EMPREGO DA ARBORIZAÇÃO NA MELHORIA DO CONFORTO TÉRMICO NOS

7/30/2019 EMPREGO DA ARBORIZAO NA MELHORIA DO CONFORTO TRMICO NOS

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Soc. Bras. de Arborizao Urbana REVSBAU, Piracicaba SP, v.4, n.4, p.1-16, 2009

EMPREGO DA ARBORIZAO NA MELHORIA DO CONFORTO TRMICO NOS

ESPAOS LIVRES PBLICOS

Juliana Cristina Augusto Shams1, Daniele Cristina Giacomeli2, Nivia Maria Sucomine 3

(recebido em 12.11.2009 e aceito para publicao em 28.12.2009)

RESUMO

A urbanizao acelerada nos grandes centros tem incitado srios danos condio

ambiental, bem como considerveis prejuzos econmicos, sociais e de qualidade de vida s

comunidades urbanas. Em se tratando da qualidade climatolgica, nota-se significativo

aumento da temperatura dos centros urbanos em relao s reas rurais adjacentes, sendo

este aumento apontado como efeito denunciador das alteraes climticas produzidas pelo

ambiente construdo, onde os grandes responsveis por essas alteraes so as diferenas

existentes entre as caractersticas trmicas dos materiais de construo e da vegetao. A

partir da anlise de trabalhos relacionados aos espaos livres pblicos e arborizao

urbana, realizada neste artigo, nota-se que, referente aos aspectos do conforto humano as

preferncias, para realizao de atividades, se voltam para ambientes confortveis

termicamente e que a presena da arborizao urbana tem comprovado a eficincia para

mitigar as temperaturas nos locais de maior concentrao populacional, proporcionando

estabilidade microclimtica devido reduo das amplitudes trmicas, reduo da insolao

direta, ampliao das taxas de evapotranspirao e reduo da velocidade dos ventos,

desempenhando assim um importante papel na melhoria da condio ambiental das cidades

e conseqente melhora na qualidade de vida de seus habitantes, alm de tornar mais

efetiva a utilizao dos espaos pblicos.

Palavras-chave: rvores, qualidade climatolgica, clima urbano, qualidade de vida

1Engenheira Agrnoma, Mestranda pelo Programa de Ps-graduao em Fitotecnia ESALQ/USP;R. Pdua Dias, 11 Piracicaba/SP CEP: 13418-000; e-mail: .2 Arquiteta, Mestranda pelo Programa de Ps-graduao em Engenharia Urbana PPGEU/UFSCar,

So Carlos, SP; .3 Ecloga, Mestranda pelo Programa de Ps-graduao em Engenharia Urbana PPGEU/UFSCar,So Carlos, SP; e-mail: .


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SHAMS, J.C.A. ET AL.

REVSBAU, Piracicaba SP, v.4, n.4, p.1-16, 2009

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THE USE OF AFFORESTATION FOR THE IMPROVEMENT OF THERMAL COMFORT IN

OPEN PUBLIC SPACES

ABSTRACT

The accelerated urbanization in large centers has prompted serious damage to the

environmental condition and considerable economic, social and quality of life losses for

urban communities. In the case of climatology quality, a significant increase in temperature of

urban centers in comparison to adjacent rural areas is noted, this increase being pointed as

a denouncing effect of climate change produced by the built environment, where the major

responsible for these changes are the differences between the thermal characteristics of

building materials and vegetation. From the analysis of works related to public spaces and

urban afforestation, realized in this article, it is noted that, concerning the human comfort

aspects, the preference, for carrying out activities, turns to thermally comfortable

environments and the presence of urban afforestation has proven the efficiency to mitigate

the temperatures in the highest concentration of local population, providing microclimatic

stability due to the reduction of temperature range, reduction of direct sunlight, extension of

the rates of evapotranspiration and the reduction of the speed of winds, thus playing an

important role in improving the environmental condition of cities and consequent

improvement in quality of life of its inhabitants, in addition to making more effective the use of

public spaces.

Keywords: trees, thermal comfort, urban climate, quality of life.


