francap, consultoria em franquias, a BioFranchising Solutions é a primeira rede de soluções biotecnológicas.

16 | ENTREVISTA

Roberto Menna BarretoO empresário, escritor e con-

sultor empresarial Roberto Men-na Barreto desmistifi ca a pompa atribuída ao conceito de criativi-dade e mostra como é possível encarar os problemas com hu-mor e tornar o ambiente organi-zacional apto às boas ideias.

30 | PERSPECTIVA

Futuro econômicoEconomistas discutem a cri-

se, a posição do Brasil na eco-nomia mundial e as novas ten-dências de mercado, e salientam a necessidade de investimentos em infraestrutura e capital hu-mano para o País ser uma refe-rência internacional.

28 | INOVAÇÃO

Discussão mundialO Brasil será sede, em outu-

bro, do Global Fórum de Empre-endedorismo e Inovação, evento que discute políticas de inovação, mecanismos para acordos bila-terais, regras para incubadoras tecnológicas e estratégias para es-timular a internacionalização.

38 | TI

Tecnologia verdeNovo conceito de infraestru-

tura tecnológica busca redução de custos, principalmente de energia e manutenção – diminuindo os im-pactos ambientais de geração elé-trica –, além de facilitar o gerencia-mento da infraestrutura e aumentar a confi abilidade dos sistemas.

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E D I T O R I A L

A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Beatrice Gonçal-ves, Cléia Schmitz, Diogo Honorato e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo e PhotosToGo – Foto da capa: PhotosToGo – Revisão: Lu Coelho

Sedes

São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Bor-ba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Pau-lo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [[email protected]]

Florianópolis Executivos de Contas: Nelson Rosa [[email protected]] – Executivo de Atendimento: Ronaldo Cesar Pacheco [[email protected]] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [[email protected]] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017

Brasília Ulysses C. B. Cava [[email protected]] – Fone: (61) 3225-3715/9975-6660 – CLSW 301 – Bloco C – Loja 62 – Sudoeste – 70673-603 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Flávio Duarte [[email protected]] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767

Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Ex-press de Publicações Ltda – São Paulo

Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.brEditora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

Se existem templos do consumo, certamente eles são os shoppings. O fl uxo de pessoas que frequentam esses espaços saltou de 125 milhões para 325 milhões por mês em oito

anos, segundo dados da Associação Brasilei-ra de Shopping Centers (Abrasce). E a parcela de clientes que fazem alguma compra quando visitam o shopping passou de 40% para 45%, porcentagem que aumenta ainda mais quando considerado apenas quem entra em uma das lojas – 58%, em 2006, para 62%, em 2008. O segredo parece estar no tripé estacionamento-climatização-segurança e na comodidade de encontrar no mesmo lugar opções variadas de compras, alimentação, serviços e lazer.

Criados e aprimorados nos Estados Unidos – a ideia de reunir em um só lugar lojas de diferentes ramos surgiu em Dallas, em 1931, e 25 anos depois foi inaugurado o primeiro estabelecimento com estratégias-chave utilizadas até hoje, como controle cli-mático e lojas de departamento funcionando como âncoras –, estes empreendimentos se espalham pelo Brasil com voracidade. Esta é a terceira onda de expansão, depois dos precursores Iguatemi São Paulo, em 1966, e Conjunto Nacional de Brasília, em 1971 – o primeiro formatado nos padrões interna-cionais (como administração centralizada, convenções de condomínio e espaços desti-nados aos escritórios), além de outros cinco

fundados antes que 40 fossem inaugurados na década de 1980 e cerca de 200 nos anos 1990. Até 2010 o número de shoppings deve chegar a 737, um crescimento de quase 40% em uma década, intensifi cado a partir de 2005, quando passaram a ser inaugurados quase dois empreendimentos por mês.

O aumento de consumo proporcionado pela elevação da renda per capita e a diminui-ção da infl ação são algumas das razões apon-tadas para a expansão nas últimas duas déca-das, além do lançamento de ações na bolsa, iniciado em 2006. Vivendo ainda sob o refl exo deste bom momento – até agora a crise ape-nas adiou alguns lançamentos –, a indústria de shoppings investe nas cidades do interior e em novos conceitos, como os outlets, ou shoppings de descontos, e os strip centers, ou shoppings de vizinhança. Outra tendência é construir outros empreendimentos interli-gados aos shoppings para gerar fl uxo. Tam-bém faz parte das estratégias a instalação de sistemas que diminuam o consumo de água e energia, como captação e aproveitamento pluvial, ar-condicionado com termoacumula-ção e disposição horizontal das lojas. Outros negociam com os bancos ofertas de crédito em condições diferenciadas para os lojistas que desejam se instalar no estabelecimento. Tudo para ter cada vez mais adoradores fi éis.

Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessa-dos fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar

em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail [email protected]

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C A R T A S

Parabéns, mulher guerreira (Liliana Aufi ero, presidente da Lupo, personagem da reportagem “Espírito de fênix”, publicada em abril)! Tenho uma pequena empresa e a abraço como fi lha. To-mara que você consiga transmitir aos seus descendentes o que a fez manter a empresa próspera.

Graça Cardoso

Gestão profi ssional é realmente uma excelente opção para suces-são em empresas familiares, baseada nos modelos modernos de governança corporativa. Mas também é fato que um pouco do sangue que movimenta a empresa familiar corre nas veias dos sucessores diretos. Liliana Aufi ero conseguiu unir os dois, daí o re-sultado alcançado. Quanto aos bancos, alguém se arrisca a dizer como um negócio tão malvisto pelos clientes e geralmente muito mal preparado nas suas gerências, com a sensibilidade de um ele-fante em loja de cristais, pode crescer e dar tanto lucro? Qualquer outro ramo empresarial com essas atitudes já estaria extinto.

Humberto Nascimento

Garra feminina

Carta do Mês

Florestas em construçãoMeus parabéns para toda a diretoria e funcionários da empresa Quí-

mica Amparo. Este projeto ambiental que vocês apoiam (Florestas do futuro, tema da matéria “Legado ambiental”, publicada em dezembro de 2008) é de grande valor para toda a humanidade.

Rogério Molina, da Fazenda Chaparral

Conteúdo formadorAgradeço muito pelas constantes matérias, direcionadas aos novos em-

preendedores, entrevistas e dicas como essa (“Mapa da mina”, entrevista com Marcelo Nakagawa, publicada em maio), que nos faz refl etir com bastante seriedade a abertura de um novo negócio. Obrigado e continuem sempre.

Jorge Wellington Galhardo

Em boa horaÓtima matéria (“Escritórios do presente”, publicada em abril). Como

estou pesquisando projetos para construção de um novo escritório, esta matéria veio ajudar a me aprofundar ainda mais nos aproveitamentos mo-dernos que hoje existem e procurar um projeto que seja o mais moderno e traga conforto, economia, etc. Meu muito obrigado.

João Carlos Pinheiro

Inovar para sobreviverMuito boa a matéria (“Consulta em domicílio”, publicada em maio).

Inovação é um grande diferencial para se manter no mercado. Tenho uma loja de cosméticos há 10 anos, e inovar é a saída para alavancar as vendas e continuarmos fi rmes. Espero que o projeto Agentes Locais de Inovação, do Sebrae, chegue logo em Recife (PE).

Tília Carolina N. A. Rodrigues

Tema polêmicoÉ importante lembrar que antes do alto uso de sacolinhas de

supermercados (“Guerra das sacolas”, matéria publicada em abril) já existia a utilização de sacos de lixo – azul e preto – vendidos nos próprios supermercados. Mesmo que a população adquira o hábito de usar sacolas retornáveis de pano, o lixo seria jogado fora através de sacos plásticos, ou seja, o problema de excesso de plásti-cos continuaria. A solução, penso eu, deve vir das indústrias com o uso da alta tecnologia existente no mundo para se chegar à criação de uma sacola que não agrida o meio ambiente.

Simone Reverte

Concordo com os comentários já enviados, ou seja, é preciso um conjunto de ações (política e educacional) que contemplem no mínimo a longevidade atual do meio ambiente, que já é pre-ocupante. Esse tema é um bom exemplo, assim como tantos ou-tros, para que ocorra uma discussão nacional que envolva toda a sociedade... O que eu vejo por meio deste artigo é que a solução já existe, não pelas divergências da utilização de material, mas sim pela concordância: reciclar. Com a palavra as autoridades responsáveis pela política de reciclagem de materiais.

Celso Luis

Senhores, acho que na verdade existe uma desinformação generalizada sobre o tema:

1. O uso de plásticos é consagrado e traz consigo disparada-mente muito mais benefícios do que problemas para a sociedade. Como exemplo, seringas descartáveis, drenos cirúrgicos, redução do peso dos automóveis ou mesmo a embalagem de frango.

2. Plásticos em geral têm densidade menor que 1 e, portanto, boiam, o que permite que sejam retirados de rios e córregos e sejam reciclados.

3. Plásticos são inertes e não agridem o meio ambiente.4. De um barril de petróleo cerca de 7% são destinados à nafta

e aos plásticos. E isto é praticamente inalterável. Logo uma dimi-nuição do consumo de sacolas por exemplo, aumentaria o excesso de nafta que será adicionado à gasolina ou ao diesel, muito mais poluentes e agressivos ao meio ambiente que o efeito visual de sacolas. E a previsão é que nos próximos 300 anos seremos ainda dependentes de petróleo como fonte principal de energia.

5. Este tema tem sido tratado de modo linear , quando na verdade ele é cíclico. Plásticos existem de modo industrial di-gamos faz 60 anos. Alguém já viu resíduos de plásticos de tanto tempo? Não viram porque o material já foi reciclado e este é um dos caminhos dos plásticos: a reciclagem.

6. Sacolas plásticas são em sua imensa maioria usadas como sacos de lixo pelas classes C e D. Alguém em sã consciência acre-dita que o lixo das cidades vai melhorar com o banimento das sacolas plásticas? Eu respondo: iremos para níveis africanos de deterioração nos índices de saneamento e qualidade de vida.

7. É fundamental dizer que artefatos de plásticos não têm asas, não têm pernas e não têm nadadeiras. Portanto, se estão em local inadequado é por ação do homem.

Na verdade trata-se de um problema de educação. Assim, acho que seria útil para a sociedade, que as pessoas gastassem ao menos uma parte do tempo no que realmente faz a diferença, que é a educação. Educação para não jogar detritos na rua, edu-cação para a coleta seletiva, educação para evitar o desperdício.

Alfredo Schmitt

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E M P R E E N D E D O R E SE M P R E E N D E D O R E S

Ao tentar publicar um livro em 2004, o enge-nheiro civil e analista de sistemas João Antônio Carvalho esbarrou na falta de opções de editoras para novos autores. Pós-graduado em Administra-ção, decidiu criar a editora LivroPronto, depois de

perceber que, assim como ele, várias pessoas acabavam imprimindo seus livros por conta própria em gráfi cas. “Descobri que esta alternativa tinha gerado um mercado secundário de pseudo-editoras”, conta Carvalho.

Hoje, a LivroPronto tem mais de 180 livros publicados e conta com um parque gráfi co off-set e digital próprio. As obras são vendidas nas principais livrarias do País e a meta é alcançar 2 mil pontos-de-venda ainda em 2009. A seleção dos textos é feita por um con-selho editorial de profi ssionais pós-graduados em Letras. A LivroPronto viabiliza uma ti-ragem inicial entre 150 e 300

exemplares que o escritor comercializa em sua pró-pria rede de contatos. Com isso, recupera o inves-timento e a editora assume a tarefa com contrato assinado de colocar a obra nas livrarias.

“A fórmula funciona porque familiares e ami-gos dos autores não dependem de mídia para ter o interesse por estas obras. Uma vez eliminado este custo inicial, a LivroPronto tem tranquilidade para apresentar os livros às principais livrarias do País e dar a sequência natural como as obras escritas pelos autores consagrados”, explica o empresário.

Recentemente, a editora lançou o Clube do Li-vro, um projeto de rede social via internet. Ao aces-sar www.livropronto.com.br , os internautas podem participar de um programa de benefícios com o objetivo de pulverizar informações e facilitar a aqui-sição de obras produzidas por autores ainda desco-nhecidos. O sistema distribui pontos para incentivar a interação entre os membros e a conquista de no-vos participantes. Ao acumular determinada pontu-ação, o internauta é presenteado com descontos de 30% a 100% na compra dos títulos publicados pela editora. (11) 2532-5432

João Antônio Carvalho

MARKETING VIRAL

Engenheiros de formação, o casal Andrey Zanella e Ethel Kleis está se transformando em referência quando o assunto é o mercado de luxo em Santa Catarina. Em 2007, depois de pesquisar muito, os dois decidiram abrir a Beach Boutique, loja especializada em roupas femininas de grife. O endereço é Balneário Camboriú, um dos mais badalados pontos do litoral catarinense, destino de turistas com alta renda. Um ano depois, abriram a Beach Boutique Home, voltada para produtos de cama, mesa, banho e decoração.

Neste ano, o casal assumiu um novo desafi o: a compra da rede Authentic Avenue, criada por um empresário de Jaraguá do Sul (SC). São três unidades – duas localizadas em Balneário Camboriú e uma em Florianópolis, no Shopping Iguatemi. A rede mantém o conceito de mix top e comercializa marcas importadas como Die-sel, Lacoste, Calvin Klein, Loccitane, Nike, Adidas e Armani Jeans, dentre várias outras nacionais como Carmim, Triton, Is Bella, Cor-poreum, Camila Klein, etc. (47) 3367-0404

Andrey Zanella e Ethel Kleis

FOCO NO LUXO

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Lincoln Cesar do Amaral, Carlos Henrique Cêra e Luis Fernando Cêra

NA MEDIDA CERTA

Um problema e uma solução na medida certa para resolvê-lo. Assim surgiu a Super-lógica, uma parceria entre um administrador de condomínios e dois analistas de sistemas. A história começa por volta de 1998, quando Lincoln Cesar do Amaral tentava encontrar no mercado um software específi co para sua empresa de gestão de condomínios. Sem conhecimento técnico em programação, descreveu o software que sonhava em um calhamaço de folhas e saiu à procura de um programador capaz de realizá-lo.

Num seminário realizado pelo Sebrae, em 2000, conheceu Carlos Henrique Cêra. Analista de sistema, ele já havia desenvolvido inúmeras soluções sob encomenda, mas sonhava com um produto que pudesse vender amplamen-te. Lincoln não titubeou, entregou seu plano e

fez a proposta: “Você pode desenvolver e me entregar, mas o produto fi ca para você”. Carlos aceitou o desafi o e com a ajuda do irmão Luis Fernando Cêra, também analista, desenvolveu a primeira versão do sistema Condor, hoje uti-lizado por cerca de 600 administradoras.

Depois de entregá-lo a Lincoln, fez uma versão para download gratuito na internet. Luis colocou um sinal sonoro para avisar cada vez que alguém baixava o produto. Quando tocava, os irmãos comemoravam a entrada do produto no ar – ainda que de forma gra-tuita. A partir de então, começaram a procu-rar esses clientes com o objetivo de vender a versão completa. Nesse momento, Lincoln já fazia parte da equipe de vendas. Logo, deixou a administradora de condomínios para se de-dicar integralmente à Superlógica.

Fiel a suas origens, o foco da empresa con-tinua sendo as necessidades de seus clientes. Além do Condor, a Superlógica é proprietária de outras soluções, entre elas o LicitaMais, um clube de compras para condomínio. www.superlogica.com/(19) 4009-6800

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E M P R E E N D E D O R E SE M P R E E N D E D O R E S

As amigas Luciana Faria e Stella Jacintho queriam trabalhar com algo personalizado, que fi zesse a diferença no mercado. Então, em 2006, fi zeram uma sociedade e abriram seu primeiro ateliê de moda. “Tudo começou na casa da Luciana, somente com uma cos-tureira”, lembram as sócias. Com requinte e sofi sticação, a ideia era fazer roupas sob medida, e as clientes poderiam personalizar suas peças e, assim, torná-las realmente exclusivas. A al-faiataria é o carro-chefe da marca. Em cima disso, rein-ventam clássicos da moda com novos comprimentos, decotes e tecidos.

O negócio cresceu tanto que, em pouco tempo, foi preciso sair da casa de Luciana. As-sim surgiu a Thelure, um cantinho no Itaim Bibi, em São Paulo, criado na medida para as clientes da marca. Mas Luciana e Stella não pararam por aí. Hoje, suas pe-ças já estão nas princi-pais lojas multimarcas do País. Mesmo com a mudan-ça, a essência da marca The-lure permanece a mesma. As coleções prezam por mo-delagens exclusivas e ainda podem ser personalizadas. A marca também integra o seleto grupo da Associação Brasileira dos Estilistas (Abest), formada por 40 marcas nacionais. www.thelure.com.br(11) 3167-5889

Luciana Faria e Stella Jacintho

MODA EXCLUSIVA

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Eles já trabalhavam no mercado publicitário há 11 anos, mas queriam romper com os padrões das agências e fazer algo dife-rente. Juntaram as ideias e montaram a Agência de Comunicação SPR, em Novo Hamburgo (RS). Para Gustavo Ermel, Juliano Hen-nemann, e os também sócios Gabriela Weyh Torres e Alessandro Garcia, o inusitado passou a ser, então, a palavra de ordem em seus trabalhos. O lema da empresa diz tudo: “Nosso negócio é fazer exatamente o que dizem que não pode ser feito”. Com essa fi losofi a, já conquistaram inúmeros clientes, como Calçados Ortopé, Okean, Atlas, Tintas Killing e Grupo Herval.

Quebrando conceitos, eles buscam a independência nas suas criações e seus trabalhos objetivam, antes de tudo, resolver o problema do cliente. Um exem-plo do trabalho (e da ousadia!) dessa turma foi a ação que repercutiu nas principais praças de Porto Alegre: a adaptação de um quarto de casal, ao ar livre, para apresentar o projeto residencial da construtora Stemmer, um de seus clientes. Além de publicidade e propaganda, a SPR presta serviços em assessoria em marketing, branding e design. Aos clientes, o recado é o seguinte: “Somos a agência certa para quem não tem medo de crescer”, afi rma Gustavo Ermel. www.spr.com.br/(51) 3066-3333

Juliano Hennemann e Gustavo Ermel

LONGE DO TRIVIAL

Ficar parado esperando a crise econômica passar definitivamente não combina com o em-presário Cristiano Paganin, diretor comercial da Tone Derm. Para promover os equipamentos de medicina, estética e fisioterapia produzidos pela empresa, o executivo percorre o mundo inteiro em congressos, feiras e palestras a fim de realizar novos contatos comerciais. Com essa postura ativa, Paganin conseguiu que a empresa crescesse em meio a turbulências mais de 70% no ano passado.

“Nos preparamos para realizar ao longo deste ano 10 pré-congressos. Por outro lado, temos que correr para dar conta de um calendário concorri-do com 150 eventos sob nossa responsabilidade”, calcula Paganin. Ao mesmo tempo em que divul-ga os equipamentos da Tone Derm, o empresário

aproveita as viagens para estar sempre em dia com as inovações do segmento. Assim, garante a constante modernização de seus produtos. A meta para este ano é crescer 40%.

Localizada em Caxias do Sul (RS), a Tone Derm é a evolução da Paganin e Cia Ltda, as-sistência técnica a eletrodomésticos e eletrô-nicos, criada em 1968. O primeiro equipamento desenvolvido para o mercado de beleza e saúde foi o Tonederm M20, lançado em 1993. A partir de então, Paganin passou a se dedicar integral-mente a esse mercado. Hoje, são cerca de 40 equipamentos, divididos em três linhas: fisio-terapêutica, estética e médica. A distribuição é feita por uma rede de parceiros em todo o Brasil e demais países da América Latina. www.tonederm.com.br/(54) 3209-5600

Cristiano Paganin

VENDEDOR INCANSÁVEL

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à ré. Ainda que fosse uma conduta bastante desconfortável, era a sua garantia de se sen-tir no controle pelo maior tempo possível. Hoje, esses líderes estão entregando os pon-tos. Sua maneira de organizar não previa a possibilidade, tão comum agora, das pessoas trabalharem em lugares e tempos diferentes. Tampouco imaginavam as várias intercone-xões proporcionadas pela tecnologia. E, mui-to menos, que haveria contratos trabalhistas fora dos moldes da velha CLT, porém perfeita-mente legais. Esses líderes estão descobrindo a duras penas que as pessoas nem sempre cer-tas trabalham em lugares incertos por tempos também incertos. Isso faz o velho modelo de organização ruir, para se transformar em algo aparentemente caótico.

A angustiante perda do poder

Para ser um líder empreendedor moderno é preciso pensar mais em organizar, como um

verbo de ação, do que em organização, como um substantivo (com direito ou não a adjeti-vos). Isso implica perda de poder e talvez seja essa a maior angústia de quem tem o costume de manter as rédeas sob seu estrito controle.

