Empreendedorismo - dci.com.br filemento do empreendedorismo. Prova disso é a marca de 5 mi-lhões...

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Empreendedorismo DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS SEGUNDA-FEIRA, 05 DE OUTUBRO DE 2015 PANORAMA PARA ABRIR AS PORTAS Prontos para seguir por conta própria Crise pode fazer mais brasileiros empreenderem por necessidade, mas não muda tendência predominante de criar negócios por oportunidade Gilmara Santos São Paulo [email protected] O empreendedorismo é uma característica do povo brasileiro. A taxa total de em- preendedores chegou a 34,5% a cada dez habitantes, três têm uma empresa ou estão envolvidos na criação de um negócio próprio. Os dados são do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), instituição que inves- tiga o grau de propensão aos negócios no mundo todo. Na comparação com o bloco de países Brics, o Brasil tem a maior taxa. Na China, o per- centual é de 26,7%; na Índia, 10,2%; na África do Sul, 9,6%; e, na Rússia, apenas 8,6%. O número de brasileiros que já têm uma empresa, ou que estão envolvidos na cria- ção de uma, é superior, tam- bém, ao de países com eco- nomias desenvolvidas como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Itália (8,6%) e França (8,1%). E o número de empreen- dedores por aqui segue cres- cendo. Nos últimos dez anos houve um aumento superior a dez pontos percentuais: a taxa de 23% em 2004 saltou para 34,5% no ano passado. “O clima econômico de desaceleração neste ano está afetando também os peque- nos negócios, uma vez que esse segmento faz parte do tecido econômico, não é uma ilha. No entanto, há dados que nos fazem crer que o impacto não é tão prejudicial ao cresci- mento do empreendedorismo. Prova disso é a marca de 5 mi- lhões de Microempreendedores Individuais (MEI) alcançada em junho”, diz o gerente de Aten- dimento Individual do Servi- ço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Enio Pinto. Os dados também eviden- ciam uma característica das micro e pequenas empresas no Brasil e no mundo: a de serem grandes geradoras de empre- gos. “O próprio Cadastro Geral de Empregados e Desemprega- dos do Ministério do Trabalho mostra que o desemprego está menor nas pequenas do que nas grandes empresas”, acrescenta. De fato. No primeiro semes- tre deste ano, os pequenos ne- gócios geraram mais de 116 mil empregos formais, enquanto nas médias e grandes empresas o saldo líquido foi de 476 mil de- missões. “Sempre haverá pessoas que irão decidir iniciar um empre- endimento por não conseguir uma vaga no mercado de traba- lho. Mas acredito que a relação entre empreendedorismo por necessidade e por oportunidade não terá alterações expressivas nos próximos anos”, considera. Segundo o GEM, há dez anos, pouco mais da metade das em- presas no Brasil eram abertas por oportunidade. O levanta- mento de 2014 mostra que o ín- dice desse tipo de empreende- dor chegou a 71%, ante 29% que agem apenas por necessidade. Para a Endeavor, instituição global de apoio ao empreen- dedorismo de alto impacto, em um ambiente econômico estável muitos deixam de abrir o próprio negócio porque a se- gurança e a estabilidade que um emprego proporciona são gran- des atrativos, ou seja, o custo de oportunidade é alto. Por isso, em um momento de economia desaquecida como o atual, esse custo de oportunidade diminui e pode ser um incentivo para mais pessoas empreenderem. “A necessidade em si não é, como um todo, ruim: pode ser também uma grande oportu- nidade. Tudo depende do que o empreendedor faz com isso”, afirma a instituição. Para muitos especialistas, a crise pode ser grande oportu- nidade para empreender. “As franquias são uma boa opção, já que não é preciso reinventar a roda: o empresário pode usar uma experiência e um conheci- mento já consolidados”, avalia Pinto, do Sebrae. O próprio Sebrae criou o Movimento Compre do Peque- no Negócio, que busca mostrar para a sociedade a importância dos pequenos na geração de emprego e na distribuição de renda no País. “Sabemos que eles são fundamentais para o desenvolvimento socioeconô- mico, mas é preciso que o con- sumidor também saiba”, diz Pinto. Quase 110 mil empresas já se cadastraram, além de 3.247 apoiadores. “Esperamos que essa conscientização promova um aquecimento nas vendas dos pequenos negócios. Que o consumidor entenda que todo dia é dia de comprar dos pequenos negócios, mas que o dia 5 de outubro se torne um dia especial para valorizar os negócios que fazem parte da rotina de cada um.”