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Emprego da Arborizao...


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INTRODUO

O desafio das grandes cidades o crescimento e o desenvolvimento urbano que

proporcionem gerao de riqueza, qualidade de vida e qualidade ambiental para seus atuais

e futuros habitantes. Esse o princpio do desenvolvimento sustentvel, o qual estabelece o

meio ambiente como ponto comum e de equilbrio entre a tecnologia e o progresso, na

escala onde a vida acontece: o espao urbano. (ARAUJO & CARAM, 2006)

Contudo, devido ao aumento da populao humana, at ento em sua maioria rural,

e o surgimento da industrializao em larga escala, na esperana de melhores condies de

vida, houve um intenso fluxo de pessoas do campo para as cidades, que por falta de um

planejamento adequado cresceram desordenadamente, alterando de forma significativa a

atmosfera desses locais, provocando, como uma de suas diversas conseqncias,

mudanas nas caractersticas climticas do meio, afetando a qualidade de vida de seus

habitantes e distanciando os mesmos de uma relao harmoniosa com o ambiente natural.

A condio de desconforto nos ambientes urbanos tem condicionado uma srie de

prejuzos econmicos, sociais e de qualidade de vida s comunidades urbanas. No caso

especfico da qualidade climatolgica, notam-se significativas diferenas entre os dados

climticos do ambiente urbano comparado com o rural, ou seja, o clima nas cidades sofre

influncia do conjunto complexo da estrutura urbana. Contudo, essa qualidade climtica nas

cidades pode ser alcanada se considerarmos os parmetros fsicos para o ambiente

urbano juntamente com os dados ambientais (PEZZUTO, 2007).

Dentre os fatores que caracterizam o clima de uma regio destacamos os climticos

globais e os fatores climticos locais. Os fatores climticos globais determinam e do origem

ao clima em seus aspectos gerais, tais como radiao solar, temperatura, umidade do ar,

precipitao, dentre outros. Elementos como a localizao geogrfica, topografia, vegetao

e superfcie do solo caracterizam os fatores climticos locais, que interferem e originam os

diversos microclimas encontrados nos centros urbanos.

De acordo com Peixoto (1995), Castro (1999) e Bueno (2003), no ambiente urbano, oconforto trmico vem sendo ameaado pelas alteraes climticas decorrentes das

mudanas das caractersticas trmicas das superfcies, das taxas de evaporao, da grande

impermeabilizao do solo decorrentes de construes e pavimentaes, aumento da

concentrao de poluentes, fruto das atividades humanas, novos padres de circulao do

ar e principalmente devido ausncia de vegetao, causando uma incidncia direta da

radiao solar nas construes, que retorna ao meio externo sob a forma de calor; este, por

sua vez, tem sua dissipao reduzida devido s condies do ambiente, transformando as

cidades em verdadeiras estufas, tendo como efeito denunciador o surgimento daschamadas ilhas de calor. O fenmeno das ilhas de calor caracterizado por importantes


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variaes espaciais e temporais relacionadas topografia, layout e condies do clima

(SANTAMOURIS, 2001).

Em um estudo sobre as ilhas de calor na cidade de So Paulo, observou-se que a

grande diferena entre os valores de temperatura tomados na rea central da cidade e nas

reas perifricas devem-se ao fato da existncia, na primeira, de intensa verticalizao de

suas construes, grande trfego de veculos - contribuindo para emisso de poluentes na

atmosfera - e pouca vegetao (LOMBARDO, 1985).