O poder, na nova empresa, é gerado pelas relações; não tem nada a ver com controles. Isso muda completamente a forma como o empreendedor se relaciona com o mercado e

N Ã O D U R M A N O P O N T O

“Organização econômica destinada à produ-ção ou venda de mercadorias ou serviços, tendo em geral como objetivo o lucro.” Esta é a definição de empresa que você encontra no Aurélio, ou seja, um empreendimento que tem como propósito obter lucro através da transa-ção de mercadorias e serviços. Conta com os préstimos da ciência da administração para garantir a previsão e a uniformidade, sem as quais não existe organização. Tudo, é claro, com técnicas capazes de levar à máxima pro-dutividade. E o êxito se assegura se as pesso-as certas estiverem nos lugares certos.

Note o grau de exatidão exigido – um tremendo deleite para líderes controladores. Mas esse conjunto só combina com procedi-mentos da falecida era industrial. Atualmen-te, organização é mais um verbo do que um substantivo. O líder organiza o trabalho para responder ao mercado, mais precisamente às necessidades dos clientes que compõem

esse mercado. Como mercados, clientes e necessidades são alvos móveis, o líder tem de reorganizar o trabalho, para corresponder às novas expectativas. É um desafi o contínuo e que exige um novo tipo de liderança: mais empreendedora e totalmente distinta daquela que apostava na regularidade.

Alguns empreendedores da era indus-trial tentaram andar para o futuro de marcha

UM NOVO TIPO DE PODER, UM ÚNICO CONTROLE

com seus colaboradores e pares. As relações dependem das percepções

que se tem do mundo ao redor. Agimos e reagimos conforme a maneira como vemos a realidade, e não necessariamente se trata da realidade em si. Aí vem o mais intrigante: por conta das nossas percepções, acabamos crian-do a realidade que queremos ou a realidade que tememos. Sim, porque as nossas percep-ções, as imagens que criamos do mundo, defi -nem nossas decisões e ações. E estas, por sua vez, moldam a nossa realidade, confi rmando, pois, nossas crenças.

Em outras palavras, a percepção muda a coisa percebida. Ou seja: a maneira como percebemos alguém afeta o comportamento dessa pessoa. Faça um teste. Avalie a quali-dade da relação que se estabelece, em um relacionamento cuja premissa é a descon-fi ança. Avalie as práticas que você adota, nes-te caso. Em contraponto, faça a mesma coisa diante de uma relação baseada na premissa da confi ança. É possível imaginar os ganhos e as perdas em cada uma das situações. E, da mesma forma, os desdobramentos e os resultados obtidos.

Transfi ra esse mesmo raciocínio para todos os tipos de relações: com colaborado-res, clientes, fornecedores, investidores, etc. Remeta a análise para o desempenho nas relações e os resultados nos negócios. E tire suas próprias conclusões. É provável que se surpreenda bastante. E, também, que aprenda muito com o exercício.

Um único controle

A moral da história é que o novo poder está em administrar a qualidade das relações. Essa é uma competência que precisará ser criada, desenvolvida e aprimorada. A boa notícia é que todos nós nascemos com potencial para fazer isso. E muito bem. Desde que se queira.

Evite, porém, confundir competência nos

O poder, na nova empresa, é gerado pelas relações; não tem nada a ver com controles. Isso muda completamente

a forma como o empreendedor se relaciona

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relacionamentos com habilidades políticas. São coisas diferentes. Todos nós conhecemos pessoas afáveis, de bom trato e que ostentam um certo carisma nas suas relações. Mas isso de pouco adianta se for apenas um verniz so-cial, uma regra de boa educação. As relações saudáveis são as autênticas. Se são estabeleci-das com interesses escusos, são pura dema-gogia. Nada além da habilidade política de manipular pessoas. Algo que é um dos mais nocivos aspectos do poder.

A qualidade das relações está diretamente relacionada à confi ança incondicional no outro. Essa é a única maneira de construir uma em-presa desorganizada na forma, mas ordenada na essência. É a única maneira de conviver com a imprevisibilidade, sem perder de vista o senso de direção. E de fl exibilizar o controle sem abrir mão do propósito. Alguns movimentos podem até parecer desconexos, mas tudo se ordena e converge para um sentido comum. Há uma es-pécie de ordem, mas não baseada em padrões, senão nos pilares da confi ança.

É claro que não se trata de uma aborda-gem ingênua que coloca a confi ança acima de tudo, inclusive de possíveis evidências em con-trário. Confi ar é acreditar nas boas intenções e na sinceridade de alguém. A nova empresa, conhecida como progressista, adota um novo tipo de cultura, de crenças, de valores, de vi-são, elementos que dependem da confi ança.

Essa é a base de sustentação da nova empresa. Sua mola propulsora. Dela resultará um nível mais elevado de compromisso, de criativida-de, de lucratividade.

Tudo isso só será possível se o líder aceitar esse novo tipo de poder. Com ele, terá de desenvolver um conjunto de atitu-des e práticas. Se continuar vestindo a rou-pa do “proprietário”, arruinará todo o novo

arranjo. Proprietário do que e de quem, se não existem mais tempo e espaço definidos e tudo é mutatis mutandis? Deverá ser um gestor de uma comunidade de trabalho que compartilha os mesmos valores e propósi-tos. Tem que ter o discernimento necessá-rio para compreender que, na face da terra, só existe um único controle que podemos manter, efetivamente: aquele que temos so-

bre as nossas próprias percepções.Aceitar essa verdade é caminhar para o fu-

turo sem o risco de, eventualmente, acionar a marcha à ré apenas por força do costume. Exige vigilância, mas sobre si, não sobre os ou-tros. Vale a pena, porque é o passaporte para a grande travessia que todos os empreendedo-res têm de fazer, deixando defi nitivamente o passado para trás. Boa viagem!

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

O novo poder está em administrar a qualidade das relações. Essa é uma competência que

precisará ser criada, desenvolvida e aprimorada

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E N T R E V I S T A

Roberto Menna Barreto

CRIATIVIDADEAO SEU DISPOR

por Mônica [email protected]

Seja lá qual for o ramo do seu negócio, em algum momento você terá que ser criativo. Ainda mais em períodos de recessão econômica, ter boas ideias pode representar a diferença entre o sucesso e a falência. Engana-se, no entanto, quem pensa que a criatividade é um dom reser-vado a poucos privilegiados. Segundo o empre-sário, escritor e consultor empresarial Roberto Menna Barreto, a criatividade é uma função na-tural do cérebro humano, que está ao alcance de

todos que queiram conhecê-la e aplicá-la. Autor do best seller Criatividade no traba-

lho e na vida (Ed. Summus, 512 p.) – eleito em 1998 como um dos dez melhores livros na área de Administração de Empresas –, Menna Barreto é considerado uma autoridade no assunto. Co-meçou sua carreira como redator de criação da agência J.W. Thompson no fim da década de 1950. Anos mais tarde abriu sua própria agência de publicidade, tendo entre seus clientes empresas como Philips, Adidas, Lufhtansa e Gillette, entre outros. Desde 1985 Menna Barreto dedica-se ex-clusivamente a treinamentos empresariais – já

ministrou mais de 300 seminários sobre criativi-dade para empresas e público em geral.

Para o autor, não existe criatividade se não houver um problema a ser resolvido. Por isso, aconselha que os empreendedores encarem as dificuldades como desafios, mantendo o bom humor e o entusiasmo. “Só há uma maneira de sermos pessoas realizadas: é resolvendo problemas. A pessoa que está valorizada gosta das dificuldades e não se sente ameaçada por elas.” A seguir, Menna Barreto desmistifica a pompa atribuída ao conceito de criatividade e mostra como é possível encarar os problemas com humor e tornar o ambiente organizacional apto às boas ideias.

Especialista afi rma quetodos podem ser criativos,

e que este é o caminho para solucionar problemas

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Em seu livro, o senhor afirma que a criatividade é uma palavra “mistificadora, mirabolante”. Afinal, o que é criatividade?

Menna Barreto – Costumo dizer que criatividade nada mais é que uma palavra de 12 letras. E que muitas vezes só serve para atrapalhar, porque já se mistifi cou tanto sobre o assunto que acabou se transformando num bicho-de-sete-cabeças. Faço questão de deixar a arte fora desse papo porque a criatividade aplicada às artes é outra coisa. Na verdade, criatividade nada mais é do que um ato men-tal simples, trivial e intelectualmente primá-rio, capaz de gerar uma solução inédita para um problema. Não é possível entender corre-tamente as manifestações criativas se elas não estiverem imbricadas a problemas. Sair por aí pintando fl ores pelos muros, só para dar um exemplo, pode até ser exemplo primário ou não de arte, mas não é de criatividade.

Quer dizer que a criatividade só surge quando esta-mos diante de algum problema?

Menna Barreto – Sim, mas não é qualquer problema. Podemos considerar que 99,9% dos problemas não precisam de criatividade ne-nhuma para serem resolvidos. São questões já previstas racionalmente, que se resolvem com técnicas ou com o bom senso. A criatividade só é exigida quando você esgota todas as soluções racionais para uma questão e continua sem res-posta. É neste momento que o profi ssional pre-cisa ser criativo e partir para novos enfoques. Essa parcela mínima – o 0,01% dos problemas – é a única que pode levar uma pessoa a ganhar US$ 50 mil (ou outra quantia qualquer).

A criatividade pode ser considerada um talento?Menna Barreto – Pode até ser um talen-

to, mas ao afi rmar isso corremos o risco de cair nesta simplifi cação: o que é talento? Porque o talento pode ser desenvolvido, estimulado. O que eu posso afi rmar é que não há ninguém criativo ou ninguém não-criativo. Não exis-te uma coisa nem outra. O que existem são pessoas abertas à criatividade e outras não. A criatividade é um dado psicobiológico da per-sonalidade que não depende de inteligência. Ela é originada de pressupostos ambientais e psicológicos, internos e externos. Trata-se de um pensamento mais primário, infantil e rudi-mentar do que qualquer elucubração teórica.

O que determina o perfil de uma pessoa criativa e como identificá-lo?

Menna Barreto – Não há uma fórmula. Há livros que tentam fazer isso e descambam

Eu não tenho dúvida em dizer que o problema da falta constante de criatividade em algumas empresas é um erro

crasso de liderança

para um total contrassenso. Costumo citar um famoso livro de criatividade que partiu para essa defi nição, sugerindo um apanhado de 50 itens que defi nem a pessoa criativa. A questão é que qualquer um está incluído ali de alguma forma, em algum momento, pois essas características são extremamente abrangentes. Se dependesse disso, Mozart e Thomas Edson, por exemplo, não seriam classifi cados como criativos, já que contradizem alguns dos itens elencados. Um item que está lá, por exemplo: “ser seguro de si”. Sabemos que na vida real isso é muito relativo. Tem pessoas que são seguras de si em casa e que não são seguras no trabalho, e vice-versa. Ou são seguras de si perante determinadas pessoas e não perante outras. Ou perante alguns assuntos em detrimento de outros. E por aí vai. É por isso que essas generalizações são estúpidas.

Como os profissionais podem exercitar a criativida-de no meio empresarial?

Menna Barreto – O primeiro passo é os empresários saberem o que é criatividade e qual a sua matéria-prima. De modo geral, os homens de negócio são pessoas com uma taxa de inteli-gência muito alta, que sabem perfeitamente re-conhecer atos criativos. Não só os empresários, mas o público em geral sabe reconhecer sinais de criatividade. As pessoas reconhecem com exatidão a criatividade em uma decisão, num anúncio publicitário ou outdoor. Só que as pes-soas desconhecem os pressupostos e as carac-terísticas imprescindíveis para o surgimento da criatividade. Tem empresário que acha que pode despertar a criatividade dos funcionários com

discursos como: “vocês precisam ser criativos” ou “vamos criar, gente!”. Isso não leva a nada, é puro terrorismo! Ninguém vai se tornar criativo porque o chefe ordenou, pois a criatividade é quase sinônimo de espontaneidade. É um fenô-meno advindo da espontaneidade individual de cada um perante determinado problema. Não pode ser algo forçado.

Que fatores podem justificar a falta constante de criatividade em algumas empresas?

Menna Barreto – Eu não tenho dúvida em dizer que o problema nesse caso é um erro crasso de liderança. Líderes eventualmente in-teligentes, racionalmente competentes, que co-nhecem a fundo as metas e orçamentos, que são excelentes cobradores das tarefas, mas que não conhecem o processo da criatividade. Um grupo que esteja todo ele trivial e quadrado é problema de liderança. O bom líder não é aquele que só tem consciência das metas e que cobra o cum-primento de tarefas. O bom líder deve ser uma pessoa inspiradora. Ele tem que conhecer os processos de criatividade para ser uma pessoa inspiradora. As pessoas criam para impressionar, para ganhar o reconhecimento de alguém que admiram. Sem isso a equipe é medíocre. Seja uma revista em Florianópolis ou um restaurante em Paris, não há nenhuma empresa criativa que não seja dirigida por um sujeito formidável. O sujeito formidável é o cara que, de forma realis-ta, levanta a motivação da equipe. Outro grande inimigo da criatividade é a preocupação com o status, o que é muito comum no meio empre-sarial. Principalmente entre presidentes e direto-res, que passam a se levar muito a sério. Um bom presidente é o que tem 99% da responsabilidade do cargo e de objetividade, mas que conserva 1% do menino que ele já foi um dia, e que no fundo acha tudo uma molecagem.

Quais são, afinal, os fatores imprescindíveis para estimular a criatividade?

Menna Barreto – São três os ingredientes

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E N T R E V I S T A

da criatividade: bom humor, irreverência e pres-são, que resumo com a sigla BIP. Tudo começa com o bom humor. Só é capaz de ter boas ideias quem está numa boa. E bem-humorada não é aquela pessoa que está sempre rindo e achando tudo maravilhoso, dizendo pelos corredores da empresa que “Deus é brasileiro”, etc. Esse exces-so de otimismo não signifi ca bom humor. Isso em alguns casos pode ser até sinal de doença mental, a chamada “euforia maníaca”. Esse tipo tende a ser chato e a brincar fora de hora. A pes-soa bem-humorada não precisa necessariamente rir. É claro que ela sorri com facilidade. Mas o riso, em si, não é sinal absoluto de bom humor. Bom humor é “estar numa boa”. É um estado de espí-rito em que, independentemente do problema que lhe afl ige – se é queda nas vendas, ou se é problema pessoal, etc. –, você permanece numa boa. O problema é o problema, mas a pessoa de bom humor continua numa boa.

E o que significa ser irreverente?Menna Barreto – Muita gente que pensa

que a letra I da sigla BIP quer dizer inspiração. Criatividade não tem nada de inspiração, mas sim de irreverência. E isso não signifi ca rebel-dia, oposição ou revolta. Ser irreverente é ter jogo de cintura, é conservar aquele leve ceti-cismo, sabendo que nada no mundo é 100% exato. É não levar nada demasiadamente a sério. Principalmente os problemas. Não leve os problemas tão a sério. É muito importante aprender, ler, voltar sempre para a universida-de, mas não endeuse nenhum conhecimento, não o coloque como coisa sagrada. Saiba que 1% de tudo que você lê, ouve e vê, incluindo os melhores e mais honestos autores, sempre terá uma parcela mínima de besteira. Para criar, o pensamento tem que deixar de ser ativo, como é durante o raciocínio lógico, e passar a ser passivo. A criatividade é passiva. Você não con-quista ideia nenhuma. Você é conquistado por elas. Por isso é um prazer enorme criar. Quem trabalha com criatividade tem que saber atrair as ideias. Não é correr atrás delas, mas atraí-las. É preciso estar receptivo às ideias, por isso o bom humor e a irreverência são fundamentais.

O senhor costuma gerar muita polêmica durante seus seminários ao afirmar que a pressão é um fa-tor fundamental para a criatividade. De que forma a pressão pode ser benéfica ao processo criativo?

Menna Barreto – Costumo dizer que as

O desafio é fazer com que o bom humor e a irreverência

resistam às pressões. A criatividade não funciona se

falhar algum destes itens

blema. Há muita diferença entre uma e outra. Costumo dar o seguinte exemplo: uma equipe trabalha o ano inteiro resolvendo problemas. Chega o fi m do ano e acontece aquela festa de confraternização, todo mundo se reúne numa boa, tomando cerveja etc. Ou seja, estão todos de bom humor e irreverentes, achando graça de tudo etc. Que boa ideia essa equipe vai ter durante a festa? Nenhuma, porque não tem um problema em jogo. Se não há problema, não há ideias, mas sim divagações. Vamos imaginar en-tão que, de repente, chega a secretária com um e-mail urgente, que é entregue ao chefe. Está todo mundo lá superbem-humorado e eis que surge o problema. O primeiro pensamento do líder provavelmente será “que azar, vamos fa-zer uma reunião de emergência, agora é sério, vamos buscar uma solução”. Ninguém vai dar uma boa ideia porque entrou o problema e saiu o bom humor e a irreverência pulou fora. É isso que normalmente acontece.

Como é possível criar um ambiente de “pressão criativa”?

Menna Barreto – O desafi o dos líderes é fazer com que o bom humor e a irreverência resistam às diferentes pressões. A criatividade não funciona se falhar algum destes itens. Um bom líder, que conheça o processo de criativi-dade, é um líder que valora sua equipe. Não se trata de bajular ou enganar. Mas sim de valorar. Também não se trata de ameaçar ou acuar, mas valorar. É importante que o líder ou diretor de uma empresa saiba reconhecer de forma sincera o trabalho de seus colabora-dores. Em seguida, ele deve pressionar, mas pressionar pra valer. Ou seja: reconheça, va-lorize e pressione, sempre mantendo o bom humor, o entusiasmo e a irreverência.

Mas a pressão – ainda que não configure uma ame-aça – não favorece o clima de estresse na equipe?

Menna Barreto – As pressões têm que ser realmente exercidas, mas num quadro de gente valorada, entusiasmada, que não perca sua motivação. O que leva ao estresse não é a pressão em si, mas sim a atitude da liderança. A criatividade está ligada ao entusiasmo. As pes-soas não se entusiasmam porque você fez um discurso dizendo “gente, temos que ser criati-vos, temos que resolver problemas”. Se uma pessoa diz “eu estou espontânea”, é porque não está. Impossível alguém falar isso. Porque

pessoas são mais criativas quanto maior a pres-são. É uma frase provocadora. Mas isso aconte-ce porque a maioria da pressão que o pessoal sofre hoje no chamado “turbo capitalismo” é uma pressão desvalorizadora. É uma pressão que implica o risco da demissão. Se o cara está ameaçado a ser demitido, ele não vai criar nada. Agora, imagine só: se houver bom humor e irreverência num ambiente, mas não houver pressão, nada acontece, vira um clima de clube. No ambiente empresarial, as pessoas precisam de alguma pressão para funcionar. Quando eu falo em pressão, não quero dizer ameaça ou co-ação. E sim a pressão proveniente de um pro-

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cidos. Ele só vai administrar soluções. O especia-lista é aquele que pega um quadrado e divide em quatro. Depois pega cada quadrado desse e divi-de de novo. Depois vai dividindo em quadrados microscópicos, mas sempre dentro do quadrado. O homem criativo é aquele que busca extrapolar esses limites, mas mantendo um pé no quadrado. Já o maníaco sai do quadrado para bem longe, é o alienado. Sugiro que as pessoas viajem, conhe-çam outros lugares. É nas férias que as pessoas saem literalmente do quadrado e passam a ver os problemas com outro ponto de vista. Fique atento: quando você ou seus funcionários saírem de férias, o retorno tende a ser muito fértil em matéria de ideias.

O senhor afirma que períodos de recessão e crise – como o que estamos vivendo desde setembro do ano passado – podem servir como ignição para a criatividade. Qual seu conselho para que os empre-endedores não desanimem diante deste cenário?

Menna Barreto – Os empreendedores têm que entender a crise não como uma ame-aça, mas como uma pressão exercida num am-biente de trabalho que deve se manter bem-humorado e irreverente. Ao invés de ser uma ameaça, a crise deve servir como um incentivo. Não é para encarar a crise nem com otimismo e nem com pessimismo. Eu desconfi o muito de gente otimista demais. A crise deve ser entendida como uma oportunidade. Quando a economia está em expansão, muita gente ganha dinheiro. Quando existe crise, poucos fi cam arquimilionários. O que a crise vai nos trazer é arquimilionários.

a espontaneidade requer inclusive certo grau de inconsciência. Quando a pessoa fi nge que está entusiasmada, ela está num estado de es-pírito terrível para a criatividade, que a análise transacional defi ne como “impulsor”. É este tipo de líder impulsor que leva a equipe ao es-tresse. São pessoas que sufocam. Ninguém se estressa pelo número de problemas que tem que enfrentar ou pelo excesso de trabalho, ou porque o chefe é implicante. A pessoa se es-tressa porque foi lidar com impulsores.

Qual o segredo para encarar a pressão e os proble-mas com bom humor?

