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emprego GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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emprego

g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Prog rama de

Conteúdos GeraisQualificação

Profissional

Governo do Estado de São Paulo

C a d e r n o d o Tr a b a l h a d o r

Vo l u m e

1

Secretaria de deSenvolvimento econômico, ciência e tecnologia

ÍNDICE

Caderno do trabalhador – Volume 1

História do trabalho 9Como se preparar para o mercado de trabalho 39

dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (bibliotecária silvia marques crb 8/7377)

P964

Programa de qualificação profissional / Conteúdos geraisSão Paulo : Fundação Padre Anchieta, 2010. (Caderno do trabalhador, v. 1)

(vários autores, il.)Programa de qualificação profissional da Secretaria do

Emprego e Relação do Trabalho-SERT

ISBN 978-85-61143-39-8

1. Trabalho – história. 2. Entrevista – emprego 3. Currículo – elaboração I. Título. II. Série.

Edição revista: 2010(1-ª edição: 2008)

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia

Secretário

Nelson Baeta Neves Filho

Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino

Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto

Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

Coordenação do ProjetoCETTPro/SDECT

Juan Carlos Dans SanchezFundação Padre AnchietaMonica Gardelli Franco

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

José Lucas Cordeiro

Apoio Técnico à CoordenaçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – FundapFernando Moraes Fonseca Jr., Laís Schalch, Maria Helena de Castro Lima, Selma Venco

Apoio à ProduçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – Fundap Ana Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio,

Emily Hozokawa Dias, Isabel da Costa Manso Nabuco de Araújo, José Lucas Cordeiro,

Karina Satomi, Laís Schalch, Maria Helena de Castro Lima,

Selma VencoCETTPro/SDECT

Cibele Rodrigues Silva, João Batista de Arruda Mota Jr.

Textos de ReferênciaAirton Marinho da Silva, Alan Pereira de Oliveira,

Ana Paula Alves de Lavos, Antonio Carlos Olivieri, Bianca Briguglio,

Clélia La Laina, Cleusa Helena Pisani, Elaine Oliveira Teixeira,

Fernanda Maria Macahiba Massagardi, Hugo Capucci Jr., Jaquelina Maria Imprizi,

Joana Scheidecker Rebelo dos Santos, Laís Schalch, Leonor Gonçalves Simões,

Maria de Souza Oliveira Tavares, Maria Helena de Castro Lima,

Renata Violante, Ricardo Mendes Antas Junior, Roberto Cattani, Selma Venco, Silvia Andrade da Silva Telles,

Sonia Regina Martins, Walkiria Rigolon

FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA

Presidente João Sayad

Vice-Presidentes Ronaldo Bianchi

Fernando Vieira de Mello

Diretoria de Projetos EducacionaisDiretor

Fernando José de AlmeidaGerentes

Monica Gardelli FrancoJúlio Moreno

Coordenação técnicaMaria Helena Soares de Souza

Equipe EditorialGerência editorial

Carlos SeabraSecretaria editorial

Solange Mayumi LemosApoio administrativo

Acrizia Araújo dos Santos, Ricardo Gomes, Walderci Hipólito

Edição de texto Fernanda Spinelli, Marcelo Alencar

Leitura crítica Adriano Botelho, José Bruno Vicentino,

Evanisa Arone, Hugo Fortes, Luciane Genciano, Marco Antonio Queiroz Silva

Preparação Luciana Soares, Tamara Castro

Revisão Beatriz Chaves, Fernanda Bottallo, Vera Ayres

Identidade visual João Baptista da Costa Aguiar

Arte e diagramação Carla Castilho

Pesquisa iconográfica Elisa Rojas,

Renato Luiz FerreiraIlustrações

Beto Uechi, Felipe Cohen, Gil Tokio, Kellen Carvalho, Leandro Robles, Lúcia Brandão

Colaboradores Eliana Kestenbaum, Gustavo Lico Suzuki, Marcia Menin, Maria Carolina de Araújo,

Paulo Roberto de Moraes Sarmento

Secretaria de deSenvolvimento econômico, ciência e tecnologia

Caro(a) trabalhador(a),

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do

Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação

profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o

seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo

desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se

manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais

atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da

educação profissional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para

facilitar o aprendizado de forma rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores

experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho

e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos a certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação

profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a

realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Caro(a) trabalhador(a),

Gostaríamos de parabenizá‑lo(a) por sua iniciativa de buscar um programa de

qualificação profissional.

Seja qual for o motivo que o(a) trouxe aqui – procurar um trabalho, aperfeiçoar

aquilo que você já sabe fazer ou tentar mudar de profissão –, aprender, adquirir

novos saberes, aprimorar‑se é sempre bom; é um passo importante na vida

das pessoas.

O curso iniciado por você agora foi pensado para os trabalhadores que

– como você – estão com dificuldade de arrumar trabalho: seja em uma fábrica,

uma empresa, seja como autônomo, seja cuidando do próprio negócio.