Com relao aos aspectos relacionados ao conforto humano em espaos abertos

Lois e Labaki (2001) relatam que as atividades, tanto ativas quanto passivas dos habitantes

urbanos, necessitam de ambientes que sejam confortveis termicamente. Neste contexto

que se pode considerar o emprego da arborizao nesses espaos, a qual de acordo com

Mello Filho (1985) desempenha funes essenciais e apresentam como suas principais

funes:

Funo qumica: absoro do gs carbnico e liberao do oxignio,

melhorando a qualidade do ar urbano;

Funo fsica: as copas das rvores oferecem sombra, proteo trmica e

absorvem rudos;

Funo paisagstica: quebra da monotonia da paisagem pelos diferentes

aspectos e texturas decorrentes de suas mudanas estacionais;

Funo ecolgica: as rvores oferecem abrigo e alimento aos animais,protegem e melhoram os recursos naturais (solo, gua, flora e fauna) e

especificamente para rvores dispostas nos sistemas virios tem a funo de

atuarem como corredores que interligam as demais modalidades de reas verdes

(MILANO, 1987) e;

Funo psicolgica: arborizao fator determinante da salubridade mental,

por ter influncia direta sobre o bem estar do ser humano, alm de proporcionar lazer

e diverso.

Mas no controle da temperatura do ambiente, atenuando grande parte da radiao

incidente, que as rvores, em grupos ou mesmo isoladas desempenham seu papel mais

importante, pois, conforme Furtado (1994), a vegetao propicia resfriamento passivo

principalmente por dois meios:

1) Atravs do sombreamento lanado pela vegetao, que reduz a converso de

energia radiante sensvel, conseqentemente reduzindo as temperaturas de superfcie

dos objetos sombreados e;

2) Atravs do consumo da energia para a evapotranspirao na superfcie dafolha, resfriando a folha e o ar adjacente dado troca de calor latente, ou seja, a


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vegetao retira calor do meio e o transforma e no armazena calor como ocorre nos

materiais de construo.

Neste contexto, torna-se fundamental a manuteno e/ou implantao de reas

verdes urbanas, com o propsito de mitigar o desconforto trmico sofrido pelos cidados

nos espaos livres pblicos, lugares estes onde se busca a socializao e a prtica de

lazeres sadios e atividades para o bem estar. A utilizao efetiva desses espaos se dar

em virtude das condies de conforto que os mesmos oferecem e, com base nestes

aspectos, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar a importncia da arborizao

urbana no contexto dos espaos livres pblicos, com a finalidade de proporcionar aos

mesmos, condies de conforto trmico e, conseqentemente, efetividade em sua utilizao

em funo de sua influncia na qualidade de vida dos cidados.

O espao livre pblico e a qualidade de vida

A cidade o meio que, substitudo ao ecossistema natural, permitiu a sobrevivncia

do ser humano, sendo o espao livre pblico destinado ao uso coletivo onde so realizadas

diversas atividades, tornando-se um local onde as pessoas convivem interagindo com este

novo meio (GASPARINI JR. & FONTES, 2002).

Conforme Coltro e Miranda (2007), o espao urbano considerado basicamente por

espaos construdos - reas edificadas compostas por casas, comrcio e indstrias, reas

destinadas circulao da populao tais como o sistema rodo-ferrovirio, e reas no

edificadas, definidas como "espaos livres de construo" (LIMA et al., 1994), assim como o

so em outros pases como nos de lngua inglesa, onde so denominados como open space

(JELICOE & JELICOE, 1996; Mc HARG ,1969); nos de lngua alem, como Freiraum

(RICHTER, 1981); e, nos de lngua castelhana, como espacios libres (Mc HARG, 2000), que

so termos mais amplos e explicitam funes que desempenham, e que, ainda na dcada

de 60 do sculo passado, foram considerados como reas monitorada para a produo ou

preservao de recursos naturais, para o incremento da sade, bem-estar, conforto esegurana pblica.

Dentro dos diversos tipos de espaos livres pblicos, pode-se classific-los, segundo

Robba e Macedo (2004) em espaos de valor esttico/simblico, ambiental e recreativo.

Espaos com valor esttico e simblico caracterizam-se por um alto grau de referncia

populao ou ainda por ser um apelo turstico. O valor ambiental atribudo a alguns espaos

caracteriza-se pela preservao e proteo de elementos naturais, tambm sendo

associadas s possibilidades de estudos, pesquisas, entre outros, favorecendo ainda, a

melhoria de ventilao e aerao urbana, disperso de poluentes, insolao em reas muitoadensadas, controle de temperatura, drenagem pluvial, proteo do solo contra eroses,


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proteo e valorizao de cursos dgua. E, o valor recreativo, associado s possibilidades

funcionais do espao.