Menna Barreto – Isso depende da estru-tura psicológica das pessoas. A princípio, nada no mundo deve retirar o seu bom humor, nem problema empresarial. Muito menos queda nas vendas, crise ou recessão. Nenhuma crise deve te impedir de estar numa boa. Claro, exis-tem casos de falecimento, por exemplo, que a pessoa vai se deprimir. Mas isso não é proble-ma, é uma fatalidade, que deve ser administra-da de forma humana e sincera. O bom humor na hora do trabalho – eu insisto, não se trata de fi car rindo –, você se conservar numa boa, isso vale ouro no ambiente profi ssional.

É possível conciliar a “lógica quadrada dos manuais de gestão” com a criatividade no contexto organi-zacional?

Menna Barreto – É possível, se a pessoa não levar estes conceitos demasiadamente a sério. É preciso também entender como sur-gem as boas ideias, porque não dá para enqua-drá-las em nenhuma regra. No meu último li-vro, eu cito duas obras sobre gestão de ideias. Uma delas sugere um fl uxograma explicando o surgimento da ideia. Tem lá um quadradinho que representa o “eureka” seguido da análise, custos, riscos etc. Ou seja, eles colocam esse esquema como se fosse algo infalível, mecâni-co. Ninguém chega e diz “daqui a 15 minutos temos que ter uma ideia”. Não é assim que funciona, ninguém cria dessa forma. A ideia vem quando quiser, se ela quiser. E você tem que anotar tudo depressa, ou vai perdê-las.

Se “boas ideias tendem a gerar resistência”, como lidar com essa oposição?

Menna Barreto – A primeira coisa que uma pessoa que trabalha com ideias deve aprender é

lidar com a frustração. A pessoa adulta é aquela que sabe administrar as suas frustrações. Ideias são produtos descartáveis. Não confunda ideia com convicção. Quando surge uma ideia no contexto empresarial, normalmente ela provo-ca resistência. Uma ideia nova que surja e que seja seguida de uma salva de palmas unânime, a maior chance é que se trata de uma velharia re-quentada. Porque se a ideia é nova, ela desloca rotinas, promove mudanças. E nas empresas nin-guém quer mudar. Ainda mais hoje, que existe a chamada “cultura do desemprego”. A noção de risco, que é fundamental no processo criativo, fi cou muito baixa, ninguém quer se arriscar.

Mas vale a pena insistir numa ideia que, de cara, não foi aceita?

Menna Barreto – Cada caso é um caso, mas há vários tipos de crítica e é preciso reco-nhecê-los. Quando uma ideia surge, ela não leva em consideração nem adequação, nem custo e benefício, nem questões éticas. Ideias não têm ética. A criatividade não tem ética. Ela traça um objetivo e vai em frente. Existe então a crítica objetiva, quando o líder chega e diz: “Isso é muito caro, está além do nosso orçamento”. Nestes casos, trata-se de uma crítica objetiva, uma rejeição à ideia em si, que deve ser acata-da sem gerar nenhum confl ito por questões de vaidade. Mas há outro tipo de crítica, venenosa, que resumo como “isto não vale”. Geralmente essas críticas são claramente direcionadas con-tra a pessoa que está dando a ideia, e não contra a ideia em si. É preciso então ter muita sensibi-lidade para defender seu ponto de vista. Não é para afrontar ou se revoltar, mas sim para buscar argumentos e outros caminhos.

Vivemos numa época de segmentação e especiali-zação. Por sua vez, o senhor afirma que “os es-pecialistas só serão criativos se superarem sua especialidade”. Como conciliar especialização e criação?

Menna Barreto – Na hora de criar, o espe-cialista leva desvantagem, pois o cérebro dele está viciado em pensar dentro da especialidade. Não é que isso seja ruim, principalmente no mundo de hoje. Mas a criatividade não é especializada, é uma abordagem simples e trivial e que resolve problemas. Se uma pessoa for 100% especializada na própria especialidade, será um indivíduo qua-drado. Ou seja, esse profi ssional só vai resolver problemas que já estejam de antemão reconhe-

LINHA DIRETA

Menna Barreto: (21) 2220-0191www.rmennabarreto.pro.br

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C A P A

Para continuar atraindo consumidores e vender cada vez mais, shopping centers investem em novos conceitos de empreendimentos e em cidades do interior

Sempre em

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por Diogo [email protected]

Nos últimos cinco anos fi cou mais fácil para os catarinenses praticarem sua fé no ca-pitalismo. Até 2006, o estado possuía apenas quatro shoppings. Desde então, três “templos do consumo” foram erguidos e mais quatro têm inauguração prevista para este ano ou no próximo. O que acontece em Santa Catarina pode ser entendido como uma projeção, em menor escala, do que acontece no Brasil como um todo. De acordo com levantamento da As-sociação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop), 26 shoppings serão inaugurados em 2009. Se as previsões se confi rmarem, será o maior crescimento dos últimos dez anos.

Trata-se do ápice de uma forte expansão que começou em 2005, quando o País ainda possuía 577 shoppings. Desde então, a média de empreendimentos inaugurados é de 22 por ano, quase dois por mês. Até 2010, a previsão é de que o número de shoppings no Brasil to-talize 737 unidades, crescimento de 39% em uma década. A representatividade do setor fi ca evidente quando comparada à do varejo nacional. Os produtos negociados dentro de shoppings representam 14,1% do montante de R$ 483 bilhões do comércio varejista (nú-meros de 2007, segundo o IBGE). Para 2009, a projeção da Alshop é que o setor apresente um faturamento real de R$ 77,4 bilhões.

Embora exijam investimentos elevados du-rante a fase de construção, os shoppings utilizam uma relação de receitas sobre despesa extrema-mente favorável quando em funcionamento: ganhos com aluguéis, vendas de espaços publici-tários (merchandising), cobranças de estaciona-mento e prestação de serviços de administração; enquanto as despesas, como a de condomínio, são em grande parte pagas pelos lojistas, salvo custos com comercialização de lojas e espaços. Mas o que garante a apreciação do investimen-to – e o diferencia de um empreendimento imobiliário tradicional – é o atrelamento com os resultados dos negócios que o compõem. Como os aluguéis são pagos a partir de uma porcentagem pré-defi nida sobre as vendas, os donos dos shoppings se tornam “sócios” dos lojistas. “Fazer shopping é um bom negócio, pois se trata de um ativo que se valoriza e traz uma boa receita, quando bem trabalhado”, ava-lia Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.

Cada vez mais comerciantes e empreen-dedores (aqui entendidos como os donos dos empreendimentos) estão aproveitando uma

demanda latente no mercado nacional por espaços que reúnam compras, alimentação, serviços e lazer, aliados a conforto e comodi-dade. E, apoiados no tripé estacionamento-cli-matização-segurança, os shoppings atendem muito bem a esses anseios. “Hoje, temos um somatório de coisas que afastam as pessoas do comércio de rua, como falta de segurança e estacionamentos. Para comprar meia dúzia de produtos na rua, a pessoa pode demorar meia dúzia de dias. Enquanto no shopping em duas horas está resolvido”, ressalta o diretor-executivo da Associação Brasileira de Shop-ping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga.

Segundo dados da Abrasce, baseados em uma amostragem de espaços diferente da Alshop (as duas entidades utilizam critérios distintos), o fl uxo de pessoas que frequentam esses espaços saltou de 125 milhões para 325 milhões de pessoas por mês em oito anos. Em sua pesquisa mais recente sobre o perfi l do consumidor, a associação também observou um aumento no total de clientes que fazem alguma compra quando visitam o shopping, de 40% para 45%; porcentagem que aumenta ainda mais quando considerado apenas quem entra em uma das lojas – 58%, em 2006, para 62%, em 2008. Em função dessa maior pro-cura – e também da expansão da área bruta locável (ABL) – o faturamento do setor vem crescendo a uma média de 12,5% ao ano des-de 2004, de acordo com a Abrasce, e de 9,5% conforme a Alshop (ver gráfi cos).

Corrida ao interior

A indústria de shopping vem aproveitando o incremento do consumo interno na última década. Em busca de oportunidades, muitos empreendedores direcionam seus investimen-tos para regiões pouco exploradas, mais dis-tantes dos grandes centros populacionais, em sua maioria já saturados. Das 26 inaugurações previstas para 2009, 11 estão localizadas em ci-dades com menos de 400 mil habitantes (ver mapa). E essa tendência deve se acentuar nos próximos anos. “As grandes áreas adensadas não têm mais terrenos disponíveis. Os novos shoppings hoje estão sendo implantados na periferia ou nas cidades médias, algumas já com seu terceiro shopping”, explica Antônio Carlos Ruótolo, fundador do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento de Mercado (IPDM), recen-temente incorporado ao Ibope Inteligência. Como consequência, aumenta o número de shoppings no interior. Segundo levantamento

feito pela consultoria Deloitte com 37 empre-endimentos a serem inaugurados até 2010, 20 deles não estão localizados em capitais.

Buscar oportunidades de negócios no inte-rior foi a missão do Grupo Almeida Júnior nos últimos anos e que pretende dar continuidade. Depois de construir e administrar shoppings em Blumenau (SC), Balneário Camboriú (SC) e Ribeirão Preto (SP) – este último vendido para o grupo Multiplan no ano passado –, a Almeida Júnior tem planos de inaugurar mais três empreendimentos no interior de Santa Catarina até 2013. Serão um em Joinville, um em Chapecó e outro em Criciúma, imóveis que podem fazer da empresa a maior do estado no setor. A primeira etapa desse projeto foi inicia-da em março com o lançamento comercial do Joinville Garten Shopping, cuja abertura está prevista para abril próximo. Apesar de situada no interior, Joinville é a maior cidade de San-ta Catarina, com 487 mil habitantes. E por isso o grupo acredita no potencial de consumo da cidade. “Na capital há uma relação de quatro habitantes para cada metro quadrado de ABL. Em Joinville, são 10 habitantes por ABL, uma cidade que possui o terceiro maior PIB da Re-gião Sul, cerca de R$ 10,1 bilhões”, diz Jaimes Almeida Júnior, presidente do grupo.

Situado em uma região nobre da cidade, o Joinville Garten Shopping terá a segunda maior ABL de Santa Catarina (29 mil metros quadra-dos), e sua estrutura foi projetada para permitir a expansão da área locável em mais 10 mil metros quadrados. Para construí-lo, a Almeida Júnior in-vestirá R$ 150 milhões, dos quais R$ 58 milhões são de recursos próprios. E o restante já está garantido. Segundo Jaimes Júnior, a empresa teve a sorte de fechar a concessão de crédito em agosto do ano passado, antes da revira-volta econômica que mudou as condições de fi nanciamento. Outros empreendimentos não tiveram o mesmo destino. Um levantamento da Alshop indica que 13 dos 23 projetos iniciados em 2008 foram adiados. A boa “safra” de shop-pings em 2009 e 2010 é, portanto, ainda um re-fl exo do bom momento econômico pré-crise.

Assim como os shoppings, as condições para aberturas de novas lojas também muda-ram, como afi rma Sahyoun. “Os lojistas antes podiam montar suas lojas em um cenário ge-neroso, com dinheiro disponível no mercado. Hoje, com menos crédito disponível, está mui-to mais difícil conseguir dinheiro para capital de giro e para montagem de novos pontos”, diz o presidente da Alshop. Para contornar essa si-tuação, alguns shoppings trataram de negociar

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com os bancos ofertas de crédito em condições diferenciadas. Foi o que fez a Almeida Júnior, que conseguiu junto ao Bradesco a operação de uma linha de crédito que utiliza recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-co e Social (BNDES), com juros de 1,13% ao mês e cinco anos para pagar.

A mesma estratégia foi adotada pela empresa JA Locações, responsável pelo planejamento e ad-ministração do Shopping Ideal, cuja inauguração no município de São José (SC) está prevista para setembro. Uma parceria com a Caixa Econômica Federal permite o fi nanciamento da implantação em até quatro anos e juros de 1,8% por mês. Na comercialização dos pontos, outra proposta é re-duzir os custos operacionais, uma medida para incentivar a adesão de lojistas. Diferente do sis-tema predominante no setor de shopping não serão cobradas contribuições extras nos meses de melhor desempenho (taxa conhecida como 13º aluguel) e os aluguéis terão valor fi xo, em vez de cobrados de acordo com um percentual pré-defi nido sobre as vendas. De acordo com o diretor da JA Locações, Davi de Souza, essa dife-renciação não afetará a lucratividade da empresa com o evento. “Com valores fi xos, o lojista pode planejar melhor o seu negócio. Já a nossa previ-são de retorno foi feita sob uma nova perspecti-va, com um prazo mais longo, de acordo com a fi losofi a que foi proposta”, afi rma.

Para baixar os custos de condomínio, o pro-jeto também optou por condições que favore-

cessem um menor consumo de energia e água, preocupação que tem se tornado constante no setor. O Shopping Ideal utilizará sistemas de captação e aproveitamento de água da chuva, para diminuir gastos em sanitários e limpeza externa; a disposição das lojas será horizontal, visando ao melhor aproveitamento da luz solar e também como forma de reduzir o ônus pro-vocado pelas escadas rolantes e elevadores. “Por causa do baixo custo, esperamos que os preços também sejam melhores para o cliente”, diz Davi Souza. Jaimes Júnior, empreendedor do Joinville Garten Shopping, que também será horizontal, completa que essa disposição também gera be-nefícios diretos nas vendas. “Com lojas no mes-mo nível, não teremos pontos mortos. E digo isso porque podemos comparar, pois tivemos experiência de shopping vertical em Ribeirão Preto”, conta o presidente da Almeida Júnior, que utilizará ar-condicionado com sistema de termoacumulação e aproveitamento pluvial em seu novo empreendimento. Em outros shop-pings, também vem aumentando a prática de cogeração de energia, que utiliza geradores nos horários em que as tarifas são mais caras, o que pode reduzir a fatura em 30%.

Outlet centers

Os altos custos de ocupação gerados pe-las despesas com eletricidade também não combinam com o conceito dos outlets, ou

shoppings de descontos. Trata-se de espaços com a proposta de oferecer peças de coleções passadas a preços menores. O formato, já con-sagrado no mercado americano, atrai milhares de brasileiros por ano, todos em busca das pe-chinchas com etiquetas de grife. No Brasil, o conceito de outlet foi inserido na década de 1990, mas ainda carecia de adesão de marcas consagradas. Com o objetivo de suprir essa lacuna, foi inaugurado no fi nal de junho o primeiro Outlet Premium do País, em Itupeva (SP). Distante 73 quilômetros da capital pau-lista, o empreendimento terá lojas como Ale-xandre Herchcovitch, Nike e Lacoste em um ambiente aberto e horizontal, para baratear gastos com eletricidade. Esses fatores, soma-dos à localização estratégica do local, reduzi-rão em quase cinco vezes o valor do custo de ocupação, que nos shoppings convencionais é de R$ 300 por metro quadrado, em média.

Como consequência, a expectativa é de que as lojas ofereçam produtos por valores até 70% menores. Na avaliação do diretor de Relação com o Investidor da General Shopping Brasil, Alessandro Veronezi, a localização do Outlet Premium também visa atender os próprios fabricantes. “O modelo de outlet funciona in-ternacionalmente porque os lojistas de marcas ‘triplo A’ não querem colocar as liquidações em lojas que vendem a coleção atual, ou próximas a elas, pois isso deprecia os lançamentos”, ex-plica Veronezi. Para ele, o custo de deslocamen-

Shopping de descontos Outlet Premium, em Itupeva (SP)

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to não vai comprometer o sucesso do negócio, pois se espera que os consumidores aprovei-tem os descontos para comprar mais, e assim compensar as despesas com transporte.

Uma das responsáveis pelo desenvolvi-mento e comercialização do Outlet Premium São Paulo, a General Shopping possui par-ticipação em 30% do empreendimento e é uma das cinco empresas do setor com capital aberto – juntamente com Iguatemi, BRMalls, Multiplan e JHSF. A propósito, especialistas apontam o lançamento de ações na bolsa, iniciado em 2006, como um dos fatores que contribuíram para o fortalecimento do setor. “Com as captações de recursos obtidos atra-vés dos IPOs (Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial de ações), que somaram cerca de R$ 2,4 bilhões, as empresas conseguiram dar continuidade aos seus projetos de investi-mento”, sublinha Ana Cristina Rodrigues Cos-ta, do BNDES, instituição que fi nancia proje-tos de implantação e expansão de shoppings. A gerente destaca que o modelo de gestão adotado pelas companhias abertas, o qual usa números confi áveis e demonstrações claras, é fundamental para conseguir fi nanciamentos imobiliários de grandes volumes, como exi-gem as construções de shopping.

Assim como em qualquer empreendimen-to imobiliário, a localização de um shopping defi ne o seu potencial. E por se tratar de um negócio baseado em vendas, sua viabilidade

depende da disponibilidade de acesso fácil ou proximidade com polo consumidor. Em busca de mais segurança em seus investimentos, a maior parte das empresas do segmento recorre a estudos para entender melhor as necessida-des de uma região. “Com a internacionalização do mercado, a partir de 2006, o setor se profi s-sionalizou ainda mais e demanda por números mais precisos”, diz Antônio Ruótolo, do Ibope Inteligência. O executivo detalha que 75% das pessoas que vão a um shopping são originárias de sua área de infl uência, que em média abran-ge um raio de sete quilômetros. Por isso, as de-senvolvedoras também utilizam os estudos de viabilidade para defi nir que tipos de produtos e serviços seu entorno precisa.

Essas informações, combinadas com dados sobre outros shoppings, também dão origem ao chamado tenant mix, a lista com a quanti-dade de cada categoria de lojas. Um exemplo que mostra a importância da análise da oferta e demanda existentes é o caso do Shopping Praça da Moça, inaugurado no início do ano em Diadema (SP). Distante apenas 250 metros do calçadão da cidade e com 42% do público pertencente à classe C, o empreendimento concorreria diretamente com o comércio de rua caso os produtos fossem os mesmos. “Não é por acaso que as interseções de lojas são pou-cas”, reforça Helsio Povoa, diretor-geral da AD Shopping, responsável pela administração do Praça da Moça e outros 22 shoppings. Contudo,

esse mix precisa ser reavaliado constantemen-te, como lembra Carlos Alberto Chaves, diretor da Intershop, empresa que avalia as ofertas de shoppings. “Às vezes uma operação fi ca ultrapassada para o consumidor e precisa ser substituída. Com isso, o consumidor percebe novidades no shopping”, afi rma.

A avaliação correta das demandas tem aju-dado os investidores a encontrar um mercado ainda promissor no Brasil: o de shoppings de vizinhança, ou strip centers. O termo se refere ao tamanho do empreendimento, menor que regionais e comunitários, entre 2,8 mil e 13,9 mil metros quadrados de ABL, segundo critérios do Conselho Internacional dos Shopping Cen-ters (Cisc). Atento ao potencial desse mercado, grandes grupos têm investido nesse nicho. Entre elas, a própria General Shopping (participação em nove shoppings de vizinhança, de um total de 13). Já a Real Estate Partners (REP) investe em

Shopping de vizinhança Light, em São Paulo (SP) Shopping Praça da Moça, em Diadema (SP)

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um formato semelhante, o de Centros de Con-veniência e Serviços, instalados em regiões de grande adensamento demográfi co e ancorados por pequenos supermercados ou bancos. “Nas cidades grandes há sérios problemas de locomo-ção. Por isso, o consumidor prefere fazer as com-pras do dia a dia na vizinhança”, explica Marcos Romiti, diretor da REP, empresa que gerencia 13 desses empreendimentos.

Se entender os anseios do entorno é impor-tante e ajuda a garantir as boas vendas, melhor ainda se o próprio shopping também puder gerar fl uxo. Tal relação tem sido aplicada atra-vés da construção de outros empreendimentos interligados aos shoppings. É o caso do Shop-ping Via Catarina, que está sendo erguido em Palhoça (SC). Além das 160 lojas, o local tam-bém contará com um hotel de 198 apartamen-tos para atender os viajantes que passam pela BR-101, que margeia o shopping. A expectativa do superintendente do shopping, Sérgio Mon-levad, é que um corredor de acesso proporcio-ne um fl uxo constante nos dois espaços.

Criar condições que favoreçam o chama-do cross-marketing é uma das recentes es-tratégias da Iguatemi Empresa de Shopping Centers (IESC). Depois da experiência com o Market Place, inaugurado em São Paulo há 14 anos e que possui duas torres comerciais, des-de 2008 a empresa manifesta aos acionistas a intenção de investir em complexos multiuso. Será assim com os shoppings Iguatemi Alpha-ville, que terá torres comerciais, e JK Iguate-mi, que contará com uma torre corporativa e um hotel internacional. Ambos estão em fase de construção. No fi nal de maio, o grupo também anunciou a construção de duas tor-res comerciais no Shopping Praia de Belas, de Porto Alegre. Cada prédio terá 200 salas, que vão atender à demanda da região por espaços para consultórios e escritórios.