Pensamos que, se passamos a saber um pouco mais, esse caminho, pode se

tornar mais fácil.

Estudando as características do mercado de trabalho e as mudanças que estão

acontecendo nessa área – tanto no mundo, como aqui no Brasil e no estado de

São Paulo –, a SDECT preparou um programa de qualificação com duas partes.

A primeira, que chamamos de conteúdos gerais, trabalha os saberes básicos

necessários em qualquer ocupação.

São conteúdos que objetivam preparar você, trabalhador, para: ler melhor um

texto; refletir de forma crítica sobre ele; tirar conclusões sobre um fato; encontrar

soluções possíveis para determinado problema; entender o mercado de trabalho

e inserir‑se melhor nele; participar de um debate ou de um trabalho em equipe;

raciocinar de forma lógica, entre outros saberes.

Na segunda parte deste curso serão trabalhados os chamados conteúdos

específicos, relacionados ao aprendizado de determinada ocupação e escolhidos

de acordo com as características de cada região ou cidade.

Os cadernos que você está recebendo são voltados exclusivamente para os

conteúdos gerais.

Neste caderno, você encontrará os temas História do trabalho e Como se preparar

para o mercado de trabalho.

O primeiro desses temas – História do trabalho –, como o nome diz, pretende

mostrar como surgiu o trabalho e como os homens foram se organizando em

torno dele ao longo da história.

Já o segundo – Como se preparar para o mercado de trabalho – pretende

ajudá‑lo(a) a reconhecer seu potencial, preparando‑se melhor para a busca de

um trabalho/ocupação.

Com esses conteúdos, colocados à sua disposição, esperamos que você aproveite

o curso de qualificação que irá fazer e possa ampliar seus saberes para o mundo

do trabalho.

Coordenadoria de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

História do trabalho

Caro(a) trabalhador(a),

Em primeiro lugar, parabéns por sua iniciativa de participar de um programa de for-mação profissional, seja qual for seu motivo: procurar um trabalho, aperfeiçoar aquilo que já sabe fazer, tentar mudar de profissão…

Aprender é sempre bom, não importa a razão.

Quem vai aprender nesse caminho que estamos iniciando?

Um professor sabe mais que um estudante? Sim? Não? O professor, certamente, sabe mais (ou melhor) algumas coisas e os estudantes, outras. Quer ver? Um professor de 9o ano pode aprender com um estudante que sabe jogar bem futebol ou andar de skate.

Imagine um curso de cozinheiro: o instrutor sabe tudo de cozinha, porém não conhe-ce uma receita da sua família que é uma delícia.

Então, vamos pensar que somos todos iguais, mas conhecemos bem coisas diferentes.

Por isso dizemos que a educação é sempre uma troca: um colega sabe algumas coisas e você, outras; ele conta para você o que sabe e você lhe ensina o que já aprendeu na vida, em certa situação.

Por que você procurou um programa de formação profissional? Imaginando que seu objetivo seja obter um trabalho, é importante compreender como ele surgiu e se mo-dificou até os dias de hoje.

Podemos pensar que o mundo muda porque o ser humano age de determinada maneira.

Assim, o tema História do trabalho está organizado da seguinte forma:

na Unidade 1 vamos discutir o que é, afinal, o trabalho e como ele surge.

Mas o trabalho vai se transformando, e para acompanharmos esse movimento estuda-remos, na Unidade 2, como ele vai deixando de ser artesanal e dando lugar à indústria.

A máquina substitui o homem no trabalho? Como as mulheres se integram ao merca-do de trabalho? Essas e outras questões, vamos respondê-las na Unidade 3.

Por fim, vamos entender o que é a globalização e o que muda nas nossas vidas na Unidade 4.

Então, mãos à obra!

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Unidade 1 Você e o trabalho. O trabalho e vocêVamos fazer um passeio pela história a fim de compreender melhor os diferentes sentidos do trabalho.

O que é trabalho? Podemos pensar que o trabalho é o ato de transformar a natureza. Uma tora de madeira que vira banco ou o sapê que se transforma em cobertura de uma casa são exemplos da ação do ser humano mudando a natureza. Ele faz isso por meio do raciocínio, da capacidade de pensar, de planejar algo para o próprio bem, ou seja, em seu benefício pessoal.

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O trabalho é fácil ou difícil para o ser humano?

Pouco a pouco, a humanidade foi descobrindo o que é capaz de fazer e organizando seus conhecimentos a fim de produzir coisas para sua sobrevivência e seu bem-estar.

Porém o que acontece quando o homem trabalha?

Ele transforma não apenas a natureza, mas também a si mesmo.

De que forma?