Versando sobre este assunto, Lois e Labaki (2001) colocam que, as atividades que

os espaos livres pblicos podem abrigar podem ser de carter ativo ou passivo, ou seja,

praticadas de forma consciente ou inconsciente. Atividades ligadas recreao e ao

passeio, usufruindo os melhores horrios so consideradas ativas. E as passivas

determinam-se pela ausncia de escolha do usurio. As atividades ativas realizadas nos

espaos livres pblicos tambm so, em muitas vezes, determinadas pelas condies

microclimticas dos espaos, geradas pela presena ou no de vegetao, gua e de

mobilirio urbano.

Os espaos livres podem ser divididos em: reas livres privadas, potencialmente

coletivas ou pblicas. Sendo denominados espaos livres de uso pblico, as reas cujo

acesso da populao livre. Entre os espaos livres, temos assim as reas verdes, onde h

o predomnio de vegetao arbrea, e que englobam as praas, os jardins pblicos, os

parques urbanos, os canteiros centrais e trevos de vias pblicas, todos com funo esttica

e ecolgica (LIMA et al., 1994).

Segundo Robba e Macedo (2002), as reas verdes, especificamente as praas,

sempre foram celebradas como um espao de convivncia e lazer dos habitantes urbanos.

E, como citado em Macedo e Sakata (2002), acredita-se que uma cidade com mais espaos

pblicos abertos e com oferta de reas de recreao para a comunidade propiciam um estilo

urbano mais agradvel. A populao das cidades sempre sente necessidade destes

espaos, onde possa encontrar um cenrio tranqilo que tenha a ao de um antdoto

contra as presses e as tenses do trabalho.

Gangloff (1996) tambm ressalta a importncia das rvores e reas verdes urbanas

para a qualidade de vida nas cidades. Segundo ele, estas reas valorizam o ambiente e a

esttica, alm de promoverem um excelente meio para as atividades da comunidade,

criando importantes espaos e oportunidades de recreao e educao. Estas reas

tambm atraem investimentos, turismo e geram empregos, alm de representarem umafonte sustentvel de matria prima.

Uma boa qualidade destes espaos deve favorecer a permanncia prazerosa e

tranqila dos usurios, possibilitando o desenvolvimento de atividades sociais e

conseqentemente a vitalidade urbana. Contudo, alguns fatores fsicos e ambientais podem

influenciar negativa ou positivamente na qualidade desses espaos, o que est de forma

interligada a qualidade de vida da populao, uma vez que a convivncias sociais e

experincias coletivas se concretizam nesses espaos.

Segundo Rosset (2005), duas questes fundamentais devem ser consideradasquando se analisa a qualidade de vida. A primeira tem a ver com a necessidade dos


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indivduos estarem relacionados com o contexto social, poltico e cultural em que vivem, e a

segunda, est relacionada com a caracterizao de um espao em termos de bens e

servios existentes, bem como sua acessibilidade e facilidade de utilizao.

Dentre alguns indicadores que expressam a qualidade do ambiente de uma cidade

quando se trata de vegetao urbana de acordo com Nucci (2001) destacam-se: o ndice de

reas verdes (IAV) que expressa relao entre a quantidade de rea verde (m2) e a

populao que vive em determinada cidade, e o ndice de cobertura vegetal (ICV) que

representa a relao entre a cobertura arbrea (m2) e a populao, sem distino entre as

tipologias de vegetao (OLIVEIRA, 1996). Considerando somente as reas verdes pblicas

localizadas na zona urbana e ligadas ao uso direto da populao residente na rea urbana

(NUCCI, 2001).

De acordo com Rosset (2005), em termos gerais, a estimativa da qualidade da

vegetao ou de reas verdes percapita, permite inferir sobre os aspectos de qualidade de

vida da populao. Diversos autores tambm enfatizam a importante influncia do desenho

dos espaos pblicos, nos seus termos relacionados ao tipo de superfcie, geometria do

espao, a presena ou no de vegetao, dentre outros, no sentido de qualificar o espao

pblico.