A primeira torre, cujos espaços foram vendidos em 10 dias, será anexa ao shopping, facilitando a circulação entre os dois meios. Já a segunda torre se ligará aos malls através de uma esteira, que passará acima de uma via pública. “Conseguiremos ganhar com o negó-cio que as torres serão e ainda com a retroali-mentação que vai proporcionar ao shopping. Esperamos que cada uma das três torres gere um fl uxo entre 2 mil e 3 mil pessoas por dia só de funcionários”, prevê Sérgio Zukov, gerente-geral do Praia de Belas.

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SHOPPINGS E A CRISE

Que o faturamento do varejo de shop pings apresentou grande incremento nos últimos anos, nisso todos concordam. No entanto, os indicadores de desempenho apontam resul-tados distintos nos últimos meses. Enquanto o Índice MercadoFlux, do Ibope Inteligência, aponta que os quatro primeiros meses do ano tiveram atividade comercial em média 0,96% menor que a apresentada em 2008 (com re-sultados negativos ou neutros de fevereiro a maio), o monitoramento mensal da TNS In-terScience, sob encomenda da Abrasce, apon-ta um crescimento médio de 8%. No entanto, vale ressaltar que os dois institutos utilizam metodologias diferentes. O Ibope Inteligência monitora 40 shoppings em relação ao fluxo de clientes e potencial de consumo, entre outros fatores. No entanto, são analisados shoppings de apenas três capitais – São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Já o TNS InterScience coleta dados sobre o desempenho mensal de 80 shoppings, de diferentes localidades, mas as informações são cedidas pelos próprios shoppings. Na opinião do diretor da Abrasce, Luiz Fernando Veiga, o setor de shoppings tem mais condições de resistir aos efeitos da dimi-

nuição do consumo que o comércio em geral, em função das comodidades que os shop-pings oferecem. “Toda vez que atravessamos uma crise, temos prejuízo menor que o varejo convencional. Ao contrário, quando o mercado está positivo, temos renda maior que o varejo como um todo”, garante.

Em momentos como o atual, outro fator competitivo dos shoppings é o investimento em ações de publicidade e promoção. Esses recursos podem ser usados para reverter a apreensão dos consumidores, como lembra Noel De Simone, sócio-diretor da Casa da Criação, agência de publicidade que atende quatro shoppings do Rio de Janeiro. “Quando um lojista investe em um ponto-de-venda, ele quer utilizar a capacidade do espaço de trazer fluxo. Por isso, este ano, os shoppings estão preocupados em criar mecanismos para gerar consumo e girar estoque. As administrado-ras atuam menos na linha institucional e se focam mais em ações de promoção, gerando pretextos de compras”, diz o publicitário, ao ressaltar que todos os shoppings do Rio fize-ram parcerias com uma operadora de cartões para oferecer prêmios.

SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR

Desempenho do setor (porcentagem)

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Geral do comércio* Segundo Abrasce Segundo Ibope

- 5

Fonte: TNS InterScience, Ibope Inteligência e IBGE

* Média dos setores apurados pela pesquisa mensal do comércio, excluindo venda de carros, combustíveis e materiais de construção

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Sem chance de erroAntes de abrir uma loja em um shopping, é preciso avaliar se é possível arcar com todos os custos extras

Diante de tantas ofertas de novos espaços, muitos lojistas se perguntam: devo ou não abrir minha primeira loja em um novo shop-ping? A dúvida tem seus motivos. Isso porque estar nesse espaço consagrado de compras tem um custo maior, que não se restringe ape-nas ao aluguel. Para oferecer aos clientes con-forto climático, segurança e estacionamento, é preciso arcar com gastos elevados de condo-mínio, folha de pagamento mais extensa, taxa de marketing e ainda pagar luvas pela reser-va do ponto. O gasto com aluguel é cobrado através de um percentual sobre as vendas ou um valor mínimo fi xo, o que for maior. E nos meses de maior venda, como dezembro, maio e junho, há empreendimentos que cobram aluguéis extras. Além, é claro, dos gastos com

projeto arquitetônico e reforma do espaço, que também custam cifras maiores.

Tantas despesas motivaram a saída do lojis-ta Danilo Ortega de um shopping de Santo An-dré (SP). No espaço desde 1985, quando ainda eram poucos os shoppings na região do ABC Paulista, Ortega viu a concorrência aumentar com a construção de novos shoppings. Essas mudanças, em sua avaliação, fi zeram com que o mercado se fragmentasse muito, uma vez que os consumidores, antes dispostos a se deslocar, passaram a ter opção de compras em locais mais próximos. Como consequência, o empre-sário viu o movimento em sua perfumaria cair a níveis abaixo do necessário para arcar com as despesas do shopping. Segundo sua estimativa, os gastos com o espaço consumiam de 35% a

40% de seu faturamento, já que os valores co-brados não diminuíram ao longo do tempo.

“O contrato (de locação e uso do espaço) dá muitas garantias e certeza de ganho ao em-preendedor. Mas o lojista de shopping fi ca de-pendendo das boas condições do mercado. Só que o contrato não vislumbra essas mudanças”, opina Ortega. Para diminuir as despesas, no ano passado o varejista resolveu sair do ambiente de shopping e atuar no mercado de rua. E ele diz que não sente falta das vantagens oferecidas pe-los empreendimentos. “Quando eu estava em shopping, esperava que o shopping me trou-xesse clientes, que era a obrigação dele. Mas se não consegue trazê-los, o negócio vai por água abaixo”, explica. “Na rua, meu comércio está em uma realidade que eu posso assumir, mesmo

Ricardo José Alves, da Griletto: benefícios

oferecidos pelos shoppings teriam custos mais altos

em lojas de rua

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quando o movimento é baixo. A nossa cruz é um pouco mais leve”, avalia Ortega.

A relação contratual entre lojistas e admi-nistradoras de shopping é alvo de críticas por parte do Instituto Brasileiro de Defesa dos Lo-jistas de Shopping (Idelos). Para o presiden-te da organização, o advogado Pedro Lessi, a Escritura Declaratória de Normas Gerais não deveria ter legalidade jurídica. “Esse é um documento feito pelo dono do imóvel, que o lojista é obrigado a assinar para fazer par-te do shopping e que não consegue mudar. Mas, devido ao pouco conhecimento sobre a parte jurídica dos shopping centers, muitos bons empresários acabam se afundando”, diz Lessi. Contra uma relação jurídica que consi-dera desfavorável aos lojistas, o Idelos instrui seus associados a entrar na Justiça contra os shoppings. Em 2004, o instituto propôs uma ação civil pública contra a cobrança do chama-do 13º aluguel em 50 shoppings e conseguiu tutela antecipada do juiz, mas a decisão foi re-vogada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Já a Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop) direciona suas críticas aos custos de condomínio. “Na média, consideramos que os valores estão elevados, embora algumas admi-nistradoras consigam fazer uma gestão efi ciente de custos”, ressalta Nabil Sahyoun, presidente da Alshop. Na sua opinião, as administradoras deveriam ser remuneradas pela efi ciência nos

custos do empreendimento, em vez de recebe-rem uma porcentagem sobre o montante do condomínio, como hoje acontece.

O diretor-executivo da Associação Bra-sileira de Shopping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, concorda que é mais caro para o lojista se instalar em shoppings que em outros espaços comerciais. Mas, segundo ele, o faturamento também é maior. Isso porque os consumidores de shoppings também estão dispostos a pagar a mais pelas comodidades. “Se esse custo-benefício não fosse bom, os lo-jistas não estariam lotando os shoppings cada vez mais”, diz Veiga. Segundo a Abrasce, este ano a taxa de vacância média dos shoppings está em 2,4%, abaixo da média histórica de 5%. No entanto, segundo a Alshop, o índice está em 20%, acima dos 10% apresentados nos anos anteriores.

Polêmicas à parte, todos concordam em

um ponto: shoppings são ideais para negócios maduros. E não há espaço para lojistas que não dominem técnicas adequadas de gestão. Afi nal, para garantir uma lucratividade míni-ma, estima-se que os custos com o ponto não podem ser maiores que 15% do faturamento da loja. É por isso que as administradoras de shop pings também costumam avaliar o poten-cial de um lojista antes da assinatura do contra-to. “Shopping é um degrau acima do comércio. Não é só querer entrar no empreendimento. Como os lojistas serão sócios no negócio (por causa das taxas cobradas sobre as vendas), os proprietários só têm interesse em varejistas bem-sucedidos”, comenta Veiga.

Tiro no escuro

Essas condições fazem com que os lojistas precisem prever, com mais cuidado, os gastos que terão dentro do shopping. E a incerteza pode ser ainda maior quando se trata de um novo empreendimento ainda em fase de cons-trução. Nesse caso, sem lojas operando, torna-se mais complicado projetar gastos com con-domínio, por exemplo. Antes da consolidação do espaço, também é mais difícil avaliar como será a concorrência com as outras lojas e as demandas do público frequentador. Por outro lado, esperar o shopping entrar em funciona-mento diminuem as dúvidas, mas mudam as

“Se esse custo-benefício não fosse bom, os lojistas não estariam lotando os shoppings cada vez mais”, diz Luiz Fernando Veiga

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acostumado a só pagar aluguel. “Mas eu vi que aqueles gastos me davam benefícios que eu gastaria muito mais para ter na rua”, comple-ta. Mesmo no caso das franquias, o consultor Antônio de Oliveira alerta que os lojistas pre-cisam fi car atentos às fi nanças. “Com as taxas da franquia e do shopping, há casos em que as margens de lucro acabam corroídas”, ava-lia. Como se vê, entrar no templo do consumo exige curvar-se às suas particularidades.

LINHA DIRETA

Abrasce: (11) 3506-8300 Acomp Consultoria: (21) 2445-5444AD Shopping: (11) 5102-3131Almeida Júnior Shoppings: (11) 3707-3333Alshop: (11) 3179-0600 BNDES: (21) 2172-7447Casa da Criação: (21) 3575-7300Danilo Ortega: (11) 4485-3828General Shopping Brasil: (11) 3159-5100Griletto: (19) 3935-8984Idelos: (11) 3129-8287Intershop: (31) 3555-3553Jaime Aleixo Locações: (48) 3381-7000Via Catarina: (48) 3242-1166Praia de Belas: (51) 3131-1702REP: (11) 3041-2700

A SA ÍDA É NEGOCIAR

Caso as vendas não estejam alcançando os níveis mínimos, os lojistas podem apresentar sua situação à administradora do shopping e iniciar um processo de negociação e recuperação. De acordo com Hélcio Povoa, diretor-geral da AD Shopping, quando um lojista está com dificuldade para pagar suas dívidas, a empresa busca avaliar a situação da loja, para averiguar se há possibilidade de mudança na situação do negócio, ou se a condição é irreversível. “Fazemos uma auditoria de operação, que considera a disponibilidade de estoque e qualidade de aten-dimento, para então avaliar se aquela operação merece des-conto nas dívidas. Em caso positivo, podemos até dar um apoio, com panfletagens no estacionamento, por exemplo”, afirma. No Shopping Praia de Belas (RS), segundo afirma o gerente-geral Sérgio Zukov, a política é de negociar em etapas. “Entendemos que alguns períodos são de dificuldade e preferimos flexibilizar o pagamento. Se o lojista está em dificuldades de se manter, tentamos realocá-lo para outro ponto menor e mais barato. Ou, em outros casos, tentamos comprar o ponto ou intermediar a venda para outro interessado”, diz.

condições de negociação. Quando o shopping é lançado, em geral o empreendedor está com mais predisposição para negociar o contrato. Depois que o shopping fez sucesso, o preço cobrado pelo ponto se eleva e há a possibili-dade de não existirem mais pontos destinados ao tipo de negócio pretendido.

Para avaliar a adequação do seu negócio ao shopping e os concorrentes internos que vai lidar, um bom começo pode ser estudar cuidadosamente o tenant mix. “Se trabalha com roupa masculina e entrar em um espaço que possui 20 lojas com o mesmo perfi l en-tre as 200 do empreendimento, o lojista terá problemas, pois dividirá muito os clientes que passarem pelo local”, explica Sahyoun, da Al-shop. Para ter estimativas de quanto vai pagar de condomínio, o lojista pode buscar referên-cias em entidades de classe, como a própria Alshop, que fornece os valores praticados em outros shoppings com tamanho semelhante e informa sobre as políticas que cada empresa costuma adotar.

Entretanto, para ter mais segurança sobre a viabilidade de estar em um mall, o mais acon-selhável é recorrer a empresas que possam ajudar o varejista. Isso porque é preciso avaliar os aspectos técnicos, mercadológicos e fi nan-ceiros do negócio, segundo explica o diretor da Acomp Consultoria, Antônio César de Oliveira, especialista em gestão de empreendimentos. É

preciso prever se o produto terá a venda neces-sária e defi nir a margem de lucro ideal (mark up), por exemplo. “Lojas que são conhecidas na rua por serem barateiras podem perder esse diferencial no shopping. Se tiverem que au-mentar os preços, podem perder público. En-tão é preciso avaliar se poderão abrir mão desse público”, diz Oliveira. A ajuda de uma consul-toria ainda permite comparar a adequação do negócio ao público esperado no empreendi-mento, assim como verifi car se a região possui o potencial de consumo necessário.

Outra saída, na opinião de Luiz Veiga, da Abrasce, é recorrer ao sistema de franchising, que possui a vantagem de atuar com auxílio de profi ssionais com experiência na relação com administradoras de shoppings. Segundo estima o executivo, as franquias ocupam quase metade das 80 mil lojas existentes no País. A propósito, algumas redes até preferem esses espaços. É o caso da franquia de restaurantes Griletto, que possui todas suas 18 unidades em praças de ali-mentação. Tudo começou quando Ricardo José Alves, o fundador da rede, atuava no comércio de rua, sujeito às intempéries climáticas. “Em um dia de chuva, não vendi nada em minha chope-ria. Resolvi ir para um lugar onde sempre tem pessoas e onde eu pudesse me concentrar só no meu negócio”, conta o empresário.

Em um primeiro momento, Alves diz que fi cou surpreso com tantas taxas, pois estava

Nabil, da Alshop: administradoras

deveriam ser remuneradas

pela eficiência nos custos

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Evento internacional discutirá políticas e estratégias de inovação e empreendedorismo, com foco na internacionalização de empresas

por Beatrice Gonç[email protected]

O Brasil vai sediar o 3º Global Fórum de Empreendedorismo e Inovação, promovido pelo programa InfoDev de desenvolvimento de tecnologia da informação do Banco Mundial. O evento será realizado em Florianópolis de 26 a 30 de outubro, no Costão do Santinho Resort, e tem o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e do Sebrae. Esta é a primeira vez que o Global Fó-rum é realizado fora da Índia. A escolha do Brasil

para sediar o evento foi feita a partir da entrada do País no conselho de doadores do Banco Mun-dial para o programa InfoDev.

São esperados representantes de 70 países, entre líderes de governo, pesquisa-dores, empreendedores, responsáveis por incubadoras e parques tecnológicos que vão apresentar seus produtos e fazer visitas téc-nicas aos parques e incubadoras brasileiras. O Global Fórum vai discutir as políticas de inovação, identifi car os principais mecanis-mos para acordos bilaterais, as regras para as incubadoras tecnológicas e as estratégias para estimular a internacionalização. Estão

previstos minicursos sobre cooperação in-ternacional de projetos e treinamento em marketing e em processos de incubação.

“Essa é uma grande oportunidade para o País construir novos caminhos, novas es-tratégias nessa área de inovação e empre-endedorismo, mostrar o que está fazendo, apresentar as oportunidades de empresas que podem oferecer soluções tecnológicas inovadoras para o mundo”, afi rma José Edu-ardo Fiates, superintendente de inovação da Fundação Centros de Referência em Tecno-logias Inovadoras (Certi).

Para Valerie D’Costa, gerente do InfoDev

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Sul é o grande destaque. Possui 23 parques tecnológicos e abriga 31% do total de incuba-doras do País. Só em Santa Catarina são três parques tecnológicos e outros dois estão em fase de desenvolvimento. Onze grandes seto-res de tecnologia registram crescimento no Brasil em áreas como biotecnologia, química e entretenimento. “Existe uma tendência em haver uma pulverização dos setores, uma va-lorização das diversas áreas de segmento, apli-cações inovadoras para solucionar problemas reais com as pessoas, saúde, educação ou re-lacionadas com o próprio planeta, tecnologias limpas”, diz Fiates, da Fundação Certi.

Para Valerie, um dos diferenciais do Bra-sil é que o País usa a tecnologia como ferra-menta não só para a economia, mas para o social, uma forma de dar poder às mulheres, aos pobres e aos jovens. “O Brasil é um bri-lhante exemplo de inovação e empreende-dorismo, tem uma grande e talentosa popu-lação, e é muito rápido em se adaptar ao uso de novas tecnologias.”

para programas de desenvolvimento de tec-nologias de informação e comunicação, essa será a chance do Brasil se posicionar mundial-mente diante de 70 países como um líder em empreendedorismo e inovação. “O Global Fó-rum em Florianópolis pode mostrar ao mun-do por que o Brasil está no Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e como os países desenvolvidos podem aprender com os brasileiros.”

O Global Fórum é visto também como uma oportunidade para as empresas brasilei-ras que buscam a internacionalização. “Para os nossos negócios empreendedores vai possibi-litar acordos bilaterais que ajudem a colocar os nossos produtos no exterior com mais faci-lidade”, afi rma Guilherme Ary Plonski, presi-dente da Anprotec.

Durante o encontro será realizado tam-bém o 19º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. “A junção dos eventos se deu para aproveitar as oportunidades a serem geradas e proporcio-nar interação no mundo da inovação e empre-endedorismo, já que em um mesmo ambiente estarão reunidos empreendedores e líderes governamentais”, explica Plonski.

Voz ativa

Como integrante do conselho de doadores do Banco Mundial para o InfoDev, o País passa a ter voz nas decisões sobre os rumos e as estra-

tégias de investimento para fi nanciar projetos piloto e inovadores de tecnologia da informa-ção. “Esse tipo de iniciativa é particularmente pertinente neste momento em que se buscam ações cooperadas para transformar a economia mundial”, diz Plonski. O Brasil assume a cadei-ra de conselheiro do InfoDev ao lado de países como Suíça, Alemanha, Japão e Índia.

Os recursos do InfoDev são utilizados para fi nanciar projetos e proporcionar o net-work internacional entre incubadoras e em-preendedores. O programa apoia mais de 70 incubadoras em 50 países e só na América La-tina subsidia 44 parques tecnológicos. O foco de investimento é na África, Ásia e América Latina. “Nós queremos levar conhecimento em áreas onde o acesso à tecnologia ainda é pouco utilizado”, explica Valerie.

Os investimentos do InfoDev no Brasil se-rão feitos através de editais e com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e da Anpro-tec. “O que a gente espera, no mínimo, é es-crever uma página completamente diferente de como se encaminhará a nova ordem eco-nômica mundial, mais baseada em inovação, em tecnologias limpas, em empreendedores e empresas que olham para além do seu mer-cado específi co”, explica Plonski.

Hoje o Brasil tem mais de 6 mil empresas de base tecnológica, responsáveis pela gera-ção de 33 mil postos de trabalho e de cerca de R$ 400 milhões em impostos. A Região

A BRA NGÊNCIA E ESTRUTURA

InfoDev70 incubadoras apoiadas em 50 países44 incubadoras registradas na América Latinae no Caribe com 17 países membros

Brasil400 incubadoras em 25 unidades da Federação10 parques tecnológicos em operaçãoMais de 6,3 mil empresas articuladas33 mil postos de trabalho diretoR$ 400 milhões gerados de impostos40 projetos de parques em desenvolvimento

Região Sul23 parques tecnológicos (31% do total), sendo: 11 parques em operação 7 parques em projeto 5 parques em fase de implantação

LINHA DIRETA

Global Fórum InfoDev: www.gf-bns.netValerie D’Costa: www.infodev.orgGuilherme Plonski: www.anprotec.org.brJosé Eduardo Fiates: www.certi.org.br

Na outra página: Valerie D’Costa, José Alaor Bernardes e Guilherme

Plonski. Ao fundo, incubadora Celta, em Florianópolis

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Brasil 2040País pode ser uma das cinco maiores economias do mundo dentro de 30 anos, mas depende de investimentos em infraestrutura e capital humano

P E R S P E C T I V A

por Beatrice Gonç[email protected]

Os próximos 30 anos devem ser de cres-cimento para o Brasil. A tendência é que o País se torne uma das cinco maiores econo-mias ao lado da China, Estados Unidos, Índia e Rússia. Mas mesmo participando do G5, sua população não estará entre as mais ricas. A perspectiva é de Ricardo Amorim, economista brasileiro e gestor de investimentos. Já Gary S. Becker, Prêmio Nobel de Economia em 1992, não é tão otimista. Ele acredita que o Brasil precisa ainda investir em capital humano para ser uma referência internacional. Os especia-listas discutiram a crise, a posição do Brasil na economia mundial e as novas tendências de mercado na ExpoGestão, evento que reuniu economistas e lideranças empresariais no mês de junho em Joinville (SC).