Em primeiro lugar, o homem – quando falamos em “homem” pensamos na huma-nidade – percebe que precisa sobreviver e, para isso, necessita de algumas coisas no intuito de transformar a natureza. Que coisas são essas? Ferramentas, força e algum tipo de planejamento de suas ações, entre outras. Assim, ele cria meios de subsistência e, ao mesmo tempo, procura melhorar, aperfeiçoar o que faz. Usa a inteligência, a criatividade, a experiência e, então, passa a fazer melhor o banco, a cobertura da casa etc. Se não fosse desse jeito, estaríamos agora sentados em toras, e não em cadeiras, poltronas e sofás.

Nesse processo de transformação, o homem sente satisfação com o que faz, e nesse momento começa a perceber como ele se modifica com o trabalho que realiza.

Com o tempo, o toco de madeira torna-se um banco com mosaico, porque o homem utiliza outros materiais transformados, além de técnica, criatividade e arte. E, com isso, ele também se transforma.

atividade 1 – Como o trabalho modifica o ser humano?

1 Em grupo de cinco pessoas, converse com seus colegas a respeito de como o trabalho pode modificar o ser humano.

2 Depois dessa conversa, escreva em seu caderno um texto sobre o tema.

Conversar, trocar ideias com outras pessoas, é sem­pre uma oportunidade para ampliarmos nosso conheci­mento, pensarmos de outra forma.

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Unidade 2 do trabalho artesanal à revolução industrial

Vimos que o homem transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se transforma. Mas não podemos nos esquecer de que a forma de trabalhar vai mudando. No princípio, o trabalho era artesanal e havia um sistema de trocas entre as pessoas. Alguém produzia leite e o vizinho dele plantava trigo; eles trocavam, então, o que sobrava para um e faltava para o outro e, assim, conseguiam sobreviver e manter suas famílias. Era, portanto, uma época na qual as pessoas trocavam sua produção, e não seu trabalho. Cada um produzia para sustento próprio, e o que sobrava era trocado.

Mas alguns produtos começaram a ter mais procura que outros.

Como? Uma pessoa plantava batatas e as trocava com outra que criava gado. Quem possuía mais para oferecer? Quem criava gado podia trocar o leite, a carne, a pele e, ainda, tinha a vantagem de a quantidade de animais aumentar pelo acasalamento, o que melhorava seu poder de troca. Isso não acontecia com o plantador de batatas.

O surgimento da moedaEssa “diferença” entre um produto e outro foi abrin-do o caminho para a invenção da moeda. Surgia a ideia: Quem tem gado tem mais “dinheiro”.

A descoberta do metal veio acompanhada da evo-lução, do progresso da técnica. Com isso, o metal foi adquirindo um valor muito diferente, pois até então permitia apenas produzir ferramentas mais elaboradas.

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Pintura em caverna ilustra criação de gado na pré‑história.

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Moeda de lesbos, Grécia, cerca de 500‑450 a.C.

Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C.

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O “desenho” de moeda mais próximo do que conhecemos hoje é do século 7 (VII: o V representa o número 5 e cada I, o número 1) antes de Cristo (a.C.).

Alguns povos do Oriente Médio, que viviam na região onde hoje fica a Turquia, já usa‑vam técnicas de metalurgia do ferro 1.400 anos a.C. (antes de Cristo). Eles fabricavam armas e se transformaram em guerreiros poderosos.

O sistema de guildasDepois de muito tempo, no século 12 (XII: o X repre-senta o número 10 e cada I, o número 1), começou uma nova etapa nessa história, uma fase marcada pela venda das mercadorias e pela venda do trabalho. Tem início o trabalho assalariado.

Surgiram as “oficinas artesanais”, já com características da indústria, que ainda não existia: havia o mestre, o artífice ou companheiro, e o aprendiz. Era o chamado sistema de guildas (a palavra guilda tem origem no francês guilde, que significa corporação de artesãos).

Mas veja como o trabalho já estava ligado à formação profissional.

Os artesãos passaram a se organizar em torno de sua ocupação, de seu ofício, formando um grupo, uma guilda. A guilda dos ferreiros, por exemplo, fazia reu-niões e todos decidiam o que era preciso saber a fim de se tornar um ferreiro, estabelecendo regras para o exercício da profissão. Os mais experientes eram chamados de mestres e possuíam suas próprias fer-ramentas. Os mestres ensinavam os aprendizes, que depois de dois a quatro anos (dependendo da pro-fissão) se tornavam artífices ou companheiros, isto é, ajudantes, auxiliares do mestre, e poderiam então trabalhar em outras oficinas e até em outros países.

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Gravura de Jost Amman em O livro de trocas, 1568.

Você sabia?Um século é um período de 100 anos. Quando fala­mos em século 7 (VII), nos referimos ao período que começa no ano 601 e vai até o ano 700.