Outros autores citam a condio microclimtica como um dos aspectos determinante

para a qualificao dos espaos livres pblicos, e que tambm pode interferir na quantidade

e forma de uso dos mesmos, sendo decisivo no que se refere percepo dos benefcios

que esses espaos proporcionam qualidade de vida da populao, sendo eles

Boussoualim e Legendre (2001); Fontes e Delbin (2001); Fontes e Gasparini Jr. (2003);

Fontes e Murata (2004).

Katzschner (2003), atravs de um projeto de pesquisa europeu, analisou o

comportamento das pessoas nos espaos livres pblicos em funo das condies

microclimticas urbanas. O projeto avaliou diferentes regies climticas europias. As

variveis climticas foram combinadas com as entrevistas realizadas, em diferentes

estaes do ano, com o objetivo de estudar a influncia do comportamento das pessoas emcondies trmicas diferentes. O estudo concluiu que o comportamento dos indivduos, em

espaos abertos, influenciado pelo efeito da radiao solar e da velocidade do vento.

Independentemente da ocasio, as pessoas preferem situaes de calor moderado,

equilibrados pelas vestimentas. Somente em situaes muito quentes as pessoas indicam o

vento como fator positivo para se refrescar e sempre preferem reas sombreadas para

realizao de suas atividades.


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As rvores e as condies climticas no contexto urbano

O crescimento contnuo e desordenado das cidades brasileiras tem ocasionado

negligncia quanto composio arbrea de suas vias e locais pblicos, gerando assim

impactos notveis no microclima urbano. O desenho urbano, a geometria formada pelas

construes, as propriedades fsicas dos materiais e o calor antropognico contribuem

intensamente para a alterao microclimtica e logo, para a formao das ilhas de calor

(DOULOS & SANTAMOURIS, 2004).

Segundo Bernatzky (1982), as massas de edificaes verticais e horizontais, a

absoro de calor pelas ruas e prdios, a reduo da velocidade dos ventos, a

impermeabilizao do solo, a reduo da energia utilizada nos processos de

evapotranspirao dos vegetais devido diminuio da vegetao, a poluio do ar

reduzindo a radiao de onda longa, so fatores que contribuem para a formao de ilhas

de calor no ambiente urbano. Assim, os materiais que configuram o desenho urbano e a

ausncia de vegetao vm alterando profundamente as caractersticas climticas dos

centros urbanos.

Barbirato (1998) analisou o ambiente trmico urbano da cidade de Macei/AL. Os

dados de seu trabalho foram coletados atravs de medies de temperatura em trs reas

distintas da cidade, com diferentes configuraes de uso e ocupao do solo. Os resultados

mostraram que as reas edificadas apresentaram efeitos de elevao na temperatura do ar.

Tambm se constatou, com este trabalho, que as temperaturas das reas urbanas foram

superiores s temperaturas da estao meteorolgica, utilizada como ponto de referncia

para o estudo, comprovando a influncia da urbanizao no clima local.

Outro estudo, realizado por Santana e Lombardo (1997), verificou a relao de uso

do solo, forma urbana e diferenas de temperatura do ar na cidade de Fortaleza/CE, neste

mediu-se a temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura radiante do meio,

velocidade e direo dos ventos. Os resultados mostraram que a zona com maior densidade

de ocupao de veculos e pessoas apresentou, durante o dia, as temperaturas do ar mais

elevadas. E as zonas com presena de vegetao e corpos dgua significativos, e beiramar, apresentaram as temperaturas do ar mais baixas.

As rvores representam um elemento chave para um desenho adequado s

exigncias de conforto. A vegetao possui uma importante funo na melhoria e

estabilidade microclimtica devido reduo das amplitudes trmicas, reduo da insolao

direta, ampliao das taxas de evapotranspirao e reduo da velocidade dos ventos

(MILANO & DALCIN, 2000).