Para Amorim, o PIB do Brasil volta a cres-cer 5% ao ano em 2010 e nas próximas três décadas deve manter o mesmo ritmo, mes-mo se o governo não se esforçar muito. Isso porque o mercado está mais voltado para o consumo interno. “As vendas domésticas cresceram como nunca.” Pelos cálculos do IBGE, o consumo das famílias aumentou 1,3% no primeiro trimestre de 2009 em com-paração com o mesmo período do ano ante-rior. Esse é o 22° trimestre consecutivo de crescimento. Isso deve levar a um aumento na arrecadação de impostos, o que possibi-litará a redução dos valores dos encargos. “Um exemplo é a própria CPMF, que há qua-tro anos seria impensável pensar em retirá-la e hoje é um imposto que não faz mais falta.”

O economista brasileiro vê vantagens competitivas em alguns setores do País. O de serviços deve ser o que vai registrar o melhor desempenho porque depende me-nos da valorização do real ante o dólar. “A indústria é o setor que eu estou menos oti-mista, isso porque é o mais penalizado pela apreciação cambial.”

Mas uma das exigências para o Brasil crescer é que se melhore a infraestrutura de portos, aeroportos e estradas. Obras que, se-gundo Amorim, poderão ter fi nanciamento internacional. “É possível que os chineses queiram investir nessa área até para conse-guir escoar melhor seus produtos.”

Além de investidora, a China deve ser o grande parceiro comercial do País. Nos pri-meiros cinco meses de 2009, o embarque de produtos brasileiros para o país asiático aumentou em 13%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Para Amo-rim, o Brasil precisa ver a China como um mercado consumidor, e não competidor. “Vender para eles é uma ótima oportunida-de agora, competir é uma fria.” O econo-mista lembra que um dos mercados mais promissores é o de cerâmica – a China representa 60% da demanda mundial e o Brasil é o segundo maior produtor.

Amorim acredita que um setor que pre-cisa mudar a estratégia com relação aos pro-dutos chineses é o de calçados. Isso porque a indústria calçadista não consegue competir com o mercado chinês no quesito preço. “O Brasil precisa brigar é com a Itália no design e na qualidade dos produtos.” Para Becker, a China criou um problema nos países emer-

gentes e isso foi mais sentido no México, mas a grande sacada é começar a produzir o que eles não comercializam. “A China tem mui-tas vantagens e um delas é que os produtos são muito baratos.” Ele acredita que se o País quiser competir na questão de preço, é pre-ciso fl exibilizar as leis trabalhistas.

Segundo Amorim, a grande vantagem da Ásia é a quantidade de mão-de-obra e esse é o motivo que o destaca entre os demais con-tinentes. Só a China e a Índia juntas represen-tam 40% da população mundial. “A vantagem da América Latina e da África está no espa-ço”, explica. O consultor acredita que são as plantações e a mineração os diferenciais do continente. “Mas esses países precisam es-tar atentos porque os recursos naturais são escassos e é preciso investir em capital hu-mano, o que exige um processo gradual de melhora na qualidade de ensino.”

Para Becker, o grande diferencial da Eu-ropa e dos Estados Unidos está na qualida-de da mão-de-obra. Lugares que, de acordo com o economista, registram níveis altos de qualidade de ensino. Segundo ele, a formação da população reflete diretamente na economia. “É um investimento de longo prazo e que precisa ser feito em algum mo-mento no Brasil.”

Recomposição geoeconômica

Gary Becker é enfático em dizer que a atual crise financeira não vai mudar os princípios de liberdade de mercado. O eco-nomista, que é professor da Universidade de Chicago e membro da escola liberal,

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acredita que os Estados Unidos voltarão a ser a grande potência econômica mundial. “O país retoma o crescimento já no terceiro trimestre de 2009.” Amorim acredita que os Estados Unidos nunca deixaram de ser uma grande potência, mas discorda de Becker e diz que a economia daquele país vai demo-rar um pouco mais para se recuperar. Isso porque, com a crise, os norte-americanos diminuíram o ritmo de consumo e passa-ram a economizar. “As pessoas estão aumen-tando a poupança e hoje o volume total já representa 6% do PIB norte-americano, mas ainda é muito baixo”, afirma Amorim.

A atual mudança de posicionamento do governo norte-americano em intervir mais na economia é um momento transitório na opinião de Becker. Mas ele considera que a política econômica adotada por Obama está mais voltada para o modelo de capitalismo francês – que é mais estatal –, enquanto que o país deveria utilizar o modelo anglo-saxão,

mais voltado para o mercado competitivo. Para os economistas, a crise já está em rit-

mo menor e os países mais afetados não foram os Estados Unidos nem o Brasil. “Os Estados Unidos sairão melhor da crise do que a Europa e o Japão”, diz Amorim. Posicionamento tam-bém defendido por Becker. “A crise se origi-nou nos Estados Unidos, mas teve mais efeito na Europa, em países como a Alemanha.” Para o economista norte-americano, a crise só será mais grave se continuar ao longo de 2010, o que obrigaria os países a fechar suas fronteiras e a aumentar as tarifas alfandegárias.

A forma de produzir é outro ponto em que os economistas têm opiniões semelhan-tes. No curto prazo, Amorim acredita que não haja mudanças significativas, porque o petróleo não perderá espaço. A grande mu-dança estará no tipo de consumidor. “A crise provocou um redirecionamento do consu-mo, e os mercados estão mais voltados para o consumidor chinês e indiano.” Esses paí-

ses podem gerar uma demanda maior por veículos e isso deve fazer com que o preço do petróleo chegue a níveis maiores.

LINHA DIRETA

ExpoGestão: www.expogestao.com.br

Gary Becker: Brasil precisa investir em capital humano para ser referência Amorim: crise provocou redirecionamento do consumo para China e Índia

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Idade: 50 anosLocal de nascimento: São PauloFormação: Engenharia Química pela Faculdade Oswaldo CruzEmpresa: Casa GodinhoCidade-sede: São PauloNúmero de funcionários: 18Endereço: Rua Líbero Badaró, 340

Miguel Romano

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Comerciante concilia a atmosfera centenária do estabelecimento e inovações para ter casa e caixa cheios

Viagem no

tempopor Mônica Pupo

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Visitar a Casa Godinho, localizada no Cen-tro de São Paulo, equivale a uma viagem no tempo. Instalada desde 1924 no térreo do edifício Sampaio Moreira – o primeiro arra-nha-céu de São Paulo –, a loja é testemunha e personagem da história da maior cidade da América do Sul. Não por acaso, o estabeleci-mento está prestes a ser tombado pelo Patri-mônio Histórico. Com 121 anos de tradição, e em plena atividade, conserva a atmosfera dos antigos armazéns de bairro. Do atendimento à decoração, tudo remete ao passado, incluindo o embrulho em papel cor-de-rosa. Os balcões, as prateleiras maciças de imbuia, a fachada em art noveau, os produtos vendidos a granel e o atendimento impecável completam o cená-rio e se encarregam de transportar os clien-tes para os charmosos empórios do início do século 20. Símbolo de uma época, o negócio soube conciliar passado e inovação, resistindo às mudanças do mercado sem nunca deixar de lado a alma do negócio.

Entre as prateleiras e balcões da loja cir-culam muito mais do que produtos fi nos, com destaque para vinhos, azeites, especiarias, fru-tas secas e bebidas importadas, sem falar no bacalhau da Noruega – o campeão em ven-das, que totalizam 12 toneladas ao ano. Só na Semana Santa são vendidas aproximadamente 4 toneladas do peixe, considerado o melhor de São Paulo. Muita gente também vai até a Casa Godinho em busca das famosas empadas cremosas, feitas com ingredientes seleciona-

dos, que são degustadas – de colherzinha – ali mesmo, em pé, no balcão. Há ainda os que chegam em busca dos pães doces ou salgados, que levam fama de serem os mais saborosos e crocantes da região. Mas um dos principais destaques do armazém centenário não está à venda e não tem preço: são as histórias que transformaram a mercearia em uma lenda viva do centro paulistano.

Tudo começou em 1888, quando o imi-grante português José Maria Godinho se tornou um dos pioneiros na importação de bebidas, embutidos e especiarias de alta qualidade. Dizem, aliás, que foi ele quem “ensinou” o paulistano a degustar um bom bacalhau. Como não deixou herdeiros, a loja passou por diferentes administrações nesta longa trajetória. O empório nasceu na Praça da Sé, mudando-se anos depois para a Rua Lí-bero Badaró, onde está até hoje. Pelo piso de ladrilhos original já circularam personagens ilustres como Adhemar de Barros, Francesco Mattarazzo, Jânio Quadros e José Ermírio de Moraes – este último acompanhado do fi lho, Antônio, então uma criança.

Foi na Casa Godinho que Assis Chateau-briand aplicou um de seus célebres calotes, fato relembrado na obra de Fernando Morais, autor de Chatô, o rei do Brasil, a biografi a do polêmico magnata da imprensa. O escri-tor Rubem Braga, então repórter dos Diários Associados, conta que foi escalado para fazer uma série de reportagens sobre um condo-mínio de luxo que pertencia ao dono da Casa Godinho na época. Só muito tempo depois o jornalista descobriu que as matérias, na ver-

dade, haviam sido encomendadas para pagar uma dívida do patrão com a mercearia. “Dizem que Chateaubriand encostou um caminhão do jornal na porta da loja, mandou encher de caixas de champanhe francês da melhor mar-ca e entregar na casa de uma mulher, mas não pagou a conta”, diz Miguel Romano, à frente do estabelecimento desde 1995.

Paulistano da gema, Romano costumava frequentar a Casa Godinho desde a juven-tude, em busca de especialidades como o kassler – bisteca de porco – e a tradicional salsicha Frigo Eder. Jamais tinha sonhado com a possibilidade de se tornar um dos pro-prietários da loja. Formado em Engenharia Química, especializado em energia nuclear, na juventude ele trocou o laboratório de ra-diofármacos da USP pelos balcões da lotérica que pertencia ao pai. “Eu estava apaixonado, queria casar e meu pai precisava da minha ajuda. Como ele me ofereceu o dobro de salário, não tinha como recusar”, relembra. Nunca mais se afastou do comércio. Em bus-ca de independência, abriu sua própria loté-rica no fi m da década de 1980. Pouco tempo depois, e sonhando voar mais alto, decidiu vender a loja e investir num restaurante, chamado Darling, também no Centro de São Paulo, onde trabalhou durante dois anos.

A partir daí, a alma de gourmet, herda-da dos pais, imigrantes italianos, afl orou. Romano desdobrava-se na administração do restaurante até que, em 1994, um amigo de seu pai – cliente da lotérica – ofereceu a ele a sociedade na Casa Godinho. Bastou que o empresário visitasse a loja – desta vez com

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olhos de investidor – para que não restassem dúvidas: era hora de mudar novamente de negócio. Aos poucos, Romano, que come-çou com 25% de participação na empresa, comprou as partes dos outros sócios e, des-de 2001, é o único responsável pela adminis-tração do armazém. “Minha experiência com gastronomia me ajudou muito no início da operação da loja, pois trabalhamos com uma variedade de mercadorias muito grande e es-pecífi ca”, conta, referindo-se ao mix de produ-tos composto por cerca de 4 mil itens, sendo 70% importados, incluindo raridades que só são encontradas na loja, como a raiz forte in natura e a tinta para colorir ovos de Páscoa.

Fiel à tradição do velho Godinho – que, “infelizmente, não chegou a conhecer” –, Miguel Romano é rigoroso com a seleção e a armazenagem dos produtos. No caso do baca-lhau, o carro-chefe da loja, o lojista faz questão de inspecionar pessoalmente cada lote enco-mendado. Para garantir a qualidade do peixe, Romano estabeleceu uma série de exigências, avaliando o cheiro, o corte, a espessura e a pro-cedência do peixe. Quando encontra um baca-lhau de acordo com seus critérios, encomenda todo o lote, para não correr o risco de faltar.

“Só compramos o que está dentro do nosso padrão. De cada dez entregas, mandamos de-volver seis”, conta. Não à toa, em épocas de Páscoa e Natal as fi las no estabelecimento são comuns. Romano garante que, entre grandes chefs de cozinha e donas de casa, vem gente da cidade toda comprar o famoso bacalhau da Casa Godinho. “Não tem pra ninguém: quem experimenta nosso bacalhau volta, é fi el e não troca. Porque quem tentou trocar se arrepen-deu”, orgulha-se.

Memória afetiva

Para Romano, “o que mantém uma loja como essa aberta até hoje é o valor inestimável das memórias afetivas”. Um dos maiores pra-zeres do comerciante é recepcionar clientes antigos, que costumavam frequentar a loja nos tempos do senhor Godinho. “Tem aqueles que choram, me abraçam e relembram as histórias da infância”, conta. O lojista fi ca emocionado ao se lembrar de clientes como o já falecido “doutor” Francisco. “Mesmo aos 93 anos, do-ente e já muito debilitado, ele fazia questão de sempre nos visitar, nem que fosse carregado pelo enfermeiro.” Quase como um ponto tu-

rístico, a Casa Godinho também atrai diaria-mente dezenas de curiosos, que muitas vezes entram no estabelecimento só para tirar fotos e desfrutar da atmosfera nostálgica do local.

Administrar um ponto-de-venda com ca-racterísticas tão peculiares e, ainda por cima, com o faturamento dependente de um pro-duto sazonal, tem sido o grande desafi o de Miguel Romano. “Quando assumi a adminis-tração, a loja passava por uma situação fi nan-ceira crítica, estava quase quebrando, porque nosso lucro dependia quase que unicamente da venda do bacalhau em dois meses do ano”, conta. Outro dilema enfrentado pela Casa Go-dinho foi a perda de status da região central da cidade – uma tendência nos grandes centros urbanos. Quando a loja foi aberta, há mais de um século, a elite paulistana se concentrava no Centro. Mas, com o passar do tempo, os es-critórios comerciais e os condomínios de luxo afastaram-se da região, levando o público-alvo para bem longe dali.

Para piorar, o desenvolvimento da econo-mia trouxe concorrentes implacáveis. Até a dé-cada de 1990 ainda era raro encontrar produ-tos importados nos supermercados. Mas, com a abertura das importações no governo Collor,

FOTOS MAURO HOLANDA/DIVULGAÇÃO

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as grandes redes de varejo também passaram a oferecer vinhos, azeites e outras especiarias até então só encontradas nos empórios. Im-possível para os pequenos lojistas do ramo competir com a política de preços e as facili-dades de pagamento e acesso oferecidas por redes como Pão de Açúcar e Empório Santa Luzia. “Isso fez com que muitas casas como a nossa fossem obrigadas a fechar as portas”, afi rma o empresário.

Decidido a dar a volta por cima, em 2001 Miguel Romano teve a ideia de investir numa padaria, onde são vendidos pães, sanduíches, doces e salgados. O sucesso foi imediato e a Casa Godinho passou a lotar no horário do al-moço, tendo as empadas – principalmente as de bacalhau – como a grande atração. “Antes de ter a padaria, havia dias em que fi cávamos mais de uma hora sem entrar um cliente na loja. Agora o balcão está cada vez mais con-corrido.” Como consequência, aumentou o giro de produtos complementares, como café, leite, manteiga e achocolatados, que antes costumavam encalhar. Além disso, o estabele-cimento passou a fornecer os itens do café da manhã de cerca de 50 escritórios e empresas da região. Hoje, os lucros da padaria corres-

pondem a 40% do faturamento total da em-presa. “Conseguimos dar vida à loja novamen-te”, comemora Romano. Em 2008, motivado pelos bons resultados, o empresário resolveu abrir uma pequena fi lial da Casa Godinho no Mercado Municipal de São Paulo, deixando a administração aos cuidados do pai, “velho companheiro de negócios”.

Apesar das mudanças, a Casa Godinho faz questão de manter um de seus maiores diferenciais: o atendimento personalizado. Os clientes são sempre recepcionados com um sorriso e recebem dicas de como utilizar os produtos. Dúvidas sobre como preparar o bacalhau? Basta perguntar ao vendedor mais próximo, que poderá, inclusive, sugerir algu-mas receitas. O próprio Miguel, inclusive, é presença constante na loja, sempre disposto a uma boa conversa. “Hoje as grandes redes de varejo buscam esse atendimento mais pessoal, que é justamente a nossa especialidade.”

No fi nal do ano passado, Miguel Romano teve que enfrentar outro desafi o perturbador: a desapropriação do edifício Sampaio Morei-ra, onde em breve será a sede da Secretaria de Cultura de São Paulo. “Fiquei desesperado quando todos os inquilinos começaram a sair,

porque eu simplesmente não teria para onde ir.” A solução foi entrar com um processo de tombamento da própria loja – afi nal, trata-se de uma casa tão histórica como o próprio prédio onde está instalada. “Alegamos que a loja está aqui desde a construção do edifício, que faz par-te da memória do Centro paulistano e pedimos o tombamento dos balcões, prateleiras, fachada e ornamentos de teto da Casa Godinho”, afi rma o lojista, contando com o bom senso da decisão fi nal, que deve sair em um ano.

Enquanto espera a conclusão do processo de tombamento da loja, Romano faz planos para o futuro. Pretende realizar um sonho an-tigo: abrir um bistrô nos fundos da loja, para servir pratos à base de bacalhau e vinhos. An-tes de ocorrer a desapropriação, o lojista já havia encomendado o projeto do restaurante. “Se eu conseguir construir o bistrô, acho que não terá mais nada a se fazer na Casa Godinho. Será só tocar a tradição para frente por mais uns 100 anos”, diverte-se.

LINHA DIRETA

Miguel Romano: (11) 3105-1625

1888

1924

1984

1989

1992

19952001

2008

José Maria Godinho, imigrante português, inaugura a Casa Godinho na Praça da Sé. Torna-se o pioneiro na importação de bebidas e produtos finos na cidade de São Paulo.Com a inauguração do primeiro arranha-céu de São Paulo, a Casa Godinho muda-se para o térreo do edifício Sampaio Moreira, na Rua Líbero Badaró.Formado em Engenharia Química, Miguel Romano decide deixar uma carreira na área para trabalhar na lotérica do pai. Nunca mais deixaria o comércio.Romano decide investir em sua primeira empresa e compra uma lotérica no Centro de São Paulo.Romano vende a lotérica e investe num restaurante, chamado Darling, também no Centro paulistano.Miguel Romano torna-se sócio da Casa Godinho com 25% de participação.Aos poucos, o lojista adquire as partes dos outros três sócios e assume a direção total da Casa Godinho. Como a loja estava prestes a falir, Romano decide instalar uma padaria no local. O sucesso foi imediato.Inauguração da única filial da loja, localizada no Mercado Municipal de São Paulo.Em novembro, a desapropriação do edifício Sampaio Moreira ameaça a Casa Godinho e o empresário decide entrar com uma ação solicitando o tombamento da loja, que recebeu parecer favorável e aguarda decisão final.

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Miguel RomanoCasa Godinho

Manicures, cabeleireiros, sapa-teiros, artesãos, carpinteiros, cos-tureiras, vendedores ambulantes e

Empreendedor Individual é oportunidade para milhões de brasileiros

todo tipo de trabalhador autônomo terão uma oportunidade de serem reconhecidos formalmente. Isso será possível graças ao Empreen-dedor Individual, nome pelo qual está sendo chamada a nova fi gura jurídica Microempreendedor Indivi-dual, criada pela Lei Complementar 128/08, dentro da Lei Geral da Mi-

cro e Pequena Empresa (123/06).A nova lei, que entrou em vigor

no dia 1º de julho, pretende tirar da informalidade milhões de trabalha-dores brasileiros. Pela nova lei, po-derão se formalizar por meio desse mecanismo empreendedores da in-dústria, comércio e serviço – exceto locação de mão-de-obra e profi s-

Empreender Informe do Sebrae

Fora da informalidade

MÁRCIA GOUTHIER/ASN

sões regulamentadas por lei – com receita bruta anual de até R$ 36 mil. Os interessados devem ter no má-ximo um funcionário com renda de até um salário mínimo mensal.

Os ganhos vão muito além da aposentadoria. Claro, o empreende-dor deverá se preparar para contri-buir mensalmente com alguns tribu-tos. Em contrapartida, ele terá uma série de benefícios. O carro-chefe é o previdenciário, com oito tipos de co-bertura. Para todos eles, o valor do benefício é de um salário mínimo.

Um dos destaques é o salário-maternidade, que dá direito a um salário mínimo durante quatro me-ses de licença do trabalho. Mas antes de usufruir desse benefício, é preciso já ter contribuído com a Previdência por dez meses. Uma segunda modalidade é o auxílio-doença, cujo prazo de contribuição mínimo é de 12 meses.

Para aposentadoria, há quatro tipos. Se o empreendedor escolher se aposentar por idade, deve con-tribuir por pelo menos 15 anos. Mas é bom lembrar que um empreen-dedor que começa a contribuir aos 30 anos não pode se aposentar aos 45. Nesse caso, só é possível gozar da aposentadoria aos 65 anos, se for homem, e 60, se for mulher. Se for empreendedor do meio rural, as idades são de 60 anos para homem e 55 anos para mulher.