Turquia

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Veja que curioso: o mestre possuía um tipo de diploma, uma garantia de que ele do-minava seu ofício, conhecia sua profissão. O aprendiz – que depois se tornava artífice – tinha direito a uma declaração de que havia recebido a formação de seu mestre.

atividade 1 – Sistema de guildas

1 O que você achou do sistema de guildas?

2 Em sua opinião, existe hoje algum sistema parecido com o que acabamos de estudar?

3 Você acha que as mulheres podiam participar das guildas? Explique por quê.

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Como, em geral, as oficinas artesanais fun-cionavam nas casas, elas se confundiam com o ambiente doméstico: pai (mestre), filho mais velho (companheiro) e filho mais novo (aprendiz), todos trabalhando na mesma profissão. Era proibida a partici-pação de mulheres, e a elas cabiam as tare-fas de limpar a oficina, cuidar da casa etc.

Se, por exemplo, o ofício era construir carruagens, o mestre, o companheiro e o aprendiz pensavam em cada detalhe do processo: como vai ser a carruagem? E a desenhavam. Como serão os estofados? E as rodas? Vamos fazer pinturas nas portas para que fiquem mais bonitas?

Todos conheciam o trabalho do princípio ao fim e participavam de todas as etapas até a carruagem ficar pronta. Portanto, não havia divisão do trabalho.

O que se valorizava nas oficinas artesanais era o conhecimento que todos, cada um a seu tempo, tinham de sua profissão.

A divisão do trabalhoMas novamente os processos de produção foram mudando, até serem divididos em etapas. Surgia, assim, a divisão do trabalho e, com ela, o trabalho especializado.

Por que esse nome?

Como as encomendas estavam aumentando, as tarefas começaram a ser distribuí-das entre os trabalhadores: se no início a equipe inteira participava de todas as etapas da construção da carruagem, mais tarde cada um tornou-se responsável por apenas uma tarefa. Quem passou a fazer a roda, por exemplo, tornou-se “especia-lista em roda”.

E por que isso aconteceu?

Se o mestre mandava alguém se limitar a lixar a madeira e pregar as rodas, esse auxiliar deixava de saber construir a carruagem toda, tornando-se especialista em apenas uma atividade. Por outro lado, se ele adoecesse, seria substituído com mais facilidade, pois era mais simples encontrar profissionais especializados em uma só tarefa.

Você já ouviu falar em Revolução Industrial?

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Carruagem de ouro. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

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A Primeira Revolução IndustrialUm dos significados da palavra revolu-ção é grande transformação, mudança significativa de alguma coisa. E o que se-ria Revolução Industrial? Uma alteração ocorrida apenas no trabalho?

Não. A Revolução Industrial provocou muitas mudanças ao mesmo tempo: na economia, no modo de vida das pessoas, na política e nas artes.

Como vimos até agora, o trabalho sem-pre sofreu mudanças, mas a maior delas ocorreu quando o carvão passou a ser usado para movimentar máquinas: foram inventadas as máquinas a vapor.

Você se lembra de alguma máquina a vapor? Qual?

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Essa etapa ficou conhecida como Primeira Revolução Industrial. Ela teve início na Inglaterra, no século 18 (XVIII), porque esse país europeu era rico em carvão mineral e ferro.

Os trabalhadores do campo começaram a deslocar-se para as cidades em busca de trabalho nas novas indústrias. Surgiram, então, as primeiras metrópoles e, com elas, problemas como alcoolismo, prostituição, fome etc.

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atividade 2 – O trabalho durante a Revolução Industrial

A imagem abaixo mostra o trabalho em uma indústria têxtil, que utilizava o tear, na época da Primeira Revolução Industrial.

1 Como você acha que era o trabalho naquele tempo? Os empregos eram oferecidos para quem? Homens? Mulheres? Crianças? O trabalho era fácil ou difícil?

2 Converse com seus colegas sobre a seguinte questão:

Como era o trabalho quando surgiram as máquinas a vapor?

3 Escreva com suas palavras a conclusão do grupo:

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Veja um resumo das condições de trabalho naquela época.

• Os salários eram baixos. • As fábricas contratavam principalmente mulheres e

crianças. Por quê? Porque seus salários eram ainda mais baixos do que os pagos aos homens. A eles eram destinadas as funções que dependiam da força física.

• Os trabalhadores não tinham direito a férias, descan-so semanal ou outros benefícios.

• A jornada de trabalho diária chegava a até 18 horas. • Todos os empregados estavam sujeitos a castigos

físicos, e as trabalhadoras eram violentadas pelos capatazes.

Os trabalhadores reagiam?