Duarte e Maitelli (1999) tambm realizaram medies de temperatura e umidade

relativa do ar na superfcie, em alguns pontos fixos da cidade de Cuiab/MT. O objetivo dapesquisa foi detectar a correlao entre o uso e ocupao do solo e as variveis de conforto


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trmico. Os resultados mostraram diferenas de temperaturas de at 6C entre os pontos de

baixa ocupao e as reas densamente construdas. Ainda, constatou-se que a rea mais

aquecida o centro da cidade e as mais secas so aquelas que apresentam alto ndice de

pavimentao.

Bertacchi e Faria (2005), em seus estudos, analisaram a distribuio da temperatura

do ar na cidade de Bauru/SP. Foram empregados dados de um levantamento preliminar de

temperatura do ar, em uma srie de pontos distribudos pela cidade. De acordo com a

pesquisa, a rea central apresentou maior aquecimento que as demais reas, confirmando a

influncia do uso de solo, do adensamento de construes e da configurao do desenho

urbano. A presena de vegetao foi o aspecto mais importante na anlise das diferenas

de temperatura entre as diversas reas.

Dentre os benefcios da vegetao urbana, destaca-se ainda, alm de sua

importncia para o controle climtico, o controle da poluio do ar e acstica, melhoria da

qualidade esttica, efeitos sobre a sade mental e fsica da populao, aumento do conforto

ambiental, valorizao de reas para convvio social, valorizao econmica das

propriedades e formao de uma memria e do patrimnio cultural (OLIVEIRA, 1996).

Corroborando os resultados encontrados por diversos autores, pode-se citar o estudo que

analisou a contribuio da vegetao no conforto trmico nas cidades foi realizado por

Bartholomei e Labaki (2002), em Campinas/SP. Nesta pesquisa, analisou-se a funo da

vegetao na atenuao da radiao solar, contribuindo para a melhoria do conforto

trmico. Foi analisada a influncia de seis espcies arbreas em relao ao conforto

trmico. A pesquisa concluiu que o ndice de conforto varia ao longo do dia e que as

espcies, atravs das diferentes atenuaes da radiao, apresentam um ndice de conforto

diferente. Observou-se tambm que as espcies que apresentaram o melhor ndice de

conforto so aquelas que proporcionam maior extenso de sombra sob sua copa.

De Kauffman, Machado e Barroso (2001) realizaram um estudo para avaliao de

conforto em reas abertas de clima quente mido, na cidade de Maracaibo, Venezuela. Os

resultados constataram que a vegetao, especialmente rvores de grande porte,representa um importante papel na modificao e amenizao climtica. Os benefcios

provenientes das rvores dependem diretamente de sua espcie, tamanho da copa,

permeabilidade, maturidade e qualidade da sombra.

De acordo com Olgyay (1973) apudAyres et al (2005) o sombreamento se constitu

num dos elementos fundamentais para a obteno de conforto em climas tropicais. No

ambiente urbano as espcies de grande porte so mais eficientes no controle e minimizao

dos efeitos do clima, se comparadas com a atuao das espcies de menor porte. A

temperatura do ar amenizada pela vegetao atravs do controle da radiao e pelaumidade que liberada pelo vegetal atravs de suas folhas.


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Sob o aspecto da influncia das reas verdes no conforto ambiental, Fontes e Delbin

(2001) desenvolveram um estudo com o objetivo de comparar e analisar os microclimas em

dois espaos pblicos abertos na cidade de Bauru/SP. Um dos espaos foi caracterizado

com expressiva rea verde e o outro com pouca arborizao, a fim de analisar a influncia

da vegetao na amenizao climtica local. O resultado da pesquisa constatou diferenas

climticas significativas entre os dois espaos, resultando temperaturas de at 3C menor,

na rea arborizada, em horrios de temperatura elevada e em tempo estvel. A pesquisa

tambm detectou que, alm de contribuir para melhoria das condies climticas, os

espaos verdes promovem a intensificao dos seus usos por serem mais agradveis ao

convvio humano. Esta pesquisa tambm foi realizada em outros espaos pblicos abertos

da mesma cidade, comprovando os efeitos benficos da presena de arborizao e

equipamento urbano nestes espaos (FONTES et al., 2005).