Aderindo ao Empreendedor Indi-vidual, o informal que atua na in-dústria e no comércio se formaliza pagando todo mês o equivalente a 11% do salário mínimo – hoje R$ 51,15 – para INSS mais R$ 1 de ICMS. Já os negociantes da área de serviço devem desembolsar o mes-

mo valor de INSS (R$ 51,15) mais R$ 5 de ISS. E quem exerce ativida-de mista recolhe nas três esferas, totalizando o valor de R$ 57,15.

A lei do Empreendedor Individual também garante aposentadoria es-pecial, para casos de insalubridade e sinistro, com a mesma carência de 15 anos, e aposentadoria por in-validez, com carência de 12 meses. Além das aposentadorias, os benefí-cios incluem ainda auxílio-acidente, pensão por morte e auxílio-reclusão, todos esses sem carência.

Outros benefícios

Quem aderir ao Empreendedor Individual também terá a vantagem de poder emitir nota fi scal. Para o analista em Políticas Públicas do Sebrae Nacional André Spínola, é grande a expectativa de ampliação de mercado para esse público. “Será possível participar de licitação ou entrar nas chamadas dispensas de licitação. Isso é muito novo”, afi r-ma. Spínola se refere às pequenas demandas de prefeituras, escolas públicas, a exemplo dos serviços de

reparo de prédio, itens de meren-da escolar, pintura de parede, có-pias de chave, entre tantas outras demandas. Por isso, pode ser um bom exercício para o atual informal e futuro empreendedor individual consultar a prefeitura onde mora ou conversar com a diretoria da escola onde o fi lho estuda.

As adesões ao Empreendedor In-dividual serão feitas pela internet. A expectativa é de que até o fi m de 2010 a adesão chegue a 1,1 milhão de pessoas. Desde 1º de julho, os interessados em formalizar seus negócios devem acessar o Portal do Empreendedor (www.portaldoem-preendedor.gov.br). Nele, o profi s-sional obterá o registro no CNPJ e as inscrições na Previdência Social e na Junta Comercial.

Os empreendedores interessa-dos na formalização poderão bus-car informações nas centrais de relacionamento do Sebrae (0800 5700 800) e do INSS (135), além dos portais dos órgãos envolvidos. A orientação e o atendimento dire-to a esse público serão feitos pelo Sebrae e pela Fenacon.

Empreender Informe do Sebrae

legislação

Manicures e demais trabalhadores autônomos poderão ser reconhecidos formalmente

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Novo conceito de infraestrutura tecnológica busca redução de custos, principalmente energia, e diminuir impactos ambientais

verdepor Cléia Schmitz

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O conceito de TI Verde – ou Green IT, em inglês – está na ordem do dia das empresas de tecnologia. E a principal razão para isso é uma só: é cada vez maior a procura por soluções de infraestrutura tecnológica que reduzam custos. Hoje, é difícil encontrar um lançamento de TI que não destaque a capacidade do produto em diminuir despesas, especialmente na conta de energia elétrica. Bom para o meio ambiente, considerando que há redução no impacto eco-lógico em geração energética, e também para o bolso do usuário fi nal da tecnologia.

“Em tempos de crise econômica, se não é possível aumentar as vendas, o único ca-minho para se manter competitivo é reduzir as despesas. E a TI é uma forte aliada nesse sentido”, afi rma Anselmo Lucas, professor do curso de Redes de Computadores da Univer-sidade Cidade de São Paulo (Unicid). A insti-tuição aposta tanto no desenvolvimento de produtos com a fi losofi a de TI Verde que deci-diu recentemente incluir o tema na sua grade curricular. “É um diferencial extremamente importante para nossos alunos.”

O interesse por TI Verde não se restrin-ge ao universo das grandes empresas. A Dell mantém um centro de soluções para empre-sas de pequeno e médio portes com a pro-posta de orientá-las para o uso de tecnologias

de efi ciência energética. A companhia ainda oferece programas e recursos on-line que aju-dam o cliente a ser mais ecológico. É o caso de uma calculadora que estima as economias de energia feitas com confi gurações personaliza-das de produtos da marca.

“No caso das pequenas e médias empre-sas, contar com soluções de TI efi cientes, fá-ceis de gerenciar e sustentáveis não é apenas uma questão de escolha, mas também de so-brevivência”, afi rma Daniel Neiva, gerente de vendas para pequenas e médias empresas da Dell na América Latina. Para o executivo, ba-sear a infraestrutura tecnológica em computa-dores mais efi cientes energeticamente e data centers virtualizados garantem aos empresá-rios uma economia em dinheiro. “São recur-sos que podem ser reinvestidos em áreas mais críticas do seu negócio”, destaca.

Segundo o executivo, os produtos Dell Energy Smart já ajudaram clientes no mundo inteiro a economizar US$ 1,9 trilhão com a re-dução do consumo de energia elétrica. A bra-sileira Bizmart, especializada em consultoria e treinamento de TI, é uma delas. A empresa precisava de um ambiente com alta disponibili-dade, escalabilidade e confi abilidade, e de fácil gerenciamento e manutenção. Mas ao subs-tituir 25 servidores físicos por apenas quatro, conseguiu muito mais do que isso: uma econo-mia de energia estimada entre 20% e 25%.

Mas as vantagens vão muito além da efi -

Tecnologia

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ciência energética. Diretor comercial da Biz-mart, João Paulo Fialho conta que o geren-ciamento da infraestrutura fi cou muito mais fácil e aumentou a confi abilidade. “Os servi-ços prestados internamente, como correio eletrônico, intranet, banco de dados e CRM, tornaram-se muito mais disponíveis porque o tempo de recolocação no ar em alguma even-tualidade reduziu drasticamente”, explica Fia-lho. O executivo destaca ainda que a virtuali-zação permitiu à Bizmart dobrar o número de servidores virtuais em apenas um ano.

Otimização

A virtualização é uma das tendências mais fortes dentro do conceito de TI Verde. Não se fala em outra coisa no mercado de tecnologia. Ao desenhar um ambiente virtualizado, as em-presas conseguem não apenas reduzir seus custos com energia, mas também diminuir despesas com espaço físico, ar-condicionado e manutenção dos equipamentos. E vale des-tacar que a virtualização tem como fi losofi a principal a otimização, ou seja, o aproveita-mento máximo da performance dos equipa-mentos que estão sendo utilizados.

A InfoServer, empresa fornecedora de so-luções de tecnologia e provedora de serviços de consultoria, calcula que obteve uma eco-nomia de 33% em seu data center após aqui-sição de um servidor blade que substituiu 14 servidores físicos. A empresa espera aumen-tar o número de servidores virtuais para 25. “Além da economia, tivemos uma evolução na

performance de nossos sistemas. A virtualiza-ção é uma onda muito forte no mercado de TI não só pelo aspecto de economia de energia, mas também pela redução de custos operacio-nais devido à maior facilidade em administrar máquinas virtuais”, afi rma Anderson Sabino, gerente de recursos da InfoServer.

Os usuários de tecnologia também estão cansados de substituir suas infraestruturas de TI por novos equipamentos a fi m de ob-ter melhor desempenho. É a última coisa que as empresas querem fazer nesse momento de crise. Por isso, companhias como a Unisys anunciam novos servidores com a proposta de ajudar os clientes a conter custos através da preservação e ampliação de seus ambien-tes de TI. “A proposta hoje é fazer mais com menos”, sintetiza André Vilela, diretor de so-luções corporativas da Unisys Brasil.

O novo modelo segue a tendência de TI em tempo real, acompanhando a dinâmica dos ne-gócios do usuário. “Temos equipamentos com softwares inteligentes que funcionam como uma torneira. Se você quer muita água, é só abrir mais”, compara Vilela. Para o executivo, não dá mais para pensar naquele servidor que fi ca ro-dando com apenas 10% de performance por conta de uma semana no mês em que a empresa precisa de mais capacidade de processamento.

Para o empresário João Paulo Fialho, a tendência é que cada vez mais as empresas queiram investir em uma infraestrutura que permita a evolução. “A facilidade de trocar duas ou até quatro peças por outras mais ro-bustas sem descartá-las, mas reaproveitando os servidores para outras funcionalidades, é algo que tem incentivado os empresários a aderir ao mundo da virtualização.” Segundo o empresário, muitos clientes da Bizmart têm buscado essa alternativa.

A virtualização também é uma das formas de frear o intenso ritmo de substituição de tec-nologias. “Todo mundo associa TI Verde com a redução do consumo de energia elétrica, mas isso é só uma fração mínima do problema ecológico gerado por esse mercado. É como se olhássemos somente para o rabo do elefante”, destaca André Vilela. Para o executivo, a indús-tria de TI vive hoje um paradoxo: de um lado, um ponto de equilíbrio comercial, proporcio-nado pela troca constante de computadores. De outro, um total desequilíbrio ecológico.

Pesquisa da Intel calcula que mais de 1 bi-lhão de PCs serão descartados entre 2005 e 2010 no mundo inteiro. Uma solução, segun-

ON DA V E RD E

Relatório divulgado recentemente pela Symantec Corp. mostra que gerentes de TI de todo o mundo sofrem grande pressão para aumentar seus níveis de desempenho e ao mesmo tempo reduzir custos. Em função disso, houve um impulso na direção do chamado data center “verde”. Questionados sobre sua importância, 54% mencionaram a redução do consumo de energia, 51% falaram sobre a redução dos custos de resfriamento e 42% citaram o senso de responsabilidade com a comunidade.

Estudo da IBM indica que mais de 70% das empresas brasileiras de médio porte já realizam ou pretendem implantar projetos de TI Verde. O controle de custos é o fator preponderante para a iniciativa dos empresários, que pretendem reduzir despesas operacionais e com energia elétrica.

Estudo realizado pelo Forrester Research comprovou a eficiência da adoção de práticas de TI Verde na diminuição de gastos operacionais (Opex). Ao mesmo tempo, o estudo mostrou que o Green IT reflete em redução de investimentos futuros (Capex).

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normas de sustentabilidade. “Em termos de TI Verde estamos muito atrasados. Para citar um ponto básico do problema, não temos leis em âmbito nacional que obriguem os fabri-cantes a recolher seus produtos no momento do descarte do consumidor.”

Segundo o professor, com uma regula-mentação seria possível associar aos produtos brasileiros o “estigma verde”. Essa imagem poderia dar origem a um novo fi lão de merca-do, traduzindo-se em maiores vendas. A partir daí, as empresas passariam a investir mais e mais em produtos “sustentáveis” e teríamos então um ciclo virtuoso de crescimento eco-nômico. “Além de regulamentação, são neces-sários também incentivos fi scais privilegiando as empresas que tornem verde seus produtos e promovam a inclusão digital. O consumidor precisa saber que aquele produto que hoje é o seu sonho de consumo mais tarde pode se tornar parte do pesadelo do planeta.”

do o executivo, seria aumentar o ciclo de vida dessas máquinas de três para cinco ou seis anos. Pelos cálculos de Vilela, no Brasil esta-ríamos retirando do lixo 10 milhões de PCs todos os anos e deixando de produzir outros 13 milhões nesse período. “Como a sociedade deveria medir seu avanço digital: pelo núme-ro de PCs produzidos ou pelo número de PCs utilizados?”, questiona o executivo.

Mas esse caminho depende da capacidade da indústria de TI de se reinventar. É preciso uma mudança de cultura para que os fabrican-tes não insistam em “manter o modelo de vida curta, gerador de vendas consecutivas e com alto custo ecológico”, diz Vilela. Sem esse es-forço, corre-se o risco do termo TI Verde ser visto mais como uma ação de marketing do que uma preocupação com a sustentabilidade ambiental dos negócios. E isso, a médio pra-zo, pode ser extremamente prejudicial para a imagem da indústria de tecnologia. Como convencer o mundo de que você está preocu-pado com o meio ambiente se o seu negócio estimula o desperdício?

Nova onda

Para o professor Anselmo Lucas, não há nenhum problema em a indústria de TI pegar carona na questão ambiental e tentar fazer disso uma nova onda, onde os fabricantes

LINHA DIRETA

Bizmart: (31) 3071-9059 Dell: 0800 970 3384InfoServer: (11) 2182-0300Unicid: (11) 2178-1212Unisys: (11) 3305-7000

buscam vender novas soluções, com o ape-lo de tecnologias mais ecológicas. “Isso não é ruim, o planeta inclusive agradece. Mas as empresas em geral precisam fi car atentas ao fato que Green IT não é só economia de ener-gia elétrica, é também descarte responsável e inteligente de materiais, processo de compras privilegiando fornecedores ‘verdes’, aprimo-ramento na efi ciência de produtos e inclusão digital”, afi rma Lucas. O professor lembra ain-da que o movimento é apoiado por organiza-ções sérias como WWF e Greenpeace.

Em síntese, não basta tornar o produto mais “verde”. “É preciso que a indústria de TI se responsabilize por todo o seu ciclo de vida, desde a concepção do seu projeto até o seu destino fi nal”, destaca Daniel Neiva, da Dell. No ano passado, a empresa se respon-sabilizou em diminuir o uso de materiais nas embalagens dos seus produtos. Com isso, espera eliminar aproximadamente 9,7 mil to-neladas de material de embalagem durante os próximos quatro anos.

A regulamentação, com normas ambien-tais de produção, comercialização e descarte de equipamentos, pode ser uma alternativa interessante para estimular mais medidas de TI Verde. Para Lucas, ainda estamos engati-nhando se compararmos o Brasil com países europeus, onde os próprios consumidores boicotam produtos e empresas que ignoram

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Vilela: “Como medir o avanço digital: pelo número de PCs produzidos ou pelo número de PCs utilizados?” Daniel, da Dell: responsabilidade é da indústria

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NF-e sem mistérioAs empresas podem utilizar o novo

módulo Metrics NF-e para se adaptar às novas regras do Sistema Público de Escri-turação Digital (Sped) e emitir nota fi scal eletrônica. A ferramenta integra-se ao módulo de Faturamento da plataforma de gestão integrada da Metrics e torna automáticas as rotinas de emissão das notas e sua escrituração. O Metrics NF-e faz também o arquivamento automático dos documentos por período, oferecen-do recursos para o rastreamento e recu-peração da nota digital. Todo o sistema utiliza o padrão XML. www.metrics.com.br

Projetos turbinadosA linha Rational da IBM integra softwares e tecnologias

eletromecânicas. São aplicativos que ajudam as indústrias a desenvolverem produtos cada vez mais inovadores e efi cien-tes. Com o Team Webtop é possível aumentar a colaboração e a produtividade entre equipes de desenvolvimento de software por meio de técnicas de projetos de produto. O software Doors permite a revisão de produtos por meio de uma interface web que evita a impressão de processos em papel e ainda possibilita a análise e modifi cação dos dados. Os aplicativos Change e o Synergy fazem a identifi cação precisa dos estágios de cada pro-cesso do produto e das múltiplas etapas do desenvolvimento. O software Rhapsody permite a identifi cação e a correção de falhas de projeto. www.ibm.com.br

E-commerce monitoradoO varejista pode fazer a checagem completa das condições de e-commerce

como pagamento, preço e entrega do produto através do sistema Retail Monitor Executivo. A ferramenta disponibiliza também dados de pesquisas realizadas pela E-bit sobre a satisfação do cliente e informações fornecidas pelo grupo de conte-údo BuscaPé, o que permite o acompanhamento contínuo da intenção de compra do consumidor. www.ebitempresa.com.br

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009A RSA, divisão de segurança da EMC,

lança novo pacote do RSA Key Manager (RKM), sistema de gerenciamento corpora-tivo de chaves criptográfi cas projetado para a camada de aplicação, banco de dados e armazenamento. Com novas integrações

e recursos de gerenciamento, o RKM 2.5 reduz o custo total de propriedade asso-ciado à criptografi a, proporcionando aos administradores controle sobre o vaulting e o gerenciamento de chaves a partir de um lugar central. www.rsa.com

Chaves criptográficas

Consultor virtualA tecnologia QlikView, desenvol-

vida pela sueca QlikTech, é um pacote completo de softwares para análise de negócios. Com o software é possível acompanhar o andamento do negócio e analisar todos os aspectos das vendas. A solução conecta todas as informações e permite uma análise profunda dos dados. A versão 8.5 permite criar cená-rios “what-if ” em que é possível testar diferentes metas de vendas e custos. O QlikView trabalha com uma tecnologia patenteada de associação “in memory”, o que lhe garante rapidez, fl exibilidade e facilidade de uso. A solução é forneci-da no Brasil pela Nórdica Distribuidora de Software. www.qlikview.com

Alto desempenhoA Juniper Networks, especializada em

soluções para redes de alto desempenho, lança interface de 100 Gigabit Ethernet (GE) para roteadores da série T1600. O que garante a flexibilidade para elevar o fatura-mento de serviços de alta capacidade, como vídeo e Evolução de Longo Prazo (LTE). O cartão de interface 100 GE da Juniper per-mite que os provedores de serviços e data centers reduzam o número de interfaces, obtendo ganhos expressivos que fazem re-duzir o custo total sobre seus investimen-tos. www.juniper.net

Comunicação unificadaA Aspect apresenta seis soluções de comunicação unifi cada para os contact centers,

um sistema que pode reduzir em 20% os custos de manutenção e melhorar em 10% a produtividade da empresa. As soluções usam os recursos da plataforma de produtos baseada no Aspect Unifi ed IP e a plataforma de serviços web PerformanceEdge™ Mi-crosoft.Net, que ajudam as empresas a aperfeiçoarem seus processos de negócios de atendimento ao cliente, cobranças, vendas e telemarketing. www.aspect.com

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Gerenciamento remotoA plataforma integrada Kaseya permite que empresas de TI possam ge-

renciar os computadores de seus clientes a distância bem como resolver e evitar problemas nas estações de trabalho, servidores e periféricos. A tecnologia está baseada em browser web e permite fazer o gerenciamento preventivo da rede, au-mentar a qualidade de serviços prestados e promover o planejamento de atualizações de aplicativos. Com a plataforma Kaseya são gerenciados mais de 2 milhões de máqui-nas em 25 países. www.kaseya.com.br

Firewall sem complicaçãoA McAfee apresenta solução de firewall para em-

presas. O Enterprise Profiler é um novo recurso que detecta com precisão e em tempo real como as regras e as mudanças de regras dos firewalls afetam a dispo-nibilidade, a utilização e a segurança dos aplicativos. Com a tecnologia, horas e dias de trabalho de criação de regras, implementação e resolução de problemas são simplificados para apenas alguns cliques. O Profi-ler reduz o impacto da criação ou alteração de regras específicas, além de ajudar os administradores de fi-rewall a implementar novas políticas e atender com agilidade às necessidades de negócios. www.mcafee.com.br

VoIP sem problemas

A Fluke Networks desenvolveu o soft-ware NetAlly que elimina riscos na instala-ção de sistemas VoIP. A versão 7.0 traz fer-ramentas de avaliação e troubleshooting que analisam o estado da rede antes do serviço ser instalado e apontam ações cor-retivas necessárias. O NetAlly gera tráfego sobre a rede, fornece respostas baseadas nas medições feitas e calcula quantas cha-madas simultâneas podem ser suportadas. www.flukenetworks.com.br

Migração de dadosO suíte Verti, desenvolvido pela GDN

Tecnologia, otimiza a migração de banco de dados em tempo real de forma segura e sin-cronizada. O sistema faz a migração de bancos Adabas para bancos relacionais com rapidez e facilidade, o que permite que os dois funcio-nem de forma sincronizada e com replicação de dados nas duas direções. Com o suíte, a empresa não precisa fi car reescrevendo os có-digos durante a migração. www.gdn.com.br

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Biorrevoluçãono franchisingParceria gera primeira rede de soluções biotecnológicas do Brasil, procedimentos que não agridem o meio ambiente e ainda contribuem para a sua preservação

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por Beatrice Gonç[email protected]

O empresário precisa estar atento a uma nova forma de produzir que traz a susten-tabilidade para a cadeia produtiva. Através da biotecnologia é possível usar a ação de

micro-organismos para obter bens e serviços e ainda ajudar a preservar o meio ambiente. Um conceito que chega agora ao mercado de franchising. A BioFranchising Solutions é a primeira rede a oferecer franquia de soluções biotecnológicas. Foi criada a partir da parce-ria de duas empresas: a SuperBac, soluções

biotecnológicas para o varejo, agronegócio, saneamento, energia e biorremediação; e a Francap, consultoria em franquias.

O primeiro serviço oferecido pela rede é o SuperSan, controle microbiológico de am-bientes por uma tecnologia ecologicamente correta que não causa danos à saúde do ho-

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nerada é o planeta, porque todo mundo se remunera do progresso e do crescimento, e a única forma de devolver isso para o meio ambiente é através da biotecnologia.”