Apesar da pobreza e da fome, os empregados das indústrias começaram a se organizar, a fim de melhorar as condições de trabalho, até mesmo com reações violentas, como o movimento ludista ou luddita: no início do século 19 (XIX), os operários quebraram as máquinas dentro das fábricas em protesto contra as condições de trabalho e o desemprego. O movimento recebeu esse nome porque foi Ned Ludd, um trabalhador da indústria têxtil, quem teve a ideia de destruir o maquinário.

atividade 3 – As condições de trabalho

1 Em grupo de cinco pessoas, cada um de vocês irá se imaginar no lugar dos trabalhadores daquela época, refletindo sobre as questões abaixo.

a) Quebrar máquinas era um ato contra equipamentos?

b) Equipamentos como os teares eram responsáveis por desempregar muitos trabalhadores?

c) Como vocês veem as condições de trabalho durante a Revolução Industrial?

d) Existem semelhanças entre o trabalho daquela épo-ca e o de hoje? Quais?

Você sabia?Em 8 de março de 1857, as operárias de uma fá­brica nos Estados Unidos organizaram uma greve a fim de exigir melhores condições de trabalho e a redução da jornada diária para 10 horas. As mulhe­res recebiam um terço (1/3) do salário dos ho­mens e não queriam mais ser desrespeitadas pelos capatazes. Elas foram presas na fábrica, incen­diada em seguida: cerca de 130 tecelãs morreram nesse incêndio. Em ho­menagem a essas traba­lhadoras, em 8 de março é celebrado o Dia Inter-nacional da Mulher.

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2 Registre a conclusão do grupo:

E no Brasil, como era?

Você já deve ter ouvido falar que nosso país foi colonizado pelos portugueses, que controlavam o que se produzia aqui e não queriam concorrência.

Desde o período colonial até o final do Império, a economia nacional apoiou-se no trabalho escravo. A princípio, muitas tribos indígenas foram escravizadas para diversas tarefas. Depois os negros passa-ram a ser trazidos da África para trabalhar sob as mesmas condições nos engenhos de cana-de-açúcar e na mineração.

O Brasil foi a última nação do mundo a abolir a escravidão. Isso só aconteceu em 13 de maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea. Porém, a situação dos negros após a libertação continuou muito difícil, pois os ex-donos de es-

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cravos não aceitavam pagar salários pelo seu trabalho; preferiam contratar imigrantes europeus que começa-vam a chegar ao país.

Hoje em dia, infelizmente, ainda existem situações pa-recidas: muitos trabalhadores, inclusive estrangeiros, são contratados com a ilusão de uma oportunidade de emprego e, longe de casa, têm seus documentos retidos pelos patrões, que passam a cobrar pelos instrumentos de trabalho, pela moradia e alimentação, criando assim uma enorme dívida que seus empregados não conseguem qui-tar. Eles, então, passam a trabalhar apenas com o objetivo de se manterem vivos.

A Segunda Revolução IndustrialAs mudanças não pararam.

Houve uma Segunda Revolução Industrial, já em 1860. Se no século 18 (XVIII) a novidade foi o uso do carvão para movimentar as máquinas, agora era a vez da desco-berta da eletricidade e do uso do petróleo. Além disso, a transformação do ferro em aço permitiu aumentar e variar toda a produção.

Você já teve a oportuni­dade de ver o filme Tem­pos modernos, de Charles Chaplin? O personagem principal é operário numa grande indústria. Ele tem como tarefa apertar para­fusos de peças em uma esteira rolante, mas não consegue acompanhar a velocidade das peças e começa a “atropelar” seus colegas a fim de recupe­rar o trabalho perdido. O filme mostra, de modo divertido, como todos tra­balhavam de forma mecâ­nica e em ritmo acelerado.

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Com o aperfeiçoamento das máquinas, as fábricas passaram a produzir mais e, embora com muito sacrifício humano, a oferta de em-prego aumentou.

Diante do crescimento das indústrias, nos Esta-dos Unidos o dono de uma fábrica de automó-veis chamado Henry Ford (nasceu em 1863 e morreu em 1947) pensou: Se as pessoas não podem comprar, a fábrica não cresce!

Por isso sua empresa, a Ford, começou a fabricar um automóvel bem mais barato que o produzi-do pela concorrência: o modelo T.

Para produzir esse carro, Henry Ford pôs em prática um novo jeito de trabalhar: as peças iam até os homens, e não o contrário, como era fei-to até então. Com isso, ganhava-se tempo, e cada trabalhador só poderia parar quando seu chefe permitisse.

As propagandas da Ford vendiam a ideia de que felicidade era ter um automóvel e poder passear com ele. O que aconteceu? Como se diz popularmente: o carro vendeu feito pão quente.

Dessa forma, Henry Ford mudou tanto o modo de trabalhar como a maneira de pen-sar dos norte-americanos e do mundo.

Os salários eram mais altos na Ford, e a empresa contratava inclusive imigrantes, pois eles aceitavam melhor as ordens; ao mesmo tempo, as vendas subiam.

Isso se repetiu em diversos tipos de indústrias: de rádios e toca-discos (as antigas vitro-las), de eletrodomésticos etc. Mas, nos Estados Unidos, os trabalhadores, mesmo com bons salários, não suportavam mais o ritmo pesado e a jornada de trabalho extensa. Outro motivo de preocupação era a poluição, não apenas do ar, como também a so-nora, pois o barulho das peças se movendo de um lado para o outro fazia com que os operários perdessem, pouco a pouco, a audição.