De acordo com Possebon et al.(1999), se por um lado, inegvel o valor

acrescentado qualidade de vida quando se arboriza uma cidade por outro lado, a insero

desses vegetais no meio urbano no to simples, j que esse meio no o habitatmais

apropriado para as plantas. Portanto, arborizar uma cidade exige de seus administradores

muita responsabilidade e bom senso, ou seja, requer um planejamento, pois faz-lo sem

critrios pode trazer prejuzos tanto ao poder pblico quanto populao.

Apesar da grande importncia das florestas urbanas, e da realizao de trabalhos

significativos quantificando os benefcios obtidos a partir das mesmas, poucas cidades

brasileiras possuem planejamento efetivo para arborizao de suas vias e espaos pblicos.

Alm disso, o Brasil carece de uma poltica nacional de arborizao urbana, que estabelea

as diretrizes para esse planejamento. E como conseqncia perde-se a eficcia da

arborizao em transmitir conforto s pessoas (SILVA FILHO & BORTOLETO, 2005).

As rvores so a forma vegetal mais caracterstica da paisagem urbana, seja locada

em vias pblicas, parques ou reas privadas, tem-se incorporado a elas estreita relao com

a arquitetura ao longo da histria, criando uma ambincia urbana agradvel. Exatamente por

este motivo, deve-se pensar seriamente no desenho dos jardins urbanos, para que elespossam influenciar no microclima das cidades e melhorar a qualidade de vida dos cidados.

Atualmente o conceito de arborizao urbana tem dado lugar a um conceito mais

abrangente, uma nova rea do saber denominada silvicultura urbana ou tambm verde

urbano, que tem como objetivo o cultivo e manejo de rvores para contriburem ao bem-

estar fisiolgico, sociolgico e econmico da populao. (RACHID, 1999)


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CONCLUSO

Nota-se que o estudo e a documentao dos efeitos das reas vegetadas sobre o

clima das cidades so importantes mecanismos para prover um melhor esclarecimento

sobre a importncia da arborizao nas cidades. A comprovao de sua vantajosa presena

no ambiente urbano, favorecendo o conforto trmico, e ainda desempenhando funes tais

como: viso paisagstica, melhorias ecolgica e psicolgica populao, corrobora que seu

emprego em espaos livres pblicos traz benefcios considerveis a esses espaos, os

quais desempenham uma funo mpar na qualidade de vida das comunidades.

Alm da evoluo do traado urbano, a forma dos espaos pblicos que esto

atrelados a este parcelamento, importante observar que ao implantar a arborizao na

malha urbana temos benefcios evidentes na melhoria da qualidade de vida da populao,

favorecendo a intensificao do uso e funes nestes espaos, uma vez que as preferncias

para realizao das atividades se voltam para as condies de reas arborizadas.

A problemtica relacionada arborizao nas cidades, com a produo capitalista

dos espaos urbanos, ignora e desrespeita o conforto a ser gerado pela adequada

implantao deste sistema, onde o aconchego e utilizao efetiva devem ser priorizados.

Apesar de muitos trabalhos demonstrarem a importncia das rvores urbanas, no

se pode perceber uma ateno focada para este assunto nas polticas pblicas dos centros

urbanos, pois apesar de sua grande relevncia, poucas cidades brasileiras possuem um

planejamento efetivo para arborizao de suas vias e espaos pblicos, mesmo porque o

Brasil carece de uma poltica nacional especfica para o referido setor, que venha

estabelecer diretrizes norteadoras para sua gesto, perdendo-se assim sua eficcia.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos seus orientadores, Profa. Dra. Ana Maria Liner Pereira Lima e

Prof. Dr. Almir Sales, ao querido Prof. Dr. Demstenes Ferreira Silva Filho, e so tambmgratos a CAPES, FAPESP e ao MCT/CNPq.

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EMPREGO DA ARBORIZAÇÃO NA MELHORIA DO CONFORTO TÉRMICO NOS

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