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Empreendedorismo

DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOSSEGUNDA-FEIRA, 05 DE OUTUBRO DE 2015

PANORAMA PARA ABRIR AS PORTAS

Prontos para seguir por conta própria

Crise pode fazer mais brasileiros empreenderem por necessidade, mas não muda tendência predominante de criar negócios por oportunidade

Gilmara SantosSão [email protected]

O empreendedorismo é uma característica do povo brasileiro. A taxa total de em-preendedores chegou a 34,5%

a cada dez habitantes, três têm uma empresa ou estão envolvidos na criação de um negócio próprio.

Os dados são do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), instituição que inves-tiga o grau de propensão aos negócios no mundo todo. Na comparação com o bloco de países Brics, o Brasil tem a maior taxa. Na China, o per-centual é de 26,7%; na Índia, 10,2%; na África do Sul, 9,6%; e, na Rússia, apenas 8,6%.

O número de brasileiros que já têm uma empresa, ou que estão envolvidos na cria-ção de uma, é superior, tam-bém, ao de países com eco-nomias desenvolvidas como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Itália (8,6%) e França (8,1%).

E o número de empreen-dedores por aqui segue cres-cendo. Nos últimos dez anos houve um aumento superior a dez pontos percentuais: a taxa de 23% em 2004 saltou para 34,5% no ano passado.

“O clima econômico de desaceleração neste ano está afetando também os peque-nos negócios, uma vez que esse segmento faz parte do

tecido econômico, não é uma ilha. No entanto, há dados que nos fazem crer que o impacto não é tão prejudicial ao cresci-mento do empreendedorismo. Prova disso é a marca de 5 mi-lhões de Microempreendedores Individuais (MEI) alcançada em junho”, diz o gerente de Aten-dimento Individual do Servi-ço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Enio Pinto.

Os dados também eviden-ciam uma característica das micro e pequenas empresas no Brasil e no mundo: a de serem grandes geradoras de empre-gos. “O próprio Cadastro Geral de Empregados e Desemprega-dos do Ministério do Trabalho mostra que o desemprego está menor nas pequenas do que nas grandes empresas”, acrescenta.

De fato. No primeiro semes-tre deste ano, os pequenos ne-gócios geraram mais de 116 mil empregos formais, enquanto nas médias e grandes empresas o saldo líquido foi de 476 mil de-missões.

“Sempre haverá pessoas que irão decidir iniciar um empre-endimento por não conseguir uma vaga no mercado de traba-lho. Mas acredito que a relação entre empreendedorismo por necessidade e por oportunidade não terá alterações expressivas nos próximos anos”, considera.

Segundo o GEM, há dez anos, pouco mais da metade das em-presas no Brasil eram abertas por oportunidade. O levanta-mento de 2014 mostra que o ín-

dice desse tipo de empreende-dor chegou a 71%, ante 29% que agem apenas por necessidade.

Para a Endeavor, instituição global de apoio ao empreen-dedorismo de alto impacto, em um ambiente econômico estável muitos deixam de abrir o próprio negócio porque a se-gurança e a estabilidade que um emprego proporciona são gran-des atrativos, ou seja, o custo de oportunidade é alto. Por isso, em um momento de economia desaquecida como o atual, esse custo de oportunidade diminui e pode ser um incentivo para mais pessoas empreenderem. “A necessidade em si não é, como um todo, ruim: pode ser também uma grande oportu-nidade. Tudo depende do que o empreendedor faz com isso”, afirma a instituição.

Para muitos especialistas, a crise pode ser grande oportu-nidade para empreender. “As franquias são uma boa opção, já que não é preciso reinventar a roda: o empresário pode usar uma experiência e um conheci-mento já consolidados”, avalia Pinto, do Sebrae.

O próprio Sebrae criou o Movimento Compre do Peque-no Negócio, que busca mostrar para a sociedade a importância dos pequenos na geração de emprego e na distribuição de renda no País. “Sabemos que eles são fundamentais para o desenvolvimento socioeconô-mico, mas é preciso que o con-sumidor também saiba”, diz Pinto.

Quase 110 mil empresas já se cadastraram, além de 3.247 apoiadores. “Esperamos que essa conscientização promova um aquecimento nas vendas dos pequenos negócios. Que o consumidor entenda que todo dia é dia de comprar dos pequenos negócios, mas que o dia 5 de outubro se torne um dia especial para valorizar os negócios que fazem parte da rotina de cada um.”