Eles passaram, então, a se organizar e fazer greves reivindicando redução da jornada diária e melhores condições de trabalho. Era uma situação em que uns precisavam dos outros: os patrões dependiam dos empregados e estes, do emprego.

Com as greves, os trabalhadores conquistaram alguns direitos, tais como a jornada de 8 horas diárias.

Henry Ford e seu modelo T.

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linha de montagem da Ford.

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Unidade 3 homem e máquina

atividade 1 – O mural de Diego Rivera

Vamos analisar alguns detalhes do mural reproduzido acima.

1 Observe bem os detalhes do mural nas imagens a seguir.

2 Nas linhas ao lado de cada imagem, escreva sua opinião sobre o trabalho, o ambiente, as pessoas, como elas aparecem etc.

Imagem 1

Diego Rivera, Homem e máquina, 1932‑1933, mural do instituto de Artes de Detroit, Estados unidos.

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Imagem 2

Você sabia? O pintor mexicano Diego Rivera (nasceu em 1886 e morreu em 1957) foi convidado por uma importante indústria automobi­lística para fazer um grande quadro, um mural na entrada da fábrica. Ele pintou os homens trabalhando e demonstrando todo o esforço e cansaço num ambiente sujo e poluí­do. Quem encomen­dou não gostou do resultado final e tentou estragar a pintura.

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Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

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E as mulheres, trabalhavam em qualquer indústria?

As vagas nas fábricas eram ocupadas principalmente por homens. As mulheres eram contratadas para ta-refas que exigiam movimentos mais delicados, mãos menores ou dedos finos e longos.

Foi na Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) que elas começaram a trabalhar na fabricação de arma-mentos e de peças e motores para aviões, uma vez que os homens haviam sido convocados para as for-ças armadas.

A industrialização no Brasil

O Brasil seguiu os mesmos passos da industrialização nos Estados Unidos, mas com praticamente 40 anos de atraso. Isso porque a indústria só começou a engrenar aqui na década de 1940.

O setor têxtil teve forte presença na história da industria-lização em nosso país.

Você sabia?Um italiano que veio ten­tar a vida no Brasil, ou “fa­zer a América”, na expres­são da época, abriu uma loja de banha em Soroca­ba, no interior do estado de São Paulo, e mais tarde tornou­se o maior empre­sário da América Latina, com 350 empresas.Você já ouviu falar das Indústrias Matarazzo? Eram dele: Francisco Matarazzo.

Operários das indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, em São Paulo.

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Trabalho feminino em indústria dos Estados unidos durante a Segunda Guerra Mundial.

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atividade 2 – O trabalho em São Paulo no século 19 (XIX)

Na fotografia antiga reproduzida abaixo, vemos operários em frente a uma indústria têxtil no século 19 (XIX), no Brás, bairro da capital paulista que recebeu um grande número de pessoas vindas da Itália para trabalhar nas fábricas lá instaladas.

1 Observe bem os detalhes da foto abaixo antes de iniciar a atividade.

2 Num grupo de cinco pessoas, você e seus colegas devem seguir este roteiro para discussão.

a) Quem eram esses trabalhadores?

b) Como era o prédio? E a rua?

c) O que mais chama a atenção na foto?

d) O que ela mostra de diferente em relação aos dias atuais?

3 Escreva com suas palavras a conclusão do grupo:

Operários em frente ao Cotonifício Crespi, em São Paulo.

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Assim como nos Estados Unidos, em São Paulo os operários organizaram-se a fim de protestar contra as péssimas condições de trabalho. Eles viam as fábricas crescendo, porém seus salários continuavam baixos. Queriam, também, redução da jornada diá-ria e regras para a participação de mulheres e crianças, entre outras solicitações.

Muitos grevistas foram presos e alguns acordos, assinados, mas nem sempre cumpridos.

Uma das conquistas ocorreu em 1917, quando o governo federal publicou uma lei proibindo mulheres e crianças de trabalharem no período noturno.

Cortejo fúnebre de José iguanez Martinez, morto em confronto com a polícia durante manifestação operária na cidade de São Paulo, ocorrida na Greve Geral de 1917.

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atividade 3 – É hora de pesquisar

1 Você vai fazer entrevistas como se fosse um repórter de jornal da TV, conversando com diversas pessoas sobre o trabalho. Procure falar com seus avós, pais, tios ou conhecidos de diferentes idades, para depois comparar as opiniões.

2 Faça a cada pessoa as perguntas abaixo, anotando as respostas no caderno.

a) Qual foi seu primeiro emprego?

b) Você gostava do que fazia?

c) Como você aprendeu a desempenhar a função para a qual foi contratado?

d) Que tipo de emprego havia quando você começou a trabalhar?