A BioFranchising Solutions quer expandir os negócios e aumentar o número de fran-quias oferecidas. “O projeto é usar a biotec-nologia para criar biossoluções, aplicadas aos mais diversos setores, que substituirão os ser-viços e tecnologias atuais, sem agredir o meio ambiente e, ao mesmo tempo, sem mudar o hábito do consumidor”, diz Chacon.

Para o presidente da SuperBac, o consu-midor está ávido por biotecnologia e sabe que é isso que vai trazer a sustentabilidade para a vida de todos. “Ele quer entender como é a biotecnologia, até porque o termo ainda está muito distante da vida dele.” Mas faz um aler-ta: o produto biotech precisa custar o mesmo valor que um produto químico, porque o con-sumidor tem até vontade, mas não vai pagar mais pelo mesmo produto.

Segundo Chacon, investir em biotecnolo-gia é a única forma de criar uma escala indus-trial para tornar os produtos biotecnológicos acessíveis ao consumidor fi nal. “É bom pensar que as pessoas podem ganhar dinheiro com um negócio biotecnológico e ao mesmo tem-po fazer um bem para o planeta.”

mem e ao meio ambiente. Um mercado con-siderado de futuro e que está em expansão. O SuperSan era um departamento da SuperBac que cuidava da sanitização de ambientes fe-chados. A estratégia de franquear o negócio foi expandir o mercado e oferecer uma opor-tunidade para os empreendedores que que-rem entrar no setor da biotecnologia.

Um negócio que chega ao mercado de franquias como referência de inovação. “Bus-camos nos associar a um grupo que tivesse ex-pertise de franqueamento e que fi zesse a ges-tão da franquia enquanto a gente se dedicasse àquilo que sabemos fazer, que é a pesquisa e as soluções em biotecnologia”, explica Luiz Chacon, presidente da empresa. A Francap entra no negócio com a experiência de quem já comercializou mais de 2 mil franquias. “Essa é a primeira franquia que nós somos sócios, isso porque percebemos que o SuperSan é um produto inovador”, diz André Friedheim, sócio-diretor da Francap.

A franquia já começa com 14 unidades, inclusive uma na África do Sul. São empresas que operavam o sistema do SuperSan antes da formatação da franquia e que agora estão se adaptando ao novo formato de negócio. A meta da Bio Franchising Solutions é conquis-tar mais 500 unidades no Brasil. “Esse é um mercado novo, não-saturado, que tem muito a crescer e que não tem concorrente no mer-cado”, explica Friedheim.

Uma das estratégias de expansão do ne-gócio é oferecer a franquia para empresas sinérgicas. “O SuperSan pode ser o segun-do negócio de empresas como as de dete-

tização”, afi rma Friedheim. A taxa inicial da franquia é de até R$ 80 mil, um valor que tem retorno em no máximo 24 meses. Para se tornar um franqueado, diz Friedheim, é preciso ter habilidade e gostar do setor de prestação de serviços.

O SuperSan foi lançado em junho em uma feira de negócios e em menos de um mês já despertou o interesse de 380 investidores. “São pessoas que querem ter mais informa-ções sobre o produto e querem receber a nossa proposta”, explica Friedheim. Além de empresários brasileiros, representantes de grupos internacionais do Peru, Colômbia, França, Estados Unidos e Canadá demons-traram interesse em levar o serviço para seus países. “Eles não sabiam da possibilidade de um serviço como esse e entenderam que é um produto diferente, inovador, que vai ser o maior sucesso”, afi rma Friedheim.

Planeta remunerado

O consultor acredita que o tema biotec-nologia ainda é pouco conhecido, mas quan-do os investidores o conhecem, reconhecem as vantagens. “Ainda é um assunto meio tabu, meio desconhecido. Quando a gente explica o conceito, todo mundo fala ‘esse é o futu-ro’”, explica Friedheim. O uso da biotecnolo-gia nos negócios é uma tendência de merca-do. “Agora nós teremos todas as revoluções com a palavra ‘bio’ na frente”, explica Cha-con. São procedimentos que não agridem o meio ambiente e ainda contribuem para a preservação. “A única cadeia que não é remu-

LINHA DIRETA

BioFranchising Solutions: (11) 3709-3709/www.supersan.com.br

SAN IT IZAÇÃO BIOLÓGICA

O SuperSan é um serviço de sanitização capaz de fazer a desinfecção de ambientes fe-chados. Através de um processo de nebulização consegue eliminar bactérias, ácaros e fungos no-civos à saúde. O sistema é similar à pulverização de névoa fria usada em desinfecção hospitalar. O que o diferencia dos demais serviços é a bio-tecnologia. No SuperSan são utilizados somente fungos e bactérias de nível 1 que não são nocivos ao homem e que eliminam os micro-organismos patogênicos. Todos os produtos são registrados no Ministério da Saúde e da Agricultura.

Pode ser aplicado em lugares difíceis de limpar como carpetes, forros e dutos de ar. Em uma residência, pode evitar os processos alérgicos como rinite, bronquite e asma, a contaminação de alimentos causada por fun-gos e ácaros ou mesmo a ação de organismos que causam o mofo. Em hospitais e clínicas, pode reduzir a incidência de infecção hospi-talar e evitar a entrada de micro-organismos patogênicos em locais de riscos como UTIs. “O SuperSan pode ser utilizado em indústrias de alimento para proteger o que está sendo

produzido ali e em residências para quem tem rinite, bronquite e quer ter um ambiente sau-dável”, afirma Luiz Chacon.

A aplicação do produto é rápida e em até três horas o cliente pode retornar ao ambiente. O SuperSan forma uma película protetora nas superfícies dos objetos e mantém o ambiente sanitizado por até seis meses. Após a aplicação, o cliente recebe o relatório técnico do controle e passa a ter o ambiente monitorado. O valor médio do serviço é de R$ 2 a R$ 4 por metro quadrado de aplicação.

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Expansão à mineiraA rede de lojas de chocolate Doce Cacau

iniciou em abril seu projeto de expansão através do sistema de franquias. A primeira das nove uni-dades que a marca pretende abrir em São Paulo

e Belo Horizonte até 2010 foi inaugurada no ae-roporto de Confi ns. O local tem grande circula-ção de público A, foco dos produtos. A empresa mineira nasceu por iniciativa das irmãs Flávia e

Andréia Falci, há 20 anos. Ainda hoje as fundado-ras fazem questão de fabricar os chocolates de maneira semiartesanal, para garantir a qualidade dos produtos. www.docecacau.com.br

Investimento parcelado A franquia de educação profi ssional BIT Company anunciou facilidades para

quem pretende abrir uma nova unidade da rede. Os investidores poderão recorrer às linhas de crédito do Banco do Brasil e Caixa Econômica, que possibilitam que o futuro franqueado parcele em até três vezes o investimento inicial, que totaliza cerca de R$ 120 mil, em média, sem contar o ponto comercial. “Com esses parceiros, a negociação fi ca mais fácil. E até nesta questão específi ca auxiliamos no que for neces-sário”, diz a franqueadora Cristina Franco. www.bitcompany.com.br

Rumo a São Paulo Seis anos depois de entrar no mercado de fran-

chising, a Via Verde Produtos Naturais inaugurou sua primeira loja em São Paulo. A franquia, que tem ori-gem no Rio de Janeiro, pretende abrir mais três lojas até o fi nal deste ano e atingir 20 pontos-de-venda na região em cinco anos. “Há um grande potencial para produtos e alimentos naturais, pois muitos habitan-tes vivem a correria do dia a dia e estão interessados no bem-estar. É importante investir em lugares com esse perfi l”, ressalta Paulo Sattler Junior, diretor de franquias da rede. www.viaverdenaturais.com.br.

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Negócio futuristaNovos conceitos de produtos, comer-

cialização e comunicação foram anuncia-dos pela franquia de joias Barbara Strauss. Além de mudanças nas embalagens e no logotipo da marca, o projeto de suas lo-jas foi repensado e agora terá um layout mais futurista. As peças exclusivas, apre-sentadas dentro do calendário de moda, também seguirão as tendências do mer-cado contemporâneo. As mudanças já serão aplicadas nas duas lojas que a rede vai inaugurar até o fi m do ano. Em cinco anos, a meta da franquia é aumentar de quatro para 30 o número de lojas. www.barbarastrauss.com

Destino direto A Flytour lançou uma ferramenta

de comunicação e relacionamento com seus clientes, a ser usada por cada uma das suas unidades. Em uma página de internet própria, o franqueado pode inserir informações sobre serviços e produtos oferecidos, como viagens nacionais, internacionais, corporativas, promoção de eventos e destaques. Das 66 unidades franqueadas, mais da meta-de já aderiu ao site. Diante do sucesso obtido, já estão em fase de implementa-ção links diretos para cada franquia no portal da Flytour. www.flytour.com

Metodologia diferenciada

O Ometz Group anunciou a criação de uma nova franquia de ensino de inglês es-pecializada em adultos, a You Move. A rede atuará com alunos de diferentes níveis em uma mesma turma, além da aparelhos MP4, para reprodução de material didático em formato de áudio e vídeo. “O modelo usado

pela You Move é chamado de trabalho co-operativo entre os alunos. Quem sabe mais revive ensinamentos já vistos, e quem sabe menos aprende ainda mais com a troca”, afi rma Sergio Barreto, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da rede de escolas Ometz Group. www.ometzgroup.com.br

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Escola compacta

Opçõesde fora

As franquias americanas mais uma vez estiveram presentes na feira da ABF deste ano, em busca de investidores interessados em trazer as redes para o Brasil através de uma master franquia ou unidade. A Crestcom, por exem-plo, oferece franquia de treinamentos profi ssionais especializados para o mercado corporativo e está presente em mais de 50 países. No setor de alimentação, um dos destaques é a rede de restaurantes temáticos Quaker Steak & Lube, que utiliza decoração inspirada no universo da velocidade e das com-petições automotivas. Representante das marcas no Brasil: (11) 4226-3330

Outra franquia que desembarca no País é a Fitness Together, rede de academias pre-sente em cinco países. Um dos destaques da franquia é o treinamento one-on-one, em que a prática de exercícios físicos é pla-nejada e executada por personal trainers, de acordo com a necessidade particular do atleta. Além disso, o atendimento ao cliente é feito em estúdios de ginástica individuais. O investimento para adquirir a franquia é a partir de R$ 200 mil, com faturamento mé-dio de R$ 40 mil e taxa de royalties de R$ 2 mil por mês. www.fitnesstogether.com.br

A Eurodata lançou um formato de fran-quia mais econômico durante a Franchising Expo 2009. Agora é possível adquirir uma uni-dade com investimento a partir de R$ 100 mil, quase metade do valor de antes. Para reduzir o custo, foi criado um modelo compacto. O espaço físico necessário foi reduzido de 300

para 150 metros quadrados, assim como o nú-mero de colaboradores (18 para nove). Além disso, a taxa de franquia caiu 50% (R$ 15 mil). Segundo Ramon Asensio, presidente da rede, a intenção é aumentar a participação em cida-des menores ou em bairros de menor poten-cial. www.eurodata.com.br

Malhação individual

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Central de ideiasEmpresas e organizações públicas podem comparti-

lhar seus principais desafios no portal interativo Battle of Concepts e obter soluções sugeridas por profissio-nais de todo o País. A empresa que contrata a ferra-menta insere no Battle of Concepts uma questão que precisa resolver que pode ser de caráter técnico ou mesmo sugestões para uma nova campanha de marke-ting. Estudantes universitários e jovens profissionais de até 30 anos inscritos no portal propõem soluções para a empresa. Todas as propostas são enviadas para as cor-porações e as dez melhores ganham prêmios de até R$ 5 mil. www.battleofconcepts.com.br

Telemedicina A Sony apresenta uma linha de produtos para

telemedicina. A impressora para raio X UP-DF750 reproduz imagens usando fi lmes de alta densida-de, o que é ideal para o exame da mamografi a. O produto é compacto e pode imprimir imagens em quatro tamanhos. Outra novidade é a UP-DR80MD, menor e mais rápida impressora em Dye Sublimation, indicada para a impressão de ima-gens de cirurgia, ultrassonografi as e radiografi as dentárias. A marca lança também o monitor LMD-3250MD, mo-delo de high defi nition com 32 pole-gadas, tamanho ideal para diagnósticos por imagens. www.sony.com.br

Pequeno servidor

As micro e pequenas empresas podem utilizar o servidor HP Proliant ML110 para melhorar o armazenamento e a per-formance. O produto tem Windows Server 2008, processador Intel Xeon X3220 Quad-Core e 2GB de RAM. É uma opção fl exível em relação ao am-biente e com escabilidade necessária para acompa-nhar o crescimento dos negócios. O preço suge-rido para o servidor é de R$ 2.999 para faturamento com base em São Paulo. www.hp.com.br

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Bem cortado

A Olfa tem uma linha de estiletes profi ssionais para comércio e indús-tria. O cortador Sk4 tem lâmina autorretrátil de aço inoxidável e lâmina ergo-métrica. O Sk7 tem lâmina curta de aço inoxidável, autorretrátil, e é ideal para o corte de caixas, embala-gens, cartazes, papel-car-tão e cartolina. O estilete HOK-1 é indicado para trabalhos pesados como abrir embalagens com cin-ta plástica resistente. Pos-sui lâminas substituíveis de aço de carbono e corta facilmente sem danifi car a superfície. Os estiletes Olfa são distribuídos no Brasil pela Microservice. www.microservice.com.br

Caixa-forte

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go-na

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Construção sustentável

A P3Image oferece ao mercado corpora-tivo um serviço especial de guarda física de mídias e de documentos. As empresas que precisam de espaço para arquivar fi chas, fi l-mes, cartuchos, CDs e DVDs podem alugar

estantes e salas-cofre da P3Image. A infraes-trutura inclui monitoramento com circuito fechado de tevê, sistema de alarme contra invasão e controle interno de temperatura e de umidade do ar. www.p3image.com.br

O concreto celular autoclavado Pre-con (CCA) protege o ambiente das varia-ções de temperatura externas, reduzindo o consumo de energia por ar-condiciona-do ou calefação. Tem material de com-posição leve que utiliza menos matéria-prima em sua produção em comparação

com outros tipos de blocos e tijolos. É um produto resistente e leve que faz o isolamento acústico dos ambientes. O CCA foi desenvolvido pela Precon Indus-trial S/A, empresa que atua há 45 anos no mercado nacional de pré-fabricados de concreto. www.precon.com.br

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P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Proteção total A embalagem Flipak protege os produtos farmacêuticos duran-

te a armazenagem e o transporte do material. Esse modelo é retor-nável e foi projetado para reduzir custos decor-

rentes de contaminações e violações. Pode ser utilizada em sistemas logísticos internos, den-tro das unidades fabris, e externos. O modelo FP03 permite empilhar 16 unidades em um palete de 1200 x 1000 mm; já a versão FP075 possibilita o empilhamento de oito caixas no mesmo palete. Os modelos FP06 e FP145 pro-

porcionam carga estável e segura em movimenta-ções com empilhadeiras. www.unipac.com.br

Receita FederalTecnologia desenvolvida pela Voxage para

a Receita Federal permite informar o contri-buinte sobre sua restituição de imposto de renda através de mensagem de celular. O contribuinte que deseja ativar o recurso deve cadastrar o número do telefone no endereço eletrônico da Receita. As mensagens são gra-tuitas. www.receita.fazenda.gov.br

ProteçãoA embalagem Fl

te a armazenagem ená

poções co

Correspondente bancário A Perto oferece soluções de serviços de varejo e bancário de forma integrada.

O POS Corban é um correspondente não bancário com leitor de barras e de CMC7. É manuseado pelo próprio atendente e possibilita aos usuários do

comércio o pagamento de contas, saques, extrato, saldo e qualquer outro serviço bancário desejado. Outra solução é a impressora PertoPrinter,

que tem alta velocidade de impressão e pode ser utilizada na horizon-tal, vertical ou fixada na parede. A PertoPrinter tem também uma versão com guilhotina, para corte automático. www.perto.com.br

CorrespA Perto o

O POS CoCMC7.

coméserv

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Sem interferência A SMS Tecnologia Eletrônica lança

nova linha de nobreaks Manager III Senoidal, composta por equipamentos com potências de 700 VA e 1400 VA. Os dois modelos contam com conec-tor para módulo de bateria externa, o que permite até sete horas de au-tonomia para uma estação de traba-lho completa, incluindo um PC com monitor LCD de 17 polegadas e uma impressora jato de tinta. Com ondas senoidais, os nobreaks podem ser utilizados junto aos mais sensíveis equipamentos, incluindo servido-res, balanças eletrônicas e projeto-res de imagem. www.sms.com.br

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Escrita em néon Neoboard é um quadro luminescente desenvolvido para es-

crita que pode ser apagado e reutilizado. A combinação dos leds do quadro com os marcadores especiais fornece à escrita uma alta luminescência com efeito característico do néon. O produto é composto por uma placa de acrílico especial com um conjun-to de leds ligados à sua base através de um temporizador que possibilita a regulagem da frequência dos acendimentos. O Kit Neoborad é composto por uma fonte bivolt automática, fundo preto, pacote de lenços umedecidos, canetas e suporte para a mesa. www.simplemais.com.br

Controle remoto Os mais diferentes equipamentos

do escritório podem ter controle auto-matizado e estar interligados através do TSU9800 da Philips. Com o aparelho é possível ligar e desligar equipamentos ao mesmo tempo com um simples toque no controle remoto do TSU9800. O sistema pode também diminuir a luz e fechar as portas. O TSU9800 tem tela VGA de 6.4 polegadas e se comunica através da tec-nologia Wi-Fi. O preço sugerido é de R$ 9 mil. www.consumer.philips.com

Sistema de visãoA Cognex Corporation, líder mundial no fornecimento de sen-

sores de visão, lança três sistemas de visão coloridos para a linha de produtos In-Sight Micro. O modelo básico In-Sight Micro 1100C é considerado o menor do mundo e tem sistema de visão em cores com resolução padrão (640 x 480). O modelo In-Sight 1400C, de alta performance, dobra o desempenho do processador para aplicações mais exigentes. Já o novo modelo In-Sight 1403C é um sistema de dois megapixels (resolução de 1600 x 1200) que possibilita uma ins-peção em alta resolução para uma grande variedade de aplicações em cores. www.cognex.com i é

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Gerenciamento de projetosJoão Ricardo B. Mendes, André Bittencourt do Valle e Marcantonio FabraEditora FGV – R$ 18

Com o objetivo de auxiliar os profi ssio-nais que lidam com projetos, o livro aborda temas como seleção e estrutura organiza-cional de projetos, estrutura analítica, co-municação e responsabilidade. Além disso, traz detalhes sobre aspectos da execução, controle do projeto e como proceder ao encerramento de forma correta.

L E I T U R A

Oceano empresarial

Navegador, empresário e economista, Vil-fredo Schürmann foi consultor e assessor fi nan-ceiro de empresas antes de trocar a carreira de executivo pelos mares aos 35 anos. Foi em bus-ca de um sonho que ele e a mulher – Heloísa – abriram mão de seus empregos, do conforto e da segurança em terra fi rme para embarcar com os três fi lhos rumo a uma nova vida. So-mando mais de 20 anos a bordo de um velei-ro, Vilfredo é o responsável pelo planejamen-to estratégico das expedições da família. Para

mostrar que aventura e espírito empreendedor têm tudo em comum, em Navegando com o sucesso o velejador faz uma analogia entre as difi culdades da vida em alto-mar e os desafi os do mundo dos negócios. O livro aborda temas como perseverança, liderança, motivação e ge-renciamento de crise, utilizando como exemplo a vida num veleiro – que nada mais é do que uma empresa em alto-mar, sujeita a perigos e desafi os que precisam ser resolvidos quase sempre de imediato e sob extrema pressão.

Experiência de navegação da família Schürmann é transferida ao mundo dos negócios, que tem em comum os desafios constantes

Navegando com o sucessoVilfredo Schürmann – Editora Sextante – R$ 24,90

ALGUMAS REFLEXÕES DE VILFREDO SCHÜRMANN:

“O sucesso é, antes de tudo, acreditar nos nossos sonhos.”“Para concretizar uma meta, temos que nos esmerar na organização e disciplina.”“Não podemos mudar a direção dos ventos, no entanto, podemos regular as velas.”“Devemos viver para ser, e não para ter.”“Devemos olhar para longe e perceber que o bem-estar e a felicidade dependem de nós e estão bem perto.”“Aprendi – na minha vida profissional, como executivo, e, no mar, como capitão – que os objetivos devem estar alinhados e definidos, com metas mensuráveis a alcançar, e que jamais se deve fazer promessas que não poderão ser cumpridas.”

Câmbio & negócios internacionais: procedimentos, regulamentação e jurisprudênciaAndrea Dumortout de MendonçaEditora Nobel – R$ 59

Indicado tanto para leigos como para experts em transações internacio-nais, o livro desmistifi ca as principais questões sobre câmbio, transferência de divisas e outros temas relacionados ao uso de moedas estrangeiras. Além disso, traz uma relação completa dos gestores, anuentes e órgãos governamentais que regulam o comércio exterior.