3 Compare as respostas dos entrevistados: o que têm de semelhante, de parecido? E de diferente? O que mais chamou sua atenção no que as pessoas disseram?

4 Pense agora sobre o que vimos até aqui e sobre o que essas pessoas contaram a res-peito de como começaram a trabalhar. Depois, escreva no caderno suas impressões, as ideias que você teve. Não se preocupe com a letra, se escreveu certo ou errado. Primeiro, anote as ideias. Depois, leia novamente e corrija. Se precisar, passe a limpo com letra caprichada!

O trabalho em outros tempos

Autoria de _________________________________________________________

(escreva seu nome)

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Unidade 4 E o que é essa tal globalização?

Para entendermos a globalização, de que tanto se fala nas ruas, na televisão e no rádio, precisamos ir um pouco adiante em nosso passeio pela história.

Falávamos das indústrias, mas é bom lembrar que outros setores também surgiram e cresceram ao mesmo tempo que as fábricas, os bancos, por exemplo.

Grandes indústrias estrangeiras começaram a se instalar em outros países na primeira metade do século passado. No Brasil há uma quantidade enorme delas. Você conhece algumas?

atividade 1 – As grandes indústrias no Brasil

Nas tabelas a seguir liste empresas de diferentes setores e depois marque com um X as que você acha que são brasileiras ou estrangeiras.

a) Fabricantes de automóveis

Nome da empresa Brasileira Estrangeira

b) Indústrias de alimentos

Nome da empresa Brasileira Estrangeira

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c) Bancos

Nome da empresa Brasileir0 Estrangeir0

d) Fabricantes de televisores, rádios, aparelhos de som

Nome da empresa Brasileira Estrangeira

Muitas das empresas que você listou são conhecidas como multinacionais, pois fo-ram criadas em um país (os Estados Unidos, por exemplo), mas montaram filiais em outros. Mais recentemente, algumas delas têm sido chamadas de transnacionais. Isso porque realizam cada parte da produção em um país – há fabricantes de carros que fazem motores na Argentina, a carroceria e a montagem no Brasil… –, mas as prin-cipais decisões, como o desenho dos veículos e a potência dos motores, são tomadas na matriz da empresa.

Quando a microeletrônica entrou em cenaAssim como o carvão e, depois, a eletricidade foram utilizados para mover as máqui-nas, uma grande mudança na atualidade aconteceu com o surgimento da eletrônica e da microeletrônica.

Micro = pequenoversus

Macro = grande

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O microcomputador é uma invenção da microeletrônica, um equipamento composto de partes muito pequenas. Mas isso você verá mais adiante, no módulo de Informática.

Então temos, ao longo da história:

Carvão [ Eletricidade [ Eletrônica [ Microeletrônica

Vamos continuar observando a indústria automobilística? O que aconteceu com ela?

Com o passar do tempo, as antigas máquinas foram substituídas por outras mais mo-dernas, com funcionamento baseado na microeletrônica.

Você já ouviu falar de robô, certo?

Alguns robôs, por exemplo, foram desen-volvidos para fazer a solda, que exige mui-ta precisão, e começaram a ser usados para trabalhos em lugares que a mão humana não alcançava.

Esse tipo de mudança no trabalho atingiu praticamente todos os setores.

As empresas buscavam produzir mais, em menos tempo e com custos menores, por-que a concorrência (disputa pelos consu-midores) entre elas era ainda mais forte.

O que começou a acontecer? Surgiram novas tecnologias, novas máquinas, as empresas reduziram custos e o desempre-go aumentou.

É a chamada reorganização produtiva: as empresas tentam produzir mais com me-nos pessoas trabalhando.

Nesse processo, muitas profissões desapareceram nas grandes indústrias. Ao mesmo tempo, outras surgiram. As pessoas, então, precisavam de novas qualificações. Afinal, antes não havia profissionais especializados em montar microcomputadores, fazer a manutenção desses equipamentos, criar sites, e tantos outros.

Na balança do trabalho, o desemprego pesou mais que o emprego.

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atividade 2 – Conversa sobre o desemprego

1 Forme um grupo de quatro ou cinco pessoas para realizar esta atividade. Antes de iniciarem, você e seus colegas vão escolher uma pessoa para anotar as ideias surgidas durante a conversa e outra para apresentar os resultados da discussão à classe.

2 Vamos refletir sobre o desemprego olhando para nós mesmos, nossos parentes, amigos, vizinhos…

a) Cada um vai pensar numa pessoa que tenha ficado desempregada e contar aos colegas como e por que isso ocorreu, considerando, por exemplo, seu grau de escolaridade (ou seja, até que ano ela estudou), o que ela sabia fazer, o que não sabia, o que aconteceu com a empresa em que trabalhava etc.

b) Vocês conhecem alguém que não encontra mais emprego na área em que tra-balhava?

c) As pessoas devem se culpar por não conseguirem um trabalho?

d) Depois dessa conversa, discutam: por que existe desemprego?

3 Registre aqui as conclusões do grupo:

4 Agora, com as pessoas da sala organizadas em círculo, de forma que todas pos-sam ver umas às outras, cada grupo vai apresentar as conclusões a que chegou. As ideias que as demais equipes apresentaram foram diferentes das que seu grupo discutiu?

5 Organize suas ideias e registre com suas palavras a conclusão de toda a turma:

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Vamos voltar ao principal assunto desta unidade: o que é globalização?

Podemos definir globalização como uma ação, um processo que faz com que di-ferentes países vendam seus produtos uns para os outros, além de trocar ideias, práticas culturais etc. Mas essas trocas não têm sido feitas de igual para igual, pois os chamados “países em desenvolvimento”, como o Brasil, levam desvantagem nas negociações com os “países centrais”, ou seja, os países ricos, como os Estados Uni-dos, a Inglaterra, o Japão…

Você deve estar se perguntando: esse é um fato novo?

Não, não é. Pense na época das grandes navegações, nos séculos 15 (XV) e 16 (XVI). Por que Portugal, Espanha e outros países europeus decidiram buscar novas terras?

Essas são, hoje, algumas das características da globalização:

• produção: maior com o menor custo possível.• consumo: as roupas mudam a cada estação, os utensílios não duram tanto quan-

to os de antigamente e cria-se na sociedade uma ideia de que somos aquilo que consumimos.

• competição: as empresas competem entre si e as pessoas também.

Estaríamos, então, vivendo no mundo do “salve‑se quem puder”?

Vamos pensar para onde o barco da história nos tem levado…

Precisamos sobreviver e, por isso, trabalhamos a fim de garantir o nosso sustento e o de nossa família. Mas também podemos nos perguntar:

• eu, como pessoa, tenho minhas qualidades e meus defeitos. Será que preciso ter um tênis de grife para parecer melhor? Ter determinadas coisas faz de mim uma pessoa melhor?

• preciso olhar para um colega e achar sempre que devo competir com ele? É pos-sível ser uma pessoa mais solidária para construir um mundo melhor? A compe-tição nos torna melhores?

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• qual é o significado de eu estar aqui hoje me capacitando, me formando para obter trabalho ou aperfeiçoar o que já faço?

Vamos discutir essas questões com toda a turma e preparar nossas últimas atividades deste módulo.

atividade 3 – Linha do tempo

Toda a turma vai participar da construção de uma linha do tempo, que lista aconteci-mentos em ordem cronológica.

1 O professor desenha na lousa uma longa linha horizontal.

2 A classe diz a ele o que foi visto neste módulo e indica o que veio primeiro, o que marcou cada época.

A linha do tempo vai ficar mais ou menos assim:

atividade 4 – O trabalho em foco

1 A classe organiza-se em grupos de seis pessoas. Cada grupo vai pensar num dos vários assuntos vistos neste módulo e criar uma peça de teatro ou cena de novela. Seria interessante não repetir os assuntos. Coloque toda a sua criatividade em prática!

Acompanhe, a seguir, as etapas do trabalho.

a) Pensar na época em que se passa a história.

b) Criar os personagens. Como eles são? Como agem?

c) Escrever as falas de cada personagem e pensar em como encená-las.

d) Ensaiar a peça e apresentá-la.

Vamos, agora, refletir sobre o que vimos até aqui, lendo a letra de uma canção do com-positor Noel Rosa.

Sistema de trocas.

Como era?

Sistema de guildas.

O que era?

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Três apitos

Noel Rosa

Quando o apito da fábrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos, eu me lembro de você Mas você anda, sem dúvida, bem zangada Pois está interessada em fingir que não me vê

Você que atende ao apito de uma chaminé de barro Por que não atende ao grito tão aflito Da buzina do meu carro?

Você no inverno sem meias vai pro trabalho Não faz fé no agasalho, nem no frio você crê Mas você é mesmo artigo que não se imita Quando a fábrica apita Faz reclame de você

Nos meus olhos você vê Como eu sofro cruelmente Com ciúmes do gerente impertinente Que dá ordens a você

Sou do sereno, poeta muito soturno Vou virar guarda-noturno E você sabe por quê Mas você só não sabe Que enquanto você faz pano Faço junto do piano esses versos pra você

Noel Rosa, Feitiço da vila - vol. 1, Revivendo, 1994.

Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezem­bro de 1910, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Ja­neiro. Anos mais tarde, passou a ser conhecido como o “Poeta da Vila”. Sofrendo de tuberculose, em 1937 teve agravado seu estado de saúde e faleceu em 4 de maio da­quele ano. Muitos de seus sambas tornaram­se clás­sicos da música brasilei­ra, entre eles: Três apitos, Conversa de botequim e Último desejo.

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