Soluções perfeitas para equipes imperfeitasSid Kemp – Editora Verus – R$ 32,90

Através de dicas e exemplos práticos, o livro pro-põe aos leitores maneiras efi cazes de abordar e resolver situações difíceis que podem ocorrer com os colabora-dores da empresa em que atuam. Saiba como agir em casos de confl ito, incluindo questões de desempenho ruim, disputas salariais, doença no trabalho, comporta-mento inapropriado e outras.

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tratégias, assim como de seus liderados, per-mitirá que compreenda que ter mecânicas de defesa não é patológico. Não tê-las é. Nenhu-ma pessoa adoece por possuir defesas, mas sim pela sua inefi cácia ou pelo mau uso que faz delas. O uso excessivo e inconsciente pode afastar da realidade objetiva, impedindo-o de enfrentar produtivamente o problema.

Elas fazem parte, normalmente, do ajusta-mento, da adaptação e do equilíbrio da perso-nalidade. A pessoa deve ser capaz de diagnosti-cá-los e mais adiante abandoná-los como forma de conduta, quando quiser. Portanto, seu uso pode ser conscientizado e transitório. Não há expectativa de fazer do líder um terapeuta, mas sim de um ser humano com melhores recursos para lidar com outros seres humanos. Lembre-se que só podemos conduzir alguém até onde já fomos. Bom trabalho!

D I N Â M I C A E M P R E E N D E D O R A

de vista. Usa-se a inteligência para encontrar justifi cativas plausíveis. É muito encontrado em grandes líderes quando desprestigiam os dados de realidade e as posições de sua própria equi-pe. Pode-se afi rmar que as coisas vão realmente mal quando as explicações são boas.

Na “Projeção” atribuímos às outras pes-soas ou coisas os nossos próprios confl itos, sentimentos, intenções, desejos. O outro pas-sa a ser espelho. Um exemplo: “Minha equipe está muito insegura”, para o líder não assumir que ele está inseguro. “Identifi cação”, um in-divíduo assimila uma característica de outro, e se transforma, total ou parcialmente, apre-sentando-se conforme o modelo desse outro. É comum encontrarmos nos liderados que adotam características ou comportamentos – linguagem, roupas, estilo de vida, etc. – de um líder carismático.

“Formação reativa” é quando a pessoa exibe comportamentos, sentimentos, atitu-des contrárias àquilo que inconscientemen-te ela rejeita. Por exemplo, quando se tem muito medo de novas (ou desconhecidas) situações e você está sempre buscando abrir novos mercados ou lançar produtos inéditos. Mostrando coragem excessiva para lidar com o novo. “Isolamento” é quando o conteúdo emocional fi ca isolado dos fatos, o indivíduo não entra em contato com seus próprios sen-timentos. Como quando alguém relata fatos e acontecimentos sem demonstrar sentimen-tos. Pense numa situação em que o seu fi lho está muito doente e você tem que manter o foco no trabalho como se nada estivesse acon-tecendo. Também é usual encontrarmos em situações de traição ou em ambientes de alta competitividade. Por exemplo, pode se sentir incomodado com o desempenho de outro ge-rente, mas diante dele nada manifesta.

“Regressão” é quando o indivíduo regride a uma idade cronologicamente menor quando se depara com uma frustração. Por exemplo, o choro pode ser uma regressão a uma situação da infância em que o choro “resolveu” o “pro-blema”. Outras regressões usuais são: comer ou beber demais, se colocar no papel de ví-tima, roer unhas, dormir demais, brigar para obter o que quer. Para um líder que busca alto desempenho, reconhecer suas principais es-

Conforme você leu anteriormente, fi z diversas referências a aspectos da Psicodinâ-mica em Negócios (ou Psicodinâmica Organi-zacional). Conceituo como a abordagem inte-racionista dos aspectos cognitivos, afetivos e comportamentais conscientes e inconscientes em uma equipe, empresa ou organização.

Num sentido restrito podemos buscar na Psicanálise os processos psíquicos que encon-tramos em qualquer indivíduo e que se mani-festam em suas relações inerentes a sua função de líder. Entre eles destacam-se as mecânicas de defesas, usualmente conhecidas por meca-nismos de defesa. Elas nada mais são do que operações efetuadas pelo ego visando reduzir ou suprimir os estímulos externos ou internos que o invadem causando desprazer. Como um mecanismo, as defesas são colocadas em funcionamento quase de forma automática. É um total de 27 e foram organizadas por Anna Freud, fi lha de Sigmund Freud. Entre todas, 13 são muito comuns no meio de negócios.

Dentre nossos trabalhos envolvidos com líderes de alto desempenho consideramos que é fundamental que ele conheça e entenda as mecânicas de defesa no ambiente de liderança. É importante lembrar que todo indivíduo possui conteúdos psíquicos de natureza inconsciente (que não chegam a sua consciência) que infl uen-ciam a forma como lida com confl itos e suas pró-prias angústias. Entre elas destacarei nove.

Na “Negação” (a “mãe” de todas), o indi-víduo nega aspectos da realidade objetiva e aspectos relativos à sua difi culdade no trato com as outras pessoas. Em particular, suas defi ciências na capacidade de liderar ou ge-renciar. “Deslocamento”, ao ter problemas na empresa ele desloca esses para sua esposa ou fi lhos ou vice-versa. Também pode se manifes-tar em um funcionário que confronta o líder atual, porque teve uma experiência negativa com um chefe anterior.

“Idealização” é quando se atribui qualida-des perfeitas a uma situação ou indivíduo. É a mecânica que mais amplia a taxa de mortali-dade de pequenas e médias empresas. Isso se deve à tendência de sobrevalorizar os aspectos positivos do que se quer. Ninguém e nada terão defeitos para o idealizador. “Racionalização” é uma profunda intelectualização de seus pontos

Mecânicas de defesa

por Luiz Fernando GarciaConsultor especialista em manejo

comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

Todo indivíduo possui conteúdos psíquicos de

natureza inconsciente que influenciam a forma como lida com conflitos e suas

próprias angústias

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De 4 a 7/08/200920ª Feira de Logística, Movimentação, Armazenagem e Embalagem de Materiais – MovimatExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.imam.com.brFeira técnica especializada em logística, movi-mentação, armazenagem e embalagem de ma-teriais. Reúne mais de 200 expositores, entre fabricantes e distribuidores de veículos indus-triais e seus acessórios e peças. São esperados mais de 25 mil visitantes.

De 5 a 7/08/200920ª Feira de Produtos, Serviços, Equipamentos para Higiene e Limpeza e Conservação Ambiental – HigiexpoExpo Center NorteSão Paulo – SPwww.higiexpo.com.brA Higiexpo é a maior feira do mercado de limpeza profissional da América Latina. Reúne 80 expositores de toda a cadeia de negócios de limpeza que apresentam lava-doras de alta pressão, produtos químicos. A feira é aberta das 14h às 21h.

De 18 a 23/08/200916º Salão do Imóvel e ConstrufairCentrosul – Florianópolis – SCwww.acfeiras.com.brA feira apresenta opções para construir, re-formar, decorar ou adquirir um imóvel. A proposta é possibilitar que o consumidor, ao visitar o evento, saia com a residência completa. Além da comercialização de imó-veis, há cursos e palestras durante todo o evento. São mais de 7 mil metros quadrados de área destinada à exposição de produtos e serviços relacionados à construção civil. A entrada é gratuita.

De 3 a 5/08/20094ª Feira de Redes, Telecomunicações e Instalações e Congresso – Netcom 2009 – Redes e TelecomExpo Center Norte – Pavilhão Amarelo – São Paulo – SPwww.arandanet.com.brA Netcom é um encontro técnico e de negó-cios do setor de redes privadas de comunica-ção. Reúne empresas e profi ssionais de redes, telecom e instalações. Há exposição das mais recentes novidades em produtos e serviços do setor de telecomunicações. Aberta ao pú-blico das 12h às 20h.

BEM CALÇADO

De 14 a 17/07/200941ª Feira Internacional de Calçados, Acessórios de Moda, Máquinas e Componentes – FrancalPavilhão de Exposições do Parque Anhembi – São Paulo – SPwww.francal.com.br

Principal feira de negócios do setor de calçados da América Latina. Mais de 1 mil fabricantes brasileiros expõem calçados, bolsas, carteiras, máquinas e matérias-primas. É durante a feira que se registra o maior número de vendas de calçados no País. A Francal é exclusiva para lojistas, importadores, industriais, comerciais e estilistas. A entrada é gratuita, mas é preciso fazer inscrição no site ou no local do evento.

De 21 a 24/07/200916ª Feira de Brindes, Produtos Promocionais, Presentes Corporativos e Mídia Extensiva – Expo BríndiceCentro de Convenções Frei Caneca – São Paulo – SPwww.expobrindice.com.brA Expo Bríndice apresenta as novidades do setor de brindes e produtos promocionais. É considerada a maior feira de negócios do setor de produtos promocionais do Brasil. Reúne fabricantes, representantes e distribuidores de brindes do País. Feira aberta a empresários das 14h às 21h.

De 22 a 25/07/200919ª Feira Internacional de Máquinas e Produtos para Serigrafia – Serigrafia Sign 2009Expo Center Norte – São Paulo – SPwww.gruposertec.com.brFeira de negócios direcionada aos profi ssio-nais dos mercados de comunicação visual e serigrafi a. Há exposição de equipamentos se-rigráfi cos, tintas, impressoras digitais de gran-de porte e máquinas de corte e vinco.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

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por Paulo PetrassiSócio-gestor da Leme Investimentos

O mercado está projetando elevação das taxas de juros já em meados de 2010. Na nossa visão, esta aposta parece prematura. Mesmo que venha acontecer, deverá ocorrer em pequena magnitude, justamente devido à melhora dos fundamentos locais citados ante-riormente. É importante que o governo tenha no ano que vem prudência fi scal com o objeti-vo de manter as conquistas obtidas. Neste ano de 2009 foram adotadas por parte da autori-dade monetária medidas anticíclicas com re-sultados positivos que reativaram a economia. Se as projeções para 2010 apontam para uma retomada do nível de atividade, o BC deve to-mar cuidado para que as medidas de estímulo fi scal que supostamente eram para ser tem-porárias acabem se tornando permanentes, e neste caso venham comprometer a trajetória favorável dos juros no futuro.

No passado os juros reais só ficavam muito baixos por pouco tempo devido à for-te alta da inflação. Hoje eles se encontram neste patamar devido a uma forte melhora nos fundamentos econômicos brasileiros, e é por isso que realmente temos que come-morar o fato.

A N Á L I S E E C O N Ô M I C A

Temos que comemorar mais um fato histórico da economia brasileira no mês de junho: juros nominais balizados pelo Banco Central atingiram o patamar de um dígito. É verdade que parte desta conquista se deu pela grave crise externa que estancou total-mente o crédito, elevando signifi cativamente a aversão ao risco e exigindo da autoridade monetária uma postura mais agressiva na fl e-xibilização monetária. Porém, não podemos deixar de citar o avanço dos indicadores eco-nômicos locais e a melhora dos fundamen-tos: reservas internacionais recordes (perto de U$$ 210 bilhões), infl ação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Na-cional mesmo num ano de crise aguda, como foi a vivenciada em 2008. A balança comer-cial segue superavitária e os números fi scais dentro dos padrões internacionais.

O Banco Central vive um momento bem confortável com o atual nível de inflação, mas é importante destacar que o grau de desconfiança na economia mundial ainda é elevado, fato que pode ser comprovado pela projeção de juros reais na economia brasileira que para 2009 está em 5%, mas com uma inclinação forte nos próximos anos, indo para 6% em 2010 e 6,5% em 2011. Apenas a melhora dos fundamentos internacionais pode trazer estas taxas para próximo dos patamares de 2009.

Juros nominais abaixo de dois dígitos

O BC vive um momento bem confortável com o atual nível de inflação,

mas é importante destacar que o grau de desconfiança na

economia mundial ainda é elevado

É importante que o governo tenha no ano que vem prudência fiscal com o objetivo de manter as

conquistas obtidas

Novo patamar deve-se a uma forte melhora nos fundamentos econômicos brasileiros e também à restrição de crédito por causa da crise externa

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Carteira Teórica Ibovespa

All Amer Lat UNT N2 1,32 3,70 20,30Ambev PN 1,06 -3,10 24,80Aracruz PNB 0,98 -18,30 12,90B2W Varejo ON 0,76 -9,80 57,60BMF Bovespa ON 4,93 -3,60 85,90Bradesco PN 3,74 -8,50 23,10Bradespar PN 1,09 -13,20 33,90Brasil T Par ON 0,24 -17,90 -11,00Brasil T Par PN 0,29 -17,20 -15,60Brasil Telec PN 0,32 -12,70 -10,40Brasil ON 2,47 -4,40 43,00Braskem PNA 0,48 -2,10 26,30CCR Rodovias ON 0,64 0,40 33,10Celesc PNB 0,11 -3,00 -2,6Cemig PN 1,55 -1,50 8,50Cesp PNB 0,95 8,60 25,20Comgas PNA 0,11 -3,20 9,50Copel PNB 0,67 -4,00 17,30Cosan ON 0,52 -7,60 30,30CPFL Energia ON 0,47 -1,70 8,90Cyrela Realty ON 1,25 -10,60 48,80Duratex PN 0,50 6,30 43,30Eletrobrás ON 0,97 3,80 13,50Eletrobrás PNB 0,87 -0,70 10,50Eletropaulo PNB 0,81 10,00 49,40Embraer ON 0,60 -17,50 -9,20Gafi sa ON 0,74 -13,40 48,50Gerdau Met PN 1,11 -4,60 24,40Gerdau PN 4,24 -4,80 30,70Gol PN 0,88 24,90 7,80Itausa PN 2,17 -6,80 21,10ItauUnibanco PN 5,51 -6,70 15,80JBS ON 0,71 -1,00 35,30Klabin S/A PN 0,31 -13,30 -10,40Light S/A ON 0,23 6,30 32,20Lojas Americ PN 1,01 -4,00 45,10Lojas Renner ON 0,81 -1,40 37,20Natura ON 0,60 -3,70 35,90Net PN 0,76 -4,90 42,20Nossa Caixa ON 0,38 0,00 7,90P. Açúcar-Cbd PN 0,53 -3,50 18,60Perdigão S/A ON 0,90 -2,60 28,40Petrobras ON 3,34 -11,50 40,30Petrobras PN 16,80 -10,00 37,30Redecard ON 1,18 5,10 21,00Rossi Resid ON 0,52 -6,20 105,10Sabesp ON 0,34 -10,40 3,00Sadia S/A PN 1,25 -0,80 28,80Sid Nacional ON 3,46 -12,20 57,00Souza Cruz ON 0,57 11,30 36,10Tam S/A PN 0,79 17,80 3,70Telemar N L PNA 0,26 -10,50 -8,10Telemar ON 0,27 -14,90 3,00Telemar PN 0,80 -14,60 4,00Telesp PN 0,17 -5,50 -0,20Tim Part S/A ON 0,16 -13,10 35,60Tim Part S/A PN 0,72 -14,60 19,30Tran Paulist PN 0,40 4,00 19,30Ultrapar PN 0,44 -2,30 25,90Usiminas ON 0,77 -0,20 48,50Usiminas PNA 3,40 -1,80 49,30V C P PN 0,58 -14,20 11,50Vale R Doce ON 3,17 -10,40 24,80Vale R Doce PNA 11,46 -9,30 25,60Vivo PN 0,73 -11,00 30,40

Infl ação (%)

Índice Maio Ano

IGP-M -0,07 -1,14IGP-DI 0,18 -0,74IPCA 0,47 2,20IPC - Fipe 0,33 1,78

Juros/Aplicação (%)

Maio Ano

CDI 0,77 4,54Selic 0,77 4,57Poupança 0,54 3,13Ouro BM&F 1,04 -1,49

Indicadores Imobiliários (%)

Maio Ano

Juros/Crédito (%)

24/Junho 23/Junho

Desconto 1,68 1,68Factoring 3,92 3,91Hot Money 3,22 3,22Giro Pré (taxa mês) 1,89 1,89

Câmbio

Mercados Futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 1,9724 Euro US$ 1,3937 Iene (US$ 1,00) $ 95,7700

Dólar R$ 1,982 R$ 1,996 R$ 2,007Juros DI 9,02% 9,00% 8,87%

Contratos mais líquidos 24/06Ibovespa Futuro 50.340

Nome Ação Tipo Ação Participação Bovespa Junho Variação % Ano

Até 24/06

Até 24/06

CUB SP 1,54 1,97TR 0,04 0,45

Julho Agosto Setembro

Até 24/06

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EnqueteDepois de ler a reportagem sobre substituição do boleto impresso pelo ele-

trônico, acesse a seção Enquete, no menu à esquerda do site Empreendedor, e responda, entre as opções abaixo, qual sua opinião sobre esta mudança radical para empresas e consumidores:1. Vai facilitar o controle e o pagamento das cobranças2. Vai reduzir os arquivos mortos nas empresas3. A maioria dos consumidores não vai se adaptar à mudança

E – E M P R E E N D E D O R

Fim do boleto impressoEm menos de 130 dias, a forma de

pagar as contas sofrerá uma mudança que promete ser radical. Os bancos de todo o País vão colocar em operação, a partir do dia 19 de outubro, o Débito Direto Autorizado (DDA). O propósito é facilitar o controle e o pagamento de boletos de cobrança, substituindo o modelo impresso pelo eletrônico.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o DDA não é um débito automático. Ele vai funcionar como um boleto impresso. O cliente poderá solicitar o débito automático para quitar qualquer um dos compro-missos acessados pelo DDA ou postergar esse pagamento. E mesmo com o DDA, o sacado poderá receber a cobrança em papel, caso o cedente decida enviar também o boleto impresso ou não tenha registrado a cobrança no banco.

Para o sacado, os benefícios incluem maior facilidade de controle dos boletos a pagar, redução de documentos para manusear – em especial no caso das empresas – e certeza de recebimento de boletos dentro do prazo esperado. Para o cedente, será possível ter maior controle do fl uxo das cobranças emitidas e garantia de en-trega dos boletos.

Para ler a reportagem completa sobre o assunto, acesse o endereço: www.em-preendedor.com.br/fi mdoboletoimpresso.

Confi ra os últimos comentários postados no site duran-te o mês de junho:

Este é um passo que levará a termos nossa vida toda controlada pela internet. Agora precisamos ensinar as crianças a utilizarem corretamente estas vantagens eletrônicas, para que no futuro, realmente, deixemos de necessitar de tanto papel, tanta fi la em bancos, com perda de tempo para empresas e empresários. Parabéns a quem teve a ideia. Apenas será muito lamentável para as pessoas que compram sem nota e ainda gostam de dar uma sonegadinha, pois desta maneira transformam o faturamento por baixo, coisa do passado. Quem viver verá. Chegará o dia em que ninguém mais conseguirá esconder nenhum centavo do fi sco. Aí quero ver os governantes dizerem que o imposto é alto, porque a sonegação é muito grande. José Reinaldo Barbosa sobre a reportagem: Fim do boleto impresso

Prefi ro o jeito antigo: pego minha cartinha, confi rmo se está tudo ok, se não tiver, reclamo, se não me explicarem qualquer eventual problema, não pago! Modernidade demais é muito pra minha cabecinha!Sergio sobre a reportagem: Fim do boleto impresso

Estou acompanhando o novo projeto do MEI. Fico feliz em ver que nossa classe agora está sendo reconhecida, agora teremos como comprovar renda! Sempre que tento fazer empréstimo, me sinto muito constrangida, não temos uma linha de crédito. Mesmo tendo a inscrição municipal, quando procurei fazer um empréstimo me senti como se tivesse pedindo esmola, por não ter comprovante de renda.Verônica Costa sobre a reportagem: Começam as ações para implementar o Microempreendedor Individual

Prezado Edison Cunha, realmente é muito importante a reciclagem da empresa e de toda a equipe que forma a mesma. Achei interessantes suas palavras e tenho certeza que a busca pela excelência é o objetivo principal de empreendedores de talento. A maioria das pessoas ainda não acredita na importância de permanecer estudando e inovando seus conhecimentos, buscando sugestões, comentários, documentários, relatos e pesquisas relacionados ao desenvolvimento profi ssional. Os que se atentam a isso estão um passo à frente, mas existe ainda uma grande caminhada até a excelência. Cordialmente,Tarcísio Thomaz sobre o artigo: Novos tempos para as empresas, de Edison Cunha

Interatividade

16% 59%

Crise psicológicaA última enquete do site Empreendedor quis

saber a opinião dos internautas sobre a atual tur-bulência econômica no Brasil. A maioria votou na opção que afi rma que a crise é mais psicológica do que econômica. Confi ra o resultado:

É mais psicológica do que econômica .... 58,85% O País não está em crise .......................... 16,15% A tendência é piorar ................................ 14,23% É uma das piores que o País já viveu ...... 10,77%

14%11%

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